Janeiro de 2015. Presente.

Estava na cozinha de minha casa. Aliás, a casa de meus pais, ainda não me acostumei a isso. Estava frio, como sempre estava.
Meus pais não estavam em casa, devido ao trabalho; mas eu estava, devido as férias de inverno, e ele sabia disso. Ele sabia tudo.
Aquele cheiro maravilhoso de maçã e canela já começava a exalar na grande cozinha, vindo do forno. Ele adorava quando eu fazia aquela torta de maçã, mas, dessa vez, ele não estava ali para tomar um chá comigo.
Fazia algum tempo que nós não nos víamos, e eu sei que não era culpa dele, e muito menos minha. Era culpa dos rumos que cada um de nós tomou.
Desculpe, esqueci de me apresentar!
Prazer, , 20 anos, quase 21. Cursando Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Cambridge.
Sou de Framlingham, Suffolk, UK. Nascida e crescida nesta pequena cidade, de apenas 3.500 habitantes que se conhecem muito bem. Atualmente, visitando apenas nas férias da Universidade.
Ele, 23 anos, quase 24. Nascido em Hebden Bridge, mas se mudou para perto da minha casa quando ainda era bem novo. Meu melhor amigo.

Julho de 1998. Flashback.

- Bom dia! – aquela quase vizinha e amiga da minha mãe disse, trazendo consigo o seu filho, aquele menino estranho de cabelo de fogo.
- Imogen! Que bom que você veio! – minha mãe a recebeu, e então entramos em casa para tomar o café da manhã de sábado, para o qual minha mãe sempre achava que era importante convidar a família Sheeran – Matthew não quis vir? – mamãe perguntou, enquanto eu andava atrás dela.
- Não, preferiu ficar um pouco mais em casa com o John. – Imogen sorriu – Vai filho, brincar com a – ela disse para Edward, e ele me encarou.
- Tá bom. – ele disse, de mau humor.
Eu tinha apenas 4 anos, e ele 7. E aquela foi a primeira vez em que ficamos sozinhos no quintal dos fundos. Olhei em seus olhos quando ele se sentou ao meu lado no balanço, e Edward Sheeran sorriu para mim. Foi o suficiente.

Janeiro de 2015. Presente.

Selecionei algumas músicas no meu celular e o coloquei em cima da mesa, tocando uma lista de reprodução que era composta em 80% por músicas dele. Sorri ao ouvir aquela voz, mesmo que fosse por uma música gravada, e comecei a arrumar a bagunça que eu tinha feito na cozinha.

Setembro de 2001. Flashback.

Minha mãe tinha me matriculado na escola, mas eu não conhecia ninguém. Apesar da cidade pequena, eu nunca fiquei muito amiga de crianças da minha idade. Eu só conhecia minha vizinhança, que consistia em 2 crianças.
- Vem comigo. – me senti sendo puxada pela mão e entrei em pânico, até que eu vi quem me puxava.
- Edward! – eu exclamei baixinho.
- Eu não estou na sua sala, mas eu te levo até lá. – ele me deu meio sorriso e me puxou até a minha sala. – Cuidado com os garotos mais velhos, confie apenas em mim. – ele disse, passou a mão no meu cabelo e saiu.
- Tchau, Edward. – eu sorri, vendo aquele cabelo de fogo passando pelo corredor.

Abril de 2004. Flashback.

Era o meu aniversário de 10 anos, finalmente. Minha mãe havia encomendado um bolo lindo, colocou alguns balões espalhados pela casa e seria uma reuniãozinha para poucas pessoas. Meus tios e tias viriam de Colchester com seus filhos e meus avós paternos (únicos avós vivos) viriam de Dublin.
- Mamãe! - Eu a chamei do meu quarto, e ela subiu com um sorriso no rosto.
- Os convidados já chegaram. – ela sorriu e veio fechar meu vestido florido.
- Quem está aí? – perguntei, feliz quando alguém bateu na porta do meu quarto.
- Ed? – minha mãe sorriu e abriu a porta – Espero vocês lá embaixo. – ela fechou a porta assim que Edward entrou e ficou me fitando.
- Então, feliz aniversário de 10 anos, baixinha! – ele me abraçou e me entregou um presente.
- Edward, eu disse que não precisava! – eu sorri e mordi meus lábios – E eu não estou tão baixinha assim! – eu sorri, olhando em seus olhos.
- Eu continuo maior que você. – ele levantou o queixo, me olhando por cima, rindo.
- Vai ver que é porque você já tem 13 anos, cabelo de fogo! – eu ri e o abracei novamente.
- Abre – ele disse, receoso.
Abri o pacote e tinha 2 presentes lá. O primeiro era o DVD do filme Shrek, que era minha animação preferida, e o segundo, era um diário.
- Obrigada, Edward! – eu sorri, muito, e o abracei.
- Eu gostaria de te convidar também, quando lançar no cinema, pra irmos assistir Shrek 2... – ele colocou as mãos no bolso do casaco.
- Eu adoraria, cabelo de fogo! – sorri, colocando meus presentes na minha cama. – Vem, vamos comer alguma coisa. – eu disse e saímos do quarto para descermos para o meu jantar de aniversário.
Naquela noite, quando fui escrever o primeiro dia no meu novo diário, percebi que a primeira pagina já estava escrita pelo Edward.

“Well I walked from my house to yours
In a warm cold April rain
We barely went outdoors
And your family took the blame
Take time to be with you”
“Happy Birthday shorty”

“Bem, eu andei da minha casa para a sua
Em um ambiente aconchegante, frio, chuva de abril
Mal fomos lá fora
E sua família assumiu a “culpa”
Tirei um tempo para estar com você”
“Feliz aniversário baixinha”


Janeiro de 2015. Presente.

Anos mais tarde, eu descobri que, aquilo que Edward escreveu em meu diário, era uma música, “You need to cut your hair”.
Passei a mão por cima da capa do diário, já um pouco velho e gasto pelo tempo, que eu carregava por onde eu ia. Deixei-o em cima da mesa da cozinha enquanto eu procurava por uma chaleira.

Fevereiro de 2007. Flashback.

Estávamos andando lado a lado naquela cidade fria. Ainda era inverno, e se passara uma semana desde o aniversário de 16 anos de Edward.
- Eu juro! Não consigo parar de ouvir o cd que você me deu! – ele disse e bagunçou meu cabelo.
- Edward! – eu ri, arrumando meu cabelo novamente.
- Por que, mesmo depois de tanto tempo que nos conhecemos, você não me chama de Ed, como todo mundo? – perguntou, me parando na calçada. A essas horas, todos que passavam na rua nos olhavam. Edward chamava atenção com seu cabelo vermelho.
- Vai ver eu não sou todo mundo, Edward. – eu sorri e continuei caminhando em direção a rua da minha casa.
- Você é de outro mundo, sabia? – ele riu e voltou a caminhar ao meu lado.
- Eu devo ser mesmo. – sorri e, finalmente, chegamos à minha casa.
- Amanhã, mesmo horário. – ele sorriu e se despediu de mim.
Desde que eu fui estudar na Thomas Mills High School, Edward passava todos os dias em frente a minha casa para irmos juntos ao colégio.

Março de 2008. Flashback.

- Quero saber de tudo, ok? – ele disse, passando a mão pelo meu rosto.
Estávamos sentados no chão do meu quarto. Ele veio se despedir. Estava indo para Londres, seguir a carreira musical, a carreira dos seus sonhos.
- Ok, Edward. – eu sorri e abaixei a cabeça.
- Esse sorriso não me convence. – ele levantou meu queixo – Um sorriso da que não chega aos olhos? – ele fez sinal negativo com a cabeça e eu ri.
- Vou sentir sua falta, Edward. – eu segurei sua mão, que estava em meu rosto.
- Eu venho te visitar. – ele chegou mais perto de mim e me abraçou.
- Você vai ter tempo, no meio de tantas músicas, tantos shows, e tantas outras pessoas? – perguntei, desdenhando.
- Pra você? Sempre. – ele sorriu.

Fui com ele até a casa dele, para dar o último adeus.
- Não se esquece, eu sempre vou estar aqui em Framlingham. – eu disse, dando o último abraço nele.
- Não vou me esquecer. – ele beijou o topo de minha cabeça, coisa que ele nunca havia feito. – Fique com isto. – ele me deu um ursinho roxo, eu sabia que era praticamente de estimação.
- Não, eu não posso, Edward. – eu disse, devolvendo-o.
- Pode sim, fica com ele. – ele colocou o urso em minhas mãos e me deu um beijo demorado na testa. – Fique bem. Eu volto logo, mesmo que seja só pra te visitar. – ele sorriu – E me faz um favor? – ele perguntou de repente, entrando no carro dos pais, eu confirmei com a cabeça – Aliás, dois. Primeiro: não mude nunca seu número de celular. Segundo: cuide do seu novo urso, como você cuidaria de mim. – ele sorriu, fechou a porta do carro e me mandou um beijo. E se foi.

Janeiro de 2015. Presente.

Aquele urso roxo ainda fazia parte da minha rotina. Mantinha-o limpo e levava-o para onde quer que eu fosse.
Descobri que Edward fez uma tatuagem daquele urso. Eu ri sozinha lembrando disso.

Dezembro de 2008. Flashback.

Foi estranho esses meses sem ele aqui.
Nós trocávamos mensagens pelo celular pelo menos uma vez por semana, mesmo que a rotina dele fosse corrida. Ele disse que vinha após o natal, mas eu duvidava um pouco disso.
Estava em meu quarto, sentada em minha poltrona e olhando para o teto, coisa que se tornou uma rotina para mim, quando abriram a porta do meu quarto, sem ao menos bater.
- Educação, hein! – eu exclamei e me virei para ver quem entrava.
- Me desculpe, eu achei que o meu “logo” seria mais logo. – ele riu e veio até mim.
- Você demorou, Edward. – eu dei um meio sorriso.
- Oi ! Eu estou bem também, também morri de saudade nesse tempo em que estivemos longe, e sim, estou com frio e com fome, depois dessa viagem de 4 horas e meia. Sim, eu aceito um chá. – ele riu e se sentou no braço da minha poltrona.
- Eu achei que você não viesse. – eu ri com ele.
- Eu falei que vinha! – ele me deu um soco no braço.
- No meu aniversário você também disse que vinha, e não veio. – eu fechei a cara pra ele, saindo da poltrona e indo para a escada.
- Pelo menos eu mandei seu presente. – ele cutucou minha cintura, me fazendo parar.
- Chato. – eu virei pra ele e mostrei a língua, e ele riu.
Tomamos um chocolate quente e ficamos conversando sobre como ele estava correndo atrás de várias coisas para a carreira dele “decolar”.
- Juro, nem parece que você ainda tem 14, baixinha. – Edward bagunçou meu cabelo quando estávamos sentados no quintal dos fundos, no meu velho balanço.
- E você nem parece que já tem 17! – eu ri da cara que ele fez.
- Olha! Vagalumes! – Edward apontou para uma luzinha.
- Claro que não, Edward! São as luzes de Natal! – eu ri, dando um soquinho no braço dele.
- Você já não é aquela menininha que eu conseguia enganar. – ele riu, se virando para mim.
- Estou crescendo, Edward. – eu o encarei séria.
- Senti sua falta, baixinha. – Ele pegou minha mão e beijou-a. Eu sorri ao mesmo tempo em que fiquei envergonhada.

Abril de 2009. Flashback.

Consegui, finalmente, convencer minha mãe e meu pai a me levarem até Woodbride, no teatro Seckford. Edward iria se apresentar. Ele me disse que eu não tinha escolha: eu deveria estar lá.
Com uma hora e meia de antecedência, eu já estava ansiosa na porta do teatro.
- Eu não acredito que você está aqui! – Edward gritou, me abraçando pelas costas, me levantando alguns centímetros do chão, pela cintura. Eu ri, feliz por ele estar ali comigo.
- Eu não poderia deixar de vir. – eu ri, encarando-o e bagunçando seu cabelo.
- Ela quase teve um infarto quando eu disse que ela não viria. – meu pai riu, cumprimentando Edward.
Então quando Edward entrou no palco, eu pude ver que por cima do cabelo bagunçado, ele colocou o boné que ele ganhou de Matthew, e no seu violão ainda tinha aquele adesivo de uma pata de tigre que eu colei uns 2 anos antes.

- Foi um ótimo presente de aniversário adiantado ver você tocando, Edward. – eu sorri quando ele veio até mim, nos bastidores.
- Desculpe pela demora. – ele bagunçou novamente meu cabelo – Eu estava gravando uma pseudo-entrevista – ele riu e me abraçou – Foi bom ver um rosto conhecido na plateia. – ele me soltou e ficou me olhando – Mas, você sabe, daqui eu vou seguir para Londres. – ele disse, pegando minha mão para não me encarar.
- Eu já esperava por isso, Edward. – eu sorri – Corra atrás dos seus sonhos, você sabe onde eu vou estar sempre que você me procurar. – eu sorri, o abraçando novamente.

Setembro de 2009. Flashback.

Edward estava finalmente em turnê. Fazia algumas semanas que eu não tinha notícias dele. Sentia falta dele, como nunca havia sentido. Aquela coisa de melhores amigos para mim já estava começando a ficar gasta, se ele não me mandasse noticias.
“White lips, pale face. Breathing in snow flakes...” – ele me mandou por mensagem.
“Nova música?” – perguntei.
“Parece que sim! :)” – ele me mandou e eu fiquei mais aliviada. Pelo menos eu sabia que ele estava vivo.

Janeiro de 2015. Presente.

Quando aquela musica começou a tocar, eu a pulei. Não que eu não gostasse dela, porém era uma das mais novas dele, e eu não agüentaria ouvir aquela letra tão bonita.

Fevereiro de 2010. Flashback.

Edward postou um vídeo pela sb.tv e um tal de rapper Example gostou desse vídeo. Eles farão uma turnê juntos.
Mais alguns meses sem vê-lo.
- Sabia que eu estou com saudade? – Edward me falava pelo telefone.
- Também estou com saudade, Edward. Parece que seu número de fãs está crescendo! – eu disse, checando a internet.
- Mas a pessoa que eu gostaria que fosse minha fã, não é! – ele quase gritou comigo pelo telefone.
- Quem? Angelina Jolie? – eu ri, caindo na cama.
- Você, idiota! – ele gritou e caiu na gargalhada.
E assim era a nossa relação de melhores amigos.

Abril de 2010. Flashback.

- EU. TE. ODEIO. EDWARD! – eu gritei com ele e bati a porta do meu quarto, deixando-o para fora.
- Foi você quem disse que era para eu seguir meus sonhos! – Edward entrou no meu quarto logo após eu ter batido a porta na cara dele.
- EU NÃO IMAGINEI QUE VOCÊ IA PRA OUTRO CONTINENTE! VOCÊ TÁ LOUCO? LOS ANGELES? – eu gritei mais ainda, prevendo que minha voz falharia a qualquer momento.
- É só por um tempo. Eu vou voltar. – ele pegou minhas mãos e eu cai no choro.
- Eu odeio que você seja meu melhor amigo! Eu odeio que você esteja ficando famoso! Eu odeio a ideia de você ir morar em outro lugar! – eu disse, batendo em seu peito, enquanto ele me abraçava, e eu encharcava sua camisa com minhas lágrimas.
- Eu volto. Você sabe que eu volto pra te visitar! – ele me afastou para olhar em meus olhos.
- Nada do que eu disser vai te fazer ficar mesmo! – eu disse e soquei o peito dele mais uma vez, secando minhas lágrimas bruscamente.
- Não fica assim, sweet child. – ele passou a mão pelo meu cabelo.
- Eu não sou uma criança, Edward! – me virei de costas para ele.
- Vou ficar aqui com você essa noite, pode ser? – ele me abraçou e eu concordei, me martirizando por dentro.

Ficamos deitados na sacada do meu quarto até de madrugada, quando ficou realmente frio e o meu cobertor não nos aquecia mais.
- “There's a firefly, loose tonight, better catch it, before it burns this place down. And I lie, if I don't feel so right, but the world looks better, through your eyes” – ele cantou, me ajudando a levantar.
- Fireflies? – perguntei.
- Parece que você conhece minhas músicas! – ele disse, feliz, me girando.
- Não esqueça que eu sou sua primeira fã. – eu sorri, bagunçando seus cabelos.
- Você é minha fã? – ele riu. – Eu venho te ver, baixinha, eu juro por tudo que é mais sagrado. – ele arrumou meu cabelo.
- Eu vou esperar, Edward. – eu o abracei com força.
- Fica bem. – ele beijou minha testa e saiu.
Saiu do país. Saiu do continente. Estava em LA.

Novembro de 2010. Flashback.

Edward apareceu em casa sem avisar. Com um sorriso imenso estampado no rosto e dizendo que sua temporada em Los Angeles foi maravilhosa.
Eu, como boa melhor amiga, fiquei sentada, escutando sobre como LA é incrível e como há mulheres bonitas lá.

Janeiro de 2015. Presente.

Fui até meu quarto, enquanto a água era aquecida em fogo baixo na cozinha. Meu antigo quarto.
Estava tudo um pouco mais limpo do que o normal. Todas as cortinas, tapete e edredons, antes coloridos, foram trocados por branco.
Minha mãe percebeu que estou em uma nova fase da vida.

Março de 2011. Flashback.

- Sério, eu não estou acreditando ainda. – Edward sorriu ao pegar de volta a bolinha de tênis que ele vinha jogando no teto do meu quarto.
- Nem eu. – eu ri, me deitando ao lado dele – Ainda mais por ser extremamente perto do meu aniversário! – eu bati no peito dele, ele segurou minha mão.
- Você vai comigo. – ele se sentou na cama e me puxou para me sentar.
- Com certeza. Não posso perder por nada no mundo te ver em um programa de televisão, Edward! – eu ri e me encostei nele.

Setembro de 2011. Flashback.

Eu estava começando a estudar os tão esperados Sixth Form, meu preparatório para a universidade.
Edward conseguiu um tempinho de folga para me levar em meu primeiro dia de aula.
- Boa aula, baixinha. – ele bagunçou meus cabelos, quando fui descer do carro.
- Fique bem, cabelo de fogo. – eu ri, bagunçando o cabelo dele também – Você almoça comigo hoje, não é? – perguntei quando fui fechar a porta do carro.
- Sim. Venho te buscar. – ele piscou para mim e eu fui para o colégio.

Edward estava extremamente cheio de trabalho, e eu achei incrível ele conseguir vir me ver em meu primeiro dia de aula. Depois da nossa conversa em março, ele gravou uma participação em um programa de TV, fez cinco pocket shows em Londres. Na verdade, a intenção era fazer apenas um, mas vimos que eram muitos fãs que não conseguiram ir ao primeiro show, e ele decidiu fazer mais quatro. “The A Team” se tornou seu primeiro single, e assim ele assinou com a gravadora Atlantic Records.
No último dia 26, ele lançou seu segundo single, “You need me, I don’t need you”. Já anunciou também seu terceiro single, “Lego House”.

Janeiro de 2015. Presente.

E toda vez que eu vejo esse título, eu caio na risada, pois me lembro da casa de lego que ele montou e me deu. Ela está bem na minha frente agora, na minha estante da casa de meus pais. A única coisa colorida que minha mãe manteve no quarto.

Fevereiro de 2012. Flashback.

Era aniversário dele. Estávamos na minha casa, jantando com meus pais, seus pais e seu irmão.
Minha mãe veio com uma garrafa de champanhe sem álcool para a mesa, e meu pai vinha atrás com as taças.
- Ao Ed! Por seus 21 anos e pelo seu quarto single no top 10 do Reino Unido! – mamãe colocou champanhe para todos.
- Ao Ed! – todos levantamos as taças e brindamos, sorrindo. - A vocês, que me ajudam e me apoiam. – Edward levantou mais uma vez a taça e nós brindamos novamente, rindo.

Julho de 2013. Flashback.

- Você está linda. – Edward me disse, me abraçando pelas costas.
- Você nunca me chamou de linda. – eu ri – Mas esse chapéu de formanda me incomoda um pouco. – eu disse, ajeitando aquela franjinha que caia do chapéu.
- Assim fica ótimo. – ele ajeitou para mim. – Vem cá, tira uma foto comigo. – ele me puxou para um meio abraço e nós viramos para a mãe dele que tirou a nossa foto.
- Obrigada, Imogen. – eu disse, sorrindo para ela, que me mostrava a foto tirada. – Obrigada, Edward, por ter vindo no meio dessa loucura que virou sua vida, músicas, clipes, encontro com famosos, e todas as outras coisas de ser um cantor internacionalmente conhecido. – eu ri, dando um beijo em sua bochecha.
- Eu não perderia isso por nada no mundo, baixinha. – ele levantou meu queixo e passou a mão pela minha bochecha – Já sabe para onde vai?
- Isso é uma surpresa para mais tarde. – eu ri, dando meu braço para ele, entrando no auditório do colégio.
O baile era no salão de eventos do colégio, assim, eu estava sentada tomando um drink na mesa com meus pais, Edward e sua família.
- E então? Seus planos para a faculdade? – Edward perguntou, me cutucando na cintura por cima do vestido.
- Cambridge! – eu disse alegre, levantando minha taça, para que todos brindassem comigo.
- Parabéns, baixinha! Que você tenha muito sucesso! – ele me abraçou – Seu presente de formatura está dentro do carro. – ele disse no meu ouvido.
- Não precisa, Edward! – eu exclamei, mas ele colocou o dedo indicador na minha boca, fazendo-me calar.
Meu presente foi um anel de prata com uma ônix linda, que claro, havia sido feito pela queridíssima Imogen.

Janeiro de 2015. Presente.

Como eu sou uma bela desastrada, tive que descer correndo para a cozinha, pois fiquei no quarto lembrando de tantas coisas ocorridas na minha vida, e esqueci da minha água, agora evaporada, que estava aquecendo na chaleira. Comecei novamente a fazer meu precioso chá, enquanto a torta não estava pronta.

Outubro de 2013. Flashback.

Estava sozinha em meu novo apartamento em Cambridge, para cursar Arquitetura.
No meu primeiro dia de aula, Edward me ligou, me fazendo passar para ele todos os meus horários de aulas, meu novo endereço e nome do porteiro do meu prédio. Isso era o que eu chamava de obsessão.
A campainha do meu apartamento tocou e eu estranhei. Em plena quarta-feira, eu não tinha combinado com ninguém de estudar.
- Surpresa!! – Edward gritou quando abri a porta do apartamento.
Ele estava com uma sacola em cada mão e segurando uma caixa de pizza sobre elas, com um pequeno engradado de refrigerante sobre a caixa.
- Será que pedir sua ajuda é pedir muito? – ele perguntou, ainda parado na porta.
- Ai, meu Deus, desculpa, Edward! – eu ri, pegando o engradado de refrigerante e fazendo ele entrar no apartamento.
- Aqui é bonito. – ele disse, deixando as coisas em cima da mesa de centro da sala. Ele foi direto para o deque da sala, que tinha uma vista parcial do lago, perto da Trinity. Ele se voltou para mim – Não vai me apresentar seu apartamento? – ele riu, e me acompanhou.
Apresentei a ele a cozinha, a sala, o banheiro e meu quarto.
- Gostei. – ele se jogou na minha cama, encarando os vários quadros pendurados na parede em frente a cama, com fotos minhas com várias pessoas. – Já tenho um lugar para ficar quando vier para Cambridge. – ele riu, se levantou e ficou passando a mão no quadro que estava no centro da parede. Era a foto minha e dele, abraçados no meu aniversário de 15 anos, eu estava com um vestido rosa claro e ele com uma camisa azul escura. Ele sorriu para mim ternamente.
Comemos pizza com batata frita e ketchup, tomamos refrigerante e assistimos filme comendo marshmallows.
- E como está a faculdade? – ele perguntou, puxando o edredom mais para ele.
- Até agora, tranquilo. – eu respondi, comendo mais um pouco – Tem um pessoal bem estranho, mas o curso mesmo me parece ser o que eu realmente quero. – eu sorri – E não, não tem nenhum cara interessante lá. – eu ri, deixando minha cabeça pender para trás.
- Isso que eu queria que você dissesse. – ele bagunçou meus cabelos e deitou nas minhas pernas.
Naquela noite, ele foi embora tarde.
Antes de ir, ele deixou em cima do balcão da cozinha a foto que nós tiramos na minha formatura. Atrás dela estava escrito:

“So you can keep me inside the pocket
Of your ripped jeans
Holding me close until our eyes meet
You won't ever be alone
Wait for me to come home”


Eu sabia que aquela era a música Photograph, que dizia “Então você pode me guardar no bolso do seu jeans rasgado, me abraçando perto até nossos olhos se encontrarem. Você nunca estará sozinha, espere por minha volta para casa”.
E me visitou mais algumas vezes naquele ano. Visitas rápidas, como sempre, mas pelo menos, nós estávamos nos vendo.

Abril de 2014. Flashback.

Eu não esperava ninguém no meu aniversário de 20 anos. Em plena quinta-feira, eu tinha aula, meus pais estavam trabalhando e ninguém poderia vir me visitar em Cambridge. Era meu primeiro aniversário completamente sozinha. Ou eu esperava por isso.

- Parabéns!!!! – eu escutei uma voz familiar gritar na porta do meu apartamento, mas estranhei, pois ninguém havia tocado a campainha.
Olhei pelo olho mágico e vi um Edward Christopher Sheeran segurando um pequeno bolo em uma mão e uma caixa na outra.
- Edward! – eu gritei, e resisti ao impulso de abraçá-lo, pois ele estava carregado de coisas.
Ele entrou no apartamento, acendeu as velas em cima do bolo, enquanto eu fechava a porta.
- Parabéns pra você... – ele começou a cantar ali, sozinho, me olhando. Não preciso dizer que mil lágrimas se formaram em meus olhos e eu ri de felicidade.
- Obrigada!! – eu disse, corri e o abracei forte – Eu não esperava ninguém hoje!
- Eu disse que viria te visitar sempre. – ele sorriu e me deu um beijo no rosto – Faça um pedido – ele disse, indicando as velas. Me abaixei para assoprá-las e fazer o pedido – Faça de olhos fechados, olhando pra dentro, a gente nunca erra – ele sorriu, eu fechei meus olhos, sentindo a mão dele na minha cintura. Assoprei as vinte pequenas velinhas do bolo.
Sentamos nos bancos altos para comer o bolo e ele me estendeu a caixa de presente.
- Edward! – eu disse, surpresa, abrindo a caixa. Tinha um vestido lindo, preto com pequenos detalhes em dourado e uma sandália dourada, igualmente linda. – Edward, não precisa.
- Precisa sim, . É uma nova fase na sua vida, 20 anos! – ele me deu uma taça de vinho e brindamos.
Era uma nova fase, assim eu esperava.

Dezembro de 2014. Flashback.

Depois que Edward descobriu no meu apartamento um tipo de esconderijo para quando ele quisesse descansar, ele não parou mais de me visitar, aliás, ele era praticamente um novo morador do apartamento, já que ele fez uma cópia das chaves do apartamento para ele.
Ele fez questão de vir também, para me acompanhar a minha seção de tatuagem, quando lhe informei a data e horário. Fiz uma pata de leão em cada coxa, como se ele tivesse pulado em minhas pernas, e deixado essa pequena impressão. Ele simplesmente adorou.

Estava chegando o Natal e eu iria para a casa de meus pais. Fazia algumas semanas que eu não tinha contato com Edward. Vai ver que ele estava saindo com mais alguma famosa, eu odiava esses rumores e esse meu ciúme dele. Mal sabia ele...
Eu estava voltando de meu café da tarde com Charles, um amigo da faculdade, quando chegamos à porta do meu apartamento e ele me surpreendeu com um beijo calmo. Eu retribuí, afinal de contas, eu não tinha nada a perder.
Abri os olhos assim que Charles cessou o beijo, e me deparei com Edward Sheeran me encarando no corredor do meu apartamento, com uma caixa grande em suas mãos.
- , nos vemos quando você voltar. – Charles disse, me dando um beijo na mão e indo embora.
- Edward. – eu disse, surpresa, pegando minhas chaves para abrir o apartamento.
- Eu não sabia que você tinha uma companhia. Se eu soubesse, eu não teria vindo. – ele disse, sério, entrando atrás de mim no meu apartamento.
- O que? Charles? Não! Eu só fui tomar café... – eu disse e comecei a pensar um pouco. Ele poderia sair com quem bem entendesse e eu não?
- Você está indo embora? – ele perguntou, vendo minhas malas. Eu confirmei com a cabeça – O que foi? – ele perguntou, colocando a caixa em cima do balcão e vindo ao meu encontro.
- Então é isso, Edward? Você pode sair com quem bem entende, mas eu não posso sair para tomar café? – eu comecei a dizer, calma, mas me descontrolei – Você tem noites maravilhosas pelo mundo afora e eu tenho que ficar aqui, te esperando voltar, porque você vai ficar bravinho? – eu gritei com ele, seus olhos estavam assustados, e ele desistiu de me tocar.
- Não, , você entendeu errado... – ele tentava se desculpar, mas o estrago já estava feito.
- Edward! Você não percebe! Eu estou aqui o tempo todo pra você! E você não dá a mínima para mim! Eu também tenho uma vida! Eu adoro estar aqui, te aplaudindo e seguindo sua carreira desde a primeira música, mas eu também preciso de carinho, de atenção e de tudo o que eu sempre te dei de bom grado! – gritei, com lágrimas nos olhos.
- Me perdoa, me perdoa, eu não quis dizer isso. Vem cá. – ele me puxou pela mão, e eu recusei.
- Desculpa, Edward, mas eu tenho um trem me esperando. – eu disse, desviando dele.
- Não vai. Não assim, brigada comigo. Por favor, fica, vamos conversar, depois eu te levo. – ele segurou meu pulso.
- NÃO, EDWARD! VOCÊ NÃO VÊ? EU ESTOU AQUI, À SUA MERCÊ, SÓ TE ESPERANDO! ESPERANDO VOCÊ PERCEBER! – eu gritei e mais lágrimas escorreram pela minha camisa branca – Você não deve ser tão burro assim. – eu disse, mais baixo, desdenhando.
- Eu percebi faz tempo. – ele disse, mordendo os lábios, as lágrimas se formando em seus olhos.
- Eu preciso ir. Está na minha hora. – eu disse, me aproximei dele, e dei um beijo demorado em sua bochecha. Alisei seus cabelos bagunçados – Fique bem. Você sabe onde me encontrar.

Janeiro de 2015. Presente.

Depois daquele dia, ele me mandou mensagens e mais mensagens, e eu apenas não tinha coragem de respondê-las.
Antes de sair, deixando um Edward bem assustado para trás, eu peguei minhas malas e a caixa que ele havia deixado para mim. O presente era uma bota de cano altíssimo, que eu estava querendo havia tempo. Só o que eu não esperava era ver uma folha escrito com a caligrafia dele, dentro da caixa:

“Darlin' I will be lovin' you (Querida eu te amarei)
Till we're seventy (Até que tenhamos 70 anos)
Baby my heart could still fall as hard (Amor, meu coração ainda se apaixonará tão fácil)
At twenty three (Quanto quando tínhamos 23)

I'm thinkin' bout how (Eu estou pensando em como)
People fall in love in mysterious ways (As pessoas se apaixonam de maneiras misteriosas)
Maybe just the touch of a hand (Talvez apenas o toque de uma mão)
Me, I fall in love with you every single Day (Eu, me apaixono por você a cada dia)
I just wanna tell you I am (Eu só quero dizer que estou)

So honey now (Então, querida, agora)
Take me into your lovin' arms (Me abrace com seus braços de amor)
Kiss me under the light of a thousand stars (Me beije sob a luz de mil estrelas)
Place your head on my beating heart (Coloque sua cabeça em meu coração que bate)
I'm thinking out loud (Eu estou pensando alto)
Maybe we found love right where we are (Talvez tenhamos achado o amor bem aqui, onde estamos)”

E era por isso que eu não tinha coragem nenhuma para responder suas mensagens e muito menos para ouvir a música “Thinking Out Loud”.
Aquelas botas estavam em meus pés neste exato momento. Eu havia voltado do centro da cidade e ainda não trocara de roupa. Estava vestindo um vestido cinza, meia calça transparente, botas de presente do Edward e um sobretudo preto. As botas ainda não escondiam minhas tatuagens de patas.
Esfreguei minhas mãos pelo pequeno pedaço de minhas pernas que estavam sem cobertura, estavam gélidas. A torta já exalava seu aroma habitual.
- Que frio! – exclamei para mim mesma enquanto passava mais uma vez as mãos nas minhas pernas.
- Você não acha que esse vestido é um pouco curto, para esta época do ano? – Edward me deu um enorme susto.
- Que? – eu praticamente gritei, quando me virei e o vi encostado na porta do quintal dos fundos, me olhando com aquele sorriso lindo.
- Eu disse que esse vestido é um pouco curto, para a época do ano em que estamos. Mas eu acho que ficou ótimo com as botas. – ele sorriu e veio me abraçar.
Eu ainda estava estática. Não sabia o que falar, o que fazer, o que sentir. Vergonha? Raiva? Eu não sabia.
- Você não me avisou que vinha... – eu disse, sem jeito, arrumando o meu cabelo e indo até o fogão, olhando o meu chá ficando pronto.
- Eu só fico se você disser que vai me dar um pedaço de torta e um pouco de chá. – ele sorriu e me abraçou pela cintura – Eu viajei 4 horas e meia pra vir te ver. – ele colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha – Estou com um pouco de frio. – ele riu e eu não me contive, ri com ele e algumas lágrimas rolaram no meu rosto.
- Como você me achou aqui? – eu perguntei já sabendo da resposta. Era mais para ter alguma coisa para falar, já que não conseguia olhar em seus olhos e me ocupava procurando as xícaras.
- Você disse que eu saberia onde você estaria nas férias. E tem um outro fato: a rua Fulchers Field é uma velha conhecida minha. – ele riu e percebi que ele tinha me acompanhado até a pia. Ele segurou uma de minhas mãos, elas estavam tremendo muito.
- Seus cabelos cresceram. – eu disse, passando as mãos em seus cabelos.
- Vem cá. – ele me puxou em direção a mesa – Senta aqui que eu preciso dizer algumas coisas. – eu me sentei e ele puxou uma cadeira para o meu lado.
Encarei minhas mãos entrelaçadas com as dele, pousadas em meu colo. Aquela era uma coisa que nunca havíamos feito, sentar de mãos dadas, era íntimo demais.
- Percebi, talvez tarde demais, que eu cometi vários erros. Eu sempre pensei demais em mim, sempre segui meus sonhos, mas nunca me perguntei como você estava, só me observando de longe, para que tudo desse certo pra mim. – ele puxou nossas mãos e as beijou – Quando eu estava em Londres, eu conseguia vir te ver mais vezes, mas quando eu fui para LA, perdi a conta de quantas vezes eu me pegava pensando em como seria maravilhoso ter você ao meu lado. E quando eu conseguia algo novo, ou que uma musica desse certo? Você era a primeira pessoa que eu gostaria de contar e poder abraçar, mas eu tinha que me contentar com uma ligação ou mensagem de texto, por culpa minha. – eu simplesmente não sabia o que falar, encarei-o e esperei que terminasse – Há algum tempo, eu vinha planejando te trazer para perto de mim, e te levar para onde eu fosse, mas percebi que não era justo te tirar da sua vida aqui e te levar comigo, sendo que eu não sabia como seria meu dia seguinte, com essa minha vida instável. Quando me dei conta, você estava na Universidade, e não seria certo bagunçar a sua vida, por te querer perto, por precisar demais de você.
- Realmente, você nunca me perguntou se eu gostaria de ir junto. – eu dei um meio sorriso, medindo as palavras – E eu não me importaria de largar tudo para ir com você, se eu pudesse ter você por perto sempre, mas ser a sua sombra não me parece uma boa coisa. – respirei fundo – A nossa pseudo-separação me ampliou a visão, me trouxe uma outra visão do mundo e eu pude perceber o que eu realmente queria para a minha vida. Me fez independente, pois eu tinha que fazer tudo por mim, já que o meu melhor amigo estava, na maior parte das vezes, tão longe de mim. – passei uma mão pelo seu rosto – Mas não se engane, porque não houve uma noite em que coloquei minha cabeça no travesseiro, ou uma vez que eu tomava uma xícara de chá, que eu não me perguntava em pensamento o que você estaria fazendo e pensando, ou se estava tudo bem com você. Houve dias em que o meu maior desejo era simples, eu só queria você ali, comigo, para poder te abraçar, sentir teu cheiro, poder passar a mão nos seus cabelos, sempre bagunçados, e senti-los compridos na sua nuca, e ter a sensação de casa, porque desde que você colocou o pé para fora dessa cidade, a minha maior e melhor parte foi embora com você, e nada mais na minha vida, foi como era antes. – eu sorri, passei a mão delicadamente pelo seu cabelo e me levantei, ajeitando meu vestido – Aceita um pedaço de torta? – perguntei, tirando minha torta do forno.
- É incrível, não é? Você está sempre fugindo do assunto! – ele veio bravo até mim, no fogão.
- Não dá pra fugir de você, Edward, e acredite, eu já tentei e não obtive sucesso. – eu me virei e fiquei encarando-o.


Fim

Prólogo

Maio de 2021. Presente.

Aquela foi uma tarde de “primeira”. Primeira confissão, primeiro beijo, primeira vez (pelo menos para mim), primeiro “eu amo você”.

Aquela tarde de Janeiro de 2015. Flashback.

Estava com a cabeça deitada sobre seu peito nu. Ele olhava para a janela do deque, as cortinas brancas entreabertas deixavam um filete de pôr do sol transpassar para meu quarto. Um sorriso descansava sobre seus lábios, não me contive e passei delicadamente o dedo indicador sobre eles.
- Está decorando meus traços? – ele sussurrou, se virando para mim.
- Seus traços eu já sei de cor. – eu sorri e passei a mão sobre seu peito.
- Quando eu estava longe, ficava tentando lembrar de todos os seus detalhes. Desde o tom do verde dos seus olhos até aquela minúscula cicatriz que você tem nas costas, do lado direito. – ele sorriu, tirando uma mecha de cabelo do meu rosto, colocando-a atrás de minha orelha.
- E você conseguia se lembrar? – perguntei, me aconchegando mais perto dele.
- Todos os dias da minha vida. – ele puxou meu queixo para cima e deixou um beijo na minha testa, me abraçando mais forte.
Fiquei ali, deitada em minha cama, abraçada com Edward por um pequeno infinito de tempo. A luz natural estava se extinguindo, o que era um pequeno lembrete do horário que avançava.
Me levantei rapidamente da cama e Edward ficou me olhando, sorrindo.
- O que foi? – ele perguntou, manhoso, tentando pegar uma de minhas mãos, enquanto eu pegava minhas roupas no chão.
- Meus pais vão chegar a qualquer momento, Edward. – eu ri, olhando para ele – O que eles vão dizer quando me virem deitada na minha cama, sem roupa alguma, com meu melhor amigo? – eu ri e coloquei meu vestido novamente, procurando minhas botas.
- Nós não somos amigos. – ele disse, sério, se sentando na cama, se encostando na cabeceira.
Parei de procurar minhas botas ao seu lado da cama e fiquei encarando-o, fazendo uma força enorme para manter meu coração dentro do peito.
- O que? – perguntei, minha voz soou muito mais baixo do que eu imaginava.
- Meu amor, – ele segurou uma de minhas mãos, que estava apoiada na cama – “Friends Just sleep in another bed, and friends don’t treat me like you do” (amigos dormem em camas separadas, e amigos não me tratam como você) – ele cantarolou e me puxou, fazendo-me sentar ao seu lado na cama – Você acha mesmo, que depois de tudo o que passamos juntos, todas as coisas compartilhadas, depois de hoje, – ele indicou a cama com a cabeça e riu – eu me contentaria em ser somente seu melhor amigo? – ele me derrubou em seu colo, me beijando.
Eu sorri ao ver aqueles olhos, me encarando, e aquele ar de menino travesso em seu rosto.
- Você me conhece bem. - ele disse – Você deveria saber que, para mim, ser seu amigo é muito pouco. Eu preciso de mais. – ele respirou fundo, fechando os olhos – Eu preciso de você. – ele abriu os olhos – Pra sempre.
- Eu... eu... – comecei a gaguejar, olhando seus olhos marejados. Não sabia o que falar.
- Shhhhh... Não fala nada. – ele colocou seu dedo indicador sobre meus lábios – Só escuta uma coisa: – ele me olhou e sorriu – Eu amo você.
- Eu amo você, Edward Christopher – sorri e o beijei.

Maio de 2021. Presente.

Sabe que dia é hoje? O dia mais importante da minha vida.
Estou sentada em uma poltrona, voltada para o pôr do sol, na suíte principal da casa dos meus avós, na Irlanda. É o horário perfeito para o momento mais importante da minha vida, e da vida dele também.
- Eu vim desejar boa sorte a vocês. – minha avó entrou na suíte com aquele sorriso lindo e os olhos marejados.
- Obrigada, vovó. – eu me levanto e a abraço apertado – Mas como você sabe? – eu me surpreendi.
- Eu sei de tudo, minha querida. – ela ri e me abraça novamente.
Me sento novamente na poltrona quando minha avó sai do quarto. Em menos de cinco minutos, a porta é aberta novamente.
- Filha. – é minha mãe quem me chama – Está na hora. – ela pega minha mão que esta tremendo.
Desço as escadas e vou em direção ao meu pai, que esta me esperando na porta do jardim dos fundos. Dou meu braço a ele, e ele me dá um beijo na testa.

Piso no tapete e sei que estou a exatamente 12 passos do restante da minha maravilhosa vida.
Enquanto meu pai me guia pelo tapete do corredor principal, vem lindos flashs da minha vida com Edward, desde o nosso primeiro beijo, até o dia em que ele me pediu em casamento.
Por falar em Edward, meu noivo está completamente lindo. Mais lindo do que de costume, com terno branco e se balançando em seus calcanhares, nervoso.
6 passos. Um frio na barriga. 5 passos. Sinto minhas pernas tremendo. 4 passos. Meu pai aperta levemente meu braço. 3 passos. Meus parentes e amigos mais íntimos me olham com aquele sorriso bobo. 2 passos. Edward solta a respiração e morde os lábios. 1 passo. Eu tenho certeza, é esse homem que eu quero acordar ao lado pelo resto da minha vida.
Meu pai me entrega para Edward e diz alguma coisa no ouvido dele, que o faz rir. Dou o braço então para Edward.

- Estamos aqui reunidos hoje, para celebrar a união de dois jovens. e Edward. – o celebrante nos cumprimenta.
E assim transcorre toda aquela enrolação necessária para nosso casamento. E então, chega a vez dos nossos votos, que como combinado, cada um escreveu o seu.
- Uma vez que é o vosso propósito contrair o santo Matrimônio, uni as mãos direitas e manifestai os vossos consentimentos.
- . – Edward começa – Você me conhece melhor do que ninguém, e ainda assim consegue me amar. Você é a minha melhor amiga e meu único e verdadeiro amor. Ainda há uma parte em mim que não acredita em quão sortudo eu sou. Eu lhe aceito como minha esposa, lhe entrego o meu coração e prometo andar lado a lado com você, para onde quer que a vida nos leve. Sempre aprendendo, compreendendo e vivendo o amor. Juntos, para a nossa eternidade. – ele sorri, termina de colocar a aliança e da um beijo em cima dela.
- Edward. – eu digo e percebo que não estou mais tremendo – Eu vejo esses votos não como uma promessa, mas como um privilégio. De agora em diante eu poderei rir e chorar com você, cuidar de você, e compartilhar tudo com você, mais do que já compartilhamos a vida toda. – sorri ao ver uma lágrima descendo por seu rosto – Começo hoje uma nova etapa da minha vida, com você ao meu lado. Prometo me esforçar para fazer do nosso novo lar um lugar tranquilo, cheio de amor e harmonia. Te darei meu carinho, minha amizade e minha dedicação. Estarei ao seu lado nos momentos bons e ruins. Assim como eu te amo hoje, te amarei para além da nossa eternidade. – coloco a aliança em seu dedo e a beijo.
- Eu vos declaro, marido e mulher. – o celebrante nos dá a benção – Pode beijar a noiva, Edward. – e se afasta, para as tão esperadas fotos do beijo.

A nossa confraternização é no rancho dos meus avós, que depois de passar por uma reforma, fica parecendo um salão de eventos campestre.
Na mesa principal, estamos sentados eu e meu marido no centro, ao meu lado meus pais, e ao lado de Edward, John, Imogen e Mathew. Meu pai se levanta e fica batendo com um talher na taça, até que todos se silenciarem.
- Gostaria de dizer algumas palavrinhas, se me permitem. – meu pai diz, alto, e todos começam a prestar atenção - Eu me lembro como se fosse ontem, que eu trouxe minha única filha e minha esposa do hospital para nossa casa. Qualquer roupa que colocássemos nela ficaria enorme. Com seus três fios de cabelo loiros no topo de sua cabeça, ela já era uma criatura de personalidade forte. – todos riem, e meus olhos se enchem de lágrimas. Meu pai se vira para mim e Edward, que estamos de mãos dadas – Acho que foi quando a tinha 4 anos, eu vi a primeira ameaça entrando em casa. – todos riem novamente – E não se engano, é de você que eu estou falando Edward! – meu marido abre um sorriso lindo e ri – O dever de um pai é amar incondicionalmente e apoiar seus filhos. Eu ficava feliz junto com minha preciosa quando ela estava feliz por sua causa Ed. E eu tinha vontade de voar no seu pescoço, cada vez que ela chorava por sua causa. – dito isto, Edward se vira para mim, passa a mão sobre meu rosto, murmura um “amo você” – Quando fiquei sabendo que você estava visitando-a no apartamento em Cambridge, mais do que a mãe dela e eu, eu sabia que você deveria ter algum motivo muito grande para isso. – meu pai enxuga uma lágrima e continua – No dia em que entrei em casa, e vi minha filha abraçada com você, Ed, e me confessando que vocês estavam juntos, eu agradeci a Deus por vocês terem aberto os olhos, porque para nós de fora, era óbvio demais que vocês eram apaixonados um pelo outro. – meu pai respira fundo – Mas não é para contar a historia da vida de vocês que eu estou aqui. É para dizer, Ed, que hoje eu recebo você como um filho, com os braços abertos, e a nossa família ganha mais um integrante, não por nascimento, mas por uma incrível escolha da minha filha. – meu pai enxuga outras lágrimas e pega sua taça de champanhe – Aos noivos! – ele ergue a taça e todos brindamos.
Como nosso casamento é ao pôr do sol, preferimos fazer um jantar.
- Amor, eles querem que nós dancemos a valsa agora. – Edward me diz no ouvido.
- Mas eu queria tanto jantar primeiro, amor. – peço baixinho para ele. Ele me estranha – Não comi o dia todo! – eu dou uma desculpa e ele ri.
- Tudo bem. – ele beija a minha testa e anunciamos o jantar.

É a hora da nossa valsa. Não tem nada de muito especial, até porque mal conseguimos ensaiar com a correria do Edward pelo mundo, e eu tendo que planejar o nosso casamento.
- Vem, minha esposa. – Edward se levanta e me dá a mão, me conduzindo até a pista de dança.
Aquela tão conhecida musica começa a tocar. É uma oportunidade de conversarmos a sós. A minha oportunidade.
Edward faz uma pequena reverência e vem até mim, me tomando nos braços para valsar.
- Sabe de uma coisa? – ele pergunta, me embalando no ritmo suave da musica – Eu agradeço todos os dias por não ter te perdido. Eu penso que naquele dia, na casa de seus pais, tudo poderia ter dado errado, mas você fez dar certo. – ele sorri e aperta de leve minha cintura – Os últimos anos da minha vida têm sido os melhores que eu poderia ter. A minha carreira e a minha fama internacional não são nada perto do quão maravilhoso é estar com você – ele afunda seu rosto na curvatura do meu pescoço – A partir de agora, eu vou fazer com que nossa vida a dois seja melhor do que os seus melhores sonhos.
- Eu acho que você quis dizer a três, meu amor. – eu sussurro e ele para de dançar. Seguro na sua cintura e o faço recomeçar a dança.
- Como assim? – ele sussurra com aquela cara de bobo.
- É que há cinco semanas, dentro de mim batem dois corações por você, amor. – eu sorrio e o beijo, sem esperar resposta.
Quando nossas bocas se separaram, o rosto dele brilha devido às lágrimas. Ele agacha na minha frente, com as duas mãos me segurando pela cintura, começa a dar repetidos beijos delicados na minha barriga. Quando ele se dá conta que todos nos olham no centro da pista de dança, ele começa a rir e soluçar ao mesmo tempo, falando alto para todos ouvirem.
- Eu vou ser pai! – ele ri e caem mais lágrimas de seus olhos, enquanto ele me encara e seu sorriso se alarga mais ainda.

É o dia mais feliz da minha vida.

Fim



Nota da autora: (01/05/2015)




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