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Manual de Como Conquistar Um Homem






E foi assim que eu entrei na maior furada da minha vida...


Às vezes eu paro para pensar na minha vida e em como ela deu uma mudança radical de uns tempos pra cá, todos em minha volta costumavam me idolatrar, por eu ser aquela garota que diz que vai fazer e batalha, corre atrás, e faz.
Sempre achei essa coisa de romance adolescente uma baboseira, vou explicar melhor:

Você conversa com ele> Ele te trata bem> Depois te chama de ”Minha namorada”> Você começa a se a pegar> Depois descobre que sente falta dele> Ele diz que pensa em você> O que será que acontece se eu dizer: ”Me apaixonei por você.”> A realidade dos fatos você: Se fode.


Toda garota sonha com um romance que dure por toda vida, mas nem sempre dá certo. Amar é muito mais do que meros carinhos e abraços. É preciso entregar-se de corpo e alma, e na boa? Eu não estou a fim de me ferrar sozinha no final, todo mundo sabe como isso acaba:

Cama, lágrimas, muita comida e dor, uma dor insuportável que te sufoca, que se duvidar te mata. Quem nunca ouviu falar daquelas histórias de pessoas que se matam por causa de corações partidos?

Um aviso para os garotos: Flores, palavras bonitas, declarações, tudo isso faz qualquer garota apaixonar-se, porém o que elas precisam realmente é de um menino que as deem proteção, as confortem e que estejam do lado dela, mesmo depois que todos tiverem partido. Faça dela seu diamante, sua pedra preciosa, jamais as magoem. Dói, dói demais um coração partido e se amanhã aquela doce menina se revoltar e deixar de ser doce, lembre-se: você é o culpado.

Sou indecisa. Sou cansativa. Sou maçante. Sou sonhadora. Sou realmente chata. Realmente compulsiva. Não penso duas vezes se acho que minha atitude será certa. Sou boba. Sou chorona. Sou apaixonada. Sou indescritível. Sou eu. Sou quem eu preciso e deveria ser. Não consigo superar minhas lutas diárias. Não consigo esquecer meus fracassos. Não vivo sem quem eu amo. Cuidadosa ao extremo, essa sou eu. Sou a alegria quando preciso ser, sou verdadeira quando vejo que é a hora certa. Choro porque preciso chorar. Rio porque preciso rir. Ajudo quem for. […] Mas não sou ajudada. Tenho boa memória, mas mesmo assim sou esquecida. Meu coração cabe muitos, mas eu não estou no de ninguém. Eu vivo por uma pessoa, mas ela não vive sem mim. Eu sou assim, errada. Complicada. Mas sou verdadeira. Essa sou eu, prazer sou .

- zinha, querida, tive uma ideia purpurina, você não vai acreditar...

E esse é o , , meu melhor amigo, meu irmão, meu anjo da guarda, porém gay, muito gay. Mas não aqueles gays que usam calças coladas, camisas cor de rosas, usam maquiagens e saem rebolando como se realmente fosse uma mulher. NÃO, ele era lindo, na frente dos outros mantinha sua postura séria, o capitão do time de futebol, braços fortes, músculos definidos, barriga sarada, olhos castanhos quase mel, cabelos castanhos quase preto, era o famoso cara que arrancava suspiros de qualquer garota.

- Pra que tudo isso, ? – apontei para a caixa e o monte de papel que ele estava colocando em cima da minha cama.
- Vai mais pra lá, preciso de espaço – me empurrou mais para o lado sentando-se em seguida – é o seguinte, nós vamos criar um manual de como conquistar um homem, estamos no ultimo ano do ensino médio, imagina, se der certo ficaremos famosos.
- , – sentei-me ao seu lado suspirando – não viaja, okay? Um livro, ou seja, lá o que é isso, vai exigir muita dedicação nossa, as teorias precisam ser testadas, e você não pode usar alguém, iludi-lá apenas por diversão.
- É por isso que eu tenho você – sorriu. E que sorriso, tenho certeza que se fosse qualquer outra já tinha se jogado em cima dele – eu e você faremos isso, porque você não corre o risco de se apaixonar por mim e eu não vou ficar com a consciência pesada porque sou gay.
- Acho melhor não, – joguei-me novamente na cama, afundando meu rosto no travesseiro – e se não der certo?
- Pelo menos a gente tentou!


(...)



E foi assim que eu entrei na maior furada da minha vida...


1) Mantenha Contato Visual


“Se é amor? Sinceramente, não sei. Mas me faz perder o sono, suspirar, me perder em pensamentos e morrer de saudade.”


(...)



On


Segunda feira, quem foi que criou este dia maravilhoso? Existe coisa melhor do que um sol brilhando em um dia maravilhoso?
Meu despertador tocou exatamente seis horas da manhã e, sem dúvidas, era o barulho mais irritante que eu já ouvi, mas isso não importa. Hoje é segunda feira e eu tenho as piores aulas da semana, mas vale a pena, sabe por quê? Eu veria os olhos verdes mais perfeitos que existe juntamente de uma covinha que com um meio sorriso faz corações se derreterem. , meu futuro namorado.

- Huum – senti mãos fortes agarrarem minha cintura e logo abri os olhos arregalando os mesmos.

Olhei para o lado e meu corpo se aliviou um pouco, era apenas o dormindo, ele tem essa mania feia de agarrar as pessoas que dormem com ele, não importa quem seja.

- , amor acorda – baguncei seus cabelos e o mesmo apenas resmungou algumas coisas – Príncipe, temos aula.
- Não vamos hoje – respondeu sem abrir os olhos – Fica comigo.
- Não, – bufei – Estou com saudades do , não nos falamos o final de semana inteiro.
- Já disse que ele não é homem pra você – levantou-se emburrado – ele não presta.
- Eu gosto dele, poxa. Deixa-me, – entrei no banheiro batendo porta.


(...)
havia me ignorado a manhã inteira, ele nunca havia gostado do . Na verdade, eles sempre tiveram aquela rivalidade de um sempre querer ser melhor que o outro, porém, sempre andamos juntos.

- E então, , topa um cineminha mais tarde? – perguntou logo que atravessamos o portão de saída.
- Sinto muito lhe informar, , mas a é minha durante a tarde – respondeu me puxando pra um abraço.
- Não tem problema – sorriu mostrando suas covinhas que eu tanto amava – podemos sair a noite ai curtimos um cinema e depois te levo pra jantar.
- Claro, , eu...
- Claro nada, disse em um tom forte e grosso, sendo estupido – , nós temos compromisso a semana toda, eu cheguei primeiro se contente em ser segunda opção.
- Você não manda nela, respondeu mudando sua expressão pra agora um tanto raivosa – A namorada é minha e não sua, vai arrumar alguém pra você – respirou fundo, tentando controlar sua raiva – Te ligo mais tarde, amor – deu-me um selinho e saiu andando em passos firmes.
- Você estragou tudo, – disse manhosa, batendo o pé.
- Ele está na sua, , e se não fosse por mim, você seria muito ‘fácil’.


(...)


1) Mantenha contato visual: na hora da paquera, nada mais encorajador e estimulante do que um olhar de desejo.
- – ri – como que você faz isso? Digo... Você é gay, deve ser diferente.
- É quase a mesma coisa que com uma mulher, porém, é com homem não muda muito.
- Preciso tentar isso com – sorri mordendo os lábios tendo mil e um pensamentos impróprios.
- Quer tentar? – perguntou – Aí nós já fazemos um relatório da nossa primeira experiência.

Sorri, ele me ajudaria com e eu o ajudaria com o livro.

- Claro, vou procurar algumas músicas. – respondi.
- Vou preparar algo para bebermos.

Virei-me e fui em direção a sala de música que havia no primeiro andar de minha casa. Eu tinha uma enorme paixão por dança, mas mantinha em segredo, quase ninguém sabia disso. Então, meus pais construíram essa sala somente para mim, eu era a única que tinha a chave daquela sala. Não era muito grande, cabiam, no máximo, umas vinte pessoas, porém, era quase toda espelhada o que dava um ar de ser maior do que realmente era.
Abaixei-me em direção a estante e comecei a procurar algum CD com músicas boas e acabei por optar por Rihanna – Unapologetic. Inseri o CD no rádio e antes mesmo que eu me levantasse senti uma mão em minha cintura a forçando contra seu corpo enquanto a outra mão se encontrava em meus cabelos os puxando com certa força, fazendo com que minhas costas se arqueassem.

- Transar com você deve ser a melhor coisa do mundo porque você deve ser tão apertadinha – sussurrou ao meu ouvindo, logo deixando uma leve mordida sobre o lóbulo, e eu não pude evitar o gemido - Sua cachorra, quero te lamber todinha, adoro essa cara de safada que você faz...
- – o repreendi, mas saiu mais com um gemido – isso não vale.
- Por quê? – perguntou depositando algumas mordidas juntamente de beijos molhados sobre a região do meu pescoço.
- Íamos falar sobre contato visual, não sobre sexo ao pé do ouvido.
- Você é muito gostosa, é um tesão – apertou ainda mais a minha cintura, pressionando minha bunda sobre sua intimidade, fazendo com que eu gemesse novamente – meu sonho é ter um corpinho igual ao seu.

Puff..
O clima simplesmente acabou, claro que não havia clima nenhum. Ele apenas me provou que consegue enlouquecer tanto um homem quanto uma mulher.

- , você é um idiota – falei um pouco raivosa.

É horrível quando se está excitada em um nível elevado e o homem te deixa na mão, o problema é que era gay e não tinha o direito de fazer nem a metade disso.

- , volta aqui – gritou me seguindo até a cozinha.

Escorei-me sobre o balcão e tomei o máximo de água que eu pude.

- Desculpa! Não queria deixar você com raiva - seus olhos brilhavam demonstrando seu arrependimento.
- Tudo bem, eu fui muito estupida com você, me desculpe também!

O encarei nos olhos, e fiquei o observando, fiz meu olhar queimar sobre o dele e não demorou muito para que as pequenas pupilas dilatarem. ‘Pupilas se dilatam quando alguém tenta agradar a outra pessoa ou se encontra sexualmente excitado’, ou estava abrindo uma exceção para mim e estava ficando excitado ou estava querendo me agradar. Lentamente abaixei meu olhar até sua boca, e pude sentir que ele fez o mesmo, mordeu os lábios e logo passou os lábios molhados por cima o deixando ainda mais sexy. ‘Morder os lábios, molhá-los com a língua ou tocar nos dentes da frente com os dedos, são os indícios mais comuns de se demonstrar desejo por alguém. ’
Aproximei lentamente meu corpo do dele, fazendo com que uma corrente elétrica e um calor incontrolável rodeasse o ambiente.

- E então, , eu passei no primeiro teste? – perguntei roçando meus lábios nos seus.
- Se eu fosse homem, com toda a certeza, te comeria em cima dessa mesa – respondeu mordendo os lábios com força como se tentasse se controlar.


(...)



“O contato visual é a maior das suas armas de conquista, entre os elementos da linguagem corporal é o olhar que mais pode tornar a sua conquista uma grande vitória. Além disso, fazer uso dessa arma apenas traz vantagens, uma vez que ele pode ser usado nos mais variados momentos. O contato visual também é eficiente porque é com ele que você pode medir o nível de interesse da pessoa por você e saber qual o melhor momento para abordá-la e partir para o ataque. Mas não é só isso, além de funcional o olhar permite muito mais, como criar envolvimento e atração, mesmo que à distância, na hora da paquera. “


2) Sinta-se atraente. (Autoconfiança)


- A reprodução é um processo pelo quais novos indivíduos são originados a partir de organismos vivos da mesma espécie. Esse processo permite que as características dos indivíduos sejam passados para deus descendentes, garantindo a continuidade da espécie. A reprodução dos seres vivos pode ocorrer sexuada...

Para mim reprodução humana era o pior assunto a se tratar, biologia era um saco, quem gosta? Meus olhos já pesavam anunciando que logo eu acabaria dormindo, a falta de sono da noite anterior me causou grandes olheiras e eu cansaço sem fim.

- ... Para os gametas masculinos e femininos se unam, é normalmente necessário que ocorra o ato sexual. Muitos animais só realizam o ato sexual para reprodução, geralmente quando a fêmea está em época fértil .No caso do ser humano o ato sexual não acontece somente pra reprodução... – a voz daquela velha irritante estava cada vez mais longe e eu não pude evitar deixar com que meus olhos se fechassem, tudo que eu ouvia ao meu redor parecia apenas um sonho – Turma, antes de saírem quero avisar que semana que ver quero um relatório sobre a aula de hoje, no mínimo vinte e cinco linhas, vale um terço da nota desse bimestre.

Droga, pensei. Eu não havia prestado atenção em nenhuma palavra que ela dissera, minhas notas estão péssimas esta semana, não sei o que esta havendo de errado.

-Você está bem, ? – professora Margaret perguntou – esta meio pálida, suas olheiras estão enormes.
-Nada que eu já não saiba, professora – sorri um pouco forçada – não ando me sentindo bem disposta ultimamente, insônias constantes juntamente de uma dor de cabeça horrível.
-A insônia é causada por vários motivos, um deles é o uso abusivo do álcool – olhou-me preocupada – está com recaídas novamente, querida?

Mesmo Margaret sendo um pé no saco de tão chata, ela era a única que sabia do problema que eu tive com bebidas no passado, e a única que me ajudou a superar isso.

-Não, – balancei a cabeça – é apenas estresse eu acho, preciso de um emprego, não posso depender dos meus pais para sempre.
-Sei que não é apenas isso, – passou uma de suas mão sobre meus cabelos como uma mãe acolhedora – mas sobre o emprego eu posso ajudar, tenho uma amiga que está precisando de um recepcionista no seu café, posso falar com ela se quiser – sorriu
-Claro, muito obrigada – retribui o sorriso – agora preciso ir.


(...)



Sete longos dias haviam se passado desde a última vez que eu havia visto e . Naquele mesmo dia a noite eu havia saído com e nós brigamos. Motivo? . acha que eu deveria começar a pensar por mim e não deixar mais tomar minhas decisões.
e faziam parte do time de futebol, eles poderiam não se dar bem pessoalmente, mas dentro do campo, juntos, era impossível vencer eles. Juntos eles trouxeram três troféus para escola como melhor time estadual de Londres e já receberam propostas para entrarem para um dos times mais importantes da Inglaterra. Acontece que vem me ignorando a semana inteira, mesmo estudando na mesma escola que eu, mesmo passando por mim diversas vezes pelos corredores, ele simplesmente finge que eu não existo. E , bom anda ocupado de mais com o gostosão que entrou para o time que acabou esquecendo totalmente que tinha uma melhor amiga.

-Quem é você e o que fez com ? – ouvi uma voz masculina atrás de mim, uma voz bem conhecida por sinal, me virei encontrando alguns garotos do time de futebol, , , , Josh e um loirinho que eu ainda não conhecia – você está bem, ?
-Estou ótima, por quê? – perguntei revirando os olhos.
-Você esta de vestido – falou me observando incrédulo – você odeia vestidos.
-E daí? Não posso querer mudar de vez em quando? – perguntei um pouco irritada e de canto de olho pude ver um sorriso escapar dos lábios de , era isso que ele queria.
-Tem certeza que está bem? – perguntou um pouco atordoado.
-Preciso de compras, aí vou ficar melhor – sorri e me retirei deixando-o de boca aberta.

Resolvi fazer a próxima lição sozinha, já que estava ocupado demais com o seu novo boy magia, eu faria a segunda lição sem a sua ajuda.


(...)



2) Sinta-se atraente (autoconfiança): Haja como se você fosse a mulher mais sexy, poderosa e linda do universo. Se você se sentir sensual, essa energia passará para todos que estiverem ao seu redor.

Caminhava com passos firmes ouvindo o barulho do meu salto ecoar por aquele enorme shopping, encontrei alguns conhecidos que quando me viam tinham a mesma reação de , não sabiam se me cumprimentavam ou se observavam meu visual. Uma blusa regata soltinha em um tecido de seda, juntamente de uma saia no tom alaranjado um pouco solta que ia da marca de meu umbigo e cobria apenas dois terços de minhas coxas, batom vermelho e cabelos rebeldes. Estava me sentindo a mulher mais incrível do mundo.
Avistei e caminhando de mãos dadas e senti minha boca se abrir em um ‘o’ perfeito, desde quando estava namorando e não me conta nada? Comecei a caminhar em direção a eles que logo sentaram em uma mesa junto com o time de futebol, desde quando o time sabe da sexualidade do ?

-! – o chamei um pouco incrédula ainda sem acreditar no que meus olhos viam.
- ? – o loirinho de olhos claros que eu ainda não sabia o nome perguntou me encarando dos pés à cabeça – você é ? A garota que usa all star sujos, calças rasgadas e cabelos bagunçados como um ninho de passarinho?
-Você anda me observando muito, não acha? – perguntei um pouco rude e o mesmo abaixou a cabeça um pouco envergonhado – você quer me dizer o que está acontecendo, ?
-Eu e o viemos comemorar com os meninos nosso primeiro mês de namoro, pensei que não visse.
-Por que não me contou?
-Você estava ocupada demais se afundando nas garrafas de whisky que nem deve ter lembrado quando eu te contei – enrubesceu a testa, seu tom era grosso e um pouco irritado.

Senti meus olhos lacrimejarem, nunca havia falado assim comigo, ainda mais na frente de outras pessoas.

-Minha namorada estava ocupada demais comigo, – ouvi e não pude conter o sorriso, ele estava me defendendo – Estávamos em um momento tão bom que eu me esqueci de avisa-lá.
-Namorada? – perguntaram em coro, todos sabiam que eu e éramos algo sem compromisso, mesmo que eu nutrisse sentimentos mais fortes que amizade por ele.
-Namorada – ele sorriu e levantou-se me dando um selinho e logo arrastou uma cadeira para que eu sentasse.
-É uma pena – ouvi o loirinho dizer e os outros riram.


(...)



me observou a tarde inteira enquanto estávamos com nossos amigos, não tirava os olhos de mim e de e só falava algo quando lhe perguntavam, e só parava de me encarar quando lhe puxava para algum beijo. O que me deixou um pouco incomodada desde quando resolveu assumir sua sexualidade em público? Por que estava agindo assim?
Pedi licença e me levantei indo em direção ao banheiro, estava apertada e precisava retocar a maquiagem. Entrei em uma das cabines e me apressei em fazer minhas necessidades, eu estava quase fazendo xixi na calcinha. Ri de meu pensamento idiota e puxei a descarga abrindo a porta. Lavei as mãos e comecei a procurar o batom vermelho sangue que eu havia adorado.

-O que você pensa que está fazendo, ? – ouvi a voz rouca de meu melhor amigo e o encarei pelo reflexo mantendo meu olhar no dele – que roupas são essas?
-Segunda lição para seu manual – sorri, sentindo meu olhar queimar o seu - Sinta-se atraente, haja como se você fosse a mulher mais sexy do mundo. Seu manual está fazendo eu ganhar pontos com o sexo oposto.
-Isto está me dando cada vez mais vontade de ser você e ter o seu corpinho – sorriu, seu sorriso foi como se tivessem aberto a porta de um edifico em chamar, o ambiente ficou quente, quente demais, e num piscar de olhos ele já se encontrava atrás de mim, afastando meus cabelos para o outro lado, dando-lhe acesso ao meu pescoço nu – sabe porque você está ganhando pontos com o sexo oposto? – perguntou sussurrando em meu ouvido, ainda mantendo seu olhar sobre o meu – você tem um corpo perfeito, não que eles não olhassem antes para você, só que agora vão olhar ainda mais. Esse vestido destaca seus seios – suas mãos foram escorregando e logo subiram pelas laterais de meu corpo até chegar em meus seios, segurando um em cada mão – São tão perfeitos que cabem exatamente em minha mãos e olha que elas são grandes, imagina eles na minha boca, faria um estrago danado.
-! – o repreendi sentindo minha respiração irregular e minha voz falhar – seu namorado esta á alguns metros daqui, você não deveria falar essas coisas.
-Você já viu como eles olham pra você? – mordeu o lóbulo de minha orelha ignorando o que eu acabara de dizer – eles fazem sexo com você pelos olhos, isso me irrita profundamente, eu invejo você por isso.
-Para de ser tão gay, – controlei minha voz para não gritar, já estava irritada – esse seu comportamento está me irritando, você não pode me falar essas coisas, me deixar excitada e depois agir como se nada tivesse acontecido, você não pode me falar essas coisas, você é G-A-Y, entendeu? – me virei para ele visivelmente irritada – E gays não agem assim.
-Desculpa – abaixou seu olhar – eu só queria que os outros caras olhassem pra mim, do mesmo modo que olham pra você.

Suspirei, um dia vai acabar me enlouquecendo.


(...)



A insegurança, ou falta de confiança em si mesmo, pode trazer algumas características como medo de amar, da mudança, de cometer erros, da solidão, de assumir compromissos, responsabilidades, entre outros. O inseguro não confia em seu valor pessoal, não acredita em suas habilidades, nem em sua capacidade, o que o impulsiona a se apoiar nos outros. Em vez de se unir pelo amor, se une pela insegurança, o que o faz controlar as atitudes, quando não os sentimentos do outro. Controla e vigia em razão das dúvidas que tem sobre si mesmo, criando cobranças, conflitos e muitas dificuldades em seu relacionamento. É como se quisesse uma certeza daquilo que não encontra dentro de si.
Já as pessoas que confiam em si mesmas são decididas, sem serem arrogantes ou defensivas, e se mantêm firmes em suas decisões; apresentam-se de maneira segura, têm presença; são capazes de expressar opiniões e se expor; são eficientes, capazes de enfrentar desafios, dominar novos trabalhos e tomar decisões sensatas mesmo sob pressão. Pessoas autoconfiantes exalam carisma e inspiram confiança nos que as rodeiam. A autoconfiança fornece a necessária confiança para assumir principalmente a função de líder. Tanto na vida pessoal quanto na hora da conquista ou em um relacionamento.



Talvez eu esteja me apaixonando por você!


Sabe aqueles dias em que você deseja nunca ter acordado? Sabe aquele mau humor matinal que apenas uma pergunta consegue acabar com o resto do seu dia? Era exatamente assim que eu me sentia, nem na aula eu fui. Ouvi a campainha tocar e continuei na cama, na esperança de que minha linda mãe estivesse em casa e atendesse a porta, mas minhas esperanças se acabaram quando a campainha começou a tocar freneticamente, sem parar.
Suspirei e levante-me da cama, enrolada em um cobertor grosso, estava me sentindo uma batgirl.
— Dá pra parar de apertar essa merda? — gritei, me aproximando da porta. — Existem pessoas que querem dormir, sabia?
— Está chovendo aqui fora, ...
— Vamos, rápido... — ouvia múrmuros do outro lado da porta e passei as mãos sobre o cabelo, querendo que aquilo não estivesse acontecendo.
— O que vocês estão fazendo aqui? — perguntei sendo um pouco grossa, observando e juntamente dos meninos do time que andavam com eles.
— Fomos suspensos da escola por três dias — coçou a nuca, dando um sorrisinho de lado. — Alagamos o banheiro masculino do terceiro andar, o que causou um enorme estrago nos andares abaixo.
Senti minha boca se abrindo em surpresa.
— Como vocês fizeram isso? — ri, dando espaço para que eles entrassem.
— Estávamos brincando e resolvemos trancar todas as saídas de água dos banheiros do terceiro andar e ligar todas as torneiras e os chuveiros dos vestuários, e não deu tempo de desligar, e a coisa ficou feia — riu, mostrando suas covinhas. — Ainda bem que você não estava lá, assim podemos passar esse tempo na sua casa.
Não pude conter o sorriso, ele abriu os braços, me chamando para um abraço, e eu larguei o cobertor e corri para ele, o abraçando o mais forte possível. Seu perfume era doce e forte, seu corpo era quente. Suas mãos subiram pelas minhas costas, passando pela parte em que a blusa não cobria, deixando meu corpo arrepiado, passou as mãos por meus cabelos até chegar em meu rosto, nos afastando um pouco. Encarei seus olhos esmeraldas e abaixei a cabeça, um pouco tímida, e, com a ponta dos dedos, ele levantou meu rosto e aproximou seus lábios dos meus.
— Desculpa interromper, mas esse short está mostrando metade da sua bunda, interrompeu, ficando entre eu e . — Vai se trocar, — apontou para as escadas.
— Eu estou na minha casa e aqui quem manda sou eu, se não está gostando, você sabe o caminho da porta, — falei, grossa.
! — me repreendeu, defendendo . — Isso não é jeito de tratar seu amigo.
— Amigo de verdade não esconde nada dos amigos! — respondi, encarando , que imediatamente baixou a cabeça.
— Acho que não sou bem-vindo aqui — brincou, coçando a nuca.
— Ainda bem que você sabe!
— Podem nos dar licença? — pediu. — Lá em cima, na última porta à esquerda, tem uma sala com jogos, tem videogame, preciso ter uma conversa séria com a .
O loirinho me encarou por mais alguns segundos e logo todos se retiraram, subindo as escadas em silêncio.
— O que você pensa que está fazendo? — perguntou raivoso, segurando meu braço com uma certa força. — Essas suas atitudes estão sendo ridículas, você é ridícula...
— Desculpa se minhas atitudes não te agradam, mas eu não vou mudar por você — ri com deboche e senti apertar ainda mais meu braço, fazendo com que eu gemesse de dor.
— Não vai mudar por mim, mas pelo veadinho do você muda? — trincou os dentes.
— Oh! — coloquei uma mão sobre a boca, fingindo surpresa, e logo deixei uma gargalhada escapar. — O único veadinho aqui é você, .
— Por que você está agindo assim? — perguntou, afrouxando um pouco a força da mão.
— Apenas cansei de deixar você tomar minhas decisões, agora vou viver por mim — tentei puxar meu braço, mas o mesmo segurou com mais força, me empurrando contra a parede. — , você está me machucando.
— Quando eu disse que queria ser como você, me referia a menina doce com o cabelo bagunçado e não essa vadia que você está se tornando — levou sua mão livre até meus cabelos, o puxando, fazendo com que alguns fios arrebentassem, me causando dor. — Quer saber a verdade? só quer sexo com você e mais nada, ó, ele te iludiu? Disse que você estava linda e que só ficaria contigo se você mudasse? — agora era sua vez de debochar. — Essa é uma vantagem de ser do sexo masculino, sou gay e vivo entre os homens, sei de tudo o que se passa na cabeça de cada um, lamento lhe informar, mas você não passa de uma aposta pra ele...
— Foda-se! — o interrompi, por fora eu está rindo, mas lá no fundo tudo o que ele dissera sobre não me querer de verdade, doeu, doeu profundamente. — Eu não ligo — mesmo rindo, eu podia sentir meus olhos lacrimejarem. — Você é ridículo, sente prazer em fazer essas coisas, não é?
— Que coisas? — perguntou, um pouco confuso.
— Me macucar, me humilhar, pisar em mim como seu fosse uma formiga, sente prazer em ver minhas lágrimas, por que você faz isso, ? — perguntei, sentindo as primeiras lágrimas escaparem.
— Porque eu te amo, só quero o melhor pra você, e o melhor pra você não é alguém como — largou meu braço, colocando suas mãos uma em cada lado do meu rosto, deixando nossas testas coladas. — Não deixa fazer com você o mesmo que fez com as outras, você não merece isso.
— Eu cansei de não ser notada pelas pessoas, nesses últimos três dias elas me enxergaram mais do que nos últimos cinco anos. Me senti tão importante — sussurrei. — Me senti bonita, me senti a mulher mais linda do planeta, e...
— Shiiiu! — colocou um de seus dedos nos meus lábios. — Eu entendo você, okay? Só pare de tratar o mal, ele não tem culpa do que acontece entre a gente.

(...)


Capriche no visual: sabe aquela calça apertadinha, ou aquela saia que valoriza suas pernas, ou aquele vestido curto que deixa você linda e poderosa? Use-o! Uma mulher bem cuidada, perfumada, que sabe ser sensual e manter contato visual, deixa os homens loucos!

— Você pulou essa dica, revirou os olhos, bufando. — Digamos que você fez duas em uma, digamos que funcionou muito bem, qual é a próxima? — sentou-se nos pés da cama, fazendo uma massagem gostosa em meus pés.

Sorria para ele: homens adoram mulheres bem-humoradas, de bem com a vida. Nada de bancar a problemática ou melodramática, isso só afasta os homens, e você quer seduzir os homens e tê-los aos seus pés, e não afastá-los, certo?

Olhei para rindo, não podia acreditar que ele havia escrito todas essas coisas.
— Estou sorrindo para você, — sorri, mostrando todos meus dentes, e abaixou o rosto, rindo.
— Você não ajuda muito, sabia? — riu, pegando o notebook de minhas mãos. — Quantas páginas isso já tem?
— Ali embaixo na tela tem um número, você tem olhos, pode ver.
— Você anda muito grossa ultimamente — respondeu.
— Se eu fosse homem, diria que grosso era outra coisa que eu tinha — ri da minha idiotice e também não conseguiu se conter e riu.
— Você é idiota! Tem duzentas e vinte e cinco páginas, de acordo com a pauta que eu programei, ainda temos mais duas ou três lições.
— Essas lições estão me ajudando muito — falei enquanto o observava digitar com uma certa rapidez, ele sabia o que estava fazendo, estava concentrado, terminando o último relatório.
— Eu sei — respondeu sem me encarar e aquilo, de alguma forma, me incomodou.
— Como está você e o ?
— Estamos bem, ele é um anjo que apareceu na minha vida — sorriu, sem ainda me encarar. — Mas eu não o amo, eu apenas gosto dele — sacudiu a cabeça, fazendo uma careta.
— Acho que estou começando a me apaixonar — e essa foi a primeira vez que tive a atenção dele totalmente voltada para mim.
— Pelo ? — perguntou entre dentes.
— Não, já me conformei que o não é para mim — ri, o encarando nos olhos, e o mesmo me olhava estranho. — O que foi?
— De quem você está gostando? — largou o notebook de lado e se aproximou de mim. — Sou seu melhor amigo, você tem que me contar as coisas.
Me levantei da cama às pressas, ficando de costas para ele.
— Talvez eu não queira contar — respondi, sentindo um aperto no peito. Acho que estava ficando doente.
— Desde o dia em que brigamos, você tá estranha, — senti o calor de seu corpo atrás do meu. — O que há de errado? Ele mandou você escolher entre ele e eu?
— Temos que acabar com essas lições o mais rápido possível — me virei para encará-lo e sua expressão era confusa.
— Por que, princesa? — enrolou uma mecha do meu cabelo com a ponta dos dedos.
— Porque talvez eu esteja me apaixonando por você.

Quero que você seja a pessoa mais importante da minha vida, a que eu mais amo, a que eu mais converso, a que eu mais estou perto. Quero que a nossa vida seja uma só, que você seja eu e eu você, que os seus problemas sejam meus também e os meus seus. E se a gente juntar a minha felicidade com a sua, será uma felicidade muito gigantona e é ela que eu quero. Compartilhar e fazer com que o resultado não seja metade, seja mais, multiplicar. Quero te ensinar e aprender com você também. Saber que você vai estar sempre lá por mim e eu por você. Assim não dá pra ter medo de nada, porque no mundo nunca vamos estar sozinhos, nunca vamos cair porque um segura o outro e os dois crescem juntos. Quero que o meu mundo seja o seu, os meus momentos, os meus amigos e cada lugar que a gente passar vai ser nosso também, porque as nossas memórias ficarão lá. Quero que me ajude a construir memórias boas. Quero que renovemos os nossos votos a cada manhã. Planejar o hoje, amar hoje, fazer o outro feliz antes de dormir para dar tempo de ser feliz. E de 24 em 24 horas a nossa vida vai ser completa



, !


Por mais incrível que pareça, nessa manhã fria de Londres, onde os ponteiros marcavam a mínima de treze graus, eu havia chegado cedo a escola, para ser mais sincera, não havia ninguém na escola a não ser eu. Enrolei meu cachecol, ainda mais em volta do pescoço e sentei-me num banco em baixo de uma arvore de maças. Senti a brisa fria bater em meu rosto e suspirei, abrindo meu livro de biologia, eu precisava estudar e fazer um relatório que eu não fazia a mínima do que se tratava.
Li e reli várias vezes as dez primeiras páginas, mas nada entrava na minha cabeça, tudo ficava mil vezes mais complicado quando não se concentra no assunto.
— Precisando de ajuda? — ouvi uma voz desconhecida por mim. A presença de um desconhecido puxando assunto comigo na maioria das vezes me incomodava.
— Não, obrigada — fechei o livro com força, respirando fundo.
— Sou , — respondeu o menino, tentando ser simpático, tendo minha atenção como resultado, o encarei e logo percebi que ele era do time de futebol, o loirinho que gostava de cuidar da minha vida. Ele esticou sua mão em forma de cumprimento.
— Sou , — sorri e logo apertei sua mão. — Por acaso você é algum tipo de nerd?
— Não sou nerd, mas eu entendo algumas coisas — sorriu, abrindo meu livro onde eu havia marcado. — Biologia? Reprodução humana?
— Você poderia fazer isso pra mim, né? — sorri sem mostrar os dentes, piscando os olhos freneticamente. — Eu sei que pra estar no time de futebol, você tem que ter notas médias/altas, faz pra mim? Eu não consigo pensar em nada e é uma forma de você se desculpar.
— Você é fofa — fez uma careta engraçada, pegando meus cadernos.

(...)


Minha barriga doía de tanto que eu ria, sem dúvidas poderia fazer um teste para trabalhar em um circo, as piadas dele eram tão sem graça que eu era obrigada a rir de tão idiota. Enquanto fazia meu trabalho, conversávamos sobre diversas coisas, era incrível como ele conseguia fazer as duas coisas.
, para! — pedi, colocando uma de minhas mãos na barriga. — Há quanto tempo você está em Londres?
— Há dois anos e meio — respondeu, jogando minha caneta em mim. — Terminei.
— Como eu nunca te vi por aqui? — perguntei, guardando minhas coisas. — Obrigada.
— Você é uma menina muito ocupada, — riu, abaixando a cabeça. — , , escola, família e agora o emprego que você começa semana que vem...
— Como sabe do meu emprego? — perguntei um pouco surpresa, eu ainda não havia contado nem para o .
— Digamos que... — coçou a nuca. — Digamos que a dona do café é minha mãe e ela comentou comigo sobre isso...
— Não creio — coloquei a mão sobre a boca, sorrindo feito boba. — Aquela mulher incrível, que eu contei minha vida inteira, que me convidou para um chá da tarde e me deu o emprego sem pensar duas vezes, é sua mãe? — ele apenas assentiu, rindo. — Cara, sua mãe é perfeita, sério. Por que não conversamos antes?
disse que quem se aproximasse de você com segundas intenções nunca mais poderia pensar na hipótese de ter filhos — riu, ficando vermelho. — Mas, digamos que o é um pouco fora da lei, foi o único que se atreveu.
— Espera — eu estava surpresa com aquela confissão, era lindo, loiro, olhos azuis, alto, sorriso perfeito. — Você disse que o não deixava vocês se aproximarem de mim com segundas intenções, isso quer dizer que...
— Você é linda, , não tem alguém que não olhe pra você, você nem precisa usar maquiagem ou roupas curtas pra chamar atenção, até mesmo quando você está revoltada com o cabelo, fica linda — abaixou a cabeça, novamente envergonhado. — Eu escuto as líderes de torcidas falando sobre você o tempo todo, mesmo vocês não se dando muito bem, elas usam você de exemplo, mesmo que a maioria delas seja vadia, você já se olhou no espelho? — me encarou e dessa vez eu abaixei a cabeça, corando completamente. — Toda vez que você vai a um jogo nosso, os garotos perdem a cabeça babando em você, o técnico chega a dar advertência para nós quase sempre, por isso te proibiu de ir nos nossos treinos — riu, sua risada era contagiante. — Como o consegue ser gay tendo você do lado? No começo eu até sentia ciúmes de vocês até ver ele ficando com o , foi nojento, mas me senti aliviado em saber que poderia ter uma chance com você um dia...
— Você quer uma chance comigo? — perguntei, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, senti um sorriso bobo aparecendo em meu rosto.
— Nesse momento, eu quero apenas te beijar.
— E por que não beija? — eu estava encantada com aquele ser, até hoje eu achava que príncipes encantados não existiam, mas me provou que eles existem e veem te buscar em um cavalo branco.
Ele aproximou seu rosto do meu e uma de suas mãos acariciava minha bochecha enquanto a outra afastava meu cabelo do rosto. Senti sua respiração se misturando com a minha e fechei os olhos, deixando as coisas apenas acontecerem, seus lábios roçaram levemente nos meus, me deixando com ainda mais vontade de o beijar, ele colou nossos lábios em apenas um selinho, coloquei uma de minhas mãos em seus ombros, o motivando para continuarmos o beijo...
— Espero não estar atrapalhando nada!
Afastei-me rapidamente de , encarando um sério, que observava a cena.
— Nós já estávamos indo para a aula, não é mesmo, ? — respondi um pouco nervosa, recolhendo minhas coisas.
— Aula? — riu sem vontade. — Já é quase uma da tarde, , a aula já acabou.
— Ai meu Deus, perdi a hora.
— Você estava ocupada demais, trocando saliva com um desconhecido.
— Ei, , somos amigos, cara, você me conhece, não faria nada demais com a , ela é maneira — defendeu-me.
— Amanhã conversamos, disse, um pouco ríspido. — Vamos embora . Agora!
Sem hesitar, segui o caminho até o portão da escola, sabia que se o contrariasse seria ainda pior, eu estava ferrada, sem dúvidas.
Como fui parar numa furada dessas?

1 – Acho que estou tendo sentimentos maiores que amizades pelo meu amigo.
2 – Ele é gay, assumido.
3 – Ele é sexy e me provoca de todas as maneiras.
4 – Ele namora, e o namorado dele é um gato.
5 – Quase fiquei com um de seus melhores amigos, o que não aconteceu porque ele interrompeu
6 – Ele é ciumento.
7 – Tem um sorriso contagiante, que está me arrancando suspiros nos últimos dias.
8 – Ele não tem noção do que pode causar em mim.
9 – Ele é um idiota que acha que pode me privar do mundo.
10 – Eu estou ferrada!


O que eu faço para sair disso?


Razões para não se apaixonar!


Todo o mundo procura se apaixonar e ser feliz, mas muitas vezes o fato de se apaixonar e a felicidade não estão relacionados. Muitas vezes o fato de se apaixonar é sinônimo de muitos sentimentos negativos e bastantes adversos à felicidade. Muitas pessoas acreditam que o fato de se apaixonar é uma experiência única, cheia de alegria e novas experiências. No fundo, isso é mentira, porque a vida e as pessoas nos habituam a sentirmos o amor várias vezes e de formas diferentes, mas com ele também a dor e tudo o que de mau este pode trazer.

Minha vida inteira eu tentei o máximo possível me manter longe de garotos e relacionamentos sérios, sempre criei uma barreira em meu coração para evitar me machucar e, vejamos só, um manual pode mudar tudo, mas já que eu estou ferrada mesmo e o está na seu último item, vamos acrescentar também, sem ele saber, as razões para não se apaixonar.

1º – Não trocar o certo pelo duvidoso: se você já ouviu falar daquele ditado "não se mexe em time que está ganhando", vai me entender muito bem. Por que arriscar perder o que construiu até hoje só pra ficar com alguém? Tenho certeza que você já sofreu alguma decepção (amorosa ou não) e sabe como é esse sentimento. Então vai arriscar senti-lo de novo?

Vai conhecer a palavra dor. O amor nem sempre é bonito e perfeito, isso apenas existe nos filmes e cada vez mais está a desaparecer. O amor muitas vezes é sinônimo de dor. Sentir o nosso coração partir aos pedaços com o fim de uma relação não é nada fácil. Muitas meninas e também rapazes tendem a entrar numa espécie de trauma quando se dá o fim de uma relação. Tudo isto acontece porque o amor nos torna fraco e mais vulnerável. Muitas pessoas defendem a expressão "não levar a vida muito a sério", neste caso quando, se apaixonar é entrar num assunto bem sério.
Conheço meu melhor amigo há dezessete anos, éramos como irmãos de mães separadas, crescemos juntos, compartilhamos tudo juntos, desde o primeiro dente caído até o primeiro namorado de ambos, e agora está tudo desmoronando por causa de um sentimento bobo.

2º – Não se submeter ao ridículo: sábia as palavras de quem compôs a música "Pensando em Você" que Claudia Leitte interpretou em um de seus CDs: "Coração apaixonado é bobo, um sorriso seu ele derrete todo...". Pois é, se você se apaixonar, pode ter certeza que seus amigos do Facebook vão te malhar muito por causa das suas postagens cheias de coraçãozinhos e glitter. Fora que você não terá controle algum sobre suas ações, sendo capaz de cantar em público em um karaokê ou, pior, combinar roupas para dar um passeio ao shopping.
Tem de partilhar. Quando se está numa relação, deixa de existir o plural e este se transforma num singular. Deixa de existir uma pessoa singular para se falar em casal. Um ser uno. Um ser que tem de partilhar. Se tiver segredos, mais tarde ou mais cedo será altura de os partilhar. Se tiver algo só seu, mais tarde ou mais cedo deixará de o ser. Vá talvez esteja a exagerar um pouco, mas a partilha de segredos e tudo mais é importante e fundamental para a cumplicidade do casal e não deve ser descurada. Por vezes o fato de ter de partilhar os seus segredos e tudo mais pode assustar muitas pessoas, se não o conseguir fazer talvez fosse melhor não se apaixonar.


Eu mudei por ele, troquei o jeans rasgado por saias, os all stars sujos por sapatos de salto, as camisetas de banda de rock por regatas ou baby looks, e os cabelos ninho de passarinho, que eram invejados por todos, por algo rebelde e sexy, o amor nos faz mudar, nos faz pensar no que o outro vai achar, nos deixando em segunda opção.

3° – Não correr o risco de ser abandonado: essa é uma das mais fortes. Apesar de você achar que "conhece" a pessoa, nunca terá a certeza de que ela ficará ao seu lado para sempre. Finais felizes só acontecem em contos de fadas da Disney e é melhor cair na real agora, antes que passe por isso e sofra muito depois.
É mau para as finanças. Carregamentos no telemóvel, presentes, saídas, jantares, tudo isso é um grande gasto de dinheiro e vamos ser sinceros, quase tudo isto é necessário numa relação. Como dissemos antes, a partilha é importante. Juntem a isto os aniversários, dia dos namorados e etc, acho que percebem a ideia. Por vezes para conseguir deixar a outra pessoa satisfeita ou lhe dar algo que está realmente possa querer é preciso fazer sacrifícios pessoais, visto que o dinheiro não cresce nas árvores. Muitas pessoas não estão dispostas a fazer isso, razão pela qual deverão pensar se é isso que querem realmente.


Eu nunca havia parado para pensar em finais felizes, ou em como seria o gosto do beijo dele, nunca imaginei ele me abraçando para me proteger do frio, me tornei uma boba apaixonada, pessoas assim são tolas, não conseguem pensar por si, pensam nas pessoas que estão gostando vinte e quatro horas por dia.

4° – Não ser correspondido: já pensou que mico você armar toda uma cena romântica envolvendo rosas, cisnes, um malabarista de circo e uma faixa enorme com o nome da amada(o) cheio de coraçãozinhos e na hora de dizer o tão importante "eu te amo", ela responder: "O quê?".
Queima totalmente o seu cérebro. O amor está a evoluir e tudo o que resultava anteriormente ou grande parte disso, não resulta na atualidade. O amor evoluiu e as pessoas também. Já não se impressionam da mesma forma e com as mesmas coisas. Nos tempos que correm é preciso cada vez mais ser criativo para surpreender a namorada ou o namorado. Se você for uma pessoa pouco criativa o que poderá acontecer é tornar-se repetitivo e aborrecido e todos sabemos que isso numa relação é quase um rastilho que irá conduzir ao seu final.


É horrível quando você diz para a pessoa "eu te amo" e ela te responde "eu também", você sabe que ela te ama, mas nunca vai te amar do mesmo modo que você a ama, vai doer mais do que o normal, você vai tentar surpreendê-la e ela apenas vai achar "fofo", coisa de amigos, mas você sabe que é mais do que isso.

5° – Descobrir que não é a única pessoa especial na vida dela: ultimamente, com tanta tecnologia e romances virtuais, não é de se espantar que uma pessoa viva mais de um romance ao mesmo tempo. Isso já virou tão normal, atente-se aos filmes e livros, quantos deles falam de traições, triângulos (quadrados, heptágonos, decaedros) amorosos e quem lê torce para que o protagonista fique com todos no final? Se essa ideia surgiu na ficção, com certeza é porque foi baseada na vida real de alguém, então cuidado: esse alguém pode ser a pessoa que você goste! Antes de investir pesadamente em um romance, hackei as redes sociais da pessoa e descubra se ela não mantém romances com outras pessoas.
A sua liberdade diminui. Quer queira, quer não, a sua liberdade irá diminuir. As suas decisões irão ser tomadas a pensar na pessoa que ama, não digo todas mas grande parte delas. O seu mundo irá fechar-se um pouco. Eu sou a prova viva disso, já amei uma pessoa que me obrigava a sair de casa todos os dias para a poder ver. Obrigava pelo fato de gostar dela, era uma necessidade. Quando se cria uma necessidade por alguém, algo que não controlamos, então está a ser condicionada a nossa liberdade.


"O amor te faz tão vulnerável. O amor faz reféns. Ele penetra nas suas entranhas. Ele lhe devora e lhe deixa na escuridão. E, então, uma simples frase no estilo 'talvez a gente devesse ser só amigos' ou 'que bom que você percebeu', se transforma em um cortador de vidro trabalhando direto rumo ao coração. Ele faz doer. Não apenas na imaginação. Não apenas na mente. É um ferimento na alma, é um ferimento no corpo, é um ferimento entra em você e despedaça você. Nada deveria ser capaz de fazer isso. Ainda mais o amor."

Li e reli para ver se não havia cometido nenhum tipo de erro grave de português e cliquei em "ENVIAR", agora era só esperar uma resposta da editora.

(...)


Uma semana depois...

Ouvi o sino da porta balançar assim que entrei na cafeteria, Elizabeth, mãe de , era uma mulher incrível, sempre recebia a todos com um sorriso enorme no rosto e, por mais que seu dia tenha sido o pior de todos, ela consegue o transformar no melhor com apenas um sorriso, aquele lugar trazia uma calma que era impossível explicar, na maioria das vezes não tinha vontade de sair, uma música calma de fundo, alguns incensos, era incrível.
, querida, venha aqui — Elizabeth me chamou.
Larguei minhas coisas em uma mesa qualquer e corri até a cozinha, onde ela se encontrava fazendo seu chá de camomila com menta.
— O que foi, dona Beth? — perguntei, pegando uma xícara em um dos seus enormes armários brancos.
— Entregaram esse envelope aqui na cafeteria hoje pela manhã, o remetente é seu — fitei o enorme envelope sobre a mesa e franzi as sobrancelhas, eu não havia comprado nada pela internet e meus pais não falaram nada sobre mandar algo pelo correio, peguei o envelope que continha meu nome grande em letras azuis...

"Cara , você deve estar achando tudo isso muito estranho, não? Bom, me chamo Stephanie Stohl, da editora Intrínseca, há alguns dias atrás você em mandou um e-mail com um livro chamado "Manual de como conquistar um homem!", no começo eu achei o nome um tanto bobo, deixei de lado, mas algo me dizia que eu deveria dar uma oportunidade para aquilo, no horário de meu almoço sentei-me em meu escritório e comecei a ler as primeiras páginas e devo confessar, você e seu amigo tiveram uma ideia incrível, quem aos dezessete anos pensaria em escrever um livro no final do colegial? É com muito prazer que chamo vocês para uma visita a nossa editora em Londres, junto ao envelope está o contrato da edição que já está sendo feita, no final do mês o livro já estará nas bancas de todo o país e até do mundo.
Quem diria que no final dessa história você se apaixonaria pelo seu melhor amigo que é gay? Espero que dê tudo certo pra vocês, vou aguardar ansiosamente por vocês, estejam prontos na quarta-feira à tarde, meu motorista irá passar para buscar vocês.


Atenciosamente: Stephanie Stohl"



— Ai meu Deus, Beth — coloquei as mãos sobre o rosto, meu sorriso estava rasgando minha pele já. — Eu vou publicar um livro — dei pulinhos, saltando até ela, logo a abraçando.
— Parabéns, querida, eu sabia que você e o iriam conseguir.

(...)


— Como assim, ? — me perguntou, não acreditando.
— Se não acredita, olhe com seus próprios olhos, purpurina, Stephanie Stohl quer nos conhecer — entreguei-lhe a carta juntamente do contrato.
Ele segurou as folhas em suas mãos e franziu as sobrancelhas, o aquela careta séria o deixava ainda mais sexy, acompanhei seus olhos que passavam linha por linha até ele me encarar.
— Você mandou o livro para uma editora? — perguntou sério e seu tom de voz era um tanto grossa, o que me fez ficar com um pouco de receio. — Você alterou o que já havíamos escrito?
Suspirei, um pouco desanimada.
— Era seu sonho , passamos os últimos meses totalmente concentrados nisso, achei que não teria mal, desculpa — desviei o olhar, sentia meus olhos começarem a lacrimejar.
— Por que está se desculpando, ? — perguntou um tanto confuso. — Só tenho que te agradecer por ser essa amiga maravilhosa que você é, mesmo eu sendo um idiota ciumento na maioria das vezes, você me desculpa e ainda luta pelos meus sonhos, eu te amo, pequena.
Confesso que a palavra "amiga maravilhosa" me machucou, mas o que importava era que ele estava feliz.
— Eu te amo, — sussurrei, lhe abraçando forte. — Amo muito — aspirei seu perfume gostoso.
— Posso fazer uma coisa? — perguntou, se afastando um pouco.
Assenti.
Ele roçou seu nariz no meu, o famoso beijinho de esquimó, levou uma de até meus cabelos e aproximou seus lábios dos meus, fechei meus olhos, mordendo os lábios um tanto nervosa, mas não durou muito, já que o mesmo puxou com os dentes logo dando-me um selinho. Suspirei quando senti seus lábios finalmente tocarem os meus, entreabri os lábios, dando passagem para sua língua invadir minha boca, o gosto do cigarro recente que ele havia fumado ainda estava presente junto de um gosto de menta, um beijo calmo, sem pressa alguma, apenas para me fazer sentir o quanto aquilo era bom, e o quanto eu precisava de mais!
— Obrigada, — disse assim que encerrou o beijo, com a testa ainda colada na minha.
— Eu faria qualquer coisa por você, purpurina — sorri.


Início de um futuro sucesso!


A maioria das vezes, a única coisa que precisamos é de alguém; que nos ame e sopre a favor de nossos sonhos, alguém que esteja disposto a abrir mão da própria felicidade por nós, às vezes a única coisa que nós precisamos fazer é só respirar fundo, não olhar para trás, e seguir em frente, a única coisa de que precisamos é deixar que as novas janelas se abram e parar de tentar abrir aquelas que já foram fechadas. Existem portas que devem permanecer fechadas e pessoas que jamais devemos deixar passar pelas portas certas, precisamos de alguém que nos complete e não que nos faça mudar. Às vezes me pego pensando em como não conheci certas pessoas antes e em como algumas mudaram completamente minha vida, mas acredito que tudo seja um propósito de Deus, e que ele tem projetos grandes para cada um de nós, acredito que coisas boas acontecem quando devem acontecer, e que quanto mais esperamos pela sorte, mais chances temos de que as coisas deem errado. Na maioria das vezes costumava achar que minha vida era uma verdadeira merda, e que nada era pior, mas então alguém me disse: "Não, você não odeia a sua vida. Você odeia a fase pela qual está passando. Não confunda as coisas", e foi então que eu resolvi mudar, resolvi dar a volta por cima, não mudei porque queria agradar alguém, mudei porque foi preciso, porque tinha sonhos e eu não poderia esperar pela sorte, a felicidade sempre bateu em minha porta e eu costumava falar: "volta depois", nunca dei uma oportunidade para eu ser feliz, porque na maioria das vezes eu estava ocupada demais com as minhas dores de um amor não correspondido, mas com o tempo percebi que se eu continuasse falando sobre isso, ela poderia ir embora e nunca mais voltar, então resolvi deixar que a felicidade entrasse e me mostrasse o que ela tinha para me oferecer, e hoje não me arrependo, ela me tirou daquele estado de dor miserável em que eu estava, se hoje sou alguém, foi porque eu acreditei e dei uma chance para mim. (durante a fama)

"Caros Londrinos, começamos esta tarde de quarta-feira, dia vinte e nove de julho, com dezessete graus e a máxima irá até vinte um, dia bonito, levemente ensolarado..."


Desliguei aquele rádio assim que me acomodei no balcão da cafeteria, acendi os incensos de sempre e fui em direção ao toca disco, por mais careta que aquilo possa parecer, Elizabeth costuma acreditar no poder dos incensos e de uma música calma, discos de vinil fazem parte da decoração antiga da cafeteria e a deixa com um charme maior e um ar de anos 1970.
Lembro-me da primeira vez que perguntei sobre os incensos para Elizabeth, ela abriu um de seus mais lindos sorrisos e respondeu:
"Sempre que inalamos um aroma, este ativa três tipos de memória olfativa: pessoal, cultural e genética. Estes aromas agem diretamente no cérebro, ativando glândulas do sistema endócrino e induzindo-o a produzir outros hormônios como a adrenalina e a endorfina, que geram o equilíbrio fisiológico e emocional."
Desde então passei a ver isso de uma maneira diferente, deixando os problemas do lado de fora da cafeteria e pensando apenas em coisas boas, posso dizer que desde então minha vida começou a mudar.
— Você está liberada hoje, — Elizabeth chamou minha atenção assim que entrou na cozinha. — Vá para casa, descanse, se arrume e depois mostre para o mundo o brilho que você possui.
Sorri, abaixando a cabeça, um tanto envergonhada.
— Obrigada, dona Beth, não sei o que seria de mim se você não tivesse aparecido na minha vida.
— Eu acredito no seu potencial, acredito em você — segurou uma de minhas mãos de um jeito acolhedor. — Tenho certeza que se seus pais soubessem, se orgulhariam de você...
— Pais... — repeti aquela palavra. — Em que lugar do mundo eles devem estar? Acho que o sapato da moda da próxima estação é mais importante do que a filha bastarda — sorri amarelo. — Mas isso não importa, não precisei deles para chegar até aqui.
— Isso mesmo, querida, agora vá, porque você terá um dia cheio pela frente.

(...)


, anda logo — gritou do andar de baixo. — Tem um Audi preto parado na frente da sua casa e um homem de terno, gravata e cabelo engraçado está vindo em direção a casa.
— Ai meu Deus, deve ser o motorista de Stephanie Stohl, já estou descendo.
Baguncei um pouco o cabelo e retoquei mais uma vez o batom, destacando um pouco os lábios, passei minha mão sobre minha saia rodadinha azul marinho, que ia da marca de meu umbigo e cobria três palmos de minhas coxas, e fechei os botões de minha camisa bege claro de seda, coloquei meus sapatos e no mesmo momento ouvi a campainha tocar, peguei minha bolsa e desci as escadas correndo, no mesmo momento em que abriu aporta.
— Olá — o homem que aparentava já ter seus quarenta anos, disse. — Sou Josh Hanssan e vim acompanhá-los até a editora Intrínseca a mando de Stephanie Stohl.
— Isto é tão formal que eu cheguei até me sentir em um filme de princesas — disse, colocando uma de suas mãos sobre a boca. — Sou e essa é minha amiga — apontou para mim.
O homem balançou a cabeça, um pouco perplexo com a atitude de , e logo sorriu para mim.
— Vamos? — perguntou e nós apenas assentimos, o seguindo até o carro, onde ele abriu a porta para mim e entrarmos. — Temos um longo caminho pela frente.

(...)


Paramos na frente a um prédio de quatro andares a uma quadra do Hyde Park. O prédio era todo branco e alguns tons de marrons em algumas partes, havia alguns detalhes e estatuas de leões com asas que faziam os acabamentos, o deixando com ar de antigo, porém totalmente chique.
Eu e estávamos totalmente de boca aberta, estávamos com cara de bobos e observávamos cada detalhe daquele prédio. Desde a tintura branca com desenhos até as orquídeas roxas que decoravam cada canto, deixando um aroma natural.
— Sejam bem-vindos — ouvimos uma voz feminina nos chamando a atenção. — Sou Stephanie Stohl.
Encarei a mulher em minha frente totalmente encantada, olhos verdes, sobrancelhas bem feitas, que destacavam perfeitamente seus olhos, cabelos castanhos e pele bem branquinha, sorriso perfeito que continha leves covinhas, a fitei dos pés a cabeça, totalmente perfeita, devia ter no mínimo uns vinte e cinco anos.
me cutucou.
— O que foi? — o encarei.
— Seja discreta — sorriu. — Stephanie falou com você.
— Desculpe — a encarei, um tanto envergonhada. — Você é linda...
— Obrigada, eu acho — a mulher respondeu. — Confesso que imaginei você aquela famosa menininha, loira dos olhos azuis, com vestidos floridos e sapatos rosa — sorriu. — Mas vejo que me enganei, vamos subir?
Assentimos e nos direcionamos até o elevador, direto para o quarto andar. Enquanto subíamos, não pude deixar de observar em algumas olhadas que Stephanie dava em nós e sorria, balançando a cabeça, como se estivesse se divertindo com o que via.
O elevador se abriu e uma enorme sala toda de vidro apareceu, uma mesa mediana em um canto com um notebook, uma enorme mesa de centro com algumas flores e um sofá de três lugares juntamente de duas poltronas ao redor, as paredes continham dois quadros coloridos um tanto divertidos.
— Sintam-se à vontade — apontou para o sofá, logo se sentando em uma de suas poltronas. — Vocês sabem por que estão aqui, não é? — perguntou.
— Por causa do livro — sorriu. — E para assinar o contrato.
— Oh! me entregou o contrato no dia seguinte em que eu lhe enviei — encarou-me um pouco estranha. — O livro já está chegando hoje em todas as livrarias da Europa e da América do norte...
— Mas... — pareceu um tanto confuso.
— Colocamos um trecho dele em nosso site uma semana antes e já estava sendo um sucesso, daqui a meia hora vai começar as vendas.
— E se não der certo? — perguntou.
— Pelo menos vocês tentaram — sorriu simpática. — Temos dez minutos para chegarmos a Waterstone's Piccadilly antes que comecem as vendas, vai ser a livraria principal, estou apostando em vocês, então vamos...


Waterstones Piccadilly


Eu costumava acreditar que príncipes encantados realmente existiam, acreditava que os contos de fadas eram reais. Acreditava que um dia eu iria a algum baile e a meia-noite sairia correndo e no meio do caminho perderia meu sapatinho de cristal que faria o príncipe ir atrás de mim, me procuraria no reino todo, bateria de casa em casa, até que finalmente me encontraria, nós nos apaixonaríamos, depois nos casaríamos e viveríamos felizes para sempre, exatamente como acontece nos livros, mas no meio das histórias sempre tem aquelas partes em que as princesas passam um certa dificuldade, como: A madrasta pode te trancar num quarto no sótão, ou uma bruxa malvada pode te jogar um feitiço para que no décimo sexto aniversário você fure seu dedo em um fuso de uma roca, ou ainda pior, uma bruxa malvada totalmente invejosa te faz comer uma maçã totalmente envenenada.
O que quero dizer é que no meio de nossa jornada passaremos por muitas dificuldades, haverá problemas que vamos achar que nunca vamos conseguir nos safar e haverá momentos que vamos estar totalmente desabrigados, na lama, sem ninguém... Haverá aqueles momentos em que ficaremos totalmente sós, e a única pessoa capaz de nos salvar desses momentos, somos nós mesmos, nossa força de vontade. Tudo pode acontecer se é você quem crê!


Levamos exatos treze minutos até finalmente conseguirmos chegar na rua da Waterstone's Piccadilly, eu e estávamos realmente surpresos, não esperávamos uma estreia, esperávamos apenas uma reunião para acertarmos como ficaria o livro. Assim que nos aproximamos da livraria, comecei a reparar no movimento que havia por ali, algumas garotas jovens em seu grupinho conversavam animadamente, a maioria aparentava ter a nossa idade e aquilo fazia com que eu tivesse um choque de realidade, nunca na minha vida eu havia pensado em escrever um livro, muito menos em ser famosa, sempre quis ser psicóloga ou lidar em alguma área da medicina, cuidar de crianças ou salvar vidas, porém sempre tive ótimas notas em literatura e português, sempre gostei de ler, os livros me ajudavam a esquecer os momentos difíceis em que eu passava. Mas vejamos só como o destino brinca com a gente, uma escolha pode mudar tudo.
— Você está vendo isso, ? — perguntou, encarando a rua através do vidro preto do Audi. — Essa fila enorme que está fazendo uma volta na quadra é apenas para comprar o nosso livro, ai meu Deus, eu não acredito nisso. Nós conseguimos — foquei meu olhar nele e pude notar o brilho de seus olhos, no seu sorriso de orelha a orelha, como tudo nele era totalmente perfeito, até mesmo aqueles gestos exagerados de bater palminhas quando estava muito feliz. colocou as mãos sobre o rosto, deixando apenas seus olhos visíveis e seus olhos lacrimejaram um pouco. — Se não fosse por você, eu não estaria aqui — segurou minhas mãos e o carro parou. — Obrigado.
Apenas sorri sem dizer nada e esperei até que Josh abrisse a porta para nós, sentia minhas mãos tremerem e soarem levemente, encostou sua mão na minha, mas eu automaticamente a puxei para longe, seja lá o que está tentando fazer, está confundindo minha cabeça, está bagunçando meus sentimentos e eu não quero ser aquela menina apaixonada pelo amigo gay e que sofre desesperada, como no livro.
...
...
— Ai meu Deus, são eles...
Senti alguns flashs sobre nós e tive de piscar diversas vezes para poder me acostumar com aquilo, respirei fundo e sorri, eu realmente estava feliz por estar ali, mesmo que psicologicamente eu não estivesse prepara para aquilo, eu era apenas uma adolescente como a maioria ali, estava terminando o último ano do Ensino Médio e já me preparava para as provas em Oxford, mas parece que os planos mudaram, eu vou para faculdade sim, mas não para ser uma médica, mas sim para fazer línguas e letras, eu seria uma escritora.
— Diga-nos, , como seria se apaixonar por seu melhor amigo gay?
— Acho que me apaixonar pelo meu melhor amigo gay seria como mergulhar em um precipício. Seria ou a melhor coisa que me aconteceria ou o erro mais idiota que eu cometeria — sorri para a repórter que fez uma cara de espantada, rindo.
riu sacudindo a cabeça, juntamente de Stephanie, que acenava para algumas pessoas.
— Parece que toda história fictícia tem um pouco de verdade, não é mesmo, ? — Stephanie falou um pouco baixo para que não ouvisse.
— O que você quer dizer com isso? — perguntei ainda sorrindo, mas totalmente confusa.
— Você está apaixonada por seu melhor amigo gay, está perdida e não sabe o que fazer para sair desse labirinto sem saída.
Sacudi a cabeça querendo afastar essas palavras, eu não estava perdida, estava apenas confusa como qualquer adolescente na minha idade.
Entramos na livraria e eu observei as dezenas de cópias do nosso livro apenas na entrada, a decoração totalmente em vermelho e branco, exatamente as mesmas cores que faziam parte da capa do livro, havia um enorme ponto de interrogação no meio da sala antes de chegar nas prateleiras, e várias perguntas ajudavam na decoração.

"O que faria se você se apaixonasse pelo seu melhor amigo gay?"

"Problemas com autoestima? Sorria, pois seus problemas acabaram"

"Já pensou em quais são as verdadeiras razões para não se apaixonar?"

Pequei um dos livros e passei levemente a ponta dos dedos sobre a capa, totalmente branca com alguns pontos de interrogação sobre ela e em letras grandes "Manual de como conquistar um Homem!", virei para o outro lado e comecei a ler a pequena sinopse enquanto algumas pessoas já começavam a entrar.

"Durante dezessete anos de suas vidas, e viveram juntos como se realmente fossem irmãos, compartilharam seu primeiro dente caído, seu primeiro tombo e até mesmo seu primeiro beijo, eles estão juntos desde sempre, e não é diferente nessa nova fase de suas vidas. Durante a adolescência as coisas começaram a mudar, e foi então que descobriu ser gay, e ele realmente tinha e tem certeza de sua sexualidade, já costumava ser aquela garota um tanto rebelde, corpo perfeito, cabelos bagunçados, camisetas de bandas de rock e calças rasgadas, passava a imagem de ser a garota problema, escondendo totalmente a garota sexy que ela realmente é, foi então que teve a brilhante ideia de no último ano do ensino médio fazerem algo para mudarem suas vidas, foi então que surgiu o "Manual de como conquistar um Homem!", juntamente de um sentimento maior que amizade, será que eles vão ficar juntos? Será que pode mudar de ideia sobre sua sexualidade? Ou será que vai finalmente dar uma chance para o amor e ser feliz com outra pessoa?

Venha mergulhar nessa brilhante história, que além de um Manual para te ajudar na hora de seduzir, te mostra que o amor não tem data e nem hora certa para aparecer. Simplesmente surge, normalmente na hora errada, como no caso de . :)"


— ouvi uma voz desconhecida chamar minha atenção e virei meu rosto, um pouco assustada, encarando uma menina que aparentava ser um pouco mais velha que eu.
— Sim? — sorri para a mesma.
— Pode autografar meu livro? — entregou-me o livro junto de uma caneta.
Encarei aquilo em minhas mãos e sorri, sentindo vontade de chorar de tanta felicidade, assinei aquilo deixando uma pequenina declaração para a mesma, que logo saiu junto de seu grupinho de amigas.
— Parece que nós conseguimos, — senti os braços de rodearem meus ombros. — Somos famosos...


Você é ridícula, Summer.


Enquanto dávamos autógrafos e tirávamos algumas fotos, não pude deixar de notar o olhar orgulhoso que tinha, seus olhos brilhavam e seu sorriso não saía do rosto em momento algum.
— Stephanie chamou-me. — Esses garotos dizem que são seus amigos, posso liberar a entrada?
Direcionei meu olhar para a porta principal e vi os garotos do time de futebol, amigos do , e Dona Beth, que acenou assim que me viu.
— Claro, são meus colegas e minha chefe — sorri e ela fez um sinal para que o segurança liberasse a entrada.
— Agora que vocês vão ficar muito ricos, podem comprar uma mansão com uma mega piscina para fazermos festas? — sugeriu , abraçando primeiramente o .
— Vocês viram o tamanho daquela fila lá fora? Foi uma loucura chegar até aqui — os meninos continuaram a abraçar como se eu não estivesse ali e aquilo, de alguma forma, fez com que eu me sentisse um tanto incomodada. Elizabeth já havia me parabenizado a semana toda e hoje pela manhã também, então não precisava de beijos e abraços.
— Hey, rapazes, devemos reconhecer também que se não tivesse mandado o livro para a editora, isso jamais teria acontecido — Elizabeth colocou as mãos sobre a cintura, fazendo uma cara de séria.
— Oh! É mesmo, cadê a , ? — Josh, o completo sem noção do time, perguntou.
— Você está linda, falou, pegando uma de minhas mãos e beijando as costas. — Tão linda que é impossível olhar para outra coisa que não seja você.
Sorri um pouco boba para ele, e logo depositei um tapa brincalhão sobre seu ombro.
— Cavalheiro como sempre — respondi-lhe.
— Ai. Meu. Deus — um garoto falou parando em minha frente. — Você é mesmo ? — assenti com a cabeça, um pouco confusa. — Você é ainda mais linda pessoalmente, adoraria sair com você, sei lá, tomar um café, um almoço talvez — o garoto aparentava ter a minha idade, e ele falava de um modo tão esperançoso que não pude negar.
— Me empresta seu celular? — pedi e ele, um tanto receoso, me entregou. Desbloqueei a tela, encontrando uma foto minha como protetor de tela, sorri um tanto feliz, eu havia ganhado um fã, digitei meu número em seu celular e logo salvei como " ", e entreguei-lhe o aparelho. — Estarei disponível no sábado à noite, me liga.
O garoto balançou a cabeça como se estivesse acordando de um sonho e sorriu, saiu andando, mas parou no meio do caminho como se tivesse esquecido de algo, virou-se para trás.
— A propósito, meu nome é Fredd — e sumiu no meio da multidão.
— Mandou bem, baby — Elizabeth puxou-me para um abraço. — Ele é um gato.
— Mãe! — a repreendeu.
Estavam todos me encarando ainda boquiabertos com que acabara de acontecer, bom, na verdade, quase todos, já que logo senti a falta de e o encontrei em um canto mais afastado, trocando algumas carícias com .

E por míseros segundos, senti algo doer insuportavelmente dentro de mim, algo que fez meu coração disparar, minhas mãos tremerem e soarem ao mesmo tempo, e esse foi um daqueles momentos em que você trinca os dentes e olha para cima. Você diz a si mesmo que se as pessoas a virem chorando, aquilo vai magoá-las, e você não vai ser nada mais que uma tristeza na vida deles. E eu não queria que eles se lembrassem de mim como uma coisa triste.

Então desviei o olhar e encarei os amigos do meu melhor amigo em minha frente.
— Somos seus servos, , pode abusar de nós — disse e eu não pude conter o sorriso, eram pessoas como eles que faziam dos meus dias ainda melhores.
— Então vou ter oito acompanhantes para a balada de hoje? — perguntei, tentando sorrir de um modo sensual.
— Desde que você termine a noite na minha cama, você pode ter quantos acompanhantes você quiser — respondeu-me, puxando minha mão direita. — Porque, de qualquer forma, você já era minha muito antes desses idiotas saberem que você existia — senti algo gelado em meu dedo, mas o escondia entre as mãos. — Porque mesmo sem saber, você é minha, minha namorada — soltou-me e enfim eu pude ver o que ele havia colocado em meu dedo, não muito fina, mas também não muito grossa, em um tom prateado e com cinco pedrinhas brilhantes, a deixando ainda mais delicada.
, pela primeira vez em sua vida, colocou uma aliança em uma garota.
... — encarei minhas mãos um tanto incrédula. — Eu...
— Você aceita ser minha namorada, ?
— Claro que eu aceito, .

(...)


, eu não sei o que vestir — jogou-se sobre minha cama. — Meu cabelo está horrível.
— Coloca aquela sua calça jeans escura que está no meu guarda-roupa e pode ficar com essa sua camisa, porque eu amo ela, e para disfarçar seu cabelo que está pior que uma vassoura de palha, coloca uma touca, você vai ficar sexy.
super aprova — levantou-se da cama e correu em minha direção, abraçando-me de uma forma que meus pés levantaram-se do chão.
! — o repreendi, ainda rindo. — Me solta, preciso terminar de me arrumar, você está amassando minha roupa.
Ele soltou-me, segurando uma de minhas mãos no ar, me incentivando a dar uma voltinha, e assim eu fiz.
— Você está linda, — beijou minha mão.
— Já pode soltar, — pedi enquanto o mesmo havia paralisado, encarando minha mão.
— Que porra é essa, ? — perguntou, apontando para minha aliança.
— Uma aliança?
— Eu sei que é uma aliança, quero saber o porquê dela estar no seu dedo.
Cocei a garganta um pouco incomodada com aquilo, passei as mãos sobre os cabelos, demonstrando que eu estava desconfortável e nervosa.
— Enquanto você e o estavam se pegando num canto mais afastado do público na livraria, um garoto pediu meu número e eu dei, então os seus amigos começaram a brincar, dizendo que eram meus servos, até que — pausei e encarei , que aparentava estar um pouco confuso, mas ao mesmo tempo com um tanto de raiva — me pediu em namoro e eu aceitei.
— Você está namorando o ? — perguntou, segurando meus ombros em uma distância um tanto perigosa.
— Sim, estou namorando o — respondi, sentindo minhas pernas aos poucos ficarem bambas.
— Você é ridícula, — falou. E logo saiu porta a fora, ouvi uma batida mais forte vinda do andar de baixo e só então percebi que ele me deixou sozinha, totalmente sem motivo.
Meu celular apitou em minhas mãos, alertando uma nova mensagem e imediatamente desbloqueei a tela.

"Ridículo o modo como você se entrega para qualquer otário, , por favor, traga minha melhor amiga de volta. Xx, "


Encarei a tela do celular totalmente incrédula com o que eu acabara de ler, ridículo é ele, o que ele acha que está fazendo?


Balada. (Heart Attack)


Me neguei a responder aquela mensagem, era totalmente estúpida da parte do , falar algo como aquilo, ele não tinha direito algum em se meter na minha vida, ele deveria me apoiar assim como eu o apoio em tudo, ele deveria estar ao meu lado do mesmo modo em que eu estive do dele, mas não vou deixar com que esse ocorrido acabe com a minha noite, uma grande noite, por sinal, vamos comemorar o início de um grande sucesso, uma noite de realizações pela qual esperamos anos por isso.
Balancei a cabeça, tirando os pensamentos negativos, me direcionei novamente para frente do espelho e passei as mãos ajeitando meu vestido, eu realmente me sentia bonita, mais bonita do que nunca havia me sentido antes, nunca na minha vida eu me imaginaria usando um vestido desses, tomara-que-caia colado preto até a marca do meu umbigo, onde começava a saia com duas camadas do tecido de tule com algumas pedrinhas brilhantes, era incrivelmente lindo, olhei meus cabelos, que estavam em um coque alto frouxo que deixava alguns fios caírem sobre meu rosto, olhos perfeitamente delineados num tom de preto destacando o castanho, batom vermelho sangue deixando meus lábios um pouco maiores.
Calcei meus sapatos e sorri, pensei comigo mesma que essa seria a minha noite, hoje eu iria brilhar.

(...)


Assim que o táxi me deixou na frente da boate Fabric London, tratei de puxar a maior quantidade de ar possível, eu estava realmente nervosa, seria minha primeira vez num lugar como esse, os meninos já haviam vindo várias vezes aqui, mas como uma adolescente tímida, eu ainda não me sentia pronta para encarar essa realidade.
Encarei a enorme fila que deveria estar dando voltas na quadra de tão grande, não iria encarar aquilo, eu não precisava, segundo , meu nome estava na lista e era apenas para eu entrar.
Em passos largos e rápidos, fui em direção à entrada.
— Onde a linda jovem pensa que vai? — um dos seguranças parou em minha frente, barrando minha entrada.
— Entrar? — perguntei confusa.
— Claro, meu amor, você é linda, mas vai ter que esperar no final da fila como todos os outros — apontou para o lado, onde já havia algumas pessoas me xingando.
— Oh, desculpe — coloquei uma mão sobre o peito. — Sou , estão me esperando lá dentro.
— Você não é — respondeu, fazendo uma careta e eu apenas arqueei uma de minhas sobrancelhas. — Você é jovem demais para ser a escritora de sucesso que estão esperando lá dentro.
Abri minha bolsa, sentindo um pouco de raiva por ele duvidar de mim, eu não aparentava ser tão jovem, era ridículo, ele deveria acreditar em mim.
— Tire suas dúvidas, senhor — sorri, entregando minha identidade a ele, que no mesmo instante liberou minha entrada.
— Tenha uma ótima noite, senhorita.
Passei por ele enquanto ainda guardava minha identidade na bolsa, e logo entrei no pequeno corredor estreito todo iluminado por luzes coloridas, assim que as luzes clarearam um pouco minha visão, pude ver a enorme pista de dança totalmente lotada, as pessoas dançavam descontroladamente ao som de Beauty and a Beat, pulavam, os casais se beijavam como se não houvesse amanhã, e finalmente eu deixei com que aquele espírito da balada tomasse conta de mim.
— Uma bebida para a garota mais linda que eu já vi esta noite — o barman parou em minha frente, entregando-me uma bebida azul.
— Obrigada — sorri, pegando o copo e dando um pequeno gole, senti minha garganta arder de leve e fiz uma careta engraçada. — O que é isso?
— Drink "Blue Lagoo" — sorriu. — Os garotos da área vip acabaram de mandar te entregar — apontou para o andar de cima.
Virei meu corpo e inclinei minha cabeça para o andar de cima, onde encontrei os garotos mais idiotas que eu conhecia.
— Obrigada — disse ao barman e fui em direção às escadas que me levariam ao segundo andar.
Senti alguns olhares pesarem sobre mim enquanto eu percorria meu caminho, vi até um garoto piscar para mim sibilando um "gostosa", isso era tão idiota.
— Enfim chegou a garota que conseguiu fazer usar uma aliança — Josh gritou assim que me viu na ponta da escada.
— O segurança me barrou na entrada, disse que eu era muito jovem para ser — revirei os olhos enquanto tomava mais um gole daquela bebida pura vodka, porém muito gostosa. — E depois o barman gostoso me parou para me entregar essa bebida.
— Hum, barman gostoso, toma cuidado, gargalhou e recebeu um tapa na testa em resposta.
se aproximou, me puxando pela cintura, colando nossos corpos, passou a ponta de seu nariz no meu pescoço, me causando leves arrepios, seus dentes puxaram a pele sensível, que com certeza deixaria uma pequena marca, seus lábios subiram para de encontro aos meus, puxou meu lábio entre os dentes, fazendo com que um pequeno gemido saísse de minha boca, mas seus lábios logo colaram nos meus num beijo curto, porém quente o suficiente para fazer com que eu sentisse minha intimidade latejar e minhas pernas bambearem.
— É bom te ver também, — sorri, me separando dele. — Oi, gatos — acenei para os meninos enquanto me abraçava, apertando meu corpo contra o seu.
— Quase presenciei um sexo ao vivo, e o pior, sexo hétero — falou, colocando o dedo na boca e insinuando um vômito.
— Como você é gay, — revidei, virando o último gole da minha bebida e pegando o copo de vodka do , fazendo o mesmo.
Assim que voltei ao normal, percebi o olhar de sobre mim, ele estava vestido exatamente como eu havia dito, só não havia pegado a calça do meu guarda-roupa, mas estava lindo, suas sobrancelhas franzidas, boca alinhada, olhos misteriosos, era estranho o porquê tudo nele me encantava.
— Vocês precisam trazer mais garotas, é estranho ficar sozinha no meio de todos esses homens.
— Seremos fiéis somente a você, curvou-se em minha frente. — Você sabe, queremos apenas curtir sem ter essas meninas cobrando um relacionamento toda hora, somos jovens demais para isso.
Não pude conter o sorriso com toda a sua sinceridade, peguei a bebida de sua mão e virei novamente, dessa vez já sentindo minha cabeça girar de leve.
— Bom, eu vou dançar, porque realmente adoro essa música.
Me virei em direção as escadas assim que começou a dar as primeiras batidas de Heart Attack remixada, joguei meus braços para cima enquanto gritava um "uhuul".

POV

Para alguns, poderia até parecer estranho aquele ciúmes obsessivo que eu sentia da , meu jeito protetor, ela era como se fosse minha irmã mais nova e eu não poderia deixar que meus amigos babacas a usassem como um brinquedo descartável e depois a jogasse fora como faziam com as outras garotas. é perfeita, admito, mas ela era boa demais para qualquer um de nós, desde que ela revelou que estava começando a sentir sentimentos maiores que amizade por mim, me senti estranho, não queria que tudo isso se tornasse aquela história clichê de que a melhor amiga se apaixona pelo amigo gay e no final eles ficam juntos.
tem tudo o que eu queria ter, ela tem o corpo perfeito, cabelos perfeitos, olhos incrivelmente lindos que, se ela te encarasse mais de um minuto, você já se encontraria totalmente excitado, e isso acontece até mesmo comigo, ela possui os lábios mais beijáveis que eu já havia visto, bom, na verdade, a metade das coisas que eu disse, eu ouvi os meninos comentando no vestuário. Ela era a famosa garota para se casar, o que mais me irritava nisso tudo era que eu queria ser ela, queria ter tudo que ela tinha, incluindo o namorado perfeito, sim, eu , capitão do time de futebol, era loucamente apaixonado pelo namorado da minha melhor amiga, e esse é o real motivo de todo meu ódio por ele.
Eu realmente me sentia culpado pela briga que tivemos um pouco antes da boate, ela estava incrivelmente linda naquela roupa, ela é linda, e sim, eu já pensei várias vezes em como seríamos perfeitos se fossemos um casal, como não se apaixonar por ?
Me direcionei até as grades da área vip e fiquei a observando dançar, ela passava as mãos freneticamente sobre os cabelos enquanto requebrava aquela enorme bunda, indo até o chão e subindo novamente. Seu corpo virou de frente para mim e seus olhos subiram, encarando os meus, e então ela sorriu, de um modo sapeca e sensual, do jeito conquistador dela.

Never put my love out on the line
(Nunca coloquei meu amor em jogo)
Never said yes to the right guy
(Nunca disse "sim" para o cara certo)
Never had trouble getting what I want
(Nunca tive problemas em conseguir o que quero)
But when it comes to you, I'm never good enough
(Mas quando se trata de você, nunca sou boa o bastante)


Seus olhos eram como imãs que me puxavam para ela, por mais que eu ainda não tivesse me movido, eu sentia meu corpo querendo ir até ela, seus lábios já não possuíam aquele tom avermelhado do batom, ela os mordia cada vez com mais força, encarando-me nos olhos. Suas mãos desceram, passando pelos seus ombros, seios, onde ela deixou uma leve apertada, os seios dela era uma das minhas partes favoritas do seu corpo, eles não eram pequenos e nem muito grandes, eram do tamanho exato de minhas mãos, como se fosse feito sob medida para mim. Suas mãos finalmente chegaram aos seus joelhos, onde ela apoiou as mesmas, deixando sua bunda totalmente empinada, tenho certeza que as pessoas que estavam atrás dela poderiam ver perfeitamente sua calcinha.

Never break a sweat for the other guys
(Nunca derramei uma gota de suor por outros caras)
When ya come around, I get paralyzed
(Quando você surge, eu fico paralisada)
And everytime I try to be myself
(E toda vez que tento ser eu mesma)
It comes out wrong like a cry for help
(Dá tudo errado como um grito por socorro)
It's just not fair
(Isso não é justo)
Pain's more trouble than love is worth
(A dor é mais confusa do que vale o amor)
I gasp for air
(Eu sufoco querendo ar)
It feels so good, but you know it hurts
(Parece tão bom, mas você sabe que machuca)
But you
(Mas você)
Make me wanna act like a girl
(Me faz querer agir como uma garota)
Paint my nails and wear perfume
(Pintar minhas unhas e usar perfume)
For you
(para você)
Make me so nervous
(Me deixa tão nervosa)
That I just can't hold your hand
(Que não consigo segurar sua mão)


Enquanto a música tocava, ela cantava olhando diretamente para mim, suas mãos pararam na região do seu peito, onde ela abria e fechava os punhos como se tivesse se arranhando, ela estava cantando para mim e eu não entendia aquilo, como ela pode se apaixonar? Como eu pude deixar isso acontecer? No início, eu queria apenas uma brincadeira, queria que ela desabafasse mais comigo, me contasse sobre as coisas que gostava, ou como aquele jeito de homem dele era excitante, não era para ela se apaixonar, não era para eu ter me aproveitado da situação, não era para eu me sentir estranho quando estava perto, nós nunca ficaríamos juntos. Eu sabia perfeitamente o que eu queria, mesmo que quando ela estivesse por perto eu não tivesse total controle sobre meu corpo.

You make me glow
(Você me faz brilhar)
But I cover up
(Mas eu disfarço)
Won't let it show
(Não vou demonstrar)
So I'm putting my defenses up
(Então estou armando minhas defesas)
'Cause I don't wanna fall in love
(Porque não quero me apaixonar)
If I ever did that
(Se alguma vez fizesse isso)
I think I'd have a heart attack
(Acho que teria um ataque cardíaco)


Sorri para ela, eu estava disposto a ir lá embaixo e mostrar para ela do que eu era capaz de fazer, mas desisti assim que eu vi se aproximar da mesma, segurando firme seus cabelos com uma das mãos enquanto a outra segurava sua cintura, a pressionando contra si, ela deitou sua cabeça no ombro dele, deixando aquele espaço livre para que ele pudesse beijar. Seus olhos logo encontraram os meus novamente e seus lábios moveram-se em um "desculpa", eu não sentia raiva dela, ela não sabia nem da metade das coisas que estavam acontecendo, mas ele não poderia usá-la daquela maneira.
Me virei para os meninos, pegando a primeira garrafa de Vodka e bebendo pura mesmo, essa noite era para comemorar e não para lamentar o quão perfeita era e em como o namorado perfeito dela era um idiota.


(uma revelação)


POV

Com o passar dos dias, pude notar as coisas ficarem um tanto estranhas, estava começando a me evitar e isso era tudo que eu menos queria, era tudo que eu tinha, era meu amigo, minha paixão, minha família...
Desde a adolescência, vem cuidando de mim, sendo totalmente protetor, não deixando que nenhum mal me acontecesse, mas como eu sou idiota, consegui estragar tudo, deixando com que os sentimentos falassem mais alto que a nossa amizade.
Hoje seria um dia muito importante para o , não só para ele, mas como para toda a equipe de futebol, hoje seria a grande final do campeonato contra o maior rival deles, Doncaster Rovers, pelo pouco que eu sei, essa rivalidade já existe há cerca de quase cinquenta anos.
Observei as arquibancadas lotadas, pessoas gritando e bebendo felizes, crianças totalmente orgulhosas de suas camisetas.
, não é? — uma torcedora do Doncaster perguntou e eu apenas assenti, sorrindo. — Você poderia tirar uma foto comigo? — sorriu.
— Claro — me aproximei dela e a mesma me abraçou pela cintura, e então sorrimos para a câmera, onde o pai da mesma tirou a foto.
— Ficou linda, obrigada — mostrou-me a foto. — A propósito, você está linda.
Sorri em forma de agradecimento e a mesma voltou a se sentar com seus familiares.
Continuei seguindo meu caminho até o vestuário masculino, onde encontraria meus meninos e lhes desejaria um bom jogo.
Assim que cheguei na frente do vestuário, encarei meu corpo no espelho, não estava tão mal, a camisa dos Packers G com um " 96" atrás, listrada em tons preto e branco, uma calça jeans skinny e meus lindos e inesperados sapatos de salto preto com alguns detalhes brilhantes para combinar com a minha camisa.
Enquanto arrumava meus cabelos, ouvi risadas e vozes altas se aproximando e logo a porta do vestuário se abriu.
— Ora, ora — um garoto de cabelos castanhos incrivelmente bagunçados e olhos num tom verde azulados, sorriu sacana assim que me viu. — O que essa linda jovem faz aqui?
— Acho que não é da sua conta, lindinho — respondi, mostrando meu melhor sorriso.
— A gatinha tem garras — cutucou um de seus companheiros. — Seria um grande prazer pegar uma torcedora do time adversário.
— O que te faz pensar que eu ficaria com alguém do seu tipo? — arqueei a sobrancelha, me sentindo um tanto superior a eles.
— Você por acaso sabe com quem está falando? — perguntou num tom arrogante, totalmente diferente do tom inicial.
— Como se eu me importasse com isso — dei de ombros. — E você, por acaso sabe com quem está falando?
— Com uma vadia qualquer.
— Digo o mesmo — encarei-o através do reflexo do espelho. — Estou falando com um veadinho qualquer, que se acha melhor do que os outros só porque joga em um time de futebol.
Ele fechou os olhos, tentando controlar sua irritação.
— tentou sorrir, esticando sua mão para eu apertar.
— apertei sua mão.
Sorri para eles.
— Te esperarei no final do jogo, você será muito melhor que um troféu.
— O que te faz pensar que vocês vão ganhar esse jogo?
— Convenhamos — aproximou sua boca do meu ouvido —, seu namorado não é páreo para alguém como eu — mordiscou de leve o lóbulo da minha orelha —, ele joga como uma menininha.
Sorriu, e se afastou com seus amigos.


(...)


E finalmente o apito do juiz soou, indicando final de jogo, coloquei as mãos sobre o rosto totalmente decepcionada, o time de Doncaster havia ganhado esse jogo.
Levantei-me rapidamente das arquibancadas e desci as escadas em direção ao campo. Corri em direção ao e pulei em suas costas.
— Independente desse resultado idiota, vocês continuam sendo os melhores — sussurrei em seu ouvido, agarrando seu pescoço.
— O que faz aqui, ? — se aproximou junto dos meninos enquanto retirava sua camisa, senti os músculos de ficarem tensos.
Avistei logo a frente, se gabando com os outros meninos, e sorri.
— Vim aqui para dizer que veadinho nenhum é melhor que vocês, esse resultado não muda em nada — gritei rindo e me largou, colocando a mão sobre os ouvidos, massageando os mesmos.
virou seu rosto para trás e sorriu assim que me viu. Aproximou-se junto de seus amigos.
— Gatinha de garras — falou, enrolando uma mecha de meus cabelos com o dedo indicador. — Eu disse que seu namorado jogava como uma menininha.
— Pelo menos meu namorado não precisa de um título idiota para provar que é homem — dei um tapa em sua mão.
— Selvagem — rosnou, imitado um tigre. — Minha irmã lê seu livro e é sua fã, será que você poderia tirar uma foto ou, sei lá, gravar um vídeo para ela? — pediu corando levemente, nenhum dos meninos ousou em falar uma única palavra, apenas nos observavam.
— Claro — respondi feliz, batendo palminhas, minha primeira experiência com um fã à distância.
Peguei o celular em suas mãos e configurei a câmera para vídeo.
— Como ela se chama?
— Charlottie.

"Olá Charlottie, aqui é e eu ouvi falar que você é minha fã, o que acha de marcarmos um almoço? Ou uma saída ao shopping? Bom, me liga, tem meu número, beijão"



(...)


Assim que saímos do campo dos Packers G, fomos a um bar, que ficava a duas quadras dali, para bebermos entre amigos.
, vem aqui — me chamou e eu fui até ele, um pouco mais afastado do pessoal.
— Você está bem, ? — perguntei, notando seu nervosismo.
— Eu preciso te contar algo, — passou a mão sobre os cabelos ainda molhados. — Você precisa prometer que não vai mudar comigo, mas guardar isso só para mim está me matando.
— Fala logo, — segurei seu rosto entre as mãos, já ficando nervosa com o desespero dele.
— Eu estou apaixonado pelo seu namorado, , e eu não aguento mais ver vocês dois juntos, toda vez que vocês se beijam, parece que uma parte de mim está sendo arrancada, eu não aguento mais essa dor, , eu usei você para tentar conquistar seu namorado, mas ele não me nota. Me perdoa, por favor, .
Pisquei os olhos algumas vezes, tentando raciocinar o que ele acabara de dizer. E sabe aquele momento em que você se sente traída? Eu me sentia usada, isso tudo não passou de uma simples brincadeira para ele? Ele queria o meu namorado?
— Nós ficamos no dia da inauguração do livro, por isso fiquei com tanta raiva quando você me disse que estavam namorando, ele disse que estava carente e que vocês não transavam e pediu pra eu ajudá-lo, me senti o cara mais feliz do mundo, mas quando acabou, ele apenas se vestiu e foi embora, como se nada tivesse acontecido, ele sabe dos meus sentimentos, ... Desculpa.
Aquilo era demais para mim, coloquei as mãos sobre os cabelos, atordoada com aquilo, meu coração dava pulos sobre meu peito. Olhei para a mesa onde estava e, no mesmo momento, sorriu para mim e eu apenas neguei com a cabeça, ele encarou em minha frente e logo seus olhos arregalaram-se, não estava mentindo.
Peguei minha bolsa e corri para a saída, aquele ar já estava me sufocando, o ar já estava preso em meus pulmões.
, eu posso explicar — gritou, correndo em minha direção.
— Não se aproxima — gritei, fazendo e pararem. — Eu quero distância de vocês, eu estou com nojo dos dois, como vocês tiveram coragem de fazer algo tão sujo comigo?! Eu preciso ficar sozinha.
Saí daquele bar, embarcando no primeiro táxi que estava passando por ali, eu mal sabia onde estava indo...


Dia difícil...


As coisas ainda estavam bem confusas na minha cabeça, eu não sentia realmente nojo deles, eu estava apenas magoada, me sentindo traída, talvez eu realmente fosse inocente demais, como eu pude não ter notado isso antes, a raiva que sentia por , o quanto beijar o incomodava, ou todas as vezes que ele estragava meus passeios com o mesmo. Como não notei isso antes? Eu fui traída pelo meu melhor amigo, meu irmão, nessas horas eu lembro-me de quando a senhorita Valery, uma senhora metida à vidente na escola, costumava me falar...

"Cuidado com certos amigos, eles podem não ser os amigos certos."


— Pode me deixar aqui mesmo — falei ao motorista.
— Mas, senhorita, estamos no meio da Tower Bridge, tem certeza que deseja ficar por aqui?
— Obrigada pela preocupação, senhor, mas aqui se é o melhor lugar para pensar — sorri sem mostrar os dentes e desci do carro.
A ponte estava quase vazia, apenas alguns carros passavam por ali, já deveria se passar da uma hora da manhã, Londres não estava tão fria como costumava ficar.
Tirei meus sapatos e me aproximei da beirada, havia uma pequena ventania, nada fora do normal, o barulho da água se mexendo acabou se tornando algo gostoso para se ouvir, resolvi então sentar-me na para observar a cidade.
Londres era ainda mais linda observada dali, pude ver um pouco mais à frente, a enorme roda gigante London Eye, eu morava a quase dezoito anos em Londres e nunca havia sequer pensado na hipótese de ir até lá, coisas altas me traumatizam, é apenas um medo bobo de criança, havia me ajudado a superar um pouco esse medo.

...


O que eu fiz para ele para receber uma ingratidão dessas? Que culpa eu tinha dele não ter nascido em um corpo de mulher?
— Bela vista, não é? — a voz de um outro alguém tomou conta do local.
— É bom para pensar, esquecer os problemas, estar aqui é como se o mundo ao meu redor estivesse prestes a desaparecer — respondi, sem encará-lo.
— Eu costumava vir aqui quando saí de casa aos dezesseis, nenhuma riqueza no mundo iria comprar minha felicidade — suspirou. — Eu não tinha para onde ir e aos poucos fui perdendo o pouco que tinha, mas, sabe de uma coisa? — perguntou, puxando minha atenção para ele, assim que o encarei, pude ver o homem que aparentava ter uns quarenta anos, barba um pouco grande e roupas sujas e rasgadas. — Foi a melhor coisa que me aconteceu...
— Como você pode dizer algo assim? — respondi, um pouco atordoada com o que ele acabara de confessar. — Digo, como isso pode parecer melhor que uma cama quentinha ou de uma família que esteja te esperando em casa após o trabalho, ou dos carinhos que você pode receber de quem ama... Como isso pode ser melhor?
— Com o tempo, você vai perceber que as pessoas nem sempre são o que dizem ser, ou você vai presenciar uma cena tão assustadora que vai levar um trauma para o resto da vida, as pessoas são gananciosas, matam por dinheiro, hoje em dia não existe mais amor, quem em sã consciência se apaixona? As pessoas só querem saber do que você pode dar a elas, elas amam o que você tem, e não o que você é...
— Faz sentido...
— Qual é seu nome, jovem? — o homem perguntou depois de um tempo em silêncio.
...
— Como o ? — perguntou rindo de leve e eu apenas concordei com a cabeça. — O que te traz aqui, e ainda sozinha?
— Meu melhor amigo me traiu, junto com meu namorado — passei as costas das mãos, limpando algumas lágrimas que caíram. — Eu era tudo o que ele queria, eu abria mão da minha felicidade por ele, nós até publicamos um livro de sucesso juntos...
— Isso quer dizer que você é famosa? — perguntou confuso. — Eu nunca havia conversado com algum famoso, a não ser que mendigos conhecidos por aí contem.
Não pude deixar de rir dessa última parte, pode parecer estranho, mas conversar com um desconhecido, que ainda por cima era mendigo, estava me fazendo bem.
— Eu não sou tão famosa assim, publiquei um livro e algumas pessoas me conhecem por aí.
— Qual o nome?
— Manual de como conquistar um homem, o nome é bobo, mas a história é incrível, além de um manual, conta a minha história, o desastre que é se apaixonar por um gay que é seu melhor amigo.
— Que triste — o homem riu. — Vou ler, vou contar isso para os adolescentes que vivem lá no casarão, eles mal vão acreditar que eu conheci uma pessoa famosa.
Não pude deixar de rir novamente, era engraçado o modo como ele parecia um adolescente às vezes.
— O que seria um casarão?
— É onde ficam pessoas desabrigadas como eu, tem algumas crianças e até mesmo uns adolescentes, recebemos doações e cuidados, é como se fosse um orfanato, sabe, eu gosto de lá, sou o mais velho, como um pai para eles, sinto como se finalmente tivesse encontrado minha família.
— Irei visitar um dia desses — levantei-me, limpando minha roupa. — Agora eu preciso ir, já está tarde, muito obrigada por me ouvir, eu realmente estava precisando conversar...


(...)


— A globalização une as pessoas mais diversas. Começam, então, a surgir grupos que se distinguem do conjunto da população. Com o capitalismo incentivando a competição, os grupos passaram a concorrer e a desenvolver extrema rivalidade: mulheres e homens; negros e brancos, nativos e estrangeiros, heterossexuais e homossexuais — era estranho o modo como a professora de sociologia adorava dar aquela aula, e eu odiava o modo como ela me fazia gostar daquilo, ela lia o texto com tanta naturalidade, que eu chegava a sentir inveja dela. — Cada um desses setores se organizou para definir sua história, suas justificativas e suas reivindicações. O coletivo encobre as diferenças. Quando falamos "brasileiros", por exemplo, colocamos no "mesmo saco" pessoas as mais diversas.
Eu gostava dos seus argumentos, gostava do modo como lidava com todos, ela era uma grande mãe naquela escola, todos a procuravam para pedir conselhos, ela era linda também, deveria ter um e sessenta e oito de altura, longos cabelos negros e olhos verdes mel, senhorita Valery era incrível, mesmo sendo um pouco louca às vezes.
— Vamos continuar na próxima aula, pessoal, o sinal tocará em dois minutos, estão liberados.
Aos poucos as pessoas foram se movimentando até a saída, e eu as acompanhei, fiquei exatos três longos dias sem aparecer e era um pouco estranho ter essa sensação novamente, estar sendo observada por todos, ou aqueles malditos grupinhos que ficavam murmurando coisas sobre você.
Mas se tem uma coisa que eu aprendi com aquele maldito manual, é que não importa o que estão falando de você, o importante é que estão falando. "Fale bem ou falem mal, pelo menos estão lembrando de você".
Mandei um beijo para Mandy, a capitã das líderes de torcida, que tinha um amor não correspondido por mim, a mesma revirou os olhos e ficou de costas para mim. Segui meu caminho até a mesma, decidida a irritá-la, nós vivíamos brigando, não era novidade para ninguém naquela escola. Assim que cheguei perto da mesma, depositei um beijo em sua bochecha.
— Oi, Mandy! Tudo bem? — sorri.
— O que você está fazendo? — Mandy perguntou confusa, olhando para todos os lados, achando aquilo uma pegadinha.
— Nada, foi bom te ver, gata — sorri, peguei a maçã que havia em sua mão e saí mordiscando a mesma.
Não entendi o que estava acontecendo comigo de tão errado naquele dia, talvez toda essa diversão era apenas uma distração para toda a dor que eu ainda sentia dentro de mim, era tudo muito recente ainda e saber que eu estava frequentando o mesmo lugar que eles, me deixava com medo, medo dessa dor de ser traída aumentar, e zoar com os outros era uma das minhas formas de esconder o que eu sinto...

"Se eu sorrir, não significa necessariamente que estou feliz, e sim que estou sendo forte"


Logo avistei a mesa dos garotos do time de futebol e respirei fundo antes de me juntar a eles.
? — Josh foi o primeiro a me ver, sorri para o mesmo, sentando-me ao seu lado.
— Oi, Josh! Tudo bem? — dei um beijo estalado em sua bochecha, o fazendo rir.
— Já melhorou cem por cento o meu dia — sorriu, suspirando.
— pisquei sorrindo para o mesmo, que ficou um pouco vermelho de vergonha.
, é bom te ver também — abaixou a cabeça, sorrindo.
— Oi, garota magia, perdição dos garotos — sorriu, era a primeira vez que estávamos tendo uma quase conversa civilizada.
gostoso, tentação das garotas e um desperdício de homem por ser gay...
— Não vai falar com seu namorado, ? — Josh perguntou enquanto cutucava , rindo debochado.
— Eu não tenho namorado — sorri, encarando e depois encarei . — Não tenho nem um melhor amigo, porque pessoas falsas a gente tem que descartar de nossas vidas, porque vão ser pedras no nosso caminho, só servem pra nos fazer mal.
e se entreolharam assim como todos fizeram, eu permaneci com o sorriso no rosto, eles não mereciam minhas lágrimas, nenhum homem merecia.


Aceita sair comigo? (A fama está mudando para melhor)


, nós devemos conversar — ouvi a voz calma de falar.
— Então, ... Vou precisar de sua ajuda em sociologia, pode me ajudar? — perguntei, tentando ignorar todos aqueles olhares curiosos sobre a minha pessoa. — A semana de provas está chegando e eu vou precisar de ajuda, eu realmente preciso de nota nesse último trimestre.
— Oh! Claro — sorriu, segurando minha mão. — Hoje nós temos aula integral, então podemos começar amanhã.
Sorri, apenas assentindo.
Não demorou muito para que meu celular apitasse, chamando novamente a atenção de todos.


Desculpas (Será que merece?)


Sabe quando você acorda com aquela sensação de que nunca será boa o suficiente e do nada dá aquela vontade enorme de chorar por achar que nada valeu apena? Era com esse sentimento que eu acordei nessa longa sexta-feira, a única parte boa era que eu não iria na aula, e me dedicaria totalmente ao meu projeto de ajudar as pessoas necessitadas que vivam no casarão. Dona Beth havia me deixado trabalhar em turno integral hoje e disse que, se eu quisesse, não precisava fechar ao meio-dia, e era exatamente o que eu iria fazer.
Levantei-me da cama, mesmo com todo aquele sentimento de tristeza, eu me sentia disposta, era ótima a sensação de poder ajudar ao próximo, fazer algo sem querer nada em troca.
Aproximei-me da enorme janela do meu quarto, abrindo-as, tendo a visão de um início de manhã ensolarado, o dia estava perfeito, nada iria me parar. Abri as portas do meu guarda-roupa e fiquei em torno de uns cinco minutos apenas encarando o mesmo, sem saber o que usar. Acabei optando por um short claro um pouco desfiado e uma camisa do Guns n' Roses preta que deixava apenas a ponta do meu short à mostra, havia deixado ali há algumas semanas, eu realmente gostava daquela camisa, me sentia confortável, coloquei um par de tênis qualquer, peguei meu celular e sai rumo à cafeteria sem ao menos tomar café, comeria algo quando chegasse.
Assim que cheguei, fiz o mesmo de sempre, acendi alguns incensos, liguei o rádio, mas ao invés de colocar uma música calma, hoje eu coloquei uma mais animada, cantores teens, coisas do tipo Miley Cyrus, eu curtia ela quando a mesma ainda era a Hanna Montana, Demi Lovato também, na minha humilde opinião essa garota era um verdadeiro exemplo de superação na vida, e para mim tudo o que ela faz é uma grande influência, juntamente de Justin Bieber, quando eu ainda assistia aqueles programas idiotas de televisão que falavam sobre a vida dos artistas, eu via o quanto os apresentadores e repórteres os julgavam, mas nenhum deles parou para ver o quanto esse garoto ajuda em instituições, e essas outras coisas, são artistas que são muito julgados, as pessoas vêem o que elas querem ver, a maloqueira sem coração, a gorda que se corta e o drogado que foi preso, as pessoas não se importam com o que eles fazem de bom, eles só pensam em alguma maneira de os derrubar. Mas, para mim, esses artistas fazem uma grande diferença, não que eu seja fã, apenas admiro o trabalho que poucas pessoas vêem que eles fazem.
Assim que coloquei meu pendrive para tocar, comecei a colocar alguns enfeites de mesa com o anúncio sobre a colaboração com o casarão, coloquei os folhetos sobre o balcão do caixa, e coloquei o cofre de tamanho mediano na frente do computador do caixa, estava tudo perfeito.
Sorri assim que vi que já havia terminado de arrumar, os outros funcionários já haviam chegado, olhei as horas no enorme relógio que havia na parede de entrada e então já era a hora de abrir.

(...)


Já se passava das seis horas da tarde, quando eu vi um movimento estranho na porta, junto de vozes altas que riam e gritavam sem noção.
— Hey, Kath — chamei a menina novata que fazia o trabalho de uma garçonete. A mesma me encarou lançando um sorriso simpático e lançou um olhar como quem dizia "pode falar". — Pode cuidar aqui para mim? Eu já volto.
— Claro — respondeu, despedindo-se da mesa do cliente que atendia e indo até o caixa onde eu estava.
Soltei meus cabelos do rabo que eu havia feito no alto da cabeça para não atrapalhar minha visão enquanto trabalhava, respirei fundo antes de abrir as portas. Havia um caminhão de mudança enorme parado em frente ao café junto dos garotos.
— O que é isso? — perguntei para qualquer um que pudesse me responder.
— Isso é tudo que conseguimos arrecadar, querida — um garoto alto respondeu, pele bronzeada e olhos claros.
— E quem é você?
— Me chamo Nathan, jogo no time dos Doncaster Rovers — sorriu, sendo simpático.
— E como conseguiram tudo isso? — apontei para o caminhão.
e foram até as escolas particulares de Londres aqui na redondeza junto de e , explicaram o que estava acontecendo, pediram para que os diretores ligassem para algumas famílias informando o que você estava fazendo e pediram para que trouxessem algo até às cinco da tarde de hoje e valeria nota no trimestre, não tem apenas roupas e brinquedos, tem alimentos não perecíveis também — outro garoto falou.
— Ai meu Deus, vocês são incríveis — corri em direção ao garoto, o abraçando sem ao menos saber seu nome. — Obrigada — falei assim que o soltei. — Cadê os meus meninos?
— Pegaram alguns cobertores e fizeram de cama, estão dormindo dentro do caminhão — sorriu.
Subi alguns degraus e finalmente eu estava dentro do caminhão, dando de cara com deuses gregos sem camisa dormindo feito anjos, eles aparentavam estar bem cansados. Me aproximei dos mesmos e sentei ao lado de , parecia errado tudo aquilo, mas eu sentia uma necessidade enorme de falar com ele, de poder o abraçar, ele errou comigo, mentiu, me usou, ainda dói, é claro, mas esse é o problema da dor, você quer ser consolada por aquele te machucou. Aproximei-me dele, passando as mãos sobre seu cabelo macio, contornei seus olhos e lábios, vendo um pequeno sorriso se formar ali e um suspiro escapar, voltei com as mão em seus cabelos e continuei mexendo.
, amor, acorda — sussurrei perto de seu rosto. — Você vai ficar com dor nas costas — ele apenas mexeu os ombros como se não estivesse confortável, mas não abriu os olhos. — Príncipe...
Aos poucos, seus olhos foram se abrindo, um pouco confuso por me ver ali, olhou para os lados vendo os outros garotos ainda dormindo e voltou seu olhar para mim.
?! — sentou-se, passando as mãos sobre os olhos para acordar de vez. — Desculpa — sussurrou, abaixando o olhar.
Não precisava ter dito mais nada, eu sabia pelo o que ele estava pedindo desculpas, no fundo eu sabia que ele não estava totalmente arrependido do que fez, mas eu sentia falta dele, falta do seu sorriso, do seu abraço, do seu ciúme idiota, das nossas brigas por besteiras, ou de quando ele ia na minha casa apenas para implicar com os desenhos que eu estava assistindo, sentia falta de até mesmo quando ele me ligava no meio da madruga, tirando o meu sono, querendo conversar até finalmente conseguir dormir. Acima de tudo, ele era meu amigo, no fundo, ele era apenas um adolescente apaixonado que se deixou levar por um cara. Se formos parar para observar toda essa história, era o vilão, ele sabia dos sentimentos de por ele e usou isso ao seu favor, ele foi o errado em ter me traído para conseguir sexo, achou que se fosse com ele jamais me contaria, mas é frágil demais algumas vezes, ele com certeza não conseguiria guardar aquilo por muito tempo. Assim como eu amava , ele amava , ele se sentiu usado da mesma forma que eu me senti. era uma criança no corpo de um adolescente que precisava de muita atenção e muito amor, ele era carente.
— Eu te amo, , e por mais que você tenha sido o maior idiota da face da terra, eu iria te perdoar porque acima de tudo você é meu amigo, meu irmão, e homem nenhum vai mudar meu sentimento por você, nada vai estragar nossa amizade.
Ele apenas me abraçou apertando o máximo que podia, seu rosto estava na curva de meu pescoço e logo senti algo molhar minha blusa e soluços baixos escapavam da boca do mesmo. Uma parte de mim sentia pena por ele estar daquela maneira, mas a outra metade dizia "bem feito, seu filho da mãe, você merecia sofrer mais por tudo o que me fez", se fosse outra pessoa ali, sem dúvidas eu estaria rindo, mas era o , o cara que colocou meu primeiro dente caído em baixo do travesseiro para que a fada do dente viesse buscar, eu não poderia deixá-lo naquele estado.
— Está tudo bem, — sussurrei em seu ouvido, enquanto passava as mãos sobre suas costas tentando o acalmar.
— Não está nada bem, , eu sou um monstro, olha o que eu fiz com você, a pessoa que mais me ajudou, eu devia ter contado desde o começo sobre os meus sentimentos, eu não poderia ter te usado como um simples objeto, você não entende... — levantou seu rosto coberto de lágrimas, encarando-me nos olhos. — Eu fiz com você justamente o que eu estava evitando que os outros babacas fizessem, eu fui um total filho da puta com você...
— Já passou, okay? — segurei seu rosto entre minhas mãos. — foi um idiota com nós dois, não vou deixar que nada de mal aconteça com você — aproximei meu rosto do dele, colando nossos lábios em um selinho longo. — Nada de mal vai acontecer com você — repeti, me afastado.
Encarei seus olhos novamente e o mesmo sorriu, me abraçando, olhei em volta, vendo os meninos nos encarando confusos e me separei rapidamente de , ficando em pé.
— É bom cada um ir para sua casa, você fizeram um trabalho incrível hoje, Nathan me contou, obrigada por toda a ajuda, de coração, vocês não sabem o quanto isso é importante para mim.
— Vocês deveriam ter colocado isso no Manual — falou, me encarando.
— Isso o quê? — perguntei confusa.
— Simplicidade encanta, e uma amizade vale mais do que qualquer outro amor — sorriu, abaixando o olhar. — Eu ia dizer que tudo isso foi meio gay, mas eu sou gay, então não conta — riu de si mesmo. — Não é a toa que você tem dois deuses gregos na palma das mãos — apontou para e , que se encararam um pouco envergonhados.
— Vamos parar com todo esse mel porque senão vamos ficar com diabete de tanto açúcar — Josh levantou-se, colocando sua camisa.
— Vamos embora, porque amanhã o dia será longo.

"O que acha de sairmos? Xx, "


Revirei os olhos sorrindo, os deixando ainda mais curiosos.

"Você é muito persistente, não vai rolar. Xx, "


Cliquei em enviar e encarei os meninos, que me encaravam atentos.
— O que foi? — perguntei, ainda sem parar de sorrir.
Antes mesmo que eles respondessem, o celular apitou novamente.

"Tenho uma surpresa para você, tenho certeza que depois disso você vai aceitar sair comigo. Xx, "


Não pude deixar de soltar uma leve gargalhada, fazia três dias que insistia em sair comigo, digamos que o tipo dele não me atrai muito, ele era metido demais, obsessivo demais, aquele jeito cachorro dele sem dúvidas era demais, e seu ego era tão grande que eu posso jurar que quando ele nasceu teve dois partos, um apenas para seu ego.

"Vai sonhando, baby! Xx, "


Bloqueei o celular, mas antes o coloquei no modo silencioso, não estava a fim de ter mais um jogador de futebol no meu pé.
— Quem era, ? — perguntou, batendo algumas palminhas de leves, demonstrando a sua curiosidade, mas logo voltou na postura normal quando os meninos lhe lançaram um olhar sério.
— Um futuro amigo, quem sabe — o encarei sorrindo abertamente, tenho certeza que ele pode ver todos os meus dentes.

(...)


Já deveria ter se passado das duas horas da tarde e aquela aula de biologia laboratorial estava me dando nos nervos, era uma das partes que eu mais odiava em ter aula integral duas vezes por semana, odiava ficar presa nesse maldito laboratório, vendo restos de animais mortos.
E quando eu pensei que iria dormir, alguém bateu na porta, chamando minha atenção.
— Com licença, professor — um menino atravessou a porta, indo até a mesa do professor. — Desculpe interromper sua aula, mas tenho uma entrega para , quem é?
Ainda confusa, olhei para todos os lados franzindo a testa e levantei a mão. O menino sorriu e veio até minha mesa, largando uma rosa branca.
Você tem o sorriso lindo... — era o que dizia o pequeno papelzinho rosa.
Quando eu ia perguntar quem havia mandado, o mesmo já havia saído.
— Desculpa — sussurrei para o professor, que me olhava sério.
Não demorou muito para que outro garoto invadisse a sala de aula sem ao menos pedir permissão. Outra rosa branca.
Quando te vejo sorrindo, é como se o mundo fosse parar e... — merda, aquilo estava confuso demais.
Encarei o enorme vidro que dava diretamente no corredor e arregalei os olhos assim que vi uma fila de garotos com uma rosa branca em mãos, esperando sua vez.
...Me sinto obrigado a sorrir quando estou perto de você... — meu rosto deveria estar um pimentão, o garoto que estava em minha frente piscou, deixando uma leve gargalhada escapar.
Você deveria saber que toda vez que você passa, arranca suspiros, rouba corações...
Quando eu ia protestar, entrou uns cinco garotos de uma única vez, dessa vez trazendo duas rosas vermelhas cada, e ao invés de recados, os papéis eram em formato de coração.
Eu realmente estava muito chocada com aquilo, na janela já se podia ver uma grande platéia assistindo tudo aquilo, juntamente de algumas garotas suspirando.
Não posso negar, você roubou o meu também...
— Espera — gritei para o garoto, que parou no mesmo lugar. — Quem está mandando isso?
— Não sei, só concordei porque não queria ficar na aula — deu de ombros e correu para a saída, deixando que o próximo garoto passasse.
Quando coloquei os olhos em você pela primeira vez...
A única coisa que eu poderia fazer naquele momento, já que o professor que era a autoridade ali não estava fazendo nada, a solução era esperar aquele mico acabar.
Já sabia que você era a garota certa para casar, correr atrás...
Enquanto o garoto se direcionava até a saída, encarei o corredor novamente, dessa vez tendo a visão de , , Josh, e , que encaravam tudo aquilo tão confusos quanto eu, um bom sinal de que não era nenhum deles que estava cometendo essa palhaçada, que estava me deixando cada vez mais sem graça.
Talvez nós tenhamos começado de um jeito errado... — pra qual idiota eu ousei em sorrir dessa vez?
Mas eu estou disposto a recomeçar...
Acompanhei os passos do garoto e percebi que só havia mais dois garotos com flores, e suspirei, tentando parecer mais aliviada.
Agora você aceita sair comigo? Prometo ser romântico...
Dessa vez eu sorri, não podia acreditar em quem estava fazendo aquilo, era apenas uma hipótese, nada concreto.
Nunca fui do tipo romântico, então, por favor... Olhe para a porta agora.
E assim eu fiz, rapidamente olhei para a porta e lá estava ele, cabelo levemente arrepiado, olhos azuis intensos, sorriso bobo, uma regata branca de alguma banda de rock qualquer, calça skinny preta um tanto colada no seu corpo e vans preto, quem mais poderia ser se não fosse ele? Aquele sorriso enorme demonstrando o quão orgulhoso estava de si mesmo.
— Agora você aceita sair comigo, ? — perguntou, no mesmo momento em que algumas meninas suspiravam. — Se você quiser, eu ainda tenho um caminhão de rosas do lado de fora da escola, posso continuar meu pedido...
— Nem pense nisso, — o repreendi, ainda sorrindo. — Só vou aceitar sair com você porque passar por isso foi o maior mico pelo qual já passei.
E então ele sorriu, mordendo os lábios, e todos começaram a festejar.
— Agora que o show acabou, todos para suas salas — pela primeira vez, o professor se manifestou, não pude deixar de demonstrar minha irritação, ele deveria ter acabado com aquilo logo quando o segundo garoto invadiu sua sala. — Se não saírem, mandarei que liguem para seus pais e o castigo será fazer trabalho comunitário no bairro durante quinze dias.
E foi como se tivessem cutucado um formigueiro, todos começaram a correr, voltando imediatamente para suas salas...

(...)


O sinal já havia tocado e eu ainda não tinha guardado minhas coisas. Fechei minha bolsa assim que tive a certeza que não estava esquecendo nada e saí da sala.
Os corredores já estavam vazios, já era fato comprovado, ninguém gostava de ficar na escola mais do que seu horário normal.
— Que show foi aquele, zinha? — perguntou assim que me juntei a eles no estacionamento da escola. — Super romântico, cadê suas flores?
mandou que levassem para minha casa — suspirei, sentindo minhas bochechas corarem.
— E eu pensando que você ficaria com o — Josh falou pensativo.
me rejeitou, disse que está no melhor momento de sua vida e não que se prender, e digamos que eu não sou garota de uma ficada só.
— Nós ficamos uma vez só, não quero te iludir com falsas promessas — defendeu-se.
— Você não pode sair com ele, se pronunciou. — Ele não é o cara certo para você.
— E quem seria o cara certo para mim? — perguntei agora com raiva. — Você? — debochei...
— Para com isso, sussurrou.
— Qual o problema de vocês dois? — perguntei quase gritando, aquela mesma dor de alguns dias atrás estava voltando, ainda era uma ferida aberta. — Quando vão parar de fingir que se importam? Você não tem mais esse direito de se meter na minha vida, , você perdeu qualquer direito sobre mim quando resolveu me usar apenas para roubar meu namorado, apenas para saciar seus desejos. Vocês não têm vergonha na cara? Como vocês ainda conseguem me encarar depois do que fizeram? Me poupe, por favor, isso é demais para mim...
e tiveram um caso? — Josh perguntou espantado, eu queria muito poder deixar as lágrimas caírem sobre meu rosto, mas eles não mereciam, se eu fosse fazer isso, seria longe deles... Sozinha.
! — ouvi gritarem meu nome e me virei, encontrando um correndo ofegante em minha direção. — Pensei que já tivesse ido, ainda bem que não foi.
— Oi, ! — falei, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Pode falar...
— Está livre no sábado? — sorriu.
— Bom, sobre isso, é bom que você tenha me lembrado, tenho um pedido para fazer a todos vocês, incluindo os dois idiotas — encarei todos eles.
— Pode falar, passou um de seus braços sobre meus ombros e eu o abracei pela cintura.
— Eu quero que vocês chamem todo o pessoal da equipe de futebol, tanto os Packers G quanto os Doncaster Rovers, quero que arrecadem tudo o que tiverem de roupas que não usem mais, brinquedos que seus irmãos descartaram, tudo em que estiver em um bom estado, claro, e então vocês vão me acompanhar até o casarão de desabrigados de Londres — sorri para eles.
— Por que isso? — Josh perguntou, fazendo pouco caso.
— Há alguns dias atrás, uma pessoa de lá me ajudou muito, num momento bem sensível que eu estava passando, digamos que ele me impediu de fazer uma besteira e eu quero retribuir.
— Eu não vou fazer isso não — meus "amigos" começaram a reclamar.
— Eu te ajudo — disse, calando a todos. — Tenho certeza que os caras não vão reclamar de um trabalho comunitário desses, você me surpreende a cada dia que passa, .
— Se for assim, eu vou — disse emburrado. — E vocês vão também, seus merdas, não podemos deixar a sozinha, indefesa, com aqueles brutamontes.

(...)


Eu estava feliz, pela primeira vez na vida, eu estava fazendo algo legal para alguém que não fosse o , se o mundo está perdido como dizem que estão, por que ninguém da o primeiro passo para mudar?
"Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós", talvez eu não fosse tão fútil como pensei que era e talvez esses brutamontes, ou projeto de garotos em formação, não fossem tão sem coração como eu achava que fossem. Não vamos incluir e nisso, porque o que eles fizeram no momento para mim não tem perdão. Sempre tentei valorizar as amizades que eu possuía, sempre fiz de tudo para agradar meus amigos, mas nem sempre a gente recebe de volta, nem sempre colhemos exatamente o que plantamos.

"Não se deixem enganar: "As más companhias corrompem os bons costumes"
1 Coríntios 15:33"



(...)


— Elizabeth — gritei assim que eu adentrei na cafeteria. — Beth?
— Estou na cozinha, — gritou de volta e eu apenas corri até o local.
— Posso te pedir uma coisa? — sentei-me em sua frente na enorme mesa.
— Claro, menina, pode sim — sorriu como uma mãe.
— Eu e os garotos do time de futebol, incluindo , vamos ir ao casarão de desabrigados no sábado, e já que eu sou caixa aqui, gostaria de saber se você deixa eu tentar arrecadar alguma gorjeta, eu até comprei um cofrinho especialmente para isso — sorri, totalmente orgulhosa de mim. — Tudo isso ainda é novo para mim, acho que a fama está me mudando aos poucos e creio que é para melhor... Enfim, você deixa?
— Estou totalmente orgulhosa de você, , você é como uma filha para mim, e é claro que eu permito que você faça isso — apertou minha mão como se me desse força. — Eu vou encomendar trufas para dar uma renda extra para vocês e também vou encomendar alguns doces, e até mesmo alguns sanduíches para passarem o dia.
Elizabeth era como uma mãe, e mesmo que meus pais não fossem presentes na minha vida, Elizabeth fazia com que eu não me esquecesse jamais como uma é um amor materno.

"O amor materno é uma virtude e um sentimento instintivo. A natureza deu à mãe o amor a seus filhos no interesse da conservação deles."




Casarão (, , e )



e )

Assim que abri a porta de minha casa, a primeira coisa que eu fiz foi tirar os tênis e jogar em algum lugar, sentia meus pés doerem, nunca havia corrido tanto quanto hoje, acho que nunca havia trabalhado tanto também, não que eu precisasse do emprego, meus pais têm dinheiro para me manter a vida inteira sem eu precisar colocar a mão em nada para me sustentar, e com essa história toda do livro minha conta bancária vem crescendo cada vez mais.
Abri minha geladeira e tudo o que eu vi foi porcarias, tive uma leve impressão de que havia passado por aqui, pizza, nutella, sanduíche pronto, coca cola, eu estava muito cansada para fazer algo saudável para comer, então optei pela pizza e coca mesmo.


(...)


Já deveriam ser em torno de duas e meia da manhã quando meu celular apitou, na primeira chamada eu desliguei, mas a pessoa continuou e então eu atendi com receio de que algo grave tivesse acontecido.
— Alô?! — falei, sentindo minha voz mais rouca que o normal.
?
Afastei o celular do ouvido para encarar a tela e dessa vez ver quem era, e sorri vendo a foto do sorrindo.
? O que você quer uma hora dessas da madrugada? Aconteceu alguma coisa?
— Não aconteceu nada , se acalma, eu só queria... — ouvi seu suspiro do outro lado da linha. — Eu só queria ouvir sua voz, na verdade, eu ainda não consegui dormir pensando em você.
, daqui a seis horas temos que acordar para um longo dia — falei, tentando ignorar aquela pequena declaração que ele havia feito. — E eu não quero ser a culpada por você estar indisposto.
— Eu só vou desligar porque sei que daqui algumas horas vou poder te ver, te abraçar, sentir seu cheiro de morango com pétalas de rosas, adoro seu perfume...
— ri, o repreendendo. — Prometo que vou te recompensar por tudo isso que você está fazendo por mim. Agora me deixa dormir, porque se você consegue trabalhar de virada, eu sou péssima em lidar com isso.
— Tá bom, amor, só queria ouvir sua voz mesmo. Boa noite, .
— Boa noite, .
— Sonha comigo — pediu.
— Vou sonhar — sorri e desliguei.


(...)


Eram exatamente nove e meia da manhã quando meus olhos se abriram automaticamente por conta do alarme irritante de meu celular. Sentei-me na cama, desbloqueando a tela do meu celular, e me joguei na cama novamente, eu estava morrendo de preguiça, minha cama chamava por mim. Mas dei um pulo assim que me lembrei de tudo o que eu tinha para fazer hoje.
Caminhei até o banheiro para um banho rápido, eu não tinha muito tempo até vir me buscar...


(...)


A campainha já tocava freneticamente, me deixando totalmente irritada, realmente não tinha paciência nenhuma para esperar.
, sua desgraça, eu só não te bato agora porque não estou nem um pouco a fim de ficar de mau humor o resto do dia — falei assim que abri a porta.
, sua brilhinho de glitter, não se esqueça que eu também ajudei nisso tudo — bufou, indo em direção ao seu carro.
— Brilhinho de glitter, ? Sério isso? — esses apelidos de gay do estavam ficando cada dia piores, e eu ainda temia pelos que ainda viriam – até purpurina era melhor.
— Cala a boca , e vamos logo — seu tom de voz havia mudado totalmente, o que me deixou um pouco confusa, o que estava acontecendo com ele?


(...)


estacionou o carro na frente do casarão e eu retirei o cinto, pulando par fora rapidamente. Encarei a enorme casa velha em minha frente, era um espaço realmente grande, porém sua tinta já estava totalmente desbotada, dando um ar de sujo, havia algumas rachaduras nas paredes e alguns vidros quebrados. O que era da vida das pessoas que viviam ali, como eles sobrevivem quando não as ajudam? Isso me faz questionar o porquê das pessoas que tem de tudo reclamarem tanto de suas vidas.
Ouvi barulho de vozes e carros e direcionei meu olhar para a estrada, vendo o mesmo caminhão de ontem estacionando um pouco mais a frente e mais uns cinco carros e uma van parados bem ao lado do carro de .
gritou assim que me viu.
— sorri enquanto o mesmo se aproximava rodeando seus braços em minha cintura, em um abraço de urso totalmente reconfortante.
— Até mesmo o é melhor do que isso — ouvi reclamar baixinho para que ninguém ouvisse.
— Fiquei sabendo que você gosta de Justin Bieber, , trouxe algumas músicas para ouvirmos desse mesmo estilo — se aproximou com um pendrive em mãos.
— Você é um anjo, — dei um beijo em sua bochecha. Encarei os outros meninos, que estavam apenas observando tudo. — Eu realmente me sinto mal em ser a única garota no meio de tantos meninos.
— Na próxima eu posso trazer minha namorada — Nathan se pronunciou.
— Você vai vir na próxima? — perguntei, sentindo minhas bochechas doerem por conta do enorme sorriso que eu havia dado.
— Claro que sim — retribuiu o sorriso.
Continuamos conversando mais um pouco, com os meninos alegando que ainda não estavam preparados para entrar e que a casa estava muito silenciosa, talvez estivessem todos dormindo, e não seria legal acordá-los. Eu estava rindo das caretas idiotas que o estava fazendo junto das piadas sem graça do , enquanto os outros garotos jogavam futebol no meio da rua. Estava sendo totalmente divertido, e até brincaram dizendo que poderiam ser melhores amigos fora de campo.
? — ouvi uma voz gritando, fazendo com que parássemos tudo o que estávamos fazendo.
— Achei que não tinha ninguém em casa — sorri ao ver o mendigo que havia me ajudado tanto alguns dias atrás, do seu lado direito estava uma menininha que aparentava ter uns cinco anos, no máximo, descalça e que se escondia atrás de sua perna, e ao seu lado esquerdo havia dois meninos que aparentavam ter seus quatorze ou quinze anos.
— Eu falei que havia conhecido uma famosa — o mendigo comentou enquanto cutucava um dos garotos sorrindo. — Venha, , você e seus amigos entrem, são bem-vindos...
— Antes de entrar, você poderia me dizer seu nome? Você não me disse na última vez que nos vimos — passei as mão sobre os cabelos um pouco envergonhada.
— Meu nome é Lorenzo — sorriu, mostrando seus dentes amarelados. — Essa princesinha aqui é a Cams e esses dois são Mattew e William, como o príncipe.
Sorri vendo aquela cena, mesmo com tão pouco eles pareciam estar tão felizes, pareciam realmente uma família. Balancei a cabeça para os meninos, os chamando para entrar junto, e os mesmo fizeram sem reclamar. Segui Lorenzo até finalmente estar dentro daquele lugar, não tinha um cheiro tão ruim como eu imaginei que teria, havia vários panos pendurados pelas paredes. Eu observava cada canto daquele lugar, tinha três enormes andares e só na parte de baixo tinha seis divisórias, havia muito pó ali junto de muitas teias de aranhas, o que me fez sentir um pouco de medo e recuar, batendo em alguém que vinha logo atrás de mim.
— Desculpa — sussurrei para a pessoa que estava atrás de mim.
— Não tenha medo, , vou te proteger mesmo sendo gay — não precisei nem virar para saber quem era. Ri daquele comentário idiota. — Como se sente sabendo que os seus quatro boy magia estão no mesmo lugar? Eu sinto cheiro de tesão no ar.
, desde quando você é assim tão safado? — perguntei rindo.
— Apenas ande, , eles estão atrás de gente.
Balancei a cabeça afastando aquelas palavras que acabara de falar, como pode um gay ser tão inocente, mas tão safado o mesmo tempo? Será que ele não tinha vergonha de falar aquelas coisas para mim?
Continuamos nosso percurso até chegarmos na última sala do corredor, Lorenzo parou e nos encarou sorrindo.
— Pessoal, venham conhecer a , a famosa que eu contei a vocês que havia conhecido esses dias.
Caminhei até onde Lorenzo estava e vi algumas crianças em cima de alguns colchões velhos, senti um aperto no coração ao ver aquela cena, como ainda existiam pais capazes de abandonar seus filhos, de os deixarem passar fome. A menininha que estava junto correu até uma outra garota um pouco mais velha e encolheu-se em seu colo enquanto a mesma afastava seu cabelo do rosto.
— Por enquanto são apenas esses que estão acordados, minha família é linda, não é? — Lorenzo sorriu orgulhoso de suas crianças.
Virei meu rosto para os garotos, sentindo as lágrimas se formarem em meu rosto, era tão doloroso tudo aquilo. afastou os garotos vindo até mim, pegou uma de minhas mãos e entrou dentro daquela sala.
— Oi — ele sorriu assim que abaixou-se em frente as menininhas. — Meu nome é , e eu vim aqui brincar com vocês, eu trouxe brinquedos.
— Você trouxe brinquedos? — os olhos da menininha mais velha brilharam junto de um sorriso encantador. — Meu nome é Abby, e essa é a Cams — apontou para a mais nova.
— E quantos anos vocês têm, princesas? — perguntou, passando as mãos carinhosamente sobre os cabelos delas. Cams levantou os dedinhos indicando que tinha quatro anos e Abby mostrou sete. — Nossa, como eu sou velho, eu tenho quase quatro mãos cheias, olha — levantou seus dedos indicando seus dezoito anos.
Não pude deixar de sorrir com a cena.
, você é mesmo famosa como tio Lorenzo disse? — Abby perguntou, um pouco envergonhada.
— Sim, eu e o — sorri, sentindo Cams entrar entre minhas pernas e me abraçar, retribuí o abraço a pegando no colo. — Esses feios aqui são nossos amigos e eles vão passar o dia todo brincando com vocês.
fez sinal para os meninos, que levantaram-se correndo e o seguiram para fora. Aquilo era tão incrível, quem diria que aqueles garotos estúpidos, metidos, que se achavam melhores do que todos, estariam fazendo algo tão bom para essas crianças.
— Lorenzo, eu e queremos conversar com você, em particular.
— Claro, vamos até a cozinha.
— Ei, Cams, vem cá com o tio , o tio trouxe umas bonecas e maquiagens, o que acha? — a garota sorriu, pulando para seu colo.
Entrei naquela sala em que Lorenzo dizia ser a cozinha, havia uma pequena mesa redonda que dava para ver que eles mesmos haviam feito, uma pia rachada que pingava e um fogão velho onde tinha uma única panela em cima. Eu e sentamos nos banquinhos feitos a mãos e Lorenzo sentou em nossa frente.
— Eu poderia oferecer um café, mas digamos que nós não temos nem condições para isso — sorriu um pouco triste.
— Não se preocupe com isso — segurei sua mão de um modo acolhedor. — Nós viemos ajudar, passamos o dia de ontem tentando arrecadar coisas para trazer, desde roupas, brinquedos, alguns móveis, até comida...
— Eu e queremos abraçar essa causa, sei que você ajudou muito ela, e a é como uma irmã para mim, então vamos ajudar em tudo o que precisarem — passou um de suas mãos sobre o meu ombro, me puxando para mais perto.
— Vocês vão mesmo fazer isso? — Lorenzo perguntou, sem esconder sua felicidade.
— Se você permitir, claro que vamos.
— É claro que eu permito, essas crianças são minha família, eu faço qualquer coisa por elas.
— Então nós vamos ajudar, vamos reformar tudo isso aqui — disse.
— Muito obrigada , , só pode ter sido Deus que colocou vocês no nosso caminho.
, vai lá fazer as ligações, e eu vou lá com os meninos e as crianças.


(...)


As crianças sorriam felizes, os garotos jogavam futebol, nunca encontrei a graça de correr atrás de uma bola e ficar todo suado. Um pouco mais ao lado, e colocaram uma mesinha onde estava com algumas tintas e maquiagens pintando as meninas e alguns meninos, e o tentava fazer algum penteado, que se resumia em um rabo enorme no meio da cabeça nas meninas e topete nos meninos. Dentro da casa deveria ter no mínimo uns trezentos homens trabalhando, disse que havia dado um prazo para acabarem até no máximo amanhã à noite, estava uma correria enorme.
, você vai ser minha nova mamãe? — Cams perguntou, agarrando minha perna.
— Você quer que eu seja sua mãe? — perguntei um pouco assustada, mas ao mesmo tempo me sentindo feliz. Cams apenas assentiu. — Por que, princesa?
— Eu nunca tive uma mamãe, e você é tão linda que parece uma princesa, eu gosto de você.
— A vai ser sua mamãe sim — respondeu por mim, parando o meu lado, fazendo carinho na bochecha dela. — E eu posso ser seu papai?
— Eu... — ela não conseguiu terminar a frase, lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto, ela abria e fechava a boca diversas vezes tendo continuar a falar, mas seu soluço a atrapalhava.
— Calma, meu amor, o que foi?
— Eu nunca tive uma mamãe, nem um papai, acho que estou feliz — sorriu, limpando as lágrimas que ainda caíam.
— Vem com o papai , amor, vamos lá pintar com o tio pegou Cams de meu colo e se afastou, indo até que estava tão empolgado pintado e maquiando que nem ligava mais para nós.


(...)


— Isso que você está fazendo é tão incrível, parou do meu lado, enquanto passava a camisa sobre o rosto tentando limpá-lo. — Olha todas essas crianças, você tem noção do que está fazendo por elas?
— Você também está ajudando — o encarei.
— Você sabe que eu jamais faria algo assim se não fosse por você — virou uma garrafinha de água sobre os cabelos, passando as mãos em seguida. — Tanto que eu recusei de primeira, mas depois voltei atrás. Eu não sou o tipo de cara que faz essas caridades, mas você é o tipo de garota que me faz mudar de ideia em relação a tudo.
— Isso não é verdade — fiz careta, tentando não sorrir com sua declaração. — Sei que você tem um lado diferente dos outros garotos, e eu não fiz nada de anormal.
— Desde que eu entrei naquela escola, há quase três anos atrás, você foi a única garota que me chamou a atenção de primeira, seu jeito rebelde, seu cabelo despenteado, tudo me atraía, e ainda me atraí... Não estou dizendo que estou apaixonado, longe disso, eu sinto um carinho enorme por você — jogou sua garrafa em qualquer canto e se aproximou, uma se suas mãos afastaram meus cabelos, deixando um lado de meu rosto livre, onde aproximou sua boca de meu ouvido. — É uma mistura de tesão, desejo, mas ao mesmo tempo sei que você é especial demais para ser apenas uma noite — roçou seu nariz na minha bochecha, eu já sentia sua respiração se misturar com a minha, seus lábios roçando levemente nos meus.
, eu não posso — tentei fazer com que minha voz saísse firme. — Eu vou sair com o , e ele está aqui.
— Você sabe, , eu espero isso há muito mais tempo.
Uma se suas mãos foram parar na minha cintura, puxando meu corpo para mais perto, aquele nem de longe parecia com o todo fofinho que eu conheci há alguns meses atrás. Seus dentes puxaram levemente meus lábios, e em seguida sua língua contornou os mesmos, senti minhas pernas bambearem naquele momento, o que estava acontecendo? Sua língua pediu passagem, adentrando minha boca, e eu não pensei duas vezes antes de ceder, sua mão livre subiu até meus cabelos, os segurando fortemente, sem dúvidas aquele foi o beijo mais prazeroso que eu já havia recebido.
deu alguns passos para frente, fazendo com que minhas costas encontrassem a parede, e então começou a fazer pressão sobre o meu corpo. Não era um beijo romântico, e ele não fazia esforço nenhum para ser, e eu também não queria. Já estava começando a sentir algo a mais fazendo pressão sobre minha cintura e corei instantaneamente, finalizando o beijo.
, estamos em público e você... — ri nervosa. — Você tem que dar um jeito no seu amigo, sabe, não é legal aparecer excitado na frente das crianças.
— Droga — xingou, se afastando do meu corpo. — Vou dar um jeito nisso, de qualquer forma, valeu a pena.


(...)


— Lorenzo me chamou. — Eu estava atrás de você.
— O que foi, Lorenzo? — perguntei, fazendo um coque frouxo no alto de minha cabeça para tentar disfarçar o ninho de passarinho que havia deixado.
— Tem um homem lhe chamando lá no terceiro andar, seu amigo subiu para ver, mas pediu para que eu te chamasse.
— Oh! Obrigada, vou lá.
Adentrei no casarão e corri para as escadas, odiava totalmente as escadas, odiava qualquer tipo de exercício, achava totalmente desnecessário, mas agora seria preciso. Respirei fundo e corri escada acima sem respirar, três andares, deveria ter uns trinta degraus.
— me apoiei no mesmo, que me esperava na ponta da escada.
, onde você estava? Não te encontrei em lugar algum, estavam te chamando.
— Eu fui ao banheiro, pedi para o avisar, mas acho que ele deve ter se esquecido.
— Claro — sorriu.
? — um homem alto parou em minha frente, com uma postura séria. Assenti e o mesmo continuou: — pediu para que fizéssemos os quartos aqui em cima, tem seis peças, como vai querer?
—Bom, faça três quartos para meninas e três para meninos, meninas rosa e amarelo, peça para a decoradora fazer algo com flores, no quarto dos meninos tons azuis e verdes, faça um laranja, eu gosto dessa cor — sorri. — Os corredores vão permanecer brancos e peça alguns quadros de desenhos, crianças adoram isso, mande colocar uma televisão em cada quarto e videogame no quarto dos meninos.
— Okay — respondeu, anotando tudo em seu bloco.
— Mais alguma coisa? — perguntei.
— Não, seria apenas isso — respondeu, descendo as escadas.
Parei para observar o andar e já estava com uma cara totalmente diferente, eles haviam retirado todas as telhas de aranha, já haviam concertado os vidros quebrados e os quartos já estavam limpos, tinha alguns homens terminando de instalar algumas janelas e outros já entravam com latas de tintas.
— Acho que esse foi o encontro mais estranho que eu já tive — chamou minha atenção. E foi naquele momento que eu senti um pouco de culpa pelo o que eu acabara de fazer com , me senti estúpida, totalmente uma vadia sem coração. — Quando vou conseguir um encontro de verdade?
, vou ser sincera com você, okay? E não quero que fique chateado comigo — ele fez uma careta estranha, ficando sério, mas assentiu para que eu continuasse. — Eu acabei de sair de um relacionamento onde eu fui traída pelo meu melhor amigo, eu gostava pra caramba do cara, mas ele foi um idiota comigo, não quero que se iluda ou crie algum sentimento agora, vamos deixar rolar, eu ainda não me sinto pronta para entrar em um relacionamento, podemos ser pelo menos amigos por enquanto? Você pode frequentar minha casa quando quiser, pode continuar me ligando no meio da madrugada e pode comprar sorvete de flocos para mim, só vamos com calma...
— Uau, totalmente sincera — riu, um pouco nervoso. — Okay, prometo tentar não acelerar as coisas, vamos com calma.
— Vamos descer?
— Vamos, — passou o braço sobre meus ombros.


(...)


Já se passava das três horas da tarde e eu me sentia exausta, mal conseguia ficar em pé, ficar subindo e descendo escadas não estava me fazendo nada bem. Entrei no casarão novamente, dessa vez para ver como estava ficando o primeiro andar, e agora sim eu poderia dizer que aquilo estava parecendo uma casa, a cozinha já se parecia com uma cozinha, estava totalmente diferente. O chefe de obras falou que amanhã ficariam apenas a pintura do lado de fora, a limpeza do pátio, e eles tentariam montar um pequeno parquinho. Cansaço nenhum faria com que minha felicidade diminuísse.
— senti uma mão sobre meu ombro e fechei os olhos de imediato, eu conhecia perfeitamente a quem aquela voz rouca e sexy pertencia, porém sentia vontade de vomitar toda vez que eu escutava.
— O que você quer, ?
— Precisamos conversar, não acha? — perguntou, fazendo com que eu me virasse para o encarar.
— Como assim conversar? Nós não temos nada para conversar — respondi, tentando permanecer calma.
, foi apenas um deslize, uma única vez, você não pode fazer todo esse escândalo por pouca coisa — revirou os olhos, bufando.
— Pouca coisa? , você é mesmo um idiota, você não tem sentimentos? Como pode ser tão insensível? — eu estava incrédula com toda a cara de pau que ele tinha.
, você praticamente me humilhou na frente dos meus amigos, eles acham que eu sou gay — pausou, fazendo uma cara de nojo. — Eu estava realmente necessitado, você me negou sexo durante um mês e eu não poderia chegar em uma vadia qualquer e pedir isso, seria desrespeitoso com você, sem contar nos boatos de que você é corna, mas eu me arrependo, okay? Deveria ter pagado uma prostituta qualquer do que ter pego seu amigo veado.
Senti meu sangue ferver e minha mão formigar, eu havia ficado com tanta raiva do que ele disse que não pensei duas vezes antes de deixar a marca da minha mão na cara dele.
— Não fale das mulheres como se fossem um simples objeto, vadia ou não todas tem sentimentos, todas sentem, e na próxima vez que se referir ao fazendo essa cara de nojo, não vai ser minha mão que vai parar na sua cara, vai ser seus dentes que vão parar no chão, porque eu vou arrancar um por um — respirei, tentando buscar fôlego. — Agora sai daqui — apontei para a saída.
E assim ele fez, correu para fora sem nem olhar para trás. Passei as mãos sobre os cabelos totalmente nervosa , queria espancar o até a morte, por qual motivo ele não volta de Nárnia? Não sai do armário de uma vez? já havia comentado que, em uma das festas dos garotos, tinha bebido um pouco além da conta e deu em cima dele.
— Você está bem, ? — encarei , que estava escorado na porta.
— Você ouviu? — perguntei, observando suas feições um pouco triste. assentiu. — Desculpa por isso.
— Eu adorei o tapa que você deu nele, e aquela ameaça então? Fiquei roxo igual babalu — revirei os olhos, era muita veadagem para um homem só, ou meio homem no caso de .
— Esse mundo tá perdido — brinquei, sentindo seu abraço gostoso.
— Obrigado por me defender — depositou um leve selinho sobre meus lábios. — Você sabe, selinho de amigos, só eu posso fazer isso — riu e eu o acompanhei.
Tirando alguns fatos desnecessários, estava sendo um dia incrível, sem dúvida a melhor experiência de minha vida!


Balas de morango misturado com tabasco


2 semanas depois...

Duas semanas haviam se passado desde que reformamos o casarão, e os meninos resolveram de vez encherem meu saco me chamando de "", não que eu não tenha gostado, é só que é estranho "ELES" me chamarem assim. Faltavam exatamente duas semanas e meia para o final das aulas e finalmente estarei livre do ensino médio. Duas semanas e meia para eu aproveitar e fazer tudo aquilo que nos últimos dez anos eu não tive coragem de fazer. Beijar bastante, causar muito e, principalmente, não ligar para a opinião alheia.
Desde que o livro fez sucesso, as pessoas começaram a me enxergar de um jeito diferente, a cada dia que passa é uma crítica ou um elogio diferente, pessoas se aproximando apenas por quererem "fama", é difícil encontrar alguém verdadeiro, que está ali pelo o que você é, e não pelo o que você tem.
Já se passava das dez horas da noite e nada do sono vim, ultimamente eu andava com bastante problemas para dormir, e dessa vez não tinha nada a ver com o uso abusivo do álcool, talvez fosse a preocupação por ser as últimas semanas de aula e a próxima semana ser apenas as provas finais, talvez fosse essa reviravolta que minha vida estava dando, eu não sabia ao certo o que era.
Dei um pulo, caindo no sofá com o susto do toque do meu celular.
— O que você quer, purpurina? — perguntei, já sabendo que era o , devido ao toque de "Poker Face" da Lady gaga exclusivamente para ele.
— Quero que você abra essa maldita porta, está frio aqui fora, sabia? — bufou do outro lado da linha.
Nem me dei o trabalho de responder, apenas desliguei na cara dele mesmo e corri em direção à porta, preocupada com o mesmo, estava realmente frio aquela noite, eu tinha muita sorte em ter um aquecedor em casa.
, amor! Desculpa não ter ouvido a campainha — falei assim que abri a porta, o puxando para dentro. — O que você está fazendo aqui a uma hora dessas, ?
Sim, eu já estava ficando com raiva, primeiro porque eu estava preocupada, ele poderia ficar doente, segundo, se ele ficasse doente eu ficaria com a consciência pesada por não ter escutado a campainha tocar.
— Estava sem sono — respondeu enquanto retirava seu casaco úmido, por conta da temperatura baixa e o nevoeiro. — E fiquei com vontade de vim te ver. Na verdade, eu estava com saudade da sua cama, você sabe tenho um amor platônico por ela.
Sorri para a idiotice que ele disse, eu sentia falta do meu melhor amigo, sentia falta de como as coisas eram antes.
— Hey, sua brilhinho de glitter, eu estou falando com você — estalou os dedos em minha frente, chamando minha atenção. — Em que boy magia você estava pensando que não pôde prestar atenção no seu melhor amigo que te ama?
— Só estava pensando em como eu sentia falta disso — envolvi meus braços ao redor de sua cintura, o trazendo para mais perto. — Sentia falta do seu abraço, do seu cheiro, de você invadindo minha casa durante a noite, essas coisas...
Segurei sua mão e fui o puxando em direção a escada para irmos para o quarto.
— Fiquei com medo de perder você — confessei enquanto caminhávamos, dessa vez já no corredor do meu quarto.
— Eu sempre vou estar aqui por você, — deu um suspiro baixo.
Fechei a porta assim que entramos, ligando o aquecedor ali também. já estava havia tirando suas roupas e estava apenas com sua boxer preta, que se destacava no seu corpo. Mordi os lábios enquanto via aquela maravilha, uma verdadeira tentação, mas era meu melhor amigo, e era gay, eu não deveria ter nenhum tipo de pensamento malicioso com ele.
— Eu queria tanto ter esse seu corpinho — a voz de ecoou, me tirando do meu pequeno transe. O encarei e o mesmo estava esparramado sobre a capa, apoiando os braços atrás da cabeça. Totalmente sexy. — Dá uma voltinha, .
Soltei uma leve risada, um pouco nervosa com o seu pedido, e lentamente fui dando uma voltinha, ficando de costas para ele, assim que fiquei no ângulo certo para a sua visão, dei uma pequena reboladinha para zoar com ele e finalizei seu pedido.
— Assim você me mata, purpurina — senti sua voz soar ao pé de meu ouvido, sua respiração quente batendo em meu pescoço, fazendo com que todos os pelos do meu corpo se eriçarem.
— Vamos dormir, — falei firme, tentando ignorar todos os mil e um pensamentos pervertidos que estavam se passando em minha cabeça.
— O que foi, zinha? Ficou com medo do seu amigo gostoso? — jogou-se na cama ao meu lado.
— Você é tão idiota às vezes, — revirei os olhos, apagando a luz do abajur ao meu lado.
Instantaneamente o silêncio tomou conta do quarto, fazendo com que ouvíssemos apenas o barulho de nossas respirações.
— Purpurina? — chamou-me em um sussurro, segurando uma de minhas mãos.
— O que foi, ? — virei-me para encarar ele, mesmo no escuro.
— Eu preciso fazer uma coisa que estou com vontade de fazer há dias, mas você tem que prometer que não vai ficar brava comigo, nem me xingar e muito menos me bater.
— Eu tenho medo de você quando você diz essas coisas — deixei um suspiro pesado escapar. — Mas eu prometo.
Ouvi um suspiro dele e algo como "é agora ou nunca", não pude deixar de notar que minhas mãos tremiam de leve e estavam geladas. Sim, eu estava nervosa por estar em uma cama com o meu melhor amigo, pelo qual eu nutria uma forte atração, porém ele era gay e havia roubado meu ex-namorado.
Senti uma das mãos de subirem lentamente pela minha perna, passando apenas as pontas dos dedos, deixando-me ainda mais arrepiada e cada vez mais nervosa. Seus dedos chegaram até meu rosto, contornando cada pedaço com o dedo.
Seus dedos pararam sobre meus lábios, os contornando repetidas vezes, e eu estava concentrada em tentar manter minha respiração calma. Senti seus lábios fazerem uma leve pressão contra os meus, e arregalei os olhos assustada. É claro que eu queria isso, mas não esperava que essa atitude viesse dele. Concentrei-me apenas em aproveitar aquele momento, fechei os olhos entreabrindo os lábios, dando permissão para sua língua invadir minha boca. Seu beijo era gostoso, tinha gosto de balas de morango misturado com tabasco. poderia negar o quanto quisesse, mas eu sabia que ele fumava as vezes, e prova disso está no gosto de seu beijo.
Único. Gostoso. Prazeroso.
Afastei meu rosto encerrando aquele beijo, e já podia sentir meu peito subindo e descendo com a respiração totalmente descompassada, meu coração saltava sobre o peito. Pela aproximação que estávamos, pude perceber que estava do mesmo jeito.
, o que foi...
Antes mesmo de eu poder finalizar aquela frase, os lábios de já estavam grudados nos meus novamente, dessa vez uma se suas mão foram até minha cintura, apertando a mesma, fazendo com que eu desce impulso e girasse na cama ficando sobre ele, minhas pernas, uma de cada lado de seu corpo, nossos corpos colados, a sua mão livre foi até meus cabelos, os enrolando entre os dedos, logo em seguida os puxando com um pouco de força, fazendo com que eu soltasse um pequeno gemido entre seus lábios, o que o fez apertar ainda mais minha cintura contra seu corpo.
Ou isso era mais um de meus sonhos eróticos com meu melhor amigo. Ou eu realmente estava quase transando com o mesmo na minha cama.


Sex on fire!


Todos viemos para este mundo nus e sozinhos.
Gossip Girl.



Eu não sabia exatamente como agir naquele momento, era como se tudo fizesse parte de mais um dos muitos sonhos eróticos que eu já tive antes. Porém dessa vez era diferente, além de ser real, era que estava tomando a iniciativa, não foi preciso nenhum manual ou algum teste para isso acontecer.
O ar já estava faltando, então afastei nossas bocas com a respiração descompassada, senti meu peito subir e descer descontrolado.
, o que você pensa que está fazendo? — perguntei em um sussurro, sem afastar nossos corpos.
Mesmo que eu soubesse o que ele queria, não custava nada me fingir de inocente. Coisa que eu já não era há muito tempo.
Ele não se deu ao trabalho de responder. Suas mãos subiram, contornando meu corpo, levando minha blusa junto por onde passava. Sentei-me rapidamente, tirando aquela peça que já nos incomodava. Assim que a blusa passou pela minha cabeça, sentou-se, passando uma de suas mãos pela minha cintura, e me beijou novamente. Ele era o caçador e eu sua presa. Aproveitei-me desse momento único, se fosse um sonho eu ao menos estaria aproveitando. Rebolei em seu colo e mordeu meu lábio inferior com força.
Suas mãos desceram até minha bunda e a apertou. Meu corpo se impulsionou para a frente, e meus seios foram de encontro ao seu rosto. E eu estava agradecida por não estar usando nenhum sutiã de ursinho ou rosa-bebê. Sua mão foi até o fecho. Eu não era nenhuma peituda, mas eles são fartos.
direcionou seus olhos até encontrar os meus. Seu olhar era excitado e confuso. Eu não poderia esquecer que ele era virgem e gay. Eu teria que ensiná-lo em praticamente tudo. Peguei em uma de suas mãos, e a levei até meu seio esquerdo. Ele apertou, ainda inseguro. Mordi os lábios, soltando um gemido baixo. Aquilo foi o suficiente para que ele apertasse novamente, só que com mais força, e o mordesse, deixando marca. E então ele passou a alterar com o direito.
me excitou, me sentia desvirtuando, como se eu tivesse ganhado uma passagem só de ida para o paraíso. Nunca imaginei que isso seria tão bom. Levantei sua cabeça e mordi seu lóbulo direito. Desci minhas mãos, que estavam em seu ombro, e passei minhas unhas por seu abdômen levemente e subi, contornando suas tatuagens. Passei levemente as unhas pela sua tatuagem de coração e o corpo de estremeceu. Acho que nesse ponto ele parecia saber o que aconteceria. Apertei seu pau ainda por cima da cueca, sentindo o volume já aparente. Enfiei minha mão dentro da box e comecei a acariciá-lo. já começava a falar coisas sem nexo. Puxei sua cueca.
— Levanta! Eu quero experimentar você, purpurina — ele obedeceu. Involuntariamente, mordi os lábios.
Dei um beijinho na cabecinha, e depois lambi. tombou a cabeça para trás, parecia estar gostando. Chupei com mais força. Firmei meus braços no corpo dele para fazer com que entrasse o máximo possível. Mesmo assim, não consegui, era grande demais para isso. O que não entrava, eu fazia o movimento de vai e vem, acariciando as bolas.
mordia os lábios com força, suas veias engrossaram. Da sua boca saía apenas palavrões de todos os tipos existentes. Ele fazia o possível para segurar o gozo.
— Não se segura, príncipe. Pode se desmanchar — disse, tentando fazer a voz mais sexy que eu pude. Ele apenas riu, um riso de deboche.
— Quer leitinho, ? — levantei meu olhar, concordando. Passei levemente os dentes sobre a cabecinha e voltei a chupá-lo com vontade, como uma criança faminta tomando sua mamadeira. agarrou meus cabelos com força e gozou. Foi porra para todo o lado, e eu não consegui engolir tudo, o que resultou em meus seios e calcinha sujos de porra.
pegou um de meus braços e me jogou novamente na cama, sem nada de romantismo. Retirou a última peça de meu corpo sem muitas delongas, senti seus dedos deslizarem sobre minha intimidade, a esfregando levemente, introduziu dois de seus dedos. Comecei a rebolar e murmurar no pé de seu ouvido. Cravei minhas unhas em seu ombro e o puxei, atacando seus lábios. Eu queria poder senti-lo mais perto de mim. Interrompi o beijo por conta de um gemido, ele havia penetrado mais um dedo. Foi o suficiente para que eu me desmanchasse em seus dedos.
Minha respiração era ofegante. apenas me observava. Um sorriso malicioso surgiu em seu rosto. Ri nasalmente.
— Você tem certeza que quer fazer isso? — perguntei assim que minha respiração se normalizou um pouco.
— Claro, existe alguém melhor que você para isso, ? Minha melhor amiga — tentei não me abater, não era hora para isso, não agora. Eu o tinha ali, todinho para mim. Aproveitar aquele momento era uma ordem.
— Ninguém melhor do que a perdição da sua melhor amiga — deitou-se sobre mim. Ele roçou seu pau na minha entrada, depois passou a tirar e colocar.
... — sussurrei, arranhando as costas dele.
— Pede, por favor, implore! — ele mandou e eu ofeguei.
— gemi.
— Peça, — e eu estava totalmente entregue. Eu precisava dele dentro de mim, por completo. Precisava sentir nossos corpos em um só.
Mexi a cintura, fazendo com que nossas intimidades se chocassem. Então nós dois gememos.
— Por favor, — puxei seus cabelos, trazendo sua boca de encontro a minha.
começou a fazer pressão, senti cada centímetro dele me invadir. Começou bem devagar, cada movimento seu era totalmente torturador. À medida que meus gemidos foram aumentando, suas estocadas aumentavam também. Eu tinha vontade de gritar, para a vizinhança inteira ouvir o tamanho da excitação que eu me encontrava. Mas não poderia esquecer que meus vizinhos eram um casal de idosos que teriam uma parada cardíaca só de imaginar o que eu estava fazendo. Aquilo tornou-se prazeroso e ritmado.
E então explodimos, ao mesmo tempo. Senti minhas pernas bambearem, meu coração batia mais forte que o normal. Sentia como se eu estivesse em uma montanha russa, ou naqueles elevadores que ultrapassavam os sessenta metros de altura, eu apenas subia. Aos poucos, senti meu corpo voltando ao normal, minha respiração se normalizou e minha cabeça estava concentrada no que acabara de acontecer.
Olhei para o lado e se encontrava da mesma maneira. Mas, ao mesmo tempo, parecia estar perdido em pensamentos. Naquele momento eu daria tudo para saber quais eram seus pensamentos. O silêncio tomou conta do quarto, me aconcheguei no peito nu de e ele começou a mexer nos meus cabelos com uma das mãos, enquanto a outra fazia carinho em meu rosto.
O observava completamente pelado. Contornei algumas tatuagens e algumas marcas que completavam seu peito, sem dúvidas ele carregaria marcas por dias. Eu não sabia exatamente o que deveria sentir, ou no que pensar. Eu queria poder correr para longe, mas ao mesmo tempo queria ficar. Tudo que eu sempre quis nos últimos meses tinha acabado de acontecer, poderia não ter tido sentimento algum naquele ato, mas era o que eu queria, era o que eu esperava. Eu queria uma praia deserta. O barulho do mar. Algo que me reconfortasse. Afinal, sexo não é amor.
Eu não queria ser apenas aquela amiga que ele teve sua primeira relação sexual com mulheres, eu não queria ser apenas mais uma. Talvez o meu maior medo fosse que ele não sentisse o mesmo que eu, no fundo eu sabia que ele pertencia à outra pessoa e que eu nunca o completaria como o outro completa.
No fundo, eu sabia que eu mesma estava iludindo e acabaria me machucando sozinha no final.


Before!


"Acho que a única razão de sermos tão apegados em memórias, é que elas não mudam, mesmo que as pessoas tenham mudado.”
— Pretty Little Liars

“Às vezes, as pessoas esquecem as coisas, até que estejam prontas para lidar com elas. O tempo pode curar.”
— Pretty Little Liars.

(...)


Abrir os olhos na manhã seguinte e sentir a cama ao seu lado vazia, chega a ser um dos piores pesadelos para alguém, ainda mais quando o sentimento é maior que a razão.
Passei as mãos sobre os cabelos sentindo meus olhos lacrimejarem, eu não iria chorar, eu sabia quais seriam as consequências desde o início, e mesmo assim quis fazer.
Levantei-me da cama para mais um dia de aula, apenas mais duas semanas e finalmente essa vida de estudante acabaria, e em poucas semanas seria o aniversário de e mais a frente seria o meu. Finalmente me tornaria uma "adulta".
Assim que abri o meu guarda-roupa senti um aperto no coração ao ver a enorme fileira de vestidos, sentia falta do meu antigo estilo, na verdade eu sentia falta do que eu era antes, queria poder sair com o cabelo despenteado sem ligar para a opinião dos outros, ou usar minhas calças rasgadas que ajudava-me a remendar com fitas, gostava dos poucos sorrisos mas, verdadeiros. Sentia falta da minha privacidade.
Talvez de vez em quando eu poderia ser como antes, porque não?

(...)


E tudo foi exatamente como havia sido há algumas semanas atrás quando eu apareci na escola pela primeira vez de vestido, só que dessa vez eu estava quase normal.
Calça Skinny preta levemente rasgada na perna esquerda, coturnos pretos e com uma regata branca que ia até a altura das coxas dos Rolling Stones. Meus cabelos estavam incrivelmente bagunçados no famoso "ninho de passarinho", bem conhecido por ai, meus olhos pintados de pretos um pouco destacado, sem batom, sem base, sem nada além de um simples lápis de olho, como costumava ser.
Arqueei uma de minhas sobrancelhas para as lideres de torcidas que me olhavam horrorizadas e mandei um beijo para Mandy. Senti falta das pessoas me olharem assim, eu queria ser normal, como era antes de ser " " de Manual de como conquistar um homem.
Avistei o grupinho dos meus amigos e sorri me aproximando, seria tão estranho para eles quanto esta sendo para mim, eu ja havia adotado aquele estilo todo menininha.
- Se adivinhar quem é, vai ganhar um beijo - disse ao Josh assim que fechei seus olhos com as mãos.
- Só não digo que você é a , porque se eu disser isso, você vai me beijar e o vai me bater por me aproveitar da amiga purpurina dele. - riu e e me encaravam em silêncio um pouco assustados, e trocavam alguma coisa em seus celulares e ainda não haviam me notado ali.
- o que aconteceu com seu cabelo? - perguntou. Seus olhos quase saltavam do rosto.
- Apenas não penteei. - dei de ombros, dessa vez chamando a atenção de .
cutucou , que o olhou e ele fez sinal com os olhos para que olhasse, em minha direção, e assim ele o fez.
- Essa sim, sem duvidas é a que eu conheci. - Ele sorriu abertamente.
ficou me encarando por alguns segundos e por algum motivo eu retribui seu olhar, não sabia o que dizer, não sabia o que falam, e muito menos como agir, tudo estava diferente, nada voltaria a ser como antes.
(...)


Antes do começo...

13 de fevereiro de 2008

Eu havia acabado de fazer quatorze anos e tinha quinze, lembro-me perfeitamente desse dia. Havia chovido por dias em Londres e esse foi o primeiro dia de sol de um mês de chuva e nublado, o vento gelado batia sobre meu rosto causando leves arrepios, fevereiro não era meu mês favorito no ano, mas eu ainda estava feliz. Esse ano seria meu ano, isso se meu melhor amigo não tivesse me feito à maior das confissões e sendo assim, sendo o primeiro e único garoto a partir meu coração.
- , eu preciso te contar algo - jogou-se sobre minha cama, isso já era sua marca registrava, além de não bater na porta ainda se jogava em minha cama. - Mas tem que prometer que não vai contar a ninguém.
- Claro príncipe - sorri me juntando a ele.
- Eu... Eu bom...
- Você o que ? - perguntei um pouco confusa.
- Eu beijei um garoto - suspirou e eu senti meu ar ficar preso nos meus pulmões - pode parecer estranho mas eu gostei. Eu me senti totalmente atraído por ele, seu corpo, seus olhos mel, seus cabelos meio louros e sua boca carnuda incrivelmente beijável. Eu o beijei e senti vontade de mais e mais. Ficamos juntos a tarde toda de ontem. E durante a noite fizemos uma 'festinha' em sua casa e eu reparei em todos os garotos. , acho que estou ficando louco pois fiquei com mais quatro depois dele...
-, isso é ...
Era uma confissão e tanto, podia sentir cada parte do meu corpo se apertar, um nó se formou na minha garganta e eu não entendia o que estava acontecendo.
_Deixa eu terminar ... - interrompeu-me - o pior foi hoje ver uma das lideres de torcidas praticamente se esfregando em mim e eu não senti 'tesão' nenhum, não tive vontade de beijá-la como garotos normais de quinze anos tem. Eu sempre gostei de observar os garotos no vestuário, mas o que aconteceu ontem e hoje serviu para que eu tivesse a certeza...
- Certeza de que? - perguntei.
No fundo eu sabia o que ele iria dizer, mas preferia estar errada. Que talvez todas as vezes que ele quis pintar minhas unhas fossem apenas coisas de amigos, que quando íamos nas lojas era apenas coincidência que ele fosse diretamente no setor feminino e ficasse se olhando com os vestidos na frente do espelho, ou de quando comentávamos sobre os garotos, fosse apenas para me ajudar ja que eu não tinha amigas do mesmo sexo que eu.
- Certeza de que eu sou gay, !
E esse foi o real motivo que eu nunca mais havia se quer pensado na hipótese de me relacionar com alguém novamente, levou quase um ano para que eu superasse o fato de ser gay. E esse sem duvidas foi o real motivo do meu estilo revoltado. Sim, em algum dia no meu passado distante eu já havia usado roupas floridas, vestidos rosa e sapatilhas. Porém para superar uma grande decepção eu deixei de lado tudo aquilo, tudo que eu não poderia ter, e foi assim nos últimos três anos.


(...)


- ...
- - Ouvi gritarem meu nome, e saltei da cadeira vendo uma Senhorita Valery quase vermelha de raiva.
- Desculpe professora - a encarei envergonhada.
- Pode me responder à questão que esta no quadro? - perguntou deixando um sorriso perverso escapar, de como quem queria dizer 'essa eu pago para ver'. Encarei o quadro em minha frente e senti-me engolir a seco, eu nem ao menos sabia que havíamos mudado de assunto na matéria.
" A Biologia Sintética é uma área muito comentada e com muito potencial, quais são os desafios que os pesquisadores enfrentam para conseguir alcançar todos esses objetivos?"
Se fosse em outro momento eu até poderia parar para procurar a resposta em meu cérebro, só que eu estava em um mal dia, algumas lembranças da qual eu havia deixado para trás a muito tempo estava me assombrando novamente. As consequências do ato que pratiquei sem pensar ontem à noite, estavam me afetando em cheio. Como canhões em guerra.
- Desculpa - sussurrei, desviando o olhar.
- Foi o que eu pensei...
(...)


You and I
We don't want to be like them


Fui a primeira a chegar à mesa do nosso grupo no refeitório, algo estava muito errado hoje, as coisas estavam erradas, não deveria ser assim.
- zinha, nem sabe da maior - Vi dar pulinhos em minha frente toda entusiasmado. Revirei os olhos não interessada.
- O que foi purpurina?
- Não me chame assim - rosnou. Sim ele era gay, mas não gastava que o chamassem assim.
- Fala de uma vez, o que você quer !
Passei pelos enormes portões daquela escola e o mesmo veio atrás seguindo o mesmo caminho que eu.
- Estou namorando! - confessou me fazendo parar na metade do caminho. Havia passado apenas dois meses desde que asssumira sua sexualidade, ainda era tudo novo para mim. Novamente eu estava em choque - Estou namorando o Bryan do primeiro ano.


- ! - alguém me cutucou e eu balancei a cabeça largando aquelas lembranças de lado - o que há de errado com você hoje?
Pude sentir a voz de totalmente preocupada.
- Nada! Apenas não dormi muito bem. Insônias – menti.
- Parece que também teve insônias - Josh debochou e em troca levou um soco no ombro de - Eu só estava brincando.
- - segurou uma de minhas mãos - tem certeza que esta tudo bem?
- Sim! Claro.
Encarei pela segunda vez naquele dia e parece que dessa vez meus sentimentos de anos atrás estavam voltando, em turbilhões. Nem em um milhão de anos eu escolheria me apaixonar por novamente.
Quero que as coisas voltem a ser como antes. Preciso de um novo manual.

"Manual de como se desapaixonar", no final até que não seria uma má ideia, visto que se apaixonar na maioria das vezes só causa estragos no final. Quem hoje em dia ainda se apaixona?


Não seja sempre você mesma


Pode parecer estranho, mas mesmo sabendo de todas as consequências que eu sabia que passaria me senti muito depressiva depois que consegui o que eu queria. Não é todo dia que levamos um "fora" do cara que gostamos.
Joguei-me na cama pegando meu próprio livro para me dar conselhos, porque como dizem por ai amor próprio é tudo.
Folheei as paginas de frente para a trás e de trás para frente, me perguntei como é que alguém chegou a gostar daquilo. Comecei a prestar atenção nas figurinhas que decoravam as paginas, era ridículo todas aquelas coisas eram para adolescentes bobas, apaixonadas, totalmente sem utilidade nenhuma. Sim, eu estava revoltada com a vida, com tudo, comigo, mas teve algo nas páginas com os desenhos de carinhas apaixonadas que me chamou atenção.

5 - NÃO seja sempre você mesma


Sentei-me rapidamente na cama, e comecei a ler as palavras que eu mesma havia escrito á alguns meses atrás e acabei esquecendo com o tempo.

Sim, é isso mesmo. NÃO seja você mesma se você puder se superar e for ainda melhor! Devemos sempre estar em evolução e desenvolvimento, e aquele papo de sou assim, não vai mudar, quem me quiser que me aceite do jeito que sou cai bem somente para a personagem Gabriela, do romance de Jorge Amado, que batia no peito para dizer “Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim: Gabriela”!

- É isso - sorri comigo mesma. Já sabia exatamente o que fazer, não poderia ficar naquela depressão toda, por causa de um cara que nunca vai me olhar com outros olhos a não sem os de "Melhor amiga".
- ? - perguntei para a pessoa do outro lado da linha.
- ? - perguntou confuso - aconteceu alguma coisa?
- Não!... Na verdade sim. Aquela balada que você me falou hoje mais cedo ainda esta em pé?
- Sim! Claro... Mas tem um problema.
- Eu não me importo dos garotos irem junto - sorri mesmo sabendo que ele não me o veria.
- Não é isso - ouvi um suspiro seu - o problema é que, isso é uma festa GLS sabe?
- O que significa isso? - perguntei confusa.
Ouvi um riso de leve do outro lado da linha e levou alguns segundos até ele responder.
- Gays, lésbicas e simpatizantes.
- Oh! Quem vai ir?
- Apenas eu, e o , acha que isso é muito gay para ele.
- E se você disser a ele que eu vou, será que ele muda de ideia?
- Talvez!Você esta saindo com o ? - já podia sentir sua voz eufórica.
- Claro que não! - respondi rapidamente - eu apenas gosto da companhia dele.
- Vou fingir que acredito! - riu - tenta ficar pronta em uma hora vou ligar para o e logo estou ai.

(...)


- Vai dar tudo, certo! Vai dar tudo certo!
Repetia aquelas palavras na minha mente, eu iria pisar em um território desconhecido, na verdade aquela deveria ser a terceira ou quarta festa que eu iria, não era novidade para ninguém que eu não costumava ser como os outros adolescentes da minha idade.
Peguei meus sapatos de salto brilhantes e desci as escadas descalça, fico imaginando o que minha mãe diria se me visse caminhar pela casa descalça.

"_Menina vai colocar um calçado, você vai acabar ficando doente! Depois fica com cólica não sabe o porquê, e blábláblá..."

Sinto falta dos meus pais na maior parte do tempo, talvez se eles fossem um pouco mais presente na minha vida, talvez eu fosse diferente, um diferente para melhor.
Terminei de calçar meus sapatos e a campainha tocou. havia sido rápido dessa vez, na maioria das vezes ele se atrasa.
- Que milagre você não se... - parei de falar assim que observei os quatro garotos na minha porta me encarando como seu eu fosse um alien - Porque estão todos vocês aqui?
- Juro que não te entendo. - Liam foi o primeiro a falar. Ele bufou e revirou os olhos antes de continuar - Uma hora você esta revoltada com tudo e usa somente o preto e nem se quer pentear os cabelos, em outra hora você é a garota que usa vestidos fofos e agora...
- Esta tão ruim assim?
Virei-me para o enorme espelho que ficava ao lado da porta e passei as mãos levemente sobre minha roupa. Uma saia preta colada ao corpo que ia da marca do meu umbigo e cobria dois palmos das coxas, um top branco com um decote em formato de coração médio, mas que mostrava claramente a curva dos meus seios, e deixava um pouco da minha barriga a mostra e meus saltos brancos brilhantes, não havia nada demais. Maquiagem destacando meus olhos e batom rosa pink. Eu estava diferente do meu "normal", mas para mim era um diferente legal.
- Sem duvidas você vai ser a mulher mais gostosa daquele lugar. - ouvi dizer atrás de mim.
- Vamos brilhar mais que diamantes no sol bebê - ignorou o comentário estúpido do oferecendo-me o braço.

(...)


Entramos naquela boate e aquilo estava uma loucura total, totalmente lotado, tivemos que nos espremer no pequeno corredor para conseguir chegar à área vip. Senti muitas mãos apertando diversas partes do meu corpo, e fiquei até com medo de que abusassem de mim naquela pequena passagem no corredor.
- Me lembre de nunca mais deixar o me convidar a vir num lugar como esse! - reclamou assim que chegamos na área vip podendo enfim respirar mais aliviado.
- Não é tão ruim! - finalmente falou algo desde que saímos de minha casa - olha a quantidade de Boys Magia gostoso que tem aqui.
Ele encarou por alguns segundos antes de rir, e o apenas revirou os olhos e soltou um risinho de leve, o que me fez estranhar muito aquilo.
- Quer? - me ofereceu sua bebida.
Fiquei o encarando confusa, era óbvio que eu iria recusar, eu recusaria qualquer coisa que viesse dele.
. - Que merda você pensa que está Fazendo? - Guardei essa apenas para mim, iria fingir que ele era invisível e que não estava ali.
- Não, obrigada! - sorri sem mostrar os dentes - Quero me divertir sem bebidas hoje, quero me lembrar de cada detalhe.
Mordi os lábios involuntariamente, e o mesmo me encarou dos pés a cabeça, como se pela primeira vez prestasse atenção na roupa que eu estava usando.
- Quer dançar ? - perguntou se aproximando.
- Não, ela não quer! - respondeu levantando-se ficando logo atrás dele que estava em minha frente.
- Não, e mesmo que eu quisesse você seria a ultima pessoa com quem eu dançaria.
Vi soltar um suspiro mais aliviado e aquilo estava ficando cada vez mais estranho. Ele de novo?
document.write(Zayn) na defensiva e de cara emburrada - tenho certeza que você se lembra das coisas maravilhosas que meus dedos podem fazer - sussurrou em meu ouvido, fazendo um arrepio percorrer meu corpo - como eles faziam você ir ao paraíso enquanto estávamos na pista de dança, você rebolando sobre meu pau enquanto eles trabalhavam dentro de você, adiantando o que aconteceria mais tarde na sua cama maravilhosa, onde eu arrancava sua roupa e...
- Já chega! - empurrei seu ombro tentando manter a distância - É melhor você ficar longe de mim essa noite.
Esfreguei minhas coxas, sentindo um leve incomodo entre as pernas, não posso negar que aquelas palavras não tiveram efeito sobre mim, mas eu não poderia esquecer tudo que ele havia feito.
- Vamos dançar - Fiz questão de dar ênfase no nome do Niall e de lhe lançar um sorriso quente.
Tinha quase certeza de ter visto um leve reflexo do puxando o sério.

(...)


Já se passavam das três horas da manhã e eu já não aguentava mais ficar em pé naquele salto.
- , meus pés doem. - reclamei me apoiando em seu ombro.
- Então tira esses sapatos, seus pés devem estar desconfortáveis ai.
- Não vou tirar no meio da pista de dança.
- Então vamos subir e descansar um pouco, minha camisa chega estar molhada de suor.
Subimos as enormes escadas até o segundo andar onde ficava a área vip e me joguei no pequeno sofá onde estava antes. Procurei pelo e o mesmo estava no bar conversando com um homem que parecia ser uns dez anos mais velho que ele. Não havia nem sinal do ou do por ali e eu nem queria saber também.
As primeiras batidas de Problem da Ariana Grande começou a tocar, e eu pulei do sofá.
- temos que dançar essa. - o puxei para ficar em pé.
- Nem pensar que eu vou descer lá em baixo de novo, - tentou se sentar.
- Vamos dançar aqui mesmo! Por favor... - fiz biquinho.
E ele revirou os olhos derrotado.

Hey baby, even though I hate ya
I wanna love ya, I want you


puxou-me pela cintura colando meu corpo ao dele, uma de suas mãos foram até minha nuca pressionando meu pescoço e assim descemos até o chão, apenas roçando os lábios. Subimos novamente, a sua mão que se encontrava na minha nuca, começou a fazer o percurso passando levemente pelo meu pescoço, ombros onde ele arrastou a alça do meu top junto deixando uma parte do meu colo totalmente nu, fazendo meus seios quase saltarem para fora. Calmamente foi empurrando meu troco para trás me deixando quase deitada no ar e puxou-me novamente, dessa vez fazendo com que eu espalmasse minhas mãos em seu peito.

Head in the clouds
Got no weight on my shoulders
I should be wiser
And realize that I've got
One less problem without ya


A música nem havia acabado e eu já estava com uma vontade incontrolável de beijá-lo, era como se seus lábios pedissem silenciosamente pelos meus. Levantei meu olhar encarando finalmente seus olhos, e os mesmos se encontravam em um tom azul escuro, suas pupilas totalmente dilatadas demonstrando o quão grande seu desejo era. Passei a língua levemente sobre os lábios, e isso foi o suficiente para que seus lábios colassem aos meus rapidamente. Diferente do beijo do , o beijo do não era calmo e nem romântico e muito menos tinha gosto de balas de morango com tabasco. Era selvagem, prazeroso e tinha um leve gosto de vodka com menta, suas mãos eram firmes, apertavam minha cintura pressionando nossas intimidades, e sua outra mão livre estava entre pressionar minha nuca e puxar meus cabelos, que era meu maior ponto fraco, puxadas no cabelo deixavam meu corpo mole e totalmente entregue.

I know you're never gonna wake up
I gotta give up, but it's you
I know I shouldn't ever call back
Or let you come back, but it's you

Seus lábios desceram para o meu pescoço onde ele deixou uma pequena mordida e chupou em seguida, uma ardência prazerosa, passou a língua por cima fazendo minhas pernas bambearem e um gemido escapar de minha boca. Sua mão que estava na minha cintura desceu até a borda da minha saia e foi a puxando levemente para cima enquanto apertava minhas coxas ao mesmo tempo.
- , não! - ouvi um grito e senti meu corpo se afastar bruscamente do .
- O que você pensa que está fazendo com ela ? - segurava pela gola de sua camiseta.
- Era só um beijo, relaxa ! - Ele respondeu, pude notar o punho do se fechar e ele respirar fundo para não bater no amigo.
- Um beijo? Você quase fez sexo com ela ao vivo.
- Para com isso , você não é meu pai. - intrometi-me, já estava cansada dele confundir minha cabeça, ele não tem esse direito sobre mim.
- Não haja como uma vadia - rosnou.
- Então não haja como se você se importasse! - respondi entre dentes.
- Ele é um problema , eu só quero te proteger do que pode acontecer. - soltou o e focou sua atenção somente em mim - qualquer um deles é um problema para você , você não entende!
Não pude deixar de rir, gargalhar na verdade. O único problema na minha vida era ele mesmo, será que era idiota o suficiente para não enxergar o que esta bem em baixo dos olhos dele, ele me usa, me confunde, tenta ser eu, mente. Ele é o problema.
- Eu to falando sério , ou é eu ou é eles, não vou dividir você com nenhum deles.
- Desculpa, , mas eu não sou uma prioridade sua - aproximei-me do e voltei a encarar ele - e não sei se você ainda não percebeu, mas eu tenho um problema a menos sem você!


Programação das Férias


“Eu tenho ciúmes sim. Ou pode até ser medo mesmo, mas quando eu penso em você falando com outra pessoa, abraçando, brincando, do mesmo jeito que você faz comigo, eu fico esquisita. Ciúme. Medo. Sei lá. Mas é que me assusta em pensar que isso acabe. Esse sentimento, essas palavras. Me desespera em pensar que um dia nós possamos ser apenas mais um estranho um para o outro. Porque eu não consigo mais enxergar minha vida sem você. E isso também me assusta.”
— Taianne Poeta

(...)


Três semanas! Sim, duas semanas se passaram e finalmente posso dizer que vou me livrar desse inferno que se chama Ensino Médio. Tiraria algumas férias de seis meses e depois iria para a vida universitária, era bem provável que eu fosse cursar línguas na universidade de Cambridge, fica a uma hora e vinte minutos da minha casa, e sendo assim eu me afastaria de muitos problemas da minha vida por algumas horas.
Essa seria a ultima semana de aula, sem provas, sem trabalhos, sem nada, os alunos só iam para zoar uns aos outros, professores sendo legais, era tudo perfeito. No final de semana iria ter o acampamento para os formandos, coisa da qual não participaremos. Motivo? Bom, há alguns meses atrás os meus amigos queridos alagaram a escola inteira por diversão, sendo assim fomos punidos a não ir ao acampamento passar o melhor final de semanas de nossas vidas.
- Hey Babys – nos cumprimentou, sentando-se ao meu lado na mesa.
- seu gato, você andava sumido - beijei sua bochecha.
- ! - sorriu passando um de seus braços sobre meus ombros. era um dos caras mais gays que eu conhecia, porém seu cheiro era de um homem másculo, com pegada, que entre quatro paredes fazia tudo o que seria suposto impossível de fazer. - Estive programando minhas férias.
- O que meu Boy magia vai fazer nas férias?
- Vou ser ator em filmes pornôs gays. - deu de ombros e eu senti meu suco de laranja trancar em minha garganta.
- O que você disse? - perguntei esperando ter ouvido errado. E pude notar que os outros se encontravam na mesma situação.
- Vou fazer filmes pornôs gays. Estão me oferecendo um ótimo cachê por isso.
- Quando eu penso que as coisas não podem piorar. Chega essa noticia! - reclamou jogando-se em sua cadeira.
- Não me diga que você também vai virar ator de filmes pornôs .
- Claro que não! - respondeu quase gritando, como se aquilo fosse uma ofensa para ele - Eu vou passar algumas semanas no Canadá, minha mãe quer ir visitar alguns parentes e me obrigou a ir junto. - bufou.
- Eu vou fazer uma pequena viajem para a Disney com a minha irmã mais nova - Josh falou dando de ombros.
- Você nunca nos contou que tinha uma irmã - virou-se para o encarar.
- Ela fez quinze anos no mês passado, mas ela acha melhor ir comigo, porque meus pais são muito controladores.
- Uau - eu estava boquiaberta com as programações de férias dos meus amigos.
- E você ? - perguntou, atraindo toda atenção da mesa para mim.
- É mesmo , você não comentou o que faria nas férias! - se dirigiu a mim pela primeira vez - para qual lugar do mundo você vai esse ano?
- Nenhum! - suspirei, enfim chegou o assunto do qual eu não queria falar. - Vou ficar por aqui mesmo, meus pais estão voltando de suas férias de um ano longe de casa e talvez seja legal passar um tempo com eles. - suspirei - E também me chamou para ir conhecer Charlottie, sua irmã mais nova que lê o nosso livro. Provavelmente eu vá assistir alguns jogos do Doncaster Rovers, já que eu fiz amizade com aqueles brutamontes.
- Doncaster Rovers? - a voz de nojo do quase não se pode ouvir.
- ? - continuou.
- Brutamontes? - arqueou as duas sobrancelhas, coisa que ele estava ou interessado em algo ou estava ficando com nojo.
- Boys Magias? Gatos? Soados e sem camisa? Acho que posso rever isso de ser ator e passar alguns dias com você. - Não preciso nem falar que esse foi o .
- Qual o problema? Eles são legais, e vocês vão estar todos fora.
- provavelmente vai para South Shields, visitar seus avós e tentar pegar uma de suas primas gostosas - Falei e ele encolheu os ombros ficando na defensiva - ? Bom, o é o , vai ficar procurando algum cara maneiro que o ature e que lhe dê longas noites de prazer, alguém que se torne o seu amor de verão. - bufei lembrando dos verões passado. - é o único que vai permanecer em Londres, vocês não me deram muita escolha.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, eles não estavam em condições de me cobrar alguma coisa, Josh iria para os Estados Unidos, para o Canadá. iria para algum lugar no mundo ser ator de filme pornô gay, iria para South Shields que fica há quase quatro horas daqui, não que eu fosse passar algum minuto das minhas férias com ele, quanto mais longe melhor. passaria as férias procurando alguém para amar. Mas eu já estou desconfiada que ele já tenha achado esse alguém e não me falou nada.
- Eu vou ter que falar! - quebrou o silêncio e eu notei os meninos fazendo cara feia para ele - Isso ta demais até para mim.
- O que foi?
abaixou a cabeça ficando totalmente vermelho. estava em uma crise de tosse e teve que o ajudar. E Josh fingiu que nem era com ele.
- ! - suspirou, mexendo em sua mochila - É melhor você colocar a minha camisa.
Entregou-me uma de suas regatas brancas que ficava coladas em seu corpo, mas que ficaria um vestido em mim, devido a nossa enorme diferença de altura.
- Por que? - perguntei confusa.
- , princesa, estão todos babando no seu decote. Eu sou gay e não cego. E não é novidade para ninguém que adoraria ter seus corpinho cheio de curvas. Josh é um tarado deveriam prendê-lo por causa disso. não consegue nem abrir a boca e quando abre a baba chega escorrer, mesmo eu tendo minhas duvidas sobre a sexualidade dele. não vê a hora de te levar para a cama, não que ele só pense nisso, mas nesse momento já vi ele passar a mão sobre as calças no mínimo umas cinco vezes enquanto focava em seus seios. E eu também, eles parecem ser tão durinhos.
Arregalei os olhos encarando . E naquele momento eu só queria ter super poderes para sumir daquele lugar.
- sua bicha má - Josh quase gritou e seu rosto estava vermelho assim como o dos outros.
Talvez essa fosse uma das consequências de ser a única garota no meio dos garotos.
- Bicha fofoqueira! - deu um tapa em seu braço.
- , deixa eu tocar neles? - perguntou apontando para os meus seios - ninguém esta vendo.
- ! - o repreendeu protestando.
Mal deu tempo de eu responder e os dedos do cutucaram de um modo nada delicado os meus seios.
- Ai! - gemi, não, isso não foi prazeroso, aquilo realmente doeu.
- Te machuquei? Eu mal toquei neles.
Não machucou. - passei as mãos sobre os mesmo tentando afastar aquele incomodo - eles só estão sensíveis nessa ultima semana.
Coloquei a camisa de Liam antes que houvesse algum comentário constrangedor.
- Eu já vou indo - peguei minha bolsa - minha próxima aula é em cinco minutos.
Retirei-me da li, apressadamente, mas ainda pude ouvir um "eles parecem ser silicones" do .


Eu estava ferrada!


Finalmente!
Esse inferno que denominam com ensino médio finalmente acabou. Finalmente sou uma garota formada. Agora tirarei longas férias de seis meses antes de pensar em faculdade. O verão estava começando e eu não queria perder nenhum minuto das minhas férias pensando em estudar.
- Finalmente! - se jogou ao meu lado enquanto sentávamos na nossa mesa de costume.
- Acho que vou sentir falta disso aqui! - Josh juntou-se a nós.
- Jura? Eu não vou sentir falta de absolutamente nada! - revirei os olhos rindo.
- Jura ? - ouvi uma voz feminina parar ao meu lado - Nem mesmo de mim?
Virei meu rosto encontrando Mandy, lembram-se dela? A capitã das líderes de torcida que eu havia comentado que sentia um amor platônico por mim.
-Talvez eu sinta falta de roubar seu brilho - pisquei para ela e a mesma bufou.
- De qualquer forma vou sentir sua falta, me liga nas férias, poderemos fazer muitas coisas juntas - entregou-me um cartão, obviamente seu número estava ali - vou aguardar ansiosamente .
E então ela se virou e sumiu entre as pessoas.
- Acho que ela não entendeu que eu não gosto dessa fruta. - bufei jogando aquele cartão dentro de minha bolsa.
- Você deveria experimentar , vai que você gosta. - E esse é , tentando me convencer de que eu deveria ficar com outras garotas.
- Já disse que não ! Olha só, não é porque eu aturo e convivo com vocês que eu tenho que aturar outras pessoas. Eu não tenho nenhum tipo de preconceito, mas ficar com outras garotas isso nunca, definitivamente isso não é minha praia.
- Calma , eu só brinquei. - defendeu-se.
- Acontece que você vem com esse tipo de brincadeiras desde aquela maldita boate gay. Eu gosto de Homens .
- Não! - protestou e eu o encarei incrédula, como assim "não"? Qual o problema dele - você gosta de gays. E pelo que eu sei somos meio homens.
- Como você é idiota .
- Concordo! - chegou deixando um tapa na cabeça de que reclamou passando as mãos sobre o local atingido. - O que vamos fazer hoje? Poderíamos sair para comemorar...
- Não vai dar...
- E porque não ? - interrompeu-me chegando juntamente do - Você anda estranha nos últimos dias...
- Meus pais chegaram de viagem hoje, e parece que eles querem ter uma conversa em particular, não sei se eu vou estar em um bom estado para sair à noite...
- Eu vou com você... - disse segurando uma de minhas mãos.
- Não precisa purpurina...
- Para de me chamar disso - rosnou - e eu vou com você, sem mais...

(...)


Fazia exatos cinco minutos que eu e estávamos parado em frente a minha enorme e desnecessária casa, sem coragem de entrar.
- Vamos logo , quanto mais rápido terminar melhor. - entrelaçou nossos dedos e eu suspirei antes de entrar.
Minha casa poderia ter aquele ar de toda chique por fora, mas por dentro eu preferia manter tudo simples. Não tão simples porque meus pais não curtiam muito essa coisa de simplicidade. Eles eram legais pelo menos quando estavam comigo, mas longe eram como a maioria das pessoas ricas, mesquinhos. Acham que são donos do mundo e que todos lhe devem respeito.
Abrimos a porta no mesmo momento em que meus pais estavam descendo as enormes escadas. Minha mãe me encarou e cutucou meu pai e os mesmo me encararam sorrindo.
- ! ! Estou feliz que estejam os dois aqui. - meu pai segurou a mão de minha mãe e sentaram-se no sofá que havia logo na entrada - sentem-se - apontou para as cadeiras em sua frente.
- Pai! Mãe!
- Senhor , Senhora ! - sentou-se ao meu lado.
- Pare com toda essa formalidade , é como se fôssemos seus pais, somos apenas Cecilia e Adam! - minha mãe sorriu para .
- Claro! - sorriu e logo procurou minha mão segurando a mesma.
Encarei o casal em minha frente e mesmo que fossem meus pais, senti que fossem total desconhecidos, não nos víamos a quase um ano, em toda a minha vida posso dizer que são raros os tempos que passamos juntos. Na maioria das vezes sinto como se eu fosse um erro em suas vidas, um erro de uma noite e que eles levariam para a vida toda.
Fiquei os observando enquanto os mesmos faziam o mesmo comigo e . Meu pai com seus cabelos grisalhos, não aparentava ter seus quarenta e quatro anos, a velhice havia lhe caído bem, ele tinha um e oitenta e três de altura, sua postura séria, seu ar de intelectual, digamos que ele aparentava ter uns trinta e sete. Já minha mãe possuía longos cabelos castanhos, algumas poucas rugas apareciam embaixo de seus olhos quando ela sorria, seus dentes brancos perfeitamente alinhados e suas adoráveis covinhas, eu era exatamente a cópia perfeita dela, um pouco mais jovem e mais encorpada.
- O que vocês tinham para me dizer? - perguntei quebrando o silêncio.
Minha mãe suspirou e encarou meu pai que fez o mesmo.
- , nós vamos nos mudar! - falou meu pai sem ainda me encarar - vamos embora de Londres.
- O que? Como assim? Eu não quero e nem vou embora. – já sentia meus corpo entrar em desespero.
- Você não entendeu ! - minha mãe suspirou novamente e dessa vez direcionou seu olhar para mim - nós vamos embora, eu e seu pai!
E foi ai que eu senti meu mundo parar de girar por alguns segundos, meus pais pretendiam ir embora e eu não estava em seus planos. Eu nunca estive em seus planos, mas isso era diferente, eles iriam ir embora e não voltariam mais.
- E o que vão fazer comigo? - a mão de apertou ainda mais a minha tentando me passar segurança, eu já sentia um nó se formar na minha garganta.
- Você pode ficar querida! - minha mãe falou tentando manter sem tom doce e firme - vamos continuar depositando dinheiro em sua conta e pagaremos suas despesas, contratamos uma empregada, Madalena, ela irá cuidar para que você se alimente direito...
- Vocês não podem me deixar sozinha! - interrompi-a.
- Você tem ao e aos seus amigos. - mamãe continuou - você vai ter tudo o que precisa...
- Mas vocês são meus pais. - a interrompi novamente dessa vez deixando algumas lágrimas caírem.
-Você sempre esteve sozinha , nós nunca estivemos aqui, nunca a vimos crescer e quando finalmente paramos por um momento... buuuum - Adam fez um movimento com as mãos tentando demonstrar uma explosão - olha para você, a mulher que se tornou, você nunca precisou de nós e isso não vai ser diferente agora...
- Como você pode dizer que eu não preciso de vocês? Vocês são meus pais me colocaram no mundo, eu necessito de um carinho materno e paterno, eu não tenho a quem me inspirar, você deveria ser meu herói e eu deveria querer ser como minha mãe. Vocês deveriam ser minha inspiração.
- Mas não somos, você nunca esteve nos nossos planos... - senti minha respiração trancar, e o ar faltou "você nunca esteve nos nossos planos”, Cecilia o cutucou e o mesmo passou a mãos sobre os cabelos um pouco irritado - , eu vi vocês, os dois em capas de revistas, você nunca precisou de nós para nada.
- Na verdade... - mamãe começou a falar, mas parou enquanto procurava algo em sua bolsa - eu quero um autografo – entregou-me o que parecia ser um livro.
Fiquei encarando suas mãos um pouco atordoada, então pegou o livro que ela apontava em nossa direção.
- Isso ficou perfeito, vocês foram perfeitos enquanto eu lia até cheguei a achar que estavam apaixonados, mas acabei descobrindo que era gay... - ela estava tentando mudar de assunto, ela era boa nisso. Ela odiava encarar os problemas de frente, deve ser por isso que ela me evitava na maioria das vezes. - Lemos também sobre o casarão, ficamos realmente orgulhosos de vocês...
- Quanto tempo vocês vão ficar por aqui? - perguntei ignorando os elogios.
- Uma semana no máximo - Adam respondeu.
- Se importa se chamarmos alguns amigos para vir aqui? - perguntou - hoje nos formamos no ensino médio e fomos punidos de não participar do acampamento dos formandos e da formatura, então se importam se comemorarmos aqui?
- Por mim tudo bem, vou adorar conhecer as pessoas que vão fazer parte do dia a dia de a partir de agora - minha mãe sorriu.
- Vamos subir .
levantou-se em um pulo e nem deixou meus pais falarem mais alguma coisa puxou-me escada a cima.

(...)


- Você ligou para os meninos ? - gritei para o ele do banheiro.
- Sim eles já estão chegando.
- Não sei o que vestir purpurina - choraminguei indo para o quarto - não tenho roupa.
- Você pode ficar assim, tenho certeza que o vai adorar. - revirou os olhos jogando-se em minha cama.
- Está com ciúmes Butterfly? - encarei-me no espelho vendo minha lingerie rosa bebê toda trabalhada em renda. - não está tão ruim assim né?
- Sabe o que eu andei observando bastante? - sentou-se na cama.
- O que? - perguntei enquanto revirava meu closet atrás de algo para vestir.
- Seus seios estão maiores desde a última vez que eu os vi, na verdade não fui só eu que notei isso, metade da população masculina de Londres já deve ter notado.
- Isso porque meu corpo ainda está em desenvolvimento.
Vesti um short jeans cintura alta um pouco curto demais, e coloquei uma regata preta com uma caveira muito feia estampada, o decote da blusa mostrava claramente meu sutiã rendado cor de rosa. Coloquei meu casaco cinza que ia até a altura das minhas coxas quase cobrindo minhas coxas.
- Você viu o chinelo de caveirinhas?
- Está do lado daquele puff vermelho - apontou para o puff ao lado da penteadeira - está pronta?
- Sim. E você? - fiz um coque simples para não ficarem me incomodando por conta do meu cabelo ninho de passarinho.
- Estou pronto - passou seu perfume que eu tanto gostava.
Porém dessa vez havia algo de diferente, senti o perfume dele trancar nas minhas narinas e senti meu estômago revirar de leve.
- Que perfume é esse ? - tranquei o nariz com os dedos, tentando diminuir o cheiro forte.
- O de sempre! - respondeu fazendo uma careta confusa.
- É horrível e está me sufocando.
Corri para fora do quarto o mais rápido possível procurando por um ar limpo.

(...)


Descemos aquela enorme escada correndo como costumávamos fazer quando criança ou quando estávamos entediados, era bom estar fazendo esse tipo de brincadeira com o , as vezes sentia como se ele estivesse se afastando e isso não era algo bom.
- Crianças, não corram na escada! - Minha mãe nos advertiu.
- Crianças tia Cecília? - bufou.
Foi então que notamos nossos amigos ali, incluindo que fazia algumas semanas que eu não o via.
- !
Joguei me em seus braços e o mesmo riu enquanto rodeava minha cintura.
- Também senti sua falta ! - depositou um beijo na minha testa.
- Mãe, pai, esses são...
- Já sabemos quem eles são - Adam revirou os olhos - eles acharam que sua mãe fosse você.
- Não pode nos culpar, elas são a cópia uma da outra, a única diferença é que uma é mãe e a outra é a filha. - falou e todos batemos com a mão na testa com a inteligência do mesmo.
- Não me diga - riu.
- É sério mesmo que uma é a mãe e a outra é a filha? - debochou.
- querido, você está ainda mais lindo desde a última vez que nos vimos - Cecilia elogiou...
- É o tipo de garoto que eu gostaria que assumisse meus negócios...
- Tenho certeza que assim que o sair de Nárnia vai adorar trabalhar com sapatos papai. - ri um pouco irônica.
- Nárnia? - perguntaram ao mesmo tempo.
- É! Tipo, sair do armário! Todo mundo sabe que o é um gay não assumido.
- Eu não sou gay! - protestou um pouco irritado.
- Viu, um gay não assumido!
- É uma pena que um rapaz tão bonito como você seja gay - Cecilia sorriu um pouco incomodada - qualquer coisa estaremos na cozinha, divirtam-se.
- Sua mãe é uma gata . - Josh falou assim que meus pais se afastaram.
- Já sabemos a quem a puxou. - continuou.
- Porém a é mais gostosa, olha o tamanho desses...
- Sim, seios enormes - Josh interrompeu .

(...)


- Banho na piscina - Josh gritou.
Havíamos bebido um pouco, mas nada fora do controle, não queria abusar muito já que meus pais estavam na em casa.
- Nem pensar! E vocês não tem roupas de banho aqui. - protestei.
- Isso não é problema. - e Josh se entre olharam e começaram a se despir bem ali na minha frente.
- Opa, eu to dentro também. - juntou-se a eles.
- O que vocês pensam que estão fazendo? - perguntei tentando não gritar para que meus pais não acordassem. Já se passava das duas horas da manhã, não queria nem imaginar o que eles pensariam se vissem os meninos se despirem bem ali na minha frente.
- Não vejo problema algum. - correu em direção aos meninos enquanto tirava suas roupas e logo os quatro já estavam na piscina - só falta vocês dois!
Encarei que deu de ombros e já começava a se juntar a eles. Como eu queria que ainda estivesse aqui, tenho certeza que ele não permitiria que os meninos fizessem algo assim, pelo menos comigo ele era bem respeitador. Eu adorava isso nele.
- Vem ! - chamou-me.
- Nem pensar, vocês podem abusar de mim!
- Não vou deixar com que eles façam nada com você ! - prometeu.
Encarei aqueles garotos somente de cueca dentro da minha piscina, seria a pior coisa que eu iria fazer em toda a minha vida, mas eles eram meus amigos, jamais fariam algo que eu não quisesse, sem contar que eu estava na minha casa e qualquer coisa seria só gritar que meus pais estariam ali para me socorrer.
Respirei fundo e lentamente comecei a tirar as minhas roupas, sentia minhas bochechas quentes de vergonha.
- Da pra parar de me olhar assim? - sentei-me na borda da piscina e logo já estava dentro da água.
- Não pensei que você fosse mesmo vir. - disse tentando desviar o olhar.
- Vamos fazer um jogo. - sugeriu chamando a atenção para ele - um jogo de perguntas, mas só pode dizer a verdade, não importa qual o tipo de pergunta, e não importa qual vai ser a resposta.
Apenas pude ver os sorrisos maliciosos surgirem no rosto de cada um, tinha certeza que não viria coisa boa por ai. tentou ajudar, mas isso foi uma péssima ideia, e eu estava totalmente ferrada por ser a única garota ali no meio.


São do tipo de cara que te faz perder o juízo sem fazer nada


Estávamos todos dentro da piscina, apenas de roupas intimas e prestes a começar um jogo de perguntas que provavelmente eu acabaria me ferrando. Eu era a única garota ali, sempre fui, mas nos últimos tempos esses garotos andam incrivelmente sexys e safados, talvez seja a idade ou os meus hormônios que andam a flor da pele ultimamente. Estávamos na seguinte ordem...
, Eu, , e Josh.

Olhávamos um para o outro com medo de quem começaria aquele jogo que eu tinha certeza que arruinaria a minha vida.
- Okay! Eu começo. - disse esfregando as mãos ansioso - Essa vai para o - soltou um sorriso que mostrava todos os seus dentes - você pensa em outra coisa além de transar com a ?
Senti minha garganta sufocar, se afogou e seu rosto se encontrava tão vermelho quanto o interior de uma melancia, e eu só queria poder ser o gênio da lâmpada para poder fugir dali o mais rápido possível.
- Eu não penso nisso cara... eu... eu... Ah quem é que nunca teve esse pensamento com a , cara ela é gostosa, fala sério! - Ele respondeu fazendo com que meus olhos quase saltassem dos olhos, como assim pensava em me levar para a cama? Logo ele que eu achava que seria o mais romântico de todos. Me enganei feio, bem que dizem que as aparências enganam.
- Escolhe para quem você vai fazer sua pergunta . - mandou ainda rindo da minha desgraça. Qual era a graça de deixar alguém com vergonha? Encolhi os ombros com medo do que estava por vir a seguir.
- Vou perguntar pra . - mordeu seus lábios num movimento sexy que fez algo em mim se acender como um vulcão prestes a entrar em erupção. - , com qual de nós você iria para a cama? -soltou um riso assim que viu minha cara de apavorada, dessa vez quem se engasgou foi o , e talvez eu o entendia afinal já fomos para a cama - lembre-se somente a verdade- acrescentou.
Soltei um longo suspiro, eu estava semi nua numa piscina cheia de homens, nada poderia acontecer, certo? Olhei para os lados e notei um sorriso convencido nos lábios de , era óbvio que ele achava que só porque transamos eu iria dizer que iria para a cama com ele. Errado, ele estava totalmente enganado.
- ! - todos me encararam surpresos, - Eu iria para a cama com o , olhem pra esse homem, esses músculos, se aquilo lá em baixo for proporcional ao corpo, meu Deus, não quero nem imaginar o estrago que ele pode fazer... - respondi encarando descaradamente o corpo desnudo de , o que fez o mesmo se afastar um pouco.
- Alguém quer trocar de lugar comigo? Acho que ela vai acabar abusando de mim, e eu estou ficando com medo. - não poderia ser menos veado.
Revirei os olhos e encarei os outros que ainda me encaravam surpresos.
- Que foi? Não era pra dizer a verdade? - dei de ombros - , que você transou com o todo mundo sabe disso, mas a pergunta é.... Quem comeu quem?
- ! - protestou e pela primeira vez em anos vi corando, nunca achei que estaria viva para ver isso.
- Anda lá , não temos a noite toda... - falei ignorando totalmente o protesto de .
- Você conhece a palavra "versátil" ? - perguntou, e eu senti meus olhos arregalarem-se. Apenas assenti. - Pois então, foi uma longa tarde de sexo onde fodemos loucamente um ao outro.
Meus olhos estavam prestes a sair do rosto, como assim ele teve coragem de falar isso na minha cara, alguém iria acordar com a boca cheia de formigas e perderia os dentes.
A gargalhada alta de chamou totalmente nossa atenção tirando aquele clima tenso que estava prestes a se formar.
- Eu sabia que o era Gay cara, mas não imaginava que fosse tão puto. - ainda ria, e colocou uma de suas mãos sobre a barriga, o que me fez rir junto. Deixando um totalmente irritado, era por essas coisas que eu amava o , ele me entendia perfeitamente e ainda zoava com a cara do .
- Olha quem esta falando, o cara que tem nojo até se uma garota chega muito perto. - riu, mas seu olhar ainda continuava furioso. - Você é tão covarde que nunca conseguiu nem ao menos chegar perto de uma mulher.
Automaticamente parou de rir e o encarou sério.
- Isso não é verdade! Eu já beijei outras garotas. - defendeu-se, mas pelo tom de sua voz era bem visível que ele estava mentindo.
- Então prova! - o desafiou - Dê um beijo de verdade na ...
- Claro que não! - quase gritou, desencostando-se da parede da piscina ficando com sua postura rígida - Não ouse em tocar n...
Tarde demais, eu mal pude terminar de ouvir o protesto e ameaça de . Senti meus cabelos sendo puxados com força, e uma mão forte agarrar minha cintura firme fazendo com que meu corpo chocasse ao dele e minhas mãos se espalmassem em seu peito. Totalmente definido, pude sentir cada pedaço dos seus músculos com a ponta dos meus dedos. Abri minha boca para protestar e tentar me afastar, mas a língua de invadiu minha boca totalmente sem permissão, tornando aquilo em um beijo selvagem, tentei me afastar mais uma vez e o resultado um aperto ainda mais forte fazendo meu corpo colar ainda mais ao dele fazendo com que eu sentisse sua intimidade um pouco acima de minha cintura, já que ele era maior que eu, ele não estava excitado, nada ali tinha mudado, para ele era apenas um beijo normal, porém eu não resisti a tentação, e desci lentamente uma de minhas mãos passando pelo seu peito, abdome definido até chegar ao elástico de sua cueca, senti o mesmo prender a respiração, e desci ainda mais a minha mão a parando exatamente sobre sua intimidade, mesmo que estivesse tudo no lugar sem nenhum sinal de excitação, apertei levemente o massageando, aquilo não era eu, era meus hormônios falando por mim, ele era tão perfeito...
- Acabou com a putaria - ouvi a voz grave de e meu corpo foi puxado para longe de .
Encarei os outros garotos um pouco assustada e surpresa, e notei que o mesmo olhar estava estampado sobre o rosto de cada um. Sentia minha respiração totalmente irregular, e minha intimidade se contraiu levemente fazendo com que eu cruzasse as pernas para conter a excitação.
- Que nojo! - a voz de quebrou o silêncio - nunca mais vou beijar uma garota na vida. Nada contra você , mas isso foi nojento...
Não conseguia dizer nada em relação aquilo, eu me encontrava totalmente boquiaberta, as palavras simplesmente sumiram. Como assim ele me beija daquele jeito e depois diz que foi nojento?
- Continua logo ... - minha voz saiu um pouco ríspida, mas não fui capaz de esconder o quanto aquilo me deixou chateada.
- Eu... É... - gaguejou um pouco, assim como eu a cena anterior lhe tirou as palavras. - já se sentiu atraído pela ?
Não pude me conter, eu estava tão irritada com o , que aquela pergunta do acabou me deixando ainda mais brava. Automaticamente acertei um tapa em seu ombro e ficou a marca vermelha de meus dedos ali.
- Porque fez isso? - perguntou um pouco assustado pela minha reação.
- Porque diabos você perguntou uma coisa dessas?
- Todos sabemos que moveria montanhas por você... - deu de ombros sorrindo. Eu estava prestes a responder que ele não tinha nada a ver com isso quando a voz de me interrompeu.
- Está totalmente enganado . - e novamente todo mundo se calou - é minha amiga e esse é o único sentimento que nutro por ela, como se fosse uma irmã, nunca rolou nada entre a gente e não vai ser agora que isso vai acontecer, ela saber disso. E sobre a sua pergunta. Quem nunca se sentiu atraído pela , que jogue a primeira pedra...
"nunca rolou nada entre a gente e não vai ser agora que isso vai acontecer" Como assim produção? Será que o que eu tive foi um dos muitos sonhos eróticos que eu tive com ele?
- Onde tem tijolos? - perguntou. E toda a atenção foi para ele novamente.
- Pra que você quer tijolos cara? - Josh perguntou assustado.
- disse "Quem nunca se sentiu atraído pela , que jogue a primeira pedra..." - fez aspas com as mãos - vou jogar tijolos pra comprovar minha resposta.
- Você está me ofendendo - respondi, passando as mãos sobre os cabelos totalmente irritada e quase descontrolada.
- , eu... - colocou uma de suas mão sobre meu ombro, mas eu as retirei bruscamente, e puxei o braço de trocando de lugar com o mesmo, ficando ao lado de Josh.
- Então Josh... - começou a falar - rolaria uma noite eu e você? - e então piscou um dos olhos, um movimento muito sexy por sinal.
- Claro que não cara, eu não jogo no seu time não - Josh respondeu rapidamente - e posso garantir que já alcancei muitos orgasmos pensando nos seios da - e então colocou um de suas mão sobre a boca como se tivesse acabado de dizer algo que não deveria. E bom, naquele caso ele realmente não deveria ter dito aquilo.
- Vocês são tão pervertidos, vocês não deveriam ser assim, deviam ser cavaleiros, ou ao menos poupar certos comentários na frente de uma garota. - resmunguei um pouco incomodada.
- Qual é , você sabe perfeitamente o efeito que tem sobre os homens. - respondeu dando de ombros.

- Consegue me deixar duro apenas com uma mordida nos lábios levemente quando está nervosa, tipo agora... - Josh continuou.
- E na cama é uma loucura, são poucos que tiveram a sorte de provar. - sorriu maliciosamente e totalmente orgulhoso.
- Realmente... - murmurou, talvez estivesse pensando no assunto, mas seu murmuro foi um pouco alto, fazendo com que todos ali presente ouvissem.
- Não acredito! - falou alto um pouco espantado.
- O que foi ? - Josh perguntou um pouco preocupado com o amigo.
- Eles transaram cara, não acredito! O transou com a e eu não, o mundo vai acabar cara, é gay, e levou a pra cama, e eu o máximo que consegui foi uns beijinhos. - estava um tanto descontrolado, o que tornou aquilo um pouco engraçado, eu não esperava aquela reação, não dele. - é gay - praticamente gritou.
- É melhor você perguntar logo Josh, antes que a bicha tenha uma crise de garotinha renegada, - riu, e em seguida todos riram, menos o que não havia acreditado que um gay conseguirá aquilo que ele tanto queria.
- quem dos meninos você pegaria de jeito? - Josh perguntou como quem não quer nada, no fundo eu sabia que ele queria ser desejado até mesmo pelos gays.
- ! - respondeu simples - aquela carinha de anjo com aquele sorriso safado me deixa louco, confesso que já tive sonhos eróticos com ele.
apenas balançou a cabeça e escondeu o rosto entre as mãos como se não acreditasse no que acabará de ouvir.
- Minha vez de novo. - bateu palminhas. - amadinha, espero que não esteja brava comigo - sorriu de um jeito fofo - Você colocou silicones não é mesmo? Seja sincera. Qual é o tamanho do seu sutiã?
Mas era muito gay mesmo, ele tinha muita falta de vergonha naquela carinha linda e sexy. Já que queria tanto saber se eram silicones ou naturais. Então ele iria saber e ter essa experiência maravilhosa que qualquer um ali queria ter. Coloquei um sorriso no rosto e novamente me aproximei dele, parando em sua frente.
- Meu sutiã é médio, mas acredito que está ficando apertado e eu vou ter de tracá-los por um número maior - sorri e dei mais um passo em sua direção fazendo o mesmo recuar um pouco. Peguei suas mãos e as deixei espalmadas no ar enquanto falava. - E sobre meios seios serem silicones, creio que não tenho idade o suficiente para colocar, e também meu corpo está em desenvolvimento, e como prova disso vou deixar você tocar, mas seja cuidadoso eles ainda estão bastante sensíveis. - e como isso lentamente coloquei suas duas mãos sobre meus seios e as soltei logo em seguida.
Por alguns segundos, suas mãos permaneceram imóveis, do mesmo modo que eu havia deixado. Mas logo ele chacoalhou o rosto afastando qualquer que fosse seus pensamentos, e se concentrou apenas no que estava bem a sua frente, tendo a oportunidade de tirar a dúvida que tanto lhe perseguia e me perseguia nos últimos dias.
Suas mãos começaram a se movimentar lentamente sobre meus seios, num carinho gostoso ainda por cima do sutiã. Suas mãos ganharam um pouco mais de firmeza e então ele deu uma leve apertada fazendo com que um leve suspiro escapasse de minha boca. Talvez não tinha tanto nojo de mulher como dizia ter, ou talvez fosse apenas curiosidade mesmo. Estávamos de costas para os meninos, apenas podia ver o que estávamos fazendo e o mesmo permaneceu quieto apenas observando e esperando algum sinal como os outros. Seus dedos contornaram ao redor de meus seios, afastando lentamente as alças, até ai estava tudo sobre controle. Seus dedos dessa vez encontraram o bico sensível de meus seios, e então com a ponta dos dedos ele os apertou, prendi a respiração e mordi os lábios para não deixar um gemido escapar. E então seus olhos curiosos encontraram-se com os meus, um sorriso sapeca formou-se em seu rosto assim que percebeu o que suas pequenas carícias estavam me causando. Eu não sabia exatamente como explicar o que estava acontecendo com os meus hormônios, mas sabia perfeitamente que ele seria capaz de me fazer gozar apenas com aquelas carícias.
- , acho melhor você parar - sussurrei para apenas ele ouvir, e como resposta o mesmo agarrou meus seios e os apertou com vontade, fazendo com que minha cabeça tombasse para frente caindo em seu ombro. - por favor... - ninguém havia dito nada até aquele momento, nem mesmo que era acostumado a estragar tudo, estavam todos esperando uma reação minha. Virei meu rosto em direção ao pescoço de e fiquei exatamente na altura de seu ouvido. - Se você não parar, eu vou abusar de você , eu estou tão excitada que estou quase gozando com essas pequenas carícias, então não abuse, eu realmente ando muito sensível e carente de sexo nos últimos dias... - sussurrei novamente.
- Talvez eu queira testar até onde seu autocontrole chega- sussurrou de volta.
- Acredite eu só não te agarro aqui e agora, porque não gosto que me vejam nua e fazendo sexo em público. - Ele riu, e sua respiração no meu pescoço fez meu corpo inteiro se arrepiar, e o que mais me deixava irritada era o fato de ele não ficar nem um pouco excitado com tudo que estava fazendo comigo. Senti um barulho de água se mexendo e logo ouvi passos se afastando, os meninos haviam saído da água, pude ouvir um murmuro baixo como algo "Só porque agora eu iria perguntar como o consegue se controlar perto da ", não pude deixar de não ri com aquilo. - Você quer saber o que eu faria com você, se você fosse homem? - perguntei, e ele nem se deu o trabalho de responder, apenas balançou a cabeça concordando. - primeiramente eu iria arranhar esse seu peito definido inteirinho deixando as marcas de minhas unhas pra você nunca esquecer do sexo selvagem que fizemos, depois iria beijar cada canto, sua boca gostosa que parece ter sido desenhada por anjos, depositaria uma leve mordida em seu queixo e então desceria com meus lábios pelo seu peito e em seguida para o abdome passando a língua e mordendo cada gominho definido. Sem dúvidas acho que depois do você é o Homem ou gay, tanto faz, mais sexy e gostoso que eu já tive o prazer de conhecer, depois de ter mordido cada gominho seu, desceria com minha boca até sua intimidade, beijaria seu pau ainda por cima da cueca, e observaria até ele ficar duro o suficiente para que eu abaixasse sua cueca e o chupasse como um pirulito, ou como um bebê faminto querendo mamar e...
- Chega ... - só então notei que ele havia segurado a respiração. - você é gostosa e tudo mais, mas eu não vou transar com você, é nojento e...
- Eu sei - sorri me afastando - talvez o ou o te ajudem a diminuir o volume que se encontra na sua cueca, ou talvez você consiga convencer o ou o Josh - sorri e me afastei.
- Não é nada disso do que você está pensando , isso é... - ele estava nervoso, sua respiração descontrolada, e sua tentativa frustrante de explicação estava me dando vontade de rir.
- Tudo bem , eu sei a reação que causo nos homens - sorri tentando parecer inocente - ou em meio homens, totalmente gays, como no seu caso.
E então sai da água pegando minha toalha da Barbie Butterfly que eu havia comprado em homenagem ao e mandei bordar um " " na borda, enrolei-me na mesma e entrei em casa, não poderia deixar aqueles garotos sozinhos, sabe se lá o que eles fariam sozinhos no meu quarto. Talvez estivessem em um quase sexo do mesmo modo que eu me encontrava a minutos atrás.
Qualquer um deles é um pedaço de mau caminho, não havia como não desejá-los ou ter algum pensamento impróprio, eles eram do tipo de cara que te fazem perder o juízo sem fazer nada. Gay ou não.


O que você pensa que está fazendo?


Dois dias haviam se passado desde os acontecimentos na piscina, e eu realmente me encontrava muito envergonhada pelo o que eu havia dito e feito, aquilo não era eu, talvez fosse culpa da bebida, mas para mim nada justifica o meu comportamento com o ou com qualquer outro garoto que estava ali.
Ouvi leves batidas na porta e mandei entrar quem quer que seja.
- ! - ouvi a voz rouca de . - Nós vamos sair, quer vir junto?
Me remexi na cama e puxei as cobertas até a altura do pescoço.
- Hoje não purpurina. - sussurrei quase sem voz. - Não estou me sentindo muito bem.
- Isso tudo é pelo o que aconteceu na piscina? - perguntou sentando na ponta da minha cama. Senti seus dedos passando levemente pelos meus cabelos e fechei os olhos com força tentando mandar todo aquela sensação ruim embora.
- Não é por isso. Eu realmente estou mal. - continuei com o mesmo tom de antes. - Acho que deixei todos os meus órgãos na privada.
- Você deveria ir ao médico amor, deve ser algum vírus, ou algo que você comeu.
- Já vai passar, minha mãe fez um chá e me mandou descansar um pouco. - sorri para ele sem mostrar os dentes.
- Qualquer coisa pode me ligar ta? Não importa a hora, não pense duas vezes em me avisar. - seu tom autoritário e protetor era tão fofo às vezes. Apenas concordei com a cabeça sem coragem de abrir a boca. - Tem certeza que não quer ir ao médico, eu posso te levar até lá e depois me encontro com os garotos.
- Pode ir , eu só estou indisposta, um pouco cansada e com sono, tenho certeza que assim que você sair eu vou dormir até amanhã.
Ele sorriu e depositou um beijo em minha testa, sussurrou um leve "eu te amo" e então levantou-se saindo do quarto. Puxei o cobertor até que cobrisse totalmente meu rosto, fechei meus olhos desejando acordar somente amanhã.
Meu desejo foi realizado.

(...)


Abri lentamente os olhos, percebendo então que já era de manhã. Encolhi-me na cama assim que senti leves pontadas na barriga, como se fosse uma cólica. Isso não podia estar acontecendo, eu me cuidava tanto para não precisar sentir essas cólicas malditas.
- meu amor, você já acordou, ótimo. Trouxe um café bem recheado pra você. - Minha mãe falou enquanto deixava a bandeja sobre o criado mudo ao lado de minha cama.
- Por favor, deixa essa bandeja bem longe de mim. - Cobri meu rosto com as mãos. - Não vou sair da cama hoje mãe.
- Você precisa comer ! - insistiu minha mãe.
- Vou vomitar tudo isso sobre você com prazer, se não sair daqui em dois minutos e levar essa bandeja junto.
Ela não disse mais nada, apenas bufou pegando aquela bandeja e se retirou do quarto.

(...)


Já se passava das três horas da tarde e eu ainda me encontrava na cama. Peguei meu celular em cima do criado mudo e desbloqueei a tela vendo algumas mensagens e algumas ligações perdidas do , o qual eu fiz questão de ignorar. Eu ainda estava chateada com ele por causa do que ele dissera na piscina, sobre não ter rolado nada entre nós, pode não ter significado nada para ele, mas para mim foi totalmente especial, eu realmente o amava.
Conectei meus fones, e então deixei minha playlist com músicas românticas sobre ex-namorados, corações partidos e lágrimas. A voz de Taylor Swift ecoou em meus ouvidos, e então me desliguei do mundo ficando perdida em pensamentos.
Tudo na minha vida tinha mudado completamente desde o início do ano. Coisas que eu achei impossíveis acontecer, eu escrevi um livro e às vezes sou reconhecida na rua, virei amiga de um jogador do time rival dos meus amigos, deixei que meus sentimentos do passado voltassem mais fortes, meus pais vão me deixar sem data certa para nos vermos novamente.
Foi então que eu me lembrei do casarão se tinha algo que me acalmaria e que faria com que eu me sentisse bem, era aquele lugar, aquelas pessoas.
Então levantei-me da cama, pegando minhas calças que estavam jogadas no chão, catei uma blusa qualquer no guarda roupa e sai calçando meus tênis, sem dizer onde eu iria, eu não devia explicações para desconhecidos, porque para mim aquelas pessoas que estavam na minha casa, não eram meus pais, eram pessoas que me colocaram no mundo e me abandonaram como se eu fosse um nada, eu não precisava deles.

(...)


-! - Lorenzo gritou assim que me viu - é tão bom te ver por aqui novamente, pensei que nunca mais nos veríamos.
- Como você pode pensar algo desses Lorenzo? - abracei o ex-mendigo que se tornara uma pessoa muito especial em minha vida. - vim ver como estão as coisas por aqui. Como você está? E as crianças?
- Estamos muito bem, nunca vou saber como agradecer por tudo o que você e o fizeram por nós. Vocês salvaram minha vida, me deram um lar, uma família. As crianças vão até para a escola agora, e isso é tão gratificante. Espero que um dia você receba o dobro da felicidade que nos dera.
- Que isso Lorenzo. - sorri sentindo meus olhos lacrimejarem, era incrível como eu conseguia mudar de humor rapidamente. - Você me ajudou em um dia difícil e eu apenas retribui o favor.
- Mamãe! - ouvimos um grito e nos viramos para o final do corredor, onde estava Cams parada nos encarando um pouco maravilhada. - você voltou mamãe. - e então ela correu em minha direção abraçando minhas pernas.
- Princesa! - me abaixei a abraçando. - como você cresceu meu amor, está tão linda.
- Senti sua falta mamãe. - soltou-me de seu abraço, passando a mão sobre os cabelos retirando os fios que haviam caído sobre seus olhos. - você vai brincar comigo hoje?
- Claro meu amor, vamos lá - Levantei-me e segurei sua mão. - depois continuamos nossa conversa Lorenzo.

(...)


Cheguei em casa faminta e totalmente cansada, brincar com a Cams havia acabado comigo, minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento, deveria ser por eu não ter comido nada o dia todo e já era quase nove horas da noite.
Passei correndo pela sala, mas voltei assim que ouvi um barulho de tosse. Dei alguns passos para trás e então encontrei meus pais, junto de um que não tinha uma feição muito boa no rosto.
- Aconteceu alguma coisa? - perguntei preocupada.
- Nos diga você . Como assim você sai sem dizer onde vai? Ficamos preocupados. - Minha mãe se encontrava levemente irritada.
- Você só pode estar brincando, né? - Ri, aquilo só poderia ser alguma piada. - Vocês nunca se importaram, não ia ser diferente agora.
- Somos seus pais, você nos deve uma explicação. - Adam levantou-se totalmente irritado.
- Vocês nunca foram meus pais.
E então virei às costas e corri para o meu quarto. Só não bati a porta porque algo me impediu.
- O que você pensa que está fazendo? - perguntei irritada, vendo o parado em frente a minha porta.
- Você pode não dever explicações para os seus pais, mas deve para mim, eu cuidei de você a vida inteira, te protegi de tudo de ruim que o mundo possui e, é assim que você agradece? Ignorando minhas ligações, sumindo por horas sem ter comido nada o dia todo...
- Juro que não entendo você . - Ri passando as mãos sobre os cabelos nervosa - Eu fui até o casarão, estava com a Cams até agora, satisfeito?
- Não me entende , eu quase morro de preocupação e você ainda ri na minha cara?
- Não te entendo , você está me enlouquecendo. - segurei o máximo possível para não gritar. - Você disse que nunca havia rolado nada entre nós, quando simplesmente você me deu a melhor noite da minha vida, você diz que não me quer, mas sente ciúmes e não deixa nenhum menino se aproximar de mim. Você me ignora a maior parte do tempo, mas não suporta quando eu faço o mesmo com você. O que você pensa que eu sou? Algum tipo de brinquedo que você guarda no baú e brinca quando sente falta ou quando não tem mais nada de interessante para fazer? Eu tenho sentimentos sabia? Você diz que me protegeu de todas as coisas ruins que o mundo possui, mas esqueceu de me proteger de você, desse maldito sentimento que faz meu coração acelerar toda vez que você se aproxima...
- Você sempre soube da minha opção sexual . Sempre soube que eu era gay, desde adolescentes, você não deveria ter se apaixonado, era apenas um livro, algumas experiências por qual motivo você não controlou seus sentimentos? Por que você tem que estragar tudo? Isso só vai acabar com a nossa amizade.
- Você não entende, não é mesmo? - sorri engolindo as lágrimas e ignorando a dor que aquilo me causou. - Você nunca enxergou o que estava bem embaixo do seu nariz. Eu sempre estive aqui pra você porque te amava, porque sempre nutri sentimentos maiores que amizade por você. E você sempre acha um jeito de me machucar, começando por aquele maldito Bryan, lembra-se dele não é? Por que eu lembro das noites que passei acordada ouvindo você chorar por ele ter te deixado. Eu te amava quando você pegou Jhonny na cama com outro e eu te consolei e te impedi de fazer alguma besteira. Eu te amei mesmo quando você disse que Isaac era a melhor coisa que aconteceu na sua vida. Eu estive aqui quando você escondeu seu relacionamento com o , e perdoei sua traição com o . Sabe por quê? Porque eu te amo.
Eu estava orgulhosa de mim por não ter derramado uma única lágrima durante o meu discurso. Havia deixado sem fala e não tinha prazer maior do que esse naquele momento.
- Lembre-se exatamente de cada palavra que você acabou de ouvir , porque eu não vou mais repetir. Espero de coração que esse cara com quem você ta saindo e se encontrando escondido te ame como eu te amei, ou até mais, porque eu não desejo pra você tudo o que você fez com que eu passasse. Agora você pode me dar licença? Eu realmente estou cansada, foi um longo dia, e eu preciso de um banho e cama.
Abri a porta e apontei a mão para a saída. E o observei sair com aquele olhar culpado, perdido em pensamentos, totalmente atordoado. Eu posso não ter chorado na frente dele, mas tinha certeza do que iria acontecer assim que eu fechasse aquela porta.


Quase ator pornô...


- , eu já disse que não.
- Mas ... Só tenho você. - Choramingou no outro.
- Chama um dos meninos, mas eu não vou te ajudar nisso, nessas férias vou ir atrás de fazer alguma amizade feminina.
- pensa comigo. Se eu pedir isso para o , ele vai querer dar na minha cara, você conhece aquele jeito preconceituoso dele. O nem pensar vendo que já namoramos e isso seria estranho. O iria ficar reclamando o tempo todo, isso se não ficar pedindo o numero de qualquer garota que passasse na frente dele. Josh já foi para Orlando com a sua irmã a duas noites atrás. E o , eu ainda não vou muito com a cara dele, sinto que a qualquer momento ele vai aprontar algo grande contra nós. - Bufou, e eu podia ter certeza de que ele estava revirando os olhos no outro lado da linha.
Suspirei já derrotada.
- Eu nunca deveria ter ouvido o a meses atrás mandando eu te tratar bem, olha só no que deu, você se aproveita da minha boa vontade. Eu vou com você nesse ensaio , mas é a primeira e ultima vez.
- Eu te amo , esteja pronta em quinze minutos e tenta não brilhar mais do que eu.
Levantei-me da minha cama muito contra minha vontade. Pela fresta das cortinas pude ver que estava fazendo um dia bonito lá fora. Não tinha planos para sair de casa hoje, mas acontece que o meu querido e lindo amigo continuava com aquela ideia de ser ator pornô e estava indo fazer uma sessão de fotos sensuais e pode parecer estranho, mas um homem daquele tamanho estava com vergonha de ir sozinho. Depois de muita briga consegui abrir a porta do meu closet e quase ma assustei quando vi toda aquela bagunça, precisa urgentemente contratar alguém para arrumar, não só o meu closet, mas o quarto inteiro.
Terminei de bagunçar, jogando tudo aquilo no chão a procura de uma roupa que não estivesse amassada e que estivesse ao menos limpa. Peguei uma regata rosa clara com alguns detalhes de renda florida, e um short de lavagem clara que eu havia usado poucas vezes, e pelo que eu me lembro ele ficava tão grande que eu tinha que usar cintos, mas dessa vez ele quase nem entrou, tive que me espremer de tudo que foi jeito pra poder entrar, e além de ter ficado curto, ficou totalmente apertado destacando cada curva daquela parte. E eu não me lembrava de ter criado tanto corpo em tão pouco tempo, criei uma nota em mente de ir procurar uma academia, aquilo era resultado de todas as porcarias que eu e o comíamos quando estávamos entediados, o que acontecia na maior parte do tempo. Coloquei minha sandália que era da mesma cor da blusa, e prendi o cabelo em um rabo de lado no alto da cabeça, que não reclamasse, eu já havia feito demais em levantar da cama para ajudar ele.
Desci as escadas mexendo no celular, de acordo com o que disse, ele estaria ali daqui cinco minutos.
- ! - ouvi a voz de minha mãe chamando minha atenção.
- Sim? - perguntei sem ainda a encarar.
- Nós vamos embora amanhã, será que poderíamos jantar todos juntos pelo menos essa noite? - Tirei a atenção celular e finalmente a encarei. Minha mãe era uma mulher maravilhosa, com uma beleza natural, seu sorriso era tão sincero, mas eu ainda tinha receio, ela iria me abandonar.
- Tanto faz, peço para o me trazer antes das oito, esta bom pra você? - Dei de ombros tentando demonstrar que nada que ela fizesse para me agradar iria mudar alguma coisa.
- ! Eu... eu sinto muito, de verdade, sei que nunca fui uma mãe presente, mas é que eu nunca me senti pronta pra ser mãe, nunca esteve nos meus planos ter filhos e quando veio você, eu era tão jovem, tão sem cabeça, que acabei me afastando e te afastando também, um dia você vai entender o que eu falo, ou talvez não, nada justifica o que eu e seu pai fizemos com você...
Aquelas não eram as palavras que eu esperava ouvir, talvez um "Eu te amo , e sinto muito por isso", mas não algo de que não estava nos seus planos ter filhos e que não estava pronta para ser mãe. Antes que eu pudesse formar qualquer frase ou palavra, a voz grave do meu pai preencheu a sala.
- da um jeito nesse garoto! - Adam apareceu na sala junto com no seu pé.
- querido, você esta lindo hoje, espero que se divirtam - Minha mãe sorriu para ele que apenas retribuiu o sorriso e passou a mão sobre meus ombros.
- Até a noite. - Respondi e segui o caminho para a rua.

(...)


- Relaxa , vai dar tudo certo. - falou enquanto eu me sentava no sofá na sala onde ele tiraria fotos.
- Como se fosse agradável te ver pelado. - Revirei os olhos e me joguei no sofá colocando as pernas para cima.
- Você não disse isso na noite da piscina enquanto estava quase rasgando o único pedaço de pano que me cobria. - Deu de ombros fazendo uma cara de nojo.
- Você prometeu que não iria tocar nesse assunto . - Senti minhas bochechas esquentarem - Você também não estava no seu normal, até porque pelo o que eu me lembre foi você que me agarrou.
- Melhor mudarmos de assunto. - Bufou, aquele assunto era realmente muito desagradável entre nós.
- Pensei que você viria sozinho . - Um homem louro alto apareceu, acho que era o fotografo, conclui isso assim que vi a máquina fotográfica em sua mão. Não me dei o trabalho de me ajeitar no sofá, apenas sorri para ele mostrando todos os meus dentes.
- Oi!
- Você vai fotografar com o ? - Sorriu um pouco decepcionado, não acredito que aquele homem com um dos pares de olhos azuis mais lindos que eu já havia visto na vida, era gay.
- Não, claro que não. - respondeu antes que eu abrisse a boca para responder. - Jake essa é a , eu falei sobre ela com você.
- Oh! Claro como eu não pensei nisso antes. - Deu-lhe um pequeno tapa na testa. - Você é tão linda pessoalmente quanto nas fotos que me mostrou, realmente leva jeito para ser modelo.
- Infelizmente isso não é minha praia. - Sorri, ainda decepcionada por ele jogar no time do . - provavelmente você já deve saber o que eu faço.
- Chega de conversa. - nos interrompeu. - Vamos começar com as fotos? Estou ansioso.
- Claro. - Jake sorriu para ele, e logo eles se afastaram um pouco, enquanto Jake ia explicando algumas coisas, o que deveria ou não ser feito.

(...)


- , princesa! - Ouvi uma voz um pouco distante me chamar. - Acorda .
Abri lentamente os olhos, piscando em seguida.
- Vamos embora? Você acabou dormindo no meio do ensaio.
- Desculpa, sou uma péssima amiga. - Cocei os olhos.
- Digamos que isso me ajudou bastante com aquele gato, obrigada por ter dormido. – Riu. - Finalmente sou quase um ator pornô, agora só vamos esperar meu par. - Estendeu a mão para me ajudar a levantar.
- Me leva no colo Borboleta?
- Você tem que parar de andar com o , esses apelidos sem graça estão passando pra você, pelo menos você não me chama de "Brilhinho sem glitter". Todo mundo sabe que eu brilho mais do que ele.
Joguei a cabeça para trás e gargalhei com aquilo.
- Que horas são?
- De acordo com o meu relógio. - Encarou o relógio em seu pulso. - São sete e vinte da noite. Esta com fome?
- Muita fome. – Sorri. - Mas vou jantar com meus pais hoje.
- Espero que dê tudo certo. Vamos?

(...)


- O que tem pra comer? - Gritei enquanto entrava em casa.
Meus pais estavam na sala me aguardando. Adam balançou a cabeça em negação assim que ouviu meu grito.
- Estávamos a sua espera querida e eu...
- É claro que estavam. - A interrompi enquanto revirava os olhos.
- Eu preparei uma comida simples. - Continuou Cecília. - Boeuf Bourguignon apesar do nome chique é um prato simples e clássico da culinária francesa.
- Por mim você poderia ter feito aqueles mega sanduíches, com ovos, bacon, bife, com molho do Burger King, batatas fritas do Mc Donalds com batante katchup, e tudo essas coisas gordurosas e...
- Nada saudável... - Adam me interrompeu. - Cocê passaria mal se comesse tudo isso de uma vez só.
- Foda-se, eu estou com vontade, e só não saio agora atrás disso porque prometi a Cecília que estaria aqui para o jantar.
- Mãe!
- O que? - Perguntou confusa.
- Não é Cecília, sou sua mãe. - Expicou-se.
- Olha eu não estou afim de uma discussão, não agora, então podemos ir comer? Estou faminta, só tomei o café da manhã.
- Claro!

(...)


- ? - Perguntei assim que ele atendeu o celular sem falar nada.
- O que foi ? - Sua voz rouca do outro lado da linha revelou que estava dormindo há horas já, não era pra menos já se passava da uma hora da manhã.
- Estou com fome. – Choraminguei.
- É só você descer aquela longa escada que tem no inicio do seu corredor, dar uns dez passos e virar a esquerda que vai encontrar algo chamado cozinha. - Zombou, e ouvi um bocejo seu.
- Não é isso . - Choraminguei novamente. - Quero comer sanduiches do Mc donalds, mas estou com muita vontade de comer aquele Mc Flurry ovomaltine com cobertura extra de chocolate e pedaços de morango, por favor, .
- , é uma e vinte e sete da madrugada.
- Por favor , eu não consigo dormir, é muita vontade. - Dessa vez eu funguei, era tanta vontade que eu ja chorava de nervosa.
- ! Vou matar você por isso, no máximo em quarenta minutos eu estou ai com o seu lanche e o sorvete nojento.
- Obrigada , não sei o que faria se não tivesse você na minha vida. - Ouvi um riso rouco do outro lado da linha e automaticamente sorri também.
- Até daqui a pouco , ja arruma um lugar do seu lado da cama porque vou dormir ai...
Então a ligação foi finalizada e eu esperei ansiosamente por ele.


Certas coisas precisam acontecer pra dar lugar a outras.


- Huum , isso é muito gostoso... Hum que delicia... Se soubesse que era tão bom teria experimentado antes. Huuuuuum.
- sua idiota da pra parar com a palhaçada? - resmungou colocando mais um travesseiro sobre seu rosto. - Come essas merdas de boca fechada, já são passada das duas horas da madrugada e eu pretendo dormir, então por favor...
- Alguém está de TPM. – Debochei. - Mas sério você deveria experimentar, esta tão gostoso.
- Deve estar ótimo. - Bufou. - Por favor, , daqui há algumas horas já estou embarcando para o Canadá, é uma longa viagem.
- Desculpa. - Sussurrei dando mais uma mordida no meu Hamburger sentindo o queijo se derretendo na minha boca, e juro que tentei conter o gemido de prazer devido aquela coisa maravilhosa.
- . - praticamente rosnou quase jogando seu travesseiro em mim, mas lembrou que eu estava com comida no colo e parou o ato na metade do caminho.
Sorri mostrando meus dentes e o mesmo começou a rir, acho que deve ser pelo fato de estar com a boca cheia e deveria ter algum alface ou seila o que nos meus dentes. Pouco me importava, eu só queria comer mesmo.

(...)


Acordei horas mais tarde com o barulho de portas batendo e muitas vozes falando ao mesmo tempo. Passei a mão na cama a procura do mas senti o lado onde ele dormia vazio e bufei irritada por ele não ter se despedido, ele só voltaria daqui três semanas e de alguma forma eu iria sentir muito a falta dele.
Levantei da cama e caminhei até a porta sentindo meu corpo em zig zag. Desci aquelas enormes escadas de pijama mesmo, pouco me importando se tinha pessoas desconhecidas andando pela minha casa.
- O que esta acontecendo aqui? - Perguntei a minha mãe assim que a encontrei no meio daquela bagunça.
- A mudança ... É hoje.
- Mudança... - Senti um aperto no peito, por mais que eles não fossem pais presentes na minha vida, eu iria sentir falta dele, não iria ficar nenhum objeto que lembrassem eles naquela casa, não ficaria nenhum sinal de que eles algum dia moraram ali, a não ser eu. E aquele sentimento de abandono percorreu meu corpo inteiro, apertou o coração e senti que ele queria sair pelos olhos, eu não iria chorar, eu não poderia. - Para qual lugar do mundo vocês vão dessa vez? - perguntei tentando parecer indiferente.
- Texas. - Respondeu minha mãe ainda sem me encarar. - Talvez mais tarde iremos para Nova Iorque, acho que a capital da moda combina mais comigo.

"Pais... em que lugar do mundo eles devem estar? Acho que o sapato da moda da próxima estação é mais importante do que a filha bastarda"

Balancei a cabeça tentando ignorar aquela lembrança de uma das conversas que eu tive com a Dona Beth alguns meses atrás.
- Vou ir me trocar, vou ir visitar dona Beth e talvez depois eu vá ao Casarão ver o Lorenzo.
- Quem é Dona Beth? - Perguntou e dessa vez sua atenção estava em mim.
- A mãe que você nunca foi e nunca vai chegar aos pés de ser. - Sorri de um modo vitorioso para ela e corri escada à cima, deixando minha querida mãe sem palavras para a minha resposta.

(...)


Eu não iria ver Dona Beth por dois motivos, primeiro: a essa hora ela estaria em algum lugar no céu por estar indo para o Canadá, e segundo: a cafeteria não abre nas férias, se eu fosse a ver seria apenas um visitinha em sua casa. Mas eu jamais diria isso a minha querida mamãe, jamais daria esse gostinho de vitória a ela. Então nesse exato momento o taxi acabou de parar na frente do casarão.
- Muito obrigada. - Agradeci ao taxista, assim que ele me entregou o troco e sai do taxi.
Fiquei encarando aquela enorme casa que há alguns meses atrás era abandonada e talvez agora poderia fazer parte de uma das casas mais bonitas de Londres. Três andares pintados de branco com as enormes janelas em tons de azul um pouco escuro. Eu podia ver perfeitamente alguns livros da biblioteca que ficava no segundo andar. Ao observar aquilo tudo fiquei um pouco orgulhosa do que eu e fizemos, nós poderíamos muito bem não ter feito nada, ter ido ali e fingido que nada aconteceu, gastamos metade do que conseguimos com os livros ali, e eu não me importo de ter gastado todo aquele dinheiro, nós fizemos um bem danado para muitas pessoas, demos onde morar, comida garantida e estudo.
Abri aquela enorme porta de madeira toda detalhada com desenhos indefinidos, isso só podia ser coisa do e da sua mania por desenhos e grafites, eu nunca tinha reparado nisso antes. Revirei os olhos imaginando o tanto que aquela porta deve ter dado trabalho para quem a colocou ali, tenho certeza que o ficou enchendo o saco o tempo todo.
Caminhei por aqueles corredores ouvindo apenas o barulho dos meus passos, provavelmente as crianças foram dar algum passeio por Londres.
- !
- Lorenzo! - Sorri e fui ao encontro do mesmo lhe dando um forte abraço.
E foi ai que eu me toquei que nunca havia lhe dado um abraço. É como dizem por ai "A gente só descobre a necessidade de um abraço quando precisa de um". Seus braços rodearam meu corpo e me apertaram com força, me transmitindo toda a segurança do mundo, mandando embora toda aquela angustia que eu estava sentindo em relação aos meus pais. E então eu deixei as lágrimas caírem, não era aquilo que eu esperava que acontecesse, mas através daquele abraço, senti todo o sentimento que eu queria que meus pais sentissem por mim. Lorenzo sempre me ajudou, não muito, mas no momento em que eu achei que era o mais dificil de minha vida, ele apareceu como um anjo e me fez desistir da loucura que eu queria cometer, ele fez eu ver que existem problemas muito maiores que os meus.
- Ei o que aconteceu? - perguntou mexendo em meus cabelos . - Alguma coisa com o ou seus amigos?
Neguei com a cabeça ainda não conseguindo falar devido aos meus soluços, e agradeci mentalmente por as crianças não estarem ali.
Respirei fundo, segurei o ar por alguns segundos tentando me acalmar e soltei logo em seguida.
- Meus pais estão indo para o Texas hoje e vão me deixar aqui, como alguém pode ser tão cruel ao ponto de largar a própria filha em outro continente só para viver na capital da moda daqui alguns meses. Sabe o que é pior? É saber pela boca da sua própria mãe que você não era algo planejado, em outras línguas, ela quis dizer que eu só atrapalhei a vida dela, eu só queria ter pais presentes Lorenzo, é demais pedir por isso? Eu faço dezoito anos daqui alguns meses, mas no fundo sou apenas uma criança que precisa de amor, de atenção.
- Vem cá , vou preparar um chá para voce e vou te contar uma história, não é muito interessante mas talvez te ajude, ou sei lá algo deve acontecer...
Limpei as lágrimas com as costas das mãos e o segui até a cozinha seguindo Lorenzo. Sentei-me e fiquei o observando enquanto ele pegava as coisas para preparar nossos chás. Lorenzo era um homem alto acho que deveria ter um metro e oitenta de altura, havia cortado aquela enorme barba que o fazia competir com o papai noel de tão grande, mas os cabelos continuavam compridos destacando seus olhos azuis brilhantes, o olhando dessa maneira nem aparenta ter seus quarenta anos. Quando o conheci meses atrás, naquele estado, suas roupas parecendo trapos de tão rasgadas, seus dentes amarelos, não imaginei que com todo esse cuidado ele se tornaria algo assim.
- Há alguns anos atrás... Muitos anos atrás, eu costumava morar no melhor bairro da cidade, na casa mais bonita e ser considerado o garoto do Ano, todos conheciam quem eram meus pais, sabe aquele comercial de margarina, que a família aparece toda feliz? Pois então, era exatamente como nós éramos quando estávamos em publico. - Pausou enquanto colocava as xícaras de chá sobre a mesa e me alcançava o açucar. - Eu costumava ter tudo o que eu queria, quando eu queria, e mesmo tendo a atenção dos meus pais eu era infeliz, eram brigas e mais brigas todos os dias, gritos sobre gritos, ameaças e mais ameaças, e na maior parte do tempo eu desejava que estivéssemos em público pra toda aquela paz voltasse e os sorrisos também, mas isso nunca durava muito tempo. Eu os amava , e eles também me amavam, não foi algo como o que aconteceu, que sua mãe lhe disse que não tinha te planejado. Eu fui planejado e amado de todas as maneiras. Vi a fama subir á cabeça do meu pai, vi o casamento dos meus pais desabarem aos poucos e as brigas só pioraram, e então num dia qualquer, como quem não quer nada meu pai atirou na minha mãe, e acertou exatamente no coração, como se tivesse treinado aquilo há muito tempo. E eu presenciei toda aquela cena, desde o momento em que ele saiu de seu escritório, seu caminho pelo corredor e escada até chegar à biblioteca na sala dos fundos, onde minha mãe se encontrava distribuindo sorrisos para um livro qualquer que estava lendo. Ele apertou o gatilho uma única vez, havia uma única bala lá dentro, ele atirou para acertar, não foi pra dar um susto, foi pra matar mesmo. E o que você acha que um garoto imaturo de dezesseis anos fez? Antes de fugi ouvi muitas ameaças do meu pai sobre o que aconteceria comigo caso eu abrisse a boca, e naquela mesma noite eu fugi de casa, fugi pra nunca mais voltar...
Agora toda aquela conversa que tivemos quando nos conhecemos fazia sentido, Lorenzo havia sido traumatizado, e novamente segundo o que dizem alguns traumas são para sempre, existem dores que sempre existirão e cicatrizes que nunca vão curar. E esse deve ser o real motivo de acharmos um amor para substituir outro. Lorenzo substituiu o amor que ele sentia pela mãe e que a mãe sentia por ele pelas crianças de rua. Ele nunca vai superar a cena que presenciou, mas isso o mantém ocupado e o faz feliz, exatamente como ele era quando mais jovem.
- Sinto muito. - Sussurrei sem ter o que falar, aquilo era chocante demais. E mais uma vez eu vi que minha vida não era tão horrível como eu julgava ser.
- Olhe em volta , existe pessoas muito melhores que seus pais para você se preocupar. Eles não te amam? Olha a quantidade de amigos que você tem que se preocupam realmente com você. Eles não se importan? Foda-se eles, olha o quanto você conquistou, olha tudo o que você superou sem precisar deles. Você é muito mais do que eles , eles não merecem nenhuma dessas suas lágrimas.
- As vezes eu me pergunto o porque você não é meu pai... Seria tudo tão mais fácil.
- Certas coisas precisam acontecer pra dar lugar a outras. Talvez se eu fosse seu pai nunca nos dariamos tão bem assim, ou talvez poderia acontecer o mesmo que aconteceu comigo.
- Muito obrigada por tudo que você tem feito por mim... Pai.
- É para isso que existem os pais... Filha.


Uma perda que não é perda de verdade...


“Ela sempre se fazia de forte em relação aos seus sentimentos; Dava a impressão de uma muralha da china mas na verdade era só mais um castelinho de areia.” - William Shakespeare.


(...)


- ...
- ? Aconteceu alguma coisa? - Sua voz do outro lado da linha entregava sua preocupação.
- Não aconteceu nada. Será que você poderia vir me buscar? Eu to aqui no casarão, eu não queria te incomodar, mas o não atende o celular e eu não...
- Tudo bem. - Interrompeu-me. - Não precisa se desculpar , é meu dever cuidar de você. Chego ai em dez minutos.
- Obrigada. - murmurei e desliguei o telefone.
Funguei mais uma vez, e passei as costas das mãos sobre o rosto tentando limpar algumas lágrimas que ainda caíam. A conversa com Lorenzo realmente havia mexido com o meu psicológico.
- Você tem certeza que se sente bem para ir embora ? - Lorenzo perguntou assim que retornou a cozinha. - Não quero que você vá embora sozinha, já é tarde, você pode ficar em um dos quartos das crianças...
- esta vindo me buscar. - Suspirei em desgosto- pelo menos para alguma coisa ele presta...
- Você esta sendo muito dura com ele, não acha?
- Acredite Lorenzo, ele merece muito mais do que isso. Vou esperar lá fora, até mais...
Abracei mais uma vez Lorenzo, e segui meu rumo até a saída em passos rápidos, sentia que depois de todas aquelas histórias e dramas o ar havia ficado pesado deixando um clima tenso e triste.
Assim que abri à porta a brisa fria bateu sobre meu corpo fazendo-me arrepiar-me instantaneamente, em seguida me amaldiçoei por não ter levado um casaco junto. Olhei para o céu a procura de alguma estrela e nada havia lá, a não ser o azul escuro misturado com o alaranjado que indicava uma chuva em breve. Dias assim me faziam refletir a vida que eu levava, era como uma roda gigante com seus altos e baixos, esse é apenas um momento ruim que eu tenho que passar e provar para mim mesma que eu sou forte o suficiente para superar. Mas não custava nada a vida ser mais um pouco mais fácil para mim.
O barulho de pneus derrapando despertou-me dos pensamentos tristes, o PT Cruiser de se aproximava, se tinha um carro que eu odiava era aquele, mas dizia que era seu bebê e que era sofisticado e lhe dava um ar de badboy na maioria das vezes. O carro parou exatamente em minha frente, e nada precisava ser dito, ele não era nenhum cavaleiro para ir abrir a porta para mim, e eu também não esperava que ele o fizesse.
Eu mal havia fechado a porta e o carro ja estava andando, parece que alguém estava com pressa.
- Desculpa se atrapalhei em algo. - Falei depois de alguns minutos em silêncio.
- Você não atrapalhou em nada .
- , eu te conheço melhor que até mesmo você, conheço cada expressão em seu rosto, sei cada movimento seu quando esta nervoso, então não tenta mentir para mim.
Um suspiro pesado escapou da sua boca, e o mesmo forçou os olhos logo prestando a atenção na estrada novamente.
- Esta tudo bem ...
- Porque você ta escondendo ele de mim?
- O que te faz pensar que eu tenho alguém? - Direcionou seu olhar para mim pela primeira vez desde que eu entrei naquele carro.
- Não precisa me responder se não quiser, mas eu sei que você tem alguém, como eu ja disse, eu te conheço melhor do que qualquer outra pessoa. - Funguei, percebi que ainda havia vestígios do meu choro.
- Porque qual motivo você esteve chorando ? - Perguntou enquanto parava o carro. Vi pela minha janela que ja estavamos em frente minha casa e então ja fui logo soltando o cinto.
- Nada que seja do seu interesse.
Abri a porta e bati com força pouco me importando se iria gritar comigo.
- Tudo que acontece com você é do meu interesse. - Ouvi outra batida de porta, e então parei na metade do caminho virando-me para encará-lo.
- Porque não me procurou antes ? Eu sou sua melhor amiga como você pode me abandonar em um momento como esse?
- Porque eu fiquei pensando em tudo o que você disse, eu fiquei confuso e ao mesmo tempo fiquei com medo de perder você, eu não queria que as coisas chegasse a esse ponto. Eu amo você , você é minha melhor amiga, é minha irmã e eu não posso te abandonar, só entenda uma coisa, eu não posso te dar o que você quer, o que você precisa. Não posso te culpar por ter se apaixonado, mas você também tem que entender minha sexualidade, minha escolha de vida, no fundo você sempre soube, só não queria aceitar.
- Meus pais foram embora hoje , você sabia disso? Onde você estava? Você ao menos se deu o trabalho de lembrar-se disso? Vamos rever nossa amizade? O que você fez por mim todos esses anos? Me invejou e quis ter meu corpo, roubou meu namorado, partiu meu coração, não estava presente no momento em que eu mais precisei, me ignorou, mentiu... O que mais? Sinto que falta algo... Ah claro, você também me usou, não é mesmo? Enquanto eu era sua cobaia para seu livro idiota eu era a melhor, não é mesmo? Ai quando você alcançou seu sucesso me descartou como sempre faz e....
Sua boca colou na minha me impedindo de continuar, seus dentes puxaram levemente meus lábios os entreabrindo dando passagem para sua língua encontrar a minha. Suas mãos seguravam fortemente cada lado de meu rosto impedindo que eu me afastasse dele. Não era exatamente o que eu imaginava que iria acontecer, mas a sensação que os lábios dele me causavam não tinha comparação, eu o odiava com todas as minhas forças por fazer aquilo comigo, por me iludir daquela maneira e me fazer criar falsas lembranças. Mas quando seus lábios encostavam-se nos meus era impossível não pensar em outra coisa que não fosse ele, eu havia entrado numa rua sem saída, num caminho sem volta. Ele sabia o poder que tinha sobre mim, e usava isso ao seu favor.
- Porque você faz isso comigo? - Perguntei assim que encerramos o beijo, nossas testas ainda estavam coladas. Sentia meus olhos começarem a lacrimejar.
- Desculpa por ser esse péssimo amigo, e por não ter feito nem a metade do que você fez por mim. Sei que sou idiota e todo errado, mas eu nunca consigo achar a maneira certa para fazer as coisas. Eu morro de medo de te perder e acabo sempre fazendo algo para estragar isso fazendo você achar o pior de mim. Desculpa por ter feito você achar que eu só estava te usando esse tempo todo, essa nunca foi minha intenção. Eu só quero o melhor pra você , quero que você encontre o cara certo que vai te fazer muito feliz, e você melhor do que ninguém sabe que eu não sou esse cara. Você é linda, e se eu fosse uma mulher desejaria que fosse sua Gêmea. Me desculpa de coração, mas eu não posso ser o cara que você precisa.
E então ele se afastou, dessa vez me encarando nos olhos, eu queria muito chorar depois de tudo o que ele me disse, mas chorar demonstra fraqueza e naquele momento tudo o que eu menos precisava era que ele me achasse uma fraca.
- Eu te amo , mas acho melhor a gente se afastar por um tempo, até as coisas se ajeitarem, até seus sentimentos irem para o lugar certo. Eu sou desse jeito, todo errado, como te disse antes, eu sou gay, gosto de homens e você não pode mudar isso.
Coloquei as mãos sobre o rosto tentando esconder as lágrimas que aos poucos estavam começando a cair, logo em seguida ouvi o barulho de seu carro dando partida. Podia sentir perfeitamente cada pedaço do meu coração se quebrar. Eu não estava perdendo o cara pelo qual eu estava apaixonada e era gay, eu estava perdendo meu irmão, meu melhor amigo, o cara que mesmo não estando em momentos importantes da minha vida, sempre esteve comigo. E dor nenhuma supera a dor da perda. Uma perda que não é perda de verdade é aquela que esta bem próxima, mas não pode ser sua, e você acaba estragando o pouco que tem até que não exista mais nada.


Uma revelação (O que deve fazer?)


"E de repente você encontra alguém que te acalma, e quando você se acalma, você se dá conta das coisas. - paixão sem limites."


(...)



Depois que foi embora a única coisa que eu fiz, foi correr para dentro de casa e trancar-me la desejando nunca mais sair. Era eu que deveria tomar aquela decisão, não ele. Como alguém poderia ser tão idiota daquela maneira, ele estava sendo egoísta. As coisas sempre tinham que se do jeito dele.
Rolei pela cama, sem conseguir fechar os olhos por um único minuto, o choro de horas atrás havia ajudado com a falta de sono, sentia pontadas sobre minha barriga que fazia meu corpo inteiro se contorcer de dor. Peguei meu celular em baixo do travesseiro para olhar as horas, já eram quatro e quinze da madrugada. Eu estava sozinha e com medo, sentia dores desconhecidas, como se fossem cólicas porém mais profundas que faziam meu corpo inteiro se estremecer. E então eu digitei o único número que eu sabia que poderia me ajudar neste momento.

- Alô?! - ouvi a voz rouca e totalmente confusa do outro lado da linha.
- me ajuda. - choraminguei sentindo mais uma das pontadas.
- ? O que aconteceu?
- Está doendo muito , muito mesmo. Eu mal consigo fechar os olhos de tanto que dói.
- Você está em casa? Tem alguém ai com você?
- Estou sozinha, meus pais foram embora pela manhã.
- Espera exatamente onde está, chego ai no máximo em dez minutos.

(...)


E como prometido, chegou em minha casa em menos de dez minutos, por mais que no início eu o tenha julgado mal, agora o considero um grande amigo, aquele tipo de pessoa que se mantém sempre por perto, um verdadeiro amigo.
Seu carro voava entre as ruas, e tínhamos muita sorte em não ter muito movimento no trânsito naquela hora do dia, ainda não era nem cinco horas da manhã.
Assim que o carro parou no estacionamento do hospital, se apressou em correr até a outra porta mal dando tempo para que eu tirasse o cinto. Suspirei sentindo algumas lágrimas ja caírem por conta da dor e as mãos de rodearam minha cintura, pegando-me no colo como se eu fosse um bebê e precisasse de todo o cuidado do mundo. Afundei meu rosto no vão de seu pescoço e então entramos no hospital.

- Preciso de um atendimento urgente. - falou assim que encontrou a recepcionista.
- Desculpa senhor, mas devido ao horário você vai ter que aguardar por alguns minutos. - a garota respondeu. Afastei um pouco meu rosto do corpo de e a encarei por alguns segundos. Parecia o tipo de garota mimada que nunca precisou fazer esforço algum na vida para conseguir algo, e só estava trabalhando ali por obrigação. Porém seu tom era educada mostrando o quanto ela era fina.
- Pode repetir? Eu não entendi... - a voz sarcástica de até assustou-me de leve.
- Você vai ter que esperar.
- Olha aqui garota, juro pra você que se a minha amiga piorar eu vou processar você por negar atendimento. Você por acaso sabe quem é ela? - perguntou com seu tom de voz grosso e quase fora de controle. A garota ainda confusa negou com a cabeça. - Ela é de Manual de como conquistar um Homem, agora você sabe? Pois então, ela é linda, rica e famosa, se acontecer algo com ela pode ter certeza que nunca mais você vai conseguir emprego em qualquer outro lugar do mundo. Então é bom você levanta a sua bundinha pequena dessa cadeira e ir atrás de um médico. E depois vai retocar essa maquiagem porque aqui é um hospital e não um puteiro, ninguém é obrigado a olhar para uma pessoa que tem cara de convite para um sexo fácil.
Até eu me assustei com o que disse, a garota arregalou os olhos e seu rosto estava tão vermelho quanto o interior de uma melancia. Ela levantou de sua cadeira e rapidamente sumiu entre os corredores atrás de algum médico.

(...)


- E então , o que você está sentindo? - a mulher de cabelos grisalhos perguntou.
- Estou sentindo muitas dores na barriga, é como se fossem cólicas só que mais profundas.
- Deite-se aqui. - apontou para a pequena cama em sua sala. pegou-me no colo novamente com todo o cuidado que poderia ter e me levou até a maca. - Mostre-me exatamente onde são essas dores. - levei minha mão até minha cintura, passando pela parte entre meu umbigo e minha vagina deixando um leve aperto ali, gemendo logo em seguida por conta da dor que senti. A doutora virou para a mesa ao lado da cama e pegou um de seus aparelho e virou-se pra mim novamente, suas mãos desceram até onde eu havia lhe mostrado que sentia dor e então ela apertou novamente. Passou aquele aparelho que havia pego sobre aquele local, como se pudesse ouvir algo que estava ali. Após alguns minutos ela se afastou pegando uma cadeira e sentando ao meu lado.

- Você costuma ter relações sexuais com muita frequência? - estranhei sua pergunta, mas neguei com a cabeça. - Qual foi a última vez que você fez sexo?
- Acho que um mês e algumas semanas. - respondi sentindo meu rosto esquentar, eu não era acostumada falar sobre aquele tipo de assunto com desconhecidos e ainda mais na frente do .
- O que ela tem é grave doutora? - perguntou preocupado.
- Você vem sentindo alguma coisa de diferente no seu corpo? - perguntou ignorando a pergunta de , o que me fez estranhar ainda mais aquilo.
- Venho tendo muitos enjoos, quase não consigo comer porque tudo o que eu como eu acabo colocando para fora depois, sinto vontade de comer coisas gosmentas e melequentas o tempo todo, meus seios andam bastante sensíveis e sinto meu corpo indisposto o tempo todo. Sem contar que vivo perdendo o sono e não consigo dormir o resto do dia.
- Quantos anos você tem querida?
- Dezessete - respondi. - faço dezoito em janeiro.
- Tão jovem. - soltou um suspiro pesado.
- O que ela tem é grave doutora? - voltou a repetir sua pergunta.
- O que você tem, não tem cura . - senti meu corpo inteiro gelar e meu sangue parecia ter sumido do meu corpo. - o que você teve hoje, que causou essa dor, foi, digamos que fortes emoções, algo que você vai ter que evitar daqui em diante, porque como está no início é muito grave, tenta não entrar em confusões ou discutir ao ponto de te deixar nervosa como deve ter acontecido hoje. Vocês são namorados? - apontou para mim e .
- Não, claro que não. - respondeu rapidamente. - Eu jogo no mesmo time que ela.
- O que isso tem a ver com o que eu tenho Doutora?
- Tem haver que você precisa de muito cuidado . Você está grávida, e tudo indica que é uma gravidez de risco.
E foi neste momento que eu senti todo o meu mundo parar. Eu estava grávida, aguardei ansiosamente pelo momento em que aquela velha iria começar a rir e dizer que tudo aquilo não passava de uma brincadeira, mas ela não fez. Olhei para o lado encarando e ele parecia estar tão assustado quanto eu. Eu não queria ser mãe, não agora, eu não estava pronta para isso, aquele não era o momento para se ter um bebê, eu estava praticamente sozinha no mundo, eu mal conseguia cuidar de mim, como vou cuidar de um bebê. O que eu vou fazer? A minha vida simplesmente acabou...


Capítulo 2


“A vida é feita de escolhas. Quando você dá um passo à frente, inevitavelmente alguma coisa fica para trás.”
— Caio Fernando Abreu



(...)



Tudo em minha volta girava, eu simplesmente não poderia acreditar no que aquela mulher me dissera horas atrás, tudo aquilo não passava de um sonho ruim que eu estava prestes a acordar. Eu não poderia ter cometido um erro tão grave como esse. Não poderia ter sido tão desastrada ao ponto de cometer algo como uma gravides antes mesmo de ter completado dezoito anos. Eu iria perder a minha vida, minha liberdade. Uma criança apenas estragaria meus planos. E então eu chorei. Não por estar grávida mas por pela primeira vez na vida estar entendendo o que minha mãe queria dizer com o "Eu não estava pronta para ser mãe, talvez ainda não esteja", uma criança na vida dela só estragaria tudo aquilo que ela batalhou para ter. E era exatamente assim que eu me sentia. Me sentia inútil e usada. Nada poderia estar pior.
- , amor. Olha pra mim. - chamou minha atenção. Já estávamos na sala de minha casa e ele não parava um segunda se quer, talvez ele estivesse mais nervoso que eu. Encarei-o assim que ele abaixou-se em minha frente. - Essa é a hora que você precisa me contar quem é o pai do bebê.
Lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto, comprimi os lábios e neguei com a cabeça.
- Eu não posso. - sussurrei.
- Você pode e deve, . Você precisa me contar pra que eu possa te ajudar.
- Foi o pior erro que eu já fui capaz de cometer . Nunca vou me perdoar por isso.
- Você não tem que se culpar. Essas coisas acontecem. - desviou os olhos soltando um longo suspiro.
- . - soltei. Eu mal tinha certeza se tinha falado algo, talvez ele não entendesse.
- O que tem o amor? Quer que eu ligue para ele? - estava confuso, e não era para menos. Nem eu conseguia acreditar naquilo. Sacudi a cabeça negando.
- é ... ele é o pai do bebê.
Observei perfeitamente quando os olhos de arregalaram-se e sua pele lentamente foi ficando num tom pálido. Sua boca abriu e fechou-se diversas vezes e nenhum som saía dali. Ele passou suas mãos sobre o rosto e suspirou pela décima vez antes de finalmente falar alguma coisa.
- Por quê ? Por que logo o ? Porq ue não o ou o Josh? Ou qualquer outro cara daquela merda de escola?
- Não era minha intenção. - respondi sentindo medo do seu tom de voz, que ao mesmo tempo que era raivoso tinha um leve tom de pena.
- Seu maior erro não foi ter ficado grávida e sim ter se entregado logo para o cara que sempre foi o maior babaca com você. - arregalei os olhos surpresa com a sua resposta. - Você acha que eu nunca notei? Seus olhos brilham toda vez que você fala dele ou que o observa falar. Toda vez que ele se aproxima você abre um sorriso do tamanho do mundo e solta leves suspiros, porém ele sempre desprezou isso . Olha em volta, você tem noção da quantidade de caras que gostariam de ter ao menos algumas horas da sua atenção? Eu não entendo, como você pode gostar de alguém que não te dá a mínima?
- Por que você ta falando essas coisas? - perguntei sentindo minha garganta arder. era sempre o desastrado, o gay afeminado e escandaloso, como ele poderia dizer essas coisas se nunca estava atento a nada?
- Você poderia ter ficado com o , por mais que ele não quisesse nada sério, um dia ele acabaria se rendendo porque nunca foi novidade para ninguém, que ele sente algo por você. Você poderia ter ficado até mesmo com o , o cara estava disposto a te levar a sério, fez até mesmo uma declaração com rosas para você, e mesmo que ele seja um babaca na maior parte do tempo, até ele seria melhor que o .
Fiquei o encarando boquiaberta com tudo aquilo, eu não tinha uma resposta para lhe dar, e sabia que ele não precisava de uma. retribuía meu olhar, ele estava tentando ser compreensivo, mas seu lado julgador estava querendo falar mais alto. Acho que aquela sem dúvidas fora a conversa mais séria que eu já tive com ele.
- Você vai contar para o ?
- Por mais injusto e egoísta que isso possa parecer, eu não pretendo fazer isso. Não vou abortar nem nada, mas também não quero que meu filho nasça tendo o exemplo de um pai gay que não tem nada a lhe oferecer. Por culpa dele essa criança quase morre...
- Foi com ele que você teve grandes emoções?
- Nós discutimos e ele disse que achava melhor se afastar, ele é um completo babaca . - senti a raiva tomar conta do meu tom de voz. - ele foi capaz de me beijar e dizer que não era o cara certo para mim e que nunca poderia me dar o que eu precisava. é o pior ser humano de todos. Droga eu estou estragando suas férias e elas mal começaram.
- Sum, eu sei que o tem esse título de melhor amigo, porque vocês cresceram juntos e compartilharam suas vidas desde sempre, mas mesmo que você não queira eu também sou seu melhor amigo, o que me difere dele e de qualquer outro, é que jamais faria o que eles fazem, jamais te usaria dessa maneira como fez, eu não penso em você como um objeto sexual, penso em você como a irmã que eu não tive a oportunidade de ter, você pode não ter gostado de mim no início, mas assim que meus olhos bateram em você pela primeira vez, no dia em que eu cheguei naquela escola, você estava com suas calças pretas manchadas com algum corte no joelho e também tinha uma camiseta de um cantor de reggae e meu Deus seus cabelos pareciam que nunca tinham conhecido uma escova, você estava emburrada com algo e havia se jogado em baixo de uma árvore, de canto de olho eu via você cuidando eu e , e desde então eu descobri que você era o tipo de amiga que eu queria levar para o resto da vida. Então não pense que está estragando minhas férias, eu gosto de passar um tempo com você, mesmo que você queira me manter longe.
Se antes eu estava tentando conter as lágrimas, agora ja era um ato impossível. Nunca ninguém havia dito algo como aquilo para mim. já havia feito uma pequena declaração assim como , mas nada se comparava com aquilo que disse. Era algo totalmente sem segundas intenções. Fez-me sentir especial. Aquele sim era o tipo de amigo que eu sempre havia procurado em . E como diz Lorenzo "certas coisas devem acontecer para dar lugar a outras", se eu e não tivesse brigado, eu nunca teria passado mal e nunca conheceria esse lado melhor amigo protetor do .
- Por mais que eu também não aprove, você tem que contar para ele sobre essa gravidez, ele também é culpado e vai ter que arcar com as consequências dos atos dele.
- Não quero fazer isso. - respondi em meio ao choro.
- Mas você tem que fazer amor, eu vou estar com você o tempo todo.
- Obrigada por tudo isso , obrigada por estar sendo o melhor amigo que eu sempre precisei ter.
- Me agradeça quando contar ao . Faça isso na sexta, vai ter a festa de aniversário de cinco anos da Cams, será o momento perfeito, ele não terá como fugir.
E então eu e começamos a montar um plano de como seria contar para o que ele mesmo sendo gay seria pai de um filho que ele mesmo gerou. Se eu estava confusa com aquilo tudo, imagina ele como ficaria. Mas a culpa é toda dele, foi ele quem teve a ideia daquele maldito manual. Maldito seja , Maldito seja esse Manual de como conquistar um homem! Eu sabia desde o início que aquela brincadeira não iria acabar bem no final, e bom, eu não costumo errar nas minhas previsões.
Mas se eu for parar para ver, também tem seus pontos positivos. Ganhei um novo melhor amigo que eu sempre sonhei em ter, ganhei alguns amigos bacanas que me fazem rir quando eu preciso de algum apoio. Conheci Lorenzo que se tornou um pai para mim, e ainda posso ajudar aquelas crianças que antes passavam fome e agora tem tudo o que precisam. Conheci a Cams, que era uma garotinha incrível e merecia uma vida de princesa por tudo o que já tinha passado, e eu já tinha planos para ela também.


Um novo melhor amigo


“A vida é feita de escolhas. Quando você dá um passo à frente, inevitavelmente alguma coisa fica para trás.”
— Caio Fernando Abreu



(...)



Tudo em minha volta girava, eu simplesmente não poderia acreditar no que aquela mulher me dissera horas atrás, tudo aquilo não passava de um sonho ruim que eu estava prestes a acordar. Eu não poderia ter cometido um erro tão grave como esse. Não poderia ter sido tão desastrada ao ponto de cometer algo como uma gravides antes mesmo de ter completado dezoito anos. Eu iria perder a minha vida, minha liberdade. Uma criança apenas estragaria meus planos. E então eu chorei. Não por estar grávida mas por pela primeira vez na vida estar entendendo o que minha mãe queria dizer com o "Eu não estava pronta para ser mãe, talvez ainda não esteja", uma criança na vida dela só estragaria tudo aquilo que ela batalhou para ter. E era exatamente assim que eu me sentia. Me sentia inútil e usada. Nada poderia estar pior.
- , amor. Olha pra mim. - chamou minha atenção. Já estávamos na sala de minha casa e ele não parava um segunda se quer, talvez ele estivesse mais nervoso que eu. Encarei-o assim que ele abaixou-se em minha frente. - Essa é a hora que você precisa me contar quem é o pai do bebê.
Lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto, comprimi os lábios e neguei com a cabeça.
- Eu não posso. - sussurrei.
- Você pode e deve, . Você precisa me contar pra que eu possa te ajudar.
- Foi o pior erro que eu já fui capaz de cometer . Nunca vou me perdoar por isso.
- Você não tem que se culpar. Essas coisas acontecem. - desviou os olhos soltando um longo suspiro.
- . - soltei. Eu mal tinha certeza se tinha falado algo, talvez ele não entendesse.
- O que tem o amor? Quer que eu ligue para ele? - estava confuso, e não era para menos. Nem eu conseguia acreditar naquilo. Sacudi a cabeça negando.
- é ... ele é o pai do bebê.
Observei perfeitamente quando os olhos de arregalaram-se e sua pele lentamente foi ficando num tom pálido. Sua boca abriu e fechou-se diversas vezes e nenhum som saía dali. Ele passou suas mãos sobre o rosto e suspirou pela décima vez antes de finalmente falar alguma coisa.
- Por quê ? Por que logo o ? Porq ue não o ou o Josh? Ou qualquer outro cara daquela merda de escola?
- Não era minha intenção. - respondi sentindo medo do seu tom de voz, que ao mesmo tempo que era raivoso tinha um leve tom de pena.
- Seu maior erro não foi ter ficado grávida e sim ter se entregado logo para o cara que sempre foi o maior babaca com você. - arregalei os olhos surpresa com a sua resposta. - Você acha que eu nunca notei? Seus olhos brilham toda vez que você fala dele ou que o observa falar. Toda vez que ele se aproxima você abre um sorriso do tamanho do mundo e solta leves suspiros, porém ele sempre desprezou isso . Olha em volta, você tem noção da quantidade de caras que gostariam de ter ao menos algumas horas da sua atenção? Eu não entendo, como você pode gostar de alguém que não te dá a mínima?
- Por que você ta falando essas coisas? - perguntei sentindo minha garganta arder. era sempre o desastrado, o gay afeminado e escandaloso, como ele poderia dizer essas coisas se nunca estava atento a nada?
- Você poderia ter ficado com o , por mais que ele não quisesse nada sério, um dia ele acabaria se rendendo porque nunca foi novidade para ninguém, que ele sente algo por você. Você poderia ter ficado até mesmo com o , o cara estava disposto a te levar a sério, fez até mesmo uma declaração com rosas para você, e mesmo que ele seja um babaca na maior parte do tempo, até ele seria melhor que o .
Fiquei o encarando boquiaberta com tudo aquilo, eu não tinha uma resposta para lhe dar, e sabia que ele não precisava de uma. retribuía meu olhar, ele estava tentando ser compreensivo, mas seu lado julgador estava querendo falar mais alto. Acho que aquela sem dúvidas fora a conversa mais séria que eu já tive com ele.
- Você vai contar para o ?
- Por mais injusto e egoísta que isso possa parecer, eu não pretendo fazer isso. Não vou abortar nem nada, mas também não quero que meu filho nasça tendo o exemplo de um pai gay que não tem nada a lhe oferecer. Por culpa dele essa criança quase morre...
- Foi com ele que você teve grandes emoções?
- Nós discutimos e ele disse que achava melhor se afastar, ele é um completo babaca . - senti a raiva tomar conta do meu tom de voz. - ele foi capaz de me beijar e dizer que não era o cara certo para mim e que nunca poderia me dar o que eu precisava. é o pior ser humano de todos. Droga eu estou estragando suas férias e elas mal começaram.
- Sum, eu sei que o tem esse título de melhor amigo, porque vocês cresceram juntos e compartilharam suas vidas desde sempre, mas mesmo que você não queira eu também sou seu melhor amigo, o que me difere dele e de qualquer outro, é que jamais faria o que eles fazem, jamais te usaria dessa maneira como fez, eu não penso em você como um objeto sexual, penso em você como a irmã que eu não tive a oportunidade de ter, você pode não ter gostado de mim no início, mas assim que meus olhos bateram em você pela primeira vez, no dia em que eu cheguei naquela escola, você estava com suas calças pretas manchadas com algum corte no joelho e também tinha uma camiseta de um cantor de reggae e meu Deus seus cabelos pareciam que nunca tinham conhecido uma escova, você estava emburrada com algo e havia se jogado em baixo de uma árvore, de canto de olho eu via você cuidando eu e , e desde então eu descobri que você era o tipo de amiga que eu queria levar para o resto da vida. Então não pense que está estragando minhas férias, eu gosto de passar um tempo com você, mesmo que você queira me manter longe.
Se antes eu estava tentando conter as lágrimas, agora ja era um ato impossível. Nunca ninguém havia dito algo como aquilo para mim. já havia feito uma pequena declaração assim como , mas nada se comparava com aquilo que disse. Era algo totalmente sem segundas intenções. Fez-me sentir especial. Aquele sim era o tipo de amigo que eu sempre havia procurado em . E como diz Lorenzo "certas coisas devem acontecer para dar lugar a outras", se eu e não tivesse brigado, eu nunca teria passado mal e nunca conheceria esse lado melhor amigo protetor do .
- Por mais que eu também não aprove, você tem que contar para ele sobre essa gravidez, ele também é culpado e vai ter que arcar com as consequências dos atos dele.
- Não quero fazer isso. - respondi em meio ao choro.
- Mas você tem que fazer amor, eu vou estar com você o tempo todo.
- Obrigada por tudo isso , obrigada por estar sendo o melhor amigo que eu sempre precisei ter.
- Me agradeça quando contar ao . Faça isso na sexta, vai ter a festa de aniversário de cinco anos da Cams, será o momento perfeito, ele não terá como fugir.
E então eu e começamos a montar um plano de como seria contar para o que ele mesmo sendo gay seria pai de um filho que ele mesmo gerou. Se eu estava confusa com aquilo tudo, imagina ele como ficaria. Mas a culpa é toda dele, foi ele quem teve a ideia daquele maldito manual. Maldito seja , Maldito seja esse Manual de como conquistar um homem! Eu sabia desde o início que aquela brincadeira não iria acabar bem no final, e bom, eu não costumo errar nas minhas previsões.
Mas se eu for parar para ver, também tem seus pontos positivos. Ganhei um novo melhor amigo que eu sempre sonhei em ter, ganhei alguns amigos bacanas que me fazem rir quando eu preciso de algum apoio. Conheci Lorenzo que se tornou um pai para mim, e ainda posso ajudar aquelas crianças que antes passavam fome e agora tem tudo o que precisam. Conheci a Cams, que era uma garotinha incrível e merecia uma vida de princesa por tudo o que já tinha passado, e eu já tinha planos para ela também.


Coisas que não acontecem sempre


Apesar de todos os acontecimentos que eu tive neste último ano, muitos dos quais me arrependo, foi um ano legal, motivos?

*Fiz novos amigos .

*Escrevi um livro e sou quase "famosa".

*Aprendi a conquistar um homem.

*Entrei nas maiores furadas possíveis.

Aproveitei tudo amo máximo, não tiraria nem colocaria nada.

Apesar dessa gravidez estúpida acabar com a minha vida, eu não quero ser para essa criança o que meus pais foram comigo, ao contrário quero dar a ela tudo o que eu não tinha.

- Alô? ! - ouvi a voz de minha mãe um pouco rouca .



- Cecília? - Perguntei apenas para ter certeza.

- ? - ela não fez questão nenhuma de esconder sua surpresa do outro lado da linha. - aconteceu alguma coisa? Você nunca liga...


- Quero pedir algo para você... para vocês no caso, sei que ainda estão em Londres por conta de toda a papelada que vocês tem que assinar por conta de troca de país, e então quero aproveitar esse tempo que vocês ainda estão aqui para pedir algo. Você sabe, eu nunca pedi nada à vocês e acho que essa é a hora certa para pedir.


- É algo sério?


- Podemos nos encontrar? Não quero tratar desse assunto pelo telefone.


- Claro, nos encontramos em uma hora no café na esquina do Hyde Park?

- Pose ser.

Finalizei a ligação soltando um longo suspiro.
Eu nunca fui de pedir algo para os meus pais, na verdade nunca me senti confortável em fazer isso, minha infância foi baseada em cuidados dos empregados e dos pais do , tudo o que eu tive até meus quatorze anos foram eles que me deram, depois disso meus pais acharam que eu já tinha idade para ser responsável e então abriram uma conta para mim no Banco e todo mês depositavam uma certa quantidade.
Observei aquele enorme quarto que pertencia a mim, era digno de ser chamado de "quarto de princesa", Eu não me achava uma menina mimada, sim, eu tinha tudo o que eu queria, mas daria tudo isso para ter uma vida normal, com pais presentes, uma casa simples e uma família de comercial de margarina, queria ter irmãos para poder implicar quando estivesse entediada ou uma irmã mais velha para poder compartilhar meus segredos ou até mesmo minhas decepções amorosas. Eu tinha ao , era um amigo, um irmão, um anjo da Guarda... Era, no passado.

Encarei o relógio na cabeceira da minha cama, tinha apenas quarenta minutos para me arrumar e ir ao café, Hyde Park ficava uns dez minutos da minha casa, então eu me vestiria e iria a pé mesmo.

Abri a primeira porta do Guarda roupa e peguei o vestido florido que eu nunca tinha usado, apesar da minha idade com aquele vestido eu aparentava ter novamente meus quinze anos. Prendo meu cabelo em um rabo meio solto e calcei minhas sapatilhas. Não iria me arrumar muito apenas para tomar um café e ter uma conversa com minha mãe. Queria tanto que Dona Beth e o estivessem por aqui, queria os conselhos de mãe que ela me dava, queria alguém para ligar de madrugada e pedir as coisas. Sentia falta dos meus amigos que se espalharam pelo mundo na viagem dos sonhos em suas férias. Era egoísmo mas eu queria eles de volta logo, mesmo que para brigarmos ou fazermos coisas idiotas, como ser expulsos do super mercado por fazer corrida com os carrinhos de compras e derrubar toda a prateleira de refrigerantes, ou comer os doces enquanto fazemos compras e sair sem paga-Los, quem nunca? Eles poderiam não estar sempre presentes na minha vida, mas me davam os melhores momentos que alguém poderia ter. Deve ser por isso que somos tão apegados a memórias, elas não mudam mesmo que as pessoas tenham mudado.
Sentia falta até mesmo do , droga, eu gostava tanto daquele garoto, do jeito infantil que ele tinha quando via balas de gomas, ou quando ele corria das crianças que faziam parte do mesmo intervalo que nós, apesar de todos os acontecimentos na minha vida, fez parte de um momento muito importante da minha vida. Ele entrou na escola no mesmo ano em que o se declarou gay, sempre fora aquele menino popular que tinha todas em seus pés e se achava o melhor em tudo, e o mesmo sendo o novato o odiava e o enfrentava em tudo. Um dia ele me pegou chorando em baixo de um árvore após ter me contado sobre seu primeiro namorado. Eu não citei nomes em momento algum, mas talvez ele soubesse desde o início, ele me acolheu, me deixou chorar em seu ombro e depois secou minhas lágrimas dizendo que eu era linda demais para estar chorando. E foi assim que nos tornamos amigos, passávamos um tempo junto quando não estava por perto. E bom, agora eu sentia falta dele também.

Já estava no meio do caminho quando resolvi dar play a música que tocava nos meus fones, não sabia quem estava cantando mas gostei daquela batida, a música falava algo sobre meninas que são boas na verdade eram meninas más, algo assim, meus pensamentos estavam muito distantes para que eu prestasse atenção naquela letra, mais tarde ouviria de novo.

Assim que abri a porta daquela cafeteria já avistei minha mãe em uma mesma mais ao fundo encarando a paisagem do Hyde Park, aproximei-me dela em passos apressados, quanto antes aquela conversa terminasse melhor seria para nós.

- Você está linda . - foi a primeira coisa que ela falou quando notou minha presença.

- Obrigada- dei-lhe um meio sorriso- podemos ir direto ao assunto?

- Claro, quer comer ou beber algo antes?

- Não me sinto muito bem para comer algo agora, quem sabe no final eu não peça um café...

- Você ama cafés, lembro que quando você era criança dizia que quando crescesse iria mandar fazer uma estátua do criador do café por ter criado algo tão bom e perfeito. - deu um meio sorriso soltando um suspiro triste. Remexi-me totalmente desconfortável com aquela confissão.

- Quero pedir algo sério... -soltei tentando mudar de assunto.

- Vamos lá então, o que você quer?

- Você sabe que eu nunca tive pais presentes na minha vida e tudo que eu sempre quis era isso, Não sabe? -perguntei observando sua expressão cansada ao ouvir isso. Eu não tinha pena de falar aquilo, ela não imaginava o quanto a ausência dela doeu em mim. Ela assentiu e então continuei. - Tem uma menina que mora no casarão amanhã ela está completando cinco aninhos, e já passou por tanta coisa nessa vida, ela é uma verdadeira guerreira. Foi abandonada pelos pais quando ainda era um bebê, Lorenzo a encontrou chorando dentro de uma lata de lixo, quase foi comida pelos cachorros, ela teve problemas respiratórios e até pouco tempo não falava com ninguém. Lorenza até chegou a pensar que teria que ir atrás de um psicólogo público para ver o que a menina tinha. Depois que reformamos o casarão foi como se um milagre tivesse acontecido, hoje ela conversa com algumas pessoas e até consegue sorrir. Ela merece uma vida de princesa Cecília, ela é um amor de menina...

- Onde você quer chegar com isso ? - senti sua voz um pouco apertada, talvez ela estivesse tentando engolir o choro.

- Quero que você a leve com você. -Segurei sua mão que estava em cima da mesa e apertei com força. Era nosso primeiro contato físico em anos. - dê a ela tudo o que não pode me dar, você já está com seus trinta e seis anos, você tem tudo pra oferecer a ela, dê a ela motivos pra se orgulhar da vida, mostre a ela que se os pais dela não viram o quão perfeita ela é você viu, por favor, essa é a hora de você mostrar que não é o mostro de desenhos animados que eu sempre penso que do lembro de você. Leve-a com vocês, ensine tudo o que ela precisa pra seguir com os seus negócios, ela é inteligente e aprende as coisas rápidas.

- Sim eu não...

- Por favor... Mãe. -Apertei sua mão mais uma vez. E pela primeira vez na minha vida a vi chorando. - Eu não posso e nem seria capaz de oferecer algo assim para ela, não agora.

- Eu faço isso, mas com uma condição. - revirei os olhos soltando um longo suspiro, sempre tem que ter algo em troca. Arqueei as sobrancelhas e esperei pelo seu pedido. - você poderia me dar um abraço? Um abraço de verdade, cheio de vida, com emoção. É só o que eu te peço , você pode me dar isso?

Instantaneamente senti minha respiração falhar, nem em um milhão de anos eu imaginaria que ela pediria algo como esse. Meu corpo já não era mais comandado por mim, senti minhas pernas ficarem firmes em uma postura séria, em um piscar de olhos eu já estava em pé.
Minha mãe rapidamente aproximou-se de mim e seus braços me rodearam com força e seu rosto afundou-se no vão do meu pescoço é então ela deixou as lágrimas molharem o pano do meu ombro, me deixando confusa com aquilo. Acho que aquele foi o primeiro e único gesto de carinho que ela teve por mim.

- Desculpa , desculpa por tudo isso que eu causei na sua vida, por esse vazio que eu deixei em você. Prometo que vou fazer com essa garota tudo o que não quis fazer com você, vou fazer isso por você...

- Eu estou grávida mãe. -Sussurrei em seu ouvido, achei até mesmo que ela não tinha ouvido, mas senti sua respiração parar e seus ombros ficarem rígidos. - Você não vai me rejeitar por causa disso, ne?

- Estou surpresa apenas... Grávida? Você nem se quer tem um namorado.

- Realmente eu não tenho um namorado, foi um erro de uma noite, antes que você pense besteiras, eu sei quem é o pai, infelizmente é o purpurina.

Senti meu estômago embrulhar só em lembrar dele, já fazia dois dias que não nos falávamos e amanhã eu prometi ao que contaria sobre minha gravides e isso só deixava as coisas ainda piores.

- Purpurina?- Cecília afastou-se um tanto confusa, mas logo suas feições mudaram para uma preocupada. - não me diga que o purpurina seria o ...

Assento com a cabeça e vi suas pernas fraquejarem e rapidamente seus braços encontraram a borda da mesa antes que ela caísse.

- Ai meu Deus! - seu rosto estava claramente em um expressão assustada. - Como isso?

- É uma longa história, algo que eu estou tentando evitar. Você vai ficar com a Cams então? Posso contar com você?

- Claro , estou muito feliz por você, tanto pelas suas atitudes com essa menininha, quanto por essa novidade, tenho certeza que você vai ser uma mãe espetacular .

Ela levantou-se rapidamente pegando a sua bolsa.

- Eu vou ir tentar resolver esse assunto até amanhã. Se você puder deixe tudo pronto até a noite. Nosso voo sai as oito. E mais uma vez parabéns querida.

E então ela sumiu porta a fora. E eu fiquei muito feliz por pelo menos uma vez ter feito algo bom.

The End (O que irá fazer?)


"Leiam as notas finais e iniciais (principalmente se você for do grupo)"

Se eu pudesse dar um único conselho para ser seguido pelo mundo seria "Apaixone-se por alguém que sinta sua falta e precise de você sorrindo”, dói muito quando não somos correspondidos no amor, então não se entreguem para qualquer um, nem toda lágrima é verdadeira e nem todos os sorrisos são sinceros. Eu sempre procurei fazer algo para marcar minha vida, algo pelo qual as pessoas lembrariam de mim por muito tempo, e em uma dessas tentativas me meti na maior furada da minha vida, eu não me imaginava alguém famosa, no máximo imaginava que um dia eu ganharia um prêmio muito importante com alguma invenção científica. Mas não, eu me deixei levar e fiz algo grande, algo realmente grande, e olhem para mim agora. Se tem uma coisa que eu aprendi com essa confusão toda foi, "As pessoas se importam com você até o momento em que elas conseguem te substituir." é um grande exemplo disso.

- Esáa pronta ? - perguntou entrando no meu quarto.

- Eu só não consigo fechar meu vestido. - dei-lhe um sorriso um pouco triste.

- Deixa que eu te ajudo. - devolveu-me o sorriso e logo ja estava posicionado atrás de mim lutando contra o zíper que não queria fechar. - Acho que essa será a última vez que você vai usar isso, ele é lindo mas vai ficar muito apertado e não é muito saudável.

Bufei com aquele pequeno comentário desnecessário que dizia que logo eu ficaria tão gorda que não entraria mais nas minhas roupas, e fui atrás do cinto que fazia parte do vestido.

Assim que terminei minha trança de lado, dei uma última olhada na minha roupa, vestido florido em tons neutros que ia até a altura das coxas, tinha três botões na área do decote o que me deixava bastante comportada e com um ar de garotinha, um casaco fininho todo rendado um pouco mais escuro que o vestido para dar um destaque maior, e minhas inseparáveis sandálias de salto.

- Estou pronta . - chamei sua atenção.

- Preparada para grandes emoções ? - sorriu passando uma de suas mãos pela minha cintura. - não se esqueça de que eu vou estar o tempo inteiro com você. também vai estar lá.

- Você falou para o ? Não acredito nisso .

- Calma . - paramos em frente a porta de entrada de minha casa. - Eu precisava de ajuda, apesar de tudo o que aconteceu é seu amigo, ele pode ser o babaca que é, mas sempre esteve com todos nós, em tudo, só dê uma chance a ele, assim como eu dei. -soltou um longo suspiro. Caminhamos em silêncio até seu carro, eu ainda estava tentando processar seu pedido. - Vamos encontrar e na frente do casarão, lembre-se que é aniversário da Cams, vai ter somente crianças lá, e algumas pessoas que estão querendo adotar crianças. Trouxe aqueles testes de farmácias que fizemos depois que a velha rabugenta disse que você estava grávida? - abri minha bolsa apenas para verificar, e assenti assim que encontrei os cinco testes de farmácias. - E o exame de sangue? - mostrei-lhe o papel em minhas mãos. E então ele saiu com o carro em direção ao casarão.

(...)

Se eu disser que estava calma, estaria mentindo não só para mim, mas como para todos, era bem visível meu nervosismo, além de tremer minhas mãos também soavam. Assim que desci do carro já pude ver e encostados no muro em frente ao casarão, e digamos que toda aquela intimidade deles já estava me irritando, era ridículo vendo que até pouco tempo atrás eles se odiavam.

- Só para avisar - me parou no meio do caminho. - Depois daqui estou embarcando para Amsterdã para gravar meu primeiro filme, você sabe.

- E você deixa pra contar isso só agora ? - perguntei ja mais nervosa do que estava antes de descer do carro.

- Com tudo o que estava acontecendo com você, eu achei melhor não falar - defendeu-se - e também eu descobri na segunda, na mesma madrugada você me ligou pedindo ajuda.

- Só não te bato porque você esta indo seguir seus sonhos.

E o assunto encerrou-se ali, e mesmo que não tivesse acabado preferi assim.

- Chegaram faz tempo? - perguntou aos meninos enquanto os mesmos faziam um toque de mão estranho.

- Uns dez minutos. - respondeu. Não cumprimentei nenhum dos dois. Permaneci calada e inquieta.

- A decoração está tão maneira, vocês tem que ver. - falou tentando quebrar o clima tenso. - tem até aqueles docinhos estranhos que o adora, mandei uma foto para ele e se desse para bater via celular eu teria apanhado, ele disse que ficou com vontade. - riu balançando a cabeça e os outros dois acompanharam. Observei aquele projeto de homem em minha frente e por mais que doa admitir ele estava tão lindo. Seus cabelos estavam maiores e davam um destaque maior ao seus olhos verdes, suas calças estavam mais coladas que o normal e sua camisa era de botões seria sexy se não parecesse as toalhas de mesa da minha avó. Não pude deixar de rir assim que vi um lenço em seu pescoço. Estava diferente porém lindo e sem duvidas chamaria atenção onde quer que fôssemos.

- Melhor entrarmos . - aconselhou.


Enquanto entravamos fomos cumprimento algumas pessoas que estavam por ali. Foi então que lembrei que não havia contado para os meninos sobre a adoção de Cams, e eu precisava contar antes que alguma confusão acontecesse.

- Preciso contar uma coisa. - parei no meio do caminho fazendo todos se baterem no pequeno corredor. - é sobre a....

- - ouvimos um gritinho agudo interrompendo meu discurso.

- Cams. - sorri assim que ela correu até mim. - Você parece uma princesa. - elogiei

- Então estou parecendo você. - sorriu tímida. Eu apenas encarei os meninos enquanto minhas bochechas coravam.

- E nós não merecemos um abraço gostoso desse Cams? - perguntou fingindo estar magoado. Cams assentiu e rapidamente correu até eles abraçando um por um. Os mesmos foram entregando seus pacotes de presente. Cams estava tão radiante. Mas eu sabia que faltava algo, e esse seria meu presente a ela.

- E o seu presente ? Esqueceu? - tentou me alfinetar. Cams me encarava esperançosa.

- Era sobre isso que eu queria falar...

- Não acredito que você esqueceu o presente - me interrompeu.

- Vou cortar a língua de vocês se não me deixarem falar. - ameacei. - vou te dar o melhor presente do mundo Cams, mas ele só chega mais tarde...

- Como você consegue esquecer o presente dessa princesa? - continuou com as piadinhas, e eu não conseguia entender onde ele queria chegar com aquilo.

- O que é ? - Cams perguntou ignorando totalmente o que eles diziam.

Soltei um longo suspiro e me agachei ficando do seu tamanho.

- Uma mãe Cams, eu vou te dar uma mãe. - sorri assim que vi pequenas lágrimas se formando em seus olhos junto com um sorriso imenso que mostrava todos seus pequenos dentes.

- Você vai me dar uma mãe? - perguntou.

- Que história é essa ? - perguntou confuso. Levantei-me novamente dando a mão para Cams e encarando eles.

- Eu encontrei com minha mãe ontem, e tivemos uma conversa de mãe para filha, que nunca havia acontecido. - suspirei, e observei a expressão de cada um mudar para um assustado, todos sabiam da minha situação com meus pais. - Depois de tanto pensar eu cheguei a conclusão que já estava na hora de pedir algo aos meus pais e esse foi o momento perfeito. Cecília vai ser para Cams o que nunca foi comigo, vai ser a mãe que nunca foi para mim, estou dando isso de presente para Cams porque sei que ela merece isso mais do que eu, minha mãe já vinha tentando se redimir à algum tempo, e isso apareceu na hora certa. Ontem mesmo já conversei com o Lorenzo e ele aceitou numa boa, meus pais ja estão agilizando os papéis, eles tem dinheiro o suficiente para resolver isso em vinte e quatro horas. Cams vai para o Texas com meus pais e vai ter a vida de princesa que ela merece.

- Você me deu seus pais ? - Cams perguntou ainda sorrindo enquanto todos permaneciam em silêncio.

- Sim princesa, e isso quer dizer que a partir de agora somos irmãs. Um dia você vai entender o porquê o meu presente foi o mais importante. - pisquei para ela lhe dando um sorriso. E logo ela saiu correndo dizendo que iria contar para os outros sobre seu maior presente.

- Isso foi bem legal da sua parte . - chamou minha atenção que ainda estava no caminho que Cams tinha seguido. - Quando plantamos coisas boas colhemos somente coisas maravilhosas, tenho certeza que tudo vai dar certo. - o encarei procurando algum Vestígio de deboche, mas a única coisa que encontrei foi um sorriso reconfortante como quem dizia "boa sorte" em silêncio.

(...)

A festa ja tinha acabado, e meus pais já tinham vindo buscar a Cams, foi tão doloroso deixa-la ir, mas ela me prometeu que conversaríamos sempre que meus pais tivesse um tempo e eu prometi que iria lhe visitar em breve. Estávamos juntando alguns pratos sujos e copos descartáveis para ajudar na organização já que a limpeza iria ficar com Lorenzo, não era justo ele fazer tudo sozinho. Assim que parei para tirar uma mexa do cabelo que estava sobre meus olhos pude notar a ausência de , acho que aquela seria a melhor hora.

- Já volto. - disse alto e em bom tom, para que todos ali escutassem.

Larguei os pratos descartáveis na primeira lixeira que achei e subi as escadas ja imaginando onde poderia estar em uma hora como aquela.
Eu estava totalmente ofegante quando cheguei no ultimo andar. Havia uma pequena escada que dava entrada à cobertura onde tinha um vista incrível de luzes. E la estava ele, escorado no pequeno muro que havia ali enquanto fumava mais um de seus cigarros. Suas feições eram sérias, ele estava pensativo.

- ! - o chamei mas ele não moveu um único músculo . precisamos conversar.

- O que você quer agora ? - sua voz estava meio rouca, e seu tom estava sério. Algo dizia que ele não queria conversar. - Você não entendeu o significado da palavra distância ainda?

- Acredite , eu não faço questão nenhuma de ter essa conversa com você. - dei de ombros como se não me importasse com aquilo

- Então o que você faz aqui? Me deixa em paz, será que eu nunca vou ter um momento sozinho, sempre tem alguém para estragar isso. Eu admiro muito o silêncio.

- Você é tão idiota . Não sei como eu te aturo ainda.

- Então sai daqui. Eu não faço questão nenhuma de ter sua presença por perto, você deveria fazer o mesmo.

- Porque você está fazendo isso ? - eu poderia estar tentando parecer durona e dona do mundo, mas por mais que eu não quisesse tudo o que ele falava me machucava.

- Porque eu ja não te suporto mais, esse seu jeito manhosa toda certinha, achando que é dona do mundo. Com o tempo você se tornou uma pessoa chata e vulgar. Odeio seus cabelos, odeio essa sua roupa ridícula, odeio seu jeito de andar, odeio você por inteira .

- Você só tá falando essas coisas para me afastar de você. - senti minha garganta arder e um nó se formando.

- Estou falando a verdade. - deu de ombros.

- Sabe ... - soltei um riso amargo - eu espero que um dia você encontre tudo o que você precisa... - pausei, enquanto engolia as lágrimas que já começavam a se formar. - E eu espero mais ainda que esse “tudo o que você precisa” seja eu.

Aquelas palavras pareceram o acordar de algum transe, pois ele sacudiu a cabeça rapidamente e em um piscar de olhos ele já estava em minha frente. Suas mãos estavam firmes em meus ombros e seu rosto estava próximo ao meu. Senti meu coração disparar, como se eu estivesse correndo uma maratona.

- Entenda uma coisa . -suas mãos apertaram meus ombros com um pouca mais de força. - Eu sou gay, G-A-Y, quer que eu desenhe? Eu gosto de homens , gosto de pênis - suas palavras saíram tão duras que eu não tive como controlar as lágrimas. - Eu gosto de homens, gosto do que eles tem, do prazer que eles me proporcionam. Eu não vou mudar só porque você quer, eu não vou mudar por você. - ele começou a chacoalhar meus ombros deixando sua raiva sair por aquele ato - você entendeu agora?

- Eu estou grávida - o empurrei para longe tentando me afastar daquele monstro que estava em minha frente. - na hora de ir para a cama comigo estava ótimo né? Eu não era manhosa, meu cabelo te agradava e você queria ter meu corpo, agora que eu ja não tenho mais utilidades para você, sou descartada. Palmas para você. - ri enquanto batia palmas.

- Você não sabe o que está falando , deve ter enlouquecido de vez. Isso que da tomar remédios demais. Eu sabia que toda aquela bebida que você tomava antigamente ia afetar seu cérebro em algum momento.

- Você não precisa acreditar em mim . estava comigo quando você me deixou passando mal na porta da minha casa, ele estava comigo quando eu fui para o hospital e uma velha mal amada me disse que eu estava grávida. Você pode perguntar ao também, tenho certeza que ele não vai mentir para você. E se isso não é o suficiente, pode ficar com os testes. - joguei tudo aquilo que estava em minhas mãos em direção dele, eu nem lembrava em qual momento eu havia pego aquilo. Mas havia aparecido no momento certo.

juntou um por um observando cada teste e depois pegou os papeis. Passou suas mãos freneticamente sobre os cabelos.

- Isso não pode estar acontecendo. - murmurou - isso vai acabar com a minha vida. - afastou-se - Você não pode ter essa criança , meu Deus, o que eu fiz?

Eu não podia acreditar no que ele estava dizendo, era demais para uma garota apaixonada e humilhada como eu. Era melhor dar a ele o tempo que ele precisava. Tinha certeza que assim que ele parasse para pensar veria as besteiras que está dizendo agora, e que me machucaram profundamente.

“Ele era o meu tudo, então decidiu ser a metade e vai acabar se tornando o meu nada.”

FIM



Nota da autora: (29.08.2015) Venha mergulhar nessa brilhante história que além de um Manual para te ajudar na hora de seduzir, te mostra que o amor não tem data e nem hora certa para aparecer. Simplesmente surge, normalmente na hora errada.
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