CAPÍTULOS: [Prólogo] [01] [02] [03] [04] [05] [Epílogo]





500 Days in London – In Brazil








– Jab direto, jab direto, jab direto, cruza! Vá de novo, . Respire e tente se concentrar. Jab direto, jab direto, jab direto, CRUZOU...! PORRA!
– Desculpe, desculpe, Ciborgue! – coloquei minhas mãos apoiadas em meus joelhos e respirei curto por alguns segundos. – Eu não estou bem hoje. Desculpe.
– Deu para perceber, gata – ele chacoalhou a cabeça. – De novo?
– De novo. Vamos lá – dei dois pulinhos e voltei à posição de defesa.
– Jab direto, jab direto, jab direto, cruza! – ele riu quando eu finalmente acertei o golpe. – Até que enfim. Vá bater saco agora.
– Ok, ok.

Tomei um gole de água e voltei para o centro do pátio de treinamento. Desde o início do ano, eu havia começado a lutar boxe. Percebi que isso era melhor do que qualquer terapia que minha mãe quisesse me pagar. Após voltar da formatura, eu não fiquei nada legal. Absolutamente nada legal. Ver os meninos, ficar com o , ir embora – de novo – de Londres, voltar para o Brasil e iniciar o trabalho. Estava sendo incrível, mas eu precisava de uma válvula de escape. Graças a Deus, o boxe apareceu.

Eu conversava com praticamente todos os dias e, no início, era assim com também. Com o tempo, a relação foi se desgastando – o que era óbvio – e não nos falamos mais como antigamente. Até aí, normal, tranquilo. Então começa a pipocar os famosos “mimimis” da mídia e eu o vejo saindo com algumas – com “S” no final – meninas – outro “S” – e não assumindo nada. Sei que as coisas em LaLaLand funcionam na velocidade da luz, mas uma parte minha teimou em achar que eu não seria esquecida facilmente. Às vezes, eu era lembrada na Inglaterra e confesso que gostava de ver algumas manchetes que diziam: : ainda abalado com o término do namoro com a fotógrafa?”. Sim, era um sentimento bom. Alguém além de mim tinha que estar se ferrando. Porém, depois de três meses se entregando ao trabalho e em cursos de especialização, você acaba se esquecendo dessas coisas e tentando retomar a vida. Como o meu pai costuma dizer: “Há um ano, você não o conhecia e sabia viver sem ele. Por que tem que ser diferente agora?”. Porque agora eu o conheço e ele fez uma puta diferença na minha vida, pai! Mas eu nunca disse isso para ele. Melhor não.

– Cansada? – Rodrigo parou na minha frente, as mãos na cintura e as bochechas coradas. Nosso treino costuma ser pesado, mas hoje o professor caprichou.
– Um pouco. Ando com muitas coisas na cabeça. Está complicado me concentrar.
– Hum... – ele franziu os lábios.
– Que foi?
– Isso tem alguma coisa a ver com One Bobection vindo para o Brasil?
– Não os chame assim – fiquei séria e dei um jab direto no saco, assustando Rodrigo que acabou se afastando. – Na moral, nunca mais os chame assim.
– Afinal, qual seu problema? – eu ia dar outro soco direto, mas ele segurou o saco de areia e era bem possível que eu acabasse o acertando. – , fale comigo.
– Que foi, porra? – acabei dando um golpe. Foda-se se pegar nele. – O que você quer saber?
– Se você ainda gosta dele, se acha que com ele vindo para o Brasil existe a possibilidade de um reatamento amoroso.
– Rodrigo... – respirei fundo. – Eu não converso com ele há muito tempo nem com os meninos. E você sabe disso. Passa absolutamente o dia inteiro ao meu lado.
– Eu passo o dia ao seu lado, sim, mas você não me conta tudo...
– E por que eu deveria lhe contar? Não devo satisfações direito nem para o meu pai!
– Tá, tá. Desculpe-me – ele ergueu os braços. – , eu gosto de você – abri minha boca para falar algo, mas ele me interrompeu. – E você sabe disso.
– Eu sei.
– Nós ficamos, transamos e... E nada?

É, tem esse pequeno detalhe aí também.

– Rodrigo, escute...
– Eu sei o que você vai dizer – ele riu. – Vai dizer que não está preparada, que não se sente segura e toda conversa que já estamos tendo há uns três meses.
– Exato – suspirei.
– Você enrolou o por três meses também?

Encarei-o séria e ele tinha um olhar sarcástico e desafiador. Ouvi nosso treinador finalizar o treino e pedir para que tirássemos as luvas e correr por cinco minutos ao redor do pátio. Dei mais um soco, quase acertando Rodrigo, e fiz o que o professor pediu, jogando minhas luvas perto da minha garrafa de água e correndo junto com o pessoal. Não demorou muito para Rodrigo me alcançar e me puxar pelo ombro, fazendo eu perder o equilíbrio.

– Porra, caralho.
– Você não me respondeu.
– Quer saber? – tirei a mão dele de meus ombros. – Quer saber mesmo o que aconteceu? Agora? Aqui? No final do treino?
– Fale logo, fale na minha cara – ele abriu os braços em um tom desafiador. Alguns alunos pararam de correr para ver a nossa ceninha patética. Vi logo o professor se aproximando.
– Eu precisei de meia hora para me apaixonar por ele – e empurrei seu peitoral, fazendo seu corpo se movimentar para perto da parede. – Meia hora! Uma conversa numa van, por meia hora. Um hambúrguer, um cachecol e o London Eye. Foi assim que eu soube que estava apaixonada pelo garoto. Eu não fiquei com ele, não transei com ele, como você faz questão de salientar nessa merda de relação que nós temos. Não toquei nele em nenhum momento, mas eu simplesmente sabia. Tinha QUÍMICA; coisa que não rola aqui. Tinha paixão, tinha amor, carinho e não só tesão.

Todos os olhares estavam virados para nós dois agora. Inclusive do professor – que eu jurava estar interessado na conversa. Um filme passou em minha cabeça e comecei a chorar. Não um choro descontrolado, mas as lágrimas estavam pulando e eu não podia fazer nada.

– Você nunca mais vai se comparar a ele, nunca mais vai fazer piada com a banda dele ou com o meu relacionamento COM ELE! Isso... – apontei para nós dois. – Não é nada do que eu vivi em quinhentos dias e nunca vai ser. Agora dê licença que eu estou indo para casa e nem pense em me oferecer carona.

Passei pelos alunos e fui direto pegar minha mochila que estava do outro lado. Uma palavra estava escrito em vermelho em meu cérebro: FODA-SE!




Maybe it's the way she walked / Straight into my heart and stole it...

– PUTA QUE PARIU!

Joguei o travesseiro em cima do rádio relógio, que despertou exatamente às oito da manhã de um lindo, sarcástico e com muita dor de cabeça... Domingo. Mas é sério que a música que tem que estar tocando é One Direction? Ah, claro. Daqui uma semana eles vão estar no Brasil. E eu, até o momento, não fui informada de nada, nadica, zero! Não recebi mensagem, não recebi cartão, telefonema, e-mail... NADA! Pelo amor de Deus, pelo menos a tinha que me falar alguma coisa. Tinha que dar sinal de vida e nem isso essa vaca de Bolton fez comigo. Será que ela vem? Será?

– Bom dia, família – encontrei meu pai lendo o jornal dominical e minha mãe em pé perto da pia, esperando o café ficar pronto.
– Bom dia, filha. Dormiu bem?
– Poderia ter sido melhor – esfreguei o rosto com as mãos. – Empresta a Folha Ilustrada?
– Claro – meu pai separou a Folha e me deu... Mas claro! Quem estava lá? ONE FUCKING DIRECTION!
– Saco – bufei entre os dentes.
– Algum problema, filha?
– Não é que... – cocei a cabeça. – One Direction vem semana que vem para o Brasil – suspirei.
– Hum, e você não conversa mais com eles?
– Não – respondi. – A gente meio que perdeu o contato. É até compreensível – ri de forma triste e comecei a passar página por página. Aí vi uma foto do show solo do Eddie Vedder para terminar totalmente com meu humor dominical.
– Escute – meu pai estalou os lábios depois de bebericar seu café. – Ontem, três envelopes chegaram pra você. Como achei que sua personalidade estava um pouco abalada, achei melhor guardar e lhe entregar hoje.
– Envelopes? De onde? – coloquei a Folha Ilustrada ao meu lado e encarei meu pai e minha mãe. Minha mãe, como sempre, trancou o rosto e fez cara de poucos amigos.
– Só um minuto – meu pai se levantou e foi até o escritório dele, voltando com dois envelopes pequenos e outro um pouco maior e preto. – Aqui, filha.
– Não estou esperando nada de ninguém – dei de ombros e olhei para eles. Aí meu domingo começou a ter um pouco de sentido.

Um envelope era do Citbank Hall, outro da Inglaterra e outro – o maior e preto – da MODEST.

– Pai?
– Diga, meu amor.
– Citbank Hall? – mostrei para ele. – Cartão de crédito para mim?
– Não sei – ele sorriu, um pouco culpado. – Abra para verificar. Você andou abrindo alguma conta por lá?
– Eu nem tenho conta corrente, pai. Nem sei ir ao banco sozinha – eu sorri.
– Abra logo. Acabe com esse drama – minha mãe disse, mostrando uma ligeira angústia, ciúme e sei lá o que se passa na cabeça dela.

Rasguei do ladinho o envelope com todo o cuidado do mundo e tirei um papel branco de uma textura um pouco grossa – não era sulfite comum. Estava dobrado em três e, quando terminei de desdobrar, vi aparecer um ingresso. Não era qualquer ingresso. Era para o show solo do Eddie Vedder na quinta-feira. VIP! CADEIRA VIIIIIIP!

– PAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI! – eu disse toda chorosa, tomando todo cuidado para não estragar aquela benção em minhas mãos. – Você... Você comprou?
– Claro que sim – ele sorriu, levemente emocionado. – Nem sei quem é ele, mas você tem tanto pôster desse cara no seu quarto que julguei ser importante para você.
– Pai, “esse cara” é o Eddie Vedder! EDDIE VEDDER! Você sabe que eu sou louca por ele e... Meu Deus, esse ingresso foi uma fortuna! Até mesmo meia entrada foi uma fortuna.
– Vale a pena – ele sorriu. – Meu Deus, eu não a vejo sorrir desse jeito desde que você voltou de Londres.
– É, e vamos ficar sem dinheiro por um bom tempo graças ao “agrado” do seu pai – minha mãe resmungou. – Pensei que agora que o Rodrigo é seu namorado você ia superar sua fase depressiva pós-Londres e se concentrar em um homem de verdade.
– Amor!
– Mãe!
– Quê? Alguém tem que falar umas verdades aqui em casa.
– Para começo de conversa, eu e o Rodrigo não somos namorados. Ontem eu cheguei estressada por causa dele. Ele me tira do sério.
– Aconteceu alguma coisa?
– Ainda não, pai, mas eu sinto que vai acontecer – suspirei. – Os meninos estão vindo para o Brasil e não estou sabendo de nada. Ninguém me mandou mensagem. Acho que fui apagada da vida deles e isso é meio triste.
– Filha – meu pai sorriu e pegou minha mão que estava em cima da mesa. – Você ainda tem dois envelopes para abrir.
– É, mas... – dei uma olhada nos outros dois. Só agora vi que um era da Olivia e o outro, da Modest... M-O-D-E-S-T! – Pai, posso subir? – arregalei os olhos quando me dei conta de que aqueles envelopes eram importantes.
– Pensei que nunca fosse pedir isso – ele riu.
– Sério. Muito, muito obrigada pelo ingresso – fui até ele e lhe dei um abraço e um beijo no rosto. – Meu Deus, Eddie Vedder!
– Vá lá, baixinha.

Subi as escadas meio correndo e, quando cheguei ao meu quarto, pulei em cima da cama. Não sabia qual dos envelopes abrir primeiro, então decidi abrir o que talvez me causasse menos impacto emocional: Olivia.

Querida ,

Meu Deus, que saudades sinto de você. Muitas mesmo. Nunca a considerei apenas uma aluna. Você sempre foi mais que isso. Quero saber como está sua vida no Brasil, se as fotografias estão dando certo. Sabe que, se precisar de alguma ajuda, pode sempre contar comigo. Ainda tem meu e-mail? Telefone de contato?

Bom, na verdade, estou enviando essa carta com um convite: o meu de casamento. Não sei se sabe, mas estou noiva e me caso mês que vem. Exijo sua presença aqui. A e o já confirmaram, bem como a Izzy e o Judd (não convidei o restante do grupo por razões meio óbvias. Creio que você vá entender).

Envio com a carta o convite do casamento e uma passagem de ida e volta para Londres. Também está reservado o seu vestido, ou seja, não precisa se preocupar com nada. Caso seus pais não autorizem, avise-me o mais rápido possível para eu tomar algumas providências. Assim como eu acompanhei seu crescimento, quero que você acompanhe o meu.

Espero notícias. Um grande beijo.

Olli x


A OLIVIA VAI CASAR?! Como assim? Em que mundo que estou vivendo que eu não sabia disso? E ela me chamou, ela me convidou! Derrubei os outros papeis que estavam dentro do envelope e vi ali. Coisa mais linda, o convite. Junto, duas passagens de ida e volta para Londres para o casório. Quando eu acho que minha vida está normal, aparece a Olivia e me dá uma notícia dessas. Como vou explicar isso para os meus pais? Ah, darei um jeito, darei um jeito. E eu achando que a carta da Olivia não me traria um grande impacto emotivo. Grande erro.

Arrumei tudo bonitinho no envelope novamente – um problema de cada vez – e peguei o grande da Modest. Não tinha nome de ninguém. Só da empresa mesmo, então nem conseguia presumir o que podia ter ali dentro. Rasguei o lado com cuidado e puxei um papel sulfite e um pendrive. Pendrive?

,

Nós da MODEST temos a honra de lhe conceder ‘ALL ACCESS’ para os shows da banda One Direction no Brasil. Serão realizados três shows. Seguem abaixo as datas e os horários.
Creio que das normas e diretrizes de segurança você já deve estar a par, mas, caso precise de alguma ajuda, contate-nos o mais breve possível.
Vemo-nos em breve.

MODEST”


AH, VÁ!
É sério que o convite está sendo feito pela agência deles? Pela Modest? O tanto que essa porcaria me deu dor de cabeça enquanto eu namorava o ... Agora eles estão me dando All Access para os shows? Como assim, senhor? Chacoalhei a cabeça e coloquei a carta de lado. Agora me restava ver o pendrive – deve ser alguma mensagem deles para mim ou propaganda dos shows deles. Quando puxei o pendrive do envelope, vi que um crachá veio junto:

“All Acess – WWATour – 1D –

Nostalgia, um ponto para você.
Procurei pelo meu computador – que já estava ligado, graças a Deus – e pluguei o pendrive nele. Demorou um pouco até ser reconhecido e então apareceu apenas um arquivo. O nome dele era “Where we are, you’re not with us” (Onde nós estamos, você não está conosco). Achei estranho e, na verdade, um pouco a cara deles. Era um vídeo de quinze minutos e meu coração começou a queimar dentro do peito imaginando que fosse um dos meninos. E isso incluía... .

“– Está gravando?
– Acho que já liguei. Espere aí...
, ande logo com isso!
– Espere. A luz vermelha está acesa?
– Cadê a ? Não é ela que sabe usar essa câmera direito?
– Eu não preciso dela para tudo. Espere aí... Pronto!
– Já estava gravando antes, anormal!
– Ah, é?
– Enfim... , oieeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!”


, e estavam na câmera. Quando ouvi a voz de dizer meu nome, comecei a chorar e, dessa vez, bem mais descontrolada.

“– , como que você ousa desaparecer assim da nossa vida? Fale aí, .
– É sério. Deletou Twitter, não tem Instagram, mudou o número do celular também? E, pelo que eu vi, você não curte a nossa página no Facebook.
– Mas a gente saaabe que você tem Facebook.
– Porque o seu namorado nos segue e já andou postando coisas para gente nada agradáveis.
– Por falar em namorado, que bosta é essa que você arrumou para a sua vida?
– Qual o nome dele mesmo?
– Ah, sei lá... Rodriwho, Rowho, alguma coisa desse tipo.
– Escroto.
– Sem graça.
– Nada se compara ao nosso .
– Absolutamente nada.
– CHEGUEEEEEEEEEEEEEEEEEI!
– Ai, a chegou.
, , saia para lá... AMIGAAA! Ai, que saudades suas, misericórdia! Como que você vai embora, abandona-nos, ME abandona e me deixa cuidando desses cinco animais sozinha? Não era esse nosso combinado, dona . Não era mesmo!
– É que agora ela está de namoradinho novo. Nem deve se lembrar mais da gente.
– MENTIRA! Aff, o Rodrigo? Não, eu não deixo. Ele é gato, mas não se compara ao .”


defendendo . Essa foi boa!

“– Cheguei também!
, meu camarada. Chegue mais. Estamos fazendo um vídeo para a . Lembra-se dela?
– Ah, claro, ... Aquela que passou pela nossa vida e desapareceu?
– A própria!
, brincadeiras à parte, o negócio é sério.
– Fale, . Mande bala.
– Chegamos ao Brasil na quarta à noite, vamos para o Rio de Janeiro na quinta e acho que chegamos a São Paulo no sábado de manhã.
– MAS A GENTE A QUER EM TODOS OS SHOWS!
– Calma, porra! Mas, sim, a gente A quer em todos os shows, se possível.
– Estamos armando o esquema aqui de você entrar no aeroporto e esperar a gente, ou ir direto para o hotel no Rio.
– A gente ainda não sabe o nome do hotel, !
– Mas até semana que vem a gente fica sabendo, !
– Ou, se ficar complicado para você, vá direto paro nosso soundcheck.
– Fique tranquila com grana porque a Modest vai pagar tudo. Irônico, né?”


Super irônico, ! Super irônico.

“– , estamos fazendo esse vídeo porque a gente quer vê-la, e MUITO!
– Não rola Brasil sem você. Não vai ser a mesma coisa.
– Assim que você terminar de ver o vídeo, ligue para mim.
– Por que para você, ?
– Porque, depois do , eu sou a pessoa que ela mais ama no grupo.
– AHHHH, VÁÁÁÁ!
– LIGUE PARA MIM! É PARA MIM QUE VOCÊ TEM QUE LIGAR!
– Fique na sua, . Na boa, se você não ligar, vou achar que você não recebeu o vídeo e que a culpa é da .
– Por que minha?
– Foi você quem nos passou o endereço dela. Lembra?
– Eu tenho certeza absoluta de que passei o endereço certo.
– Ah, é?
– Claro que sim. , fale para eles que eu passei o endereço certo, pelo amor de Deus.
– Não tem como ela falar agora, cabeção.
– Mas ela vai ligar e provar que estou certa.
– Tá, tá! , dê um jeito na sua mulher.
– Venha aqui, amor.
, , !
– Espero que você ainda tenha o meu número. Ó 555-...”


O não estava pedindo para eu ligar para ele, não é mesmo? Não, por favor... E cadê o no vídeo?

“– Estamos no aguardo da sua ligação.
– PARA ONTEM!
– Amamos você.
– DEMAIS.
– Saudades.”


O vídeo terminou com cinco pessoas sorridentes dentro de um quarto de hotel. , , , e ... Mas nada de . É claro que eu estava feliz. Óbvio que sim. Vê-los de novo, sentir essa interação que estou sem por quase cinco meses completos foi demais para mim. E que história é essa de eu estar namorando o Rodrigo e ele mandar coisas para os meninos? Rowho? Essa foi boa. Só podia ser o .

Peguei o meu celular e fiquei o rodando entre meus dedos. Levantei-me, fui até o banheiro, joguei uma água no rosto e na nuca e voltei para o quarto. Chequei se ainda tinha o número deles e era óbvio que eu tinha. Eles não tinham o meu número do Brasil. Talvez por isso devem ter achado que mudei de número. Capacidade de raciocínio: zero!
Abri a porta da minha sacada e senti o ar quente do domingo aquecer minha pele, enquanto as lágrimas ainda caíam sem eu perceber. Mordi os lábios por várias vezes e apertei o celular em minhas mãos, lutando contra o desejo de ligar ou não. Quatro deles queriam me ver, e a ... E ? realmente achava que eu estava namorando? Mas ele também estava ou esteve. Vamos combinar que o tanto de menina que e rapaz teve em cinco meses foi demais da conta. E eu vou fingir que não fiquei de olho nisso também. Limpei meus olhos e resolvi ligar. Do jeito que eles são, capaz de ligar aqui em casa e o estrago ser maior.

Um toque, dois toques... Se não atender até o quart,o eu desligo... Três toques, quatro toques...

- Alô?

Meu coração congelou, assim como todo meu corpo. Não era a voz de nenhum dos outros quatro que apareceram no vídeo... Era ele.

- Alô? Alô? Oi?
? – perguntei em um suspiro, sentando-me na cama para não desmaiar.

Cara, que saudade dessa voz.
Agora o silêncio vinha da parte dele e eu comecei a chorar, de novo! Puta que pariu. Pare de chorar, porra.

? – a voz dele estava séria, rouca, distante?
– O-oi – claro. Eu tinha que gaguejar. – Oi. Eu liguei para o celular do , certo?
Sim. É que... Ele me mandou atender. Quer falar com ele?

QUE PORRA É ESSA?

– Eu não... Eu não sei – acabei rindo, totalmente de nervoso. Pelo menos eu o ouvi rir também.
Bom ouvir sua voz novamente.
– Digo o mesmo para você.
Quem é no telefone? – reconheci a voz de .
É a respondeu, simples assim. Alguém parecia estar arrancando meu coração pedaço por pedaço com uma pinça.
Passe para cá – ouvi o barulho do telefone ser passado. – A CARTA CHEGOOOU!
– Oi, – e, sim, eu estava chorando. – Caramba. Que susto é esse?
O atender? Foi mal. Eu não estava esperando a sua ligação hoje.
– Que seja, mas... Ele está bem? Ele... Ele não apareceu no vídeo e...
Você tem ideia de que estamos conversando como se nos víssemos toda semana? – o garoto soltou uma gargalhada gostosa. – Cara, que saudade de você. QUE SAUDADE DE VOCÊ!
– Eu também – graças a Deus, vamos mudar de assunto. – Estão querendo me matar do coração? Mandando esse vídeo? Mandando a MODEST me enviar um envelope?
A gente quis fazer tudo certinho dessa vez, ué! Credenciais oficiais e tal. Não que você precise disso, porque é óbvio que vai entrar com a gente, mas sabe como é.
– Sei, sim. Sei, sim – eu sorri. – Cara, que loucura falar com você de novo. E os meninos, onde estão?
O foi dar uma volta com a . e estão jogando futebol. Só tem eu e seu ex-amor aqui no quarto do hotel.
!
Hã? Falei alguma mentira? E já que estamos falando disso... Quem é esse pé no saco que está namorando você?
– HEY! – pude ouvir claramente soltar um palavrão ao fundo. – Ele não é um pé no saco, e muito menos meu namorado.
Então mande seu affair ficar longe da nossa página do Facebook. O cara está muito perto de ser bloqueado e isso não vai ser bonito para ninguém!
, eu... – “seus créditos estão terminando. Recarregue”. Bem agora a Claro resolve me mandar essa mensagem. – , meus créditos no celular estão terminando.
Ah, porcaria!
– Escute: por que o não gravou o vídeo com vocês?
Mas... Ele gravou um vídeo. Está em um CD. Tenho certeza de que coloquei no envelope. Eu mesmo coloquei.
– CD? – puxei o envelope preto para mim novamente e o remexi até cair um CD em cima da minha cama. – Está aqui.
Uhum... – ele riu. – , não quero prejudicá-la com sua conta de celular. Vamos fazer o seguinte: hoje à noite marcamos um Skype com todo mundo. Pode ser?
– Mas eu... !
Por favor, pelos velhos tempos. Na verdade, assista ao vídeo do e depois me mande uma mensagem falando se vai rolar o Skype ou não. Combinado?
– Combinado – olhei para o CD ao meu lado. – Ele ainda está aí?
Está, sim. Quer falar com ele?
– Ele quer falar comigo?
Ele SEMPRE quer falar com você riu. – Um segundo.

Um segundo que parecia demorar uma eternidade.

Yeah?
?
Oi, .
– Oi... – suspirei. – Eu só, eu só... É, tudo bem? – ele riu bem rouco do outro lado.
Estou bem. E você?
– Bem também.

Silêncio, de novo! Só conseguia ouvir a respiração dele e creio que era isso o que ele também ouvia do outro lado da linha.

disse que os seus créditos do celular estão acabando. Acho melhor a gente se falar mais tarde.
– Ah, claro! Aham.
?
– Fale.
Não leve o seu namorado para os shows.
– Ele não é meu namorado, .
Tá, que seja. Não o leve.
– Ele... – mordi os lábios em uma mistura de choro e sorriso. – Vemo-nos em breve, .
Ok.

E desliguei o telefone.

“Não leve o seu namorado para os shows”. Sério, ? Revirei os olhos e procurei pelo CD, colocando-o logo no meu computador. Apenas um vídeo e parecia ser só do .

Apertei o play e lá estava ele, como sempre, exatamente como eu me lembrava dele. A mania de passar os dedos pelos lábios enquanto fala, não olhar diretamente para a câmera, os sorrisos estreitos de lábios fechados e, de repente, sorrisos abertos. Ele falava comigo e, cada vez que ouvia meu nome sair de seus lábios, um arrepio passava por minha espinha. Até hoje, até este exato momento, eu não o tinha esquecido.

, oi! ? Eu acho que nunca a chamei assim enquanto estávamos juntos. Chamei? E mais uma coisa que não acredito que nunca tivemos... Apelidos carinhosos. Cada vez que o chama a de pumpkin me dá uma puta inveja. Nós nunca tivemos isso. Mas enfim... Onde eu estava? Ah, oi! Oi para você, com quem não converso há mais de cinco meses e que deve ter esquecido de mim. Creio eu, já que você está com outra pessoa. Eu não fui santo também, mas nenhuma delas foi você e nunca será você. Dá para entender isso? É clichê, é babaca, mas é o que sinto. Não sei se posso dizer que ainda a quero e a amo como antes, porque já se passou um bom tempo, mas eu sinto sua falta. Todos os dias, todas as horas, todos os minutos. De vez em quando, passo de carro em frente ao Albergue Stanton só para ter uma sensação de que você vai estar lá. Na verdade, tem um cara muito gordo morando no seu dormitório agora. Completamente broxante! Mas tá, é... Estamos chegando ao Brasil, provavelmente semana que vem, na quarta ou na quinta. E eu não sei até que ponto você quer nos ver ou quer me ver. Só sei que quero vê-la, porque seria o cúmulo do ridículo eu ir para o seu país e nem ao menos vê-la pessoalmente. Consegue entender o meu ponto de vista? Não sei se consegue, mas preciso vê-la. E vê-la significa, pelo menos, ter um tempo significativo com você, sem aquele namorado babaca. NA MORAL, o que você está pensando? Está ligada que ele manda umas coisas bem estranhas para gente no Facebook, né? Ah, nem vou me delongar no assunto. Mas resumindo: venha, por favor. A vai ter uma síncope se você não aparecer e eu acho que o também (ele riu). Preciso vê-la essa semana, quero que você acompanhe essa jornada ao meu lado. Falamos tantas vezes sobre um show no Brasil e em como seria especial para nós dois. Não vejo sentido em estar aqui e fazer tudo isso sem você. Enfim, é isso. Uma última vez juntos. Se bem que eu acho que não vai ser a última, porque nós ainda temos uma história para terminar, e por esta razão... NADA DE TRAZER SEU NAMORADO PARA O SHOW! Eu amo você... Ah, porra! É, eu amo você. Vejo-a em breve, com o coração apertado, e, se precisar, imploro para você ir aos shows. É isso. Cuide-se, fique bem. Eu amo você.”

Depois de todo esse tempo, ele ainda dizia “eu amo você” com tanta facilidade que me dava até raiva, e medo, e tudo junto! Afastei-me do meu note e deitei minha cabeça no travesseiro da cama. O meu mundo parecia girar na velocidade da luz e meu estômago, embrulhar como se eu tivesse comido uma feijoada bem pesada no final do dia. Eu soluçava e nem sabia se era de desespero ou pura saudade. Era ele ali, era o meu , o que sempre foi meu! Não era o da mídia, não era o do novo CD ou da nova turnê. Era o do London Eye, e não da One Direction. Eu precisava vê-lo, eu tinha que ir a esses shows... Mas como?
Senti meu celular vibrar ao meu lado. Duas mensagens novas... Uma do Rodrigo. BOSTA!

“Então, vai rolar Skype hoje? – x”
“Preciso falar com você. Pego-a mais tarde para um café? – Rodrigo”

Ai, que saco! Joguei meu celular para o canto do quarto. Eu precisava dormir um pouco mais.




Não rolou Skype com os meninos à noite e muito menos eu sair com o Rodrigo para tomar um café. Não estava com cabeça pra isso, porque dizendo que ainda me amava foi um pouco demais para mim. Passei o restante do meu domingo em meu quarto, olhando foto por foto do meu tempo em Londres, vendo nossas mensagens, abrindo meus livros de fotografia e vendo anotações da perdidas por lá, tais como: “Isso vai cair na prova e você TEM que estudar para me passar cola depois” ou “Isso não é necessário, mas estude para nós duas mesmo assim”, e por aí vai. O pior era quando eu encontrava algo na caligrafia do . Isso, sim, quebrava meu coração. Quanto mais os dias passavam, mais eu tinha certeza de que eu não ia superar aqueles quinhentos dias. E sei que uma parte minha não queria isso também. Por quê? Porque eu sou uma tremenda idiota!

Cheguei ao trabalho um pouco mais tarde na segunda-feira. Miriam estava um pouco nervosa, já que nunca atraso, e Rodrigo fez questão de dizer que eu estava com a cabeça no mundo da lua por causa do One Direction. E isso resultou em quê? Uma bela bronca às nove da manhã de uma segunda-feira.

, eu sei que eles foram um grande momento em sua vida, mas já faz tanto tempo.
– Também sei disso, Miriam, e peço desculpas. Não vai mais acontecer.
– Quando eles chegam ao Brasil?
– Quarta ou quinta. Não lembro.
– Eu preciso de você cem por cento essa semana. Sabe quem vai trazer os filhos aqui para fotografar?
– Não. Quem?
– Luiza Vlaka! – Miriam parecia empolgada... Eu não fazia ideia de quem era essa pessoa.
– Quem?
– Luiza... Ah, meu Deus! Uma socialite extremamente importante paulista. Vai pagar uma fortuna pelas fotos dos filhos e eu quero você como fotógrafa.
– Tá, tá... – peguei meu celular. – Vou procurar no Google quem é essa pessoa.
, olhe para mim – ela tinha aquele tom de bronca, sabe? – Eu não quero você pensando nessa banda, não quero você pensando no seu ex-namorado e não me importo se ele vier aqui e se ajoelhar. Você trabalha para mim e seu futuro vale muito mais do que uma semana de diversão com seu ex e seus amiguinhos.

Oi?

– Estamos entendidas?
– Miriam, eu...
– Quero saber se estamos entendidas.
– Sim, estamos.
– Obrigada – ela respirou fundo. – Como você atrasou mais de uma hora, seu turno também terminará mais tarde, assim como durante a semana.
– Mas, Miriam! – eu gemi.
– Quê? Tem alguma coisa que quer contestar?

O show do Eddie Vedder na quinta. O show dele! Como que vou falar isso? Na boa, ela era mais boazinha quando comecei a trabalhar aqui.

– Eu... Bom – gaguejei, óbvio. – É qu... Eu tenho um compromisso na quinta à noite e...
– Desmarque-o!
– NÃO POSSO! – minha voz saiu um pouco mais alta do que eu tinha planejado. – Digo, quero dizer que... Não dá.
– Claro que dá. Nada nesse mundo é impossível. Desmarque você mesma ou eu farei isso por você.
– É o show do Eddie Vedder! Ganhei o ingresso de presente do meu pai. Não posso simplesmente desmarcar o show do cara.
– Cadê esse ingresso?
– Comigo?!
– Passe-o para cá – ela estendeu a mão na minha direção. ESTÁ LOUCA?
– Eu... Não!
– Oi? Estou lhe dando uma ordem. Dê-me o seu ingresso.
– Eu não vou lhe dar meu ingresso. Está maluca?!
– Você acabou de me chamar de maluca?
– Miriam – respirei fundo e puxei todo meu cabelo para trás. – Sabe que eu tenho uma grande admiração por você, sempre quis trabalhar com você. Mas há limites nessa vida. Você não pode simplesmente me controlar assim.
– O ingresso, .
– Eu não vou lhe dar meu ingresso. Ele é meu!
– Ou você me entrega esse ingresso, ou pode sair pela mesma porta que entrou atrasada hoje. Já disse que não quero distrações. O INGRESSO!

Meus olhos começaram a lacrimejar e eu coloquei a mão tremendo em minha bolsa. Estava carregando esse ingresso como um troféu, como o maior presente e demonstração de carinho do meu pai desde que eu voltara de Londres. Peguei-o e segurei em minhas mãos.

– O que você vai fazer?
– ISSO! – ela puxou de mim e o rasgou em quatro partes iguais. – Sem distrações.

O papel picado caiu na minha frente e eu me ajoelhei para pegá-lo. Chorei baixo, porque todos ali estavam me olhando e pareciam gostar do que estavam vendo. Recolhi cada pedacinho e coloquei novamente em minha bolsa, tremendo por fora e por dentro. Ouvi a voz de Miriam gritar “AO TRABALHO!” e só pensei em sumir dali. Olivia nunca me tratou desse jeito, Leishman nunca me tratou desse jeito. Brasileiro é um povo de merda mesmo. Assim que me ergui, para dar de cara com mais umas quatro pessoas, avistei Rodrigo. Ele também parecia ter gostado do que viu e nem ao menos foi falar comigo para saber como eu estava. Limpei meus olhos e me levantei, indo na direção do banheiro para lavar meu rosto. A única alegria que eu teria essa semana estava agora rasgada dentro de minha bolsa. E eu não posso me dar ao luxo de pedir demissão daqui. Os meus pais não podem me mandar para Londres novamente, não sei onde vou conseguir um novo emprego e algo me diz que me tirar de Londres foi um jeito de puxar meu tapete. Saco, saco!

Tranquei-me dentro do banheiro e chorei mais um pouco. Tentava me acalmar, mas todas as tentativas foram frustradas. Nos últimos dias, o que mais tenho feito é chorar copiosamente e meu pai suspeita que eu esteja ficando deprimida. Depressão: doença do romantismo que chega para me atormentar. Torci para que ninguém fosse ali me procurar. Não estou muito animada para conversar e nem para iniciar uma briga. Só queria ficar quietinha na minha, com meu ingresso rasgado e essa sensação de pura impotência. Até que eu estava me conformando, quando o celular começou a tocar “Comatose” do Pearl Jam. Só estava torcendo para não ser meu pai. Só isso.

– Alô? – o número era privado.
? É você?
?

. Sério? Que tipo de ligação que eu tenho com essa menina? Sabia que era ela e aí que comecei a chorar mais ainda. Merda de saudade.

, meu amor! Meu Deus, amiga, que acontece?
– Eu quero ir embora daqui! Eu não aguento mais. Sabe o que aconteceu? Minha chefe rasgou meu ingresso para o show do Eddie Vedder, . Ela simplesmente rasgou e me proibiu de falar com vocês, de saber qualquer coisa de vocês. “Sem distrações”. Ela deve ter repetido isso umas cinco vezes na conversa.
Espere. Como assim? Eddie Vedder? ELE ESTÁ NO BRASIL?
– Ele vai vir para o Brasil essa semana. O show dele é na quinta.
QUINTA? É o mesmo dia do show dos meninos no Rio de Janeiro, .
– Ah, é? – puta que pariu. – Ahhh, vida desgraçada.
Então você não vai nos ver?
, eu não sei! Não posso sair do trabalho, não tenho dinheiro para ir ver vocês, não tenho dinheiro para comprar outro ingresso para ver o Eddie. Eu estou ferrada!
A Modest iria pagar a passagem para você, mas você sabe que o ia pagar de qualquer forma.
– Eu... Eu não sei se quero ver vocês.

Silêncio...

?
Co-como assim? Não quer nos ver?
, escute-me...
Não. Espere aí! Não quer nos ver? Você não vai falar com a gente?
...
– Você sabe como que a gente ficou depois que você foi embora? Sabe o tanto de drama que o passou? Quatro meses com a Modest o empurrando de garota para outra garota para ver se ele conseguia esquecer você, ou pelo menos fingir isso. E todo mundo? E como eu fiquei? Você tem ideia de como nós a amamos? De como eu a amo? Foi um ano e meio juntas, um ano e meio de amor e carinho, e agora você diz que não quer nos ver? O que está acontecendo com você?
, espere um pouco, pelo amor de Deus!
Pelo amor de Deus digo eu, ! O e o fizeram mil planos mirabolantes para trazê-la de volta. Eles fizeram um currículo SEU e entregaram nas melhores agências da Inglaterra. Ninguém entrou em contato com você? Porque, na boa, pelo menos em umas duzentas agências eles entregaram e ficamos bem putos porque você não deu as caras.
– Espere. O quê? Não estou sabendo de nada disso. Como assim?
Durante esses cinco meses, você não recebeu nenhum e-mail? Nenhuma carta, proposta, nada? Assim como a Miriam a tirou de nós, estamos tentando tirá-la da Miriam.
, eu não recebi NADA!
Hum... Estranho – ouvi um barulho. – Seguinte, estou chegando ao Brasil na quarta-feira com os meninos e não quero nem saber. A gente vai se ver. Eles precisam ficar no Rio de Janeiro, mas eu vou para São Paulo ficar com você. E nem adianta falar que “não vai dar, não posso, não é certo”. Se não puder vir comigo para o Rio, fico com você o resto dos dias até sábado, quando eles se apresentam em um estádio aí que eu não sei falar o nome.
– Adianta eu falar alguma coisa?
É ÓBVIO que não. Só espero que você me receba no aeroporto, porque fico muito perdida e entro em pânico quando estou sozinha – ela riu.
– Tá. Combinado.
E pergunte para o seu bofe aí se ele está sabendo de alguma carta, ou para a sua mãe. Algo me diz que estão escondendo coisas de você, amiga.
– É, eu também acho.
Poxa, nem eu, nem o escondemos nada de você quando soubemos da carta. Sacanagem isso. Sacanagem demais!
– Vou perguntar.
E fique bem. Respire e inspire. Se você for demitida, o tem dinheiro para sustentá-la pelo resto da sua vida e da vida dele. Relaxe. Desamparada você não está.
– Ok – eu ri e funguei.
E para de ficar me respondendo monossilabicamente. Isso me dá coisas! Quero conversa, frases mais longas, mas isso a gente faz essa semana.
– Tá... Quer dizer... ah, , sei lá como respondê-la agora.
Melhorou – ela riu. – Amo você. Cuide-se e pare de chorar.
– Vou parar.
Até breve.

Cartas? Eu preciso falar com o Rodrigo e minha mãe.

Rodrigo já estava em uma sessão de fotos com três crianças adoráveis. Miriam estava de pé ao seu lado, só guiando e dando as coordenadas, como sempre fazemos. Cheguei de mansinho e ela nem ao menos sorriu. Cara de limão! Esperei Rodrigo terminar as fotos e ter uns minutos de descanso para finalmente poder conversar com ele. Se o rapaz estava no clima de evitar, mal ele sabia que eu estava muito, mas muito pior. Finalmente, esses minutos chegaram.

– Será que a gente pode conversar? – cutuquei-o pelo ombro.
– Claro – ele me respondeu sério. – Vamos lá fora. Pode ser?
– Ok, ok.

Rodrigo colocou a mão em meus ombros e me guiou para fora do estúdio. Fomos até um jardim de inverno que tinha no meio, para onde geralmente os fumantes vão. Dessa vez não havia ninguém, o que me deixou mais confortável para iniciar uma conversa.

– Escute, eu... Queria pedir desculpas pelo jeito que falei com você sábado e por nem ao menos ter respondido sua mensagem ontem.
– Tudo bem. Eu imaginei que você estivesse um pouco... Cansada?
– É, cansada – suspirei. – Eu conversei com os meninos ontem.
– Que meninos? – odeio essa panca de idiota.
– Da banda! One Direction. Rodrigo, não complique, vai!
– Eu realmente não sabia que meninos são esses.
– E eu lá conheço “outros meninos”?
– Tá, tá! E aí?
– Eles me convidaram para o show. Ganhei um crachá para ter acesso e tal.
– Você não vai – ele sorriu. – Óbvio que não.
– Como é que é?
, o show deles é no Rio de Janeiro e os outros são aqui em Sampa, mas no final de semana. Nós estamos atolados de trabalho até o pescoço para você perder uma semana de trabalho para ter quinze minutos de replay com o seu ex.
– Por que todo mundo está achando que estou querendo ir só por causa do ?
– E eu estou mentindo?
– SIM! Que caralho. One Direction não é só .
– Eu sei que não – ele veio para cima de mim tentar me abraçar.
– Pare com isso, porra!
– QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO?
– Rodrigo – passei a mão pelo meu rosto, em sinal de total desespero. – Por favor, eu estou lhe pedindo isso há mais de três meses. Dê um tempo! Eu não estou apaixonada por você. Gosto de você como meu amigo e ponto. E, se nós passamos dos limites algumas vezes, eu estava muito fora de mim e muito bêbada!
– Eu sou apenas o seu estepe para você usar quando fica estressada ou pensando muito no seu boy band.
– Nunca usaria ninguém como estepe para esquecer outra pessoa. Eu não faço isso.
– Pois você está fazendo isso comigo, .
– Quer saber? Estou cansada de ter essa conversa com você. Toda semana, todo dia! Eu não atendo uma ligação sua e você acha que estou chorando em casa pelos cantos porque ainda estou pensando no meu ex.
– E estou mentindo?
– ESTÁ! Minha vida em Londres não foi só o . Foi muito mais que isso. Muito mais, mas uma cabeça caipira e idiota como a sua nunca seria capaz de entender.
– Oi?
– Ah, e mais uma coisa! – eu estava saindo do jardim de inverno. – Se eu souber que você anda interceptando cartas para mim ou enviando mensagens para o Facebook dos meninos, a coisa vai ficar muito séria.
– De que merda você está falando?
– Das mensagens que você enviou para eles. Eu não li nenhuma e nem quero ler! Por acaso você anda falando que nós somos namorados?
– Só quis botar respeito.
– RESPEITO PARA QUEM? Meu Deus, eles me conhecem melhor do que você nunca vai me conhecer. Pare de inventar uma vida para nós dois que não existe!

E o celular tocou de novo. Alguém me lembra de colocar essa piroca no silencioso?

– Quem é?
– Não é da sua conta! – respondi completamente ultrajada. – Alô?
?

Ah, misericórdia!

?
– Dê-me esse telefone. Dê-me esse telefone agora!
– Cuide da sua vida, Rodrigo.
? O que está acontecendo? Fale comigo.
– Só um minuto, – bufei. – Saia daqui, agora.
– Eu não vou sair. O jardim é público.
– Tem como você ser mais patético?
– Dê-me o telefone,
– Porra! – dei um empurrão nele, fazendo-o se desequilibrar um pouco. – Meu Deus, ! Na moral, vocês precisam parar de ficar me ligando nas situações mais inoportunas!
? – ele riu e, dessa vez, riu um pouco melhor que ontem. – Cara, faz séééculos que ninguém me chama pelo sobrenome. Não como você chama.
– Acostume-se! Ando bem puta esses dias. Normal eu chamar todo mundo pelo sobrenome. Mania chata que peguei de vocês, britânicos.
Também a amamos. Obrigado – ele ria. – Você pode falar agora?
– É claro que eu posso falar agora – olhei para o Rodrigo que tinha uma careta medonha em total desaprovação. – Só um segundo, .
Está bom.
– Vai ficar aí parado ouvindo minha conversa?
– Vou. Algum problema?
– Por mim, nenhum – suspirei. – Fale.
Eu, falar?
– Sim, ... VOCÊ!
Está ok... – ele começou a rir. – A nos disse que você não estava muito bem. Alguma coisa sobre Eddie Vedder e ingresso rasgado. O que houve?
– Pelo amor, essa menina não sabe ficar de bico calado, não?
Então é verdade?
– Nada que você possa fazer, .
Mas tem como explicar ou vou ter que ficar no escuro, tentando adivinhar o que acontece?
– AHH! – grunhi alto. – Essa semana eu ando meio atarefada aqui no estúdio e a Miriam não deixou eu sair para ver o show do Eddie. Tecnicamente, eu nem deveria estar falando com você, porque preciso ficar “sem distrações” e vocês me distraem demais.
Eu nem estou aí para distraí-la da maneira correta – ele disse meio sutil. – Digo, eu realmente conseguiria distraí-la, se fizesse um esforço.
– Entendi seu ponto de vista, ! – ri baixinho. – Enfim, sem enrolações, foi mais ou menos isso o que aconteceu. Estou presa ao trabalho e não posso nem pensar em sair daqui.
– Aham... – Rodrigo riu ao fundo, totalmente sarcástico.
Você sabe que eu não vou deixar assim, não sabe?
!
E esse cara está perto de você? Namorado, sei lá que porra que ele é seu.
– Ele está aqui e ele NÃO É meu namorado! – disse isso mais para o Rodrigo do que para o próprio .
– Ele acha que sou seu namorado? – Rodrigo riu. – Haha.
– Cale a boca – fiz careta. – , o que você vai fazer?
Ainda não sei, mas não vou deixá-la sem o show do cara que você mais admira nessa vida nem sem Eddie Vedder – ele gargalhou ao final da sentença e tive que fazer o mesmo.
– Eu também não sei como vai fazer isso, mas a Miriam deixou bem claro que, mesmo que você apareça aqui e se ajoelhe, ela não me liberar.
Que chefe mais complicada, por Deus! – ele bufou.
– É, eu sei.
, escute-me – ouvi-o respirar bem fundo. – Se eu consegui achá-la em Londres, consigo achá-la aí no Brasil e ainda por cima tirá-la desse trabalho por essa semana.
, por favor, não!
, por favor, SIM! E você vai ao show do Eddie e vai ao nosso show. Eu quero vê-la. Eu quero... AH!
– Quê?
Quero você, nem que seja essa semana, dias e horas contados. Não tire isso de nós dois.
– Pare, por favor...
– E deixe essa merdinha aí nesse estúdio. Eu não quero vê-lo.
– Isso está fora do meu controle, – ri meio sem graça. – Se ele quiser ir, ele vai. Na verdade, há uma grande possibilidade do rapaz ir e eu não.
Como assim?
– Ele é o queridinho da Miriam. Não eu.
Você é MINHA queridinha, e não ele – o garoto falou sarcástico. – Preciso ir agora, mas fique com o celular por perto, faça o favor.
– Tá, tá – suspirei. – Você e a precisam parar de me dar ordens.
Isso porque você ainda não viu como o está estressado com essa situação toda.
?
Sim, e ah! – ele começou a rir. – Precisa conhecer a namorada do . Ela é HILÁRIA!
– O está... HÃ?
Aham. Achou que ele fosse ficar a vida inteira dele apaixonado por você? – o menino riu. – Bom, isso é patético, sendo que eu ainda...
, ... Foque na fofoca – senti meu rosto ficar vermelho. – Quem é ela? Como assim?
Ela se chama Gabe. Uma graça de menina. Conheceram-se quando fizemos uma entrevista na Austrália. Ela é americana, mas estava lá a trabalho. Jornalista, super de bem com a vida. Totalmente o que ele precisava.
– Poxa – suspirei com uma ponta de ciúme por não saber de nada. – E a ?
A ? Caraca, ela e a brigam o tempo INTEIRO! Hilário demais. Ela é a única que consegue calar a boca da sua amiga.
– Ah, jura?
Aham, mas se dão bem. E ela está doida para conhecer você.
– JURA?!
Opa – ele riu. – Viu? Você é parte importante da nossa viagem.
– Pelo menos por alguns dias vou voltar a ser importante...
Drama, drama, ah! Falamo-nos depois. Promete?
– Não é drama!
PROMETE?
– Tá. Prometo.
Amo você.
– Uhmmmm...
Dá para pelo menos mentir para mim e dizer que me ama de volta? Só para eu me sentir um pouco melhor?
– Idiota. Você é um grande idiota.
Sei que esse é seu jeito de dizer que me ama e eu aceito. Beijos, gênio.
– B... Beijos, .

Desliguei e continuei pressionando o celular contra meu coração, como se eu quisesse que o saísse dali de dentro e me abraçasse, como ele costumava fazer sempre. Funguei de leve e, quando me virei, Rodrigo estava me encarando com um sorriso perigoso nos lábios. Não quis perguntar, mas logo vi que ele não ia calar a boca.

– Que foi, Rodrigo?
– Espere um pouco – o rapaz riu. – Seu ex acha que nós dois somos namorados, ele não quer me ver e você realmente acha que vai conseguir escapar da Miriam? , meu amor, seu jeito de sair daqui é comigo. Sem chance de sair sozinha.
– Eu não vou sair daqui com você nem morta!
– Você mesma disse para o seu amorzinho boyband que EU sou o queridinho da Miriam. Então...
– Então... Quê?
– Então... – ele se aproximou. – Se você quiser mesmo ir ao show do Eddie e ver o boy magia da vez, é bom se comportar como uma dama, fazer exatamente tudo o que eu mandar e, como gosto muito de você e quero ver a cara desse babaquinha ao vivo, convenço a dona Miriam a deixar você sair do trabalho. Comigo, é lógico.
– Não! – eu o afastei, porque, ao passo que ele ia falando, ia se aproximando de mim. – Você deve ter entendido que o nem os outros meninos querem vê-lo. Eu tenho uma credencial, e você não.
– E acha mesmo que a Miriam não consegue uma para mim? É o show do ano em São Paulo. No mínimo, ela vai falar para eu ir e conseguir umas fotos bacanas. Aí, porque sou MUITO legal, pergunto se posso levá-la como acompanhante.
– Rodrigo, você é um total babaca.
– Total babaca que a adora e está fazendo isso por você. Na verdade, por nós dois, como uma vingança.
– Vingança? – ergui a sobrancelha. – De quem, criatura?
– De quem você acha? Usa sua massa encefálica um pouco para pegar a malícia das pessoas, – ele deu um peteleco na minha testa. – Vejo você em duas horas. Tenho que conquistar uma chefe que não está de bom humor hoje.

E, me roubando um selinho – sim, ele fez isso –, Rodrigo saiu do jardim de inverno, deixando-me totalmente perplexa e com cara de babaca. A única pessoa que eu não queria que fosse era a única que podia me tirar dali. Oi, universo. Tem como complicar minha vida só um pouquinho mais? Tipo, só um pouco. Beleza? Credo.


Horas depois de um dia massivo, chato e eu tentando fazer tudo o que a Miriam pedia sem reclamar, ela me chama e PASMEM: Rodrigo na sua sala. Algo me diz que esse filho da puta conseguiu o que queria e isso me dava mais cólicas de nervoso. Muitas cólicas.

, Rodrigo...
– Miriam – respondemos em uníssono.
– Bom, o Rodrigo, como sempre, me trouxe à mente hoje uma proposta interessante.
– Obrigado, chefe – ele disse e rolei os olhos. Puxa mais o saco para ver se chega ao chão, caralho.
– Pelo que fiquei sabendo, a banda One Direction fará uma série de shows aqui no Brasil. Correto? – senti que era uma pergunta retórica e só confirmei com a cabeça. – Acho interessante usarmos essa ocasião para divulgarmos nosso trabalho. Afinal, o que mais vai ter nesse show são crianças. Não é mesmo? Quem se interessa por eles?
– Crianças e adolescentes – Rodrigo respondeu e os dois riram maldosamente, lançando olhares para mim. Agora estou sendo comparada a pirralhas. Score!
– Rodrigo, você acha necessário esse trabalho ser realizado por duas pessoas ou uma está de bom tamanho? Garanto que você dá conta do recado.
– Bom – o rapaz estralou os dedos e os lábios. – Eu daria conta, mas a aqui conhece a banda e o seu pessoal. Creio que com uma pessoa de confiança ficaria muito mais fácil conseguir acesso ao backstage e essas coisas.
– Backstage? – perguntei. – Pensei que o propósito fosse fotografar as “crianças” que vão estar na fila, e não os membros da banda.
– E quem disse que os membros não são crianças também?
– Eles têm minha idade, Miriam – bufei. – Não são crianças.
– Mesmo assim, acho interessante fotografá-los – ela sorriu. – Então temos um acordo?
– Com certeza.
– Hein? Como assim? – meu coração pulou na boca.
– Vocês vão acompanhar a passagem da banda One Direction pelo Brasil. Creio que isso não será nenhum problema para vocês. Ok?
– OI?
– Comprarei hoje as passagens para o Rio de Janeiro. Cuidarei da hospedagem do hotel e essas coisas...
– EU NÃO VOU DORMIR NO MESMO QUARTO QUE ELE!
, por favor, minha querida, por mim você nem iria nesse projeto! O Rodrigo está fazendo um grande favor – ela sorriu. – Mas não. Vocês não vão dormir no mesmo quarto. Muito menos no mesmo hotel que a banda.
– Eu conheço a banda! – falei entre os dentes.
– Sim, o mundo inteiro sabe do seu passado com a banda, e é por esse motivo que vocês vão ficar em um hotel BEM longe deles – ela e Rodrigo riram. – À propósito, as fotos no backstage serão feitas única e exclusivamente pelo Rodrigo.
– HÃ?
, você pode tirar fotos das fãs. Não pode?
– Não, não posso! – bati a mão na mesa. – Na boa, por que vocês estão fazendo isso comigo? Não preciso de um favor de vocês, não preciso que você me pague hotel e passagens. Se eu quiser, tenho tudo isso de graça. Tenho uma porcaria de passe-livre para o backstage. Não preciso de favores seus, Miriam.
– Mas você precisa de mim. Não precisa? – a mulher se levantou. – Do que eu me lembre, a vida financeira de sua família não está boa. Os seus pais não possuem condições de bancá-la na Inglaterra, onde, pelo que sei, é o único lugar onde “a admiram”. Admiram-na mesmo ou é porque você estava na época namorando ?

Fiquei com a boca aberta e senti levemente as lágrimas deslizarem sobre meus olhos. Eu não posso estar passando por isso. Não acredito.
– Como eu imaginei – ela sentou-se novamente. – Vocês dois embarcam na quinta pela manhã. Podem sair agora.
– Obrigado novamente pela confiança, Miriam – Rodrigo disse ao sair da sala comigo ao seu encalço. – Feliz agora?
– Vá para a puta que pariu! – respondi sem ao menos olhar para a cara dele. Só ouvi ao longe o rapaz soltar uma gargalhada.




VOCÊ ESTÁ DE BRINCADEIRA COM A MINHA CARA!
, para de gritar por um segundo, por favor? Meu Deus, parece o dia em que eu comi salmão e comecei a passar mal. Você só grita comigo.
COM VOCÊ, TEM QUE SER NA BASE DO BERRO! – senti que ela respirou fundo. – Amiga, o que esse babaca está fazendo com você? E o combinado não era EU ir para São Paulo?
, eu lhe contei a história mil vezes. Contei a história para o mais mil e para o , porra... Perdi as contas de quantas vezes ele me ligou para eu contar essa história para ele.
O vai surtar quando você chegar. Ele está muito puto.
– Jura? Como se eu não soubesse!
Os mais calmos são o e o . Nem o está muito feliz com essa situação, e olha que geralmente ele sempre a defende.
– Nem o está do meu lado?
Nope!
– Bosta.
Que horas você chega aqui?
– Daqui a umas duas horas, creio eu.
Vou esperá-la no aeroporto e nós vamos DIRETO para o soundcheck dos meninos. O show é hoje, a fila está enorme e eles ainda nem pararam para ver o palco direito.
– O soundchek não começa agora? – dei uma olhada no relógio.
Ah, que seja. Você chega para o fim do soundcheck. De qualquer maneira, nós vamos para o local do show, que juro que tentei falar umas mil vezes, mas não consigo.
– Tá. Eu quero ver como você vai driblar o Rodrigo.
Nããão. Isso você deixa com os meninos.
– Hã?
É, é para ele vir. Já que está no inferno, optamos por abraçar o capeta.
!
Venha logo, porra. Amo você.

E desligou na minha cara.

De São Paulo ao Rio, a viagem dura uma hora e meia (nessa companhia aérea estranha que a Miriam reservou para nós dois). Rodrigo foi a viagem inteira ouvindo música e eu, batucando no celular. Eu sei que não tem sinal no céu, mas vai que dessa vez tem algum anjo ao meu lado? Porém, não tinha. Eu transpirava, ficava com frio, comi uns cinco saquinhos de amendoim e me levantei mais cinco vezes para ir ao banheiro, devido à quantidade de coca que ingeri no caminho. Tentei fechar os olhos e não conseguia, de maneira alguma. Eu estava ansiosa por vê-los e o pior de tudo: por saber que os cinco estavam bravos comigo – como se eu tivesse culpa dessa praga estar ao meu lado. E hoje tem o show do Eddie Vedder e não estou em São Paulo!

Meu pai só não foi tomar satisfação com a Miriam porque a desgraçada pagou a quantia que meu pai gastou no ingresso de volta. Ela não disse que rasgou. Disse que o reembolsaria pelo “ato de carinho com sua filha” (vaca!) e que precisava de mim nesses shows. No fundo, coitado do meu pai, ele adorou. “Você vai ver seus amigos de novo, filha!”. Doce ilusão, pai. Minha mãe, é claro, não concordava com nada. Eu nem sei direito mais o que se passa na cabeça da minha mãe. E, ah, falando nela, com respeito às cartas, ela não sabe de nada. E olhe que entrei escondida no quarto dela e não achei nada mesmo. E minha mãe é péssima para esconder as coisas. Meu pai também não soube, então fiquei novamente no escuro. Joguei essa conversa para o Rodrigo, mas ele disse também que não fazia ideia do que eu estava falando. Cansei do assunto e tentei abstrair. Eu teria uma conversa séria com e mais tarde.

– Está tensa?
– E por que eu estaria?
, vamos nos dar bem, pelo menos por enquanto?
– Dar-nos bem? – virei-me para o Rodrigo. – Não era para você estar aqui. Não era nem para eu estar aqui.
– Mas agora você está! E seja boazinha e se comporte como minha...
– SUA O QUÊ?!
– Ah, você acha mesmo que vou deixá-la dar alguma escapulida para falar com ele, né? Bebeu? Meu emprego está na reta também.
– Não estava contando com isso, mas não quero que você se passe como algo meu, sendo que você não é.
– Se você não sabe, a Miriam enviou um e-mail para a agência deles indicando que eu, Rodrigo, estou indo na companhia de minha namorada. Querendo ou não, você vai ter que cumprir esse papel.
– Ah, aham – comece a rir. – Se você não sabe, a “agência” deles me enviou a credencial. Eu os conheço, e não a Miriam. Se eu falar para eles que não quero que você entre, você não vai entrar.
– E você será demitida.
– E eu me caso com o e vivo do dinheiro dele para o resto da minha vida – eu disse um pouco mais alto, atraindo a atenção de um casal de senhores.
– Você que sabe, você que sabe.
– Faz um favor e fica neném até a gente chegar ao Rio?
– Seria tão mais fácil se você cedesse...
– Ou se você sumisse.

Fechei meus olhos e senti os olhos dele em mim. Não, ele não gostava de mim. Era só o puro prazer de me tirar do sério. E ele está conseguindo. E EU NÃO ESTOU BRINCANDO COM RESPEITO AO CASAMENTO!

Passamos pelo portão de desembarque e logo vi ali. NOSSA, como ela está linda! Os cabelos maiores, quase chegando à cintura, mais para um tom castanho dourado e com cachos nas pontas. As bochechas continuam em um tom vermelho natural e... Será que ela está mais alta ou é salto? estava segurando uma plaquinha que dizia “COME TO YOUR BOLTON’S GIRL” e comecei a gargalhar. Só ela faria isso por mim. Só ela.

O pessoal que andava na minha frente estava devagar demais e Rodrigo insistia em segurar minha mão, mesmo comigo dizendo que já havia avistado a . Mandei-o para o inferno e corri, esbarrando em algumas pessoas que, claramente, me xingaram. Nem acreditei quando ela soltou a placa no chão e me abraçou. Cinco meses sem esse abraço, sendo que ele é o melhor do mundo. Não existe abraço melhor que o da . É tão... Aconchegante e quentinho. Ficamos ali paradas e abraçadas por um tempo, sem falar nada, mas ambas chorando. Senti-a soluçar e a abracei mais ainda, como se eu não quisesse soltá-la ou ter que passar por uma despedida e um abraço assim de novo em poucos dias. Apertamo-nos um pouco mais e finalmente nos soltamos.

– Que saudade de você – ela disse, segurando meu rosto e me dando um beijo na testa. – Você está tão linda, tão linda!
– Digo o mesmo pra você – sorri meio chorosa. – Que aconteceu com seu cabelo?
– Ah, o prefere grandão. Tive que deixar crescer.
– Está liiiiiiiiiiiiiiiiiiiindo!
– O seu também, o seu também – ela passou a mão na minha franja mais curta. – Ele vai pirar quando a vir. Ahhh, venha aqui – e me puxou para outro abraço. – Eu estava tão brava com você, mas agora passou tudo.
– Estava com tanto medo de você não vir me buscar no aeroporto.
– Achou mesmo que eu não fosse aparecer? Que eu estaria tão brava assim?
– Sei lá. No telefone, você não parava de gritar comigo – sorri e a soltei do abraço. – Estou me preparando psicologicamente para falar com os meninos.
– É, não vai ser fácil – ela deu de ombros. – Aquele ali é o Rodrigo, né? Eu me lembro dele.
– Lembra como, criatura?
– Você já me mandou foto dele? Quando vocês estavam mais ou menos juntos?
– Ah, tá...
– Oi, ?
– Oi, Rodrigo – ela sorriu mais ou menos sem graça. – Bom finalmente conhecê-lo.
– Digo o mesmo – ele suspirou. Até que o inglês dele era bom. – Então, vamos para o hotel?
– HOTEL?! – eu e falamos juntas.
– Não, bebê. A não vai para o hotel. Tem cinco garotos que estão quase parindo mais cinco garotos por causa dela.
! – Rodrigo segurou meu braço. – , seja racional... – ele olhou para , que tinha as mãos na cintura e batia o pé no chão. – Será que eu posso falar em particular com a , por cinco minutos?
– CINCO?
– Está tudo bem, – suspirei. – Sério.
– Ahhh! Saco – e ela nos deu espaço.
– Desabafe.
– O que eu lhe disse quando você não ganhou o ingresso para o Lollapalooza ano passado?
– Hã?
– Você se lembra do que eu lhe falei no banheiro?
– Não, Rodrigo, eu não me lembro.
– Esforce-se, porque eu sei que você se lembra.

– Quanto tempo você e o boyzinho namoraram?
– Tem como não chamá-lo assim?
– Tá, tá... – ele olhou a foto. – – rolou os olhos – Quanto tempo?
– Um bom tempo – suspirei. – Por quê?
– Eu fui noivo, – ele sorriu. – Por dois anos.
– Noivo? Mas você só tem vinte e dois anos.
– E daí? Se você continuasse em Londres, tenho certeza de que ia querer casar com seu namorado. Não estou certo?
– Bom... – cocei a nuca.
– Enfim, o que eu quero dizer é que eu posso não ter deixado Londres, mas deixei Santa Catarina. Não deixei uma estrela pop mundial, mas deixei um grande amor. E deixei porque eu sei que mereço mais, porque, para me sentir completo, preciso me realizar aqui – ele apontou para a cabeça. – É importante amar e ser amado, mas quer mais satisfação pessoal do que ser reconhecido? Do que fazer aquilo que gosta?
– Aparentemente, nem isso eu consegui aqui – bufei.
– Ah, por favor! Sem esse mimimi de garotinha que falhou em UM trabalho – o rapaz disse com muito deboche. – Você errou uma vez. E os outros quinhentos que já fez? Para que se apegar em um erro, sendo que você tem mil acertos?
– Escute...
– Deixe-me terminar de falar – ele me entregou as fotos. – Isso aqui é você! Suas técnicas que você aprendeu lá fora são diferentes das daqui, mas faça isso o seu diferencial, e não o seu escudo ou sua zona de conforto. “Ah, eu não ganhei o concurso porque tenho um estilo diferente de fotografia”. Foda-se! Faça a Miriam gostar desse seu jeito, porque, se ela a escolheu, é porque alguma coisa de bom você tem. E, por favor, dê uma olhada no seu portofólio, garota. Você é ótima. Não perca o seu brilho, – o garoto levantou meu rosto, segurando-me pelo queixo. – Dentre nós todos, você é a melhor. Não esqueça.
– Por que você está me falando isso?
– Já vi muita gente ficar presa no passado. Não quero o mesmo com você. Vale a pena lutar e virar a página. Acredite – ele sorriu e me soltou.


Sacudi a cabeça quando me lembrei dessa conversa. Desde o começo, ele foi sempre bem sarcástico com respeito ao , mas eu ainda não conseguia entender o seu ponto de vista hoje, exatamente hoje.

– A Miriam sabe que você é boa e a enviou para cá porque ELA quis, e não por mim. E eu me lembro muito bem de que lhe disse para não ficar presa ao passado. Eu estou pensando no seu bem, . Só isso. Quer continuar presa? Quer relembrar toda a dor que você teve quando se despediu da banda e da sua amiga ano passado? É isso o que você quer?
– Eu quero que você PARE de me dizer o que tenho que fazer – choraminguei. – Eles são a minha segunda família, Rodrigo.
– Sua família está em São Paulo e eles precisam mais de você do que esse bando de riquinho britânico.
– Pare de falar assim deles. Não aguento mais o seu sarcasmo! – peguei minha mala do chão e o encarei. – Eu não estou presa ao meu passado. Eles são parte da minha história e fazem parte do meu presente e futuro, e sempre vão fazer. Se você esqueceu sua noiva e mudou de vida, que bom! Talvez não a tenha amado e valorizado da mesma forma que eu amo e valorizo essas pessoas que estão aqui hoje. Eles me ergueram quando eu não tinha ninguém. Quantas vezes você fez isso por alguém, Rodrigo? Quantas vezes você abdicou de si mesmo para se doar a outra pessoa?
...
– Eles fizeram isso por mim MUITAS vezes! Meu namorado preferiu terminar comigo para me fazer assinar esse contrato com a Miriam. Ele desistiu de nós dois em prol da minha felicidade. E o que eu lhe dei em troca? NADA! Porque vim embora. Agora é a minha vez de retribuir e, se essa retribuição durar um, dois, cinco dias, vai ser assim. Eu os amo e ponto final.

Não quis ficar para ouvir nenhuma resposta. estava me esperando uns metros à frente e, quando me aproximei, ela abriu os braços e me abraçou. Juntas, nós fomos saindo, procurando um ponto de táxi. Rodrigo estava logo atrás de nós. Não sei se ele entendeu e nem sei se alguém nesse mundo entende o que essas pessoas são para mim. Pela minha felicidade, vou só fechar os olhos e esperar...

O Parque dos Atletas estava LOTAAAAADO! Enquanto passávamos com a van ao lado da fila, centenas de meninas cravaram os olhos em nós e começaram a gritar – deviam achar que eram os meninos. A só dava risada e tirava fotos, achando tudo aquilo o máximo. Eu estava levemente apreensiva e não parava de estralar os dedos. Rodrigo tentou colocar sua mão em cima da minha, mas logo retirou ao ver o olhar nada alegre da . Aquela fila parecia não ter fim e cada vez mais minha respiração ia embora. Eu não conhecia o Rio – e, pelo jeito, não vai ser dessa vez que vou conhecer. Era uma mistura de alegria, ansiedade, pânico, tudo junto! Finalmente, depois de uns dez minutos, chegamos ao portão principal – e mais gritaria, choro, galera desmaiando, LOUCURA! Eles estão felizes. Eu tenho certeza disso. Alguém vai chorar no show hoje. Aposto que vai ser o . Ou o . Ele também é um bebê chorão.

– PAUL! – assim que a porta da van foi aberta, a cara feliz de Paul apareceu. – Caraca, como você está vermelho.
– É esse sol latino, minha querida – ele me ajudou a descer. – Opaaa, como você está?
– Bem, bem, e você?
– Melhor agora – ele riu. – Não que você precise, mas está com a credencial?
– Aham! – mostrei meu crachá. – Achei até chique. Na Inglaterra, eu não precisava.
– A empresa aqui é um pouco mais rígida – ele deu de ombros. – E o seu amigo, quem é?
– Oi. Sou Rodrigo – e mostrou a credencial provida pela Miriam. – Enviamos um e-mail para a agência dizendo que...
– Tá, tá. É seu amigo, ?
– Infelizmente.
– Venha. Podem entrar – ele riu. Olhei para Rodrigo com um ar total arrogante.
– Eu disse que não precisava explicar nada.
– Que seja. O meu trabalho está na reta e o seu também.
– Aham – dei risada e me agarrei ao braço de .

Após um bom tempo sem ver os meninos, sendo que a última vez foi na formatura, eu estava bem apreensiva. Toda essa parnafenalha do Rodrigo ter que vir junto e ainda querer pagar de namoradinho estava me tirando do sério. segurou em minha mão e nós corremos pelos corredores vazios até chegar perto dos camarins. Meu coração parecia bater na garganta... Como eles estavam? Como iam me tratar? Gente, que nervoso. Nem parece que convivi com essas pessoas por tanto tempo... Olhe onde eles estão hoje! Se eu falar que não ouvi nenhuma música de Midnight Memories, eles vão ficar bravos? Vão, né?! Eu ouvi algumas... Isso não é hora para pensar no assunto.

– Eu acho que já terminaram o soundcheck – disse. – AHHH, LÁ VEM ELES!
– Aham.

Avistei ao longe e , que vinham conversando normalmente e sorrindo. Coloquei uma mão em meus lábios – por pura mania – e senti meu rosto esquentar junto com meus olhos, que começaram a lacrimejar imediatamente. foi o primeiro que me viu, parando de andar no mesmo momento e fazendo aquela cara sapeca e feliz que só ele pode fazer. acompanhou o olhar de e abriu a boca em um “O” bem grande quando me viu. Eles estavam lá, novamente!

! – disse, puxando-me para um abraço apertado e tirando meus pés do chão, sorrindo aberto. – Merda, menina! Que saudade de você!
, ai, meu Deus! – eu só chorava. Só isso. – , venha aqui caramba.
, que saudade – ele veio e participou do abraço coletivo entre eu e .

Ouvi ao fundo a voz de e , que começaram a falar “nossa, não acredito. Ela veio mesmo”, e, segundos depois, eu estava sendo abraçada pelos quatro. QUATRO! Está faltando um.
Quando nos soltamos do abraço, Rodrigo estava parado como uma estátua de cera ao meu lado. Um a um, os meninos foram cumprimentá-lo, de forma educada e, no mínimo, bem máscula. Enxuguei as lágrimas e olhei sorridente para , até meu olhar se encontrar com o único “direction” que faltava. .

Ele estava ao fundo do corredor, sem camisa e com os cabelos mais bagunçados e, creio eu, úmidos. A adrenalina, emoção e formigamento em minhas extremidades voltaram de uma vez. Meu coração ia explodir. Eu ia chorar ou desmaiar. Olhei para meu lado esquerdo e Rodrigo estava sério, também encarando . Que bela merda! Só queria correr até ele. Queria receber um abraço da mesma forma que recebi de todos os meninos, mas não sei se isso seria possível. me disse que ele estava puto comigo, e deu para perceber. Ouvi tossir ao meu lado, nada discreto, como se quisesse dizer alguma coisa. Fez-se um silêncio que parecia ensurdecedor. Ele não veio falar comigo... Ficou ao fundo me encarando, arrumando uma camiseta branca em suas mãos, completamente sério.

– Então... Aquele é o ? Seu ex? – Rodrigo se aproximou e perguntou.
– Sim – respondi, engoli o choro.

Acenei para ele, mesmo de longe, e sorri com os lábios fechados. O garoto fez o mesmo, sorrindo discretamente e, logo em seguida, desviando o olhar, achando a camiseta em suas mãos muito mais interessante que eu. Respirei fundo e tirei delicadamente a mão de Rodrigo que pousava sobre um de meus ombros.

– Entãããooo – ouvi a voz de . – Podemos dar um tour pelo palco, se você quiser? Essa situação constrangedora vai me dar gases se eu passar mais um minuto aqui.
! – o corrigiu.
– Hã? Sério que você vai brigar comigo?
– Ai, idiota! Venha, . Vamos dar uma olhada no lugar.
– Ok – respondi, quase nem ouvindo minha voz direito.
– E nós vamos juntos – riu, vindo ao meu lado e me abraçando. – Saudades suas, coisa chata.
– Eu também – encostei minha cabeça ao seu ombro. – Ele está aí atrás?
– É claro que está, escoltado por e . está atrás esperto, se ele tentar fugir.
– O não vai falar comigo, vai?
– Ele vai. É claro que vai. Espere aí... ! – gritou , que estava a uns bons passos na nossa frente.
– Quê? – ele respondeu, sem nem ao menos olhar para trás.
– Vamos até o palco. Topa?
– Tá... Que seja – eu o vi dar de ombros.
– Viu? Ele vai!
– Ai, . Deixe de ser bonzinho, né?
– Dê um tempo. Daqui a pouco vocês dois vão estar se pegando pelos cantos, como nos velhos tempos.
– Aham – eu ri, totalmente sem humor algum.

O palco era GIGANTE!! Nada comparado aos palcos em que eles se apresentavam na tour anterior. Esse era LINDO! Enorme, com uma passarela louca, maluca, que ia deixar as fãs completamente fascinadas. Gente, eu pirei legal! estava na passarela comigo, tão maravilhado quanto eu.

– Nós conseguimos, princesa.
– Eu não acredito nisso – sorri feliz. – Cara, vocês merecem TANTO! – abracei-o pela cintura.
– E você participou praticamente de todas as fases que nos levaram até aqui – ele beijou meus cabelos. – Obrigado.
– Pelo quê? Está doido? Isso aqui é tudo obra de vocês. Se a banda fosse escrota, vocês nunca iam conseguir isso aqui. Está demaaaaaaaaaais!
– Pode gritar. Grite muito.
– UAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAU! – berrei e comecei a rir. – Nem faz eco.
– É gigante – riu. – O padrão é mais ou menos o mesmo para os outros países, mas o Brasil está demais.
– Conseguiram visitar alguma coisa nesses dias?
– Ah, fomos aos pontos turísticos do Rio, mas nada em especial. Muita gente e muito calor.
– Está vermelhinho mesmo – bati em seus ombros. – Está gatinho.
– Ha, valeu – ele ficou sem graça. – contou que eu estou namorando, né?
– Contou, sim – sorri. – E eu estou muito feliz. Mal posso esperar para conhecê-la. Gabe, certo?
– Sim – ele sorriu e colocou as mãos nos bolsos da calça. – Ela está cuidando de uma coletiva em São Paulo.
– Droga. Pensei que ela fosse estar aqui.
– Eu também – ele suspirou. – Mas está tranquilo – o menino me deu um peteleco no nariz. – E o Eddie?
– Ahh, nem me lembre, ! O show do cara é hoje em São Paulo. Teve um ontem e vai ter um amanhã. Eu estou literalmente pirando.
– Não tem como ir amanhã?
– Não – fiz bico. – Tenho cinco bebês para cuidar. Bom, quatro.
, fique calma. O estava realmente ansioso para vê-la, mas com esse cara fica tudo meio broxante. Não acha?
– Eu sei, mas a culpa não é minha! Tem como explicar isso para ele?
– Hum... – riu.
– Que foi?
– Desculpe, mas o seu amigo não vai ficar muito tempo com a gente, não.
!
– Oi? – ele me abraçou de novo. – Vamos para lá. Você tem que dar uma olhada nos nossos novos equipamentos.

estava deitado com a barriga para baixo e se apoiando nos ombros, com uma total cara de poucos amigos. Rodrigo conversava alguma coisa com e (eu sei que eles fingiam interesse e, no fundo, acho que estavam querendo irritar ) e e se enamorando, olhando as guitarras. Assim que cheguei mais perto, Rodrigo me chamou para falar alguma coisa e encarei por alguns segundos. Ele me olhou e depois desviou o olhar, fazendo um “não” com a cabeça. riu baixo e me deu um empurrão para eu ir à direção dele. Não custava nada, eu acho. Andei na direção de , que ainda não me olhava e fingia nem me ver. Rodrigo me chamou mais duas vezes, mas não dei atenção.

– Oi – sentei-me ao seu lado, sem olhar para ele, com as pernas cruzadas em pose índio.
– Oi – sua voz mais grossa que o normal. Proposital, tenho certeza.
– Vai ficar sem falar comigo até quando?
– Até quando esse babaca ficar aqui – ele olhou para baixo. – Eu lhe pedi uma coisa, !
– E eu já expliquei que a culpa não foi minha – suspirei. – Sem ele, não tinha como eu vir.
– Claro que tinha – o rapaz ainda não me encarava. – Depois de tudo, você ainda não confia em mim? Não confia que posso trazê-la para mim sem dar maiores complicações?
...
– Quer saber? Esqueça – ele riu bravo. – Tem seu emprego e eu não quero prejudicá-la.
, pare com isso! – o garoto se apoiou nos cotovelos para se levantar e segurei em seu braço. – Por favor, pelo amor de Deus, não me trate assim.

Seu olhar foi da extremidade de meu braço até o seu. Ele se levantou, puxando-me junto, e ficou em pé na minha frente, segurando minha mão. Seu olhar acompanhava o meu e seus lábios abriram e fecharam por várias vezes, como se quisesse falar alguma coisa, mas não podia. Por fim, ele soltou minha mão com um suspiro e virou as costas, deixando-me totalmente perdida e olhando para o vazio. Novamente, aquela sensação de um arrombo em meu peito voltou. Senti me abraçar por trás e apoiar o queixo em meus ombros. Solucei sem querer e ele me abraçou com mais força.

– É só você pedir e a gente o tira daqui.
, eu trabalho com ele!
– Como eu disse, é só você pedir – ele beijou minha nuca e saiu.

estava sentado perto da bateria com , e . Acho que Rodrigo deve ter falado alguma babaquice para e novamente desviou o olhar, rolando os olhos, a boca entreaberta. Passou a língua pela bochecha pelo lado de dentro e fez uma cara de total desprezo. viu a cara dele e não aguentou, soltando uma gargalhada alta e irritada. Sacudi minha cabeça e não sabia para onde ir. Foi então que... É, a bosta começou a acontecer.

– Podemos fazer umas fotos de vocês? – ouvi Rodrigo perguntar. TODOS (absolutamente todos, sem exceção) fizeram cara de espanto.
– Como assim? Fotos nossas?
– É – Rodrigo sorriu e bateu na bolsa em que ele carregava a câmera. – A agência de vocês nos disse que não teria problema em fazer umas fotos antes dos shows.
– AH, VOCÊS! – fez questão de salientar. – A vai ficar aqui também.
– Então... – Rodrigo coçou a cabeça. – Na verdade...
– Na verdade, é só ele, – respondi, aproximando-me. arregalou os olhos. – Acho que no e-mail a Miriam deve ter explicado que o Rodrigo ia cuidar das fotos internas e eu, das externas.
– Mas é óbvio que isso não vai acontecer – respondeu, sendo encorajado pelos outros.
– Companheiro, a é responsável pelas nossas fotos há mais de um ano – falou.
– Isso quando ela trabalhava em Londres e, pelo que sei, a garota nunca trabalhou para vocês. Estou errado? – Rodrigo me encarou. – Corrija-me se eu estiver errado, por favor.
– Cale a boca – falei em português. – Galera, não tem problema. Eu volto para a hora do show.
– Como não tem problema, ? – e se levantaram. sacudia a cabeça o tempo todo em tom de reprovação.
– Rodrigo... É isso o seu nome, certo? – falou. – Eu não conheço sua patroa e não conheço seu trabalho, mas sou familiar com o trabalho da e prefiro que ela tire nossas fotos, e não você.
– É, eu sei o quão familiar vocês são com ela – Rodrigo falou em um tom malicioso.
– Ah, cale a boca, moleque! – adivinha quem falou isso? , óbvio. – Você não vai tirar as fotos dos meninos e ponto final.
– É claro que eu vou – ele riu. – Essa credencial me dá o direito.
– Aham, e isso lhe dá que direito? – havia se levantado e dado um empurrão no peitoral de Rodrigo.
– Ai, meu Deus! – eu disse. não brigava. Ele não fazia isso. ELE VAI APANHAR! Não de mim, mas do Rodrigo.
– Briga, briga, briga! – ouvi dizer e o olhei bem séria. O rapaz fingiu estar ofendido, mas claro que ele não estava nem aí para mim.
– Escute: se a banda está dizendo que você não vai tirar foto nossa, você não vai!
– Ah, é? E quem vai me impedir? Você? – Rodrigo começou a rir e sacou o celular do bolso, tirando uma foto de com um flash bem forte.
– RODRIGO! Pare com isso, caramba.

Eu ia falar alguma coisa, mas e seguraram pelos braços e e seguraram Rodrigo. De nada adiantou e . Rodrigo era bem alto e forte. Conseguiu se desvencilhar facilmente e ir na direção de , que acabou levando um soco no estômago. Eu não acreditei no que eu vi! e começaram a ficar alvoroçados e estava encurvado, com as duas mãos em cima do estômago. Gritei e fui à direção dele, mas me segurou, dizendo que era melhor eu esperar para ver o que ia acontecer. Em outras palavras, a filha da puta queria briga. Rodrigo parecia bem satisfeito consigo mesmo – acho que ele estava louco para dar um soco em . Encarava os cinco garotos ao seu redor com um olhar de luxúria e vitória. Eles tinham um show HOJE caramba, em algumas horas. Rodrigo virou as costas para pegar ao celular que havia caído no chão e foi aí que foi em sua direção. Gritei de novo, mas de nada adiantou. o empurrou, aproveitando que ele estava abaixado pegando o celular, e Rodrigo caiu de boca no chão. Os outros quatro se juntaram perto de , criando uma pequena muralha, só esperando Rodrigo se levantar para revidar. Ele ia fazer isso, já que voltou com o punho fechado, mas mudou de ideia quando viu os cinco ali parados o encarando.

– Suma daqui. Suma!
– Vocês são um bando de idiotas! – ele limpou o sangue que corria pouco do pequeno corte em seu lábio inferior. – E você... – apontou para mim. – É mais idiota ainda! Seu emprego já era, . JÁ ERA!
– Ela não precisa desse emprego – disse. – E você sabe muito bem disso.
– Ah, não precisa? – Rodrigo riu sarcástico. – Não era o que ela dizia quando estava deitada na cama comigo, após uma longa noite de transa – ele gargalhou. – Sabia que os pais dela estão bem quebrados? Sem grana nenhuma? E que é praticamente ela quem sustenta a casa? Ah, ela não contou isso para vocês?
– CALE A PORRA DA BOCA! – eu gritei ao fundo. – Pelo amor de Deus, vá embora!
– Você é uma groupie, e das piores – ele disse em inglês, fazendo questão dos meninos entenderem. – E digo das piores porque nem boa de cama você é.
– CHEGA! – não pensou muito e deu um soco no meio do nariz de Rodrigo. – SUMA, PORRA!
– AH, CARALHO! – Rodrigo colocou a mão no nariz. – Você me paga, moleque. VOCÊ ME PAGA!
– Epa, epa, epa! – ficou na frente de , que já se aprontava para uma possível briga, e junto com foi até Rodrigo.

Eu olhava de um para outro, sem saber o que fazer. O nariz de Rodrigo pingava, sangrando sua camiseta. sacudia a mão e pude ver que seus ossinhos de cima estavam um pouco avermelhados. Engoli em seco o ar e colocou a mão em meus ombros. Eu só esperava pelo pior. Só isso.

– Você está ferrada, – Rodrigo disse por fim. – O seu emprego já era. Eu vou acabar com você!
– SUMA DAQUI – berrou, mas Paul apareceu.
– Paul, tire esse cara daqui, para ontem! – disse. – Tire-o das extremidades do show. Não o queremos perto da gente e muito menos da .
– Tire as mãos de cima de mim – Rodrigo se desvencilhou dos meninos. – Eu acho a saída sozinho.
– Cadê sua credencial? – Paul perguntou, barrando-o, enquanto ele andava e nem ao menos se importava com o sangue em sua camiseta.
– Crede... QUÊ? – ele se apalpou e não achou o crachá. – Ela estava... Ela... – Rodrigo olhou pra trás e viu o crachá na mão de sendo amassado e rasgado.
– Sem crachá, sem acesso – Paul falou na maior naturalidade. – Acompanha-me até a saída?

Rodrigo acompanhou Paul completamente a contragosto, enquanto os meninos viam se ele realmente estava indo embora. Eu me sentia pálida, gelada dos pés até a cabeça. Os meninos davam tapinhas nas costas de , como quem está parabenizando de alguma coisa. , ao meu lado, sorria, mas também queria saber se eu estava bem. Eu não sei se eu estava totalmente bem!

? , venha aqui – foi até mim e me abraçou pelo ombro. – Está tudo bem?
– Eu... O que acabou de acontecer? – eu disse meio rindo, completamente retardada.
– Não aconteceu nada – deu de ombros. Olhei para e vi que ele massageava a mão e um pouco o estômago.
? – chamei-o. – , você está legal?
– Eu estou bem... – ele respondeu meio sério.
! – fui até ele e dei um empurrão em seu ombro. Ele me encarou sério. – Na moral, que foi? Você já tirou o Rodrigo daqui. Será que pode começar a me tratar com um pouco mais de educação?
, por favor – e me chamaram, mas eu os ignorei.
– Não! – olhei para os dois e para os outros meninos. – Não aguento mais – continuava sério. – Pelo amor de Deus, , o que você tem? O que está passando na sua cabeça? Fale comigo, garoto.
– VOCÊ! – ele me encarou, levemente bravo. – Eu tinha e tenho você na cabeça – ele riu triste e me encarou. – Por quê? Preferia-o aqui a mim?
– Claro que não – bati o pé, tipicamente infantil. – Mas, ahhh, esqueça!
– Escute aqui – veio até mim e se afastou. – Se você quiser, eu trago aquele bosta de novo e você nunca, nunca mais vai ouvir falar de mim, ! Você viu o jeito com que ele falou de você? Como que aguenta tanta coisa? Todo dia? E você ainda transou com ele? Meu Deus, . O que aconteceu com você?

Havia uma clara decepção em seu olhar. Uma decepção que eu nunca vi desde que o conheci. Já vi tristeza, desespero, mas essa era a primeira vez que eu o decepcionava.

– Eu não, ! – respirava fundo. – Duas vezes. Foram duas vezes.
– Podia ter sido uma. Não importa – ele riu. – Que fosse com alguém que você amasse, que você tivesse criado um vinculo de amizade e amor, e não... ISSO!
– E você? E as suas saídas com metade das americanas abaixo dos dezoito anos? – agora ele arregalou os olhos. – Quê? Acha mesmo que sou tão tapada assim?
– Cara, que saudade de vocês dois – nos encarou com um sorriso idiota. – É tão melhor que Ross e Rachel.
– CALE A BOCA! – eu e falamos juntos.
– Ah, por favor. “Eu amo você. Não, eu amo você”, ou melhor, “você dormiu com outra, mas ela é ruim de cama. Eu só conseguia pensar em você”. Suas brigas são ÉPICAS!
, agora não – colocou as mãos nas têmporas.
– Chatos pra caramba – o garoto riu. – Vamos, galera. Esses dois têm muito para conversar.
– Sim – e passaram por mim e me deram tapinhas no ombro. e , eu nem os vi saindo.

Suspirei quando os vi saindo e nem conseguia encará-lo nos olhos. Cruzei os braços e encarei meus sapatos, esperando que ele fosse falar alguma coisa. Mas, depois de sérios minutos, o rapaz não disse absolutamente nada. Desisti desse silêncio e o quebrei.

– Pronto. Agora estamos sozinhos – suspirei. – É isso o que você quer? Passar os próximos dias discutindo o que aconteceu nos últimos cinco meses?
– Eu não! Que porra! – ele parecia bem puto. – Eu não queria esses cinco meses, ! Eu queria você, o tempo inteiro, o dia inteiro.
– E você acha que eu não queria o mesmo?
– Não parec...
– NEM PENSE EM COLOCAR O RODRIGO NO MEIO DISSO! Eu nunca lhe dei um tapa na cara, , mas, se você insinuar o nome dele de novo, juro que vou lhe dar o primeiro.

Ele arregalou os olhos e depois soltou um sorriso abafado pelo seu rosto, que estava cabisbaixo. Olhei-o completamente inconformada. É claro que eu não ia dar um tapa na cara dele, mas estou bem perto disso.

! Dá para me encarar?
– ele suspirou e colocou as mãos na cintura. – Eu, realmente, não quero passar os próximos dias brigando com você – riu. – Por favor, não.
– Eu também não quero – choraminguei. – Mas você está, desde que cheguei aqui, tratando com tanta frieza e depois me falou todas essas coisas, e...
– Eu falei isso porque a amo, cabeçuda! – ele veio até mim e me abraçou. – Puta merda. Amo você ainda como se fosse um ano atrás, e não suporto a ideia de um cara tão baixo falar aquilo para você... E falar tudo aquilo como se tivesse direito de ofendê-la.
– Sei que não – abracei-o e encostei meu queixo à curva do seu pescoço. – Senti tanta saudade.
– Também – suas mãos apertaram mais minha cintura e ele depositou um beijo em meus cabelos. – Não faça mais isso comigo. Não me provoque desse jeito.
– Já disse que a culpa não foi minha – resmunguei baixo. – Mas – ergui meu rosto e o encarei, colocando as mãos em seus ombros. – Foi um belo soco no nariz do Rodrigo – nós rimos.
– Se ninguém tivesse nos segurado, ia ter mais – ele falou com um ar meio macho e gargalhei.
– Não faça mais isso. Eu fiquei bem preocupada – segurei sua mão. – Como está?
– Doendo um pouco – segurei sua mão e a massageei, dando um beijo. – Hum...
– Quê? – eu sorri.
– Continue que vai melhorar – ele sorriu. – Sabe, acho que ele me acertou no rosto também. Não estou lembrando direito.
– No rosto, ?
– Sim, sim – ele fez bico. – Aqui, ó.
– Aham, tá! – comecei a rir. – Seja mais criativo, . Você consegue ser melhor que isso.
– Criativo? – ele mordeu os lábios e me puxou pela cintura, encostando de leve os lábios nos meus e fazendo meu corpo inteiro tremer. – Vemo-nos depois do show?
– Depois... DO SHOW?
– Não posso ter distrações, – começou a rir e encostou os lábios aos meus, em um selinho demorado e fechado.
– Não suporto você, não suporto você! – comecei a rir e tentei me desvencilhar de seus braços.

Ele me puxou mais pra perto, não me deixando sair. Senti que nós dois respiramos profundamente ao mesmo tempo, como se estivéssemos tirando o peso de nossos ombros no mesmo momento. Seus braços envolveram todo o meu corpo e sua cabeça se encaixou em minha nuca, da mesma forma que a minha. Apertei-o contra mim e beijei seus cabelos, abrindo e fechando meus dedos neles, sentindo aquela textura que tanto me fez falta. Desabei o peso do meu corpo sobre o dele e fui me sentindo um pouco melhor. Meu coração voltou a bater normal. Especialmente quando ele quebrou o silêncio dizendo: “and I will give you all my heart, so we can start it all over again”. Dessa música, eu ainda me lembrava.




– OBRIGADO, BRASIL!
– RIO! NÓS NUNCA VAMOS ESQUECER ESSA NOITE! MUITO OBRIGADO!
– SEE YOU VERY SOON, BRRRAAAZIIIILLLL!

Os meninos estavam se despedindo da MULTIDÃO carioca após um show que, meu Deus, foi demais! ficou me batendo quase o tempo todo, já que eu não sabia todas as músicas e a fiz jurar que não contaria nada para o . Ia receber uma bronca daquelas.

Bronca mesmo eu recebi da Miriam. Por quase duas horas fiquei pendurada com ela no celular, enquanto a mulher falava e falava de como Rodrigo era um bom rapaz, que ele não merecia isso, que o rapaz ia processar a produção da banda – oi? – e que, óbvio, eu estava demitida. Dois segundos depois, ela me ligou para avisar que tinha mudado de ideia com respeito à demissão, mas só, e somente SÓ, eu voltasse naquele exato momento para São Paulo e fizesse as fotos para a socialite. Bom, se estou nesse momento falando sobre o show carioca, é meio óbvio que não voltei e me encontro desesperada. Meu pai disse para eu ficar tranquila, a minha mãe não quer falar comigo e os meninos... Esses estão felizes da vida, já pensando em como vão me levar de volta para Londres, e isso NÃO vai acontecer. E eu ainda estou encasquetada com a história que a me contou das cartas enviadas. Não tive tempo de comentar o assunto com , mas acho que não vou conseguir conversar com ele nunca. Eles têm dois shows em São Paulo ao final de semana. Amanhã não sei o que eles vão fazer, mas ficar no hotel me explicando o que aconteceu nos últimos cinco meses é que não vai. Eu começava a sentir um aperto no coração. Tanta coisa para fazer e tão pouco tempo.

– Eu vou falar para eles que você não sabia nenhuma música do CD novo – me cutucava toda sorridente. – Vão lhe dar uma bronca!
– Nem pense nisso, . Nem pense – empurrei-a de leve e comecei a rir. – Vai, fique quieta! Eles estão vindo aí.

Cinco garotos – e isso inclui o meu garoto no meio – estavam pulando de felicidade, enquanto saíam pela lateral do palco. estava com uma coroa de princesa na cabeça e começou a gargalhar quando viu. , e controlaram os passos chegando perto de mim, porque estava animado demais e vinha correndo na minha direção com os braços abertos e o sorriso mais encantador possível. Eu só conseguia pensar em como sentiria saudade dessa sensação pelo resto da minha vida.

– AMOOOOOOOOOOR! – ele me segurou pela cintura e me rodopiou no ar.

Seus braços estavam úmidos e suas costas, molhadas de suor. Eu me segurei com força e comecei a rir igual uma babaca, enquanto me rodopiava e eu via os rostos dos meus amigos ali parados e observando a cena, todos com um sorriso brincalhão nos lábios.

– Sabe do que eu mais senti falta? – começou a dizer. – Disso – e apontou para todos nós como uma família. – De nós todos juntos.
– Eu também – foi até ele e o abraçou pelos ombros. – Cara, como senti saudade dessa vibe pós-show com todo mundo.
– MUITO obrigada por não darem importância à minha presença nesses últimos cinco meses. Ouviram, rapazes?! – fez bico. – E, por favor, , tire essa porcaria de coroa da sua cabeça. Está, tipo, MUITO VEADO!
– Obrigado, amor – ele a puxou para um beijo e todos fizeram careta.
– E você? O que achou do show? – , que também me abraçava, me perguntou. Todo derretido e todo amorzinho. – Gostou?
– Cara – eu sorri. – Foi o show mais lindo que já vi! Foi a vibe mais maluca que presenciei nesses anos com vocês – puxei-o para um beijo no rosto. – Nós, brasileiros, somos DEMAIS!
– Ahh, metida pra caralho – me respondeu. – Mas confesso que o público brasileiro me surpreendeu. Cara, você viu aquele grupo de meninas na grade? – ele perguntou para e .
– VOCÊ VIU AQUELA LOIRINHA DA GRADE?! – parecia mais empolgado.
– Eu vi, porra! – abriu um sorriso sacana.
– E você, ? – virei-me para ele. – Viu também a “loirinha da grade”?
– Vi, sim – ele sorriu. – Mas, infelizmente, ela só tinha olhos para o – e piscou para o amigo. – Pô, eu tentando o meu melhor em “Alive” a menina nem olhava para a minha cara.
! – dei um tapa em seu ombro. – Sério?
– Fique quieta que você nem sabe qual é a “Alive”! – disse e os meninos olharam para a minha cara. Eu queria me enfiar em um buraco.
– Como é que é?
, não me diga que você, nesse tempo todo, deixou de nos escutar – me encarava com as mãos na cintura. – Eu não admito isso.
– Porra – fiz careta e olhei feio para , que nem sequer se importava com isso.
– Sério, amor? – parecia um pouco chateado.
– Ah, pessoal! Nem venham com julgamentos para cima de mim. É bem complicado escutar vocês e se lembrar de tudo o que passamos e tal. Fico meio nostálgica.
– E acaba tendo que dormir com seu colega de trabalho para nos esquecer. Eu entendo – me encarou sério e procurei alguma coisa para arremessar naquela cabeça linda, mas não encontrei nada.
– Nem vou comentar sobre isso – tirei o braço de , que ainda estava sobre meus ombros, e olhei para cada um deles. – Vocês seis estão juntos o tempo inteiro – abriu a boca para falar alguma coisa, mas eu não deixei. – E, por algum momento, tentaram imaginar como eu estaria? Eu sei, EU SEI que não nos falamos mais e me culpo por isso. Mas é bem diferente para vocês seguir a vida viajando de país para país com o mundo aos seus pés. E você, ...
– Olhe lá o que você vai falar de mim! – ela disse com a voz um pouco aguda.
– Foda-se – bufei. – Você deveria ser uma amiga um pouquinho mais presente. Eu parei de respondê-la porque minha vida estava se tornando uma merda. Trabalhei como nunca trabalhei na vida e eu via, todos os dias, as suas atualizações no Instagram e Facebook de como sua vida estava agitada com os meninos. Vocês acham mesmo que eu queria entrar nisso de novo? E estando longe? Que graça ia ter?

Afastei-me um pouco deles, enquanto todos me encaravam, menos e que olhavam para o chão.

– Eu amo vocês! – minha voz embargou. – Perdi as contas de quantos photoshoots tive que fazer com crianças que são fãs de One Direction e de quantas vieram até mim perguntar de vocês. Aliás, algumas revistas adolescentes brasileiras queriam que eu entrasse em contato com vocês para uma entrevista. Fui lembrada por cinco meses como “A ex-namorada do . Eu nem tinha um nome próprio! E nem venham me falar que sofreram com a minha ausência. Imagino que sim, mas vocês perderam uma pessoa. UMA! Eu perdi seis e perdi um sonho junto com isso – funguei. – O único que ficou ao meu lado foi o Rodrigo, e quer parar de fazer careta toda vez que eu falo o nome dele, ?
– Desculpe. Não dá para evitar.
– Pois comece a evitar! Ele não é a melhor pessoa do mundo, mas era a única que eu tinha. Não fiz amigos. Eu não tenho amigos no Brasil. Vou do trabalho para casa e isso todo dia. Sim, eu transei com ele e foi mais de duas vezes – olhei para que mordia os lábios e nem me encarava. – E na maioria das vezes eu estava fora de mim. Não culpo a bebida, porque eu acho que ela só a deixa um pouco mais desinibida, mas eu estava fora do controle e queria fazer uma coisa louca pelo menos uma vez na vida.
– Como assim? Com a gente você nunca fez nada louco?
– O que eu fiz de doido, ? – eu ri. – Cada passo que eu tomava com vocês era registrado por milhões de câmeras e fãs. Não estou reclamando, mas até fotos da casa da minha família em Ilhabela saíram nos jornais – respirei fundo. – Quer saber? Eu não quero estragar a noite de vocês com minhas paranoias e essas carambolas na minha cabeça. Parabéns pelo show. Vocês foram demais.

Dito isso, virei as costas e saí andando um pouco rápido, trombando com Paul e algumas outras pessoas que eu não conhecia. Não conhecia mais NINGUÉM. Não fazia mais parte daquele mundo nem sabia onde estava a porra da saída. Acabei achando uma porta lateral que levava para a garagem, onde o ônibus dos meninos estava estacionado. Abri-a e fui tomar um pouco de ar fresco, respirando fundo três vezes e esperando o ar entrar em meus pulmões e me deixar um pouco tonta. O show tinha sido, realmente, o mais lindo a que eu tinha assistido e estava muito orgulhosa de todos eles. Amava a cada um e ainda era apaixonada pelo quase da mesma forma que era antes de voltar para o Brasil. Mas muita coisa mudou nos últimos cinco meses e a gente não pode se reunir e achar que as coisas vão ser, em um passe de mágica, como antes. Encostei-me a uma parede, perto do ônibus, quando ouvi no portão do estacionamento uma gritaria enorme e muitas mãos batendo no portão. Arregalei meus olhos em um susto e cheguei um pouco mais perto.

– ONE DIRECTION, EU AMO VOCÊ! ONE DIRECTION, EU AMO VOCÊ!
– BABY, YOU LIGHT UP MY WORLD LIKE NOBODY ELSE. THE WAY THAT YOU FLIP YOUR HAIR...
– ONE DIRECTION, ONE DIRECTION, ONE DIRECTION...
– BRAZIL LOVES YOOOOOUUUUUU!


Muitas, mas muitas fãs estavam ali em um aglomerado que chegava a ser um pandemônio. Lembro-me de estar no portão de garagem do show do McFly em 2011, e não tinha tanta fã assim – prova disso é que o Tom tirou uma foto das fãs e eu saí no meio. Sem brincadeira. Fui um pouco perto do portão, sentindo aquela vibração empolgante do lado de fora e os seguranças tentando conter aquela muvuca. Sabia que estava em uma posição privilegiada. Quantas não queriam estar ali no backstage com eles? Bom, eu estava, e estava em surto idiota. Parei por alguns minutos ouvindo as meninas e, por uns instantes, aquela energia boa me fez muito bem. Era o meu país gritando por eles, era a minha nação, o meu Brasil! Eu devia estar mais orgulhosa e mostrar isso para eles, e não desperdiçar os poucos dias com crise e briguinhas completamente idiotas – eu culpo o e seu comentário desnecessário.

– Como que, depois de um show de quase duas horas, elas ainda têm garganta para gritar desse jeito? – estava parado atrás de mim, sem camisa e com as mãos nos bolsos. – O que tem na água da América do Sul?
– Uma paixão louca e doentia por cinco britânicos idiotas – respondi com um meio sorriso.
– Hum, faz sentido – ele piscou. – Quer ficar sozinha ou posso lhe fazer companhia?
– Aceito – estiquei minha mão para ele e o garoto a pegou, abraçando-me. – Só fale baixo porque, se elas a ouvirem, vão derrubar esse portão.
– Ah, tá – ele riu. – Tipo... OI, OI, OIIII, BRASIIIIIL!

Ele gritou e as meninas do lado de fora gritaram mais ainda. Todas reconheceram o tom de voz do e começaram a chamar por ele, gritar seu nome, chorar mais ainda. ? Só ria.

– Qual a graça de torturar as meninas desse jeito?
– Toda graça do mundo – ele me abraçou. – Sabe quantos foras eu levei na escola por ser estranho demais ou por gostar de música? Ninguém queria sair comigo, . E agora tenho milhões de meninas aos meus pés, uma namorada psicopata e uma amiga com sintomas de bipolaridade – ele piscou para mim e beijou minha testa. – Praticamente, ganhei na loteria.
– De nada, – eu ri e apertei mais o abraço.
– Só psra você saber, o mal conseguia olhar para a loirinha da grade porque toda hora ele queria saber onde você estava e se estava curtindo o show. Estava bem nervoso. Ainda mais sabendo que esse é seu país e tinha que fazer bonito.
– Ele está muito bravo comigo?
– Bravo? O cara está contando com esse show há tanto tempo... Nem tem como ficar bravo. E o fato de você não ter ouvido o nosso CD é um pequeno pontinho que pode ser facilmente resolvido.
– Posso pedir autografado?
– o garoto me virou de frente para ele. – Hoje à noite, você vai dormir com o cara da banda. Pode ter o que quiser – ele gargalhou maliciosamente.
– Aff, ! Tenho um sério problema quando vocês começam a falar da minha vida sexual desse jeito. Você sabe disso.
– Não falamos da sua vida sexual por cinco meses. Implicar com você desse jeito é o mínimo que podemos fazer – e me deu um beijo na ponta do nariz. – Vá lá falar com o menino. Ele está bem ansioso.
– E as fãs?
– Dou um jeito de controlar as meninas – e riu, soltando-me e indo para perto do portão.
! – eu gritei. – Caso você vá falar com as meninas, coloque uma camiseta, pelo amor de Deus.
– Ah! – ele olhou para si mesmo. – Ok, ok.

Eu ri e fui caminhando na direção contrária. Não precisei andar muito, porque logo encontrei sentado em um degrau de concreto em frente à porta por onde eu havia saído. Ele segurava um CD em mãos, que suspeitei ser o eles. Assim que me viu aproximar, ergueu a cabeça e um sorriso de canto apareceu em seus lábios, levantando-se e vindo até mim. Mordi os lábios e cocei a nuca. Ao mesmo tempo em que estava feliz por vê-lo ali, estava sem graça pelo papelão anterior.

– Oi – comecei a dizer.
– Oi – respondeu em uma voz mais grave.
– Hum... – balancei meu corpo para frente e para trás. – Então...
– Então? – ele riu.
– Desculpe por ser uma completa idiota.
– Você é sempre uma completa idiota. Eu supero – ele riu com os lábios fechados.
– Ok. Eu mereço isso.
– ele se aproximou. – Desculpe por não ter me importado com você nos últimos meses.
! – gemi.
– Deixe-me terminar, por favor – ele passou a mão suavemente em meu rosto. – Deus, como senti sua falta – fechei meus olhos ao seu toque e apertei meus lábios para não começar a chorar de novo. – Eu não conseguia lidar com sua ausência e procurá-la parecia ser um pesadelo para mim, porque nós dois concordamos em seguir nossas vidas.
– Eu sei, eu sei.
– Mas eu não consegui seguir minha vida nenhum dia sem você, porque tudo me lembrava sua presença, tudo era você! O tempo todo, cada show, cada noite em casa, cada vez que eu ia ao supermercado – nós dois começamos a rir. – Eu sabia que você ia ficar com outra pessoa, assim como eu sabia que ia ter que ficar com outra.
– Hummm...
– Não foi fácil para mim e sei que não foi para você, e estou aqui me desculpando por ter sido tão grosseiro antes.
– Comigo?
– Claro, com você! Com aquele idiota, eu faria tudo de novo. Ainda acho que ele merecia uns bons socos naquela cara babaca.
– Tá, tá – comecei a rir e o abracei, passando meus braços ao redor do seu pescoço e ficando mais próxima – Você não foi grosseiro comigo. Eu agiria da mesma forma se chegasse aqui e o encontrasse com uma biscatinha qualquer.
– Ah, é? – ele riu. – E você ia bater nela também?
– Óbvio. Eu luto boxe agora, sabia?
– Boxe? Você? – ele gargalhou. – Não, não acredito.
, você por acaso está duvidando que sua...? – parei no meio da frase em um soluço. Eu era o quê? – , o que eu sou sua?
– Minha garota? – o rapaz respondeu facilmente. – Minha garota especial?
– Ainda?
– Sempre – ele encostou o nariz ao meu. – Escute: você vai demorar muito nesse assunto do boxe? Porque eu realmente estou com muita vontade de beijá-la.
– Ainda tinha umas coisas para lhe contar, sim... – eu disse e comecei a rir.
– Conte depois.

Meus braços já estavam ao redor de seu pescoço e fiquei na ponta dos pés, como sempre costumava fazer quando namorávamos. apertou minha cintura e eu conseguia sentir seus dedos fazerem um carinho leve no meio das minhas costas, que subia e descia delicadamente. Aos poucos, nossos rostos foram se aproximando, primeiro brincando com a ponta dos nossos narizes e depois roçando os lábios em uma provocação íntima que só a gente conhecia. Seu perfume não era o mesmo que eu lembrava. Talvez porque ele tivesse acabado de sair do show ou porque ninguém fica com o mesmo cheiro por cinco meses, mas havia algo ali que me era familiar... Ou talvez fosse apenas ele que era familiar para mim. Quando nós dois estávamos juntos, eu não conseguia pensar em mais nada a não ser .
Nosso beijo representava mais que um amor. Representava algo tênue e perfeito entre nós, que era sublime ao amor, porque, mesmo após esse tempo todo, ainda estava ali. Completamente vivo, como se nenhum de nós tivesse se afastado por tanto tempo. Era um amor celestial acumulado. Nem mais frio, nem mais quente que antes, mas na medida certa. Apesar de estarmos provocando um ao outro, apenas delongando o que viria a seguir, eu ainda não conseguia acreditar na minha realidade e em como a sorte estava sorrindo para mim de novo. fez um impulso de quem iria me beijar, mas eu me esquivei, indo para seu pescoço e dando pequenos beijos ali, ouvindo-o rir completamente desapontado em meus ouvidos e fazendo o mesmo comigo. Queria me lembrar do cheiro e da textura de sua pele, de como meu corpo ainda se encaixava perfeitamente ao dele e como esses nossos pequenos momentos pareciam durar uma eternidade e me deixavam fora do chão, entorpecida, doente. Fui voltando os beijos aos poucos, roçando meu nariz em seu queixo até ele deixar seu rosto na altura do meu. Encaramo-nos por um momento, aqueles curtos segundos que fazem as borboletas no seu estômago sambarem na Sapucaí e em que você sente que vai desmaiar... Até ver o sorriso no canto dos lábios do seu amor e esse desaparecer, quando você fecha os olhos ao sentir o suave toque dos lábios dele nos seus.
Peguei todo o ar que meus pulmões conseguiam suportar e deslizei minhas mãos de seu pescoço para seu peitoral, e em seguida para suas costas. Ele permanecia com as mãos em minha cintura, levantando a barra de minha camiseta alguns centímetros e brincando com seus dedos por cima de minha pele. Aqueles pequenos toques me davam arrepios em lugares que só ele conseguia fazer arrepiar. Abri meus lábios no mesmo momento em que ele fez o mesmo e o rapaz aprofundou o beijo, devagar colocando sua língua em minha boca e me permitindo fazer o mesmo em um beijo quente e úmido, que com o passar dos segundos ia ficando mais rápido. Subi minhas mãos para seus cabelos úmidos e pressionei o rosto de para mais junto do meu, separando nossos lábios por um segundo apenas para respirar e depois voltar no mesmo ritmo e na mesma paixão. Ele puxou meu lábio inferior com os dentes e eu entreabri meus olhos, vendo-o de olhos fechado e concentrado, totalmente entregue àquele momento. Segurei seu rosto em minhas mãos e lhe dei um selinho demorado, apenas para acalmar meu coração e minha respiração. Houve aquele instante silencioso, em que nós apenas nos olhávamos e fazíamos carinho. Selinhos eram roubados e palavras doces eram trocadas. Era o nosso momento. Quinhentos dias resumidos em quinhentos segundos. Simples assim.

– A Modest reservou um quarto para você no mesmo hotel que o nosso.
– Eu sei.
– Mas, tipo, você tem um quarto só para você – ele me deu um selinho meio malicioso.
– Eu sei, – comecei a rir. – Creio que você está muito cansado e ainda tem dois shows para fazer. Acho melhor dormir sozinho para descansar.
– Oi? – ele passou totalmente os braços ao redor da minha cintura. – , deixe-me lhe explicar como funciona o nosso corpo – comecei a gargalhar. – Eu estou totalmente alto e aceso e, se você me deixar na mão agora, pode prejudicar o funcionamento do nosso colega residente nos países baixos mais tarde – e piscou.

Comecei a rir como uma retardada. Ele nunca precisou de ladainha nenhuma para me levar para a cama. Muito menos na atual situação em que nos encontramos.

? – coloquei a mão em seu queixo. – Vemo-nos no hotel.
– HÃ?
– Esqueceu que eu vim em uma van com a ?
– E por isso você não vai voltar com a gente no nosso ônibus?
– Obviamente que não – e lhe dei um selinho. – Vejo você mais tarde, .
– Porra, !
– Não se exalte – eu gritei, já de costas. – Vai que você gasta suas energias nesse piti e se esquece de mim mais tarde.
– ENTÃO VAI TER MAIS TARDE?!
– TCHAU!
– SEU CD, CARAMBA!
– ENTREGUE-ME DEPOIS!

Muito a contragosto, eu e fomos para o hotel em uma van, enquanto os meninos iam no ônibus da turnê. Eles tinham que conversar alguma coisa sobre o show e, pela nossa segurança, o pessoal da Modest achou melhor irmos em um carro separado. e ficaram bem putos – “nós já viajamos com elas. Por que aqui precisa ser diferente?” –, mas eu mesma expliquei que aqui no Brasil as coisas são intensas. Teve até uma vez que uma fã abriu a porta da van do McFly quando eles estavam saindo do HSBC Arena em São Paulo. Aqui, as fãs não brincam em serviço.

Entramos pelo portão dos fundos do Hotel Fasano no Rio e era a primeira vez que eu entrava em um hotel de luxo. Minha barriga formigava junto com o resto do meu corpo e eu queria muito ligar para o meu pai e dizer onde eu estava, mas achei melhor não fazer nada. Até o momento, o pessoal da Modest havia me prometido que ninguém sabia que eu estava com os meninos, sendo que a única acompanhante que estava na mídia era a . E, pelo que eu chequei e a também, minha presença era um mistério. Sim, havia alguns rumores de que eu estava aqui com eles, mas nenhuma foto e nada para provar. Como deletei meu Twitter e todas as minhas redes sociais públicas, andava meio fora do mundo, e isso estava me fazendo muito bem.

Entramos na garagem e um pouco depois vimos os meninos já esperando por nós. Algum dos seguranças abriu a porta para mim e e nós descemos, sendo recebidas por três integrantes felizes e dois – e – um pouco emburrados. acenou para mim, dizendo “levaram bronca, levaram bronca” e eu fiz “sim” com a cabeça, sabendo que o ia desabar depois. Ainda não sabia se ia ficar no mesmo quarto que ele ou se eu teria que dividir com a . Ou se até mesmo tinha sido reservado um quarto só para mim, mas essa coisa de ficar sem saber para onde eu devia ir me incomodava.

– Você trouxe roupa? – me perguntou baixinho, enquanto esperávamos os meninos ouvirem algumas instruções da Modest.
– Na verdade, não – eu ri. – Não imaginei que fosse ficar aqui com vocês. Pelo menos não hoje.
– Ainda bem que você tem uma amiga maravilhosa que fez uma mala separada para você.
– Hã?
– Trouxe uma malinha separada com umas roupas íntimas, uma calça de moletom, uma jeans, duas blusinhas, e não trouxe roupa de frio porque imaginei que aqui no Brasil não faz frio. E sei que, se precisar de algo, você pode usar umas do .
– Awn, – olhei-a com carinho. – Você fez isso por mim? – e lhe dei um abraço. – Que fofa.
– Guarde o seu amor para o – ela riu. – Mas, sim, fiz por você. Continua a mesma numeração de roupa de antes?
– Sim, sim – concordei e ela sorriu. Sei que a garota sorriu aliviada. – Eu parei com aquilo, .
– Ainda bem – ela suspirou. – Quando a gente subir, vamos para o meu quarto e depois você vai para o do .
– Eu tenho um quarto só meu ou vou dividir com ele?
– Que eu saiba, você tem um quarto seu, mas acho que o rapaz vai querer que fique com ele.
não está dividindo o quarto com algum dos meninos?
– Com , mas aí ele vai para o seu quarto. Entendeu?
– Ah! – balancei a cabeça. – Que rolo!
– Mas vamos ter que fazer as coisas meio escondido, porque a Modest não curte muito que eles fiquem com as namoradas.
– Desde quando eles estão com essa frescura? Na Inglaterra, não era assim.
– Mas na Inglaterra não tem um paparazzo a cada janela de hotel – ela riu. – Eu nem pude ficar na área externa da piscina com o , enquanto estávamos na Argentina. Um horror! Fotos, e fãs, e nenhum pouco de privacidade.
– Nossa – respirei fundo. – Acho que as fãs estão muito excitadas de eles estarem aqui e tentando aproveitar todo tempo que podem com eles.
– Mesmo assim – ela coçou a cabeça. – Elas são bem mais atrevidas do que outras fãs. Pediram o calção do semana passada. Acredita?
– Aham – comecei a rir. – Acredito, sim.

Ficamos conversando um pouco sobre como as fãs da América do Sul são mais atrevidas e como isso assustava os britânicos. Para mim, não era surpresa nenhuma. Já fui a muitos shows aqui no Brasil e sei como nós somos – especialmente quando o assunto é Inglaterra. Temos uma paixão meio estranha com esse país. Falando em shows, enquanto contava como foram os outros, minha mente foi para São Paulo, especificamente para o show do Eddie Vedder. O show já tinha acabado e pude ver a setlist. Tive que me controlar um pouco para não chorar na van, porque foi perfeita. O cara tocou Bugs no piano, convidou um fã para cantar com ele e foi muito simpático com a plateia. E Eddie Vedder ser simpático é tipo UAU! deve ter percebido que eu estava um pouco aérea, pois estalou os dedos na minha frente e dei um pulinho para trás em susto.

– Pensando no ?
– Eddie Vedder – fiz bico. – Estou adorando estar aqui, mas, ahhh!
– Hum – ela riu. – Enfim...
– Que foi?
– Nada.
!
– Que?
.
– Meu nome completo. Que bom que você se lembra.
!
– Olheeeeeeeeeeeee... Eles estão vindo aí – ela deu três pulinhos no mesmo lugar e foi ao encontro dos meninos, deixando-me ali com cara de total idiota.

Os cinco haviam mudado de roupa no ônibus e pareciam um pouco mais limpos, porém emburrados. agora estava com uma camiseta amarela de listras amarelas, um casaco jeans por cima – quem usa casacos jeans no RIO DE JANEIRO? –, uma calça jeans escura e alguma coisa nos pés que nem fiz questão de reparar (a gente finge que eu não reparei, mas isso já é meio doentio). Os outros garotos estavam da mesma maneira, com calça jeans e camiseta, mais cheirosos e com os cabelos penteados. ainda parou alguns segundos para conversar com algum dos empresários, enquanto e vinham na minha direção.

– Entããoo... – eu disse meio rindo, quando eles se aproximaram. – O show não foi bom o suficiente? Não conseguiram o público que queriam?
– Não podemos ir a uma festa hoje – me respondeu. – Não hoje.
– Como assim “não hoje”? Amanhã é o único dia de folga de vocês. Tecnicamente, hoje é o último dia em que vocês podem ir para a noitada sem se importar com o dia seguinte.
– É, mais ou menos – disse. – Seria, se o não tivesse...
, shiu! – o repreendeu.
– Epa! o quê?
– Nada com você, . Eu juro.
e !
– Não é nada demais...
– Ele conseguiu o show do Eddie para você amanhã.
– O QUÊ?! – eu gritei e, automaticamente, colocou as duas mãos em cima da minha boca e disparou a rir.
– Puta merda, fique quieta.
– Mmmmmm...
– Tire a mão de cima da boca dela, cara.
– Obrigada – segurei o braço de . – Está brincando com a minha cara?
– Promete que não vai mais gritar? , se você gritar, eles vão nos matar e matar você.
– Prometo, prometo! – respondi um pouco afobada.
ficou sabendo do que sua chefe fez com seu ingresso e que você perdeu o show ontem. Por isso, ele ligou para Deus e o mundo para lhe conseguir um outro ingresso e conseguiu.
– E?
– E... – respirou fundo. – Se você for amanhã, o pessoal tem medo de que isso vá chamar atenção da mídia e possa causar um tumulto em um show que não é nosso.
– Como que eu ir ao show do Eddie Vedder vai trazer problemas para vocês?
quer ir junto – disse com as mãos em cima dos lábios e fazendo careta.
– Já esperava por isso. Claro que ele ia querer ir com você.
– Mas, mas! Aff, . Fique aqui no Rio e me deixe ir sozinha.
– Porém – levantou o dedo indicador para mim. – A gente sabe que vai rolar uma festa privê amanhã em São Paulo e a única chance de você ficar perto do Eddie é com a gente indo a essa festa.
– Porque ele vai estar lá também – piscou para mim.
– Eddie Vedder vai estar em uma festa particular em São Paulo? –abri a boca em um “O” gigante e apertei mais ainda o braço de , que eu continuava segurando. – Meu Deus, meu Deus!
– Ai, ai... Braço! Ai, ...
– Desculpe – eu soltei e comecei a morder meus lábios e a olhar de um lado para o outro. – Continue falando, .
– Agora o está tentando convencer o nosso empresário a nos deixar ir um dia antes para São Paulo para você ir a essa festa com o . Na verdade, acho que nós todos vamos.
– Mas aí vamos ter que encarar o sábado de entrevistas com um pouco de olheiras e, sei lá, o cansaço de sempre.
– Gente... – sacudi a cabeça. – Cara, isso é demais!
– Nosso cansaço? – me encarou totalmente surpreso.
– Não, claro que não – abracei-o de lado. – Digo, tudo isso que vocês estão fazendo ou o está fazendo vocês passarem – eu ri e eles concordaram. – Mas não precisa.
, não venha com esse draminha para cima de nós.
– eu sorri. – Sinceramente, olhr o trampo que está causando. Claramente seria mais fácil se o me deixasse ir sozinha ou se o liberassem para ir comigo, porém isso está fora de cogitação. Então por que colocar todos vocês nesse rolo todo para eu matar uma vontade minha?
– Porque é o Eddie Vedder! – respondeu.
– E porque o tem que superar o Rodrigo – deixou escapar e o olhou totalmente surpreso. Eu o olhei surpresa.
– Hein?
– Ano passado você foi ao Lollapalooza com o Rodrigo no show do Pearl Jam, sendo que o sempre quis usar a “influência” para levá-la a um show da banda e fazer você conhecer o Eddie Vedder.
– Awn! – falei com a voz derretida. Que bonitinho.
– É, é fofo! – rolou os olhos.
– E, como ele não pôde fazer isso naquela época, está querendo compensar agora – sorriu e me deu um beijo nos cabelos. – Não é por você, e sim por ele.
– Ai, – eu ri.
– Fique quieta que ele está vindo para cá – me segurou por meio segundo a mais em seu abraço e depois me soltou. – Vamos estar no nosso quarto.
– Sério que não vão sair hoje? – perguntei, sentindo-me um pouco culpada.
– Claro que vamos – piscou todo malandro. – Mas só para o bar do hotel. Nada de mais.
– Ah, tá – eu ri.

foi se aproximando, com as mãos nos bolsos do casaco e tentando colocar um sorriso nos lábios ao passo que chegava mais perto de mim. Fui até ele e o abracei com carinho, depositando um selinho demorado em seus lábios e depois encostando minha cabeça ao seu peitoral. Ele acariciou minhas costas e soltou sua respiração perto de meu ouvido.

– Já sei sobre o Eddie Vedder – eu falei, ainda com a cabeça em seu peitoral.
– Eu sei que você sabe. Aqueles dois não sabem disfarçar absolutamente nada – ele riu e me abraçou um pouco mais. – E você também não foi a rainha da discrição quando começou a gritar aqui na garagem.
– Desculpe – afastei-me um pouco e coloquei minhas mãos em seu rosto. – , você não precisa fazer isso por mim.
– Mas eu...
– E muito menos por uma vingança de quinta categoria – sorri e ele fez cara de ponto de interrogação. – Sim, eu sei que você está fazendo isso pelo Rodrigo também.
– Ah, droga! – o rapaz enrijeceu os lábios e eu comecei a rir.
, olhe para mim – guiei seu rosto para ele me encarar. – Sim, eu queria muito ir ao show, mas há uma grande possibilidade do Eddie voltar para o Brasil ao final do ano com a banda toda. Então não tem problema perder esse show agora.
– Mas eu queria levar você ao show.
– Sei disso, babe, mas não se importe com isso – eu sorri. – Já estou vivendo os melhores dias da minha vida. Conhecer o Eddie Vedder seria um bônus, mas consigo viver sem isso.
– E se rolar a festa amanhã?
– Isso vai prejudicar vocês.
– Não vai. Eu juro que não – ele se afastou um pouco e segurou em meus ombros. – Juro.
– A gente pensa nisso amanhã de manhã. Pode ser? Aí você vai estar descansado, os meninos também, e dá pra decidir com maior clareza.
– Hum... – ele se aproximou e encostou a testa à minha. – Como que pude viver tanto tempo sem você?
– As passagens aéreas para Inglaterra eram muito caras – respondi e nós dois começamos a rir.
– Tenho a impressão que você já me disse isso uma vez.
– Porque eu já lhe disse isso uma vez – ergui meu rosto e o beijei. – Agora, vamos subir? Já deu ficar nessa garagem.
– Ok – ele beijou minha testa e entrelaçou seus dedos nos meus, encaminhando-nos para o elevador que levava aos andares superiores.

sabia em qual andar estava e achou melhor ir direto para o quarto, pois lhe foi avisado que havia algumas fãs no lobby do hotel e ele não queria me expor a essa hora da noite e da turnê. me mandou uma mensagem avisando que minha mala estava no quarto de . já estava no meu quarto e tudo estava indo conforme o combinado. e iam para o bar. , e para a piscina, e nós dois... Bom, eu ainda não sabia se a gente ia acabar na piscina, no bar ou na cama mesmo.

– Já veio a esse hotel antes?
, é a minha primeira vez no Rio de Janeiro! – eu ri. – E primeira vez em um hotel de luxo.
– Ah, então se prepare.

Ele abriu a porta do quarto e faltou muito pouco para eu não cair pra trás. Nessas horas, começo a acreditar que o Brasil é um país rico e que ainda podemos ter futuro para essa nação, porque, se conseguimos fazer um hotel DESSES, a gente consegue fazer qualquer coisa.

O quarto era maravilhoso, com uma varanda incrível com vista para o mar – oi, Rio! Deus passou um tempo a mais em você, Rio de Janeiro – e para a praia, muito luxuoso para meus patamares capitalistas, mas não menos para patamar One Direction. Havia uma sala quando entramos, com uma mesa de madeira para quatro pessoas e abajures ligados em uma luz tênue e dourada. O quarto inteiro tinha aquele tom amadeirado e rústico, mas ao mesmo tempo moderno e aconchegante. colocou o seu cartão do quarto em cima da mesa e disse que ia ao banheiro, enquanto eu ficava ali embasbacada com aquela visão maravilhosa. Tinha até medo de colocar a mão nas coisas, porque sou muito estabanada e tinha a sensação de que ia acabar quebrando algo caro demais. Coloquei delicadamente a malinha que a fez para mim em cima de uma das cadeiras e continuei a explorar o cômodo. As paredes eram brancas e o pé direito tinha que ter no mínimo uns quatro metros, porque era muito alto. Havia um espelho enorme ao lado da mesa que ia do chão ao teto. Vários spots ligados deixavam ainda aquele tom dourado um pouco mais claro, junto com a iluminação que já vinha dos abajures. Caminhei na direção da varanda, abrindo duas cortinas brancas e dando de cara com uma cama enorme de casal, com lençóis brancos e cheirosos, seis travesseiros e um botão de rosa vermelho em cima da cama. Aham. Está bom que o estava dormindo aqui – ou ele e o desenvolveram uma relação muito mais íntima nos últimos meses.
Passei a mão pelos lençóis, sentindo aquela textura brincar com meus dedos e me dando um pouco de conforto. Olhei ao meu redor e pude ver mais parte da decoração, como uma poltrona de couro à esquerda com um escabelo, uma mesa de café de vidro perto e um divã localizado quase em frente à cama. Uma janela enorme também estava localizada do lado esquerdo da cama, porém escondia a paisagem carioca pelo tecido fino da cortina que a cobria. Finalmente, caminhei na direção da sacada, que, além de grande, tinha duas cadeiras com estofamento marrom, uma mesa, um minibar e aquela paisagem maravilhosa. Fiquei com medo de ir para a sacada e algum jornalista, fotógrafo ou fã acabar me vendo, então me contentei em permanecer parada e completamente maravilhada por essa experiência.

Ouvi a risada de ao fundo e me virei para encará-lo. Ele já estava sem o casaco jeans e sem os sapatos, andando de meia pelo quarto e rindo com alguém a celular. Fiz uma cara de interrogação quando o vi. Ele apontou para o iPhone e murmurou “”, dizendo que estava no celular com ele. Pisquei para o garoto, dizendo que estava tudo bem, e voltei para aquela visão. Escutei os passos de e sua presença se aproximando, e pude senti-lo quando apoiou sua cabeça em meu ombro e me deu um beijo demorado no rosto, colocando logo em seguida seu braço direito ao redor de minha cintura e falando algumas besteiras com . Virei meu rosto para ele, na intenção de querer ouvir a conversa, e o rapaz deve ter entendido, pois abaixou o telefone para mim e nós dois ficamos ouvindo um tagarela do outro lado da linha.

, cara, é sério! Eu sei que você quer passar um tempo com ela, mas venha para cá e traga a junto. Tem umas meninas brasileiras aqui que eu quero muito conhecer, mas sem a minha amiga brasileira fica quase impossível isso acontecer. Alô? ? Está aí ainda?
– Eu estou, sim – ele riu. – Cara, não estou no clima de descer e ficar conversando e bebendo alguma coisa. Você está, ? – balancei a cabeça negativamente. – Nem ela está.
Então ok! Só pergunte para ela como que eu falo “você é muito bonita” em português. Só isso.
– Vire-se, moleque!
, na moral. Não me abandone.
– Tchau, – e desligou o telefone. – Ele vai ficar muito puto comigo.
– O que ele queria? Que fôssemos para o bar?
– Sim. Está rolando uma festa para a gente no bar e acho que só ele e o foram.
– Hum, está com a , mas e o ?
– Provavelmente no quarto conversando com a namorada dele pelo Skype – e ele se aproximou um pouco de mim. – Conversando... Já que ela não está com ele e a única coisa que eles podem fazer é conversar.
– Hum...
– Coisa que a gente pode fazer amanhã – e sorriu totalmente malandro.
, quais são as suas intenções comigo essa noite? – mordi os lábios sorrindo e comecei a brincar com a barra de sua camiseta.
– As piores possíveis – ele riu e me puxou para um beijo que logo se transformou em uma sessão de pegação.

All my life, I've been searching for something.
Durante toda a minha vida, procurei algo.
Something never comes, never leads to nothing.
Algo nunca chega, nunca leva a nada.
Nothing satisfies, but I'm getting close.
Nada me satisfaz, mas estou chegando perto.
Closer to the prize at the end of the rope.
Mais perto da recompensa na ponta da corda.

– Boxe? – ele riu quando tirou minha blusa e parou, dando uma olhada em meu corpo. – Deus abençoe os lutadores e o seu treinador.
– Cala a porra da boca? – puxei-o pelo pescoço, calando-o com um beijo.

Ele riu e se desequilibrou, caindo em cima de mim. Nós dois, até o momento, estávamos sentados na cama, mas agora por cima aprofundava os beijos e ia descendo devagar pela minha mandíbula, chegando até meu pescoço. Eu arfava, pois fazia tanto tempo desde nossa última vez juntos e tudo parecia muito mais intenso dessa vez. estava com na faixa dos vinte anos e, quando começamos a sair juntos, ele estava na faixa etária dos dezoito. Posso dizer que muita coisa – MUITA coisa – mudou em dois anos. Suas mãos eram mais rápidas e ele as colocou ao redor de minha cintura, levantando meus quadris e fazendo com que os nossos corpos se chocassem, causando aquele choque imediato que nós dois sentimos. Como acontecia das últimas vezes, comecei a rir baixinho quando ele passou a beijar minha barriga, ponto que antes era um motivo para grande desconforto de minha parte, e o rapaz riu junto, porque, por algum motivo, ele achava aquilo bonitinho. Eu chamava de falta de confiança, porque... Quem ri nessa situação com na cama?

... Em cima... ...
– Hã? – o garoto me encarou quando estava quase conseguindo desabotoar meu jeans. – Que foi?
– Venha aqui – pedi com urgência e ele assim o fez, novamente ficando com o corpo todo em cima de mim e me beijando. – Tem como... Hoje... Irmos... Devagar?
– Devagar?
– É que... – afastei os lábios e beijei seu pescoço. – Faz tempo que eu não... Que...
– Oi? – o menino procurou meus olhos e me encarou. – Faz tempo? Mas... E o cidadão?
– Nós não fazíamos com frequência, como você e sua mente perturbadora devem imaginar – suspirei e ele, óbvio, abriu o maior sorriso. – Disfarce sua satisfação pessoal, .
– Desculpe – ele riu, soltando a risada pelo nariz, e me deu um selinho. – Eu de verdade achava que vocês dois estavam em um relacionamento.
– Nós não estávamos em um relacionamento – bufei.
– Bom, se agrada você, faz tempo que eu também não... Faço.
– AH, VÁ!
– É sério! – ele riu. – , eu saía nas fotos e essas coisas, mas juro que não rolava mais nada.
– Quando foi sua última vez, ?
– Dezenove de março, com uma fã.
– UMA FÃ?
– Você pediu minha última vez – e se afastou de mim, sentando-se na cama. – E a sua?
– Hum... – meu coração ainda batia forte. Uma fã? – , desculpe, mas uma fã?
– Qual o problema? Eu a achei bonita e queria mesmo uma distração e uma brecha para acabar com um namoro de fachada em que eu estava na época.

Por que parecia que eu tinha sido traída?

– Não me diga que você está com ciúme – ele passou os dedos pelo cabelo e me olhou com os olhos meio fechados. – , por favor!
– Não é ciúme – suspirei e coloquei um travesseiro em meu colo, escondendo meu corpo que estava exposto. – , esse é o tipo de situação que eu não queria. Entendeu?
– De que tipo de situação você está falando?
– Isso – apontei para nós. – Você em turnê e a gente ficando quando dá. E, enquanto isso, você pega as fãs que, como você disse, funcionam como uma distração para você.
– Deixe-me interrompê-la aqui – ele ergueu a mão. – Não foram FÃS. Foi FÃ! Uma e apenas uma. E ela era maior de idade.
– Que seja.

esfregou as duas mãos no rosto e vi seu peito subir e descer em uma respiração pesada e funda. É claro que eu queria aquilo. Queria-o completo, todo para mim. Mas SÓ para mim, o que deixa tudo mais complicado.

– Escute – ele foi aos poucos se deitando ao meu lado e colocou a mão em minha coxa que estava dobrada. – , não quero que você se sinta uma a mais, sendo que você não é nada disso. É a minha única e sabe disso.
– Eu sei – brincava com seu cabelo de forma bem infantil. – Mas, se eu fosse a única, nunca teria dormido com o Rodrigo e você com a...
– Não lembro o nome dela.
– Ai, ! – gemi e ele começou a rir.
– Você ia se sentir melhor se eu lembrasse o nome da garota?
– Um pouco. Pelo menos, você não ia ser tão frio desse jeito.
– Frio? – o garoto começou a rir e virou de barriga para cima. – , o quão patética é essa nossa conversa? Na boa!
– Não sei – bufei.

Ficamos em silêncio uns bons minutos. Eu até conseguia escutar as fãs do lado de fora do hotel gritando por eles, e elas gritavam mesmo. se levantou da cama, apagou as luzes e fechou as cortinas, causando mais gritos quando ele apareceu na janela da varanda sem camisa. Acenou para elas e voltou para o quarto, mas a gritaria só piorou.

All night long I dream of the day
A noite toda, sonho com dia
When it comes around and it's taken away.
Quando ele chega e vai embora.
Leaves me with the feeling that I feel the most.
Fico com a sensação que mais sinto.
Feeling it come to life when I see your ghost.
Ela ganha vida quando vejo o seu fantasma.

Levantei-me e fui até ele, colocando a mão em seus lábios antes de o rapaz falar alguma coisa. O quarto estava apenas na penumbra. A luz da rua e de apenas um abajur ligado ao fundo eram o que iluminava o quarto. Fiquei na ponta dos pés e beijei com carinho o seu lábio inferior, fazendo um estalo quando nossos lábios se separaram. Ainda perto dele, com minha mão livre, abri meu sutiã, fazendo com que a peça íntima caísse no chão e eu abrisse um sorriso discreto, ainda mais vendo com dificuldade o olhar de passear sobre meu corpo.

– Trate-me hoje como uma de suas fãs, mas lembre meu nome pela manhã – sussurrei em seus lábios e ele soltou uma risada rouca.
– Vou tratá-la como minha mulher e sempre vou lembrar seu nome.

Calm down. Don't you resist.
Fique calma. Não resista.
You've such a delicate wrist.
Seu pulso é tão delicado.
And, if I give it a twist,
E, se eu torcê-lo,
Something to hold when I lose my grip.
Terei algo para segurar quando perder meu fôlego.

desceu as mãos pela lateral do meu corpo quando nos deitamos na cama, chegando até minha calça e começando a rir, sussurrando algo como “não acredito que ainda estamos com as nossas calças”. Balancei a cabeça negativamente e o senti abrir os dois botões e depois deslizar o zíper, descendo a calça por minhas pernas e aproveitando para acariciar cada parte delas. Balancei-as, deixando a calça cair por algum lugar da cama, e depois o vi se sentar por cima de mim, colocando os joelhos ao lado do meu corpo e ir abrindo a calça devagar, fazendo uma cara um pouco sacana. Comecei a gargalhar porque, por mais que o achasse sexy, essas cenas de sedução são muito ridículas e nós nunca fazemos esse tipo de coisa.

Depois de abrir a calça, ele se levantou e tentou tirá-la, mas como resultado acabou se desequilibrando e caindo por cima de mim, com uma perna por cima dos meus quadris e os braços para fora do colchão. Comecei a rir descontroladamente, enquanto ele tentava voltar ao normal e tirava a calça que estava presa em seus pés. Aos poucos, foi se erguendo e ficando por cima de mim de novo, mas eu ainda estava rindo porque, realmente, as coisas entre nós são sempre patéticas.

, nunca mais!
– Ou da próxima vez eu treino.
– Vai treinar porra nenhuma, com ninguém.
– Ok, ok – ele riu e voltou a me beijar, mas seus lábios tremiam e os meus também, pois nós dois abafávamos uma risada.

Will I find something in there
Será que vou encontrar algo
To give me just what I need?
Que me dará aquilo de que preciso?
Another reason to bleed?
Mais uma razão para sangrar?
One by one, hidden up my sleeve.
Uma por uma, eu as tiro da manga.
One by one, hidden up my sleeve.
Uma por uma, eu as tiro da manga.

Houve depois uma pausa em nossos risos, quando nossos lábios se abriram e o beijo foi aprofundado. Abri meus olhos para encontrar os de abertos também, em uma cumplicidade que há muito tempo não existia para mim. Ele afastou seu rosto de mim sem quebrar o contato com os olhos, deixando sua mão fazer uma trilha por minha cintura até chegar à minha roupa íntima que aos poucos foi sendo empurrada para baixo, e eu sentia o toque quente de seus dedos me acariciando. Fechei meus olhos para aquela sensação e deixei escapar um gemido baixo e manhoso, que foi abafado quando ele passou a beijar meu pescoço e eu enterrei meus lábios perto de seus ouvidos. Arrumei meu corpo embaixo do seu, aproveitando seu toque e me deliciando com seus beijos em minha pele. Acariciei seus cabelos e passei a mão por suas costas, que ficou arrepiada com o passar da ponta dos meus dedos. Ele deixou escapar um riso rouco e em seguida uma respiração mais pesada.

– Você ainda... Deixa-me – ele engoliu seco. – Nervoso – e me encarou.
– Mas... – tentei responder, porque tudo naquele ambiente estava mexendo com meu psicológico e físico. – Sou eu.
– Por isso mesmo – ele sorriu. – É você.
– chamei seu nome, um pouco manhosa.
– Eu amo você – seus ficaram mais brilhantes. Era o que eu conseguia ver, visto que o quarto estava um pouco escuro.

Ele riu e, mesmo parando com os carinhos, meu corpo inteiro ainda parecia queimar, porque senti que eu estava queimando por dentro e por fora. fez um estalo com a boca e virou o rosto, fungando umas duas vezes e voltando a me encarar, dando de ombros como se não se importasse em ter falado aquilo.

– Eu amo você, como sempre amei – ele disse. – E não faço ideia do que vou fazer daqui para frente sem você.
– chamei-o, fazendo carinho em seu rosto. – Eu também – disse por fim, tirando um peso que estava em meu peito. – Como sempre. E também não tenho ideia do que vou fazer daqui para frente sem você.
– O que eu faço? – seus lábios tremiam e sua voz parecia embargar.
– Ame-me – respondi rindo. – Agora e sempre.

Hey, don't let it go to waste.
Não a desperdice.
I love it, but I hate that taste.
Eu adoro, mas detesto o gosto.
Weight keeping me down.
O peso está me afundando.

Nossas roupas estavam em algum lugar do quarto quando caiu ao meu lado, com sua respiração ofegante e seu corpo mais pesado e suado. Eu estava na mesma situação. Não conseguia abrir os olhos direito, porque a sensação de formigamento ainda parecia estar em todas as minhas extremidades e sofria leves espasmos em minhas pernas. procurou por minha mão na cama e, assim que a encontrou, entrelaçou nossos dedos e levou minha boca até seus lábios, beijando-a levemente e depois a colocando em seu coração que batia de forma descompassada, parecido com o meu. Fechei meus olhos e nós dois aproveitamos aquele nosso silêncio para recuperar o ar, a energia e talvez os nossos sentidos. Pelo menos os meus sentidos precisavam ser recuperados.

Will I find a believer?
Encontrarei alguém que acredite?
Another one who believes?
Outra pessoa para acreditar?
Another one to deceive?
Outra pessoa para enganar?
Over and over, down on my knees.
Vez após vez e de joelhos.

– Sabe do que nós precisávamos agora? – ele rompeu o silêncio, após uns dez minutos.
– Hã? – eu sempre ficava meio alta e dormente. – Oi?
? – ouvi-o rir e seu rosto estava agora em meu pescoço. – Está bem, amor?
– Meio dormente e relaxada – nós dois rimos.
– De nada – ele beijou meu ouvido e um arrepio de leve passou por mim. – Sabe do que a gente precisava agora?
– Do quê?
– Champanhe.
! – comecei a rir. – Não, nós não precisamos de champanhe.
– Sim. Precisamos, sim – e se levantou da cama de uma vez.

Olhei-o nu de costas para mim e falar ao telefone com aquela voz rouca e um pouco cansada. Apoiei-me em meus cotovelos na cama e fiquei admirando aquela visão... Era a primeira vez que nós ficávamos assim em um hotel, porque geralmente acontecia sempre em casa (no apartamento em Stanton ou na casa dele). Levantei-me devagar e fui procurar minha roupa íntima, achando só minha calcinha e a colocando bem rápido. Depois, procurei na malinha que a havia feito para mim alguma blusa decente para colocar. Vesti um sutiã – que, lógico, era no mínimo um pouco sexy, já que eu conseguia imaginar quais eram as intenções de quando fez minha mala – e uma blusa do Homer Simpson. Olhei para trás e estava colocando uma bermuda que ia até abaixo do seu joelho e acendendo algumas luzes.

– Pronto. Champanhe pedido – ele sorriu. – Acho que a gente merece.
– Ah, claro – sorri e fui até ele.
– Cara, eu preciso falar uma coisa – o garoto coçou o queixo e riu para mim. – Você está com um corpo incrível!
...
– Não. Sem malícia nem nada.
– Sem malícia?
– Tá. Com muita malícia – ele riu. – Mas, porra! Quando você começou a lutar?
– Quando voltei para cá, tinha que achar um jeito de extravasar a raiva e não estava nem um pouco a fim de voltar para a terapia.
– Terapia?
– Sim – dei de ombros. – Meus pais me acharam deprimida e eu realmente estava. Então o único jeito que achei de convencê-los que eu ficaria bem seria praticando algum esporte.
– E você escolheu o boxe?
– Aham – sorri. – Por quê? Está achando que não dou conta do recado?
– Depois do que eu vi ali – e apontou para a cama. – E vendo seu corpo, tenho certeza de que você dá muita conta do recado – o garoto sorriu e piscou para mim.
– Obrigada – fiquei com um pouco de vergonha, mas tentei disfarçar.

If I get any closer
Se eu chegar mais perto
And if you open up wide,
E se você se abrir,
And if you let me inside,
Se você me deixar entrar,
On and on, I've got nothing to hide.
Vou em frente, não tenho segredos.
On and on, I've got nothing to hide.
Vou em frente, não tenho segredos.

Bebíamos champanhe – mais do que eu – naquela mesa de que comentei antes. Coloquei os pés em cima das pernas dele e eu mais bebericava e brincava com a bebida do que a colocava para dentro. De champanhe não sou muito fã. Tem gosto de refrigerante e é muito doce e, sei lá. Tenho gosto de pobre. Ele estava há certo tempo no celular, prestando muita atenção em algumas coisas que eu, por um trauma do passado, tinha medo de perguntar. Mas a curiosidade é uma bela de uma bosta e eu perguntei:

– Babe?
– Hum?
– Que fazes?
– Ninguém sabe que você está com a gente – ele sorriu. – Ninguém MESMO!
– E isso é ruim? – perguntei desconfiada.
– Não, mas... – ele estalou os lábios. – Eu acho que amanhã vou receber uma bela bronca dos empresários.
– Por quê?
– Porque vou tirar uma foto minha e sua.
– OI?!
, por favor.
– Não, ! – levantei-me da cadeira. – Não! Estamos conseguindo ser tão discretos até agora. Por que estragar?
– Não é estragar. Só, sei lá – ele deu de ombros. – Relembrar como era bom estar com você. Compartilhar isso.
– Com suas fãs que tanto me detestam?
– Elas não a detestam mais – o menino fez bico. – Tinha muita fã falando para eu voltar com você no começo desse ano.
– É mesmo? – cruzei os braços. – E o que elas diziam?
– Que você me fazia bem, que eu estava melhor com você – ele foi se aproximando e brincando com o celular em mãos. – Essas coisas, sabe?
– Hum... – fui dando passos para trás.
– Não estou mentindo – ele ria. – Pare de fugir de mim.

Hey, don't let it go to waste.
Não a desperdice.
I love it, but I hate that taste.
Eu adoro, mas detesto o gosto.
Weight keeping me down.
O peso está me afundando.

– Uma foto! – eu disse quando ele me encurralou contra a parede. – E, de preferência, com meu rosto escondido.
– Claro. Vão achar que vim para o hotel com uma groupie.
– Não seria a primeira vez – respondi, fazendo manha, e comecei a rir após ver a cara de emburrado que ele fez. – Estou brincando, brincaaaaaaaaando! – apertei suas bochechas.
– Tá... – ele respirou fundo. – Então, foto?
– Ahh! – empurrei pelo peitoral. – Vai sair assim, sem camisa?
– Foto pós-coito – o garoto falou e começou a gargalhar da própria piada. – Brincadeira.
– Quero nem imaginar o que vão falar disso depois.
– Vão falar muito. Garanto – ele suspirou. – Mas eu não me importo.

O rapaz se afastou um pouco de mim e se sentou na cama, encarando-me. Colocou o celular ao lado de seu corpo e sorriu.

– Essa é minha vida, – ele abriu os braços. – Tudo o que eu fizer, o que nós fizermos, vai dar falatório – sorriu meio triste. – E eu quero você ao meu lado como sempre foi, porque desde o começo você estava lá. Quando “One Thing” se tornou o maior hit britânico, você estava ao meu lado. Quando a gente estava pensando no “Take me Home”, eu dividi com você as nossas preocupações, nossas noites de escrita com Tom e Danny. Nosso primeiro show na O2 Arena foi com você. A primeira pessoa que escutou “Little Things” foi você.
– Eu sei, – sorri e fui até ele, sentando-me em seu colo. – Não estou reclamando disso. Nunca reclamei.
– Então?
– É que agora é diferente – fiz carinho em seus cabelos e beijei seu rosto. – Não estou em sua vida como antes, embora eu queira.
– Nem ouviu nosso CD novo – ele fez “tsc” com os lábios e eu sorri. – Mas a perdoo por isso.
– Obrigada – puxei seu rosto e lhe dei um selinho. – Eu só não queria passar uma impressão errada. Nem sua, nem minha.
– Impressão errada?
, hospedado no hotel Fasano no Rio de Janeiro, passa a noite com ex-namorada brasileira. Reconciliação? Ou flashback?”. Ou, pior ainda: “Ex-namorada de passa a noite com o cantor na tentativa de consegui-lo de volta”.
– Se essa era a sua intenção, parabéns!
– Acompanhe o meu raciocínio!
– Ok – ele respirou fundo. – De novo, não me importo.
– Hum...
, passei os últimos cinco meses pensando em você, sonhando com você. Eu acordava com você na cabeça, torcia para ir dormir logo para poder sonhar e me lembrar de nós dois. Era como se essa sensação fantasmagórica me assombrasse em todos os lugares. E agora, com você aqui comigo, acha mesmo que vou ficar chateado se falarem alguma dessas coisas? Não é o que a gente viveu, não é o que fizemos hoje.

All night long I dream of the day
A noite toda, sonho com dia
When it comes around, and it's taken away.
Quando ele chega e vai embora.
Leaves me with the feeling that I feel the most.
Fico com a sensação que mais sinto.
Feeling it come to life when I see your ghost.
Ela ganha vida quando vejo seu fantasma.

– Está bom – eu sorri e me levantei de seu colo. – Venha!
– Está... Bom?
– Venha aqui – eu ri. Estava o esperando na porta de vidro da sacada.

Abri as cortinas para a luz entrar no quarto. O céu completamente estrelado, azul escuro, lindo!

– Posso pedir um favor? – abracei-o de frente.
– Qualquer um!
– Como você costumava me chamar quando éramos namorados?
– Nós ainda somos namorados – ele me corrigiu, dando um beijo na ponta do meu nariz.
– Quando nós éramos regularmente namorados – eu ri. – Como era?
– Hum... – ele fechou os olhos por alguns segundos. – Gênio? Garota especial?
– Isso!
– Para qual dos dois? – o menino riu.
– Para o último – suspirei. – A primeira vez que você me chamou assim foi quando tiramos nossa primeira foto junto.
– Eu me lembro – ele me abraçou de frente.
– É que... – suspirei. – Tenho medo de que nossas fotos juntas possam ser as últimas como casa, então sempre vou pedir para você me chamar assim.
? – ele passou a mão em meu rosto. – Como assim?
– Não sei quando vamos ficar juntos de novo e cada momento para mim é como se fosse o último – forcei um sorriso.
– Mas...
– Por favor? Só faça isso. Está bom? Mesmo que você arrume outras meninas, eu ainda quero ser seu fantasma especial, sua garota especial.
– E você é!
– Tá – fiquei na ponta dos pés e beijei seus lábios. – Só quero me lembrar disso.
– Venha cá.

Ele me abraçou pela cintura e apertou de leve, fazendo-me cócegas. Sorri e inclinei meu corpo na direção do dele, colocando os dedos em sua bochecha e, quando ia me impulsionar para beijá-lo, ouvi o barulho do “clique” que veio do celular. Voltei à minha posição normal e o olhei curiosa. tinha o dom de tirar fotos nossas quando eu menos esperava.

– Ficou boa?
– Certeza – ele riu e mostrou a foto para mim.

Tinha ficado totalmente espontânea e interessante. Aparecia nosso perfil e, com a penumbra, parecíamos mais duas sombras, mas dava para ver que era e que a garota ao seu lado era, bom... Eu.

I don’t care what people say when we’re together! – ele cantarolou e me mostrou a tela do celular. A legenda da nossa foto era essa parte da música. – Sabe que música é essa?
– “Happily”? – perguntei meio indecisa e ele sorriu. – Ah, acertei.
– Como adivinhou?
– Porque eu a achei uma gracinha e, quando vocês cantaram, perguntei imediatamente para a .
– Santa !
– Então, publicou?
– Sim, aqui – e me virou o celular com nossa foto no Instagram.

Hashtags? #theone #garotaespecial #stargirl
Comentários?

Espera... É a ?
e ela voltaram?
EU SABIA, EU SABIA! ELES ESTÃO NO BRASIL! CLARO QUE IAM SE VER! NÃO SEI SE ESTOU FELIZ OU TRISTE, MAS AHHHHHH!
Não dá para ver quem é na foto. Está muito escuro.


– Não foi tão ruim quanto eu pensava – devolvi o celular para e fui caminhando para a cama.
– Vai rolar um tempo essa dúvida, mas daqui a pouco a gente acaba com isso.
– Como assim?
– Nós vamos aparecer em público – ele sentou ao meu lado na cama e segurou minha mão.
– Não vamos, não!
– Vamos, sim. Eu vou levá-la ao show em São Paulo.
! – dei um salto e o encarei. – Não, não...
– Shhhh – ele me puxou pela cintura e me derrubou na cama, caindo em cima de mim.
– Cara, você vai estar tão encrencado amanhã – comecei a rir. – Muito!
I DON’T CARE WHAT PEOPLE SAY WHEN WE’RE TOGEEEEEETHER! – ele ergueu o pescoço e começou a cantar. Eu só dava risada. – YOU KNOW I WANNA BE THE ONE WHO HOLD YOU WHEN YOU SLEEP...
– Está bom, está bom... Você conseguiu explicar o que você quer dizer. Ok!
I JUST WANT IT TO BE YOU AND I FOREEEEEEEEEEEEVER! – ele apoiou os braços ao lado de meu corpo e sorriu. – I know you wanna leave, so come on, baby. Be with me so happily – e se inclinou para me beijar. – Eu amo você. Combinado?
– Combinado – sorri e o beijei de volta, dando início ao round dois daquela noite.

Ouvi o celular de cair no chão e vibrar umas cinco vezes. É, amanhã será um dia bem complicado, e para nós dois.




– Não vamos, não – brinquei.
– Já está tudo combinado, . Nós vamos.
– Quando você diz “nós”, você quer dizer..?
– A banda toda – riu e tomou mais um gole de sua caipirinha.

Eu, e estávamos na piscina do Hotel Fasano aproveitando um pouco a manhã da sexta-feira, enquanto era decidido em uma reunião nos andares abaixo se hoje os meninos viajariam para São Paulo ou seria amanhã pela manhã.

Pelo menos eu comecei o dia de forma descontraída, com trazendo uma bandeja de café da manhã com tanta coisa brasileira junto que eu até estranhei. Ele achava a nossa comida maravilhosa, enquanto eu achava tudo normal – a felicidade dele em comer tapioca com manteiga foi sensacional. Depois, quando estávamos indo para a piscina nos refrescar na manhã, um dos empresários o chamou e disse que eles teriam uma pequena reunião junto com os outros integrantes da banda. Ele já parecia esperar por isso. Deu-me um beijo no rosto e o acompanhou, enquanto eu fui para o quarto de e, de lá, fomos para a piscina, onde já estava. não quis participar da reunião – rebelde? –, já que teve discussões demais ontem com eles e hoje estava cansado. E tudo isso aconteceu e ainda são dez horas da manhã. Por falar em nós irmos para a piscina, queria dizer que essa parte do hotel é uma visão do paraíso. Quem não conhece, por favor, jogue no Google para ontem! Um deque de madeira, piscina que é um espelho d’agua, bordas da piscina branquíssimas, cadeiras de sol espalhadas por todo o deque e uma visão da orla carioca de tirar o fôlego. Meu Deus, eu estou no paraíso no Rio de Janeiro.

– Sabiam que e devem estar agora morrendo de inveja porque, enquanto eles estão em um escritório, estou na piscina com as garotas deles? – nos abraçou pelos ombros e eu e começamos a rir. – Sou um cara de sorte.
– Espere a Gaaabeee saber disso. Acho válido a gente tirar uma foto e mostrar para ela – se ergueu nos braços e saiu da piscina. Pude perceber claramente dando uma olhada de cima a baixo na minha amiga.
? – chamei-o meio rindo.
– Oi? – ele desviou o olhar e me encarou, começando a rir na mesma hora. – Ah, fale sério!
– Eu falei alguma coisa?
– Não, mas nem precisa. Sim, a é gata...
– Aham...
– Já aprendi minha lição ficando a fim de você. Não me meto com namoradas dos meus amigos.
– Na verdade, isso seria péssimo para o , já que ele sofreu algo parecido ano passado lembra?
– Se você se lembrar de verdade, quem sofreu foi a , e não o – ele piscou para mim.
– Melhor não trazermos esse assunto à tona.
– Beleza – ele sorriu. – Mas só pra terminar: não, eu não estou a fim da . Ela só é extremamente gata.
– Ok – comece a rir.

voltou com seu iPhone, biquíni azul turquesa, óculos Channel e seu coque louro caramelo nos cabelos. Realmente, ela era uma visão. era um cara de muita sorte, mas muita mesmo. E, se por um momento ele pensou em trair minha amiga e de verdade a traiu, o gelo que a deu nele foi pouco. Fiquei atrás de e me pendurei em suas costas, colocando as mãos em seus olhos e brincando, falando que o rapaz devia parar de olhar minha amiga e que isso estava ficando um pouco feio. entrou na brincadeira e falava que ia dar uma bela surra nele se continuasse a olhando desse jeito. Entre nossas brincadeiras particulares e olhares curiosos de algumas fãs – agora estava bem claro que eu estava no meio e não tinha mais nada para esconder –, deitou-se na borda da piscina, um pouco na nossa frente e tirou uma selfie nossa. Ela com a língua de fora em seu biquíni turquesa, sorrindo e me segurando pelas pernas em suas costas, eu com as mãos em cima dos olhos dele e fazendo careta. A legenda da foto? “Like she never left” (como se ela nunca tivesse partido). Às vezes, eu acho que a é metade da alma da Cara Delevigne, porque eu simplesmente não entendo como que uma pessoa consegue ser tão hilária e maravilhosa ao mesmo tempo.

Ficamos na piscina por mais uma meia hora. Na verdade, eu e , porque teve que sair e atender umas cinco fãs que o ficaram secando enquanto ele estava conosco. Fizemos uma graça para elas – coisa que eu não fazia há um bom tempo, e foi bem engraçado porque eu tinha esquecido como é bom passar inveja de vez em quando –, mas ele teve que ir falar com as meninas. Ia pegar muito mal se ele ficasse ali parado conosco.

– Entãããoo... – começou. – Até agora você não me contou nada da sua noite de núpcias com na noite passada.
– Muita caipirinha na sua cabeça, – eu brinquei e tirei o copo da mão dela. – Nada que você já não saiba.
– Então rolou? – ela sorriu e eu sorri de volta. – AHHHHHHHHHHHHH!
, controle-se! Tem fã demais aqui e não estou a fim de virar fofoca pornô entre as Directioners. Obrigada.
– Aham, porque você não sabe o que rola entre elas, né? , fanfic é a coisa mais grotesca que eu já li na VIDA! O que elas acham que esses meninos são? Ginastas olímpicos que estão com tesão o tempo inteiro? – eu comecei a gargalhar, mas muito mesmo. – Já leu alguma?
– Umas – rolei os olhos. – É, é realmente estranho.
– Viu! Seria bom se elas soubessem de verdade o que eles são na cama. Talvez parassem com essas escritas medonhas e nojentas.
, elas não precisam saber como eles são na cama – apoiei-me na borda da piscina e me sentei.
– Hum, ok. Enfim, conte-me logo como foi ontem, por favooooor! Foi romântico? Foi lindo? Vocês brigaram antes como todo casal faz? Vocês brigaram, né? AI, AMIGA, VOCÊS BRIGARAM! Mas e a foto no Instagram depois? Como assim?
– PESSOA! – joguei um pouco de água na cara dela. – Vai me deixar falar ou vai imaginar toda a noite por si só em sua cabecinha de Bolton?
– Acredite: eu já imaginei a cena inteira em minha cabeça.
– Ewwww, !
– Ah, como se não me conhecesse ainda – ela piscou.
– Eu não quero conhecê-la nesse quesito – comecei a rir. – Agora, respondendo ao seu questionário: sim, foi tudo lindo. Nós não brigamos. Apenas tivemos uma pequena diferença de prioridades e depois tudo ficou lindo e resultou naquela foto do Instagram do .
– Happily? Aquela é a música mais fofinha do CD inteiro. O que vocês dois fizeram deve ter sido MUITO fofo.
– É, foi bem fofo – fiz cara de paisagem e começou a rir.
– Sabe, agora que você não tem mais emprego nem vínculo aqui no Brasil...
– Eu não vou voltar para a Inglaterra com vocês!
– POR QUE NÃO?!
– Porque NÃO! – apoiei minhas mãos na borda da piscina e me impulsionei para fora. – Parem de querer me levar de volta para Londres. Não vai rolar.
– Porque você não quer.
– Não é “porque eu não quero” – imitei a voz dela e a fiz rolar os olhos. – Eu não consigo ver minha vida sendo sustentada pelo . Só isso.
– Sua vida? – ela saiu da piscina também. – Amiga, o a “ajudaria” pelos primeiros meses. Tenho certeza de que conseguiria um emprego. De qualquer jeito, você vai para Londres daqui uns meses. Tem o casamento da Olivia. E você podia aproveitar e conversar com ela para conseguir um emprego ou estágio.
! – falei manhosa, enquanto vestia um short jeans. – Prometo que vou pensar nisso. Ok!
– Você merece um final feliz, .
– E quem disse que eu quero um final? – sorri e coloquei minha regata, vendo me olhar com um sorriso nos lábios e os olhos marejados.
– Senti tanta sua falta – ela abriu os braços.
– Eu também – sorri e fui até ela.

Ficamos nas espreguiçadeiras tomando um pouco de sol e com bebendo caipirinha, enquanto se divertia com algumas fãs e o resto dos meninos não voltava da fatídica reunião. Algumas brasileiras vieram falar comigo e com a e isso – ISSO – foi bem engraçado. Por incrível que pareça, não fui tratada mal em nenhum momento.

– Desculpe... – uma morena muito bonita de uns dezesseis anos chegou a mim e na , enquanto estávamos deitadas.
– Pois não? – baixou os óculos e deu uma bela olhada. – Posso ajudá-la?
– É que... – ela sorriu. – eu queria tirar uma foto com a .
– OI?! – tossi e acabei por me sentar. – Comigo?
– É – ela riu. – Eu estou a olhando um tempo e... Claro que se você não se importar.
– O que ela quer? – me perguntou, já que nós conversávamos em português.
– Ela quer tirar uma foto comigo – respondi meio rindo.
– Awn, cuidado para ela não ter uma faca escondida atrás dessa barriga chapada.
– Ow! – dei um cutucão nela. – Hum, qual seu nome, flor?
– Manuela – ela sorriu.
– Ok, Manu – levantei-me e amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo alto. – Quer que a tire ou...?
– Não. Eu faço uma selfie nossa – ela parecia feliz. – Nem acredito que você e o voltaram.
– Boooom, é... – eu digo ou não? – É, nem eu!
– Eu AMO vocês dois juntos, na moral! E ele com você vira outra pessoa. Fica muito mais alegre. É só ver a empolgação em que ele estava no ontem no show.
– Ele está bem empolgado de estar no Brasil – sorri.
– Ele está aqui? – a voz dela tremeu um pouco. – Digo, no hotel?
– Aham – controlei-me para não rir. – Mas ele está em uma reunião. Só o está no deque, ali perto do bar.
! está aqui! Ai, meu Deus, ai, meu Deus...
– Manu, quer tirar a foto comigo ou com o ? Eu posso levá-la até ele.
– Não. Espere! Quero uma foto com você!

Manu posicionou seu iPhone de capinha de oncinha na nossa direção e tirou uma selfie nossa. Eu tentei sorrir e parecer normal, mas no fundo achei estranho e engraçado. Ela saiu maravilhosa e nessas horas sentia muito orgulho em ser brasileira. Que menina linda! Fui com ela até onde estava e os apresentei. Ele, como sempre, um perfeito cavalheiro. Um pouco bêbado, mas muito cavalheiro. Voltei para que estava emburrada com o bico quase tocando o nariz. Muito engraçado.

– Amiga?
– Hum...
! – eu comecei a rir. – Acredite: você continua sendo a garota mais adorada do fandom inteiro. Pelo menos no meu país eu precisava ser tratada com respeito, não é?
– Mesmo assim, doeu.
– Awwwn, amiga! – abracei-a de lado e ela foi relaxando um pouco mais o corpo.

com ciúme das fãs? Isso era novidade, mas acho que era porque eu nunca tive isso no Reino Unido, nenhuma vez. Todas elas sempre amavam a , o estilo dela, o corte de cabelo dela. A namorada mais comentada e idolatrada foi sempre ela, e agora pelo menos no meu país isso não aconteceu. Confesso que foi bem legal essa atenção e ser chamada de novo de “namorada” do ou “vocês estão juntos” massageou o ego. Meu Deus, setenta e duas horas para esse paraíso acabar! Por que tudo com eles precisa ser contado em horas, dias e minutos?

Eu ainda estava consolando a quando os meninos apareceram. estava de óculos de sol e com o celular na mão, olhando meio que impaciente. Parecia me procurar, enquanto os outros sorriam e acenavam para algumas fãs. Assim que os viu, saiu do bar e foi na direção deles. Aparentemente estava tudo tranquilo, menos com o senhor .

– Babe? – fui até ele e o abracei pela cintura. – Tudo bem?
– Hum... – ele virou o celular para mim e mostrou a foto que a tirou. – Que horas foi isso?
– Agora pouco! – eu ri. – Quê? Vai ficar de mimimi agora porque eu tirei uma foto com o ?
– Não. É que...
– Se você quiser, eu o derrubo na piscina e a gente tira uma foto igualzinho – comecei a rir e a puxá-lo para a piscina.
– Não, ! – ele ria. – Eu aguento ficar sem uma foto dessas para mim – ele me segurou por um braço e me puxou novamente para um abraço. – Só deu uma pontada no estômago, mas já passou.
– Passou mesmo?
– Juro – ele sorriu. – E agora ele tem namorada. Sei que ele não a olha mais como olhava antes.
– Aham, porque agora ele olha para – comentei e abafei um riso.
– Oi?
– Ele estava secando a quando ficamos na piscina. Foi bem engraçado.
? Secando a ? Ha!
– Tá, mas não conte para ninguém.
– Só para o mais tarde.
– NINGUÉM! – comecei a rir. – Mas, enfim, como foi a reunião?
– Ah, é. Tem isso ainda – ele se afastou e me encarou. – Conversávamos sobre São Paulo e todo aquele drama que você já sabe – coçou a nuca e fez careta.
– E...?
– Venha aqui – ele me puxou pela mão para irmos à rodinha onde os outros estavam.

Quando cheguei perto, e pararam de conversar e me encararam com um sorriso moleque nos lábios. Olhei-os meio desconfiada e aguardei por uma bomba, qualquer que fosse.

– Então?
– Ela não sabe ainda? – , que estava abraçada a , perguntou.
– Parece que não.
, fale logo! – bati o pé. – Que foi?
– Bom... – começou – É que...
– NÓS VAMOS PARA SÃO PAULO, PORRA!
– O QUÊ?! – gritei quando gritou. – OI?! TODO MUNDO?!
– SIM! E... VOCÊ VAI PARA NO SHOW DO EDDIE VEDDER! – ainda gritava.
– OIIIIII?!???!?!?!?!?!?! – encarei e depois . Após isso, encarei todos e não parei de encarar até alguém começar a me explicar alguma coisa.
– Amor, está respirando? – me abraçou por trás, totalmente divertido.
, não morra agora, por favor! – disse. – AGORA não.
– Gente... Gente... – coloquei as mãos na boca para abafar o choro. – Como que, como que conseguiram isso?
– Seu namoraaaaaaaaaaaaaaaaaaado! – fez voa afetada e apontou para .
– Se você soubesse o drama mexicano que ele fez para dobrar o pessoal! Merece um Oscar pela péssima atuação – riu.
? – virei-me para ele, totalmente chorosa. – O que você fez?
– Já pedi para você confiar em mim. Não pedi? – ele beijou a ponta do meu nariz. – E não acaba por aí.
– Hã? – encarei-o.
, conte aí, já que foi você o responsável por essa bomba.
– ÉÉÉÉ... – ele riu. – Lembra-se da festa VIP de que comentamos?
, não!
– SIM! NÓS VAMOS!
– AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! – larguei do e fui até aquela coisa fofa dar um abraço, o mais apertado que conseguia dar. – , eu amo você, eu amo você, eu amo você!
– HEEEY! – abriu os braços em total desaprovação. – Hello?
– Meu Deus, que coisa chata! – riu. – Está bom, ... AHHHHHHHHHH! – e ela foi até ele e o abraçou da mesma forma que eu abraçava . – Seu bonitinho!
– Obrigada por retribuir meu amor, disse e deu um beijo em sua testa. – Significa demais pra mim esse momento.
– Awnnnn... Seu fofo! – ela apertou as bochechas dele.
– Na moral, alguém me abrace! – também abriu os braços; – Agora! Eu estou pedindo. Quero um abraço.
– Venha aqui, moleque – abraçou pela cintura e o tirou do chão. – Eu amo você, .
– Também amo você, respondeu, enquanto o jogava um pouco para cima e o segurava.
– E EU?! – foi a vez de . – Eu preciso da minha namorada para ontem. Estou sobrando aqui.
– eu ri. – Venha aqui. Tem espaço – abri um braço em sua direção e ele veio como um cachorrinho perdido. – Pronto – abracei-o, junto com .
– Todo mundo feliz? – perguntou empolgado. – Podemos fazer as malas?
– ADEUS, RIIIIIOOOO! – gritou.
– Vamos, vamos, vamos! – brincou e fomos saindo do deque da piscina, sob os olhares totalmente curiosos de várias meninas e outras pessoas que estavam presentes.

Antes de sairmos, puxei pela cós de sua bermuda para falar uns minutos a sós.

?
– Oi?
– Você sabe que eu...
– Eu sei! – ele me deu um selinho.
– Hum, tá – sorri sem graça. – E obrigada.
– Pelo quê? – totalmente tonto, mas começou a sorrir logo em seguida.
– Por me fazer feliz – respondi, sem saber ao certo como eu poderia respondê-lo sem ser babaca.
I luv you – disse ao pé do meu ouvido, naquele sotaque totalmente britânico e charmoso.
– Me too – respondi sorrindo. Parecia mais uma confirmação para mim mesma do que pra ele.
– Agora, vamos? Nosso voo sai em duas horas e eu ainda preciso pegar os ingressos quando chegarmos.
– MEU DEUS! Eu preciso avisar meus pais que estou indo pra São Paulo hoje.
– Avise no caminho. Venha!

Saímos correndo pelos corredores do hotel e tentando alcançar os outros que estavam na nossa frente. Agora, posso ter um momento só meu? De surto? Então ok... EDDIE VEDDER, EU ESTOU CHEGANDO, SEU LINDO!

Após um tumulto na saída do hotel, mais um tumulto no aeroporto – e as fãs gritando tanto o nome deles quanto O MEU e mostrando a foto que tirou na noite passada como uma coisa muito legal que aconteceu –, nós finalmente chegamos a São Paulo. Pelo menos com o aeroporto de Guarulhos eu era um pouco mais familiarizada, mas com aquele vuco-vuco de fãs, tudo parecia diferente. Os meninos não saíram pelos portões normais de desembarque. Saíram por dentro da pista e entraram em uma van que os levava direto para o hotel onde eles ficariam – hotel esse que já visitei uma vez quando o McFly veio ao Brasil.

Assim que entramos na van, telefonei na mesma hora para meu pai, mas infelizmente quem atendeu foi minha mãe. Com uma voz totalmente de poucos amigos, ela disse que “eu deveria fazer o que achava certo para mim agora, já que não tenho mais emprego” e desligou na minha cara. Alguns psicólogos já disseram que minha mãe poderia sofrer de um distúrbio de personalidade como bipolaridade ou borderline, mas, mesmo a considerando uma pessoa doente, é realmente difícil lidar com as suas variações de humor. Antes de eu ir para Londres, ela estava feliz e então mudou. Até mesmo tratou mal o , sendo que ele é a única pessoa que não tem culpa de nada. Desliguei o celular e encostei minha cabeça ao ombro dele, recebendo um carinho afetivo e um silêncio prolongado. Ele sabia que não deveria falar no nome da minha mãe devido às grandes crises que já passei por causa dela.

– Sabe, acho que eu deveria ir para casa – eu disse quando os meninos terminaram de tirar as malas de dentro da van e se encaminhavam para fazer o check-in no hotel.
– Por quê? – me perguntou, já meio contrariada.
– Porque eu queria colocar uma roupa minha e agora estou no estado onde eu moro. Não custa nada. Custa?
– Eu vou com você – avisou, assinando um papel do hotel e sorrindo para mim. – Não custa nada. Custa?
– Não acho que seria uma boa ideia você sair do hotel, babe
– Nós vamos entrar em uma van e ir direto para a sua casa. Ponto final.
– Acho melhor eu avisar meus pais que você está indo comigo. Sabe como é... – comecei a rir.
– Avisar quem do quê? – apareceu todo saltitante. – Que foi?
– Eu vou para a casa e o vai comigo – dei de ombros.
– Awwwn, vai convencer os sogros a levar a para Londres com a gente?
– Meus pais não falam inglês e nem que o quisesse eu ia traduzir isso para eles.
– Tem o Google.
– Não dê ideia, – dei um tapa em sua testa. – Enfim, vamos? Quanto mais cedo chegar, melhor.
– E para ir para o show? Como vocês vão fazer?
– Eu moro perto do local do show. Dá para ir a pé – sorri. – Deixe-me ligar para meus pais.
– Vou chamar um táxi – piscou e saiu de perto de mim.
– Vocês vão para o show também? – perguntei, enquanto esperava alguém atender o telefone.
– Não. Vamos ficar aqui e descansar. Mas amos para a festa que vai ter depois – me confirmou. – A gente precisa realmente descansar.
– Jet lag?
– Das piores – ele riu. Os meninos estavam bem cansados. Era óbvio.
– Alô? Pai?
Oi, baixinha.
– Pai, a mãe avisou que eu cheguei?
Avisou, sim. Você está com seus amigos, não é?
– Aham – eu ri... Amigos... – Escute: eu vou para casa. Devo chegar em uns quarenta minutos.
Tudo bem.
– Calma, pai. Tem mais coisa – eu ri. – É o que vai para casa comigo.
? – meu pai parecia surpreso. – O garotinho que namorava você?
– Isso, pai... – eu ri mais ainda. – E tem mais uma coisa.
Meu Deus, !
– Ele me deu de presente o ingresso para ver o Eddie Vedder.
O show que eu tinha comprado?
– Aham – tentei engolir minha empolgação. – Pai, eu quero muito que você converse com ele.
Filha, claro que eu... Bom, eu preciso falar com você primeiro.
– Pai, por favor! – choraminguei. – O garoto é tranquilo. Não vou voltar para Londres com ele nem é sobre isso que ele quer conversar. Na verdade, vai falar sobre isso, mas você ignora.
Filha!
– Oi.
Eu realmente preciso conversar com você.

Fiquei em silêncio, sentindo aos poucos o sorriso sumir de meus lábios.

– Pai? Está tudo bem?
Só venha para casa.
– O-ok.

Desliguei o telefone e vi se aproximando todo alegre com uma pequena mochila nas costas. Coloquei meu celular no bolso traseiro de minha calça jeans e forcei um sorriso, que não convenceu em nada o garoto que estava à minha frente.

– Que aconteceu, amor?
– Meu pai estava meio estranho comigo no telefone – suspirei. – Um pouco sério.
– Hum, por mim? Porque eu estou indo junto?
– Não sei. Ele não foi nada claro em seus argumentos.
– Calma – ele me puxou pelos ombros e me abraçou. – Eu vou estar lá com você. Fique tranquila.
– Tranquila eu nunca vou ficar – sorri e o abracei mais forte. – Vamos logo? Estou começando a ficar com dor de barriga.
– Está bom – ele riu. – Já avisei ao pessoal. Nós vamos nos ver na festa mais tarde.
– Perfeito.

Fomos em um táxi do próprio hotel e foi o caminho inteiro segurando minha mão e dizendo que tudo ficaria bem. Estava perto das 16h e eu não tinha muito tempo para conversar com meu pai nem para qualquer coisa que ele pudesse falar. Antes de sairmos, um pessoal da Modest deixou bem claro que nós deveríamos estar no Credicard Hall por volta das 20h. Quanto mais cedo chegássemos, seria melhor. Nossos lugares eram VIP, partindo do pressuposto que ninguém que é fã de Eddie Vedder vai mesmo saber quem é do One Direction. Eu acredito nisso também, mas sempre pode ter um doido no meio. Fomos chegando perto do meu apartamento e fui ficando mais nervosa. Apertei a mão de mais forte e avisei ao taxista para parar na próxima esquina. parecia empolgado com essa situação – ele estava indo NA MINHA casa pela PRIMEIRA vez. Pelo menos alguém está feliz com isso.

Passei pelo porteiro, por uns olhares engraçados no lobby do prédio e fomos direto para o elevador. , muito simpático, parava e dizia um “oi” abrasileirado para todo mundo e eu dava risada, porque umas três velhinhas nem faziam ideia de quem ele era e a minha vizinha chata de doze anos quase caiu pra trás quando o viu – ela batia o pé todos os dias comigo, dizendo que nunca conheci a banda e que foi tudo invenção da mídia. Invente essa história agora, bitch! Eu morava no sexto andar e, durante esse caminho, não conseguia parar de falar em como o prédio era bonito, como que ele estava feliz em estar ali e a ansiedade em ver de novo meus pais. Dei umas três beliscadas nessa criatura tagarela, mas de nada adiantou. O rapaz continuava a falar. Quando chegamos ao meu andar, suspirei fundo, esperei o elevador abrir a porta e, para minha surpresa, dei de cara com meu pai. Ele tinha um sorriso meio triste no rosto, mas não se abalou. Enrolou no português dizendo “oi. Tudo bem?” e foi dar um abraço nele. Saí do elevador e fiquei em choque. Ao mesmo tempo em que era uma cena muito legal, era bizarra! Minha mãe apareceu na porta do apartamento, mas, quando viu que estava lá, balançou a cabeça negativamente e entrou. Porém, soltou um “EU MEREÇO” bem alto. Ele ouviu, mas, como não entende português, acabou por dar de ombros.

– Por que não entramos? – meu pai disse, vindo até mim e me dando um beijo no rosto.
– A mãe está brava?
– Conhece sua mãe. Deixe-a.
– Ok – suspirei e acompanhei meu pai. – , fique à vontade.
– Já estou – ele riu.
– Escute, filha... Eu preciso conversar em particular com você. Tem como?
– Tem, sim – o nervosismo voltou. – Babe, você pode me esperar no meu quarto?
– Seu quarto? – ele sorriu meio malicioso e depois olhou para o meu pai. – Ele entendeu que você pediu para eu ir para o seu quarto, não é?
– Não, não entendeu, mas se você continuar com esse sorriso ele vai entender e vai pedir para você esperar na varanda!
– Ok – abafou um riso. – Para onde eu vou?
– Sete degraus acima, primeiro quarto à esquerda. Paredes roxas, muitas fotos e pôsteres grudados na parede – sorri. – Não mexa em nada!
– Ah tá! – ele riu. – Com licença – disse em português e saiu.
– Pai, onde você quer conversar?
– No escritório. Pode ser?

Meu pai foi na frente, coçando a cabeça, e eu atrás com os nervos à flor da pele. O escritório era pequeno, com armários marrons, e eu raramente entrava ali, já que era o ambiente de trabalho do meu pai. Assim que entrei, vi uma caixa retangular preta em cima da mesa e meu pai se sentando de frente para ela. Respirou fundo umas três vezes e eu me encontrava paralisada e com medo de perguntar alguma coisa. Esperei-o tomar a iniciativa e ainda bem que ele o fez.

– Filha, aqui nessa caixa estão todas as respostas das cartas que você recebeu de estúdios e escolas fotográficas do Reino Unido nos últimos quatro meses.

Prendi a respiração e encarei meu pai. Então... Foi ele?

– Antes de você falar alguma coisa...
– Você não... Por quê? Por que VOCÊ fez isso comigo?
– Eu disse para você não falar NADA!
– PAI!
– ABAIXE O TOM DE VOZ! – tremi da cabeça aos pés. – Você não conseguiu nenhum.
– O-o quê? Como que... Como?
– Eu abri as correspondências, todas elas. Fiz isso por sua segurança, porque não queria que, se fosse uma resposta negativa, a abalasse e você ficasse mais depressiva do que já estava. Pensei na sua proteção. O pai fez isso porque a ama.
– AMA-ME?
– Eu não vou continuar a conversa se você mantiver esse tom de voz comigo, .
– Pai! Pai, escute-se! – meu coração pulava na garganta, assim como eu sentia todo o meu corpo tremer e que ia desmaiar. – Manter o tom? Você acabou de me dizer que interceptou todas as minhas cartas, leu-as e que... E que eu não passei em nenhuma? NINGUÉM ME QUIS?!
– Eu não ia lhe falar isso, mas agora com o seu namorado em casa fiquei receoso de ele tentar convencê-la a voltar para a Inglaterra, alegando que havia enviado alguns currículos seus para as agências de lá.
– O não... Ele... Não foi... – minha voz tremia e eu não conseguia parar de chorar. – Não foi ele e ele não vai tentar... Ele não...
– Se for para você sair do país mais uma vez, que seja com segurança. E dessa vez você não possui nenhuma. Não tem emprego nem curso. Não temos condições financeiras para mantê-la em um país caro e acho que está fora de cogitação você ir morar com seus amigos.
– Nunca pedi isso! – disse, ainda chorando. – Eles sabem que não vou voltar eles e sabem da nossa situação financeira. Não escondo nada dos meus amigos, assim como você está fazendo comigo!
– Eu estava a protegendo.
– DE QUEM?! DE QUEM, PAI?!
– Diminua o tom de voz, !
– PAI, EU NÃO PASSEI EM NADA! – o homem suspirou e fez menção de se levantar da cadeira. – Por que você não me escuta? Pare com isso e me escute aqui!
– Quando você voltar a falar em um tom de voz normal, podemos continuar essa conversa.
– Eu não estou acreditando nisso! – passei as mãos nos cabelos, puxando-os pra trás e o choro saiu mais livre e mais alto. – Eu não vou a lugar algum, pai. EU NUNCA VOU! Nessa caixa está a prova de que sua filha é uma bela de uma bosta...
– Olhe o palavreado.
– PARE DE FICAR ME PODANDO!
– NÃO GRITE COM SEU PAI!
– ENTÃO ME DEIXE FALAR!
... – ele se levantou da cadeira e começou a se dirigir para fora do escritório. – O que eu tinha para falar já falei. Você não conseguiu e não sei qual foi o motivo porque, pelas experiências que nos trouxe, você é boa. Agora a gente levanta a cabeça e continua a vida. Precisamos achar uma forma de você conseguir um novo emprego, começar uma faculdade no Brasil, alguma coisa para o seu futuro – não prestava atenção no que ele me dizia. Só conseguia chorar e chorar sem parar. – Seu namorado vai dormir em casa ou ele só veio trazê-la?
– Eu... Não... Sei... – respondi aos soluços.
– Vou sair com a sua mãe. Ligue para se precisar de alguma coisa – o homem passou por mim. Eu nem conseguia responder nada. – Filha! Controle-se. Nem tudo está perdido.

Deu um beijo em meus cabelos e saiu do escritório, deixando-me sozinha e completamente desolada.

Olhei para a caixa em cima da mesa e resolvi abri-la. Cada carta era um golpe no estômago. Tinha ali pelo menos umas vinte. Abri cada uma e li em TODAS: “, obrigada por nos enviar o seu currículo. Infelizmente, o seu perfil não é o que estamos procurando no momento...”. Espalhei as cartas em cima da mesa e joguei minha cabeça em cima delas, procurando uma solução para aquele pesadelo, pensando em algum motivo que justificasse eu ter sido negada em todas essas oportunidades. Chorei mais ainda e chorei com gritos que saíam do meu estômago e chegavam aos meus lábios. Puxava meus cabelos com força até sentir alguns fios saírem em meus dedos. Senti vontade de vomitar, de gritar e de morrer. Tudo que construí nos dias em Londres parecia ter escapado de meus dedos, e tudo de uma vez. Não conseguia parar de chorar nem se tentasse. Eu queria chorar até dormir, até acordar ou até encontrar alguma solução para isso, mas não tinha! Eu só fui querida porque tinha ao meu lado. Eu carregava o nome “One Direction” nas costas e foi POR ISSO e UNICAMENTE por isso que tive oportunidades. Agora eu era uma bosta, uma bela bosta, merda, insignificante, idiota.

Ouvi a porta da frente bater e presumi que meus pais tivessem finalmente saído de casa, o que me deixava mais incomodada, porque nenhum deles veio saber como eu estava. Simplesmente foram embora. Ergui meus olhos para dar uma olhada no horário e vi que se aproximava das 19h. Quanto tempo eu fiquei no escritório e há quanto tempo o estava sozinho no meu quarto? Puta merda, o !

?

Meus olhos encontraram parado no batente da porta do escritório, com os braços cruzados e um olhar de pena para mim. Não imaginava como estava a minha condição, mas tenho certeza de que era a pior de todas. Ele não sorriu, mas veio até mim e puxou uma cadeira, sentando-se ao meu lado e me abraçando, passando um braço em minhas costas e o outro em meu quadril, puxando-me mais para ele sem dizer uma palavra. Mesmo assim, não consegui segurar o choro e acabei derrubando minhas lágrimas no colo dele, sentindo meu corpo tremer e eu soluçar. Nem mesmo conseguia me acalmar agora e isso era preocupante.

– Eu já sei das cartas – ele disse ao meu ouvido. – Seu pai, com uma certa dificuldade e ajuda do Google, me contou. Eu sinto muito, amor.
– Não fale nada para eu não me sentir pior, por favor.
! – ele me chamou, mas não lhe dei atenção – Amor, erga o rosto para mim, por favor.
– Não quero. Eu não quero.
, você consegue ser melhor que isso. Vamos.
– Melhor que... Isso? – agora eu ergui meu rosto. – Melhor que o quê? Eu não sou nada, . Nada!
– Quem disse isso? – o rapaz me olhou sério e olhou para as cartas. – Dez, vinte trabalhos que lhe viraram as costas? Pare com isso.
– DEZ OU VINTE?! DEZ OU VINTE QUE NÃO TERIAM ME RECUSADO SE EU AINDA FOSSE A NAMORADA DO INTEGRANTE DO ONE DIRECTION! – saí de perto dele, esparramando as cartas em cima da mesa e fazendo com que algumas caíssem no chão. – EU NÃO SOU NADA! SOU UMA BABACA QUE ACHA QUE PODE SER BOA EM ALGUMA COISA!
...
– PARE DE CHAMAR O MEU NOME!

Encostei-me à parede e coloquei as mãos em cima da minha boca, querendo me calar de qualquer forma. não era culpado das minhas frustrações. Ninguém era culpado de nada, além de mim mesma. Fui escorregando, sentindo minha camiseta levantar e a parede arranhar minhas costas. Cheguei ao chão e cruzei minhas pernas na minha frente, sentindo vergonha de todas as expectativas que havia carregado em meu coração por esse tempo. Tantos dias repetindo para mim mesma que eu era boa porque REALMENTE sou, e não por um nome que eu carregava nas costas.

– Amor?! – abri os olhos e vi com as mãos em meus joelhos. – Fale comigo, por favor.
...
– Vai me ouvir?
– Ouvir o quê?
– Primeiro, abaixe as pernas para eu poder falar com você olhando em seus olhos – ele deu dois tapinhas em meus joelhos e eu cedi, abaixando e me sentando em posição índio. – Ótimo. Posso falar agora?
– Fale – funguei e desviei meu olhar do dele.
– Seu pai me contou que vocês não estão em uma situação financeira boa e que enviar você para Londres para tentar a vida por lá não é uma boa ideia. E também deixou bem claro que não quer eu ou qualquer um dos outros “sustentando” você – ele riu. – Agora eu entendi de onde você puxou essa cabeça dura sua.
– Quase duas décadas ouvindo que preciso ser independente sem precisar de ninguém. É meio complicado tirar isso de mim.
– Eu sei – o rapaz suspirou. – , nunca quis vê-la com a intenção de convencê-la a voltar comigo. Eu sabia que você ia dizer não.
– Obrigada.
– De nada – o garoto riu. – Estou realmente preocupado com como você vai ficar agora, porque eu não estava ao seu lado em suas crises no começo do ano e tenho medo de você ter uma recaída agora, depois das cartas. Na verdade, nunca estou ao seu lado quando você precisa. Nem fiz isso em Londres, quanto mais agora.
– Pare, ... – busquei sua mão e a segurei. – Não se culpe. A última pessoa que precisa ficar se culpando é você, pelo amor de Deus.
– Eu só... – ele balançou a cabeça negativamente, com os olhos brilhando. – Estou muito preocupado em como você vai ficar.
– Eu vou ficar bem – entrelacei meus dedos nos seus. – Como sempre fico e como sempre vou ficar.
– Que eu faço para ajudá-la agora, ? – ele mordeu os lábios. – Como que posso ajudá-la, como que a levanto?
– Não sei! – dei de ombros e acabei choramingando. – De verdade, não faço ideia.
– O que quero que você coloque na sua cabeça é que todas as suas conquistas na Inglaterra foram realizadas porque você mereceu, e não por mim.
– Não minta para mim.
– E quando que eu menti pra você? – ele pareceu ofendido. – Apaixonei-me por uma garota forte e que sabia o que queria desde o começo. Foi a garota mais difícil da minha vida e eu nunca menti em nada para conseguir você. Não vai ser agora que vou começar.
– Desculpe – funguei, sentindo-me totalmente culpada. – Não foi minha intenção.
– Sei que não – ele sorriu para mim. – Eu digo que... Que você tem uma grande capacidade e precisa de novo da chance da sua vida para aproveitar. , se não for para essa chance ser em Londres, ela vai ser em outro lugar. Se também não for aqui no Brasil, vai ser... Vai ser onde aparecer. Compreende? Eu saí da minha cidade natal e passei a madrugada na fila em Londres para fazer a audição para o XFactor. Nós cinco saímos de nossas casas e zonas de conforto e fomos tentar algo que era totalmente incerto, e recebemos um belo de um NÃO de forma individual, mas um SIM se trabalhássemos em grupo. Às vezes, as coisas não são do jeito que imaginamos, mas alguém brinca com nossa vida e faz com que o sonho se realize de uma maneira ou outra.

Era a primeira vez em quase dois anos que contava algo tão íntimo ou sério para mim. Sobre a banda nós sempre conversávamos, mas, quando o assunto começava a ficar mais sério, eu ou ele acabávamos fugindo do foco e eu nem sei por quê.

– Seu sonho não acaba aqui porque você, mais do que qualquer outra pessoa que já conheci em minha vida, merece um final feliz e vai ter. Não acredito em carma, não acredito em pessoas que desistem de tudo e você não é assim. Nunca foi! Comigo ao seu lado ou sozinha, vai conseguir o que quer. Afinal, sozinha você foi para Londres e me conhecer foi apenas um bônus. Sem mim, com certeza absoluta, você teria conquistado o que conquistou. A Olivia a adora, o Leishman até hoje usa suas fotos como referência. Talvez agora não haja espaço no nosso mercado, mas o mundo é enorme e alguém precisa da em seu time.

tinha o rosto molhado. Todas as palavras foram ditas com um choro deslizando por cada uma e suas mãos ficaram geladas, assim como o seu corpo. Algo em mim dizia que ele mesmo já havia ouvido esse discurso de outra pessoa e que agora estava o repassando para mim. Fui até ele e o abracei forte, deitando minha cabeça em seu pescoço e ficando ali em silêncio, enquanto o ouvia fungar e engolir o choro, fazendo carinho em minhas costas e aos poucos me apertando um pouco mais no nosso abraço. Ficamos assim por muitos minutos: eu absorvendo o que ele me disse e o rapaz talvez absorvendo o mesmo. Ao mesmo tempo, consegui duas provas do meu futuro: ninguém ia me amar e se preocupar mais comigo que e nós nunca ficaríamos juntos. Nossos destinos são grandes demais para ficarem presos um ao outro e nos acomodarmos com a situação. Não nascemos para ser assim.

– Ainda está no clima do show?
– Não.
– O que eu falo para o pessoal?
– Que decidimos aproveitar o tempo, enquanto ninguém brinca com nossa vida e nos separa de novo.
– Tem medo disso acontecer?
– Morro de medo.
– Hm... – o menino se mexeu e tirou algo do seu bolso... Minha corrente de bússola que ele havia me dado um bom tempo atrás. – Voilá. Olhe o que achei em seu quarto.
– Minha corrente! – eu ri. – Que eu me lembre, pedi para você não mexer em nada. Lembra?
– Lembro, não – ele riu. – Bom, você lembra o que eu lhe disse quando dei a bússola?
– Claro que sim – sorri. – Que ela sempre aponta para o mesmo sentido.
– O Norte. E era engraçado o nome da banda ser One Direction, porque a única direção da minha vida é você e é sempre para aí que a bússola vai apontar – ele foi me puxando e encostando as costas na parede comigo no meio de suas pernas, enquanto me abraçava e deixava a bússola pendurada entre seus dedos à minha frente.
– Nunca vou me esquecer disso, .
– Eu espero que não – ele disse ao meu ouvido e beijou meu pescoço. – Não importa quantas voltas vamos dar e quanto tempo vamos ficar longe um do outro. O nosso destino é ficar junto, . Nós somos o norte um do outro e não há força nesse mundo que possa lutar contra isso. Então não tenha medo de ficarmos separados porque, de um jeito ou de outro, vamos nos encontrar. Isso é uma promessa.
– Promete mesmo? Porque as nossas promessas são sempre meio loucas e difíceis de cumprir.
– Acredite nisso aqui! – ele colocou a bússola quase em frente ao meu nariz. – No que você sente por mim e, com certeza, no que sinto por você. Eu a amo da mesma maneira que a amei quando a vi no London Eye. O mesmo formigamento e o mesmo nervosismo.
– Eu também, – suspirei e virei meu corpo para ele. – Eu amo você, exatamente como o amava na van, com os mesmos medos e a mesma eletricidade.
– Então é o nosso trato – ele enrolou a bússola nos dedos. – Não importa o que aconteça, pertencemos um ao outro.
– Para sempre.
– E sempre.
– Eu amo você – disse sorrindo.
– Eu também.




– Está melhor?
– Sim, sim – beberiquei meu coquetel. – Assim, podia estar um pouco melhor, mas estou bem.
contou o que aconteceu.
– É claro que ele contou – olhei para e comecei a rir. – Depois vocês falam que garotas são fofoqueiras.
– Ele não fez nenhuma fofoca. Apenas repassou uma informação – o garoto sorriu. – Ficamos preocupados com você. Não estávamos esperando por essa reviravolta.
– Nem eu, – sorri triste e virei o resto do meu coquetel de uma vez. – Nem eu.
– Tem um plano B para a sua vida?
– Claro que não. Eu nunca tenho um plano B.
– Tem o plano de vir com a gente, sabe? – ele me abraçou de lado. – Mas eu entendo que você não vai vir.
– Há coisas mais importantes do que as minhas vontades.
– Não, – deu um beijo em meus cabelos. – Você precisa aprender que, para você, suas vontades precisam ser as mais importantes.

Naquela noite, nós não fomos ao show do Eddie Vedder, simplesmente porque nenhum de nós queria sair do apartamento. e ficaram nos ligando por quase duas horas e, depois de uma bela chantagem emocional, me convenceu a ir pelo menos à festa VIP. Eu devia estar muito doente para não querer ir ao mesmo lugar em que Edward Vedder estava. No mínimo, era um princípio de retardo mental.

me ajudou a escolher a roupa que eu deveria usar e, depois de dar uma olhada nos meus pôsteres que eu tinha no quarto, acabou achando uma roupa “grunge” que combinaria comigo, e não com o ambiente. Sim, a festa seria VIP e muita gente da alta estaria lá, mas achou melhor me deixar confortável do que fazer com o que o que eu estivesse vestindo estivesse confortável ao ambiente. Deu para entender? Coloquei uma bota preta de cano baixo, meia calça preta, um short jeans escuro, camisa xadrez amarrada na cintura e uma blusinha regata branca sem estampa. Soltei os cabelos e passei uma maquiagem leve, com lápis marrom nos olhos apenas para destacá-los um pouco. Senti-me tão confortável, tanto por estar ao lado de como pela roupa... Eu era uma grunge no ano de 2014 que estava indo se encontrar com o cara percursor do movimento em Seattle. Só tinha que me lembrar de não chorar.

não acreditou quando contei para ela que quem havia interceptado as cartas tinha sido meu pai. Ficou tão chocada quanto eu. Ainda mais quando soube que não fui aceita em nenhuma delas e quase me obrigou a voltar com eles para a Inglaterra, porque ela ia dar um jeito de eu arrumar trabalho e estudo. O que foi engraçado dessa vez foi que quem a calou foi . Claro que meu coração estava em pedaços. Eu tinha mais dois dias com a banda e, depois, vai saber quando eu os veria novamente. Mas não era a única a ser racional. estava ao meu lado, assim como e . fez questão de ficar fora da questão toda. Disse que não queria se envolver emocionalmente com isso de novo, mas continuava me amando. ficou ao lado de , porém, quando ela não estava olhando, ele dizia que concordava comigo e que achava que ficar aqui também era o melhor a fazer – por agora. As vezes olho para os dois e vejo Chandler e Monica. Ela manda totalmente no relacionamento, ele sabe disso e aceita.

– Então? O homem da vez já chegou? – perguntei, chegando perto da rodinha dos meus amigos com ao meu lado. – Opa, você é nova.
– Oi, – uma menina linda estava de mãos dadas com e presumi que fosse sua namorada. estava agarrada a e rolou os olhos quando ela disse meu nome. – Sou Gabe.
– Eu sei quem você é – sorri e estendi minha mão para ela. – É um prazer finalmente conhecê-la. estava se sentindo muito triste sem você.
– Obrigado por mostrar meu lado frágil, – ele fez joinha para mim e começamos a rir.

Gabe e combinavam perfeitamente. Ela era bem mais baixa que ele, mas se encaixavam de um jeito muito fofo. Ela com seu sorriso de menina, cabelos longos e castanhos, olhos meigos e um estilo maravilhoso. estava feliz e com uma garota perfeita. A vida continuou para todo mundo e eu perdi a fase do se apaixonando por outra pessoa... Esse sentimento parece não parar nunca.
– Você perguntava de quem?
– Eddie Vedder! – respondi – Por falar nele, quem foi ao show no meu lugar?
– Eu! – levantou a mão. – E, com licença, mas foi um PUTA de um show! O cara é muito simpático, muito gente boa, canta pra caralho. Por que eu nunca ouvi Pearl Jam mesmo?
– Porque você nunca me escuta, – comecei a rir.
– Nunca parei para ouvir Pearl Jam. Acho que só conheço as mais famosas. Se a um dia quiser me ajudar a gostar mais da banda, eu vou adorar – Gabe disse.
– Eu só ACHO que ninguém precisa ensiná-la a gostar de nada. Ou você gosta, ou não gosta. É simples assim – respondeu bem amarga, arrumando sua franja e virando para encarar a mim e .
– Calma, – eu ri. – Que tipo de música você ouve, Gabe?
– Rock, tipo Ozzy Osbourne.
– OI?! – eu ri e vi os meninos rirem também. – Espere. “Rock tipo Ozzy Osbourne”? Cara, onde vocês acharam essa menina?
– Falei que você ia gostar dela – piscou para mim. – Vocês iam se dar muito bem.
– HELLO-OW! – começou a acenar com as duas mãos. – A se dava bem comigo e eu não escuto essas coisas aí que vocês ouvem.
– fui até ela e dei um abraço. – Sabe o que você e o possuem em comum?
– Além do excelente bom gosto para roupas?
– Além disso – rolei os olhos. – O amor incondicional pela minha pessoa – comecei a rir e abracei mais forte. – Ninguém nunca vai substituir você em minha vida, amiga.
– Você já está se despedindo de mim? Porque eu ainda não me preparei psicologicamente para esse momento, .
– Estou falando que amo você! – segurei-a pelos ombros. – Aceite meu amor.
– Hum... – ela riu. – Aceito, desde que você nunca ame a namorada do da mesma forma que eu amo você.
– Confesso que estou até um pouco enciumada – falei baixinho e a garota começou a rir. – Sabe, o amor dele antes costumava ser para mim. Lembra?
– Dói, né?
– É, um pouco – fiz careta e ela também.
– O que vocês duas estão cochichando aí? – e nos abraçaram por trás e se intrometeram na conversa.
– Acho que dessa vez a não passou tempo suficiente com a e agora está tentando compensar o tempo perdido – falou, encostando sua cabeça ao meu ombro.
– Eu preciso falar uma coisa – começou. – Se a não tivesse namorado o , eu de verdade adoraria ver vocês dois juntos.
– Hã? – nós dois falamos ao mesmo tempo.
– Está doido, ?
– Eu tinha namorada na época. Lembra?
– Tá, mas pensem comigo: se você estivesse namorando a , o teria namorado a Lary.
, eu não quero pensar nesse assunto.
– O que você já bebeu, pumpkin? – virou o rosto de para perto do dela e cheirou sua boca. – Sem cheiro de álcool. É tudo da sua cabeça mesmo?
– Se o estivesse namorando a Lary, ele teria acabado com a sua raça aquela noite! Viu o soco que ele deu no Rodrigo?
bate igual uma menina – rolou os olhos e disse isso.
– Ou você que apanha com uma menina – respondi e nós rimos.
– Eu aceitei apanhar, já que estava errado na época. Mas, se eu quisesse, teria acabado com a raça do .
! – eu corrigi. – Quem bateu em você foi o , e não .
– Por que estamos mesmo falando nesse assunto? – fez careta e riu.
– Porque seu namorado disse que eu faria um belo casal com .
– Ah, claro!
– Você faria um belo casal com quem? – ouvimos a voz de e começamos a rir.
– Comigo! – piscou para o amigo e me abraçou mais forte, como um casal. – Algum problema?
colocou as mãos nas têmporas. – Eu já me livrei de um cara que estava dando em cima da minha garota. Não me obrigue a fazer isso com você também. Nós temos um show amanhã e eu não quero estragar seu rosto.
– Oooooohhhhh... – nós quatro fizemos e começamos a gargalhar.
dando uma de machão!
– Deu um soco na vida e acha que pode sair por aí distribuindo pancada nas pessoas – falava e ria.
– Quem luta boxe é a sua namorada, bebê – falou e fez bico. – A bate muito mais que você.
– Então, se continuar querendo roubar minha namorada, vou pedir para ela bater em você. Pode ser? – riu.
– Combinado! – respondeu, dando-me um beijo no rosto e me soltando. – Dela eu tenho medo.
– Awn, obrigada pelo respeito, .
– De nada.
– Tá, chega, chega! – me puxou pela mão e ficou ao meu lado. – Tenho uma coisa para falar para vocês.
– Cadê o ? – perguntei.
– Com alguma menina pelos cantos. Eu não sei.
veio com muito fogo para o Brasil, meu Deus! – começou a rir. – E... Ew!
– Quê? – acompanhei o olhar de e vi a Gabe se beijando e em um momento bem íntimo dos dois.
– Não sei o que ele vê nessa menina.
– As fãs gostam dela? – perguntei.
– Adoram!
– Ah, entendi – comecei a rir. – tem uma concorrente com as fãs – apontei o dedo para ela gargalhei.
– MENTIRA! Não é nada disso, . Eu não fazia isso com você.
– Porque ninguém gostava de mim, .
– É diferente...
– GENTE! – ergueu os braços. – Será que vocês vão me deixar falar?
– Fale, ! – e falaram ao mesmo tempo.
– Eddie Vedder chegou – ele olhou de soslaio para mim e sorriu. – Acabei de conversar com ele.
– VOCÊ... – encarei. – VOCÊ FALOU COM EDDIE VEDDER?! – eu gritava, mas juro que não era intencional. Todos riram de mim.
– Amorzinho, se você parar de gritar, pode ir falar com ele também. Está ali atrás com uns dois caras, bebendo e fumando – me abraçou. – Vamos?
– Espere, espere! – tirei o braço dele de meus ombros. – , é o Eddie!
, nós ouvimos esse nome há dois anos. Se você não for falar com ele, eu vou. Na verdade, eu quero ir falar com ele.
– EU PRIMEIRO! – coloquei a mão na frente de , que sorria. – Meu Deus, o que eu vou falar? O que vou falar?
– Praticamente tudo o que você disse para nós durante esse tempo todo? – sorriu. – O tanto que você admira sua música, seu estilo, que ele salvou sua vida por algumas vezes.
– Amor! – me virou de frente. – Eu vou com você. Vai dar tudo certo.
– Eu não... – meu queixo tremia, meu corpo tremia e eu estava morrendo de medo de desmaiar ali mesmo. – Eu nem sei como chegar, como falar com ele.
– Comece falando “oi”. Sempre funciona para mim – disse e riu. – Vá, !
– Vamos estar aqui quando voltar, loucos para saber o que aconteceu durante esse encontro.
– Obrigada pelo apoio moral, .
– De nada, amiga.
– Então, vamos? – segurou minha mão. – Acho melhor irmos agora, porque ele de verdade está investindo muito na cerveja.
– Ai, Eddie! – eu ri. – Vamos.

me puxava com uma certa pressa para um canto mais afastado do terraço coberto, onde essa festa estava acontecendo. Apesar da escuridão, eu conseguia ver por onde estávamos indo e, quando eu localizei Eddie Vedder ao fundo conversando com dois homens, bebendo, fumando e SORRINDO, tive que colocar a mão na boca para não soltar um grito ali mesmo. Senti meu corpo formigar e uma lágrima acabar caindo de meu olho, assim como mais algumas que caíram sem permissão – eu não ia e não PODIA chorar na frente dele.

– Espere aqui um pouco. Eu vou chamá-lo – me deu um selinho e riu, sabendo que a essa altura eu nem estava ouvindo direito o que ele falava.

Esperei paradinha onde eu estava, mordendo os lábios mais do que devia, cutucando o canto de minha unha até sentir uma dor e lembrar que eu tinha que parar de fazer aquilo. Vi se aproximar de Eddie e o cumprimentar com um abraço e tapinha nas costas, ambos rindo. Ele apontou para mim e sussurrou alguma coisa ao pé do ouvido de Eddie – MEU DEUS, AQUELE É O EDDIE VEDDER! – que logo sorriu e acenou com a cabeça. Então, de repente, os dois vieram caminhando na minha direção. sorria de orelha a orelha e Eddie bebericava sua cerveja e jogava as cinzas do seu cigarro no chão. Meu estômago virou dentro de mim e eu só torcia para falar alguma coisa inteligente, porque nada, nenhuma frase estava se formando em minha mente.

– É essa – sorriu com os lábios fechados e todo brincalhão. Chegou ao meu lado e me abraçou.
– Ah, então é você – Eddie Vedder, sua voz rouca, seu sotaque californiano, aquele jeito largado e um pouco alterado, dirigiu a palavra até minha pessoa. – Tudo bem?

Eu respondo? Eu respondo? Fiquei atônita. Acho que nem respirar eu estava respirando. Sei que abri a boca umas duas vezes e não saiu som algum. E eu estava sorrindo, provavelmente de um jeito medonho. Senti dar um cutucão em meus ombros e soltar uma risada fraca ao meu lado.

– Tudo bem – disse ao fim. A minha voz saiu mais como um sussurro para mim mesma do que uma resposta ao Eddie Vedder. – Me... Desculpe-me. Eu... É... Eu sou uma grande fã sua.
– Sim. Seu namorado me disse sobre isso – ele sorriu (espere. Eddie Vedder SORRIU E FOI PRA MIM) – Está calma, está tranquila? – ele jogou o cigarro no chão e colocou uma mão em meus ombros, olhando para mim com uma cara um pouco preocupada, mas ao mesmo tempo alegre. Seus olhos azuis tão lindos e serenos eram tudo o que eu queria ver antes de morrer, porque vou morrer hoje.
– Estou, sim – respondi em um sussurro.
– Senhor Vedder, é uma grande honra poder conversar com você novamente e obrigado por dar atenção à minha namorada – soltou todo educado. – Ela é uma grande admiradora do Pearl Jam e de você. Passamos quase dois anos juntos em Londres e tudo foi sempre vocês. Ela meio que me levou a conhecer mais sobre a banda.
– Poxa, que legal – Eddie sorriu. – Servidos?
– Cerveja? – perguntei.
– Sim. Vocês bebem?
– É... – Eddie, como eu respondo falando que bebo, mas agora quero ficar bem sóbria conversando com você? – Eu pensei que você estaria bebendo vinho.
– Acho que acabei com duas garrafas durante o show. Preciso me recuperar agora com outra bebida – ele levantou o copo e nós rimos. – Gostaram do show?
– Nós não...
– Não pudemos ir – me interrompeu. – Tivemos um pequeno contratempo no caminho com a banda e eu acabei atrasando. Como a só entraria se fosse comigo, ela não pôde ir sozinha – ele me encarou e sorriu. Sussurrei um “obrigado” e voltamos a olhar para aquele ícone na nossa frente.
– Uma pena. Acho que você teria gostado – Eddie apontou para mim. – Já viu alguma apresentação solo?
– Sua? Eu tenho o DVD “Water On The Road” – sorri. – Foi naquele estilo?
– Com alguns improvisos no meio, mas sim – ele respondeu, acendendo outro cigarro.
– Desculpe-me. Eu... – soltei-me do abraço de e me aproximei mais dele. – Eu posso falar uma coisa?
– Claro – ele se encostou a uma mesa e tragou o cigarro.
– É que... – esfreguei as minhas duas mãos, controlando-me. – Eu sei que o já disse isso, mas eu não sei quando vou ter outra oportunidade – sorri nervosa e Eddie Vedder me encarou, sorrindo com os lábios fechados. – Sou uma grande admiradora do seu trabalho e eu só queria agradecer por suas músicas. Elas me salvaram de um período muito pesado em minha vida e... Não sei exatamente o que dizer. Muito obrigada. Com todo respeito, você é um grande homem e compositor e é uma honra poder falar isso pessoalmente para você.

Falei e suspirei, estralando meus dedos quase todos ao mesmo tempo e ainda ali, parada em frente ao homem que segurou minha mão e me tirou da escuridão tantas vezes sem mesmo saber desse poder que tinha. Olhei de soslaio para que parecia feliz com a situação. Fez um joinha discreto e sorriu para mim. Depois, olhei para Eddie Vedder que apagava o cigarro com o pé e se levantava, vindo na minha direção.

– Eu até agora não sei seu nome – ele sorriu.
. .
– Prazer, – ele estendeu a mão para mim. – Sou Eddie Vedder.
– Muito prazer – eu sorri.
– Agora que estamos devidamente apresentados – ele colocou a cerveja em cima de uma mesa e estalou os lábios, como se estivesse pensando no que ia falar. – Gostaria de, ahm, agradecer pelo que você disse. Depois de todos esses anos, ver jovens se identificando com a música é algo grandioso. Muito obrigado!

Eddie disse isso com todas as suas peculiaridades de cantor estranho: o tempo inteiro estalando os lábios e coçando a testa, desviando o olhar. Mas depois voltava a me olhar nos olhos com aquela intensidade de sua íris azul e parecia querer que eu entendesse tudo o que ele dizia. Foi a mesma emoção que senti ano passado no Lollapalooza, quando ele parou e encarou a plateia toda, achando aquilo o máximo mesmo após tantos anos. Só que agora essa pequena fração de emoção estava voltada para mim, e só para mim. Ele segurou uma de minhas mãos com suas duas mãos enormes e um pouco ásperas, abaixou um pouco o corpo para ficar na minha altura e disse com aquele seu tom de voz barítono e levemente alcoolizado.

– Pessoas como você ainda me fazem crer na humanidade. Obrigado por dar a oportunidade de se envolver com a música, especialmente com a minha. É uma honra saber que eu pude por algum momento ajudá-la e, por esse momento, serei eternamente grato.
– Ah, Eddie... – eu suspirei e acabei me deixando chorar. – Eu que tenho que agradecer por esses anos ao meu lado, mesmo indiretamente.
– Sou grande fã de jovens como você – ele apertou mais minha mão e depois a soltou, chegando até mim com um pouco de cuidado e me dando um abraço.

Agora, eu posso respirar? Não era um abraço apertado, mas havia carinho e cuidado. Abracei-o de volta e fechei os olhos, respirando mais fundo e tentando guardar esses pequenos segundos para sempre em minha memória. Ouvi Eddie murmurar alguma coisa, mas não consegui entender, e acho que nem quis. Aquele momento estava ótimo demais para alguma coisa interferir. Infelizmente, eu tinha que soltá-lo e isso aconteceu mais rápido do que eu devia.

– Ela é para sempre. É para cuidar para sempre! – Eddie apontou pra mim e olhou para , que sorria com dois dedos encostados em seus lábios inferiores. Ele abaixou a cabeça e exalou um ar pesado que saiu de sua boca, caminhando aos poucos para perto de nós. – E você... Você tem um grande rapaz ao seu lado.
– Eu sei – sorri e Eddie bagunçou meus cabelos em um tom brincalhão e quase paternal. – Uma pena não ter visto seus shows em São Paulo. Há alguma previsão para voltar? Tipo, com a banda inteira?
– Bem... – Eddie riu baixo e voltou a pegar sua cerveja. – Ainda tenho dois shows no Brasil. Fico no Rio até domingo.
– Ah, claro! – suspirei pesado. Não ia ter como eu ir. Senti ficar ao meu lado nesse momento e passar a mão em minha cintura.
– Se quiser ir, seria ótimo ter você por lá. A tradutora que me arrumaram é uma péssima pessoa. Eu não a entendo e ela não me entende... – ele vagou por um segundo sozinho e acendeu outro cigarro. Três em um espaço de... Dez ou quinze minutos?
– Eddie Vedder, seria uma grande honra ir ao seu show e ainda por cima ajudá-lo com a tradução de seus discursos, mas eu...
– Ela vai! – me cutucou com um pouco mais de força na cintura. – Claro que ela vai. Ela sempre diz dos seus discursos e sobre como queria ajudá-lo a montar um para o Brasil.
! – encarei-o. – , eu não...
– Bom, então combinado – Eddie disse, soltando a fumaça de seu cigarro. – Tenho dois shows. Você poderia me ajudar com ambos?
– Eu... Eu não...
– Claro que sim! – sorriu, mas claramente era um sorriso forçado. – Muito obrigado pela oportunidade, senhor Vedder.
– Que é isso – ele ergueu sua cerveja como se estivesse brindado conosco. – Se você puder, por favor, conversar com aquele senhor que está ali de cinza, ele sabe o nome do meu hotel no Rio e essas coisas. Pode chegar por volta das duas horas da tarde e procurar por ele.
– No Rio? Rio de Janeiro? – perguntei e Eddie acenou com a cabeça. – Com licença, eu preciso ter uma palavrinha em particular com meu namorado, mas já voltamos.
– Claro. Vão lá.

Puxei pelo braço para pelo menos uns dois metros longe de Eddie Vedder. Quando nos afastamos e percebi que ninguém estava mais prestando atenção em nós, comecei a dar vários tapas em seu peitoral, braço, pescoço... Quase peguei no rosto. Eu não sabia direito porque estava fazendo aquilo, mas só senti uma vontade ridícula de bater muito nele. Ele esperou eu descarregar minha raiva por um tempo e depois segurou meus braços com força e me empurrou para uma parede próxima. Eu só repetia “não, não, não” seguidamente e comecei a chorar. Era o fim chegando. Ir ao show no Rio significava não ficar mais com ele nos dois próximos dias, significava que eu teria que me despedir de novo e AGORA!

– Hey, hey... Hey! – ele soltou meus braços e colocou as mãos em meu rosto. – Babe, olhe para mim. Olhe para mim.
– Por que você fez isso, ? Por quê?
– Por quê? – ele riu. – Porque você quer isso desde que eu a conheço? Porque você é a garota abaixo de vinte e cinco anos mais apaixonada por Pearl Jam que eu já vi? Porque eu sei que ama essa banda e esse cara mais do que você me ama e ama a minha banda, e não faça careta porque eu sei que é verdade e consigo viver com isso tranquilamente.
– Não faça isso comigo. Não saia da minha vida dois dias antes do que eu achava que você ia sair.
– E quem disse que eu estou saindo da sua vida, ? – ele encostou os lábios nos meus e senti que estavam trêmulos. – A gente sabia que isso ia acontecer, hoje ou domingo.
– Eu não quero fazer isso hoje e não posso fazer isso hoje.
– Ei! – ele ainda tinha meu rosto em suas mãos. – Sabe aquele cara? Aquele cara dos pôsteres do seu quarto? Aquele que você mais admira? Então, ele a convidou para dois shows e ainda para ajudá-lo com o discurso. Você vai negar?

Minha respiração estava alterada e eu não conseguia racionar direito. Era, novamente, uma oportunidade única que a vida colocava na minha frente e eu precisava decidir se preferia ficar com ela ou com ao meu lado. Quando, meu Deus, eu vou ter os dois juntos?

, eu sabia que nós não íamos ficar juntos por muito tempo e o fato de adiar essa despedida estava me matando. Mas eu só preciso pensar... Pensar em como vou deixar você sair da minha vida de novo.
– Não estou saindo da sua vida! – ele encostou a testa à minha. – “Você acredita em destino, que até mesmo os poderes do tempo podem ser alterados por um único propósito? O homem mais sortudo de andar nesta terra é aquele que encontra o verdadeiro amor” – ele me abraçou pela cintura e enterrou a cabeça em meu pescoço. – “A ausência de amor é o sentimento mais desprezível”.
– Bram... Não consigo me lembrar do sobrenome dele.
– Bram Stoker – ele riu e beijou perto de meu ouvido. – Não há amor mais bonito na literatura do que o de Dracula e Mina, que sobreviveu anos e continuou intacto. A amada dele morreu e anos depois viu o mesmo amor ser reencarnado em Mina e ficou completamente louco obsessivo.
– Não acredito que você sabe a história sobre Dracula – afastei-me para encará-lo.
– Quase dois anos namorando um gênio, alguma coisa eu tinha que aprender. Certo?
– Hum... – gemi e ele beijou meus lábios com delicadeza.
– O que quero dizer, , é que... – ele suspirou e vi que seus olhos começavam a brilhar um pouco mais. – É que eu a amo e preciso que você vá aos shows no Rio, porque não vou suportar saber que você escolheu ficar com a gente quando o cara da sua vida a convidou pessoalmente a ir com ele para a grande experiência de fã da sua vida. E preciso que você saiba que, não importa o que aconteça agora, eu vou amá-la. Prometi isso a você e não pretendo faltar com a minha promessa.
– E se falharmos na nossa promessa?
– Lembre-se disso aqui – ele deu um peteleco em minha bússola. – E saiba que vamos nos encontrar de novo, porque é esse o ciclo da nossa vida – e, com um sorriso um pouco triste, ele me beijou.

Foi mais complicado do que eu imaginei me despedir antes dos meninos e de . Ao mesmo tempo em que ficaram muito empolgados com a notícia e o fato de eu ter passado um tempo conversando com Eddie Vedder, houve aquele minuto de choque em que nós percebemos que nossos momentos juntos acabariam agora. Da última vez, não me despedi de cada um, considerando ainda mais como a situação havia acontecido ( terminou comigo para eu poder voltar ao Brasil), e eu fui completamente desolada. Dessa vez, está num rumo diferente. está ao meu lado, apoiando-me e vai ficar comigo até o final dessa vez. Eu não vou “não dizer adeus” para ele.

– Escute: eu preciso de um tempo a sós com todos vocês! – esfregava as mãos com força, enquanto olhava para todos os meus amigos e ouvia os seus choramingos. – Por favor, cinco minutos com cada.
– Vai querer matar a gente igual a Rachel matou todo mundo em Friends? – perguntou. Parecia um dos mais sentidos.
– Mais ou menos – suspirei. – , você primeiro.

– POR QUÊ?! – falou. – Não. Espere! Melhor você ir primeiro mesmo. Eu quero ser o último.
– O último vai ser o , seu animal! – disse e riu ao meu lado.
, por favor? – estendi a mão para ele.

Fomos para um canto perto do bar, onde quase ninguém estava. Havia umas cadeiras e mesas vazias com uma vela em cada uma delas e nós não chegamos a nos sentar em nenhuma, porque achei que, se eu me sentasse, não ia conseguir me levantar de novo.

, . – segurei suas duas mãos e comecei a gaguejar e chorar. – Eu... Eu nem sei como passar por isso de novo, especialmente com você.
– Então não fale nada – ele sorriu e sua voz embargou. – Cara, o tanto que eu a amo e a admiro você não tem ideia. E como vai ser difícil ficar sem você pelos próximos meses, não quero nem imaginar.
– Não vamos nos afastar de novo, por favor.
– De jeito nenhum. Você não escapa duas vezes, – ele riu e me puxou para um abraço apertado, com seus braços envolvendo minha cintura e apertando um pouco. – Eu amo você tanto, criatura de Deus.
– Eu também, – choraminguei. – Ai, isso vai ser mais difícil do que eu imaginei.
– Vamos facilitar – ele me soltou do abraço e me encarou, os seus olhos vermelhos e um pouco tristes. – Não vou conseguir me despedir também e nem quero, porque pretendo vê-la mais vezes esse ano, só talvez não na mesma frequência.
– Isso vai acontecer. Eu prometo. Nem que eu venda meus livros e minhas coleções de DVDs para pagar uma passagem para a Inglaterra.
– Porque isso é muito mais fácil do que pedir para um de nós pagar a passagem para você.
...
– Promete para mim que vai ser menos cabeça dura? – ele colocou as mãos em meu rosto. – , promete?
– Eu? Cabeça dura? – sorri.
– Muito! E que vai aceitar qualquer ajuda que nos disponibilizarmos a oferecer no futuro, porque, se você aceitar isso, fica tudo tão mais fácil.
– Mesmo que isso vá contra meus princípios de ser birrenta?
– Especialmente se isso for contra os seus princípios! – ele começou a rir. – Amo você, minha linda. Parabéns pela sua conquista – se aproximou aos poucos de mim e me deu um selinho demorado nos lábios, totalmente carinhoso.
– Espero que a Gabe o faça a pessoa mais feliz do mundo e que você a ame mais do que qualquer pessoa que já passou pela sua vida – coloquei minhas mãos em seu rosto da mesma forma que ele fazia comigo. – Porque você merece, . Merece demais.
– Eu fico feliz em saber que você já tem um amor na sua vida – o garoto soltou as mãos de meu rosto e as colocou em meus ombros. – E que ele é meu melhor amigo.

Abraçamo-nos mais uma vez e eu acabei chorando um pouco mais em seu ombro. Ele foi comigo abraçado até nos encontrarmos com o resto do pessoal. Ali, beijou meus cabelos e em seguida veio comigo para o mesmo canto onde eu estava com . Pensar que ainda tenho mais quatro pessoas para me despedir é péssimo.

... – funguei e sorri. – Você sabe que é o meu favorito. Não sabe?
– Sempre soube, mas achei melhor guardar só para mim e não magoar os outros.
– Sei disso – nós rimos. – Eu o amo desde o photoshoot na SugarScape. Eu me lembro de estar do lado de fora conversando com algumas fãs e você chegou, o mais preocupado de todos. Emprestou-me seu casaco e disse que tudo ficaria bem. Confesso que tive medo de acabar confundindo meus sentimentos, mas...
– Ainda bem que não acabou se apaixonando por mim – ele sorriu. – Ia ser um problema danado. Sou muito mais possessivo que o .
– Eu imaginei isso. Pelo menos ganhei um melhor amigo que pensei nunca ter.
... – ele tombou a cabeça para o lado e sorriu. – Desde o começo, quando você chegou, todos nós sabíamos que você era a escolhida do . E acho que você também sabia disso. Mas o que a gente não esperava era que fôssemos nos apaixonar por você também. Não do jeito , mas do nosso jeito. Quando vimos o quão bem você fazia para ele e como era e é maravilhosa, ficamos encantados com você. E fique sabendo que não foi fácil para ninguém dizer adeus para você ano passado.
– Entendo, .
– No começo dessa semana, quando nos vimos no Rio, você disse que sofreu mais porque perdeu seis amigos ao invés de um só, que foi o nosso caso. Agora, pense! Seis capangas sofrendo por causa de uma menina? Quem você acha que se ferrou? Sofremos a mesma coisa, . Exatamente a mesma coisa. Não se menospreze porque o tamanho do seu amor é tão grande quanto o nosso e vamos continuar sentindo sua falta, enquanto não voltar de uma vez para nós.
– Ok, – estiquei meus braços para ele. – Meu Deus, eu ainda tenho outras pessoas para me despedir. Se todas forem assim, estou muito encrencada – ri meio triste e comecei a chorar.
– Idiota! – o menino me abraçou pela cintura e me levantou do chão, apenas me segurando forte como eu acho que nunca tinha feito em nossos poucos anos de amizade. – Preciso que você me prometa que vai se cuidar, porque vai ser péssimo estar longe e ainda saber que você não está bem.
– Eu vou me cuidar, por vocês.
– Cuide-se por você mesma – ele me encarou, segurando em minha cintura. – Porque você é demais e não podemos pensar em perdê-la.
– Nunca vão me perder – sorri triste.

aproximou o rosto do meu, sorrindo, e selou meus lábios de forma demorada, um pouco parecido com . Fez um carinho gostoso em minha nuca e em meus cabelos e depois se separou de mim, dando um beijo na ponta do meu nariz. Sorri um pouco envergonhada e o abracei, encostando minha cabeça ao seu peitoral. Senti sua respiração pesada e o ouvi fungar, mas logo em seguida voltando para o posto macho e dando tapas em minhas costas e começando a rir.

era o próximo e parecia o mais alterado, porque, chegando mais perto, o vi entornar mais duas doses de tequila. Os meninos riram e, ao passo que voltei de mãos dadas com , ele sacudiu a cabeça e veio na minha direção, empurrando para o lado e me abraçando forte. Ouvi soltar uma risada baixa ao nosso lado e os outros fazerem o mesmo, mas parecia não se abalar com a presença de ninguém por ali.

... Coração? Quer ir para outro lugar?
, eu não vou me despedir de você em particular. Cai ser demais para mim e minha despedida vai ser essa mesmo.
– Mas você não vai me falar nada?
– Eu amo você! – ele me soltou e encarou meus olhos. Seu olhar estava um pouco vermelho e creio que turvo. – Queria pedir para você não nos deixar, mas não vou fazer isso.
– O-k...?
– Agora, saia daqui – ele fungou e me soltou do abraço. – Estou muito emotivo para falar alguma coisa bonita para você nesse momento.
– Está bom – eu ri, mas, antes de ele sair de perto de mim, o segurei pela mão. – , eu também amo você.
– É POR ISSO... – ele soltou minha mão e apontava para mim – QUE EU NÃO QUERO ME DESPEDIR DE VOCÊ!
, quer parar de ser mulherzinha? – falou e nós rimos.
– Você não tem sentimentos, . Não tem! Essa garota é minha melhor amiga, e não entorte seu nariz porque eu também a considero.
– Ah, obrigada.
– E eu estou me despedindo dela pela SEGUNDA vez na minha vida, porque o bicha do namorado dela não tem coragem de amarrá-la em um banheiro e obrigá-la a ir conosco para Londres.
– Estou profundamente lisonjeado com seu comentário, riu.
– Ah, cale a boca! – limpou os olhos e olhou para mim. – É bom você voltar para nós antes de eu começar a sentir verdadeiramente sua falta, .
– Beleza, beleza! – comecei a rir, quando vi se afastar completamente alterado. Encarei e e os chamei com as mãos. – Vamos, casal! De uma vez só, porque meu coração não vai aguentar ter que me despedir de vocês um de cada.
– Você não acha que eu mereço uma despedida só minha?
– Acho, sim, , mas também mereço um descanso para o meu coração. Ande, ande!

e andaram atrás de mim, enquanto íamos para o mesmo cantinho a que eu tinha ido com e . Antes mesmo de eu começar a falar alguma coisa, óbvio que minha melhor amiga tagarela tinha que começar. nem fez menção de impedi-la porque seria perda de tempo.

– Eu sei que você ainda tem que se despedir do seu namorado e, depois de toda a emoção causada pelo senhor , não há nada que eu possa falar que vá fazer você chorar...
– Ai, !
– Deixe-me terminar, por favor? – ela jogou todo aquele cabelo longo para trás, respirou fundo e colocou seu melhor sorriso. – Eu nunca pediria para você desistir de seus sonhos por nós, ainda mais porque sei que seus sonhos são grandes demais para ficarem presos com seis britânicos totalmente perdidos – ela sorriu e fiz o mesmo. – Só quero pedir que você cresça. Não mentalmente porque, vamos combinar. De nós todos, acho que você é a única com capacidade cerebral mais desenvolvida e ativa que a nossa. Mas cresça profissionalmente. Você é enorme como pessoa e graças a Deus como mulher – ela piscou maliciosa para mim e abafei uma risada. – E, como profissional, você ainda tem muito o que crescer, porque sua grande chance ainda não aconteceu. Seu primeiro passo foi em Londres, mas aqui no Brasil nada de bom aconteceu para você. Fale sério! Prometa que você nunca mais vai trabalhar com essa mulher, que essa chance agora com o Eddie Vedder vai ser a chance da sua vida para você mudar de rumo e tentar fazer alguma coisa nova, por favor.
– Eu ando fazendo tantas promessas para vocês que nem sei qual delas vou poder cumprir.
– Cumpra essa por você mesma. , você merece muito mais do que pensa e não vou poder ficar ao seu lado sempre para falar o que tem que ser feito – ela riu.
– Cara, como vou sobreviver sem você?
– Aceitando meus conselhos – ela sorriu e abriu os braços. – Venha aqui.

Abracei-a e, por mais incrível que pareça, não choramos. Só ficamos ali, curtindo nossa pequena privacidade de abraço, até que senti me abraçar por trás e eu ser feita de sanduíche do meu casal favorito.

– Queria saber falar bonito como minha namorada, mas não vou conseguir falar nada mais esperto que ela.
– Seu abraço está de bom tamanho, – respondi, ficando agora um pouco chorosa. – Vocês são meu casal favorito. Não terminem nunca!
– Eu dizia isso de você e do . Lembra? – se afastou e colocou as mãos em meu rosto. encostou sua cabeça ao meu ombro.
– Lembro, sim – sorri. – Mas vocês podem ter o final feliz que eu ainda não tive.
– Como não teve? – falou. – Você deu toda felicidade do mundo para o . Isso é mais do que qualquer coisa.
– Sua história não merece um final porque ela nunca precisa terminar – ela deu um peteleco no meu nariz.
– Obrigada – olhei para ela e depois para . – Por vocês dois, por tudo.
– Você merece, – e novamente fui abraçada por eles.

me esperava com os braços para trás e um sorriso fechado em seus lábios. e me deram um beijo em cada lado da bochecha e tapinhas nas costas de , enquanto nos aproximávamos. Caminhei até ele, ora olhando para meus pés, ora olhando para seus pés. Quando cheguei mais perto, senti-o dar um beijo em minha testa. Olhei para o pessoal e aos poucos eles foram se afastando, até que não sobrasse mais ninguém ali que não fosse nós dois.

– Então... Eu vou ter que me despedir de você também?
– Fiz uma lista – ele suspirou. – Sobre dez fatos ridículos sobre você.
– Uau, quanto tempo fiquei me despedindo do pessoal?
– Na verdade, são dez fatos que provam que eu a amo e que você vai terminar sua história comigo em Londres.
– É mesmo? – cruzei os braços. – Conte-me mais sobre isso, .
– Ok, ok... – ele começou a rir. – Venha. Vamos nos sentar.

Fomos até as mesas onde eu estava antes. puxou uma cadeira para mim e se sentou depois à minha frente. Abriu um guardanapo em cima da mesa e riu antes de começar a ler.

– É ridículo. Preciso admitir.
– Eu vou poder guardar o guardanapo. Ok?
– Só se você quiser! – ele sorriu. – Bom, vamos lá...

A lista era patética, mas linda! Linda e a cara dele, como tudo o que o rapaz fizera nesses últimos anos. Era tudo para me fazer sorrir e se esquecer um pouco da própria dor. Era tudo por mim.

Por que você merece ter um final feliz comigo em Londres:


1 – Em uma viagem de quinhentos dias, você me encontrou, encontrou o sentido do amor e, acima de tudo, amizade verdadeira;
2 – Ninguém nunca cuidou tanto de você como seus amigos londrinos e ninguém nunca acreditou tanto em você como a Olivia, Sam, Lucas, Leishman e McFly;
3 – Nós valorizamos o seu trabalho e não são méritos meus ou por você estar comigo. É porque você é BOA! E, pelo visto, aqui no Brasil ninguém nunca falou isso para você;
4 – Nós não queremos mais imaginar nossa vida sem você. Ponto final;
5 – Você foi minha conquista mais difícil e eu não estou a fim de passar por isso de novo. Por isso que não vou nunca me apaixonar ou amar outra pessoa da mesma forma que a amo;
6 – Você sempre será a prioridade da minha vida, porque eu abdiquei da minha felicidade em prol da sua. Então ao meu lado você não precisa se sentir insegura, porque nunca vou permitir isso;
7 – Sabe que seu sonho foi sempre estudar e morar em Londres e isso você pode fazer a hora que quiser. Tem minha casa, tem a casa da , dos outros meninos e seus pais vão ter que simplesmente aceitar o fato que você é mais nossa do que deles, ou seja, nós vamos cuidar de você;
8 – Thomas Fletcher não quer viver em um mundo onde você não é a madrinha do Buzz;
9 – Você ganhou uma família;
10 – Achou o seu Norte e me ajudou a encontrar o meu;
11 – Pearl Jam faz mais shows na Europa do que na América Latina;
12 – Seu nome está no encarte do CD “Take me Home” e de “Midnight Memories” como colaboradora oficial da banda;
13 – Eu amo você.

terminou de ler e me empurrou o guardanapo. Não sabia o que falar porque, no número 4, eu já estava chorando e teria que ler tudo de novo com calma. Ele estendeu o braço por cima da mesa, pegando minha mão e a apertando com carinho, chamando meu nome para eu encará-lo.

– É isso o que preciso falar para você antes de deixá-la escapar por meus dedos de novo.
...
– Você é minha e eu sou seu. Ponto final. Não vai haver uma terceira vez que você vai embora, porque não vou deixar isso acontecer. Eu juro que da próxima vou ser egoísta, pensar em mim e amarrá-la em um banheiro, assim como o sugeriu – nós dois rimos.
– Nossa terceira vez vai ser para sempre. Promete?
– Prometo – ele beijou minhas mãos. – Agora, preciso entregá-la ao senhor Eddie Vedder.
– Ai... Eddie!
– Deixe-me orgulhoso, ! Porque não estou abdicando de você por dois dias para você fazer feio com esse homem – ele brincou e se levantou da cadeira.

Fiz o mesmo e em passos pequenos fui até ele. O garoto sorriu aberto e me abraçou com seus braços longos ao redor de todo meu corpo, fazendo com que eu me sentisse segura e protegida. Encostei a cabeça ao seu peitoral, enquanto ele brincava com o cabelo em minha nuca e o beijava.

– Preciso te falar uma coisa.
– O quê?
e me beijaram hoje.
– Hum... – ele parou de respirar por dois segundos e depois soltou o ar pelo nariz. – Suspeitei disso.
– Eu deixo você beijar a depois, mas só quando eu já tiver ido embora daqui.
– Prometo que vou pensar no seu caso...

segurou minha nuca e aos poucos foi puxando meu rosto. Nossos olhares se encontraram e eu não consegui conter um choro porque era agora... Era esse o momento do nosso adeus, de novo. Ele mordeu os lábios e algumas lágrimas escaparam de seu rosto também. Encaramo-nos por um tempo. Eu não queria me esquecer de seu rosto. Não aquele que aparecia nas revistas, mas desse rosto, do meu , daquele que só eu conhecia. Encostamos nossos narizes e os lábios foram uma consequência. Não foi um beijo de novela, um beijo apaixonado, um beijo com muitas voltas e rodopios... Foi a ação de duas pessoas que se amam encostarem os lábios que tremiam e permanecerem assim por minutos, sentindo a respiração e a presença um do outro.

O mais foda é nessa hora eu me lembrar de Leandro e Leonardo e começar a cantar mentalmente: “Não aprendi dizer adeus e não sei se vou me acostumar. Olhando assim nos olhos seus, sei que vai ficar nos meus a marca desse olhar... Não tenho nada para dizer. Só o silêncio vai falar por mim. Eu sei guardar a minha dor e, apesar de tanto amor, vai ser melhor assim”. MAIS BREGA, IMPOSSÍVEL! Pior de tudo é eu saber que essa música combina com o momento, puta que pariu.

Disse adeus para os outros integrantes da banda e para mais uma vez e, depois, e eu fomos de mãos dadas encontrar com Eddie Vedder e seu empresário e produtor musical – o tal cara de cinza que ele havia pedido para eu conversar antes. Quando chegamos perto, Eddie sorriu e piscou para mim, levantando mais uma garrafa de cerveja na nossa direção.

– Daqui para frente é com você – sussurrou em meu ouvido. – Boa noite novamente, senhor Vedder.
– Boa noite, casal – ele sorriu. – Então, tudo pronto?
– Quê? Eu já vou hoje para o Rio? – perguntei assustada. – Vai dar tempo de eu ir para casa fazer minha mala e avisar meus pais. Certo?
– Vai, sim – Eddie riu. – Só queria confirmar se está tudo pronto para amanhã e se você vai me acompanhar durante os shows.
– Ah, claro. Aham – suspirei um pouco aliviada e sorri para .
– Desculpem a demora. Foi uma longa noite – respondeu.
– Sem problemas... Essa vai ser minha última cerveja e volto ao hotel. Tem como você ir para lá amanhã?
– Tem. Eu só... ? – encarei-o. – Você quer voltar para casa comigo e me ajudar com a roupa?
– Hum... – ele sorriu. – Não estava nos meus planos, mas por que não?
– Perfeito – Eddie falou. – Escute: essa é a menina de que lhe falei... – ele começou a falar com o tal cara e eu sorri para ambos.
– Vou ter que avisar o pessoal – cochichou. – Acho que eles vão achar estranho eu desaparecer no meio da festa.
– Tem como não avisar? – segurei sua mão. – É nosso último momento particular juntos e você nem vai demorar tanto assim.
– Ok. Você quem manda – ele fez carinho em meu rosto. – Eddie, estamos indo então.
– Ah, um segundo... – ele entregou um cartão com o nome do hotel dele e sua assinatura atrás (um AUTÓGRAFO!). – Mostre isso amanhã na recepção do hotel e terá entrada liberada.
– Poxa! Poxa vida, muito obrigada.
– Aguardo você às 14h – ele piscou de novo.

e eu descemos para o andar térreo e entramos no primeiro táxi disponível. Fomos no banco de trás abraçados e esperamos o taxista sair da muvuca da avenida principal paulista e pegar uma vicinal. Não falamos nada. Só ouvíamos uma música baixa que tocava em uma rádio de péssima qualidade de São Paulo. O braço de passava atrás de meu corpo e ele me fazia um carinho gostoso, enquanto eu deitava minha cabeça em seu ombro.

– Então, para onde vamos? – o taxista perguntou.
– Para as estrelas...

respondeu, fazendo uma alusão ao personagem do Leo DiCaprio em Titanic. Eu sorri e fechei meus olhos, imaginando que nosso destino fosse mesmo as estrelas. Senti-o beijar meus cabelos e, mais uma vez, sussurrar e dizer que estava tudo bem e que nós sempre teríamos um ao outro.



Fim



Nota da autora: Primeiramente, gostaria de agradecer à Vivi’s pelo convite de participar de mais um especial do site (é meu segundo e de novo com o enredo da 500 Days, lol) e, óbvio, a todas as leitoras que mesmo após um ano de fanfic finalizada nunca me abandonaram. Essa fic foi publicada em junho/2014, mas só no grupo fechado e no Tumblr, então eu estou bem empolgada de finalmente colocaála no site. Espero que gostem. Agora vamos lá (estou me preparando psicologicamente para futuras broncas): eu já estou SUPER esperando uma bronca do tipo: “NÃO ACREDITO QUE VOCÊ NÃO DEIXOU OS DOIS JUNTOS, MEU DEEEEEEUS”. Estou ligada nas ameaças e tal, mas já me chamaram de “coração de pedra” ou “sou tão azeda quanto um limão” que estou ficando até acostumada com tanto amor, HAHA! Bom gente, seguiiinte... A ideia do especial ocorreu quando os meninos estavam no Brasil e, por uma sacanagem do destino, Eddie Vedder também estava (aí aquele irlandês loiro maria-chuteira ainda tira uma foto com ele. É pedir para acabar com todos os meus sentimentos de fã). Não sabia como ia fazer, quando eu ia fazer. Na verdade, não sabia de nada... Então as férias chegaram e as ideias apareceram, rs. Queria fazer uma coisa mais caprichada, mas, se eu fosse detalhar demais, isso ia virar uma fic ao invés de um especial de cinco capítulos (com prólogo e epílogo, HAHA). Espero de coração que tenham gostado. Deu um trabalho começar uma história tudo do zero, mas eu estava com tanta saudade do universo da 500 Days in London e de One Direction que escrever essas páginas foram uma terapia para a minha pessoa. Não sei se tenho coração para mexer nessa história de novo (acredito que não, porque eu sofri demais pra colocar um ponto final aqui), mas o pouco que foi escrito foi de coração e tentei dar meu melhor. Queria agradecer a cada uma das leitoras que ainda passam um tempo lendo 500 Days in London, que gostam da história e nunca a abandonaram. e para todas desejo um 2015 maravilhooooso, com muito mais One Direction (OTRA não vai rolar no Brasil, mas a gente supera, rs) e com muitas outras fics lindas para todo mundo se iludir. Beijos de luz. Mamãe Gi ama vocês. <3

PS1: Não, eles não ficaram juntos ao final (caso alguém não tenha entendido isso);
PS2: Não, isso não é uma continuação da 500 Days in London;
PS3: Não, eu não farei uma continuação da 500 Days in London;
PS4: Não sei se farei outro especial... Vai que... HAHAHA;
PS5: Amo ocês!

Fanfics publicadas no Fanfic Obsession:
500 Days in London: /fanfics/number/500daysinlondon.html
500 Days in London Chronicles: /ffobs/number/500dilchronicles.html
Chandler: /ffobs/c/chandler.html


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