My Post It






Prólogo


O quarto estava silencioso, mas a mulher que acabara de acordar jurava ouvir pássaros cantando, mas quais as possibilidades de você ouvir pássaros cantando em Nova York?
Ela só estava feliz. Era um dia especial, o dia que mudaria a sua vida, o melhor dia da sua vida.
Ela se sentou em sua cama e se espreguiçou com um sorriso enorme no rosto, nada poderia acabar com a alegria dela naquele dia. Ela sentia as borboletas em sua barriga anunciando o nervosismo. Ela não ligava, achava até bom se sentir assim.
Sem demora, ela se levantou e calçou suas pantufas andando até o banheiro lentamente e cantarolando alguma música que ela provavelmente não se lembra. Olhou para o espelho, querendo ver a sua irradiação, mas ao invés disso encontrou um bilhete. Um único bilhete que destruiu sua vida.

"Não vou ao casamento. Sinto Muito."


Soul Entertainment, 15 de Janeiro de 2014. 09h30.

Eu segurava dois copos de café e me posicionava em frente ao elevador. Não demorou muito para que as portas do mesmo se abrissem e revelassem a mulher com a mesma postura de sempre.
Cabelos presos em um rabo de cavalo, óculos escuros escondendo seus olhos. Blusa social branca e uma saia de cós alto preta que tinha um comprimento até abaixo do joelho, o salto alto preto com as costas vermelhas e é claro, toda a arrogância que poderia existir no mundo. Ali estava a insuportável da minha chefe.
Ela começou a desfilar, saindo do elevador, sem distribuir nenhum bom dia ou sorriso, pegou o café em minha mão e passou por mim sem dizer nada e como já estava acostumado, bufei, rolei os olhos e a segui.
Ela entrou em sua sala, jogando sua bolsa em cima da mesa e se sentando, eu permaneci parado na porta esperando minha sentença, o que não seria nada fácil, como sempre.
- Quero que você vá se encontrar com a Britt, ela prometeu trazer os algodões aqui, mas ela ficou sem carro, então vá buscar. - ela começou - E preciso que você fale com o Cheff Folloni e confirme com ele o buffet do casamento da Ana e eu preciso que você esteja aqui às 3 horas, pois teremos uma reunião com o Braun. - ela terminou pegando suas papeladas.
- Epa! Vai me promover? - perguntei animado.
- Não seja idiota, . Você está comigo há 3 meses, não vai ser assim tão fácil ganhar uma promoção. - ela respondeu com um sorriso sínico no rosto.
- Imaginei que você não seria tão incrível assim, - retribui o sorriso sínico e ela fechou a cara.
- Você tem trabalho pra fazer, agora vá. - ela disse simpática como uma porta; rolei os olhos novamente e sai.
Fiz o caminho até o elevador, mas antes passei em minha mesa para pegar a chave do carro. Depois de sair do prédio, tive que enfrentar o trânsito de Nova York, o que sinceramente não é nada fácil. Gastei trinta minutos para ir a um lugar que nem era tão longe do prédio da empresa.
Não demorei na Britt, ela apenas me entregou as caixas de algodão e sorriu educadamente como sempre. Era bem estranho saber que ela e a eram amigas, elas eram completamente diferentes. Britt com seu jeito meigo e simpático de ser e , o diabo em pessoa.
As pessoas costumam falar que não foi sempre assim. Contam a história de como ela era uma pessoa feliz e educada e eu sempre me pergunto em que século isso aconteceu.
Dizem que ela se tornou essa pessoa fria e mal humorada depois de ser largada no dia do seu casamento pelo o noivo. Noivo esse que eu venero, porque além de sair de uma fria de se casar com , ainda usou uma mania dela pra terminar tudo. Irônico? Sim, e eu adoro.
tem essa mania idiota de ficar colando recados em todo lugar com aquele post it. Que tipo de ser usa isso na época de e-mails, sms, whatsapp? Tantos meios de comunicação, mas a queridinha prefere usar a caneta e o papel irritante.
Voltando a minha vida infeliz, depois de guardar todas as caixas de algodão no porta malas e me despedir de Britt entrei no carro pronto para seguir o caminho de volta a empresa pra sair e falar com o Cheff Folloni. Mas as coisas estavam tranquilas demais e por isso meu celular resolveu gritar no meu ouvido.
- Fala. - atendi depois de olhar o nome miss simpatia na tela. Apelido que eu dei, obrigado, sei que é ótimo.
- preciso que pegue os vestidos da festa de 15 anos deste sábado. Eu tinha me esquecido completamente. Preciso deles hoje para conferir e a menina vai vir com os amigos para a prova, então anda logo. - ela disse rápida.
- Eu estou do outro lado da cidade, não pode mandar outra pessoa? - perguntei, bufando.
- Porque eu mandaria outra pessoa se eu já mandei você? - respondeu com o seu típico tom arrogante. Ela não falaria assim se soubesse os vários planos que eu já tinha planejado para matá-la.
- Faz quanto tempo que você não transa? Já ouviu falar em gogoboy? - perguntei só pra irritar mesmo.
- Vai fazer o seu trabalho. - ela disse brava e desligou o telefone, sorri ao saber que consegui a irritar. Segui o meu caminho até a loja de vestidos. Demorei mais ou menos uma hora só pra ir, peguei os quinze vestidos e os quinze ternos, joguei dentro do carro e encarei o trânsito novamente, chegando ao prédio, uma hora depois de sair da loja.
Peguei as caixas de algodão e entrei no prédio indo até o elevador, assim que ele abriu, coloquei o jarro da planta que estava ali do lado na porta, pra ela não se fechar e eu poder voltar no carro. Deixei as caixas dentro do elevador e voltei correndo, recebendo um xingamento do porteiro. Voltei correndo pro elevador já com os vestidos e ternos em mãos, os coloquei em cima das caixas e retirei a planta do caminho para que a porta pudesse se fechar.
O nosso escritório ficava nos dois últimos andares do prédio. O primeiro andar era o atendimento. Onde as pessoas podiam circular livremente, olhar nossos catálogos e planejar o seu evento, com direito a degustação. O segundo andar é o escritório, onde reina. Abaixo, é claro, do Senhor Braun, o dono da empresa. Mas isso não duraria muito tempo, com a minha promoção a teria que dividir o reino comigo e eu estava muito feliz por esse motivo, eu consigo ver o tormento que vai ser para ela ter que me aturar. Eu não pegarei leve com ela, não mesmo.
Assim que as portas se abriram, encarei nossa recepcionista, Kenia. Nem sempre bem humorada, mas sempre disposta a sorrir e eu adorava ela.
- Pode me ajudar com isso? - pedi colocando aquelas tralhas todas em cima da mesa.
- Não sou paga pra te ajudar, . - ela respondeu com uma cara de tédio.
- É só ficar de olho nas roupas pra mim enquanto eu levo as caixas e busco uma arara. - respondi fazendo minha carinha de pidão.
- Vai ficar me devendo. - ela disse e eu me estiquei para beijar sua testa e depois sai carregando as caixas, a ouvindo reclamar.
Segui meu caminho até o depósito, coloquei as caixas no devido lugar e fui procurar algumas araras para colocar as roupas. Acabei encontrando Peter, ele era do setor de orçamentos.
- Hey, Peet, me ajuda com isso? - perguntei apontado para as araras.
- , você sempre me pede ajuda com alguma coisa. - ele reclamou rolando os olhos.
- Mas eu te recompenso. Sempre te ajudo a pegar as gatinhas. - respondi brincalhão, mas não era nenhuma mentira, Peter era péssimo com cantadas então eu sempre tinha que dá um empurrãozinho.
- Vamos lá, porra. - ele disse pegando uma das araras e saindo do deposito. Eu fui logo atrás.
Arrumamos as roupas devidamente. Os vestidos em uma das araras e os ternos nas outras, já era quase uma da tarde quando terminamos e eu as levei para o closet.
Passei na cozinha e tomei uma água e um suco, e aproveitei para observar a Chloe, nossa atendente mais gostosa. Uma loira de olhos cor de mel e um corpo de dar água na boca de qualquer homem. Claro que eu podia pegar ela a hora que eu quisesse, mas ultimamente eu não tenho tido tempo porque a miss simpatia só sabe me dá trabalho atrás de trabalho.
Depois de admirar as curvas de Chloe, voltei ao elevador e subi para o meu andar. Caminhei até minha mesa me sentando, mas nem tive tempo de descansar, lá estava o post it colado na tela do meu computador. Bufei ao ler o pedido de ir até a sala dela.
- Me chamou? - falei batendo na porta de leve, porta que não sei pra quê existia se ela sempre deixava aberta.
- Sim, preciso que você fique aqui e ajude com a prova de roupas da festa de quinze anos. Pegou os vestidos? - ela perguntou se levantando e arrumando as coisas na bolsa.
- É, eu peguei sim, mas porque você mesma não ajuda com a prova de roupas? Isso é trabalho seu. - respondi irritado.
- Tem razão, mas eu tenho um almoço agora com o presidente da Channel, parece que ele quer fazer um grande evento e eu não posso remarcar as provas com a filha do nosso senador então você cuida dela. - ela disse sorrindo daquele jeito que me mata de raiva.
- Vai lá, Lady Marmalade. - falei dando de ombros. Ela rolou os olhos teatralmente e passou por mim saindo da sala. Bufei e sai logo atrás dela indo direto pro elevador e pegando junto com ela.
- Eu não disse pra você ficar aqui? - ela perguntou.
- Vai me proibir de almoçar também? - me virei para ela e encarei seu rosto que me encarava com desprezo.
- Você precisa estar aqui antes das duas. - ela falou desviando o olhar.
- Eu preciso é de férias. - reclamei.
- Não está trabalhando nem três meses e já quer falar de férias? - ela riu irônica. Já disse como eu odeio isso?
- Três meses trabalhando com você é o mesmo que está servindo no Iraque. - respondi me escorando a parede gélida do elevador.
- O nosso país já estaria no buraco se você fosse um soldado. - ela disse também se escorando da parede, de frente para mim.
- Agora vamos falar sério, há quanto tempo? Tipo, quando foi a ultima vez? - perguntei sério.
- Ultima vez o quê? - ela fez uma cara de confusa.
- A ultima vez que você transou. - falei dando de ombros e recebendo um olhar matador. Se ela tivesse raios nos olhos eu estava queimado agora.
- Você é muito idiota mesmo, não é? Eu não sei como alguém pôde contratar você. Me pergunto qual o problema do Braun pra pensar que um moleque como você tem a capacidade de ser gerente desse lugar. Você vai levar nossa empresa pro buraco, o mesmo buraco onde suas prostitutas trabalham. Esse trabalho é tudo pra mim então é melhor você tomar cuidado porque eu não vou deixar você estragar tudo. - ela falou jogando todo o seu ódio e desprezo em cima de mim, se aproximando e parando bem próxima a mim.
- Bem típico de mulheres como você. Trocam o marido pelo trabalho. - falei e num movimento que eu realmente não esperava acontecer, ela acertou o meu rosto com um tapa que deixou a parte onde ela acertou queimando. Eu já ia matar ela quando a porra da porta do elevador se abriu e ela saiu de lá praticamente correndo.
- Vadia. - rosnei apenas pra mim.
Sai do elevador e segui até o restaurante que eu costumava frequentar ali na mesma rua do prédio.

Soul Entertainment, 15 de Janeiro de 2014. 15h00.

Eu já estava sentado na sala do Senhor Braun esperando a Queen chegar, já estava impaciente, eu realmente odiava ficar esperando e ainda mais com o chefe olhando pra mim como se quisesse arrancar alguma coisa de mim. Só espero que não seja a roupa.
- Oi, desculpa o atraso. - ela adentrou na sala arfando, tinha corrido.
- Tudo bem, . Por favor, sente-se. - Braun disse pacientemente e ela se sentou ao meu lado. - Agora, vamos direto ao assunto. Fomos contratados para promover a Fashion Week deste ano - senti se estremecer no banco ao lado. - E como é um evento muito grande, resolvi que vocês vão trabalhar juntos, como sócios.
- O QUÊ? - gritamos juntos. Ela por revolta, provavelmente. Eu por felicidade, é claro.
- Desculpa, Braun, mas eu não vou trabalhar com ele. Eu posso fazer isso sozinha. - ela disse revoltada.
- Eu é que não devia querer trabalhar com você depois da sua tentativa de assassinato contra mim. - falei super dramático.
- Eu só te dei um tapa. Isso não mata ninguém. - ela disse gesticulando com as mãos.
- Você deu um tapa nele? - Braun franziu o cenho, confuso e espantado.
- Ele mereceu. - ela deu de ombros.
- A culpa não é minha se você não aguenta ouvir a verdade. - eu disse também dando de ombros.
- Claro, porque a culpa é das estrelas. - cri cri cri.
- Tá bom, agora já chega. - Braun falou depois de um silêncio constrangedor. - Não quero mais saber de brigas entre vocês. Vocês vão trabalhar juntos a partir de agora. Todos os eventos em que você estava responsável serão passados para outra pessoa. - ele disse direcionado a . - E se eu vir ou ficar sabendo que vocês brigaram de novo por motivos idiotas, os dois estarão demitidos. Entendido? - ele terminou e nós dois suspiramos.
- Sim. - respondi primeiro.
- ?
- Tá, tá bom. - ela falou desistindo.
- Ótimo, agora vão. - ele falou e nos retiramos da sala.
- Nem pense em fazer gracinhas, . Podemos ser sócios agora, mas eu ainda irei te avaliar. - ela ameaçou, mas sinceramente, eu não estava ligando. Era a chance da minha vida, foda-se . Eu vou fazer o meu trabalho e ganhar minha vaga.

Soul Entertainment, 20 de Janeiro de 2014. 09h30.

Alguns dias trabalhando com a maluca da e eu já estava ficando doido também. A FW iria acontecer no próximo mês e tudo foi jogado em nossas costas porque a empresa que costuma realizar o evento não deu conta.
Um evento desse porte começa a ser planejado no mínimo uns 6 meses antes, tínhamos menos de um mês, dá pra compreender o porque de estarmos ficando malucos, certo?
Mesmo odiando até a morte aquela mulher, eu consegui entender o porquê o estresse dela e, vendo como ela estava sobrecarregada nestes últimos dias, resolvi voltar a fazer o que eu costumava fazer antes de ser promovido. Buscar o café e a esperar em frente ao elevador. E isso me fez ter uma lembrança do meu primeiro dia aqui.

Flashback ON

Eu estava nervoso com o primeiro dia. Era uma grande oportunidade que o Senhor Braun tinha me dado e eu queria aproveitar. Eu iria trabalhar com um dos nomes mais populares neste ramo, . As pessoas que trabalham com ela falavam coisas boas dela. Falaram que ela era uma pessoa maravilhosa e eu queria muito conhecê-la logo.
Para causar uma boa impressão, trouxe um copo de café para ela. Não sei se ela costumava tomar café pela manhã, mas como eu gostava e a maioria dos nova iorquinos também, resolvi ariscar.
A porta do elevador se abriu e ela apareceu. Cabelos presos em um rabo de cavalo, blusa social branca, saia preta abaixo dos joelhos e o salto alto.
Ela me encarou confusa e caminhou decidida até mim.
- Bom Dia senhori... - e ela passou direto me ignorando totalmente. Fiquei sem saber o que fazer e com cara de tacho ali no meio da sala recebendo alguns olhares piedosos até que Chloe, uma das atendentes se não me engano, se aproximou.
- Não fique bravo com ela. Ela está passando por uma situação bem complicada na vida pessoal, ela só precisa superar. - ela disse sorrindo amigavelmente e eu pensei que poderia transar com ela. Mas depois faria isso porque agora eu tinha que ir trabalhar.
- Obrigado! - agradeci a Chloe e segui caminho até a sala da .
Assim que cheguei à porta ela saiu e acabou se esbarrando em mim e derramando o café que eu tinha comprado pra ela em minha camisa.
- Mas que droga! - ela gritou olhando a roupa dela, que não estava suja.
- Desculpa, eu tinha trago pra você. - respondi, sem graça e tentando limpar o café que estava queimando em minha pele.
- Pra mim? - ela questionou e eu apenas assenti com a cabeça. - Da próxima vez, tente não derramá-lo em mim e traga sem creme. - ela disse com seu ar superior e saiu me deixando totalmente transtornado e com muita raiva.

Flashback OFF

As portas do elevador se abriram revelando a mulher dentro dele. Cabelos presos em um rabo de cavalo, blusa social azul clarinho, saia preta abaixo dos joelhos e o salto alto. Algumas coisas nunca mudam.
Ela me encarou confusa e caminhou devagar até mim e antes que ela pudesse falar algo lhe entreguei o copo de café.
- É sem creme. - falei.
- O que é isso? Colocou veneno aqui? - ela questionou e parecia estar falando sério.
- Não coloquei veneno. Isso é uma trégua. - falei. - Estamos sobrecarregados de mais com a FW então estou propondo uma trégua nas brigas e apenas nos concentrarmos nesse trabalho.
- Sem implicância? - ela levantou uma das sobrancelhas.
- Sim, tudo na paz. Pode fazer isso? - ela deu um grande suspiro e depois tomou um gole de café.
- Tá bom.
Ela voltou a caminhar em direção a sala dela e eu fui atrás, não poderíamos perder tempo nenhum, as coisas estavam corridas demais para ficarmos com implicância e brigas idiotas. Era simples. Apenas me concentrar no trabalho e depois de pronto eu voltava a odiar ela. Não vai ser fácil conviver com ela durante todo esse tempo sem as demonstrações de ódio, mas eu aguento.
O dia passou correndo. Mal tive tempo para me alimentar. Tinha que cuidar dos equipamentos, dos cronogramas de apresentação, da lista de convidados e onde cada um iria sentar. Também tinha a lista de exigência de cada um que iria se apresentar ali, cada modelo tinha que ter um tratamento único. Tinha que olhar quantas garrafas de Champanhe iria precisar. Fora o dinheiro, DJ, iluminação, cenário, araras e diversas outras coisas que nem sei mais listar.
Quase que não parava mais na empresa. Ficava rodando NY para tentar resolver tudo e mesmo assim ainda ia pra casa com um monte de coisas na cabeça. Estava sendo extremamente estressante.
Depois de mais um dia na rua, voltei ao prédio umas oito da noite. Todos provavelmente já haviam ido embora. Só precisava deixar uns papeis e pegar outros e ir pra casa tomar um banho e relaxar. Tinha certeza que tinha visto um fio branco de cabelo em mim na volta pra cá, o que não era nada bom.
Chegando ao andar, fui até minha mesa. Ouvi um barulho estranho vindo de dentro da sala da e resolvi dá uma olhada.
A cena que se seguiu foi a cena mais estranha que eu já vi na vida.
chorava em seu escritório.
Ela estava sentada no chão, escorada em uma parede descalça e abraçada a suas pernas. Segurava um papel em suas mãos e chorava compulsivamente. Os soluços constantes e altos poderiam ser ouvidos facilmente por quem estivesse no primeiro andar. Ela estava acabada e eu paralisado.
Nunca tinha a visto demonstrar qualquer tipo de sentimento, que não fosse raiva ou desprezo. Isso era uma coisa inédita e triste.
Pensei em ir lá, falar com ela, perguntar o porquê daquela choradeira, mas pensei bem e afinal ela não gostava de mim e eu não gostava dela, porque eu deveria me importar com o choro e os sentimentos dela? Bem feito. Merece chorar mesmo pra vê se aprende a tratar melhor os empregados. Podem me chamar de insensível e blá blá blá, eu não ligo. Essa cobra cascavel merece o que tem.
E com esse pensamento em mente, girei os calcanhares e voltei a minha mesa. Peguei os papeis que eu precisava e caminhei até o elevador ainda com o barulho dos soluços dela em meus ouvidos. O elevador se abriu e eu entrei. Como eu já me cansei de dizer. Foda-se .

Midtown, 25 de Janeiro de 2014. 06h30.

Um barulho insuportável começou a zuir em meus ouvidos. Reclamei sozinho e tentei tampar a cabeça com o travesseiro me negando a abrir os olhos, mas o barulho não cessou. Estiquei minha mão para alcançar o criado mudo ao lado da cama e assim pegando aquele aparelho do demônio que não parava de cantar. Sem mais paciência nem pra ler o visor atendi o telefone.
- Alô? - minha voz quase não saiu.
- Acorda ! Eu preciso de você agora! - a mulher do outro lado gritou e eu quase quebrei o celular na minha mão, porque eu fui atender essa porra mesmo?
- Ah, mas que porra! - resmunguei.
- Falo sério, ! Preciso de você na reunião com o Diretor da Mercedes. - ela falou mais normalmente.
- Pra quê? - perguntei bufando.
- Tudo bem, não quer vim, não venha! - ela desligou o telefone na minha cara e eu o joguei longe, mas como sou um completo idiota, um filho da puta do caralho, desgraçado, me levantei para me encontrar com ela na tal reunião que já deveria ter começado.

Cheguei ao escritório onde a reunião acontecia e nem me dei ao trabalho de ligar para avisar que eu estava indo.
Na recepção, uma mulher mais jovem e bonita me atendeu.
- Vim pra reunião, sou da Soul Entertainment. - falei, lançando um sorriso depois para a garota.
- Já tem um tempo que a reunião começou, a senhorita parece estar tendo problemas. - ela falou essa ultima parte num sussurro.
- Que tipo de problemas? - perguntei confuso, mas a mulher não me respondeu, só me lançou um olhar de pena como se pedisse desculpas. Sem esperar que ela falasse mais alguma coisa entrei no prédio e fui direto para a sala de reunião. Eu já sabia bem onde era, afinal, eu praticamente passei a semana nela.
Entrei na sala e vi encostada na parede, com os braços em volta do corpo como se estivesse se protegendo de algo. Heitor, da Mercedes, estava do outro lado, sentado na mesa com cara de tédio.
- ? - pode parecer estranho, mas eu juro que ela parecia aliviada por minha presença.
- Finalmente alguém com quem realmente eu possa negociar. - Heitor comentou se levantando e andando em minha direção.
- Como assim, finalmente alguém com quem você possa negociar, a está aqui exatamente pra isso. - comentei e ele estendeu a mão pra me cumprimentar e eu fiz o mesmo.
- Desculpe, mas ela não é uma grande negociante, você sabe... mulheres. - seu comentário extremamente machista me deu nos nervos. Desculpa mas só uma pessoa nesse mundo pode maltratar , e essa pessoa sou eu.
- Não, eu não sei. Pra mim a senhorita é muito capaz de fazer qualquer tipo de negócio. Talvez o problema seja que sua mentalidade não consegue acompanhar a dela. - falei com toda a ironia que eu conseguia colocar na voz.
- ! - disse baixinho atrás de mim, como se me repreendesse mas ela nunca me chamava de , o que significava que eu estava fazendo algo certo.
- Como é? - Heitor se aproximou novamente de mim com as sobrancelhas erguidas.
- Qual é! Pleno sábado de manhã e vocês fazendo drama? Qual o problema dela ter vindo à reunião e não eu? Só porque ela é mulher? Ela comandaria essa sua empresa muito melhor que você e com as mãos amarradas. É melhor parar com esse seu machismo de merda e se comportar porque se você voltar a tratá-la mal pode dizer adeus a sua semana de moda. - eu disse raivoso. - Vem. - puxei pra fora da sala antes que Heitor começasse a falar e reclamar.
- Não devia ter feito isso. - ela disse baixinho, um tom de voz que ela nunca usava. E quando eu digo nunca, é nunca mesmo.
- Você me chamou aqui pra isso, não foi? - comentei, nem era uma pergunta na verdade porque eu já sabia a resposta.
- Te chamei aqui porque ele não parava de me humilhar, não pra você brigar com ele. - ela disse se afastando de mim.
- De nada, . - abri a porta do carro pra ela. Ela pensou um pouco se deveria ou não entrar, mas acabou entrando e foi a primeira vez que eu a levei em casa.

Soul Entertainment, 27 de Janeiro de 2014. 20h00.

Eu ainda estava na empresa, estava terminando de fazer a lista de credenciamento. Muitos jornalistas iriam comparecer a FW e eu fiquei encarregado de colocar o nome de cada um e o jornal e revista de onde ele pertence em cada crachá. Maravilha.
Fiquei a tarde inteira fazendo isso, fora as várias vezes que fui parado pra atender telefonemas importantes.
Eu estava no andar de baixo, isso pra evitar o contato com a . Estava cada vez mais difícil vê-la e não poder brigar com ela. Essa coisa de bandeira branca estava ficando insuportável e, por incrível que pareça, eu sentia falta das brigas.
Sentir falta de algo que vem da não estava nos meus planos. Aquela mulher realmente me deixava maluco. Conseguia me fazer querer matá-la, e depois protegê-la. Me fazia querer brigar com ela até ver ela chorar e depois deixar ela me xingar só pra que ela ficasse feliz.
E tendo esses pensamentos estranhos e sem noção, resolvi que era melhor ir pra casa descansar.
Subi pro meu andar e coloquei os papeis em minha mesa. Peguei a chave do meu carro e me direcionei ao elevador, foi quando eu ouvi o barulho de algo se quebrando. Levei um susto e achei que era um ladrão ou coisa do tipo, até ouvir o grito de raiva embaralhado com um soluço de choro.
Caminhei devagar até a sala da , apesar de ter certeza que o grito foi dela e que talvez ela só esteja chorando novamente, porque eu também choraria se fosse a , uma pessoa tão ruim como ela deveria ser triste. Mas, voltando, me aproximei com cuidado da porta a encarando no chão novamente, descalça com uma garrafa de whisky na mão e um copo espatifado no chão e o liquido que estava nele jogado por toda a parede perto da porta.
Ela ergueu seu olhar até mim e seu assustou a me ver ali, ela colocou a garrafa em cima da mesa e começou a limpar as lágrimas que escorriam por seu rosto. Ainda descalça caminhou até mim e tentando manter uma postura durona se posicionou em minha frente.
- O que está fazendo aqui, ? - ela perguntou tentando manter firmeza na voz, mas tudo o que conseguiu foi um sussurro rouco e falho. Ela estava chorando há muito tempo.
- É proibido beber no trabalho. - respondi analisando cada traço triste do seu rosto.
- Me prenda! - ela esticou as mãos esperando que eu fizesse algo. Ela estava bêbada. Segurei seu braço e a puxei contra meu corpo. Eu a deixei chorar uma vez, não podia fazer isso de novo.
Ela agarrou minha blusa e suas lágrimas começaram a cair. Senti seu corpo se diminuir em meu abraço e os soluços voltarem. Afaguei seus cabelos de leve e não falei nada. Eu não sabia o que falar e eu não tinha certeza se ela queria ouvir.
Depois de um tempo naquele mesmo jeito, senti os soluços pararem e então ela se afastou, caminhou até sua mesa e pegou a garrafa de whisky e tomou mais um gole.
- Sabe, você passa a vida inteira se dedicando a alguém e então do nada essa pessoa resolve que não te ama mais. - ela deu outro gole. - E nem tem a coragem de dizer isso na sua cara. Deixa um recado e some no mundo sem te dar nenhuma explicação. - outro gole. - Eu não vou deixar ele me derrubar, não mesmo. Eu sou , ninguém derruba , porque é forte, é uma guerreira e nunca mais vai se apaixonar de novo. - um gole bem grande. - Eu não sou uma pessoa ruim, . Eu não sou. Porque você me odeia? - seus olhos se encheram de lágrimas novamente.
- Eu não odeio você, .
- Odeia sim. E eu mereço o seu ódio. Eu te trato tão mal. - ela colocou a mão na cabeça como se quisesse segurar ela para não cair.
- Eu não odeio você. Nossas brigas são a forma que eu encontrei pra te distrair. - falei sem saber exatamente o que estava falando.
- É por isso que ainda não colocou veneno no meu café? - ela perguntou se sentando no chão.
- Eu jamais faria isso.
- Ele faria. - ela disse do nada olhando pro nada. Me aproximei e me sentei ao lado dela.
- Eu jamais faria o que ele fez. - eu nem estava bêbado e tava falando essas coisas sem noção. Eu não sabia o que estava sentindo ali na hora, mas eu queria poder fazê-la sorrir. Já se passaram meses desde que o noivo dela a deixou e ela ainda chorava por ele? Isso era inaceitável.
Estava tão absorto nos meus pensamentos que não vi que ela me encarava. Retribui seu olhar e senti um frio na barriga com aquela conexão que ali havia se formado. Sem pensar muito, o que eu estava fazendo desde que entrei naquela sala, aproximei meu rosto do dela. Ainda mantendo o olhar no dela colei nossas testas e acariciei seu rosto. Ele fechou os olhos sentindo o carinho e eu aproveitei para acabar com a distância que havia entre nós.
Não, eu não estava bêbado. Eu não tinha colocado nenhuma gota de álcool no organismo e eu estava a beijando. Seus lábios macios tocavam os meus. E o que me deixou espantado foi ver que ela não rejeitou, pelo contrário, ela correspondeu à altura, me dando passagem para a língua quando pedi.
Suas mãos vieram até a minha nuca e ela puxava meus cabelos me deixando mais excitado com aquilo tudo. Uma corrente elétrica já percorria meu corpo e eu sentia um arrepio toda vez que sentia sua pele junto a minha.
Ela se sentou em meu colo e o beijo não parou. Minhas mãos caminhavam por seu corpo ainda coberto com aquelas peças de roupas inúteis. Nunca odiei tanto estar vestido.
Comecei a desabotoar a blusa dela, revelando o sutiã preto de renda. Ela mesma terminou de tirar a blusa e voltou a atacar a minha boca. Eu não queria estragar o momento nem nada, mas foi mais forte do que eu.
- Vamos tirar o atraso.

Soul Entertainment, 28 de Janeiro de 2014. 16h30.

O dia estava bem estranho. E não o estranho bom, o estranho estranho mesmo.
mal havia falado comigo, ela evitava olhar em meus olhos, evitava até passar por mim e isso era um sinal de que ela se lembrava perfeitamente da noite passada, contrariando a minha hipótese de talvez ela esquecer tudo graças a bebida.
Mas diferente dos outros dias, ela não estavam tão irritante. Ela não usava seu tom rude com ninguém. Ela estava diferente. Não sabia se isso era bom ou não, mas provavelmente é ruim porque me ignorando não era nada bom.
Eu estava na cozinha da empresa, tomando um café da tarde quando ela apareceu. Ela me olhou rapidamente e desviou o olhar pra cafeteira e se encaminhou até lá.
- Vai me ignorar o resto da vida? - perguntei a olhando.
- Não sei do que está falando. - ela disse terminando de arrumar seu café.
- Sabe sim. - falei me aproximando dela.
- Vai trabalhar, . - ela se virou para sair, mas segurei seu braço.
- Sério que não quer conversar sobre isso? - perguntei.
- Não foi nada, você faz isso o tempo todo, não faz? Então não tem importância nenhuma. - ela disse e puxou seu braço se soltando de mim e saindo.

Lincoln Center, 4 de Fevereiro de 2014. 10h45.

O local do evento já estava começando a receber os equipamentos e eu estava supervisionando tudo.
A montagem começaria ainda hoje, só para adiantar, e terminaria amanhã. O evento era daqui a dois dias e a correria era bem grande. Passei esses últimos dias praticamente sem dormir. Ficava boa parte do dia andando pela cidade tentando resolver as ultimas coisas e a noite ficava no escritório resolvendo a papelada, com a .
Tem ficado extremamente difícil conviver com ela. A cada dia ela parece mais bonita e mais simpática. Não que ela esteja distribuído sorrisos para os passarinhos, mas ela não age mais como se fosse uma prostituta sem clientes. Ela continua implicando comigo, mas nada grave que nos faça querer matar um ao outro. Ultimamente o que eu quero fazer com ela é outra coisa, totalmente diferente e mais prazerosa.
É estranho de mais pra mim ficar pensando coisas desse gênero com a mulher que eu simplesmente odiava, odeio, tanto faz.
Preciso parar com esses pensamentos logo antes que eu enlouqueça.
- Preciso dessa lista agora mesmo, por favor, traga pra mim. - ela falava com uma garota, eu conseguia ver o desespero nos gestos do seu corpo. Ela estava sob pressão e tudo isso tem a deixado tensa demais e quando ela fica muito tensa ela acaba esquecendo as coisas.
- Qual o problema? - perguntei me aproximando e ela virou os calcanhares para me encarar.
- Nada, é só um problema com os assentos, eu vou resolver isso hoje. - ela passou os dedos nas têmporas.
- Porque não vai pra casa e deixa que eu faça isso? - perguntei, sendo gentil. Isso estava se tornando muito comum ultimamente.
- Não, eu posso fazer isso. - ela respondeu.
- Sério , ninguém quer te ver maluca no dia do desfile. Vai pra casa, toma um banho de banheira, relaxe e amanhã você volta. - falei a empurrando pelos ombros a fazendo andar em direção à porta.
- Tá tentando roubar meu cargo, ? - ela perguntou em um tom divertido, eu poderia me acostumar com isso.
- E vou colocar a culpa nas estrelas. - falei me lembrado da piada nada engraçada dela e ela gargalhou. Exatamente, ela gargalhou. Eu nunca tinha ouvido ou a visto gargalhar antes, era algo único e aquilo fez meu coração disparar de um jeito bobo. - Eu não acredito que vivi pra ver isso. Gente a está rindo. - ela me deu um tapa.
- Para, ! - ela falou segurando o riso.
- Caralho, alguém me empresta uma filmadora? Eu preciso registrar isso. - falei olhando pros lados e vendo as pessoas se divertirem com a cena. Vendo que ninguém me daria câmera nenhuma, peguei meu celular. - Sorria , sorria pra mim ganhar uma grana com esse vídeo. - falei e ela riu mais. Eu sei que eu deveria ter me contido, mas eu não consegui, foi mais forte do que eu. Em um movimento rápido eu a beijei. Ela ficava tão maravilhosa sorrindo que não consegui conter o meu impulso e pra minha sorte e surpresa, ela não me empurrou ou me deu um chute no meio do saco, ela me deixou beija-la, mas antes que causasse muita polêmica eu me afastei. - Vai pra casa. - falei por fim e ela apenas assentiu com a cabeça, saindo logo em seguida.
Eu não sei o que estava acontecendo comigo, eu não devia ter a beijado na frente de tanta gente. Era algo incomum de se fazer e eu nem tinha nada com ela, nós apenas estávamos tentando nos aturar, nada mais. Não havia um sentimento ali. Mesmo que meu corpo inteiro diga ao contrário. Eu não estava apaixonado pela minha chefe.
Mas ficava cada vez mais difícil de acreditar nisso quando seu coração dispara ao vê-la, quando você fica ansioso para estar ao lado dela e não para de pensar nela nem um segundo sequer do dia. Quando você está com outra e fica desejando que fosse ela ali. Quando ela toca em sua pele e você sente uma corrente elétrica percorrer o seu corpo.
Eu não estava acostumado com esse tipo de coisa. Era bem mais forte do que tudo o que eu já havia sentido, as sensações eram melhores e meu desejo de tê-la novamente era matador.
Voltei a me concentrar no trabalho, eu precisava me concentrar no trabalho.

Lincoln Center, 13 de Fevereiro de 2014. 23h15.

ACABOU.
A Fashion Week finalmente acabou. Depois de tanto trabalho duro, deu tudo certo. Foi um grande sucesso. Eu não podia estar mais feliz, tudo o que eu lutei pra conseguir, eu havia conquistado e eu queria comemorar, mas eu não queria comemorar ali com a equipe inteira, eu queria comemorar apenas com uma pessoa.
O local estava lotado com pessoas gritando e bebendo. Todos felizes com o sucesso. Eu estava escorando em uma pilastra conversando com Peter sobre algo paralelo que eu não prestei muita atenção. Toda a minha atenção estava na mulher que usava um vestido presto simples e charmoso demonstrando toda a sua classe. Ela mantinha um sorriso no rosto e estava animada, conversando com todos em sua volta. Era bom vê-la assim.
Pensei em um modo de poder ficar sozinho com ela e tive uma ideia.
- Peter, preciso da sua ajuda. - depois de explicar ao Peter, exatamente o que ele deveria fazer fui até a única sala que eu sabia que iria estar vazia naquele lugar. Ninguém nos atrapalharia ali, afinal, estavam ocupados demais pra se importarem.
Esperei por um tempo, planejando e tendo conversas aleatórias em minha mente. Eu não sabia o que falar. Não sabia o porquê a chamei ali, não sabia por que eu queria conversar com ela, não sabia nem o que eu queria conversar com ela, tudo o que eu sabia é que eu precisava estar com ela agora.
Eu estava tão confuso em meus pensamentos que eu mal escutei quando ela entrou.
- Me mandou um post it, que ironia. - ela falou anunciando sua chegada.
- Faz parte. - falei, eu estava nervoso, o que está acontecendo comigo mesmo?
- Acho que já sei o que você quer. Agora que o trabalho acabou, nossa trégua também. - ela falou, mas ela não tinha nem noção do que eu queria, porque se soubesse ela não estaria ali, bom, eu acho.
- É, tem razão. Nossa trégua acabou. Mas antes que você comece a me humilhar publicamente novamente. - me aproximei dela e coloquei minha mão em sua cintura. - Preciso saber de uma coisa antes. - eu podia sentir a respiração forte dela contra meus lábios. Levei minha boca até seu ouvido e sussurrei. - Preciso saber o que acontece se eu fizer isso. - no mesmo instante a puxei pela coxa pra cima a carregando no colo. Suas pernas se enrolaram em minha cintura e suas mãos vieram até meus ombros. Levei uma das minhas mãos até sua cabeça e a puxei para um beijo. Não demorou para que sua língua invadisse minha boca e eu caminhei com ela em meu colo até encontrar uma parede para poder a sustentar melhor.
Meus beijos desceram até seu pescoço e eu podia ver sua pele se arrepiando com o meu toque e isso me deixou satisfeito, sabendo que eu não era o único a passar por essa situação.
Apertei com mais força sua coxa e a ouvi arfar em meu ouvido o que me deixou tremendamente mais animado com aquilo tudo.
Me surpreendi quando senti as mãos dela descendo pelo meu peitoral e parando na barra da minha blusa, no próximo instante ela já estava no chão, assim como o vestido dela.
Fiquei maravilhado com o corpo que ela tinha e sua lingerie lilás com rendas pretas. Voltei a beijar sua boca, descendo pelo pescoço, busto e sentindo ela se contorcer em meus braços me arranhando com suas unhas e gemendo de prazer.

Soul Entertainment, 14 de Fevereiro de 2014. 09h30.

Como nos outros dias, lá estava eu. Na porta do elevador, esperando aquela linda mulher passar pela porta e pegar o café de minhas mãos. Mas isso não aconteceu.
Eu a esperei durante uma meia hora e nada. Depois larguei o café na cozinha e fui até a sala dela. Tudo igual, só faltava uma coisa, .
Ela não era de faltar e isso me fazia pensar que talvez a culpa fosse minha.
Talvez ela tenha se arrependido novamente. Mas eu não sabia como ela poderia se arrepender de algo que foi tão bom. Eu não queria que ela se arrependesse e só de pensar na possibilidade isso me deixava triste.
- O que tá fazendo aqui, ? - pra minha decepção, não foi que apareceu, foi Chloe.
- Estou esperando a . - dei de ombros.
- Sinto lhe informar, mas ela não vem. - ela falou se sentando em uma cadeira em frente à mesa.
- Ela está passando mal? - perguntei, preocupado com ela, mas aliviado por a culpa não ser minha.
- Não, ela está lá embaixo conversando com o Braun, ele vai transferir ela. - Chloe disse aquilo como se dissesse bom dia.
- Como é? - quase gritei.
- Ela não te contou? - Chloe começou, mas eu não esperei ela dizer mais nada, sai correndo da sala e fui direto pro elevador.
A procurei por todo o andar de baixo e nada dela, vi Braun subir as escadas sozinho e imaginei que ela não estivesse mais ali. Ela foi embora e nem mesmo se despediu.
- Ela desceu, se você correr vai a alcançar na portaria. - Kenia falou e eu só gritei um obrigado quando já corria pro elevador, mas ele demorou de mais, então fui de escada mesmo. Desci todos aqueles intermináveis andares correndo. Se eu cheguei quase morrendo na portaria? Sim.
Como Kenia havia dito, lá estava ela. Esperando um táxi como sempre. Seu cabelo solto voava com o vento a deixando mais maravilhosa, me aproximei tentando recuperar o fôlego.
- Quer dizer que você iria embora e nem iria se despedir? - ela se assustou com o tom da minha voz atrás dela e se virou para mim.
- Não gosto de despedidas. - ela falou sem olhar nos meus olhos.
- Desde quando sabe dessa transferência? - perguntei.
- Desde quando você chegou. - ela disse mordendo os lábios.
- Estava me treinando pra te substituir? - meu coração estava apertado, eu sentia uma aflição incontrolável. Era ridículo, mas eu não queria que ela fosse. Eu não queria ficar com o lugar dela. Ela sempre vai ser a rainha daquela empresa.
- Sim. - ela encarou os pés e começou a apertar os dedos das mãos em um ato nervoso.
- Não quero que você vá. - deixei escapar. Os olhos dela subiram até os meus me encarando pela primeira vez desde o início de nossa conversa. - Não vá.
- Porque eu ficaria aqui? - ela perguntou e de alguma forma eu sabia o que ela queria ouvir, mas eu não conseguia dizer. Fiquei em silêncio por um tempo apenas a encarando. - Diga e eu fico. - ela disse como se implorasse. Meu coração já não batia mais, eu mal sentia meu corpo, minha mente estava em colapso.
- Eu..., é que...
- Era isso que eu estava esperando. - ela se virou novamente e chamou o taxi, antes que eu conseguisse raciocinar e a impedir ela entrou nele e se foi.
Fiquei ali parado como um idiota durante um bom tempo. Eu a amava? Como eu poderia dizer que sim se nem eu mesmo sabia? E porque ela está me cobrando isso? Não temos nada, nunca prometi ter nada com ela, ela não pode me cobrar algo assim.
Voltei pra dentro da empresa e fui direto pra minha mesa. Passei as mãos nos meus cabelos incansáveis vezes até eles estarem totalmente bagunçados, foi quando encarei a tela do computador e ali estava os dois post it colados, uma mania que ela nunca perdia.

"Eu não sei o que está acontecendo comigo, eu tenho perdido noites de sono pensando em você e acho que isso não é bom porque não sei se você sente o mesmo. Mas isso não importa mais porque estou indo embora e você vai poder seguir a sua vida. Mas antes que eu suma preciso que você saiba que eu te amo, . E eu já te amava muito antes da nossa 'trégua'."


Soul Entertainment, 14 de Fevereiro de 2014. 22h30.

Já era tarde, estava quase na hora do voo da . Ela passaria na empresa para pegar as coisas do seu escritório e escolheu passar num horário que ninguém estaria lá. Mas eu estava.
Eu já tinha sido burro o bastante pra deixar tantas outras coisas boas fugirem de mim, eu não a deixaria ir.
Ouvi a porta o elevador se abrir e me coloquei de pé a esperando entrar pela porta, e isso não demorou muito a acontecer. Os olhos dela logo se arregalaram, ela olhou a sala ao todo e depois seu olhar se direcionou para mim e eu podia ver os olhos dela brilhando, acho que tinha sido uma boa ideia gastar todos os post it que havia na empresa para escrever "eu te amo, " e colar nas paredes.
- No meu primeiro dia aqui - comecei a falar. - eu estava tão animado por trabalhar com você. Você era a mulher em quem eu me inspirava e eu sempre sonhei em trabalhar com você. E transar com você. - ela soltou um risinho. - Quando eu te vi naquele elevador pela primeira vez meu coração se disparou de uma forma que eu achei que iria enfartar. Na época, eu achei que era nervosismo, mas hoje eu sei que não. Eu te amo desde aquele dia. Você me olhou como se me conhecesse e mesmo depois quando você derramou o café em mim e me xingou eu não me importei. Eu fiz de tudo pra me aproximar de você, mas você havia criado uma barreira por causa do desgraçado do seu noivo e a única forma que eu encontrei pra me aproximar vou fazendo você me odiar. Brigar com você é meu hobbie favorito. Eu sempre disse que eu venerava o seu ex-noivo por ter se livrado de você daquela forma, mas na verdade eu o venero por ter sido um idiota e deixado a mulher mais incrível que eu já conheci livre pra mim. Mas a razão de tudo isso é que Eu te odeio então, por favor, não me deixe.
Ouvi o suspirar dela e pude ver as lágrimas que ela derramava. Ela me encarou por um tempo e então abriu o sorriso mais lindo que eu já havia visto, ela deveria sorrir mais. Ela correu em minha direção e pulou em cima de mim me beijando, e eu não pude conter a alegria e o sorriso enorme que estampava em minha cara.
- Eu também te odeio, .

"Braun, estamos saindo de férias. Vamos combinar que depois daquele FW merecemos. Voltamos daqui a dois meses e guarde este post it porque ele faz parte da melhor fase da minha vida. XoXo e "


FIM



Nota da autora: Oi meninas! Esse é minha primeira shortfic, então sejam boazinhas comigo hahaha Por favor, comentem. Quero que sejam verdadeiras ok? Sabem que os comentários de vocês são realmente muito importantes para o meu desenvolvimento e eu amo escrever e quero melhorar cada vez mais, so help me!! HAHAHA See ya!

GRUPO FICS DA SARA FELIX


Nota da Beta: Quando ele a defendeu na reunião eu morri de amores, na moral. E o beijo... Ah, o beijo! Sem comentários pra esse momento de suspiros eternos. Esse final foi minha morte, post it são mania minha também hahaha Sara, meu amor, vou te matar por isso! Duvido que algum dia algum homem diga que me ama com essa minha mania de post it, então essa fic foi um sonho, eu amei MUITO forte. Parabéns Sara. Comentem muitooooooo, porque nossa autora linda e maravilhosa merece. xoxo-Anny




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