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(11)...And Happy New Year!


POV

Eu adoraria dizer que as Marauders passaram a virada do ano que marcou a entrada delas no mundo da fama em uma praia paradisíaca, numa festa cheia de caras bonitos e regada a muita bebida. Seria o ano novo perfeito, para uma menina de vinte quatro anos, solteira e com vontade de se divertir.
Só que não foi assim. Não, as Marauders não foram pra uma praia, sim, eu e a passamos a virada do ano na seca. Isso tudo porque a nossa semana de férias tinha ficado para o início de janeiro, eu tinha concordado, pensando que isso contava a virada do ano. Me passaram a perna, aproveitaram um momento de distração minha e me convenceram a passar o ano novo em Londres.
Vitória pra minha mãe, que tinha me ligado durante uma semana dizendo que os aeroportos nessa época são uma droga e eu passaria o ano novo dentro de um avião. Não foi isso que aconteceu, a virada do ano foi na casa da .
Não foi uma super big festa. Além de mim e das meninas, estavam ali o Dan, o Jackson que tava entrando pra lista de subordinados da , e alguns outros amigos para não deixar a casa vazia. A Gi, nossa amada manager, tinha aparecido também. Nada de parentes, era um combinado, o almoço de Natal pela virada do ano livres.
Graças a calefação interna da casa da e ao calor humano que preenchia aquele lugar - não tanto já que éramos uma vinte poucas pessoas - eu pude usar um vestido e nada de casacos. Era um vestido longo branco com um caimento reto, as costas nuas exceto por alguns trançados com prata.
- Um ano inteiro na função. Sabe o que é isso? Quanta coisa a gente já passou? - chegou perto de mim com duas taças e me estendeu uma.
- Incrível, não é? - comentei olhando para o todo. As pessoas estavam deslumbrantes, bem arrumadas, a grande maioria de branco, exceto por um ou outro que usava beje, dourado ou prateado.
A casa tinha sido bem decorada, no canto ainda estava a árvore de natal que eu a obrigara a colocar e que só poderia ser tirada no dia de reis. O resto ficara por conta de uma decoradora que a decidira contratar, os móveis foram organizados para dar espaço a cinco mesas com seis lugares cada. O jantar ficara por conta de um buffet que serviria à francesa. Sem dúvida, quando queria, fazia festas sensacionais.
- E há alguns anos não éramos nada. - ela completou.
usava shorts brancos, uma blusa de paetês prateada e um meia pata preto. Ela estava deslumbrante, por mais que ela negasse veemente, ela ficava muito bem de branco. Lhe dava uma pureza nunca antes vista na história de , uma certa inocência.
- Claro, festa de ano novo não é a mesma coisa se não tiver um flashback. - comentei rindo. - Mas, sem dúvida, jamais me imaginaria aqui nesse lugar. A garota do interior da Inglaterra, em Londres, seguindo uma carreira musical.
- Tirando a , todas somos do interior, viemos pra Londres pra estudar, mas acabamos ficando famosas. É totalmente improvável. - falou rindo. - E eu que ia fazer arquitetura, agora eu nem consigo me imaginar num escritório.
- Isso, vai ficando esnobe. - provoquei.
- Hey, gente, vocês viram a ou o Dan? - chegou arrastando Jack pela mão.
- Deveríamos? Oi, Jack. - cumprimentei-o.
- Oi, meninas. - ele acenou a cabeça sorrindo. Jack estava com uma camisa de botões branca justa com as mangas dobradas, provavelmente por causa da temperatura que fazia dentro da casa da , jeans escuros e sapatos.
- Não sei se deveriam, eu queria tirar uma foto nossa. - fez beiço. A ruiva, com certeza, jamais mudaria o seu estilo “vamos fazer tudo do meu jeito e na minha hora, okay?”.
Ela usava a sua marca registrada, dourado. Um vestido de um ombro só, rendado, a linha parecia ser feita de brilhinhos dourados que a faziam ficar linda sem parecer uma lamparina.
- Devem estar se pegando. - concluiu. - Na certa daqui a pouco eles aparecem.
- Falando em aparecer, preciso de duas coisas, comida e homens nessa festa. - falei olhando para os lados e vendo que a maioria das pessoas que vieram estavam acompanhadas.
- E qual a diferença pra você dessas coisas? - a voz de soprou nos meus ouvidos e virei pra ela, que estava com um sorriso sacana.
- Toda, minha cara, comida ultimamente tá valendo muito mais a pena. - respondi, fingindo não ter entendido o duplo sentindo da frase. - Ah, , essa é a , eu sei que ela é pequenininha e tudo mais, mas era só ter procurado olhando pra baixo.
Tomei um tapa na cabeça. Merecido. Mas eu não podia perder a oportunidade de provocar a dona .
- Ah, perfeito. Jack faça as honras. - ela pediu se aproximando de nós.
ficou na ponta, seguida por mim, e . Tiramos algumas fotos, sorrindo, fazendo careta, brindando, e outras mais. Jack ficou por um bom tempo servindo de fotógrafo para nós até que um dos convidados, acho que era o Charlie, um dos caras da banda de apoio das Marauders, foi falar com ele.
- Hey, , cadê o Dan? - fez a pergunta que parecia ocupar espaço tanto na minha cabeça quanto na de , não havíamos visto o garoto ainda.
- Ah, estávamos juntos até há pouco, mas aí ele falou algo sobre achar alguém e nos separamos. Aí eu vi, minhas adoráveis bitches reunidas. - ela falou nos abraçando e obrigando a nos curvarmos um pouco por causa da sua altura.
fugia do clássico estilo de ano novo, a garota estava com um vestido curto e em tons de azul com uma faixa preta marcando a cintura. Uma sandália preta alta, mas que ainda a deixava baixa. Ela também estava muito bonita.
- Cara, eu ainda tô com fome. - comentei depois de um tempo.
- Vai à cozinha e pede alguma coisa, senão dá pra esperar um garçom passar. - sugeriu.
- Não, ainda tenho mais preguiça do que fome, vou esperar a situação mudar pra fazer alguma coisa. - comentei sorrindo. - Então, meninas, preparadas para uma viagem estilo Marauders?
- Uma semana de diversão, garotos, praia, festas, porque estamos indo pra Sidney! - completou com o que, provavelmente, seria a minha frase seguinte.
- É, naquelas... - comentou. - Eu tenho o Dan e tudo mais, uma pena que ele não possa ir, mas eu ainda sou fiel a ele.
- O Jack vai, então de qualquer forma nada de garotos pra mim. - deu de ombros. - Mas to dentro no resto.
- Ah, mexicanos, australianos, canadenses e todos os outros que vão estar em Sidney, e estão chegando. - a assanhada do meu lado falou alto, fazendo algumas pessoas olharem para nós e fazendo nós rirmos.
- Eu espero que os garotos possam dizer não antes da estuprá-los. - comentou e deu a língua para ela.
- E eu espero que sobre alguma coisa para mim. - falei olhando para cima como se fosse um pedido ao todo poderoso.
- Mas como ainda não viajamos, vamos voltar à nossa festa de ano novo. É oficial Marauders, dois mil e onze se foi. - comentou.
- Estávamos falando sobre isso. - sinalizou a mim e a ela. - Foi um ano ótimo para nós.
- Vocês ainda tinham dúvida? A participação no Jeff, a capa da Vogue anual, o sucesso de nem ter lançado um CD, mas já estar nas paradas londrinas e mundiais. - comentou. - Esse ano foi demais.
- Não vamos começar a fazer um balanço do ano, por favor? Estamos parecendo aqueles episódios de fim de ano das séries que um fala uma coisa e passa um flashback cheio de cenas de todos os episódios anteriores. - comentei revirando os olhos - Viram? Acabou de passar os momentos felizes, antes que vocês liguem as brigas e os arrependimentos, eu não quero ouvir o nome de uma certa banda no meu começo de vida, então quietas.
- Você vai ter que superar o seu ódio por eles, você sabe, né? - comentou. - Eu também não sou a maior fã deles, mas, , você não pode ser estupida, seja superior. As pessoas vão começar a notar daqui a pouco.
- É, eu sei. Mas como vocês estavam dizendo dois mil e doze tá aí, nós temos as férias, turnê e o CD novo. Grande coisa a existência daqueles imbecis, vamos estar muito ocupadas para achá-los. - respondi.
- Isso aí, meninas. - levantou os braços novamente trazendo a atenção da festa para nós.
- Garota, para com isso. - bateu nos braços dela. - Isso já tá parecendo circo.
- Ui, ui. - provocou. - Nem sei por que os convidamos, se somos tão felizes só com a companhia das outras.
- Ah, cara! - bufei. - Olha o momento girlband voltando. Supera, gente!
- Primeiro que supera é o meu bordão! - reclamou. - E a tem razão, qual é, eu adoro vocês, mas eu preciso de homem.
- Vai pegar fogo e subir pelas paredes, ? - perguntou erguendo uma sobrancelha.
- Não, meu namorado é ótimo. - ela respondeu.
- Mudando de assunto, será que a gente pode comer? - pisquei os olhinhos em direção da .

POV

Assim que perguntou, os primeiros garçons começaram a aparecer com as entradas, que eram polentas crostini, sticks de bacon, mini sanduíches de carne de cordeiro, tacos turcos, entre outras.
quase pulou na frente de um deles e pegou um taco e um stick. Quando colocou na boca, a morena fez um som de prazer tão imenso, que achamos que a garota teve um orgasmo, mas ela era assim com comida.
Eu e as garotas aproveitamos e pegamos alguns aperitivos também. Afinal, também estávamos com fome, só não demonstrávamos tanto quanto a .
- Gente, quanto tempo falta para o fim desse ano maravilhoso? – eu perguntei, meio que filosofando.
- Umas duas horas. Por quê, ? – perguntou.
- Não sei, vocês não querem dar, sei lá, uma volta pela cidade, ver como está o movimento? – perguntei sonhadora.
- Hm.. Não. – todos responderam em uníssono.
- Por que vocês sempre estragam as minhas brincadeiras?
- Talvez porque as tuas brincadeiras sejam sempre fora da casinha? – respondeu.
- Literalmente. – completou.
Todas nós caímos na gargalhada, talvez fosse o efeito do ponche, que, com certeza, já havia sido batizado por alguma alma.
- Sabe, é tão bom isso. – eu falei.
- Isso o quê, menina? Completa! – falou debochada.
- Essa nossa união, nossa amizade, isso que só a gente tem.
- Não começa a chorar, pelo amor de Deus, melodramática! – implorou.
- Ah, vai à merda, estragou todo o meu drama. Por que você sempre faz isso comigo, baixinha desgraçada? – fingi estar brava.
- Porque eu sei o que vem depois desse drama... Lágrimas de emoção. Lembra aquela vez que você chorou quando leu um cartão de Feliz Aniversário para mim? – a loira fazia questão de lembrar aquela cena humilhante da minha vida.
- Ok, não falo mais nada, mas que nós somos fodas, vocês não podem negar!
- Se não fôssemos incríveis, não estaríamos onde estamos hoje e não chegaríamos onde ainda vamos chegar. – filosofou.
- Falando em incrível, vocês viram o Jack? – mudou de assunto completamente.
- Primeiro, ele está ali com o Dan. Segundo, valeu por mudar totalmente de assunto! – riu gostosa.
- A gente não estava falando de pessoas incríveis? Tem pessoa mais incrível que ele, nos excluindo, claro? Eu acho que não.
- Hey, é claro que tem! – Gio apareceu do nada. Só pra variar. – Eu! – A querida manager fez com que todas nós ríssemos.
- Desculpa, Gio, é claro que você é a mais incrível! – concordou.
- Vamos postar uma foto no Marauders Map? – eu perguntei.
- Eu estou sonhando ou a acabou de ter uma ideia boa? – falou debochada.
- Ha ha. Eu tive, ok? Sozinha. – fiz beiço.
- , eu sei que alguém te ajudou, pode falar. – falou.
- Ok, agora ou nunca, é tirar a foto ou me largar. – peguei meu iPhone e coloquei na câmera.
Todas nós, incluindo a Gi, fizemos caretas para a foto. Entrei no site e postei. Logo choveram comentários, alguns em línguas que eu nem sabia que existiam. E tenho até medo de descobrir o que é.
- Pronto. Dando uma de , que horas a gente vai jantar, ? – meu estômago roncou e eu tive que perguntar.
- Sei lá, vai lá perguntar. – a baixinha me respondeu.
- Ai, grossa, eu vou mesmo.
Percorri a casa da loira até achar a cozinha. Lá estavam uns cinco garçons e várias caixas de comida. Um senhor indiano baixinho, vestido de garçom, veio em minha direção e perguntou o que eu queria.
- Eu gostaria de saber que horas o jantar vai ser servido?
- Então, jovem, nós estamos preparando agora, então, em mais ou menos meia hora estará pronto para ser servido. – ele falou.
- Obrigada.
- Não por isso.
Estava voltando para a sala, quando encontrei o Sett. Um amigo desde o colégio, que fazia um tempo que não víamos, mas sempre convidávamos para as festas. Gay afetado devo completar.
- , querida! Como você está? Quanto tempo? Menina, eu tentei encontrar vocês para conversar na festa da , mas eu não consegui encontrá-las! Vocês estão fazendo tanto sucesso!
- Sett! Eu estou maravilhosamente bem e você? Pois é! Nós estamos perdidas em tanta loucura que as nossas vidas se transformaram, mas estamos amando!
- Girl, vamos combinar de tomar uns drinks juntos! Estou louca para colocar as fofocas em dia!
- Claro, você tem o meu celular, não?
- Te mando uma mensagem! Agora, eu vou ali ao toalete, com licença.
Voltei para a sala e não encontrei as meninas, então sentei no sofá e fiquei lá até o jantar ser servido.

POV

Assim que foi tirar satisfações sobre a demora do jantar, foi buscar algum aperitivo para comer e foi confirmar se estava tudo certo com os outros convidados, afinal, ela ainda era a anfitriã daquela festa e a casa ainda era dela. Então, eu e Jack podemos, finalmente, ficar sozinhos.
Quer dizer, quase.
tinha nos deixado quando um amigo da Jackson, o qual eu não fazia ideia de quem era, veio conversar conosco. A minha única dúvida era como o conhecia ou o que ele estava fazendo ali se não o conhecia...
- Hey, Rathbone! Quanto tempo, cara... – ele falou, dando aquele aperto de mãos, aquele meio abraço e aquela batidinha nas costas que todo homem faz, com Jack.
- Tyler! O que você está fazendo aqui, mate?! – Jackson perguntou o que eu estava louca para saber.
Um ponto para você, namorado!
- Conheci há alguns meses quando as meninas foram aos Estados Unidos. – o tal Tyler respondeu.
Ah, ok... Agora está explicado. Ele não é um penetra!
Um ponto para você agora, Tyler!
- Bom, Tyler, essa é , minha namorada. – Jackson colocou o braço na minha cintura e me apresentou.
- Oi, Tyler. Prazer... – estiquei meu braço para nos cumprimentarmos, mas Tyler pegou em minha mão e me puxou para um abraço. Um apertado e bem esquisito abraço.
- Eu mal posso acreditar que estou conhecendo outra Marauder! – ele disse, enquanto ainda me abraçava.
- Er... Ok, Tyler, acho que agora você pode soltar a . – Jack falou atrás de nós.
- Oh, certo, me desculpe! – ele disse, enquanto me soltava.
- Hm, bem... , a estava procurando por você, será que não é melhor irmos procurar por ela? – Jack perguntou.
- Ah, claro! – sorri nervosa pra ele – Bem, Tyler, temos que ir ali agora... Nos vemos por aí!
- É isso aí, tchau, cara! – falou Jackson.
Tyler nos abanou e nós demos as costas pra ele rapidamente.
- Que cara tenso, Jackson, onde você arranjou esse ser como amigo?
- Ele não é meu amigo! É só um fã alucinado de Twilight que vive perseguindo os famosos por onde quer que eles vão, só para conseguir conhecê-los e um dia ele conseguiu me conhecer...
- E parece que conhece a também... Por que será que ela o convidou pro Ano Novo?
- Não sabemos se ela convidou, ... Ele ainda pode ser um penetra! – ele arregalou os olhos pra mim, me fazendo rir.
Andamos em direção à sala e percebemos uma grande movimentação de garçons andando de um lado para o outro. Imaginei que estivessem, finalmente, servindo o jantar e confirmei a minha teoria quando vi zanzando em volta da mesa principal.
Entendam, comer é a segunda melhor coisa do mundo para a nossa guitarrista e sempre que tiver comida em algum lugar, estará lá. É simples, quase uma lei da física, se você avistar a , avistará comida.
Jackson já estava conversando um papo animado com Dan, que surgiu do nosso lado fazia algum tempo, quando fui em direção à .
- Hey, faminta, o jantar já vai ser servido? – perguntei.
- Sim! – ela sorriu – Também, já são dez e meia! À meia noite, temos que estar todos lá no jardim para os fogos de artifício! Soube que esse ano vai ser espetacular!
- Espetacular como sempre, não é?
Sorri, olhando para o estranhamente estrelado céu daquela noite. Por sorte, o nosso condomínio era na parte leste da cidade, há algumas quadras da Tower Bridge, e nós poderíamos ver todo o show de fogos diretamente de nosso quintal.
- Eu sinto falta de poder me enfiar no meio daquela multidão para passar o ano novo... – comentei – Lembra que nós sempre fazíamos isso?
- Sim, , passei meu primeiro ano novo fora de casa por sua culpa, porque você insistiu em nos levar para a Tower Bridge.
- E foi sensacional, não foi? Cada uma com uma garrafa de champagne na mão, muitos gatinhos em volta e aquele brilho insuperável dos fogos de artifício!
- É, bons tempos aqueles em que não éramos reconhecidas e podíamos andar com garrafas de bebidas alcoólicas pelas ruas... Sendo menor de idade! – disse. Ela sempre fora a mais certinha de nós e bebia muito pouco. Ela era e aposto que ainda é a maior fã da Coca-Cola.
- HEY, GALERA, VENHAM TODOS PRA MESA, O JANTAR ESTÁ SERVIDO! – ouvi gritar do meio da sala, chamando por todos os convidados, que logo vieram e se sentaram nos lugares marcados com seus nomes.
havia colocado plaquetas com os nomes de cada convidado em cada prato para que não houvesse briga por causa de lugares... Sei que isso parece extremamente infantil, mas já havia acontecido uma vez e não queríamos que acontecesse de novo.
Todos sentados à mesa, enfim, o serviço à francesa que havia contratado para aquele jantar entrou em ação. Dez ou quinze garçons surgiram da porta da cozinha, cada um com dois pratos na mão para, logo depois, depositá-los na frente dos convidados.
A entrada do jantar era um pedaço de uma quiche de queijo deliciosa. Eu e as meninas havíamos provado todo o tipo de comida que tinha no menu do Buffet que contratamos para decidir o que serviriam na noite de hoje e, com certeza, a quiche de queijo era uma das minhas favoritas. Logo depois que todos puseram seus talheres na mesa novamente, mas uma leva de garçons surgiu para retirar os pratos da quiche e colocar os pratos principais da noite. Filé ao molho de mostarda e risoto de bacalhau, tudo de dar água na boca só de olhar.
O jantar ocorreu com pouca conversa, pois estávamos todos famintos por culpa do atraso dos cozinheiros. Apesar disso, alguém sempre começava a rir por motivo algum e levava toda a mesa consigo, deixando o ambiente bastante descontraído e engraçado.
A melhor parte daquela noite – além do show de fogos, obviamente -, porém, estava prestes a chegar. Quando os garçons serviram a sobremesa, uma torta de chocolate branco com morangos e calda de framboesa, tudo o que se podia ouvir pela mesa eram “hmmmmms” de satisfação com a deliciosidade que aquilo conseguia ser.
Depois de engordar uns dois quilos comendo todas essas coisas deliciosas, ficamos todos na mesa conversando e rindo e implorando mais torta para os garçons. Foi então que ouvimos as badaladas do relógio avisando que faltavam 15 minutos para a meia noite. Inevitavelmente, todos levantaram da mesa e se dirigiram rapidamente para o quintal a fim de pegar um lugar com a melhor vista para a Tower Brigde.
Eu, Jack, , e , para a infelicidade dos convidados, estávamos no lugar com a melhor vista, porém, e, como manda a tradição, estávamos cada um de nós com uma taça de champagne – já que achamos que ficaria feio se estivéssemos com uma garrafa cada um, como normalmente fazíamos quando éramos adolescentes desconhecidas flertando com os meninos bonitos na noite de réveillon.

POV

Ouvimos as badaladas do relógio mais uma vez: cinco para a meia noite.
Olhava para os lados à procura de Daniel, mas não o via em lugar algum. Era o nosso primeiro ano novo juntos e ele sumia desse jeito. Muito obrigada, Dan.
Apesar disso, estar com as meninas num momentos desse era extremamente gratificante. Nossa primeira festa de ano novo de verdade! Nada comparado àquelas bebedeiras ao lado da Tower Brigde com algum gatinho que encontrássemos por lá mesmo. Aquela festa era festa de celebridades, com serviço à francesa e bebida liberada numa casa em um condomínio do lado nobre de Londres. Eu me sentia orgulhosa por tudo o que conquistara sendo uma Marauder.
- UM MINUTO! – alguém gritou lá de trás, fazendo toda a emoção aumentar.
Nós cinco demos as mãos e eu ainda procurava por Daniel no meio dos meus convidados, espalhados por todo o quintal.
- DEZ... NOVE... – o mesmo alguém que havia gritado há alguns segundos, começou a contagem regressiva e, logo em seguida, as 50 pessoas que estavam na minha casa aquela noite contaram os últimos segundos de 2011 juntos.
- OITO... SETE... SEIS...
Nossas mãos estavam extremamente apertadas umas às outras. Um ano de fama como Marauders. Dois singles number one nas paradas britânicas, mesmo sem ainda ter lançado o CD. Milhares de entrevistas, programas de tevê e capas de revistas. Top 10 dos artistas da Billboard por seis meses. Estava tudo dando certo para nós de uma maneira que nem nós mesmas acreditávamos e a nossa carreira estava apenas começando.
- CINCO... QUATRO... TRÊS...
O CD do Green Day tocava a todo o volume dentro de casa, mas a gritaria aqui de fora mais a contagem regressiva faziam com que a voz do Billie desaparecesse por completo. Estavam todos ansiosos para que o ano e 2012 chegasse logo e trouxesse infinitas coisas boas para todos nós.
- DOIS... UM... FELIZ ANO NOVO!
Ondas de gritos, beijos e abraços percorreram todo o jardim da minha casa. Eu e as meninas estávamos em um abraço quádruplo gritando coisas idiotas e sem sentido uma para a outra, as lágrimas já nos olhos como uma forma de demonstrar a felicidade que sentíamos por estar ali, naquele momento, naquela situação, juntas.
- MAYBE IT’S NOT MY WEEKEND, BUT IT’S GONNA BE MY YEAR! – gritou , fazendo as palavras de Alex Gaskarth as dela. Muitas pessoas soltaram “uhuls” de concordância e animação.
Mal nos afastamos para cumprimentar os convidados que chegavam ao nosso redor, Jack puxou pelo braço e lascou um beijo de cinema embaixo dos fogos de artifício, realizando a tradição de beijar a namorada à meia noite para que o namoro dure mais um ano.
Foi então que me lembrei de Daniel e de como eu queria que estivéssemos nos beijando agora para que nosso namoro pudesse durar mais um ano, mas, do jeito que as coisas estavam indo, achava difícil que o namoro durasse mais um mês.
Durante a semana entre o Natal e o Ano Novo, nos vimos praticamente todos os dias por causa das nossas férias e percebi que o nossa namoro já não era o mesmo de antes. Nós havíamos entrado numa mesmice de sempre fazer as mesmas coisas, conversar sobre as mesmas coisas e nada parecia ser satisfatório para nenhum de nós.
O que eu não sabia é que Daniel se sentia tão insatisfeito a ponto de me deixar sozinha em plena noite de Ano Novo. E, para poder conversar melhor com ele, fui à sua procura.
Entrei em casa e percebi que não havia ninguém na sala de jantar e, ao perguntar a um dos garçons que ainda estava recolhendo a louça suja da mesa, descobri que na cozinha ele também não estava. A sala de estar estava vazia, a única coisa que a preenchia era a revigorante voz do Billie Joe ecoando pelas caixas de som. No banheiro ele também não estava, pois a porta se encontrava aberta. No segundo e terceiro andares ele não estaria, pois deixei claro para os dois seguranças que havia contratado que ninguém além das meninas poderia ir até lá em cima.
Então voltei para o quintal, percorrendo todo o seu perímetro e achando nem sinal da existência de Daniel Radcliffe.
Onde aquela criatura havia se metido?
Caminhei até o salão de jogos da casa extra e meus olhos ardiam com as milhares luzinhas de Natal que eu havia colocado nele e não tirara ainda. Entrei a fim de que pudesse sentar em algum lugar calmo e descansar, mas, assim que acendi a luz, não pude acreditar no que os meus olhos estavam vendo.
Daniel esmagava alguma piriguete traidora contra a mesa de sinuca, beijando seus lábios, pescoço e tudo o que estivesse ao alcance de sua boca. Os cabelos loiros da menina eram puxados com força para trás e alguns de seus fios caíram no feltro verde da mesa.
Era inevitável que lágrimas escorressem pelo meu rosto sem que eu pudesse controlar.
Os dois ainda não haviam percebido minha presença ali, por isso pigarreei por cima de um soluço, saindo um som de alienígena pela minha garganta. Com o susto, os dois se soltaram e viraram para a porta – onde eu estava, paralisada desde que entrara. Daniel arregalou os olhos para mim, levando as mãos para frente e abrindo e fechando a boca sem parar, tentando achar alguma desculpa. Enquanto isso, a vadia puxava sua blusinha cor de rosa para baixo novamente, tapando seu piercing no umbigo e ajeitando seus cabelos loiros.
Eu estava com vontade de vomitar.
Daniel e eu ficamos nos encarando por mais algum tempo, até a menina se tocar que estávamos só esperando que ela saísse de lá.
- Oh, com licença. – ela disse, enquanto rebolava sua bunda dentro daquela mini saia jeans para fora do meu salão de jogos.
Eca.
Fechei a porta atrás de mim.
- , eu... – Daniel tentou começar a dizer alguma coisa, mas eu o interrompi. Precisava dizer tudo o que eu estava pensando na cara dele, antes que os soluços que já comprimiam o meu peito trancassem minha garganta.
- Não, Daniel, não há desculpa pelo o que você fez. – falei – Eu sei que o nosso namoro não tem sido o melhor de todos nas últimas semanas e percebi que ambos estávamos insatisfeitos um com outro e com nós mesmos. Eu sei que a nossa relação havia caído na mesmice, que não é saudável para nenhum namoro, mas isso não é desculpa para você fazer o que fez. Nada é insuperável, Daniel. Podíamos muito bem ter tentado juntos superar essa crise e, se não desse mais certo, terminado o namoro de forma pacífica e continuarmos amigos. Mas depois dessa traição, acho difícil que eu consiga olhar na sua cara mais uma vez.
- , você não pode... Eu amo você!
- Não, você não ama. Se amasse, não estaria se agarrando com uma loira qualquer na MINHA festa de Ano Novo, dentro da MINHA casa e ME deixado sozinha à meia noite, sem se quer se importar com o NOSSO namoro.
- Foi um erro, , um grande erro! Só Deus sabe o quanto eu me arrependo. , por favor... Vamos superar isso e vamos embarcar para Sidney amanhã e ter a melhor férias de todos os tempos juntos!
- Não, Daniel, acho que você não entendeu... Está TUDO acabado entre nós. Qualquer relação que nós pudéssemos ter, não existe mais.
Dei as coisas pra ele e já estava saindo pela porta para o ar fresco do meu jardim.
- Ah, outra coisa... – falei, virando para ele rapidamente – Depois da festa, pegue tudo o que é seu que esteja dentro dessa casa e leve embora. Se amanhã de manhã eu encontrar alguma coisa que me LEMBRE você, eu vou queimar. Portanto, pegue tudo e não volte mais aqui. Para o seu bem, não olhe mais na minha cara.
E então saí.
Caminhei pelos fundos até chegar em casa, estavam todos no quintal ainda, se divertindo, rindo e bebendo champagne.
Subi as escadas e entrei no meu quatro, trancando-me lá dentro.
Definitivamente, esse havia sido o melhor e o pior Ano Novo de todos os tempos.
Mas então lembrei do que havia dito mais cedo e sorri para mim mesma.
- It’s really not my weekend, but DEFINITELY it’s gonna be my year!



(12)...And P Sherman, 42 Wallaby Way, Sydney


POV

Eu estava com as malas prontas e já no andar de baixo, sentada na pequena poltrona do hall da minha casa, esperando alguma das meninas vir me buscar para irmos ao aeroporto. Já esperava há meia hora, pois tínhamos combinado de sair as seis da manhã. Eram quinze para as sete. Nosso vôo saia as oito e meia e eu já podia ver Marauders correndo de um portão a outro para poder embarcar a tempo. Como sempre.
Finalmente, ouvi três batidas fortes na minha porta.
- Se você estiver dormindo, juro que subo aí pra te sufocar com um travesseiro! – berrou , enquanto eu puxava minha mala preta do Jack de O Estranho Mundo de Jack e abria a porta.
- Mau humor a essa hora da manhã, ?
- Pergunte o motivo pra essa ruiva desgraçada. – apontou para uma dormindo no bando de trás de sua Hummer preta.
Havíamos combinado de irmos juntas ao aeroporto em um só carro, afinal não precisamos poluir a natureza mais do que ela já é poluída, saindo do mesmo condomínio, certo? Certo.
- Ela dormiu demais de novo? – perguntei.
- Dormiu demais? Ela simplesmente não acordava! Tive que jogar um copo de água gelada na cara dela...
- E molhou toda a nossa cama. – comentou Jackson, namorado de , que estava arrumando nossas coisas no porta-malas do carro – Já está tudo pronto, ... Vamos?
- Hey, , onde está o Dan? – perguntou , que acabava de chegar com um pacote de milhopan.
- Aconteceram coisas e nós terminamos. Não quero falar sobre isso.
Silêncio constrangedor.
- Hey, , também quero milhopan! – eu disse, fazendo tudo voltar ao normal novamente.
Eu e Jack entramos no banco de trás, onde uma ruiva desmaiada jazia desde que gritara na frente da minha casa. Nunca tente acordar a antes das dez da manhã se você não quiser conviver com um zumbie pelo resto do dia: dica.
Chegamos ao aeroporto quando o relógio marcou quinze para as oito da manhã e, graças a seja lá quem que esteja lá em cima, Gio havia chegado mais cedo e feito nossos check-ins.
- Por que vocês sempre chegam atrasadas? – ela perguntou – Pensei que colocaria um pouco de juízo nas cabeças delas, Jack...
- Minha namorada é a pior de todas... – ele respondeu – Desculpa, Gio.
Logo depois, Gio nos apressou para chegarmos logo ao portão sete, onde embarcaríamos em um avião rumo a Sidney, Austrália. Mais precisamente, Manley, uma das praias mais bonitas do mundo.
Deixamos nossas malas no balcão da nossa companhia e pegamos o metrô que nos levaria até o portão. Alguns paparazzi estavam ali tirando fotos nossas e de outros famosos que também viajavam naquele horário. Afinal, quem não viaja às oito da manhã no dia após a festa de ano novo? Pegamos o elevador e, finalmente, chegamos ao portão. Nosso vôo já havia sido anunciado e os passageiros da primeira classe já estavam podendo embarcar.
- Rá, chupa, Gio! Nem chegamos atrasadas. – comentou , agora um pouco mais acordada depois da caminhada.
Entregamos nossas passagens e nossos passaportes e entramos no corredor flutuante feito de vidro que nos levava até o avião. Uma aeromoça loira de uniforme azul marinho mais justo que os macacões de couro da Madonna nos esperava na porta.
- Bom dia e sejam bem vindos ao melhor avião da Qantas Airlines.
Sorrimos de volta pra ela e seguimos pelo corredor flutuante e envidraçado que nos levaria ao avião. Nossos acentos, como já estávamos acostumadas, eram um atrás do outro. Com o meu término de namoro, houve mudanças de planos e , que antes sentaria com , agora sentava com Gio. e Jackson estavam juntos, obviamente. E sentaria comigo. Sentados e com as bagagens de mão em seus devidos lugares, esperamos que todos os passageiros de todas as classes entrassem no avião e, assim que a porta foi fechada, assistimos as mesmas instruções de sempre vindas das aeromoças. A voz do piloto vinha de todos os lugares nos desejando uma boa viajem, comunicando-nos que o vôo demoraria cerca de vinte horas.
- Você não se importa que eu durma o vôo inteiro, né? - perguntei a , que já abria a mesinha para o café da manhã.
- Claro que não! Eu imagino que você ainda deve estar digerindo toda essa nova informação de ser solteira, né? – assenti – Se quiser conversar, sabe que eu estou aqui e as meninas também.
- Eu sei, , obrigada. Só preciso de um dia para pensar em tudo o que está acontecendo e amanhã mesmo eu, você e a estaremos beijando muitos australianos surfistas gatos!
- É assim que se fala! – respondeu e fizemos um hi-five.
Também esperei que o café da manhã chegasse para que pudesse tomar o meu remédio e dormir pelo resto do vôo.
- Vou acordar você pra comer, ok? Eu sei que quer dormir, mas precisa se alimentar. – comentou, enquanto ainda mastigava seu sanduíche.
até pode ser a pessoa mais comilona do mundo, mas ela também come muito devagar.
- Tudo bem. – eu disse. Se ela não me acordasse, eu provavelmente acordaria sozinha por causa da fome. Nem um remédio pra dormir pode me fazer ficar sem comer por muito tempo.
Dei um beijo na bochecha de , um beijo de “boa noite”, e olhei para trás para abanar para o resto de nós. Afinal, eu e éramos as primeiras na nossa fileira.

Atrás de nós estavam e Gio e as duas conversavam sobre a nossa turnê que começaria em breve e sobre o clipe que estávamos pensando em gravar, e atrás delas estavam e Jackson. Os dois pareciam que já estavam dormindo há horas. Dividindo um cobertor, havia apoiado sua cabeça no ombro de Jackson e ele havia apoiado sua cabeça na dela. Estavam de mãos dadas.
É, parece que pelo menos um dos nossos relacionamentos estava dando certo. Sorte da nossa ruiva. Abanei e sussurrei um “boa noite” para e Gio.
- Você sabe que ainda é manhã, certo, ? – perguntou.
- Sim, , eu sei que ainda é manhã. Dar “boa noite” é força do hábito, só para avisar que estou indo dormir. – revirei os olhos.
podia ser bem chatinha quando queria, mas eu a amava mesmo assim.
Voltei a sentar na minha poltrona e cobri-me com o cobertor que a companhia área disponibilizava. Coloquei meus fones de ouvido e pus meu iPhone para tocar a minha lista de dormir: as músicas mais calmas que eu tinha. Quando acordei novamente, todos já pegavam suas coisas nos compartimentos de bagagem e se preparavam para sair do avião.
- Hey, dorminhoca, já chegamos. – disse, me sacudindo um pouquinho para que eu acordasse de vez.
Levantei e me espreguicei, fazendo uns barulhos estranhos com a garganta, quase como miados de gato.
- Depois de dormir umas 19 horas, é impossível você estar com preguiça, . – comentou .
- Não estou com preguiça. Na verdade, estou ótima! Não vejo a hora de descer e ver a praia mais bonita do mundo na minha frente!
- , são cinco da manhã. – disse uma com cara de cansada.
Ri do comentário dela. Como se o horário interferisse em alguma coisa na minha vida, eu acabara de acordar depois de 19 horas dormindo, eu não dormiria mais. Descemos do avião e esperamos por nossas malas. Como sempre, elas demoraram uma eternidade para chegar. Assim que as pegamos, dois caras altos e de ternos pretos vieram até nós.
- Srta. Giovanna? – um deles perguntou.
- Sou eu. – Gio respondeu. – Você é Bob, certo? – ele assentiu. – Meninas, esses são os dois seguranças que eu contratei para nós durante as nossas férias. Eles vão nos ajudar a sair do aeroporto e chegarmos à casa que alugamos na praia de Manley sem sermos notadas.
- Tem muitos fãs aí fora? – perguntou.
- Pela última informação que recebi, eles haviam lotado a sala de desembarque. Com isso, creio que devem haver, no mínimo, uns 100 fãs. – Bob disse.
Wow. Nunca tínhamos vindo até a Austrália para shows ainda, mas, depois dessa informação, com certeza Gio marcaria shows por aqui o mais rápido possível. Afinal, logo após essas nossas curtas férias, entraríamos em turnê. E é em turnê que a diversão começa.
Bob e o outro segurança – Gio havia dito que o nome dele era Trevor – nos levaram para uma saída secundária de emergência do salão de desembarque. Passamos por uma pequena porta e logo nos encontramos no estacionamento interno do aeroporto de Sidney. No estacionamento, uma van nos esperava. Entramos nela, enquanto Bob e Trevor – por que seguranças sempre têm os mesmos nomes? Existe alguma lista no cartório onde está escrito “Nomes de seguranças”? Mas como, afinal, os pais já saberiam que o filho se tornaria um segurança? É uma profissão que se passa de pai para filho? Enfim. – guardavam nossas malas no bagageiro. Logo depois, os dois entraram nos bancos da frente e Gio autorizou nossa partida.
- Trevor também será o nosso motorista. – Gio comentou – Tem um carro só para o nosso uso na casa que alugamos.
Dirigimos por uma meia hora, até que Trevor parou a van na frente da casa mais bonita que eu já havia visto na minha vida.
Ela era de um tom muito fraco de azul e tinha um jardim maravilhoso na frente. Sem contar que ela ficava praticamente na areia da praia mais bonita do mundo. Descemos da van para pegar nossas malas e entrarmos na casa e, do lado de fora, pude vê-la com mais clareza.
Puta que pariu, aquela casa era enorme. Mal tive tempo de descer, já ouvi gritos alucinados.
- O QUARTO MAIOR E MAIS BONITO É MEU! – correu em disparada em direção da casa, abrindo a porta e subindo as escadas rapidamente.
- Pelo menos eu durmo com ela... – ouvi Jack comentar.
Droga, eu e as meninas nunca teríamos chances. Mas tínhamos chances de pegar o segundo maior e mais bonito quarto. E, por esse motivo, saí correndo atrás de , enquanto e pegavam suas malas inconformadas.
havia sido mais esperta dessa vez.
- , VOLTA AQUI, VAGABUNDA, ME AJUDA A ACHAR O SEGUNDO MELHOR QUARTO! – gritei para ela.
Chegando lá em cima, estava na última porta do corredor cheio de portas. Quantos quartos aquela casa tinha, afinal? Fui até ela e olhei para o quarto que ela tinha escolhido: uma suíte com a maior cama que eu já vira na minha vida e uma varanda gigante de frente pro mar.
- É o único com varanda. – ela disse.
Filha da puta. Eu também queria uma varanda.
- Mas esse aqui do lado tem uma janela gigante de frente pro mar. São os únicos dois quartos com essa vista... Corre, ! – falou novamente.
Corri para a porta ao lado da sua e encontrei um quarto tão grande quanto o dela. Também era uma suíte, a cor das paredes era a mesma e era equipado com os mesmos móveis. Somente a cama era um pouco menor, mas ainda sim era gigante. Entrei correndo e me atirei na cama.
- ESSE É MEU! – gritei e pude ouvir se atirar em sua própria cama e começar a rir.

POV

- Puta que pariu!
Foi exatamente isso que eu falei quando a atendente me disse o preço de um pote de mel que eu segurava. Depois de dois dias na terra dos cangurus, alguns momentos mal humorados da senhorita , contrastados com os momentos apaixonados da e do Jack, eu e a conseguimos convencer todo mundo a fazer um passeio. Dois dias inteirinhos e maravilhosos na Ilha Kangaroo. O único problema é que o lugar devia ser pra multimilionários. Ela podia ficar com todo o mel, nunca que eu iria pagar trinta dólares australianos por cem gramas de mel. Podia ser feito por abelhas que cantavam as nossas músicas, mas nada justificava aquele preço. Nem sei quanto daria aquilo em libras, mas sei que a rainha não ficaria feliz em gastar aquilo. Sorri simpática para a garota, largando o pote e saindo da lojinha. Coloquei os óculos escuros e olhei ao redor. O lugar era mesmo maravilhoso e, como ir pra ilha era algo contado, não havia um paparazzi nojento por perto.
- O que posso fazer agora? - perguntei para mim mesma em voz alta.
Já havia alimentado os pelicanos e mergulhado com a hoje pela manhã. Repetir isso estava fora de cogitação, o pelicano quase arrancou meu braço e a quase morreu afogada quando um cavalo marinho chegou muito perto dela. Ela se assustou e gritou em baixo d'água, engolindo uma quantidade desproporcional de água para aquele corpinho minúsculo. Enquanto isso, , e Jackson foram atrás dos coalas. A deixou um deles cair, segundo o que a me disse, e o Jackson tinha segurado uma cobra, o que rendeu piadas suficientes para manhã inteira. Eu não faria isso, nem um passeio entre os patos e gansos para ter minhas pernas comidas por aqueles bichos assassinos.
- ! - ouvi e me virei para ela.
Ela vinha correndo na minha direção, os cabelos voando junto com o vestido verde esmeralda que ela comprara quando fizemos um tour por Sydney.
- Vamos surfar! - ela falou com a cara mais empolgada do mundo.
- Você tá tirando com a minha cara, né? - eu olhei preocupada para ela.
O sorriso dela não indicava a menor vontade de surfar, mas parecia dar um brilho diferente no rosto dela, quase como se tivesse armando alguma coisa.
- Óbvio que não. - ela falou, puxando a minha mão. - Cadê a ? - me arrastou por alguns metros.
- No quiosque aqui do lado. - apontei para onde a minha outra amiga estava.
- Espera um pouquinho, não some! - ela saiu apressada em direção a onde a outra Marauder estava.
Surfar era uma péssima ideia, sinceramente falando. Primeiro porque eu sempre ouvira dizer que ondas na Austrália eram estilo as havaianas, ou seja, altas e fortes. Segundo porque nenhuma de nós tinha coordenação motora muito boa nos pés ou noção de equilíbrio em lugares estreitos. Terceiro e mais importante porque NENHUMA DE NÓS TINHA TENTADO SURFAR ALGUM DIA! Pouco tempo depois, ela apareceu com a loira a tira colo. Os óculos escuros enormes me impediam de ver qualquer esboço de reação de , a única coisa que eu podia ver eram os lábios dela torcidos num pequeno desprezo.
- Não vai chamar a ou o Jack? - perguntei assim que ela parou do meu lado.
- Eles já estão por lá, mas o Jackson não deixou a surfar e ela não parecia muito afim mesmo. - deu de ombros.
- Me explica uma coisa, porque nós vamos surfar mesmo? - a encarei preocupada.
- Por que estamos na Austrália, é um ano novo, precisamos experimentar coisas novas... - antes que ela continuasse nos falando sobre as maravilhas do surf, limpou a garganta. - Os instrutores são lindos! – falou, fazendo a gente rir.
- Agora você falou a nossa língua! - falou empolgada. - Vamos lá ver o que nos espera.
Enquanto nos aproximávamos da parte da ilha reservada para a prática de esportes, sussurrou.
- O que tem a bunda mais bonita é meu!
Revirei os olhos por simples hábito e continuamos caminhando. O local era bem vazio, a quantidade de atividades era o suficiente para que poucas pessoas ficassem desocupadas. A brisa marítima era deliciosa e o calor era suportável. Muito fácil de esquecer que em cinco dias estaríamos de volta para a Inglaterra passando por um inverno de temperaturas negativas. Quando finalmente chegamos, pude analisar os instrutores. Eram dois e, pela cara que a fez, percebi que dessa vez eu ficaria sem opção. Os dois eram do tipo australiano, se é que existe esse tipo: O primeiro era bronzeado, cabelos loiros meio acobreados, olhos claros, bermuda branca floreada quase escorregando pelos quadris e um sorriso bonito. Esse com certeza não era o da . Por quê? Bastava examinar o outro que estava de costas: Ele era moreno, mais malhado do que o outro, tão bronzeado quanto o primeiro, mas os cabelos eram mais escuros. A bermuda estava molhada e estava segurando uma prancha no braço esquerdo.
A bunda desse estava dentro do padrão de qualidade. Um pouco mais afastado, num quiosque, Jackson lia um livro, mas não havia sinal nenhum da por ali. Achei estranho e, como a minha curiosidade parecia bem maior que a minha vontade de bancar a vela, fui na direção do namorado da minha amiga.
- ?! – me chamou, mantendo o caminho inicial.
- Qual é, são dois! – falei sem me preocupar se eles iam ouvir. – Além disso, não vou morrer afogada só porque você o achou bonito...
Caminhei até o quiosque e me sentei ao lado do Jack, que nem me viu ali. Uma garota veio me atender e assim que ela parou na minha frente, tirei os óculos escuros.
- Oi, eu quero... – torci os lábios, olhando o cardápio atrás dela.
- Er... Oi, você é a ? Das Marauders? – ela perguntou, parecendo um pouco ansiosa.
- Yeps. Eu vou querer uma limonada e uma porção de camarão. – fiz o pedido enquanto ela anotava num bloquinho.
- Vou pedir pra cozinha. – ela sorriu. – Você pode autografar minha camiseta e tirar uma foto comigo antes?
- Claro. – devolvi o sorriso. – Seu nome?
- Ella, Ella Hemsworth. – me estendeu uma caneta e inclinou o braço para que eu autografasse a manga.
- Alguma coisa a ver com os irmãos Hemsworth? – perguntei depois de autografar. Se ela fosse parente do Chris, eu adoraria conhecer ele.
- Infelizmente, não. – Ella parecia acostumada com aquela pergunta. – É um sobrenome bem comum por aqui.
- Ah.

Tirei a foto e ela agradeceu enquanto ia atender um novo cliente. Girei o banquinho alto e redondo de forma a ficar de costas para o balcão e de frente para o mar. Bem a tempo de ver que ambas as meninas haviam conseguido ficar em pé em cima da prancha. Elas tinham uma expressão bastante surpresa, o que me indicou que não era a primeira vez que tentavam aquilo.
- Hey, Jack. – falei sem me virar para ele.
- ... – ele falou simplesmente.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntei preocupada. O tom de voz dele não parecia o brincalhão e animado de sempre. – Foram as piadas de hoje de manhã? Desculpa... olha, eu não sabia que você...
- Não, nada a ver. – ele me cortou no meio. – Só acho que Austrália não é o meu lugar.
- Não me diga que você prefere os Estados Unidos! – gemi de frustração. – Até eu estou apaixonada por esse lugar, sendo que eu nem sou muito fã do calor...
Ele limitou-se a dar de ombros. É, pelo visto esse país não fazia bem para ele. Pensei em comentar qualquer coisa sobre o livro que ele lia, mas eu jamais tinha o visto na vida e o título estava em francês, o que complicava bastante.
- Singapura. – ele falou de repente. – Estou pensando em voltar pra lá.
- Voltar? – perguntei, não entendendo a situação.
- É, eu sou de lá. – ele sorriu de canto, como se lembrasse do lugar. – Você acha que a gostaria? De me acompanhar? Eu vou ficar de férias até março e tudo mais...
Imediatamente meus pensamentos foram para a turnê que começaria assim que voltássemos para a Inglaterra. Só que achei que não era a hora de me meter, seja como for, era uma decisão dos dois. Nada ver comigo, era adulta e sabia fazer as escolhas dela. Só que eu não conseguia imaginar minha amiga no meio de Singapura, não conseguia mesmo. Limitei-me a dar de ombros depois da pergunta dele.
- A propósito, cadê ela? – perguntei ao notar que a ultima vez que vi a ruiva, ela ria escandalosamente por causa do pobre coala derrubado no chão.
- Uma moça do hotel ligou pra ela. Parece que chegou uma carta para ela ou algo do tipo, parecia importante.
- Convite pra uma festa? – perguntei empolgada.
- Não sei.
Antes que eu o mandasse procurar um balde de açúcar pra enfiar a cabeça e adoçar a vida, uma ideia me veio a mente.
- Você tem trinta dólares? - perguntei sorrindo o mais angelical possível.
- Tenho, por quê? – ele franziu a testa.
- Me dá. – falei mexendo os dedos para que ele me entregasse as notas. Ele fechou o livro e largou sobre o balcão, inclinou-se para o lado e tirou a carteira do bolso. Abriu a mesma e me estendeu duas notas, uma de vinte e uma de dez.
- Me diz agora por quê. – ele pediu.
- Vou lhe comprar um doce típico australiano. Cuida da minha comida quando ela chegar. – falei, pulando do banco e indo em direção ao quiosque de onde me arrastara.

POV

Depois da revelar o nosso plano maléfico para os lindos, musculosos, sensuais e bronzeados instrutores de surf e eu e ficarmos extremamente vermelhas, nossa aula começou. Iniciamos por um alongamento. ria cada vez que eu reclamava de dor, mas eu me vingava, pois ela também gemia quando algum músculo doía. Os instrutores disfarçavam o riso, enquanto se olhavam. Logo acabaram os movimentos e pudemos começar a mexer nos equipamentos.
- Bom, esta é o leash, mais conhecido como cordinha. Ela é geralmente amarrada junto ao calcanhar e vai prender vocês a prancha. Sempre olhem se o lash está bem preso, pois caso se solte você terá muito trabalho para pegar a prancha novamente. Eles têm de um metro e oitenta a 3 metros e 60 de comprimento. Vocês vão usar o de um metro e oitenta para prancha não ir muito longe. - Brian, o da , falou segurando uma corda de nylon grosso e preto com uma tira de tecido com velcro na ponta e presa na prancha. - Esta parte vocês irão envolver no tornozelo. Entendido?
- Sim. - Eu e a respondemos ao mesmo tempo.
- Ok, então vamos passar para a prancha. Vocês vão usar uma Softboard, que é boa para iniciantes, pois tem uma mais flutuação, mais segurança e mais estabilidade. Vamos pra prática ainda na areia. - Ryan, o meu, nos levou até duas pranchas. Uma verde clarinha e uma laranja. Minha e da , respectivamente. - Então, vocês vão deitar na prancha.
Deitamos na prancha e aguardamos novas instruções. Então, do nada, senti um puxão nos tornozelos e quando virei, vi que era o Ryan querendo que eu deitasse mais pra trás. Fui mais pra trás e ele colocou o leash no meu tornozelo. Olhei pro lado e vi que Brian fazia o mesmo na .
- Então, agora vamos começar. Vocês vão remar, remar, remar e levantar. Entendido? - Brian falou.
- Entendido. - falamos juntas novamente.
- Ok, então comecem.
Remar foi fácil, mas na hora que era pra levantar eu me enbananei e caí pro lado. Ryan me ajudou a levantar e me explicou como levantar direito. Percebi que essa aula de surf iria ser mais difícil do que eu tinha imaginado, mas eu não iria desistir do gato. Tentei de novo, remei e levantei do jeito que ele tinha me explicado. Consegui e fiquei que pé do jeito que eu via nos filmes que as pessoas surfavam. Olhei pro Ryan e ele fez um joinha e piscou.
- De novo, .
- De novo? Sério? Não pode ser só uma vez?
- Não, de novo, vai lá!
- Aff.
Fiz de novo. E ele mandou eu pegar a prancha e ir com ele para o mar. Adentramos as ondas e ficamos em um lugar onde a água batia no nosso peito. Subi na prancha, sentei e esperei as novas ordens.
- Ok, agora, quando eu falar, você vai fazer como fez na areia.
Depois de um tempo olhando pra a uns dez metros de distância de onde eu estava, Ryan avisou. Então, eu fiz e quando fiquei de pé, eu caí e depois eu não vi mais nada. Só acordei quando senti uma boca na minha. Levantei assustada, cuspi água e fiquei tonta.
- Calma, . Você quase se afogou. Respira fundo.
Respirei fundo e me senti melhor. Então, olhei para os lados. me olhava com preocupação, mas quando eu sorri, ela sorriu de volta.
- Garota, nunca mais me assuste desse jeito. Sério, quase tive um piripaque. Vadia.
- Ai, amada, da próxima vez que eu quase morrer, eu te aviso!
- Idiota!
Ryan me perguntou se eu queria continuar ou ficar só olhando. Respondi que queria ficar só olhando, pois eu achava que não era feita pro surf. Peguei a minha bolsa que estava em um e peguei a meu celular pra tirar uma foto. Tirei e logo depois recebi uma mensagem da .

POV

Eu poderia estar gostando da Austrália e das experiências de vida que aqueles passeios exóticos estavam me proporcionando, mas sendo sincera, eu desejava nunca ter deixado escolher nosso destino de viagem. Eu sempre fora a anti-natureza e a favor da poluição da banda. Não me levem a mal, não é que eu queira que a Mãe Natureza morra ou algo do tipo, eu só acho que a natureza tenha que ficar lá e eu aqui, na minha enorme e iluminada cidade grande. Cada uma em seu canto, eu vendo-a somente por fotos e reportagens na TV. É somente assim que eu gosto da natureza. Para essas férias, eu havia sugerido duas semanas de compras em New York City, ou talvez passeios, jogos e muitas bebidas pelos hotéis de Las Vegas. , porém, havia gostado da idéia de respirar um ar mais puro e acabou sendo convencida por , então acabamos todos indo para Manley, a praia minúscula e sem lojas de marca no interior da Austrália. Eu estava aproveitando ao máximo todos os passeios que as meninas decidiam fazer, sorrindo e me divertindo com o meu namorado e minhas melhores amigas, tentando não demonstrar o quão frustrada eu estava com aquelas férias. Naquela manhã, fomos brincar com os coalas de um parque ecológico e, apesar de eu não gostar muito de ficar abraçando animais selvagens, a cara da ao derrubar um deles no chão fora impagável.

E eu pude ver o quanto Jackson estava aproveitando toda aquela interação com a natureza, até pegar uma cobra na mão ele pegou. Não queria que toda aquela felicidade e bom humor terminassem, mas quando ele brincou de me ameaçar com a cabeça da Falsa Coral, eu realmente me assustei e todo aquele teatro de diversão e harmonia acabou indo por água abaixo. Saí do parque ecológico batendo os pés, segurando as lágrimas trancadas pela minha frustração na garganta. Caminhei por algumas pequenas ruas não asfaltadas até chegar na beira da praia, então sentei na areia, longe do mar. Pouco depois, Jackson estava sentado ao meu lado.
- O que aconteceu com você? – ele perguntou.
- Duas semanas num lugar que eu não gosto. – respondi.
- Mas com pessoas que você ama, isso devia importar mais.
- Eu estava tentando aproveitar, eu juro que estava. – falei, olhando pra ele – Os passeios a Sidney foram divertidíssimos e Manley não é tão ruim assim, mas me trazer para uma ilha como essa, onde só tem bichos e plantas, é pedir para que o meu bom humor evapore!
Jackson me abraçou e aos poucos eu fui me acalmando, deixando minha cabeça mais relaxada cair em seu peito.
- , eu andei pensando numa coisa e eu gostaria muito de conversar com você sobre isso... – ele disse de repente.
Levantei meu rosto do seu peito e, antes que eu pudesse continuar a conversa, ouvi The Way We Talk do The Maine começar a tocar e percebi que era meu celular, peguei-o no meu bolso e vi que era uma chamada do nosso hotel.
- Acho melhor eu atender, pode ser importante... – eu disse para Jack, logo depois desbloqueando o meu iPhone e atendendo a ligação. – Alô?
- Srta. ? Aqui é da recepção do seu hotel. Foi deixada uma carta de correspondência aqui na recepção para as Srtas. e o remetente avisa ser urgente. Tentamos ligar para as suas amigas e para a sua empresária, mas nenhuma atendeu ao celular a não ser você...
- Tudo bem, estou chegando no hotel daqui a pouco, muito obrigada. – respondi, desligando o telefone.
- O que foi, ? – Jackson perguntou, assim que me levantei e limpei a parte de trás do meu short para tirar a areia.
- Deixaram uma carta no hotel pra nós e parece ser urgente... – disse – Vou lá buscar, você me espera por aqui para almoçarmos depois? Você pode me falar o que queria enquanto comemos, o que acha?
- Ótimo. – ele sorriu – Estou morrendo de fome.
Dei um selinho nele e corri até a rua, dobrando na esquina e correndo até o nosso hotel que não era longe dali. Chegando lá, o recepcionista me avistou de longe e me abanou, me chamando para ir até o balcão.

- Hey, Steve! – o cumprimentei – Então era você no telefone! Já disse para me chamar de você, seu teimoso, para com esse negócio de Srta.
- Ok, , me desculpe. – ele sorriu – Mas então, aqui está a sua carta.
Steve pegou um grande envelope cor de vinho embaixo do balcão e nele estava estampado o símbolo da nossa gravadora. Opa. Isso era realmente urgente. Que sejam notícias boas, por favor.
- Espero que isso não estrague as suas férias, Srt... Quer dizer, . Odiaria ser o remetente de uma notícia ruim. – Steve falou.
- Imagina, Steve! Falo com você depois, vou subir até o quarto rapidinho para ver o que esse envelope veio nos dizer.
Ele abanou para mim e me desejou boa sorte enquanto eu caminhava até os elevadores, agradecendo mentalmente por um deles já estar no andar e ter aberto suas portas instantaneamente. Entrei no elevador e apartei o botão de número cinco. Na ilha em que estávamos, não havia prédios muito altos para não urbanizar a paisagem, por isso o prédio mais alto era o da prefeitura, que tinha sete andares e ficava longe das praias e dos principais parques ecológicos. Cheguei no meu andar e rapidamente tirei o cartão que servia de chave do bolso, abrindo a porta e fechando-a com um chute assim que entrei no quarto. Já sentada na cama, respirei fundo e comecei a abrir cuidadosamente o envelope. Qualquer coisa que estivesse ali dentro era importante demais para ser rasgado.
“Que não sejam más notícias, por favor.” era o meu mantra, enquanto eu tirava o papel impecavelmente branco do envelope cor de vinho.
Ao ler todo o conteúdo das três páginas inteiramente cobertas por parágrafos inacabáveis em um inglês escrito da forma mais culta possível, tudo o que eu fiz foi pular pelo quarto por pura alegria, enquanto lágrimas inevitáveis de felicidade escorriam pelo meu rosto. Duas boas notícias em uma só carta e em plena crise de férias era o maior incentivo que eu poderia ter recebido para aproveitar a Austrália como se a minha vida dependesse disso. Saí correndo do quarto com os papéis nas mãos, batendo a porta e descendo cinco andares de escada com a maior pressa do mundo. Na recepção, Steve me olhava com um olhar aliviado ao me ver sorrindo e, por pura felicidade, corri até ele e o abracei.
- Steve, você foi o responsável pela entrega de duas notícias extremamente maravilhosas! Eu nunca vou esquecer de você, pode ter certeza! – eu disse, dando-lhe um beijo na bochecha em agradecimento e já voltando a correr pelo hall do hotel, querendo encontrar as meninas o mais rápido possível. – Ah, Steve! Quero uma garrafa de champagne bem gelada nos esperando no quarto quando voltarmos, ok? Hoje é um dia para se comemorar!
Enquanto corria pelas ruas sem saber ao certo que caminho escolher, peguei meu celular no bolso e enviei uma mensagem para as meninas e para Gio.
Tenho notícias além de ótimas para contar! Por favor, suas inúteis, leiam essa mensagem e me encontrem o mais rápido possível na frente do quiosque perto do nosso hotel! É urgente! –
Logo depois de guardar o celular novamente no bolso, voltei a correr em direção da praia. Senti meu celular vibrar e parei para ler o que a mensagem dizia.
Estou indo pra lá com a , mal posso esperar pra saber das novidades! –
Antes de guardar o celular, chegou outra.
Estou com o Jack e já estamos a caminho! Ele pode estar junto, certo? –
Respondi com um rápido: É claro que pode! – . E logo depois outra mensagem chegou.
Espero que sejam notícias realmente maravilhosas para terem me tirado da massagem australiana que eu estava recebendo! Estou quase aí, xx! – G
Com um sorriso maior do que o anterior no rosto, corri o mais rápido que pude para chegar o mais rápido possível no quiosque, renovada com a certeza de que todos estariam lá. Ao chegar na beira da praia, avistei e já na frente do quiosque, olhando para os lados a procura de alguém – me procurando, provavelmente. Abanei para elas, enquanto chegava esbaforida até onde elas estavam. Os papéis da gravadora dobrados e escondidos no meu bolso impediam que elas tivessem alguma dica do que estava acontecendo e, por esse motivo, quase fui atacada quando terminei minha primeira fala.
- Quero que todos estejam aqui pra contar.
Aos poucos e rapidamente, todos nós estávamos reunidos em frente ao quiosque perto do hotel e eu via cinco pares de olhos arregalados e curiosos na minha direção.
- Bom, eu estava com o Jack quando recebi um telefonema do hotel dizendo que havia chegado uma correspondência para nós, que eles haviam tentado falar com todas vocês, mas nenhuma atendia o celular. Como fui a única a responder a ligação, o recepcionista me disse que era uma carta urgente e que era bom eu ver do que se tratava. – falei rápido, mal parando para respirar – Quando cheguei lá, meu coração quase parou ao ver um envelope da nossa gravadora e toda a minha felicidade evaporou.
- Ah, não... – Gio sussurrou e eu mandei-a calar a boca e me deixar terminar.
- Mas quando eu abri o envelope e li as duas notícias que a gravadora mandou nos dizer, minha felicidade era tão grande que não cabia inteira no meu corpo e ela começou a transbordar em formas de lágrimas e gritos e pulos retardados!

- AAH! – gritou.
- CONTA DE UMA VEZ! – agora fora .
- Não enrola, ! – me apressara.
Jack permaneceu o tempo todo quieto, mas a minha felicidade não me deixava perceber nada além de brilho, alegria e sorrisos.
- A primeira notícia que a carta menciona é... – fiz um silêncio de suspense, o que quase levou quatro pares de mãos femininas raivosas atacarem o meu pescoço – A GRAVADORA CONFIRMOU A GRAVAÇÃO DO NOSSO PRIMEIRO VIDEO CLIPE!
- AAAAAH! – , , e Gio gritaram em uníssono, começando a pular, me puxando para o abraço grupal para festejar junto com elas.
- ISSO É SÉRIO? – Gio ainda gritava – EU NEM ACREDITO QUE NÓS CONSEGUIMOS!
- VOCÊ É A MELHOR MANAGER DE TODAS, GIO! – gritou pra ela.
- E NÓS SOMOS FODAAAS! – gritou por último, voltando a pular.
Assim, nem percebi que Jackson havia saído de fininho, com a cabeça baixa e direto em direção ao outro lado da praia.
- E a outra boa notícia... – comecei a falar quando paramos de pular – Que consegue ser ainda melhor do que a primeira, se é que isso é possível... – eu continuava enrolando, querendo fazer o maior suspense que eu conseguiria antes de ser morta a facadas por uma das minhas amigas ansiosas – NÓS FOMOS FUCKING INDICADAS A FUCKING DUAS CATEGORIAS DO FUCKING GRAMMY AWARDS 2012!
Nessa hora, tudo o que eu vi fora Gio desmaiando e caindo dura na areia, enquanto uma cheia de lágrimas nos olhos e soluços saindo garganta afora, sentava ao lado do corpo inerte na manager. parara de pular e petrificara na posição em que estava quando ouviu o que eu disse, enquanto corria em círculos ao seu redor, gritando “NÓS SOMOS FUCKING AMAZING” até para quem não quisesse ouvir. Eu ria que nem uma retardada olhando para a reação das meninas, até que me dei conta de que Gio não poderia ficar desmaiada por muito tempo e teria que se despetrificar rápido, antes que eu enlouquecesse em vê-la parada na mesma posição por tanto tempo.
- HEY, MARAUDERS! – gritei e , e olharam pra mim com sorrisos enormes e caras de idiotas. – Venham aqui! – abri os braços, as esperando por um apertado abraço maraudiano.
- Nós merecemos, meninas! – disse .
- Trabalhamos que nem camelas para chegar até aqui e conseguimos! – comentou .
- Mas bitches, se preparem, BECAUSE IT’S ONLY THE BEGINNING! – falou , fazendo-nos abraçar novamente.
Após um tempo comemorando, rindo feito bestas e chorando todas as pitangas do pomar, percebeu o que nenhuma de nós havia notado até então.
- Hey, onde foi o Jack?
- Será que ele se sentiu excluído?
- Só pode, nós não o chamamos para comemorar conosco!
- Calma, meninas. – eu disse – Levem a Gio para a enfermaria do hotel, enquanto eu procuro pelo Jack, nos encontramos lá!
Comecei a caminhar ao longo da praia, imaginando que Jackson ficaria por ali. Se ele estava triste, com certeza ele estava em algum lugar pela areia olhando pro mar, como ele sempre dizia que gostava de fazer quando morava em Singapura. Ao longe, avistei uma sombra que parecia alguém sentado na beira do mar e, pelo comprimento do cabelo que voava, imaginei que fosse meu namorado e corri em sua direção. Chegando mais perto, confirmei que era realmente ele e, diminuindo meus passos, sentei ao lado dele calmamente.
Ficamos ambos olhando para o mar durante algum tempo, até que ele resolveu quebrar o silêncio.
- Parabéns pelo clipe, eu sabia que vocês conseguiriam.
- Obrigada. – respondi.
Sem nem mesmo termos desviado nosso olhar do horizonte, o silêncio voltou a dominar o local e, percebendo que continuaria assim, resolvi tomar a iniciativa.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntei.
Repentinamente, ele virou pra mim com um olhar triste e começou a falar muitas coisas que eu preferia não ter ouvido.
- Como eu queria ter conhecido você antes da banda, . Você não tem idéia do quão culpado eu me sinto toda a vez que me pego pensando o quanto eu queria que você não fizesse parte de uma banda. Quer dizer, seria tudo tão mais fácil!
- Jackson, do que você está falando?
- Porra, , não é óbvio? – ele gritou, se exasperando e levantando da areia – Tudo o que você faz é pensando nas Marauders, sua vida não passa disso! É sempre as Marauders pra cá, as Marauders pra lá... Como você acha que eu me sinto?
- Jack, você acha que eu não...

- Eu não acho nada, , eu tenho certeza! – ele disse mais calmo, mas agora com um ar debochado – É óbvio que você me tem como um segundo plano na sua vida. Eu nunca duvidei disso, mas eu pensava que isso pudesse mudar enquanto o nosso relacionamento fosse ficando mais sério, mas pelo visto eu estava errado.
- Não ouse falar assim, Jackson! – agora era eu quem gritava – Quantas vezes eu deixei de dar entrevistas e faltei fim de semanas de escrita com as meninas para ir até Los Angeles ficar com você? Quantas vezes já me permiti expor em premieres e eventos de cinema e televisão com você? Quantas músicas eu já escrevi pra você, Jackson? Você acha que elas não significam nada?
- Eu não aguento mais essa vida de nos vermos somente quando dá, . Eu amo você, eu quero você perto de mim vinte e quatro horas por dia. – agora ele quase sussurrava.
- E você acha que se não fosse pela banda, você me teria vinte e quatro horas por dia? – perguntei e ele assentiu levemente com a cabeça – Pois você está enganado. Pelo visto um ano de namoro não foi o suficiente para você me conhecer de verdade. Eu não sou esse tipo de mulher e você deveria saber, Jack. A minha independência está acima de qualquer homem ou emprego.
- Você não sabe o quanto eu desejo que você fosse uma garota normal, . Não sabe o quanto eu desejo poder ter sido o responsável a te apresentar ao mundo, te apresentar como a minha mulher e de ninguém mais.
- Enquanto eu fui sua mulher, eu não fui de nenhum outro, se é essa a sua dúvida. – eu disse, chocada com a possível traição que Jackson imaginava de mim.
- Mas fez aquela sessão de fotos ridícula com aquele que você diz odiar! – ele gritou.
- Foi a trabalho, Rathbone! E nós já conversamos sobre isso. – me sobressaltei.
- Não importa, eu não agüento mais isso! – ele falou, logo depois abaixando a cabeça e tapando o rosto com as mãos - Não está mais funcionando pra mim, , eu preciso de um tempo.
Minhas respostas se calaram assim que ouvi a última coisa que Jackson havia me dito.
- Eu não sou mulher de dar tempos, Jackson. Ou nós resolvemos os nossos problemas agora ou nós acabamos o nosso relacionamento. – eu disse.
- Nossos problemas não tem mais solução, , por mais que eu tente encontrá-las. – ele disse, levantando o rosto e eu pude ver seus olhos verdes tornando-se vermelhos por segurar as lágrimas – Eu quero terminar com você, .
Lágrimas já invadiam meu rosto, mesmo sem a minha permissão.
- Essa é a sua decisão? – ele assentiu – Então eu respeito.

Caminhei em sua direção e observei seu cenho se franzir com a minha proximidade, sem entender. Cheguei perto dele e joguei meus braços ao redor do seu pescoço, abraçando-o forte e deixando alguns soluços extremamente teimosos escaparem pela minha boca. Seus braços apertavam e envolviam minha cintura, enquanto seu rosto se enterrava em meu pescoço, por baixo dos meus cabelos ruivos. Ao me afastar, vi que Jack também deixara escapar algumas poucas lágrimas e, pra mim, essa fora a gota d’agua para que eu me forçasse a secar as minhas próprias e estufar o peito.
- Espero que não se arrependa da sua decisão, porque agora é tarde demais. – eu disse, dando um passo pra trás quando ele ameaçou a me puxar para outro abraço – Adeus, Jack.
Ao dizer isso, dei as costas pra ele e sai correndo pela praia novamente, querendo desesperadamente chegar no hotel e poder sentir novamente toda aquela felicidade que eu sentira alguns instantes atrás.
No caminho, porém, acordes e palavras rimadas começavam a surgir na minha cabeça, enquanto uma idéia sensacional para o solo de bateria que tanto nos pedia para fazer aparecia bem na minha frente. Sorri e constatei que a máxima era verdadeira: Quanto mais decepcionado e triste um músico estiver, melhores serão as músicas que ele fará. Cheguei no hotel e encontrei um Steve sorridente atendendo alguns outros hóspedes e esperei educadamente até poder falar com ele.
- Preciso de um quarto só meu por essa única noite, Steve... Me diga que você ainda tem alguma coisa vaga aí!
- Parece que hoje é seu dia de sorte, , porque temos um único quarto vago no hotel e eu vou fazer esse favor, porque gosto de você. – ele respondeu, sorrindo pra mim e me entregando um novo cartão-chave pro meu novo quarto – 238, 2º andar.
- É, hoje realmente é o meu dia de sorte. Obrigada, Steve! – respondi pra ele, pegando o cartão de sua mão e subindo rapidamente ao meu quarto antigo.
Entrei sem fazer cerimônias, pegando minha mochila rosa e meu violão, enquanto os olhares de , , e Gio acompanhavam os meus movimentos.
- Aconteceu alguma coisa, ? – perguntou.
- Aconteceu. Não estou afim de falar agora, amanhã nos falamos, ok? – saí, fechando a porta do quarto delas atrás de mim, voltando pro elevador e descendo até o meu andar.
Entrei no meu quarto, percebendo que era bem menor do que o nosso do quinto andar. Larguei minha mochila e meu violão em cima da única cama de casal que havia ali, tirando as minhas sandálias e me atirando na cama logo depois. Tirei meu caderno com capa de couro preto de dentro da mochila, abrindo-o em suas últimas páginas, constatando que mais um caderno de músicas das Marauders chegava ao fim. Ajustei o violão no meu colo e comecei a compor uma das mais famosas músicas que a nossa banda teria.
Lágrimas ainda poderiam estar escorrendo pelos meus olhos e o meu coração ainda parecia ter parado, tão grande era o aperto que eu sentia no peito, mas nada disso poderia negar que, mentalmente, eu já estava pronta para seguir com a minha vida. Tudo o que faltava para que isso se concretizasse era que o meu coração recebesse as mensagens que o cérebro mandava de que eu tinha que superar aquilo, pois de nada adiantaria entrar em depressão por um quase-amor.
Afinal de contas, em uma coisa o Jackson tinha razão: as Marauders eram a peça principal na minha vida. Ou melhor dizendo, as Marauders eram a minha vida.

Capítulo betado por Tatiane





(13)...Because Princesses!


's POV

- O quê? - gritou, assim que Gio nos entregou os convites que havíamos recebido. - Como ele se atreve?
Algumas horas antes de subirmos ao palco para o primeiro show da turnê It's Only The Beginning que as Marauders fariam pela Europa, Giovanna nos dissera que haviam chegado quatro convites para uma festa que aconteceria dali a duas semanas. Empolgadas, dissemos a ela que estávamos curiosas de mais para esperarmos até depois do show e, convencida, Gio nos entregou os quatro convites verdes que tanto queríamos receber.
Apesar da curiosidade que atacara a nós quatro antes de sabermos de quem vinha o convite, as sensações que tivemos quando descobrimos do que aquilo se tratava haviam sido completamente diferentes.
havia tratado aquilo com naturalidade, como se pouco importasse na vida dela. aparentava estar meio nervosa, talvez tentando achar algum motivo obscuro por trás daquele convite, ou então só estava pensando na roupa que usaria. Eu me dei um tapa na testa por ter me esquecido daquela festa, pois eu já sabia que ela ocorreria e já havia sido informada que seríamos todas convidadas. , porém, estava puta da cara.
- Como Daniel Jones se atreve a sequer pensar que eu, , compareceria à festa ridícula de aniversário dele? - ela continuava possessa.
- Deixa de ser escandalosa, ! - ralhou . - Está na cara que eles estão fazendo de tudo para se acertar com a gente.
- E quem disse que eu quero me acertar com eles? - ela respondeu. - Aliás, a culpa disso tudo é sua, !
Ah, eu sabia que iria sobrar pra mim.
Nessa banda, a culpa sempre é da ruiva.
- Se não fosse por você ter virado amiguinha desse sardento mau educado, isso não estaria acontecendo! - continuou.
Como resposta, somente revirei os olhos.
- Além do mais, é a fantasia. - defendeu a festa e eu olhei de olhos arregalados para ela. - O quê? Eu gosto de festas à fantasia!
- Já não basta nos fantasiarmos pros shows? - perguntou, ainda brava com a ousadia de Danny.
Como havia dito, eu e as meninas decidimos que o tema da nossa primeira turnê oficial pela Europa seria 'All Your Dreams Can Come True' e nada melhor do que contos de fada e histórias de criança para representarmos esse tema. Por esse motivo, no primeiro e no último show dessa turnê estaríamos fantasiadas das nossas princesas favoritas.
Como já estávamos na arena em que o show ocorreria desde o início da tarde e quando recebemos os convites de Danny faltavam somente duas horas para o show começar, já estávamos todas devidamente fantasiadas, só faltando detalhes como o sapato e o cabelo.
Nossas fantasias, é claro, eram customizadas para se adequarem a todos os movimentos que precisávamos fazer durante o show. Pular, correr, se atirar no chão, tocar nossos instrumentos e, principalmente, não sentir calor. Era por isso que Gio havia contratado Michael, nosso querido amigo e grande estilista, para fazer nossas fantasias. E ele as fez com esplendor, nos apresentando vestidos curtinhos e nada vulgares, sapatos de salto confortáveis e leves acessórios que não atrapalhariam nosso desempenho.
estava vestida de Alice, de Alice no País das Maravilhas. Com seu cabelo loiro, faltava só pôr a faixa preta na cabeça e ela estaria pronta. estava de Branca de Neve e seus cabelos extremamente escuros ajudavam a completar o visual. Para estar pronta, faltava somente calçar os sapatos de salto azuis. estava de Jasmine, a linda princesa que se apaixona por Aladin. O fato de ela ser baterista fazia sentar de pernas abertas de frente para o público, impedindo-a de vestir qualquer saia ou vestido. Por sorte, a princesa àrabe que sempre fora a favorita de vestia uma calça de odalisca e um tope, o que facilitava as coisas para ela e para Michael. Sua roupa de odalisca verde esmeralda, cheia de brilhos, já estava devidamente vestida e suas sapatilhas com um pompom em cada uma também. O toque final que seria feito mais tarde era o alto e apertado rabo de cavalo no cabelo.
E eu me fantasiara de Belle de A Bela e a Fera. Ela sempre fora a minha princesa favorita, pois desde pequena me identificara com ela e sua mania incessante de ler livros sem parar assim como eu sempre fizera. Além disso, o fato de ela se apaixonar pela Fera mesmo ela sendo o que era e fazendo o que fazia, sempre mexeu com o meu lado romântico e inocente que eu ainda guardava dentro de mim. Então eu já vestia o meu curto vestido amarelo, meu cabelo já estava preso em um coque alto e eu já calçara minhas sandálias douradas, as únicas peças que faltavam eram as longas luvas amarelas que vinham até o meu cotovelo e que Michael havia feito bem justas para que não me atrapalhassem na hora de tocar minha guitarra.
- Você já pensou que o convite que Danny te mandou não é uma convocação? - falei para , já cansada de tanta reclamação. - É só você não ir, !
Com uma cara de teimosa e batendo os pés no chão, bufou para mim e nos deu as costas, saindo do camarim e se dirigindo ao backstage.
Revirando os olhos, Gio foi atrás dela. Como manager e amiga, ela saberia acalmar a nossa pequena irritadinha e traria a harmonia e a paz para começarmos a turnê com o pé direito e o melhor bom humor que pudéssemos ter.
- Ok, meninas, o que acham de esquecer o McFLY até amanhã e começarmos essa turnê sem nada para nos atrapalhar? - Gio voltou para a sala alguns minutos depois, acompanhada de uma que parecia bem mais calma.
- Eu acho que deveríamos mostrar para todas essas pessoas aí fora quem realmente são as Marauders! - disse , se encaminhando para o meio da sala e colocando uma das mãos para frente e, rapidamente, entendemos o sinal para fazermos nosso conhecido grito de guerra.
- Deveríamos mostrar para toda a Europa que as Marauders estão chegando para derrubar qualquer um que esteja na nossa frente! - falou, juntando-se a e colocando sua mão em cima da dela.
- Eu acho que deveríamos subir naquele palco de uma vez e fazer todos os homens desmaiarem e todas as mulheres repensarem sua opção sexual! - falei, fazendo as outras rirem e me unindo a e .
- E eu acho que a gente é foda demais para ficar nos preocupando com qualquer outra coisa que não seja nós mesmas! - disse , finalmente juntando-se a nós.
- Então, como é que se diz, Marauders? - perguntou.
- MARAUDERS STAY TOGETHER UNTIL THE VERY END! - gritamos em uníssono, sendo acompanhadas por Gio, que nos olhava sorrindo, parada no batente da porta.
Caindo na risada logo depois, nós quatro finalizamos o grito de guerra com um abraço quádruplo convencional em inícios de shows e finais de discussões.
Nos preparando com as finalizações das nossas fantasias, ouvimos um ajudante de palco gritar 'Dois minutos, Marauders' de algum lugar do corredor e assim pegamos os nossos instrumentos e caminhamos até o backstage.
Paradas uma do lado da outra, nós quatro nos demos as mãos e esperamos a hora certa de entrar no palco e mostrar do que as Marauders eram capazes quando queriam tocar seu rock'n'roll.
- It's only the beginning, Marauders. - eu disse.
- Ainda temos muitas turnês para começar. - falou .
- Ainda temos muitas arenas para lotar. - disse .
- E AINDA TEMOS MUITA MÚSICA PARA TOCAR! - gritou , abafando o aviso de que estava na hora de subir ao palco.
Vendo a cortina vermelha se levantar, correu até o fundo do backstage, se posicionando na bateria, rodando as baquetas entre os dedos de uma forma que só ela sabia fazer. Enquanto isso, eu, e entrávamos no palco pulando e já começando com os acordes da música que abriria todos os nossos shows da turnê. A bateria de já podia ser ouvida por toda a Arena.
- COMO VOCÊS ESTÃO, LONDRES? - eu gritei, assim que cheguei ao microfone. - NÓS SOMOS AS MARAUDERS E SEJAM BEM VINDOS À TURNÊ IT`S ONLY THE BEGINNING!
Ao colocar meus olhos na platéia que nos assistia, pude enxergar no mínimo dez mil pessoas olhando para mim e gritando o meu nome, o de minhas melhores amigas e o da nossa banda. Nosso sonho tinha realmente virado realidade. Eu não consegui desmanchar meu sorriso durante as duas horas mais rápidas da minha vida, que foram as horas da duração daquele show.

's POV

Dez mil pessoas olhavam para mim e pulavam ao som da nossa música. Dez mil pessoas lotavam aquela arena e a iluminavam com seus celulares e pisca-piscas coloridos, que deixavam tudo muito mais bonito. Dez mil pessoas compareceram ao primeiro show da primeira turnê oficial das Marauders. Aquilo era muito surreal para ser verdade.
Felizmente, era verdade, sim. E, felizmente, consegui sair do transe antes que começasse a errar os acordes do meu baixo e a primeira música saísse errada. Quando começou a cantar a letra que tanto significava para nós e tanto dizia da gente, tudo o que eu pude fazer foi pular sem parar com o meu vestidinho de Alice e meu baixo vermelho, aquele chamado Red.

You must think we're stupid
but your opinion don't matter to us
Nothing is more important than our friendship
So shut the fuck up


cantava com uma energia que eu nunca a vira ter antes. Eu, concentrada no meu baixo e em sorrir para os fãs que estavam mais perto do palco, não conseguia olhar para as meninas para ver as suas reações com tamanha grandeza, que não esperávamos desse primeiro show. As dez mil pessoas que estavam lá dentro acompanharam na primeira estrofe da música, todos eles sabiam a letra de Fly With Your Own Wings. Aquilo era melhor do que eu imaginava.

We're not crazy
not completely
All you need is a little imagination
Welcome to our generation


Quer dizer, nenhuma de nós sequer imaginava que conseguiríamos lotar uma arena para dez mil pessoas no nosso primeiro show da nossa primeira turnê. Nem o nosso álbum havíamos lançado ainda e já tínhamos dois singles number one nas paradas britânicas!

So fuck what they think
We're definitely gonna stay together
Haven't you heard?
We're the crazy bitches around here!


No refrão, eu, e cantamos juntas e podemos ouvir gritando a letra lá de trás. Essa música significava muito para nós, era um desabafo e um tapa na cara de todos aqueles que nos desencorajaram quando tentávamos subir com a nossa carreira musical.

Love your friends
and die laughing
Fly with your own wings
Doing what you like
and liking what you do


Hey, vocês que nunca acreditaram na gente a agora são obrigados a nos ver nas TVs e em outdoors espalhados por todo o país, que são obrigados a ouvir nossas músicas nas rádios, como vocês se sentem agora?

God made us friends because He knew
our mom couldn't handle us as sisters
Together we stand, together we fall
We're stronger now


Era nessa parte da música que começava o incrível solo de guitarra que fazia e nos deixava sempre de queixo caído. Aquele solo era trabalhado e cada nota tocada trazia todas as coisas que nós sentíamos a quem estivesse ouvindo. As pessoas que ainda não nos conheciam e ouviam essa música, começavam a nos conhecer ao ouvir esse solo. Tom Delonge parabenizou no twitter uma vez pelo incrível solo de guitarra que há muito tempo ele não ouvia igual.
Nesse dia, e choraram de emoção por umas três horas seguidas e ficaram fungando pelos cantos da casa pelo resto do fim de semana.
, pois via pela primeira vez seu trabalho ser reconhecido de forma digna.
, pois Tom Delonge havia descoberto que ela existia.

So fuck what they think
We're definitely gonna stay together
Haven't you heard?
We're the crazy bitches around here!

We're not crazy
not completely
All you need is a little imagination
Welcome to our generation
We're the crazy bitches around here!


finalizou a música com aqueles seus gritos típicos de diva do rock e eu quase fiquei surda com a reação da platéia. 10 mil vozes gritavam em euforia para a nossa música.
- Eu mal posso acreditar que vocês me acompanharam nessa música do início ao fim. - falava com a platéia, agora que o som dos nossos instrumentos não existia mais. - Vocês fazem idéia do quão feliz vocês me fazem?
- WOOOOOOOOOOOOOAAAAAAAAHHH - as dez mil pessoas responderem para ela.
- VOCÊS SÃO TUDO NA NOSSA VIDA, MARAUDETES! - eu gritei para eles.
- WOOOOOOOOOOOOOAAAAAAAAAAAAHH! - foi o que eu ouvi como resposta.
Sorrindo feito bestas, nós quatro nos entreolhamos e continuamos a conversar com os nossos fãs.
- Esse nome do fandom é a coisa mais feia do mundo! - comentou no microfone. - Eu tenho uma tarefa para vocês, galera! Até o final dessa semana, eu quero sugestões no nosso twitter de nomes para vocês!
- E quem nos disser o melhor nome para os fãs, vai ganhar um ultra mega super prêmio maraudiano! - comentou e a reação na platéia foi absurda.
- WOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
- Agora vamos continuar com esse show antes que a nossa manager perca a voz de tanto gritar pela próxima música lá do backstage! - eu disse, e mal deu tempo de começarmos a nos preparar para tocarmos, pudemos ouvir o coro que a galera gritava.
- GIO! GIO! GIO! GIO!
Rindo da reação surpresa de Giovanna no backstage, começamos outra música.
- Bom, essa é uma música inédita que eu escrevi mês passado. - começou a contar, enquanto fazia um lento fundo com a guitarra e eu me aproximava de , fazendo caretas para ela e um pouco de companhia.
Não gostava de ver sempre sozinha lá atrás.
- Vocês devem saber que nós quatro passamos por términos de namoro difíceis recentemente. - continuou e as dez mil pessoas gritaram em forma de apoio a nós. - Mas não se preocupem, galera, todas nós já superamos aqueles babacas! - disse e nós todos rimos, inclusive nossos fãs. - E para deixar bem claro para qualquer um que tenha alguma dúvida, eu escrevi essa música na noite em que levei um pé na bunda.
fez beicinho de triste e dez mil pessoas vaiaram Jackson na mesma hora, fazendo-a voltar a sorrir.
- Essa música é pra vocês quatro, queridos ex-namorados, espero que vocês escutem essa nossa homenagem e saibam de uma coisa... - continuava falando e aquela era a nossa deixa para acompanhá-la.
- YOU WON'T BE THE LAST! - nós quarto gritamos em uníssono, ouvindo os berros dos nossos fãs mais uma vez.

You promised me you'd always be
in this town, next to me
You were the one, but now I realize
You were lying when I looked into your eyes


Won't Be The Last, nossa nova música, começava lenta, sem nenhum sinal da bateria de .

You won't lie to me anymore
I'm not that little girl from before
And you better know for sure
my tears won't fall for you


Agora, a guitarra de ficava mais pesada e era acompanhada pela de , antes deixada de lado. O som do meu baixo ficava mais rápido e a bateria de entrava na música.

When words fail, music speaks
It should make a difference when someone loves you, shouldn't it?
So drop dead, beautiful
'cause you weren't my first
and won't be the last!


No refrão, o som do rock que os nossos fãs já estavam acostumados finalmente deu as caras e nós três começamos a pular pelo palco instantaneamente.
Não havia sido fácil para nenhuma de nós se ver solteira depois de tanto tempo em relacionamentos que pareciam perfeitos. Mas como o tempo não para e temos que seguir com a nossa vida, já havíamos superado muito bem os términos.

I was addicted to you
and I'm trying to leave it behind
but you're still invading my mind
saying things that aren't true


O pior de tudo é que, além de termos perdido os namorados, havíamos perdidos quatro bons amigos. Porque, apesar de a amizade com eles ter sido boa enquanto durou, os relacionamentos entre os ex-casais não estava nem um pouco propício a amizades e nós quatro éramos mais importantes do que qualquer um deles.
Afinal de contas, eles não eram os nossos únicos amigos e eu tenho certeza que não demoraríamos a encontrar outros e, quem sabe, melhores namorados.

You said 'Our love is forever'
but now I know that love never lasts
Now we're not together
and I don't go back to the past


Com a música chegando ao seu fim, reparei que a platéia pulava e gritava em aprovação. Eu podia sentir que aquela música seria um sucesso. Era a música certa para qualquer pessoa que esteja sofrendo por amor. E os adolescentes, como a maioria dos nossos fãs, eram os que estavam mais propícios a sofrer por aquele mal.
havia dito que escrevera aquela música não só para descarregar seus sentimentos, mas para mostrar para nós quatro que a nossa vida deveria seguir em frente e que a nossa banda e amizade eram mais importantes do que qualquer outra coisa. E ela havia dito também que esperava ajudar qualquer pessoa que estivesse com o mesmo aperto no coração que ela sentiu ao perceber que não teria mais o seu Jack para si, e eu podia sentir que aquilo se realizaria.

When words fail, music speaks
It should make a difference when someone loves you, shouldn't it?
So drop dead, beautiful
'cause you weren't my first
and won't be the last!

When words fail, music speaks
It should make a difference when someone loves you, shouldn't it?
So drop dead, beautiful
'cause you weren't my first
and won't be the last!


Aliás, esse é o principal motivo de tanto amarmos música, não é? Cada palavra cantada carrega um significado enorme para aquele que a escreveu, que a canta e que a escuta e assim funciona com as notas de qualquer instrumento também. As músicas não existem só para animar as festas e fazer a galera dançar, elas também salvam vidas. Assim como já salvou a minha. Como já salvou a vida de cada uma de nós.
- Vocês são demais, meus amores! - gritou, ao fim da canção.
- HEY, EU TENHO UMA IDEIA! - gritei para eles. - VOCÊS QUEREM SER MEUS NAMORADOS E NAMORADAS?
- WOOOOOOOOOOOOOOOOOAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!! - eles me responderam.
- FUCK YEAH! AGORA EU TENHO DEZ MIL NAMORADOS E NAMORADAS E VOCÊS NÃO TEM NENHUM! - eu ri para as meninas, fazendo a platéia rir comigo. - CHUPEM ESSA!

's POV

Nosso sonho finalmente estava se realizando. Nossa primeira turnê oficial pela Europa. E o mais impressionante eram os nossos fãs que haviam lotado a arena, gritando os nossos nomes, as músicas, tudo.
É uma emoção que não tem explicação. A sensação de estar em um palco é inenarrável. Eu estava emocionada quando a gritou no microfone.
- CHUPEM ESSA!
- HEY, CALMA, AÍ, QUE HISTÓRIA É ESSA? VAMOS DIVIDIR! - falei, pra baixinha.
- DIVIDIR, NADA! TODOS MEUS, NÃO É, GALERA?
- WOOOOOOOOOOOOOOOOOAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!
- AH, É ASSIM? FIQUEI MAGOADA AGORA!
- NOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOAAAH!! - eles gritaram em sinal de reprovação.
- VOCÊS NÃO VÃO NOS DEIXAR MAGOADAS, NÉ? - falou, fazendo biquinho.
- NOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOAAAH!
- ACHO BOM MESMO! - falou.
- VAMOS ANIMAR UM POUCO? - perguntou.
- VAMOS DE CLASSMATES? - perguntou, animada.
- WOOOOOOOOOOOOOOOOOAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
Então eu comecei a música com as primeiras batidas da bateria, sendo acompanhada logo em seguida pelas rápidas notas do baixo de e pelas guitarras das meninas em um som totalmente Blink-182. cantou, acompanhada pelo público.

When I was in the school
I didn't like anything
So I changed the rules
for my life begin


Essa música era tudo. E ouvir 10 mil pessoas cantando junto era como se a música se tornasse realidade. Um sonho. E eu sorri maleficamente, pensando nos nossos antigos colegas que falavam que nós não chegaríamos nem perto do palco dessa arena.

The teachers sucks
School haters
Exams fucks
We're gonna be strippers

I don't care if you don't care
I'm on the top of the stairs
Before I was the loser
Now I'm the rock star
So shut the fuck up
You won't let me a scar

Wake up early
I didn't want it
So throw your book out of the window
and make your onw hit


E aqui estamos nós, em cima do palco, colocando tudo pra fora. Fazendo com que aqueles que nos xingavam, nos chamavam de bobas, hoje tenham inveja de nós.

My classmates
I hated 'em all
They didn't believe me
but look at me now

I don't care if you don't care
I'm the top of the stairs
Before I was the loser
Now I'm the rock star
So shut the fuck up
You won't let me a scar

I don't care if you don't care
I'm the top of the stairs
Before I was the loser
Now I'm the rock star
So shut the fuck up
You won't let me a scar


Eu conseguia até imaginar aquelas pessoas lá, gritando pelos nossos nomes, cantando as nossas músicas e tentando saber até quantos fios de cabelo cada uma de nós tinha. Afastei os meus pensamentos daqueles tempos horrendos e que nós tanto queríamos esquecer.
- GENTE, MUITO OBRIGADA, VOCÊS SÃO DEMAIS! JURO QUE EU CASAVA COM TODOS VOCÊS SE PUDESSE! - falei, emocionada.

's POV

Depois de muitos gritos, aplausos, acenos e ter jogado todas as minhas palhetas na plateia, fui a primeira a sair do palco. Recebi uma toalha branca de algum membro do staff gigante que a Gio mantinha para a gente. Caminhei pelo corredor acarpetado e finalmente cheguei à porta bege que tinha uma plaquinha escrita: Marauders (Band).
O local também tinha piso encarpetado, era enorme, com dois sofás de couro preto, uma mesinha de centro com muita comida e... Eu não me lembro do resto. Desculpe, mas quando vi a muita comida, eu parei por aí. Passei a toalha no rosto, tirando um pouco de suor misturado com a água que eu tinha virado na cabeça ainda no palco. Eu já tinha comido um morango e estava prestes a atacar as uvas quando ouvi a risada da , seguida da ruiva abrindo a porta.
- Cara, que show. - ela comentou, se jogando no sofá, caindo por cima de mim já que eu estava no mesmo.
- Muito bom! - prolonguei o 'u' fazendo biquinho no final.
e entraram logo depois, seguidas de perto por Gio. Tudo que eu mais queria naquele momento era distância do Black Berry esquizofrênico da manager e de sua agenda que jogava papeis pra todos os lados. Já ouviu que na vida nem tudo é como se quer?
- Parabéns, meninas, o show foi sensacional. Lotamos a arena, os fãs ficaram bastante satisfeitos e até os repórteres que estavam por aqui rasgaram elogios. - assim que ela fez uma pausa, fizemos um hi-fi de quatro pessoas meio desajeitado, rindo logo em seguida.
- Tem mais coisa? - perguntou, enquanto pegava um chocolate que tinha por ali.
- Tem. Como vocês vão à festa do Jones... - grunhi com a menção do nome.
- Nós vamos mesmo? - perguntei, meio decepcionada para as garotas.
- Vamos. - falou, com um sorriso e eu fechei a cara. - Ah, , não faz assim. Você adora festa a fantasia e só tá com esse bico porque é do Danny.
Mordi o lábio inferior, pensando no que ela falara. A ruiva estava certa, na verdade, sempre estava certa quando o assunto era vida. Por causa disso, acabei engolindo a língua e nem comentando sobre o fato da traíra já tratar o estúpido do Jones pelo apelido.
Não pensem besteira, é que de todas nós eu sempre fui a mais rancorosa e vingativa. Enquanto fazia que não ligava e às vezes só dava pilha ao que eu dizia para fazer barraco, provavelmente nem via maldade nas coisas e tocava um bordão sobre 'superar', eu remoía e pensava numa maneira de me vingar.
- Então, ? - perguntou. - Tudo certo? Vamos à festa?
Vi pela cara da que ela estava fazendo força para não mostrar sua verdadeira vontade de ir, ela não queria ficar decepcionada caso eu dissesse não. parecia realmente indiferente aos convites verdes e a festa do McMosca mor, já parecia que ia me bater se eu negasse.
- Tudo bem, vamos à festa. - falei, ainda meio contrariada e pensando em tudo que podia acontecer com Marauders e McFly na mesma festa. Não me surpreendia ser uma ideia do Jones. - Mas não me obriguem a falar com ele.
- Você faz o que você quiser. - falou, sorrindo de lado.
- Continua, Gio. - pareceu se lembrar de que a manager estava falando antes de ser interrompida.
- Bom, como vocês vão à tal festa e ela não estava planejada na agenda... - com isso, ela começou a virar algumas páginas até chegar ao que ela queria. Uma folha dobrada três vezes que parecia um memorando. - Eu remarquei algumas coisas, mas isso depois eu passo pra vocês com calma.
- Então por que tocou no assunto? - perguntou, fazendo a gente rir e Gio revirar os olhos como se não tivesse tempo pra esse tipo de coisa.
- Pra avisar que temos muita coisa pra trabalhar até chegar à festa. - Gio avisou, guardando a papelada que tentava cair dentro da agenda e prendendo com um elástico.
Se você me perguntasse se a agenda da Gio era organizada, eu te responderia que de maneira alguma aquilo era organização. No entanto, se você perguntar pra ela, ela vai te dar uma boa explicação sobre o motivo dela guardar notas fiscais de bombons comprados no ano passado. Então, lembre-se apenas que aquela agenda ela tinha há três meses e ela poderia explodir a qualquer momento. Desde o início de dezembro do ano passado ela planejava o ano inteiro de dois mil e doze das Marauders. Divaguei, pensando na capa do jornal avisando que a banda feminina de mais sucesso da atualidade tinha morrido por ataque de uma agenda maciça.
- ! - ouvi a voz de Gio me chamando atenção.
- Minha mãe me batizou assim, mas eu não curto muito. - fiz graça vendo ela novamente revirar os olhos, ela ia ficar estrábica qualquer hora.
- Eu estava perguntando - ela ignorou a piada. - Se você vai tomar banho antes dos fãs entrarem.
- Ah - olhei para as meninas, pedindo auxílio e todas negaram discretamente. - Não. Eu não suei tanto e acho que seria legal tirar as fotos ainda com essas roupas.
- Tanto faz. - Gio deu de ombros, saindo da sala, provavelmente indo organizar o meet.
Assim que eu ouvi o barulho da porta, empurrei a ruiva que tinha a cabeça no meu colo e peguei o cacho de uvas que tanto me olhava. Assim que a primeira estourou na minha boca, me senti muito bem.
- As músicas novas foram um sucesso. - comemorou, indo até o espelho se olhar.
- Acho que o pessoal aceitou bem, mesmo. - completei. - Tinha música que nem tinha sido liberada a demo e tinha gente cantando!
- Sim, eu fiquei meio: 'cara, como vocês sabem?' - completou, empolgada.
Conversamos mais um pouco, retocamos algum detalhe da maquiagem e não foi surpresa nenhuma quando a Gio bateu na porta o fato de eu ainda estar comendo. Embrulhei o resto do sanduíche, prometendo a mim mesma que voltaria para comer depois.
- Vamos lá, garotas, já tem uma galera esperando vocês na outra sala.
Ficamos mais uns cinco minutos ali, tentando achar um pé do sapato de que ela tinha jogado atrás do sofá, antes de voltar para o corredor. Eu imaginava umas vinte pessoas quando a Gio falou galera, mas já no corredor dava pra ouvir um burburinho vindo da última sala que deveria ser de umas cinquenta pessoas ou mais.
- É muita gente. - comentei com a que assentiu, sorrindo bastante empolgada.
Na frente da porta que a Gio parou tinha um segurança gordinho vestindo um terno preto. Ele sorriu assim que nos viu, mas não falou nada, apenas se virou pra Gio.
- Tá tudo certo? - ela perguntou pra ele.
- Tudo certo, senhorita. Tem outros quatro da nossa equipe lá dentro e o fotógrafo já entrou junto com a assistente dele. - ele respondeu, simpático.
- Ah, perfeito. - Gio pareceu vibrar internamente. - Marauders, é tudo com vocês.
- Você não vai entrar? - perguntei, vendo que a manager segurava o celular como se estivesse prestes a fazer uma ligação.
- Só vou resolver mais algumas coisinhas, mas já vou entrar. Qualquer coisa, dois membros do staff estão vindo pra auxiliar, aguentem cinco minutinhos. - ela sorriu, continuando o caminho que o corredor levava.
Do momento que a porta abriu até alcançar o centro da sala a única coisa que eu ouvi foram gritos. Sério, eu até ouvi algumas palavras, mas nada que eu pudesse identificar com certeza. Pra começar, minha primeira impressão era que o lugar era maior que eu imaginava. Os fãs todos estavam no meio da sala, havia dois caminhos seguindo para os dois cantos dos fundos da sala. Cada duas de nós ia para um canto e as pessoas se arrumavam para sala para falar com a gente, depois de todo mundo satisfeito, a gente normalmente juntava grupos de dez e tirava uma foto com a banda completa. Foi assim que a gente planejou e pelo que eu conheço da Gio, foi o que ela passou para o pessoal que estava ali.
- Oi, galera. - falou, e ouviu uma resposta estilo de pré-escola muito fofa, com todo mundo em uníssono. - A gente tá muito feliz por todos vocês estarem aqui, é muito legal poder conhecer todos vocês!
- A Gio já deve ter enchido vocês com as abobrinhas dela. - risadas. - Nós não queremos repetir isso, então vamos lá, estou louca pra receber presentes. - concluiu.
A divisão foi sem qualquer predefinição, e eu fomos pra direita enquanto a e a foram para a esquerda. Tudo que eu posso dizer é que nossos fãs eram muito fofos. Eu sei que soa meio clichê, mas é verdade, é incrível o carinho que a gente recebe deles.
Perdi a conta de quantas camisetas assinei e o mais incrível era que poucas eram iguais. Algumas eram as oficiais, camisetas que a Gio se dava ao trabalho de contratar alguém para desenhar, que levavam o selo das Marauders e eram vendidas na loja do site e na que tinha hoje na arena. Outras tão criativas que ouso até dizer melhores que as oficiais também apareciam. Algumas tinham trechos de músicas nossas, outras fotos e algumas defendiam o team da pessoa.
Fora isso, foram inúmeras lágrimas que eu ajudei a secar e risadas escandalosas de todo mundo pelos motivos mais bestas. Bastava um oi diferente ou um problema de comunicação que todo mundo já estava rindo. Eu vi fotos que eu nem sabia que existiam, soube de coisas da minha vida que eu nem sabia que as pessoas faziam ideia. Além disso, os presentes que a gente recebeu eram incríveis.
Não tem como não gostar de ver os fãs, não importa quando, onde ou qualquer coisa semelhante. Nem mesmo se a pessoa não fala a mesma língua que você, sempre os fãs vão ser bem-vindos. Fora isso, se ele faz alguma loucura ou começa a tocar alguma coisa por sua causa, a sensação de influenciar alguém é incrível. Pena que alguns artistas e bandas desprezem isso.



(14)...Because love is in the air!


POV

Pra variar um pouco, estávamos na casa da nos arrumando, mas como dessa vez já tínhamos nossas roupas escolhidas, estávamos no sótão. O sótão da era o nosso salão particular, as quatro cadeiras vermelhas do local estavam cada uma ocupada por uma Marauder vestindo lingerie.
As fantasias estavam nas suas devidas capas desde que chegaram ali e os sapatos ainda dentro das caixas. O balcão, onde grande parte das maquiagens ficava exposta para ser escolhida, já tinha várias faltando e o armário com coisas para cabelo e pinceis também.
No entanto, nem que quiséssemos estaríamos sentadas like a diva, cada uma na sua cadeira fazendo o que precisava ser feito certinho. O iPod estava no speaker, tocando alto uma playlist feita para ocasião. Entre o senta e levanta continuo, a gente gritava perguntando se alguma de nós estava com algo que a outra procurava e não conseguia achar. Nada muito diferente do que qualquer adolescente faria com as amigas. Nós podíamos ter ido passar um dia no SPA relaxando e depois deixar que alguém cuidasse disso para gente, mas preferimos não fazer. Podíamos dar conta, nós sempre dávamos.
Olhei-me no espelho, vendo se a maquiagem que eu tinha feito estava no mínimo parelha. A maior parte da pálpebra estava preenchida de dourado, mas nada muito exagerado, o canto esfumado de preto e delineado da mesma cor estilo gatinho. É tinham ficado iguais. O resto da maquiagem estava toda neutra, já que o olho chamava bastante atenção. Deu para ficar satisfeita com o resultado.
- Alguma ideia do que fazer no meu cabelo? – gritei, esperando que alguma delas me respondesse.
- Sei lá. – foi a primeira a gritar. – Eu já passei a sombra creme em toda a pálpebra... O que faço agora? – virou a cadeira para mim.
- Deixa solto! – se intrometeu antes de eu responder pra >.
- Marca o côncavo com marrom. – respondi para . – Tá, mas solto como? – virei a cadeira na direção da .
- Só cacheia as pontas... – ela sugeriu, enrolando o seu para mostrar.
- Tá certo – falei, me levantando para pegar o babyliss.
- O que diabo é um côncavo? – perguntou pouco tempo depois.
- ! Você tá com os grampos! – acusou, se levantando e pegando a caixinha da bancada da loira.
Como sabia? Bom, só as duas usavam os grampos claros, então se não estava no balcão dela, só podia estar no da outra. Desisti do babyliss ao ver que o usava parra arrumar os fios que ficariam soltos e fui ao resgate da >.
Enquanto explicava o que era um côncavo e como ela deveria fazer, parecia estar ajudando a a prender o cabelo e elas não usavam mais o babyliss. era famosa pelos cabelos ruivos que pareciam ter vida, era um pouco estranho ver ela com os fios presos. Só que ela ficava bonita assim, ela tinha feito um coque meio solto e alguns fios ruivos mais curtos pareciam ter fugido do aprisionamento. Tinha ficado muito legal e combinaria com a fantasia.
Apoderei-me do babyliss, vendo a ruiva estudar a foto de uma maquiagem que ela tinha pegado na internet para repetir. já havia voltado para sua cadeira e agora se concentrava em fazer uma maquiagem bastante neutra no olho, já que ela insistia no batom vermelho.
Não demorei muito pra fazer o que tinha me sugerido com o cabelo e, depois de implorar auxilio pra deixar a parte de trás igual a da frente, eu era a primeira a ficar pronta. Ainda com preguiça de começar a me vestir, fiquei auxiliando as meninas no que elas precisavam.
- Fiz merda! – falou, olhando o cabelo com uma careta. Ela estava tentando fazer algo como dar movimento ao cabelo, mas acabou cacheando todo ele.
- Não entra em pânico, é só abrir os cachos. – sugeri, enquanto estendia a caixinha de grampos escuros para a .
- Fala a nossa língua, por favor. – miou, olhando para mim.
- Passa a mão nos cachos como se tivesse penteando. – expliquei, fazendo os movimentos no ar.
Por sorte, ela conseguiu o resultado que queria. > estava com o cabelo loiro escuro cheio de movimento e a maquiagem também estava pronta. Ela tinha feito algo em tons de creme e marrom, porque esse era o exato tom da sua fantasia.
- ! – chamou, me fazendo ir até ela. – Tá bom?
- Ah, eu gostei. – sorri pra ela.
Com os cabelos presos, o rosto dela chamava muito mais atenção. As sardas estavam visíveis dando um charminho. A maquiagem do olho que ela tanto reclamara para fazer, tinha ficado ótima: ele começava com um dourado no canto interno do olho e ia avançando num degrade, passando por um rosa claro, rosa mais forte e ia escurecendo até chegar ao preto. Para ela que não sabia se ia ficar bom, tinha ficado extremamente bem feito e de bom gosto.
- Sério? – eu vi seus olhos brilharem pelo espelho.
- Pode apostar, ruiva. – pisquei, me virando para a única Marauder que faltava. – Tudo certo, ?
- Só faltam mais alguns grampos. – ela comentou.
Enquanto a terminava de se arrumar, eu aproveitei que tinha trazido algumas besteiras pra gente comer e dei uma beliscada em algumas frutas com chocolate. ainda se olhava no espelho e > passava os dedos ao redor dos lábios certificando que não ficaria borrada.
- Tcharan! – fui tirada do meu momento maravilha com a comida para olhar a baterista.
Ela só tinha feito um delineado egípcio no olho, o que era basicamente passar o traço preto na linha superior e inferior dos cílios e, quando os traços se encontrassem, era só puxar um pouquinho para fora. O cabelo estava preso todo para lado, porque um dos acessórios da fantasia ocuparia o outro lado. Ela tinha feito algumas ondas grandes para aumentar um pouco o cabelo já ondulado naturalmente.
- Passo o batom depois pra não sujar a fantasia. – ela piscou.
- Vamos fazer como? – perguntei, percebendo que nós quatro estávamos seminuas, olhando para as capas sem saber o que fazer.
- Vai a primeiro. – cuspiu. – Ela vai precisar de ajuda, então a gente espera.
- Sempre a ruiva se fode, sempre a ruiva. – a mesma falou, indo até sua capa.
Primeiro, tirou o collant de paetês rosa claro. Assim que fechou-o nas costas, se assegurando de que a chance da ruiva perder a roupa era nula, ela voltou para a capa. Vestiu a saia do mesmo tom de rosa, que tinha algumas camadas de pontas irregulares sem muito volume, mas ainda assim era rodada. A ruiva já estava quase pronta, faltavam apenas as asas maravilhosas que ela quase enlouquecera o estilista que desenhara e os sapatos. As asas tinham que parecer ao máximo com as de uma borboleta verdadeira, sem parecer brega ou infantil. Fora isso, elas eram em um tom mais escuro que o resto da roupa, com o acabamento em preto e muita purpurina e glitter, deixando tudo muito brilhoso.
- Valeu o esforço do gay. – comentou, falando sobre o estilista.
- , meu anjo, valeu o meu esforço pra explicar para ele o que é uma fantasia de borboleta decente. – corrigiu, estendendo as asas para que eu a ajudasse a vestir.
Depois disso, foi tudo bem simples. Ela abriu a caixa do Louboutin desenhado especialmente para a Marauder: um privilégio para uma garota que merecia, segundo ela. Era uma Open-Toed-Boots, uma bota de cano curto com a frente aberta, cor de rosa, no exato tom das asas da fantasia. No peito do pé, várias tirinhas com fivelinhas pequenas e douradas que faziam o charme do sapato, além do salto agulha e do óbvio solado vermelho.
- Então? Diva o suficiente? – ela falou, dando uma voltinha e se olhando no único, porém enorme, espelho de corpo inteiro que tínhamos ali.
- Pelo menos ninguém vai estar igual a você na festa. – mexi com ela. – , quer ir agora?
- Nah, pode ir primeiro. – ela sugeriu. Olhei pra > pedindo permissão e ela assentiu.
Minha fantasia era bastante simples, tinha só uma peça e alguns acessórios. A peça única era um vestido bastante trabalhado. O corpete era de oncinha, com a barra do decote em uma renda preta bem curtinha. Ele ficava justo no meu corpo e aumentava o meu busto de uma forma que eu nem sabia ser possível. O tecido parecia um veludo e > acabou por fechá-lo nas costas. Onde acabava o corpete, vinha uma saia de tule preto, bem curta e um pouco mais volumosa do que a da .
- Isso é tão a sua cara. – comentou ao me ver só com o vestido.
- Dã! – foi o que respondi.
Ainda havia uma gravatinha borboleta muito meiga e as orelhinhas curtas e arredondadas, ambas de oncinha. Tudo parecia ter se encaixado muito bem.
Levada pelo o impulso de exclusividade da ruiva, além de fazer a fantasia num estilista, aceitei a ideia de pedir para uma marca famosa desenhar o meu sapato. Não foi nenhum Louboutin, mas era uma sandália da Dior preta, toda trabalhada no veludo para combinar com a fantasia. Um salto tão alto que eu nem sabia como conseguia caminhar extremamente bem com eles.
- , rosna aí! – > pediu, rindo.
- Nem pensar. – falei, dando uma voltinha pra me olhar no espelho. – Ainda tô meio insegura com esse rabo.
Ah, é. Além de tudo, a saia contava com um rabinho de veludo de oncinha. Já que eu era uma onça, precisava entrar no clima por completo.
- Deixa de besteira, ficou muito bom. – opinou e acabei me dando por vencida.
Antes de oferecer sua vez para , > caminhou até a sua capa. Ela também havia optado por se vestir de mascote nessa festa e, enquanto fechava o zíper pra ela, olhei para como ela tinha ficado pelo espelho.
- Acho que eu gostei. – a loira falou, olhando-se no espelho, alisando o vestido no seu corpo.
Ele era todo em marrom, tinha o busto marcado e era justo até a cintura. A parte da frente do collant tomara que caia tinha um trançado com fitas bege, no mesmo estilo das costas de um corpete. Além da fita na barra da saia, o acabamento dela era todo de renda, com tudo obedecendo ao tom de bege usado nos detalhes.
- Ficou muito meigo, sério! Eu te apertaria se pudesse. – comentou, olhando para a loira.
O próximo passo foi colocar as meias sete-oitavos marrons e de renda bem fininha, arrematadas com uma cinta-liga bege. Ela optara por elas para não ficar muito infantil. Fora isso ela tinha uma tiara de orelhinhas redondas, bege por dentro e com pelinhos marrons por fora para indicar que ela era um ursinho. Ao contrário do meu rabo longo, o de > era curtinho e arredondado, mas não chegava a parecer um pompom.
- Meu sapato, cadê? – > perguntou sem nem se mover do lugar.
revirou os olhos e foi ao resgate do sapato. Era um meia pata nude, fechado na frente e feito pela Prada, especialmente para a baixinha. O que certamente nos garante um salto altíssimo para que ela ficasse de altura razoável.
- Tá, a tá linda, mas é minha vez. Olhos em mim. – falou, dando pulinhos até sua capa.
Se alguma de nós pudesse causar um infarto em qualquer homem do mundo, essa pessoa era a >. O vestido preto era todo justo e nem um pouco comprido. O decote era em “V” e bastante avantajado, mostrando o busto farto da baterista. No lado esquerdo, tinha um distintivo dourado que indicava que ela era da polícia de Nova York.
- Ajuda com os acessórios? – ela pediu.
Cuidando para não machuca-la, prendi o quepe preto com o brasão em dourado da polícia da cidade americana em sua cabeça. Ele ficou meio inclinado, dando um ar diferente ao uniforme. sugerira que ela botasse os óculos escuros de modelo aviador no decote e o coldre com a arma de mentira preso na coxa pouco abaixo do vestido. Por fim, a bota de couro, cano longo e salto alto.
Olhamo-nos no espelho todas juntas, assim que a ficou pronta. Eu gostei da maneira como ficamos, estávamos sexys, mas não chegava a ser vulgar. Dava para chamar atenção de muitos caras e ganhar uma olhada torta de algumas mulheres. Sorri com o meu pensamento adolescente, enquanto via pegar o iPhone de cima da bancada.
- Vamos lá, umas fotos. – ela falou. – Depois eu posto umas no Instagram e outras no Marauders Map.
Depois de certificar que tudo estava em ordem e pegar as ultimas coisas que faltavam, como celular, bolsa e casaco saímos da casa de . Era março, mas o clima de Londres sempre será o clima imprevisível de Londres.
Do lado de fora da casa da ruiva, uma limusine nos esperava em grande estilo. Antes que pensem errado das Marauders em relação a ostentação, a ideia de ir pelo meio de transporte mais caro da cidade havia sido de Gio, que dissera que deveríamos mostrar que estávamos acima de qualquer rixa que tivéssemos com o aniversariante e seus melhores amigos.
Quando o carro parou no lugar da festa, não pude acreditar onde estávamos.
- Moço, acho que você está no lugar errado. – comentei com o motorista.
- Não, está certo, senhorita, o endereço é esse.
Nem eu nem as meninas tivemos tempo de argumentar. A porta do carro foi aberta e funcionários do hotel nos ajudaram a descer. Havia um grande número de fotógrafos e paparazzi se empurrando nas barreiras feitas pelo hotel para entrarmos. Ótimo, mais boatos sobre Marauders e McFly na conta, por favor. Mesmo assim, sorrimos e pousamos para algumas fotos. Já no lado de dentro, tudo estava decorado, indicando o caminho da festa.
- O Jones é rico? – perguntei baixinho pra . Outros convidados andavam com a gente.
- Normal, sabe? – ela comentou dando de ombros. – Só que ele não ostenta.
- Não ostenta, ? Eu já achei muito fazer o meu aniversário na reinauguração da boate mais famosa de Londres. – olhei pra ela. – Isso aqui é o 51 Buckingham Palace, se eu não me engano, Kate Middleton ficou por aqui na época do casamento.
- Vai ver que alguém deu a ideia e ele aceitou. – deu de ombros. – Duvido que ele saiba realmente que lugar é esse.
A até podia estar certa, mas fiquei pensando em quem ostentaria tanto em uma festa de vinte seis anos... Parei de pensar quando percebi que não sabia nada sobre os Jones e isso podia ser ideia da irmã dele, ou da mãe... Ele tinha uma irmã, certo? Continuamos caminhando até o jardim, onde tinha algumas luzes quebrando a noite e algumas tochas marcando o caminho. Acho que toda a ideia de exagero que eu tentava passar, lá no fundo, era um pouquinho de inveja, porque tudo parecia realmente incrível e minimamente planejado.
Então acabamos esbarrando numa fila, provavelmente para cumprimentar o aniversariante e seguir em frente pra dentro da festa. Ou apenas para confirmar o nome na lista de convidados, já que ninguém nos perguntara algo ou pedira o nosso convite. Eu não tinha certeza de nada ali.
A única coisa que eu sabia era que o casal que estava duas pessoas a nossa frente estava ridículo de mulher maravilha e super-homem. Ele era mais gordinho e, com uma fantasia justa no corpo, ficava engraçado. Já ela era loira e não tinha nada a ver com o personagem. Outra coisa que eu sabia era que atrás de nós estavam duas garotas que certamente vieram pra chamar atenção, com menos roupa do que eu uso para tomar banho. Seja como for, era uma festa a fantasia, tudo podia acontecer. E, como eu aceitei vir, teria que me entregar à incerteza de como acabaria a noite.

POV

Eu tinha que admitir que estava ansiosa para aquela festa, e a fila enorme em que tivemos que entrar para fazer sei lá o que só estava piorando as coisas. Eu tinha passado um tempo pensando em tudo o que aconteceu, estava acontecendo e, provavelmente, aconteceria entre nós e os nossos não tão queridos McMoscas, e eu decidira usar uma nova estratégia de guerra.
Além disso, obviamente aquela fila servia para que todos pudéssemos cumprimentar o aniversariante ou para darmos nossos nomes a alguém contratado para organizar a festa. E, quando finalmente o casal que parecia estar empatando a vida de todos atrás deles na fila entrou para a festa, ouvimos algumas vozes felizes nos chamando.
- AEW, MARAUDERS! – aquela voz não me era estranha, mas a roupa em que ele e seus companheiros estavam não me fazia reconhecê-los. – Sério, gente? A roupa nem é tão diferente assim...
- Está vestido de Victoria Beckham, seja lá quem seja você. – respondeu a ele.
- Vamos dar uma dica... – o fantasiado de Emma Buntom falou – 1, 2, 3 e...
- YOU DON’T KNOW YOU BEAUTIFUL, OH-OH! AND THAT’S WHAT MAKES YOU BEAUTIFUL!
- AH MEU DEUS! – soltou uma gargalhada gostosa – One Direction vestido de Spice Girls? Épico!
Foi então que eu realmente parei para reparar quem estava vestido de quê ali. Harry Styles estava vestido estilosamente – assim como diz seu sobrenome – de Victoria Beckham, em seu mais justo conjuntinho de collant e calça prata cintilante. Emma Bunton, em seu vestido justo, curto, azul marinho e cheio de estrelas brilhosas e douradas, era Niall Horan. Louis Tomlinson estava mais bonito do que nunca em um tubinho preto de mangas bufantes e botas de couro preto com o salto mais alto do que o meu, vestido perfeitamente de Melanie C. Liam Payne estava mais tradicional do que nunca como Geri Halliwell e seu vestido de lantejoulas azul, vermelhas e brancas formando a bandeira do Reino Unido. E, para finalizar, Zayn Malik estava vestido um justíssimo macacão em estampa de zebra, deixando seu peito e parte da barriga a mostra, devidamente vestido de Melanie B.
- Meninas, se estávamos pensando em conquistar alguém aí dentro, podemos esquecer... Ninguém terá olhos pra gente com essas gatas na festa! – comentou, sorrindo e sendo a primeira a abraçar os meninos para cumprimentá-los.
Depois de todas as formalidades, continuávamos esperando na fila, andando devagar e conversando até conseguirmos entrar na festa de uma vez por todas.
- Sério, meninos, se vocês não fossem uns seis anos mais novos, eu totalmente pegaria um de vocês. – comentei, enquanto ajeitava as asas da minha fantasia.
- Estou disponível, . – Zayn respondeu e piscou pra mim.
- Você é muito para o meu caminhãzinho, Melanie...
- Finalmente chegou a nossa vez! – deixou de lado a conversa com Niall por alguns instantes para comentar – Nos encontramos lá dentro, Spices!
Esperamos a única pessoa que estava na nossa frente entrar para a festa e andamos os últimos passos que nos separavam do aniversariante, que olhava para nós e abria um sorriso enorme.
- Marauders! – o sorriso dele cobria boa parte de seu rosto, o que o deixava muito bonito – Achei que não vinham...
- Não seja bobo, Danny... Você sabia que eu as convenceria! – sorri de volta, me aproximando dele e o abraçando apertado. – Feliz aniversário, baby!
Afastei-me dele e o olhei melhor, procurando adivinhar o que era a sua fantasia. E não foi difícil descobrir, pois Danny estava em um bonito traje de piloto. A calça e o paletó azul marinho e a camisa branca deixavam ele ainda mais bonito e parecendo maior e mais forte, os botões e broches dourados pendurados no bolso superior do casaco o faziam parecer importante e o quepe oficial de piloto deixava alguns cachos escapar para fora, fazendo aquela fantasia ser a perfeita para Danny.
- Você está linda, ! Essa fantasia é tão a sua cara... – ele comentou.
- E você está tão sexy vestido de piloto que eu vou sair de perto de você antes que eu te agarre aqui mesmo. – brinquei com ele, fazendo-o gargalhar alto.
engasgou atrás de mim.
E foi inevitável eu ter que segurar o riso.
- Feliz aniversário, Danny! – > tentou disfarçar e caminhou os três passos que a separavam do guitarrista, o abraçando rapidamente. – Seu presente. – ela sorriu e lhe entregou a sacola do presente que nós quatro havíamos comprado pra ele.
- Hey, não precisava, meninas... Muito obrigado!
sorriu para ele de volta e voltou os passos que antes os aproximaram, deixando parabenizar o aniversariante.
- Parabéns, Daniel. – ela sorriu e lhe abraçou meio torto – Fantasia legal.
- A sua também, >. Está muito bonita.
Era inegável que todo aquele momento estava sendo muito constrangedor. Se não fosse pela minha amizade com Danny, as meninas nunca estariam se obrigando a conviver com ele, mas, desde aquele photoshoot, eu e Danny realmente havíamos nos falado bastante e criado uma amizade bem bonita. Quando voltamos da Austrália, nós dois saímos bastante e Danny me ajudara muito a superar o término do namoro. Eu podia facilmente dizer que ele era meu melhor amigo.
Apesar de tudo o que eles haviam feito no passado, agora eu via que todo mundo pode mudar para melhor. As Marauders nunca haviam dado chance nenhuma para a aproximação do McFLY e para que a ferida que ainda nos machucava fosse fechada, até aquela bendita piada que Danny me contou mudar a minha visão das coisas.
- Parabéns, Jones. – aproximou-se dele lentamente, depositando um beijo rápido em sua bochecha e já se afastando. – Pelo aniversário e pela festa, está tudo lindo.
Danny sorriu abertamente para ela, um sorriso maior do que o que ele havia aberto para mim quando constatou que realmente estávamos ali. E, analisando a fantasia da morena com a boca um pouco aberta e um olhar que eu poderia dizer que era de admiração, Danny sussurrou um “Obrigado, . Fico muito feliz que tenha vindo.”.
havia se superado dessa vez, ignorando a dor na ferida que eu sabia que era muito maior nela do que em qualquer uma de nós. E eu estava muito orgulhosa.
Percebendo que estava muito desconfortável com toda aquela aproximação com Danny, me despedi dele por nós quatro e seguimos para dentro da festa.
Logo depois de Danny - nada que eu não esperasse, na verdade – estava o resto da banda em suas respectivas fantasias que poderiam fazer com que qualquer uma perdesse o ar.
Inclusive eu, honestamente.
E como manda a educação que minha querida mãe me deu, me aproximei deles para cumprimentá-los, sendo seguida por três Marauders que pareciam completamente tontas e sem saber o que fazer.
- Hey, guys! – sorri para eles.
- ? – Tom foi o primeiro a responder. – Pensei que vocês não viessem...
- Por que todos estavam pensando assim? – > juntou-se a mim na conversa, enquanto continuava completamente calada e parecia apoiar a amiga – O Danny é melhor amigo da , afinal.
- Bom, a nós sabíamos que viria, quer dizer... – Tom tentou se defender, mas não o deixei terminar de falar.
- Ok, vamos focar no agora e parar de falar nas suposições do passado feitas sobre a nossa presença? Obrigada.
- Falou com palavras difíceis, falou bonito. – Dougie falou, abrindo um pequeno sorriso torto e olhando para o chão quando o encarei de volta.
Era sempre a mesma coisa quando nos encontrávamos. Eu via faíscas que saíam dos nossos olhos e que só nós mesmos conseguíamos enxergar. Eu sentia o magnetismo que parecia querer unir os nossos corpos e eu tinha que fazer força para ganhar a batalha contra ele.
- Podemos começar essa conversa de novo... – > disse, quebrando o silêncio que caíra entre nós durante alguns segundos e se aproximando de Tom. – E aí, meninos, tudo bem?
depositou um beijinho em cada um deles, demorando um pouco mais ao cumprimentar Harry, que estava quieto desde que chegamos ali. Eu o observara olhando atentamente para a nossa baterista, se controlando muito para não abrir a boca e começar a babar ali mesmo.
Os McGuys sorriam abertamente, parecendo gostar desse nosso novo jeito de tratá-los. Ao cumprimentá-los, abracei cada um deles como se fossem meus amigos de anos. E, pensando bem, lá no fundo, eles eram mesmo.
- A gente pode saber por que isso tá acontecendo? – Harry perguntou, sorrindo para nós.
- Sou uma nova e a nova gosta um pouquinho de vocês. – sorri.
- E eu sempre gostei um pouquinho de vocês. – respondeu. – Mas, se contasse isso, a antiga e as duas bobocas ali atrás me bateriam.
- HEY! – protestou, caminhando até nós e deixando sozinha. Naquele momento, nem mesmo uma > braba faria qualquer efeito em qualquer um de nós, porque aquela fantasia extremamente fofa (além de sexy) de ursinha fazia a gente ignorar suas feições de raiva. – Não sou boboca, não, ok? Não tenho nada contra vocês! Quer dizer, algumas coisinhas só, mas eu supero.
Com sorrisos no rosto, os três McFLYs que nos acompanhavam olharam esperançosos para uma um pouco mais afastada e, desistindo, a morena caminhou até onde estávamos.
- Eu continuo a mesma , caras... Mas eu posso suportar vocês por hoje. – ela abriu um pequeno sorriso.
E foi só então, quando finalmente me sentia confortável na companhia deles por estar junto de minhas amigas, que fui prestar atenção em que os meninos estavam vestidos.
Tom aderira ao clichê e estava divinamente bonito em sua fantasia de príncipe. Usando uma calça social preta, um casaco vermelho com detalhes em dourado, uma faixa azul caindo em seu ombro e um cinto marrom prendendo a espada, Tom me fazia querer trocar nosso querido Príncipe Willian por ele nos tronos da família real.
Harry também usava uma calça social preta, acompanhada por uma camisa branca e um colete de veludo vinho. A capa preta com fundo vinho e gola alta e a cruz com detalhes em rubis pendurada no pescoço completavam a fantasia de vampiro que conseguia o deixar mais sexy do que ele já era naturalmente. Com um sangue falso escorrendo pelo queixo e a maquiagem preta ao redor dos olhos, ele estava ainda mais tentador para a nossa pobre que agora eu via cambalear nas próprias pernas.
E então eu olhei para Dougie e o vi olhando para mim também. Ele provavelmente parara para reparar em nossas fantasias e agora a borboleta rosa aqui devia tê-lo chamado a atenção. Apesar de seus olhos azuis estarem me prendendo de uma forma a me fazer não querer desviar o olhar, desobedeci a vozinha da minha cabeça e fui ver o que ele estava vestindo. E quando identifiquei qual era a fantasia, suspirei rapidamente antes que o ar escapasse de meus pulmões como eu sabia que aconteceria.
A calça jeans de lavagem escura era acompanhada por uma camisa de linho de um tom bege que fazia parecer um branco completamente imundo. Por cima dela, um tipo de colete preto e largo estava amarrado na cintura por uma faixa do mesmo tecido da camisa, deixando as duas pontas caírem em frente a barriga e na direção das pernas. Penduradas nessa faixa estavam uma espada e uma arma de aparência antiga, como aquelas que eu via nos filmes. Nos pés, uma bota marrom com uma grande dobra e um pequeno salto, naquele estilo bem tradicional. E, completando a fantasia de pirata, uma bandana em um rosa choque desbotado estava amarrada em sua testa, deixando os fios de seu relativamente longo cabelo loiro bastante despenteado e rebelde.
Resumindo, Dougie estava verdadeiramente sexy. E qualquer um dos outros guys, na minha humilde opinião, não conseguiram ficar tão bonitos quanto ele naquela ocasião em especial.
Voltei a olhar em seus olhos, depois de notar que as meninas conversavam com o resto do McFLY que ainda estava desocupado. Até mesmo estava conversando, o problema dela realmente era só quando Danny estava envolvido.
E quando Dougie abriu um pequeno sorriso na minha direção, dando meio passo para me encontrar, fomos todos interrompidos por mais dois convidados conhecidos que haviam chegado.
- Quanto tempo, Marauders! – James Bourne chegara por trás de mim, colocando um dos braços na minha cintura para me cumprimentar. – E aí, borboletinha, esqueceu os amigos, foi?
Desde o show em que nos conhecemos, nós 5 ficamos muito amigos e nos víamos seguidamente, combinando de sair quase sempre. Cumprimentando James e pedindo desculpas por nosso desaparecimento desde as festas de final de ano, olhei para quem estava com ele e paralisei.
Simplesmente congelei na mesma posição em que estava, arregalando os olhos e abrindo a boca num formato típico de O.
Era inevitável que isso acontecesse, considerando a pessoa que estava bem na minha frente.
Depois de James falar com as outras meninas, animar a um pouquinho mais, a ponto de fazê-la abrir um sorriso verdadeiro pela primeira vez no dia, e falar com os meninos, ele percebeu a minha reação sobre a pessoa que o acompanhava e que olhava pra mim envergonhado.
- , esse daí é o...
- Eu sei. – o interrompi – Ai. Meu. Deus.
- Por acaso ele é pra ela o que eu sou pra ? – James perguntou, fazendo e rirem e recebendo um tapa no ombro de .
- É mais ou menos isso. – a guitarrista respondeu, mostrando a língua pra ele.
- Mas, , esse aí é só... – Dougie começou a falar, mas eu o interrompi novamente.
- Shhh! – pedi. – Estou só admirando.
Com isso, uma das principais razões por eu ter entrado no mundo da música deixou a pose envergonhada de lado e gargalhou alto, se aproximando de mim e estendendo a mão na minha direção.
- Oi, . – ele abriu um sorriso maravilhosamente lindo pra mim. – Posso dizer que sou um fã das Marauders?
Assim, ao invés de pegar na sua mão e cumprimentá-lo normalmente como qualquer um faria, eu simplesmente dei os dois passos que nos separavam e atirei meus braços ao redor do seu pescoço, lhe abraçando bem apertado.
- Eu ainda não estou acreditando que eu realmente estou conhecendo Matt Willis! – eu falei, ainda o abraçando – Posso dizer que você é um dos principais motivos por eu ter entrado no mundo da música?
- Fico honrado. – ele respondeu assim que o soltei, sorrindo ao ver o sorriso de orelha a orelha que tomara conta do meu rosto.
James chegou ao lado do amigo e deu alguns tapinhas em seu ombro, cochichando bem baixinho com a intenção errônea de que eu não ouvisse: “Se deu bem, Willis, ela tá solteira!”.
Aquilo seria uma verdade incontestável, se eu não soubesse que Matt já era casado.
- Vou fingir que não ouvi isso, James, e vou comentar o quão bonitinho você está nessa fantasia.
James vestia uma calça jeans de um tom de verde bem claro, acompanhada de uma bata em um verde mais escuro e com recorte em pontas na barra. Na cintura, um cinto marrom que prendia uma faca e, na cabeça, um chapéu da mesma cor do cinto com uma pena vermelha apontando pra cima. O Peter Pan perfeito com a franja caindo sobre os olhos.
- Enquanto você despreza, borboletinha, eu vou passear por aí e procurar a minha Wendy. – ele disse, virando as costas para mim e voltando-se para , piscando para ela e seguindo para a pista de dança, onde já havia alguns convidados dançando há um tempo.
Matt, agora sorrindo envergonhado para mim novamente, vestia uma calça jeans preta e uma camiseta preta justa, marcando os músculos de seus braços e mostrando suas tatuagens que eu tanto amava. Nas costas, pouco antes da bunda, estava pendurado um rabo de gambá, e seus cabelos negros estavam arrepiados. Eu pensaria que ele estava fantasiado de gambá se na camiseta dele, na parte superior das suas costas, não estivesse escrito “Your Lost Boy”.
- E você veio combinando com ele... Vai ser meu menino perdido hoje, Matt?
Ele sorriu pra mim e soltou uma risadinha fraca, dando um beijo na minha bochecha e seguindo pelo mesmo caminho que James havia ido antes.
Voltei, então, para onde as meninas estavam. E me impressionei ao perceber que os meninos ainda estavam ali. Não que eu estivesse reclamando, mas eles não tinham outros convidados para curtir, não?
Coloquei meu braço nos ombros de Tom.
- Perdi. – falei e todos riram.
- Você é a borboleta mais retardada que eu já vi. – comentou.
- Nah, foi bonitinho. – Tom disse. – Aposto que o Matt vai ficar falando disso por meses.
- Charlie também está aqui? – perguntou.
- Não, não nos damos muito bem com ele... – Dougie respondeu.
- Ótimo, se não eu faria questão de quebrar a cara dele por ter acabado com uma das melhores bandas do mundo. – comentou.
- E eu te acompanharia com muito prazer! – completei.
Depois de mais alguma coversa sobre assuntos não tão interessantes, falou o que eu estranhara ela não ter falado ainda.
- Quero alguma coisa pra beber, alguém vai comigo? – olhando para uma que não costumava beber, para um Dougie que não bebia e para uma borboletinha com preguiça de ir até o bar, terminou olhando com um olhar de cachorrinho pidão para Tom, que tirou meu braço de si e acompanhou a loira até o bar. - Você é tão mais legal que elas, Tom. – > comentou, mostrando a língua para nós e seguindo seu caminho.
- Hey, cadê a ? – perguntei assim que saiu do meu campo de visão.
- Tinha ido pegar uma bebida com o Harry, mas até agora não voltaram. – Dougie respondeu.
Assim que ouvi, levantei uma sobrancelha. > e Harry juntos, só os dois? HÁ!
Daria mil reais pra se ela estivesse se comportando como Deus mandara.
arregalou os olhos e riu logo depois, ao ler nos meus olhos o que eu havia pensado.
Sim, eu e temos esses momentos telepatia de vez em quando. Provavelmente isso seja culpa da convivência de praticamente 10 anos.
- Vou atrás deles. – a morena falou, abanando pra nós e indo na mesma direção em que Tom e haviam ido momentos antes.
Depois de poucos minutos em um silêncio constrangedor ao lado de Dougie, olhando ao redor da festa e avistando um Danny sorridente, conversando com alguns amigos de cabelo colorido, resolvi o que queria fazer.
- Vamos dançar, Dougie? – perguntei de repente.
- Dançar?
- É, dançar. – ele sorriu – Vem!
Peguei em sua mão e nos guiei até o meio da pista de dança, exatamente no mesmo momento em que What’s My Age Again do Blink-182 começava a tocar.
Sorrimos um para o outro, sabendo que ambos éramos fãs da mesma banda. E, movendo nossos corpos juntos no ritmo daquela música e das próximas que tocaram, dançamos juntos até Tom e > se juntarem a nós, trazendo uma bebida pra mim. , James e Matt chegaram mais tarde também e os únicos que não apareceram até o fim da festa foram Harry e >, que todos nós tínhamos a mesma teoria de onde estavam. Até os meninos do One Direction dançaram com a gente durante um tempo, até encontrarem algumas meninas que poderiam estar a fim de algo mais com aquelas Spice Girls.

POV

Eu estava realmente confusa com toda aquela história de nova . Quero dizer, ela já havia feito essas coisas de mudar de repente para agir de uma forma melhor ou para deixar a personalidade dela cada vez mais a sua cara, mas mudar o jeito de tratar os caras do McFLY foi surpreendente.
Além disso, não satisfeita em somente ela começar a tratá-los como se fossem amigos de infância, ela praticamente nos arrastou para agirmos desse jeito também, nos obrigando a aturarmos e convivermos civilizadamente com aqueles que - supostamente – menos gostamos em todo o mundo.
E, não podendo mentir, eu podia estar gostando um pouquinho daquilo.
Mas só um pouquinho mesmo.
Depois que sumira com Harry para pegar bebidas e nunca mais voltou, tive a impressão de que o nosso suposto relacionamento com os dois integrantes do McFLY que ainda estavam ali duraria a festa inteira. Já que Daniel estava perambulando de canto em canto da sua festa, aproveitando todos os convidados.
estava preocupadíssima dando em cima de um Matt Willis casado e vivendo na implicância de sempre com um James Bourne vestido de Peter Pan. e Thomas haviam engatado uma conversa sobre alguma coisa de Star Wars da qual eu não era fã o suficiente para entender. Dougie olhava para e Matt de uma maneira esquisita, desviando o olhar deles somente para olhar para o chão. E então tinha eu, dividindo minha atenção entre as conversas alheias e sem companhia nenhuma para desfrutar.
Avistei e Harry saindo da porta pela qual havíamos entrado há algum tempo e quase fui atrás deles para sair daquela solidão na qual me colocaram, mas pensei melhor. > havia superado o nosso problema com o McFLY há anos, sua ferida já estava sarada. Além disso, todas nós sabíamos que os sentimentos dela pelo Harry ainda existiam e, unindo-os ao photoshoot e término de namoro recentes, os pensamentos e emoções de deveriam está-la colocando em um conflito inteiro terrível, se eu conheço bem minha melhor amiga.
Por esses motivos, deixei-os seguir seu caminho para fora do enorme salão de festas, esperando realmente que eles soubessem aproveitar aquele tempo sozinhos de uma forma que nenhum de nós teria coragem de fazer, embora, muito provavelmente, todos nós já tivéssemos cogitado ou até imaginado fazer.
- Vamos pegar uma mesa e irmos para mais perto da pista de dança? – perguntou-me pouco tempo depois de e Harry saírem completamente da minha visão, sendo acompanhada por Tom e Dougie. – Depois a nos acha.
Concordei com a cabeça, ainda sem falar nada, e então nos dirigimos para uma mesa que já parecia ocupada e que provavelmente era dos guys.
juntou-se a nós logo depois e a sua presença me lembrara de algo que eu não tinha feito até agora, o que era surpreendente.
- Quero uma bebida, alguém vai comigo? – perguntei, olhando os rostos na minha volta e não notando nenhum candidato a me fazer companhia.
Eu iria pegar uma bebida sem eles de qualquer jeito, pois, para aguentar aquela festa por muito mais tempo, eu precisaria estar um pouco menos sóbria do que naquele momento. Eu tinha certeza que gostaria de ser uma das últimas a ir embora e não sabia que horas > voltaria de sua diversão com Harry, então, para me preparar, precisaria de algumas doses de cerveja, vodka, whisky ou o que quer que o bar da festa de Daniel Jones poderia me oferecer.
Percebendo que nenhuma das minhas amigas levantaria um fio de cabelo para me acompanhar, olhei para Dougie rapidamente, até lembrar que o baixista não bebia bebida alcoólica. Por fim, decidi tentar por Tom e, retribuindo meu olhar, rapidamente tirou o braço de dos seus ombros e sorriu em minha direção.
- Eu vou com você, >.
Encaixei meu braço no seu e comentei em voz alta o quão mais legal que as meninas Tom era, deixando-as para trás rapidamente.
Seguindo o caminho do bar, passamos pelo meio da pista de dança, esbarrando e tropeçando em algumas pessoas antes de chegarmos ao nosso destino final. Apoiei-me no balcão, olhando para as garrafas de bebidas que tinham ali dentro, pensando em qual seria a mais propícia para o momento. Sorrindo para o bar tender que já esperava pelo meu pedido, apontei para o que eu queria.
- Eu quero um Dry Manhattan. – falei para o ruivo que nos atendia e que logo depois foi fazer o que pedi.
- Já começou com whisky, ? – Tom disse ao meu lado. – Essa noite vai longe... Eu quero um Cosmopolitan, por favor.
Ao mesmo tempo, nossas bebidas foram entregues e, depois de dar meu primeiro gole, respondi a ele.
- Quando inventarem alguma coisa melhor do que whisky, você me avisa, Tom...
Ficamos sentados nos bancos do bar por algum tempo, ambos olhando para as pessoas na pista de dança e fora dela, observando o que acontecia na parte da festa do nosso campo de visão.
- Quando vocês decidiram parar de nos odiar? – Tom perguntou depois de algum tempo.
- Na verdade, somente a tomou essa decisão. – respondi – E parece que ela esqueceu de nos avisar... Fiquei sabendo disso hoje, agora pouco, quando ela tratou vocês como se fôssemos todos amigos de infância.
- E isso te incomoda?
- Acho que o hábito de odiar vocês já estava cômodo para mim, entende? Dentro da minha zona de conforto. Não sou uma pessoa que costuma guardar rancor, então o que você fizeram com a gente já não me é um problema insuperável. Eu posso me acostumar a conviver com vocês.
- Vocês podiam nos contar o que fizemos... Poderíamos concertar. – Tom falou.
- Acho que preferimos ignorar isso... Esquecer e seguir em frente.
- Mas vocês não conseguem.
- Porque magoou. – completei. – Parece que decidiu perdoar vocês, então provavelmente vamos nos ver bastante agora... A amizade desses dois vai nos fazer nos vermos bem mais do que gostaríamos, provavelmente. – soltei uma risada anasalada, meio sarcástica – Deixa que o tempo vai fazer as coisas acontecerem, Tom.
Entramos em um silêncio que, por incrível que pareça, não era constrangedor. Sabíamos que os dois estavam pensando em tudo aquilo que havia sido dito e tentando absorver as novas informações do que acontecera de diferente naquela festa, o que havia sido muitas coisas.
Pedi outro Dry Manhattan, Tom pediu outro Cosmopolitan. Não estávamos conversando, mas estávamos gostando da companhia um do outro.
- Eu não acredito... – Tom quebrou o silêncio novamente. – Não acredito que ela conseguiu o fazer dançar!
Olhei para a mesma direção que ele estava olhando e vi uma cena engraçada. Bastante o suficiente para me fazer soltar uma gargalhada verdadeira.
- Ah, Tom, você ainda não conhece a ... Ela consegue tudo o que ela quer!
havia conseguido arrastar Dougie para a pista de dança e o menino dançava alguma música do Blink de um jeito muito desengonçado. Minha amiga tentava ajudá-lo a entrar no ritmo e dançar junto com ela, mas parecia que ele não tinha o menor jeito naquilo.
- Pelo menos ele parece estar se divertindo... – comentei. – Quer dizer, olha o sorriso dele!
- Acho que ele não está sorrindo por estar dançando, ... – Tom ria deles junto comigo – Acho que ele está sorrindo por estar dançando com ela.
Desviei meu olhar para Tom rapidamente, agora com os olhos arregalados e uma boca dividida entre um sorriso e um formato tradicional de O pela surpresa. Eu devia ter feito uma careta bem engraçada.
- Sério? – perguntei. – O Dougie?
Tom balançou a cabeça em afirmação.
- Aposto que ele adorou as atitudes da nova ... – respondeu – Se a velha já o fazia babar, imagina essa daí!
Rindo mais do que fazia antes, virei de volta ao bar tender.
- Me dá uma taça de champagne, moço! – pedi. – Minha amiga vai precisar!
Peguei a taça da champagne da mão do ruivo e, com a outra mão, puxei Tom pelo braço para o meio da pista de dança, que estava lotada há essa altura da festa. Deveria ser umas três da manhã.
Demoramos um pouco, mas conseguimos chegar até Dougie e , que sorriram pra gente e nos juntaram na dança. Eu já estava bêbada o suficiente para poder dançar que nem louca uma dessas músicas da atualidade, como Teenage Dream da Katy Perry.
Em alguma oportunidade, fui até o lado de e cochichei em seu ouvido.
- Ele está a fim de você!
- Ele quem? – perguntou curiosa depois de tomar mais um gole de sua champagne.
- Ora, quem... O Dougie!
E com os olhos arregalados e a boca no formato clássico de O, a reação de foi interrompida pela chegada de e James, que já estavam mais para lá do que para cá, dançando feito loucos.
- James, eu sabia que você não seria uma boa companhia para ... – Dougie comentou logo que eles chegaram – Agora sou o único sóbrio daqui!
- Não se preocupe, Dougie, eu ainda estou aqui pra te fazer companhia! – Matt falou, saindo de trás da duplinha que ainda dançava.
- Mas a só tomou uma taça... Ela está sóbria também... – disse eu.
- Ela já deve ter tomado umas cinco taças de champagne do garçom que passa com a bandeja por aqui... Ela está tudo menos sóbria!
Dougie apontou para uma que se unira a e James, formando um trio de loucos no meio da pista de dança.
Negaceei com a cabeça.
Se eu tivesse que cuidar de duas bêbadas em casa, esperava realmente que > estivesse comigo. Nem que eu tivesse que levar Harry junto.
Dançamos por mais algum tempo, encontrando One Direction no meio da pista de dança também. Os cinco haviam arranjado uma companhia cada um, alguém que aturasse aquelas fantasias epicamente ridículas que eles tinham escolhido. Não demorou muito para que todos eles fossem embora com as meninas para um lugar mais reservado.
Passado mais algum tempo e várias taças e copos de bebidas depois, a maioria dos convidados havia ido embora, restando somente nós e o que estava claro sermos somente os convidados íntimos de Danny.
Falando nele, Daniel dançava com a gente fazia um tempo, o que fez perder parte da alegria que a bebida havia lhe dado. Ela ainda estava feliz e ainda estava dançando, mas fazia questão de ficar o mais longe possível do piloto de cachinhos, anfitrião da festa.
, desde que eu lhe dera a notícia, tratava Dougie com maior timidez. Não dançava com ele do mesmo jeito que antes e seu sorriso para ele não era tão aberto como antes. Ele parecera reparar e se retraiu um pouco, provavelmente pensando que a menina não gostara da aproximação. Mal sabia ele que ela provavelmente estava remoendo aquela informação, se culpando por tê-la gostado tanto.
Eu, Tom e Matt éramos os mais comportados, dançando menos loucamente e nos preocupando somente em rir dos outros. Quando Matt, porém, foi embora, avisando que tinha uma mulher e uma filha o esperando em casa e levando uma vaia de uma completamente bêbada, sobramos só nós dois. E, de um jeito um pouco constrangedor, dançávamos juntos a maioria das músicas.
E com juntos, eu quero dizer juntos, se é que vocês me entendem.
Quando os garçons pararam de passar as bebidas, o DJ já tocava as músicas que minha avó costumava ouvir e nem a família de Danny estava mais na festa, > e Harry resolveram dar as caras.
- Eu nem vou comentar. – eu disse.
- Falando isso, você já tá comentando, sabia? – falou.
- Vocês sabem que a gente sabe e não adianta ficar fazendo essas caras de bunda aí, né? – falou para os dois que continuavam calados.
- Eles estão achando que nos enganam, . – Danny disse.
- Mal sabem eles que a gente já sabe que eles estavam se pegando legal durante toda a festa. – comentou Dougie.
- Eu lembro que a gente tinha combinado de não comentar nada... – Tom falou.
Harry continuava meio envergonhado com toda aquela situação, mas > já forçava os músculos do rosto tentando segurar o riso.
Eles eram tão óbvios!
- Vocês dançaram juntos a festa inteira? – perguntou.
- Aham. – respondemos todos em uníssono, rindo logo depois.
- Bom, parece que a gente tem bastante coisa pra contar... Vamos embora, meninas? – perguntou novamente.
E com uma cara de decepção de e uma de alívio de , nos despedimos de Danny, James, Dougie, Harry e Tom, pegamos nossas coisas em cima da mesa, tomamos os últimos goles de nossos copos e fomos embora, entrando na limusine que nos esperava lá.
Pobre motorista.
- Vocês não estão bravas comigo, estão? – falou assim que a limusine saiu do lugar.
- Nah, as coisas estão mudando. – respondi.
- É, a decidiu a mudança por nós. – comentou.
- Ah, parem, meninas! Até parece que vocês não gostaram da noite com os garotos hoje! Eles todos são divertidos e eu descobri isso com o Danny ultimamente. – a ruiva se defendeu - Nova estratégia de guerra, Marauders: esquecer o passado e aproveitar o presente e o futuro!
- Não importando com quem ele for? – sorria, parecendo gostar da nova estratégia adotada pela amiga, que concordou com a cabeça – Gosto dessa ideia!
- Posso me acostumar com isso. – disse – Gosto dos meninos, só não gosto do Jones.
- Será que eu posso tomar mais um Manhattan? – falei, revirando os olhos para a conversa delas.

POV

ainda olhava para Matt Willis com uma cara de uma menina de 5 anos que acabou de descobrir que seus pais a levariam para a EuroDisney e que ela poderia comprar tudo que tinha alguma parte cor de rosa. Dougie olhava quase do mesmo jeito para a ruiva. E eu olhava para os lados pra ver se o Jones tinha algum amigo lindo, gostoso e mais ou menos da minha idade. Foi quando olhei para Harry e percebi que ele estava me olhando, então, corei e abaixei a cabeça.
Eu olhei para as meninas e falei:
- Eu vou pegar uma bebida, alguém quer?
Como ninguém me respondeu, eu fui sozinha, mas logo senti que alguém puxou meu braço delicadamente e logo depois eu escutei:
-Vim te acompanhar, tudo bem?
- Claro, tudo beleza.
Fomos até o bar e eu pedi um 007 e Harry pediu um Mojito Diablo, enquanto esperávamos para o bartender prepará-los, nós conversamos:
- Mas e aí, como você está? - eu perguntei para quebrar o gelo.
- Estou bem... E você?
- Estou bem também...
- Como estão os shows?
- Ah, estamos com a agenda quase cheia. Temos que ter um tempo pra descansar, sabe?
- Sim, sim... Nós acabamos de voltar de uma turnê, ainda estou meio cansada. Quase todas as noites nós tínhamos show. Nossa! Mas mesmo assim foi maravilhoso, perfeito! Nós temos muitos fãs, eu acho que ainda estou chocada! Foi tudo muito rápido, entendeu? Há pouco tempo nós estávamos no colégio, quase não nos falávamos. Daí nos fomos nos juntando e BOOM. Viramos um banda, fizemos sucesso, temos fãs, muitos shows marcados, estamos em programas de TV, em capas de revistas. Foi meio que assustador, sabe...
- Sei...
- Falei demais, né? É que quando eu falo sobre isso, eu desembesto a falar, porque eu fico super animada e geralmente as garotas estão comigo e não deixam eu falar tanto...
- Não, tudo bem! Pode falar à vontade, eu gosto de te ouvir falar.
Depois que ele falou isso, senti meu corpo ficar muito quente e minhas bochechas corarem, mas acho que como estava escuro, ele não percebeu. Fiquei envergonhada e olhei para o meu sapato. Fiquei olhando para lá até escutar o bartender falar:
- Um 007 para Srta. > e um Mojito Diablo pro Sr. Harry Judd saindo...
Agradeci para o senhor de meia idade que entregou meu copo e tomei um gole da minha bebida feita com vodka, suco de laranja e água mineral e baixei o meu copo. Olhei para Harry e o vi se engasgar. Rindo, perguntei:
- Não está acostumado com a tequila, Harry Judd?
- Na verdade, não... Só pedi isso pra te impressionar...
- É, parece que não deu certo...
- Quero ver você tomar isso sem se engasgar...
Peguei o copo de sua mão, afastei o canudinho e bebi, até a ultima gota. Vi sua feição ir de convencida à embasbacada em poucos segundos. Sua boca se abriu e eu vi seus dentes perfeitamente brancos. Coloquei o copo na bancada e dei o melhor sorriso que eu consegui dar.
- O que nós estávamos falando mesmo, Judd?
- Como é que você fez isso?
- Estou acostumada a beber... Só isso...
- Agora quem está impressionado sou eu...
Ri e peguei o meu copo, que estava na mão dele. Tomei mais um gole e falei:
- Mas e aí, já saiu da seca depois do Jeff’s?
- Se eu tivesse saído, teria aparecido em todas as revistas e sites de fofoca... E eu acho que você não me viu em nenhum desses...
- É verdade, não vi mesmo.
Ficamos sem assunto, eu terminei a minha bebida e olhei para a boate. Estava realmente cheia. Danny conhecia bastante gente... Mas eu nunca imaginei que eram tantas pessoas. Olhei pro Harry e vi que ele ia falar alguma coisa, mas desistiu e fechou a boca.
- Pode mandar.
- Sabe, é melhor não...
- Não, pode falar. Sério.
- Eu soube que você e o Tom terminaram... - ele deixou no ar. "Ele realmente tinha que falar sobre isso? Com tanto assunto na face da Terra ele vem me perguntar sobre o Tom... Boa, Harry Judd! Por que eu o mandei falar mesmo? Eu sou uma idiota..."
- É, era pra ser assim...
- Eu concordo.
- Como assim?
- Porque assim eu posso fazer isso.
- Is...
Antes que eu pudesse, ao menos, chegar no meio da frase, Harry se aproximou e me beijou. Um selinho rápido, mas que assustou, mas deixei rolar. Talvez por causa dos meus reflexos não tão rápidos assim, ou por que eu queria que aquilo acontecesse desde o dia em que eu ouvi falar de Harry Judd.
Ele se afastou tranquilamente, me olhou nos olhos, daquele jeito que só ele conseguia fazer e pegou na minha mão. Esperei que ele falasse alguma coisa, mas como esse momento não chegou, eu perguntei:
- Por que isso agora?
- Porque desde aquele photoshoot eu não consigo te tirar da cabeça.
Eu fiquei paralisada, olhando para aqueles profundos olhos azuis, me perguntando o que diabos eu iria fazer agora. Tomei coragem e o beijei. Como nunca tinha beijado ninguém antes, com paixão, agonia, pressa, ânsia, carinho, desejo, confiança, euforia e prazer. Harry Judd havia despertado em mim, sentimentos que eu nunca pensei que pudesse ter.
Eu pus uma mão em volta do seu pescoço e outra na nuca, onde eu puxava boa parte de seu cabelo castanho. Ele estava com uma mão segurando a minha cintura e me levantando ao encontro de sua boca macia. A outra mão se encontrava na minha bochecha, me levando para mais perto. Nossos corpos estavam colados. E eu não ouvia nada que acontecia a nossa volta. Éramos apenas nós dois.
Aos poucos, quando a falta de ar enfim chegou, nos separamos e nos olhamos, mais uma vez. Harry sorriu. E e eu sorri, quase me desmanchando em suas mãos. Ficamos um tempo somente nos olhando, até que ele falou:
- Vamos sair daqui pra ter mais privacidade?
- Vamos, vamos sim.
Ele pegou a minha mão e me puxou em direção a porta. Passamos por muitas pessoas que olhavam e cochichavam sobre nós. Algumas mulheres nos olhavam de pé a cabeça e com certa inveja, mas eu não liguei, não eram elas que estavam de mão dada com Harry Judd, procurando um lugar mais reservado.
Assim que vi que ele me levava para o pequeno jardim que havia na entrada da boate, eu parei. Harry me olhou surpreso e perguntou:
- Por que você parou?
- Está frio lá fora e eu não lembro ter visto nenhum banco.
- Ah, ok, vamos procurar um lugar aqui dentro mesmo.
Agradeci mentalmente e o segui. Voltamos por todo o caminho de volta e fomos para um corredor, que, no fundo, havia uma escada, subimos e encontramos uma sala razoavelmente pequena, onde, por incrível que pareça, não havia ninguém. Sentamos em um sofá de dois lugares bege e continuamos a conversar:
- Sério, agora eu posso falar, essa sua fantasia de vampiro está me deixando com mais vontade de te beijar...
Harry riu e falou:
- Quando eu te vi nessa fantasia de policial, eu imediatamente quis ser preso.
- Não seja por isso!
Levantei-me e o fiz fazer o mesmo, o coloquei na parede, com o rosto colado na parede. Fiz pressão em seu corpo, juntei suas mãos e peguei a algema de plástico que havia vindo junto com a fantasia. Fingi que o prendia e falei:
- Harry Judd, você está preso por desacato a autoridade.
Ele se virou e riu. Seu sorriso fez com que eu me derretesse mais ainda por aquele homem que estava na minha frente. Ele pegou a algema e jogou no sofá que estava ao lado de onde estávamos. Pegou o meu cabelo e falou:
- Como posso não desacatar uma autoridade tão linda?
Dito isso, ele me beijou, com mais intensidade do que a última vez e eu correspondi, colocando minhas mãos em sua cintura e em seu peito. Infelizmente, fomos interrompidos por uma voz.
- Com licença, jovens, vocês não podem estar aqui.
“Ah, então era por isso que aqui estava vazio...”
- Oh, me desculpe, já estamos indo.
Peguei a algema e fomos encontrar os outros. Porém, assim que descemos as escadas eu me lembrei de uma coisa:
- Hey, calma, eu não tenho seu número!
- Ah, só um minuto.
Ele pegou o seu celular no bolso e pediu para eu falar o meu. Eu disse e ele me mandou uma mensagem:
“Oi! xx”
Olhei com cara de descrença pra ele e ri. Gravei seu celular no meu e fomos até onde os outros estavam.

Já havia tirado minha fantasia, lavado o rosto e colocado meu pijama e estava quase deitando quando escutei meu celular avisando que havia uma nova mensagem, fui até a mesinha e o peguei. Era uma mensagem do Harry:
“Boa noite, princesa, sonha comigo, porque com certeza eu irei sonhar com você. xx”



(15)...Because Marauders are back!


Capítulo betado por Bhárbara Gomes



POV

Acordamos cedo pra termos bastante tempo para gravar o clipe. Saímos de casa já com as roupas das primeiras cenas, isto é, um uniforme com uma camiseta branca e uma saia preta e vermelha em xadrez estilizado. O de e o de eram mais curtos. Eu tinhas os 4 primeiros botões da camisa desabotoados e as pontas amarradas em cima da saia, já havia colocado vários bottons na saia e na camiseta. Com uma van que a Gio contratou fomos para o High School, nosso colégio. Ela disse que estava tudo certo com a organização do colégio sobre o clipe, afinal, eles adoravam um marketing.
Entretanto, acho que a Gio não falou que o combinado entre as Marauders era de quebrar o colégio: derrubar as cadeiras, as mesas, riscar os quadros brancos com tinta permanente e esse tipo de coisa. Um vandalismo básico para quem nunca gostou de escola.

No caminho estávamos postando fotos e fazendo piadas, até que cada uma virou para um lado e dormiu, menos eu, que mandei uma mensagem pro Harry, sem retorno, certamente porque estava dormindo.

- Eu não acredito que me fizeram voltar para o colégio, ainda mais em um sábado de manhã! – falei para a Gio, que anotava algumas coisas em uma agenda.
- , pensa pelo lado positivo!
- Qual?
- Estamos filmando o nosso primeiro clipe maraudiano. – ela falou animada.
Instantaneamente eu coloquei um sorriso no rosto. Era verdade. Nossa banda estava finalmente gravando um clipe oficial, e não aqueles vídeos que nós fazíamos quando ainda estávamos no colégio, onde falávamos sobre os nossos professores e como seria quando fôssemos famosas. Nossas colegas iriam nos invejar. Agora era profissional!
Tínhamos 6 câmeras prontas para nos filmarem e 2 diretores de clipes, além de 2 gruas, 1 travelling, 6 cinegrafistas, 2 assistentes, 28 figurantes, alguns dançarinos que a fez questão que tivesse e, bom, contratamos algumas faxineiras pra limpar tudo depois.

Classmates já era conhecido e todos os nossos fãs aguardavam ansiosamente por este clipe. E nada melhor que fazer o clipe no lugar onde a música foi feita e inspirada. Chegamos e só tinha o diretor, um segurança, a coordenadora do ensino médio e a sua assistente. Eram as mesmas pessoas de anos atrás. “Como é que essa gente não foi demitida ainda?” me perguntei horrorizada.
- Bom dia! Sempre imaginei que essas garotas talentosíssimas iriam fazer sucesso.
- Pra que mentir, Camila? Nós sabemos que você achava que não iríamos longe... – falou baixinho, só pra gente ouvir.
- Bom, nós vamos deixar vocês fazerem o trabalho de vocês, mas vamos tietar um pouquinho, se deixarem! – Vera falou animadamente.
- Ah, claro, sem problemas, não é, garotas? – Gio perguntou animadamente
- Tudo bem. – nós respondemos não tão animadamente.
Fomos até as escadas, onde a faria alguma coisa que havia combinado com a Gio e não tinha sequer tocado no assunto conosco. Ela ficou lá com 2 câmeras, um diretor de cena e todos os dançarinos. Vera e o diretor também ficaram, querendo ver o que sairia dali.

Eu, e fomos para a sala de aula do último ano. O outro diretor de cena nos mandou sentar nas cadeiras, assim como os figurantes e, logo que as câmeras estavam prontas para começarem a gravar, nossa música começou a tocar e eu comecei a batucar na mesa com o meu lápis e caneta.
olhava com cara de tédio para o figurante que estava representando um professor e fingia dormir. Os outros “alunos” prestavam atenção no professor. Entretanto, assim que começou a letra da música, “acordou” e começou a cantar.
Iríamos gravar toda a música com a cantando, para depois o editor pegar as melhores partes e montar o clipe com diferentes tipos de cenas. Assim que acabou esta cena, os figurantes saíram da sala e fomos filmar a próxima, desta vez só com a .
No início da música, estava sentada na mesma cadeira de antes, desta vez estava olhando para o quadro com cara de “que porra é essa?”, como ela fazia quando os professores de exatas davam matéria nova. A letra começou e se levantou para cantar. A ruiva gesticulava para a câmera e dava para ver que ela realmente estava com raiva de tudo aquilo. Foi aí que a morena levantou a perna e chutou a primeira mesa, depois empurrou a cadeira, e assim fez até a Camila pará-la.
- EI, EI, EI! O que é isso?
A música parou e olhávamos para a Camila como quem queria matá-la. “Quem era ela para estragar a nossa obra de arte?” pensei.
- Como assim “o que é isso”?
- Você está destruindo a sala!
- Sim, você pelo menos leu sobre o que a nossa música é?
- Hm, tecnicamente não...

POV

Era muito estranho estar de volta àquele lugar.
Enquanto eu me concentrava para não começar a rir em frente à tantas câmeras, vi Camila parar no batente da porta da sala onde eu estava, espiando por cima do ombro do diretor com uma prancheta na mão em sua frente.
- Ação! – ele disse para, logo depois, seu assistente bater a claquete no foco da câmera.
E então, comecei a gravar a minha cena principal para o clipe.
Funcionaria da seguinte forma: cada uma de nós gravaria a sua “cena principal”, onde estaríamos sozinhas – ou com alguns figurantes sem muita importância – em alguma parte do colégio fazendo alguma coisa que sempre sonhamos em fazer quando estudávamos lá, mas nunca pudemos fazer por motivos de comportamento. Depois, encontrando umas as outras pelos corredores do colégio, seria gravado uma cena todas juntas e, no final do vídeo clipe, um show no palco principal do pátio central do High School, esfregando que éramos demais na cara de todos os nossos professores e colegas que não acreditavam em nós. Com tudo filmado, o diretor pegaria as melhores partes de cada cena, juntaria tudo e faria o melhor trabalho de toda a vida dele.
Esse clipe seria demais!

Após a fala do diretor, comecei a cantar nosso primeiro single number one das paradas britânicas, sentada em uma das classes da sala e aula e olhando para tudo o que o professor escrevia no quadro com a maior cara de tédio. No fim da primeira estrofe, abruptamente levantei, começando a chutar mesas e cadeiras, rasgar papéis, arrancar páginas de cadernos e espalhar canetas e lápis por todo o chão.
A atriz que interpretava a professora olhava para mim de uma forma incrédula, rapidamente transformando sua expressão para um quase alívio.
Finalmente sua pior aluna seria expulsa. Ela estaria livre.
Ainda não, queridinha.
Abrindo a mochila que, supostamente, era minha, tirei lá de dentro uma latinha de metal com tampa cor de rosa. Sorrindo com escárnio para a professora, segui até a frente da sala de aula e empurrei-a para fora do meu caminho, destampando a latinha e pichando o quadro negro por cima de todas as fórmulas de física que lá já estavam.
RIOT!
Aquele era o fim do primeiro refrão.
- Corta! – gritou o diretor. – Isso ficou ótimo, ! Agora vamos esperar a para a segunda tomada.
- Acho que vou infartar... – dizia Camila com a mão no peito. – Depredando... Estão depredando o meu colégio...
- Ela está bem? – perguntou o diretor ao apontar para a psicopedagoga responsável pelo High School desde os tempos de Churchill.
- Talvez agora ela não esteja, mas vai superar. – respondi, enquanto era atacada pela mulher que retocaria a minha maquiagem. – A vai demorar muito?
-Já já ela deve estar aqui.
- Sim, né... Ela não foi interrompida por uma psicótica por causa de algumas cadeiras. – resmunguei. – E a ?
- A cena dela é mais demorada, pois tem coreografia e envolve outros figurantes, então ela grava com vocês depois.

Assim que a maquiadora terminou o seu trabalho em minha pele e o diretor se envolveu em alguma conversa sobre a sua prancheta com o assistente, segui pelo corredor do colégio, pelo qual eu já passara incontáveis vezes durante meus anos de High School.
Antes que eu entrasse em um momento de nostalgia e tentasse cometer algum ato masoquista pelas lembranças da época da minha vida que eu mais tentava esquecer, caminhei até a mesa posta no saguão para poder tomar algum café e comer um muffim qualquer.
Torcendo para que acima de tudo, Camila não tivesse envenenado nada.
Eu tinha certeza que ela era bem capaz disso.

Enquanto analisava meu muffim, cheirando-o antes de criar a coragem para mordê-lo, chegou do meu lado e tirou-o da minha mão, mordendo-o sem nem pensar duas vezes. Olhei pra ela.
- Que foi? – ela respondeu com a boca cheia de bolinho. – Estou com fome.
- Eu estava checando para ver se não estava envenenado. Você sabe, a Camila pode fazer qualquer coisa.
- Nah, ela não faria isso... Estragaria toda a publicidade que o “colégio dela” está tendo e não receberia todo o dinheiro pela locação.
Convencida com a resposta de , peguei outro muffim de cima da mesa e o comi rapidamente, pois, pelo canto do olho, vi o diretor caminhar pelo corredor em nossa direção para nos apressar com a gravação, provavelmente.
- Prontas, meninas? – ele perguntou ao chegar à mesa. – A está acabando a cena dela e precisamos da de vocês prontas para começarmos a próxima.
Terminamos nossos bolinhos e cafés e voltamos para a sala de aula, onde o diretor nos daria os comandos para a próxima tomada de gravações do vídeo clipe de Classmates.

- Então, vamos fazer o seguinte: , logo depois de pichar o quadro, você corre para fora da sala, encontrando ) no corredor. ), você terá descido as escadas depois de terminado a sua cena, assim como já gravou lá em cima com o resto da equipe. Entendido? – Ele explicou e concordamos com a cabeça.
Assim, entrei na sala novamente e, parando em frente ao “RIOT” que a pouco eu tinha pichado, começamos a gravar novamente.
- Ação! – gritou o diretor.
Graças a Deus, dessa vez Camila não estava conosco.
Mostrei o dedo do meio em direção à professora e, rapidamente, abri a porta da sala de aula e saí para o corredor, encontrando ) que acabava de descer as escadas à minha esquerda. Nos cumprimentamos com um hi-five e seguimos correndo.
Eu pichava as paredes com a minha tinta spray rosa, enquanto arrancava todos os pôsteres de campanha da solidariedade, da biblioteca e qualquer outra babaquice dessas que estavam presas nas paredes.
No saguão, descemos as escadas escorregando pelo corrimão, indo em direção ao pátio central do High School. Eu ainda cantava a música, que tinha começado novamente desde o início para gravarmos essas parte e batucava com os dedos em tudo o que via pela frente.
Chegando lá embaixo, o diretor parou a gravação novamente.
- Aff, eu estava me empolgando. – disse , parando de batucar e vindo até mim.
- Ok, meninas, agora temos que esperar a terminar de gravar sua coreografia para podermos continuar com a parte de vocês três. – O diretor gritou do mezanino no primeiro andar. – Vocês devem ter meia hora livre.
rapidamente olhou pra mim com os olhos arregalados de quem diz: “Vamos fazer aquilo que eu te pedi?” e eu, mais rapidamente ainda, me lembrei do que ela havia dito noite passada, quando nos preparávamos psicologicamente para voltarmos àquele lugar.

“Vamos procurar nossos antigos professores amanhã, se der tempo? Só os que a gente gostava, obviamente, e os que continuam lá... Vamos? Vamos?”

Revirei os olhos, enquanto assentia para ela e vi batendo palminhas ansiosas.

pegou na minha mão e me arrastou de volta ao primeiro andar, parando o primeiro auxiliar de corredor que ela encontrou e fazendo a pergunta que ela tanto queria:
- Com licença, tem algum professor aqui, hoje?
- Os professores estão em conselho de classe. – o cara alto e de aparência forte falou –, mas a reunião já deve estar acabando.
- Obrigada! – respondeu, indo para o corredor das coordenações. – Camila!
Ah, meu Deus, sério, ?
Camila foi nossa coordenadora pedagógica durante todos os anos de High School e nós simplesmente a odiávamos. Motivos? Ela era sempre meiga demais, feliz demais e, obviamente, falsa demais. Fingia amar a todos, enquanto só amava, realmente, aqueles alunos que tiravam boas notas e não causavam problemas nenhum. Com aqueles que viviam na sala dela – e que, inevitavelmente, não estavam na listinha de “favoritos” – ela usava aquele tom de voz irritante como quem está falando com um filhote de cachorro e toda aquela hipocrisia parecia vazar pelos seus olhos.
- Sim, meninas? Precisam de alguma coisa? – a psicopedagoga respondeu, usando seu tom de voz irritando e abrindo um sorriso falso mais irritante ainda.
- Queremos falar com alguns dos nossos antigos professores e só temos essa meia hora de folga das gravações. Será que poderíamos falar com eles agora? – perguntou empolgada.
- Eles estão em conselho de classe, ...
- Mas só temos esse tempinho agora... Por favor, Camila! Não custa interromper a reunião por vinte minutinhos!
Suspirando, Camila estava começando a negar novamente quando eu a interrompi.
- E seria uma pena se eu colocasse no meu twitter que meu antigo colégio se recusou a me deixar falar com meus antigos professores...
- Tudo bem, , a reunião já deve estar no fim mesmo... Estão todos no salão 400. – ela disse convencida.
- Obrigada, Camila! – agradeceu, já seguindo para as escadas.
- E é Srta. pra você. – falei antes de ir atrás da baterista saltitante.

Enquanto subíamos as escadas, virou pra trás e estendeu a mão para cima em minha direção, no movimento mais claro do mundo, no qual avisava que era para fazer um hi-five.
- Não acredito que você falou aquilo, ! – ela riu. – Virou a minha ídola!
- Eu sempre fui sua ídola, que eu sei. – comentei.
- Ah, cala a boca!
E, rindo, continuamos subindo as escadas até chegarmos ao quarto andar, onde se encontrava o salão 400; lá estavam todos os professores que me aguentaram durante 4 anos. Eu apostava que nenhum deles gostaria de olhar na minha cara novamente.

Passando por todo o corredor dos laboratórios de química e de informática e recebendo todo aquele sentimento nostálgico de estar ali, chegamos em frente ao salão 400 e, sem enrolarmos, batemos na porta.
Não demorou muito para que alguém abrisse a porta.
- Marauders? – Vera, a coordenadora geral, perguntou.
- Falamos com a Camila e ela nos deixou vir falar com alguns professores antes que as gravações terminassem e tivéssemos que ir embora. – falei, acenando para alguns professores que já cochichavam lá dentro.
- Mas, mas...
- São só vinte minutinhos, Vera, nem vai fazer falta pro conselho de classe! – dizendo isso, abriu o resto da porta que ainda estava meio fechada e entrou no salão 400, indo em direção ao seu professor favorito da sua época de estudante. – RUI!
Vendo a cena, eu só coloquei a mão na testa e negativei com a cabeça.
Rui era conhecido entre as alunas por ser o professor “pedófilo”, ou seja, aquele com quem elas teriam uma chance maior de “ficar”. Obviamente esse fato nunca foi comprovado, mas podem ter certeza que não foi por falta de tentativas vinda de .
- ? – ele respondeu, abraçando-a de volta. – O que vocês estão fazendo aqui?
- Não contaram? Estamos gravando um videoclipe aqui no colégio. – ela respondeu, começando um papo superanimado com seu ex-professor.
Os outros professores, tão envergonhados quanto eu, foram voltando aos seus lugares, pegando um cafezinho ou começando a conversar entre si, enquanto eu andava para trás em direção à porta, tentando sair do recinto sem ser notada.
Quando eu já havia virado para a porta e estava prestes a sair em disparada, gritando o nome de – porque era nela em quem eu confiava para fazer alguma macumba forte contra algum professor, caso fosse necessário – para que ela pudesse me salvar dali, já que provavelmente se juntaria a e Gio reviraria os olhos pra mim, eu ouvi alguém chamando meu nome e todo o meu ânimo saiu pelo suspiro que soltei.
- ?
Puta que pariu.
- Sim? – respondi, enquanto virava lentamente e via a pessoa que eu menos esperava ver ali.
Quer dizer, ele sempre fora o meu professor favorito, desde o primeiro ano de High School, mas eu nunca pensaria que ele estaria enterrado naquele lugar mórbido.
Altair foi nosso professor de literatura no primeiro e último anos de colégio e, além disso, ele era – e ainda deve ser – um escritor renomado em todo o país. Ganhou muitos prêmios literários nacionais com suas obras e, graças a minha paixão inacabável por leitura, acabei lendo seus livros e virando sua aluna favorita por discutir sobre eles durante as aulas.
- Sor? Quer dizer, Altair? – meu sorriso bobo se abria aos poucos enquanto meu cérebro, um pouco lento, começava a entender que ele realmente estava ali na minha frente. – Eu não esperava encontrar o senhor por aqui...
Deixando claro que Altair sempre fora a minha paixão platônica e, vendo-o ali, na minha frente tantos anos depois, percebi que ainda era.
- Por que eu não estaria, ? – ele sorriu de volta, pegando no meu braço e me levando para dentro do salão 400 novamente, sentando em uma cadeira e apontando para sentar-me ao seu lado. – E não precisa mais me chamar de senhor, por favor!

Vamos explicar melhor essa situação: Altair era moreno de olhos verdes e, na época em que nos dava aula, tinha 35 anos. Comparado aos meus colegas, suas perspectivas de vida diferentes da minha e seus gostos nem um pouco em comum com os meus, me parecia o cara perfeito. Mas é lógico que fui crescendo e entendendo que aquilo era somente uma admiração por ele estar realizando o sonho que eu sempre quis: ser uma escritora famosa.
Não que eu esteja descontente por ser uma música famosa hoje em dia, mas ainda não desisti de, futuramente, escrever meu próprio livro. Quem sabe ele não conte a história das Marauders?
Enfim, enquanto conversava com Rui e alguns outros professores que se juntaram a eles, eu conversava com Altair e, igualmente, alguns outros professores que se juntaram a nós. Ouvimos um barulho estranho vindo do corredor e, quando olhando para a porta, vimos uma suada e ofegante.
- Eu não acredito que vocês vieram falar com os professores sem mim! – ela disse, antes de nos ignorar e falar com os professores que tanto amava.
Já comentei que era nerd? E tirava notas boas em todas as matérias, sem exceção? E que todos os professores adoravam ela, sem exceção também? Pois então, essa é a mais pura verdade. amava colégio e aulas, não é à toa que queria se formar em medicina, caso nossa banda não desse certo.
Ainda bem que deu.
simplesmente decidiu falar com todos os professores, até mesmo com aqueles de quem não era muito fã e com aqueles que chegaram depois de nós termos ido embora do colégio. Ela parecia estar se divertindo, o que é o pior de tudo.

E então, de repente, o diretor do videoclipe apareceu furioso na porta do salão 400. Suas veias saltavam na testa e no pescoço. Suas narinas estavam dilatadas pela sua respiração ofegante, assim como o seu peito, que subia e descia rapidamente. Ele deu três passos grandes e pesados e, dessa forma, acabou com a distância que nos separava; me pegou pelo braço e me olhou com uma cara tão má que me deu medo.
Meus olhos deveriam estar arregalados.
- Eu procurei vocês por todo esse colégio. Vocês por acaso esqueceram que tem um compromisso aqui? Se as últimas filmagens não estiverem prontas em duas horas, eu rasgo o meu contrato e difamo o nome de vocês por todo o país. Marauder nenhuma nunca mais vai gravar um comercial de papel higiênico sequer.
Engolindo em seco e segurando aquela lágrima teimosa para não cair, tirei meu braço do aperto de sua mão e chamei as meninas para irmos embora. Acenei discretamente para um Altair chocado com toda aquela cena. Aliás, toda a sala caíra no mais silêncio profundo pelo absurdo que aquele diretor havia feito.
Mas, para o meu alívio e a volta da comicidade que a vida de Marauder possui, Gio entrou no salão mais nervosa que o diretor e, com sua prancheta na mão, deu a bronca mais linda que eu já a vira dar.
- Você está achando que é quem exatamente pra falar assim com elas? Ponha-se no seu lugar, meu querido, e espere o que for necessário para que as gravações voltem a acontecer. Quem vai difamar seu nome por todo o país agora sou eu, pra ver se aprende a respeitar as pessoas! Só não demito você agora, porque faltam pouquíssimas cenas a ser gravadas e a minha banda não tem mais tempo livre na agenda para começarmos tudo desde o início. – ela respirou fundo. – Agora faça-me o favor de sair da minha frente antes que eu quebre algum osso do seu corpo e espere o quanto for necessário até que as minhas meninas estejam lá em baixo para gravarem o resto do videoclipe, você está me entendendo?
E, desse jeito, observei o diretor mau caráter sair de fininho pela porta do salão, com a cabeça baixa e, como diria a minha mãe, com o rabinho entre as pernas.
- GIO, VOCÊ É O MÁXIMO! – gritou, correndo para abraçar a empresária e secando as lágrimas inevitáveis que haviam caído.
sempre fora muito chorona.
- A MELHOR DE TODAS AS MELHORES! – apoiou.
- Não sei o que seríamos de nós sem você, Gio! Obrigada por existir. – eu falei pra ela, abraçando-a de lado. Toda aquela situação tinha me deixado nervosa.
- Vamos voltar a gravar, então, meninas? – ela perguntou. – Não quero conviver com esse cara por mais tempo.
Concordando com ela, viramos ao mesmo tempo para despedirmos dos professores. Com um abraço de em Rui, um abraço meu em Altair e muitos elogios e abraços para depois, saímos acenando e nos concentrando para a gravação da próxima cena.

POV

Nunca pensei que voltaria para o High School por livre e espontânea vontade. É verdade, eu sempre fui a nerd da turma, a garota adorada pelos professores e a dona de uma das vagas de medicina em Cambridge. No entanto, desde que as Marauders tomaram forma e a gente conheceu a Gio, o colégio pareceu me tratar com o mesmo desprezo que os outros alunos. Eu não levaria o nome do High School para Cambridge e eles sabiam disso, eu sequer tinha me candidatado a uma das vagas. Então, agora eu estava de volta. No topo de uma das escadas largas e internas do colégio.
- Certo, , você entendeu o que tem que fazer? – diretor perguntou.
Revirei os olhos. Eu passara um tempo descomunal ensaiando, simplesmente porque a minha parte não envolvia apenas a mim.
- Eu entendi. – falei com os dentes cerrados.

Quando nos perguntaram o que gostaríamos de fazer no colégio, logo falou em depredação, concordou com ela e, bom, eu gostaria de dançar. É ridículo se for comparar com o delas, mas lá no fundo, mesmo com o desprezo sofrido nos últimos meses, o colégio sempre me tratou bem. E eu sempre quis dançar.

Quando ouvi o início da musica, comecei a descer os primeiros degraus cantando junto. Parei no quarto degrau para dançar uma Macarena fora de ritmo, rindo em seguida. Nesse momento, outros dois dançarinos apareceram no topo da escada me acompanhando na descida; quando cheguei no térreo, fizemos uma parte da coreografia de Jai Ho, mandei um beijinho para câmera e sai pelo corredor da direita.
Ali havia uma câmera em um tripé com rodinhas esperando os movimentos seguintes. Uma, duas, três. Abri a quarta porta do corredor, chamando as pessoas que estavam ali dentro. Mais dançarinos que se passavam por alunos. Continuei até chegar às outras escadas, dois lances e estaria no térreo. Agora era a parte legal.
No primeiro lance dançaríamos Thriller e no segundo We're All In This Together. Antes que pudéssemos começar, ouvi o diretor:
- Corta!
- Merda, o que foi agora? – falei colocando as mãos na cintura.
- Seu figurino está tão Baby One More Time, tem certeza que não quer trocar pra essa coreografia? – ele perguntou pela milionésima vez.
- Tenho. – bufei irritada. – Era só isso? – ele assentiu.
Poxa, eu estava no meu momento magia, quando fui interrompida. Os dançarinos riram da minha irritação, mas quando o diretor começou a contar, voltaram aos exatos lugares em que deveriam estar.
- Vamos lá, galera, quanto mais cedo acabarmos isso, mais cedo comemos! – falei mais para me animar novamente.
- Okay, , não me interrompa novamente. – o diretor falou irritado, mas contido depois de ser xingado pela Gio. – 3...2...1... Valendo!

Vou admitir uma coisa, foi extremamente engraçado ouvir Classmates, cantar Classmates e dançar Thriller. Ainda mais numa escada! Era uma ideia bem digna de , era exatamente isso que os nossos fãs pensariam.
Quando Thriller acabou, a coreografia de High School Musical foi iniciada e essa foi ainda mais esquisita ao ritmo de Classmates. Faltando três degraus para o fim, pulei-os. Fazendo um barulho desnecessário ao aterrissar, vi o diretor torcer os lábios, mas me deixando continuar. Com a cara mais sapeca que eu podia fazer, corri em direção ao pátio. Dessa vez, faria o pequeno percurso sozinha. Os dançarinos apareceriam só mais tarde novamente.

Uma coisa que poucas pessoas sabem sobre o pátio de HS – iniciais do colégio –, primeiro: Existem pouquíssimas árvores (Não que isso realmente mude o mundo, mas se for parar para pensar que a Camila se orgulha de ter a escola mais verde do mundo... Fail!). Grama não existe, por isso eu estava usando sapatos pretos estilo boneca. Ah, e o mais importante: Tem um palco para momentos cívicos, aberturas de anos letivos e comemorações especiais. No entanto, naquele dia estava com nossos instrumentos. A bateria de estampava o nosso “M” no bumbo, minha Gibson SG estava num pedestal, enquanto a Les Paul da estava no outro e o baixo clássico da Fender que fez questão de comprar, repousava no último pedestal.
E foi quando eu cheguei à frente do mesmo, que o diretor cortou a cena. Em cima do palco estava sentada com as pernas penduradas na beirada. girava as baquetas do lado da bateria e não havia sinal nenhum da .
- Vocês já sabem o que farão? – ele perguntou.
Não havíamos explicado o fim. Na verdade, nem iríamos. Tive um plano ontem à noite e teve a ideia perfeita para executá-lo. Como sabíamos que seria o surto psicótico final da Camila, deixaríamos em segredo.
- Será épico. – falou, fazendo um sorriso diabólico brotar em seu rosto.
- Ah! Camila, gostaríamos que participasse! – falou, já imaginando a reação da coordenadora.
- Ah, sério? – ela sorriu amplamente. – O que eu vou fazer?
- Basta ser você. Achamos que vai ficar legal para ligar... Hm... Nós agora com... Hm... – estava se segurando para não rir.
- Nós de antigamente. – concluí. – Só me confirme uma coisa, tem aulas nas salas?
- Sim, por isso pedimos para vocês não estenderem até o recreio. As alas onde vocês gravaram até agora foram esvaziadas. Não queremos uma multidão incontrolável... – ela falou.
- Com certeza não queremos. – sorriu de canto.
- Okay, meninas, vocês sabem onde as câmeras estão posicionadas. A sabe o que fazer na hora dela... Então, só agir. Ah, direto do refrão okay? Depois arrumamos tudo na edição.
Camila foi posicionada no primeiro andar, na frente da sala dos professores, já que os corredores eram todos abertos para o pátio. Ela estava o mais perto possível do palco e, contando que estava um andar acima, veria tudo sem poder fazer nada. Havia uma câmera posicionada para ela, e outras quatro cuidando das Marauders.
- 1, 2, 3... – vi o diretor balançar a mão para que eu continuasse de onde eu estava.
Era um pouco antes do refrão e eu cantava a estrofe anterior subindo as escadas. Lá em cima, já estava com a guitarra pendurada e sentada no banquinho da bateria. Subi e vesti minha guitarra apressada. Sorri para dizendo que ela podia fazer o combinado.

Só para ficar entendível, naquele momento, Classmates não tocava em lugar nenhum. Um combinado com a direção era que nos momentos finais, apenas cantaríamos a música para não atrapalharmos as aulas nem fazer todos os alunos aparecerem. Na verdade, para usarmos as alas do ensino médio foi usada a desculpa de conselho de classe, mas todo o ensino fundamental ainda estava ali.
Era hora de colocar o plano das Marauders em prática. Um dos controles que estava no chão à minha frente era o das caixas de som, que, para a coordenadora, estavam simbólicas e sem conexão aos instrumentos.
- Sinto muito. – falei enquanto colocava o volume no máximo.
- Hora de um show das Marauders. – olhou para que assentiu e piscou para mim.
Sem aviso prévio começamos a tocar o refrão. Um pouco desgovernado por estarmos sem um baixo, mas havíamos ensaiado o possível na noite anterior. Então, começamos a ver as consequências dos nossos atos.
Enquanto todas as salas – sem exceções – abriam, as câmeras se viravam para elas, alunos e professores saiam das mesmas. As reações eram as mais variadas: alguns pareciam em choque, outros desciam correndo e uma pequena parte se pendurava nos gradis. Enquanto uma pequena parte dos professores tentava colocar os alunos para dentro, a outra parte se encostava às paredes e assistia a tudo.
Camila ficou verde, azul e roxa em seguida. Depois desmaiou. Melhor que o esperado. Tínhamos pensado que ela gritaria e tentaria acabar com tudo. Os dançarinos apareceram e se misturaram aos alunos, agora sim, havia uma plateia! E todo show que se preste tem uma plateia.
Ainda precisávamos da para que a música ficasse boa, mas eu tinha certeza que ela sabia o que fazer e em breve estaria conosco. Afinal, a só estava sendo a de sempre. Me perguntei se dava para ouvir da sala do conselho. Tomara que sim, sempre gostei de orgulhar as pessoas e estava na hora dos meus professores do ensino médio apreciarem um show de verdade dentro do colégio. Não as bandinhas, o grupo de flautas e coisas que a Camila gostava.

Todos já faziam seus caminhos para o pátio e cantavam o início da música com a gente. e eu fazíamos as palhaçadas de sempre em cima do palco. Camila continuava no chão e eu sabia que estava se divertindo muito com a situação. Vi descendo as escadas e não gritei pra ela, pois percebi que estava gravando. O que posso dizer? O primeiro clipe das Marauders tinha que ser épico.

POV

Enquanto as meninas trabalhavam duro em suas cenas, ensaiando passos de dança e depredando salas de aula e corredores, eu dormi numa capa improvisada na van em que viemos até o High School.
Vejam bem, a minha parte na gravação seria uma certa piada no vídeo clipe. Na verdade, não seria nada além da verdade dos meus tempos de colégio.
De qualquer forma, estava em um bom e profundo sono, deitada na van e tapada por um cobertor de lã bem quentinho, quando ouvi alguém abrir as portas.
- Hey, dorminhoca. – a voz de Gio se pronunciou. – Já, já gravaremos sua cena, levante e se arrume.
Dizendo isso, assisti Gio voltar para dentro do prédio e, logo depois, me levantei, peguei minhas coisas, fechei a van e me dirigi para o banheiro, onde alguém poderia arrumar meu cabelo agora bagunçado e dar um jeito na minha maquiagem, já que a maior parte que havia feito em mim, ficou no travesseiro.

Cheguei lá dentro e, rapidamente, duas mulheres vieram até mim, ajeitando meu cabelo com as mãos e desamassando um pouco o uniforme antigo do HS que estávamos usando para gravar.
- Srta. , o diretor está esperando você ali no saguão para dar-lhe algumas coordenadas de como vai ser gravada a sua cena e, em seguida, começaremos o trabalho sério.
- Tudo bem, vou lá falar com ele. Obrigada, meninas. – sorri.
Caminhei pelo corredor da coordenação, antes tão assustador pra mim. Ele parecia cheio de pequenos aquários, com 10 ou 11 cabines feitas de vidro para cada um dos coordenadores pedagógicos de todas as séries.

Atravessei a grande porta também feita de vidro e cheguei ao saguão, encontrando vários equipamentos de filmagem como câmeras e holofotes, muita gente da equipe e, parado bem no centro do retângulo que formava o local, estava um homem magro e meio careca com uma prancheta na mão, que eu imaginei que fosse o tal diretor.
- Hm... Oi? – falei enquanto chegava perto dele.
- ! Finalmente! – ele disse, mal desviando seu olhar da prancheta para mim. – Vamos logo, sua cena começará a ser gravada lá na entrada. Alguém já explicou como será?
- Não exatamente...
- É o seguinte, você subirá as escadas da entrada principal, as portas estarão fechadas e não terá ninguém ali com você, exceto a menina da recepção. Obviamente você estará chegando atrasada.
- Ok, dessa parte eu já sei.
- Bom, então você perceberá que esqueceu o cartão de acesso das catracas e irá brigar com a recepcionista, que não te permite entrar. Você irá empurrá-la, pular as catracas e correr até o saguão para fugir dela. Chegando lá, suspire de alívio e caminhe calmamente em direção à sala de aula. Quando começar a ouvir uma música muito alta, vá até o mezanino ver o que está acontecendo. As outras meninas estarão lá no palco do pátio começando a tocar sua música. Desça as escadas, suba no palco e junte-se a elas.
- Simples. Gostei. Vamos gravar?
Dessa forma, nos dirigimos à porta principal, enquanto a equipe já montava todo o equipamento necessário ao longo do caminho que eu percorreria durante a cena. Depois de um curto espaço de tempo, começamos o trabalho.
- Ação! – o diretor gritou, enquanto uma das assistentes batia a claquete.
Com minha antiga mochila cinza de uma alça só do filme “O Estranho Mundo de Jack”, subi lentamente as escadas principais do High School of London e, colocando a mão em um dos bolsos da mochila, constatei que estava sem meu cartão. Briguei com a mulher, empurrei-a e a fiz bater as costas na mesa alta de madeira que estava atrás de nós.
Opa, isso estava fora dos planos.
Desculpa se te machuquei, tia, mas a cena tem que continuar.
Peguei impulso numa pequena corrida e pulei uma das catracas, me sentindo o Homem Aranha. Corri pelo corredor dos aquários, quer dizer, da coordenação, parei no saguão e suspirei, passando a mão na testa rapidamente, como se estivesse limpando o suor. Continuei caminhando, até que realmente ouvi uma música vinda do pátio. As meninas estavam animadas, já começando a tocar, enquanto alguns alunos e professores saíam da sala para ver o que estava acontecendo.
Surpresinha!
Desci as escadas e caminhei até o palco, subindo ali com as meninas. Fizemos hi-five e, antes do primeiro refrão, entrei com o meu baixo.

Muita gente já se reunia na frente do palco, pulando e cantando com Classmates. Os professores já haviam desistido de tentar controlar as turmas e dois homens vestidos de branco – enfermeiros provavelmente – carregavam a desmaiada Camila para fora dali.
Tudo estava dando certo. Estava tudo perfeito. Nosso primeiro clipe, quem diria!
Classmates tinha chegado no segundo refrão e, agora, o pátio central no HS estava lotado de crianças e adolescentes pulando, gritando, cantando. Até mesmo alguns professores haviam se juntado a eles, os mais jovens principalmente. Vi alguns dos meus antigos “mestres” e pensei em como eu estava certa durante todos aqueles anos: eu nunca usaria a matéria deles para nada na minha vida.
Afinal de contas, uma estrela do rock não precisa saber o Nox do Boro e nem a força da gravidade entre a Terra e a Lua, né? Convenhamos!

A música terminou e a galera foi à loucura! O diretor gritou “Corta!” em algum microfone que foi parar nas mãos dele e decretou aquele clipe como “oficialmente filmado”.
Acho que isso era uma coisa boa no fim...

Todas aquelas pessoas no pátio, porém, não estava satisfeitas com somente aquela pequena gravação de uma música somente. Elas queriam mais. Os professores voltaram a tentar organizar tudo novamente e fazer os alunos voltarem para suas salas de aulas, mas, por alguma razão, nem eles pareciam realmente querer voltar aos seus respectivos trabalhos. Estampado no rosto de 98% das pessoas que estavam ali, estava a vontade de mais música, mais rock, mais Marauders.
E eu também via o diretor, pessoas da equipe e Gio descendo as escadas em direção ao pátio, provavelmente para começar a desmontar e organizar as coisas. Agimos, então, rapidamente.
Nos olhamos durante uns 30 segundos e sussurramos algumas coisas, tomando uma decisão e, antes que todos aqueles acabassem de descer as escadas, começamos a tocar outra música e os alunos soltaram gritos ensurdecedores.
Aquilo estava demais!
Tocamos Fly With Your Own Wings, o nosso hino, e então fomos interrompidas por uma Gio com cara de responsável, nos mandando descer do palco agora e voltarmos para cima.
Ok, Gio, estamos indo.
e falaram mais algumas coisas com o público, deu seu oi clássico de todo o show no microfone de sua bateria e eu apenas sorria e acenava.

Eu estava feliz, incrivelmente feliz. Embora estivesse no lugar em que presenciei meus piores pesadelos, era incrível esfregar na cara daqueles que não acreditavam em mim o lugar no qual eu havia chegado. Muito mais longe do que qualquer um deles um dia chegaria na verdade e isso era gratificante.
Fomos arrastadas do palco por uma Gio que parecia atrasada para alguma coisa e entramos na van não muito tempo depois.

- Meninas, foi épico. – Gio se pronunciou pela primeira vez, depois de dar as instruções para o motorista.
- Ficou sensacional! – se empolgou.
- Você sabe quando vai ficar pronto, Gi? – perguntou.
- Final de maio, provavelmente, meninas... Pode demorar um ou dois meses.
- E quando vamos lançar? – sorria.
- Mais próximo do lançamento do álbum, duas ou três semanas antes.
- Vamos fazer uma mega festa? – perguntei, já pensando nas bebidas e vestidos e sapatos.
- Obviamente não, né, ... A festa será só no lançamento do CD.

Suspirando por mais uma festa perdida, olhei pela janela e vi várias casinhas de estilo inglês passando rapidamente na rua. Nós tínhamos um vídeo clipe. Nosso primeiro de muitos. Estávamos famosas.
Nós havíamos conseguido. As Marauders estavam famosas.
E somente agora, vendo as pequenas casinhas parecidas com as quais nós costumávamos morar antigamente, cada uma de nós com sua família, na cidade de onde viemos, percebi que aquilo tudo realmente estava acontecendo.

Não era sonho, era realidade. E eu não podia estar mais feliz.



(16)...And Kiss a Gnome!


POV

Acho que eu nunca tinha ido em tantas festas em um período tão curto de tempo. Talvez seja uma consequência de ser famosa, ou não. Mas era dia 22 de maio de 2012, o aniversário de 26 anos da e a festa de comemoração não poderia faltar.
Nossa vida tinha mudado bastante desde março, na verdade, no aniversário do Daniel. Era óbvio que aquele envolvimento da com o Harry causaria algum impacto em nossa rotina, nós só não tínhamos ideia de que seria um impacto tão grande.
Eles estavam juntos há mais de dois meses e, nesse tempo, a convivência Marauders-McFLY aumentou drasticamente. e Danny estavam mais unidos do que já eram, e a ruiva tinha uma ótima relação com todos os meninos, até mesmo com Dougie. Eu havia criado uma amizade com o anão que até poderia ser chamada de muito legal. e Tom se davam muito bem, aproximando-se e tornando-se bastante amigos graças a coisas de nerd como Star Wars; e a morena também se dava muito bem com Harry.
A guerra até poderia ser dada como encerrada, se não fosse pelo ódio inacabável da pelo Danny. A raiva que a morena sentia por ele parecia não ter desculpa para terminar, e aquilo estragava vários momentos bons que tínhamos quando estávamos todos juntos. Apesar de tudo, eu e as meninas entendíamos o motivo e não intervíamos.
Ele só estava muito magoada afinal. Ainda muito magoada.
De qualquer forma, eu estava somente esperando ficar pronta para sair de uma vez e cessar a espera do motorista.
- , se arruma de uma vez! – Eu gritei ao pé das escadas.
Estávamos em sua casa nos arrumando como sempre fazíamos, enquanto e estavam no salão alugado para a festa, ajeitando os últimos preparativos. As duas tinham se arrumado mais cedo, e queria ter certeza de que tudo estaria perfeito antes dos convidados chegarem, e ninguém melhor para resolver os problemas de última hora do que a .
Além da Gio, obviamente, mas a mesma já fazia parte da equipe que estava preparando a festa.
Sentei no último degrau da escada, cansada de esperar, cuidando para que nada da minha roupa amassasse.
Eu estava usando uma saia preta um pouco rodada e de cintura alta, presa a ela havia um suspensório, também preto. Uma camiseta branca, enfeitada com alguns spikes dourados nos ombros e nas mangas, completava a minha roupa. Meu cabelo estava solto, e eu havia feito algumas ondas nas pontas, deixando minha franja lisa e caindo pelos olhos. Usava também uma bota de salto alto e cano baixo, em um tom dourado velho.
Quando finalmente ouvi os saltos de descendo as escadas, entendi porque ela havia demorado tanto. A ruiva estava com um vestido rosa claro com alguns poucos detalhes em preto. Nos pés, botas pretas em modelo gladiador de salto alto que eu aposto que ela demorou horas para calçar. Os cabelos ruivos soltos e lisos nas costas, como eram naturalmente.
- Desculpa, baixinha, essa bota me causou problemas. – Ela disse, enquanto pegava sua bolsa e já caminhava em direção a porta. – Vamos? Estou só te esperando.
Bufando, levantei do degrau e fui em sua direção. Entramos no carro e o motorista nos levou ao nosso destino final daquela noite.
O salão ainda estava vazio, obviamente, considerando o fato de que éramos as primeiras a chegar. Algumas pessoas da equipe ainda ajeitavam algumas mesas e alguns técnicos preparavam a mesa de som para o DJ que tocaria a festa inteira. E , Gio e estavam sentadas em uma das mesas já prontas.
- E aí, meninas? – disse , nos abanando enquanto caminhávamos na direção delas.
- Tudo bem por aqui? – Perguntei. – Queria chegar mais cedo, mas teve alguns probleminhas com as botas.
As três meninas desviaram o olhar de mim para os pés da ruiva, e imediatamente começaram a rir.
- Típico. – Gio comentou.
- Está tudo pronto sim, . – A aniversariante se pronunciou pela primeira vez – Agora é só esperar todos chegarem, estou nervosa. – Ela sorriu.
- Que besteira! É claro que todos virão! E vai estar tudo perfeito, inclusive você! – apoiou a amiga.
estava perfeita mesmo. Usava um vestido laranja tomara que caia com uma faixa preta abaixo dos seios. No busto, alguns babados no mesmo tecido de seda do vestido e sua saia era solta e um pouco rodada. Nos pés, Guccis pretos com dourado, feitos especialmente para ela de presente de aniversário.
Ela tinha as melhores amigas e companheiras de banda, afinal.
Reparando nas roupas das meninas, usava um vestido azul claro, estampado em azul até um pouco antes do quadril. Um cinto prateado marcava a sua cintura e, nos pés, uma sandália prata. Gio estava mais parecida comigo, pelo menos não usava um vestido como as outras garotas. Ela colocara uma calça de couro preta bem justa, combinando com sua camiseta branca e preta do AC/DC e sua jaqueta em um jeans velho e desbotado vermelho. Nos pés, um sapato mais alto do que o de todas nós em um tom vermelho sangue.
Mais tarde, quando todos os convidados já haviam chegado e trocara o sentimento de angústia por felicidade, dançávamos na pista de dança ao som de Shakira como se não houvesse amanhã.
E quando eu digo todos, McFLY está incluído.
Era estranho pensar assim, mas eles estavam incluídos no nosso “todos” há algum tempo. - Hey, garçom, champagne! – gritou para o garçom que passava com uma bandeja perto de nós, e que rapidamente entregou uma taça a ela.
- Whisky pra mim, querido. – Acompanhei minha amiga.
e Harry dançavam e se beijavam, se enroscando em algum lugar ali perto de nós, na pista de dança, enquanto nós seis só dançávamos, bebíamos e nos divertíamos. E até que não estava tão careta hoje, pois tomara uma taça de champagne. Relevemos o fato de que foi no brinde do parabéns.
- Hey, Tom, acho que essas duas não vão conseguir chegar em casa sozinhas hoje. – Ouvi comentando.
- Bom, é pra isso que você, o Dougie e o Harry servem não é? – Ele respondeu, rindo da cara dela e dos outros dois que também não bebiam.
- É isso aí, Tommy! – Fiz high five com o loiro. – , sua chata, não estrague a diversão que o álcool nos proporciona, por favor.
Rindo da nossa cara, voltou a dançar com a ruiva. As duas desciam até o chão, enquanto eu, Tom e Danny apenas balançávamos o corpo de forma desajeitada. Dougie olhava para as meninas rindo.

POV

Se a não estivesse ali comigo, eu juro que teria dado uns vinte chiliques. Primeiro, porque o salão não estava totalmente arrumado quando chegamos, e os funcionários estavam organizando tudo numa lentidão digna de tartarugas.
Resolvi falar com a Gio para ver o que estava acontecendo.
- Gio, querida, por que não está tudo pronto ainda? – Olhei para ela, exasperada.
- Calma, , eles já estão acabando, só faltam os bancos do bar, só que estes ainda não chegaram.
- E você ligou para quem está trazendo? - perguntou.
- Claro, eles estão a caminho.
- A caminho quando, Gio? - Fiz beicinho.
- Em alguns minutos eles estarão aqui. Se acalme, até parece que você está casando e não fazendo aniversário! Aliás, você recebeu o meu presente?
- Claro, só não usei o colar hoje porque não combinava com a minha roupa, mas eu amei, Gio, obrigada! - Dei pulinhos de alegria e abracei a nossa linda manager.
- De nada, anjinho, mas se acalma. Sei lá, vai tomar um drink, liga pra alguém, faz alguma coisa, mas não vai dar um piti!
- Ok, ok, mamãe!
Fui com a até o bar e pedi um Alice in Wonderland, e a ela pediu um Evil Princess sem álcool. Assim que recebemos as nossas bebidas, recebi uma mensagem. Vi que era de Harry e abri um sorriso.
“Os garotos são umas meninas pra se arrumar. Vamos nos atrasar um pouco. Xx”
- Que sorriso é esse, ?
- Uma mensagem do Harry...
- Tá apaixonadinha, é?
- Sinceramente... - Eu suspirei. - Eu não sei.
- Ai , não fica assim, vive o momento!
- É o que eu estou fazendo, não é?
Peguei o meu drink e peguei a mão da . A morena pegou seu drink e fomos sentar onde Gio estava. Nossa manager estava ao celular, para variar, então nos sentamos sem fazer muito barulho.
- Ok. Então, está certo. Tchau. - Ela desligou o seu iPhone e deu um check na prancheta a sua frente. - , os bancos acabaram de chegar.
- Ah, que ótimo. Agora só falta o quê? – Perguntei.
- Aquelas mesas lá do canto, o canto do DJ e os convidados.
- Espero que os últimos venham!
- É óbvio que eles vão vir, sua anta. - falou, no seu jeitinho meigo de ser.
- Ah, eu sempre tive medo de ninguém aparecer nas minhas festas de aniversário, por isso quando eu era criança eu nunca fazia.
- Agora você é a das Marauders; você realmente acha que alguém perderia esse evento?
- É verdade!
- Olha ali, as meninas chegaram! – Gio comentou.
Virei para trás observei-as caminhando em nossa direção, com sorrisos estampados nos rostos. Elas estavam lindas. Elas eram lindas.
Os primeiros a chegar, tirando as meninas, foram os McGuys. E, assim que eles entraram, o DJ começou a tocar, parecia até que eles tinham combinado, mas eu duvido muito.
- Oi, meninos! - Eu falei alegremente.
- Oi, ! Oi, meninas! - Disse Tom, ainda meio tímido. - Feliz aniversário! - O loiro veio me dar um abraço de urso e um beijo na bochecha.
- Obrigada, Tom! - Falei ainda presa em seu abraço.
- Hey, assim eu fico com ciúmes! - Danny falou, fingindo estar irritado.
- Não se preocupe, Danny, tem pra todo mundo! - Falei rindo.
- Não estava falando de você, , estou com ciúmes do MEU Tom. - Ele falou, me olhando como se eu fosse retardada e pulando no colo do loiro.
- Ah, agora faz sentido! - riu.
Danny mostrou a língua para a ruiva e falou pra mim:
- Feliz aniversário, ! Tudo de bom!
- Obrigada, Danny! - Dei um abraço nele. Dougie veio me desejar parabéns logo depois, e eu o abracei também.
Enquanto os garotos cumprimentavam as meninas, eu senti falta de Harry, mas logo alguém me abraçou por trás e falou:
- Tem pra todo mundo mesmo? - Harry falou no meu ouvido, fazendo os cabelos no meu pescoço se arrepiarem.
- Na real, só tem pra você está noite, bonitinho. - Falei, me virando pra ele e tocando a ponta do seu nariz com o meu indicador.
- Acho bom mesmo! Feliz aniversário, linda!
- Obrigada, Harry! - Falei, e dei um selinho nele.
Me virei e vi Tom, e conversando animadamente sobre alguma coisa nerd, e Dougie e se olhando, enquanto Danny falava sobre alguma coisa tapada que ele havia feito hoje.
Olhei para a porta e vi mais gente chegando, abandonei os meus amigos e fui receber os convidados. Depois de um tempo, cansei de receber beijinhos, abraços e parabéns, e vi Harry sentado em uma mesa. O convidei para dançar, e o moreno de olhos azuis aceitou.
Dançamos umas sete músicas até eu me cansar e perguntar onde os outros estavam.
- Não sei, vamos procurar?
- Vamos.
Peguei sua mão e o guiei até perto do bar, onde poderíamos encontrá-los mais facilmente. Dito e feito, , Tom, e Danny estavam dançando animadamente ao som de I Need Your Love do Calvin Harris. Fomos até eles e não vimos e Dougie.
- Ué, cadê o resto?
- Nós nos perdemos, eu acho. - falou rindo. A baixinha já havia bebido demais.
- Ah, eles sabem se cuidar, não é? - Tom falou.
- Esperamos que sim... – Falei, olhando com cara de safada, e logo rindo.

POV

Uma característica para ser uma boa Marauder é saber dar uma boa festa. Além, é claro, de saber aproveitar uma boa festa. Se pudéssemos colocar todas as pessoas que estavam lá em uma fila, iriamos de Londres à Manchester mais de uma vez. Eu sequer sabia que a conhecia tanta gente.
Ou talvez a garota tivesse convidado algumas pessoas, e não um limitado número de convidados, daí a bola de neve clássica tornou a festa fantástica. Havia pessoas bêbadas rindo sozinhas, inúmeros casais aos beijos por aí, algumas pessoas sentadas conversando e outras dançando.
Depois de dançar o suficiente e deixar a pista de dança livre para o casal vinte se engolir, acabei sentando em uma das cadeiras da mesa que Tom ocupava.
- Tô morta. – Constatei.
Tom limitou-se a rir e me estender um copo d’água. Pisquei pra ele agradecida, e bebi o conteúdo em longos goles.
- Obrigada. – Agradeci quando consegui. – O que você faz aqui sentado?
- Estou abandonado. – Fez um beiço de brincadeira.
Antes que você pense que eu virei a casaca, a história não é bem assim. Tom Fletcher, o ex-gordinho e dono da covinha mais fofa do Reino Unido, é o único dos McGuys que é aceitável. Na verdade, nesses momentos de convivência forçada que vínhamos tendo, acabamos encontrando muitas coisas em comum e até ficando amigos. Por vezes, Tom chegou a me descrever como seu eu feminino.
- Coitado. – Falei enquanto acenava para um garçom, pedindo outro copo d’água. – Essas festas estão acabando comigo.
- Uh, party girl. – Zombou.
- Zombe enquanto você pode, Fletcher. – Ameacei, brincando. – Quando eu pisco, estou numa festa, aí eu pisco de novo, e estou num estúdio.
- Talvez você ande piscando pouco...
- Okay, suspendam a bebida do loiro aí, tá ficando crítico o negócio. – Comentei, revirando os olhos. – Thomas Fletcher, o que aconteceu contigo?
- Mulheres... – Ele começou.
- Nem começa o terço. – Interrompi, não precisava ouvir o Fletcher reclamar que não chovia no seu terreno há tempos. – Alguma ideia de onde estão as outras Emes?
Fazendo uma pergunta meio automática para mim foi que percebi que minhas amigas – tirando a – estavam fora da minha visão há muito tempo. Olhei ao redor, mas como já havia constatado, Londres inteira havia se mudado para festa de aniversário da .
- Aquela ali dando em cima do barman com certeza é a . – Ele afirmou, apontando para o local.
Sorri de lado ao perceber que era mesmo a . A loira estava debruçada sobre o balcão enquanto falava alguma coisa e ria em seguida. Preferi não comentar com o Tom que aquele era um grande amigo da , de longa datas. Ciúmes faz bem; não sendo comigo, sempre faz bem.
- Vou lá falar com ela então. – Comentei, me levantando.
Tenho quase certeza que ouvi a frase “Isso, põe ordem” vinda do Tom, mas prefiro acreditar que o McGuy é um garotinho virgem que brinca com bonecos de ação e fala de Star Wars comigo, do que aceitar que ele pode estar querendo alguma coisa com a .
- É só desgraça que aparece na minha vida. – Comentei em voz alta, vendo se virar na minha direção.
- O quê? – Ela perguntou.
- Nada. – Dei de ombros. – Você viu a ? Estava pensando em cantar parabéns pra ...
- Sem chance, não vejo a ruiva faz tempo. – Ela torceu os lábios.
Merda. Se dois mais dois eram quatro e não peixe, eu tinha certeza de onde a estava. Mas para eu confirmar isso, era preciso localizar outra pessoa.
- Bom, precisamos cantar parabéns antes que a esqueça o seu nome. – Apontei para o local onde os bateristas estavam.
- Isso é maldade, sabia? Deixa ela aproveitar a vida... – comentou, e não reprimi a minha vontade de revirar os olhos.
- Se eu quisesse interromper aquilo, saiba que eu teria interrompido da primeira vez que eu fiquei sabendo...
Sem dizer mais nada sai caminhando pela festa, acenando para alguns conhecidos e sorrindo para os desconhecidos por simples educação. Eu andei mais um pouco até que bati com tudo em alguém.
- Descul... Ah, é você. – Fechei a cara ao perceber de quem se tratava.
- Vamos lá, . Não é tão difícil, macacos também sabem pedir desculpas...
- Percebi isso há cinco segundos, quando você falou.
- Suas palavras não doem mais... – Jones falou.
Um pensamento passou pela minha cabeça, por sorte consegui impedi-lo de sair antes que falasse besteira.
- Fico feliz que você cresceu e não se magoa mais com as verdades. – Continuei.
Eu não gostava de tratá-lo assim, e de ter que parecer uma bitch ou égua toda vez que encontrava com ele. Toda essa grossura e estupidez era uma tentativa de mostrar para ele como eu me sentia depois de tudo que acontecera. Estava tentando explicar como eu estava depois de tudo o que eles fizeram com a gente.
- Certo, banque a maluca sozinha, . – Ele falou, passando por mim sem encostar.
- Espera. – Falei, antes que me desse conta. Danny se virou franzindo a testa. – Eu... ai... des...ah... hm, você sabe.
- Não, eu não sei. – Ele sorriu cheio de si.
- Argh, vá à merda, desculpa. – Falei tudo correndo.
- Por hora, serve. – Danny comentou, dando de ombros – A propósito, desculpa novamente, pelo que eu te fiz.
- Já te falei sobre o que eu acho de pedir desculpas em vão.
Danny colocou a mão no pescoço como sinal claro de que não sabia o que fazer em seguida. Pude ouvir uma música do Bruce Springsteen extremamente antiga começar a tocar, e não pude deixar de sorrir. Mesmo estando na Disneylândia com o Pateta de um lado e a Pocahontas do outro, Fire sempre iria me lembrar do cara que estava parado na minha frente naquele exato momento.
- Nem sabia que as pessoas conheciam essa música. – Danny comentou mais para si do que para mim.
- É a minha favorita. – Falei, displicente. - Bom gosto, . – Ele manteve o tom suave.
- Conte-me algo que eu não sei. – Soltei minha arrogância de leve. – Por mais que eu prefira o Jon, o Bruce também faria parte da minha playlist perfeita.
- Bon Jovi... É uma banda boa. – Ele comentou. – Da próxima vez que eu ouvir, vou me lembrar de você.
- Banda maravilhosa, Jones. Respeite-os. Admire-os. Tente ser um terço do Jon com cinquenta anos, e a sua carreira será a melhor dos últimos tempos.
- Um terço do Bruce já me é o suficiente.
- Cada um com os seus parâmetros. – Comentei. – Quem diria que eu estaria falando calmamente com você?
- É, obra de dois titãs da música. – Danny sugeriu. – Talvez eles consigam outro feito e você saia comigo um dia ou seja legal comigo outra vez?
- Sem chance, Jones. Acho que eu tô meio bêbada só com o ar daqui. – Ri e ele me acompanhou.
- Então faremos assim... Quando o seu amado Jon e o Bruce, meu ídolo, tocarem juntos, você vai aceitar sair comigo, combinado? – Ele sugeriu.
Ri da possibilidade, seria o maior encontro musical de todos os tempos, pelo menos na minha opinião. Se isso acontecesse, eu seria a primeira a comprar os ingressos, dormiria na fila e não estaria me preocupando em sair com o Jones. Mas se bem que... - Não. – Afirmei. – Se isso acontecer, além de aceitar sair com você, você vai me levar no melhor lugar da arena para assistir a esse show.
- Feito. – Ele esticou a mão, e eu a apertei em resposta.
- Sinto muito em lhe dizer, mas isso é praticamente impossível. – Fui sincera com ele. - Sinto muito em lhe dizer, mas eu acredito no impossível , afinal... – Ele parou no meio.
- Afinal o quê? – Eu perguntei curiosa.
- Continuo pouco antes de você ver o melhor show da sua vida. – Ele comentou, dando a entender que eu iria esperar eternamente para ouvir aquilo, se é que iria ouvir.
- A propósito, você viu a ? – Esperava que ele soubesse de algo, já que vinha do lado contrário.
- Ela passou com o Dougie bem rápido por mim, faz uns minutos.
Ah, , eu sou um gênio e, graças a Deus, dois mais dois ainda era quatro.

POV

Aquela festa estava muito quente ou era impressão minha?
Enquanto dançávamos loucamente ao som de alguma coisa a qual eu estava muito distraída para identificar, o álcool da champagne corria pelas minhas veias, e as faíscas dos olhares de Dougie atingiam diretamente meus olhos, rosto, e corpo, sem dó nem piedade. E eu usava de todo o meu autocontrole para continuar dançando como se nada estivesse acontecendo, sorrindo para ele uma vez ou outra, só para vê-lo dirigir seu sorriso pra mim novamente.
Aquilo parecia o paraíso dos meus sonhos de adolescente. E talvez dos meus sonhos atuais também.
Desde que Tom havia me falado, na festa de aniversário do Danny, que Dougie gostava de mim de uma forma diferente da que eu pensava, eu vinha confabulando a possibilidade desse seu sentimento ser recíproco. Eu revia toda a minha história que envolvia o baixista, e contemplava os prós e contras de qualquer tipo de relação que pudesse existir entre nós.
Na verdade, desde que a "nova " havia surgido na vida de todos nós, a minha relação com todos os meninos estava ótima, inclusive com o Dougie. Eu nunca havia pensado ou planejado um algo a mais em qualquer uma dessas relações, mas, ao saber dos sentimentos dele, comecei a matutar.
Sinceramente, aquilo parecia muito surreal pra mim. Apesar de já ter namorado um famoso - e saído bastante magoada no final, esse relacionamento com o Dougie parecia algo premeditado pelo destino. Uma coisa certa.
Eu continuava dançando com no meio da pista de dança, quando a morena decidiu parar um pouco para descansar e tomar uma água.
- , eu já volto! Preciso de água, quer uma também? - A morena falou.
- Não, , obrigada... Vou continuar por aqui mesmo.
Sendo assim, assisti a morena se afastar e um outro moreno se aproximar.
- , mal falei com você essa noite...
- Pois é, Jones. Me trocou pela .
- Cale a boca, ruiva, você sabe que é minha Marauder favorita. Aliás, você está linda.
- Own, obrigada, Danny! Você também está.
Ficamos um tempo conversando sobre coisas fúteis até eu me lembrar de um detalhe da minha vida o qual ele poderia me ajudar a resolver.
Eu havia, obviamente, conversado com o Danny sobre a minha possível atração para com o seu amigo anão, e ele havia me confirmado sobre os sentimentos por parte do loiro, além de me dar vários conselhos do que eu deveria ou não fazer, e do que ele achava que seria melhor pra mim.
- Hey, Danny, lembra daquele lance do Dougie e...
- Eu vi vocês se olhando a noite inteira hoje, pequena. - Danny me interrompeu e sorriu pra mim. - Aproveita a sua vida enquanto dá tempo, , e não se esquece de me chamar para ser padrinho daqui a alguns anos, porque eu fui o primeiro a shippar vocês.
- Ai, Daniel, cala a boca, e seja sério por um minutinho só, por favor?
- Eu estou sendo sério, ok, ? E tenho uma coisa muito importante pra te contar: Dougie também veio falar comigo e eu disse a ele que você estava bastante balançada com os pequenos olhinhos azuis dele e...
- O QUÊ?! Daniel Jones eu vou te matar.
- E ele me contou que estava tomando coragem para criar alguma iniciativa de falar com você e...
- Ai. Meu. Deus.
- E você sabe que ele é todo tímido e sensível, e com esse jeito meio gay, , seja legal.
- Jones, me lembre que eu preciso te bater até o fim da noite, ok? Agora eu estou sem condições. - Falei pra ele, depois de tudo o que me contou. Pus uma mão na testa e outra sobre meu estômago, sentindo o princípio do enjoo e da tontura que chegariam logo pelo meu nervosismo.
- , pode parecer homossexual da minha parte, mas vocês combinam e formariam um casal mais bonito que a e o Harry, então, por favor, seja o homem da relação, porque ele está vindo na nossa direção agora.
- O QUÊ? - Gritei novamente, mas já era tarde demais. Após alguns segundos, já podia ouvir sua voz, que fazia os pelos da minha nuca se arrepiarem. Ele estava muito mais próximo do que era seguro.
- Hey, ! Mal falou comigo hoje. - Ele sorriu pra mim. Era óbvio que ele estava tão nervoso quanto eu. - Senti sua falta nos últimos dias.
- Ah, Dougie, imagina... - Respondi, gaguejando em algumas letras - Estamos nos vendo tão seguido ultimamente... Não é, Danny?
Quando olhei para onde aquele filho da mãe deveria estar, não vi nada além de um espaço vazio. Dougie olhou pra mim com uma cara estranha e, logo depois, abriu outro sorriso ao ouvir a música que começava a tocar.
- Droga, eu amo essa música. - Falei.
- Eu sei. - Dougie sorria de um jeito que fazia meu coração bater como as asas de um beija-flor, e parecia perceber isso, o que o fazia abrir um sorriso maior ainda. Cretino. - Vamos dançar?
Assenti, impossibilitada de negar aquele pedido, considerando que a música que tocava era Somewhere in Neverland do All Time Low.
- Essa música me lembra muito você, sabia? - Dougie continuou conversando comigo enquanto dançávamos. - Principalmente pela sua tatuagem. Eu adoro ela.
Sorri inevitavelmente pra ele.
Ele era o meu pequeno sonho. Literalmente. E eu não podia mais negar.
Esqueci todos os contras que aquilo podia causar e joguei o nervosismo para longe, me entregando inteiramente ao momento e aproveitando a vida como tinha de ser.
Por mais que pudesse parecer perigoso, resolvi seguir ao conselho de Danny. Continuamos dançando quando outra música do All Time Low começou: A Daydream Away.
Dougie me encarou por um tempo e pegou minha mão, me puxando para perto de si para que pudéssemos dançar aquela música apropriadamente, afinal, ela era mais lenta. Ele colocou sua outra mão na minha cintura e apertou meu corpo contra o seu, me fazendo sentir seu peito subir e descer por conta da respiração e fazendo todos os pelos do meu corpo se arrepiarem. Colocou minha mão, que antes estava sobre a sua, em seu ombro, e eu automaticamente levei meu outro braço até lá também, envolvendo seu pescoço em um pequeno abraço.
- E essa música me lembra você, eu só não sei por que... Mas você aparece na minha cabeça toda vez que ela começa a tocar.
Inicialmente, encarei aqueles olhos azuis que tanto me atraiam e que, naquele momento, refletiam todo o brilho que seu sorriso também tentava me passar. Eu me sentia a garota mais sortuda do mundo por estar em seus braços, podendo ver o colorido de seus olhos tão de perto.
Então percebi que Dougie foi chegando mais e mais perto, desmanchando seu sorriso por alguns instantes e misturando nossas respirações até torná-las uma só. Quando dei por mim, já tinha desviado dos seus lábios e escondido meu rosto em seu pescoço, aproveitando e me embriagando com seu perfume docinho.
Era deliciosamente irresistível.
O abracei mais forte antes de voltar a olhá-lo, mas quando o fiz, ele continuava sorrindo pra mim. E aquele sorriso me mataria algum dia, levando em consideração o quanto meu coração acelerava ao enxergá-lo todas aquelas vezes.
- Você quer sair daqui? - Ele se aproximou de mim novamente e sussurrou no meu ouvido, passando seu nariz levemente gelado pela minha bochecha, e me fazendo arrepiar mais uma vez.
Era lógico que ele tinha percebido. De novo.
Assenti com a cabeça de leve, e Dougie pegou em minha mão e nos guiou por meio às pessoas da pista de dança até algum lugar mais calmo e reservado.
Danny passou por nós e sorriu pra mim, orgulhoso como quem diz que sempre teve razão.
E, apesar dele realmente ter tido razão dessa vez, o filho da mãe ainda me devia algumas explicações, e eu não havia me esquecido que precisava bater nele até o fim da noite.
- Dougie, onde estamos indo? - Perguntei ao chegarmos em frente a uma grande porta de vidro, que eu não fazia ideia que existia.
- Está calor aqui dentro, não acha? Vamos tomar um ar ou dois. - O loiro respondeu, ainda sorrindo.
- E a gente pode entrar ai? Ou sair, tanto faz. - Ele soltou uma pequena gargalhada, e eu fui obrigada a revirar os olhos.
Sem me responder, Dougie simplesmente abriu a porta e saímos para um estacionamento de porte médio completamente vazio. As marcas brancas para os carros desbotavam no chão, e o silêncio que predominava naquele espaço tão sem importância me fazia perceber o forte brilho que as estrelas possuíam naquela noite.
- Como você sabia desse lugar? - Perguntei.
- Perguntei pra se existia algum lugar em que eu pudesse tomar um ar, e ela me apontou pra essa porta. Na verdade, eu não sabia o que tinha do outro lado. - Dougie explicou.
- Sorte nossa, então. - Respondi sem perceber, e me sorriu abertamente ao ouvir.
Ainda de mãos dadas, Dougie me puxou para o meio do estacionamento e ali paramos, mesmo de pé.
Depois de um tempo quietos, ele quebrou o silêncio.
- Eu me sinto bem quando estou com você.
- Dougie... - Disse, sem saber ao certo como responder.
- O som do meu nome fica muito melhor com a sua voz, sabia? - Ele disse mais uma vez, olhando no fundo dos meus olhos e se aproximando novamente. E, mais uma vez, eu desviei meu rosto do dele, sentindo-o suspirar antes de continuar a falar – Se eu já gostava da sua voz cantando, falando meu nome eu gosto ainda mais.
- As estrelas estão lindas hoje, olha. - Mudei de assunto - Eu amo olhar pra elas em noites como essa.
- Você gosta de estrelas? - Dougie perguntou em um tom surpreso.
- Muito. Quando criança, eu queria ser astronauta pra poder vê-las de perto. - Olhei para ele e sorri. - Pena que quando a gente cresce a gente acaba conhecendo o tal do "impossível", né?
Ele aproximou seu corpo do meu, e eu estava encantada demais com tudo aquilo para desviar.
Dougie acariciou meu rosto com ambas as mãos, e colocou uma mecha dos meus cabelos atrás da orelha, e eu fechei os olhos automaticamente.
Senti sua respiração em meu rosto e continuei com meus olhos fechados, esquecendo do resto do mundo e focando somente em nós dois. Senti seus lábios levemente sobre os meus e, instantes depois, senti Dougie afastar-se.
Abri meus olhos rapidamente e o vi a menos de dois centímetros de mim, nossas respirações ainda se misturando e seu olhar fixo no meu.
- Me assustei quando você não se afastou dessa vez. - Dougie sussurrou.
Sorri pra ele da forma mais meiga que eu consegui, tentando passar através dos meus olhos tudo o que eu estava sentido naquele momento. Sussurrei seu nome mais uma vez, só para vê-lo abrir um sorriso enorme e me fazer desistir de todo o meu autocontrole, e parar de pensar em tudo o que poderiam dizer ou fazer, e simplesmente deixei que meus desejos falassem por mim.
Coloquei minhas mãos em sua nuca e aproximei nossos rostos novamente, iniciando o beijo. Dougie mordeu meu lábio inferior levemente e aprofundou o contato, me fazendo sentir seu gosto pela primeira vez, e ver estrelas ainda mais bonitas do que as verdadeiras estrelas no céu daquela noite.
Suas mãos estavam apoiadas em meu quadril, e me puxavam para si como se aquilo ainda não fosse perto o suficiente. Em busca de ar, nos afastamos lentamente e, ainda um pouco ofegantes, nos encaramos por alguns segundos antes de cairmos na risada.
- Sabe o que tudo isso me lembra? - Ele me perguntou, como se eu pudesse ler sua mente, e eu simplesmente neguei com a cabeça – Os meus sonhos de adolescente de ficar com uma rockstar.
- Really?! - Perguntei, surpresa. – Bom, acho que eu posso dizer o mesmo.
- Você também sonhava em ficar com uma rockstar?
- Não, seu besta, eu sonhava em ficar com um cara gatinho de uma banda famosa. – Ele riu. – E depois vocês chamam o Danny de lerdo!
Dougie parou de rir e olhou para mim com as bochechas coradas pela vergonha, sorrindo de maneira boba e pegando na minha mão.
- Você vai ver só quem é lerdo.
Ele se aproximou e me beijou novamente. Eu não cansaria da sensação que era beijá-lo tão cedo. Eu não cansaria do seu gosto delicioso tão cedo também.
Nos afastamos novamente e ficamos observando as estrelas por um tempo, até eu quebrar o silêncio.
- Acho melhor entrarmos, devem estar nos procurando.
Andei alguns passos, arrumando meu vestido e meu cabelo enquanto ele me olhava, ainda parado no mesmo lugar, e sorria como havia feito a maior parte da noite.
E, deixando claro, meu coração ainda acelerava toda vez que isso acontecia.
- Você é linda.
Nesse momento, tive certeza de que as minhas bochechas ficaram da cor do meu cabelo. Ele revirou os olhos como quem diz que eu não deveria ter vergonha de ser linda, e caminhou os passos que faltavam na minha direção.
- Você quer contar pra eles? Ou quer deixar isso somente entre nós? - Dougie foi fofo o bastante pra perguntar, mas...
- Você realmente acha que eles vão acreditar em qualquer coisa que a gente diga, depois de ficarmos tanto tempo sumidos? Dougie, por favor, eles já têm certeza do que aconteceu.
- Assim como nós fizemos com a e com o Harry, entendi. - Dougie soltou uma gargalhada, me fazendo rir também, por causa de sua risada bonitinha.
- Rindo a toa, Poynter?
- A culpa é sua, fofura!
Ele me beijou novamente, e em seguida fomos em direção ao salão, percebendo que havíamos ficado mais tempo juntos do que pareceu.
A festa já estava praticamente acabada. Os últimos convidados se despediam e iam embora enquanto o DJ tocava as piores músicas do repertório, e quase dormia sobre sua mesa de som. , , Tom, Danny e Harry estavam sentados em uma das mesas, rindo, enquanto se despedia dos convidados que deixavam sua festa.
Nos aproximamos da mesa de mãos dadas, preparados para ouvir todas as piadas que nós mesmos fizemos quando o primeiro casal se formou há dois meses. Era como um rito de iniciação, como aquele em Procurando Nemo.
- Olha quem resolveu aparecer! - foi a primeira a notar nossa presença.
- Ainda bem que estão de mãos dadas e nem tentaram esconder nada da gente, seria bastante burro da parte de vocês. - Harry comentou.
- Own, eles não são fofos juntos, gente? - Um Danny bêbado gritou. - Eu sempre soube, tá legal? Podem me chamar de cupido.
Então me lembrei de uma coisa que aconteceu mais cedo, e me aproximei do guitarrista, dando um tapa relativamente forte em seu braço.
- Não pense que eu me esqueci que ainda tenho que te matar pelo que você fez, Jones. - Falei.
- Ouch! - Ele gemeu com a pequena dor que sofreu - Eu te fiz um favor!
- Realmente, a é o homem dessa relação. - Tom sussurrou um pouco alto demais.
- Quieto, Fletcher. - Danny o respondeu.
Nesse meio tempo, os últimos convidados - tirando nós mesmos - foram embora e havia voltado para a nossa companhia.
- Ae, o casal ternura apareceu! - A baterista comemorou com os braços para cima, sendo acompanhada pelo resto da mesa com gritos e dancinhas de comemoração.
- Bom, tá todo mundo bêbado, e acho que tá na hora de ir para casa. - Dougie se pronunciou pela primeira vez desde que saímos do estacionamento.
- Acho que o beijoqueiro tem razão, eu tô meio tonta. - disse .
Todos levantaram da mesa e começaram a pegar seus pertences para irmos embora.
Virei para Dougie e envolvi seu pescoço novamente, sorrindo, sem mais me envergonhar dele.
- Isso não acaba aqui, fofura. - Ele sussurrou, e me beijou rapidamente pela última vez aquela noite, pois algum de nossos queridos amigos jogou um sapato nas minhas costas.
- VÃO PRUM MOTEL!
E, inevitavelmente rindo, fomos para os nossos carros e seguimos para as nossas casas. Assim como eu, Dougie, sem dúvida, passou por uma sessão inacabável de perguntas antes de poder deitar em sua própria cama para dormir. Por causa de tudo o que acontecera, virei piada entre as meninas e expulsei-as do meu quarto para poder descansar logo. Já passavam das sete da manhã.
Eu virara uma adolescente novamente, achando estar apaixonada pelo carinha bonitinho e rindo com as amigas por tudo aquilo que acontecia em nossas vidas. Era, sinceramente, estranho ver todos os meus sonhos se realizando daquela forma, mas eu não poderia reclamar de jeito nenhum.
Abraçando o lagarto de pelúcia que havia me dado de aniversário há uns oito anos, peguei no sono com um sorriso abobado no rosto. E acordei somente na tarde seguinte com Gio gritando no meu quarto.
- Eu não acredito que perdi o melhor da festa... Ruiva, levanta agora e me conta tudo! Por favor, não me poupe dos detalhes. - Nossa manager conseguia ser bem menos profissional e bem mais menininha quando coisas como essa aconteciam. - Nunca mais vou embora mais cedo das festas por ter assuntos DE VOCÊS para resolver!




(17)...And Google Translate!


POV

Ainda estávamos todas na van, a caminho da rádio para qual faríamos uma entrevista aquela tarde. Era junho, o que indicava que faltavam somente dois meses para o lançamento oficial do nosso álbum e, com o fim das gravações, as entrevistas ficavam cada vez mais frequentes.
Chegamos à emissora e caminhamos por alguns corredores antes de chegarmos até a sala com acústica profissional. Havia um painel cheio de botões e uma cabine com uma mesa e cinco microfones. Quase um estúdio de gravação, por isso estávamos familiarizadas com o ambiente, apesar de não ser nossa primeira vez em uma rádio.
- Marauders! - O que parecia ser o apresentador veio nos cumprimentar - É um prazer conhecê-las, meninas. Eu sou Josh, e eu vou entrevistar vocês hoje. - Ele sorriu, simpático.
- Oi, Josh! Prazer. - Cumprimentei-o, sendo seguida pelas meninas.
- Faltam cinco minutos, Josh. - O cara sentado junto à mesa operacional de som gritou.
Com isso, fomos para a cabine e sentamos em nossas respectivas cadeiras. Gio nos olhava através do vidro, sentada ao lado do cara da mesa de som, e abanava para nós, nos encorajando.
- Meninas, ponham os seus headphones e levantem seus dedões positivamente para mim quando estiverem preparadas. Precisamos começar. - Josh explicou, arrancando uma risada nasalada da , que rapidamente mostrou seu positivo para ele.
- Espera, Josh, eu queria saber mais ou menos como serão as perguntas. - pediu.
- Serão uma rodada de mais ou menos trinta perguntas, sendo umas cinco de ouvintes que ligarão para cá ao vivo, e vinte e cinco minhas, que estão prontas aqui nesse papel. - Ele explicou e apontou para a pasta a sua frente.
assentiu e colocou seus headphones, permitindo que Josh começasse o programa.
- Boa tarde, fãs de música espalhados por toda a Inglaterra! Como estão todos hoje? Aqui quem fala é Josh Destender, e eu estou ótimo, principalmente pela minha companhia de hoje. É uma das bandas mais famosas da atualidade, por todo o mundo são ouvidas suas músicas, estão prestes a lançar seu novo album, It's Only The Beginning e são 4 gatas de tirar o fôlego de qualquer um... Sejam bem vindas, , , e , as Marauders! - Josh apresentou o programa.
O que eu mais gostava em entrevistas para rádios, sinceramente, era o fato de poder ir vestida que nem uma mendiga, que não importaria a ninguém. As rádios salvavam a importância da música em si, desvinculada da imagem que todo artista carrega hoje em dia.
- Obrigada, Josh! - Respondi - É uma honra estar aqui com você hoje.
- Como nosso tempo é curto e nossa curiosidade é grande, vou começar logo com essas perguntas, ok? - Assentimos. - Então vamos lá: qual é o sentimento de vocês com relação ao novo álbum, o It’s Only The Beginning?
- Eu gosto dele. - começou a responder. - Ele nos retrata, mesmo que não a cada uma de nós, individualmente. Aposto que vai agradar a todos os nossos fãs.
- Eu acho que é um som novo que tem mais a nossa cara do que o nosso álbum debut. - Completei. - Mas, essencialmente, ainda somos nós ali. Os fãs vão amar!
- Isso parece ótimo, meninas! Vocês não fazem ideia do quanto eu estou ansioso para poder ouvir essas novas músicas. - Disse Josh. - Mas agora, eu preciso que vocês sejam sinceras, quanto poder vocês têm nas escolhas dos singles e das músicas que estarão no CD?
- A gente tem bastante liberdade nas escolhas, mas sempre pedimos uma opinião pro pessoal da gravadora, porque sabemos que eles têm mais experiência com esse tipo de coisa do que nós. - respondeu. - Aliás, nós somos sempre verdadeiras nas nossas respostas, Josh, não se preocupe.
tinha razão, e era melhor deixar aquilo claro para todos, antes que surgissem mais boatos sobre coisas que as vezes nem tínhamos realmente dito.
- Bom, é ótimo saber disso, , e também que vocês têm grande voz dentro da gravadora. Não é todo artista que tem essa sorte.
- Nossa gravadora é a melhor, nós só trabalhamos com os melhores. - A baixista respondeu novamente, dessa vez de forma simpática e sorrindo para o entrevistador, acabando com o clima tenso que tentava se formar.
- Os melhores para as melhores, está certo! - Josh sorriu para ela também, piscando antes de fazer a próxima pergunta - E como foi a gravação desse novo álbum?
- Trabalhamos duro para um álbum perfeito e, às vezes, usamos o estúdio que temos na casa da para podermos gravar de madrugada. - respondeu. - Foi cansativo, mas acho que todo o esforço valeu a pena.
Eu só assentia com o que as garotas diziam e sorria para Josh, tentando incentivá-lo. Eu percebia que ele estava um pouco nervoso, assim como nós.
- Agora uma pergunta muito importante para que eu possa processar a pessoa que talvez tenha feito isso... Vocês acham que sofrem ou já sofreram preconceito por serem uma banda feminina de rock?
- No passado, quando éramos pouco reconhecidas, é claro que sofremos um pouco de preconceito, mas começamos a ganhar fama e isso foi passando. Hoje em dia, é tranquilo com todo mundo. - respondeu, fazendo uma careta, assim como todas nós, ao ouvir a pergunta. Não nos trazia boas lembranças.
- Bom, hoje vocês têm a oportunidade de esfregar na cara de todas essas pessoas mal amadas tudo o que vocês conquistaram, certo? - Josh nos apoiou.
- É, é uma das melhores sensações do mundo. - completou.
- Falando em conquistas... Qual a música desse trabalho que vocês consideram sua maior conquista?
- Eu acho que é Won’t Be the Last - Comecei a responder e vi as meninas assentirem. -, porque foi um jeito que encontramos de superar tudo o que aconteceu em nossas vidas em pouco tempo... É, Won’t Be the Last, com certeza.
- Eu amo essa música! - Josh se empolgou. – Vocês cantaram somente uma vez, no show de abertura da turnê, mas eu estava lá e tive a oportunidade de assistir ao vivo e... Sua voz nas primeiras estrofes, , passa tanto sentimento que me dá vontade de chorar!
- Obrigada! Se essa música faz isso com você, imagina o quanto ela significa pra nós... - Falei.
- Agora, uma pergunta para deixar outras bandas com a mais pura inveja: Qual banda ou artista inspirou vocês a entrarem no mundo da música? - Rimos antes de responder qualquer coisa.
- Bom - começou a responder com um suspiro -, cada uma de nós tem sua própria inspiração. Pra mim foram os Beatles, clássico.
- Pra mim, Busted e Bon Jovi, com certeza! - falou em seguida.
- Fall Out Boy, os caras são gênios. - disse.
- Pra mim foram várias! Mas acho que Blink-182 e Busted foram as principais. - Completei.
- Dá pra ver que, além de personalidades diferentes, vocês também têm gosto musical diferente... Deve ser complicado ter uma banda com vocês quatro, hein...
- Nós temos aquele poder mágico chamado amizade, sabe? E ele apaga qualquer diferença que possa existir entre a gente. - Respondi.
- E que tal deixarmos certas pessoas com mais inveja agora? Quais as parcerias de trabalho que vocês gostariam de fazer?
- Adoraria uma parceria com nosso amigo James Bourne. - respondeu, rindo um pouco - Beijo, lindo!
- Bon Jovi, preciso dizer mais? - disse.
- Paramore! - empolgou-se .
- Blink seria demais! - sorri.
- Não sabia que eram amigas de James Bourne... - Comentou Josh - Uma parceria entre vocês seria realmente incrível! Eu sinto falta do som da Busted e do Son of Dork...
- Nós também, Josh, pode acreditar... - falou com um ar triste.
- E agora, Marauders, será que vocês poderiam tocar alguma coisa para nós antes de continuarmos com as perguntas?
- Claro! - respondi, vendo e pegarem seus violões e olhar para gente e nos mandar a língua, afinal faríamos um acústico e a baterista não participaria.
- E que tal uma música nova exclusiva? - Josh insistiu.
- Nem pensar, seu abusado! - Respondi, rindo e já tocando o acorde de uma das nossas canções antigas chamada Dreams.
Ela era mais calma e me lembrava, atualmente, o som de Ed Sheeran.

"I know it’s a long way to go
But I won’t give up so easily
I have my license, my ’98 car
And all my dreams locked in the trunk
My friends are with me
We'll fight till we get
What others always said we’d never have
Little kids walking down my street
Smiling and waving to the sound of my dreams
I grab my guitar and play them the song of hope
I scream: NEVER GIVE UP!
Your dreams will come true
There are people out there
Smileless and mean
They'll treat you like shit Unless you give them the bling Believe in yourself And be happy with your friends Persuade your dreams And the rainbow will be your end Little kids walking down my street Smiling and waving to the sound of my dreams I grab my guitar and play them the song of hope I scream: NEVER GIVE UP! Your dreams will come true Thanks to my angel who gave me all of this And thanks to my friends who are the best and my bliss There still are long way to go But I won't give up easily, so I still have my ’98 car And the trunk's locked with me dreams"

POV

- Ah, eu adoro essa música! - O carinha da rádio comentou um pouco antes de pararmos de tocar as últimas notas nos violões - É o single do álbum debut, certo?
- Sim. - respondeu - Foi por causa dela, principalmente, que começamos a fazer sucesso.
- Vamos agradecer a essa música então! - Josh comentou - Posso continuar com as perguntas, meninas? - Assentimos. - Então, tá: vocês usam a maioria das redes sociais. Qual a importância delas pra vocês?
- Acho que elas nos aproximam mais do fãs e isso é muito importante pra qualquer banda ou artista, afinal não seríamos ninguém sem os nossos maraudetes. - Respondi, ganhando um "uhu" em resposta do entrevistador.
- Eu acho ótimo esse carinho que vocês todas têm com os seus fãs... Dá pra eles uma certeza de que vocês se importam com eles, e não só com o seu dinheiro, diferente de outros artistas por aí.
- Tudo o que conquistamos foi graças a eles, fazendo isso só estamos tentando, de alguma forma, retribuir. - completou.
- A próxima pergunta foi enviada por vários ouvintes durante a semana, depois de anunciarmos a entrevista com vocês. Então, Marauders, saciem nossa curiosidade e respondam: vocês têm uma tatuagem em comum. Qual o significado dela?
- Não é difícil de descobrir, gente! É o M de Marauders, significa simplesmente Marauders e representa nossa banda, mas, acima de tudo, nossa amizade e nossa irmandade.
- Essa pergunta é interessante e talvez faça vocês refletirem um pouco e voltarem no tempo... Se vocês não tivessem uma banda de sucesso, quais profissões vocês seguiriam?
- Eu faria Arquitetura, adoro fazer maquetes! Além de que a minha mãe é arquiteta. - foi a primeira a responder.
- Médica, porque sempre tive esse sonho antes de conhecer essas pestes... E, convenhamos, dá dinheiro. - falou em seguida, rindo um pouco.
- Psicóloga, meus conselhos são os melhores. - Falei, dando uma piscadinha para Josh e me gabando.
- Eu seria jornalista... Fica de olho, BBC! - foi a última a dizer alguma coisa.
Aquelas perguntas todas eram diferentes do que costumávamos ouvir em entrevistas comuns. Apesar de algumas serem focadas no nosso trabalho, a maioria delas era voltada para o nosso lado pessoal, como se os jornalistas daquela rádio quisessem que nossos fãs e seus ouvintes nos conhecessem melhor, conhecessem as verdadeiras Marauders.
E, se essa fosse realmente a ideia, parecia estar dando certo, pois respondíamos todas as perguntas com sinceridade e estávamos levando aquilo como uma conversa casual, uma brincadeira.
- Qual o sonho que vocês ainda não realizaram? - Josh nos bombardeou com mais de suas perguntas.
- Ganhar um Grammy, mas o próximo está quase aí e nós temos duas indicações, e eu acho que este sonho está prestes a se realizar, modéstia à parte... - respondeu, fazendo a todos nós rirmos.
- Eu ainda quero montar uma ONG que ensine música para crianças carentes. - disse.
- Um programa de TV só meu. Hey, BBC! - Me empolguei.
- E eu ainda não escrevi um livro, mas aguardem! - completou.
- É, vocês são realmente muito diferentes... Ainda me pergunto como podem se dar tão bem umas com as outras... Ainda é um mistério a ser revelado! - Josh tentou fazer piada, então rimos por educação.
Na verdade, o fato de sermos tão diferentes era o nosso segredo. Sem cair na mesmice, sempre debatíamos, discutíamos e brigávamos por coisas idiotas ou por coisas mais sérias, mas nossa amizade sempre fora maior que todas as discussões e, por isso, passávamos por cima.
Nenhuma de nossas brigas havia durado mais de dois dias. Nunca. E nossas diferenças faziam com que completássemos umas as outras, por mais que isso possa parecer idiota e clichê.
– Quais os países que vocês gostariam de conhecer?
- Venezuela, ouvi dizer que é um lugar lindo! - foi a primeira a responder novamente.
- Eu iria pro Congo fazer safáris! Sempre gostei de aventuras e de selva. - comentou.
- China, porque lá tem bastante bugigangas pra eu comprar e eu adoro bugigangas. - Disse e ri.
- Indonésia, porque tem praias lindas e uma cultura que eu acho mega interessante. - tentou se mostrar inteligente e levou uma vaia de nós três, fazendo Josh gargalhar e já partir para a próxima pergunta.
Eu, honestamente, não aguentava responder mais nada.
Entrevistas realmente cansam.
– Nós sabemos que a relação de vocês com o McFLY era meio conturbada antes de alguma coisa mágica acontecer e vocês se aproximarem... Por que era assim?
Um momento de tensão começou a pairar sobre o ar. Por mais que estivéssemos, de certa forma, sido preparadas, não esperávamos por uma pergunta dessas. Ainda mais exatamente essa. Não havíamos contado a verdade nem pra eles ainda, por acaso iríamos responder em plena mídia inglesa? De jeito algum.
Então, não querendo que os ouvintes percebessem ou desconfiassem de tudo aquilo que passava pelas nossas mentes por causa daquela pergunta, rapidamente disfarçou.
- Não nos conhecíamos direito, mas já nos resolvemos, e nossa relação não é mais conturbada. Então parem de fofocar sobre a gente! Humpf.
Soltamos um suspiro de alívio quando vimos a cara de orgulhoso de Josh, sem acreditar que realmente estava fazendo a entrevista em que respondemos aquilo pela primeira vez.
Era bom que ele acreditasse que aquela resposta era verdadeira. Aliás, era bom que toda a mídia e o nosso público acreditasse que aquilo que havia dito era verdade.
O único problema, era que os próprios caras do McFLY saberiam que não era verdade, mas eu tinha certeza que eles não teriam coragem nem motivos para nos desmentir agora. Principalmente depois de tudo o que aconteceu entre todos nós e com dois supostos casais já formados.
Parecia que tínhamos conseguido driblar daquela pergunta e eu não queria ouvi-la nunca mais.
- E agora, nos digam, Marauders, o que vocês estão ouvindo ultimamente?
- Britney e Never Shout Never. - disse .
- Além dos clássicos, Jason Mraz e Panic! - respondeu .
- The Who, obviamente, e Plain White T’s. - Falei, olhando para e ouvindo-a responder em seguida.
- Vocês já devem saber pelo o que eu coloco no twitter, mas eu ando louca por All Time Low, The Maine e Ed Sheeran. Vale se apaixonar? - A ruiva respondeu e vimos Josh assentir para ela, sorrindo animado.
Os momentos de tensão pareciam ter realmente acabado.
Pelo menos era o que nós quatro desejávamos.
Ah, se nós ao menos soubéssemos o que viria a seguir...

POV

Eu sempre achei que fazer entrevista era um saco, ter que responder coisas sobre a sua vida, geralmente coisas que você não conta nem pra sua mãe, mas os entrevistadores insistem em perguntar e fazer cara feia se você não responde. Felizmente, até o dia de hoje não tinha acontecido isso comigo, nem com as garotas.
Essa entrevista, em especial, foi muito animada e deu pra dar boas gargalhadas. Acho que quando é descontraída, a entrevista flui e não fica aquele negócio de perguntas e respostas que mais parece um quis do que uma pessoa querendo saber mais sobre a sua vida.
Josh era um cara legal que nos dava confiança. Mesmo sabendo que tudo dito ali era verdade, todo mundo fica nervoso em falar da própria vida. Afinal, toda a fucking Inglaterra estava escutando cada asneira que saía da minha boca.
- Bom, garotas, agora vou fazer uma pergunta pra cada uma de vocês, respondam com sinceridade e, por favor, respostas curtas.
Assentimos, Josh pegou a folha de perguntas e mandou:
- , você é ruiva natural?
- Oh, yeah, honey! – respondeu rapidamente e com um sorriso contagiante no rosto.
- Lindo tom de ruivo, diga-se de passagem. Será que eu consigo copiar? - Josh falou.
- Conheço um cabeleireiro ótimo, se você quiser, te dou o telefone dele depois. – respondeu animadamente.
- Nossa, adoraria! Voltando, , sua bunda é de verdade?
- Óbvio, não sou como a Ninki Minaj. – Respondi com receio, não acreditando que a pergunta era imbecil a ponto de perguntar se a minha bunda era de verdade.
- Sério? Nossa, deixa eu tocar? - Josh falou com cara de tarado.
- Claro, vem cá! – Disse, levantando da cadeira onde estava e empinando a bunda em sua direção. Senti sua mão apertando minha bunda e dando um gritinho histérico.
- Nossa, é de verdade mesmo! – Josh falou, sentando-se e pegando a folha novamente. - , nós sabemos que você cozinha, mas qual seu prato favorito de fazer?
- Cupcakes! – respondeu prontamente, e com brilho nos olhos.
– Vou querer experimentar, !
- Quando eu fizer, eu mando alguns pra você!
- , você é viciada em séries e todo mundo sabe disso, mas qual delas você participaria se pudesse?
- Doctor Who, sem dúvidas... I’m a time lord! – respondeu facilmente.
- Falando em séries, qual é a favorita de cada uma de vocês, meninas?
- 10 Things I Hate About You. – Falei.
- Bones. – respondeu.
- F.R.I.E.N.D.S! – disse animadamente.
–Bom, agora, mudando completamente de assunto, , como é o seu relacionamento com o Harry?
Antes de responder àquela pergunta fiquei pensando por alguns instantes. Eu e Harry mal nos víamos, mas sempre que dava um tempo, trocávamos mensagens ou nos falávamos por telefone. Não era um namoro ainda, nós podíamos muito bem ver outras pessoas, mas, pelo menos, por minha parte, eu não queria sair com mais ninguém. Ele era diferente de toda e qualquer relação que eu já tive. Ele não queria tudo apressadamente como os outros, era calmo, e tudo fluía.
- Bom, nós nos damos muito bem. Nos falamos praticamente todos os dias e estamos aproveitando muito nossos momentos juntos. Ele é muito carinhoso e atencioso, me sinto bem perto dele.
– Sinto um cheiro de namoro por aí?
- Ah, vamos dar tempo ao tempo, não é? - Falei, sentindo minhas bochechas ficarem levemente rosadas.
- E como fica a convivência de vocês três com o McFLY por perto? – Josh falou, se dirigindo às meninas.
- Bom, no início, eu achei muito estranho, mas a gente se adapta. Eu os conheci melhor. Agora eu gosto deles, é legal ter alguém inteligente por perto, né, Tom?! – falou, rindo no final.
- Eu já era bastante amiga do Danny, na verdade, antes do casal ternura, e Harry, ficarem juntos. Então a minha convivência com eles já era maior que a das meninas. De qualquer forma, isso fez nossa amizade ficar mais forte e agora não me imagino sem ele. Beijo, grandão! – falou, mandando beijinho pro nada.
Josh ficou aguardando a resposta da , que até agora olhava para cada canto do estúdio. Até que eu dei um cutucão em sua perna e ela entendeu que ela também tinha que responder.
- Ah, eu gosto deles, eles são legais até.

POV

Eu sempre amei dar entrevistas, e estar ali com os headphones enormes da rádio ouvindo as perguntas e respondendo estava fazendo um bem enorme ao meu ego. Josh já tinha sido bastante invasivo quanto a nossa vida até ali, e cada pergunta que mencionava o nome de um McFlyer me dava cólicas de nervosismo.
- E nós descobrimos um lance entre você e o Dougie, . Explique-se. – Josh falou, me fazendo torcer os lábios.
Eu já tinha aprendido a conviver com os integrantes da banda, e os atuais rolos de duas das minhas amigas. No entanto, a ideia de me aproximar deles, me deixava com medo de uma futura decepção. Voltei a realidade quando a risadinha sacana da no microfone ecoou nos meus ouvidos.
- Na verdade - Ela começou, com a voz meiga. –, fomos nos aproximando bastante, e aconteceu. Já faz um tempinho, mas ainda estamos nos conhecendo melhor... Qualquer novidade, você será o primeiro a saber, ok? – O término foi um pouco mais animado.
- Então, meninas, não sei se vocês ficaram sabendo, mas no programa de ontem anunciamos a participação de vocês aqui na rádio. – Josh começou. – E pedimos que alguns fãs que quisessem fazer perguntas nos ligassem, e os quatro primeiros iam ter a chance de falar com vocês.
- Ah, tudo bem, eu acho... – Falei, vendo as meninas assentirem em seguida.
Fiquei receosa, porque por mais que não tínhamos restringido nenhuma pergunta de Josh, Gio provavelmente havia falado informalmente sobre assuntos que deveriam ser evitados. Deixar fãs perguntarem poderia render coisas mais constrangedoras do que saber se a bunda da era de verdade...
- Então, vamos lá, primeiro ouvinte... – ele apertou um botão vermelho que piscava na sua bancada. – Você está ao vivo, bom dia...
- Bom dia. – Uma voz conhecida falou.
Olhei para as meninas, olhando sem compreender, e vi que elas estavam com a mesma cara que eu. Encarando os microfones como se tentassem reconhecer aquela voz.
- Então, querido ouvinte, o que você quer saber das Marauders?
- Se vocês fossem as Spice Girls, quem seria quem? – Assim, sem nenhum “Marauders, eu amo vocês”, “Sou Team !”, nada... Que tipo de fã era aquele?
- Ãh... – Fiquei meio atordoada, vendo que Josh esperava a nossa resposta. – Victoria, dã.
- Melanie B. – falou , sorridente.
- Emma... – disse , meio perdida.
- Com certeza, a Geri. – soava animada.
- Certo, meninas, boas respostas, parecem um pouco com vocês. – Josh comentou. – Então vamos para o segundo ouvinte. Bom dia, você está ao vivo...
- Oi. – A voz era muito parecida com a anterior.
- Oi. – pareceu querer interagir.
- Então. – Risadas de fundo. – Vocês acham os McGuys gatinhos? Porque eu acho. – Risadas de fundo.
Então, tudo fez sentido na minha cabeça, e vi o rosto de se iluminar do outro lado da mesa. Olhei para as meninas, tampando o microfone e fazendo um sinal. Com os lábios, pronunciei a coisa mais óbvia: “Google Tradutor”. Aquela voz era famosa para qualquer pessoa que tivesse um trabalho de língua estrangeira para apresentar, ou aproveitasse dos bugs do sistema para pedir uma pizza.
- Então, meninas... – Josh nem pareceu perceber a nossa comunicação. Enquanto eu pensava numa resposta, vi pegar o celular e cutucar a para que esta respondesse.
- Super! – A baterista falou, claro, ela pegava um integrante do grupo.
- É, pode se dizer que sim. – Dei de ombros.
- Dá pro gasto. - A baixista falou, displicente.
- É, eles são bonitinhos. – falou enquanto via o telefone dela chamar. Antes que Josh desligasse o ouvinte, ouvi um toque de celular conhecido ao fundo.
Enquanto Josh dava olá para o novo ouvinte, vi que nos avisava que do outro lado da linha, estava nada mais, nada menos, do que quatro integrantes de uma das bandas mais famosas da Inglaterra, agindo como se tivessem doze anos.
Abafei a risada quando ouvi a voz do terceiro ouvinte repetir o terceiro ruído mecânico. Que tipo de doença eles tinham? Foram os quatro primeiros a ligar para a rádio, apenas para perguntarem besteiras pra gente. Em algum lugar na terra da rainha, fãs reais estavam realmente chateados.
- Eu queria saber se vocês sabem resolver a equação: raiz de duzentos e oitenta e sete, vezes seis vírgula zero dois, vezes dez na vigésima terceira sobre i na oitenta e nove, vezes a área total da pirâmide com base vinte centímetros e apótema sete?
Novamente, coloquei a mão no microfone. Josh fez uma cara impagável ao ouvir aquilo, e vi que a produtora parecia impaciente pelo tipo de perguntas que estávamos tendo até agora. Era isso que dar fazer um programa ao vivo na terra das Marauders e do McFly. Eu estava rindo, já não segurava mais a risada, abafava o riso e negava com a cabeça, mas não parecia estar chateada.
- Vamos lá, emes. – Josh falou, depois de ver que a produtora pulava no vidro pois precisávamos responder. – Hora de provar que são boas alunas...
- Não sei. – foi a primeira a responder incisiva.
- Óbvio. – Comentei num tom que parecia irônico.
- O quê?! – gritou fazendo uma careta.
- Me perdi quando você disse equação. – comentou.
- Obrigada, e vamos para o nosso ultimo ouvinte.
- Oi, acho vocês umas fofuras. – Mesmo assim, era a voz do google tradutor. Engraçado de qualquer forma. – Na opinião de vocês, quem ganharia a luta entre o Batman e o Darth Vader?
Reprimi a minha vontade de dizer “oi, Tom, saudade de você, loiro.” E apenas respondi o óbvio.
- Darth Vader. – Imitei o mesmo da mesma forma que Matthew tinha me ensinado, anos antes.
- Darth Vader. – falou, enquanto fazia uma dancinha na cadeira do estúdio.
- Batman. – falou, fazendo todas virarmos pra ela espantadas.
- Cala boca, ! Darth Vader! – respondeu por fim.
- E foi isso, ouvintes. Quem não teve a oportunidade de falar com essas meninas lindas e maravilhosas que são as Marauders, torça para haver uma próxima vez. Vamos para as últimas perguntas agora. – Josh falou, desativando todos os botões vermelhos da sua mesa. – Quais são os planos para o futuro da banda, meninas?
- É lógico que faremos uma mega turnê com o It’s Only the Beginning – começou a falar empolgada -, talvez até uma turnê mundial! E, com as nossas duas indicações, ganhar pelo menos um Grammy está nos planos.
- Estou torcendo por vocês, e sei que a legião de fãs que vocês possuem também. Que tal mandar um recadinho para eles para terminar bem essa entrevista, Marauders?
- Ah, Claro! – comentou. – Continuem divando e nos defendendo no twitter, como sempre! Amamos vocês, vocês são demais!
- Isso ae, gente. – Emendei. – Obrigada por nos aguentarem, queridos! Sejam felizes e continuem com o bom gosto musical de vocês. Espero que gostem do álbum!
- Escovem os dentes também e aproveitem a vida, caras. – fez piada. – E não esqueçam de ouvir bastante Marauders e comprarem o nosso CD, claro...
- Obrigada por tudo, maraudetes! – concluiu. – Vocês são os melhores fãs do mundo, eu amo vocês.
- E essas foram as Marauders, as garotas que dominaram Londres, Inglaterra e são quase mais populares que a rainha. Obrigada pela audiência, e fiquem agora com o novo sucesso do Maroon 5, Payphone.
Vi Josh apertar o ultimo botão e tirar os headphones, em seguida fizemos o mesmo, e a produtora entrou na sala, seguida da Gio.
- Obrigada, Marauders, vocês foram incríveis, atingimos o pico da audiência. Esperamos tê-las de novo em breve, foi um prazer trabalhar com vocês. – Ela falou, e sorrimos em resposta.
- Agradecemos também. – Gio falou simples. – Agora vamos, Marauders, temos alguns shows pela frente!

Capítulo 18


POV Era verão e como não estávamos na capital, o sol brilhava ainda às cinco horas. Estávamos em Chelsea, dentro de um camarim nos arrumando para o show que começaria em breve. Era início de julho, mais precisamente, dia do aniversário da . A baixista parecia estar com um brilho maior hoje. Mesmo se mantendo discreta e esperando que as pessoas lhe dessem parabéns, estava na cara que era um dia importante para ela.
No camarim, havia uma variedade enorme de cupcakes para a mini festinha improvisada que armamos ali. Embora soubesse que seu aniversário caía no meio da nossa turnê pela Inglaterra, a única exigência de foi que estivéssemos em Chelsea, sua cidade natal.
- Ai, ! – Puxei-a para outro abraço. – Tão bonitinho te ver crescendo! – Ela fez uma careta e revirou os olhos.
- Ainda sou mais velha, . – Ela comunicou o óbvio.
- Eu sei, mas tão pequena, tão fofinha. – Apertei as bochechas dela, recebendo um tapa nas mãos.
Três batidas na porta fizeram que as quatro Marauders ,e únicas presentes, gritassem um “entra” coletivo. Apenas me soltei da para pegar um bolinho que tinha um mini baixo desenhado. continuou comendo e voltou a falar no telefone baixinho.
- Hey, meninas! – Gio colocou apenas a cabeça para dentro – Vendemos todos os ingressos e vocês terão duas horas pra ficarem prontas depois, mas agora passagem de som em dez minutos.
Sem dizer mais nada, Gio bateu a porta, fazendo a gente se olhar e dar de ombros.
- , já decidiu se você vai usar o short preto ou a saia jeans? – Perguntei apontando para as duas peças que estavam sobre o sofá.
- O short preto, não dá pra tocar bateria de saia! – Se levantou limpando as mãos sujas de glacê.
- ? – Chamei a ruiva que ainda estava no telefone. Ela se despediu rapidamente de quem quer que fosse e veio até mim. – O que você vai usar?
- O vestido vermelho. – Ela apontou para o canto onde a roupa já estava separada.
- Certo, então vou ficar com a minissaia preta, a blusa azul e, hm... Depois eu vejo o que calçar... – Dei de ombros.
Não tive como perguntar o que pretendia usar, o telefone da loira parecia ter feito escola com o da Gio, e não parava de tocar um segundo, sempre deixando a menina sorridente e cheia de agradecimentos... O que um aniversário não faz com a gente? Voltei a comer um cupcakes quando eu vi Gio entrar feito um furacão no camarim.
- Eu disse passagem de som em dez minutos! – Ela falou, escancarando a porta e nos apontando para sair.
Com glacê no nariz por causa do susto e de pés de calços, passei pela porta indo em direção ao palco. Ouvi dar uma risadinha logo atrás, ela andava saltitando por estar de meias e reclamava que não tivera tempo de pegar as baquetas. Gio parecia estar paciente com , porque depois de estarmos há cinco minutos no palco a baixista chegou afobada parando no seu lugar a esquerda.
- Antes de tocarmos alguma coisa, vamos conferir os instrumentos. – Gio falou, pegando seu inseparável Black Berry, ou Giophone Dois, graciosamente apelidado pelas Marauders. – Tudo certo com a bateria, ?
- Preciso das minhas baquetas! – Ela pediu, assentindo em seguida.
- Preciso de baquetas, produção! – Gio limitou-se a berrar. – , como está o microfone?
- Aaalooo! – A ruiva gritou sendo ouvida por toda a arena ainda vazia. – Peeerfeito.
- Okay, , vieram as guitarras certas? – Olhei para o suporte ao meu lado.
A Fender preta, Les Paul clássica e o violão preto também estavam ali. Tudo certinho.
- Aham, eles já estão afinados? – A manager apenas assentiu vendo se estava tudo bem com a aniversariante.
- Ótimo, primeira fase, um sucesso! – Gio disse orgulhosa de si mesma. – Pessoal da iluminação, do som, equipe de apoio! – Ela falou em um dos microfones. – As meninas vão ensaiar, preciso que tudo seja perfeito.
E foi. Raramente Gio dizia ou pedia algo que não se concretizava. A equipe que trabalhava com a gente era a mesma desde sempre; mesmo falando com eles pouco, e até os vendo pouco, eu sabia que tinham medo e respeito o suficiente pela Gio para não fazerem nada de errado.
Voltamos para o camarim, pouco antes de liberarem a entrada do público, mesmo assim já dava para ouvir alguns gritos e tentativas de se comunicarem com a gente do lado de fora. Antes que qualquer uma das meninas se levantasse do sofá, peguei uma toalha branca e fui em direção ao banheiro.
Depois de tomar uma ducha rápida e me vestir, voltei ao camarim dando passagem para a que ia em direção ao banheiro. Havia dois ali, era um local pequeno e ainda não muito moderno. secava os cabelos impossibilitando a comunicação graças ao barulho do secador. E quando não localizei a , imaginei que ela estivesse no banho.
Me encarei no espelho vendo que meus cabelos já não pingavam mais; puxando a franja ainda úmida para trás fiz um pseudo-topete prendendo-a com grampos. Enquanto me maquiava, dando destaque para os olhos, ouvi o barulho do secador cessar.
- Amém, meus ouvidos agradecem. – Provoquei a ruiva que desembaraçava o cabelo.
- Mi, mi, mi. – Ela retrucou mostrando a língua.
Depois de mais uma hora e alguns gritos da Gio, finalmente saímos do camarim prontas em direção ao palco. Colocando os fones para que tivéssemos o retorno correto, certificando que pelo menos havia uma paleta na nossa mão, que estava com as baquetas do dia, e que todas lembrávamos o nosso nome, chegamos ao backstage.
Uma equipe nos dava o suporte necessário e vi que Gio nos indicava que poderíamos entrar a qualquer momento. Virei-me para as meninas e abri um sorriso.
- É isso aí, Marauders, mais um show, mais uma legião de fãs... – Comentei.
- Dedicação, vontade, talento, e a certeza de que somos boas, a gente já tem. Eles já sabem. Só falta ir lá e confirmar isso. – falou em seguida.
- Bom, então o que estamos fazendo aqui ainda?! – brincou com a gente.
- No três? – perguntou e assentimos. – Um... dois...

POV

Já estava na hora de subir no palco e mostrar para mais dez mil pessoas quem éramos nós.
Obviamente, aquela não era nem a primeira, nem a última vez que faríamos isso. Era o nosso trabalho, afinal, a carreira que escolhemos seguir. Mas não importava para mim quantas vezes já havíamos apresentado aquele mesmo show, com aquelas mesmas músicas. Eu sempre sentiria um arrepio e borboletas no estômago momentos antes de encarar a plateia, fossem quem fossem.
E daquela vez não estava sendo diferente, ainda mais sendo o dia especial que era, e eu tendo armado uma pequena surpresa para aquele dia único.
Falamos algumas besteiras e filosofias que costumamos sempre dizer umas às outras antes dos shows para dar uma animada, e, então, finalmente, pegamos nossos instrumentos – e , suas baquetas – e subimos ao palco.
- WHEN I WAS IN THE SCHOOL, I DIDN’T LIKE ANYTHING! – Cantei, na verdade, gritei, enquanto entrávamos no campo de visão de todos os nossos fãs ali presentes, e eu ouvi o verso seguinte de Classmates sendo cantado pelas dez mil vozes, diretamente de volta para nós.
- COMO VÃO, MARAUDETES? – gritou ao fim da música.
E, em seguida, uma salva de palmas ensurdecedora ecoou pelos nossos ouvidos e, outra vez podem-se ouvir as dez mil vozes cantando, porém, dessa vez, Happy Birthday to You para a nossa anã aniversariante, fazendo-a saltitar pelo palco, batendo palminhas e sorrindo feito boba.
Eu ficava facilmente feliz ao vê-la feliz, e aquele dia prometia ser um dos melhores da vida da . Cinco de julho de dois mil e doze estava prestes a entrar em seu TOP 10 de dias favoritos.
Os fãs pararam de cantar e os agradeceu repetidas vezes por cima do som da guitarra de que já começava a próxima música, porque Gio gritava quase que enlouquecidamente do backstage para que continuássemos com o show.
Eu tenho certeza que ainda mataríamos Gio do coração.
E mataríamos do coração também, se os meus planos para aquela noite dessem certo.
Tocamos mais algumas músicas antes de pararmos o show novamente para conversarmos com os fãs como sempre fazíamos. Eu estava ansiosa.
- Vocês não fazem ideia de quão feliz eu estou por estar aqui essa noite! – era a mais empolgada. – Não há jeito melhor de comemorar o meu aniversário do que fazer a coisa que eu mais amo, na cidade que eu mais amo, e com as pessoas que eu mais amo! VOCÊS TAMBÉM ESTÃO FELIZES?
Eu ainda ficaria surda de tanto que os nossos fãs gritavam.
Desviei meu olhar, rapidamente, para o backstage – assim como eu havia feito durante todo o show até agora, eu queria ter certeza – e finalmente os vi abanar e sorrir pra mim. Eles haviam chegado!
Aquela seria a minha surpresa de aniversário para a . Eu havia planejado tudo aquilo às escondidas, e a única que sabia era Gio. E ninguém fazia nem ideia do quanto era difícil esconder algum segredo daquelas três. É quase impossível.
Sorri para eles e voltei a me concentrar no show.
falava alguma coisa com os fãs enquanto tentava atrapalhar a conversa.
- Eu sou a mais bonita! VOCÊS ME AMAM MAIS, NÃO AMAM? – A baterista gritava do fundo do palco e dez mil gritos a respondiam positivamente, eu acho.
- Claro que não! – contestava. – Eu tenho uma covinha, olhem! – E então ela abriu seu típico sorriso enorme o qual foi focado por todas as câmeras da arena. Sua pequena e única covinha aparecia em todos os telões que eu podia enxergar.
- Calem a boca, eu sou ruiva! – Entrei na brincadeira. – Existe algo mais sexy do que ruivas?
- NÃÃO! – Ouvi um fã gritar antes de qualquer um e me virei pra ele, sorrindo. Ele estava esmagado na grade, em meio a centenas de garotas, e segurava um cartaz escrito “Marry me, Guess?”.
- Eu caso! Te encontro no fim do show, hein? – Pisquei para ele.
Quando parei de falar, já tocava lentamente em sua bateria, o que indicava que já estava na hora de reiniciar o show.
Após “21”, uma das músicas do nosso primeiro – e único, por enquanto – CD, foi a deixa para que meu plano entrasse em ação. Meu coração acelerava cada vez mais, eu não conseguia mais caber em mim de tanta ansiedade.
tocou os últimos acordes em seu baixo e, assim que a música terminou, todas as luzes da arena foram apagadas. Tudo estava um completo breu. Os fãs gritavam, talvez assustados. E as meninas trocavam olhares entre si, enquanto eu, disfarçadamente, me dirigia até o backstage.
- Chegou a hora, meninos! – Abracei os quatro ao mesmo tempo, sorrindo feito besta.
Olhei fixamente para o principal de toda aquela história ali e ele sorriu pra mim da maneira mais fofa do mundo, pegando o microfone da minha mão e fazendo um sinal com a cabeça para que os outros três o seguissem até o palco.
Antes disso, eu mesma voltei para onde eu deveria estar desde o início e expliquei em voz baixa para as meninas que estava tudo bem. Logo depois, luzes coloridas começaram a piscar e uma leve salva de palmas já podia ser ouvida. Então, os meus quatro convidados subiram ao palco e entraram no campo de visão de todos nós.
- Happy birthday to you! Happy birthday to you! Happy birthday to ! Happy birthday to you! – Tom cantava repetidamente no meu microfone, sorrindo o maior sorriso que eu já o vira sorrir e olhando pra com olhinhos brilhantes, enquanto Dougie, Danny e Harry dançavam de uma maneira constrangedora ao redor do vocalista.
Pela cara que fazia, eu pude vir o quão surpresa ela estava. E o quão feliz ela estava também.
- FELIZ ANIVERSÁRIO, ! – Os quatro gritaram em um só microfone, fazendo correr em sua direção e se atirar em cima deles, enquanto toda a plateia ia ao delírio.
Já eu sorria satisfeita ao lado de e , que saíram de suas posições usuais para participar melhor de tudo aquilo que estava acontecendo.
- Alguém sabia disso? – perguntou olhando para nós duas, e negou.
- Eu planejei isso, na verdade... Meu pequeno presente para a nossa pequena baixista. – Respondi. – Acho que ela ficou bem feliz, né?
Olhamos para ela e pulava e ria junto com os meninos.
- Ela tá a fim dele, não tá? – falou.
- Acho que sim... – Sorri – E eles ficariam tão bonitinhos juntos!
- , para de querer ser um cupido, por favor! – pediu. – Lembra da última vez que você tentou juntar alguma de nós com alguém? Pois é, você não é muito boa nisso.
- Shh! – Respondi. – Dessa vez está dando certo, ok?
Caminhei para longe delas em direção ao microfone, afinal não poderíamos simplesmente abandonar o show daquele jeito, certo?
- Hey, maraudetes! Desculpem por interrompermos o show assim, mas o que vocês acham de uma participação especial do McFLY nas nossas últimas músicas?
Ouvi muitos gritos em apoio e olhei para os meninos satisfeita.
Assim que olhei para Gio pra ver se ela estava de acordo – não que fosse mudar alguma coisa, mas era bom saber que ela estava - vi alguns caras da equipe entregando uma guitarra e um baixo para Dougie e Tom.
- Danny, você canta comigo! – Falei e o puxei para o centro do palco.
Dougie se posicionou ao lado da aniversariante, Tom foi para o lado de e já tocavam suas guitarras com as costas encostadas e Harry e riam e dividiam o minúsculo banquinho da bateria, cada um segurando uma baqueta diferente.
- Ok, isso está uma confusão e vocês sabem que o som não vai ser dos melhores, certo? – Falei para a plateia, rindo das caretas de Danny. – Mas pensem que esse é um momento único em nossas vidas e sintam-se muito sortudos.
- Sério. – Danny complementou com uma voz grossa, me fazendo cair da gargalhada.
- Ok, vamos lá, então! – completou e começou a tocar, acompanhando e Tom que já praticavam a próxima música, e foi seguida por e Harry.
Aquilo estava muito fora do ritmo.
Tocamos The Girl Who Turned a Bitch, e eu tive que aguentar Danny imitando voz de mulher durante todos os refrões, e Dougie dançando que nem a suposta bitch da qual a música falava.
Pelo menos nossos fãs pareciam estar adorando aquele momento tanto quanto nós.
E, enquanto conversávamos rapidamente para decidir qual cover do McFLY faríamos antes de tocar a música que encerraria o show, Gio gritou para nós:
- Vocês têm que cantar Won’t Be the Last!
Então, olhei para Danny e ele me respondeu com uma cara feliz de quem sabia a letra, sim!
Chegamos a conclusão de que aquela apresentação seria acústica, então pedimos para que os outros seis saíssem do palco e fossem tomar uma água e descansar um pouco, enquanto tocávamos aquela canção. Todos concordaram e, enquanto um cara da equipe preparava dois bancos e um microfone extra no palco, pegamos dois violões.
- Uma estrofe para cada um e você começa, LET’S GO! – disse Danny.
Quando tocamos os primeiros acordes nos violões, as dez mil pessoas simplesmente enlouqueceram! Aquela música realmente parecia ser a favorita do nosso fandom até agora.
- You promised me you’d always be in this town, next to me... - Comecei e fui acompanhada por todos os fãs e por um suave bater de palmas que vinha da galera no backstage.
Danny seguiu com a letra logo após, e assim fomos intercalando até o final, terminando com uma incrível demonstração do quanto a voz dele era – quase – melhor que a minha no último verso, onde tivemos uma suposta nota difícil de alcançar.
Depois disso, o palco foi invadido novamente pelo resto das duas bandas e fomos apressados – mais uma vez, e como sempre éramos – por Gio, pois o show supostamente já tinha terminado e ainda faltavam duas músicas.

POV

- Galera, a Gio tá enchendo o nosso saco porque já estamos em cima da hora... Mas antes ainda temos um cover com esses divos que estão aqui. – falou apontando para cada um dos McBoys e eles fizeram uma pose afetada, fazendo todos darem altas gargalhadas.
- Então, maraudetes, o que vocês acham de That Girl? É a favorita da nossa baixinha preferida, e como é o aniversário dela, nada melhor, não é? – perguntou, olhando para os fãs.
Positivamente, respondeu cada fã presente naquela arena.
- Ah, então quer dizer que até música favorita vocês têm? – Dougie perguntou.
- Shhh. Começa aí, Danny! – sorriu brincalhona.
- One, two, three, four. – Danny começou, e todas as fãs gritavam enlouquecidas.

Went out with the guys
And before my eyes
There was this girl and she looked so fine
And she blew my mind
And I wish that she was mine
And I said hey wait up 'cause I'm off to speak to her

Harry e eu estávamos extremamente atrapalhados, até que ele pegou a outra baqueta, que estava na minha mão, e começou a tocar sozinho. Eu olhei para ele com indignação e ele somente sorriu de lado para mim. O que foi o suficiente para eu ficar quietinha curtindo o resto da música.

And my friends said
(You'll never get her, you'll never gonna get that girl)
But I didn't care
Cause I loved her long blond hair
And love was in the air
And she looked at me
And the rest was history
Dude you're being silly cause you're never gonna get that girl
And you're never gonna get that girl

tocava, pulava e ria a cada acorde, pois Dougie fazia caras e bocas e, com Tom, imitava o que eles fariam no show deles, só que sem instrumentos, obviamente.

We spoke for hours
(She) took off my trousers
Spent the day laughing in the sun
And we had fun
And my friends they all looked stunned
Dude she's amazing and I can't believe you got that girl

tocava sorrindo e cantando nas partes onde seria o Tom, pois o garoto continuava muito entretido em pular pelo palco com Dougie. dividia o microfone com Danny e cantava com o garoto. Ela estava radiante. Seu sorriso não poderia estar maior. Afinal, sua surpresa tinha dado certo.

And my friends said
(She's amazing, I can't believe you got that girl)
It gave me more street cred
I dug the book she read
How can I forget
That she rocks my world
More than any other girl
Dude she's amazing and I can't believe you got that girl
And I can't believe you got that girl
She looked incredible
Just turned twenty six!

Nessa parte, Tom trocou a letra original da música para a idade que estava completando naquele dia, o que a fez sorrir ainda mais para o loiro ao lado de .

I guess my friends were right
She's outta my league
So what am I to do
She's too good to be true
One, two, three, four
But three days later
Went round to see her
But she was with another guy
And I said fine
But I'll never ask her why
And since then loneliness has been a friend of mine
And my friends say
(Such a pity, I'm sorry that you lost that girl)
I let her slip away
They tell me every day
That it will be okay
'cause she rocked my world
More than any other girl
Dude it's such a pity and I'm sorry that
You lost that girl
And I'm sorry that you lost that girl

A música acabou e os fãs ficaram calados, esperando o que iria acontecer a seguir. Pela primeira vez naquela noite, eu não tive pena dos meus pobres ouvidos que ficariam completamente surdos em vinte anos. Então tirou o microfone da mão do Danny e anunciou:
- Gente, como o melhor a gente deixa pro final e a Gio tá me mandando fazer isso, porque se eu não obedecer ela, ela me abandona num lixão, a gente vai cantar Fly With Your Own Wings. – falou.
- E vocês sabem o que isso quer dizer, né? – continuou e os fãs, em resposta, fizeram um muxoxo de tristeza. – Mas não fiquem assim! Vocês sabem que já, já a gente volta aqui pra Cambridge.
- E nunca esqueçam que eu amo vocês! – disse. – E que vocês são sortudos vezes mil por terem vindo num show no dia do meu aniversário, e com a presença magnífica desses seres mais magníficos ainda, não acham?
- Então, obrigada por tudo! – Eu gritei lá de trás pra poder me despedir dos fãs como fazíamos no fim de todo show. – E não esqueçam de postar no youtube todos os vídeos dos momentos especiais que vivemos hoje, ok? Quero ver todos depois!
Logo depois disso, começou a tocar o single do nosso debut album:

You must think we’re stupid
but your opinion don’t matter to us
Nothing is more important than our friendship
So shut the fuck up
We’re not crazy
not completely
All you need is a little imagination
Welcome to our generation
So fuck what they think
We definitely gonna stay together
Haven’t you heard?
We’re the crazy bitches around here!
Love your friends
and die laughing
Fly with your own wings
Doing what you like
and liking what you do
God made us friends ‘cause He knew
our mom couldn’t handle us as sisters
Together we stand, together we fall
We’re stronger now
So fuck what they think
We definitely gonna stay together
Haven’t you heard?
We’re the crazy britches around here!
We’re not crazy
not completely
All you need is a little imagination
Welcome to our generation
We’re the crazy bitches around here!

- Infelizmente, o show acabou, gente bonita! Mas a gente volta! Afinal, nós amamos este lugar! – falou com um sorriso maior que o rosto.
- Nós nos vemos em breve também! – disse Tom.
- Porque nós sabemos que vocês também nos amam! – completou Danny.
- Principalmente eu. – comentou Harry.
- E quem não amaria esse corpinho lindo, né? – Dougie apontou para si, fazendo todos rirem.
Nós oito saímos do palco e a multidão ficou gritando os nossos nomes. Nós queríamos voltar, mas a Gio nos olhou com cara feia e mandou a gente apressar pro meet com os fãs. Fomos para o camarim e os McFofos nos acompanharam, mas Gio os barrou na entrada e disse:
- Aqui não, garotos! Venham que eu vou mostrar pra vocês uma sala onde vocês podem ficar esperando as meninas.
Antes que a Gio fechasse a porta, eu corri até Harry e dei um selinho no menino, afinal, eu não havia dado nenhum até agora, e convenhamos, é impossível ficar muito tempo afastada da boca de Harry Tesão Judd.
Dougie e estavam de mãos dadas falando alguma coisa em voz muito baixa do lado de fora do camarim, mas em menos de três minutos a ruiva já voltara para a nossa companhia, com um sorriso gigante no rosto. Esse dois nos deviam muitas explicações, estavam sempre de segredinhos e cochichos, e eu acho isso pecado, viu, Guess?
Gio fechou a porta na cara dos pobres garotos e nos avisou que teríamos dez minutos para descansar e tirar as roupas encharcadas de suor. Eu fui direto para o sofá onde estava com o telefone na mão, rindo de alguma coisa.
- Do que você tá rindo aí, ô, pimpolha? – Perguntei curiosa.
- Olha só o que as maraudetes encontraram! – Ela enfiou o celular na minha cara e eu tive que afastar um pouco para poder enxergar o que estava ali.
Era uma foto da quando ela tinha uns oito anos. Ela estava em um lugar que parecia um sítio e tinha uma cabra ao lado dela. Ela era um mini ser – menor do que atualmente, mesmo isso sendo quase impossível - com o cabelo comprido e franja tapando os olhos claros. Resumindo, muito fofa. Eu já conhecia aquela foto, mas é impossível não achar a fofa nas fotos de quando ela era pequena. Quer dizer, mais nova, já que ela ainda era pequena.
- Deixa eu ver! – gritou, somente de calça jeans e sutiã rosa choque, do outro lado do camarim, colocando uma regata branca.
e viram a foto e ficaram apertando as bochechas da .
- Cara, como eles acharam isso? – perguntou.
- Internet, amor. Isso é tecnologia, viu? – Filosofei.
Quando Gio entrou no camarim, eu ainda estava sentada no sofá com os meus braços enfiados em um balde de gelo por causa da tendinite. Já estava com uma roupa mais confortável e me sentia menos suada.
- Então, meninas, prontas? – Gio perguntou.
- Claro. – Respondemos todas ao mesmo tempo, nos olhamos e depois rimos.
- Ok, então, vamos para o meet.
Levantei do sofá, fui até a mesa onde tinha desde biscoito até frutas e peguei uma maçã bem pequena. Não é que eu não estivesse com fome, é que eu sabia que, depois do meet, nós iríamos jantar em um dos restaurantes favoritos de para continuarmos comemorando seu aniversário, então, eu só queria distrair a minha fome.
Saímos do camarim e fomos até onde alguns fãs nos esperavam. Uns gritando, outros chorando, outros gritando e chorando. Lembrei da época em que eu era uma dessas fãs, e eu era a das que gritavam e choravam ao mesmo tempo.
- Gente, que loucura! Vocês lembram quando a gente estava ali, no lugar deles? – perguntou.
- Nossa, você leu os meus pensamentos! – Falei assustada.
- O mundo dá voltas! – falou com cara de Buddha.
A sala onde os fãs nos esperavam tinha dois sofás e algumas fotos nossas rindo e fazendo palhaçada penduradas num mural. Era sempre assim, a Gio exigia que isso fosse padrão, não importasse onde estivéssemos. A única diferença desse lugar para os outros é que os McMeigos estavam sentados em um dos sofás dali, nos esperando.
- Nossa, vocês demoram em se arrumar, hein? – Harry falou, se levantando para me abraçar.
- Nós somos mulheres, não sei se você se lembra, Hazz, meu amor. – falei dando um peteleco em seu nariz. – Agora, deixa eu falar com os maraudetes. – Me afastei do seu abraço e dei um beijinho em sua bochecha.
As garotas já estavam tirando fotos e dando autógrafos, e eu comecei a fazer o mesmo. recebia presentes de cada fã que passava por ela. Todas desejavam feliz aniversário e davam um abraço de parabéns. retribuía o abraço e dava um beijo na bochecha de cada um. conversava animadamente com um grupo de cinco fãs, e tirava foto com um outro grupo de fãs, vestindo a camiseta que acabara de ganhar deles na qual estava escrito “I’m sexy and I know it!”.
Alguns fãs faziam perguntas para cada uma de nós e respondíamos tranquilamente, afinal, eles só queriam nos conhecer. E nossos fãs são os nossos maiores presentes. Se não fosse por eles, nós não estaríamos onde estamos hoje. Nós devemos tudo a eles. E tentamos demonstrar isso, seja por redes sociais ou ao vivo.

POV

Ah, aquilo ainda estava sendo muito surreal pra mim. Quer dizer, primeiro Gio consegue agendar um show em Cambridge no dia do meu aniversário, sabendo que essa é a minha cidade preferida no mundo inteiro – por ser onde eu nasci, obviamente. Depois, os meninos simplesmente aparecem lá no meio do show e deixam tudo ainda mais especial. E, por último, o meet com os melhores fãs do mundo – desculpem-me, outros fandoms, mas vocês não são melhores que os maraudetes -, onde eu percebi que, se um dia tudo der errado, eu vou saber que pelo menos alguém ainda me ama e se importa comigo.
Em seguida do meet, saímos em direção ao meu restaurante favorito na cidade para continuarmos a comemoração, mesmo tendo perdido quase uma hora no trânsito caótico pós-show em torno da arena.
Quando finalmente chegamos ao Rockers Steak House, meu restaurante favorito desde adolescente, nossa mesa já estava reservada com surpreendentes – pelo menos pra mim - doze lugares.
- Hey, Gio, você já sabia que os meninos viriam? – perguntei para tirar a dúvida do número exato de lugares na mesa.
- Sim, foi a que armou tudo isso pra você, loira, e eu era a única que sabia, porque ajudei a organizar. – Ela me explicou e sorriu como uma mãe faz com o filho que acabou de perguntar por que as árvores ficam laranjas no outono.
Sentamos as meninas, os guys, Gio e eu, além de Josh, Maya e Dave – três das pessoas que trabalhavam com a gente no staff e eram muito amigos meus – e escolhemos várias das coisas gostosas que tinham para comer naquele restaurante, sem esquecer que o melhor dali – e acho que de todos os outros lugares – era a sobremesa. Sem que eu notasse, porém, quando me virei para o lado, vi Tom ali, ao invés de alguma das meninas como sempre. Sorri pra ele.
- Hey, ! – Danny me chamou, sentado ao lado da . – Nós trouxemos um presente pra vocês! Tá aí, Harry?
O baterista, sentado na extremidade da mesa ao lado de , pegou um pacote de tamanho médio e embrulhado em amarelo e completamente molenga. Eu fiquei um pouco receosa de pegar e abrir, mas o fiz mesmo assim.
- Isso não vai me atacar, vai? – Perguntei enquanto desfazia o laço lilás.
- Não, não fui eu quem comprei... – Dougie respondeu, rindo e mostrando a língua para mim.
Quando finalmente coloquei minha mão dentro do saquinho e tirei o presente de lá, descobri uma linda camisa do Chelsea, meu time do coração, autografada pela grande maioria dos jogadores e com o meu nome gravado atrás. Era linda e eu amei.
- Nossa, obrigada meninos! Nunca pensei que vocês acertariam no primeiro presente... – Brinquei.
- Não nos subestime, anã, nós temos super poderes. – Falou Harry numa falsa voz de super herói.
- Harry, isso soou tão gay! – disse e caímos todos na risada.
Josh, Dave e Maya também me compraram um presente: uma case nova e totalmente personalizada estilo Marauders para um dos meus baixos. Era linda e completamente a minha cara, mas aqueles três me conheciam o suficiente para saber exatamente como me matar do coração, quem dirá me dar um presente perfeito.
Quando nossas comidas chegaram, ficamos um pouco em silêncio, mas bem pouco mesmo, porque em seguida começaram aquelas conversas paralelas de sempre. Cada um falava alguma coisa e sobre assuntos diferentes e outro se intromete e fica uma gritaria digna. Foi quando Tom olhou pra mim e me mostrou aquela covinha outra vez.
- Tá aproveitando o teu dia? – Ele perguntou.
- Bastante, na verdade. – Sorri. – Obrigada por aparecerem, tornou tudo mais divertido.
- Agradeça a , ela que organizou tudo. – Ele disse. – Aliás, você gostou mesmo da camisa? Fiquei em dúvida se comprava ou não.
- O quê? Eu amei! Simplesmente adorei, sério. Foi você quem teve a ideia?
- Mais ou menos, na verdade. O Danny tinha comentado alguma coisa sobre o Chelsea e disse que você torcia pra ele, de forma meio aleatória, completamente Jones, sabe? – Eu assenti. Eu sabia muito bem o que era o jeito aleatório do Jones. – E então, quando estávamos escolhendo o seu presente, eu lembrei disso e todos os outros gostaram da ideia, e me convocaram pra ir até a loja comprar.
- Bom, vocês acertaram em cheio! Daqui a pouco começa o campeonato e eu espero estrear essa camisa no estádio com uma vitória.
- Hey, vocês dois, parem de cochichar e conversem com todo mundo, seus antissociais! – Harry gritou do outro lado da mesa, nos fazendo terminar a conversa por ali.
Falamos sobre assuntos diversos e aleatórios, demos muita risada e tivemos tempo de tomar alguns bons drinques antes da hora de irmos pra casa. Não poderíamos dormir na cidade naquele dia, pois no dia seguinte teríamos uma entrevista em Londres e teríamos que encarar a estrada durante a noite.
Estávamos com o ônibus das Marauders, devidamente decorado de lado de fora para que todos soubessem que aquele ônibus era nosso.
- Vocês vão conosco, garotos? – perguntou Gio.
- Se não tiver problema... Estávamos planejando dormir por aqui, na verdade, mas não fizemos reservas em nenhum hotel, ainda. – respondeu Harry.
- Venham com a gente, então! – disse – A gente se aperta e cabe todo mundo.
- Como se realmente precisasse se apertar... – comentou – Esse troço é gigante.
Subimos, então, um a um até a cabine do ônibus. Aquilo, na realidade, era quase um trailer. Tinha uma pequena “sala” com algumas poltronas de ônibus, um sofá um pouco maior e uma pequena mesa que usávamos para refeições rápidas. Tinha também um armário cheio e comida e uma estante com um microondas que costumávamos chamar de cozinha e, mais atrás, oito caminhas dispostas em quatro beliches, onde dormíamos nós, a Gio e os três mais cansados do staff daquela noite.
- e Dougie ou e Harry, dois de vocês durmam juntos, porque uma das camas é minha e eu não quero nem saber. – Gio falou, já sentando em sua cama e tirando as botas de salto.
Como ela era simpática, não?
Ainda rindo um pouco, o que fazíamos cem por noventa e nove do tempo quando estávamos juntos, nos dirigimos ao “quarto” para ajeitarmos as coisas e, no fim, sobrou uma cama, já que os dois casais decidiram se apertar na mesma cama.
Deitei em minha própria e me tapei com o edredom, sentindo meus pés latejarem depois de uma longa noite, mesmo estando de tênis. Eu já podia ouvir dormindo em cima de mim e Gio ressonando um pouco mais adiante. Também era impossível distinguir quais dos casais fazia mais barulho de beijo, até que descobri que aquela barulheira toda vinha somente de e Harry, já que e Dougie somente se faziam uns carinhos e cochichavam algumas coisas abraçados e de olhos fechados, eu daria dois minutos até a ruiva cair no sono, se eu bem conheço minha amiga.
Danny atirou um travesseiro nos dois que faziam parecer que estávamos com a PlayboyTV ligada na tv.
Ok, isso é exagero, mas quase lá.
- Por favor, tem menores de idade do recinto! – Ele disse, apontando para mim. – E, qualquer coisa, a gente pede pro motorista parar num motel pra deixar vocês. Caso o negócio aí seja muito urgente.
- Cala a boca, Danny, a gente já entendeu o recado! – Harry respondeu, mostrando o dedo pro amigo e voltando a beijar , dessa vez com menos intensidade e menos barulho.
- E a propósito, Danny, eu fiz vinte e seis e não dezesseis, ok? – Eu disse em seguida.
- Eu sei, só que você é tão pequenininha que parece que é menor de idade. – Ele sorriu para logo depois virar as costas pra mim, se ajeitando em sua cama e voltando a tentar dormir.
Eu não preciso nem dizer que estava na cama mais afastada dele, não é?
Quando finalmente me aconcheguei na minha cama, ouvi Tom me chamando baixinho e procurei por ele. O loiro estava na cama de frente a minha, embaixo de e Dougie. A franja caindo sobre os olhos quase fechados e a covinha ainda presente no rosto.
- Boa noite! – Ele sussurrou quando nossos olhos se encontraram – Dorme bem, mesmo já não sendo mais seu aniversário.
- Obrigada. – Sorri de volta, também sussurrando. – Você também! E vê se não cai daí, hein.
- Sonha comigo, tá? Eu vou sonhar com você. – Tom completou e logo depois virou-se de costas para poder dormir melhor, me deixando embasbacada com sua última frase.
Eu continuei com a boca meio aberta pela resposta não dada por um certo tempo, até eu voltar a mim e absorver todo o dia que se passara.
As coisas estavam mudadas, muito mudadas, e eu parecia gostar cada vez mais das mudanças. Talvez House estivesse errado quando disse que as pessoas não mudam, mas talvez tenha dito isso por nunca ter assistido Doctor Who...
De qualquer forma, naquela noite eu realmente sonhara com Fletcher e tudo aquilo me lembrava de anos antes e da dor que todas nós sentimos. Eu não queria sentir aquilo de novo e só esperava nunca mais me decepcionar daquele jeito.
Por favor, Tom, me prove que House estava verdadeiramente errado e que as pessoas mudam. Me prove que aquele Tom de antigamente nunca mais vai voltar.


(19)... And kiss on the stairs!


POV

Mais uma festa, desta vez eram duas em uma. e Tom acharam melhor juntar a comemoração do aniversário deles, que era no mesmo dia, pra não ter nenhum problema para os convidados. Assim, e Tom gastariam menos e curtiriam mais.
nos convidou para irmos a sua casa para nos arrumarmos, e óbvio, não poderíamos negar. A melhor parte de ter festas era ir para a casa da ruiva, fofocar mais que a TMZ e nos arrumarmos.
Saí de casa correndo quando vi que já eram oito horas da noite, e havia marcado em sua casa às sete e meia. Eu havia me atrasado, pois peguei no sono na sala enquanto lia Cinquenta Tons de Cinza e acabei acordando somente quando tocou a campainha para saber por que eu não estava na casa da frente ainda.
Cheguei ao jardim da e escutei um estrondo e, logo depois, as risadas de . Imaginei o que diabos havia acontecido, e quando abri a porta, me deparei com uma no chão segurando o pé e miando baixinho.
- , não vai me dizer que você caiu...
- Na verdade não, eu bati meu minguinho no sofá e me joguei no chão por causa desta dor insuportável que parece que eu vou perder o dedo. – a ruiva miou, parecendo estar com lágrimas nos olhos.
- Nossa, cara, passa ano e você continua tosca. Até parece aquela ruiva atrapalhada que eu conheci no primeiro ano... – falei rindo da cara da garota.
- Você me ama. E vocês duas também... – disse apontando para as duas garotas que ainda riam.
- That’s bullshit and you know it. – falou seriamente para logo depois rir e ir ao encontro da ruiva, que ainda estava no chão.
ajudou a se levantar e deu um abraço na ruiva, que se assustou, pois não é de demonstrar carinho assim do nada. Quando soltou o abraço, colocou o dorso da mão direita na testa da garota, fingindo ver se a pequena estava com febre.
- Baby, você tá doente? – perguntou, rindo.
- Nossa, não posso nem ser meiga com você no seu aniversário que você acha que eu estou doente... – brincou.
- Claro, você não é assim, mas vem cá, eu aceito seu carinho! – disse puxando para um abraço.
- OPA, OPA, OPA. Essa baixinha me pertence, pode ir largando. – levantou do sofá e puxou para si.
- Ai, quanto ciúmes, eu não quero ela pra sempre, é só um caso de uma noite, ! – falou tentando puxar .
Enquanto a “discussão” ocorria, eu colocava a minha roupa e ria alto com as caretas que fazia cada vez que a puxavam deu um lado para o outro. As meninas já estavam quase prontas, só faltava o sapato, mas como eu havia me atrasado, eu precisava agilizar, se não quisesse a tentando torcer o meu pescoço por se atrasar na sua própria festa de aniversário.
- Sou ciumenta. – disse fazendo cara de emburrada.
- Você tem que lidar com isso, coisa fofa. – disse, segurando pelos cabelos.
- HEY, tem pra todo mundo, parem de brigar. – gritou fazendo com que eu borrasse a maquiagem pelo susto que eu levei.
- Sério mesmo, olha o teu tamanho, não tem nem pra você, quem dirá para os outros. – falei rindo e arrumando o que a loira me fez errar.
- Ah, cala a boca, Lu... – replicou.
Mandei um beijinho para ela e arrumei o meu cabelo. Eu só precisava secá-lo, pois ele adquiriria algumas ondulações naturais e eu não estava com saco para fazer nada mais trabalhoso. Fui colocar o meu sapato e vi o que as garotas estavam usando.
usava uma saia de cintura alta rosa pink e uma camisa transparente branca. A ruiva colocou uma unkle boot preta com o cano um pouco mais alto do que o normal e detalhes em dourado nas fivelas. vestiu um vestido justo de renda preta com um forro rosa claro e seu sapato era rosa chiclete. colocou um short de cintura alta preto com quatro botões prateados e uma blusa soltinha azul do ACDC por dentro dele. Nos pés, uma bota preta de couro que vinha até um pouco antes do seu joelho. Eu já estava pronta, com um vestido salmão soltinho que eu prendi com um cinto fininho prateado e o puxei para cima, deixando-o na altura do meio da coxa. Minha sandália era prata.
- Todas prontas? – perguntou ansiosa.
- Sim. – respondemos todas ao mesmo tempo.
- Ótimo, então vamos indo. – ela falou autoritária.
iria dirigindo, pois a morena não bebe e nós pretendíamos chutar o balde. Então, foi no banco no carona, pois insistiu que era o seu aniversário e nós deveríamos fazer tudo que ela mandasse. ficou responsável pela música da “viagem”, então acoplou seu iPhone no carro e escolheu uma música nossa.
Nós cantamos até acabar e me olhou séria e disse:
- Nossa, , agora eu lembrei porque você é a baterista, meu Deus, pensei que fosse perder o tímpano.
- Nossa, aniversariante, como você é engraçada... – falei mandando o dedo do meio para a ruiva.
- Eu sei... – ela disse convencida.
- Vocês pegaram o presente do Tom? – perguntou aflita.
- Peguei. Tá na bolsa. – respondeu.
- Uhh, tá preocupada com o presentinho do Tomzinho, é? – eu falei cutucando a sua barriga.
- Nada disso, só não acho legal não levar presente. – falou emburrada.
- Aham, sei, me conta outra. – disse rindo.
- Mas é claro que sim! Parem de bullying!
- e Tom sentados embaixo da árvore, se B – E – I – J – A – N – D – O. – cantou.
- Nossa, que idade você tem, ? Cinco? – A loira já estava roxa de vergonha.
- Na verdade, hoje eu completo 6, mas quem tá contando? – brincou.
- Chegamos, garotas. – avisou quando terminou de estacionar.
- Aleluia! - colocou os braços para cima.
Saímos do carro e fomos até a porta, entramos e logo vimos os McDelícias. Tom sorria abertamente para nós.
Quando Dougie nos viu, abriu um sorriso imenso, que eu aposto que era para a aniversariante mais gata do dia, e deu uma cotovelada nas costelas de Danny e de Harry e apontou para a nossa direção. Eles também abriram sorrisos e acenaram.
- Vocês demoraram!
- Culpa a ! Ela que ficou dormindo e nos atrasou. – falou, dando um selinho no McBoy dela.
- Desculpa se o livro que eu tava lendo me deixou com sono! – repliquei fingindo estar ofendida.
- Marauders! - Tom nos abraçou.
- Feliz aniversário, loiro! – eu falei alegremente, batendo palmas.
- Feliz aniversário, Tommy – disse apertando as bochechas, já vermelhas pelo calor da festa, do garoto.
- Parabéns pra nós, monocova! – falou pulando no menino e o abraçando.
- Parabéns, Tom! – disse tímida.
- Obrigado, meninas. – Tom respondeu e, sem seguida, os meninos partiram pra cima de .
- PARABÉÉÉÉÉÉNS, !!!! – os quatro gritaram ao mesmo tempo, enrolando a ruiva no meio de um abraço grupal. Eu podia ouvir os gritos de socorro que ela gritava de lá, abafados pelos quatro corpos ao redor dela.
- Vocês querem me matar no dia do meu aniversário? – ela perguntou assim que eles a soltaram.
- Ah, cala a boca, pequena! Você nunca foi abraçada por caras tão bonitos quanto agora. – Danny respondeu.
- Hey, Danny, começou a pipoquear cedo hoje. – comentou.
- Lá vem você com essas suas pipocas!

POV

A minha vida como Marauder estava se resumindo a ir a festas e trabalhar duro na turnê. Depois da surpresa que o McFly fez pra no aniversário da loira, passamos mais um tempo fazendo shows até que a ruiva passou a planejar seu aniversário loucamente. Unindo o útil ao agradável, Tom aceitou o convite e não precisou planejar nada, apenas concordar com a .
Sobre o fato de ver o McFly mais do que eu gostaria... Eu acabei me acostumando. estava feliz com Harry, e Dougie pareciam ser feitos um para outro. Cá entre nós, eu sabia que a estava resistindo, mas poucas pessoas resistiriam a alguém tão incrível quanto o Tom. Então, restava ser educada e simpática. Coisa que não era dolorosa na maior parte do tempo, visto que os meninos eram queridos.
- Hey, ... Cansou? – uma mão pousou no meu ombro.
Olhei para o lado e avistei os cabelos loiros de Dougie já bastante suados. Estava sentada em uma das cadeiras altas do bar, sem tomar nem comer nada, apenas observando tudo.
- Talvez... – comentei sem saber ao certo porque tinha sentado. – Está se sentindo abandonado, meio metro? – vi Dougie revirar os olhos pelo meu comentário.
- Eu mal vi a desde que vocês chegaram. – ele comentou dando de ombros. – E eu não sou tão mais baixo que você...
- Não tem problema, a zoeira é de graça mesmo. – sorri para ele. – Ela deve estar cumprimentando os convidados, sinceramente, tem gente aqui que eu nunca ouvi falar.
Do lado direito do salão havia algumas mesas ocupadas por alguns amigos de Tom que sequer dei atenção, já do esquerdo havia os amigos de que pareciam tão desconhecidos para mim quanto o outro lado. Está certo, o James estava ali com a sua namorada, os Phelps tinham aparecido também, algumas pessoas que trabalhavam no staff das Marauders, Gio e sua presença absoluta, alguns amigos da que eu conhecia de vista... Mas fora isso, havia muitos desconhecidos... A ruiva era realmente alguém famosa e popular.
- Então, cotonete de barata, vou lá dar uma volta. – falei saltando do banco.
- Não sei da onde você tira tantos apelidos... – ele comentou enquanto eu já me afastava.
Me virei caminhando de costas para respondê-lo.
- Você já viu o tamanho da ? – pisquei e retomei meu rumo.
Pensei em ir pra pista de dança, mas não havia nenhum conhecido por lá e dançar sozinha... Bom, há tempos que eu não usava isso como opção. Ia voltar e conversar com o Dougie, mas quando me virei, vi que ele caminhando na direção de e abraçando a ruiva pela cintura.
Avistei de longe que conversava bastante entretida com um grupo de meninas que me parecia familiar, mas não fiquei com vontade de ir até lá. Duas mesas dali, Danny Jones e Harry Judd conversavam e riam de vez em quando. Olhei um pouco mais ao redor e não encontrei , ia convidar a loira para dançar comigo, sem sucesso caminhei até onde os dois McGuys estavam e puxei uma cadeira sem cerimonia alguma.
- Oi, meninos. – cumprimentei.
Estava mais próxima de Harry, então evitei levantar a cabeça e acabar olhando para o Danny.
- ! – Harry me chamou animado. – Era você mesmo que eu precisava, faça companhia para o Danny enquanto eu vou ali falar com o Dougie ele tá me chamando...
Franzi a testa ao lembrar que tinha visto o loiro pendurado na cintura da ruiva, mas assenti de qualquer forma. Pela minha visão periférica vi o Harry se levantar e sair dali. Levantei a cabeça me obrigando a ter uma conversa madura com quem estava a minha frente.
Mordi os lábios ao ver que os olhos azuis de Danny me encaravam. Ele sorriu de lado ao ver que tinha a minha atenção.
- Achei que a toalha era mais interessante que eu. – ele comentou.
- Possivelmente... – murmurei baixinho. – Então, Jones... O que anda fazendo? – puxei um assunto qualquer.
- Trabalhando, vamos começar uma mini turnê pela Europa. – ele deu de ombros. – Vai ser legal.
- É, mas cansa. – comentei. – Estou feliz que falte só um show.
- Sério? – Danny parecia empolgado. – Onde vai ser?
- Wembley. – falei sentindo meu rosto iluminar. – O show mais épico da nossa carreira até agora, com certeza. – Danny concordou comigo antes de responder.
- Wembley sempre torna os shows mágicos!
Sorri com o comentário dele. Eu me lembrava de todos os shows que tinha ido em Wembley. Todos, sem dúvidas, mágicos e excepcionalmente bons. Um me gritava a memória, mas negaceei afastando aquele pensamento e voltando a me concentrar no garoto.
- É, acho que eu não me arrependo de nenhum que eu tenha ido. – concordei com ele.
Ficamos um tempo em silêncio e acabei percebendo o quão simples era conviver com o Jones. Não precisávamos ser os melhores amigos do mundo, mas não precisar odiá-lo me fazia uma pessoa bem mais leve. Eu prometera pra que ia tentar ser alguém mais sociável, lá estava eu tentando...
- Eu ainda lembro da nossa promessa. – ele falou do nada.
Tive que parar um pouco pra pensar, até que cenas da festa de aniversário da me vieram à cabeça.
- Uh. – soltei – Você sabe que o Bon Jovi vai entrar em turnê ano que vem, certo? – comentei com ele. – Acho que vai ser impossível isso se realizar tão cedo..
- Nunca disse que tinha pressa, . – Danny deu um gole na bebida que estava a sua frente. – Mas pelo visto você tem...
- Oh, não. – negaceei com a cabeça. – Pressa alguma, dois mil e doze será um ano corrido pra mim não posso me preocupar em sair com você.
- Apostaria de novo com você, mas prefiro apenas te dizer uma coisa. – ele falou e senti as íris azuis captarem a atenção das minhas. – No dia em que você sair comigo, a ultima coisa que você vai fazer é se preocupar.
Aquilo me desconcentrou por um tempo, no entanto, preferi não pensar muito naquilo e me limitei a dar uma risada.
- Certo Jones. Sua prepotência e ego estão me deixando desconfortáveis... – comentei me virando e olhando ao redor.
Ainda não via , no entanto, minhas outras amigas estavam todas bem a vista. Sabia que a deveria estar por aí, com algum cara bonito que ela encontrou, ou talvez apenas por aí, sendo a .
- Sério, eu poderia beijar vocês dois de alegria. – virei-me rapidamente assim que ouvi a frase.
Parada a direita, com ambas as mãos espalmadas na mesa e um sorriso travesso, estava nada mais, nada menos que a manager mais bem quista de toda Inglaterra. Ou, como eu prefiro, a mandona da Gio. A garota tinha as bochechas coradas e estava com o cabelo um pouco bagunçado, indícios de que ela estava dançado até agora.
- Er... obrigado? – Danny sugeriu confuso ao olhar a mulher.
No entanto, Gio o ignorou seus olhos estavam fixos em mim e um pouco perdidos.
- Você não matou ele? – a ficha pareceu cair e ela reparou que estávamos de boa.
- Nah, iria demandar muito tempo. – fiz pouco caso.
Gio pareceu ponderar a ideia, mas balançou a cabeça como se afastasse a ideia de si.
- Tá que seja, preciso de um favor dos dois. – ela falou voltando ao objetivo principal.
- Fala.
- Dos dois juntos, tudo bem pra vocês? – ela perguntou. – É pela ...
Eu estava prestes a dizer que não, até que ela completou a frase. Eu faria um favor para a Gio sem problemas, fazer um favor para a Gio com o Danny já tinha alguns problemas. Só que era para a ; eu faria qualquer coisa por ela, ou por qualquer outra Marauder. As garotas eram a minha família desde que eu me mudara para Londres, fazer algo por elas jamais seria uma obrigação, assim como eu tinha certeza que em caso contrário, receberia também tamanha consideração delas. Além do mais, pela , eu estava me dando bem com Danny, eu poderia prolongar aquilo...
- Tudo certo, Gio. Fale o que você precisa... – respondi e Danny assentiu.
- Ah, perfeito! – ela exclamou. – Então, na verdade, é pelo Tom também... Só que não tem problema agora que você aceitou.
Revirei os olhos sorrindo com a mania de Jack O Estripador da Gio.
- Então, vocês dois são os melhores amigos deles né? – Gio não deu tempo para respondermos. – Eu estava pensando, se vocês não podiam pensar em alguma coisa diferente pra fazer hoje. Assim vocês já começam o parabéns logo depois...
- Gio... sei lá... – falei insegura.
Puxar os parabéns, sem problemas, fazer a pagar um mico sem tamanho, sem problemas, agora me fazer passar um mico sem tamanho pela ao lado de Danny Jones. Uh, muitos problemas.
- Ah, . Por favor, não vai custar nadinha. – Gio falou sorrindo.
- Até que é verdade, mas o que você sugere? – perguntei olhando pra manager.
- Eu não sugiro nada. Já tive a ideia brilhante de fazer alguma coisa, vocês que pensem em algo.
Gio saiu dali, nos deixando pra pensar em alguma coisa. Danny não falava nada, mas vi que ele parecia tão concentrado quando eu pensando em alguma coisa que prestasse.
- Alguma ideia? – ele me perguntou. Torci os lábios negando.
Nada vinha a minha mente, não imaginava nada que podia fazer junto com o Danny para e Tom, algo para chamar atenção para os parabéns deles. Olhei em volta pensando que encarar os dois iria ajudar.
- Eu tive uma ideia! – Danny deu um salto se levantando. – Vem comigo que eu te explico.
Bom... Seja como for, vai ter que ser isso mesmo.

POV

Aquele estava sendo o melhor aniversário de todos os tempos. Quer dizer, tudo bem que no ano passado havíamos passado uma semana em NYC para o meu aniversário, mas esse ano estava sendo muito melhor. A presença dos meninos ali ajudava bastante para esse conceito e a minha felicidade inexplicável também - ou talvez nem tão inexplicável assim.
- Hey, aniversariante! - ouvi Dougie sussurrar no meu ouvido e envolver minha cintura, enquanto eu dançava na pista de dança com alguns amigos de infância. - Você me abandonou.
- Ah, nem vem! Você poderia estar aqui dançando comigo o tempo todo se quisesse. - o respondi e ele balançava os nossos corpos ao ritmo da música que o DJ tocava. Já estava de costas para os meus amigos há essa altura - E eu ainda poderia apresentar você a todos. - sorri.
Dougie beijou-me de leve ao sorrir junto comigo após eu terminar de falar. Alguns dias antes, decidimos parar de esconder das pessoas que estávamos juntos. Quer dizer, não estávamos namorando nem em nenhum compromisso, mas estávamos juntos e, de certa forma, havíamos travado um acordo mudo de que sim, aquilo era sério para ambos de nós. Então, decidimos parar de evitar as perguntas sobre nós dois e simplesmente respondê-las com a verdade e, desse jeito, ganharíamos a liberdade de sairmos juntos na rua - de mãos dadas, como amávamos ficar - sem nos preocuparmos.
Pouco depois disso, Dougie fez uma careta engraçadinha e apontou para o palco. Quando olhei, vi e Danny preparando alguma coisa a qual eu não poderia identificar.
- , você por acaso sabe o que aqueles dois estão fazendo lá? - Tom apareceu ao nosso lado e perguntou.
- Na verdade, eu tinha esperança de que você soubesse, Tom. – respondi.
Eu não sabia se ficava preocupada por ver justamente aqueles dois em cima do palco preparando alguma coisa desconhecida bem no meio na minha festa de aniversário, ou se ficava feliz por finalmente ver e Danny fazendo alguma coisa juntos sem gritar um com o outro e se ofender. Na verdade, eles até pareciam estar se divertindo, já que ambos riam de algo que eu não identificava.
- Confiamos neles e qualquer coisa matamos os dois depois? – Tom perguntou novamente.
- Ótimo plano, mestre Yoda. – sorri pra ele, que me deu um beijo na bochecha e voltou para onde quer que ele estivesse antes.
Depois disso, eu e Dougie resolvemos procurar o resto dos nossos amigos e nos certificar de que eles não estivessem planejando mais nenhuma surpresa, se é que era isso mesmo que Danny e faziam lá em cima. Caminhamos pele pista de dança até chegarmos ao bar, onde e Harry estavam sentados, conversando sobre alguma coisa.
- Hey, casal! – falei ao chegar até eles.
- Hey, casal! – Harry respondeu.
- , você viu aqueles dois lá em cima? – Lu perguntou.
- Sim e, antes que você pergunte, não, não sei o que eles estão fazendo lá.
- Bom, pelo menos eles estão fazendo alguma coisa juntos pacificamente, né... – Harry comentou.
Nesse meio tempo, Dougie deixou o meu lado e foi até Harry, o abraçando. Negaceei com a cabeça, já acostumada com momentos assim, e pedi uma taça de champagne para o barman, que também atendia outros convidados.
Sentei em um dos bancos altos que tinham ali e parei para reparar em todo o salão que eu e Tom tínhamos alugado para fazermos nosso aniversário naquele sábado à noite. Era uma coincidência enorme eu e Tom termos nascido exatamente no mesmo dia, 17 de julho. Ele em 1985 e eu em 1987.
Então, enquanto eu reparava no salão lotado de convidados, alguns até que eu nunca vira na minha vida, senti minha visão escurecer quando a maior parte das luzes que iluminavam o local foi apagada. No palco, porém, dois holofotes brancos e fortes iluminavam dois pontos principais ainda vazios. De repente, ouvi tambores rufando e, subindo ao palco, e Danny, que pararam exatamente em baixo das luzes.
Eu não sabia se ria dos dois, se sorria orgulhosa para ou se chorava pela merda que eles poderiam fazer a qualquer momento.
Do lado oposto do palco, vi Tom e se aproximando de nós ali no bar, ambos rindo de alguma coisa. Mal os dois nos alcançaram, pude ouvir as primeiras palavras vindas do palco.
- Hey, gente! – começou – Estamos aqui para uma pequena surpresinha para os dois aniversariantes, ok?
- Então, antes de tudo, eu queria pedir para que o Tom e a viessem aqui pra frente. Onde vocês estão?
Assim que Danny falou, dois outros holofotes nos procuraram pelo salão, até pararem exatamente em cima de nós dois, nos obrigando a caminhar até a frente do palco. Rindo e mortos de vergonha, caminhamos até lá de mãos dadas, com Dougie, , e Harry atrás da gente, fora das luzes fortes que chegavam a nos cegar.
Quando chegamos lá na frente, ainda de mãos dadas, os dois sorriam para nós como quem pedisse desculpas, com caras de crianças que aprontaram alguma coisa. Antes de começarem a falar novamente, sussurrou pra mim: “Foi ideia da Gio!”.
Ah, claro. Como não havia pensado nisso antes?
Somente aquela manager louca para ter sugerido uma coisa dessas, ainda mais com e Danny trabalhando juntos de boa vontade e sem se matar.
Suspirei, apertei a mão de Tom e sussurrei pra ele: “Here we go...”, esperando o que viria a seguir.
- Bom, então... – começou – A gente resolveu fazer isso...
- Não foi exatamente a gente, mas tudo bem... – Danny interrompeu, fazendo-a rir um pouquinho.
- Enfim. Acabamos tendo a ideia de última hora, não tínhamos tempo nenhum para fazer algo mais elaborado, então pensamos numa homenagenzinha bem singela mesmo, só porque vocês dois realmente merecem. – ela continuou.
- E, pra não ficar muito óbvio, a minha homenagem é pra você, baixinha. – Danny disse.
- E a minha é pra você, queixudo. – e completou.
Nos poucos instantes de silêncio que surgiram enquanto eles se preparavam para começar com o que quer que eles tenham preparado, era possível ouvir uma música calma ao fundo.
- Me mandaram começar, então lá vai. – Danny voltou ao centro do palco, dessa vez sozinho e com um sorriso enorme que ia de orelha a orelha em seu rosto. – Eu não tive tempo de planejar realmente o que eu vou falar, pequena, mas eu tive uma ideia e eu vou tentar fazer dar certo, ok? – ele riu quando eu assenti.
Por que eu tinha a impressão de que eu começaria a chorar em breve?
- Hey, I’m looking up for my star girl, aquela que tem um significado mais do que especial pra mim, minha melhor amiga. A gente passou por tanta coisa juntos que, mesmo em pouco tempo, I’m stuck in this mad world que ela mesmo criou, onde tudo tem uma maneira única de acontecer, sempre cor de rosa e com muito brilho, do jeitinho que eu sei que você adora. And the things that I want to say são muitas e falar aqui é complicado e mesmo tentar agradecer por tudo o que você já fez por mim é perda de tempo, porque eu acho que você já sabe o quanto eu sou grato por você ter me aceitado na sua vida. Eu quero que você saiba que, mesmo nos separando um dia e being a million miles away, você vai tá sempre comigo e eu com você, sempre tendo um pedacinho gigante meu contigo. Afinal home is where the heart is, where we started, where we belong. – Danny dizia e, desde a primeira frase que ele dissera, uma lágrima escorrera pelo meu rosto. Ele era o único dos meninos para quem eu havia contado que ouvia McFLY. Ele sabia que eu entenderia tudo o que ele dissesse e que eu realmente ficaria emocionada. Na verdade, acho que me emocionaria de qualquer forma... - Eu te admiro muito por conseguir ver o lado bom dos outros, sem se iludir. São poucas as pessoas que conseguem fazer isso nesse ugly world we’re on. So remember to smile, ruiva, to make it in this world e nunca permita que qualquer um te deixe pra baixo, porque na maioria das vezes, os haters só precisam saber que a gente é feliz para irem embora. E você sabe que pode contar comigo pra qualquer coisa, até mesmo pra dar uns bons tapas em qualquer um que tentar te magoar, certo? Porque when you’re down and troubled and you need a helping hand, me liga, manda sinal de fumaça, mensagem de texto, vem na minha casa, ou you just call out my name and you know wherever I am, I'll come running to see you again. Winter, spring, summer or fall, all you got to do is call and I'll be there. Obrigado por ser a melhor amiga que alguém pode ter e if you don’t believe me, just look into my eyes, cause the heart never lies. E vamos festejar muito, porque everybody loves to party on a Saturday night, e quando não é sábado também! Feliz aniversário, Marauder, e saiba que eu até gosto de ti as vezes... Ok, eu amo muito você, mas não conta pra ninguém, tá?
Quando Danny acabou de fazer sua homenagem, meu rosto já estava tomado pelas lágrimas que teimaram em fugir dos meus olhos. Soltei a mão de Tom e finalmente subi no palco, correndo até Danny e o abraçando muito apertado. Jones me pegou nos braços, me girou no ar e, ao me pôr no chão novamente, percebi que uma lágrima solitária em seu rosto também, que ele logo tratou de secar com um dos polegares.
- Feliz aniversário, pequena. – ele falou, ainda no microfone – Desculpa por qualquer coisa que eu possa ter feito algum dia que tenha te magoado, porque eu me arrependo muito mesmo. Dói em mim só de imaginar essas lágrimas de felicidade que eu tô vendo agora virarem de tristeza. – e então ele me abraçou novamente, bem apertado, e eu só conseguia pensar no bem que eu tinha feito a mim mesma no dia em que decidira conversar com Danny e ouvir suas piadas no meio de um photoshoot e no dia em que decidira perdoar os meninos. Eu nunca me sentira tão feliz.
Descemos do palco e eu voltei para o lado de Tom, o abraçando também e voltando a pegar em sua mão quando vi se encaminhar para o centro do palco, com o microfone em mãos.
- É minha vez, então? – ela sorriu nervosa e continuou - Tudo o que eu posso dizer sobre esse cara aqui é que ele é uma das pessoas mais lindas que eu já tive o prazer de conhecer. Ele é lindo não só por fora, mas também por dentro, porque ele é uma das razões que me faz sorrir todos os dias e me faz sentir melhor sempre que eu preciso. Quando tudo parece estar desmoronando, ele está sempre por perto pra me dar um abraço e dizer que vai ficar tudo bem. Então eu tive essa chance de agradecer por tudo que ele já fez por mim, mesmo que ele não saiba disso, porque eu sou uma chatinha teimosa que insiste em se fechar para as pessoas... Tom, feliz aniversário! E desculpa por qualquer coisa que eu disse ou fiz que tenha te feito sentir menos especial do que você realmente é, pra mim e pra tantas outras pessoas. Você é sim o meu McFLY favorito e eu espero que você consiga todo o sucesso que você merece nessa vida, o que é muito, porque eu acho que você merece o mundo e um pouquinho mais, talvez até a galáxia inteira. Obrigada por tudo, por ser uma das pessoas mais especiais que eu conheço e por ser exatamente quem você é cem por cento do tempo, sem ter medo do que os outros possam pensar. Você é a minha inspiração! E desculpa se a minha homenagem não parece ser tão digna quanto a do Daniel, mas você sabe que os dois ali são mais do que irmãos, né? Talvez um dia a gente chegue lá e eu espero realmente que sim, porque eu me sinto mais feliz agora que a nossa amizade tá cada vez maior e mais forte. – a voz de falhou um pouquinho e era visível que o brilho no olhar dela eram as lágrimas que ela segurava. Senti Tom apertar mais forte minha mão contra a sua - Obrigada que fez com que todos nós nos aproximássemos! Eu gosto muito, muito, muito de você, Obi Wan! Arrisco até a dizer que te amo. Então feliz aniversário, tá?
Tom sorriu tão abertamente para a garota durante todo o percurso até o palco que sua covinha estava maior e mais funda do que normalmente. Ele abraçou como se ela fosse a pessoa mais especial em sua vida, e eu não duvido que ela realmente fosse naquele momento. Secando as poucas lágrimas que fugiram de seus olhos antes que alguém percebesse – com exceção de mim, é claro, que sempre percebo -, apertou as bochechas de Tom.
- Só não vou chorar, porque eu sou macho, mas você sabe que eu também te amo, certo? – Tom perguntou a ela, ainda em cima do palco – E fico feliz que você finalmente tenha admitido que me ama também.
- Como se você soubesse disso antes... – desdenhou.
- Claro que sabia, tá escrito na sua cara! Tava só esperando você perceber... - rindo, os dois desceram do palco ainda abraçados e de forma meio desajeitada.
Ao chegarem onde nós estávamos, Harry nos puxou para um abraço em grupo em que nós oito ríamos e gritávamos coisas sem nexo uns para os outros durante os curtos 15 segundos que durou. O resto dos convidados, assistindo a tudo desde que começara, aplaudia, gritava e assoviava em apoio. Devia ser bonito ver uma amizade dessas do lado de fora... Nós deveríamos parecer amigos de infância com o jeito com que falávamos uns com os outros e com que nos tratávamos.
Pode parecer idiota da minha parte pensar assim, mas eu acho que essa união em que nós oito nos submetemos já estava marcada pelo destino para acontecer. Talvez tivesse acontecido muito antes, se não fossem por problemas maiores e causas diferentes que nos fizeram caminhar em trilhas opostas, mas, como tudo na vida tem um motivo, o próprio destino nos fez ficar juntos, mais cedo ou mais tarde, acima de qualquer outro empecilho que pudesse nos impedir. Finalmente.
Quando vi que e Danny estavam lado a lado, com os braços um sobre o outro naquele abraço louco que Harry inventara, eu percebi que aquilo realmente era certo e mais algumas lágrimas teimosas escorreram pela minha bochecha.
Ao nos separarmos, olhei pro lado e vi Dougie me olhando com os olhos brilhantes e um sorriso gigante estampando o rosto. Me aproximei dele, peguei em sua mão e o beijei o mais carinhosamente que consegui, tentando mostrar pra ele o quanto eu era grata por ele existir, por ter ele em minha vida e por ele me fazer tão feliz. Dougie me segurou forte pela cintura e correspondeu ao beijo de um jeito que também me fez entender o que ele queria me dizer.
Eu e Dougie tínhamos essa mania esquisita de nos falarmos pouco e dizer tudo um para o outro de diferentes formas. O importante é que sempre nos fazíamos entender. Nunca tínhamos combinado isso, nem mesmo acertado gestos e sinais, foi uma coisa natural que nos fez nos aproximarmos muito mais do que faríamos se fosse diferente.
Em seguida, depois de olhar fundo nos olhos de Dougie e o agradecer silenciosamente por tudo, voltei o olhar para os outro seis e encontrei algo inesperado.
Enquanto e dançavam de uma forma extremamente feliz e estranha e Harry e Danny riam discretamente das duas ao tomar as cervejas que pediram para qualquer que fosse o garçom que passara por ali, e Tom se beijavam entre as pessoas na pista de dança e não pareciam se importar com o que os outros pensariam. Sorri para mim mesma e apontei a cena para Dougie, que sorriu e piscou pra mim. Ele sabia que eu estava agindo como cupido sobre os dois há algum tempo. Caminhamos, então, até , Danny, Harry e para contarmos sobre a novidade e todos pareciam tão felizes quanto o próprio casal em si.
Bom, tenha sido por causa de meus esforços de cupido ou por qualquer outra causa que possa haver, o casal que eu mais shippava entre nós oito estava finalmente junto e eu poderia dar pulinhos de felicidade a qualquer momento ali.
Sem querer atrapalhar o casal, simplesmente os deixamos aproveitar um ao outro e fomos aproveitar a festa. Afinal, aquele era o meu aniversário e de Tom e eu não sairia sóbria dali nem mesmo se o Brad Pitt surgisse me pedindo que o fizesse.

POV

Acho que seria, de certa forma, sensato admitir que sim, eu estava nervosa por causa daquela festa. E, convenhamos, eu tinha razão para estar.
Era lógico que, desde que decidira que todos seríamos amigos e nos daríamos bem – uma decisão pela qual eu estou prestes a agradecer a ruiva , eu tinha tentado me aproximar mais daqueles quem eu sabia que pouco me trariam lembranças dolorosas, diferentemente de alguns outros. Mas era impossível pelas nossas coisas em comum, e as incomuns também, que não nos aproximássemos uma hora ou outra, como eu sabia desde o início que acabaria acontecendo.
E foi quando eu o vi cantando só pra mim ao invadir um show das Marauders, que eu percebi que já era tarde demais.
Eu não me culpava por nada, no entanto, já que meu inconsciente me dizia, desde que Gio nos avisara do photoshoot, que as lembranças e a convivência poderiam me trazer sentimentos e sensações que já foram enterrados há muito tempo. Pelo menos eu achava que estavam enterrados.
Chegamos bem cedo no salão que e Tom haviam reservado e contratado alguém muito bom para decorar, embora eu tenha certeza de que nada tenha sido feito sem que a ruiva aprovasse ou escolhesse ou que ela mesma tenha feito a maior parte das coisas. Os meninos já estavam lá obviamente, já que levam menos tempo para se arrumar.
- Hey, Marauders! – Harry foi o primeiro a nos ver – Vocês estão lindas!
Esperamos os convidados chegarem conversando sobre alguma coisa na qual eu não conseguia prestar atenção. Quando todos começaram a chegar, deixamos que e Tom cumprimentassem a todos e decidimos nos sentar numa mesa qualquer.
- Hey, anã, você tá meio estranha... – Dougie comentou, colocando seu braço em meus ombros enquanto caminhávamos até a nossa mesa.
- Nah, só um pouquinho de dor de cabeça, Dougie, já vai passar.
Não era mentira. Toda a ansiedade que a presença de Tom me causava, me deixava com dor de cabeça. Por isso, resolvi deixar que todos fossem para a mesa e mudei meu caminho até o bar, onde o barman já preparava alguns drinks.
- Um Blue Ocean, por favor.
Quase uma hora já devia ter passado e eu sentia que ninguém estava sentindo a minha falta, onde quer que qualquer um dos meus amigos e conhecidos estivessem. Desde que viera ao bar, ninguém tinha vindo falar comigo, me cumprimentar ou ao menos me abanado de longe. Eu tinha virado invisível e não sabia?
- Hey, moço, eu virei invisível? – perguntei ao barman.
- Não mesmo, consigo te ver direitinho. – ele respondeu, sorriu e piscou pra mim.
Bom, então eu não estava invisível e pelo menos alguém notava a minha existência.
Fiquei mais um tempo sentada sozinha nos bancos do bar, pensando em ir pra casa chorar o que estava trancado na minha garganta. Por outro lado, eu estava me achando dramática demais, eu nunca fora desse jeito. Foi então que senti alguém sentando no banco ao lado do meu.
- Hey, ! – Tom sorriu.
- Oi, aniversariante! Se divertindo? - ele assentiu.
- Por que você tá há horas aqui sozinha? Vi você aqui de longe...
- Ah, eu tô com um pouco de dor de cabeça e, eu não sei por que, mas meu coração parece que vai parar de bater a qualquer momento.
- Vamos até a enfermaria pegar um remédio pra você, vem.
- Tom, não precisa, sério... Eu fico aqui no meu cantinho e...
- Não. Você vai tomar seu remédio e depois vai dançar comigo. – ele me olhou com cara de brabo como quem dissesse que era melhor eu o obedecer. E foi o que eu fiz.
Andamos alguns metros até chegarmos numa escada, onde subimos seis ou sete degraus e chegamos numa pequena sala muito branca e bem iluminada, onde uma velhinha de jaleco sorriu para nós.
- O que eu posso fazer por vocês, meninos? – ela perguntou com sua voz meiga.
Ela me lembrava a minha avó e fiquei com muita vontade de abraçá-la.
- Minha amiga aqui está com dor de cabeça, a senhora teria algum remédio pra ela? – Tom falou ao perceber que eu não a responderia.
A enfermeira logo se levantou e caminhou até o outro balcão, abrindo uma gaveta e pegando de lá uma caixinha vermelha. Tirou um comprimido, serviu um copinho d’água e me entregou.
- Aqui está, querida. Tome toda a água, está bem? – assenti e engoli o remédio, entregando-a o copo de volta e agradecendo.
Tom agradeceu também e pegou na minha mão, puxando-me de volta a escada e ao salão.
- Você já vai melhorar, prometo, ok? – ele falou baixinho, perto do meu ouvido por causa do barulho da música.
Eu não consegui prestar atenção em mais nada, desde que ele pegara em minha mão. E não soltara mais, diga-se de passagem.
Fomos até a pista de dança e, dali onde estávamos, pude ver e Harry mais adiante, dançando bem animados. Quando dei o primeiro passo para ir até eles, Tom segurou firme minha mão, fazendo-me voltar.
- Fica aqui comigo. – ele pediu e eu sorri pra ele, assentindo.
- Feliz aniversário, a propósito! Sério, Tom, espero que você seja muito feliz mesmo e que o McFLY te dê todo o sucesso que você merece. – eu disse, lembrando que não conseguira falar com ele direito mais cedo. Já estávamos dançando a música qualquer que o DJ tocava.
- Obrigado, , de verdade. – ele voltou a pegar em minhas mãos – Fico feliz por poder estar vivendo esse dia com você.
- E eu queria te agradecer de novo pela surpresa no meu aniversário. De verdade, foi um dos melhores aniversários que eu já tive! Graças a você... E aos meninos também, claro.
- Claro. – ele concordou – Foi muito divertido fazer aquilo! E a repercussão que teve na mídia foi incrível, você viu? Parece que não existe mais McFLY sem Marauders e Marauders sem McFLY pra todas essas revistas e programas de tevê.
- E não existe, existe? – perguntei – Quer dizer, sinceramente, eu não me vejo mais sem vocês. Eu passei anos pensando que vocês fossem uns canalhas idiotas e então eu realmente tive a oportunidade de falar com vocês e conhecer vocês. Dougie, Harry, Danny e você também, Tom, principalmente, conseguiram me provar completamente o contrário. E eu agradeço por isso, porque eu tenho que admitir que nunca fui tão feliz quanto eu sou agora.
- Eu ainda não entendo o porquê de vocês nos odiarem tanto antigamente, e eu juro que se vocês nos contassem, nós nos redimiríamos...
- Não é isso que nós queremos, Tom. Vocês já conseguiram nos provar que não são aqueles que nós pensamos que fossem. Deixe estar como está. Se formos remexer nas nossas mágoas vai ser muito mais doloroso do que você imagina.
- O que fizemos foi tão ruim assim? – ele perguntou, chegando mais pertinho do meu corpo quando uma música mais calma começou a tocar.
- Alguém já te decepcionou de verdade? Ao ponto de quase fazer sua vida perder todo o sentido? – ele negou – Então você nunca entenderia o quão ruim foi o que vocês fizeram.
- Vamos mudar de assunto? – Tom perguntou – Me deixa angustiado pensar que eu já fiz você chorar.
- Tom... Não é bem assim.
- Shhh. – ele colocou um dos dedos sobre meus lábios. – Eu amo essa música.
Quando Open Your Eyes do Snow Patrol começou a tocar, Tom colou nossos corpos um no outro, me abraçando apertado e nos fazendo dançar no ritmo lento da música. Ele aproximou nossos rostos até fazer seu nariz encostar levemente no meu e olhando fundo nos meus olhos, ouvi sua voz começar a cantar a música pra mim.
- All this feels strange and untrue and I won't waste a minute without you…
Eu não podia fazer nada além de olhar diretamente para seus olhos que me faziam derreter por dentro, como o chocolate que suas íris castanhas me faziam lembrar. Tom cantou a música inteira, sussurrando pra mim uma das letras mais lindas já feitas, sorrindo uma vez ou outra ao me ver sorrir também, abraçando minha cintura cada vez mais forte e fazendo carinho de leve nas minhas costas com seus dedos.
Nos últimos versos, Tom encostou nossas testas e os cantou de olhos fechados, sua voz rouca me fazendo arrepiar. No último acorde da guitarra que tocava, ele abriu os olhos novamente e, pausadamente, me perguntou o que eu não conseguia esperar pra ouvir há dias.
- Eu posso te beijar?
Eu assenti tão devagar quanto a pergunta que Tom fez e, segundos depois, ele encostou seus lábios quentes nos meus delicadamente.
Ao sentir suas mãos subindo para o meu pescoço e meu rosto, senti também seus lábios se afastando dos meus. Tom segurava meu rosto como se daquilo dependesse a sua vida e, buscando meus olhos com os deles como se fossem oxigênio, ele sussurrou mais uma vez com sua voz rouca.
- Finalmente.
Me fazendo sorrir feito idiota e me deixando com uma vontade enorme e tosca de saltitar de tanta felicidade, não resisti a distância que nos separava e colei nossos lábios novamente para Tom, em seguida, aprofundar o beijo.
Seria clichê demais dizer que senti todas as borboletas no estômago que eu tinha direito? Dizer que eu via estrelas em seus olhos de bombom? Dizer que aquele era o melhor beijo da minha vida e que Tom beijava melhor do que qualquer um que eu já tenha experimentado?
Ok, então não vou dizer, mas é tudo verdade.
Envolvi seu pescoço com meus braços e nos beijamos por mais algum tempo sem nos preocuparmos com nada nem com ninguém. Quando nos separamos, sorrindo um para outro, demonstrando a felicidade mútua que sentíamos, vimos uma movimentação no palco do salão e voltamos à realidade.
A festa. Todos os nossos amigos. Os convidados.
- Vou ver com a o que porra e Danny estão fazendo lá em cima e já volto, ok? – Tom falou, me dando um selinho e indo resolver problemas de sua festa de aniversário.
Fiquei ali esperando por ele, ainda um pouco tonta com o que havia acontecido, mas feliz o suficiente para fazer uma dancinha da vitória ali mesmo. Era completamente necessário fazer a dancinha da vitória.
Gargalhei a toa, ainda dançando. Obrigada mundo por me deixar ser tão feliz!

Continua...



Nota da autora (20/07/2015): Embora eu ache impossível, quem mais está tão empolgada quanto eu com esse beijo do Fletcher? Esses dois não são o casal mais fofo da face da Terra? Por favor, Tom, faça nossa alien feliz!!!!! Além disso, vocês estão preparadas, Marauders? Falta pouco para o mundo saber a verdade sobre o segredo que vocês carregam. Será que os guys irão entender? Será que a nossa guitarrista ainda terá uma chance com o Jones? E que as outras três conseguirão continuar com seus relacionamentos? Bom, só lendo pra saber! Vejo vocês na próxima att, girassóis! Beijos da Gio!

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