10 dias antes do mundo acabar


Autora: Teka | Beta: kaah.jones


(Flashback on - 2 anos atrás)
Rio de Janeiro realmente fazia jus à música "Rio 40 Graus". A sala de recepção, mesmo com seu ar condicionado ligado, estava abafada. Por Deus, eu estava quase desistindo da consulta e indo para a praia quando Julie, a recepcionista, me informou que o Dr. poderia me atender. Por um momento me senti insegura, confusa e até mesmo desconcertada, afinal, era minha primeira consulta com um ginicologista homem, mas então eu lembrei que ele era profissional, deveria ter aproximadamente quarenta ou cinquenta anos e estaria muito bem casado. Tomei um pouco de ar e segui pelo corredor, virando à direita e me deparando com um belo homem ao auge dos seus vinte e pouco anos com um belo sorriso me indicando a porta.
- Você deve ser a Srta. . - Ele checou o papel em suas mãos. - Entre, por favor, e deite-se na maca.
Bom, ele não aparentava ter cinquenta anos e muito menos estar, no mínimo, casado. Não haviam fotos em seu consultório que demonstrassem que ele estava com uma companheira que amasse, o que me deixava cada vez mais constrangida e, sinceramente, era muito difícil ter de fazer o que eu teria de fazer.
- Bom, srta. ...
- Só . - Sorri de um modo extremamente mal feito.
- Ok, Só , - ele ergueu os olhos e eu pude ver que estava sorrindo e, quando me dei conta, eu também estava sorrindo. Para que fique claro: completamente diferente do meu sorriso anterior. - esta é uma consulta de rotina, certo?
Acenei com a cabeça.
- Só mais uma pergunta antes de qualquer coisa: - ele fez uma pausa teatral, me fazendo rolar os olhos. - aceita sair comigo para... tomar um café, não sei, qualquer dia desses?
(Flashback off)

Às vezes nós encontramos pessoas maravilhosas nos momentos mais improváveis. Eu encontrei em uma consulta ginicológica e, por mais que nossas primeiras intenções fossem românticas, nós conseguimos desenvolver a "amizade perfeita". Bom, aos meus olhos era. Eu nunca havia encontrado alguém com quem eu pudesse me abrir de verdade como fiz com e, convenhamos, nenhuma outra pessoa me atenderia 4h da manhã tendo de ouvir uma decepcionada com os homens, alegando que desistiria para sempre de encontrar a alma gêmea, mas ele o fazia e foi por isso que, de alguma forma, eu me apaixonei por ele. Mas, ao contrário do que pensei quando deduzi que estava apaixonada pelo meu melhor amigo, eu não quero que nós fiquemos juntos e nem sofro por não ser recíproco. Eu simplesmente aproveito a companhia de , aproveito nossas conversas, nossas saídas, nossa amizade.

I (11 de dezembro)

Abri o quarto botão da camisa social a retirando por completa, finalmente. Abri a geladeira sentindo aquele bafo de ar gelado entrar em contato com a minha pele, me proporcionando o que eu queria: refrescância. Peguei a garrafa de água e, nojento ou não, tomei do gargalo verificando se havia algum sanduíche pré-aquecido para almoçar. Eu não fazia compras há um bom tempo, mas eu conseguia sobreviver com as sobras que existiam no armário e na geladeira. Comecei a descer a saia com as pernas quando a campanhia tocou.
- Eu não me importo que você me atenda de lingerie todas as vezes que eu vier aqui, . - sorriu maroto adentrando a sala. Me limitei a fazer um gesto obceno com as mãos. - Então, o que pretende fazer senhorita "supersticiosa"?
- , acho que você deveria começar a levar isso à sério. - Liguei a televisão pondo em um canal qualquer. - Mas, respondendo à sua pergunta, eu vou vender o apartamento. Não vou precisar dele quando o mundo acabar.
- Você realmente acredita nisso? - ergeu as sobrancelhas mostrando-me o quão desacreditado ele estava. - Ok, mas o que você vai fazer nesses de dias?
Levantei do sofá um pouco afobada e corri até o quarto procurando pela minha caixa dos desejos. Era algo infantil, concordo, mas muito significativo. Ali existiam sonhos desde quando eu ainda era criança e, alguns, eu havia conseguido realizar. Mas alguns outros, exatos dez sonhos, ainda estavam em aberto. Peguei a caixa e levei até a sala pondo-a na mesa de centro e voltando meu olhar para .
- Eu vou realizar meu sonhos. - Sorri. - Digo, os que ainda não consegui.
- Posso ver? - Assenti e então ele começou a ler as fichas. - Fazer uma tatuagem, colocar um piercing, voar de asa delta, tomar um porre, fazer uma dança sensual, dormir de conchinha com alguém que eu ame, beijar debaixo d'água, falar com a minha mãe, nadar nua. - riu dos meus desejos, os achou estranhos mas eu conseguia ver uma dúvida em seus olhos. - Onde está o décimo?
- Bom, é... eu... - A verdade é que meu último desejo é algo completamente estúpido e não poderia vê-lo nunca. Ele iria, no mínimo, achar que sou uma louca. - Eu não tenho.
Ele não se deu completamente por vencido, mas aceitou. Essa era uma qualidade infindável de : ele nunca pressionava. Juntei as fichas e guardei-as de volta na caixa, pronta para levá-las de volta para o quarto porém, antes que eu pudesse levantar, vi um sorriso sapeca se formar no rosto de e seu olhar alternar entre a caixa e meus olhos incessantemente até que eu conseguisse entender o que ele estava querendo dizer, ou mostrar, ou fazer. - , você...
- Vamos realizar seus sonhos! - Ele gritou como se pronunciasse algo divino. - , eu não acredito nessa besteira de que o mundo vai acabar, mas você acredita e merece realizar seus sonhos. Vai se vestir agora!
Lancei-lhe um olhar questionador, mas resolvi acatar seu conselho e fui me vestir. Eu sorria embora não estivesse convicta de que esse plano de realizar meus sonhos pudesse dar certo, mas me rendi. Como sempre, me rendi. Eu iria me divertir com tudo isso e, de certa forma, conseguiria ser feliz até meu último segundo de vida.

O trânsito estava inquestionavelmente parado e o calor estava insuportável mesmo com a brisa fresca que já não surtia mais efeito. Nem meus cantores favoritos conseguiam me distrair da minha revolta interior de quase duas horas parada não fazendo absolutamente nada que não escutando xingando alguns motoristas que businavam incessantemente atrás de nós.
- Quer saber? Chega. - Resmunguei indignada. - Chega , eu vou sair desse carro. Não aguento mais, ok?
Abri a porta do carro de forma nada passiva e comecei a andar pela calçada sem saber exatamente para onde eu estava indo. Eu estava irritada, estressada e com calor, mas isso parecia comum entre as pessoas que me esbarravam e me xingavam.
- . - chamou ofegante parando ao meu lado enquanto retomava fôlego de uma mera caminhada. - Vamos, a gente consegue ir andando.
- Onde está o seu carro?
- O seguro busca ele depois. - Ele piscou e sorriu.
colocou sua mão em minhas costas me guiando por aquele cardume de pessoas até um prédio baixo com uma porta de ferro que rangeu ensurdecedoramente quando a abrimos. Alguns lances de escada e então encontramos uma porta de vidro com um adesivo da "Carioca's Tattoo" com várias fotos das mais diversas tatuagens coladas como se fosse um mostruário. Eu queria algo pequeno, discreto, mas parecia não existir ali. chegou mais perto da porta procurando algo e, quando achou, sorriu e levantou a manga da blusa.
- Essa, - ele mostrou a tatuagem no ombro. - é essa - mostrou agora a tatuagem que estava na porta.
tinha um certo fascínio por sua tatuagem de Yin-yang.
- Ela significa o perfeito encaxe dos opostos. - me fitou de uma forma enigmática eu diria. - Vai, vamos fazer a sua. - Sorriu.
Clara, a tatuadora, era muito simpática e não tinha o perfil dessas pessoas que se tatuavam por prazer. Na verdade, ela não tinha nenhuma tatuagem exposta pelo shorts e pela camiseta. Ela me sugeriu tatuagens ousadas e em lugares ousados, mas acabei optando pelo clichê feminino: uma estrela na nuca. dizia que não iria doer, mas eu insitia que iria e, no final, eu estava certa. Uma coisa tão pequena me proporcionou uma das piores dores que eu já experimentei na vida mas era uma bela tatuagem. Discreta, mas eu diria até sexy.
- O primeiro já foi... - pigarreu. - Aliás, sua tatuagem é mais provocante que a minha.
- Você é um idiota! - Lhe dei um tapa provocando risadas de ambos.

II

businava freneticamente ao lado de fora da minha casa alegando que eu "estava demorando um século" para me arrumar o que, de fato, era uma mentira.
- Pronto, apressando. Já estou pronta, agora podemos ir.
Durante o caminho pude ver os enfeites de Natal já pronto nas casas, nas lojas e até mesmo na rua. Era realmente uma pena não podermos celebrar uma data tão especial como o Natal e, subitamente, me senti triste por não conseguir mais presenciar algo fantástico como essa data. As pessoas poderiam até não acreditar no fim do mundo, mas ele virá. De uma forma ou de outra, ele virá e não vai existir ninguém que possa o "controlar".
- , ainda falta muito? - Perguntei sentindo minha própria melancolia na voz.
- Tudo bem, ? - pousou uma de suas mãos no meu joelho fazendo um carinho suave.
Acenei com a cabeça e peguei na mão dele entrelaçando nossos dedos.

A farmácia estava abafada, assim como o restante da cidade. Bom, não era exatamente um piercing que eu iria aderir, mas muitas pessoas consideravam-o como um afinal eu já estava com vinte e cinco anos e esse modismo adolescente não é o que me agrada.
- Você já furou a orelha, então acho que não vá doer tanto. - Uma senhora me disse enquanto preparava a pistola. - A cartilagem superior é um pouco mais frágil e você pode sentir um incômodo além da dor, mas superficial.
Coloquei as mãos entre as pernas e comecei a me preparar psicológicamente para a dor. Eu era um tanto fraca para esse tipo de coisa. Pela visão periférica pude ver rindo do estado deplorável em que eu me encontrava: encolhida e fazendo gestos de dor antes mesmo que a senhora me alcançasse. Idiquei-lhe meu dedo médio e pude ver um espanto pela parte da senhora que se encaminhava com a pistola na minha direção.
- Está pronta? - Antes que eu respondesse, ela furou minha cartilagem. - Pronto! - Sorriu.
A dor realmente não era algo surreal, mas existia e só por existir já me incomodava. Mas esse era um desejo e existiam suas consequências, como dor no caso desses dois primeiros.
- Onde quer ir? - me perguntou assim que pusemos nossos pés fora da farmácia.
Observei a correria, o calor, a rua e então me veio o que eu já almeijava fazia tempos: praia. Puexei-o pela mão e fomos caminhando até a praia do Leblon. Eu não estava de biquíni, ele provavelmente não estava de sunga, mas só pensar em sentir a água gelada do mar nos pés eu não media esforços.
- , a praia está CHEIA! - observou o local. - Eu não vou tirar minha roupa aqui.
- Eu não disse que você iria precisar tirar a roupa. - Sorri de forma marota e o arrastei até a água.
Obviamente, atraimos a atenção de algumas pessoas por um momento, mas isso não fazia diferença. Nossas roupas já estavam ensopadas e eu pouco me importava com isso.
tentava me afogar como forma de "punição" por tê-lo jogado na água, mas na verdade era apenas uma brincadeira. E assim se realizou meu segundo sonho antes de tudo acabar.

III

O vento batia ferozmente no meu rosto provindo da velocidade em que o táxi dirigia. Ajeitei os óculos de sol no rosto e senti a tensão instalada no carro. tinha medo de altura e mesmo assim estava disposto a voar comigo, mesmo eu alegando não precisar. Puxei sua mão até o meu colo se senti-as molhadas de suor.
- Eu sinceramente não acredito que um homem de vinte e seis anos e 1,90m de altura tem medo de altura, . - Ele soltou uma risada acompanhando a minha. - Se não quiser ir, tudo bem, .
- , eu já disse que vou. Então eu vou. - Sorriu sacana para mim. - Eu só estou... apreensivo. Nada de mais.
Dei de ombros e voltei minha atenção novamente para a rua. O táxi estacionou em frente a uma trilha que nos levaria até o topo da Pedra Bonita.

A pedra, de fato, era pouco íngrime e relativamente curta, mas eu já estava ofegando. pelo contrário. Estonteante como um atleta, realizava a caminhada sem muitos esforços. Quando chegamos ao topo, pude ver toda a recompensa: o cenário do Rio. Tudo articuladamente planejado para que eu me encantasse e aplaudisse quando as cortinas se fechassem. Este era o cenário que eu gostaria de poder observar da minha janela todos os dias e nunca me cansaria.
- Eu poderia morar aqui. - Sibilei e vi que concordou.
- Então, prontos para começar o treino e voarem pelo Rio? - Um homem com um colete surgiu atrás de nós causando-me um leve susto e logo após, acenos.
O treinamento era fácil considerando o que teríamos de fazer. estava mais animado, mas eu conseguia ver seu medo transbordar de seus olhos quando ele fitava a altura em que estávamos. Dois rapazes preparavam a asa delta em que eu iria voar e a que iria. O treinador começou a nos "equipar" e logo depois nos posicionamos. Corremos e... voamos! A melhor sensação que eu já havia experimentado na vida.
Eu senti o céu em mim, pude ver o Rio de cima e a vista era a coisa mais bela que eu já vira na vida. Abri as braços como se eu realmente estivesse dominando minhas "asas" e voando por conta própria e, cada vez que o chão ficava mais próximo, eu sentia meu coração dar solavancos. Nós saltamos e então eu senti como se eu tivesse vivenciado a coisa mais mágica da minha vida. Era algo... inimaginável. Só quem realiza sabe o que sente e é a sensação mais maravilhosa você poder voar, sentir o vento no rosto.
pousou ao meu lado e eu pude ver em seus olhos que ele estava confuso ao que sentia. Parecia ter medo ao mesmo tempo em que parecia estar maravilhado com o que havia vivido. Sorriu pra mim e então eu sorri pra ele tentando demonstrar o quanto aquilo havia sido importante pra mim e o quanto eu estava agradecida por ele estar fazendo tudo aquilo comigo.
- Mais um. - Ele disse quando já estávamos no táxi novamente.
- Mais um... - Sorri.

IV

Até os meus vinte e três anos morei com meus pais mas quando completei vinte e quatro decidi que estava na hora de me tornar realmente uma mulher adulta. Por viver tanto tempo com tantas regras no estilo bem clássico do tipo "não volte muito tarde" ou "não beba muito", eu simplesmente não vivi o que os outros viveram. Nunca tive uma ressaca porque nunca bebi mais de dois copos de cerveja. Esse era meu máximo e eu já começava a ficar um pouco tonta, como se realmente dois copos de cerveja pudessem me embriagar. Eu já havia visto meus amigos, até mesmo que parecia politicamente correto quanto à isso, de ressaca. Não parecia ser algo agradável, mas eu gostaria de poder experimentar pelo menos uma vez o que era beber até não conseguir mais.
- Você está pronta? - me perguntou quando chegamos em frente à "Boate I'ts". - Você vai fazer sua dança sensual, - ele riu. - e vai conseguir tomar um porre. A consequência de um vai gerar o outro.
- Como vou lembrar de fazer a dança se eu estiver bêbada? Isso não faz sentido...
- Eu vou fazer você dançar. - Ele olhou nos meus olhos a fundo e se não fosse por toda aquela multidão, música extremamente alta e meu bom senso, eu o teria beijado. - Agora, por favor, vamos entrar!
A boate pertencia à um antigo amigo de faculdade do e, por isso, conseguimos entrar assim que chegamos. Para ser sincera eu estava odiando a ideia daquela música fazer meu coração palpitar, ou das pessoas, acidantalmente ou não, se esfregarem em mim e vez ou outra uma bebida cair na minha roupa. Isso tudo estava terrivelmente irritante e se não fosse por me lavando até a pista de dança do segundo andar, que estava mais vazio, eu teria saído de lá.
- Quer começar com algo mais leve? - Ele perguntou já fazendo seu pedido ao barman.
- Uma tequila para mim. - Pedi olhando sugestivamente para . - Eu tenho vinte e cinco anos, se você não sabe.
Ele riu de um modo que eu julguei ser irônico e o barman nos entregou nossas bebidas. Para a minha surpresa, bebia vodca com uma gelatina criando aquela ilusão de que, realemente, era algo gostoso. Não era uma cominação confiável, mas aí vamos nós...
- Arriba! Abajo! Adelante y adentro! - Estilei fazendo rir.
Minha garganta queimava, ardia mas, de alguma forma, era bom. Pedi outra dose e me acompanhou, seguida de outra, outra e outras. Quando dei por mim, eu já havia bebido mais de quinze doses. Pelo menos foi o que consegui contar com a minha visão turva me dando a sensação de que tudo estava em dobro por ali. Uma música com batidas eletrônicas começou a tocar e então eu me senti inquieta, agitada. Eu precisava dançar! Mesmo tropeçando nos meus próprios pés algumas vezes e rindo descontroladamente por isso, consegui chegar até o que eu imaginei ser o centro da pista de dança e me joguei. Dancei até minhas pernas cansarem, mas minha energia ainda estava a todo vapor. Eu não estava no ritmo da música, mas eu estava rindo e dançando, e eu fazia isso do jeito que me fosse apropriado!
Começou a tocar Push Up On Me* e então eu senti meu coração palpitar. Não por causa da música ou da bebida e sim pelo que eu estava prestes a fazer. Encontrei e fitei-o, começando a fazer movimentos simples com o quadril. Virei na boca o copo de tequila que estava na mão sentindo a garganta arder novamente e esse foi o gás para que eu realmente começasse a fazer o meu show. Soltei-me de uma possível timidez e comecei a dançar o mais sensual que eu conseguia. Movimentava o quadril, os braços, a cabeça sem quebrar o contato visual com . Eu queria o hipinotizar, fazê-lo querer estar comigo. É óbvio que eu estava bêbada! Em circunstâncias sãs eu nunca nem teria ido até aquela pista, mas lá estava eu, dançando, rebolando e só Deus sabe o que as pessoas estavam vendo. Quando a música terminou, tudo escureceu e eu não consegui mais enxergar nada.

Abri os olhos sentindo, assim que o fiz, minha cabeça latejar. Levei instantâneamente a mão até ela e levantei só percebendo neste momento que eu não estava na minha casa. Eu reconhecia aquele lugar, mas ainda não conseguia raciocinar o suficiente para identificá-la. Pude perceber, só quando entrei no banheiro e vi meu reflexo deplorável no espelho, que a roupa também não era minha. Aliás, não era nem feminina. Um pânico tomou conta de mim porque eu não sabia explicar o que aquela peça de roupa fazia em mim ou o que eu fazia naquele quarto. Então eu senti um cheiro familiar, um cheiro que eu conhecia e só aí consegui suspirar aliviada. Eu estava na casa do .
Senti um embrulho no estômago e a ânsia veio tão rapidamente que eu mal tive tempo para chegar no vaso sanitário. Vomitei, ou melhor, sujei o banheiro de . Ele provavelmente ficaria irritado, mas eu estava de ressaca. Finalmente uma ressaca! Outro embrulho e novamente vomitei. A dor na minha cabeça parecia ter virado uma pressão que a esmagava sem piedade e eu precisava apenas de uma aspirina e algum calmante para dormir. Me arrastei até a cozinha e parecia estar no mesmo estado que eu: deplorável. Porém ele ainda estava um pouco melhor. Suas olheiras não estavam fundas como as minhas e ele até parecia estar de bom humor, afinal, estava fazendo o café da manhã.
- Bom dia . - Sua voz rouca me causou, inocentemente, arrepios. - Acho que você conseguiu realizar mais dois desejos.
- Hm... pois é. - Me sentei na bancada. - Tem algum remédio por aqui? Ou será que o senhor "sou o bonzão na bebida" acabou com todos? - Nós soltamos uma risada fraca.
me jogou uma cestinha com umas quinhentas aspirinas de sabores, tipos e tamanhos diferentes. Isso me lembrava a lata de camisinhas da Emma no livro Um Dia. Enquanto minha sobriedade voltava, eu me lembrava da noite anterior. Certo, não dela completa mas da maioria. Lembrei da dança e de como eu dançava, desejando que, por Deus, Dan não lembrasse de nada que fiz na noite anterior.

Eu considero essa música bem sensual, mas se você não conseguir imaginar sua principal dançando essa música, imagine outra.*

V

- Você tem um acervo de remédios para pós-ressaca. - Mexi em todos aquele sachês coloridos. - Eu não te vejo com tanta ressaca assim.
- , - ele falou em seu tom debochado. - você é tão ingênua quanto uma garota de quinze anos.
Semicerrei os olhos para querendo o fuzilar. Eu não era ingênua, só não via necessidade para tantas aspirinas se eu quase não o via de ressaca. Era um caso de lógica, não de ingenuidade.
- Então, qual é o desejo de hoje? - Ele perguntou de costas para mim fritando os ovos. - ?
- Dormir de conchinha com alguém que eu ame. - Despejei de uma vez sentindo minhas bochechas aderirem um fervor conhecido. - Mas se não quiser, tudo bem. Eu encontro algum garoto de programa por aí...
Ouvi sua risada. A risada mais maravilhosa e contagiante do mundo.
- Eu vou fazer esse esforço, por mais que seja um desejo inválido.
- Desejo inválido...?
- É... você sabe. Era para ser com alguém uma "pessoa que você ame".
Então um silêncio terrível se instalou entre nós e, por um momento, pensei que ele fosse desistir. Porém era mesmo alguém fascinante. Virou-se com os ovos já em um prato, pães e uma jarra de suco. Deu-me um leve tapa na coxa para que eu saísse da bancada e afastou qualquer possibilidade de tensão entre nós.
- Obrigada, .
- Eu sei que cozinho bem. - Estufou o peito de forma presunçosa.
- Você sabe que eu não estou falando disso... - ergui as sobrancelhas. - Não sabe?
- É claro que eu sei, . - Falou em seu tom mais óbvio e cansado.
Eu ri já ouvindo meu estômago reclamar. Me servi com tudo o que estava ao meu alcance sentindo, aos poucos, minha dor de cabeça começava a virar lembrança.

Passamos o dia assistindo filmes, séries, comendo pipoca, tomando algumas poucas cervejas até que eu senti meu corpo ficando mais cansado e meus olhos querendo fechar. Quando a noite foi caindo, meu sono começou a me entregar.
- , eu estou com sono... - bocejei.
- Vem, vamos para a cama. - Ele sorriu malicioso e eu lhe taquei uma almofada.
A casa de fazia jus à um ginecologista. Digo, ele ganhava bem. Tudo era tão bem decorado que, por vezes, eu me perguntava se ele mesmo havia escolhido os móveis, as cores e o lugar onde deveriam ficar. Não, ele não tinha uma mansão, não era nem de longe algo perto disso, mas era uma casa bem planejada, aconchegante e sofisticada. Eu gostava de ficar nela, aproveitar os prazeres da casa.
- Conversa comigo e, - me ajeitei na cama. - quando você ouvir barulhos suspeitos é porque eu já estou dormindo.
Ele acenou e deitou ao meu lado, passando um braço pela minha cintura e entrelaando nossas pernas. Iniciou um carinho gostoso na minha barriga e, querendo ou não, todo o meu corpo se arrepiou com isso.
- Então, , por quê você acredita que o mundo vai acabar? - Ele sussurrou acima da minha cabeça.
- O povo Maia era muito inteligente, e... - fechei os olhos. - não acho que eles errariam algo tão importante. Se fosse insignificante, por quê eles iriam registrar?
Puxei seu braço para que me abraçasse mais. Eu estava me sentindo segura e era ali que eu queria estar, independente do que pudesse significar mais tarde. era meu porto seguro, meu melhor amigo e questiono-me se também irmão e "alma gêmea". Eu estava protegida com ele, mas não sabia do que exatamente.

Os raios solares travessavam minhas pálpebras e, de má vontade, abri os olhos. Olhei vagarosamente cada milímetro do quarto, mas não estava mais ali. A porta do banheiro estava entreaberta e segundos depois ele saiu de lá vestindo apenas um sorriso e um calção no estilo surfista. Certo, quatro dias.
- Eu estou sem biquíni. - Falei, a voz ainda um pouco grogue de sono.
- Tinha um aqui em casa. - Ele me jogou duas peças brancas. - Vê se ainda serve.
Levantei com o biquíni na mão e me dera passagem para o banheiro. Olhei-me no espelho e, antes de qualquer coisa, prendi meu cabelo e escovei meus dentes. Vesti o biquíni e saí de lá sem encontrar nada. Fui até a sacada e lá estava , na piscina. Ele parecia tenso mas, dadas as circunstâncias, até eu estava. Respirei fundo e fui de encontro com ele, sentando na borda da piscina e pigarreando para que ele percebesse que eu estava ali.
- Não vai entrar? - Ele sorriu e se aproximava. - Acho que a água é fundamental...
Sorri, mesmo rolando os olhos, e joguei um pouco de água em seu rosto. Aos poucos fui entrando na piscina até sentir a água em meus ombros e terrivelmente próximo de mim, me encarando com seus olhos brilhantes e a boca mais rosada que o natural.
- Você está pronta? - Ele circundou minha cintura com seus braços e aproximou nossos corpos.
Acenei com a cabeça confirmando e, lentamente, nos aproximamos até que nossos lábios se escostaram e um choque percorreu meu corpo, e só quando nosssas línguas se encontraram me periti rodear seu pescoço e fazer um carinho em sua nuca. foi submergindo lentamente e, então, era meu primeiro beijo embaixo d'água e, com certeza, o melhor beijo da minha vida. puxou-me para si até que minhas pernas estivessem envoltas em seu quadril e assim emergimos. Só quando o ar realmente me faltava eu separei nossos lábios, sugando de qualquer modo oxigênio para meus pulmões.
- Nada mal para uma principiante. - riu e eu me vi obrigada a acompanhá-lo.
- Hm... acho melhor eu ir para casa. - Fui até a escada da piscina e procurei por uma toalha. - Sabe, eu ainda tenho que... você sabe, falar com a minha mãe.
concordou e saiu da piscina também, porém ele entrou na casa. Fui até ele e o abracei tentando mostrar toda a minha ternura e todo o meu carinho por ele.
- Depois eu volto. - Sorri. - Se prepara...
Antes de sair ouvi a risada de e, subitamente, me senti mais feliz.

VI

O motorista me esperava sair, mas eu simplesmente não conseguia o fazer. Ver minha mãe morrendo era mais doloroso do que qualquer outra coisa no mundo e eu não estava preparada para isso. É como um clichê: sua mãe descobre que tem um câncer e você se afasta.
- Hm... obrigada. - Tirei da bolsa mina carteira e lhe entreguei alguns, muitos, reais.
A fachada da casa estava intacta. As plantas no mesmo lugar, a tinta descascando em alguns pontos, a cadeira de balanço na varanda... Parecia que eu estava vendo toda a minha vida passando pelos meus olhos. Um sentimento de melancolia inundou meu íntimo. Não só melancolia, mas também uma angústia. Por um momento pensei em não entrar, fingir que não estive ali. Mas então uma senhora com um lenço na cabeça escondendo a ausência de cabelos apareceu e, quando me viu, quase deixou sua xícara de café cair. Eu esperava algo relacionado a isso, só não esperava ver a minha "coroa" tão... diferente. Sua pele parecia mais pálida, as olheiras mais fundas e escuras que um ano antes e o sorriso mais sombrio do que eu me lembrava. Ao concluir tais fatos, lembrei o motivo da minha ausência: eu não estava preparada para ver minha mãe morrer.

- Então, , o que te traz aqui? - Sua voz fraca me despertou do transe em que eu me encontrava desde que pisei naquela casa. - Só esperava te encontrar no meu velório...
- Seu humor me encanta. - Virei minha cabeça na cadeira a encarando. - O mundo irá acabar e você não esperava por uma visita minha? Mãe, eu... Eu não sou tão ruim quanto você pensa que sou.
Ela riu, embora seus pulmões chiassem, e movimentou-se na sua cadeira fazendo com que, delicadamente, sua mão chegasse até a minha. Estava frágil, enrugada... Não parecia a mulher que eu mais me inspirei quando mais jovem. Bom, ela não era mais aquela mulher há tempos.
- Eu amo você, mãe. - Sussurrei sentindo minha voz falhar e uma ardência nos olhos. - Muito.
- Eu amo você também, querida. - Gentilmente apertou minha mão.
Eu poderia estar em mil lugares, com mil pessoas, mas eu preferia estar ali, com ela. Senti-la pela última vez, vê-la mesmo que completamente diferente do ideal. Eu amava minha mãe e ela era e sempre seria meu exemplo. O exemplo de mulher guerreira, batalhadora. O exemplo de mulher que, um dia, eu sonhava em ser.

VII

Às vezes, o que precisamos, é o que menos queremos. Digo isso por experiência própria. Eu preferiria qualquer coisa a ter de visitar minha mãe e passar um dia com ela conversando, cuidando e mimando. Coisas de filha. Mas quando percebi que era exatamente isso o que eu estava fazendo, não me pareceu tão ruim. Pelo contrário. Me pareceu bom, edificante até. Ela não estava em seu melhor estado, físico e psicológico, mas sempre procurava me dar conselhos em determinados momentos. Na verdade passamos quase um dia inteiro falando sobre os meus sonhos não realizados que, com a ajuda de , eu estava realizando ao longo dos dias. Me fez bem conversar com ela, expor minha opinião sabendo que ela iria respeitar e, no final do dia quando ela me falou "acho que você é apaixonada por ele", eu simplesmente entrei em estado de choque. Parecia tão... errado me aproveitar de . Digo, ele estava me ajudando e em troca eu queria que ele me desse um beijo? Uma noite de amor? Não, eu não pediria nada disso à ele. Na verdade eu estava cogitando não realizar meu último desejo.
- Tem alguém te esperando. - Minha mãe sorriu sugestivamente. - E esse alguém não sou eu. Você sabe disso, mocinha.
Voltei para o Leblon com um pesar no peito. Eu me sentia terrível embora não visse um motivo aparente para tal. Já havia concluído que eu estava, de alguma forma, me aproveitando do meu melhor amigo. "Beijar debaixo d'água"? Isso não parecia certo. Se eu realizasse meus dois últimos desejos era bem provável que o mundo acabasse sem que minha amizade com se mantivesse intacta. Olhar o céu, o mar, as pessoas não estavam me ajudando a raciocinar. Eu estava indo, sim, até a casa de Dan mas não queria que fizéssemos nada. Faltavam dois dias. Apenas dois dias. Eu amava , isso era inegável, mas eu não estava disposta a deixar que tudo acabasse com uma incógnita entre nós.
Aquele tom amarelado bem familiar me acordou. Do lado de fora, através das janelas enormes de vidro, eu conseguia vê-lo passeando pela casa como se estivesse ansioso por algo. Fiz o caminho de pedras e quando eu imaginei tocar a campainha, a porta já estava sendo aberta. tinha um sorriso lindo no rosto embora estivesse, de fato, ansioso e apreensivo.
- E então? Como foi? - Ele tocou de leve em meu cotovelo me adentrando em sua casa.

Uma longa história. Era exatamente isso que resumiu minha tarde com e, quando pareci me dar conta, o céu já estava escuro e estrelado. É, era hora de voltar para casa. Se eu tivesse uma casa, claro. Nesse meio tempo a imobiliária me ligou comunicando que meu apartamento já havia sido vendido e o dinheiro seria depositado na minha conta. "Quem é que quer comprar uma casa nas vésperas do Fim do Mundo?" foi exatamente isso que se passou na minha cabeça ao tentar compreender aquela situação. Eu teria ligado para Pamela e perguntar se eu poderia dormir na casa dela se não houvesse pedido para que eu passasse aquela noite na casa dele. Quartos e camas diferentes, estas foram as regras que nós "impomos".
- Você já sabe onde ficam os lençóis. - Ele deu de ombros. - Boa noite, .
Fiz um gesto com as mãos e fechei a porta realmente indo pegar os lençóis, embora estivesse um calor dos infernos, e indo me deitar. E a última coisa que pensei antes de dormir foi o quanto eu desejava que estivesse dormindo de conchinha comigo naquele momento...

Então era vinte de dezembro. Apenas mais um dia e, bom... tudo estaria acabado. Eu não estava alegre, nem triste. Meu estado de espírito estava brando e meu emocional controlado. A manhã se arrastou, assim como o início da tarde e, quando completaram 16h da tarde, tudo começou a ficar... estranho. parecia inquieto andando de um lado à outro em sua casa arrumando atividades e quando anunciei que seria melhor eu ir para casa, ele me convenceu a ficar. Na verdade, ele não estava em seu estado normal.
- , o que está acontecendo? - Ele se virou para mim, seu rosto num misto de emoções.
- , eu queria te pedir uma coisa. - Ele pegou minha mão e me puxou até o lado de fora da casa em frente à piscina. - Você já realizou a maioria dos seus desejos antes do mundo acabar, - ele rolou os olhos. - e por mais que eu ache estranho você não querer realizar os dois últimos, eu gostaria que você me ajudasse com os meus.
Então também tinha sonhos antes que o mundo acabasse? Interessante...
- O que você deseja, ? - Pousei as mãos na cintura.
Ele me pareceu mais inquieto, tenso. não era assim. Ele era extrovertido por natureza e não gostava de que se instalasse uma tensão como estava acontecendo. Ele era o típico "amigo para tudo e para todos".
- Eu quero nadar nu. - Observei suas bochechas adquirirem um tom mais avermelhado e ri de toda a sua vergonha.
- Então é isso? - Ele fez que sim. - Ah, , não tem nenhum problema. - Uma mentira, mas como ele me ajudou tanto... - Bom, você quer nadar nu comigo? - Ele fez que sim outra vez e, embora eu parecesse bem a vontade com a ideia, eu estava nervosa com a possibilidade de vê-lo nu, e que ele me visse também. Eu tentei evitar, mas me ajudara tanto e eu simplesmente não tinha feito nada por ele nesses últimos dias além de atormentá-lo com meus desejos medonhos. - Então vamos. Mas, por favor, não quero que você me observe me despir.
- Eu digo o mesmo, senhora Mandona. - Lhe mostrei a língua e ele riu. - Certo...
Viramos ambos ao mesmo tempo e começamos a retirar nossas roupas. Era estranho, concordo, mas eu me sentia em débito com . Ele me ajudara e, mesmo que acontecesse algo, nada mais existiria em oito horas. Não que eu fosse realmente deixar alguma coisa acontecer, mas, bom. Quando terminei, cobri meus seios com um braço e minha virilha com o outro. Era algo desconfortável, realmente. Virei-me esperando que se virasse também ao mesmo tempo, mas ele ainda estava de costas. Assim pude observar cada traço que ele tinha. Ele era lindo em todos os aspectos da palavra; desde suas pintas até as entradas em suas costas seguida de seus glúteos, pernas torneadas... era um homem abençoado pela beleza.
- Você está pronta? - Ele perguntou soltando uma risada irônica logo após. - Esse era o seu desejo também. Acho que eu realmente sou um ótimo amigo.
- Por que você está usando o seu desejo para realizar o meu? - Teria levado um dedo ao queixo como se pensasse, mas não o fiz. - Talvez, .
Fechei os olhos e soltei meus braços deixando meu corpo liberto e pulei na piscina após ouvir o baque de contra a água. Assim que submergi, encarei os olhos castanhos de me fitando da mesma forma que eu os fitava. Eu não saberia ao certo o que eu estava sentindo, mas era bom. Muito bom. Mergulhei novamente arrumando o cabelo como toda mulher faz e submergi novamente e ele continuava a me fitar. O dia já estava se tornando noite e, aos poucos, o céu escurecia dificultando nossa visão.
- Então isso que é nadar nu... - Ele comentou suspirando. - Não estou sentindo nada de muito diferente. - Nós rimos. - Mas confesso que sentir a água em todas - frisou a última palavra. - do meu corpo é uma sensação legal.
- Acho que não precisamos divir tudo um com o outro. - Fiz uma pequena careta. - Então... o que vamos fazer?
- O que você quer fazer? - Ele passou as mãos pelos cabelos num claro gesto de nervosismo. - Quer jogar algum jogo? Marco Polo?
Dei de ombros e preferiu ficar com o "pique". Rodei-o até que achar que ele estava tonto o suficiente e sai sorrateiramente de perto dele. gritava "Marco" e eu respondia "Polo" o mais baixo possível. Ele ria e, sinceramente, sua audição era magnífica. Eu nadava enquanto ria escapando dele que sempre socava a água. Tentei, sem fazer qualquer barulho, sair da piscina e ficar em sua borda. pareceu não perceber mas quando ele gritou "Marco" e eu respondi "Polo", senti suas mãos me agarrarem a cintura e me puxarem para dentro d'água. Ainda emergida, eu ria soltando bolhas enquanto observava rir igualmente também embaixo d'água. E eu estava tão entrertida que só lembrei que estávamos nus quando submergimos e estava mais próximo que o recomendável.
- Acho que já está na hora de realizar meu último desejo. - Ele sussurrou a água caíndo pelo seu rosto e fazendo um caminho até se encontrar com a água da piscina. - , meu último desejo é que...
E antes que eu pudesse ouvi-lo terminar de me dizer, ele me puxou para um beijo ávido. Suas mãos se postaram em minha cintura e não hesitei em levar as minhas até seu pescoço e corresponder ao seu beijo na mesma intessidade que ele aplicava. aproximou nossos corpos e quando o senti contra mim, pele com pele, um arrepio me percorreu a espinha. Tudo o que eu havia dito e pensado anteriormente? Esqueci no mesmo momento em que ele afastou meu cabelo molhado e encontrou minha tatuagem dando beijos na região.
- Quando eu disse que essa tatuagem era provocante, - ele disse sua voz sedutoramente rouca. - eu não estava brincando.
Puxei seus cabelos sem me importar na dor que eu estaria causando. estava me proporcionando uma sensação longe de dor e foi nessa transição entre beijos e algumas mordidas no pescoço que chegamos até o seu quarto e lá, eu pelo menos, tive a melhor noite da minha vida.
Todos os meus desejos haviam sido realizados.

Os raios solares atravessam a cortina iluminando drasticamente o quarto em que nós estamos. Abro os olhos me acostumando com a claridade e assimilo o que está a minha volta. está com um lençol cobrindo parte do seu corpo mas eu posso facilmente vê-lo nu como na noite passada. Sorrio com esse pensamente e levo minha mão até suas costas analisando os arranhões que lhe proporcionei. Parece justo quando noto algumas marcas roxas na minha barriga, braços e pernas. Amarro o cabelo em um coque frouxo e iria me levantar se algo não tivesse me atingido como bala: hoje era dia vinte e um de dezembro. Sorrio novamente com a conclusão de que eu estava errada o tempo todo. acorda e demora um tempo até assimilar também o que eu assimilara um tempo atrás.
- Bom dia, amor. - Ele fala e me dá um beijo seguindo logo após para o banheiro.

Fim...


N/B: Heey :) espero que gostem da fiic ;; qualquer errinho já sabem -> /kaah.jones/ xx.

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