Last Saturday Night Party
Autora: Pie | Beta-Reader: Benny Franciss



CAPÍTULO I

Era uma fria manhã de domingo. Eu estava sentada na beira da piscina, com os pés dentro d’água. O vento me fez querer entrar em casa, mas o sol, que se fazia presente momentaneamente, me manteve ali.
Não passava das nove da manhã, e certamente todos estavam dormindo. Eu também estaria, se não fosse a dor de cabeça infernal devido ao porre que eu havia tomado na noite anterior.
O que havia rolado na noite anterior pra levar alguém que nunca bebe a tomar um porre violento? Bom, eu estraguei a minha vida.
Ia ter uma festa na casa do , um amigo de infância do , um cara por quem eu já fui perdidamente apaixonada. , a minha melhor amiga, me convenceu à ir com ela, devido ao climinha que estava rolando entre ela e o dono da festa.
E o problema era exatamente esse: ela ia acabar se enlaçando com o ou com outro pretendente e aí bye bye, e eu fico sozinha.
– Vou pra tua casa às oito pra gente se arrumar e ir pra festa, ok? – disse, sorridente.
– Claro.
Ela chegou à minha casa às oito e seis. Tocou a campainha três vezes, até que minha mãe – finalmente! – foi recebê-la.
– Oi, , querida! – ouvi mamãe dizer, provavelmente sorrindo e a abraçando.
– Oi, tia .
– A tá no quarto dela. Pode subir, meu amor.
– Certo, obrigada.
Ouvi os passos subindo a escada, atravessando o corredor, e, por fim, as duas batidas demoradas em minha porta.
– Entra. – murmurei, desanimada.
– Com licença. – sorriu, entreabrindo a porta. Que puta educação, meu Deus. E olha que a gente se conhece desde pirralha!
– Oi. – resmunguei, ainda deitada na cama.
– Oi. – sentou ao meu lado. – Então, dona , vamos nos arrumar?
– Vamos, claro.
– O que tu vai vestir?
– Não faço ideia. – dei de ombros, e ela riu. – E tu?
– Isso aqui. – tirou da mochila que trazia nas mãos um vestido. E que vestido. Era negro, bem simples, tomara que caia. Bastante folgado, exceto pelo elástico que ficava abaixo dos seios. parou em frente ao espelho, repousando o tecido sobre o corpo, pensativa. – Será que vai ficar bom em mim?
– Deixa de ser besta, vai ficar perfeito.
– Tá bem, agora preciso achar uma roupa pra ti.
– Uma calça e camiseta? – sugeri, sorrindo amarelo.
– Não! Um vestido, óbvio. – respondeu, estalando os dedos.
– Merda. – murmurei.
– E eu já até sei qual. – marchou furiosamente até o meu closet, puxando todas as camisetas e calças até chegar na última peça. A tirou do cabideiro e me mostrou.
Olha, eu realmente detesto vestidos, mas era lindo. O tecido era azul bem escuro, quase negro. O material parecia ser seda, devido ao brilho e leveza. Possuía apenas a manga esquerda, onde havia um laço de um tom azul mais claro.
– Nossa. – deixei escapar. sorriu, triunfante. – Isso é meu?
– Eu te dei de aniversário, há bastante tempo.
– Uau, obrigada.
– Tá, agora veste. – jogou a peça sobre mim. Peguei com todo o cuidado do mundo e entrei no banheiro. Tirei o pijama e vesti aquela belezura.

***

– Oi, ! – veio prontamente cumprimentar quando a porta do carro se abriu. Ele vestia um terno preto com uma gravata vermelha folgada. Estava lindo, admito. Abraçou a assim que deixou o veículo, todo sorridente.
Me estiquei sobre a janela aberta do carro.
– Aí, pai, a gente vai pegar um ônibus na volta, ok?
– Tá bem. – ele sorriu.
– Tchau.
– Tchau.
Dei-lhe as costas. estava parado ao lado da , abraçando-a de lado pela cintura. Acenou lentamente com a cabeça e murmurou um “Oi” totalmente desinteressado.
– Então, vamos entrar? – convidou, se referindo à. .
– Claro. – ela respondeu, e virou-se pra mim – Vamos?
– Uhum.
Lá dentro, era uma barulheira só. Além da música altíssima – Bleeding Out, do Imagine Dragons, muito boa por sinal – havia dois idiotas berrando e se esmurrando.
– O QUE É QUE TÁ ACONTECENDO AQUI, MERDA? – gritou, empurrando os dois brigões de forma que se afastassem.
– ESSE BOSTA AÍ AGARRANDO A MINHA NAMORADA! – um deles respondeu.
– ACONTECE QUE A SUA NAMORADA, A LARA, GOSTA MUITO MAIS DE MIM, DO QUE DE TI! – retrucou o outro.
– CALEM A PORRA DA BOCA!
A esse ponto, o DJ já tinha desligado a música – para a minha infelicidade – e não havia um só ser pensante que não estivesse de olho na briga.
segurou o mais alto dos dois pelo ombro e sussurrou algo pra ele, que arregalou os olhos, olhou ao redor e então abaixou a cabeça. Recebeu um leve tapinha nas costas e saiu andando, limpando o filete de sangue que saía de sua boca.
E foi então que eu percebi quem era aquele garoto.
andou na minha direção, o que era bastante assustador. Já fazia muito tempo desde a última vez que nós tínhamos conversado. Parou a um metro de distância, me analisando de cima a baixo. Havia algo nele, na presença dele, que me deixava arrepiada, como se ele fosse gritar comigo ou me beijar a qualquer momento.
E não, eu não era apaixonada por ele. Não mais. Passei três longos anos da minha vida o desejando, cobiçando, venerando. Então essa fase triste passou – não completamente, mas passou – e eu meio que comecei a gostar de um cara que nem sabia meu nome, .
– Oi, . – sua voz soou baixa, porém eu consegui ouvi-lo.
– Oi, . – resmunguei secamente.
– Quer tomar alguma coisa? – Mas nem morta!
– Com você? Não, obrigada.
– Com quem então? – Até com o papa eu beberia, mas com você, não.
– Com alguém decente? – soou como uma pergunta, mas eu queria uma afirmação.
– Certo, eu sei que você ainda está brava – CLARO que eu estou, você partiu meu coração –, mas eu realmente quero me divertir um pouco com você. Por favor.
– Olha aqui, , – elevei um pouco o tom de voz – eu não quero a tua companhia, entendeu? Me deixa em paz, merda!
– Se eu fizer alguma coisa...
– Qualquer coisa, tipo falar comigo? – o interrompi.
. Você pode muito bem falar com uma daquelas paredes ali, ó. – apontou os seguranças, que eram realmente bastante... musculosos. – E aí eles me tiram da festa.
Relaxei um pouco, me sentindo mais segura.
– Certo. Uma bebida.
– Só uma. – sorriu, convencido. Pegou na minha mão, mas eu a afastei e andei mais depressa, chegando à mesa antes dele.
– Contato físico já é demais, .
– Me chama como me chamava antes, porra.
?
– Isso.
Me estiquei por cima de todas aquelas comidas e bebidas e peguei a colher do ponche com um pouco de dificuldade. sorriu e fez sinal para que eu me afastasse. Encheu dois copos com ponche, percebendo que eu o derrubaria se tentasse.
– Obrigada. – acenei com a cabeça, bebendo um longo gole do líquido cor-de-rosa. – Não há de quê. Recostei-me na mesa com certo cuidado. Eu sou estrondosamente desastrada, e puxar a toalha, derrubar tudo e pagar mico seria moleza. me imitou, sorrindo.
Era uma merda estar parada perto dele. Aquela droga de sonho cruel foi o motivo da minha existência, e agora, ele era só outro cara incrivelmente perfeito de olhos vestindo um terno com gravata borboleta.
– Ei. – o chamei – Você realmente agarrou a Lara antes?
– Mais ou menos – deu de ombros – A gente tava dançando, eu me levei pelo clima e beijei ela. Mas eu não sabia que tu viria na festa, eu juro!
, você não é meu nem nada. – seu olhar era cortante de tão triste. – Assim como eu não sou sua. Pode pegar a Lara, e qualquer outra garota, não é da minha conta.
– É. – ele soou ríspido, quase cruel – Eu posso pegar quem eu quiser. Não sou seu. – largou o copo na mesa e saiu andando, virando-se rapidamente para completar – Depois não venha chorando pra mim, srta. Eu-Sou-Difícil.
Senti uma enorme vontade de correr até lá e chutar as bolas dele. Como ele ousou insinuar que eu estava me fazendo de difícil? Esse menino não levou surra dos pais, mesmo.
Ao invés de começar uma nova briga dentro daquele ambiente claustrofóbico, resolvi respirar fundo e me concentrar no salto alto que me obrigara em calçar. Pra alguém sem equilíbrio, era um INFERNO.
As portas – que haviam sido fechadas logo depois que eu, e entramos – foram novamente abertas. Um garoto com ar de descuidado, com cabelos , olhos e pele entrou. Ele vestia uma camiseta com gola V, uma calça jeans e uma jaqueta de couro. Um dos únicos meninos que não usavam terno.
estava extremamente perfeito. Era o único menino que eu conhecia que ficava bem com aquelas camisetas com gola V. Senti vontade de ir até lá e cumprimentá-lo, mas no instante em que suas amigas – sim, ele tem muitas amigas meninas – o rodearam, lembrei que eu não tinha aquele direito. era um cara bastante popular em sua “panelinha” de meninos e meninas. E eu era a fracassada do nono ano que caía de amores por ele. Procurei manter isso em segredo, mas aposto que até ele já sabia.
– Ei, – riu, parando ao meu lado e empurrando meu queixo para cima, afinal parece que eu meio que abri a boca devido ao jeito irresistível que ele ficava naquela roupa – Cuidado pra baba não cair, hein?
– Sua chata! – protestei, cruzando os braços e olhando para a parede.
Quando voltei a olhar para o meu príncipe encantado – que agora já tinha saído da entrada – o flagrei com os olhos nos meus. Um arrepio percorreu minha espinha. Senti vontade de dar um gritinho feliz à la Barbie, mas me contive. E, rapidamente, focou-se em outra coisa.


NOTA DA BETA: Qualquer erro de gramática/script/html na fic, deverá ser reportado a mim pelo email: bfranciss18@gmail.com; não use a caixa de comentários. Lembrando que eu não sou a autora da fic.


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