NOVENTA DIAS


Autora: Letícia Leone
Beta: Lara(até o capítulo 04) | Adriele Cavalcante (Capítulo 05 em diante) .

CAPÍTULOS: [prólogo] [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] [11] [12] [13] [14] [15] [16] [17] [18] [19] [20] [21] [22] [23] [24] [25] [26] [27] [28] [29] [30] [31] [32] [33] [34] [35] [36] [37] [38] [39] [40] [41] [42] [43] [44] [45] [46] [47] [48] [49] [50] [51] [52] [epílogo]



Prólogo


O gosto metálico invadiu minha boca quando finalmente ouvi o som do apito do juiz. Meu braço foi erguido com ferocidade para cima enquanto a torcida vibrava, eu conseguia sentir o cheiro do álcool e de cigarro penetrar meus pulmões.
- Você foi a melhor ideia que eu tive em toda minha inútil vida. – A voz de invadiu meus pensamentos quando finalmente desci do ringue e fui recebido por uma plateia vibrante.
- Cala a boca. – Mandei de forma divertida enquanto limpava o sangue que escorria de minha boca e me direcionava para o quartinho que havia apelidado de camarim.
- `Tá aqui sua grana, . – Ouvi a voz séria de Dave entrar em meus pensamentos distantes, virei-me e encarei a figura de quase dois metros de altura em minha frente – Você é o melhor lutador que já passou por aqui! – Ele deu alguns tapinhas nas minhas costas e sorriu cúmplice para , que bebia alguma cerveja barata que tinha no camarim.
- Que tal uma festinha dos calouros? – propôs quando terminei de limpar alguns ferimentos e ele me esperava sentado no capô de seu mustang cobra.
- Pode ser. – Dei de ombros entrando no carro e ele deu um grito, entrando no banco do motorista e acelerando o carro em seguida.


Capítulo 01


Antes que finalmente chegasse na república a música alta já era ouvida dois quarteirões dali. Assim que estacionou o mustang, algumas garotas se aproximaram com copos nas mãos. Balancei a cabeça incrédulo quando se levantou e abraçou duas delas, indo em direção à republica.
- Você deve ser o timído, né? – Uma das duas que sobraram me perguntou com um sorriso pervertido nos lábios vermelhos e borrados de batom, sorri de lado e ela se endireitou debaixo de meu braço – Vou mostrar para você como tudo funciona.
A ruiva que estava ao seu lado fez o mesmo e ambas me guiaram até a república.
O cheiro de álcool e de maconha logo penetrou meus pulmões, fechei meus olhos e os abri, encontrando um grande número de pessoas esprimidas dançando no que era uma pista de dança improvisada. O som parecia mais alto do que de costume, as batidas estavam na mesma velocidade que as batidas de meu coração. Caminhei ao lado da ruiva até o bar improvisado que havia ali, peguei duas bebidas desconhecidas e entreguei uma delas para a ruiva.
- Kimberly. – Sua voz era fina e irritante, olhei para a ruiva que bebia um pouco de sua bebida enquanto me encarava com os olhos verdes penetrantes, os cabelos ruivos estavam presos em um rabo de cavalo e ela mantinha um sorriso bebâdo nos lábios rosados – E você?
- . – Respondi sem ânimo e ela se apoiou na bancada do bar, bebendo o restante de sua bebida em um gole só – Quer mais uma bebida?
- Vou buscar uma cerveja gelada na cozinha, você quer? – Perguntou com o rosto próximo do meu, senti seus dedos finos tocarem minha barriga por cima do tecido de minha camiseta, fazendo com que eu bebesse o restante de minha bebida.
- Por favor. – Pedi e ela sorriu gentilmente, beijando o canto de minha boca com rapidez, mantive meu olhar fixo em seu corpo magro enquanto se perdia entre a multidão.
- Pode falar, a Kim é uma gata. – surgiu logo atrás de mim, sua voz mostrava como ele era fraco para bebidas. Apoiei meus braços na bancada do bar e continuei observando o movimento, até que meus olhos pararam na entrada da república.
Diferente de todas as meninas ali presentes, ela tinha um olhar inocente e usava um vestido não tão curto. Um sorriso surgiu em meus lábios quando ela percebeu que estava sendo encarada de forma nada discreta por mim e por metade daquela festa.
- Carne nova? – Chris, um dos veteranos e jogador do time de futebol da faculdade, perguntou quando se aproximou de mim e de .
- Virgem. – Kimberly murmurou quando me entregou a cerveja e eu a tomei com ferocidade, sem desviar o olhar daquela pele bronzeada e do rosto confuso da garota.
- Duvido que você vai falar com ela. – propôs após alguns minutos de silêncio e eu o encarei com a sobrancelha erguida.
- Ele já está acompanhado, . – Kimberly frisou seu nome e ele deu de ombros, tomando a cerveja de minha mão e a terminando em dois goles – Idiota.
- Você sabe que não resisto a uma aposta. – Brinquei olhando diretamente para que tirou do bolso cinquenta reais e eu sorri de lado.
- É pegar ou largar, se ela cair na sua hoje você ganha cinquentinha. – propôs e eu sorri, afastando-me segundos depois, ouvindo os xingamentos de Kimberly para e Chris, que riam.
Seus dedos seguravam com firmeza o copo colorido com alguma bebida dentro, aproximei-me o suficiente para vê-la levar um susto ao me ver tão próximo. Um sorriso desconfiado tomou conta de seu rosto moreno e ela me encarou com desdém.
- O que está achando da festa? – Perguntei qualquer coisa que me veio na cabeça e ela me encarou, fingindo surpresa com a pergunta, mantendo o sorriso de lado enquanto bebia um gole de alguma coisa – Essa foi péssima, né?
- Uhum. – Respondeu sem fazer muito esforço, voltando a beber enquanto eu pensava em alguma coisa, qualquer coisa para falar com ele.
- E se eu te chamar para tomar café algum dia desses? – Perguntei novamente e ela se virou para me encarar, rindo da minha proposta – Não gosta de café?
- Se eu falar que eu namoro, vai parar de me fazer perguntas idiotas ou vai pagar de machista querendo me tirar do meu namorado? – Perguntou ironicamente e eu abri a boca diversas vezes para falar alguma coisa e percebi que havia perdido para uma garota pela primeira vez – Foi o que eu imaginei... Bom, até algum dia.
Ela sumiu de minha vista, deixando-me parado e sem reação. Olhei para trás, encontrando o olhar incrédulo de e Chris sobre mim, dei de ombros e fui de encontro a Kimberly que me esperava com um sorriso vitorioso.


Capítulo 02


Acordei com o peso de Kimberly sobre mim, respirei fundo antes de empurrá-la com delicadeza para o lado. Olhei para a cama vazia e bagunçada de , ele nunca arrumava a cama e pelo jeito, não havia dormido em nosso quarto. Olhei para o meu celular e vi que o alarme já havia tocado duas vezes.
Levantei com pressa, vestindo minha calça jogada ao ver que eu perderia a primeira aula. Xinguei-me mentalmente por estar na beira de ser expulso de uma das melhores faculdades do país.
- Bom dia, . – Algumas garotas me cumprimentaram enquanto eu passava com pressa pelos corredores, indo em direção ao laboratório. Dei de ombros quando finalmente cheguei ao laboratório e me sentei na última bancada, acompanhado de alguns babacas do time de futebol e de algumas garotas que dariam tudo por eles.
Coloquei o avental, mas meu corpo congelou quando a vi se aproximando da bancada do lado e se sentando ao lado de duas garotas e de um novato. Virei os olhos ao ver que a aula já havia começado e eu continuava vidrado nela.
Senti alguém me cutucar, fazendo com que eu perdesse o contato com a sua nuca à mostra por causa do coque que havia feito minutos atrás. Olhei para meu celular, havia uma mensagem não lida de .
Sem vontade, coloquei a senha e li a mensagem com rapidez.
Dave marcou uma luta para hoje à noite, é grana pra caralho. O que acha?
Isso ainda ia ferrar com tudo. Olhei para o professor que parecia interessado em uma pergunta que a garota nova havia feito. Respirei fundo e esperei o sinal do intervalo tocar para caminhar com rapidez até do outro lado do refeitório.
- Isso ainda vai me ferrar, . – Foram as primeiras palavras que saíram de minha boca quando finalmente o encontrei sentado com Kimberly e suas amigas futéis. Os olhos verdes de Kimberly pararam sobre mim de forma curiosa e séria.
- Um minuto, meninas. – tirou os braços fortes e tatuados ao redor das duas garotas da festa de ontem – Qual é, cara, é grana viva que ‘tá rolando nessa parada.
- A polícia ‘tá na minha cola. – Sussurrei baixo quando senti uma movimentação suspeita perto de onde estávamos – Minha mãe não pode levar mais um susto, .
- É a última do mês, cara. – passou as mãos desesperadamente pelos cabelos e me encarou de forma séria – O Dave também não pode se descuidar, por isso essa será a última e a próxima será apenas daqui dois meses. Confia no teu irmão, cara! – sorriu vitorioso ao ver minha cara de derrota, concordei sem vontade e ele me deu um abraço forte – Eu sabia que você não desistiria.


Capítulo 03


- Vai sair novamente? – Sua voz doce invadiu minha cabeça perturbada, desviei meu olhar antes fixo em algum ponto da mesa de jantar e fixei meus olhos em seu rosto cansado – Por favor, se retirem. – Ela pediu para meus dois irmãos que estavam terminando de saborear algum bolo que minha mãe havia feito.
, minha irmã apenas um ano mais nova que eu, me encarou de forma séria e se retirou da mesa, carregando Brian em seu colo. Assim que ambos saíram, senti o olhar pesado de minha mãe sobre mim.
- Você me chamou para jantar aqui para me dar bronca? – Perguntei em tom sarcástico e ela passou a mão pelos cabelos castanhos.
- Queria que você fosse o primeiro a saber, . – Sua voz saiu falha, quase inaudível, os olhos azuis se mantiveram fixos em meu rosto e eu bebi um gole do refrigerante em meu copo, ignorando a comida já fria em meu prato – Eu conheci alguém.
Encarei a mulher em minha frente com ódio. Um ódio que eu só sentia quando enfrentava alguém nas lutas de Dave e que na maioria das vezes, eu pensava que poderia ser o assassino de meu pai ali, em minha frente. Levantei-me, arrastando a cadeira e sentindo seu olhar de desespero sobre mim.
- ! – Minha mãe gritou ao me ver sair com pressa daquela casa, seus dedos fracos e pálidos seguraram meu braço com força – Por favor, querido. Entenda.
- Entender o quê? – Gritei, sentindo minha garganta doer por causa do esforço que eu havia feito – Que meu pai morreu dois anos atrás e tudo que você fez foi encontrar outro para substitui-lo? – Gritei mais uma vez, mais alto que o normal, fazendo com que um soluço baixo escapasse dos lábios de minha mãe – Ele morreu e nunca prenderam quem fez aquilo com ele por falta de testemunhas! Eu não consigo viver nessa casa sem pensar que ele nunca mais vai voltar! – Olhei para minha mãe e senti a presença de atrás de mim, ela colocou a mão em meu ombro e eu a tirei com raiva.
- Eu nunca vou apoiar isso. Ele te ama e você está amando outro.
- Ele está MORTO, ! – gritou atrás de mim, os olhos marejados, e eu me virei, prestes a lhe dar um tapa, mas eu me controlei – Ele não ia querer ver a nossa mãe triste por causa disso.
- Ele não ia querer ser substituido por qualquer um. – Retruquei antes de sair dali sem olhar para trás, entrei no carro de estacionado do outro lado da rua.
- Está tudo bem, cara? – perguntou quando entrei em seu carro e ele deu partida, indo em direção ao local onde aconteceria a luta – Tudo bem, não precisa falar disso agora. – completou rapidamente, sem puxar mais assunto até finalmente chegarmos ao nosso destino.


Capítulo 04


- Isso aqui ‘tá bombando! – Dave exclamou assim que me encontrou encostado no capô do carro de – Hoje iremos faturar, meu caro! – Deu alguns tapinhas em meu ombro e sorriu de lado, apontando com a cabeça para um grupo de garotas afastadas.
- Que tal usar seu charme para apostarem mais em você? – Perguntou ao perceber o aceno de Dave em direção às garotas – Sempre esperto, não? – Brincou com Dave e me puxou na direção das garotas que sorriram entre elas quando viram que estávamos próximos delas.
- Boa noite, garotas! – disse sorrindo malicioso para elas que retribuiram, pareciam que nos comeriam com os olhos e eu sorri me aproximando de uma loira que tinha belos seios – Estão prontas para descobrir o que é diversão de verdade? – Perguntou e elas sorriram em resposta.
- Você é o famoso , então? – Perguntou a loira, com um sorriso travesso em seus lábios vermelhos, e eu concordei com os olhos fixos neles – Uma pena que já apostei tudo o que eu tinha, se não poderia apostar no quanto você beija mal. – Ela disse e eu senti a adrenalina brincar em minhas veias, aproximei meu rosto de seu pescoço.
Sua respiração ficou ofegante e eu sorri vitorioso, adorava quando elas eram fáceis de serem manipuladas e mais uma vez, a imagem da novata invadiu minha cabeça.
- Precisamos ir, garotas. – avisou e me puxou. Ainda confuso com tal reação, virei-me para encará-lo e ele mantinha o olhar sério.
- Você não vai acreditar em quem eu acabei de ver. – disse me olhando fixamente enquanto me levava para um lado mais vazio do local e eu continuava olhando-o assustado – , porra! – Meu sangue gelou por alguns segundos, mas somente de pensar na hipótese de algum drogado nojento se aproximar dela, meu sangue ferveu novamente.
- Vou tirá-la daqui, ! – Eu disse rapidamente, mas ele me segurou, sua expressão se manteve séria e ele suspirou – Me solta, cara.
- Ela não pode ver você aqui, provavelmente ela deve saber que você é um dos favoritos dessa noite. – explicou com certa pressa e nervosismo, passei as mãos por meus cabelos desesperado – Vou dar um jeito nisso, está bem? – Concordei contra minha vontade e voltamos para a área mais movimentada do terreno abandonado de uma fábrica.
- Por favor, não deixe que ela te veja, ok? – disse e eu concordei sem vontade, ele sumiu na multidão e eu mantive os olhos fixos em cada pessoa que passava em minha frente.
- ME SOLTA! – Eu reconheceria sua voz até no inferno, levantei minha cabeça e passei a procurá-la com os olhos por todos os cantos, até finalmente encontrá-la no meio de um grupo de caras – Me solta, Ryan! – Ela gritou mais uma vez e ele mantinha os dedos firmes em torno de seu braço moreno. Ela fazia força para se soltar e antes que tivesse que pedir novamente para que ele a soltasse, o gemido de dor dele era uma melodia para meus ouvidos.
- Mas que porr... – O tal Ryan exclamou com a mão sobre o nariz e eu dei meu melhor sorriso, pegando na mão da novata e a puxando para a direção oposta de onde o tal Ryan estava.
- Qual é o seu problema? – Perguntou em tom alto por causa da música alta que invadia meus tímpanos – Você não pode chegar nas pessoas e simplesmente socá-las!
- Você só precisava dizer uma palavra: Obrigado. – Retruquei levemente irritado com a falta de educação e de reconhecimento pelo que eu havia feito por ela.
- Ele não iria me fazer mal. – Ela retrucou baixo e eu dei de ombros, observando o número de pessoas aumentar cada vez mais – O que um playboy como você faz aqui?
- Você não me conhece, novata. – Eu respondi de forma seca e ela me encarou com aqueles olhos castanhos intensos e tentadores, assim como seus lábios, balancei minha cabeça, afastando aqueles pensamentos – O que uma garota tão “certinha” está fazendo aqui?
- ! – Aquela voz me trouxe calafrios, olhei para trás e encarei o rosto indignado de atrás de mim com desesperado em seu encalço – Eu segui você, que merda você ‘tá fazendo aqui? – Havia medo em sua voz e eu me senti culpado por fazê-la se sentir assim.
- Ei. – Aproximei-me dela e segurei seu rosto, os olhos azuis estavam marejados e eu me senti um filho da puta por fazer aquilo com minha própria irmã – Eu vou te explicar, ‘tá bom? Mas agora eu não posso.
- Precisamos ir, cara! – exclamou desesperado e apontou para a multidão que já se formava ao redor do ringue improvisado.
- Eu não posso deixar ela sozinha! – Gritei para , olhei para , que segurava o choro, e a abracei com força.
- Eu fico com ela. – A voz da novata invadiu meus pensamentos desesperados e eu me virei para encará-la, eu estava tão surpreso quanto , que paralisou ao vê-la ali.
- Não deixe que nada aconteça a ela, por favor. – Pedi baixo para a novata que sorriu, um sorriso que me trouxe paz e confiança – Obrigado... – Eu não sabia o maldito nome dela.
- . – Ela disse baixo e eu sorri, sendo puxado por . Olhei para que estava sendo levada para um lugar mais tranquilo e me senti aliviado por saber que ela estava em segurança.

- Cara, tenta relaxar, ok? – A voz de invadiu meus pensamentos e eu suspirei, concordando. Tirei minha camiseta e coloquei as luvas de boxe para me proteger e dar golpes – Assim que você começar a luta, eu vou atrás delas. – completou e eu concordei com a cabeça, ele me deu tapinhas nas costas antes de se perder na multidão.
- BOA NOITE, SEUS BABACAS! – Dave gritou e a plateia vibrou, meu sangue ferveu e eu encarei a plateia – Estão preparados para a melhor luta de suas vidas? – A plateia gritou, erguendo garrafas de tudo quanto é tipo de bebidas alcoolicas – ÓTIMO! COM VOCÊS O FAVORITO DA NOITE: ! – O grito da multidão fez com que meu sangue fervesse em adrenalina pura, caminhei em direção ao centro do ringue e todos gritaram extasiados. Ergui meus braços e eles gritaram com mais força, olhei para Dave que me mostrou a quantidade de grana pura em suas mãos disfarçadamente.
- E do outro lado, ele é novo na região e está pronto para roubar o espaço do nosso favorito... Com vocês, Patrick! – Ele gritou e uma parte da multidão gritou, senti seu olhar feroz sobre mim e eu não senti medo, desde a morte de meu pai, nada se comparava ao medo que eu senti de ficar sem ele o resto de minha vida.
Dave fez com que batessemos uma luva na outra como forma de mostrar que matar o outro ainda não era permitido. Um alarme tocou quando Dave desceu do palco e um ex-juiz de luta livre adentrou, fazendo sinal de que a porradaria estava finalmente liberada.
Patrick deu o primeiro golpe, mas eu desviei com facilidade, acertando-lhe um chute no estômago. A torcida vibrou e eu sorri de lado, desafiando-o cada vez mais.
Acertei-lhe um soco no maxiliar, mas antes que eu pudesse desviar, senti seu pé contra meu braço direito, que bloqueou um ataque despercebido. A torcida vibrou mais uma vez quando eu o derrubei no chão com força, ouvi o baque que suas costas contra o chão duro. Ele gemeu alguma coisa enquanto eu enchia seu rosto de porradas, e então tudo passou devagar em minha mente. estava lá. E eu estava sendo o que disse que nunca seria... Um monstro.
Chutei o rosto ensaguentado do adversário debaixo de mim que bateu três vezes contra o cimento, eu me levantei rapidamente e, antes de comemorar, dei o fora daquele lugar em busca de minha irmã.


Capítulo 05


Eu não tive notícias de . Quando cheguei em frente a minha casa, observei o carro preto de luxo parado na frente dela e apenas a luz da sala acesa. Suspirei ao perceber que o homem que estava substituindo meu pai estava em minha casa. Observei o carro de luxo e olhei para o jardim de minha mãe, peguei uma de suas pedras brancas e parei em frente ao carro. Um sorriso maldoso se apossou de meus lábios e eu me virei para observar a rua deserta.
- Você vai aprender a não se meter aonde não deve. – Disse para mim mesmo, pensando que o idiota que estava com minha mãe pudesse ouvir e acertei seu carro.
O alarme tocou em seguida, corri na direção oposta e me escondi, observei minha mãe sair rapidamente acompanhada do cara que parecia ser dono de alguma empresa famosa. Sorri ao ver o desespero vivo em seu rosto e esperei que eles entrassem novamente, provavelmente ligariam para a polícia e eu voltaria para o dormitório. Abri a porta do quarto silenciosamente ao ver que dormia torto em sua cama, me joguei na minha e observei o teto branco de meu quarto. Um sorriso fraco escapou de meus lábios ao lembrar a maneira como ela disse seu nome, sua voz era fraca e gostosa como uma melodia e ela cuidou de para mim. Se não cuidou, eu descobriria mais tarde.
- Ei, cara! – Senti um cutucão forte em meu braço que caía da cama e gemi baixo alguma coisa inaudível – Vamos nos atrasar, ! – gritou em meu ouvido e me empurrou da cama, o xinguei quando senti minha cabeça bater com força no carpete do quarto.
Derrotado pela teimosia de , me levantei e coloquei a primeira roupa que estivesse em meu alcance. Assim que saimos do quarto fomos surpreendidos por Kimberly e suas amigas, olhei sério para que sorriu ao vê-las logo cedo.
- Fiquei sabendo que ganhou a luta ontem, . – Kimberly disse enquanto nos sentavamos nas carteiras do fundo e eu concordei com um sorriso forçado – Quando vai me chamar para ir assistir você um dia? – Perguntou fazendo algum tipo de caminho invisível em meu braço com seus dedos finos.
- O lugar é livre. – Respondi grosseiramente ao ver que meu humor estava de mau a pior, olhei ao redor procurando pela novata, mas não a vi – Você pode ir quando quiser.
- Bruto. – Kimberly respondeu e se virou para prestar atenção na professora de economia, dei de ombros e recebi um olhar reprovador de .
- Você não precisava ter tratado ela assim, cara. – avisou quando o sinal finalmente tocou e eu podia ir fumar o meu tão precioso cigarro – , eu tô falando com você!
- Ela não veio hoje, né? – Perguntei me referindo a novata e me encarou confuso – A garota que cuidou de minha irmã, ! – Completei e a sua expressão ficou séria.
- Você teve notícias de ? – Ele perguntou preocupado e eu neguei, ele parou pensativo e me encarou – Podemos matar as aulas de sociologia e ir vê-la, que tal?
- Finalmente você teve uma ótima ideia.


Capítulo 06


estacionou o carro em frente a minha casa no exato momento em que Brian havia descido do ônibus escolar. Ele correu em minha direção e eu o abracei com força, eu sabia o quanto ele sofria por não ter um pai e eu fazia o possível para substituir esse papel.
- ! – O garoto de cabelos castanhos e olhos azuis pulou de meu colo, correndo animado na direção de que o recebeu de braços abertos.
- , vai lá falar com a . – disse com Brian montado em suas costas gritando alguma coisa que não prestei atenção – Eu cuido dele.
- Valeu. – Eu respondi antes de entrar rapidamente em casa e encontrar a casa silenciosa, apenas ouvi o barulho da chaleira na cozinha – Mãe?
- Pequeno ! – Ouvi a voz da mulher que passou uma boa parte de sua vida cuidando de mim e dos meus irmãos, me virei incrédulo para encará-la e não consegui segurar um sorriso quando ela estendeu os braços para um abraço – Quanto tempo, querido!
- O que faz aqui, Elizabeth? – Perguntou para a versão verdadeira e ao vivo da famosa vovó do piu piu e do frajola, ela sorriu arrumando o coque grisalho enquanto caminhava até a cozinha.
- Ora, você sabe que eu saí dessa casa, mas ela nunca saiu de mim, né? – Ela me olhou de maneira engraçada e observei o modo como ela cortava os legumes em cima da pia.
- está ai? – Elizabeth me olhou de forma suspeita e concordou com a cabeça, respirei aliviado e ela me olhou com um sorriso doce nos lábios – Obrigado, Beth.
Subi as escadas rapidamente, andei pelo corredor e um sorriso se formou em meus lábios ao encarar o retrato pendurado na parede bege. Meu pai me segurava em seus ombros com aquele sorriso protetor que ele sempre manteve em seu rosto, até mesmo depois de um longo dia de trabalho. Respirei fundo, dois longos anos haviam se passado e eu não o havia esquecido, a dor continuava a mesma, parecia aumentar.
- ? – A voz de me surpreendeu, fazendo com que eu saísse do meu transe e a encarei rapidamente. Ela usava o mesmo pijama de cupcakes que sempre usou quando eu ainda morava lá – O que está fazendo aqui? – Seus olhos azuis me encararam e eu percebi que havia uma mistura de medo e decepção.
- Eu vim conversar com você, . – Ela me encarou e deu risada, balançando a cabeça e quando olhou novamente, seus olhos começavam a ficar vermelhos.
- Não precisa explicar, eu vi que você não é mais o mesmo de antes. – respondeu e voltou correndo para o seu quarto. Quando finalmente consegui alcançá-la, ela fechou a porta e a trancou. Respirei fundo, socando a porta de leve.

- , por favor, abre a porta. – Pedi e ouvi o choro baixo do outro lado da porta, mordi meu lábio inferior – Eu não queria que você visse aquilo, eu juro... Eu nunca quis, .
- Eu só quero meu irmão de volta. – Ouvi a mesma responder do outro lado da porta, deixei que minhas costas batessem contra a madeira fria da porta e eu escorregasse até o chão – Aquele que o papai levou quando ele morreu.


Capítulo 07


- Você deveria ter esperado um pouco para falar com ela, cara. – disse quando finalmente chegamos em nosso dormitório e ele estacionou o mustang no estacionamento – Eu não vou deixar o meu melhor amigo nesse estado de merda, vamos sair. – completou, ligando o carro novamente e saindo com velocidade do estacionamento.
- Não acho que seja uma boa ideia. – Retruquei com o braço apoiado na janela aberta e ele deu de ombros, aumentando o volume do rádio enquanto cantava o mais alto que suas cordas vocais permitiam a música de Bon Jovi.
- She says: We’ve got to hold on to what we’ve got... cantarolou, batucando no volante enquanto eu revirava os olhos – Cause it doens’t makes a difference. If we make it or not... me encarou e fez sinal para que eu continuasse, apenas balancei a cabeça e ele deu de ombros, manteve o sorriso no rosto enquanto eu mantinha minha cabeça ocupada com as merdas que eu sempre fazia.
- Demoraram, hein? – Dave surgiu do outro lado na janela de , fazendo com que eu desse um pulo com o susto – Vamos logo, é a primeira festa de mauricinhos do ano.
desceu do carro e deu tapinhas na lataria do carro para que eu saísse logo, bufei e sai do carro, encontrando Dave e na entrada da enorme mansão com alguns caras do time de futebol.
Eles bateram na porta e uma garota de mais ou menos quinze anos abriu a porta, nos encarando com um olhar surpreso e Dave lhe deu um beijo na testa.
- Viemos dar um oizinho pro seu irmão! – Dave disse quando a garota tentou impedi-lo de entrar, observei a cena atentamente, enquanto ouvia alguma música conhecida tocar.
- Ok. – A garota respondeu dada por vencida e nos deixando a sós. Olhei para Dave que deu seu melhor sorriso e pegou uma bebida colorida com gelo seco que era servida pelo garçom.
- Divirtam-se, seus maricas! – Dave disse com um olhar maligno para cima de cada garota ali presente – Mas não se metam com polícia, entendeu ?
Olhei com desprezo para ele e dei de ombros, caminhei pela enorme sala de estar e entrei em uma porta mais afastada. Era a cozinha mais foda que eu já havia visto, ela era o dobro do tamanho do meu quarto e parecia ser aquelas cozinhas do futuro que eu só via em filmes.
Ouvi uma risada se aproximar e corri para abrir a geladeira casualmente, vasculhei alguma coisa interessante, mas pelo jeito as bebidas alcoolicas já estavam no final e nas mãos dos mauricinhos. A risada cessou quando fechei a porta da geladeira e encontrei aquele par de olhos castanhos intensos novamente, o sorriso em seu rosto se desmanchou e ela engoliu em seco quando o idiota que eu havia dado um soco no nariz entrou na cozinha em seu encalço.
- O que esse idiota tá fazendo aqui? – A voz de maritaca dele invadiu meus ouvidos e eu dei meu melhor sorriso, observando os olhos castanhos não se desviarem um minuto de mim.
- Pelo menos a minha namorada não sumiu com um desconhecido um dia atrás. – Retruquei e ergui uma lata de coca-cola, meu sorriso aumentou ao ver o espanto refletido em seu rosto bronzeado e ela impedir que o namorado viesse para cima de mim.
- Vai embora. – Ela sussurrou com a voz fraca e eu a olhei surpreso depois de tomar um longo gole de meu refrigerante, me aproximei dela e vi que o namorado entrou em sua frente, me impedindo de vê-la de perto – Você não vai estragar a festa da irmã dele.
Era isso. Dave sabia de alguma forma que eu havia socado o imbecil que ela insistia em chamar de namorado.
- Posso saber o que eu já estraguei? – Perguntei irônico e ela me olhou séria – Afinal de contas, não fui eu quem implorei pra alguém me soltar. – sorriu sarcástica e tacou o resto de sua bebida em mim, observei minha blusa branca que estava coberta por uma jaqueta de couro marrom aberta.
Balancei a cabeça incrédulo com sua atitude e tal Ryan riu de minha cara, mas no momento seguinte estava implorando ajuda com as mãos sobre o nariz ensanguentado.
- ME SOLTA, SEU IDIOTA! – gritou quando a coloquei sobre meu ombro e a carreguei para longe dali, a festa inteira parou quando observou a mesma se debatendo em meu ombro direito – SOCORRO! CHAMA A POLÍCIA!
- ! – exclamou desesperado e surpreso, a voz já mostrava o quanto ele havia bebido naquela noite, mas ignorei qualquer um que tentasse me impedir.
Parei em frente a piscina com várias bexigas cor de rosa e sorri de lado, ela havia parado de se debater e eu sentia seu corpo tremer.
- Você não tem coragem de faz... – Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, a joguei na piscina e sorri ao vê-la subir a superfície rapidamente. Seus olhos mostravam a raiva que sentia por mim naquele momento, mas eu gostava daquilo.
- Isso é por dois motivos. – Eu disse mostrando dois dedos em minha mão enquanto ela tentava sair da piscina e eu a empurrava de volta, vendo-a me xingar em voz alta – Ser muito mal educada, por não saber agradecer quando alguém tira você de perto de um babaca e por jogar bebida rosa nos outros. – me olhava furiosa e eu lhe mandei um beijo quando ouvi a sirene se aproximar e gritar para que fossemos embora – Não esqueça a toalha, tá muito frio aqui fora.


Capítulo 08


- Ela provavelmente te odeia, cara. – comentou com um sorriso irônico no rosto marcado, ele sempre dormia em cima de alguma apostila – E quase você se deu mal.
- Oi meninos. – A voz enjoada de Kimberly invadiu meus ouvidos e eu sorri de lado, recebendo um beijo rápido seu no canto de minha boca enquanto ela se sentava ao meu lado no refeitório – O que houve ontem, gato? – Eu odiava esse apelido que ela insistia em me chamar como se fossemos íntimos.
- Nada demais. – Respondi dando de ombros e mordendo um pedaço do meu lanche, um sorriso infantil surgiu em meu rosto quando a vi entrar no refeitório acompanhado de um dos nerds do curso.
– Ela tava lá também? – Kimberly perguntou parecendo enciumada e eu olhei rapidamente para ela, somente para confirmar que ela fuzilava com seus olhos verdes.
- Vai dizer que você ainda não sabe? – A loira com quem mantinha uma relação sem compromisso surgiu em seguida, colocando a bandeja do lado de e grudando no mesmo que não ligou, continuando a comer – empurrou ela na piscina e quebrou de novo o nariz do namorado dela. – Completou e eu mordi meu lábio para controlar a vontade de mandá-la calar a boca e parar de espalhar coisas alheias.
- Por que você socou o nariz do namorado dela? – Kimberly perguntou parecendo irritada e eu revirei meus olhos, olhei para que fez sinal para eu sair da mesa e eu concordei.
- Tô vazando. – Eu disse antes que pudesse ouvir mais coisa das duas em minha mesa, senti vários olhares sobre mim enquanto caminhava em direção a mesa mais afastada do refeitório, um sorriso escapou de meus lábios quando ela parou tudo o que fazia ao me ver se aproximar – Espero que não tenha pego um resfriado.
Os cabelos castanhos estavam soltos e eram mais compridos do que eu imaginava, ela virou os olhos e se levantou com pressa. Sem pensar duas vezes, eu a segui.
- Qual o seu problema? – Ela perguntou com a voz falha quando eu segurei em seu braço e ela se virou – Quer fazer da minha vida um inferno?
- Não vou negar que é divertido. – Brinquei e ela me olhou com raiva, tentando se soltar e eu apertei meus dedos ao redor de seu braço com mais força – Eu só quero saber o que você fez com a minha irmã enquanto eu estava lutando. – Seus movimentos se acalmaram e ela me encarou séria, eu soltei seu braço e milagrosamente, ela não fugiu.
- Você me deixa em paz depois disso? – perguntou e havia cansaço em sua voz, contra minha vontade concordei e ela sorriu aliviada – Vem, vamos pra algum lugar em que os olhos verdes da sua namorada não me fuzilem. – Ela disse se afastando e eu olhei para trás com um sorriso, encontrando uma Kimberly furiosa.
me guiou até aquele lugar que eu conhecia tão bem, era um canto do pátio que eu pensava que somente eu e conheciamos. Independente do que você está pensando nunca levamos nenhuma garota para esse lugar, era o único lugar que tinhamos paz.
Foi o único lugar para onde eu corri quando eu soube que meu pai havia me deixado.
- Eu tentei tirar ela dali. – disse com a voz fraca, havia culpa em seus olhos castanhos escuros e ela respirou fundo quando me sentei ao seu lado debaixo da enorme árvore que havia ali – Mas ela disse que queria saber o que havia acontecido com o irmão dela... – continuou e me encarou para certificar que deveria seguir em frente, fiz um sinal com a cabeça com meu olhar fixo na grama seca.

Flashback

- Precisamos ir, cara! – Um dos caras da faculdade exclamou desesperado e apontou para a multidão que já se formava ao redor do ringue improvisado.
- Eu não posso deixar ela sozinha! – O idiota que havia me salvado gritou para o outro cara e olhei para a garota que segurava o choro e observei-o a abraçar com força.
- Eu fico com ela. – Minha voz saiu quase automática e ele me olhou assustado, a garota e o garoto ao seu lado pareciam ter levado um soco na cara, mas a garota veio ao meu lado assustada demais para dizer qualquer coisa.
- Não deixe que nada aconteça a ela, por favor. – O idiota pediu e eu o encarei séria, mas dei meu melhor sorriso – Obrigado... – Ele não sabia o meu nome.
- . – Eu disse baixo e ele sorriu sendo puxado pelo outro cara, olhei para a garota que parecia assustada com tudo aquilo – Acho melhor eu te levar para casa.
- Não. – Sua voz saiu tão séria que me assustou – Eu quero ver o que realmente aconteceu ao meu irmão. – Ela completou e eu a segurei, impedindo de ir para o meio da multidão.
- Existem coisas que não devem ser vistas. – Eu disse em tom baixo, mas ela me olhou com os olhos marejados e eu senti que não conseguiria deixá-la protegida – Não sai de perto de mim.
Segurei em sua mão ossuda e caminhamos em meio a multidão, parei quando encarei seu irmão já no ringue esperando apenas seu adversário. Estavámos longe o suficiente para que ele não nos visse. Olhei para a garota ao meu lado que já chorava com os braços ao redor de si mesma.
A luta havia começado e era incrível como ele era veloz, desviava da maioria dos golpes que o adversário tentava lhe dar. No segundo seguinte, o adversário estava no chão enquanto ele o socava brutalmente.
- ! PARA! – A garota ao meu lado gritou e eu olhei para ela que chorava, sem perceber, ela havia desaparecido de meu campo de visão ao entrar no meio da multidão e eu nem ao menos sabia o seu nome – POR FAVOR! SEU MONSTRO! – Ela choramingava enquanto era brutalmente empurrada pelos idiotas que estavam ali.
Quando finalmente a encontrei, ela não brigou por estar sendo tirada de lá. Enfiei-a em meu carro e dei partida, ela chorava desesperadamente no banco do passageiro, uma luz vermelha piscava em minha cabeça.
- Eu não sei mais quem ele é. – Ela chorou e parecia ter dito a si mesma, olhei para ela que mantinha os olhos fixos nas unhas roídas – Por que tá me ajudando?
- Ele pode até ser um monstro, mas eu não sou. – Retruquei com o olhar fixo no volante enquanto ela me guiava em tom baixo para onde eu deveria seguir.
Minutos depois estavámos finalmente na casa dela, estacionei minha BMW preta em frente a sua casa e sorri amigavelmente.
- Você quer entrar? – Ela perguntou em tom baixo e eu olhei confusa para ela – Talvez minha mãe não aceite eu chegar em casa assim. – Sorri de lado e concordei, assim que descemos do carro acionei o alarme e sorri ao ser recebida gentilmente por uma bela mulher e um homem charmoso.


Fim do flashback


- Algum idiota depois jogou uma pedra em meu carro e meu pai quase me matou. Eu havia pego emprestado. – disse e eu congelei, eu havia jogado a pedra em seu carro pensando que era o carro do meu “padrasto” – Foi isso, sinto muito não ter tirado ela dali e ter poupado você de ser considerado um monstro. – Olhei para ela que parecia sincera e dei de ombros, sorrindo de lado ao ouvir o sinal de que as aulas haviam começado novamente.
- Você quer entrar? – Perguntei preocupado e encarei o sorriso sapeca em seus lábios, ela me encarou e negou com a cabeça – Podemos continuar conversando?
- Contanto que não quebre o nariz de alguém de novo. – Respondeu ironicamente e eu sorri, pela primeira vez, eu me sentia bem ao lado de uma pessoa nova – Apenas dê um tempo para ela absorver tudo, Harold.
- . – Arrumei e ela ergueu os braços, seus olhos castanhos encaravam o céu e ela me olhou em seguida – Seu namorado é um babaca.
- Você não consegue falar de outro assunto que não seja minha vida amorosa? – Ela perguntou parecendo ofendida, mas havia um sorriso em seu rosto.
- Não, enquanto eu não estiver nela.


Capítulo 09


- Eu não aguento mais essa semana de prova, cara. – resmungou segundos depois de abrir o caderno e tentar decifrar o que havia escrito, dei um sorriso de lado e coloquei a televisão no mudo – Sério cara, isso aqui ‘tá impossível.
- Por que você não pede ajuda para as plantonistas? – Perguntei o óbvio e ele me encarou perplexo, dando um salto da cadeira giratória e pulando em cima de mim.
- Cara, eu amo você, tipo assim... PRA CARALHO! – Ele gritou e deu vários beijos em minha cabeça, dei risada enquanto fazia força para empurrá-lo, ele se levantou rapidamente e juntou os livros espalhados pelo quarto – O que seria de mim sem você?
- Nada. – Respondi sorrindo de lado enquanto abria o livro de biologia e o observava sumir de meu campo de visão.
Um sorriso escapou quando me peguei pensando nela. Não haviamos passado mais dias juntos, mas ela predominava meus pensamentos. Desde que a maratona de provas havia começado, eu a via poucas vezes e ela quase não reparava em nada ao seu redor.
A porta se abriu com um estrondo e me surpreendi ao ver chegar com um sorriso de alívio no rosto, era sexta feira e eu nunca pensei que ele realmente sairia em busca de ajuda para estudar.
- Levanta essa bunda branca daí. – Ele disse enquanto jogava os livros em cima de sua cama, abrindo seu armário e escolhendo alguma roupa – Você disse que não queria mais se envolver em lutas por um tempo, certo? – Olhei para ele desconfiado, enquanto ele pegava uma de suas blusas que ficavam amassadas no fundo de seu armário.
- Mas infelizmente, nesse mundo capitalista e extremamente consumidor, não podemos ficar sem nosso dinheirinho da semana. – deu continuidade enquanto colocava uma jaqueta de algum time de futebol americano e me olhava com um sorriso no rosto.
- O que você... – Antes que eu pudesse terminar minha pergunta, ele já a responderia. - Só me acompanha e você verá.
O ronco dos motores de todos os tipos logo me tiraram do transe em que eu me encontrava. As garotas insistiam em desfilar com os menores shorts que tinham em seus armários e por mais que elas fossem deliciosas, eu sentia nojo de pensar que uma delas era filha de um cara e que ele poderia nem saber o que ela fazia de sexta à noite.
- Imaginei que meus favoritos não viessem! – Dave surgiu com um sorriso imenso no rosto e estava acompanhado de duas japonesas, elas me encararam e ele xispou elas segundos depois – Os guardas estão de olho em lutas de rua, mas isso daqui, é um novo mundo. – Completou tomando um longo gole da cerveja gelada que tinha em suas mãos. Olhei ao meu redor e não me surpreendi em ver uma boa parte da faculdade reunida ali em diversos grupos.
- Ora, ora, ora. – Eu reconheceria aquela voz impugnante até no inferno, me virei e encontrei o idiota que insistia em chamar de namorado – Quem diria que nos encontrariamos de novo? – Ryan sorria e eu encarei os dois caras que estavam ao seu lado e sorriam da mesma maneira maníaca que ele.
- Acho melhor darmos o fora daqui. – disse me puxando e eu senti meus pés presos no chão, mas eu toparia qualquer coisa para não me meter em confusão novamente.
- A festa nem começou ainda. – Ryan retrucou e os seus parceiros nos cercaram, meu olhar continuava fixo nele que fez movimentos rápidos como se fosse me dar um soco – Você está na minha área hoje, .- Ryan completou e eu dei risada, incrédulo com a maneira que ele queria me afetar.
- Então, você participa das corridas? – Perguntei de braços cruzados, eu sentia a tensão que sentia atrás de mim, implorando baixo para que saíssemos dali.
- Você não corre, ? – Ryan perguntou enquanto sorria em minha direção e eu mantinha minha postura séria – Deve ser porque um idiota como você tirou a vida de seu pai, não? – Ele brincou e segundos depois, eu estava em cima dele, deformando sua cara e sentindo seu sangue quente escorrer por meus dedos, seus capangas me tiraram de cima dele e me empurraram para longe. Minha respiração estava ofegante e eu o encarei com raiva, me puxou para longe dele e eu fazia força para voltar.
- Como ele sabe do meu pai, ? – Perguntei quando paramos em frente ao mustang de que me encarou confuso – Eu vou voltar lá, não posso deixar isso passar.
- Corre com o meu carro. – respondeu algo que eu não havia perguntado e sorriu de lado, girando a chave entre seus dedos e me jogando ela – Mas eu escolho o que ele vai te dar de prêmio.
- E o que você quer que ele me dê? – Perguntei irônico, abrindo o carro e entrando no mesmo, quando fechei a porta, apoiou um braço na janela aberta.
- A garota dele por noventa dias ou três meses se preferir. – respondeu e sorriu mais ainda ao ver meu sorriso – Sabia que você aprovaria.
- Cala a boca, Jones.
Acelerei o mustang finalmente chegando ao lugar onde Ryan conversava e bebia ao lado de seus amigos. Ótimo, a bebida faria com que ele topasse a aposta sem precisar pensar duas vezes somente para provar o próprio ego.
- Olha quem decidiu voltar! – Ryan exclamou se aproximando da janela do passageiro que estava aberta, senti o forte cheiro de alguma bebida barata que saía de sua boca.
- Vim mostrar que você não sabe o que fala. – Não o encarei, senti seu olhar irônico sobre mim e ele deu dois tapinhas no capô do carro – Eu quero apostar algo interessante, Ryan.
- Adoro desafios, . – Ryan respondeu sorrindo e enfiou a cabeça dentro do carro – Se eu ganhar, quero que você fique longe da minha garota, entendeu? – Sorri de lado e concordei com a cabeça, apertei com força o volante e o encarei pela primeira vez.
- Se você ganhar eu faço isso, mas se perder, eu quero passar três meses com a sua garota. – Ryan deu risada da minha proposta, mas o ronco do motor silenciou sua risada, mostrando que ele era mais inseguro do que um garoto da primeira série – E então?
- Você nunca vai tocar nela, .


Capítulo 10


- Ela vai te odiar eternamente. – disse assim que estacionou o carro no estacionamento da faculdade e me encarou incerto – Eu sei que na hora minha ideia foi fantástica, mas eu estava bêbado e se sabe que o álcool nos deixa...
- Ela vai odiar o namorado dela, foi ele quem aceitou por ser um perdedor. – Respondi dando de ombros e desci do mustang com uma mochila apoiada em meu ombro direito.
- Não se conquista uma garota assim, cara! – entrou em minha frente e parecia um pouco desesperado – Você ‘tá destruindo o namoro dela!
- Eu até agora só destrui a confiança do namoradinho babaca dela. – Dei de ombros enquanto atravessava o enorme pátio, onde haviam vários grupos nos bancos espalhados – Ele disse que ia ligar hoje para ela, não sei se vai contar da aposta ou vai dar um tempo. – Dei de ombros enquanto procurava o maço de cigarro em minha bolsa, me encarava daquela forma paterna e eu odiava isso.
- Ela não é mercadoria, cara. – Ignorei cada comentário seguinte que viria de quando encarei o sorriso dela no outro lado do pátio, lógico que não era pra mim e sim, para seus amigos parados atrás de mim e de – Por que não tenta fazer as coisas certas uma vez pelo menos?
Quando meu cigarro estava no fim, eu senti o doce perfume dela invadir meus pulmões. Abri meus olhos fechados pela sensação boa do mal em minha boca, olhei para o sorriso mais doce e inocente que eu já havia visto em toda minha vida.
- Não sabia que você fumava. – disse, segundos depois de jogar minha bituca no chão e apagá-la com a sola do tênis branco e dourado – Conversou com ?
- Darei a ela o tempo que ela quiser. – Retruquei sem paciência ao relembrar de tal assunto, ela sorriu de lado e balançou a cabeça – Não é um assunto que me agrada.
- Desculpa. – Havia culpa em sua voz e eu dei de ombros, já esquecendo o motivo pelo qual estava bravo com ela – Ryan não me dá notícias desde ontem. – Ela completou um assunto completamente diferente e eu finalmente a encarei sem sentir raiva dela, mas agora, eu sentia raiva de mim por ser o culpado daquela situação.
- Você sabe minha opinião sobre ele. – Respondi sério e ela sorriu com minha resposta, fez sinal com a cabeça para irmos para a sala e eu concordei sem vontade.
- Por que todos nos olham assim? – perguntou sussurrando quando entramos na sala de aula e todos nos encararam surpresos, sorri de lado e dei de ombros, me sentando na mesa mais afastada com ela ao meu lado.
- Porque você está aqui na sala de aula comigo e não atrás da escada dos fundos. – Respondi de forma sincera e ela me olhou assustada, controlei o riso quando a professora de biomoléculas entrou na sala e começou a citar algum exercício.
- Você é ridiculo, . – Ela disse se sentando em minha frente e se virando em seguida, mordendo o lábio rosado – Mas eu gosto de você.


Capítulo 11


Me encontra às 20 h onde as lutas acontecem, só aparece. Eu prometo que não vou te forçar a nada. x Dave
Bufei quando li a mensagem, tacando o celular em minha cama e passei as mãos pelo meu rosto. Eu estava exausto, mas não deixaria de ir em alguma coisa por causa do cansaço. Assim que entrou no quarto, ele já estava pronto e acompanhado de uma das amigas de Kimberly.
- Vamos? – Ele perguntou quando terminei de colocar minha jaqueta inseparável de couro, dei de ombros e os segui em direção ao mustang estacionado há alguns metros dali – Eu achei que Dave tinha desistido das lutas. – comentou baixo e eu dei de ombros sem vontade alguma de ir para aquele lugar.
- É o ganha pão dele, baby. – A loira disse e eu quase vomitei ao ouvir o apelido que ela havia dado para ele, ele me encarou segurando o riso e eu sorri cúmplice.
Assim que chegamos, não me surpreendi ao ver a quantidade de gente naquele lugar. O cheiro de cigarro e maconha logo invadiram meu pulmão, olhei para que parecia surpreso ao ver a quantidade de pessoas naquele lugar.
- O que o Dave tá planejando desta vez? – Ouvi a voz de preencher meus pensamentos e o encarei confuso.
- Pelo jeito é coisa boa. – A loira retrucou em tom sério, seus olhos azuis pareciam impacientes enquanto ela procurava alguma figura conhecida – Tem um ringue...
- Ele não chamou o para lutar... Será que ele encontrou outro lutador? – Perguntou baixo e eu olhei para o ringue improvisado que havia ali, mas não havia sinal de lutadores ali.
- Meus queridos! – A voz de Dave me despertou do meu transe e eu o encarei de forma séria – Não me fuzile, . – Pediu com os braços erguidos, como se pedisse clemência.
- O que você tá aprontando? – Perguntei em tom sério e ele me encarou com os olhos verdes, mantendo o sorriso malicioso nos lábios.
- Vamos dizer que eu estava perdendo a clientela masculina. – Dave comentou ironicamente, ainda me encarando – E eu decidi que hoje a luta seria entre mulheres.
- VOCÊ ENLOUQUECEU? – gritou indo para cima de Dave e a loira o segurou, eu não o impediria de quebrar a cara daquele otário – ISSO VAI DAR MERDA, CARA!
- Vai bancar o papai agora, Jones? – Perguntou com um sorriso irônico no rosto, respirei fundo e meu sangue ferveu quando observei Ryan desfilar ao lado de entre a multidão – Você nunca ligou se fosse dar merda quando seu amiguinho aqui lutava!
- Elas são profissionais? – Perguntei fingindo tranquilidade diante da cena em que eu me encontrava e Dave negou irritado.
- Você também não é. – Dave retrucou na defensiva e eu dei de ombros, fiz sinal para que ele continuasse com os esquemas dele e me afastei, caminhando na direção de .
Um sorriso fraco escapou de seus lábios vermelhos quando me aproximei, mas eu sentia os olhos furiosos de Ryan sobre mim.
- Boa sorte hoje. – Sua voz doce me fez sorrir involuntariamente, o rosto de Ryan se manteve sério e vermelho – Ryan me fez vir até aqui com ele contra a minha vontade.
- Eu não vou lutar hoje. – Respondi com um sorriso de lado e olhei para o rosto surpreso de Ryan.
- Dave percebeu o quanto ele perdia seu tempo com você? – Ryan perguntou com um sorriso vitorioso no rosto e eu ri incrédulo.
- Contou para a sua namorada quem ganhou de você na noite passada? – Perguntei sério e ele arrumou a postura sem jeito – O seu tempo tá acabando, você sabe.
me encarou confusa, mas não escondeu o sorriso brincalhão por ver que eu havia ganhado de seu namorado em uma corrida.
- A gente se vê por aí, . – Beijei sua bochecha e pude ver o sorriso no rosto de Ryan desaparecer – Cuidado para não comer fumaça de novo, Ryan. Dave deu o grito avisando que a luta começaria, olhei para as duas garotas entrando em lados opostos no ringue e o sorriso de vingança estava presente em seus rostos. Cruzei meus braços e encarei a cena de apresentação das lutadoras em minha frente, enquanto ouvia a loira de resmungar alguma coisa que aquilo era ridiculo e machista ao extremo.
- Mas é ai que vocês se enganam! – Dave gritou e a plateia paralisou, encarando a cena em sua frente quando uma das garotas vira a juíza e a outra grita alguma coisa – Conheçam o nosso espetáculo principal da noite! Quem diria que ela seguiria a carreira do irmão, não? – Dave me encarou e eu senti o ar sumir de meus pulmões ao encarar ao seu lado com um sorriso maldoso e eu sabia que ela estava fazendo aquilo para me testar. Ela queria que eu me sentisse da maneira que ela se sentiu quando me viu ali em cima.
- ! – gritou vindo atrás de mim enquanto eu corria em direção ao ringue improvisado, as pessoas dificultavam minha ida até o ringue e eu não liguei em derrubar algumas para que saíssem de minha frente – COMEÇOU, PORRA!
- ! – Gritei, mas minha voz foi engolida pelos gritos da multidão em volta do ringue, me espremi para passar para chegar até a grade do ringue – PARA COM ISSO, POR FAVOR! – Gemi quando a adversária deu um soco certeiro no rosto de que cambaleou e se segurou na grade – EU AMO VOCÊ!
avançou contra a adversária e lhe deu um chute na barriga, fazendo com que a mesma caísse sem força. ao meu lado continuava a empurrar a multidão, tentando alcançar a entrada do ringue. Seus olhos castanhos me fitaram quando acertou um golpe final na adversária que, gemeu de dor no chão. Olhei para o sorriso maldoso no rosto ensanguentado de , subi pelas grades e pulei a corda que as separavam do resto ali presente.
- Ei, cara! – Dave surgiu assustado e me impediu de pegar , meu sangue ferveu ao vê-lo em minha frente e lhe acertei um soco certeiro em seu nariz. Logo, o vermelho vivo começou a escorrer para sua boca enquanto ele me olhava surpreso.
Peguei o braço de e a tirei dali a força, recebendo os gritos de protesto da multidão ali presente. Joguei na traseira do mustang enquanto entrava no motorista e eu estava prestes a entrar no banco traseiro ao lado de , mas a figura conhecida fez com que eu parasse todos os movimentos.
- Eu vou com vocês. – disse em tom sério, mas eu ri de sua cara.
- É um problema de família, se você não se importa. – Respondi grosseiramente e ela me empurrou com força, mas eu a prendi contra a lataria do carro, seus olhos castanhos me fitaram de forma assustada, porém havia raiva refletida neles.
- ELA É MINHA AMIGA, SEU IDIOTA! – gritou do banco de trás e eu afrouxei meus dedos em volta dos pulsos de que sem pensar duas vezes entrou no banco traseiro e fechou a porta, olhei ao redor em busca de Ryan, mas não o encontrei. Por um momento, senti o alívio me dominar, eu não queria mais nenhuma merda em minha vida.


Capítulo 12


- Não vai me levar para casa? – A voz fraca de invadiu meus ouvidos quando estacionou em frente do prédio em que ficava nosso dormitório. Não respondi, abri a porta do carro e fez o mesmo, me encarando rapidamente enquanto tirava com cuidado de dentro do mustang.
- Você já fez a sua parte, agora vou pedir pro te levar para casa. – Eu disse quando peguei no colo, senti o olhar incrédulo de sobre mim.
- Enlouqueceu? – perguntou com um sorriso de lado e eu a encarei com raiva – Você não é o único que está bravo com ela. – Completou antes de entrar no dormitório, como se conhecesse cada corredor daquele lugar.
Olhei para que sorriu encantado com a teimosia dela e eu retribui, aquilo fez com que a raiva deixasse meu corpo por meros segundos. Assim que coloquei em minha cama, pude ver o inchaço em seu olho esquerdo e o sangue seco no canto direito de sua boca. Eu queria gritar com ela, esmurrar a parede para mostrar o quanto eu estava puto com ela, mas tudo que eu fui capaz de fazer foi puxá-la para perto de mim.
- Você não devia ter batido em Dave. – Sua voz saiu fraca e eu tirei meus braços de seu redor e a olhei de forma incrédula – Ele achou que você sabia de mim, eu não estava programada para lutar contra aquela garota, eu só queria ver você novamente e quando vi que não lutaria... Eu quis lutar.
- Você foi até lá para me ver? – Perguntei surpreso, ignorando praticamente todas as outras coisas que ela havia dito, sobre Dave, eu resolveria no outro dia.
Um sorriso escapou dos lábios vermelhos de que assistia a conversa atentamente ao lado de que sorria com vontade. Voltei meu olhar para que sorria fraco, gemendo de dor em seguida.
- Vou buscar um kit de primeiros socorros. – disse, tirando o corpo antes apoiado na parede e abrindo a porta, seus olhos castanhos fitaram que entendeu o recado para nos deixar a sós e a seguiu segundos depois.
- Meu orgulho não me deixou ir atrás de você, te ligar... – A primeira lágrima escorreu por seu rosto sujo e eu a limpei com cuidado, como se ela fosse quebrar a qualquer momento em minhas mãos – Mas eu precisava te ver, aquela casa sem você é tão morta... Aquele lugar parece um cemitério depois que papai se foi e levou você junto.
Minha boca secou, mais lágrimas brincaram em seu rosto. Puxei para perto de mim, grudando meus lábios em sua testa quente, ela fechou os olhos e me envolveu com seus braços pálidos, me confortando em seu abraço.
- Eu sei como você se sentiu quando me viu lutando, senti o mesmo quando te vi lá. – Minha garganta secou, me fazendo tossir para conseguir continuar – Eu sei que errei ao deixar tudo e esconder isso de você, mas existe uma raiva em mim que eu só consigo controlar quando luto. – Confessei e pude sentir seus olhos doces me encararem enquanto suas mãos macias envolviam meu rosto.
- Vamos descobrir quem fez aquilo com nosso pai, o idiota vai ser preso... Mas enquanto isso, a gente tem que cuidar um do outro, foi isso que ele pediu na última noite que passamos juntos. – sussurrou e uma lágrima quente brincou em meu rosto, logo senti o gosto salgado em minha boca e a puxei para mais um abraço, ela gemeu baixo quando apertei uma de suas costelas e riu culpada em seguida – Precisa me ensinar algumas defesas.
- Você nunca mais vai subir lá. – Respondi em tom sério e ela sorriu com vontade, assim que a porta abriu seu olhar se encontrou com o de que parecia aliviada ao ver que tudo estava bem novamente.
– Mas eu vou estar em todas suas lutas, torcendo por você. – disse assim que dei espaço para se aproximar e limpar com cuidado o ferimento na boca de .
- Não vou mais lutar. – Disse baixo mais para mim mesmo do que para ela, senti o olhar assustado de todos ali presentes sobre mim e encolhi meus ombros.
- É a sua maneira de se sentir bem, cara. – soltou sério e eu o encarei com raiva, ele deu de ombros, ignorando meu olhar – Nunca vão conhecer um cara melhor que você.
- Cala a boca, . – Retruquei com um meio sorriso e senti o olhar sério de sobre mim, como se estivesse me analisando.
- Arranje outro motivo pelo que lutar. – Sua voz doce invadiu meus pensamentos e a encarei, ela agora passava uma pomada sobre o inchaço embaixo do olho de .
- Só se você for ele. – Retruquei com os braços cruzados e observei o canto de sua boca se erguer lentamente, seus olhos castanhos se mantiveram fixos no que estava fazendo.


Capítulo 13


- ! – A voz de Brian invadiu meus pensamentos vazios quando parei em frente a porta de minha antiga casa, sem saber como agir ao ver minha mãe parada em minha frente. Os cabelos castanhos estavam presos e os olhos azuis pareciam mais vivídos do que o normal, usava uma roupa simples e ela só usava aquela roupa para arrumar o jardim.
Os braços curtos e pequenos de Brian me envolveram calorosamente, passei as mãos por seus cabelos lisos e sorri fraco. Eu nunca havia sentido tanta falta daquilo em minha vida.
- Espero que tenha a intenção de ficar para o almoço. – A voz de minha mãe invadiu meus pensamentos, encarei o sorriso fraco que se formava em seu rosto.
- Fica, por favor, ! – Brian disse ainda grudado em mim e eu suspirei, não a encarei quando concordei com a cabeça, mas eu sentia que ela sorria com minha resposta.
Minutos mais tarde, ela me deixou a sós com Brian que decidiu que deveríamos brincar de basquete como faziamos no velhos tempos. Um sorriso escapou de meus lábios quando se juntou para participar da brincadeira, me empurrando e ajudando Brian a fazer uma cesta.
- Ela está com um sorriso maior que o rosto. – avisou com um sorriso sincero enquanto descansávamos na grama recém-cortada – Obrigada, .
Não respondi pelo simples fato de não saber o que dizer, aquilo que antes era uma prisão mostrando que agora éramos apenas em quatro e que meu pai nunca mais voltaria, agora estava se tornando meu porto seguro novamente.


Capítulo 14


- Mandaram eu te entregar isso. – se aproximou com um sorriso maior que o próprio rosto e eu dei de ombros, pegando o pequeno papel entre seus dedos e esperei que ele saísse para abrir o bilhete.
Me encontra no mesmo lugar que conversamos aquele dia, preciso de um amigo. .
Antes que eu pudesse processar qualquer coisa, eu já a sentia em meus braços. Os seus soluços estavam abafados contra meu peito, enquanto eu acariciava seus cabelos macios e cheirosos. Quando eu fiz menção de soltá-la, seus braços se forçaram mais contra mim, respirei fundo, mantendo meu autocontrole e beijei sua testa de forma demorada.
- Se acalma. – Pedi baixo, segurando seu rosto em minhas mãos e ela respirou fundo, as lágrimas ainda brincavam em seu rosto moreno – Me conta o que houve.
Eu me sentia um filho da puta por estar cuidando dela sendo que eu sabia o motivo de estar assim, eu sabia que eu havia feito isso com ela de forma indireta, mas nenhum arrependimento me consumia ao vê-la assim... Tão fraca em minha frente, pedindo de forma silenciosa para que eu cuidasse dela.
- Ryan e eu demos um tempo. – Sua voz saiu falha quando ela finalmente decidiu me contar o que havia acontecido, ela se aninhou em meu abraço mais uma vez e eu sorri sem que ela percebesse – Talvez agora seja para sempre. – Completou baixo e eu beijei sua bochecha molhada, vendo-a fungar baixo quando eu a encarei em seguida.
- Há males que vem para o bem. – Sussurrei tão baixo que pensei não ter ouvido minha própria voz, só tive certeza de que ela saiu quando senti seus olhos castanhos me encarando com delicadeza – Que tal fazermos alguma coisa hoje? – Perguntei segurando seu rosto bronzeado entre minhas mãos e ela sorriu de forma meiga.
- Quero ir naquele parque de diversões que veio passar uns dias na cidade. – Ela respondeu ainda sorrindo e eu beijei sua testa de forma demorada, ela se soltou de meu abraço quando o sinal de saída soou em meus pensamentos – Leva a , vou adorar vê-la. – Disse ainda mantendo o sorriso no rosto enquanto se afastava e eu a perdia de vista na multidão que se aglomerava para sair da faculdade. - Só me lembra a última vez que você me fez sair com você para um parque de diversões antes de sairmos... Ah é, isso NUNCA existiu. – resmungou mais uma vez durante o caminho até minha casa aonde eu buscaria e que estavam nos esperando – Eu não sei se devo dizer que toda essa ideia de aposta foi realmente uma boa ideia. – Dei um soco forte em seu braço, fazendo sinal para ele ficar quieto já que já corria em nossa direção animadamente e entrava no mustang com pressa acompanhada de que parecia envergonhada.
- Boa noite, meninas. – Eu cumprimentei olhando-as pelo retrovisor e pude ver o sorriso fraco e branco de pelo retrovisor, involuntariamente sorri. Que tipo de cara eu era? O que aquela garota baixinha e de olhos castanhos estava fazendo comigo?
- Boa noite, capitão! – respondeu animadamente no banco de trás e sorria como uma criança – Quero ir no chapéu mexicano! – Ela completou mais animada e olhei para que mordia o lábio ansiosa.
- Eu morro de medo de altura. – sussurrou baixo como se ninguém tivesse ouvido, fazendo com que uma sessão de risos invadisse o carro.
- Iremos te ajudar com esse medinho bobo. – retrucou em tom brincalhão, olhei para ele que sorria bobo e lhe dei um soco forte, ele sabia que não podia flertar com minha irmã. Era contra a regra dos melhores amigos.
Assim que estacionei o carro, eu observei o céu escuro sendo iluminado pelas luzes da roda gigante e do tal chapéu mexicano, sorri ao ver o brilho nos olhos de que sorriu fofa para mim. Ela sabia que eu estava ali para vê-la bem.
puxou ela pela mão e as duas correram em direção a enorme entrada do parque de diversões, não era o maior parque do mundo, era apenas o parque da cidade em que viviamos, ele era simples, mas carregava lembranças de muitas épocas.
- É cara, eu realmente te perdi pra ela. – disse enquanto esperavamos e na fila do algodão doce – Você jurou que depois que seu pai havia morrido, você não voltaria aqui. – Completou jogando uma pipoca para o alto e deixando-a cair perfeitamente em sua boca segundos depois.
ria de algo que falava e quando viu que eu e a encarávamos, colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e mordeu o lábio. Respirei fundo e sabia que eu estava arriscando tudo por ela.
- Dave me ligou hoje. – disse minutos depois das meninas se aproximarem, o encarei com desdém e ele suspirou – Você deve desculpas a ele. – completou sério.
- Ele colocou minha irmã dentro de um ringue, . – Retruquei com raiva, enquanto comia o algodão doce e me olhava preocupada.
- Eu quis isso, Harold. – retrucou de boca cheia e seus olhos azuis me fitaram com sinceridade – Ele não teve culpa por achar que você sabia de tudo.
- Depois você liga para ele e resolve as coisas. – disse sério e puxou da cadeira em que ela estava sentada – Tá na hora de animar esse passeio!
Quando finalmente eu havia ido três vezes à pequena montanha russa que havia lá, me sentei e me acompanhou. Ela ria animada com as pessoas ao nosso redor, ela apoiou a cabeça em meu ombro e ficamos em silêncio.
- Quer ir embora? – Perguntei alto por causa do barulho dos brinquedos e ela me encarou tristonha, parecia uma criança pedindo para ficar mais cinco minutinhos.
- Vamos nos divertir mais um pouco. – Ela disse me puxando em direção as barraquinhas que cobram caro para as pessoas nunca ganharem o prêmio. A noite se resumiu a gargalhadas, era bom ver se divertir tanto, quando saímos do parque ela chegou a conclusão de que deveríamos voltar e trazer Brian conosco. Olhei para que carregava os prêmios com seus braços enquanto tentava derrubá-la para que caísse com os bichinhos de pelúcia.
Parei em frente minha casa e desci do carro, o ar faltou em meus pulmões quando vi uma porsche estacionada na frente de minha casa.
me encarou de forma séria, eu e dormiríamos em casa hoje assim como que dividiria o quarto com .
- É a sua chance com ela, . – sussurrou baixo antes de entrar em casa, continuei parado com as costas apoiadas em meu carro e se aproximou de forma tranquila.
- Olha, você tem que tentar. – disse em tom sério enquanto eu mantinha minha cabeça baixa e apenas assistia a cena sentado nos degraus em frente a minha casa – Ele pode ser uma boa pessoa, . Olha, não é fácil para alguém que tem três filhos, sendo dois deles maiores de idade... E ainda por cima que sofrem com a perda do pai, isso torna tudo mais difícil. – disse enquanto seus olhos castanhos me fitavam com carinho, bufei irritado.
- Então por que ele quer passar tanta dificuldade? – Retruquei com raiva e ela me encarou decepcionada – Ele não precisa passar por esse sufoco.
- E se ele a ama, ? – retrucou no mesmo tom e eu sabia que ela logo perderia a paciência. - Todos têm um motivo para lutar, não só você. Dar uma chance para ele, vai doer menos que um soco que você já levou. – Ela disse antes de sair em direção a minha casa, desviando de que assistia tudo atentamente de forma preocupada.
Ele me olhou e eu fiz um sinal para ele que eu precisava sair e ele concordou cansado, entrando no carro novamente e eu dei partida em seguida.


Capítulo 15


- Você me deve um belo pedidos de desculpas, . – Foi a primeira coisa que Dave disse quando nos encontrou na lanchonete mais antiga e afastada da cidade, você entrava cheiroso e saía impregnado com o cheiro de cigarro dos motoqueiros que idolatravam a lanchonete – Eu poderia ter tido uma hemorragia.
- Desculpa, cara. – Eu disse após ingerir um gole da cerveja em minha frente, assistia tudo atentamente, os olhos azuis estavam fixos em Dave – Preciso lutar.
- O bad boy decidiu voltar? – Dave perguntou ironicamente, eu suspirei, batendo minhas costas contra o banco de madeira e ele riu em seguida – Sinto muito por sua irmã, ela mentiu bem, . – Ele explicou e eu concordei com a desculpa esfarrapada dele.
- Olha, eu tenho uma luta amanhã. – Ele disse e me mostrou um bolo de dinheiro dentro do casaco dele e sorriu com o cigarro apagado na boca – O que acha?
- Você tem certeza disso, cara? Você disse que não ia mais lutar. – disse em tom sério e pude ver Dave olhar feio para ele e continuou firme.
- Eu preciso disso, . – Respondi contra minha vontade e olhei para Dave que sorria vitorioso – Tô dentro.
- Esse é meu garoto!


Capítulo 16


Abri meus olhos e com dificuldade enxerguei o quarto, minha visão ainda estava turva quando me levantei e quase pisei em . Minha mãe havia arrumado um colchão no chão para ele e havia pedaços de bolo de cenoura em cima do balcão da cozinha.
Eu sentia falta desses mimos dela. Escovei meus dentes e observei a falta de uma roupa descente, dei de ombros e desci apenas de boxer para a cozinha, assim que cheguei à cozinha pude ouvir a voz fraca de se misturar com a de minha mãe e de um desconhecido. Respirei fundo e subi novamente a escada, colocando uma roupa descente.
- Bom dia, querido. – Minha mãe me recebeu com um abraço apertado e eu retribui, meus olhos estavam fixos no cara ao lado de que preparava alguns omeletes enquanto ele preparava o café – John, esse é , meu filho mais velho.
- É um enorme prazer conhecer você, . – Ele me estendeu a mão e eu retribui sem a mínima vontade, sendo fuzilado por que havia dado uma pausa nos omeletes para me encarar – Sua mãe fala muito de você.
- Ela fala muito de você, mas quando ela decide falar, eu costumo deixá-la falando sozinha. – Retruquei me sentando na cadeira e sorrindo ironicamente para ele que ficou sem graça, mas não surpreso pela minha reação.
- Deve ser difícil para você, . – John continuou se sentando em minha frente e eu bufei, enviando um pedaço da omelete de em minha boca que de fato, estava uma delícia – Perdi meu pai cedo também...
- Mas aposto que não tentaram substitui-lo na época. – se irritou e se aproximou de mim, pedindo para que conversassemos, concordei sem vontade e ela caminhou comigo até o quintal.
- Pare de agir como um menino da quinta série, . – Ela parecia irritada e ela ficava linda com os cabelos presos em um coque mal feito e aquele pijama de nuvens comprido.
- Pra você é fácil falar, não é? – Eu perguntei com raiva e ela me encarou com tristeza, negando com a cabeça.
- Ele tá fazendo ela feliz, só você não quer enxergar isso. – pediu séria e eu suspirei, cruzando meus braços e ela se aproximou de um jeito sereno – Eu tive que aceitar uma mulher desconhecida em minha casa quando minha mãe me abandonou com meu pai para viver em Los Angeles com um velho milionário. – Ela completou e eu engoli em seco, me sentindo um pouco culpado.
- Ainda é diferente, meu pai morreu em um acidente de carro e até hoje eu não sei quem é o culpado. – Retruquei e senti uma dor esquisita no peito, ficou séria e me abraçou sem dizer nada, acariciei seus cabelos e ela disse bem baixo:
- Faça isso por ela, . - não vai almoçar conosco hoje? – Minha mãe perguntou assim que voltei do dormitório e deixei lá. Coloquei as chaves perto do telefone na escravaninha e ela me olhava em busca de uma resposta.
- Não, é aniversário do avô dela. – Respondi suspirando, me apoiei na bancada da cozinha, observando-a fazer uma de suas delícias na cozinha – Desculpe por hoje.
- John sabia como seria sua reação. – Emma disse com um sorriso fraco, ela mantinha aquela postura forte sempre que eu estava por perto e desde que meu pai havia nos deixado, ela queria mostrar para mim e para meus irmãos que tudo ia ficar bem.
- É difícil para mim. – Soltei e ela me encarou, os olhos azuis pareciam tranquilos em relação ao nosso assunto – Eu amo você, mãe. – Completei e pude ver uma lágrima brincar em sua bochecha, me aproximei dela e a abracei com força – Ele te faz feliz?
- Muito. – Ela respondeu e eu sorri, beijei sua testa com carinho e ela suspirou aliviada. - Então, seja feliz. – Completei e ela me abraçou com força, ela começou a perguntar da faculdade e de outros assuntos tediosos. Respirei fundo e quando John voltou para o almoço, decidi deixá-los juntos por um tempo enquanto Brian e estavam fora de casa. Deparei-me pensando mais uma vez nela e sorri de lado, o que aquela garota estava fazendo comigo? Respirei fundo e decidi que era hora de começar a me preparar para a próxima luta que aconteceria hoje a noite em um galpão abandonado afastado da cidade. Levantei-me e entrei no banheiro, preparado para tomar uma ducha quente. Quando saí do banheiro levei um susto ao ver deitada em minha cama olhando para o teto. - Soube que vai lutar hoje. – disse sem me encarar enquanto abraçava meu travesseiro e continuava olhando para o teto – Posso ir? - É claro que não. – Retruquei levemente irritado enquanto vestia uma cueca por baixo da toalha para que ela não visse minha parte íntima – Só vai ter drogado e vagabundos naquele lugar. - O vai cuidar de mim. – Ela disse de forma leve e apaixonada, fiquei com raiva por ela ter toda essa admiração por ele – Olha, tenho certeza que daqui pra frente eu serei seu talismã. – sentou na cama e pela primeira vez, me encarou de forma sincera.
Olhei para ela que sorria e retribui, eu nunca me perdoaria se algo acontecesse a , mas qualquer coisa que nos deixassemos próximos era agora aceito.


Capítulo 17


- O cara é ex lutador de UFC, cara. – disse quando finalmente chegamos ao galpão abandonado e eu pude ver que o local estava vazio, haviam apenas pessoas que supostamente eram os convidados para a luta – Ele foi expulso do UFC por arrancar um pedaço da orelha do adversário, você tem certeza de quer lutar com ele? Virei e dei de cara com que parecia tenso, dei de ombros e sorri de lado. me encarava de forma séria, mas confiante e me abraçou com força, me desejando boa sorte.
- Ai está meu campeão! – Dave apareceu animadamente enquanto me abraçava com força e olhava com desprezo para que evitava encará-lo – Hoje a noite vai ferver. Vamos, estamos atrasados.
Olhei para que me encarava de forma preocupada, bati em seu ombro duas vezes para que entendesse que para mim seria uma luta como todas as outras que eu já havia encarado. Ele cuidaria de para mim, o que me deixava mais aliviado que o normal.
Meu celular vibrou e eu olhei a mensagem de um número desconhecido.
Boa sorte hoje, cuidado com sua orelha. xx
Um sorriso brincou em meus lábios e rapidamente respondi enquanto o juiz ainda anunciava a luta sem microfone.
Uma pena você não assistir minha vitória essa noite.
Antes que eu pudesse pensar em mais alguma coisa, o celular vibrou novamente.
Você achou mesmo que eu não assistiria você perder sua orelha essa noite?
Assim que meu nome foi anunciado no ringue, eu a procurei na pequena multidão que havia ali. Ela estava apoiada na parede com uma saia jeans e uma jaqueta de couro, os cabelos estavam presos em um coque mal feito e ela sorria para mim. Retribui o sorriso, me ajeitando para que o meu terrível adversário pudesse se posicionar ao meu lado, segundos depois, o cara de mais ou menos um metro e oitenta de altura entrou no ringue com cara de poucos amigos.
Olhei para que mexeu na orelha, sorrindo de forma provocante indo ao encontro de e que aguardavam ansiosamente minha luta. Encostei minhas costas na grade improvisada quando o juiz mandou que nos afastassemos, o cara continuava me encarando igual um cachorro louco, mas aquilo não me afetava.
Quando o apito invadiu meus pensamentos, tive pouco tempo para desviar de um ataque antecipado de meu adversário. Observei o cabelo cortado em moicano e somente o moicano tinha a cor verde, ele era conhecido como homem lagarto e aos poucos, eu me lembrava dele. Novamente, ele tentou um ataque e eu desviei, o acertando no rosto. A multidão gritou animada e a adrenalina aumentou em meu corpo, desviei de outros golpes que vieram em seguida, ele gruhia de raiva a cada ataque desviado. Dei uma rasteira nele e ele me puxou junto, fazendo com que eu caísse no chão do galpão. O barulho de minha cabeça contra o concreto, fez um som horripilante, fazendo com que a multidão ficasse em silêncio.
O cara se levantou e estava prestes a me morder quando lhe dei um chute que o fez cambalear para trás, me levantei e novamente acertei seu rosto diversas vezes, deixando-o zonzo. Eu sentia o gosto metálico em minha boca e minha cabeça doía com ferocidade, respirei fundo e dei um chute em seu rosto, fazendo-o cair no chão mole. Esperei para que ele se levantasse e nada aconteceu, o juiz contou ate três e ergueu meu braço para o alto, a multidão gritou animada com a minha vitória, ela parecia girar.
Acordei com alguns sussurros, com dificuldade observei a sala branca com alguns detalhes em verde claro. Minha cabeça latejava e eu sentia algo afiado em meu braço, olhei para a pequena agulha que estava nele auxiliando o soro em minha veia. Xinguei baixo, eu odiava hospitais, odiava tudo que fazia eu me lembrar do dia que meu pai havia me deixado. Tentei me levantar, mas fui impedido por uma senhora de cabelos ruivos e pele enrugada.
- Calma ai, meu jovem. – Ela sussurrou enquanto me ajeitava novamente na cama dura em que eu estava – O médico ainda não te deu alta. – Ela completou enquanto ajeitava a quantidade de soro que caía um pouco mais rapido agora, fazendo com que ardesse em meu braço.
- O que aconteceu comigo? – Perguntei baixo e ela continuava a analisar meu quarto atenciosamente, ela me olhou.
- Seus amigos falaram que você havia bebido um pouco acima do normal e arranjou briga com um cara, você tropeçou e bateu a cabeça. – Ela explicou séria, parecendo não acreditar em nenhuma palavra que saía de sua boca – Felizmente, não foi nada grave.
- Onde eles estão? – Perguntei incomodado ao saber que e deveriam estar a minha espera na recepção.
- As duas garotas foram embora não faz muito tempo, apenas o seu amigo ficou. – A ruiva me respondeu de forma educada e me deu um beijo rápido na bochecha, rindo depois – O seu amigo vai entrar, juízo ok, garotinho?
- Cara, que susto você me deu. – mal entrou no quarto e já começava um sermão, respirei fundo e olhei para ele que estava com cara de poucos amigos.
- Pelo menos não perdi minha orelha. – Falei ironicamente e ele me olhou como se eu não tivesse mais jeito na vida – Qual é, ! Eu tô vivo, não tô? Isso que importa.
- Não importa o que eu fale, sempre vou te apoiar nas suas loucuras. – se sentou na poltrona ao lado da minha cama e passou a mão no rosto – Sua mãe acha que estavámos em uma balada, a enfermeira e o médico juraram que esse caso morre aqui.
- O médico e a enfermeira acreditaram? – Perguntei baixo e deu de ombros, enquanto abria uma bala e a jogava dentro da boca.
- O importante é que você tá vivo, não é? – Ele brincou em seguida e eu sorri de lado. O médico meia hora depois me deu alta e disse que era para eu criar juízo, o típico sermão de pai e mãe. Entramos no carro de e ele me encarou com um sorrisinho safado.
- Ela ficou toda preocupadinha com você. – Ele soltou e eu sabia que se tratava de , sorri de lado e ele bateu os dedos no volante – Você tá conseguindo conquistar ela, mas ainda acho que você deve falar da aposta com ela. – Virei os olhos, eu odiava quando insistia em tocar naquele assunto nos melhores momentos.
- Eu vou contar, . – Retruquei um pouco incomodado com o assunto – Mas não agora.


Capítulo 18


Acordei com a professora de alguma matéria cutucando minhas costas, limpei a baba que escorria e ouvi um resmungo da parte dela antes de sair da sala. Estiquei meus braços, observei a sala vazia e era exatamente desse modo que eu me sentia naquele dia. Há dois anos e cinco meses atrás, meu pai havia perdido a vida em um acidente de trânsito que como havia confirmado a perícia, não havia sido culpa dele.
- A sua orelha tá intacta. – A voz doce de invadiu meus pensamentos conturbados e um alívio tomou conta de meu peito quando a vi ali.
Era a que eu havia conhecido na festa dos calouros, ela usava óculos e uma trança de lado, deixando-a incrivelmente nerd.
- Pelo menos isso, minha cabeça ainda dói. – Resmunguei no mesmo tom e ela se sentou à mesa ao meu lado, mordeu o lábio e relaxou os ombros – Obrigado por ter ido me ver lutar.
- Quando eu soube que lutaria com aquele cara, me passou pela cabeça que seria a última vez que eu te veria com vida. – brincou enquanto sorria de lado e mexia na ponta da trança – Faz algumas semanas que Ryan não dá sinal de vida.
- Ele está fazendo um favor para você. – Retruquei levemente irritado com aquele assunto, mentir para ela é horrível – Ele não te merecia, .
- Ele foi essencial na minha vida quando minha mãe me largou com meu pai e fugiu para Los Angeles. – respondeu ironicamente e seu sorriso doce havia desaparecido enquanto ela desenhava algo invisível com os dedos na mesa – Não deveria ter acabado assim.
- As coisas sempre acabam com um empurrãozinho do destino. – Ironizei e recebi um soco de leve em meu braço direito, ela me encarou e suspirou quando olhou para o relógio e percebeu que as aulas recomeçariam – Não vai sentir minha falta.
- Vou morrer de saudades, . – Ela conseguiu ser mais sarcástica, arrancando um sorriso preguiçoso meu, ela se despediu de forma rápida e saiu da minha vista, suspirei fundo e soquei a mesa com certa força. - Você vai perder ela, seu idiota. – Sussurrei para mim mesmo e deixei a sala, eu precisava fumar, precisava quebrar alguma coisa.
- Achei que nunca mais veria nas festinhas da faculdade. – A voz enjoada de Kimberly invadiu minha cabeça e eu apenas aceitei a companhia dela, quando vi que ela carregava duas bebidas de aparência tentadora – Pensei que tivesse entrado para a Igreja. – Kimberly completou ironicamente, me entregou a bebida e fizemos um brinde.
- A igreja faria bem para você. – Retruquei após beber um longo gole da bebida e Kimberly passou as mãos pelos cabelos soltos, ela me encarou de forma tentadora e começou a dançar em minha frente.
- Você faria bem para mim, . – Ela respondeu com os lábios próximos de meu pescoço, sorri de lado e dei um gole na bebida que fez com que ela terminasse no mesmo instante. Encarei a figura conhecida e repugnante cruzar a sala de estar em minha direção, Kimberly permaneceu em sua posição ao meu lado enquanto Ryan se aproximava com ferocidade, empurrando quem ousasse entrar em sua frente.
- Precisamos conversar, . – Ryan disse me encarando e depois direcionou o seu olhar para Kimberly – A sós.
Contra a sua vontade, ela se retirou e se juntou a um grupo de meninas perto do bar improvisado que havia ali. Respirei fundo e encarei Ryan que parecia tenso.
- Você tem mais dois meses só e eu não quero que você encoste um dedo nela, . – Ryan disse com um dedo enfiado em minha cara e eu permaneci imóvel, os braços cruzados sobre o peito enquanto ele dizia o que eu deveria fazer – Quando essa aposta de merda acabar, eu vou lutar por ela. – Ryan completou e bateu em meu copo, derrubando-o no chão, todos encararam os pedacinhos de vidro espalhados pelo carpete e eu dei risada, balançando a cabeça.
- É bom se preparar para a terceira guerra mundial. – Eu disse com um sorriso sarcástico, ele me fuzilou antes de sair pela porta principal, Kimberly me encarou confusa e eu respirei fundo, fiz um sinal para que ela se aproximasse – Seu quarto está vazio?
- Ele sempre tá disponível para você.


Capítulo 19


Acordei com a porta sendo batida com força, tirei o peso de Kimberly em cima de mim. Assustei ao ver que estava dormindo tranquilamente no cama ao lado da minha, Kimberly parecia estar em um sono profundo. Outra pessoa havia entrado em meu quarto, por incrível que pareça, o quarto de Kimberly não estava disponível naquela noite. Tivemos que ir ao meu quarto, infelizmente.
Vesti uma boxer que estava jogada no chão e abri a porta, pude ver a silhueta de desaparecer no corredor como um relâmpago. Xinguei baixo e corri atrás dela, quando finalmente a alcancei, segurei em seu braço, havia confusão em seus olhos arregalados.
- Desculpa, eu queria falar com você, mas não sabia que estava ocupado e... – Coloquei o dedo indicador sobre a boca dela e fiz sinal para que ela não falasse mais nada, ela respirou fundo e me encarou com um pouco de nojo, o que me deixou extremamente puto.
- Por que tá me olhando assim? – Perguntei irritado e ela deu de ombros, balançando a cabeça enquanto tentava se soltar e eu continuava segurando seu braço.
- Ela é nojenta. – Resmungou baixo e eu dei risada, olhei para ela que mantinha uma feição assustada em seu rosto.
- Desde quando você dá a opinião sobre as garotas que eu levo para a cama? – Retruquei e ela me olhou com raiva, ela conseguiu soltar o braço e jogou três convites na minha cara.
- Vai ter uma festa para comemorar o aniversário da minha companheira de quarto, está ai o seu convite, o de e o de . – disse com a voz chorosa enquanto se afastava – Lá terá bastante opção para você levar para a cama.
- Eu sou um idiota. – Resmunguei enquanto observava e se divertirem em uma partida de video game, passei as mãos pelos meus cabelos – Ela me odeia.
- Você acha? – retrucou enquanto ria de algo que fazia no jogo, ambos apostavam uma corrida enquanto eu estava jogado na minha cama – Ela não merecia ter visto você pelado.
- É uma visão dos infernos. – concordou em tom brincalhão e eu lhe acertei uma almofada, ele resmungou alguma coisa antes de continuar: - Era brincadeira, velho!
- Você tem a chance de reconquistá-la. – disse assim que o jogo terminou e ela havia ganhado de que não admitia a derrota no jogo – Não custa nada tentar.
- Você tinha que falar para ela a verdade, cara. – disse com raiva e eu o encarei da mesma maneira, me encarou de forma curiosa.
- Que verdade? – perguntou e eu fuzilei por ele ser tão boca aberta.
- Ele apostou com o ex da , se o ex dela perdesse, passaria três meses com . – respondeu como se aquilo fosse óbvio e eu avancei pra cima dele, estava prestes a enfiar minha mão na cara dele quando impediu que isso acontecesse.
- VOCÊ FEZ ISSO MESMO? – gritou incrédula e eu bufei, encostando minhas costas na cama e respirava de forma ofegante.
- Eu dei a ideia, mas eu estava bêbado. – disse em tom defensivo, senti mais vontade de arrebentar a cara daquele boca aberta – Ele não fez por mal e...
- ISSO É TÃO FOOOOOOFO! – pulou em mim e apertou minha bochechas, olhei para que parecia paralisado com a atitude dela – PARECE FILMEEEE! MAS ELA NÃO VAI GOSTAR NEM UM POUQUINHO, MANINHO!
- Obrigado pela força. – Resmunguei e ela deu de ombros, me encarando com cara de dó – Vamos nos arrumar, estamos atrasados como sempre.
O segurança de dois metros de altura me revistou antes que eu finalmente entrasse na enorme balada que a amiga milionária de havia reservado para seu aniversário.
O número de pessoas estava prestes a alcançar a lotação máxima do lugar e me peguei pensando no porque eu não dava um belo de um golpe em uma patricinha dessa, a resposta logo veio segundos depois. descia as escadas com um vestido quatro palmos acima dos joelhos, deixando as coxas bronzeadas à mostra, o vestido era dourado e combinava com a cor de sua pele. Não preciso dizer que eu não era o único cara que estava babando nela, ela estava mais bonita do que antes e eu tinha certeza que eu lutaria por aquela garota.
surgiu ao meu lado e tocou meu queixo com o dedo indicador.
- Sua baba tá caindo. – Sussurrou baixo, apesar do barulho eu havia conseguido ouvi-la e sorri para a mesma que sumia de minha vista ao lado de , eu o mataria depois que ele ousasse pegar minha irmã.
Seus olhos castanhos me encontraram na multidão e ela sorriu se aproximando aos poucos, parecia que estávamos em câmera lenta.
sorriu ao me observar de perto, medindo a roupa até que arrumada que eu vestia, ela me deu um abraço rápido e se afastou rapidamente em seguida.
- Ryan está aqui. – sussurrou em meu ouvido e eu lancei um olhar rápido ao meu redor, mas eu não o vi – Ele está me evitando.
- Não liga para ele, você é a garota mais linda desse lugar. – Respondi passando a mão em seu rosto macio e ela fechou os olhos, sorrindo de maneira doce.
- Espero que se divirta, . – sussurrou com a boca próxima de meu ouvido esquerdo, me causando arrepios.
Quando ela se afastou, observei os olhos atentos de Ryan sobre nós. Respirei irritado e me direcionei ao bar, onde bebia uma bebida neon entediada.
- Uma garota tirou para dançar. – resmungou enciumada e eu dei de ombros, achando engraçado o fato de que ela estava com ciúmes do meu melhor amigo, era o efeito da bebida que aos poucos, tomavam conta de mim – Vou dançar.
Assim que desapareceu de minha vista, me aproximei da grade que ficava no segundo andar da balada. Olhei para o centro da pista de dança e meu olhar parou em que dançava de forma engraçada, eu sabia que ela havia bebido um pouco mais que o normal. Ela me olhou e fez um sinal para que eu fosse ali com ela, eu imediatamente obedeci.
se aproximou de mim e ficamos frente a frente, a batida conhecida da música fez com que um sorriso escapasse de seus lábios vermelhos. Ela se aproximou e colocou seus braços em volta de meu pescoço, mantendo um sorriso no rosto.
A voz de Hayley Williams fazia com que o momento se tornasse romântico demais e eu sentia que só existia eu e ela no mundo. O corpo de se chocava ao meu quando as batidas aumentavam e ela agora ria, uma mistura de álcool com algo desconhecido, era felicidade? Eu não poderia responder por ela, eu não conseguia nem responder por mim no momento.
Segurei seu rosto e seus olhos castanhos fitaram meu rosto, descendo para minha boca. Estavámos sendo rápidos demais, eu tinha apenas sessenta dias para conquistá-la, poderia ser tarde demais se eu deixasse para amanhã o que poderia ser feito hoje. suspirou quando nossas bocas quase se encostaram, ela passou os dedos por meu cabelo, acariando enquanto eu me aproximava, mas algo me impediu ao ver que ela estava cedendo rápido demais. Olhei para o lado rapidamente, desviando do beijo dela e percebi que Ryan nos encarava, eu sabia o que ela queria e o o cheiro de álcool que vinha de sua boca, mostrava que ela não estava pensando no que iria fazer. Olhei novamente para Ryan, seus dedos estavam arroxeados tamanha a força que ele segurava a grade no segundo andar. Olhei para que parecia envergonhada com o que estava prestes a fazer.
- . – Ela disse quando eu me afastei, eu saí com pressa, eu precisava me afastar dela, eu era um idiota por pensar que ela gostava de mim ou poderia um dia gostar.
- , para! – gritou quando eu estava prestes a deixar o salão em que acontecia a festa, ela me encarou com os olhos marejados e suspirou – Ele deu em cima de outra na minha frente, ele merecia saber que eu também esqueci ele, mas eu não esqueci ele... – Ela falava rápido e parecia desesperada, as lágrimas que brincavam em seu rosto já estragavam a maquiagem preta de seus olhos – Eu não queria ter usado você, somos apenas amigos e eu estraguei isso.
- Não, . – Eu a interrompi, dando um sorriso sarcástico – Eu estraguei tudo.
- O que você tá querendo dizer com isso? – Seus olhos castanhos me fitavam com dor, ela parecia saber do que se tratava, mas eu sabia que seria uma traição o que eu havia feito com ela.
- Eu fui o principal culpado do seu namoro ter acabado. – Respondi e ela continuava me encarando sem entender, respirei fundo e pedi uma dose de uísque para o bar man. Quando ele me deu a dose, eu a virei de uma vez e pedi outra. Ele concordou e me encarava de forma séria e preocupada, parecia espantada, mas conseguia controlar cada coisa que eu havia dito. - Ryan me desafiou para uma corrida, na qual o prêmio era você. – As lágrimas brincaram em seu rosto e eu virei a outra dose de uísque eu havia pedido – Se ele ganhasse, ele queria que eu ficasse longe de você e se eu ganhasse, eu ficaria três meses com você sem ele perto. – mantinha a postura séria, mas aos poucos, sua estrutura parecia desabar – Ele perdeu como você deve imaginar e ordenei que ele terminasse com você para que eu tivesse uma chance com você. – Completei, ela limpou as lágrimas e me olhou com raiva, mas não era somente raiva eu via em seu rosto doce, era tristeza.
- Foi por isso que ele terminou comigo, não foi? – Concordei contra minha vontade e ela riu incrédula, balançando a cabeça enquanto se afastava de mim e eu não saí de meu lugar – tinha razão quando te chamou de monstro. – Aquilo havia doido e ela sabia o quanto aquilo me afetava – Eu confiei em você, . – Ela sussurrou baixo e eu respirei fundo, sentindo o peso em minhas costas ficar mais leve – Some da minha vida, ! – Ela gritou com os olhos marejados e algumas pessoas que estavam perto, nos olharam – Eu odeio você.
Eu não disse nada, me virei e estava prestes a ir embora quando ouvi:
- Mas eu odeio mais ele.
Virei-me de lado para encará-la e ela assumia uma postura séria, os ombros estavam caídos e ela continuava chorando, como uma criança perdida em uma loja. Ela mordeu o lábio e sumiu na multidão segundos depois, me deixando parado sem reação. Eu havia perdido a garota que eu gostava em menos de três meses, em vez de conquistá-la da maneira certa, eu agi como um idiota e a perdi de vez.


Capítulo 20


Ela havia faltado na segunda-feira na faculdade, eu a procurava com os olhos em todos os lugares, mas não havia nenhum sinal dela. Suspirei enquanto me sentava ao lado de e de Kimberly que comentavam sobre algum professor da faculdade.
- O que houve, gato? – Ela perguntou quando me aproximei e apenas dei de ombros, me olhou e era como se ele estivesse sentindo o mesmo que eu – Estou vendo que não sou bem vinda no assunto de vocês, eu vou dar uma voltinha então.
Kimberly me deu um selinho rápido e indesejado, ela se retirou e caminhou na direção de umas garotas mais afastadas de nossa mesa, aonde se sentou e começou a conversar animadamente.
- Eu que comecei tudo isso, cara. – disse segundos depois após a saída de Kimberly e eu suspirei, negando com a cabeça – Tipo, nós dois sabiamos que não ia dar certo. – Ele completou e eu sabia que ele estava com total razão no que dizia, ele tomou um gole do refrigerante e bateu contra a mesa – Que tal voltarmos como éramos antes? Os dois amigos que não estavam apaixonados por pessoas que sabemos que nunca vai dar certo e...
- Você tá apaixonado por quem? – Interrompi seu discurso e ele deu uma leve engasgada com o refrigerante que tomava, um sorriso torto brincou em meus lábios enquanto olhava para os lados em busca de amparo – .
- Eu e sua irmã ficamos no sábado, cara! – Ele parecia desesperado enquanto eu apenas cruzava meus braços e o encarava de forma séria – Eu juro que isso não vai se repetir! Eu quebrei as regras, cara! Se quiser pegar minha irmã mais velha, pode! Talvez o marido dela não goste, mas ai ficariamos quite, certo? – Ele dizia e eu esperei o surto dele passar para falar.
- Eu fico feliz por vocês dois, . – Ele parecia não acreditar no que eu dizia enquanto passava as mãos desesperadamente pelos cabelos – Eu queria que você encontrasse uma garota que valesse a pena, não qualquer uma que nem essas que você costuma pegar e jogar fora. E eu queria que encontrasse um cara que eu confiasse, deu certo, não deu?
- Então... Você nos aprova? – perguntou incrédulo e eu sorri concordando.
- Se você magoar ela, eu quebro sua cara. – Afirmei em seguida e o sorriso dele não deixou seu rosto, ele deu um grito e me abraçou.
- Serei parte da família , oficialmente agora!
- Cala a boca, não abusa. – Brinquei antes de voltarmos para as aulas, mais uma vez procurei com o olhar, mas não a encontrei.
Suspirei cansado quando finalmente entrei em meu dormitório, fechei a porta com certa força e encarei a fotografia de meu pai que estava no porta-retrato. Toquei a foto e sorri quando puxei a mesma para o lado e uma fotografia de surgiu. Peguei a tira que continha três fotos e um sorriso brincou em meu rosto, ela parecia feliz ao meu lado sem saber que eu havia enganado ela por um mês, respirei fundo e coloquei a foto de lado quando meu celular tocou e eu corri para atendê-lo.
- Oi maninho. – A voz de mostrava culpa e medo, eu dei um sorriso fraco ao imaginar do que se tratava o assunto – Eu soube o que aconteceu na festa, sinto muito.
- Não sinta. – Respondi em tom baixo, ela sabia que eu odiava quando sentiam pena de mim – Como você tá? – Perguntei enquanto jogava a bola de beisebol para cima e a pegava novamente.
- Feliz. confessou e eu sabia que ela estava mordendo os lábios de forma ansiosa, ela sempre fazia isso – Ele entrou em desespero quando percebeu que quebrou o pacto dos melhores amigos.
completou e eu segurei o riso ao prever que deve ter chorado feito menininha.
- O importante é que vocês tiveram um final de noite feliz. – Conclui e ela suspirou do outro lado da linha.
- Não desista dela, maninho. implorou baixinho e eu sabia que minha mãe deveria estar passando no corredor para que ela sussurrasse – Eu nunca pensei que iria vê-lo gostar tanto de uma garota. completou e eu dei um sorriso de lado, pensando a mesma coisa que ela – E ela é incrível, eu sei que ela tá sofrendo bastante com isso.
- Eu a usei como mercadoria para uma corrida idiota. – Respondi cansado e tossiu do outro lado da linha – Ela não quer mais olhar na minha cara.
- Gato do jeito que você é, duvido que ela não queira olhar pra sua cara. brincou e eu a xinguei baixinho, fazendo-a rir – Daqui cinco minutos você me encontra aqui na frente da nossa casa, vamos escolher o melhor buquê da cidade!
Ela nem deixou terminar de falar e desligou, dei risada e desliguei o celular. Olhei para a foto caída na escrivaninha e mordi meu lábio, eu lutaria por aquela garota. Era capaz que eu saisse mais ferido do que quando saio do ringue, mas eu faria qualquer coisa para tê-la ao meu lado.

Capítulo 21


- Ótimo, ela ama rosas brancas. – disse quando paramos em frente a uma simples casa e ela me encarou de forma séria – Se o pai dela atender a porta, não surte.
Dei risada e concordei, pegando o buquê das mãos de que me abraçou com força em seguida. Sai do carro e caminhei contando passo por passo até a porta da casa de , respirei fundo antes de tocar a campainha. Contei até trinta e a porta se abriu, antes que eu pudesse dizer alguma coisa. A raiva tomou conta de cada parte do meu corpo ao ver o sorriso irônico de Ryan em minha frente.
- Tarde demais, Judd. – Ele disse de forma provocativa e eu segurei a vontade de enfiar minha mão na cara dele – Você fez um favor para mim quando decidiu contar a verdade para a minha namorada, reatamos e tudo está uma perfeita maravilha, caso queira saber. – Eu me mantive em choque na frente dele, sendo consumido pouco a pouco pela raiva que eu sentia dele e de .
- Ryan, quem er... – dizia quando parou alguns metros da porta e me encarou, ela parecia em estado de choque e vestia uma roupa semelhante ao dia da minha última luta – , o que você tá fazendo aqui? – As palavras saíram com dificuldade de sua boca enquanto ela se aproximava com cautela.
- Achei que estivesse precisando de um ombro amigo, mas vi que já decidiu sua vida. – Retruquei e mostrei o buquê para ela que me encarou com culpa – Você me usou, não foi? Usou-me, pois sabia que ele me odiava e isso seria o suficiente para ele “lutar” pelo namoro de vocês. – Continuei e Ryan aplaudiu no final, mas seus aplausos pararam quando ele teve que segurar o nariz quebrado pela terceira vez, eu taquei o buquê em que deu um grito e tentou me alcançar enquanto eu voltava para o carro.
- , me escuta, eu não usei você! – Ela dizia desesperadamente enquanto tentava segurar meu braço e eu apertava o passo – Você é meu amigo, talvez o único que eu tive toda minha vida, a gente precisa conversar...
- Eu deveria ter escutado seu conselho quando nos conhecemos. – Respondi abrindo a porta do carro e ela parou em minha frente com os olhos marejados – De não ser um machista idiota e te tirar do seu namorado, aliás, eu não deveria ter dado três socos nele por sua causa, eu não devia ter te defendido naquela noite.
- ... – Ela pediu chorosa e eu entrei no carro, dando partida e ela socou o vidro, eu acelerei deixando-a para trás enquanto a mesma ajoelhava na grama e chorava.
- Tá entregue. – Eu disse de forma seca para que me encarou com os olhos vermelhos, ela havia chorado o caminho inteiro dizendo que as coisas estavam erradas e que eu não deveria desistir.
- Não faz besteira, por favor. – pediu chorosa e me abraçou, eu não retribui e fiz sinal para que ela saísse logo do carro – , isso tudo nos uniu depois que o papai se foi.
- Ele não se foi, ! – Gritei com raiva e soquei o volante, fazendo a buzina gritar na escuridão da rua – TIRARAM ELE DA GENTE! E ATÉ HOJE NÃO PEGARAM OS CULPADOS! – Gritei e ela me encarou com medo, o choro aumentou e ela saiu do carro correndo, entrou em casa e pude ver a silhueta de minha mãe na janela, seus olhos pediam para que eu não deixasse me levar pela raiva, mas já era tarde demais. Disquei o primeiro número que veio em minha cabeça e Dave logo me atendeu, parecia cansado, mas ele me arranjaria algo rápido.
- Preciso quebrar alguma coisa, Dave. – Minha voz saiu ríspida e ele riu do outro lado da linha, ele sussurrou algo para alguém e depois, ouvi sua voz no telefone novamente:
- Esse é o meu garoto! – Ele brincou e havia animação em cada sílaba – Me encontre no endereço que vou te enviar por mensagem, o dinheiro é bom e o adversário moleza.

Capítulo 22



- Eles vão te avaliar hoje. - Dave disse quando o encontrei em frente ao galpão que ele havia me passado o endereço, olhei para ele com um sorriso torto.
- Avaliar? - Perguntei curioso enquanto observava atentamente o movimento no lugar, algumas garotas passavam e sorriam para mim com segundas intenções.
- Terá uma competição real dessa vez, autorizada pelos policiais e tudo mais. - Dave respondeu após beber um longo gole de uma cerveja barata, ele limpou a boca com as costas da mão direita e sorriu torto - Lógico que vão encher o bolso da polícia para legalizarem uma briga, mas o que importa? O pagamento será em barra de ouro, . - Meu sorriso aumentou e cruzei meus braços encarando o ringue improvisado no meio do galpão e olhei para Dave que olhava a bunda de alguma garota que passava em nossa frente - O que acha?
- Os caras devem ser bons. - Respondi passando as mãos pelo meu cabelo e ele deu de ombros, dando tapinhas nas minhas costas e sorriu de lado.
- Você é melhor. - Dave disse antes de me guiar para o camarim improvisado e eu sorri de lado, respirei fundo ao pensar nela novamente, eu odiava pensar que eu havia perdido a luta que tinha ela como prêmio.
- Ouvi muito falar de você. - Uma voz feminina invadiu meus pensamentos conturbados e eu encarei a garota de cabelos pretos vindo em minha direção, ela usava uma roupa curta e tinha um corpo delicioso, desculpe a vulgaridade - , certo? - Ela se sentou em minha frente, usavam pneus velhos como banquinhos.
- Qual o nome da minha fã? - Perguntei ironicamente, aceitando a cerveja que ela me ofereceu com um sorriso malicioso.
- Cherrie. - Ela respondeu bebendo um gole de sua cerveja e fazendo um brinde comigo - Dave me falou muito de você. - Ri incrédulo e me ajeitei no banco improvisado enquanto ela mexia nos cabelos curtos, mal cortados.
- Sempre tem uma mão do Dave. - Brinquei bebendo mais um gole da cerveja e ela sorriu de lado, os olhos azuis eram penetrantes e ela usava uma maquiagem preta em volta deles, fazendo com que eles se destacassem mais por causa da pele branca - O que ele disse?
- Que ele não seria nada sem você. - Ela respondeu terminando a cerveja e colocando a garrafa no chão, olhei para os braços tatuados e ela sorriu ao ver que eu encarava suas tatuagens - E que você precisa de uma ajuda para esquecer uma garota.
- Eu já a esqueci. - Fui grosso, mas eu odiava quando Dave decidia contar meus casos pessoais para qualquer uma que cruzasse seu caminho - Preciso ir.
- Ei, eu não quis ferir seus sentimentos! - Ela disse rapidamente com um sorriso culpado nos lábios - Só achei que quisesse conversar.
- No dia que eu quiser conversar, eu te procuro. - Retruquei sem vontade e Cherrie se levantou, parando em minha frente e segurando em meu pescoço.
- Você merece coisa melhor, querido. - Cherrie disse com os lábios próximos dos meus e eu respirei ofegante - Alguém que entende desse mundo.
- Quero alguém que me tire dele. - Disse antes de largá-la sozinha e ser anunciado no ringue, lembrei-me de olhar feio para Dave que recebia um tapa bem dado de Cherrie e me preparei para a luta.
Quando comecei a bater no cara, a primeira coisa que me veio à cabeça foi Ryan. É claro que o coitado não merecia receber toda minha raiva em si, mas ele recebeu e eu só parei quando a sirene de uma ambulância se aproximava do local. O sangue do cara escorria por meus dedos e eu xinguei baixo ao ver que eu quase o havia o matado, em um ato covarde e cruel. Respirei fundo antes de sumir e voltar para o dormitório, eu definitivamente era o que e afirmavam desde o começo, eu era um monstro.

Capítulo 23


passou por mim e senti seu olhar sobre mim, eu havia acordado contra minha vontade por . Ela me encarava de forma séria e preocupada, a encarei uma vez e depois, decidi que era melhor mostrar que eu estava bem. Passei meu braço por cima de Kimberly que sorriu e me deu um beijo rápido. Observei seu vulto sair rapidamente do refeitório e o olhar reprovador de sobre mim.
- Você tá sabendo? - Kimberly perguntou enquanto terminava de tomar seu chá verde e me encarou de forma tentadora - Você quase matou um cara ontem.
- Como sabe dessas informações? - Perguntei um pouco alterado e ela sorriu de lado, olhando para a ex-companheira de que mordeu o lábio.
- Meu irmão estava assistindo o seu show. - A garota que ficava com respondeu antes de morder sua maçã e sorrir de lado - Parabéns, você passou.
- VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE FALAR DE MINHA VIDA ENTENDEU, SUA VACA? - Gritei com raiva e derrubei a bandeja nela, ela gritou e me xingou de alguma coisa enquanto eu saía bufando, impedi que Kimberly fosse atrás de mim e me sentei debaixo da árvore que gostava.
- Por que não me contou que ia lutar ontem à noite? - A voz de surgiu em meio ao silêncio e eu respirei irritado - Eu achei que era seu melhor amigo.
- Eu a perdi, . - Respondi com raiva e me encarou de forma preocupada - Eu cansei de mudar por ela ou pelo menos tentar. - Completei, sentindo que o peso havia deixado por alguns segundos minhas costas.
- Você nunca desistiu, cara. - agachou em minha frente e me olhou com seriedade - Você nunca foi fraco, você é o cara mais forte que eu conheço.
- O prêmio é em barras de ouro. - Comentei e me encarou com os olhos azuis arregalados - Eu estou disposto a tentar.
- Eu apoio você e tenho certeza de que também. - respondeu e me abraçou - Você pensou nele quando quase matou o cara, né?
- Pelo menos não me denunciaram. - Brinquei e me ajudou a levantar, dando tapinhas em minhas costas - Te darei uma barra se eu ganhar, ok?
- Sou seu melhor amigo, te aguento, te apoio e sou o melhor namorado do mundo para a sua irmã, mereço no mínimo três. - brincou antes de entrarmos para a sala de aula e ele sorriu com vontade, me fazendo rir e negar.
- Nem ferrando, cara. - Retruquei e ele virou os olhos.
O campeonato começaria em uma semana, enquanto isso eles ainda selecionavam os lutadores que disputariam o campeonato pelas barras de ouro. Minha cabeça finalmente se fixava em outra coisa que não fosse nela, eu ainda sentia seu perfume nas roupas que eu havia usado quando estava com ela.
Gritei com raiva, socando o armário quando pensei na noite em que eu a quase beijei. Meus dedos latejaram e eu soquei mais uma vez o armário, respirei fundo antes de jogar na cama e colocar as mãos sobre meu rosto.
Lembrei-me da cena em que vi Ryan atender a porta de sua casa e a raiva me dominou novamente, eu a havia perdido para aquele babaca e o babaca agora era eu. Eu precisava sair, encher a cara, fazer qualquer coisa que mostrasse que o antigo não havia morrido quando uma garota saiu de sua vida.
- Transmissão de pensamento? - Kimberly surgiu em minha frente e entrou em meu quarto, ela mantinha os cabelos loiros presos em um rabo de cavalo alto.
Usava uma saia de couro e uma regata de oncinha, ela parecia à mesma Kimberly de sempre e olhou para a dobra de meus dedos inchados - Andou socando algo?
- Talvez. - Resmunguei enquanto me sentava na beirada da cama e a encarava de forma curiosa - O que tá planejando?
- Vai ter uma festa de rua com alguns rachas, lutas de rua e até motos, achei que você gostaria de ir. - Kimberly disse fazendo um carinho em meus cabelos, eu ri incrédulo e ela me encarou surpresa com minha reação - Vamos, preciso de uma companhia e você precisa esquecer seus problemas uma vez na vida.
De longe eu poderia escutar o som alto que vinha da direção em que Kimberly dirigia seu carro, ela parou mais afastado, afirmando que seria mais fácil fugir caso os guardas descobrissem sobre a festa. Desci do carro com ela ao meu lado, ela estava gostosa e chamava a atenção de 90% dos caras presentes no local. Dois carros acabavam de sair em alta velocidade e as pessoas vibravam com as garrafas de diversas bebidas alcóolicas erguidas, olhei para um grupo mais afastado e avistei Ryan com os amigos acompanhados de outras garotas.
- O que você e ele têm? - Kimberly perguntou quando observou a troca de olhares e eu desviei o olhar, prestes a ir embora ao pensar que a encontraria ali.

- Ele é um idiota. - Resmunguei bebendo o gole de uma cerveja que Kimberly segurava e ela deu de ombros.
- Vocês disputam a garota, . - Kimberly respondeu virando lentamente os olhos azuis e me encarando em seguida - Ele está vindo aqui.
Respirei fundo e senti uma mão pesada sobre meu ombro, me virei e me preparei psicologicamente para não encher a cara dele de porrada.
- Veio em busca de uma nova aposta, ? - Ryan perguntou com sorriso de deboche e os amigos atrás dele deram risada, Kimberly me encarou com dúvida, mas depois assumiu sua melhor postura quando se apoiou em meu ombro.
- Ele não tem por que apostar algo se tem o melhor do lado dele. - Kimberly respondeu e beijou meus lábios rapidamente, piscando para Ryan em seguida.
- Você é um idiota, Ryan. - Retruquei com raiva e quando estava prestes a sair com Kimberly, ele riu.
- Pelo menos eu fui homem o suficiente para manter uma aposta em pé e não arregar. - Ryan disse com ironia e eu me virei com raiva - Você achou que sendo honesto com ela te aceitaria, não foi? - Ele continuou e o sorriso crescia em seu rosto - Você poderia ter um ano com ela, ela nunca se apaixonaria por você.
- Ela é idiota demais para enxergar além desse namorado que ela tem. - Kimberly sentiu minha dor e entrou em minha frente - Apostar a própria namorada, Ryan? De verdade, você confiou demais no seu taco para perder a corrida para o meu companheiro aqui. - Ela completou e os amigos dele riram de alguma coisa.
- Você precisa de uma garota para te defender, ? - Ryan retrucou com um sorriso irônico e eu o encarei com o punho fechado.
Antes que o meu soco fosse de encontro com o rosto de Ryan, a mão pálida e com unhas rosa compridas brincou na bochecha direita dele. Os amigos zoaram e ele nos encarou com raiva, quando foi para cima de Kimberly, eu lhe dei um soco que o fez cambalear e não parei até que me segurassem.
- Você ia fazer o que eu pensei? - Perguntei com raiva, eu estava fora de mim desde o momento que o vi avançar em Kimberly - Seu covarde.
As vaias cresceram quando a multidão parou para encarar Ryan caído no chão.
- Eu não tenho o que falar sobre a sua namorada, eu fui homem o suficiente para contar a verdade para ela na esperança de conquistá-la sem precisar ser um idiota que nem você. - Cuspi nele antes de me retirar, quando minha visão voltou ao normal ao caminho do carro, meu olhar se encontrou com aqueles olhos castanhos na qual eu era completamente fascinado. Ela me encarou de forma triste e olhou para Ryan caído no meio da multidão, e então me dei conta que a idiota era ela.
Kimberly me puxou para mais perto quando a viu e entramos no carro dela, desapareceu no sentido oposto da multidão e isso me surpreendeu, ela não havia corrido para ver Ryan.

Capítulo 24



- Bom dia garotos. - Kimberly se sentou ao meu lado e ao de no intervalo, ela mantinha a aparência de sempre e parecia menos metida hoje.
- Obrigado por ontem. - Eu sussurrei e ela me encarou discretamente enquanto tomava seu chá verde de rotina, ela sorriu de lado - Minha defensora.
- Andei pensando sobre ontem e somos ótimos amigos. - Kimberly brincou e eu concordei, rindo baixo, nos encarava suspeito, mas manteve o silêncio de sua parte.
- E penso que seremos melhores como amigos e não casal. - Ela completou e eu a encarei surpreso, ela mordeu o lábio e sorriu brincalhona - Eu perderia para ela... E eu odeio perder. - Concluiu antes de me dar um último beijo demorado e me encarou com sinceridade.
- Eu deveria ter te dado mais valor, achei que você er...
- Fútil? - Ela me interrompeu e eu concordei envergonhado - Eu era e sempre vou ser. - Ela riu irônica em seguida - Mas estou disposta a ajudar você, apesar de odiar aquela garota e tô fazendo isso porque odeio o namorado dela também.
- Isso tá realmente estranho. - interrompeu pela primeira vez e sorrimos cúmplices - O que deu em vocês?
- Só percebi que não quero ser a vilã dessa vez. - Kimberly respondeu antes de dar uma piscada para e se retirar da mesa, ele me olhou sério e eu dei de ombros.
- Mudando de assunto, falei com o técnico da faculdade e ele liberou a academia para você treinar. - avisou e eu dei um suspiro de alívio, ele sorriu em resposta - São barras de ouro, porra! E eu as quero também.

~ Cinco dias depois ~

Sai do vestiário da academia e agradeci pelo lugar estar completamente vazio, me aproximei do pequeno tatame que havia ali e puxei o saco de areia. Comecei dando alguns socos após vestir minhas luvas de boxe e depois, treinei alguns chutes enquanto o saco de areia se movia para trás. Depois de uma hora ou talvez duas, decidi dar uma pequena pausa e senti que estava sendo observado.
A surpresa me invadiu ao ver entrar receosa na academia e seus olhos castanhos me fitaram de maneira estranha, como se pedisse permissão para estar ali comigo. Ignorei a sua presença e voltei a lutar, quando ela virou as costas e estava prestes a sair, chutei o saco de areia e gritei de raiva.
- Eu soube que vai lutar. - Sua voz estava fraca e ela parecia cansada, inúmeras vezes tentou se aproximar, mas algo a impedia de chegar perto, eu continuava socando o saco de areia enquanto ela tentava falar alguma coisa - E eu queria desejar boa sorte, vai ser diferente das outras lutas...
- Por que quer me falar o que eu já sei? Está perdendo seu tempo. - Retruquei sem vontade e a encarei, ela perdeu o foco por alguns segundos quando me viu encará-la e respirou fundo.
- Os caras não vão ligar se vão te matar ou não, . - Ela disse desesperada e me encarou com medo, ela passou as mãos pelos cabelos e soltou o ar preso nos pulmões.
- Desde quando você dá a mínima para minha morte? - Perguntei mais uma vez e ela me encarou com um pouco de raiva - É melhor você sair daqui.
- ... - Me virei com raiva e soquei o chão, ela deu um grito e me encarou com os olhos marejados.
- Saí, . - Pedi impaciente indicando a porta para ela que respirou ofegante e continuou no mesmo lugar.
- PENSA NA SUA FAMÍLIA, ! - Gritou com raiva e sem pensar, se aproximou de mim com rapidez, parando apenas a alguns palmos de minha frente, os olhos estavam vermelhos e o rosto inchado - Barras de ouro não vão suprir a dor de mais uma morte.
- Doeu? - Perguntei com raiva e seus olhos doces me encararam confusos - Quando eu morri para você?
- Você nunca morreu para mim, . - Ela sussurrou baixo e eu ri, incrédulo.
- Então, me considere morto agora. - Respondi deixando-a sozinha na academia e ela respirou chorosa antes de sair pelo outro lado, soquei um dos armários, fazendo com que o som soasse mais alto que o normal.

Capítulo 25



- Bem vindos a melhor noite de suas vidas! - Um cara parecido com o 50cent anunciava em um microfone dentro do palco improvisado, enquanto eu entrava no enorme salão acompanhado de , e Kimberly, eu sabia que a presença deles era de extrema importância para mim - Vou explicar rapidamente como será a nossa brincadeirinha da noite!
- Idiota. - Kimberly resmungou ao ver alguém perto de nós, quando me virei encarei a figura de Ryan com seus amigos e ele sorria animadamente, me cumprimentou com um aceno de cabeça - Por que ele não morre?
- Vai funcionar da seguinte maneira, serão oito lutadores divididos em duas colunas. Na base serão no total quatro lutas, na qual duas duplas lutam para conseguir chegar a semifinal de sua própria coluna, os vencedores de cada luta se encontrarão na semifinal de suas colunas. - Ele fez uma pausa quando a multidão gritou e continuou em seguida: - O vencedor da semifinal de cada coluna disputará a etapa final da nossa luta. Vocês podem estar achando que são poucos lutadores, mas só os melhores forem convocados essa noite e o juiz só impedirá o lutador quando o adversário estiver em estado crítico. - , eu não tô gostando disso. - sussurrou ao meu lado e seus olhos já estavam marejados - Se você ganhar ou sair vivo disso promete que será a última? - Ela pediu e eu prometi contra a minha vontade, a abracei com força e respirei fundo.
- QUEM QUER VER SANGUE ESSA NOITE? - O 50cent falso gritou com vontade e eu suspirei, me deu um abraço e um boa sorte.
- Quero ver sangue, ok? - Kimberly brincou e me abraçou - Contanto que não seja o seu. - Eu vou tentar. - Brinquei e ela concordou com um meio sorriso.
Afastei-me deles e encontrei Dave no meio do caminho, ele parecia eufórico e nervoso com a competição.
- São vinte barras de ouro, . - Ele disse desesperado enquanto caminhávamos em direção ao vestiário - Equivalente a milhões de dólares.
- Não me pressiona, Dave. - Pedi levemente irritado e ele concordou sem vontade.
- Lembre-se do dia que assassinaram seu pai e pense que cada um foi o responsável por aquilo. - Dave disse e eu vi minha mãe contra a sua cara, mas eu não o bati, respirei fundo antes de fazer qualquer coisa - Boa sorte, campeão.
O telefone tocou no meio da noite, me revirei na cama e encarei uma sombra passando rapidamente pela fresta da minha porta. Esperei silenciosamente quando minha mãe supostamente havia atendido ao telefone, pela primeira vez o silêncio me causava um medo.
Assim que parei de escutar a voz da minha mãe, eu abri a porta e desci as escadas, encontrando-a apoiada no sofá com apenas um braço enquanto chorava desesperadamente. Corri em sua direção e a envolvi em meus braços, ela mal conseguia falar e gritou, o grito mais doloroso que eu já havia ouvido.
desceu a escada segundos depois, desesperada ao ver a cena em sua frente, ela se juntou ao abraço e me olhou preocupada, procurando uma resposta, mas eu também procurava. A resposta veio minutos depois quando minha mãe pediu para que ligasse para a vizinha cuidar de Brian naquela noite, eu sentia que algo ruim havia acontecido.
Ela nos enfiou dentro do carro e dirigiu desesperadamente até o Hospital que ficava há alguns quilômetros de nossa casa, ela estacionou o carro de qualquer jeito e entramos no Hospital, eu queria uma resposta, eu buscava entender o que estava acontecendo, mas uma parte de mim dizia que eu sofreria com a resposta.
Então, eu o vi em uma maca imobilizado e sem vida. O sangue escorria por sua cabeça em uma fina linha, me aproximei e vi que ele já havia nos deixado, a pele fria e pálida eram os principais sinais da covardia que ele havia sofrido.
As lágrimas escorriam por meu rosto ao ver a situação em que eu me encaixava, o garoto de dezoito anos sem pai e com uma família destruída por uma tragédia sem culpados.
- EU QUERO QUE ENCONTREM O ASSASSINO! – Minha mãe gritava desesperadamente, uma mistura de raiva e tristeza em cada palavra que saía de sua boca – Eu não vou ter condições de cuidar de três filhos... – Ela chorava ao lado de que a abraçava e dizia que ficaria tudo bem, todos nós sabíamos que não ficaria nada bem daqui pra frente.
- Sinto muito pelo seu pai. – Um cara de mais ou menos dois metros de altura se aproximou de mim, ele estava com um pé engessado e se apoiava com a ajuda de muletas – Sou Dave.
- . – Mal conseguia falar, o que aquele imbecil queria? – O que você quer?
- Você vai precisar ajudar sua família, não vai? – Ele perguntou em tom triste e eu o encarei, minha visão turva dificultava as coisas – Eu ouvi que vai, eu tenho uma boa proposta.
- Eu não tô com cabeça para isso agora, Dave. – Retruquei com raiva e ele me deu um bilhete com seu telefone.
- O valor é alto, . Um dia, as coisas se ajeitarão. – Ele completou antes de me dar alguns tapinhas nas costas e sair de perto de mim, olhei para o corredor e observei enquanto colocavam meu pai dentro de um saco para carregar corpos e respirei fundo.

Acordei do meu transe quando chamaram meu nome, me levantei e limpei a lágrima que havia escorrido. Eu lutaria com um latino americano que tinha o corpo inteiro tatuado e a língua cortada ao meio, o nome era Tomáz Gonzaléz.
O cara tentou a primeira investida e o acertei na barriga com um chute que o fez cambalear, a multidão gritou quando ele tentou me acertar e eu desviei. Ele caiu desequilibrado sobre a grade improvisada e resolvi que seria fácil para mim acabar com ele. De vinte investidas, dezenove ele errou.
A única que havia me acertado foi no rosto e eu logo senti o gosto metálico em minha boca. Olhei para que parecia nervosa ao lado de que gritava me incentivando, corri na direção do cara e dei uma rasteira, derrubando-o no chão e socando seu rosto diversas vezes, ele bateu três vezes no chão de cimento e todos gritaram animadamente.
Sai de cima dele e o ajudei a levantar, ele se retirou rapidamente e eu comemorei com um sorriso ensanguentado talvez, já que colocou as mãos na boca quando sorri em sua direção.
As outras três brigas foram mais violentas, o juiz teve que impedir que o adversário de quase cem quilos matasse o adversário mais fraco. Olhei nervosamente para o ringue e suspirei ao pensar que eu havia me afundado naquilo, eu deveria ter parado quando me viu lutar pela primeira vez, mas eu não conseguia parar.
- E agora, será a disputa entre os semifinalistas, com vocês James Gragg e ! - A multidão gritou eufórica, respirei fundo e entrei no ringue, encarando o moreno em minha frente que parecia ter vindo para a guerra.
O cumprimentei antes da luta começar e quando eu estava prestes a golpeá-lo, ele bateu três vezes no cimento e o encarei de forma confusa. A multidão vaiou, mas ele não ligou para as vaias, desceu do ringue e foi embora, sem nenhuma razão. Olhei confuso para que me olhou da mesma forma e fez sinal para que eu continuasse.
O adversário mais forte da outra turma, massacrou o seu adversário que pediu para sair minutos depois do segundo ou terceiro golpe. Eu deveria desistir, também? - E com vocês, agora na nossa final, o lutador mais novo da competição contra o mais experiente! - O apresentador gritou e eu entrei no ringue sentindo que poderia ser a última vez que eu lutava em minha vida, talvez pelo fato de que aquele cara me mataria sem pudor e sem preocupações.
Eu dei os primeiros golpes, eu era mais rápido que ele por causa do peso que ele tinha. Seus golpes eram dolorosos quando acertavam, eu senti minha costela se partir em pedaços quando ele me golpeou na primeira vez. Eu não desistiria, eu era o melhor. Quando o outro golpe veio, caí no chão e pensei no sorriso de minha mãe e nas risadas de Brian quando meu pai estava presente em nossa vida, eu não poderia deixar que a dor viesse novamente. Levantei rapidamente e com dificuldade antes de receber mais um golpe forte que me fez gritar de dor.
Desiste, . Era como se a voz de estivesse dentro de mim, fechei meus olhos antes de tentar mais uma vez acertar o meu adversário, ele me derrubou no chão com apenas um soco.
Tentei me levantar e eu estava de costas para ele, quando sabia que seria atingido, senti algo ao redor de mim. Era algo frio e tremia, mas o choro era mais alto do que os batimentos cardíacos dentro de mim.
- Bate no cimento, . - A voz chorosa de invadiu meus ouvidos atordoados e ela chorou mais alto - Por favor.
- TIREM ELA DAÍ! - O apresentador gritou e quando ouvi os passos se aproximando de onde eu e estávamos, eu bati três vezes contra o cimento.
O gosto metálico em minha boca era fraco comparado a dor que eu sentia em minhas costelas. Enquanto o meu adversário comemorava a vitória, eu me sentei com a ajuda de .
- Ele iria te matar. - Ela sussurrou chorosa e eu a encarei confuso, seus dedos macios passeavam por meu rosto ferido e provavelmente, deformado.
- Eu não ligo. - Resmunguei e gemi de dor quando tentei me levantar, ela bufou levemente irritada e segurou meu rosto.
- Eu não posso perder você agora. - disse baixo e eu senti seus olhos castanhos fitarem cada ferimento meu - Ainda temos um pouco menos de dois meses.
- Como disse? - Perguntei incrédulo e ela sorriu nervosa.
- Eu estou dando uma chance para você, . - Ela respondeu com um sorriso doce nos lábios e eu pensei que havia apanhado demais, a ponto de ouvir coisas.
- E se eu não quiser essa chance? - Retruquei um pouco curioso e ela sorriu de lado.
- Então, eu teria desperdiçado meu tempo e quase apanhado de um gigante à toa. - Ela disse com uma cara de sapeca, me perdi naquele olhar intenso - Eu teria terminado com um idiota para ficar com outro.
- Vamos levá-lo ao hospital. - interrompeu o momento enquanto me pegava no colo com dificuldade e eu olhei para .
- Diz que isso não é um sonho? - Pedi para ela que sorriu e mordeu os lábios.
- Menos de dois meses agora, .

Capítulo 26



Acordei com leves pedradas na janela, cocei meus olhos e me levantei com dificuldade. havia decidido que era melhor eu dormir em casa aquela noite, ela ficaria preocupada comigo caso eu não estivesse sobre seus cuidados. Aproximei da janela e a abri sem fazer barulho, encontrei com um sorriso travesso nos lábios.
- Achei que não ia acordar nunca. – Ela sussurrou baixo, mas o suficiente para eu escutá-la de onde eu estava – Vamos, se não perderemos a surpresa.
Não entendi, mas a obedeci. Vesti a camiseta que estava pendurada em minha cadeira e fui com a calça de moletom na qual eu estava vestindo naquela manhã.
Entrei na BMW preta que um dia eu havia quebrado o vidro, mas eu não precisava confessar isso agora, certo? Estávamos bem novamente.
vestia uma jaqueta jeans simples e uma regata branca por baixo, usava uma saia florida e mordia o lábio de minuto em minuto.
- Posso saber o que tá aprontando? – Perguntei sério e ela negou com um dedo na boca, enquanto dirigia com uma mão só – Eu posso chamar isso de sequestro?
- Pode chamar isso de um encontro. – respondeu brincalhona e deu seta, virando suavemente à esquerda enquanto ajeitava a postura no banco do motorista.
- Eu devo estar sonhando desde ontem. – Conclui e ouvi sua risada gostosa invadir meus pensamentos – Só sei que não é sonho porque estou com uma faixa em volta da minha barriga. – Resmunguei incomodado e ela me encarou tristonha, deu de ombros e voltou a prestar atenção na estrada em sua frente.
estacionou o carro em frente a uma simples casa, ela me chamou quando saiu do carro e eu a segui. Ela caminhava rapidamente e eu não conseguia alcançá-la, quando finalmente parei atrás dela pude encarar o horizonte em nossa frente.
Estávamos parados há poucos metros de um penhasco, ela sorriu para mim quando os primeiros sinais do amanhecer começavam a surgir e eu a encarei perplexo, ela se sentou na grama baixa e eu fiz o mesmo.
- Eu amo esse lugar. – confessou baixo e um sorriso infantil brincou em seus lábios, ela prendeu os cabelos em um coque mal feito e soltou o ar preso nos pulmões.
- É perfeito. – Respondi concordando e tentei arranjar uma posição que não doesse minha costela lesionada na briga de ontem – Como encontrou esse lugar?
- No dia que fugi de casa quando descobri que minha mãe havia se mudado com outro homem. – Ela me olhou culpada e mordeu o lábio, como de costume – Eu pretendia me jogar dali e nunca mais ser encontrada, mas quando olhei para o amanhecer, eu senti que eu podia recomeçar.
- Se você tivesse se jogado dali, não teria me impedido de apanhar ontem. – Brinquei e ela me deu um tapa leve, relaxando os ombros enquanto colocava as mãos para trás, apoiando o seu peso de forma relaxada – E o ódio que você sentia por mim?
- Eu nunca senti ódio de você, seu dramático. – retrucou em tom brincalhão e eu a encarei com desdém – Eu odeio o seu tipo de garoto, o que chega em uma garota com cem por cento de certeza de que ela não vai recusar um beijo seu. – Completou, me olhando de forma desafiadora.
- Acabou de confessar que me odeia. – Comentei em seguida e ela riu, negando com a cabeça – Eu odeio o seu tipo de garota, que acha que tem razão em tudo. – Ela me encarou com um sorriso sarcástico e eu suspirei – Mas algo em você fez com que eu quisesse lutar.
- O fato de que eu te dei um fora no primeiro dia e te chamei de machista. – Resmungou brincalhona e eu a fuzilei por interromper meu discurso romântico – No dia da festa, senti ódio por ter apostado ficar três meses comigo com Ryan, foi uma atitude infantil, mas que finalmente fez com que eu visse a verdade sobre quem eu queria do meu lado.
- E qual conclusão chegou? – Perguntei quando a vi se levantar e bater as mãos na parte de trás da saia para tirar a terra.
- Que eu prefiro aguentar o seu tipo de garoto todos os dias, pelo simples fato de ter sido verdadeiro comigo. – respondeu e eu sorri com sua resposta – Agora levanta daí. – Ela disse me ajudando a se levantar – Que você tem que me levar para tomar café.
- Por que café? – Perguntei confuso e ela sorriu de lado.
- Foi o convite que me fez quando nos vimos pela primeira vez, que falta de cavalheirismo da sua parte esquecer.
Um sorriso maior que meu rosto escapou e a vi correr na direção do carro.

Capítulo 27



parou em frente a uma cafeteria e o movimento era pouco, por ser seis da manhã quando finalmente chegamos lá. Sentamo-nos em uma mesa mais afastada e aconchegante, sorriu meiga quando nossos olhares se encontraram e a garçonete rapidamente veio nos atender.
- Bom dia, o que desejam? – Perguntou a simpática garçonete que nos atendeu, quando a encarei tossi forçado, um pouco engasgado com minha própria saliva quando encarei a garota que eu já havia bem... – ! – Ela se lembrou de mim, merda.
Uma sobrancelha de se ergueu, surpresa pela garçonete saber meu nome.
- Se lembra de mim, né? – Jennifer perguntou alterada, um pouco animada demais em minha opinião, concordei com a cabeça e ela ficou mais animada – É bom ver você. – Mas não com outra. Eu parecia ter lido seus pensamentos e ela sorria forçado para que controlava a vontade de rir.
- Vou querer um chocolate quente com marshmallow, por favor. – pediu educadamente, parecendo calma em relação a garçonete que a fuzilava com os olhos.
- Um café expresso... Bem forte. – Sorri nervoso e Jennifer se retirou sem vontade, olhei para que me encarava pedindo uma explicação – Ela era minha peguete no colegial. – Expliquei um pouco nervoso e riu.
- Espero que ela não coloque veneno em vez de marshmallow. – respondeu preocupada, passando as mãos pelos cabelos, mas ela parecia relaxada demais – Não temos nada, . Não precisa se preocupar com o que eu penso de você, pelo simples fato de você já saber.
- Não decidimos quais serão os prêmios caso eu te conquiste. – Mudei de assunto, vendo seus olhos pararam em algum ponto, enquanto ela pensava no prêmio – Você vai ter que falar para a faculdade inteira que me ama.
- Você anda assistindo filmes de garotas? – Ela perguntou um tanto surpresa e eu mandei ela se ferrar em um sussurro, ela riu e passou um dedo sobre os lábios rosados, ainda pensativa.
Jennifer voltou com a bandeja e os pedidos, ela entregou o pedido de com um sorriso forçado e entregou o meu. Ela respirou fundo antes de me encarar com raiva.
- Então você me trocou por essa aí? – Jennifer perguntou com raiva e eu cuspi o café que eu havia começado a tomar – Eu esperei por três anos, Harold! – Ela gritou com raiva e eu olhei para que parecia perplexa com a situação – Eu pensei que iriamos casar como todo casal que se apaixona no ensino médio, mas você... VOCÊ É UM CANALHA, FILHO DE UMA...
- Olha se você continuar e xingar a mãe dele, eu não vou ter problemas em tacar esse chocolate nessa sua cara. – completou de maneira séria e eu controlei a vontade de sorrir – Ainda bem que ele desistiu de você e tá na cara o porquê. – concluiu e tirou um dinheiro do bolso da jaqueta e o jogou na mesa.
- Vamos, . – pediu educadamente e eu me levantei, ela nos olhou incrédula e começou a me estapear, o gerente da cafeteria logo apareceu e a segurou.
- O troco é seu. – avisou ao gerente antes de sairmos da cafeteria, olhei surpreso para ela já dentro do carro e ela acelerou, parecia irritada e eu pensei que nunca a veria assim.
- Olha, se você quer que isso dê certo, quero que me faça um relatório de todas as meninas que você já teve um relacionamento por mais de duas semanas, ok? – perguntou séria e um sorriso brincou em meus lábios – Você deve ser dono de um hospício de garotas de coração partido.
- Só tem uma garota capaz de partir meu coração. – Eu soltei e me encarou quando o farol fechou – Você.

Capítulo 28



Bom, você pediu uma lista, certo? Talvez seja comprida... Mas vai valer a pena. Beijei minha primeira garota quando eu tinha apenas sete anos de idade, na segunda série ou terceiro ano como eles chamam agora, ela se chamava Bridget e foi horrível. Bridget me deu um fora no recreio que me fez chorar algumas semanas, mas não lembro os detalhes.
A partir desse dia, eu quis ser o galinha da terceira série, comecei a paquerar as novatas, era mais fácil usar a típica desculpa de conhecer a escola. Não lembro o nome delas, mas não foram tão importantes. E ai, cheguei a adolescência e apesar das espinhas, eu continuei o mais gato. Claro, todas piram em um garoto que é o bad boy e capitão do time de futebol do colégio.
Namorei Georgia, a líder de torcida fútil de todo filme adolescente, ela era gostosa e perdi a virgindade com ela aos quinze anos. Bem, ai que você se pergunta, mas perai? Com quinze anos você não deveria estar no primeiro colegial e com a louca da Jennifer? Bem, após perder minha virgindade, eu e ela decidimos terminar porque queríamos ser livres e casar era para velhos. Mas com você eu caso, ok?
E meses depois conheci a Jennifer, terminei com ela assim que entrei na faculdade, na mesma época em que meu pai havia falecido, eu até pensei em lutar por ela, mas acabei entrando nas lutas e deixei ela para trás, eu não queria que ela trouxesse o passado de volta quando eu mais precisava olhar para a frente. Ela provavelmente surtou quando viu que eu estava com você sendo que terminei falando que não perderia meu tempo com outra garota de forma séria.
Bridget – Se mudou para a Irlanda e virou lésbica, não me pergunte detalhes, me senti a menina do primeiro beijo quando me contaram.
Annalice – Durou menos de dois meses, peguei a melhor amiga dela na terceira série e acabei com a amizade e o nosso quase namoro. (Não tão importante)
Louise – Melhor amiga de Annalice, não durou dois dias, ela babava muito na hora de beijar.
Outras não tão importantes...
Georgia – Namorada da quinta série até o primeiro colegial, eu a traía e ela também, era um relacionamento aberto até demais, hoje ela já tem dois filhos e namora um vagabundo.
Jennifer – Bem, preciso falar alguma coisa?
* Sinto uma vontade absurda de beijá-la desde a primeira vez que a vi, talvez a mais difícil que eu já fiquei. Impossível suportar seu jeito mandão e o modo como ela está sempre certa, mas talvez seja isso que me faz ficar louco por ela. Nada aconteceu ainda, mas como um bom lutador, eu nunca desisto de uma batalha.

Decidi recortar a parte em que eu falava de , eu estava virando o típico romântico idiota e virgem. Eu deveria pegá-la de jeito desde a primeira vez que a vi e não enrolando desse jeito. Respirei fundo antes de amassar o bilhete que deveria ir junto com a carta e jogá-la perto de alguns livros.
Dobrei a carta algumas vezes e a joguei debaixo da porta do quarto em que dormia, um sorriso fraco brincou em meus lábios ao ver que as coisas estavam voltando ao normal.

Capítulo 29



Acordei com meu celular gritando na escrivaninha e me levantei em um pulo para atendê-lo.
- Bom dia, dorminhoco. – A voz de minha mãe invadiu meus pensamentos sonolentos e eu me sentei na beirada da cama.
- Bom dia, mãe. – Respondi com aquela voz manhosa e ela riu baixo do outro lado da linha, olhei para o despertador que marcava nove horas da manhã.
- Desculpa acordá-lo, querido. – Ela disse em tom de culpa e eu sussurrei um “tudo bem”, ouvi uma movimentação na casa – Estamos pensando em ir para a casa de praia de John, eu sei que você está tentando aceitá-lo e queríamos muito que você passasse uns dias conosco. – Ela completou e eu sorri fraco, era bom saber que ela estava feliz.
- Posso pensar no seu caso, quando vocês vão? – Perguntei baixo ao ver que ainda dormia e ela parou alguns segundos para responder.
- Amanhã de manhã, o que você acha? – Ela perguntou ansiosa e eu sorri fraco.
- Acho uma ótima ideia, vou levar , ok? – Perguntei e ela concordou de forma animada.
- Traga também, eu adoro aquela menina. – Ela disse antes de desligar e eu fiquei paralisado, um sorriso brincalhão surgiu em meu rosto.
Acordei novamente com batidas na porta e quando abri a porta, pude ver o sorriso triste no rosto cansado de . Ela me abraçou com força sem dizer nada, eu a envolvi com meus braços e senti que algo estranho estava acontecendo.
- Preciso de alguém. – Ela sussurrou baixo para que não acordasse e eu a segurei pela mão, eu estava sem camisa e com uma calça moletom, mas eu não perderia tempo para fazê-la sorrir. Sentamos debaixo da árvore em que eu passava o maior tempo sentado quando eu precisava de um tempo para mim.
Assim que me sentei, abri as pernas e ela se apoiou no meu peito. Eu sentia o cheiro de chocolate que vinha de seus cabelos e respirei fundo para que eu não perdesse o controle da situação e estragasse tudo.
- O que houve? – Perguntei após algum tempo de silêncio e ela se virou, ficando de frente para mim, as lágrimas deixavam seu rosto um pouco molhado. Cruzei as pernas e ela fez o mesmo, em minha frente.
- Eu sinto que vou perdê-lo, . – Ela confessou em tom baixo, seus olhos castanhos pareciam o espelho de sua tristeza – Meu pai está diferente, ele chega bêbado todas as noites... Ontem minha madrasta me ligou e disse que não aguentaria muito tempo, ela sente que ele nunca vai esquecer minha mãe. – Completou e eu não sabia o que dizer, deveria ser difícil para ele superar o fato de ter sido abandonado pela esposa com uma filha pequena.- Sinto que uma hora ele não vai aguentar, que nada mais vai ser importante para ele. – não controlava as lágrimas que brincavam em seu rosto delicado, ela me encarou com medo – Ele é a única família que eu tenho.
- Já tentou falar com a sua mãe? – Perguntei curioso e na tentativa de pensar em algo útil, mas nada vinha em minha cabeça.
- Algumas vezes, mas ela dizia que não tinha filha. – respondeu e havia dor em sua voz, ela fechou os olhos e respirou fundo – Eu entendo a dor dele, . Ele a amava e foi abandonado sem um único motivo, ela nunca lhe escreveu, só deixou um bilhete dizendo “sinto muito” e me largou junto com ele. Como se eu fosse à única lembrança que ele teria dela. – dizia com a voz chorosa – Ele sempre cuidou de mim como se eu fosse a joia mais rara do mundo inteiro, mas aos poucos, ele foi se perdendo. Minha madrasta na verdade era a minha babá e melhor amiga de meu pai, ela é um anjo em nossas vidas, eu sei que se não fosse por ela, papai estaria perdido e talvez, eu também. – Confessou e secou as lágrimas que ainda brincavam em seu rosto.
- Sinto muito por tudo isso. – Soltei e ela sorriu sem vontade, mas se esforçando para me agradecer por estar ali, escutando seu desabafo – Eu vou te ajudar a cuidar dele, .
- Ele disse que a missão dele de me educar e me criar já foi cumprida, que ele só quer descansar em paz. – Ela finalizou e chorou em seguida, talvez por uma hora ou duas, enquanto eu a segurava como se ela fosse agora, a minha joia.
- Tenho uma proposta para lhe fazer, se você negar, não irá chatear somente a mim, mas irá chatear minha mãe. – Eu disse de forma brincalhona e pude ouvir seu riso nasalado, ela concordou para que eu continuasse – John convidou minha mãe e os seus filhos para passar o feriado na casa de praia dele, ela me chamou hoje cedo e pediu para que eu te levasse também. – Completei e pude vê-la sorrir de maneira gostosa.
- E pensando bem, você precisa de um tempo afastada de tudo isso... O que acha? – Perguntei brincando com uma mecha de seu cabelo e ela sorriu fraco.
- Quando partiremos? – Ela perguntou com um sorriso brincalhão nos lábios rosados e eu sorri incrédulo, beijei sua testa e ela me encarou, meu nariz tocou o seu e ela engoliu em seco. Sorri fraco antes de lhe dar um beijo rápido no canto de sua boca e ela mordeu o lábio.
- Amanhã de manhã.

Capítulo 30



- Eu não quero correr, Ryan. – parecia uns dois anos mais nova, poucas coisas haviam mudado, talvez o cabelo estava mais curto que o normal e com algumas mechas roxas – Vamos embora, por favor. – Ela encarava o namorado em sua frente e as pessoas passavam por mim como se eu fosse um fantasma.
- ! – Gritei, mas ela não havia me escutado – ! – Toquei em seu braço, mas ela não fez nada, apenas suspirou.
- Eu juro que vai ficar tudo bem. – Ryan disse segurando em seu rosto e ela concordou, ele a beijou rapidamente e entraram no carro que estava há alguns metros dele, corri e passei pela porta sem precisar abri-la – Vamos ganhar desse cara, tá bom?
- Tá. – o encarou com os olhos tristes e colocou o cinto, respirou fundo e encarei o horário em seu celular quando ela o bloqueou, era exatamente quatro da manhã.
Olhei para o carro que havia parado ao lado de Ryan e acelerava sem sair do lugar, fechou os olhos quando Ryan acelerou e começou a correr. Eu a observava pelo retrovisor e ela abraçou os joelhos.
- RYAN! – gritou quando eles iriam passar por um cruzamento e ele freou rapidamente, mas o carro do lado bateu contra um carro particular que passava ali naquele horário. saiu correndo do carro e correu na direção do carro batido, mas Ryan segurou seu braço – VOCÊS SÃO UNS MONSTROS!
Olhei para o carro que havia batido contra o outro e ele havia desaparecido na escuridão da rua assim como seu motorista.
olhou dentro do carro e eu fiz o mesmo, meu corpo paralisou ao encarar meu pai desacordado no banco do motorista.

Acordei com as batidas na porta e eu estava molhado de suor, aquele havia sido o pior pesadelo que eu tive em dois anos. A porta se abriu segundos depois, eu me enrolei em meu cobertor ao ser recebido por um sorriso de .
- Você tá atrasado. – entrou no quarto em seguida acompanhado de que pulou em cima de mim e me abraçou com força.
- Parece que você teve um pesadelo, maninho. – Ela me encarou preocupada e eu sorri forçado, negando enquanto me trocava debaixo da coberta depois que ela saiu de cima de mim – John e mamãe estão nos esperando lá embaixo com Brian, por favor, não demore. – Ela pediu de forma sincera e eu concordei, já terminando de colocar minha calça jeans com dificuldade.
me olhava com curiosidade enquanto eu pegava a minha mala pronta, pegou as dele e pelo que eu havia entendido as de já estavam no carro de . Enquanto descíamos as escadas, o silêncio era um tanto quanto constrangedor, mas ele logo foi quebrado.
- Você tá diferente hoje. – soltou de forma séria quando finalmente ficamos a sós do lado do Mustang de .
- Eu tive um pesadelo. – Resmunguei baixo, fazendo careta e pude vê-la sorrir de maneira carinhosa, sua mão macia tocou meu rosto e ela fez um carinho rápido.
- É só um sonho ruim, está tudo bem agora. – sussurrou em resposta e tirou a mão de meu rosto quando se aproximou com , entramos no Mustang e as duas iriam atrás enquanto eu iria com no banco do passageiro.
selecionou um playlist de músicas, variando em eletrônicas e pop, algumas eram de rock e finalmente, quando começou a tocar Britney Spears, eu soube que a playlist era de e não dele. As duas no banco de trás cantavam animadamente, enquanto eu pensava que seria maravilhoso um tampão invisível nos ouvidos e pensava a mesma coisa, já que enquanto dirigia fazia caretas dependendo dos tons de voz que elas usavam.
Depois de duas horas, finalmente chegamos à nada humilde casa de praia de John. Se eu podia chamar aquilo de casa, ela ficava mais afastada das outras casas e dava de cara para a praia. surtou quando estacionou o carro e eu virei lentamente os olhos, olhei para que ria sozinha da minha expressão.
- Tenta mudar essa expressão. – Ela sussurrou baixinho e eu virei os olhos, ela deu dois tapinhas em meu rosto e suspirou – Lembre-se, eu estou aqui para esquecer um problema e você vai me ajudar. – Ela completou e eu suspirei, seus olhos brilhavam e um sorriso brincalhão iluminava seu rosto.
- O que você não me pede sorrindo que eu não faço chorando? – Perguntei sério, incerto se eu havia dito corretamente a frase e pude ver os cantos de sua boca se erguer em um sorriso com segundas intenções.
Tive que segurar um palavrão quando entrei na casa, Brian foi o que mais se animou quando entrou na mesma. Olhei para minha mãe que parecia sem graça ao ver o quanto aquela casa era luxuosa, os outros três visitantes pareciam estátuas sem saber como reagir.
- Muito bonita sua casa, John. – disse em tom doce e ele agradeceu com um sorriso rápido.
- Muito obrigado, por favor, fiquem a vontade. – John respondeu um pouco sem graça pela reação de todos – Brian poderá dormir conosco, e o primeiro quarto a direita pode ser de vocês e garotos, fiquem a vontade para escolherem os quartos.
- Deve ter poucas opções. – respondeu ironicamente, segurei o riso ao ver que ele havia pensado alto e em seguida, ficou sério – Ah me desculpe, eu...
Todos riram da sua atitude e ajeitamos os quartos, eu dividiria um quarto com o como de costume, às vezes eu sentia que éramos casados, mas claro, ele seria o passivo. Algumas batidas na porta me distraíram, me virei para encarar com aquele sorriso que me deixava louco.
- Vamos ficar um pouco na praia antes do almoço. – avisou, as costas seminuas, por causa do biquíni estavam encostadas no batente da porta e eu tive que respirar fundo, pensar em tudo menos nela daquele jeito – Vamos?
- Eu encontro vocês na praia. – Avisei e ela concordou, me deixando a sós na minha auto concentração de “respira fundo e vai em frente”.
Arrumei meu quarto ao meu estilo, coloquei uma sunga e um short de surf por cima. Desci as escadas com pressa e encontrei minha mãe acompanhada de John enquanto ele a ajudava a preparar o almoço, eles riam de alguma coisa e pareciam incrivelmente felizes. Aquilo me deixava bem, apesar de ainda não ser totalmente a favor da ideia.

*

Desci a pequena escada de madeira do quintal que levava à praia, a areia era clara e extremamente fofa e macia como algodão. Meus pés afundavam a cada passo e eu me sentia um pato pronto para dar um mergulho na água gelada em busca de um peixe. Adiante, avistei brincando de montar castelos de areia com Brian que estava animado e tão branco por causa do exagero do protetor solar em um dia sem sol, apenas quente. Assim que me aproximei, senti seus olhos intensos sobre mim e aquilo me causou calafrios, eu odiava o fato de parecer uma garotinha perto dela.
- Finalmente, cara. – disse tirando os óculos ray-ban quadrado que para mim, Robert Pattinson havia lançado a moda – Por que demorou tanto?
- Eu arrumei minhas roupas, não larguei a mala aberta com as roupas de fora em cima da cama. – Retruquei ironicamente e riu ao seu lado, estendida, com sua cor de porcelana de cozinha, na esteira colorida – Você passou protetor, né?
- Eu quero pegar um bronze. – retrucou levemente irritada com minha pergunta, ela odiava quando eu queria ser o “pai” dela.
- Vai ficar com inveja do Nesquik de morango outra vez. – Fui irônico e ela me tacou um tufo de areia, a raiva se transformou em um sorriso travesso.
- Posso saber o porquê esse mau humor em um dia tão bom? – perguntou quando me sentei ao lado de Brian, ficando em sua frente e ela me encarava com um sorriso brincalhão.
- Não é mau humor, isso se chama conhecimentos passados. – Conclui, vendo-a rir baixo e concordar com a cabeça – A última vez que viemos à praia, chorou por uma semana porque seu corpo inteira ardia. – Completei e mordeu o lábio, olhando discretamente para que continuava estendida que nem sei lá o que.
- Deixe eles se divertirem. – respondeu, arrumando uma mecha rebelde de seu cabelo que caía de forma teimosa – O fim de semana mal começou e eu já estou feliz por estar aqui. – Completou e eu me senti inteiro, ela apoiou o último balde na areia e um formato perfeito surgiu.
- Cansei, quero brincar na água. – Brian pediu me encarando, seus olhos azuis eram exatamente iguais aos meus, apenas tinha puxado os olhos castanhos de minha mãe.
- Deve estar super gelada. – disse passando as mãos pelos braços e sem sorrir, ela olhou para mim e suspirou – Ok, vamos logo.
Brian correu na direção da praia e eu percebi que ela não nos seguia, me virei rapidamente e pedi que Brian esperasse.
- E então?
- Ahn, acho que... – Antes que ela pudesse falar, a peguei pela cintura, colocando-a por cima de meu ombro – AH NÃO, eu odeio isso!
- Foi assim que nos conhecemos de verdade, né? – Pude senti-la sorrindo, ela não me socava como a primeira vez, parecia calma e talvez... À vontade?
- E novamente, vai me jogar na água gelada. – Ela retrucou ironicamente e eu sorri, senti vontade de desistir de tudo quando a água salgada e gelada tocou minhas pernas. Brian assistia tudo rindo, ele era um cúmplice fiel. A joguei na água e ainda estava raso, ela reclamou que havia batido as costas segundos depois, se sentando na areia com a água batendo na metade das pernas.
- GUERRA! – Brian gritou e se jogou nas minhas costas, seus braços finos se enroscaram em meu pescoço e eu ri, o derrubei com cuidado na água e ele gritou, rindo em seguida. nos assistia com um sorriso meigo no rosto, seu sorriso sumiu e eu olhei para trás, vendo um correndo em nossa direção.
- BAAAAAAAAAAAAAAAAAAALEIA! – Ele gritou se jogando ao nosso lado e espirrando água – Porra, eu não sabia que estava raso aqui.
me encarou incrédula com a burrice dele, mas eu já havia me acostumado. - Ataque ao ! – Gritei e pude ver Brian pular nas costas de .

Capítulo 31


A comida de minha mãe estava sensacional, era a maior alegria de meu pai ver a mesa recheada de gente, rindo e se divertindo. Era claro que agora esse sonho havia morrido junto com ele, ao lembrar dele, senti a dor de perdê-lo sem saber o verdadeiro assassino. Sem ter as testemunhas que me ajudassem a prender o cretino que havia me tirado aquele que eu mais amava.
Dizem que quando perde a mãe, a dor é quase a mesma, mas a famíla se desestrutura, falta aquela que coloca a ordem na casa e ama os filhos. Tem pai que só coloca filho no mundo e some, é como se nunca tivesse existido, mas para um filho, ele faz falta também e muita.
- Pensando na vida? – A voz de invadiu meus ouvidos e eu sorri de lado, olhando-a enquanto ela se aproximava com uma roupa com mais tecido do que a anterior.
- Estava pensando em meu pai. – Respondi um pouco constrangido, ela se sentou na cadeira ao meu lado e sorriu fraco, como se sem palavras, eu soubesse o quanto ela sentia pela perda – Conversou com o seu?
- Ele disse que tá com saudades para eu aproveitar. – disse enquanto olhava para o pôr-do-sol em nossa frente – Parece que minha madrasta arranjou uma viagem romântica para eles em Paris. – continuou e sorriu doce, fazendo cara de apaixonada e eu ri baixo de sua demonstração.
- Isso vai ser ótimo para ele. – Conclui de forma séria, ela concordou e soltou um suspiro, olhei para seu rosto de perfil e pude ver seu olhar fixo no mar em nossa frente.
- Eles estão me dando diabetes. – apontou para e que se beijavam na beira do mar, rindo de alguma coisa e eu a encarei com um sorriso brincalhão.
- Tenho certeza que você chorou assistindo um amor para recordar. – Ironizei e ela me encarou incrédula, um sorriso travesso brincava em seu rosto bronzeado.
- Caraca, você vive em que época? – Ela brincou em seguida, me dando um soquinho no braço – Aposto que você chorou assistindo a culpa é das estrelas. – Completou.
- O que eu ganho se eu não chorar? – Perguntei entrando na brincadeira e ela me encarou.
- Um beijo.
- Isso tá começando a ficar interessante. – Conclui, sorrindo animado e ela piscou.
**

- , você disse que odeia romances em que as pessoas morrem? – retrucou em tom irônico enquanto me entregava seu notebook cor de rosa e eu virei lentamente meus olhos – O que te fez mudar de ideia sobre isso?
- E daí, falaram que é um bom filme, tenho o direito de assistir. – Resmunguei abrindo o computador e colocando a senha “euamopotter”, por incrível que pareça, a senha entrou – Você não muda sua senha faz uns três anos?
- Se eu mudar, eu sei que vou esquecer. – respondeu enquanto terminava de se arrumar em minha frente – Vocês têm certeza de que não querem ir tomar açaí comigo e com o ?
- Esse negócio tem gosto de terra. – Resmunguei enquanto colocava no google, algo como: A culpa é das estrelas legendado online.
- Você nunca comeu terra para saber o gosto de terra. – cruzou os braços em minha frente e eu a encarei com desdém.
- Nunca fale nunca quando se trata de alguém que já foi garoto um dia. – Avisei em tom brincalhão e ela virou os olhos, me dando um beijo na bochecha rápido enquanto saía.
Cliquei na primeira opção e esperei que carregasse, levei o notebook para a sala de televisão e com meus remendos nerds, coloquei o filme para passar na televisão. A qualidade não era a melhor, mas eu era bom no que fazia. Eu sou o rei da humildade.
- Prontinho. – se aproximou, usava uma calça vinho de moletom parecida com a que eu tinha esquecido de trazer, era uma noite fria apesar do dia quente que havia feito, ela usava uma regata branca e os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo.
se sentou ao meu lado e eu dividi minha coberta com ela, ela sorriu agradecendo e me entregou o pote colorido de pipoca com manteiga derretida. Ela havia trazido uma coca-cola de garrafa gelada e dois copos de plástico, afirmando em seguida que não queria ter que lavar muita louça.
Coloquei o play e percebi o como ela estava focada, enquanto levava automaticamente pipoca à boca e mastigava lentamente. Eu percebi que ela sentia que estava sendo observada e me tacou pipoca, eu taquei outra e ela me encarou de forma brava.
- A aposta não irá valer se você não prestar atenção na história, . – avisou com o dedo indicador em minha direção, bufei e me indireitei, ela deu uma risadinha e antes que eu tacasse outra pipoca, ela me olhou feio.
- Desculpa.
Nos momentos quase finais do filme, eu a encarei. Seu indicador passava lentamente no final de seu olho, ela percebeu que estava sendo encarada e sorriu de maneira doce.
Eu não havia chorado, mas não pelo fato de ser insensível, pelo contrário, aquele filme havia me mostrado que podemos perder pessoas em questão de segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos.
Quando os créditos começaram a passar, observei que me encarava como se pedisse algo.
- E então? – Perguntei vitorioso e ela sorriu de lado, apoiando a cabeça em meu ombro.
- Parece que você ganhou e acabou de provar que é um sem coração. – respondeu brincalhona, ela me encarou, seus olhos castanhos fixos em minha boca.
- Falta quase um mês agora para o fim da nossa aposta e eu não sei se estou ganhando ou perdendo. – Soltei um tanto confuso e pude ver o canto de seus lábios se erguerem lentamente.
- Vamos descobrir agora. – soltou, se aproximando e senti seu nariz gelado tocar o meu, me causando mil choques no corpo inteiro.
- CHEGAAAAAAAAAAAMOS! – Ouvimos a voz de invadir a sala e nos separamos rapidamente, bufei puto da vida e encarei meu melhor amigo parado sem reação na porta da sala – Acho que atrapalhei algum...
- Você acha? – perguntou ironicamente e estava brava com o namorado, se levantou e pediu um desculpa baixo para mim, se aproximando de onde estava e sumindo de minha vista.
- Cara...
- Melhor ficar quieto, . – Retruquei com raiva e me levantei, sentindo vontade de quebrar alguma coisa – Ou eu aproveito e quebro seus dentes, seu imbecil.

Capítulo 32


Me encontra na piscina.
Acordei com um bip alto e olhei para ver se não havia acordado, felizmente ele ainda dormia em um sono pesado. Coloquei a senha e li a mensagem de , um sorriso surgiu em meus lábios e pulei da cama no mesmo segundo.
Vesti a primeira blusa e shorts que eu vi em minha frente, desci as escadas silenciosamente e a encontrei sentada em uma das espreguiçadeiras na área da piscina.
- Foi rápido. – ironizou e fez sinal para eu me sentar ao seu lado – Desculpa te acordar, eu estava sem sono. – Completou com um sorriso tímido e eu retribui após me sentar ao seu lado.
- Me chamou aqui para fazer companhia? – Perguntei ironicamente e ela sorriu com vontade, continuei encarando-a até ela quebrar nosso olhar e fitar a lua cheia.
- É tão bom esquecer nossos problemas. – sussurrou quando me olhou novamente, havia alegria em seus olhos e ela mordeu o lábio – Venha aqui.
ficou de pé na borda da piscina iluminada por uma luz e eu fiz o que ela pediu, eu estava desconfiado que ela aprontaria alguma coisa. Fiquei olhando o modo como ela abria os braços e sorri involuntariamente, ela mandou eu fechar os olhos e desconfiado eu obedeci. Segundos depois, senti o impacto da água gelada sobre meu corpo e nadei até a superfície, sorri ao encará-la na borda da piscina e a mesma pulou em seguida.
- Vingança do que você fez comigo dois meses atrás. – sussurrou e eu sorri ao ver as gotas de água escorrendo por seu rosto, os cabelos molhados jogados para trás.
- Eu estou louco para fazer algo que eu deveria ter feito quando te conheci. – Sussurrei próximo dela e ela sorriu, passando a mão por meu rosto e aproximando seu rosto do meu.
- Se eu não fizer primeiro. – respondeu e senti seus lábios molhados sobre os meus, lentamente abri minha boca dando espaço para ela completar o nosso primeiro beijo. Passei meus dedos por seus cabelos e a puxei para mais perto, sentindo nossos corpos colidirem, ela sorriu fraco durante o beijo e nos separamos segundos depois.
- Por que demorei tanto tempo para fazer isso? – Perguntei sério e sorriu, seus braços ainda estavam ao redor de meu pescoço e eu a puxei para mais um beijo, um alívio percorreu meu corpo ao saber que ela estava retribuindo e que não era um sonho.
Olhei para a sacada do meu quarto e encarei ao lado de nos assistindo, ela sorria e deu um tchauzinho antes de desaparecer, comemorou e para não atrapalhar mais uma vez logo se escondeu.
- Eu tô morrendo de frio. – disse e eu pude ver seus dentes batendo, eu olhei para as cadeiras e vi que não haviam toalhas – Ai, como eu não pensei nisso...
- É para isso que o tio existe. – surgiu com duas toalhas e nos entregou, ele se sentou na espreguiçadeira e nos olhava com um sorriso bobo.
- Valeu, cara. – Agradeci quando saí da piscina após ajudar a sair, ela me encarou com as bochechas coradas e eu pisquei para ela que se secou e entrou rapidamente.
- E então? – Perguntou raspando uma mão na outra – Quem afinal de contas ganhou a aposta?

Capítulo 33


Acordei no outro dia com passos rápidos no corredor, olhei para que ainda estava dormindo e me levantei rapidamente. Abri a porta ainda de boxer e dei de cara com , ela parecia preocupada e me olhava com culpa, ela me abraçou antes que eu falasse qualquer coisa.
- Eu preciso voltar. – Ela disse com os olhos marejados, a encarei preocupado e fiz sinal para irmos em um lugar mais sossegado da casa – Meu pai foi encontrado caído na rua, ele tá internado e a situação dele é crítica. – soluçava, eu sabia o quanto o pai era importante para ela por tudo que havia passado desde que sua mãe a havia abandonado.
- Vou pegar o carro de e irei voltar com você. – Conclui e ela me olhou com culpa, eu sabia que viria o discurso do “eu não quero atrapalhar o seu fim de semana com sua família”, mas ela era minha prioridade naquele momento – Vamos, não perderemos mais um segundo aqui.
Coloquei uma roupa mais ajeitada e me despedi de minha mãe com rapidez, John e o restante ainda estavam dormindo e eu sabia que eles entenderiam que era uma emergência. A viagem durava duas horas, mas com a velocidade que eu fui, em uma hora e meia estavámos em frente ao Hospital em que o pai de estava.
- Você tem que ser forte, . – Sussurrei quando desliguei o carro e ela soluçava baixo ao meu lado, o rosto estava inchado e ela parecia diferente da garota alegre que eu conhecia – Tudo vai ficar bem, ok? – Ela concordou e me abraçou com força, dei-lhe um beijo rápido na sua cabeça e saímos do carro, ela entrou no Hospital comigo em seu encalço.
- Sou a filha do Joseph. – mal conseguia falar, as palavras saíam como um sopro de sua boca, a recepcionista estava prestes a perguntar algo quando uma mulher de meia idade se aproximou e abraçou com força, pela maneira como a mulher havia tratado , eu sabia que se travava da madrasta boa.
- Como ele tá? – perguntou chorosa e a recepcionista me entregou dois adesivos de visitante sem dizer nada, ela sabia que qualquer palavra iria piorar a situação.
- Está em repouso, querida. – A mulher respondeu, o rosto tão inchado quanto o de – Ele tropeçou enquanto voltava para casa e acabou batendo a cabeça na calçada... – Ela sabia o quanto doía para ouvir aquilo, eu depositei o adesivo em seu peito e ela nem se mexeu – Ele está desacordado ainda, mas os médicos falaram que ele tem chances de ficar bem.
- Preciso vê-lo. – exigiu em tom sério e a mais velha concordou, a seguimos pelo corredor e eu odiava hospitais, era um dos piores lugares para se trabalhar e conviver. Você já entrou em um hospital e sentiu o cheiro da morte? Pode ser exagero, mas é exatamente isso que eu sinto quando estou em um. entrou no quarto e ficou sentada ao lado do pai que respirava com a ajuda de aparelhos, ela havia arrumado um banco e se sentara ao lado da cama com a testa apoiada na mão entrelaçada com a do pai. Eu sabia como era aquela sensação de perda e medo, eu ficaria do lado dela.
- Fico feliz por ter mudado de namorado. – A mesma mulher sussurrou ao meu lado, a voz ainda chorosa e um sorriso fraco no rosto – Ele não fazia bem à ela.
- Já concordamos em alguma coisa. – Sorri fraco e ela mordeu o lábio, respirando fundo e me encarou com delicadeza
– Ela precisa de alguém que não a decepcione, eu sempre tentei ajudá-la. - Ela disse que se não fosse por você, ela estaria perdida. – Completei de forma séria e a mulher sorriu, como se aquilo fosse um presente para ela apesar da situação.
- irá sofrer muito quando Joseph se for. – A mulher sussurrou com as mãos unidas em seu peito, ela suspirou e me encarou – Aquela vadia que os abandonou, ela deveria voltar para não se mostrar tão hipócrita.
- Onde ela mora? – Perguntei baixo e a mulher me encarou com seriedade. - Ela tá na cidade, mas eu não queria que soubesse... O endereço está aqui. – Ela me entregou um papel e eu o peguei, era o nome de um hotel e o quarto onde ela estava hospedada – Converse com ela, rapaz. Sei que não tem nada a ver com você, mas eu e você não queremos que sofra por uma vadia.
- É um compromisso rápido. – Sussurrei contra sua boca e ela concordou, a encarei e limpei algumas lágrimas teimosas que insistiam em brincar pelo seu rosto – Qualquer coisa, você me liga. – Avisei e concordou, ela me beijou mais uma vez e um sorriso fraco brincou em seus lábios arroxeados.
- Obrigada por tudo. – Ela agradeceu enquanto mordia o lábio da maneira que me deixava louco – Vou tentar descansar um pouco. – Ela completou e eu concordei, beijei-lhe mais uma vez antes de partir, olhei para trás e ela continuava me olhando. Eu me sentia um covarde por fazer isso sem ela, mas eu queria o bem da garota que eu amava, aliás da primeira garota que eu amava, amo e amarei.

Capítulo 34


Peguei o caminho para o Hotel em que a mãe de estava hospedada, o trânsito havia complicado meus planos. Respirei fundo quando estacionei um quarteirão antes do Hotel.
Encarei o bilhete com a letra borrada e suspirei, talvez ficaria brava comigo por estar fazendo aquilo sem ela, mas o momento em que ela passava era delicado demais.
Hotel Holiday Inn, quarto 304, 3º andar. Helen.
Saí do carro e entrei no Hotel, parei em frente à bela recepcionista. Tirei meus óculos escuros e dei meu melhor sorriso para ela que me olhou levemente corada.
- Como posso ajudá-lo? – Perguntou a recepcionista e eu suspirei, lhe entreguei meus documentos e ela começou a fazer meu check-in – E suas malas, senhor?
- Problemas na família, acabei saindo sem pegar as malas. – Menti, eu havia esquecido desse fator importante na minha mentira, ela deu de ombros e me entregou a chave do quarto 401 – Muito obrigada, Anna. – Li seu crachá e ela sorriu envergonhada, subi as escadas rapidamente, já que eu não tinha paciência para esperar o elevador chegar.
Parei no terceiro andar e encarei a câmera localizada no fundo do corredor, dei uma disfarçada e bati algumas vezes no quarto 304.
-Eu não pedi serviço de quarto. – Uma voz feminina sussurrou enquanto se direcionava para a porta, no momento em que a abriu, uma versão mais velha de apareceu em minha frente – Posso ajudá-lo?
- Senhora Helen? – Perguntei e ela manteve a postura séria, os olhos castanhos tão intensos quanto os de me olhavam de forma desconfiada – Gostaria de conversar com a Senhora.
- Eu não vou perder meu tempo com você, garoto. – Ela retrucou de forma arrogante e quando estava prestes a fechar a porta, coloquei meu pé na mesma, impedindo-a de fechar a porta. Invadi seu quarto sem pensar nas consequências – VOU CHAMAR OS SEGURANÇAS!
- Chame, pode chamar. – Eu disse sorrindo de forma irônica – Sou , namorado de sua filha, , a senhora se lembra dela? – Seu rosto ficou branco, ela me encarou de forma assustada e eu a encarei de braços cruzados.
- Eu não tenho filha. – Helen afirmou segundos depois, se sentando em uma poltrona enquanto acendia um cigarro com cheiro de canela.
- Ela também não tem mãe, graças a você. – Respondi e sorri de lado, apoiado na parede enquanto encarava cada movimento dela – Talvez eu traga uma notícia que será um peso para você. – Ela me olhou com raiva e eu mantive meu sorriso irônico.
- Seu ex marido, Joseph, está morrendo e ele é a única pessoa que tem. – Seus olhos castanhos refletiam confusão e desespero – E quando ele morrer, eu vou ajudar a conseguir parte do que você deve à ela todos esses anos que a abandonou sem condições nenhuma.
- VOCÊ É LOUCO? – Ela gritou rindo e tragando o cigarro com ferocidade – VOCÊ NUNCA IRÁ CONSEGUIR TIRAR O QUE É MEU POR DIREITO! – Helen gritou com raiva e eu aplaudi sua atitude.
- Eu pensei que você sentiria ao menos pena de , por ela não ter tido a vida que uma família completa poderia dar à ela. – Resmunguei e a mulher continuava me encarando.
- Eu amava Joseph, mas ele nunca me daria uma vida perfeita, a vida que eu sempre mereci! – Helen continuou gritando e os olhos estavam marejados – Eu amava , mas ela havia atrapalhado todos meus planos de ser rica e ter tudo o que eu tenho hoje.
- E deixá-los foi tão fácil assim? – Perguntei horrorizado e ela suspirou, cobrindo o rosto com as mãos após apagar o cigarro no cinzeiro.
- Mais do que imagina, senhor . – Helen respondeu com um sorriso maldoso nos lábios – Hoje eu tenho um marido rico que só dar uma atenção na parte debaixo, faz com que ele me dê tudo o que eu quero.
- Joseph está morrendo, ele nunca te esqueceu e se ele partir dessa para melhor... não terá condições de continuar na faculdade, de ter um lugar para morar. – Completei e a mulher continuava me encarando com desdém.
- não é mais um problema meu, . – Helen disse ao se levantar da poltrona, ela encaminhou até a porta e quando a abriu, levou uma surpresa ao ver o marido na porta – Querido, o que está...
- Eu ajudarei no que ela precisar, garoto. – O homem de uns cinquenta e pouco anos de idade me encarou de forma séria e olhou com raiva para a mulher – Eu sempre quis conhecer a minha enteada, mas Helen nunca me deu a oportunidade.
- Eu vou matar você! – Helen gritou vindo em minha direção e eu a segurei com raiva, um sorriso vencedor brincava em meu rosto – VOCÊ QUER ESTRAGAR MINHA VIDA!
- Helen! - O homem a olhou horrorizado, eu sabia o quanto ele estava sentindo raiva da mulher naquele momento, afinal de contas, eu quis pular de propósito essa parte da história mas eu havia “trombado” com o marido de Helen acidentalmente no corredor.
- O endereço do Hospital está nesse bilhete. – Entreguei ao marido de Helen que me encarou de forma séria, porém ele estava de acordo com tudo – Será um presente para mim se vocês ajudassem quando ela precisar e ela vai.
- Estaremos lá, meu jovem. – O marido de Helen disse de forma sincera e eu sorri aliviado, me despedi de ambos e saí.
Meu celular tocou minutos depois enquanto eu estava a caminho do Hospital.
- ? Sou eu, a madrasta de ... Tomei a liberdade de pegar seu número no celular dela e queria saber... Como foi lá? – Ouvi a voz ainda falha e chorosa da madrasta de e suspirei.
- Deu tudo certo, eles irão para o Hospital. Espero que isso não me prejudique com . – Confessei baixo e ela riu baixinho, me trazendo um alívio – Como ele tá?
- Ainda desacordado, mas bem melhor que antes. – Respondeu desmotivada e eu respirei fundo, virando na rua do Hospital.
- Estou na frente do Hospital, já nos vemos.
- ? – Ela me chamou antes de deligar e eu apenas escutei – Você é a melhor coisa que aconteceu para a minha menina.

Capítulo 35


Encontrei na lanchonete do Hospital, ela devorava um pão de queijo e tomava um suco de uva. Os cabelos estavam presos e ela parecia cansada, as olheiras enfeitavam seu rosto triste e preocupado.
Passei meus dedos por seus ombros e apertei, ela os relaxou ao sentir meu toque e me encarou com um sorriso sincero, me sentei ao seu lado e lhe dei um beijo rápido. Era bom saber que finalmente eu tinha essa liberdade de beijá-la quando eu sentisse vontade.
- Você demorou. – Ela sussurrou baixinho enquanto me encarava com tristeza e eu passei um braço por seus ombros, a puxando para perto.
- Fui resolver uns problemas da faculdade, algumas faltas a mais. – Resmunguei mordendo um pedaço do seu pão de queijo fazendo a sorrir.
- Eu não sei o que vai ser da minha vida sem ele, . – confessou ainda em tom baixo e me encarou com os olhos marejados, deixando de lado a sua comida e respirando fundo, prestes a chorar – Ele me criou, ele é tudo que eu tenho para chamar de família.
- Vai ficar tudo bem, você vai ver. – Respondi acariciando seu rosto macio e ela concordou sem vontade, uma lágrima teimosa escorreu por seu rosto e eu a limpei.
- Eu tenho bolsa na faculdade, mas eu vou ter que pagar quando terminar o curso e se eu não tiver condições de continuar? – Mal ela sabia que eu havia acabado de resolver seu problema.
- Ei, nem que eu lute para conseguir dinheiro, eu vou te ajudar. – Respondi sorrindo fraco e ela me encarou de maneira séria – Eu não vou deixar nada de ruim acontecer com você.
- Não quero que se machuque por mim, . – disse com uma mão sobre a minha enquanto ela a acariciava delicadamente – Parece que você ganhou a aposta.
Esperei a pequena pausa que ela fez após me beijar com vontade, retribui e quando nos separamos, ela sussurrou:
- Eu me apaixonei por você.
- Senhorita? – Perguntou uma das enfermeiras que estavam cuidando do caso de Joseph, encaramos a mulher de forma preocupada.
- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei desesperado e a enfermeira riu de forma aliviada, negando com a cabeça.
- Tem um casal querendo falar com a senhorita. – Meu corpo gelou e pareceu surpresa, ela me encarou e eu fiz sinal para levantarmos.
Assim que nos aproximamos do quarto em que Joseph estava, os passos de começaram a ficar mais lentos ao observar de longe a mulher que a havia abandonado quando ainda era pequena. Helen usava um casaco de alguma marca chique e óculos escuros, o marido ao seu lado estava mais simples e parecia ansioso.
- O que ela tá fazendo aqui? – Sua voz saiu chorosa com uma mistura de angústia e raiva, me senti culpado pelo fato de ser o responsável por eles estarem ali.
Quando finalmente chegamos e ficamos frente a frente com o casal, mudou sua postura e sua expressão passou a ser de raiva. A mulher tirou os óculos e manteve a postura fria que eu havia experimentado quando a vi.
- O que você tá fazendo aqui? – disse em tom alto, os olhos marejados e a mulher suspirou – VOCÊ NÃO É BEM VINDA AQUI!
Helen me olhou como se reprovasse minha atitude de ter ido incomodá-la para receber gritos da filha que ela havia abandonado.
- Eu soube que Joseph estava mal. – Helen respondeu de maneira fria, dura como uma pedra – Quis passar para vê-lo e aproveitei para ver você também. – Era óbvio que ela estava incomodada com a situação, era visível pelo modo que tremia e olhava várias vezes para mim.
- Eu não quero você aqui! – gritou mais uma vez e pude perceber uma pequena movimentação dos médicos e enfermeiras, curiosos com a cena – Ele está assim por sua causa, você abandonou a gente! Você largou tudo para ser rica! A única coisa que importava para você sempre foi o dinheiro, eu não quero você aqui! – chorava, gritava, sem ligar para o barulho que estava fazendo.
- Eu me arrependo, . – Helen respondeu com os olhos vermelhos, ela olhava de forma intensa para a filha em sua frente – Deus, como eu fui capaz de deixar você com um bebâdo.
- CALA A SUA BOCA! – gritou e foi para cima da mãe, fazendo com que eu a segurasse, impedindo de cometer uma loucura – ELE NÃO É UM BEBÂDO! VOCÊ O DEIXOU ASSIM! – gritava com voz de choro e eu me sentia um idiota por ser o responsável por aquele desastre.
- . – A chamei e ela me encarou com o rosto vermelho e inchado, segurei seu rosto e a beijei com delicadeza – Tente escutar o que ela vai te dizer, dá uma chance para tudo mudar.
- , eu sei que fui o responsável por tudo isso que você e seu pai passaram. – O marido de Helen avisou em tom sério e sincero, o encarou com raiva – Eu sempre quis ter a oportunidade de te conhecer, mas eu nunca pude. – Helen abaixou a cabeça, ela era a culpada por tudo que estava acontecendo – Por coincidência eu encontrei o seu namorado e ele me falou o quanto você era importante para ele, o levei até sua mãe e eles conversaram. – apertou minha mão com força, era a segunda mentira que eu havia escondido dela, mas ela não brigaria comigo pelo fato de que eu só queria o bem dela.
- E devo dizer que apesar de grosseiro, ele é um bom rapaz. – Helen murmurou com raiva e eu dei um meio sorriso, suspirou e me olhou de forma séria.
- Desculpa. – Pedi e ela sorriu, seus braços me envolveram com vontade e ela beijou meu pescoço.
- Tudo bem, obrigada. – Ela disse e olhou para Helen, suspirou mais uma vez: - Vamos conversar em outro lugar.

Capítulo 36


- Oi querido. – A voz de minha mãe invadiu meus pensamentos e eu apertei o celular contra minha orelha, eu havia acabado de sair do banho e haviam três chamadas perdidas dela –Estamos preocupados com e o pai dela.
- Ele está desacordado ainda, melhor dizendo, em coma ainda. – Respondi passando a mão por meus cabelos molhados e ela suspirou do outro lado da linha – A situação dele é estável, não corre mais riscos, mas infelizmente terá sequelas.
- Ela é uma menina tão boa, não deveria... BRIAN, ISSO NÃO É PARA COMER! – Ela deu uma pausa e ouvi o choro de Brian – Desculpe, sabe como crianças são. – Ela riu de forma gostosa me fazendo sorrir – Ela não deveria passar por essas coisas.
- Não mesmo. – Respondi de forma séria, relaxei meus ombros e ouvi ela suspirar.
- Você é muito importante para ela, querido. – Afirmou minha mãe e eu sorri ao ouvir essa frase – Independente do que aconteça, vocês devem ficar juntos.
- Vou seguir seu conselho, mãe. – Completei e ela devia estar sorrindo, bocejei e ela deu um risinho.
- Vá dormir, filhote. Você deve estar cansado, tenha uma boa noite, amanhã tento visitar Joseph. – Disse antes de desligar.
Ouvi leves batidas na porta, encarei a cama vazia de no outro lado do quarto e levantei irritado. provavelmente havia esquecido as chaves, mas ele dormiria em casa... Certo?
Abri a porta e encontrei com um sorriso infantil no rosto, os cabelos estavam úmidos e ela usava uma roupa mais largada.
- Desculpa te atrapalhar esse horário é que eu tô sem sono, se me verem aqui provavelmente levarei uma suspensão... Então? – Sorri incrédulo por vê-la ali, dei espaço para entrar e ela assim fez rapidamente, eu teria que controlar minha vontade de tê-la em minha cama.
- Preciso contar como foi com Helen. – disse em tom triste e eu concordei, ajeitei minha cama para ela dormir nela enquanto eu dormiria na cama de .
- Ela foi forçada para lá me ver, porque não queria perder o marido por ser “ruim”. – Continuou com voz de gralha, como se imitasse sua mãe – Ela sabe que a atitude dela foi errada ao me deixar com meu pai, mas que não era a vida que ela queria. Ela apenas desejava uma vida merecida em que ela tivesse tudo aquilo que ela queria.
- Ela me disse isso quando encontrei com ela e você não sabe a vontade que tive de socá-la. – Respondi e pude ver o canto de seus lábios se erguer em um sorriso animado.
- Ela disse que vai pagar uma ‘pensão’ para me ajudar com as despesas e com a faculdade, ela citou algo como ajudarei na recuperação de seu pai porque ele vai sair dessa. – completou enquanto mexia nos cabelos úmidos, enrolando-os com as mãos – Conversei com o marido dela, meu pseudo-padrasto. – Eu amava o jeito que ela tagarelava, por mais que eu estava morrendo de sono, ouvir a voz dela e saber que ela estava ali comigo era inexplicável – Ele é legal, apesar de ter estragado minha família.
- Pelo que eu entendi, ele sempre quis te conhecer. – Afirmei um pouco sonolento enquanto a encarava sentado na cama de e ela na minha.
- É... Ele sempre quis e ela sempre mentiu para ele. – confirmou um pouco chateada e depois me encarou, ela mordeu o lábio inferior enquanto se aproximava de mim – Eu não consigo ficar no mesmo quarto que você e não sentir uma imensa vontade de te beijar.
- Quer saber um conselho médico? – A puxei pela cintura, seu corpo caiu na cama, fazendo seus cabelos voarem e ela sorriu maliciosa – Nunca passe vontade, faz mal à saúde. – A beijei intensamente enquanto segurava firme em seus punhos, coloquei seus braços acima da cabeça e beijei cada parte do seu pescoço.
Sua pele bronzeada se arrepiou com cada toque meu e eu nunca me senti tão vivo ao sentir isso. Seus lábios brincavam em meu pescoço quando algo começou a vibrar em cima da minha cama.
- Quem ligaria essa hora? – Perguntei um pouco emburrado e me encarou surpresa e então, me dei conta do que se tratava: Hospital.
- Alô? Sim, sou eu. – Ela parecia nervosa com o celular contra o ouvido, ela respirou fundo e fechou os olhos – Ai meu Deus! – Ela me olhou com os olhos marejados e um sorriso incrédulo no rosto – Eu estou indo para ai! – desligou o celular e correu em minha direção.
- ELE ACORDOU, ! – Ela se jogou em meus braços e me beijou com vontade, ela me encarou e eu segurei seu rosto – Finalmente, ele tá bem!
- O que estamos esperando para ir vê-lo? – Perguntei sério e ela riu animada.
Capítulo 37


Nunca esperei que conheceria o pai de em um quarto de Hospital e por mais estranho que a situação parecesse, eu estava quase mijando nas calças de nervoso.
Entrar em um ringue parecia mil vezes mais fácil do que conhecer o cara que havia sido o responsável pela primeira garota na qual eu podia dizer que sentia algo forte, algo como o amor.
- Está nervoso? – perguntou enquanto chegávamos no Hospital e eu neguei com um sorriso confiante, ela sabia de cor onde ficava o quarto em que o pai estava internado.
- Essa gelatina não tem gosto. – Quando nos aproximamos o suficiente do quarto de Joseph, pude ouvir uma voz masculina reclamar e um sorriso enfeitou o rosto de ao meu lado.
- . – Ela me chamou quando colocou a mão sobre a maçaneta, seus olhos castanhos me fitaram com delicadeza e ela mordeu o lábio ansiosa – Antes de entrar, obrigada, tá? – Perguntou em tom sincero, eu sorri e a puxei para um abraço, era bom saber que meu mundo inteiro agora estava em meus braços.
- Nunca vou te abandonar. – Respondi e ela me deu um beijo demorado antes de nos separarmos, ela abriu a porta com cuidado e pude ver o homem que tentava comer a gelatina olhar para a porta e sorrir aliviado ao ver ali.
Ela se jogou na cama dele e o abraçou com força, o rosto já estava um pouco molhado por causa das lágrimas. Olhei para a madrasta de que sorria emocionada ao assistir a cena em sua frente, por um momento desejei fugir dali e socar alguma coisa.
Eu poderia mentir, mas era evidente a falta que meu pai fazia para mim. Falam que quando uma mãe morre, a família morre junto, já que é ela quem coloca a família em ordem. Não vou negar que eu concordo, mas um pai é responsável por uma família também, é aquele que apesar de não termos nascido de suas barrigas vai nos auxiliar e dar puxões de orelhas quando errarmos, aquele que vai sempre nos proteger quando precisarmos de uma ajudinha.
- E você é...? – Perguntou Joseph para mim após os abraços com , engoli em seco e me aproximei, o cumprimentando com um abraço.
- , sou... – Eu estava prestes a dizer quando me interrompeu.
- Ele é meu novo namorado, papai. – disse enquanto acariciava seu rosto e ele sorriu um pouco envergonhado por não se lembrar desse fato, mas nem eu me lembrava disso – Na verdade, ele não me pediu ainda. – Joseph parecia mais aliviado por não ter esquecido de algo, sendo que nunca aconteceu – Só estou esperando ele pedir permissão para você.
Joseph me encarou de maneira divertida, fazendo sinal de que eu estava lascado com a filha. Sorri para que piscou para mim e se levantou, ficando ao meu lado.
- E então, garoto, o que tá esperando? – Perguntou Joseph e eu engoli em seco.
- Eu queria que isso acontecesse em um lugar mais adequado que um quarto de Hospital. – Respondi em tom fraco e ambos sorriram, ele concordou com a minha ideia e eu senti um alívio ao ver que estava brincando com a nossa aposta.
O dia acabou se passando no quarto em que Joseph estava ainda em observação. Saí algumas vezes para comer alguma coisa na lanchonete e uma vez só, depois de comer, passei pelo berçário encarando alguns bebês com cara de joelho que estavam ali. Uma das enfermeiras responsáveis pelo berçário perguntou se eu era pai de algum deles e eu havia respondido “Não, graças a Deus”, ela me olhou feio e voltou para dentro do berçário. Era grosseria não querer ser pai na minha idade?
- Então ser seu namorado é o prêmio por ter vencido a aposta? – Perguntei para quando finalmente estávamos voltando para o dormitório da faculdade e ela me encarou com um sorriso envergonhado – Pelo que eu me lembre não havíamos estabelecido os prêmios. – A fitei com uma sobrancelha erguida e ela suspirou, olhando para os próprios dedos.
- Se eu não me apaixonasse por você, meu prêmio seria você longe da minha vida. Aliás, eu deveria te odiar, certo? – respondeu e me encarou com um meio sorriso – Você praticamente estragou meu namoro de alguns anos com o cara que eu amava, mas me fez ver que não era amor o que eu sentia por Ryan. Era conforto, ele estava lá quando comecei a crescer sem mãe com um pai que afogava as mágoas na bebida e eu me sentia protegida quando corria risco ao lado dele, porque eu achava que nunca morreria porque ele era meu anjo da guarda. – Aquilo me causou um desconforto inexplicável, era como se ela ainda o amasse. - Até você aparecer e impedir que ele me batesse aquele dia, me jogando na piscina em outro dia e em seguida apostando com ele para me ter por três meses. – Ela riu e me deixou mais tranquilo, mas eu ainda sentia meus ombros tensos – E foi ai que eu vi que ele não era meu anjo da guarda, era você. E quando você me impediu de ficar com você para causar ciúmes nele, eu vi que você não queria ser usado e se machucar por minha culpa, me contando a verdade em seguida... – fez uma pausa para recuperar o ar que faltava em seus pulmões, me fitando mais uma vez de forma intensa – Eu senti que eu estava me apaixonando por você, mas eu queria que fosse uma ilusão, uma mentira e que eu não estava gostando de você e deixando meu passado de lado. Eu concordei em apostar para ter certeza que era mentira, que eu nunca me apaixonaria por você... – dizia de uma forma que me deixou um pouco deprimido – E então, eu perdi a aposta, porque eu tô completamente apaixonada por você .
Ela estava apaixonada por mim.
O que eu fiz em seguida, qualquer um faria. Eu beijei com vontade, eu estava sentindo o quanto era bom se sentir apaixonado pela primeira vez de verdade. Eu havia ficado louco por aquela garota quando a fitei na festa, no começo eu queria mostrar para mim mesmo que eu conseguiria tirar ela do namorado, mas eu nunca pensei que ficaria intensamente louco por ela, a ponto de socar três vezes um cara, ao ponto de me entregar assim.
- E como não havíamos definido nada sobre seu prêmio, eu decidi que ele seria o nosso namoro. – completou após o beijo com as bochechas levemente coradas e um sorriso intenso no rosto – O que você acha?
- Acho que você nasceu para ser minha.

Capítulo 38


POV: Acordei naquele dia ao ouvir vozes diferentes em minha casa, era difícil me acostumar com as visitas que vinham quase todos os dias prestar ajuda e dar apoio para minha mãe. Ela havia pego uma dispensa em seu trabalho como forma de se tornar presente no momento mais difícil para a nossa família, mas era eu e quem fazíamos isso para ela.
Sabíamos o quanto era difícil para ela, mãe de três filhos perder o amor de sua vida que conheceu desde aos quinze anos de idade e havia construído uma história com ele. Faziam duas semanas que ele havia nos deixado e todos os dias, eu acordava no meio da noite e escutava o choro dela, era como se uma parte minha morresse toda vez que eu a ouvia gritando e socando a porta. Mas dessa vez, as vozes não eram conhecidas, o que me fez levantar e descer as escadas, parando na metade dela quando ouvi uma das visitas afirmar ser do departamento de investigação.
- Bom dia, senhora. – A voz era de uma mulher de aparentemente uns trinta anos, talvez mais – Prometemos que seremos rápidos e breves.
- Por favor, digam que encontraram quem tirou Gregory de mim. – Minha mãe sussurrou em tom baixo, implorando para os dois visitantes do dia.
- Infelizmente, não encontramos. – Agora uma voz masculina preenchia o silêncio tenebroso que havia se instalado – Descobrimos marcas de pneu no chão, não só de um carro, mas de dois. Um parece ter freado para não colidir com o carro de seu marido, o outro carro provavelmente foi o causador do acidente.
- Sabemos que é uma região em que esse horário costumam correr, é extremamente perigoso e proibido por lei, mas infelizmente acontece. – A mulher falou novamente e suspirou em seguida – Não temos câmeras funcionando naquele cruzamento, fizeram um boletim de ocorrência há alguns dias atrás antes do acidente envolvendo seu marido em que haviam quebrado as câmeras de segurança justamente para que não soubéssemos que estavam correndo ali. – A mulher completou de maneira séria e pude ouvir o choro fraco de minha mãe – Haviam testemunhas que poderiam indicar o culpado, porém os corredores que já tem ficha na polícia negam e comprovaram que não estavam lá naquele dia.
- E é extremamente complicado investigar um por um dos que correm ilegalmente. – O cara voltou a falar e eu ouvi um soluço de minha mãe – Vamos fazer o possível, Senhora. Nem que demore anos, vamos colocar o culpado atrás das grades.
Meu mundo parou por alguns segundos, algum filho de uma puta havia matado meu pai e fugido de forma covarde, não só pelo fato de ter matado alguém, mas pelo fato de que estava correndo ilegalmente, cometendo dois crimes contra a lei.
- Sinto muito. – A mulher disse e pude ouvir o barulho deles se levantando – Sei como é difícil, mas queremos que deixe claro para os seus filhos mais velhos que somos os responsáveis pela investigação. Não quero que nenhum deles se envolva com pessoas perigosas para simplesmente tentar solucionar isso. – Era como se ela soubesse que eu estava ali, respirei fundo e apareci no momento seguinte, ignorando o fato de que saberiam que eu estava ouvindo tudo desde o começo – Tenha um bom dia, senhora. Qualquer coisa deixarei o meu número para contato.
FIM POV
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- ? – me cutucou de forma nada delicada enquanto eu me revirava na cama, eu mal havia dormido na noite anterior – Estamos atrasados para a porra da aula.
Levantei sem vontade alguma de escutar uma aula sobre filosofia, para que existia essa matéria mesmo? Vesti a camiseta de alguma banda e uma bermuda jeans, penteei meus cabelos com o dedo e encarei que me esperava entediado na porta.
- Você parece uma mulherzinha impaciente esperando. – Brinquei e ele me mostrou o dedo do meio, me surpreendi ao ver que ele realmente estava impaciente hoje – Brigou com a minha irmã? – Perguntei enquanto colocava um cigarro em minha boca e o acendia, conferindo se nenhuma inspetora estava ali naquele horário me impedindo de fumar.
- Terceiro colegial é uma bosta. – Resmungou enquanto descíamos as escadas que davam ao pátio principal – é a representante de sala e está ocupada demais para os preparativos da formatura dela que vai ser só ANO QUE VEM! – deu um grito no final da frase, fazendo movimentos exagerados com os braços – E ainda, tenho que aguentar aqueles garotos que ficam a abraçando e mandando mensagem.
- Ela tá com você, um cara gato e universitário, as amigas dela morrem de inveja e ela samba no recalque das inimigas namorando você, por que você tá surtando? – Perguntei imitando gay no meio da frase e ele virou os olhos, resmungando algo como ‘você nunca vai me entender’.
- Bom dia, meninos. – se aproximou com uma de suas colegas e me deu um beijo rápido, cumprimentando com um abraço em seguida – Mau humor?
- POR QUE NINGUÉM ME RESPEITA NESSA MERDA? – gritou e saiu batendo o pé, entrando na porta principal e desaparecendo.
- Eu fiz algo errado? – perguntou após encarar sair com raiva e eu neguei, a puxando para perto e ela pegou meu cigarro, jogando-o no lixo – Isso vai acabar com seu pulmão e com o meu também, não quero ser fumante passiva de ninguém. – Ela fingiu estar irritada e eu a puxei pela cintura, mordendo sua bochecha enquanto ela ria.
- Não vou segurar vela, tô vazando! – Avisou a colega de que riu, pedindo desculpas para ela que já havia se juntado com outro grupo de meninas.
- O que vamos fazer hoje? – Perguntei encarando que parou por alguns segundos, pensativa.
- Hoje meu pai sai do hospital, pensei em almoçarmos em casa... O que acha? – Perguntou receosa com a proposta e eu sorri, fazendo com que ela se acalmasse no mesmo instante.
- Super topo. – Respondi roubando um beijo dela que nos separou quando ouviu o sinal tocar.
- Droga, ! – Ela retrucou pegando em minha mão e praticamente, correndo para dentro do prédio em que estudávamos – Eu não vou pegar a primeira carteira por sua culpa!
- Como se precisasse, né? – Retruquei e ela me olhou confusa – A outra aula desse professor você estava na primeira carteira e molhando a folha com sua baba.
- Cala a boca. – Ela ordenou com um sorriso sapeca nos lábios – Tchau.
- Te vejo na saída.
Ela me encarou antes de entrar na sala e suspirou, eu sabia o que ela queria dizer, mas ela entrou na sala sem dizer o que ainda não sabia se era a hora certa para dizer.
- Com licença, professor. – A secretária apareceu após três batidas na porta e entrou na sala, como se procurando alguém – Eu gostaria de tirar o aluno por alguns minutos. – Me senti esquisito, como se algo ruim estivesse prestes a acontecer.
- Já leve a mala, . – O professor disse após olhar o relógio – Daqui vinte minutos a aula acaba. – Avisou e eu arrumei minha mochila, saindo em seguida.
- Sua irmã quer falar com você. – Disse a secretária enquanto me guiava pelo corredor – Disse que é importante.
Encontrei parada na secretária da faculdade, os ombros estavam encolhidos como se ela sentisse medo de alguma coisa. Assim que me aproximei, ela correu em minha direção e me abraçou com força.
- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei segurando seu rosto em minhas mãos e ela suspirou.
- Eu só não podia guardar isso pra mim, . – Ela respondeu com os olhos marejados.
Ignorei a figura da secretária parada em nossa frente e levei até a árvore que eu gostava de ficar com . Ela se sentou em minha frente apoiada no tronco da árvore e eu apenas observava as lágrimas que brincavam em seu rosto.
- Eu deveria ter contado antes, mas eu senti tanto medo que você pudesse fazer uma besteira ainda mais porque eu não te reconhecia mais, eu não poderia suportar a perda de mais uma pessoa querida em minha família. – disse com os olhos vermelhos e eu não disse nada, incentivando-a a continuar – Mas agora você está mudado e sei que não irá fazer nenhuma besteira... Por mim, não faça nenhuma besteira. Promete? – Concordei com a cabeça, fazendo com que ela suspirasse.
- Duas semanas depois que o papai morreu um casal de investigadores foram até a nossa casa falar com a mamãe, ao escutar vozes estranhas eu acordei e fui ouvir o que eles tinham para falar. – Me surpreendi pelo fato de que era mais inteligente do que eu pensava – Eles disseram que não haviam descoberto quem foi o culpado da morte de nosso pai, mas que marcas no chão haviam provado que dois carros corriam naquele dia. Um deles freou antes de bater em nosso pai ou talvez depois da batida... Mas o outro, ele não parou e foi ele quem causou o acidente.
Meu sangue gelou, era como se enquanto falava eu lembrava de cada detalhe do sonho que eu tive antes de viajar. Respirei fundo tentando manter minha sanidade.
- Eles disseram também que não haviam câmeras que comprovassem essa teoria, porque elas foram arrancadas dias antes do acidente. – continuou em tom sério, mas suas mãos tremiam a cada segundo – Eles questionaram os suspeitos de corridas ilegais que já passaram pela polícia, mas nenhum deles estava lá no dia e foi comprovado que eles falavam a verdade.
Ficamos em silêncio, eu não sabia o que falar. Se eu sentia raiva ou angústia por cada detalhe lembrar mais do meu sonho e pensar que ele poderia ser real me causava medo e principalmente dor.
- A investigadora sabia que eu estava ali, não sei como, mas ela ameaçou dizendo que deveríamos ficar no nosso lugar e não querer nos intrometer na investigação. Assim que saíram, mamãe me chamou para conversar e pediu para que eu guardasse aquilo comigo e não contasse para você, pois ela sabia o quanto a morte de papai havia te afetado e ela não queria que você colocasse sua vida em risco, porque ela não suportaria ser a culpada por sua morte. – completou e me abraçou com força – Eu te amo e não estava mais aguentando guardar isso de você.
- Obrigado por contar. – Respondi em seguida, fazendo um carinho em seus cabelos enquanto estávamos abraçados – Eu não vou fazer nada, está bem? Talvez esse cara já esteja morto também.
- Eu sinto que algo ruim vai acontecer, maninho. – sussurrou com voz de choro e eu estremeci – E em breve.

Capítulo 39


Depois da conversa, pegou carona com até a nossa casa. Ele almoçaria lá e aproveitariam para conversar sobre o mau humor idiota dele.
- Vamos? – Perguntou quando se aproximou de mim no portão principal e me deu um selinho rápido, seus dedos se entrelaçaram nos meus, mas eu sentia que algo havia mudado em mim – Tá tudo bem? – Seus olhos castanhos me fitaram preocupados e eu concordei sem vontade, ela deu de ombros e começamos a andar na direção da casa dela que ficava a poucos quarteirões da faculdade.
- O que queria? – perguntou quando sentiu que o silêncio durante nossa caminha estava insuportável e parecia não ter fim.
- Sobre algo que envolve o acidente com meu pai que ela escondeu de mim por dois anos. – Respondi de forma sincera e ela me encarou preocupada, apertando minha mão com força.
- Eu nunca soube o que houve com seu pai de verdade. – sussurrou baixo, incerta se deveria dar continuidade ao assunto, mas seria bom desabafar com ela sobre isso.
- Nunca encontramos o culpado por falta de testemunhas, isso me deixou perturbado e eu faria qualquer coisa para encontrar alguma testemunha e quem fez isso com ele. – Comecei, sentindo minha voz falhar em algumas palavras, mas eu tentaria ser forte e não vacilar – me contou hoje que duas semanas depois da morte de meu pai, dois investigadores foram até minha casa e falaram para minha mãe que provavelmente havia outra pessoa no lugar já que as marcas de pneu não eram somente do carro que bateu no do meu pai. – me ouvia com atenção, os lábios cerrados enquanto me fitava.
- Como foi o acidente? – perguntou de forma curiosa, mas eu sabia que ela se sentia mal por estar perguntando essas coisas, mas eu não me sentia mal ao contar para ela – Um minuto, estão me ligando. – Ela pediu e atendeu o celular, sussurrando enquanto eu não prestava atenção – Ótimo, iremos te esperar aqui na frente da padaria.
- Minha madrasta vai pegar a gente para irmos mais rápido. – avisou enquanto guardava o celular no bolso do moletom canguru que usava – Podemos continuar o assunto depois? Eu não quero que você fique triste, . – completou e eu concordei, aliviado por ter passado por minha cabeça que o meu sonho poderia ser real.
A madrasta de nos buscou e fomos até sua casa, foi um almoço simples e comemorativo pelo fato de que o pai de finalmente estava em casa. Não toquei no assunto do ‘namoro’ pós ganhar a aposta, eu não conseguia pensar em mais nada que não fosse meu pai. Eu precisava esquecer aquilo que não me fazia bem, mas saber que a morte dele havia ficado sem uma resposta me incomodava tanto.
- Chocolate quente com marshmellow. – se aproximou enquanto eu estava sentado no balanço que ficava no jardim de sua casa, observando a lua aparecer no céu escuro com certa timidez – O assunto da mexeu muito com você, não mexeu?
Peguei a caneca do Frajola e dei um sorriso ao sentir o cheiro gostoso do chocolate, ela se sentou ao meu lado fazendo o balanço mexer um pouco.
- Eu quero ser pelo menos metade do pai que ele foi. – Confessei em tom baixo e me encarou preocupada, seus dedos macios brincaram em minha mão, fazendo um carinho gostoso – E do marido que ele foi para minha mãe.
- Ele ficaria orgulhoso de você. – disse com um sorriso fofo em seu rosto, os cabelos castanhos estavam presos em um coque mal feito – Vou fazer de tudo para te ajudar a encontrar o cara que fez isso com seu pai.
- Você não precisa provar nada para mim. – Avisei em tom sério e senti seu olhar curioso sobre mim – Não quero que se coloque em risco por minha causa.
- Eu vivi minha vida inteira correndo riscos, . – retrucou em tom brincalhão, mas havia sinceridade em sua frase – Me diz um motivo para não corrê-los por você.
- Eu amo você, . – Respondi e ela sorriu involuntariamente, coloquei minha caneca na grama e segurei em seu rosto – Quer namorar comigo?
- Preciso mesmo responder? – perguntou com um sorriso maior que o próprio rosto, concordei ofendido e ela deu uma risada gostosa – Eu aceito.
Ela me beijou e era como se eu estivesse soltando fogos de artifícios em meu peito como no clipe da Katy Perry, não que eu seja fã, mas é o que me descreve no momento.
- Eu amo você. – Essas três palavras que saíram de sua boca, foram as palavras de conforto que eu precisava ouvir todo esse tempo.

Capítulo 40


Dei três batidas na porta de madeira e esperei alguns segundos, quando finalmente a porta abriu pude encarar a cara de surpresa de Kimberly.
- Devo dizer que eu tô surpresa com sua visita ou minha cara já tá mostrando isso? – Kimberly perguntou com a voz sonolenta e em seguida, coçou os olhos com as costas das mãos – Aconteceu alguma coisa, querido?
- Queria sua ajuda para descobrir algo. – Pedi e ela me deu espaço para entrar em seu dormitório, uma de suas colegas de quarto ainda dormia – Quero que descubra algo relacionado ao acidente do meu pai.
- Você acha que trabalho para o CSI? – Kimberly foi irônica enquanto se sentava na beirada de sua cama desarrumada.
- me contou sobre um dia que ouviu dois investigadores conversando com a minha mãe duas semanas depois da morte do meu pai e eles disseram que as provas confirmam que estava ocorrendo um racha quando acertaram meu pai. – Kimberly arrumou seus ombros caídos ao ver que o assunto era sério – E eu sei que você consegue se infiltrar perfeitamente nessas corridas.
- Eu vou tentar descobrir alguma coisa, amorzinho. – Kimberly respondeu em tom sério enquanto me encarava da mesma maneira – Mas talvez demore, sabe como é, nem todos ali são flores.
- Obrigado por sempre me ajudar. – A abracei com força quando ela se levantou para ir até a porta do dormitório comigo – Prometi que não faria nenhuma besteira para .
- Sem problemas. – Kim respondeu com meio sorriso – Sempre serei a sua ajudante.

Da janela da sala onde eu estava pude ver lendo um livro em um dos cantos verdes do pátio de nossa faculdade. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, usava uma regata branca e uma calça jeans com rasgos no joelho. Voltei a prestar atenção na aula e depois olhei novamente para a janela, mas o que eu vi fez com que eu me levantasse rapidamente.
- Algum problema, senhor ? – A professora de estatística me perguntou e eu não conseguia tirar meus olhos da janela – Olha, se o senhor tem algum problema para resolver... – Não deu tempo dela terminar de falar já que eu estava passando por ela sem pensar duas vezes.
Abrindo a porta com tudo enquanto me seguia ofegante, gritando alguma coisa que eu não estava preocupado em entender. Assim que cheguei ao pátio pude ver com meus próprios Ryan frente a frente com que parecia mais pálida que o normal.
- Posso saber o que você tá fazendo aqui? – Perguntei em tom alto para Ryan que se virou e me deu um sorriso irônico, levantando as mãos como se estivesse sem qualquer intenção – Saí de perto dela, Ryan.
- , está tudo bem. – disse se aproximando de mim segurando meu rosto e eu a encarei com raiva – Ryan veio me avisar sobre a morte de um amigo em comum.
- Esse mundo não interessa mais para ela, Ryan. – Retruquei com raiva e ele riu, balançando a cabeça.
- sabe muito bem que quem entra, nunca saí de verdade. – Ryan respondeu e eu estava prestes a ir para cima dele quando entrou em minha frente.
- Confia em mim. – Ela disse com o olhar sério e os lábios cerrados, os olhos estavam vermelhos e ela segurava meu rosto com delicadeza – Eu escolhi você, não foi?
- Foi uma péssima escolha. – Ryan acrescentou e eu dei um tranco para ir para cima dele, mas continuou me segurando de forma firme. - Não dê ouvidos para ele. – pediu em tom sério, seus olhos me fitavam com sinceridade e eu respirei fundo – Você não vai me perder nunca.
- Terminou o chororô ou eu vou ter que esperar mais? – Ryan perguntou sarcasticamente e pude ouvir bufar irritado ao meu lado.
- Cara, dá um tempo! – resmungou irritado e Ryan deu de ombros.
- Eu queria poder conversar a sós com você, mas os seus seguranças estão me sufocando. – Ryan se aproximou de e lhe deu um abraço, fechei meu punho ao ver que ele estava me provocando, mas ela sabia exatamente disso, então não se mexeu – O enterro será hoje às seis e meia. Você é bem-vindo, . – Ryan disse em tom irônico – Uma pena que o enterro não é seu.
Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Ryan já havia ido embora e eu olhei para , esperando uma resposta.
- Acidente de moto. – respondeu minha pergunta antes de eu perguntar, ela relaxou os ombros e suspirou – Ele era uma boa pessoa, mas se perdeu nessa vida.
usava um vestido simples preto e eu apenas uma camiseta preta, encontrei com ela na entrada dos dormitórios e não disse nada sobre o rosto inchado. Eu sabia exatamente como ela se sentia mal ao se lembrar das coisas antes de ficarmos juntos, das corridas e da vida que levava ao lado do imbecil.
Abri a porta do carro de e ela entrou sem dizer nada, apenas sorriu de forma sincera para mim. Fechei a porta segundos depois e dei meia volta, entrando no lado do motorista e ligando o carro.
- Sinto muito pelo que aconteceu. – Foi a primeira frase que eu disse durante os dez minutos que estávamos dentro do carro, me encarou com os olhos avermelhados e pegou minha mão direita, a apertando com força.
- Você é meu anjo, . – respondeu com a voz falha e eu sorri com vontade, lhe beijando as costas de sua mão que depois ficou em cima das pernas descobertas e arrepiadas de frio.
Eu estacionei o carro em frente ao lugar onde seria o velório, olhei para e sorri para de forma tensa.
- Você pode ir descendo e eu vou procurar um lugar para estacionar, volto logo. – Avisei e ela concordou, se despedindo com um beijo demorado antes de sair do carro. Suspirei ao ver cumprimentar algumas pessoas antes de entrar na sala onde o corpo estava sendo velado.
Estacionei o carro há alguns metros dali, peguei o celular e disquei de cor o número de Kimberly.
- Fala, xuxu. – Kimberly atendeu no segundo toque, ouvi alguns murmúrios em seguida.
- Tá no velório? – Perguntei curiosamente e ouvi um ‘uhum’ em resposta – Acabei de deixar ai.
- Estou vendo. – Kimberly respondeu em tom baixo e pude ouvir os murmúrios diminuírem – Você não vai acompanhá-la?
- Vou... É que eu preciso de um tempo sozinho e ela também. – Confessei passando a mão pelos meus cabelos úmidos e Kimberly suspirou.
- Ela não tá sozinha, . – Kimberly avisou depois de alguns segundos, meu corpo ficou tenso e abri rapidamente a porta – Vou me aproximar para ver se escuto alguma coisa... ? – Kimberly continuou falando e eu desliguei em seguida, andei com mais pressa e quando percebi, já estava no meio de várias pessoas desconhecidas, algumas chorando e outras conversando como se estivessem em uma festa.
- Ei! – Kimberly surgiu em minha frente enquanto eu ainda procurava pelo local – É falta de respeito deixar uma dama falar sozinha no celular. – Ela resmungou e virou os olhos quando percebeu que eu não estava prestando atenção.
- Cadê ela? – Perguntei com o sangue fervendo, olhando em todas as direções.
- Eu tô aqui. – respondeu em tom sério e olhou com raiva para Kimberly, ela se aproximou acompanhada de uma garota de cabelos castanhos e olhos verdes.– Eu estava falando com a namorada do cara que faleceu.
- Ah... É um prazer. – Olhei para Kimberly de soslaio que me olhava com raiva, enquanto assistia a cena em nossa frente.
- estava me falando de você. – A garota disse com voz de choro e sorriu em seguida – Tenho certeza que Brandon iria gostar de você. – Completou, soluçando em seguida.
- É uma pena que isso tenha acontecido com ele. – Respondi em tom sério e ela concordou, pedindo para se retirar em seguida, me deixando a sós com e Kimberly.
- O que você tá fazendo aqui? – perguntou irritada para Kimberly que a encarou com desdém, sorrindo de forma desafiadora.
- Vim acompanhar o cara que eu estou saindo no velório, minha presença te incomoda? – Perguntou Kimberly com um sorrisinho convencido e eu respirei fundo, encarando-a com certa irritação – Pode ficar tranquila, querida. Quem gosta de resto é você, não eu.
bufou de raiva e esperou Kimberly se retirar, ela me encarou e eu a puxei para um abraço. - Como você aguenta ela? – Perguntou em tom irritado, segurei seu rosto em minhas mãos e sorri fraco.
- Ela é uma boa pessoa. – Respondi rapidamente e bufou, olhando ao seu redor, parando seu olhar em Ryan que conversava com alguns caras – Já podemos ir embora?
- Se você quiser ir, eu fico. – sussurrou um pouco tímida e eu a encarei confuso.
- Tá me expulsando para dar liberdade para ele vir falar com você? – Perguntei ironicamente e ela me encarou perplexa, negando com a cabeça – Mas tudo bem, eu vou indo.
- Eu não pedi para que fosse embora. – segurou em minha mão e me encarou de forma séria, havia medo em seu olhar – Eu quero que fique comigo.
- Eu tô mais perdido que cego em tiroteio aqui, . – Respondi de forma sincera enquanto sentia o olhar de Ryan sobre nós – É uma parte da sua vida que eu não estava presente, eu não conheço ninguém aqui e sei que eu te impeço de ir falar com as pessoas. – Ela não disse nada, o que confirmou que era verdade o que eu dizia.
- Me desculpa. – pediu com os olhos marejados, os braços finos estavam cruzados e ela mordia o lábio inferior com força – Você está tão distante e eu sinto como se eu fosse a culpada.
- Não tem pelo que se desculpar. – Confessei e ela soluçou baixo, segurei seu queixo e lhe dei um selinho demorado – Se quiser eu te busco mais tarde, o enterro provavelmente será de manhã e será muito cansativo se ficar aqui a madrugada toda.
- Obrigada. – Ela disse e me deu um abraço – Ele não vai se aproximar de mim.
- Eu amo você. – Sussurrei somente para ela ouvir e seu sorriso iluminou o rosto triste.
- Eu amo você, .

Capítulo 41


- Posso me sentar aqui? – A voz de Kimberly interrompeu um turbilhão de pensamentos que corriam em minha cabeça, concordei e dei espaço para ela se sentar ao meu lado em uma das mesas do refeitório, a próxima aula começaria lá para 10h30 – Deus que me perdoe, mas aquele enterro estava um saco. – Kimberly confessou em voz baixa e eu ri baixo, ela passou as mãos pelos cabelos loiros quase brancos e suspirou.
- Ela não me ligou para buscá-la. – Admiti, como se aquilo fosse um segredo vergonhoso que eu não queria que ninguém soubesse – E nem mandou uma mensagem avisando como havia voltado e se havia voltado.
- Essa garota é realmente esquisita. – Kimberly concluiu depois de tomar um longo gole de seu chá verde e me encarar com pena – Apesar disso, ela não saiu do lado da amiga dela e o idiota também não tentou nenhuma aproximação. – Contou após mais um gole e uma mordida do lanche natural que comprava todos os dias na faculdade.
- Pelo menos uma notícia boa. – Resmunguei passando as mãos pelos meus cabelos e suspirando, fazendo Kimberly dar uma risada baixa – Sabe como o garoto morreu?
- Acidente de moto, pelo que falaram um dos competidores da noite o empurrou propositalmente fazendo com que ele perdesse o controle e colocasse a vida da garota que estava ao lado de em risco e a do garoto também, pelo jeito não esperavam que um “susto” virasse um “assassinato”. – Explicou me encarando de forma séria e eu olhei fixamente para algum ponto do refeitório – Parece que eles sabiam de algo que alguém não queria que saísse dali.
- Você acha que podem ir atrás da amiga de ? – Perguntei um pouco preocupado e Kimberly deu de ombros, negando.
- Seria maldade demais. – Kimberly respondeu séria e suspirou, olhando para o lanche em suas mãos – Eu vou vazar. – Kim deu um aviso e olhei em direção à porta, vendo aparecer acompanhada de – Eu vou tentar descobrir sobre seu pai. - Obrigado mais uma vez.
- Não precisa agradecer.

- Estou exausta. – disse após me dar um selinho rápido e se sentar ao meu lado, coloquei um braço em seus ombros e a puxei para perto, ela apoiou a cabeça de forma preguiçosa – Me desculpa por ter ficado ontem? Eu não poderia deixar minha amiga naquele estado. – se explicou e eu concordei, dando um beijo em sua testa.
- E como ela tá? – Perguntei, sabendo a resposta, mas eu me sentia no direito de perguntar sobre a amiga de .
- Péssima. – Respondeu em tom sério e suspirou em seguida – Ela odiava o fato dele competir quase todas as noites, ainda mais de moto... E o acidente foi proposital.
- Como sabe disso? – Perguntei fingindo que eu não sabia desse fato, respirou fundo e uma lágrima brincou em seu rosto.
- Fay me disse que chutaram a moto de Brandon para que ele perdesse o equilíbrio. – respondeu ainda em tom sério, suas mãos tremiam e ela me encarou com os olhos marejados – Eu tenho tanto medo que algo aconteça com ela...
- Não vou deixar nada acontecer com ela, . – Completei e ela me abraçou com força, seus braços envolveram meu pescoço com delicadeza enquanto ela chorava em meus braços – E nem com você.
- Vamos para a aula. – disse com voz de choro e um sorriso triste nos lábios vermelhos – A prova é amanhã e o professor disse que iria dar algumas dicas.
Levantamos e fomos em direção a sala de aula, havia guardado um lugar para mim quando cheguei alguns minutos atrasado. entrou na sala ao lado e sentou na primeira carteira, seus pensamentos estavam longe de meu alcance naquele dia. Eu respeitaria o passado dela, assim como o meu estava em jogo e cada vez mais infiltrado em meu presente com ela.

Capítulo 42


- Ora, ora, ora. – Eu reconheceria aquela voz repugnante até no inferno, me virei e encontrei o idiota que insistia em chamar de namorado – Quem diria que nos encontraríamos de novo? – Ryan sorria e eu encarei os dois caras que estavam ao seu lado e sorriam da mesma maneira maníaca que ele.
- Acho melhor darmos o fora daqui. – disse me puxando e eu senti meus pés presos no chão, mas eu toparia qualquer coisa para não me meter em confusão novamente.
- A festa nem começou ainda. – Ryan retrucou e os seus parceiros nos cercaram, meu olhar continuava fixo nele que fez movimentos rápidos como se fosse me dar um soco – Você está na minha área hoje, .- Ryan completou e eu dei risada, incrédulo com a maneira que ele queria me afetar.
- Então, você participa das corridas? – Perguntei de braços cruzados, eu sentia a tensão que sentia atrás de mim, implorando baixo para que saíssemos dali.
- Você não corre, ? – Ryan perguntou enquanto sorria em minha direção e eu mantinha minha postura séria – Deve ser porque um idiota como você tirou a vida de seu pai, não? – Ele brincou e segundos depois, eu estava em cima dele, deformando sua cara e sentindo seu sangue quente escorrer por meus dedos, seus capangas me tiraram de cima dele e me empurraram para longe.
Minha respiração estava ofegante e eu o encarei com raiva, me puxou para longe dele e eu fazia força para voltar.


Acordei no segundo seguinte, minha visão ainda estava turva quando olhei em um ponto fixo sentado em minha cama. Eu nunca havia sonhado com algo que já havia acontecido, mas hoje eu havia sonhado.
Olhei para que dormia tranquilamente em sua cama, o relógio ao seu lado marcava exatamente quatro e meia da manhã. Levantei-me rapidamente, colocando minha jaqueta de couro e uma calça jeans, peguei a chave do mustang de em cima da escrivaninha e abri a porta sem fazer barulho, o que deu certo porque ele não se mexeu.
Fechei a porta cuidadosamente e apressei meus passos pelo estreito corredor dos dormitórios, minha respiração estava ofegante e minha cabeça poderia explodir a qualquer momento. Assim que cheguei no estacionamento, observei o mustang preto me esperando. Corri em sua direção e apertei o alarme, entrando no mesmo em seguida e acelerando, ignorando se o barulho iria acordar todo mundo ou não.
Apertei meus dedos contra o volante, meu sangue fervia em minha veia, eu precisava socar algo, eu precisava me libertar. O caminho eu não sabia muito, mas lembrava pontos quando me levou até onde aconteciam os rachas.
Como Ryan sabia do acidente de meu pai? Como ele sabia que um idiota o havia matado? Como ele sabia que se tratava de um racha antes que eu soubesse? Ou eu era o único que não sabia dos detalhes do acidente?
Estacionei o mustang no meio de outros carros e ativei o alarme, apressei meus passos enquanto desviava de algumas garotas que vinham em cima de mim como urubu em carcaça. Meus olhos encontraram aquele que eu procurava e ele parecia animado ao lado de uma garota de cabelos vermelhos e pele branca, me aproximei e pude vê-lo sorrir ironicamente ao me ver.
- Sentiu saudades, ? – Ryan me intimou assim que me aproximei o suficiente para encará-lo cara a cara, observei um grupo de amigos dele se aproximar para ficar de guarda e dei um sorriso sarcástico.
- Você precisa de uma SWAT para te proteger? – Perguntei ironicamente e pude sua expressão mudar com minha pergunta, ele fez um sinal para os seus companheiros se afastarem e para a garota sair de perto também – Prefiro assim.
- Quer correr de novo, ? – Ryan perguntou com um sorriso no rosto, ele girou a chave de seu carro em seu dedo indicador.
- Preciso saber de uma coisa, Ryan. – Minha voz saiu firme, apesar de estar sentindo medo do que sairia de sua boca.
- Sobre ? – Perguntou ironicamente e eu neguei de forma séria – Uau, ela não é mais tão importante assim?
- Ela sempre vai ser importante para mim. – Respondi com raiva e ele sorriu de um jeito sarcástico, dando uma olhada ao seu redor.
- Vamos ver até quando. – Retrucou e me encarou de forma curiosa – Eu só te responderei se correr comigo. – Completou com um olhar desafiador e eu virei meus olhos.
- Para perder de novo? – Perguntei com raiva e ele deu uma risada forçada, se aproximando de mim e batendo em meu ombro com sua mão, me fazendo dar um passo para trás.
- Eu sei o que você quer, . – Ryan respondeu de forma séria – E eu tenho as respostas que você quer também. – Completou – Mas tudo tem um preço.
- E qual seria ele?
- . – Ryan respondeu de forma sorridente e me encarou com um olhar maníaco – Se você ganhar eu te dou as respostas, mas se você perder eu quero a minha garota de volta.
- Ela não é sua garota, Ryan. – Respondi com raiva e ele me olhou com curiosidade – E eu não vou cometer o mesmo erro que você cometeu.
- Então, tem um ponto fraco além do papai que morreu? – No segundo seguinte, os capangas de Ryan estavam me segurando, me impedindo de matá-lo ali mesmo. Depois disso, eu sentia o gosto metálico em minha boca, caminhei até o mustang de com dificuldade e respirei fundo, talvez Ryan estivesse certo.
era meu ponto fraco agora e talvez por causa disso, eu nunca conseguiria respostas sobre meu pai.

Capítulo 43


Parei no meio do cruzamento onde meu pai havia sido morto. Fiquei ali até o movimento começar a ficar mais frequente, me sentei no meio do cruzamento e pela primeira vez, eu chorei e sentia algo consumir cada parte de meu corpo.
Eu era um inútil por nunca ter conseguido descobrir o cara que destruiu minha família, o cara que havia me destruído. Meu celular tinha várias ligações perdidas e mensagens de , eu havia pegado o carro dele e desaparecido, era impossível ele não ficar preocupado comigo. Eu além de tudo, era um péssimo amigo.
Eu precisava beber, eu precisava fazer alguma coisa para esquecer o quanto eu era um merda, o quanto minha vida era uma merda.
- ? Cara, você tem noção do quanto eu te liguei? Que merda, onde você tá? – A voz de enfurecida invadiu meus pensamentos confusos e atordoados.
- Vem me buscar aqui naquele bar onde costumávamos ir quando éramos adolescentes. – Pedi com a voz rouca e pude ouvi-lo suspirar, ouvi uma voz conhecida junto com ele e pensei em – Ela tá ai, não tá? – Perguntei com a voz chorosa e concordou rapidamente, ouvi a porta se fechar e ele continuava comigo no telefone.
- Não venha com ela. – Pude ouvi-lo parar e sua respiração ficar mais ofegante – Por favor, não quero que ela me veja assim.
- Ele não quer que você vá. – Pude ouvir sussurrar e fechei meus olhos, apertando o celular em minha orelha – , não insista. disse em tom sério e pude ouvir o silêncio que se formou em seguida – Desculpa. – Ele pediu para ela antes de desligar na minha cara.

*

- O que deu em você? – perguntou depois de me encontrar largado na calçada em frente ao bar em que praticamente morávamos na adolescência – Você não pode simplesmente pegar o carro das pessoas e sumir, sabia? – Ele conseguia ser um pai quando queria, olhei para ele e ele ficou em silêncio – Desculpa, eu só fiquei preocupado.
- Ryan sabe. – Minha voz saiu chorosa e eu sabia que com eu podia demonstrar meus sentimentos de dor e raiva, ele era praticamente meu irmão – Ele sabe do acidente do meu pai, . – Ele me olhou em estado de choque e parou perto de um parque, desligou o carro e me olhou atentamente.
- O dia da aposta de , não é? – perguntou em estado de choque e eu concordei – Como não havíamos pensado nisso antes, como não havia prestado atenção nisso! – Ele bateu algumas vezes na testa e eu suspirei.
- Se eu soubesse, eu não teria apostado . – Sussurrei ao pensar no caminho que eu escolheria e me encarou mais uma vez, sabendo que eu tinha razão – E as coisas não fariam tanto sentido naquela época, mas agora... Agora é diferente.
- E por que ele não te deu as respostas? – perguntou em tom sério, uma mistura de pânico e raiva em cada palavra que saiu de sua boca.
- Ela era o prêmio se ele ganhasse, . – Respondi de forma amarga e ele olhou para os próprios dedos com raiva, os apertando contra o volante – Eu não posso perdê-la e fazer o que ele fez com ela.
- E se ela sabe? – perguntou e me encarou com as sobrancelhas erguidas e eu percebi que isso não havia passado por minha cabeça.
- Duvido que saiba, ele devia esconder muitas coisas dela. – Resmunguei sentindo minha cabeça doer, parecia que alguém estava esmagando cada parte dela.
- Você nunca vai saber se não perguntar. – retrucou de forma inteligente e eu sorri aliviado por saber que eu tinha ele ao meu lado – Só que talvez, você não goste do que vai vir.
- Eu preciso saber quem matou meu pai, nem que isso destrua tudo que eu tenho agora.


Capítulo 44


Eu a evitei aquele dia inteiro.
Mais de cinquenta chamadas e mais de cem mensagens de desespero e preocupação, algumas variando em raiva.
Batidas e gritos na porta, mas eu não queria vê-la naquele dia e a frequência de batidas aumentou quando ela soube que eu havia ido atrás de Ryan.
- . – Meu nome combinava perfeitamente com a sua voz, o que me deixava mais hipnotizado por ela – Por que está me evitando? – Sua voz demonstrava a dor e a tristeza que estava sentindo por minha culpa, era impossível respondê-la pelo simples fato de que nem eu sabia a resposta.
Toquei a maçaneta, mas não abri a porta. Pude escutar sua respiração fraca do outro lado da porta e meu coração apertou.
- Quando estiver preparado para falar comigo, eu estarei aqui. – avisou e ouvi suas costas baterem contra a porta – Eu não vou sair daqui até falar comigo.
Duas intensas horas se passaram e eu olhei para o relógio que marcava quinze para meia noite.
- Eu ainda estou aqui. – avisou em tom cansado e eu abri a porta, ela quase caiu para dentro de meu quarto já que suas costas estavam apoiadas na porta.
Ela não disse nada, apenas me abraçou com força e eu me senti completo, por saber que ela não desistiu de mim naquele momento e que talvez, nunca desistiria.
- Eu preciso saber uma coisa. – Soltei após longos minutos de silêncio enquanto ela fazia um cafuné em minha cabeça apoiada em seu colo – E você tem que ser sincera comigo.
- Claro que eu vou ser, . – pareceu ofendida quando terminei a frase e respirei fundo, me sentando e a encarando intensamente.
- Como Ryan sabe sobre o acidente do meu pai? – pareceu surpresa e confusa com a pergunta, ela me encarou de forma preocupada – Meu pai morreu em um acidente de carro, haviam dois carros na noite que ele morreu, era de madrugada e até hoje não houve testemunhas. – Seus olhos se manteram fixos em mim, a pele começou a ficar mais pálida – Por que ele sabe, ? – Perguntei em tom mais alto e ela fechou os olhos.
- Me responde! – Gritei segurando em seu braço e a chacoalhando, ela se levantou rapidamente e seus olhos estavam vermelhos – O que você sabe e não quer me falar?
- Eu... – começou a dizer e seus olhos se fecharam, ela não conseguia me encarar e eu sentia que meu mundo estava prestes a desabar – Sinto muito.
saiu correndo e eu fui atrás dela, mas ela foi mais rápida e sumiu de minha vista. Parei no meio do corredor quando aos poucos, as três palavras que ela disse se fixaram em minha mente... Ela sentia muito.
- ? – Minha mãe se surpreendeu ao me ver parado na porta de casa naquele horário e eu a abracei com força, ela respirou fundo ao saber do que se tratava e me levou para dentro de casa.
Sentei no sofá e ela se sentou ao meu lado, me abraçando com força. Era bom sentir seu cheiro e o conforto que eu só sentia com ela.
- O que houve? – Perguntou em tom preocupado ao ver meu estado, suas mãos macias acariciavam meu rosto.
- Eu quero saber de tudo o que eu não sei sobre o acidente, mãe. – Implorei em tom choroso e ela me olhou de forma séria – Ou eu vou explodir.
- Iriamos explodir juntos, querido. – Ela respondeu em tom carinhoso e segurou minhas mãos – Investigadores falaram que foi um racha que acontecia no momento que levou ao acidente, por causa das marcas de pneus que haviam ali.
Supostamente acham que o outro carro parou para “ver” o estrago enquanto o que realmente bateu, sumiu em seguida. Os detalhes não são bons, porque pouca coisa se sabe sobre as pessoas que participavam daquele racha. – Ela fez uma pausa e secou algumas lágrimas que brincaram em seu rosto – A emergência disse que foi uma garota que os avisou do acidente e ela parecia em pânico, mas tiraram o telefone dela e infelizmente, eles não tiveram mais contato.
Fechei meus olhos com força e eu senti que o pesadelo estava se tornando cada vez mais real, uma garota havia ligado avisando do acidente e teve o telefone tomado de sua mão e supostamente “desligado”. Olhei para minha mãe que me olhava de forma preocupada e suspirou.
- Era a , mãe. – Minha voz saiu fraca e ela me olhou confusa – Foi a que fez a ligação. – As lágrimas brincaram em meu rosto de forma desesperada.

Capítulo 45


Quando arrombei a porta de seu dormitório, ela estava pegando suas coisas no armário e tacando dentro de uma mala rosa de rodinhas. gritou com o estrondo da porta abrindo e me encarou com medo, ela se levantou e me encarou com o rosto inchado e vermelho.
- POR QUE VOCÊ NÃO ME FALOU ANTES? – Gritei com raiva e ela deixou as primeiras lágrimas escorrerem por seu rosto – POR QUE VOCÊ ESCONDEU DE MIM, VOCÊ SABIA O QUANTO EU SOFRIA POR TER PERDIDO MEU PAI! – Gritei com raiva e pude vê-la soluçar alto, colocando as mãos na boca para abafar os soluços que viriam.
- , por favor, me escuta. – Ela disse em tom choroso e tentou se aproximar, mas eu me afastei e ela ficou parada, tampando o rosto com as mãos.
- VOCÊ É CULPADA PELA MORTE DO CARA QUE EU MAIS ADMIRAVA! – Gritei com raiva e soluçou mais alto – VOCÊ MERECIA A VIDA QUE TINHA, VOCÊ MERECE TER SIDO LARGADA POR SUA MÃE!
- NÃO FALE BESTEIRA! – gritou desesperada e com raiva, seus olhos castanhos refletiam uma mistura de dor e raiva – EU NUNCA QUIS FAZER PARTE DAQUELE MUNDO, ! DA MESMA MANEIRA QUE VOCÊ NUNCA QUIS SOCAR ALGUÉM ATÉ QUASE MATAR UMA PESSOA! – gritou olhando em minha direção.
- Mas eu não matei uma pessoa, você matou. – Minha voz saiu seca e carregada de raiva, meus dedos estavam fechados e eu estava fora de mim, era capaz que eu perderia o controle em pouco tempo.
- EU NÃO MATEI SEU PAI! – gritou com raiva, mas havia tristeza em cada olhar que ela me direcionava – Eu fui ver se ele estava bem, eu queria ficar ali com ele.
Ela realmente estava lá naquele momento, meu sonho não era somente um sonho, era um aviso para que eu pudesse abrir os olhos para a mentira que eu estava vivendo.
- SUA PUTA! – Gritei e fui para cima dela, que se esquivou e a porta se abriu exatamente no momento em que ela foi se proteger de mim, caindo nos braços de e que me olhavam horrorizados – VOCÊ É UMA ASSASSINA, ! VOCÊ É UMA FARSA, UMA MENTIRA! – Eu gritava olhando diretamente para ela, ignorando a presença dos dois ali conosco – EU PODERIA TE ARREBENTAR AGORA, PODERIA TE FAZER SENTIR EXATAMENTE O QUE MEU PAI SENTIU NO MOMENTO EM QUE VOCÊ SE DIVERTIA.
- Me divertia? – perguntou com a voz amarga e um sorriso irônico em seu rosto – Eu não queria estar lá, eu não queria ter corrido, eu não queria ter visto o impacto dos dois carros, eu não queria ter sido testemunha de uma covardia já que o assassino fugiu. – fez uma pausa e limpou uma lágrima que escorreu em seu rosto – E depois de tudo, ter sido vítima de ameaças de morte por causa disso, ter vivido com medo e quando finalmente senti segurança ao lado de uma pessoa, eu tinha que viver com uma culpa de saber que eu não fiz justiça e agora, por medo de perder a minha vida, eu estou perdendo você. – completou em tom sério e eu relaxei meus ombros, as primeiras lágrimas brincaram em meu rosto.
- Some da minha frente, garota. – Eu respondi com raiva e ela me encarou da mesma maneira – SOME DA MINHA VIDA, VOCÊ NUNCA DEVERIA TER ENTRADO NELA! EU ODEIO VOCÊ E TODO ESSE TEMPO, EU PERDI MEU TEMPO COM VOCÊ! – Fiz uma pausa e finalmente disse: - Eu desisto de nós.
pegou suas coisas e largou outras, sumindo de minha vista, passando por e que assistiam tudo.

Capítulo 46


sumiu por doze dias, a partir do dia que saiu correndo de seu quarto, eu não tive notícias dela. Fui até seu dormitório no dia seguinte, mas suas coisas que ela havia deixado na noite anterior não estavam mais ali. Sua colega de quarto disse que estava passando uns dias no interior e quando voltou, percebeu que agora o quarto era somente dela novamente, nenhum vestígio de além de um bilhete rápido de despedida para ela.
Era desesperador ligar em sua casa e cair diretamente na caixa postal, quando fui até sua casa acompanhado de e , tudo estava fechado como se eles tivessem ido viajar ou tivesse fugido de mim, fugido da verdade que a assombrava por dois anos.
Fiquei sentado por horas na escada em frente a sua casa, segurando uma foto dela e respirei fundo. Eu não queria perdê-la apesar de tudo que havia acontecido, eu não poderia simplesmente deixar que as coisas ficassem daquela maneira. Era horripilante e pertubador ter que decidir entre ela e entre a justiça, eu queria as duas, mas sabia que não poderia escolher as duas e por um momento, desesperador e certeiro, pensei que nunca deveria ser minha e que nosso encontrão havia deixado feito mais desastres do que eu seria capaz de imaginar.
Naquele dia, Dave me ligou depois de semanas sem lutar e eu aceitei. Eu sentia falta do gosto metálico em minha boca, da sensação de ter o poder em minhas mãos e descontar toda a raiva e dor que eu sentia em um qualquer que havia topado lutar comigo, eu havia ganhado mais dinheiro, mas nada a traria de volta para mim. Avisei Dave que eu voltaria à ativa e ele comemorou, dizendo que havia sentido minha falta em sua vida, se for ver por um lado, Dave se aproveitou do momento mais frágil de minha vida para ganhar uma boa grana.
Eu deveria arrebentá-lo por isso, deveria ter deixado de lado, mas lutar para mim é como um vício de droga, depois que lutei a primeira vez, senti milhares de sensações boas e quando me olhei no espelho, pensei “Porra, eu gostei disso” e ai eu vi, que eu havia me tornado o melhor lutador de rua da região até encontrar .
No dia seguinte, passei a primeira aula ao lado da lápide de meu pai no cemitério, eu havia entrado junto com os coveiros e jardineiros do cemitério, eles me olharam com pena, mas eles deveriam olhar dessa maneira para todos. Abracei meus joelhos enquanto analisava a paisagem calma e arrepiante em minha frente, podiam falar coisas horrentas de cemitérios, mas hoje aquele era o lugar que me trazia calma.
- Me ajuda a decidir o que eu tenho que fazer, pai. – Sussurrei baixo e eu sentia que ele estava ali, ao meu lado como sempre esteve antes de me deixar – Ela impediu que a verdade sobre a sua morte chegasse até nós, ela impediu que a justiça fosse feita... Mas ela me fez voltar, pai. – Completei com a cabeça baixa, respirei fundo e continuei com dificuldade – Eu nunca havia sentido por ninguém o que eu sinto por ela, poderia ser qualquer pessoa a testemunha da sua morte, mas por que ela pai?
Um vento bateu em meu rosto e eu sorri, sabia que ele estava ali ao meu lado.
- Eu a amo. – Murmurei em tom sério enquanto me levantava e tirava a terra de minha calça jeans – Mas você é mais importante que eu.
- . – disse quando finalmente o sinal tocou, avisando o fim da aula de estatística daquele dia, aula em que eu mal havia me concentrado um minuto se quer.
- O que tá fazendo aqui? – Perguntei um pouco confuso e ela estava com o rosto inchado, os olhos vermelhos e ela me entregou um papel – O que é isso?
- Temos duas testemunhas. – disse de forma aliviada, porém apreensiva enquanto olhava o papel em minhas mãos – Eles sabem quem é o cara e vão atrás. – Eu continuei parado feito uma estátua e ela deu um sorriso fraco – Vão prender o cara que acabou com a nossa família, maninho.
pulou em meus braços e me abraçou com força, eu fechei meus olhos e quando os abri, pude encarar minha mãe com um sorriso emocionado em seu rosto acompanhada de Brian que estava encantado com o tamanho da universidade. Corri em sua direção e a abracei com força, vendo-a rir de forma gostosa.

Capítulo 47


E por um momento, eu só queria que estivesse ali comigo. Podendo compartilhar esse momento especial comigo, mas por um motivo, ela havia sumido sem deixar rastros e nem uma palavra de despedida.
O dia passou lentamente, aliás todos os dias até o dia do julgamento, faltavam dois dias para eu finalmente olhar para o cara que destruiu minha família, para o cara que destruiu toda minha vida e que por algum motivo, envolveu nessa história.
Falando nela, não havia nenhuma notícia e infelizmente, ninguém sabia. Eu preferia que só eu não tivesse notícias dela, mas era desesperador saber que ela havia sumido da vida de várias pessoas. Eu fui atrás de Ryan também, alguns disseram que ele está passando um tempo fora da cidade e talvez do país, um momento sombrio passou por minha cabeça ao pensar que eles poderiam estar juntos, mas era o tipo de garota que não cometia o mesmo erro duas vezes.
Meu celular vibrou e eu o peguei rapidamente, olhei para a mensagem de um número desconhecido. Abri a mensagem e meu coração parou de bater quando eu li “sinto sua falta, você ainda me odeia?”. Sem pensar no que responder, eu já estava ligando, mas caia direto na caixa postal e eu sabia que era ela e eu queria dizer que eu não odiava ela pelo contrário, eu a amava.
* Dois dias depois * Olhei mais uma vez para meu reflexo no espelho, eu usava um terno preto e nem me reconhecia olhando para o espelho. Parecia outro , um que esperou dois anos para ver justiça e liberdade da dor que sentiu todo esse tempo.
- Você está lindo, querido. – Minha mãe entrou no quarto usando um vestido preto casual e eu a abracei com força – Pedi para a vizinha cuidar de Brian. – Ela avisou em tom sério enquanto acariciava meu rosto – Finalmente esse dia chegou.
- Só não vou me sentir totalmente livre enquanto o culpado não estiver atrás das grades. – Respondi em tom sério, ela concordou e respirou fundo ao ouvir a buzina do carro de John – Chegou a hora, mãe.
- Não quero chegar atrasada. – apareceu na porta vestida de forma parecida com minha mãe, iria nos encontrar no tribunal acompanhado de seus pais.
Finalmente, haviamos chego ao tribunal. Assim que entrei na enorme sala parecida com a de muitos filmes que eu já assisti, fui recebido de forma calorosa por e seus pais que haviam nos ajudado nos momentos mais difícieis depois da morte de meu pai.
- Estamos felizes que finalmente as testemunhas apareceram. – O pai de disse em tom sério, ele me deu um abraço forte – Saiba que você é um filho para mim, garotão.
Era bom ver os pais de juntos novamente, haviam tido uma crise de relacionamento meses antes do meu pai falecer. Ao ver a falta que um pai fazia em uma família, o pai de decidiu que era melhor deixar as coisas bobas de lado e valorizar o que ele tinha. Assim como a mãe de que decidiu parar de implicar tanto com o marido e dedicar-se mais ao amor de ambos. Agora com na faculdade, eles viviam viajando a trabalho e curtindo diversos países, isso deixava animado.
Sentamos atrás da mesa onde nosso advogado estava, ele nos olhou e cumprimentou de forma rápida, o que fez meu estômago revirar ao ver que iria começar. Do outro lado, um advogado mais velho estava defendo o maldito que havia matado meu pai e eu ainda não o havia visto, porque meu olhar se perdeu em Joseph, Helen e a madrasta de há alguns metros de mim. Eles me olharam com culpa e acenaram de maneira tímida, eu queria ir falar com eles, mas vê-los ali me causou pânico.
- Vamos começar o julgamento do réu Brandon Culliver, culpado pela morte de Gregory no dia vinte e cinco de abril às quatro da manhã. – O juiz disse em tom sério e a sala ficou em silêncio, meu sangue ferveu ao ver o cara entrar acompanhado de dois policiais, era um cara alto de aproximadamente um metro e oitenta de altura, a cor bronzeada e algumas tatuagens espalhadas por todo seu corpo, ele usava barba e me encarou com raiva, encarando da mesma maneira os pais de que abaixaram a cabeça.
- Há dois anos, o senhor Gregory foi vítima de um acidente de carro na qual o culpado foi o senhor Brandon Culliver que participava de uma corrida ilegal às quatro da manhã do dia vinte e cinco de abril. – O advogado da família que cuidava desse caso disse em tom sério, estava de pé e olhava fixamente para o culpado que havia matado meu pai, minhas unhas estavam infincadas nas palmas das minhas mãos – A omissão de testemunhas é crime assim como participar dessas corridas.
- Chamem os investigadores do caso. – O juiz pediu ainda com o olhar atento sobre o réu que o encarava com desdém, olhei para o casal de investigadores que haviam estado na minha casa por vários dias.
- Vossa excelência. – A moça com a idade semelhante a de minha mãe disse em tom sério e ele fez um sinal para que ela continuasse – No local do acidente foi encontrado marcas de pneus que indicam a presença de dois carros no momento do acidente, o que nos mostra que um dos carros, julgo o que pertencia ao senhor Brandon, supostamente teve impacto contra o carro de Gregory naquela noite. Enquanto o carro que competia com James, parou de forma “natural” para averigar o que havia acontecido. – A mulher completou e uma foto apareceu no telão, indicando perfeitamente o que ela havia falado.
- No cruzamento, haviam câmeras de segurança que poderiam ter resolvido esse caso há dois anos, mas quando chegamos no local as câmeras já haviam sido destruídas por vândalos horas antes do acidente. – O investigador disse em tom sério e desapontado, mostrando fotos do estado das câmeras de segurança – Dias atrás, conseguimos um depoimento que nos levou a um desmanche clandestino há algumas quadras de onde havia ocorrido o acidente, por sorte, a firma que trabalha na frente do desmanche tem câmeras de segurança que gravaram o carro destruído de Brandon entrar no desmanche clandestino, saindo depois, sem o carro. – O investigador continuou e eu olhei com raiva para o assassino há alguns metros de mim – Essas são as nossas provas de que Brandon é o culpado, vossa excelência.
- Podem se retirar. – O juiz ordenou e os dois fizeram sem questionar, pude ver Brandon conversar algo com seu advogado e ele fez um sinal para que ele mantesse a calma.
- Quero chamar a primeira testemunha do caso, senhor Ryan O’ttanis. – Meu sangue ferveu ao saber que aquele idiota era um filho da puta desde o começo de tudo isso, desde a primeira vez que o encarei.
Ryan entrou na sala com a cabeça baixa, parecia envergonhado e me virei para encarar o casal que olhava com desgosto para o filho. Ryan era a cara do pai dele e isso me dava nojo daquele homem e pena da sua esposa.
- Foi a minha segunda corrida, eu estava começando a gostar da sensação de correr, a sensação de liberdade que eu sentia quando corria até o dia que fui desafiado pelo melhor corredor que eu já havia ouvido falar. Brandon era ou talvez ainda seja o tipo de cara que você nunca vai ganhar dele e não deve mexer com ele, estar aqui nesse momento contra ele é... Aterrorizante. – Covarde, pensei em voz alta e pude ver o olhar sério de sobre mim – Naquele dia, eu fui desafiado por ele e eu queria mostrar para a minha namorada... Ex-namorada... – Ryan me encarou pela primeira vez e eu vi culpa em seus olhos – Que eu a protegeria de qualquer coisa, porque eu seria o melhor se vencesse Brandon naquele dia. Eu aceitei a corrida e a forcei a ir comigo, ela foi contra a vontade dela e começamos a correr, quando fomos passar pelo cruzamento em que ocorreu o acidente, eu estava perdendo e freiei quando visualizei o carro do senhor Gregory, mas infelizmente Brandon não viu o carro e bateu com tudo na porta do motorista. – Fechei meus olhos, imaginando a cena perfeitamente em minha cabeça, era como se o meu sonho estivesse sendo recontado por Ryan.
- Parei o carro e minha ex namorada desceu do mesmo enquanto Brandon fugia sem ver o estrago, eu a impedi de se aproximar quando ela fez menção de ir até o carro. Ela é teimosa e conseguiu ir até o carro, quando viu Gregory insconciente, talvez até morto já, ela entrou em desespero e eu a forcei a sair dali. Precisamos sair dali, eu não queria ser o culpado pela morte de alguém sendo que o verdadeiro culpado havia fugido do lugar.
- não me obedeceu, assim que chegamos ao local onde nos esperavam, ela fez uma ligação para a emergência avisando do acidente e eu fiz com que ela desligasse, eu sabia que Brandon viria atrás de nós para nos manter calado e no dia seguinte, ele fez exatamente isso. – Ryan encarou o réu em sua frente e me olhou depois – Ele ameaçou meus pais, ameaçou e seus pais também, dizendo que os mataria sem dó se alguma coisa saísse de nossas bocas... A única pessoa que sabia além de nós, era James, um amigo muito próximo que morreu há um mês atrás por um acidente de moto em uma corrida, feito de forma proposital por um dos capangas de Brandon. – A sala inteira parecia espantada, olhei para o lado esquerdo e encontrei Kimberly acompanhada do seu novo ficante e ela me olhou de forma séria.
- Isso nos deixou mais apavorado porque sabiamos que algo iria acontecer conosco mais pra frente, só queria proteger o que para ela é importante... – Ryan me encarou com rancor e suspirou – E eu só queria me proteger e proteger minha família do que Brandon é capaz de fazer ou mandar fazer. Chega de enrolação, Brandon matou Gregory naquela noite e eu me culpei por diversas noites, mesmo que não pareça, por não ter feito algo, por ter deixado uma família sem respostas e queria pedir desculpa ao filho de Gregory que está aqui presente. – Olhei para Ryan que manteve um olhar fixo em mim – Apesar de tudo, você merece ela e merece a verdade.

Capítulo 48


Meu mundo desabou quando ouvi seu nome, a sala ficou em silêncio e eu a vi entrar. Os cabelos presos em um trança e o rosto sério, uma roupa casual para a situação e seus olhos castanhos fitavam o chão. Assim que se sentou ao lado do juiz, ela suspirou, colocando uma mecha teimosa que insistia em cair de sua franja.
- Senhorita Stuart, pode começar seu depoimento. – O advogado que cuidava do caso de meu pai pediu e ela respirou fundo, ela tremia e o rosto já havia começado a ficar inchado.
- A garota está sendo forçada a falar, Vossa Excelência! – O advogado de Brandon gritou de forma sarcástica e o encarou com raiva, assim como todos os presentes ali.
- É difícil falar toda a verdade na frente do cara que até dois dias atrás estava me ameaçando de morte e ameaçando as pessoas que eu amo. – O juiz se ajeitou na cadeira e encarou de forma fria Brandon que cruzou os braços enquanto encarava – Fiquei noites pensando no que eu iria falar quando chegasse aqui, é bem mais difícil falar do que vocês imaginam, ainda mais quando tudo está em jogo principalmente o que você sente por uma pessoa.
- Não importa o que eu vou falar aqui, não importam mil palavras boas se o que eu fiz foi ruim. mordeu o lábio e me encarou, seus olhos decidiam entre me olhar ou olhar para minha mãe ou Eu não fugi, quem foge não sonha com isso todas as noites, não sente vontade de voltar lá e se por no lugar daquela pessoa. Eu não queria estar lá, e eu deveria seguir o que os outros dizem "não faça algo que não quer, porque os outros querem que você faça", mas eu sou péssima em seguir ditados e conselhos. Talvez se eu não estivesse lá, nem um pedido de socorro teriam feito e eu queria, eu rezava para que não fosse tarde demais. Eu queria estar lá, eu queria ter ido até o hospital e ter falado toda a verdade que eu sabia e escondi por dois anos. fez novamente uma pausa, controlando os soluços altos que escapavam de sua boca.
- Eu só queria saber o tamanho do estrago que eu havia participado e por dois anos ou mais até agora, eu queria que a dor da família passasse para mim e bem, eu pude vê-la depois que me aproximei de você, . Quando recebi a notícia de que meu pai estava em coma, que talvez eu o perderia para sempre, eu senti o que vocês haviam se sentido, o desespero, o terror... Eu ainda tive a sorte dele ter voltado, vocês não tiveram isso, porque quando ele chegou ao hospital, Gregory já havia deixado vocês. suspirou e olhou para baixo, ela parecia evitar Brandon a todo custo, como se ainda sentisse medo daquele assassino.
- Brandon atingiu o carro com tudo e fugiu no minuto seguinte, o impacto foi contra a porta do motorista e ninguém sobreviveria com aquela pancada, nem um milagre salvaria uma vida naquele dia. Ryan parou o carro como reflexo pelo que havia acontecido e sem saber o que fazer, abri a porta e corri na direção do carro batido e amassado, me aproximei da porta e observei o homem ainda consciente no banco do motorista, ele viu que eu me aproximei e era vísivel o medo que ele estava sentindo de morrer e deixar toda sua família. respirou fundo e me encarou com culpa.
- Gregory me olhou de maneira intensa, e tudo que ele me disse foi "é uma pena que você esteja nesse mundo, você daria uma ótima nora". - riu fraco e eu a encarei, era típico do meu pai dizer aquilo para uma garota bonita que ele via, independente de ser desconhecida ou não - E segundos depois, fechou os olhos. Ryan me impediu de tocá-lo, mas quero que saibam que isso não me impediu de gritar para que ele voltasse. Quando chegamos a linha de chegada, havíamos ganhado, e era assustador o fato de que só eu e Ryan sabiamos daquilo. Porque todos comemoraram quando chegamos e eu só conseguia pensar em Gregory. Eu me afastei de onde todos estavam e liguei para a emergência, eu não me identifiquei e liguei de um celular que foi bruscamente destruido por Brandon no meio da ligação, foi a partir desse momento que eu comecei a ser ameçada de morte todos os dias por dois longos anos. – Os promotores cochicharam algo e o advogado de Brandon o olhou de forma feia, enquanto ele encarava com ódio .
Eu senti uma vontade incontrolável de socá-lo até a morte pelo fato de que ele havia tirado meu pai de mim e havia ameaçado por dois anos, ameaçado matá-la e matar seu pai.
- Era assustador chegar em casa e saber que eu estava sendo observada por capangas covardes, quantas vezes ouvimos que a justiça vai nos proteger, mas é diferente quando somos os ameçados de morte. Você... - olhou para mim novamente e suspirou - Nós sabemos o quanto é triste e assustador perder alguém que amamos, eu quase perdi o homem que cuidou de mim minha vida inteira e que sabia de tudo que havia acontecido, que se não fosse por ele, eu seria sufocada por esse segredo e essa dor que eu sentia.
- Por incrível que pareça eu estava lá no enterro de Gregory há dois anos, mas Brandon também estava lá, me observando para que eu não se aproximasse demais além do que era permitido. Eu não vi nenhum de vocês e eu nem queria, não queria botar a vida de mais ninguém em risco até o dia que incrivelmente, eu me tornei a nora de Gregory sem que eu ao menos soubesse disso...
- Ela riu e eu sorri fraco, apesar de toda a dor e raiva que eu sentia - Eu quero pagar por ter omitido a verdade por dois longos anos e eu quero que Brandon seja culpado pela morte de Gregory, seja culpado pelo peso que carreguei por dois anos e só quero que Gregory finalmente descanse em paz, porque eu nunca desejei tanto poder estar no hospital no dia do acidente, poder ter dado força para vocês independente do que pensariam de mim, se eu fosse culpada ou não, eu só queria mostrar que eu sou humana, que eu amo e sinto culpa também, que existem monstros sim... Talvez eu seja uma agora para vocês, mas só quero que vocês me deem uma chance de mostrar que eu não sou aquela garota perdida e desorientada, com medo e com culpa, eu quero que a justiça seja feita hoje e quero que você me perdoe, ... - novamente me encarou e suspirou.
- Você esteve do meu lado quando eu precisei e sei que me odeia agora, mas saiba que eu também me odeio e não é só porque isso aconteceu com você, parece que o destino me levou até você para que eu visse que meus demônios nunca morreriam até que a verdade fosse dita. Você me mudou e eu te mudei, somos um desastre juntos. - Alguns conhecidos riram, o juiz se manteve sério, mas ele não a impediria de falar o que estava sentindo por mais que aquele não era o momento mais apropriado para aquilo - Nosso desastre me fez viver e ver que eu precisava de alguém como você e apesar de eu ter te chamado de monstro algumas vezes, o monstro sempre fui eu. Eu tive noventa dias para me apaixonar por você, sendo que eu já havia me apaixonado na primeira vez que te vi, mas caras como você costumam ser babacas e mimados, então eu quis fugir para evitar outro desastre em minha vida, mas eu quis me afundar em você, eu quis me apaixonar por você e noventa dias ao seu lado, foi exatamente o que eu precisava para saber que eu senti o amor pela primeira vez ao seu lado. Eu amo você, nunca se esqueça disso. - se levantou e antes que saísse acompanhada de dois policiais, olhou para trás - Desculpa. - Sussurrou para minha mãe e para que choravam ao ouvir o testemunho dela, se retirou e tudo ficou em silêncio. se retirou e eu respirei fundo, olhei para minha mãe que me olhava de forma séria, eu sabia o que ela queria dizer em seus pensamentos "não a deixe ir embora", mas meu orgulho era maior que qualquer amor que eu sentia dentro de mim e dessa vez, eu não iria lutar por , a batalha já havia acabado e eu havia desistido de nossa luta.

Capítulo 49


Um mês depois
- Que bom que veio conversar comigo. – Dave disse quando me viu entrar na lanchonete de estrada que eu havia ido com um tempo atrás – Me dá um abraço!
Dave me abraçou com força e eu retribui, apesar de tudo, ele nunca havia me feito mal e parecia que finalmente, ele havia tomado jeito na vida. Sentei em sua frente e ele fez um sinal para a garçonete trazer o cardápio, ela trouxe dois cardápios e pediu licença em seguida.
- Sinto muito por não ter comparecido no julgamento. – Dave falou em tom sincero e eu sorri brincalhão – Eu fico muito feliz por saber que finalmente o culpado foi preso.
- Eu também. – Complementei e ele sorriu de forma animada – O que me conta?
- Bom, vamos dizer que finalmente encontrei uma garota que me fizesse querer uma vida direita. – Dave confessou parecendo envergonhado com o que havia dito, mas em seguida riu enquanto fazia um sinal para a garçonete se aproximar – Um cheese bacon com coca grande, e você, parceiro?
- Um café forte. – A garçonete anotou os pedidos e se retirou sem dizer mais nada.
- Por que não a trouxe para que eu pudesse conhecê-la? – Perguntei em tom brincalhão, porém ao mesmo tempo, ele sabia que era sério.
- Ela anda ocupada com umas papeladas, mas podemos marcar um jantar a quatro o que acha? – Dave propôs em seguida com um sorriso de orelha a orelha – E a sua garota?
- Não tem mais garota, Dave. – Respondi sem vontade, coçando minha nuca sem encarar a expressão de espanto em seu rosto pálido.
- Não acredito. – Dave comentou sem reação – Você desistiu das lutas por causa dela!
- Acontece. – Dei um riso nervoso em seguida e ele concordou com a cabeça, sem dizer mais nada, sabia que não era um assunto que me agradava – Mas não é por causa disso que te chamei aqui hoje.
- Obrigado. – Agradeci quando meu café finalmente chegou acompanhado do cheese bacon de Dave – E então?
- Pensei bem e decidi que deveriamos abrir uma academia de luta. – Dave disse de forma orgulhosa e eu o encarei surpreso – Vejo todos os dias garotos perdendo o pai ou sofrendo alguma coisa que os leva a lutar, nem todos têm a chance que você teve de sobreviver nesse meio. Pensei bem e achei que você seria a melhor pessoa para construir isso comigo, sei que você ama lutar e sei que agora você está preparado para mostrar para esses garotos que a violência não cura nada.
Meu sorriso deveria estar maior que meu próprio rosto naquele momento, assim como o de Dave mostrava todos seus dentes brancos. Ele esticou o braço e eu apertei sua mão com vontade.
- Bem-vindo, Professor .

~*~
- O cheiro está delicioso. – Comentei abraçando minha mãe por trás enquanto ela tirava o frango do forno, eu adorava a receita de frango assado dela com algumas batatas cozidas temperadas ao redor do frango – Desse jeito, John não terá dúvidas em tê-la como esposa. – Completei com um sorriso brincalhão e ela me olhou com ternura, depositou o frango em cima da enorme mesa de jantar e me abraçou com força em seguida.
- Eu só queria que você estivesse feliz como eu estou, querido. – Minha mãe respondeu em tom materno enquanto acariciava meu rosto e sorria fraco – Eu sei a falta que ela faz em sua vida.
- Durou o tempo que tinha que durar, mãe. – Respondi em tom sério e lhe dei um beijo rápido na testa – Vá se arrumar, hoje é o seu dia.
Ela me olhou uma última vez antes de subir as escadas com pressa, respirei fundo me apoiando no balcão ao lado da pia e fechei meus olhos. Apenas um mês havia se passado e era como se anos haviam passado diante de meus olhos, eu não sabia como ela estava... Ninguém sabia, algumas vezes encontrei com Ryan na rua, mas não tivemos nenhum contato e eu tinha quase certeza que ele sabia tanto quanto eu sobre . Era um alívio e ao mesmo tempo, eu ficava com medo do que ela poderia estar fazendo, se ela tinha encontrado um cara...
- não é do tipo de garota que vai encontrar outro amor em um mês. – A voz brincalhona de invadiu meus pensamentos e eu abri os olhos, encarando-a de forma séria e ela manteve um sorriso nos lábios rosados – Ela não vai te esquecer tão fácil.
- Como pode ter tanta certeza disso, senhorita? – Perguntei olhando-a em tom irônico e ela sentou no balcão ao meu lado, apoiando a cabeça em meu ombro. - Você sente isso também. – retrucou enquanto balançava as pernas, sorrindo de forma doce – O destino não ia juntar vocês para separá-los assim.
- Você e essas coisas de destino. – Resmunguei revirando os olhos e em seguida, a campanhia tocou, fazendo com que descesse do balcão – Nós fazemos o nosso destino, não o contrário.
- Deve ser por isso que vocês não estão juntos agora. – disse enquanto caminhava até a porta da cozinha e se virou para me encarar – Você escolheu isso.

Capítulo 50


O jantar ocorreu tudo bem. John havia aprovado o frango assado.
O casamento seria daqui seis meses, eles queriam que fosse o mais rápido possível, mas não podiam deixar de lado o fato que queriam que fosse perfeito e inesquecível.
“É uma nova etapa de nossas vidas” foi o que John disse no final do jantar, em seguida brindamos com vinho. brincou que o próximo casório seria o dele e de , o que gerou um sermão de meia hora sobre o fato de que ela terminaria o colegial esse ano e que casamento depois da faculdade.
Brian foi dormir no meio do jantar, mas era bom vê-lo tão feliz com o casório de minha mãe e de John. Ah, eu aproveitei para contar sobre meu novo trabalho depois da faculdade e nunca vi minha mãe tão feliz com uma decisão minha.
- Preciso ir para a cidade vizinha comprar os últimos preparativos para a academia. – Ouvi a voz de Dave do outro lado da linha e suspirei, me revirando na cama – Quer ir comigo? – Perguntou em tom sério e eu concordei com um resmungo – Ok, em dez minutos passo ai para pegar você.
Levantei da cama em um pulo e tomei uma ducha rápida, me sequei e coloquei uma roupa mais bonitinha para a ocasião. Despedi de que ainda estava sonolento na cama ao lado e resmungou alguma coisa que não perdi tempo tentando entender, desci as escadas do dormitório com pressa e parei ao pensar ter visto . Balancei minha cabeça e peguei uma garota me olhando de forma esquisita, sussurrando algo para a amiga e se afastando do local. Eu definitivamente estava ficando louco.
Encontrei com Dave minutos depois, entrei em seu carro e ele me cumprimentou com um sorriso e um ar de bom humor que ele raramente tinha quando eu lutava.
- Não sabe o quanto eu estou feliz. – Dave afirmou segundos depois de dar partida e seguir nosso caminho para a cidade vizinha, dei um meio sorriso e concordei animado.
- Vai ser bom para eu me distrair. – Completei e ele me encarou de forma rápida pelo canto do olho, suspirando em seguida.
- Por que você não deixa esse orgulho babaca de lado e vai atrás dela? – Dave perguntou, me fazendo engasgar com minha própria saliva e o encarei de forma séria.
- O que ela fez foi imperdoável. – Respondi com raiva, encarando a estrada em minha frente e Dave negou com a cabeça.
- Ela só estava com medo, ela foi ameaçada. – Dave retrucou em tom sério e eu encostei minha cabeça no vidro, respirando fundo – Você não omitiria para proteger sua família?
- Ela podia ter denunciado ele! – Exclamei com mais raiva que o normal, Dave manteve o olhar fixo na estrada e fez um movimento de negação com a cabeça.
- Você acha que a polícia ia protegê-la por dois anos? – Dave perguntou em tom sarcástico e eu abri a boca para respondê-lo – E se não desse certo? E se a confissão dela fosse dada como falsa e ele fosse atrás dela? – Dave continuou me provocando e eu fechei os olhos, respirando fundo – Você nunca teria conhecido ela.
- Talvez eu nunca devesse ter conhecido a . – Completei e Dave balançou a cabeça novamente, rindo em seguida.
- Se nunca devesse ter conhecido a linda garota, por que ela não sai de seus pensamentos então? – Dave perguntou e eu não respondi, dando aquele assunto como encerrado.
Compramos as coisas que faltavam em nossa academia, estava quase pronta. Finalmente as coisas estavam começando a melhorar, eu havia começado a sair novamente com Kimberly, apenas como amigos coloridos. Eu não queria me envolver com ninguém, só queria uma distração para não pensar em vinte e quatro horas por dia.

Capítulo Cinquenta e Um


Seis meses depois

Olhei uma última vez no espelho e arrumei minha gravata borboleta vermelha. Meu cabelo estava arrumado pela primeira vez em anos e eu usava um terno preto, respirei fundo antes de olhar para a porta que abriu lentamente, fazendo com que uma extremamente linda aparecesse.
- E então? – perguntou com um sorriso enorme no rosto – Estou linda?
- Você está maravilhosa. – Segurei em sua mão e a rodopiei, fazendo com que o seu vestido verde-água tomara que caia coberto com pedras rodopiasse – Não mais que a noiva.
- Droga. – murmurou escondendo um sorriso brincalhão nos lábios vermelhos, sua pele estava pálida e a cor de seu batom realçava sua beleza.
SIM, eu sou um irmão babão.
– Ela está fascinante, . – assumiu depois de alguns segundos ajeitando seus cachos castanhos e encarando o irmão – Ela voltou a ter aquele brilho que ela tinha antes do acidente.
- Se ele não fizer ela feliz, irei matá-lo. – Brinquei enquanto descíamos as escadas e demos de cara com um entediado na sala enquanto brincava de carrinho com Brian.
- Finalmente! – exclamou aliviado, se levantando e batendo no terno cinza em seguida – Você está linda, . – Ele se aproximou e pegou a mão dela, fazendo a descer os últimos degraus como uma princesa.
- Casal disney, estou com pressa e estamos super atrasados! – John exclamou saindo da cozinha com um copo de whiskey na mão – Estou nervoso, e eu não quero chegar depois da noiva.
O salão era enorme, era um dos melhores buffets da cidade e um dos mais caros também. Dinheiro não era problema para John e esse seria o presente dele para a minha mãe. O casamento seria apenas o civil, já que minha mãe já havia casado na igreja e ela queria respeitar o casamento com meu pai.
O altar estava improvisado e um tapete vermelho se estendia até onde ficaria o juiz, havia um padre também que daria a benção ao amor de ambos. Lírios, rosas e outros tipos de flores enfeitavam o caminho até o altar e do outro lado, a pista de dança já estava preparada para a hora da festa.
Cumprimentei alguns parentes que estavam presentes, fiquei contente em ver meus avós paternos ali também, felizes pelo casamento de minha mãe. Os tempos ruins haviam finalmente passado e infelizmente, haviam levado minha garota junto.
- Está na hora. – me avisou segundos depois após cumprimentar nossos avós rapidamente – Você vai entrar com ela, ok?
Caminhei com pressa, desviando de alguns convidados até parar em frente à limusine estacionada na porta da igreja, entrei na mesma e encontrei minha mãe com um sorriso nervoso. Ela usava um vestido bege simples com o cabelo preso em um coque bem feito, a maquiagem leve como de costume e um buquê de rosas vermelhas.
- Eu estou tão nervosa. – Minha mãe confessou quando me sentei ao seu lado e peguei em sua mão – Prometa que hoje você vai deixar tudo de ruim de lado, meu amor.
- Por que está dizendo isso, dona Emma? – Perguntei em tom sério, ela me encarou intensamente e eu me perdi em seus olhos azuis – Está bem, eu prometo.
- Eu quero que você seja feliz. – Ela disse me dando um abraço forte e eu retribui, confuso com suas palavras, batidas no vidro fizeram com que nos separássemos.
- Está na hora. – O motorista avisou em tom animado e minha mãe respirou com dificuldade, sai do carro e a dei a mão – Boa sorte, Emma.
- Obrigada, Christopher. – Ela respondeu animadamente e ele sorriu com a simpatia dela.
A música da bela e a fera começou a tocar, me fazendo rir baixo enquanto minha mãe sorria com a escolha de para a entrada de seu casamento. já havia entrado acompanhada por John, assim sucessivamente sendo seguida pelos padrinhos.
Respirei fundo, encarei meu braço entrelaçado ao de minha mãe que limpava uma lágrima teimosa que brincava em seu rosto.
- Vai borrar a maquiagem. – Avisei em tom brincalhão e ela riu nasalado, me olhando de forma reprovadora – Eu amo você.
As portas de madeira se abriram e os convidados nos encararam com sorrisos emocionados em seus rostos. Caminhei em passos lentos sorrindo para os convidados que mandavam beijos e sussurravam “lindos” a cada passo que dávamos. Minha mãe ao meu lado já não segurava mais suas lágrimas, ela aproximou o rosto de mim e sussurrou:
- Me desculpe por isto.
Quando olhei na primeira mesa, eu encarei aqueles olhos castanhos que me perturbavam todas as noites. estava ali, em minha frente, com um sorriso triste nos lábios e os cabelos presos em uma trança. Seu corpo estava moldado no vestido dourado brilhante que ela usava, ao seu lado, mantinha um sorriso cúmplice acompanhado do pai e da madrasta de . Bem, hoje é dia de deixar tudo de ruim de lado... Certo?

Capítulo Cinquenta e Dois


Meus pensamentos ficaram perdidos nela em toda a cerimônia, eu sentia o braço direito de entrelaçado ao meu enquanto ela soluçava baixinho a cada palavra dita entre minha mãe e John. me pegou olhando diversas vezes para ela e um sorriso brincava em seus lábios, seus cabelos haviam crescido e a pele estava mais bronzeada.
- Eu os declaro marido e mulher. – O padre disse em tom animado e sério, os noivos se encararam e sorriram involuntariamente ao mesmo tempo – Pode beijar a noiva. Pétalas vermelhas e brancas caíram em cima dos noivos, fazendo com que todos os convidados aplaudissem e gritassem animadamente.
Minha mãe e John vieram nos abraçar em seguida, retribuímos com força mostrando que apoiávamos o amor de ambos.
- Está feliz em vê-la? – Minha mãe perguntou enquanto me abraçava a sós e eu suspirei, levemente irritado com sua atitude – Por favor, querido. – Ela pediu em tom sério.
- Você pergunta apenas para ter certeza, certo? – Perguntei em resposta e ela sorriu confiante, me dando um beijo na testa e indo cumprimentar que estava dando pulinhos de alegria.
Os noivos se direcionaram à pista de dança e começaram a dançar a primeira valsa, animados, dando rodopios e beijos durante o percurso. tirou para dançar quando os convidados começaram a se direcionar para a pista de dança.
- Prepara o pé. – Avisei para que bufou de forma engraçada quando pegou na mão de e ele piscou para mim, enquanto caminhavam em direção à pista de dança.
Meus olhos a procuraram em meio à multidão ao redor e a encontrei sentada, seu olhar parecia perdido na pista de dança e um sorriso brincou em seus lábios vermelhos quando e brincaram com ela. O vestido dourado era longo e ela parecia uma princesa de tão linda que estava naquele dia.
- Eu autorizo você tirá-la para dançar. – A voz de Joseph invadiu meus pensamentos em sua filha e ele me ofereceu uma taça de vinho branco – Só aceitei vir até aqui porque eu quero vê-la feliz, e o único que pode fazer isso é você.
Dei um riso nervoso e ele deu alguns tapinhas nas minhas costas, se retirando em seguida. Respirei fundo quando uma música conhecida começou a tocar e eu senti como se aquela fosse a nossa música.
Sem pensar duas vezes, eu já estava atrás dela. Observando sua nuca e lembrando da maciez de sua pele, droga... Eu só não estava lembrando, eu estava sentindo.
A ponta de meus dedos brincaram na nuca dela e quando finalmente abriu seus olhos, minha mão estava estendida em sua frente de forma cavalheira e um sorriso surpreso brincou em seu rosto.
- Seria muita falta de respeito recusar uma dança com o filho da noiva. – Avisei em tom sério, fazendo com que um riso tímido saísse de sua boca – E eu não costumo ouvir um ‘não’.
mordeu o lábio de forma tentadora e seus dedos se entrelaçaram aos meus, ela se levantou e eu senti o perfume adocicado que saía de sua pele. Respirei fundo e a guiei para a pista de dança, sentindo os olhares esperançosos sobre nós.
Um passo para lá, um passo para cá no ritmo de Passenger fez com que soltasse uma risadinha sobre a situação que nos encontrávamos. Mil perguntas surgiam em minha cabeça, eu queria saber dela, por onde estava todo esse tempo, se ela ainda me amava... Se ela estava com alguém.
- Você é a luta mais complicada que eu já aceitei participar. – Sussurrei próximo ao ouvido dela, fazendo com que ela suspirasse e suas unhas brincassem em minha nuca, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar.
- Eram só noventa dias, . – respondeu no mesmo tom, seu toque fazendo com que eu perdesse o controle a cada segundo – Você que decidiu insistir.
- Todo vagabundo precisa da sua dama. – Retruquei em tom vitorioso, fazendo-a rir.
- I need to know, know now, can you love me again? – sussurrou em meu ouvido no ritmo da música, respire fundo e a puxei para mais perto.
- It’s unforgivable. I stole and burnt your soul, is that what demons do? – Continuei a música no ouvido dela, fazendo com que ela se arrepiasse, meus lábios desceram por seu pescoço e voltaram para sua orelha novamente – They role the worst of me, destroy everything, they bring down angels like you.
- Vamos sair daqui. – implorou em tom baixo e eu obedeci, a guiei para fora do salão até o jardim que havia do lado de fora do buffet – , me desculpa...
- Não estraga o momento. – Respondi com a boca próxima da dela, sentindo o ar quente que saía de sua boca com nossa aproximação – Eu não posso mais negar para mim, .
- Eu estava enlouquecendo longe de você. – Falamos juntos, um sorriso escapou de seus lábios e eu apoiei minha mão em seu rosto.
- Como ele sabia? – Perguntei em seguida e ela me olhou confusa – Que você seria a nora dele?
- Você merecia ser feliz, nem que eu fosse a sua felicidade. – Concluiu, me encarando de forma firme e eu sorri nervoso.
- Você é a minha felicidade, . – Disse em tom sério e ela suspirou – E não vou mais deixar a felicidade escapar de meus dedos. – Puxei seu rosto contra o meu e senti o gosto doce de sua boca, nossas línguas se encontraram e eu senti como se nada entre nós tivesse sido apagado com a distância e as mágoas.
Droga, eu havia lutado tanto por aquela garota. Eu sentia ódio dela por tudo que havia acontecido, mas havia algo maior que o ódio. O amor que eu sinto por ela é inexplicável, é doentio, é obsessivo... E de todos os defeitos, qualidades, explicações só resta uma resposta, é amor.
- Eu tenho uma proposta para fazer. – Sussurrei contra a boca de e ela soltou um riso fraco, me encarando com os nossos rostos colados.
- Adoro suas propostas. – confirmou enquanto entrelaçava nossos dedos e eu me arrepiava com o vento gelado naquela noite.
- Teremos noventa dias para fazer isso dar certo. – Sussurrei e ela sorriu de forma animada, acariciando meu rosto – E se der, você não poderá dizer não para meu próximo pedido. – me olhou com ternura e surpresa.
- Aceito sua proposta. – respondeu, dando um beijo rápido e me encarando com ternura – Agora, eu tenho uma para você.
- Qual a sua proposta? – Perguntei em tom sério, curioso e desesperado.
- Que tal estrearmos sua academia? – Sua sobrancelha se ergueu com a proposta – A sós?

Epílogo


Noventa dias (três meses) depois

- Quero agradecer a todos os presentes aqui neste dia muito importante para mim e para meu sócio, Dave. – Eu dizia animadamente para a plateia reunida em volta do ringue cheio de bexigas e faixas de inauguração – Por mais que os problemas apareçam em nossas vidas, temos nossos tropeços e alguns desses tropeços nos levam ao nosso futuro. Somos nós quem fazemos nosso destino, não ele quem nos faz. Às vezes, ele dá um empurrãozinho... – Olhei para que sorria ao lado de e , que cochichavam algo para minha mãe e John – Mas ele nunca erra. Queria agradecer ao Dave que apesar de inúmeras vezes eu quase não ter saído vivo, descobri o quanto lutar por algo vale a pena quando é a pessoa que você ama que está em jogo.
As pessoas aplaudiram me obrigando a fazer uma pequena pausa, sorri e encarei que mordia o lábio do jeito que eu era perdidamente apaixonado.
- E então, com a ajuda de meu sócio, Dave, eu pude realizar um sonho de poder transformar o desastre de algumas vidas de jovens em um motivo para lutar, mas não lutas que nos fazem serem monstros. Lutas que nos mostram que a vida é mais do que dinheiro e vingança, eu vou repassar os conhecimentos que meu pai me ensinou junto com a sensação de lutar, para que em nenhum momento, se percam como eu me perdi um dia.
- Bom, nosso querido garotão aqui tem um pedido para fazer. – Dave avisou em tom sério, fazendo todos permanecerem em silêncio – Boa sorte, cara.
- Noventa dias se passaram. – Meus olhos se encontraram com o de que escondia um sorriso nervoso no rosto – Gostaria que você viesse até aqui do meu lado. se espremeu entre a plateia e com a ajuda de Dave subiu até o ringue, ficando ao meu lado com o rosto levemente corado.
- Eu vou direto, porque eu não estou mais aguentando. – Todos riram emocionados, me ajoelhei em frente à minha garota que levou as mãos à boca - , você aceita se casar comigo?
- Mas é claro que eu aceito, meu lutador. – respondeu ajoelhada em minha frente e me roubando um beijo – Mas não é só você que tem uma surpresa.
enfiou a mão em seu casaco de lã e sorriu cúmplice para que nos olhava com o rosto vermelho. Em seus dedos finos e bronzeados, surgiu algo que fez com que meu coração fosse até minha boca.
- Teremos um segundo lutador em nossa família. – Ela me mostrou o par de sapatinhos azuis de lã em sua mão e eu gritei, pegando-a no colo e a beijando com vontade.
- Eu te amo.





FIM.

Nota da autora: 23/12/2014 Bom gente, foi difícil terminar a Noventa Dias porque eu me apeguei muito a ela. Uma mistura de duas histórias que mexeram muito comigo, enquanto escrevia pensei: Por que mantê-los separados? Por que não ter um final feliz? E ai está. Um final feliz e eu estou feliz por ter finalizado essa fic, minha primeira fic no site e não a última! Já avisando que estou com novas ideias e pretendo postá-las no site em breve! <3 Quero agradecer a todos que leram e comentaram, que me acompanharam desde o começo! Quero agradecer também a minha beta, Adriele, não poderia ter uma beta melhor! Um grande abraço, Letícia! E que venham mais lutadores e corredores em nossas vidas.

Nota da beta: Tenho um carinho tão grande por essa fic, e pela autora também haha!
Vou sentir muita falta desse casal lindo e maravilhoso que conquistou meu coração <3 Quero mais fics logo, tá Lê? <3

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