Las Vegas


Escrita por: Lay
That's what you get for waking up in Vegas


A noite já começava a surgir, era pouca a luz que passava pela janela e eu, sentada no sofá, perto da janela, observava o movimento que começava a aparecer. Estava em Las Vegas, a cidade dos pecados, como minha irmã, e muitos, gostavam de dizer. Aquela era a viagem da minha vida, sempre sonhei em vim para cá, viver loucuras e me sentir livre. E, agora, estava aqui, esperando minha irmã terminar de se arrumar para, então, começarmos esse sonho.
Mais alguns minutos olhando as luzes da cidade começarem a acender, e Karina surgiu atrás de mim. Usava um vestido preto e colado, seus cabelos, antigamente , estavam em um vermelho vivo, as pontas enroladas batiam na metade de suas costas.
- Wow – disse impressionada, ela estava realmente linda.
- Eu sei – sorriu convencida – estou linda – mexeu em seus cabelos e depois fez uma pose, como se fosse tirar uma foto – Mas o que você acha de levantar, ein? – perguntou brincalhona, puxando-me da poltrona – Vamos, quero curtir a noite de Las Vegas, baby! – jogou os braços para cima, dando um gritinho no final da frase e rindo, junto a mim, em seguida.
Karina era minha irmã gêmea, era totalmente o oposto a mim, mas, por incrível que pareça, nos dávamos super bem. Costumávamos dizer que nossas almas eram apenas uma, e que uma completava a outra, porque era ela que me encorajava a fazer loucuras e enfrentar meus medos, e eu era aquela que a protegia, que a acalmava e a consolava. Sabíamos que enquanto tivéssemos uma a outra, tudo estaria bem.
Pegamos nossas bolsas e casacos e saímos. Não tínhamos destino, apenas queríamos viver aquela aventura, que só a cidade dos pecados poderia nos proporcionar.

[...]

Ainda estava de olhos fechados, mas isso não impedia a claridade de me incomodar. Espreguicei-me, esticando os braços acima de minha cabeça, e depois me espalhei na cama, bagunçando os lenções a minha volta. Enterrei meu rosto no travesseiro, na tentativa de voltar a dormir, mas sabia que isso não adiantaria, a dor forte na minha cabeça estava incomodando muito mais do que a claridade.
Pisquei, algumas vezes, mas ainda sim não consegui abrir os meus olhos por inteiro, só o suficiente para que conseguisse enxergar alguma coisa. Olhava a cama ao lado da minha, intacta, sem nenhum sinal de que Karina havia dormido ali. Senti um aperto no coração, uma sensação estranha, algo como um aviso.
Levantei desesperada, quase tropeçando e caindo com a cara no chão. Fui em direção a porta, que dava acesso a uma pequena sala, nem sinal dela. Voltei para o quarto, indo até o banheiro, na esperança de encontra-la desacorda no chão, depois de ter passado a manhã toda vomitando, mas ela também não estava lá.
Então eu apoiei minhas mãos na pia, e me encarei no espelho. Meus olhos estavam vermelhos, minha maquiagem estava extremamente borrada, meus cabelos bagunçados, meu rosto tinha uma expressão cansada. Eu estava irreconhecível.
Respirei fundo e, mais uma vez, tentei resgatar alguma lembrança de ontem das minhas memorias, e obtive o mesmo resultado que antes, nada, apenas um borrão. “Lembre, , lembre” falava para mim mesma, mas nada adiantava, só conseguia sentir a dor de cabeça, que parecia só aumentar a cada tentativa falha de descobrir o que havia acontecido.
Tentei mudar de estratégia, talvez, se ligasse, ela me atenderia, dizendo que está tudo bem e me contando alguma história louca. Procurei meu celular pelo quarto, achando-o entre o emaranhado de lençóis. Com as mãos tremendo, busquei seu numero em meus contatos, ficando inquieta, enquanto ouvia os toques da chamada. Meus pés percorriam o quarto, indo de um lado para o outro, mas, assim que a ligação caiu na caixa postal, foi como se o chão, sob eles, sumisse. Sentei na cama, meus joelhos estavam fracos demais para me sustentar em pé e tentei mais uma vez, não queria acreditar que algo tinha acontecido com ela, mas tive que ouvir a mesma voz eletrônica.
Ouvi aquela mensagem eletrônica até o fim por pelo menos umas três vezes, para só então desistir e jogar meu celular no outro lado do quarto. Enterrei meu rosto em minhas mãos, resistindo a vontade de chorar, mas estava ficando impossível, porque tudo o que eu conseguia sentir era a dor no meu peito, lembrando-me que minha irmã não estava aqui, e a dor de cabeça, dizendo que eu era uma estupida por não conseguir lembrar de nada.
Queria enterrar minha cabeça no travesseiro, talvez chorar até pegar no sono e acordar com ela ao meu lado. Mas e se ela estivesse correndo o risco de vida? Cada segundo que eu passasse sem fazer nada poderia ser um segundo mais próximo de sua morte. Minhas mãos tremeram e meus olhos se encheram d’água apenas com esse pensamento. Se estivéssemos no Brasil, onde morávamos, já teria ligado para minha mãe e agora estaria chorando em seu colo, como uma criança com medo de escuro. Mas para de que adiantaria ligar para ela, minha mãe não poderia fazer nada, só iria assusta-la, assim como eu estava.
Pequei um abajur, que estava do lado da cama, e o ataquei na parede, com raiva por ser tão fraca e, também, por estar com medo. Se Karina estivesse no meu lugar ela, com toda certeza, já teria arranjado um jeito de me encontrar, atravessaria o mundo todo se fosse preciso. E era isso que eu iria fazer. Iria passar por cima de quem fosse para achar minha irmã.
Peguei o casaco, que estava em cima do sofá que havia na sala, saindo do quarto onde estava hospedada. Continuava com o mesmo vestido do dia anterior, um tênis substituía o salto, tentei dar uma arrumada no cabelo, mas continuava bagunçado e em meu rosto ainda havia restos da maquiagem. Em outras circunstâncias, nunca sairia de casa daquele jeito, mas estava tão desesperada, que nem me importava.
Desci de elevador até o saguão, as pessoas me olhavam de cima a baixo, fazendo careta ao notar minhas roupas. Passei direto por aqueles estranhos, andando rápido até a recepção. A garota, primeiramente, deu-me um sorriso forçado, nada simpático, o desprezo estampado em cada ruga de expressão. Perguntei, um tanto atrapalhada, se ela não havia visto minha irmã por ali, expliquei, gaguejando, como ela era e que roupas usava. A mulher respondeu que não a tinha visto desde ontem e eu senti o aperto em meu coração mais uma vez, junto com um incomodo na garganta, como se se formasse um nó com as minhas cordas vocais.
Praticamente corri até a porta de entrada do hotel, o vento me recebendo assim que passei pela porta de vidro. Iria até o lugar que fomos noite passada, mas o problema seria lembrar o caminho até lá. Lembrava algumas coisas da noite de ontem, lembrava de ter chegado a um pub, de ter conversado com um cara, bebido algumas doses e depois mais nada.
Fechei os olhos, tentado lembrar o caminho, que estava meio apagado em minha memoria.

Tínhamos acabado de passar pelas portas de vidro, Karina sorrindo assim que olhou para as luzes da cidade, sabia que ela queria gritar para que todo mundo que estivesse ali soubesse de sua existência e que ela iria aproveitar cada segundo em que estivesse ali, ela sempre fazia isso. Mas dessa vez ela ficou calada, sempre sentia um pouco de vergonha quando ela fazia isso, mas aquele silencio me incomodou um pouco.
- Para onde vamos? – perguntei, fazendo- a sair de seu transe e me encarar.
- Não sei – deu de ombros, dei risada.
- Se é assim, por que não ficamos no cassino do hotel?
- Porque eu quero conhecer a cidade e esse cassino ainda vai estar aí, quando voltarmos – revirei os olhos – Agora, chega de enrolar – ela pegou minha mão e me puxou.


Abri os olhos, olhando para o lado pelo qual Karina havia me puxado, era como se eu conseguisse ver nós duas seguindo pela rua, então as segui, antes que pudesse esquecer o caminho novamente.
Algumas quadras se passaram e então finalmente parei no pub em que minha irmã e eu viemos noite passada. Entrei com o coração batendo forte, tinha a expectativa de encontrar minha irmã lá ou de, pelo menos, conseguir alguma informação útil.
O bar estava vazio, totalmente diferente do que eu me lembrava, mas ainda tinha alguns pontos que eu olhava e lembrava da noite passada. Olhei ao redor do bar, procurando alguém com quem pudesse conversar, achando um homem logo atrás da bancada onde podia se pedir bebidas.
- Oi – disse ao chegar perto do homem. Ele me olhou com uma cara estranha, tinha um pouco de alivio em sua expressão.
- Você – sussurrou.
- Você me conhece? – perguntei.
- Si-sim, quer dizer, você veio aqui hoje, não? – ele estava agitado demais, evitando o meu olhar e, quando me olhava, fixava seus olhos em mim, como se eu estar ali fosse algum milagre.
- O que foi?
- O que foi o que? – perguntou desentendido.
- Você fica me olhando de um jeito estranho, tem alguma coisa que quer me falar?
- Não. Olha, eu estou muito ocupado agora, se você puder...
- Calma, por favor, eu preciso de ajuda. Como você disse, eu vim aqui ontem, junto com minha irmã. Não lembro muito do que aconteceu aqui, mas minha irmã sumiu – senti a vontade de chorar aumentar – Será que você sabe o que aconteceu? Sei lá, você a viu sair daqui com alguém? – ele finalmente parou de fazer tudo o que estava fazendo e me encarou.
- Talvez você não se lembra, mas conversou com um cara ontem – balancei a cabeça, lembrando, vagamente, do rosto do cara. Ele tinha cabelos pretos que iam até os ombros, os olhos tão escuros que quem olhasse poderia se perder e um sorriso carismático que poderia conquistar qualquer uma, mesmo sendo um pouco sombrio também – Ele não é do tipo que se confia, sempre vem aqui, fala com estrangeiras, como você, e, depois, elas somem. Algumas aparecem mortas depois... – ele desviou o olhar.
- Então você quer dizer que minha irmã está morta? – meus olhos estavam embaçados demais para saber o que homem fazia a minha frente.
- Não, mas quem deveria estar era você. Eu vi quando ele te levou, mas sua irmã foi logo atrás. Você tava mal demais para se lembrar do que ele tinha feito, sua irmã não – enterrei minhas mãos em meu cabelo, estava abalada demais com o que ele havia falado.
- Se você sabe de tudo isso – falei entre as lágrimas que começavam a cair – por que não fala nada a ninguém? – disse indignada.
- Por que ele sabe onde eu moro, sabe onde minha filha estuda e já me deu provas o suficiente de que se eu falar alguma coisa minha filha sofrerá as consequências. E, além do mais, eu já tentei e não deu certo, não tinha provas o suficiente para a policia prenda-o – ele terminou de falar com sua voz rouca, parecia tão abalado quanto eu, e foi para a outra ponta do balcão, me deixando ali, sozinha, para poder chorar o quanto eu quisesse. Sentei numa das cadeiras que havia ali, apoiei minha cabeça na bancada e fechei os olhos, meus soluços eram as únicas evidencias de que eu não estava dormindo.
Algum tempo se passou, meu choro já havia se acalmado, mas minha mente não. Eu não conseguia parar de pensar no que estava acontecendo com minha irmã, pensar se ela estava viva ou não, e o pior de tudo era saber que era para ser eu, ela estava sofrendo no meu lugar.
Ouvi a porta do bar abrir e tentei parar de chorar, talvez a pessoa que entrasse me visse e achasse que eu era uma garota que havia bebido todas e agora estava largada no balcão, mas eu não me importava, contanto que ela me deixasse em paz. Ouvi passos se aproximando e depois vozes, estavam longe, dava para ouvir, mas não me dei ao trabalho, continuei imersa em meus pensamentos, me torturando com o que eu não sabia e só podia imaginar... Até que fui interrompida com uma mão em meu braça.
- Você está bem? – um homem perguntou, sua voz era rouca, algo agradável de se ouvir, o tipo de voz que te dava segurança. Levantei lentamente a cabeça.
- Sim – disse, secando as lágrimas com as mãos.
- Eu acho que não – o cara falou, sua expressão estava preocupada – Não posso fazer nada por você? – eu já ia dizendo “não”, mas olhei melhor para ele e pude perceber algo pendurado em seu pescoço.
- Você é policial? – perguntei apontando para o distintivo.
- Na verdade não, sou investigador – levantei da cadeira, minhas esperanças renovadas.
- Minha irmã. Ela... Ela desapareceu. Você tem que me ajudar... Por favor – eu disse, segurando em seus braços. Comecei a chorar novamente, pelo simples fato de saber que teria chances de encontra-la, e ele me abraçou, era como se dissesse que tudo ficaria bem e que ele acharia minha irmã.

[...]

Estava no quartel, tinham acabado de me fazer algumas perguntas sobre minha irmã e a noite anterior. , o investigador com quem havia falado no bar, tinha me ajudado muito até agora, ele havia me confortado e, depois de terminar as perguntas, me deu uma xicara de café, disse que era para ajudar com a ressaca. Estava sentada vendo a correria que ocorria ali, todos ocupados demais para perceber que eu estava ali. Uma mulher passou por mim, correndo, indo em direção ao .
- Consegui a câmera dos fundos daquele bar – ela disse e depois os dois passaram por alguma porta.
Minutos se passaram, já tinha terminado meu café e estava esperando alguém dizer que eu poderia ir embora, estava cansada, minha cabeça ainda doía e tudo o que eu queria era poder dormir e encontrar minha irmã, mas quanto mais eu pensava nessa hipótese mais irreal ela parecia. Era como se eu pudesse vê-la no fim do túnel, mas, por mais que eu andasse, nunca conseguia chegar perto o suficiente para alcança-la.
- Senhorita – uma mulher me chamou, estava tão imersa em meus pensamentos que não percebi sua aproximação – Estão te chamando, pode me acompanhar? – assenti e levantei, seguindo a mulher. Ela parou em frente a porta que e outra mulher haviam passado minutos atrás. A mulher abriu a porta, falando para que eu entrasse e, assim que o fiz, a porta foi fechada novamente.
Só estavam e uma garota loira na sala. Ele estava sentado atrás de uma escrivaninha e a loira localizava-se numa das cadeiras que havia a frente da mesa. Encavam-me sem expressão, deixando-me confusa sobre como deveria me sentira, se deveria estar com medo, ou feliz, talvez tivessem uma pista de minha irmã.
- , veja isso – ele disse virando o computador, que estava em cima da mesa, para mim, fazendo com que eu visse o vídeo que era reproduzido.
Pareciam ser as imagens de uma câmera de segurança, podia ver uma parede, uma porta, bem no canto da câmera dava para ver um carro e uma saída para a rua. Estava tudo calma, até um homem aparecer. Suas feições me eram familiar, seus cabelos negros e longos, tinha um porte alto, era forte, não conseguia ver seus olhos, mas algo me dizia que eles eram e que, em alguma noite, eles me olharam com mistério e desejo.

- O que uma garota tão linda quanto você faz em um bar como esse e, ainda por cima, sozinha? – um homem se aproximou, estava na casa dos trinta anos, seus cabelos negros e longos caiam sobre seu rosto, dando um charme a mais a ele, mas não me atrapalhavam de ver seus olhos tão e que, junto com seu sorriso, o deixavam misteriosamente lindo e perigoso.
- Não estou sozinha – sorri.
- Então vai me dar a noticia que não vou ter chances com você, porque já tem dono? – ele tentou fingir-se de triste, arrancando uma risada de mim, o que só fez com que ele desse um sorriso maior do que o que exibia antes.
- Também não disse isso – peguei meu copo que estava em cima da mesa e dei o ultimo gole.
- O que? Um copo vazio? Que pecado... – disse indignado – Deixe-me pagar uma outra bebida a você?
- Por que não? – ele sorriu mostrando que havia gostado de minha resposta.
- Já volto, linda. Não saia daí! – disse, indo em direção ao balcão e pedindo outra bebida.
Encarei meu celular, aproveitando para calcular quanto tempo havia se passado desde que minha irmã havia ido ao banheiro, meia hora era a resposta. Como alguém consegue demorar tanto tempo em um banheiro? Comecei a olhar em volta, procurando por ela, até que a encontrei num dos cantos escuros do bar se agarrando com um cara. Ri pelo nariz, como não pensei nisso?
- Procurando por alguém, linda? – o moreno misterioso já estava de volta à mesa, entregando-me minha bebida.
- Ninguém – disse rindo e balançando a cabeça. Tomei um gole de minha bebida, aprovando o gosto doce, depois amargo, deixando um gosto cítrico na boca, após o liquido já ter sido engolido – Que bebida deliciosa! – exclamei, dando mais alguns longos goles. Ele apenas riu, observando-me tomar o liquido.
- Que bom que gostou.
- Hm – comecei após terminar toda a bebida – ainda não sei o nome do cara que me apresentou essa bebida – falei brincando com o copo na mesa. Riu de forma nasalada.
- Me chame – pisquei os olhos, minha visão começando a ficar embaçada, parecia que tudo começava a ficar mais lento e mais longe. Pisquei novamente, quase não conseguindo abrir os olhos novamente, por estarem tão pesados – de seu pior pesadelo – consegui ouvir a voz do estranho antes de ficar mole demais para fazer alguma coisa. Ela parecia distante e arrastada, mas não deixava de ser real.


- É ele – disse desabando em uma das cadeiras próximas a mim.
- Ele quem? – a loira pausou o vídeo.
- Ele estava no bar ontem a noite, veio falar comigo enquanto minha irmã estava no banheiro. Me deu uma bebida e depois... Depois eu não sei o que aconteceu – falei, encarando o chão, arrasada pelo que tinha acabado de lembrar. A mulher suspirou.
- Bem, então deve ser você que aparece nos próximos minutos da gravação – disse e eu o encarei.
Despausaram o vídeo. O homem foi até o carro que aparecia na gravação e depois passou pela porta novamente. Minutos depois, voltou carregando uma garota. Mesmo cabelo que eu, mesmo sapato, mesmo cabelo, mesma cor de pele. Ele me carregava.
Desviei o olhar, não conseguindo assistir ao vídeo que provava o quanto eu era burra. Eu simplesmente aceitei a bebida de um estranho, em um país que não era o meu, qual era o meu problema? Por que tinha acreditar que não existia maldade nos outros?
- me chamou com a voz séria – preste atenção - fiz o que ele pediu.
Uma outra garota apareceu na gravação, tão parecida comigo, mas com os cabelos cor de fogo. Então a gravação foi pausada novamente.
- Essa é sua irmã? – a loira perguntou e tudo o que consegui fazer para respondê-la foi balançar a cabeça.
- O que... O que aconteceu com ela? – minha voz falhou avisando que o choro estava por vir. Nem a mulher, nem responderam, preferiram deixar que eu visse com meus próprios olhos.
Minha irmã parecia gritar com o cara, ela não era do tipo que perguntava primeiro e depois tirava as próprias conclusões, ela te acusava primeiro e, se estivesse errada, o que quase nunca acontecia, desculpava-se. O homem ficou agitado, olhando para todos os lados, parecia não saber o que fazer. Então ele continuou andando até o carro, comigo em seus braços, mas minha irmão não ficou parada, esperando por uma resposta, ela foi para cima dele e, nisso, ele tirou uma arma de seu bolso e apontou para ela.
Meu coração parou naquele momento, um gemido saiu de meus lábios, como se fosse meu ultimo suspiro, e minhas mãos tamparam minha boca, que estava aberta. Uma lagrima caiu solitária de meu olhos e desceu pela minha bochecha. Minha irmã havia morrido atrás de um bar, tentando me defender de um cara, que eu mal conhecia, mas, que ainda assim, havia aceitado uma bebida, e eu não podia fazer nada para impedir, porque estava desacordada - foi tudo o que minha mente desesperada conseguiu pensar.
Karina viu a arma e levantou as mãos para cima, rendendo-se. O estranho pareceu gostar de sua atitude, pois sorriu de lado e falou alguma coisa, em seguida apontou a arma para o carro e depois para minha irmã, como se dissesse para entrar no carro. E foi o que ela fez, ainda com os braços para cima, ela entrou no carro e depois foi minha vez. Então voltei a respirar, agora sabia que tinha chances de minha irmã estar viva.
virou o computador para ele e parou a gravação. Ambos os investigadores me encaravam.
- Você sabe o nome dele? – a loira perguntou.
- Não – balancei a cabeça – Eu perguntei, mas ele não me respondeu – abracei meu corpo, me sentindo desprotegida, mesmo estando ao lado de vários investigadores, que com certeza tem suas armas. respirou fundo.
- Vou ver o que podemos fazer – ele falou – Mas fique tranquila, vamos achar sua irmã.
- Sim – a mulher sorriu tentando me confortar – Mas antes precisamos descobrir que droga ele usou em você.
- Ok – respondi – Depois posso ir para casa?

[...]

Estava no carro de encarando a paisagem, enquanto ouvíamos alguma musica que tocava no radio. Ele tinha insistido em me levar para casa, depois que terminei te fazer o exame, e não pude recusar. Ele estava sendo legal comigo, desde que pedi sua ajuda e ele me abraçou, deixando-me chorar em seu ombro, essa não seria a atitude de outras pessoas. E mais uma vez eu me deixei levar, acreditando na bondade das pessoas, mas com ele era diferente, podia ver em seus olhos que cada palavra que saia de sua boca era verdadeira, assim como a promessa dele de que iria encontrar minha irmã.
- Muito entretida com seus pensamentos? – perguntou.
- Não – ri – apenas observando a paisagem – e ele sorriu mais uma vez.
- Adora fazer isso, quando era criança, as vezes é bom esvaziar a mente e apenas observar, não acha? – desviou, por alguns segundos, sua atenção da estrada para olhar para mim.
- Sim – dei-o um sorriso sincero.
Ele voltou a prestar atenção na estrada e eu comecei a observa-lo. Ele tinha um maxilar bem definido o que fazia com que ele ficasse extremamente lindo quando sorria. Sua boca estava em uma linha fina, seus ombros largos relaxados, seus dedos se enrolavam ao redor do volante e, mesmo por baixo do terno, conseguia perceber o quão fortes seus braços eram. Seu cabelo estava bagunçado, a gravata preta frouxa, sua aparecia era relaxada, mas ainda existiam alguns resquícios de preocupação em seu rosto. E, por ultimo, seus olhos. Eles eram de um azul profundo, do tipo que você se perdia e que não conseguia tirar os olhos, eles me passavam confiança e compaixão, me diziam para ser forte que tudo acabaria bem, levavam um pouco de tristeza, mas tudo era camuflado pela leveza que havia lá. Era apenas um par de olhos , mas dizia muito mais do que uma descrição, seja ela escrita, ou falada, porque aqueles olhos já viram muitas coisas nessa vida.
- O que está olhando? – disse um pouco sem graça.
- Nada – olhei para baixo, um pouco envergonhada por ser pega. Ele riu de minha atitude e depois estacionou o carro.
- Chegamos – disse tirando as mãos do volante e as jogando por cimas das pernas.
Sorri, sem mostrar os dentes. Minhas costas estavam encostadas na porta e eu não estava preparada para ir embora. Sei que enquanto estava no quartel tudo o que eu queria era vir para cá, mas agora, só a ideia de ficar sozinha me assustava.
- Seria pedir demais para você ficar aqui comigo? – perguntei sem jeito, com medo de levar um fora, ou coisa pior, mas tudo o que ele fez foi sair do carro. Perguntei-me sobre o que ele faria, mas segundos depois ele abriu a porta ao meu lado, com o mesmo sorriso lindo de sempre nos lábios.
- Vamos?
Subimos para meu quarto, ele entrou logo reparando nas coisas, mexendo em alguns enfeites.
- Então? – perguntei conseguindo sua atenção – O quarto está aprovado? – ele riu, deixando algo, que ele acabara de pegar, em seu lugar novamente.
- É coisa de investigador, desculpe-me.
- Tudo bem – disse, sentando-me no sofá – Obrigada por me ajudar.
- Que isso, só estou fazendo meu trabalho – sorriu e sentou-se no sofá.
- Mas você não tinha obrigação nenhuma de me abraçar, quando te pedi ajuda, nem de estar aqui comigo...
- Eu sei, mas...
- Mas?
- Não sei, sinto que preciso te proteger – ele disse. Seus olhos estavam tão pertos do meu e eu sentia que não existia mais nada além daquilo. Ele tirou uma mecha de cabelo que estava na frente do meu rosto, colocando-o atrás de minha orelha. Olhei para baixo, sentindo minhas bochechas queimarem por causa de seu toque. Seus dedos passaram de minha orelha, para minha bochecha parando em meu queixo, levantando-o levemente com o indicador – Sinto como se já te conhecesse, deve ser por isso que...
- O que? – minha voz saiu baixa, um pequeno sussurro. Estava tão envolvida naquele momento, que tudo que eu conseguia me concentrar era em minha bochecha, onde sua mão provocava um arrepio.
- Nada – ele tirou a mão de mim e se afastou o máximo que pode, indo para a ponta do sofá. Parecia que ele estava a quilômetros de distância, mas não passava de meio metro, já que o sofá era pequeno – Você deve estar com sono, teve um dia difícil... – ele já ia levantando, deixando claro que ia embora.
- Por favor, fica – disse, meus olhos implorando aos seus para que fizesse o que pedi – Não conseguiria, mesmo se quisesse. Teria vários pesadelos com minha irmã – comentei, dessa vez meus olhos estavam perdidos e minha mente relembrava da arma apontada para Karina.
- Ei – ele se aproximou – Já disse que vai ficar tudo bem com sua irmã – afagou meus cabelos – E se você quiser que eu fique, ok, eu fico – ele terminou se sentando ao meu lado e, assim que o fez, me joguei em seus braços, sentindo-os me envolver e me proteger. Ele tinha razão, era como se nos conhecêssemos há décadas.

[...]

- Agora, vamos matar... – a voz grossa disse, libertando-me do sonho.
Sentei-me na cama rapidamente, meu coração acelerado, minha boca seca, e meu corpo molhado de suor. Sentia-me aflita, sabia que era apenas um sonho, mas e se eu realmente tivesse ouvido aquilo e minha memoria estava voltando pelo sonho? Não podia lidar com isso, minha mente já estava louca demais antes mesmo de “ouvir” isso, e agora? Agora só conseguia pensar que a frase estava inacabada e que o fim dela poderia ser “sua irmã”.
Levantei, atordoada demais para ficar sentada. Queria chorar, mas não faria isso, pois não a traria de volta e tudo o que eu queria era Karina ao meu lado. Fui até a pequena sala, para pegar uma garrafinha de água que tinha no frigobar, mas acabei encontrando outra coisa.
Vazia, era assim que a sala estava, não estava mais lá e eu me encontrava, mais uma vez, sozinha naquele quarto de hotel. Apesar dele não ter motivos para continuar aqui, queria que ele estivesse, porque eu realmente sentia como se ele fosse um escudo, protegendo-me de todo o mal.
Sentei no sofá, encarando a janela, lá fora estava mais claro do que me lembrava, acho que tinha dormido a noite toda e já era de manhã. Provavelmente deveria ter ido embora para ir trabalhar, não era obrigação dele ficar aqui até que eu acordasse. Então suspirei, deitando no sofá e abraçando minhas pernas, talvez eu dormisse até que alguém me ligasse dando noticias sobre o caso de minha irmã. Eu poderia ter alguns pesadelos, lembrar de coisas que havia esquecido, ou apenas dormir e acordar.
Porém batidas na porta me impediram de fazer qualquer coisa. Fui até ela e a abri. Havia um cansado e totalmente arrasado a minha frente, seus olhos estavam nublados e eu não tinha a mínima ideia de qual era o motivo.
- O que aconteceu? – perguntei aflita. Mas ele não respondeu, apenas ergueu sua mão que segurava uma algema, olhei aquilo sem entender, até que ele pegou minhas mãos e as prendeu com o objeto de metal. Puxou-me pelo braço e, enquanto andávamos pelo corredor, falou:
- Você esta sendo presa pelo assassinato de Nathan Allen. Tem o direito de ficar calada, tudo que disser será usado contra você. Tem direito a um advogado, se não tiver um, algum será designando a você.
Meu mundo desabou ao ouvir aquelas palavras e minha visão ficou borrada pelas lágrimas. Aquilo era impossível, eu não matei ninguém, mas nem voz eu tinha para me defender.
Passamos pelo saguão, todos me olhavam e cochichavam alguma coisa, mas não sabiam o que estava acontecendo. Apesar de não me importar com o que diziam, ou como me olhavam, olhei o tempo todo para o chão, sem acreditar no que estava acontecendo.
Minha vida tinha se tornado um pesadelo em um pouco mais de 24 horas, e eu simplesmente não sabia o que fazer. Um desespero tomou conta de mim, talvez eu ficasse presa, por não conseguir provar minha inocência, talvez nunca mais veria minha irmã, por terem matado ela, e tudo o que eu conseguia fazer era chorar, feito uma criancinha pequena demais para entender o mundo e seus obstáculos.

[...]

Sentada em uma cadeira de madeira, olhava para o espelho a minha frente, que eu sabia ter pessoas atrás das quais não podia ver, mas ela podiam me ver claramente. Era uma sala de interrogatória como a de todos os filmes e series que eu já vi. Uma sala, com uma mesa, duas cadeiras, um espelho grande e uma porta ao seu lado. Ninguém havia entrado lá, desde que entrei na sala, mas sabia que me observavam e esquematizando as perguntas que iriam fazer para conseguir mais provas de que eu era a culpada.
Surpreendi-me quando vi entrando na sala, ele era a ultima pessoa que eu esperava para me interrogar e eu me senti arrasada com isso. Achei que ele ficaria do meu lado, me ajudaria a provar minha inocência. Mas acho que eu estava errada, ele tinha ido me prender e agora me interrogaria, acho que não tinha ninguém para me ajudar.
Ele se sentou na cadeira em frente a minha e colocou uma foto na mesa.
- Conhece esse homem? – perguntou.
Peguei a foto e analisei. As formas do rosto dele me eram conhecidas, mas eu não poderia dizer da onde, nem quando, muito menos dizer seu nome, então balancei a cabeça negativamente em resposta, colocando a foto de volta a mesa.
- Mas pelo jeito sua irmã o conhece – ele deslizou outra foto pela mesa.
Olhei para a foto. Eram duas pessoas, uma sentada ao lado da outra, conversando e rindo, pareciam estar em um aeroporto. A garota eu reconheci com apenas uma olhada, cabelos ruivos, era Karina. O homem se parecia um pouco com o cara da foto anterior. Joguei a foto na mesa sem dizer uma palavra, ou fazer algum gesto. Aquela foto tinha sido tirada na noite em que chegamos em Las Vegas.
- É sua irmã na foto, não? – questionou e, mais uma vez, balancei a cabeça, só que dessa vez o movimento foi de cima para baixo.
- E na onde isso se encaixa? – perguntei, minha voz mais tremula do que minha mão.
- Bom, este – apontou para a foto do homem – é Nathan Allen, ele foi assassinado na noite em que isto – apontou para a foto dos dois – aconteceu.
- E você está dizendo que fui eu que o matei – cada palavra era mais difícil de se dizer, pois o choro estava em minha garganta, incomodando e pedindo para sair.
- Ou sua irmã.
- O que? Karina nunca faria isso, ela é inocente assim como eu. Eu juro, não fiz nada – explodi, assim como meu choro.
- Mas foram as suas digitais que encontramos na arma do crime e, como são gêmeas, de Karina também – estava sendo frio ao falar aquelas coisas, nem sua voz, nem seus olhos tinham sentimento algum ao falar aquelas palavras.
- Você viu nós duas saindo daquele bar com aquele outro cara, se alguém tem que ser preso aqui, esse alguém é ele.
- Eu sei, esse é o único obstáculo entre vocês e o crime.
- O único? Eu não conhecia esse cara, nem tinha motivos para mata-lo.
- , eu sei disso, mas as provas apontam para você.
- Mas não fui eu... – sussurrei, encarando meus dedos que estavam entrelaçados.
abriu a boca para falar algo, porém foi interrompido por batidas na porta e a loira, que estava na sala, quando assistimos a gravação da câmera, entrou,
- , ela não é a assassina – disse entregando alguns papéis a – Havia gama-hidroxibutírico no sangue dela. Ninguém consegue assassinar alguém com essa droga no sangue, a pessoa fica vulnerável, não consegue reagir a ataques e nem atacar alguém – pude ver suspirar e relaxar na cadeira, mas eu não estava tão tranquila quanto ele.
- Mas ainda pode ser minha irmã – disse odiando o gosto e o som das palavras.
- Pode, mas duvido muito.

P.O.V.
Só Deus sabe o quanto fiquei aliviado ao receber a noticia Lauren havia me dado. Senti um aperto forte no coração quando fui prender e só fui, porque achei que poderia conforta-la, não acreditava na hipótese que ela tinha matado Nathan Allen, mas não consegui fazer nada, nem quando a prendi, nem quando a interroguei.
Lauren e eu estávamos fazendo algumas pesquisas, tentando descobrir o que havia acontecido.
- Achei – Lauren comemorou.
- O que? – perguntei.
- A identidade do homem que drogou . O nome dele é Austin Hill, tem 34 anos e já foi sócio de Nathan Allen – disse, dando-me espaço para ver o que tinha acabado de achar – Mas eles acabaram a sociedade depois que Allen descobriu alguns crimes de Hill, tentou denunciar, mas a policia não achou nenhuma prova. No final de tudo Allen ficou com todo o dinheiro da sociedade e Hill ficou sem nada, me parece um bom motivo para uma vingança – ela terminou e eu tinha que concorda.
- Então, a nossa hipótese é que ao drogar Hill iria usa-la para torna-la culpada de seu crime, mas, como Karina apareceu, acabou usando ela.
- Sim, essa é a nossa hipótese.
- Ok, mas precisamos achar Karina primeiro – suspirei.
- Vamos procurar pelas propriedades da família Hill – Lauren disse, voltando-se para o computador, após alguns segundos me informou – Tem a casa dos pais de Austin, a casa dele e uma cabana, no interior de Vegas.
- Ótimo, vou a procura de um mandado, tenho certeza que o consigo com o vídeo da câmera de segurança.

[...]

Estava no carro, com mais dois investigadores e mais um carro com quatro, indo para cabana dos Hill. Como tinha previsto o juiz concedeu o mandado sem nenhum problema e agora estava com ele em mãos pronto para resgatar Karina e prender Austin Hill. Lauren estava indo para casa dele, com outro mandado, não sabíamos ao certo em qual das casas Karina estaria, porém algo me dizia que eu a encontraria, tinha prometido isso a .
Passaram-se longas horas até chegarmos ao nosso destino. Era uma cabana simples, daquelas onde se passa o verão, estava aparentemente vazia, mal cuidada, talvez até abandonada, mas eu não desistiria tão facilmente.
Bati na porta de madeira, ninguém respondeu, também não se fazia barulho lá dentro. Bati mais uma vez e a resposta foi a mesma de antes.
- Arrombe – falei para um dos homens ao meu lado e assim fizeram.
Dois homens entraram primeiro, as mãos a frente do corpo segurando uma arma, atentos a qualquer movimento estranho, depois eu e os outro quatro entramos, olhamos por toda a casa checando se não havia ninguém em nenhum dos cômodos, “aqui está limpo” ouvia para todos os lados, o que significava nada do criminoso e nada da garota.
Estava na suíte da cabana, ainda não havia desistido de encontrá-la naquele lugar, tinha que ter um porão, um sótão, alguma coisa. Então percebi o relevo que havia no tapete, só podia significar que havia algo por baixo. Afastei o tapete, deparando-me com um contorno quadrado, uma porta para ser mais preciso.
- Venham aqui, achei o porão – disse, já abrindo a porta e ouvindo-a ranger. Em poucos segundos todos já estavam ali. Entregaram-me uma lanterna e eu desci.
Ali era muito escuro, tinha muito pó, era cheia de caixas e bagunça. Desci todos os degraus, aquele porão era grande, levaria um pouco de tempo para olhar tudo, pelo menos foi o que achei. Dei alguns passos, olhando para os lados, até que tropecei em algo, consegui me estabilizar e ficar de pé, mas ao olhar para o chão desabei, abraçando o corpo pequeno e pálido da garota tão parecida com e me senti tão aliviado, quando a luz da lanterna refletiu nos cabelos ruivos da menina. Meu alivio não era só porque finalmente tinha achado a garota, mas porque não era , o que significava que ela estava bem e que ficaria melhor ainda depois que visse Karina.

[...]

Já havia escurecido quando a ambulância chegou, logo depois Lauren e chegaram. Estava ao longe, apenas observando, Karina estava acordada, enrolada em uma coberta e sendo examinada pelos médicos. Então foi correndo até a irmã, abraçando-a e chorando, as duas chorava. Era explicito o quanto elas se amavam.
Elas ficaram lá por um bom tempo e eu continuava as olhando, não conseguia desviar os olhos do sorriso que ela tinha ao estar com irmã.
- Você está sorrindo, sabia? – Lauren disse ao se aproximar. Fiquei meio sem graça ao perceber que ela estava certa – Você nem percebeu, não é? Estava tão entretido... – ela riu.
- Você não sabe o que esta falando – tentei disfarçar.
- Tem certeza? – eu não a encarava, mas sabia que uma de suas sobrancelhas estava levantada. Balancei a cabeça em confirmação a sua pergunta – Então pare de encara-la – fiz o que ela pediu, meio contra vontade, e ela riu novamente, acho que por causa da minha cara enfezada – Ou você pode ir conversar com ela...
- E falar o que? Ela era apenas uma garota que eu ajudei, nada de mais.
- Bom, se fosse isso acho que você não estaria a encarando dessa forma tão apaixonada.
- Não é isso...
- Tudo bem – cortou-me – Pelo jeito ela tem bem mais atitude que você – estava olhando para frente, o que fez com que eu fizesse o mesmo vendo se aproximar de nós. Nem percebi quando Lauren se afastou.
- Parece que temos um final feliz, Hill foi preso, você achou sua irmã... – falei, quando ela se aproximou o suficiente. Ela encarou o chão sorrindo.
- Obrigada – ela disse, seu sorriso não saia de seu rosto.
- Que isso, não fiz mais do que minha obrigação – disse meio sem graça, mexendo em meus cabelos.
- Não – ela deu um passo para mais perto de mim – Você fez bem mais – ela colocou a mão em meu ombro. Seu toque fazia com que minha pele formigasse, mesmo por baixo do terno.
Ela se aproximou, senti sua respiração batendo no meu rosto, seus olhos tão próximos aos meus, senti meu coração acelerar e depois seus lábios tocaram minha bochecha e ela se afastou novamente, deixando-me desapontado. Não resisti ao impulso e peguei em seu braço, trazendo-a de volta para mim e aprovando, silenciosamente, o som dos nossos corpos se encontrando. Então a beijei, sentindo cada parte de seu corpo se encaixando no meu e nossos sentimentos fluindo pelo toque de nossos lábios.


FIM



Nota da autora: Oie, pessoas! E aí, gostaram? Eu queria uma fic com mais suspense, maas foi isso o que saiu. Eu espero, de coração, que vocês tenham gostado, porque essa é a primeira fic que posto aqui, YEY! Quero muitos comentários, ein?



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