1, 2, 3, 4... I love You
História por Lary P. Oliveira | Revisão por Larys


- Eu te amo. – disse ela, com um sorriso tímido brincando nos lábios, enquanto as bochechas ficavam levemente rosadas. Quando aquelas palavras penetraram meu cérebro eu percebi a merda em que eu tinha acabado de me meter. Em dois anos eu nunca tinha dito as três palavras pra ela, embora ela já tenha dito algumas vezes. Mas não era que eu não sentisse o mesmo por ela. Só não saía, eu não conseguia... dizer.
- Ern... obrigado – tentei retribuir o sorriso, mas não consegui ao ver o dela vacilar sob as minhas palavras.
- De nada, bufou e se afastou de mim, ficando de costas com os braços cruzados.
- , não faz isso, desculpa, você sabe que não é fácil pra eu dizer isso. – a abracei por trás, beijando seu pescoço, mas embora seus pêlos tenham se arrepiado ela se afastou novamente.
- Chega, , chega de desculpas. – ela se virou e eu pude ver uma lágrima se formando em seus olhos. Eu era um merda mesmo, por não conseguir dizer isso até hoje e fazê-la chorar logo no nosso aniversário de dois anos.
- Eu já te dei muito tempo, nunca te pressionei, mas eu não aguento mais. E não adianta vir com essa de dificuldade, se você sentisse o mesmo por mim não teria problema nenhum em dizer.
Terminando de dizer isso, ela foi até a mesa de jantar, que ainda estava com os restos do jantar maravilhoso que havíamos tido alguns minutos atrás, pegou sua bolsa, passou por mim sem nem ao menos me olhar e saiu, batendo a porta do apartamento.

- É, cara, você é um merda. – falou , dando tapinhas nas minhas costas.
- Valeu, nem tinha percebido isso. – ele riu e se jogou no sofá ao meu lado. – faz três dias que ela não atende a nenhuma das minhas ligações, não responde as minhas mensagens e eu nunca acho ela em casa.
- Porque é óbvio que ela não quer falar com você.
- Isso eu também não tinha percebido. – dessa vez eu me juntei à risada dele, embora não estivesse com humor pra isso.
- Eu te entendo. Você realmente a ama.
- Por que você acha isso?
- Porque eu já passei por isso. – ele rolou os olhos e eu esperei que continuasse. – foi a única garota que eu realmente achei que amava e eu não sabia como dizer isso. É muito mais fácil dizer ‘eu te amo’ pra uma garota que a gente só quer pegar do que pra que a gente realmente gosta.
- Exatamente. – eu o olhei com os olhos arregalados – Eu... eu sei que eu sou completamente louco pela , mas... pra mim é uma coisa que não pode ser dita de qualquer jeito, tem que ter o jeito certo, mas parece que esse jeito não existe. - Afundei o rosto nas mãos e levei mais alguns tapinhas de nas costas.
- Claro que tem um jeito, , você só precisa pensar. Não precisa ser apenas com palavras, sei lá... vê alguma coisa em que você é bom e tenta transmitir o que você sente através disso.
Fiquei calado, pensando... e uma luz de acendeu na minha mente.

- , só faz ela vir, ela tem que vir! – eu praticamente gritava no celular.
- Calma, cara, ela foi se arrumar. Eu tive que chamar a e a também, só assim ela concordou em ir.
- Tudo bem. E você tem que vir logo, vai ser daqui a meia hora. – eu andava de um lado pro outro, atraindo olhares curiosos das pessoas à minha volta, mas o meu nervosismo era muito maior do que qualquer coisa.
- Relaxa, vai dar tudo certo, nem que eu tenha que levar a amarrada.
- Vai me levar amarrada onde, ? – ouvi a voz da perguntar ao fundo, parecendo bem irritada – Erm... cara, tenho que ir, já sabe. Até mais. – falou , encerrando a ligação.
Sem forças pra rir, apenas abri um sorriso. Guardei o celular no bolso e encarei o pub cheio. Respirei fundo e fui até os fundos do lugar em um minúsculo quarto onde se guardavam os instrumentos. Peguei meu violão e sentei em uma cadeira, checando a afinação das cordas.
Nem vi o tempo passar quando a dona do pub veio me avisar que faltava apenas cinco minutos pra minha apresentação. Dei a última passada na música, tentando ao máximo fazer aquele nervosismo passar. Respirei fundo algumas vezes, peguei o violão, algumas paletas extras e subi a curta escada que dava para o “palco”. Automaticamente meu olhar percorreu sobre a plateia. Sentia o olhar das pessoas sobre mim, mas primeiro eu tinha que checar. Meu estômago afundou e um nó se formou na minha garganta. Ela ainda não tinha chegado, não havia nenhum sinal dela, nem das outras meninas nem do .
Era isso... ela não iria aparecer, todo meu plano foi por água abaixo, assim como minhas esperanças de tê-la de volta.

’s POV

- , dá pra andar logo? – berrou , uns cinco quilômetros na minha frente. Eu ia me arrastando, confesso, mas eles não podiam reclamar, eu falei que não queria vir. Nem o direito de escolher minha própria roupa eu tive, elas praticamente me vestiram a força quando eu peguei o primeiro moletom que vi no armário.
- Deixa eu pelo menos andar na velocidade que eu quiser, já que eu não pude escolher ficar em casa? – bufei, vendo o olhar de , e em cima de mim. Andei mais rápido, de modo a acompanha-los. – dá pra alguém pelo menos me dizer por que tanta questão de eu ir nesse pub?
- Vai ter uma apresentação legal e nós, como melhores amigos que alguém pode ter, queremos que você curta com a gente. – falou , como se estivesse me contando que dois mais dois são quatro.
- Mas vocês já pararam pra pensar só por um segundinho que eu não queria ver apresentação nenhuma?
- Não, não passou e nem vai passar, porque você vai e ponto. Aliás, já estamos atrasados – falou , dessa vez, com uma expressão fechada. Raramente ele tinha falado comigo tão sério, o que me deu um pouco de medo, o suficiente pra fechar a minha boca e me conformar com a noite que se estendia pela frente.

’s POV

Sentei no banco que estava no palco e ajeitei o microfone. Peguei uma palheta no bolso e olhei pras pessoas que me esperavam, sentadas nas mesas à minha frente.
- Bom, essa música eu compus pra uma pessoa em especial e esperava que ela viesse hoje, mas eu acho que ela não vem... Enfim, a música diz tudo que eu não tenho coragem de dizer pessoalmente pra ela e... queria que ela me perdoasse por isso.

’s POV

Entrei no pub logo atrás da e quando ia dar o primeiro passo para seguir em frente a voz que eu ouvi me paralisou.
- ...Enfim, a música diz tudo que eu não tenho coragem de dizer pessoalmente pra ela e... queria que ela me perdoasse por isso.
Olhei para o palco e vi sentado em um banquinho com um violão. Senti meu coração quase sair pela boca, então dei meia volta em direção da saída, mas segurou meu braço.
- Dá uma chance pra ele. – falou ele, pegando minha mão e me puxando para um canto do pub.
(n/b: Coloque essa música para tocar.)

1, 2, 1, 2, 3, 4 (Um, dois, um, dois, três, quatro)
Give me more love than I’ve ever had, (me dê mais amor do que eu já tive)
Make it all better when i’m feeling sad, (torne tudo melhor quando eu estiver triste)
Tell me that i’m special even when i know i’m not. (diga que eu sou especial mesmo quando eu souber que eu não sou)


Por mais que eu odiasse admitir, só o som da sua voz me acalmava, era como se fosse a minha lullaby, perfeita, só pra mim. Ele dedilhava o violão com precisão, em um ritmo calmo, acompanhando perfeitamente a letra.

Make it feel good when i hurt so bad (Faça com que me sinta melhor quando estiver muito machucado)
Barely gettin’ mad (raramente ficando irritado)
I’m so glad i found you (sou tão feliz por ter te achado)
I love being around you (amo ficar ao seu lado)
You make it easy, (você torna isso fácil)
As easy as 1, 2, 1, 2, 3, 4 (tão fácil como um, dois, um, dois, três, quatro)


Senti a mão de afagar meu braço, e olhei pra ele, recebendo um sorriso. Olhei pras meninas, que estavam do meu outro lado. Elas sorriam com caras de bobonas, olhando pro . Ri internamente e voltei a prestar atenção na música.

There’s only 1 thing, (há apenas uma coisa)
2 do, 3 words 4 you (para fazer, três palavras para você)
I love you (I love you) (eu te amo) (Eu te amo))
There’s only 1 way (há apenas um jeito)
2 say those 3 words, that’s what i’ll do (para dizer essas três palavras, e é isso que eu vou fazer)
I love you (I love you) (eu te amo (Eu te amo))


Congelei, ao mesmo tempo meu coração batia freneticamente. Eu tinha mesmo escutado aquilo? Olhei pra , que olhava pra mim, sorrindo, e senti um gosto salgado na boca. Passei a mão no rosto, percebendo que algumas lágrimas tinham escapado e um sorriso discreto se formou no meu rosto.

Give me more love from the very start (me dê mais amor desde o início)
Piece me back together when i fall apart (junte meus cacos quando eu desmoronar)
Tell me things you never tell your closest friends (me diga coisas que você nunca diria nem pros seus amigos mais próximos)
Make it feel good when i hurt so bad (faça com que me sinta melhor quando estiver muito machucado)
Best that i’ve had, (a melhor coisa que eu já tive)
I’m so glad i found you (sou tão feliz por ter te achado)
I love being around you (eu amo ficar ao seu lado)


ainda não tinha percebido que eu estava ali. Lentamente, fui andando até próximo do palco, de modo que eu ficasse na frente do microfone. Ele estava de olhos fechados, cantando. Incrivelmente lindo. Antes de começar a próxima parte ele abriu os olhos, arregalando-os ao me ver ali, tão próxima. Me aproximei mais, ficando na beira do palco, que devia ter apenas meio metro de altura. Um sorriso enorme se abriu em seus lábios e ele cantou a última parte olhando diretamente nos meus olhos, como se só estivéssemos os dois ali.

You make it easy (Você torna isso fácil)
As easy as 1, 2… 1, 2, 3, 4 (tão fácil quando um, dois… um, dois, três, quatro)

There’s only 1 thing (Há apenas uma coisa)
2 do, 3 words 4 you (para fazer, 3 palavras para você)
I love you (I love you) (eu te amo (Eu te amo))
There’s only 1 way (há apenas um jeito)
2 say those three words, that’s what i’ll do (para dizer essas três palavras, e é isso que eu vou fazer)
I love you (I love you) (eu te amo (Eu te amo)

I love you (I love you) (Eu te amo (Eu te amo))


Continuamos nos encarando até que eu pulei de susto quando as pessoas ao meu redor começaram a bater palmas animadamente. Olhei ao redor, perdida, e então senti um empurrão de leve nas minhas costas. Olhei pra trás e piscou pra mim, sorrindo. Eu já estava praticamente colada ao palco e quando virei pra frente novamente, estava me encarando com um sorriso. Abri e fechei a boca várias vezes, sentindo as bochechas arderem, mas a voz não saiu. levantou do banco, deu alguns passos até a beirada do palco e pulou, ficando praticamente colado a mim.

’s POV

Nem acreditei quando a vi tão próxima, quase errei os acordes da música. Passado o susto, eu tentei mais do que tudo passar naquele momento pra ela o que eu sempre quis dizer, dizer que eu a amava com todas as minhas forças e que a queria do meu lado para sempre.
Quase ri da cara dela quando terminei de cantar, seu rosto todo vermelho e suas tentativas falhas de dizer alguma coisa. Levantei e pulei do palco, ficando propositalmente bem próximo dela. Dei mais um passo, vendo sua respiração ficar mais acelerada. Sorri e enxuguei algumas lágrimas que escorriam pelo seu rosto.
- Desculpa por ser tão fraco? Eu sempre te amei, , e sempre vou amar, nunca duvide disso.
Ela assentiu, abaixando a cabeça, mas com o início de um sorriso nos lábios. Levantei seu queixo, fazendo-a olhar pra mim e surpreendendo a mim mesmo, soltei: - Eu te amo. - Eu disse? Eu disse! Sorri comigo mesmo e então pulou em cima de mim, jogando os braços ao redor do meu pescoço. – Eu te amo, pequena. Eu posso ter sido idiota o bastante pra nunca ter te dito isso, mas é a mais pura verdade.
Abraçando-a o mais apertado que eu podia, beijei ternamente seus cabelos, sentindo o cheiro bom do seu cabelo. A soltei e resolvi pôr a segunda parte do meu plano em ação. Agachei-me, ficando de joelhos na sua frente e peguei a caixinha rosa dentro do meu bolso.
- , eu posso ter demorado pra dizer o quanto eu te amo, mas agora vou fazer tudo certo. – Seus olhos brilhavam lindamente, pareciam as estrelas do seu vestido, deixando-a encantadora, mesmo chorosa. – , como o cara que mais te ama nesse mundo, eu quero te perguntar se você aceita ser minha esposa.
Abri a caixinha, mostrando um anel com um solitário. assentiu freneticamente, puxou-me pelos braços e me beijou. No início apenas um selinho, mas que logo se aprofundou, me permitindo matar um pouco daquela saudade enorme que eu sentia dela.
- Aceito. Você pode ser um pouco mané, mas é o mané que eu amo. – ela falou, me fazendo soltar uma gargalhada, enquanto todos no pub aplaudiam. Eu nem mesmo tinha lembrado que havia alguém além de nós dois ali.
- Eu te amo. – falei novamente, que nem um bobo, vendo ela olhar ao redor com o rosto vermelho. – Ih, tá ferrada, agora vai ter que me aguentar dizendo isso toda hora. - Acho que eu posso me acostumar com isso. – respondeu ela, abrindo um sorriso e me puxando novamente para um beijo.

FIM

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