Narciso
Autora: Georgia Fernandes
Beta-reader: Bia



’s POV

“Abri os olhos e me surpreendi quando meu olhar se deparou com a imagem de um jardim grande e multicolorido por conta das flores. Após um tempo, percebi que não estava sentada sobre a esverdeada grama, mas sim em um banco de ferro com adornos florais. Eu podia ouvir o barulho de risadas infantis, mas não conseguia visualizar nenhuma criança por perto. Estava tudo muito estranho e eu simplesmente não conseguia me lembrar de como havia chegado até aquele parque. Um vento forte fez com que o meu cabelo voasse para frente do meu rosto e, após colocá-lo no seu devido lugar, reparei na presença de uma mulher muito bonita que estava ao meu lado. Seus longos cabelos negros trançados e olhos de mesma cor destacavam-se contra a pele alva. E eu posso jurar que ela não estava ali a cinco minutos atrás.
– Lugar muito... Interessante para você, filha da Rainha do Submundo, apreciar. – Continuei encarando a mulher e, após alguns segundos, percebi que deveria respondê-la.
– Desculpe-me, mas... Como assim filha da Rainha do Submundo? Quer dizer, você deve estar me confundindo com alguém e...
– Não, . Eu não estou lhe confundindo com ninguém. – Franzi a sobrancelha a ouvir o meu nome ser proferido pela mulher.
– Como você sabe o meu nome? Nós nos conhecemos?
– Eu sei o seu nome porque você é a minha filha. E nós não fomos apresentadas formalmente. Eu sou Perséfone. – Encarei a mulher com a melhor cara de interrogação que eu possuo e fiquei lá, estática, apenas olhando-a enquanto minha mente processava a informação recebida.
– Aham, tá. E eu sou o Johnny Depp. – Disse irônica e dei um sorrisinho.
– Ah, esses meio-sangues e mortais de hoje em dia! Não acreditam em mais nada. – Pude ouvi-la reclamar baixinho.
– Olha, moça, não me leve a mal, não, mas a minha mãe se chama Anne.
– Sim, a sua mãe adotiva se chama Anne.
– Ah, sim, claro e...
– Escute-me, sim? – Suspirei e limitei-me em balançar a cabeça em um sinal afirmativo. Provavelmente a história que aquela mulher – que dizia se chamar Perséfone e que afirmava ser minha mãe – contaria seria longa e, por mais estranho que pareça, eu estava disposta a ouvir. E provavelmente isso se dava ao fato de que eu nunca senti uma “ligação” com a minha mãe. Quer dizer, eu acho que deveria haver uma espécie de ligação, um elo entre nós. Mas não havia. E, no fim das contas, algo dentro de mim me dizia para ouvir o que aquela mulher tinha para me dizer. E antes mesmo de ouvir uma única palavra daquela história, eu sabia. Eu sabia que acreditava nela. Sabia que ela era a minha verdadeira mãe.
– Tudo começou quando...

Perséfone’s POV

“Eu havia ido para Elêusis, uma cidade da Grécia perto de Atenas, visitar o Templo da minha mãe, Deméter, a pedido dela. Estava distraída olhando a construção enquanto esperava a chegada de minha mãe quando um homem moreno com uma tatuagem de escorpião no ombro esquerdo na parte interna parou ao meu lado e apontou em direção de uma das colunas semidestruídas e falou alguma coisa em grego, que eu fiz de conta não entender. Mirei os olhos escuros do estranho e pronunciei apenas uma palavra do dialeto inglês.
– What? – O estranho sorriu, mostrando uma fileira de dentes ‘perfeitos’ e brancos. Por um momento me perguntei se ele havia feito o tal clareamento dentário ou se havia usado aparelho alguma vez em sua vida.
– What’s your name, sweet? – Retirei o óculos escuro que utilizava e o deixei em cima da minha cabeça. Abri um pequeno sorriso e o respondi.
– Perséfone.
– Prazer em te conhecer, Perséfone. Me chamo John. John Winster (n/a: só para não colocar Winchester de fato haha).
– Prazer em te conhecer também, John. – Passei a olhar para o horizonte, apreciando o pôr-do-sol.
– Você sabia que você tem o nome de uma Deusa? – Sorri ao ouvir as palavras e assenti.
– Perséfone, Rainha do Submundo. – Olhei ao redor e constatei que as poucas pessoas que estavam no Templo já se retiravam e suspirei. Aparentemente minha mãe havia me dado um “bolo”. Um que eu não gostava de comer. Não que eu comesse bolos. Mas... É.
– O sol está se pondo...
– Eu sei. – Perguntei-me onde o estranho queria chegar ao falar sobre o que estava óbvio.
– E você está sozinha. – Olhei de canto para ele e não disse nada. – Você não quer que eu te acompanhe até a cidade? Sabe, é perigoso e...
– Eu sei me cuidar. – Cortei-o.
– Tem certeza?
– Se eu não soubesse me cuidar, teria aceitado sua companhia até a civilização mais próxima.
– É, você está certa. – Observei um sorriso se formar nos lábios dele e acabei sorrindo também.
– Sei que não seria prudente de minha parte, mas creio que posso lhe acompanhar até onde você está hospedado.
– Não é necessário. Eu sei me cuidar. – Ele piscou. Sorri e dei meia volta para sair do Templo. Acabei sendo seguida por John e peguei uma “carona” com ele em um jipe que era, mais do que provavelmente, alugado. Nós acabamos indo para uma espécie de lanchonete e nós ficamos sentados, apenas conversando. Nós acabamos indo para o quarto do hotel em que ele havia feito uma reserva e... ”

’s POV

– Eu acho que você já sabe o que aconteceu naquela noite. – Olhei de canto para a mulher que estava ao meu lado enquanto o meu cérebro terminava de absorver as informações.
– Certo. Esse é o nome do meu pai e tudo o mais. Mas eu não nasci na Grécia e nem cresci lá.
– Sim, eu sei. Você morou toda a sua vida na Irlanda e, quando você nasceu, eu não pude ficar com você. Espero que você entenda, mas nós, Deuses, não podemos ficar...
– Aham, claro. Vocês, Deuses superpoderosos, não podem ficar com seus filhos. – Disse irônica.
– Não use esse tom comigo, mocinha. – Revirei os olhos diante da repreensão. – E, não, nós não podemos ficar com nossos filhos “meio-sangue” e também não podemos interferir na vida deles e em suas decisões.
– Nossa, até Deuses são preconceituosos. – Murmurei e percebi, por conta do olhar que me fora lançado, que Perséfone havia escutado.
– Meu marido, seu padrasto, era completamente contra a...
– Minha existência. – Interrompi-a.
– Por conta disso eu lhe escondi durante todos esses anos dele e de todo e qualquer Deus e criatura mitológica.
– Como você fez isso? – Perguntei curiosa.
– Esse medalhão que você possui contém uma força muito poderosa. E foi graças a ele que eu consegui lhe manter escondida. – Toquei o objeto mencionado em um ato automático e baixei o olhar, mirando o pingente entre as minhas mãos.
– Teve um dia que eu estava no parque e... E um homem com um casaco preto apareceu e começou a olhar para todas as crianças, como procurasse alguém. Ele tinha me olhado nos olhos. Bem dentro deles e eu posso jurar que tinha chamas no lugar de pupilas, mas isso não vem ao caso. – Suspirei. – Ele começou a andar na minha direção, até que o... – Hesitei em pronunciar o nome dele e acabei dando de ombros. – O apareceu, pegou na minha mão e então aquele cara desviou o olhar e continuou procurando. O acabou me fazendo sair correndo com ele dali. Quem aquele homem era? – Perguntei por fim.
– Ares. Hades, meu marido, havia pedido um favor para ele. Havia pedido para ele te encontrar. Você tinha cinco anos na época. – Apenas assenti.
– E ele, sei lá, não me notou?
– É provável que sim, mas o medalhão fez o trabalho dele.
– No dia do meu aniversário de treze anos, eu estava voltando da escola e, ao atravessar a rua, vários homens encapuzados que pareciam um tanto quanto esqueléticos simplesmente surgiram a poucos metros na minha frente e pareciam estar simplesmente à minha espera. – Olhei nos olhos da Deusa e percebi que ela já sabia a história desse dia; sorri de canto. Aparentemente ela não havia perdido um dia da minha vida. Ou talvez tivesse. – O , novamente, apareceu do nada também e pegou na minha mão. E... – Meu rosto ganhou um leve tom de rosa. – Eu me senti confortável e segura. Nós passamos por aqueles homens e... Eu posso jurar que algo teria acontecido se ele não estivesse comigo.
– Provavelmente teria acontecido, querida.
– O que diabos aconteceu naquele momento? – Vi a Deusa fazer uma careta pela palavra que eu utilizei, mas nenhuma bronca partiu dela.
– Digamos que a Luz venceu as Trevas.
– Como? – Perguntei confusa.
– Uma hora você entenderá. – Dei de ombros, afinal, eu não podia fazer nada mesmo.
– E por que você veio até aqui me dizer tudo isso? – Indaguei.
– Chegou o momento de você se juntar aos outros semideuses no Acampamento Meio-Sangue, querida. Eu vim aqui somente para lhe assumir como filha. John, nesse momento, já sabe que eu falei com você. Não se preocupe, tudo vai ficar bem. – Perguntei-me como ela poderia ter certeza de que tudo iria ficar bem. – Preciso ir agora.
– Hm, certo.
...
– Sim?
– Se cuide. – Fiz um gesto afirmativo e senti os braços femininos rodearem o meu corpo em um abraço. O correspondi e, de repente, ela já não estava mais lá. Suspirei e, ao piscar novamente, eu já não estava mais no belo parque... ”

Acordei de repente e tive que piscar algumas vezes até me acostumar com a claridade do meu quarto, já que havia esquecido de fechar as cortinas.
– Ok, . Foi tudo um sonho. – Disse para mim mesma e joguei o cobertor para o lado e coloquei meus pés no chão. Abaixei a cabeça para procurar a pantufa que deveria estar do lado da minha cama e me deparei com um embrulho branco. Peguei-o e coloquei sobre o meu colo. Fiquei encarando por cinco segundos um narciso negro que estava sobre o suposto presente e acabei colocando a flor sobre o criado mudo. Peguei o cartão que estava anexo ao presente e li a pequena nota que dizia “Feliz aniversário, filha. Espero lhe rever logo. Ass.: Perséfone”. Fiquei os próximos três minutos estática por perceber que o meu sonho não havia sido de todo um sonho. Deixei o cartão ao lado da flor e desfiz o embrulho. Um sorriso se formou em meus lábios ao ver o meu presente de dezesseis anos.

’s POV

Acordei um tanto assustado e o suor escorria pelo meu rosto. Não sei ao certo se era por conta do sonho que eu havia tido com minha melhor amiga ou se era por conta do quarto estar quente. Se bem que o ar estava ligado na menor temperatura possível, mas isso não vem ao caso. Passei a mão no rosto e suspirei. Algo me dizia que eu deveria falar – e ver – a o mais cedo possível. Abri o guarda-roupa e peguei a primeira roupa que vi e fui correndo – literalmente – para o banheiro. Tomei um rápido banho gelado e me troquei. Saí do banheiro e me assustei ao ver um homem de perfil próximo a janela do meu quarto, brincando com um globo de neve.
– Olá, . – Não respondi de imediato o estranho.
– Quem é você? – Perguntei em um tom sério.
– Eu me chamo Apolo, e eu sou o seu pai. – O estranho se virou, ficando de frente para mim, e eu não tive como ter dúvidas de que ele falava a verdade. Até porque a minha mãe entrou em seguida e pronunciou apenas um nome em forma de pergunta. E esse nome era o nome daquele estranho. E só então eu pude constatar que eu estava metido na mesma enrascada que a .

Fim.


Nota da Autora: E mais uma história teve fim. Ou não rs. Para ser sincera, consegui finaliza-la em um dia. O que é um milagre já que eu tinha basicamente só uma página pronta ASHUSDAUHDUSHA. Eu queria agradecer a minha amiga Irys por ser diva e também por já ter sido cria de Perséfone. Sem ela, essa história jamais teria ido para frente, sério. Agradecer também pra Bells por também ter Sid cria de Perséfone e pra Gabi por ser ler minhas histórias e me dar todo o apoio necessário. E um grande obrigado pra B. por sempre betar minhas fics e não reclamar HUSDAUHSDASDHUA. Ah, e também quero dar os Parabéns pra minha irmã e pedir que ela me desculpe por não ter dado atenção pra ela no dia do aniversário dela (27/01). E um grande obrigado pra você, leitor(a) por ter lido. Acho que é só rs.


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