Baseado no Challenge #13

Chino Hills - CA - USA
Agosto de 1963

- Tudo isso é tão lindo, ! – eu disse correndo entre as árvores do jardim e em seguida abrindo os braços – Obrigada por me proporcionar este momento! – fui até ele e o beijei.
- Se eu pudesse, faria muito mais por você, querida! – sorriu. - Eu sei que já falei isso milhares de vezes, mas não custa nada dizer novamente... Amo você!
- Nem acredito que estamos completando mais um ano de namoro! – passei a mão entre os fios curtos do cabelo dele e sabia que tinha um rosto no meu sorriso.
- Estamos juntos oficialmente há – ele olhou para o relógio - 1095 dias, 3 horas, 27 minutos e...
- coloquei minha mão em sua boca e balancei a cabeça em negação.
- Eu me perco em todos esses números que você diz! Eu acho que já disse isso muitas vezes... Sou péssima em números! – ri da cara de desprezo dele.
- Enfim, eu só queria dizer que estamos completando três anos de namoro, sua bobinha! - disse revirando os olhos. - E em relação aos números, eu sou fascinado por isso, sou completamente apaixonado por números com várias vírgulas, tenho curiosidade de saber como o universo foi formado, como é que surgem os elementos principais da vida que são o carbono e o oxigênio. Isso tudo é tão fantástico, !
- Sabe que eu acho isso loucura, né?! Eu prefiro as artes, o maravilhoso Van Gogh, Monet, Matisse!- pude ver a expressão de nojo e desconhecimento do que eu estava falando, ri um pouco. - Como é magnífico ver aquelas pinturas de anos atrás, de como elas foram maravilhosamente bem feitas! – suspirei. – Eu sou apaixonada pela arte! Eu me casaria com ela, se pudesse - ri da cara que fez e beijei sua bochecha. - Eu me casaria com a arte se ela fosse... Hm... Como eu poderia explicar?! – virei meu rosto e depois em direção a ele – Exatamente como você!
- Eu amo você, !
- Eu também amo você, !

Fevereiro de 1964

- CONSEGUI, CARLINHA! EU CONSEGUI ENTRAR NA FACULDADE! EU VOU SER UM GRANDE CIENTISTA! – disse gritando de tanta felicidade e eu não poderia ficar diferente, era o sonho do homem da minha vida. É como se estivesse realizando o meu sonho também.
- Parabéns, meu amor! Parabéns! Você merece isso e muito mais! Eu e todos que te conhecem sabemos da sua capacidade, sabem de como você é maravilhoso no que você faz e também sabemos o quanto você ama a física! – abracei-o e em seguida o beijei.
- E você, ? Conseguiu ir pra faculdade?!- ele me olhou atento e curioso para saber minha resposta. Passei minhas mãos por sua face e acariciei perto dos seus lábios e sorri.
- Consegui, ! EU VOU ESTUDAR A HISTÓRIA DA ARTE! – gritei como ele e depois me abraçou girando.
- VOCÊ CONSEGUIU, MEU AMOR! - abracei-o mais forte.
- EU CONSEGUI! – sorri mais ainda.

Junho de 1966

Hoje pela manhã fui chamada na diretoria da universidade para receber uma das maiores propostas que já havia recebido na minha vida. Eu tinha ganhado uma bolsa de estudos em Paris por causa das minhas médias altas que adquiri durante um ano e meio de curso. A proposta é um intercâmbio, eu ficaria na casa de uma família francesa e estudaria por um ano em Paris. Quando soube dessa oferta, fiquei maravilhada. Por que sinceramente? É o meu sonho conhecer Paris, todos aqueles pontos turísticos e tudo mais. Mas logo depois pensei nas pessoas que eu amo, na minha família, nos meus amigos e no amor da minha vida, !
Fui para a minha casa, conversei com minha família que me apoiaram completamente e em relação ao , minha mãe disse para eu seguir meu coração. Que eu poderia escolher entre o e Paris, ou simplesmente ter os dois ao mesmo tempo, porém o que nós temos pode enfraquecer por conta da distância. Resolvi ir à casa do e dizer a ele o que tinha acontecido naquele dia, sobre a grande oferta.
Assim que cheguei à sua casa, o abracei tão forte, pois no fundo eu já sabia que iria para Paris e que tudo entre mim e ele daria certo. Fomos até o quarto dele – incrivelmente arrumado por sinal – e contei a ele sobre tudo.
- Eu não posso ficar sem você, ! – disse já choroso.
- Vai ser apenas por um ano, ! Eu não vou te deixar, porque eu te amo muito, baby. Amarei-te por toda a minha vida! Acredite nisso!
- Lá na França existem homens sabia, ?! HOMENS! Sabe lá o que vai acontecer... - disse se levantando e passando a mão entre seus cabelos molhados.
- Você não confia em mim, ?! Você acha que eu vou te trair na primeira oportunidade?! , é isso que você quis dizer?! – fiquei boquiaberta olhando para aquele ser que andava de um lado para o outro.
- Não é isso, ! Claro que eu confio em você! Eu não confio é NELES! Cara, você já se viu no espelho, ?! Você é linda! A garota mais linda e cobiçada daquela universidade que namora um louco que estuda física. – virou-se para mim e voltou a mexer no cabelo.
- O louco que eu amo. - levantei-me e fui a sua direção - O louco que eu passarei o resto da minha vida! Casaria-me até naquelas capsulas loucas lá, porque eu te amo! – toquei em seu rosto e fiz um pequeno carinho - Só existe um homem na minha vida e esse homem é você, !
- Desculpa, ! Desculpa! - e com um beijo nossa discussão foi encerrada. Como eu amo esse louco.

Julho de 1966

- Acabei de chegar aqui em Paris, baby! É tudo tão lindo e diferente!- falei com ele pelo telefone. - Como foi a viagem, meu amor?!
- Foi cansativa, mas acho que valeu a pena! – ficou um silêncio enorme entre os dois. - Passei a viagem toda olhando aquele retrato que você me deu antes de eu viajar! – comecei a chorar, nem estávamos longe um do outro por mais de 24 horas e eu já estava com saudades – A nossa primeira foto juntos, ainda estávamos no High School, meu cabelo ainda tinha aquelas mechas laranja horrorosas! – ri.
- Mesmo com aquelas mechas, como você mesma diz... Horrorosas, você ainda era a menina mais linda daquele colégio!
- Você diz isso porque já era apaixonado por mim, seu bobinho! – ri do meu próprio egocentrismo.
- E sempre serei! – ele disse suspirando. - Queria te abraçar bem forte agora!
- E eu queria sentir o seu beijo! – abaixei a cabeça e lágrimas grossas começaram a escorrer por meu rosto – Eu te amo, ! Até outro dia! Beijos! – e assim desliguei o telefone.

Dias depois conheci a universidade onde eu estudaria, conheci várias pessoas com os mesmos gostos que o meu e então resolvemos ir a famosa Torre Eiffel.
Era uma noite fria na capital, lá estava eu e meus novos colegas enfrente a incrível torre Eiffel, tiramos várias fotos, rimos e nos divertimos. Até que eu me afastei um pouco do grupo e fui a uma lanchonete e pedi algo. Enquanto tomava meu delicioso café, fiquei observando os detalhes daquela lanchonete, vi vários quadros pintados provavelmente por pintores anônimos ou não famosos. Como seria bom que todos pudessem ter seu lugar na arte, mas como meu novo professor diz: ‘’Arte é para poucos’’. Levantei-me para ir pagar o meu café e percebi que na minha carteira só tinha dólares, e lembrei-me que ainda não tinha ido trocar os dólares por euros. Tentei explicar a senhorita que estava no caixa, mas ela não queria saber das minhas desculpas e também nem quis receber os dólares. Tive uma leve sensação que teria que lavar as louças daquele estabelecimento, até ouvir uma voz por trás de mim.
- Eu pago seu café – disse uma voz masculina e entregou dois euros para a senhorita do caixa, levantei o meu rosto para enxergar quem era aquele ser desconhecido, até me deparar com um homem alto, moreno dos olhos cor de mel. Seus cabelos continha gel e tinha a aparência do cabelo do Elvis.
- Obrigada! Obrigada de verdade! Prometo que vou lhe pagar! – sorri tímida para ele.
- Não tem o que prometer, Darling. Afinal, são apenas dois euros! – disse ele gesticulando demais.
- Tudo bem! Meu nome é e o seu?
- Taylor Brandon, prazer em te conhecer Srta. ! – disse ele pegando na minha mão e em seguida beijando-a.
- Me chama de ! – sorri envergonhada, lá na California não vemos cavalheiros como este homem.
- Oi, anjo! – outra voz apareceu por trás de mim e em seguida foi até o Taylor e entrelaçaram os braços. – Oi, querida! – o homem sorriu para mim. - , - fez um gesto para chegar mais perto e sussurrou. - Este é o meu namorado, Josh! Espero que você não seja homofóbica! - arregalei os olhos e logo pensei como um cara lindo como o Taylor pode ser GAY?! É muito desperdício mesmo.
- Não sou homofóbica! É só estranho conhecer pessoas como vocês, ainda mais hoje em dia que isso não é aceito por muitas pessoas!
- Não é assim tão estranho, Darling - disse Josh. – O amor é a coisa mais linda e poderosa do mundo, e com ele podemos vencer todos os obstáculos! – Josh disse sorrindo para Taylor e o mesmo repetindo o ato de seu companheiro.
Ficamos conversando por muito tempo, eles eram bastante legais. Qualquer coisa que eles falavam minha gargalhada era ouvida no outro quarteirão, depois daquela longa noite de novas amizades, de risadas, de felicidade fui para casa porque já era um pouco tarde e não gosto de preocupar a família da casa, já falei sobre eles? Bom é basicamente um casal com uma filha adolescente, Amy é muito patricinha, tudo que tem no quarto dela é rosa, as roupas que ela usa para ir para escola são rosa, mas eu acho um charme um vestido que ela tem rosa com bolinhas brancas. Tenho vários nesse mesmo estilo, afinal é a moda de Paris!

Cheguei a casa e Amy estava sentada assistindo televisão com a amiga Jennifer, falei com elas rapidamente e fui ligar para meu amado, afinal em Chino Hills ainda era cedo. Disquei o número do telefone dele e no terceiro toque a voz eu ouvi a voz da irmã do , Sierra.
- Oi, Sierra! É a !
- OI, CARLINHA! – ela gritou para o ouvi logicamente e foi questão de segundos para eu ouvi a voz do pedindo para falar comigo - Cunhada, como estão às coisas em Paris?!
- Estão muito boas, Sierra! Estou muito feliz aqui, o curso é magnífico sabe?! Essa semana eu fui a um museu e vi de pertinho o quadro Monalisa! Dá para acreditar?! Isso é tão excitante! – peguei o telefone e deitei de barriga na cama, do outro lado da linha dava para ouvir reclamando com a Sierra e comigo, ri fraco da situação do . Ele estava louco para falar comigo, provavelmente estava com saudades e se eu dissesse que também não estou, seria a maior mentirosa do mundo. – Mas faz meu coração apertar porque o não está aqui comigo, porque as pessoas que mais amo não pode desfrutar da mesma coisa.
- Entendo, ! Mas daqui a uns meses você está de volta! - ela falou com uma enorme animação que até me assustei. - Também não é o fim do mundo, você está construindo o seu futuro profissional, quando você chegar aqui você e o vão construir um futuro lindo, com três filhos e um cachorro! – ela gargalhou.
- Também penso assim, Sierra! Como um novo amigo disse para mim hoje ‘’O amor é a coisa mais linda e poderosa do mundo, com ele podemos vencer todos os obstáculos’’.
- Isso mesmo! Mas... Hummm... Tá de amiguinho novo é, ? - ouvi a voz do gritando “QUÊ?!”, já sabia que ia acontecer algo ruim, o é muito ciumento e saber que fiz amizade com uma pessoa do sexo masculino iria levá-lo a loucura. ‘’EU QUERO FALAR COM ELA AGORA, SIERRA’’ afastei o telefone da minha orelha para não ouvir os berros do e enquanto isso fiquei brincando com o fio do telefone preocupada com o que iria achar disso tudo, mas quando ele soubesse que o Taylor é gay, com toda certeza o ficaria envergonhado por esse papel de besta. Quando não ouvi gritos coloquei o telefone no ouvido e falei triste para ela:
- Sierra, por que você foi falar isso?!
- Não é a Sierra, ! – era a voz do .
- ... - suspirei baixo.
- Não, ! Não fala nada, ok?! Eu sabia que um dia isso ia acontecer! Você é linda demais, todos os olhos masculinos estão voltados para você e...
- ELE É GAY, CAMERON! - o interrompi, não aguentava mais ouvir a mesma história.
- Quê?- ele disse surpreso.
- O Taylor, esse meu novo amigo... Ele é gay! Eu o conheci hoje no café porque eu me esqueci de trocar dólares por euros e então ele apareceu e pagou meu café!
- Isso não garante que ele seja mesmo gay, ! – ele disse ainda carrancudo.
- Outro homem aparecer e ser apresentado como namorado garante alguma coisa?! Eles até se beijaram para eu ver, claro longe das pessoas porque eles não queriam ser julgados!
- Hum. – Ele não queria aceitar que estava errado e esse é um dos principais defeitos do .
- ! Sabia que quando você fala essas coisas me machuca? Dói tanto saber que você acha que eu posso te trair! Aqui em Paris tem sim muitos homens bonitos e educados, mas eles nunca serão você! Eles nunca vão ter o amor que eu tenho por você! Quando é que vai entender isso?! – comecei a chorar e resolvi ficar sentada fazendo o fio do telefone embolar pelo meu corpo.
- , não chora, por favor, meu amor! Perdoa-me! Isso tudo que eu falo não é desconfiança, é medo! Você sabe disso. Eu tenho medo de te perder para sempre, de você encontrar alguém melhor do eu, minha vida é você , você sabe disso, todos sabem disso! Eu não sei como estou conseguindo viver tão longe de você!
- Não precisa ter medo meu amor! Daqui a uns meses eu estarei de volta para você! Para sempre, ! Eu te amo!
- Eu também te amo, !

On*

- Cara, se eu fosse você já teria terminado com a ! – Harry – vulgo meu melhor amigo- falou isso novamente, já estava cansado de ouvir aquilo a todo o momento.
- Mas você não é, Harry! Eu amo a , para de colocar coisa na minha cabeça! – levantei- me do pequeno sofá que tinha no sótão, fui em direção à janelinha e fiquei olhando os pés das pessoas que passavam pela rua.
- Eu não estou colocando nada na sua cabeça cara, estou falando só a verdade! Poxa cara, você acha mesmo que a , a menina mais linda da universidade vai ficar na seca só por que você está a esperando?! Os franceses devem está loucos! – começou a rir. – Aquela menina enlouquece qualquer um, não só no quesito beleza. - olhei para ele e minha expressão foi de indignação, como ele ousa a falar aquelas coisas da ? Eu confio nela, o que eu não confio é nos franceses, mas eu sei que ela nunca me trairia.
- Harry, eu sei que você não gosta da , mas eu confio nela. E vamos encerrar esse assunto, vamos lá ao McDonald, acho super cool os atendentes naqueles patins – eu ri.
- Só poderia ser o para pensar em patins sendo que tem várias mulheres aí para nós! – Harry revirou os olhos e bufou.
- Eu penso só em uma mulher e você sabe bem disso; Agora vamos! – empurrei Harry e saímos rindo.
Setembro de 1966

Era um dia nublado em Paris, estava saindo da universidade quando uma grande chuva começou logo quando eu estava chegando a casa. Corri o mais depressa possível, não gosto de me molhar com a chuva, mas de nada adiantou, cheguei à casa toda molhada e estava caminhando diretamente para o meu quarto quando Amy – a abençoada Amy - me chamou:
- ! O que você estava fazendo uma hora dessas na rua? Você já viu o tempo?! - disse com uma falsa preocupação, claro que eu sabia disso, afinal ela só se importa com suas unhas, cabelos e roupas. Fútil é um substantivo para a Amy.
- Estava na universidade, Amy, peguei a chuva agora a pouco! – passei a mão pelos meus cabelos molhados – Só isso?
- Na verdade não! – passou o dedo indicador no queixo e me olhou como se estivesse planejando alguma coisa – Queria te pedir um favor! Mamãe deixou o lixo lá no fundo da casa, será que você poderia colocá-lo lá fora?! É que eu acabei de pintar minhas unhas, você não é que eu as borre, não é verdade?! – olhou-me boquiaberta.
- Tudo bem Amy, quando a chuva passar eu coloco! – virei-me em direção as escadas, mas fui interrompida pela voz de Amy.
- , sinto muito, mas tem que ser agora! O lixo da rua será retirado daqui a pouco, sabe... Mamãe ficaria bem chateada em saber que o lixo ainda está aqui! – virei devagar até ficar de frente a Amy que sorria torto, ela sabia que eu não poderia negar aquele favor, aliás, eles estão fazendo um favor em me deixar ficar aqui por um ano. Amy Wins!
- Vou pegar o lixo! – fui até a cozinha perto da porta dos fundos e peguei o lixo, saí por lá mesmo, a chuva estava muito forte corri o máximo que eu pude, joguei o lixo de qualquer jeito e corri para dentro de casa. Minha roupa estava pingando, meu cabelo estava uma zona, minha maquiagem estava borrada e por fim espirrei. Não. Não. Não posso ficar doente. Espirrei mais uma vez, era definitivo eu ia ficar doente e outra coisinha... Eu odeio Amy Waters!
Era de noite e eu estava deitada na cama com dois cobertores grossos, um papel para limpar o nariz, com a cabeça doendo e esperando o telefonema do . Até que ouvi umas batidas na porta, era a Sra. Waters.
- Oi, princesa! – eu realmente amava a maneira como a Sra. Waters me tratava, ela era magnífica e boa, ao contrário da filha.
- Oi, Sra. Waters - minha voz saiu completamente estranha.
- Eu ouvi uns espirros vindos daqui e percebi que você não desceu para comer, vim ver o que tinha acontecido! – ela passou a mão pelo meu rosto. – Você está quente, querida! Vou trazer algo para você comer e um comprimido, ok? – apenas sorri em agradecimento e ela saiu por aquela porta, fechei meus olhos e comecei a lembrar dos meus momentos em Chino Hills, daquele lugar tranquilo, dos momentos que passei com as pessoas que eu amo. Quando a Sra. Waters apareceu com uma badeja com comida, um copo de suco e um comprimido do lado. – Toma aqui querida, por favor, tome essa sopa todinha, vai aquecer o seu corpo e logo em seguida tome este comprimido, ok?- sorri novamente para ela e comecei a comer.

Já eram 22h00min da noite e o ainda não havia me ligado, fiquei preocupada porque ele nunca deixaria de me ligar. Ele sempre prometia o que falava principalmente para mim e seus pais, mas acho que dessa vez não deu muito certo. Meus olhos começaram a pesar e então eu adormeci.

Acordei o telefone tocando, olhei para o relógio e eram 7 horas da manhã. Quem em sã consciência liga para uma pessoa nesse horário? Atendi ao telefone contrariada:
- Alô?!
- Desculpa, amor, eu sei que você detesta ser acordada, mas eu precisava te ligar e pedir novamente desculpas por não ter ligado para você ontem! - a voz do fez meu sorriso aparecer, ainda mais aquela voz de quem acabou de acordar.
- Não tem problema, ! Ontem eu não tava muito bem mesmo... Não ia conseguir falar direito com você! – falei com minha voz meio estranha por causa do nariz entupido.
- O que houve? – a voz dele adquiriu um tom de preocupação.
- Estou gripada! Ontem peguei uma chuva quando cheguei da faculdade e praga da Amy, a filha adolescente fútil, me fez levar o lixo para fora na chuva! Estou com vontade de pegar cactos e enfiar aqueles espinhos na pele dela, ela ficaria louca com certeza! – comecei a rir que nem uma hiena por causa do nariz.
- Como você é malvada, ! – ele riu - Mas você não deveria obedecer a ela meu amor, estava chovendo, será que essa menina estava cega ou...
- Doida! – o interrompi – Ela é insuportável, ela é má!
- E o que a Sra. Waters falou a respeito? – disse ele chateado.
- Ela não sabe que foi a queridinha que provocou isso, mas ontem ela cuidou de mim. Trouxe comprimidos para mim! Estou melhor! – sorri fraco. – E você, como está?
- Horrível! Sabe... Vou te contar como foi o meu dia: Fui para a faculdade, o professor passou vários exercícios e tive que fazer várias contas, mas isso foi a melhor parte do meu dia. No segundo professor ele chegou foi com giz, agora você já sabe o que aconteceu... – ele suspirou.
- Você é alérgico! Mas você estava longe do giz, então não foi nada demais, . – mesmo falando isso, eu tinha me preocupado.
- O professor me fez ir escrever a minha resposta fantástica sobre a composição do desodorante no quadro e eu tive que segurar no giz!
- Ai meu Deus, ! Por que você não disse que era alérgico? – levei minha mão até a boca.
- Eu simplesmente não poderia passar essa vergonha na frente de todos, já basta estudar física e ser o estranho da universidade, não que eu não goste do que faço. Eu amo a física.
- Eu entendo, ! Mas você está melhor? Os olhos ficaram muito vermelhos? – sempre que o ousava a tocar em um giz ou algo parecido ele tinha alergia, seus olhos ficavam extremamente vermelhos que só amenizava por causa de um colírio receitado por um especialista. Conversa vai e conversa vem, teve que ir para a universidade e eu voltei a dormir, não iria para universidade, pois ainda não estava bem disposta.

Junho de 1967

- ... É difícil dizer isso, mas... Eu vou terminar o curso aqui em Paris! – fechei os olhos e esperei ele começar a berrar, mas não aconteceu nada, ele apenas ficou calado respirando fundo. – Me desculpa, mas falaram que eu era uma excelente aluna e até conseguiram estágio para mim. Daqui a dois anos e meio eu estou voltando, ! Aguenta mais um pouco, pelo nosso amor! Não o deixe acabar! - eu disse já chorosa.
- Você sabe que eu não aceitaria isso, mas você sabe do seu futuro, ! – ouvi o som de soltando o ar rapidamente da boca. - Mas eu vou estar sempre com você, nosso amor é mais forte que tudo!
- ”O amor é a coisa mais linda e forte do mundo, com ele você pode superar todos os obstáculos”. Eu te amo, .
- Eu te amo, !

Janeiro de 1968

- Sabe, Tay... Eu sinto tanta falta do ! – deitei no colo dele e comecei a chorar.
- Eu sei como é difícil isso, Darling. O Josh está longe de mim também, muito mais longe do que o seu boy. Não são oceanos que nos separam e sim uma linha tênue entre a vida e a morte! – Taylor abaixou a cabeça fazendo com que sua lágrima caísse sobre minha testa, imediatamente levantei-me e o abracei.
- Desculpa, Tay! Desculpa por está falando da minha tristeza sendo que a sua é muito maior que a minha! – senti-o abraçando-me mais ainda.
- Não precisa pedir desculpas, Darling! – afastou-me e colocou o meu cabelo para trás da orelha. – Eu não vou ficar chateado!
- Tay, eu não sei o que faria se o viesse a falecer – comecei a chorar mais ainda, não só por essa ideia ter passado na minha cabeça, mas também por Josh. Mês passado, ele estava indo visitar sua família em Lyon, uma cidade da França, quando ele perdeu o controle do carro e infelizmente morreu. Quando Taylor soube do acidente ficou desesperado, chorou incontrolavelmente e assim foi por dias.
- Você continuaria amando ele incondicionalmente, porque mesmo ele estando em outra dimensão... O amor prevalecerá por toda a eternidade! – Tay começou a chorar como uma criançinha levantei-me e fui até o barzinho da casa dele, vi o litro de rum e depois fui na geladeira vi a coca-cola, olhei para os lados e vi os limões. Perfeito.
- Tay, vamos afogar nossas tristezas no álcool! Vou fazer um drink para nós dois, chamado Cuba libre. - limpei minhas lágrimas e comecei a fazer o drink.

Janeiro de 1969

Finalmente tinha chegado a Chino Hills, estava morrendo de cansaço por causa da longa viagem, virei-me e vi o Taylor pegando nossas malas. Sim, Taylor veio morar em Chino Hills também. Ele não aguentava mais morar em Paris e ter lembranças do Josh, então teve a incrível ideia de vim morar na minha cidade natal; posso dizer que ele estava muito animado, sorria muito, mas no fundo eu sei que ele está triste, pois queria que seu grande amor desfrutasse daquela mudança também. Andei por toda aquela estação de trem até o Taylor consegui alugar um carro para ele e dá partida para seu próprio apartamento, ele até que ofereceu carona, mas eu estava esperando meus pais.
Contei a meus pais que estava chegando a Chino Hills há alguns dias atrás, mas pedi para não contar nada ao . Bom, em relação a ele... A mesma coisa, estávamos morrendo de saudades um do outro, as crises de ciúmes de nunca tinham fim, minha formatura foi simples, apenas peguei o certificado, terminei meu estágio e fui contratada para trabalhar na universidade onde estudava.
Já estava no carro dos meus pais, estava revendo tudo naquela cidade, como algumas coisas mudaram... Até que passamos pelo jardim onde eu e completamos três anos de namoro, lembrei-me dos nossos momentos juntos naquele parque, dos nossos beijos, nossa como eu sentia saudade daqueles lábios. Lembro-me da nossa árvore, quando ainda éramos adolescentes, colocou nossas iniciais ali. Aquela arvore dava para ser vista de onde eu estava passando, até que vejo um rapaz sentado na grama e encostado na árvore. Poderia ser o ! Olhei direito e pude ter certeza que era ele. Era o meu !
- Pai! Para o carro! – falei imediatamente.
- Filha, eu...
- Pai, por favor, encosta o carro! – fui mais pra frente para poder vê-lo melhor, até que ele encostou o carro e eu sai de lá. – Mais tarde eu volto para casa! – atravessei a rua e fui andando pelas arvores, até chegar atrás da nossa árvore e ver lá. Olhando para o nada, até que eu resolvi falar algo:
- Hoje faz seis anos, sete meses, seis dias, quarenta e cinco minutos que somos namorados. – ao terminar de dizer isso, olhou pra trás e encarou-me assustado, sorri para ele que demorou um pouco para perceber que eu estava ali de verdade, que eu estava ali para ele. Para sempre.
- ? – sorriu.
- Eu voltei, ! – continuei sorrindo para ele, até que ele se levantou e eu o acompanhei.
- Minha ! – segurou as mãos no meu rosto e me beijou. Um beijo cheio de significados, um beijo de saudades, de amor, de segurança, de alívio, um beijo completamente apaixonado. Segurei a gola da jaqueta de couro dele e puxei-o mais para mim, queria senti-lo completamente pela primeira vez. – Eu te amo!
- Eu também te amo, ! Te amo muito – e então voltamos a nos beijar.
Depois de tantos beijos, fomos até o prédio do e tivemos a nossa primeira noite de amor juntos ao som do novo disco de vinil Love Dreams que foi lançado a pouco tempo. Foi sensacional, apesar de proibido. Mas eu estava com o homem da minha vida, com o homem que eu mais amo na minha vida, com o meu príncipe, com o meu louco, com o meu cientista.

Depois de uns dias, reunimos nossas famílias para podemos contar tudo o que aconteceu durante esses dois anos e meio, agora trabalhava para uma grande corporação que estudava os elementos da vida, como o carbono e o oxigênio. Era a paixão dele e se tornou realidade. Contei a todos sobre meu novo emprego como professora universitária, todos ficaram excitados com a notícia. Até que Sierra diz:
- E quando sai o casamento, ?
- Sierra! Isso era para ser uma surpresa! – repreendeu-a.
- Como assim, ? – olhei para ele com os olhos cheios de lágrimas, ele então se levantou e foi até a bolsa da mãe, de lá saiu uma caixa de felpudo vermelha, sentou-se do meu lado e abriu a caixa. Era uma pulseira de ouro cheia de pingentes diferentes e uma delas era a Torre Eiffel – Pensei que um anel de noivado seria muito clichê, então quis comprar algo diferente. Esses pingentes são miniaturas das coisas que você mais ama, aqui é a torre Eiffel, que simboliza Paris, esse cachorro é o Boris, nosso futuro cachorro, isso é um coração que significa o nosso amor e esses dois bonecos, são eu e você. Tivemos tanto tempo juntos e também separados, mas o nosso amor não diminuiu nem um por cento, apesar das minhas crises de ciúmes constantes. Nosso amor só evoluiu e hoje eu sei que esse amor vai durar mais do que a eternidade! Eu te amo e quero que você seja a mãe dos meus filhos, que você seja a mulher que vai me aguentar até ficarmos bem velhinhos. Você aceitar se casar comigo? – meus olhos estavam cheios de lágrimas, nunca esperava uma declaração dessas do ainda mais diante das nossas famílias.
- É claro que eu aceito, meu amor! – beijei-o ali mesmo, na frente dos meus pais. Eu estou noiva do homem que eu amo!

Dezembro de 2014

Acordei sentindo um beijo estralado na minha testa, abri meus olhos e vi , hoje com seu rosto mais enrugado, seu cabelo já branco, mas com aquele sorriso que fazia derreter o meu coração. Os anos se passaram e posso dizer que sou a mulher mais feliz desse mundo, sou casada há 44 anos, tenho dois filhos que se chamam Sophie e Carter. Sophie foi a nossa primogênita, foi uma benção de Deus, hoje ela tem quarenta e dois anos e têm dois filhos que se chamam Aaron e Matthew, que vão se formar em medicina daqui a uns meses. Carter nosso bebê, não que ele seja realmente um bebê, eu e o apelidamos de nosso bebê por ele ser o nosso filho mais novo, que tem trinta e oito anos e tem uma filha que se chama Sky; ela está terminando o ensino médio e namora há dois anos com seu melhor amigo Derek. Taylor, meu melhor amigo, acabou se casando com outro homem, mas ainda ama o Josh. Ele sempre fala para mim: “Estou casado com outro, mas meu coração e meu amor serão para sempre do Josh”.
Era de tarde quando vi minha neta chorando no celular, provavelmente conversando com o namorado. Os jovens de hoje em dia brigam por qualquer coisa, alguns não sabem nem o que é amor, dizem que sentem, mas são tão tolos, porque não é preciso mostrar para o mundo que ama aquela pessoa, não precisa fazer declarações enormes em redes sociais, para mostrar o amor.
- Sky? – passei a mão por seus cabelos loiros e ela ergueu a cabeça para me ver e sorriu.
- Oi, vovó! Como a senhora está?! – ela disse voltando ao normal e enxugando as lágrimas.
- Eu vou bem meu amor! E você?! O que são esses olhinhos cheios de lágrimas? Você sabe que vovó não gosta de ver a neta mais linda chorando, não é mesmo?
- Eu sei, vovó, mas é tão ruim o que está acontecendo... – ela começou a chorar e eu a abracei.
- O que houve? - passei a mão por seu rosto e coloquei seu cabelo para detrás da orelha.
- Eu consegui uma bolsa de estudos em Paris, vou estudar moda! - ela disse fungando.
- Sky! Isso é maravilhoso! Sabia que eu também fui para Paris? A cidade é linda! – sorri para ela que retribuiu mais não com entusiasmo.
- Eu e o Derek vamos ter que terminar, vó! – ela começou a chorar novamente e agora mais alto – Eu o amo, vovó! – ela gritou, abraçando-me mais forte.
- O que houve aqui? – a voz do apareceu e quando viu aquela cena se aproximou mais – O que houve, Sky?!
- Eu amo o Derek, vovô! Eu não posso ir para Paris e deixá-lo aqui! Não posso! – abaixou a cabeça.
- Sky, olha para o vovô – puxou delicadamente o rosto da garota- Se você o ama e ele também, vocês vão conseguir ficar longe um do outro por um tempo, querida. Sabe... Uma vez um amigo da sua avó disse uma coisa que foi como nosso amuleto. sabe?! Sempre que eu ficava longe dela e nós brigávamos ela falava isso para mim e até hoje usamos essa frase... ‘’ O amor é a coisa mais linda e forte do mundo, - ele me olhou com os olhos cheios de lágrimas - com ele você pode superar todos os obstáculos’’.
Eu amo incondicionalmente e irei amar até os últimos dias da minha vida.

Nota da autora: sem nota.