Never Had






Reunião de 10 anos da turma de formandos do ano de 2002 do Queen Anna High School.
Eu não queria ir.
Mas estava indo.
Não me entenda mal, os anos do ensino médio foram ótimos, mas... Hoje em dia as pessoas não viam mais o pessoa, mas sim o o integrante da banda McFly. E eu não tinha mais paciência para aturar ex-colegas chatos e interesseiros e suas conversas entediantes. Não mesmo. Apesar de tudo isso eu estava indo para a maldita reunião de ex-alunos do Queen Anna High School. Tudo por insistência dos meus companheiros de banda que cursaram o ensino médio comigo. Ok, lá estávamos nós a caminho de nossa antiga escola e ao encontro dos nossos antigos colegas. , que estava dirigindo, se pronunciou:
- Eu mal posso esperar para chegar lá. Encontrar os lugares onde costumávamos estudar, tocar, pegar garotas – disse essa última frase um pouco maliciosamente – Se as paredes do Queen Anna falassem eu estaria em apuros – comentou, rindo.
- Não seria só você! – Emendou com uma risadinha. e também riram. Eu só esbocei uma risadinha.
Percebi que o único não tão animado para a tal reunião era eu.
- Eu quero reencontrar... Como era mesmo o nome dela? Aquela garota que era um ano mais velha... Alicia? – Disse , em dúvida.
- Se ela era um ano mais velha, ela não vai estar lá, imbecil – se manifestou, caindo em gargalhadas junto a .
- Perda dela, então. Pois lá estarei eu, ainda mais bonito e desta vez rico e famoso. – completou , orgulhoso.
- Essa é a melhor parte da reunião. – foi a vez de um feliz se pronunciar - Mal posso esperar pra saber que fim teve aqueles panacas que achavam que seríamos fracassados. Deixa eu esfregar meu disco de diamante na cara deles!
Então eu entendi o porquê deles estarem tão entusiasmados para a fatídica reunião de ex-alunos. E vendo desse lado eu também me animei, afinal eu era do McFly. Eu poderia fazer o que quisesse nesse reencontro e os chatos dos meus ex-colegas ainda me achariam foda! Talvez com exceção dela...
Mudei o rumo dos meus pensamentos. Já fazia tanto tempo e ela nem estaria lá de qualquer maneira. , namorada de desde a época do colégio, ainda mantinha contato com ela e nos disse que ela não poderia comparecer. Ao saber da notícia, não sei se fiquei aliviado ou decepcionado. Como disse, mudei (ou tentei mudar) o rumo dos meus pensamentos então disse qualquer besteira que me veio à cabeça. Por sorte foi sobre o pub onde os alunos do colégio costumavam frequentar – obviamente com identidades falsas – onde realizávamos algumas apresentações e onde conseguimos nosso primeiro contato no mundo da música.
- É uma pena ele não existir mais. O lugar era o máximo – Eu disse realmente chateado – Lembram-se da nossa primeira apresentação que o vomitou todo o seu almoço? – Relembrei aos risos que foram seguidos por todos, menos, é claro, por que ainda sentia certo frio na barriga antes de nossas apresentações. E assim conclui com êxito a minha intenção de mudar o rumo dos meus pensamentos.
Cerca de 20 minutos depois estávamos entrando no estacionamento de nossa antiga escola. Ela continuava quase a mesma. Mesmo prédio, mesmos banquinhos em frente ao pátio, a mesma árvore onde costumávamos tocar violão após as aulas. Tirando uma coisa ou outra, em sua essência a escola era a mesma. Eu gostei disso, me trouxe uma sensação nostálgica e eu não pude deixar de sorrir.
- Finalmente chegaram! – Gritou , namorada de e minha amiga – às vezes, quando ela não insistia em ser insuportável. Ela havia chegado mais cedo, pois ela era parte do comitê de organização de festas ( trabalhava com cerimonial de festas e a menção de uma festa de reencontro na escola fez seus olhos brilharam e logo tomou a frente da organização) - Pensei que nem iriam chegar mais, quase todo mundo já chegou! – Exclamou.
- , amigo, como você aguenta essa mulher? – Indagou com sorrisinho que logo se desfez com o tapa que lhe deu no ombro.
- Olha como fala de mim, ! – Disse a moça em seu tom rabugento.
- Você sabe que te irrito, mas te amo – Falou com um tom mais doce. E, pela cara da , ele deve tê-la convencido porque ela lhe direcionou um belo sorriso.
- Ama nada! Só quem te ama aqui sou eu, Picuxinha! –Proferiu , que logo deu um selinho em sua namorada, que parecia encantada com o dom de escolher apelidos de seu namorado.
- Ok, chega dessa palhaçada, vamos entrar – Cortei logo antes que fosse obrigado escutar mais uma asneira daquelas. Picuxinha? Estou autorizado a fazer o meu almoço voltar, né?
- Sossega aí, . Tá na hora da você achar uma nova namorada e se livrar desse stress aí! – Disse a amável . Acredito que tenham entendido o porquê de eu gostar dela só às vezes. - Mas sim, vamos entrar. O fotógrafo está situado à direita. Vamos até lá para registrarmos o dia de hoje. – Disse , sem nem me dar uma brecha para a minha defesa.
- Situado? Realmente, ? – não deixou passar. Porém apenas lhe lançou um olhar superior e seguiu porta adentro com o braço enlaçado no de .
Ao entrar no ginásio de minha antiga escola reparei que ele nem parecia o mesmo. sabia dar uma festa como ninguém e, pelo jeito, junto as suas dedicadas amigas – ou seriam duendes?- conseguiam preparar uma festa impecável. Após tirarmos uma foto, seguimos para a festa e então pude gastar mais tempo admirando a decoração. As garotas realmente tinham feito um ótimo trabalho aqui. Havia um bar e neles três barmen para atender o pessoal, várias mesas para acomodar os ex-alunos, havia também um pseudo-palco montado na extremidade do ginásio e a sua frente uma pista de dança. No canto do palco um DJ estava terminando os últimos reparos em seu equipamento. Tudo isso me lembrara muito o meu baile de formatura, mas havia conseguido deixar tudo muito melhor, mais moderno e sofisticado. Ela era boa. Não pude terminar de analisar a organização da festa porque Julianne (um garota que estudara conosco – e com quem tive um, digamos, relacionamento) nos puxou para uma conversa de como parecíamos bem e que ela acompanhava nossa carreira e blábláblá.
Julianne não foi a única a me puxar para uma conversa indesejada. Durante uma hora eu revi inúmeros amigos. Algumas pessoas eu fiquei realmente feliz em reencontrar, outras eu sequer me lembrava de algum dia ter visto. Uma dessas pessoas era Larry, que insistia em dizer que havia feito biologia comigo no 2º ano. Eu sequer me lembro de ter feito biologia no segundo ano, seria mesmo muita sorte de Larry eu me lembrar dele. Minutos depois de eu ter conseguido esclarecer a Larry que eu realmente não me lembrava de muita coisa do segundo ano, esbarrei em David. David era um cara bacana. Foi ele quem me ofereceu meu primeiro baseado – E o primeiro você nunca esquece. Ele também havia nos ajudado a conseguir alguns shows. David era um cara legal, fiquei feliz em reencontrá-lo, entretanto o único problema em rever David era sua esposa. A garota era obcecada pelo McFly, tinha até uma tatuagem nas costas com o logo da banda – sei disso porque ela fez questão em me mostrar, enquanto eu corava e David me olhava como se quisesse pedir desculpas. Após David e sua desmiolada esposa que ficou longos minutos me contando sobre todos os pertences oficiais do McFly que ela possuía e sobre todo o seu amor por nós – e confesso que não consegui não ficar comovido com o seu amor e até comecei a simpatizar com a moça –, Julianne me encontrou de novo.
- Nossa , não pude deixar de notar como você está bem! Está sarado! Quem diria? Você com músculos! – Riu escandalosamente. – Deu um jeito no cabelo também, está usando roupas de marca! – Concluiu com uma risadinha e com a voz já um pouco embolada devido ao álcool. – Então, me conta o segredo... Como faço para conquistar um dos solteiros mais cobiçados do Reino Unido, no caso: você! – Disse com uma voz que ela julgava ser sedutora, mas não era. Julianne era ótima há dez anos, entretanto o tempo não lhe fora tão amigável. Ela era boa de papo, linda, tinha um corpo incrível e agora ela estava... Não feia, mas nada ali me atraía mais. Na verdade nem antes ela me atraía. Tivemos um breve romance e só. Não era nada que eu quisesse reviver, diferente de Julianne, pude perceber. percebendo o meu desconforto com a conversa veio em meu socorro.
- Ei Julianne, soube que você e Fred da natação estavam juntos. O que aconteceu? – Pronunciou-se , agradeci mentalmente por ter um amigo tão perspicaz. Lancei lhe um olhar de agradecimento e apressei-me em sair dali antes que a garota resolvesse jogar seu charme em cima de mim mais uma vez.
Desta vez fui em direção ao bar, dali eu tinha uma boa visão de toda a festa. Pedi uma cerveja e pus-me a observar o local. Todos estavam engajados em conversas animadas, gesticulavam e alguns até arriscavam encenações. Muitos deles falavam alto, talvez porque agora uma música ambiente começara a tocar, porém a altura de suas vozes era desnecessária já que a volume dos altos falantes estava baixo. Chegava a ser engraçado observá-los. Eu me sentia deslocado. Meus anos de escola haviam sido ótimos e eu tinha todos os motivos para querer estar ali, mas alguma coisa faltava. Meus amigos estavam todos se divertindo. até se encaixava no grupo dos que arriscavam encenações nas conversas. Eu estava distraído e feliz por finalmente ter encontrado um local onde eu pudesse finalmente passar despercebido quando ela entrou pela porta do ginásio do Queen Anna High School.
Ela estava linda. Vestia um vestido florido e retirava um casaco preto que devia estar usando para se aquecer devido o leve frio que fazia lá fora. Aqui dentro ela não precisaria disso graças ao ar condicionado. Ela parecia deslocada, como se não soubesse se ter vindo era mesmo uma boa ideia. Ainda aparentava a timidez que lhe acompanhara nos anos de escola, mas estava mais madura, mais imponente e bonita. Diferente de Julianne os anos lhe haviam feito muito bem. Ela se dirigiu ao estúdio do fotógrafo que a convidou para tirar uma foto. Ela sorriu levemente e o senhor apertou o botão da câmera que soltou um pequeno clarão e registrou aquele momento, daquela linda mulher. Por mais ridículo que possa parecer um sorriso brotou em meus lábios.
Ainda tímida ela caminhou em direção as mesas postas ali, os olhos atentos em busca de algum conhecido. Se me lembro bem ela não tinha muitos amigos na época da escola. Alguns nerds do grupo de química, algumas garotas do grupo de teatro. Ela não era bem a favorita do colégio. Ela era a minha favorita. Quando levantei meu olhar a ela novamente, estava se encaminhando ao seu encontro, ao avistar ela abriu um belo e grande sorriso em direção à amiga. fazia parte do grupo de teatro da escola, fora lá que se conheceram e eram amigas desde então. As duas engataram uma animada conversa e de tempos em tempos davam risadinhas. Percebia-se que eram grandes amigas. Minutos depois alguém veio chamar que direcionou seu olhar para o improvisado palco, repeti seu gesto e me deparei com escolhendo uma música no karaokê que fora instalado ali, próximo a mesa do dj. e karaokê na mesma frase geralmente não soavam bem, porque e karaokê só entravam na mesma frase quando o meu amigo já havia exagerado nas bebidas. E notava-se perfeitamente que, pelo seu estado, já havia exagerado nas cervejas e nas doses de vodcas e tequilas. Me senti feliz por ter achado um local sossegado próximo ao bar e não ter participado dos jogos e rodadas malucas dos meus colegas de escola. Gostava de sempre estar sóbrio. correu para o palco visando evitar o vexame que seu namorado provavelmente cometeria. Eu silenciosamente torcia para que ela não chegasse a tempo, essa seria uma ótima história para lembrá-lo depois. Enquanto corria em direção a lembrei-me de sua antiga companhia. Ela agora olhava ao redor em busca de alguma outra pessoa com quem pudesse conversar. Vi que essa era a minha oportunidade. Levantei-me de súbito e caminhei em sua direção, ela ainda parecia um pouco perdida e em busca de algum conhecido. Ao chegar mais próximo dela me dei conta de que não sabia o que dizer. Sobre o que conversaríamos? E se ela não quisesse conversar comigo? Se ela odiasse o McFly e me achasse um babaca? Quase voltei ao meu lugar junto ao bar, mas eu já estava próximo demais, perto demais e ela já havia percebido a minha presença. Congelei no meu lugar quando ela se virou em minha direção.
- Ah... Oi?! – Disse ela, assustada devido a minha proximidade. Eu nem havia notado que estava tão próximo, não havia mais ninguém por perto. Todos estavam assistindo o show que estava dando e que não conseguira evitar. Éramos somente eu e ela.
- Oi! – Disse mais alto e animado do que gostaria. Aliás, essa era mesmo a minha voz? – Ah, oi. Desculpa não queria te assustar. É que todos estão assistindo o show de bizarrices de no karaokê e eu... E eu meio que fiquei sem ter com quem conversar e percebi que você também não se interessou em assistir o “ do McFly” bêbado, pagando mico no karaokê. – Inventei a primeira desculpa que me veio à cabeça. Só após pronunciá-la percebi o quão idiota eu devia estar parecendo.
- Oh... , huh?! Eu me lembro dele. Adorava cantar nos corredores, matava as aulas para ficar no pátio, debaixo de uma árvore dedilhando o violão. Fui monitora dele no último ano. – O que? Ela monitorou e esse infeliz nem sequer me contou! – Talentoso! – Exclamou observando cantar Wannabe das Spice Girls de um jeito divertido – Agora entendo o porquê dele nunca querer assistir às aulas. Definitivamente não é necessário muito estudo quando se consegue fazer uma imitação tão perfeita da Baby Spice – Disse ela, rindo ao visualizar rebolando como se realmente fosse uma das spice girls. – Hmm... E você, quem é? – Disse ela um pouco envergonhada.
Ela não se lembrava de mim.
Isso era terrível. Todas as conversas que eu rapidamente preparei em minha mente desceram pelo ralo junto com os meus feridos sentimentos. Ela não se lembrava de mim. Ou talvez eu estivesse diferente, talvez ao dizer o meu nome ela se lembraria. Foi então que eu percebi que ela ainda estava esperando a minha resposta. Saí do modo “retardado” e respondi a moça.
- Sou o . . - Ela abriu a boca para dizer seu nome, mas eu fui mais rápido – E você é . Eu me lembro de você. Fizemos Inglês juntos no primeiro ano. Você escreveu um poema que me fez chorar. – Os olhos dela se arregalaram e sua boca levemente formou um O. Eu me lembrava dela e iria fazer diferente dessa vez. – Eu me lembro de você.
- Uau! Eu nem ao menos me lembro de ter escrito um poema no primeiro ano, me sinto lisonjeada de ter feito alguém chorar com algo que escrevi. – Disse ela com os olhos brilhando e realmente parecendo lisonjeada - Seu nome me é familiar, mas não me lembro de você exatamente. Desculpe – Suas bochechas tomaram um tom vermelho e ela me sorriu amarelo. – Mas podemos fingir que estamos nos conhecendo pela primeira vez. Conte-me um pouco sobre você! O que você faz ? – Indagou-me entusiasmada.
Não pude evitar sorrir. Sorri porque ela me chamou de e ninguém, exceto meus pais me chamavam assim. Sorri porque ela parecia não fazer ideia de que eu era membro de uma banda. Sorri porque ela queria conversar comigo, queria saber mais sobre mim. Sorri porque ela estava sorrindo.
– Eu sou músico. Toco numa banda chamada McFLY, já ouviu falar? Fazemos bastante sucesso. – Não pude deixar de comentar. – E escrevo músicas também.
–McFly, huh? Já ouvi falar, mas desculpe-me eu realmente não me lembro de ter escutado nenhuma música. – Disse com pesar. – Confesso que mal tenho tempo de escutar músicas novas ultimamente. Além de que eu sou fã de velharias. Ainda tenho LP’s e tudo. – Falou, sorrindo, apesar de sua voz ainda carregar um tom de desculpa. – Você escreve músicas? Um compositor, huh?! E eu me achando porque havia te feito chorar no primeiro ano com algo que eu escrevi. Você deve fazer milhões de garotinhas chorarem com suas músicas. – Disse com falsa indignação. Eu sorri ainda mais.
– É, talvez algumas delas tenham chorado por causa das minhas canções – Disse coçando a cabeça encabulado. Mesmo depois de todo esse tempo ainda me sentia meio encabulado devido ao sucesso da banda. – Mas e você... O que você faz, ? – Não queria deixar a conversa morrer, eu tinha aquela necessidade estranha de fazê-la continuar falando.
– Eu sou professora. Leciono no curso de química da Universidade de Londres. – Sorriu orgulhosa. – Já tenho Doutorado e tudo! – concluiu orgulhosa e sorridente. Ela sempre fora muito inteligente, não me assustava que ela já tivesse concluído seu doutorado. Sorri também.
– Pelo visto conseguiu fazer seu amigo parar... Ei você disse “ do McFly”, então vocês são da mesma banda!? – Concluiu o óbvio. – Espera mais um pouquinho... Eu me lembro de vocês! – Exclamou, sorrindo alegremente. Seu sorriso não foi maior que o meu, afinal ela ter dito que não se lembrava de mim havia mexido com o meu ego e agora ela se lembrara. Ok, não de mim, mas do McFly que era quase a mesma coisa ou ao menos era um começo. – Vocês tocavam naquele pub da Rua Principal. Eu me lembro.Vocês eram bons! Meu namorado daquela época – revirou os olhos – adorava o som de vocês. Sempre íamos lá para ouvir boa música e tomar cerveja. – concluiu sorrindo ainda mais. Não podia negar que ela tinha um belo sorriso, mas nem isso conseguiu conter o meu sorriso de se desfazer à menção de seu ex-namorado. Eu também me lembrava dele. Ele era mais velho – uns dois anos mais velho – na época que começamos a nos apresentar ele já estava na faculdade, isso me fazia odiá-lo ainda mais. Entretanto não pude deixar de me sentir orgulhoso por agradar o cara. Afinal ele curtia McFly, huh?! Quem diria, meu “arqui-inimigo” do ensino médio era meu fã! E, ao refletir por esse ponto de vista, não consegui conter a risada que se seguiu. me olhou meio desentendida, então apressei em inventar uma desculpa:
– Você bebendo? Realmente é algo que eu não imaginava. Pelo menos não naquela época.
–Ouch! Eu era tímida, mas não estava morta ok?! – Disse num tom ofendido. – E, aliás, era muito fácil conseguir uma cerveja naquela espelunca. Era só apresentar qualquer papel recortado nas dimensões de uma id e “boom” você descolava qualquer coisa alcoólica daquele barman.
– Sim, era. Mas eu jamais imaginaria que você bebia, ao menos não naquela época! E como agora eu sei que você bebe – Minha voz em tom de cortejo – Gostaria de uma bebida? Por minha conta – Ofereci.
– Eu aceito, caro senhor, mas receio que a bebida não poderá ser por sua conta – fez um levo bico - porque aqui, ela é de graça – Concluiu risonha. Eu ri.
Fizemos nosso caminho até o bar, sentei-me no mesmo banco que estava minutos antes a observando quando ela chegou. se sentou ao meu lado e após dar o primeiro gole em sua bebida, pronunciou:
– Viu como bebo? – Disse, exibida. – E, aliás, como você poderia ter tanta certeza de que eu não bebia? Mal nos víamos no colegial. – seu olhar estava curioso.
Como eu poderia explicar que ela mal me via, mas eu a via todos os dias? Que eu me lembrava de todos os seus trejeitos?Da sua timidez? De como ela era inteligente? Tão inteligente que havia até ganhado honrarias da escola. Eu estava na improvisada celebração que contava com a plateia de apenas doze espectadores. Eu era o décimo segundo. Sentado na penúltima fileira do velho auditório da escola. Lembro-me de como ela estava radiante. Também me lembrava dos engraçados sapatos amarelos que ela estava calçando naquele dia. E que ela apareceu com eles quase todos os dias daquele mês, depois da celebração. Antes de eu conseguir explicar qualquer coisa a ela, – nada amável – apareceu.
– Ah, aqui está você! – Suspirou aliviada e então me levou seu olhar a mim. – E com o . – Completou arqueando uma sobrancelha e depois me ignorou completamente e se dirigiu a novamente. - Pensei que havia ido embora. Foi quase um sacrifício fazê-la vir e se você já tivesse ido embora sem nem ao menos conseguirmos conversar eu iria, com toda certeza, matar o ! – Tomou uma longa respiração e continuou. – Venha vamos ver as nossas fotos do tempo da escola! Venha você também, . – Dirigiu-se a mim desgostosa. O que eu tinha feito pra essa maluca?
– Claro, vamos lá! – disse, mas eu queria que não houvesse dito. Talvez essa fosse a minha chance de contar tudo o que eu havia guardado por anos, tudo o que eu sempre quis dizer, mas nunca havia tido coragem. – Você vem, ?
– Nada me deixaria mais feliz.
Ao adentrar a sala de aula, onde estavam as fotos, junto a e – a indesejável – me deparei com várias fotos que estavam postas nas paredes da sala. Era nostálgico entrar naquela sala, era mais nostálgico ainda olhar aquelas fotos. Não pude evitar em me distrair ao contemplar uma foto onde estávamos eu, – carregando um violão -, e sentados à sombra de nossa árvore favorita. Senti uma saudade imensa e repentina dessa época.
–Hum, o astro antes da fama! – disse, também contemplando a foto a qual eu estava observando. – Será que se eu roubar essa foto mandá-la para os tabloides serei processada? – Completou divertida.
– Eu acho que os tabloides não se interessam muito por esse tipo de foto. Eles preferem fotos mais polêmicas. – Falei maliciosamente me aproximando dela. Seu olhar se arregalou levemente e ela se afastou.
– Provavelmente sim – desviou seu olhar do meu. – Olha aqui estou eu. – Apontou para uma foto onde estavam algumas pessoas do grupo de teatro. – Pela minha cara eu mal podia esperar para sair daí. Eu era tão tímida!
– Sim, você era. – Apesar de sua expressão estar demonstrando a imensa vontade dela de sair dali, ela estava magnífica. Vestia uma camisa branca e uma saia que começava em sua cintura e ia até um pouco acima de seus joelhos em um tom de vermelho. Nos seus pés seus inseparáveis sapatos amarelos. – Você era linda. Você é linda. – Eu disse quase sem fôlego e seus olhos se arregalaram e então ela sorriu
– Deve conseguir muitas com as suas cantadas, mas comigo não vai rolar – riu. Ela não fazia ideia do sentimento que eu nutria por ela. Não era uma cantada.
– Seus sapatos...
– Eram amarelos e eram os meus favoritos – me cortou – os primeiros que tive de marca. Ganhei de presente por ter recebido honrarias da escola, uma medalha, devido à maratona de química a qual liderei meu grupo e ganhamos. – Completou orgulhosa. – Meu pai ficou tão orgulhoso, quando soube que ganhamos, então me presenteou com eles. Eu não poderia ficar mais feliz.
– Eles eram legais – disse por que realmente não sabia mais o que dizer. Ela estava envolta em suas memórias. Era lindo de assistir.
– No último jogo de futebol da temporada, no terceiro ano, no estacionamento... Eu me lembro de você . – Me olhou com intensidade. – Você estava tão perto, mas eu tinha um namorado, estava indo para a faculdade e você... Eu não confiava em você... Você não tinha uma fama de bom moço, se é que me entende – rimos e em seguida ela prosseguiu. – Eu achei que o certo era ir embora. Fiquei dias pensando se que havia mesmo feito a coisa certa.
– E chegou a qual conclusão?
– Eu ainda não cheguei a uma conclusão.
Meus olhos brilharam, mas ela não me deu a chance de dizer mais nada quando disse:
– Nunca ouvi você cantar. Sei que é uma vergonha eu nunca ter ouvido o McFly, então eu realmente adoraria ouvi-los. – Sorriu. – Na verdade eu ouvi seus amigos cantarem no karaokê – concluiu divertida e não pude deixar de rir. – Mas não ouvi você. – Fixou seu olhar no meu.
– Então, senhorita , essa é a sua noite de sorte. Porque eu vou encantar a todos e a você com um dos mais novos sucessos do McFly. – Sorri radiante pela ideia que me veio à cabeça. Puxei-a pela mão, levando-a para o ginásio novamente, meus amigos estavam sentados em uma mesa parecendo mais bêbados, e pela quantidade de copos na mesa deviam estar mesmo. estava lá tentando conter – eu nem tinha percebido que ela já havia deixado a sala onde fora exposta nossas fotos antigas – e estavam lá, mais sóbrios que , mas percebia-se que estavam... Alegres. Ao chegar à mesa comuniquei-os que iria cantar. abriu um largo sorriso pronto para me acompanhar, porém rapidamente cortei sua alegria. – Vou cantar sozinho, . – O rapaz fechou a cara feito uma criança e resmungou algo sobre eu ser muito grosso. sorriu para mim e tomou um lugar ao lado de . Apenas lancei um olhar para e , alegando que era o meu território e nem adiantava investir. Pelos olhares que dirigiram a mim eles haviam entendido. Nem me preocupei com , porque o pobre coitado já havia dado perda total.
Caminhei até o palco e ao pegar o microfone disse:
– Boa noite, amigos, colegas e ex-colegas. Acredito que os meus companheiros de banda já deram o seu show hoje à noite, e para não deixá-los frustrados com o McFly vou tentar reparar o que eles, meus amigos, fizeram. – soltou um “Vá se ferrar, ”, mas eu ignorei. – Vou cantar uma canção do nosso último disco. Espero que apreciem. – Pedi ao DJ, que por algum bom acaso da vida tinha um violão consigo, me emprestar o instrumento e ele me entregou de prontidão alegando ser um grande fã do McFly.
Ajustei o microfone que era usado para o karaokê e comecei a dedilhar as primeiras notas de minha músia. Olhei para ela antes de começar a cantar.

I've been gone for so long now
(Eu saí por tanto tempo agora)
Chasing everything that’s new
(Procurando tudo que há de novo)
I've forgotten how I got here
(Eu esqueci como cheguei aqui)
I have not forgotten you
(Mas não me esqueci de você)
We were just children but our eyes opened and
(Éramos apenas crianças mas nossos olhos se abriram)
You were all that I could see
(E você foi tudo o que conseguia ver)
You came close enough to know my heart beat but
(Você chegou perto o suficiente para saber o meu batimento cardíaco, mas)
Still not close enough for me
(Ainda não foi perto o suficiente para mim)


Foquei meus olhos nos dela que me olhava com um olhar indecifrável. Ela demonstrava nenhum sentimento, nada... e provavelmente não havia entendido a dimensão dessa canção. Ainda. Eu queria que ela entendesse o que eu sentia e a forma mais fácil de fazê-la enxergar os meus sentimentos provavelmente era essa canção. A canção que eu havia escrito sobre nós.

Through the good times and the bad
(Nos tempos bons e ruins)
You were the best I never had
(Você e a melhor coisa que nunca tive)
The only chance I wish I had to take
(A única chance que eu queria ter)
But there was no writing on the wall
(Mas não há escritos na parede)
No warning signs to follow
(Nem sinais de aviso para seguir)
I know now and I just can't forget
(E eu não consigo esquecer)
You were the best I never had
(Você foi a melhor coisa que nunca tive)


Ela era a melhor coisa que eu nunca tive. Enquanto cantava me lembrava da única oportunidade que tivemos...

*Flashback*

Estávamos no terceiro ano, era o último jogo de futebol da temporada escolar, o time da escola estava na final e todos estavam lá, inclusive ela. Ela estava mais linda que nunca naquele dia, estava radiante, eu soube que ela havia conseguido uma bolsa de estudos em Oxford. Logo ela estaria partindo. Todos nós estaríamos partindo, em duas semanas diríamos adeus ao ensino médio. Pouco antes dos últimos minutos de jogo ela decidiu ir embora e eu vi que talvez essa fosse a minha única chance e eu não iria desperdiçá-la. Levantei-me de súbito e fui atrás dela ignorando os chamados de . Encontrei-a no estacionamento.
– Hey, tentando escapar do fluxo do fim do jogo é? – Ela levantou seu olhar assustado para mim.
– É... É quase impossível sair depois que o jogo acaba. Eu não sou uma motorista tão boa e o carro não é meu, é do meu pai. Prefiro garantir. – Disse, tímida, olhando para os seus sapatos amarelos. Achei aquilo adorável. – E você, , teve a mesma ideia que eu?
– Não... E-Eu. – Respirei fundo e continuei. – Eu gosto de você . – Ela me olhou confusa. Nunca me senti tão patético. Eu nunca – nunca – havia ficado encabulado em me declarar para uma garota, mas ao me declarar para a garota mais tímida do universo eu estava quase morrendo.
– Gosta de mim? – Disse sem entender nada. – Você tá bem, ? – Me aproximei mais dela, segurei suas mãos e olhei em seus olhos.
– Você é especial. Não sei explicar o que sinto, mas é forte, é verdadeiro... – Levei minha mão ao seu queixo e o levantei para poder olhar em seus olhos. – Eu sou apaixonado por você! – Disse com toda a coragem que tinha no meu corpo. Os olhos dela se arregalaram e sua boca se abriu levemente. Cheguei mais perto. Estávamos tão próximos que eu podia sentir seu batimento cardíaco e o cheiro de morango de seu hálito. Mas isso ainda não era perto o suficiente para mim. Aproximei meus lábios dos seus e de início ela não hesitou, mas então ela levou sua mão ao meu peito me parando.
– Me desculpe, – Disse com pesar e seguiu para o seu carro. Deu partida e foi embora. Deixando-me ali, no meio do estacionamento da escola. Sozinho.

Nunca mais a vi. Devido aos seus créditos ela não precisou comparecer as últimas semanas de aula. Seguiu direto para Oxford.

Ela era a melhor coisa que eu nunca tive.

*Flashback off*

In this motel
(E neste hotel)
Wellpassed midnight
(Passa da meia-noite)
When I’m bluer than a bruise
(Embora eu esteja mais roxo que um machucado)
You come drifting in through the half light
(Você vem sem rumo à meia luz)
In your funny yellow shoes
(Em seus sapatos amarelos engraçados)
And I hope that’s you standing at my doorway
(E eu espero que você pare em minha porta)
That’s the scratching of your key
(É o barulho da sua chave)
And I hope this song I’m singing
(E espero que essa cancão que canto)
Someday finds you
(Encontre você algum dia)
My letter to
(Minha carta para )


O entendimento tomou conta da face de . Seus olhos se arregalaram e ela ficou vermelho carmesim. Ela olhou para baixo – a timidez nunca a deixaria – e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. Ela voltou a levantar seu olhar para mim e esboçou um pequeno sorriso. Eu mal podia esperar para acabar de cantar essa canção.
Voltei meu olhar para o resto da plateia. Todos pareciam achar a canção o máximo, mas ninguém havia entendido seu real sentido. Somente eu, ela... e . Mais um pouco e o queixo de encostar-se-ia à mesa. Ela me encarava com uma sobrancelha arqueada e um olhar duvidoso. Se eu não soubesse que apenas ladra, e não morde eu ficaria com medo. Mas ela era e... estava sorrindo para mim. Nada mais importava!
Terminei as últimas notas da música no violão e muitos dos meus colegas me aplaudiram, fiz uma reverência e agradeci. Devolvi o violão para o DJ que não parava de me dizer o quão legal eu era. “Ok, cara eu entendi!”. Me dirigi à mesa onde meus amigos estavam, mas não a encontrei. Dirigi meu olhar a , que sequer me deu o tempo de pronunciar alguma coisa.

? Funny yellow shoes? – gritou. Eu olhei ao redor, mas ninguém estava precisamente prestando atenção em nós, todos estavam entretidos conversando, dançando, bebendo ou correndo atrás dos filhos barulhentos que não paravam de reclamar. dirigiu seu olhar intrigado à mim – Oh meu Deus, ! Você assustou a menina! Você poderia ter sido mais sutil!
– Ah, , por favor! – Ralhei. Será que eu deveria mesmo? Será que a assustei? Mas que droga...
– O que tem a , ? – Perguntou na sua voz bêbada. e que não estavam muito melhores, também prestaram atenção. Umas menininhas que adoram uma fofoca.
– O gosta da disse simplesmente.
– O quê? – Disseram os três em uníssono. Apenas lancei um olhar frio à .
– O gosta da ! O gosta da ! – cantarolou com sua voz bêbada parecendo uma criança que cresceu demais. e logo entraram na brincadeira e isso só piorou a raiva e desespero que eu estava começando a nutrir em mim.
– Ei , cadê a ? – Fiz minha voz sair mais alta que a canção e debaixo de uma árvore...” embalada pelos meus amigos. – Você disse alguma coisa pra ela? – eu já estava começando a soar desesperado.
riu. Olhou pra minha cara e caiu na gargalhada. – Para, , isso não tem graça! – Exclamei.
– Para você de ser bobo, ! – continuou rindo – Para de cair na minha pilha! A menina só foi lá fora tomar um ar e provavelmente esperar que você apareça por lá. Você sabe que ela é tímida! – Fez um cara de obviedade. Suspirei aliviado. E sorri para .
Ignorei meus amigos que ainda cantavam aquela maldita canção, mas que eu do fundo do meu coração, esperava que se concretizasse. Corri pra fora do ginásio. Alguns colegas até acenaram pra mim, tentando me chamar para suas conversas, mas os ignorei também. Tinha algo muito maior em mente. Algo que não podia esperar mais, algo que eu já esperava fazia 10 anos.
Ao alcançar o pátio da escola visualizei no estacionamento. No mesmo estacionamento de anos atrás. Ela estava observando o movimento dos carros na rua e nem prestou atenção quando me aproximei.
... – disse baixo, meio receoso, tentando chamar a sua atenção. Não sabia o que esperar dela. Eram muitos sentimentos, muitas expectativas. Não queria me decepcionar, mas eu tinha que tentar.
– Você escreveu uma música pra mim. – Não era uma pergunta. Ela se virou pra mim e estava mais vermelha que nunca. Mas ainda assim sorria. – É uma bela música. – Sorri.
– Na verdade eu escrevi várias delas. Se você escutasse McFly, talvez soubesse. – Eu ri e ela arfou, e então me acompanhou rindo. E em seguida ficou séria.
– Sério, ? – Fixou seu olhar no meu. – Depois de todos esses anos, você ainda... – ela não conseguiu terminar a frase. Talvez ela não soubesse como terminá-la. Nem eu sabia. Respirei fundo e lhe disse tudo aquilo que eu não sabia:
– Eu gosto de você . Gosto como nunca consegui gostar de outro alguém. Não sei dizer se gosto da ideia daquilo que poderia ter sido, se gosto daquela que conheci há mais de dez anos, se gosto desta , que está aqui na minha frente agora – ela me encarava com o olhar atento – dez anos mais velha, mais madura, menos tímida, quase uma desconhecida, muito mais linda... E que ainda faz meu coração acelerar.
Foi então que eu a beijei. De início foi só um roçar de lábios. Queria sentir seus lábios macios que eu só tive a oportunidade de sentir uma vez e há muito tempo. A sensação era muito melhor do que eu me lembrava. levou suas mãos aos meus cabelos e os puxou fortemente, um pedido para que eu intensificasse o beijo. Foi o que eu fiz. Passei minha língua em seus lábios e ela prontamente os abriu, dando espaço para que nossas línguas se encontrassem e se massageassem, nos envolvendo num beijo cheio de saudade, medo e descobertas.
Descobri que gostava de .
Gostava da de dez anos atrás.
Gostava da tímida e inocente.
Gostava de madura e inteligente.
Gostava da dez anos mais velha.
Gostava da que não tive.
Simplesmente gostava de .
Finalizei o beijo dando vários selinhos nela, que riu. E disse:
– Acho que também gosto de você, – disse, tão baixinho que quase pensei ter sido ilusão da minha mente. Eu disse que gostava da tímida também. Eu a beijei de novo, e de novo. Cada vez com mais urgência, com mais vontade de matar aqueles 10 anos de saudade da melhor coisa que eu nunca tive. me distanciou rindo da minha urgência. Beijou meu rosto.
– Talvez eu deva escutar todas elas.
– Escutar todas elas? – Perguntei, não entendendo o que ela queria dizer.
– Sim, todas as músicas que você escreveu para mim – riu.
– Ah! – Exclamei quando entendi. –Teremos muito tempo para você escutá-las. Agora eu só quero te beijar. – Rimos.
E eu a beijei. Beijei pela primeira vez ela: a melhor coisa que agora eu tinha.





FIM



Nota da autora: Oi gente! Se alguém está lendo isso aqui, apenas quero agradecer a você guerreiro! Eu tive a ideia dessa fanfic vendo um filme, faz um bom tempo já, mas não tive tempo para desenvolvê-la. O filme era chato, mas um dos casais secundários tinha uma história muito fofa que eu achei merecer uma fanfic. Modifiquei algumas partes, incrementei os reencontros (sou fã de reencontros) e inclui o McFly haha. PS: Relevem o “Elise” da música, e imaginem ele cantando o nome de vocês (;
Espero que vocês gostem, beijo mi xx.



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