– Eu não acredito que aquele... Motorista se atrasou. – olhou o relógio pela milésima vez no dia enquanto corria em direção a sua sala de aula, ela nunca fora de se atrasar pra nada e, justamente, hoje que teria avaliação no primeiro horário, seu motorista inventou de chegar mais tarde para busca-la. Assim que entrou na sala, sorriu e soltou um suspiro aliviado pelo professor ainda não estar lá, pelo visto alguém – além dela e de seu motorista – havia se atrasado. Se fosse um dia comum, ela repudiaria aquele comportamento do professor, mas especialmente hoje ela agradeceu pelo atraso dele. Mal teve tempo de se sentir bem e seu sorriso logo murchou ao ver quem estava sentado na cadeira onde ela tipicamente sentava, para ela, era o ser mais repugnante de todo universo, e ele fazia sempre questão de implicar com ela, mesmo ela fazendo de tudo para ignora-lo.
– Sai do meu lugar, ! – ela disse com a voz tranquila, mas com um olhar autoritário.
– Seu lugar? Não vi seu nome aqui, boneca. – ele respondeu irônico, olhando para ela.
– Olha, meu dia hoje realmente está sendo péssimo, tudo saiu do controle, então, por favor, não piore. – disse, se aproximando da cadeira e colocando sua bolsa nela.
– Olha só quem é educada! – ele falou com uma falsa indignação. – Se quisesse seu precioso lugar, teria que ter chegado mais cedo.
– Você não sabe dos meus motivos pra chegar atrasada, sai logo. – ela falou, começando a deixar sua raiva transparecer.
– Sinto muito, boneca. – frisou o apelido que deu a garota e sabia que ela odiava. – Mas hoje, você não senta aqui. Quem sabe amanhã...
– Você é desprezível. – pegou sua bolsa de volta e foi sentar-se em uma cadeira ao fundo, já imaginando o quão terrível aquela prova seria. Não que ela não tivesse estudado, mas ela acreditava que aquela cadeira era a sua cadeira da sorte e agora sim ela odiava com todas as suas forças. Nos seus sonhos, Harvard seria o lugar onde ela teria paz e, finalmente, faria o que mais queria na vida: Jornalismo. De fato ela faz o que quer, mas a paz que ela achava que teria nunca apareceu, e tudo isso, segundo ela, graças ao galinha e mimado do .
foi o último a entregar a prova naquele dia, não fez isso de propósito, é claro, mas durante a prova só conseguia pensar em por que odiava tanto ele. É lógico que ele fazia por onde, mas ele lembrava perfeitamente que antes não era assim, antes mesmo dele sequer falar com ela, ela já o odiava, e foi assim durante todo o curso. Agora que estavam terminando a faculdade e iriam se separar pra sempre – a não ser que trabalhassem no mesmo local, o que seria muito difícil – ele estava disposto a descobrir o porquê disso tudo. Enquanto andava pelos corredores de Harvard e ia em direção ao seu carro, foi parado pelo seu professor e mentor do seu TCC, Sr. McGold.
– , meu jovem! Tenho notícias pra você! – O professor gritou e se virou com um sorriso no rosto, os outros professores podiam ser chatos, mas o senhor McGold era definitivamente o melhor que ele já conheceu.
– Professor! O que aconteceu? Há algo de errado com meu TCC? – ele perguntou preocupado.
– Não, ele está ótimo! Só acho que não irá mais precisar dele. – McGold respondeu e fez uma cara marota, e o olhou confuso. – Me diga uma coisa, , você acredita no fim do mundo?
– Não mesmo! Isso é só mais uma jogada de marketing que estão fazendo pra conseguir mais dinheiro, é lógico que o mundo não vai acabar agora!
– Perfeito! – Senhor McGold disse empolgado. – Eu recebi uma proposta do The New York Times que, particularmente, achei muito interessante, eles querem que eu escolha os meus dois melhores alunos de jornalismo com opiniões diferentes para participar de uma pesquisa que eles irão fazer sobre o fim do mundo.
– Desculpe perguntar, mas o que eu tenho a ver com isso? – falou, ainda confuso.
– Um dos meus melhores alunos é você, , nada mais justo do que você participar dessa pesquisa. – Senhor McGold disse orgulhoso. – Além do mais, isso vai valer como o seu TCC e poderá servir de base pra um futuro mestrado ou doutorado. O que você me diz?
– Será uma honra, professor! Eu sempre fui fã do The New York Times! Muito obrigado! – falou e logo em seguida começou a combinar o horário que teria que ir até a sede do jornal e saber mais sobre essa pesquisa, ele realmente havia ficado empolgado com aquilo.
Na manhã seguinte, lá estava ele, sentado em um enorme e confortável sofá, aguardando ser chamado na sala de alguém importante do The New York Times, ele sabia muito pouco sobre a pesquisa, mas esse pouco que ele sabia, já seria o suficiente para que ele aceitasse de cara. Enquanto estava imerso em seus pensamentos, viu uma garota entrar naquela recepção, e foi só ai que lembrou que ele teria um companheiro de viagem, o qual ele acabara de descobrir que seria ninguém mais, ninguém menos que .
– O que você esta fazendo aqui? – Ela perguntou surpresa assim que percebeu que era que estava sentado ali.
– Pelo visto vim fazer o mesmo que você, boneca. – ele falou entediado, apesar de gostar da garota, não estava acreditando que teria que participar da pesquisa com ela, ele realmente estava sem paciência para discutir.
– Isso só pode ser uma brincadeira de muito mau gosto! – alterou-se.
– Eu não sei você, mas eu não vou desistir dessa pesquisa, então, se não gostou da companhia, pode ir embora, bonequinha. – Assim que falou isso, os dois foram chamados para uma sala ainda maior, e se sentaram em duas poltronas super confortáveis que estavam em frente a um enorme birô de madeira que continha vários papeis em cima. Logo depois que entraram, surgiu um homem baixo, gordo e careca na porta e se dirigiu a uma poltrona solitária que se encontrava atrás do birô, logo deduziu que aquele cara devia ser o cara importante do The New York Times.
– Bom, eu sou o Sr. Hazzel, diretor chefe do The New York Times. É um prazer conhecê-los, Sr. e Srta. . – O carequinha começou a falar. – O jornal recebeu uma grande ideia de um dos nossos funcionários e resolvemos por em prática. Todos nós sabemos que as pessoas hoje, tem uma enorme diversidade de opiniões quando o assunto é o fim do mundo em 21 de dezembro de 2012. Nós resolvemos então, mandar dois estudantes de jornalismo por um mês para a Guatemala que, antigamente, era a civilização Maia, para que eles façam um diário em vídeo sobre o que eles acham que realmente acontecerá no dia 21.
– Desculpe interromper o senhor, mas, por que dois estudantes de jornalismo? E por que dois jovens e não algum jornalista formado, do próprio jornal? – falou receosa e olhou para ela alarmado, pensando que aquela pergunta faria com que o jornal mudasse de opinião e ele não tivesse mais seu precioso TCC.
– Boa pergunta! – Sr. Hazzel disse e suspirou aliviado. – Com relação a idade, o The New York Times está com a proposta de tornar o jornal em si mais atrativo para os jovens. Afinal, os jovens são os adultos de amanhã, não é verdade? – ambos assentiram. – Nós, do jornal, pensamos bastante sobre isso e chegamos à conclusão de que estudantes de jornalismo têm que pesquisar bastante pra entregar notícias verdadeiras e opiniões com fundamentos e, se no final, tudo der certo e o mundo realmente não acabar, os dois vão ter seus empregos garantidos aqui.
– Uau! – deixou escapar sem querer e viu olhar feio para ele, logo em seguida ele se recompôs e fez uma pergunta. – Por que nós temos que ir pra Guatemala?
– Simples, Sr. , durantes um mês vocês vão ter que pesquisar na cidade e em tudo o que vocês tiverem acesso o porquê de vocês acharem que o mundo irá acabar ou não. Nós iremos mandar vocês pra um hotel e tudo será por nossa conta, iremos entregar duas câmeras e vocês terão que mandar um vídeo por dia pra o jornal sobre o que vocês descobriram, vai ser tipo uma batalha de opiniões e vamos deixar os leitores comentarem à vontade.
– Nós vamos ter que ficar, tipo... Juntos? – falou abismada, deixando o velhinho careca com um sorriso no rosto.
– Seria interessante, um vai ter que tentar modificar a ideia do outro, mas com fundamentos. – ele respondeu.
– E a gente não podia fazer isso separado? – ela perguntou mais abismada que antes, fazendo com que o Sr. Hazzel entendesse o que se passava ali.
– Vocês se dão bem? – ele perguntou.
– Não! Sim! – os dois falaram ao mesmo tempo e dessa vez foi a vez de olhar feio para a menina.
– Já entendi. – Sr. Hazzel disse com um sorriso grande no rosto. – Isso vai deixar as coisas mais interessantes.
– Como assim? – perguntou.
– Não sei, talvez vocês devessem falar um pouco do dia de vocês no vídeo, e de como foi legal passar um tempo com o outro.
– Super legal. – falou com uma falsa empolgação.
– Bom, essa pesquisa valerá como o TCC de vocês, conforme eu disse ao meu amigo McGold, então vocês não precisam se preocupar mais com isso, e vocês irão partir amanhã. – Sr. Hazzel falou com um sorriso simpático no rosto.
– Como assim amanhã? Eu tenho que me preparar e... – dizia enquanto a interrompeu.
– A gente ainda tá em época de aula!
– Não se preocupem com isso também, vocês já foram liberados de todas as aulas restantes e no hotel irá ter roupas e tudo os que vocês precisarem, mas é bom levarem também. As propagandas sobre a batalha de opiniões já começaram a ser feitas hoje, então amanhã mesmo vocês irão ter que mandar um vídeo. Tudo combinado?
– Sim. – os dois falaram juntamente, e logo em seguida Sr. Hazzel pediu para a secretária trazer os contratos. assinou logo, mas fez questão de ler todo o contrato e ainda ficou falando do colega de classe – e agora de trabalho – por ele não ter feito o mesmo que ela. Após isso, cada um seguiu para a sua casa, pensando em como essa viagem poderia ser e em como eles iriam estar quando voltassem, isso se voltassem.
21 de novembro de 2012, New York.
Ainda eram 4hrs da manhã, mas já podia se encontrar uma andando de um lado para o outro do aeroporto, por conta de um atraso mísero de 10 minutos do voo que poderia mudar a sua vida e a de seu insuportável colega de sala. Enquanto a mesma andava sem parar como se suas repetitivas caminhadas fossem acelerar o tempo, apenas conseguia lançar um olhar divertido para sua amada companheira de sala. O olhar que ela tanto detestava, o qual só piorava a situação, na sua opinião.
– Vamos lá, boneca, não deve ser tão detestável assim estar em uma sala de esperas comigo.
– ! – a mesma o olhou enraivecida, não acreditava que ele conseguia ser tão petulante.
– Oi, minha boneca, quantas vezes eu tenho que te falar que você pode me chamar apenas ?
– Não me chame de boneca e muito menos use esse “minha” – a garota desenhou aspas no ar. - Eu não sou sua e nunca serei! Será que você poderia ficar calado? Viajar com você já não é algo muito bom, você poderia tentar facilitar um pouco as coisas.
– Boneca, você já ouviu aquele ditado “Nunca diga nunca”? – revirou os olhos. – Querida, a voz do povo é a voz de Deus!
– Acho que já chega de citações populares, não acha, ? – Deu ênfase ao sobrenome do rapaz.
“Atenção passageiros do voo 424 com destino a Cidade de Guatemala. Comparecer ao portão 10!”
– Finalmente! – a menina exclamou sorridente, pegando sua bagagem de mão sem ao menos esperar por .
– Se eu fosse você, não ficaria tão feliz, afinal, sua poltrona está exatamente – ele pegou a passagem da garota e indicou o local da poltrona. – Nossa, bem ao lado da minha! – ele sussurrou no ouvido da garota, que arrepiou-se, mas obviamente fingiu não se importar com isso.
– Que coincidência, não? – revirou os olhos mais uma vez aquela noite.
– Vamos, boneca! – segurou a mão da menina após entregarem suas passagens, levando-a em direção da poltrona que iriam se sentar. apenas bufou, revirando os olhos em seguida.
– Eu realmente estou ficando preocupado com você! – ela o olhou, sem entendê-lo, esperando que prosseguisse sua fala. – Lembre-me de levá-la ao oftalmologista assim que chegarmos. Não se é muito comum revirar tanto os olhos desse jeito, deve ser algum tipo de transtorno, uma doença... – sustentava um sorriso sacana em seu rosto ao falar, adorava irritar , um modo, embora irritante, de atrair sua atenção. Já contou até dez mentalmente para se acalmar, para afastar o comando do seu cérebro ordenando que ela gritasse com ele e o desse uma grande sequência de tapas, lembrando se que estava em avião e que fazer algum vexame definitivamente não era uma boa opção.
– E eu acho que vou ter que marcar alguma fonoaudióloga para você. Falar tanto assim não deve fazer muito bem para as suas cordas vocais, querido, desse jeito seu sonho de ser um repórter superestimado será impossível. – Agora era a vez da garota lançar-lhe uma piscadela, com um sorriso triunfante no rosto. não conseguia sentir raiva, apenas pensava em como a mesma ficava irritantemente sexy daquele jeito. Era incrível o poder que ela possuía sobre ele, embora ele também não demonstrasse isso. Utilizava o sarcasmo como seu melhor amigo ao se tratar de .
– Bom saber que minha boneca se preocupa comigo! – ele gargalhou, fazendo revirar os olhos mais uma vez naquela madrugada. – De novo! Está na hora de irmos ao médico, boneca, você não consegue se controlar! – gargalhou mais uma vez, chamando a atenção das pessoas ao redor, que achavam a situação um tanto engraçada.
– Estou começando a me arrepender de ter aceitado a proposta de pesquisa para o TCC do Sr. McGold. Não sei até onde vale a pena me submeter a isso... – a garota resmungou sozinha, pegando seu celular em seguida.
– Bobinha, esqueceu que estamos em um avião e que não adianta de nada fazer alguma ligação?
– Esqueceu que um celular tem bem mais funções do que apenas ligar e enviar mensagens? – ergueu uma sobrancelha, encarando-o. – Vou fazer o 1º vídeo logo, qualquer coisa é melhor do que estabelecer uma conversa com você. – lançou um sorriso irônico para a garota, mas ficara triste com o que ela havia dito. O que ele fez com ela para que a mesma o odiasse tanto? Em sua cabeça apenas circundava o pensamento de que é impossível entender as mulheres.
– Vá em frente, . – ela ignorou o comentário do garoto a sua frente e iniciou a gravação, na qual teria que apresentar a razão pela qual ela acreditava que o mundo realmente acabaria no dia 21 de dezembro de 2012.
“Bom dia, meu nome é , estudante de Jornalismo em Harvard! – ela deu um largo sorriso, sincero. Como amava aquele sorriso, esperava que algum dia ela sorrisse assim para ele. – Eu realmente acredito que o mundo acaba em 2012, sei que muitas pessoas devem achar que isso é tudo mentira ou uma mera jogada de marketing. Porém, é algo bem além. Óbvio que tem muitas pessoas lucrando com tudo isso. Mas, por favor, moramos no planeta Terra, repleto de seres humanos, pessoas normais e com pensamentos extremamente capitalistas. É humanamente impossível não ter alguém querendo tirar proveito da situação, afinal, há dinheiro em jogo.
Voltando a falar sobre o que me faz acreditar que os maias estão extremamente certos, vou apresentar-lhes alguns míseros fatores:
1º, o calendário maia indica que a Terra passará por algumas transformações que irão atingir drasticamente a nossa população, ou seja, NÓS.
2º, segundo a profecia, o Sol receberá um raio vindo do centro da galáxia, tendo sua polaridade trocada e produzindo uma gigantesca camada de chamas. Meio que em consequência, a Terra vai inverter o seu campo magnético. O que gera mudanças em nosso planeta como uma intensa devastação das florestas, superaquecimento das águas do oceano o que, obviamente, geraria tsunamis, por conta da elevação do nível do mar.
3º, o calendário maia é tão “preciso”, – desenhou aspas no ar- que chegou a prever as fases da lua, mesmo após tanto tempo.
4º, não há mais nenhuma data após o dia 21 de dezembro de 2012 no calendário. O que nos leva a acreditar que ainda existe um futuro?
Há inúmeras justificativas, mas do que adiantaria apresentar todas elas agora? Tenho que os deixar curiosos para descobrirem um pouco mais sobre os motivos pelo qual acredito nessa profecia. Por enquanto é só, desejem-me sorte e paciência para aguentar meu imaturo colega de sala durante esse mês que ficaremos na Guatemala. – Hey, eu ainda estou do seu lado! – protestou, fazendo a menina soltar um risinho abafado.
– Eu sei, não falei nenhuma mentira e não foi nada que você ainda não tenha me escutado falar. – a garota deu de ombros. - Então é isso, até o próximo vídeo, gente. Espero que tenham gostado!”. – Você realmente acha que o mundo irá acabar no dia 21?
– Sim, mas precisamente à noite... – a garota sequer se deu o trabalho de olhar para , apenas pegou uma revista, a fim de desviar seus pensamentos para a mesma. 30 dias com não seria algo muito fácil.
– Bom, vou ao banheiro, boneca. – apenas o olhou de soslaio e voltou sua atenção para a revista. O garoto adentrou a cabine com a câmera na mão, para dar início ao vídeo.
“Bom dia, acho que devo me apresentar. Meu nome é , estudante de Jornalismo de Harvard. Pode parecer estranho e realmente é muito estranho estar realizando a filmagem em um banheiro de avião. Mas eu definitivamente não me sentiria à vontade em gravar na frente da – sorriu ao lembrar-se da garota, mas manteve o foco.
Eu abomino a ideia dessa profecia maluca apocalíptica da civilização Maia. Vou lhes apresentar alguns pequenos fatores que já justificam completamente o quanto isso é impossível:
1º, como os maias iriam saber que o mundo iria acabar, há centenas de anos, sem quaisquer tecnologias, sem cálculos precisos? Enfim, como eles iriam deduzir que o mundo irá acabar em 2012? Acho que, na verdade, eles ficaram com preguiça de escrever o resto do calendário, ou faltou tinta, e por mera coincidência, essa última data escrita foi no dia 21 de dezembro de 2012. Certo, vocês podem ignorar o meu momento de imaginação fértil.
2º, os cientistas da NASA estudaram sobre a data e afirmaram que é algo impossível. Apresentando algumas justificativas com fundamentos científicos, as quais apresentarei no decorrer dos vídeos. Bom, agora vou voltar para minha poltrona do lado da minha boneca. Realmente uma boneca, vocês já viram como ela parece uma? Enfim, espero que tenham gostado do vídeo, até mais!”. – Cheguei, boneca! – sorriu para sua companheira de classe.
– Não acredito que você foi filmar no banheiro! Você realmente consegue extrapolar o limite do patético, .
– Eu só gosto de privacidade, qual o problema? – olhou para a menina ao seu lado. – Eu só tenho um pouco de vergonha de gravar na sua frente... – achou fofo ver corando, mas definitivamente fez questão de espantar esses pensamentos, afinal, era o .
– com vergonha? Com vergonha de mim? – ela gargalhou. – Não conhecia esse seu lado tímido. – voltou sua atenção para a revista.
– Há muitas coisas em mim que você não conhece. Você apenas julga conhecer. – fingiu não ouvir, mas sentia que no fundo ele poderia estar certo.
Enfim o voo chegou ao destino final, cidade da Guatemala.
21 de novembro de 2012, Cidade de Guatemala.
– Bem vindos a cidade de Guatemala, Sr. e Srta , é um prazer recebê-los em nossa cidade. – disse Richard Lewis, responsável pelos jovens enquanto estivessem na Guatemala. – Serei o responsável por vocês aqui na Guatemala, quando precisarem de qualquer coisa, poderão entrar em contato comigo – o mesmo entregou seu cartão. – Vou acompanhá-los até o hotel em que ficarão hospedados.
– Muito obrigada pela recepção, Sr. Lewis! – agradeceu e os dois jovens seguiram o mais velho. Quando se deram conta, já estavam com suas malas no hotel. Caminharam até a recepção, na qual uma recepcionista os atendeu e entregou os cartões magnéticos que dariam acesso aos quartos.
– , qual o número do seu quarto?
– 701 – pensou um pouco e perguntou a desagrado. – E o seu?
– O meu é o 702. Seremos vizinhos de quarto, boneca. Não se livrará de mim tão fácil. – piscou para a garota que se encontrava enraivecida.
– Infelizmente, , infelizmente.
Tomaram café no próprio hotel, estavam exaustos da viagem e resolveram descansar. Ambos estavam muito curiosos para conhecer a cidade e o Sr. Lewis havia dito que o motorista iria buscá-los 12h30 para o almoço. bateu no quarto de para que fossem juntos à entrada do hotel aguardar o motorista, que os levaria, segundo o Sr. Lewis, para o melhor restaurante da região. O caminho foi repleto de brincadeiras do e uma grande sequência de olhos revirados de . Finalmente chegaram ao restaurante, par o alívio da garota.
– Uau. – disse ao ver o local, com o nome Jake’s escrito sutilmente na frente.
– Se eu estivesse com o meu namorado aqui, esse seria o local ideal! – os olhos de brilharam ao ver o local.
– Então esse é local apropriado para o momento, boneca. – passou o braço pela cintura da garota, que o retirou do local no mesmo instante, lançando um olhar raivoso para o garoto ao seu lado. Escutando um risinho abafado da recepcionista do local.
– Boa noite... Sr. e Srta. , certo?
– Boa noite, a senhora está certa! Mas só por enquanto, logo será Senhor e Sra. não é, boneca? – deu um beijo na bochecha da garota, que bufou de raiva, fazendo a recepcionista abafar mais um riso.
– Jamais, ! – grunhiu, estava completamente irritada com a situação. – Moça, poderia nos levar à alguma mesa? – falou gentilmente
– A mesa de vocês já foi reservada mais cedo pelo Sr. Lewis. Acompanhem-me, por favor. – ambos seguiram a moça, estava completamente irritada, já ficava imaginando como seria bom se o que ele falou realmente se concretizasse algum dia.
– Aqui ainda é mais bonito do que na parte externa, estou impressionada! – disse ao se sentar em uma mesa para dois. apenas se encantava cada vez mais com a garota, como se fosse possível.
– É realmente muito bonito. Quando formos oficialmente um casal, eu lhe trago aqui, boneca. – sorriu para ela, pegando na sua mão por cima da mesa. A qual ela tirou imediatamente debaixo e deu um tapinha discreto na dele.
– Será que você poderia ficar calado pelo menos uma parte do tempo?
– Hm, eu até poderia tentar, mas gosto de te ouvir. Mesmo que seja brigando comigo, então...
Assim se prosseguiu o almoço, com brincadeiras e reclamações, nada fora do normal. Seguiram para o hotel, optaram por cada um jantar no próprio quarto. Ambos precisavam de um tempo sozinhos, para descansarem, pois os próximos dias seriam longos.
22 de novembro de 2012, Cidade de Guatemala/Xultún.
Ainda eram 7 da manhã quando escutou alguém bater em sua porta, não sabia se era a primeira vez que estavam batendo, mas estava amaldiçoando até a 5ª geração daquele individuo por ter o acordado tão cedo. Ainda com uma cara de sono e de pijama, foi até a porta e a abriu sem nem mesmo se importar se estaria apresentável ou não, deu de cara com um Richard Lewis totalmente sorridente e ficou se perguntando o que aquele cara tinha para poder rir assim àquela hora.
– Bom dia, Sr. , pelo o que eu posso ver você ainda não está pronto. – Disse Lewis, fazendo uma careta engraçada.
– Eu acabei de acordar, impossível me arrumar em menos de 30 segundos. – falou, ainda sonolento e mal humorado.
– Pois é bom ir se arrumando logo, às 08h30min uma van irá estar a espera do senhor e da senhorita , hoje vocês irão até Xultún. – Richard ignorou o mau humor do garoto e continuou com um sorriso no rosto.
– Xun o quê? O que tem lá?
– Xultún, senhor , é uma cidade daqui da Guatemala onde tem um sítio arqueológico Maia. – Richard falou e o garoto, meio acordado, fez uma cara de quem tinha entendido. – Só há um problema...
– Qual? – disse, se desencostando da porta e fazendo um sinal para que o homem entrasse.
– Eu já bati inúmeras vezes no quarto da sua colega, já liguei inúmeras vezes também e até agora ela não deu sinal de vida.
– E o que você quer que eu faça? – perguntou.
– Eu não tenho intimidade nenhuma com ela, então achei mais adequado que o senhor entrasse lá. – Richard estendeu a mão e mostrou a um cartão magnético, que provavelmente seria a chave do quarto de .
– Você quer que eu morra? – O garoto disse indignado. – A já me odeia agora, imagina se eu entro no quarto dela. Sem chance.
– Devo ressaltar que não há nenhuma outra maneira de acordá-la, pode acreditar, já testei todas.
– Tudo bem então. – pegou o cartão e Richard se dirigiu até a porta.
– Não se esqueça, garoto, às 08h30min na porta do hotel, boa viagem. – Lewis saiu sem ao menos dar a chance de falar nada. Aquele seria um longo dia.
Após se arrumar e colocar tudo que ele julgou ser necessário em sua mochila, saiu de seu quarto e foi em direção ao vizinho, sabia que aquilo só pioraria sua situação com , mas era necessário. Sem que o próprio percebesse, ele já estava entrando no quarto e indo em direção a cama. Ficou deslumbrado com o que via, mesmo dormindo, ainda parecia uma boneca, sua boneca. Sentou-se na cama relativamente perto da garota, respirou fundo e criou coragem para tocar-lhe o braço.
– . – disse balançando a garota de leve.
– Não vou pra faculdade hoje. – ela falou de olhos fechados e o garoto começou a rir.
– Lógico que você não vai, querida – afinou a voz. – Hoje é o dia do seu casamento com o .
– Diz a ele que eu vou me atrasar. – disse, fazendo com que segurasse o riso.
– Você não pode deixar o amor da sua vida te esperando, quanto mais cedo você for, mais cedo vocês irão para a lua de mel. – Ele falou, ainda com a voz afinada e prendendo o riso o máximo que conseguia.
– Minha lua de mel! – a garota gritou e levantou-se de vez, ficando sentada na cama com o olhar assustado e se permitiu soltar o riso que tanto prendia. – O que você está fazendo aqui, ?
– Você devia ter visto! Da próxima vez eu vou filmar! – Ele disse rindo.
– Você poderia me dizer o que diabos você está fazendo no meu quarto? – gritou.
– Calma, boneca. – ainda ria. – Só vim te acordar, você precisava ouvir a si mesmo dizendo que ia casar comigo!
– Só nos seus sonhos, ! – ela disse se enrolando em um lençol qualquer que estava em cima de sua cama. – Por que não ligou? Ou bateu na porta?
– Você realmente acha que não fizeram isso? Você tem um sono de pedra, boneca. – ele falou se acalmando das risadas. – Agora se arruma logo que já são 07h40min e só temos até 08h30min para tomar café e ir para uma van que vai estar na porta do hotel.
– Sai do meu quarto. – ela disse se levantando e indo até sua mala para procurar uma roupa decente.
– Nossa, obrigada, , não sei o que seria de mim sem você. – se deitou na cama e ligou a TV.
– Obrigada, , agora já pode sair.
– Não, eu vou te esperar aqui, aproveita que hoje eu tô de bom humor. – Assim que ouviu isso, revirou os olhos e entrou no banheiro, saindo pronta de lá apenas 20 minutos depois.
– Pra onde vamos? – ela perguntou quando se sentou à mesa onde eles iriam tomar café da manhã.
– Pra Xul alguma coisa, não tô me recordando.
– Ah, ótimo! Além de viajar com você, eu não sei nem pra onde eu vou. Não podia ficar melhor. – revirou os olhos.
– Lógico que poderia! Se essa fosse nossa lua de mel iria ser bem mais legal. – disse, fazendo com que olhasse incrédula para ele e logo em seguida voltasse a comer.
Passaram 4 horas dentro daquela van e não estava mais suportando ter que olhar para cara de , e muito menos aguentar as piadinhas que ele fazia com o incidente de mais cedo. Assim que chegaram a Xultún, ela deu graças a Deus. Pararam para almoçar e logo em seguida seguiram para a parte histórica daquela cidade. O lugar era absurdamente incrível na opinião dos dois, havia paredes e mais paredes cheias de desenhos, construções antigas e havia também muitos arqueólogos trabalhando por ali. tratou logo de ir se informar com alguns dos arqueólogos para saber suas descobertas. foi atrás, não queria perder nenhuma informação, mesmo que fosse pra mudar sua opinião sobre tudo aquilo, ou apenas para não sair de perto da sua boneca.
– Atualmente nós estamos estudando uma caverna que acreditamos que possam existir mais dois ciclos do calendário lá, alterando de 13 para 17 ciclos, o que nos daria mais alguns milênios, mas nada está comprovado ainda. – o arqueólogo respondeu a quando a mesma descobriu que ele era americano e perguntou sobre alguma novidade naquela área.
– Mas essa teoria pode ser verdadeira mesmo? – apareceu de repente e perguntou, assustando a garota.
– É bem provável que seja. Assim como algumas outras teorias. – disse o arqueólogo.
– O senhor pode nos explicar essas teorias? – perguntou receosa, não sabia se estava atrapalhando aquele senhor, porém, o velho parecia estar adorando explicar as coisas para os dois jovens.
– Eu não vou conseguir te explicar detalhadamente por que eu só sei por alto, mas a qualquer morador daqui que você perguntar, vai saber te explicar todos os detalhes do que eles creem que irá acontecer, eu realmente só sei essa dos 17 ciclos. – o homem respondeu fazendo uma cara triste.
– Tudo bem, muito obrigada, senhor, nós vamos dar uma volta por aqui. – falou e o arqueólogo simpático voltou ao seu trabalho.
– Ponto pra mim. – sussurrou no ouvido da garota, que novamente revirou os olhos.
– Não vá contando vitória antes do tempo, queridinho. – ela disse e foi em direção a umas paredes onde havia vários desenhos de várias profecias realizadas. Assim que viu o que tinha encontrado, sorriu abertamente e olhou para com uma cara convencida, ali já tinha definido quais iriam ser seus fundamentos e o que ela iria falar em seu próximo vídeo.
Apesar de terem achado superinteressante e de terem adorado o lugar, não puderam demorar muito, pois a viagem era longa e ainda iriam parar em algum canto para se alimentar. Durante o percurso, mesmo cansado, fez questão de ir infernizando a garota, não o entendam mal, mas para ele, quanto mais chamasse a atenção dela, melhor. E para ela, se ele fingisse que ela não existia, seria perfeito. Chegaram ao hotel acabados, aquela viagem tinha sido mais cansativa do que a do avião, cada um foi para o seu quarto e começou a escrever sobre o que tinha descoberto a seu favor naquela ida a Xultún. , porém, também pensou em como ficava linda quando estava deslumbrada e interessada em alguma coisa, agora era oficial, decidira de uma vez por todas mudar a opinião que tinha sobre ele, e ele estava mais do que disposto a conseguir.
24 de novembro de 2012, Cidade de Guatemala.
Os dois dias anteriores foram bastante cansativos para e , além de ter que pesquisar sobre toda uma teoria Maia, eles ainda tiveram que viajar, e tentar falar com alguns moradores – o que foi bem difícil, já que nenhum dos dois sabia falar muito bem espanhol. No fim das contas, o que mais ajudou aos dois foi a viagem a Xultún. sabia que o mais beneficiado com tudo havia sido , principalmente por aquela teoria dos 17 ciclos estar quase comprovada, mas nada a fazia tirar da cabeça que o mundo iria acabar e que ela iria passar os últimos dias da sua vida ao lado da pessoa que ela menos queria.
“Olá! Aqui estou eu, na Guatemala, com o pior companheiro de viagem só para tentar convencer vocês sobre a minha opinião de que o mundo realmente vai acabar agora, dia 21 de dezembro. No vídeo anterior eu já enumerei alguns fatos e no vídeo de hoje vou contar pra vocês o que eu descobri nesses dois dias que estou aqui pesquisando.
No dia 22, eu juntamente com o idiota do fomos a uma cidade que é um sitio arqueológico chamado Xultún. Lá nós conversamos com alguns arqueólogos que estavam trabalhando e descobrimos algumas novas teorias, e uma delas com certeza o irá falar. – revirou os olhos para a câmera que estava apoiada no armário em frente a sua cama e logo em seguida continuou. - Mas o que eu mais achei interessante, foram as profecias que estavam escritas nas paredes. Pelo pouco que eu pude ver e entender, a maioria delas, ou senão todas, foram realizadas, então o que me leva a crer que justamente essa profecia do fim do mundo não irá se realizar? – Ela fez uma cara convencida. - Conversamos também com alguns moradores e todos, sem exceção, acreditam na teoria dos seus ancestrais e confiam plenamente nas suas previsões, para eles, duvidar disso seria como... Duvidar da sua própria existência. Bom, esse foi o meu vídeo de hoje, espero realmente que vocês tenham gostado e acreditado nas evidências assim como eu acredito. Vou continuar precisando daquela sorte que eu pedi no primeiro vídeo, porque o consegue ser cada vez mais insuportável. Tchau e até o próximo vídeo!”. Enquanto estava trancada no quarto, aproveitou para fazer seu vídeo, já que não queria fazer na frente da garota por sentir vergonha. Ele sabia que depois não iria ter tempo, já que ele estaria ocupado demais tentando fazer a garota ver que ele não era quem ela pensava.
“Bom dia, pessoal da Terra! Eu não sei se a já postou o vídeo dela, mas de qualquer forma eu vou postar o meu. Como vocês podem ver, hoje o vídeo será normal e não dentro de um banheiro. – riu enquanto mostrava o quarto um pouco bagunçado no vídeo. – Essa viagem está sendo super legal! Tô adorando a Guatemala, é um lugar realmente interessante e cheio de mistérios, enfim, vamos falar sobre o que me trouxe até aqui. Durante esses dias, eu e a fomos a vários lugares cheios de historias e, dentre essas histórias, uma chamou muito a minha atenção e é a que eu vou evidenciar aqui. Quando fomos a Xultún, uma cidade daqui, nós conversamos com um arqueólogo muito simpático e ele nos explicou uma teoria que está quase sendo comprovada. O fim do mundo de acordo com os Maias é baseado em um calendário que tem 13 ciclos. Porém, esses arqueólogos encontraram uma caverna onde poderia ter mais 4 ciclos desse calendário, ou seja, na verdade esse calendário teria 17 ciclos. – falou, fazendo uma cara convencida. – O que nos daria mais alguns milênios de vida, será que esse tempo tá bom pra vocês? – ele riu. – Por hoje é só, e mal posso esperar para o próximo vídeo! Tenho que ir agora, afinal, a não pode sair por ai, ela parece uma bonequinha, tenho medo dela se machucar. Tchau e até logo!” Naquele mesmo dia eles não fizeram mais nada relacionado à pesquisa sem ser o vídeo, saíram para comer e ficaram o resto do dia no hotel. , como sempre, estava na cola de , que não parecia nem se importar de o menino ficar perseguindo ela, segundo a própria, era melhor que fosse do que um estranho guatemalteco, pelo menos ele não estava irritando tanto ela naquele dia, então ela resolveu dar uma trégua, mas só naquele dia.
30 de novembro de 2012, Cidade de Guatemala.
Já fazia um pouco mais de uma semana que e haviam chegado à Guatemala. Nunca imaginaram que uma semana pudesse ser tão cansativa como aquela, eles mal ficavam no hotel. Estavam sempre em busca de novas informações, seja com os arqueólogos quanto com a população guatemalteca. Estavam finalmente retornando para o hotel. Hotel, só de ouvir essa palavra os olhos de ambos brilhavam, estavam realmente exaustos, mas ao mesmo tempo empolgados com as descoberta das pesquisas. resolveu gravar seu vídeo no carro, assim descansaria logo, assim que chegasse ao hotel.
“Boa noite, gente! Acho que pela minha aparência já dá pra se ter uma ideia de como foi essa semana, estou esgotada! Depois do vídeo anterior, eu e o fomos em busca de novas informações. Hoje conheci uma mulher desesperada pela morte do seu esposo. O mesmo tinha se matado, para ele não valia a pena presenciar essa cena de destruição e ver seus filhos morrerem. Realmente muito triste ver uma família inteira sofrendo por essa grande perda. Embora eu seja completamente contra esse tipo de ato, essa ação me levou a acreditar mais na profecia apocalíptica. – ao ouvir a fala da garota, revirou os olhos. – O que me deixa ainda mais desesperada com a data de hoje que pode ser a última vez que iremos presenciar um final de mês! Vocês tem noção do que isso significa? – olhava incrédula pra câmera.
– Significa que está na hora de você me dar uma chance, boneca! – revirou os olhos.
– Poupe-me das suas brincadeirinhas nos meus vídeos, ! – lançou um olhar furioso para , que gargalhou em seguida. – Enfim, gente, por hoje é só. Até o próximo vídeo!”.
No caminho para o hotel, ficava irritando , que sempre bufava a cada vez que o mesmo falava alguma coisa. Ao chegarem ao hotel, cada um foi para seu quarto. Assim que chegou ao seu quarto, iniciou seu vídeo.
“Boa noite, humanos! Essa semana foi bem corrida, mas maravilhosa! A Guatemala é surpreendente, cada dia que passa fico mais empolgado em “desvendá-la”. – desenhou aspas no ar. – Mas meu objetivo não é falar sobre o quanto a Guatemala é encantadora e sim sobre o fim do mundo, não é verdade?
Vou começar falando pela tragédia que aconteceu hoje e que a falou pra vocês. Não culpo o pobre homem por ter se matado, pra um pai de família chega a ser realmente desesperador pensar que você vai ver seus filhos e a pessoa que você ama morrer. Mas o ponto no qual eu quero chegar é que: Nada disso vai acontecer, as evidências são bem claras! E daí que os maias previram as fases da lua e os eclipses? Eles eram ótimos matemáticos! Qualquer pessoa que for um gênio consegue fazer isso! O que mais me irrita nisso tudo é que as pessoas acreditam em qualquer coisa que veem ou leem na internet. Tudo bem que aqui é um costume acreditar nisso, mas, sinceramente, eu preferiria morrer junto das pessoas que eu amo a me matar antes e deixar elas na mão quando elas mais precisam.
Bom, acho que por hoje já deu. Vou dormir porque amanhã o dia vai ser extremamente longo pra mim e pra minha bonequinha. A viagem só fica mais legal por que ela está aqui, mesmo que ela não saiba disso e, sim, eu só falo isso por que tenho a absoluta certeza de que ela não vê meus vídeos. Então... Tenham um bom sono!” – deu um sorriso torto para câmera e encerrou a filmagem.
6 de dezembro de 2012, Cidade de Guatemala.
“E ai, pessoal, como vocês passaram o último dia de novembro da vida de vocês? Com certeza bem melhor que eu – começou seu vídeo. – Já não sei mais o que fazer! Aquele menino não larga do meu pé! Algum de vocês sabe o que eu posso fazer pra que ele suma de uma vez? Eu ainda não acredito que vou passar os últimos dias da minha vida ao lado dele. – ela falou com uma voz chorosa. – Enfim, vamos às descobertas recentes. Durante esses dias, eu fiz uma pesquisa aprofundada sobre o calendário maia, e descobri umas coisas muito interessantes. Os Maias eram obcecados pela passagem do tempo e o calendário deles era muito mais avançado que o nosso atualmente. Através dos cálculos de períodos e ciclos lunares, solares e planetários que os Maias utilizavam, era possível saber com precisão e identificar os eclipses solares milhões de anos antes deles acontecerem. A data do fim do mundo prevista pelos Maias, é chamada de Hunab Ku. Segundo os Maias, no dia 21 de dezembro de 2012, o sol vai nascer e se erguer entre uma brecha obscura no centro da via láctea. Eles chamaram de mar cósmico ou de buraco negro. – falou pensativa. – O mais impressionante nisso tudo, é que somente em novembro de 2004, foi descoberto a presença do primeiro buraco negro em nossa galáxia por uma equipe de astrônomos. Definitivamente, os Maias eram muito mais avançados que nos em termos de previsões e descobertas astronômicas. E segundo os Maias, o planeta Terra estará perfeitamente bem alinhado com Sol, no centro da galáxia e a Via Láctea, e esse fenômeno galáctico acontece unicamente uma vez a cada 25.800 anos. Enfim, até agora ninguém sabe ao certo o que realmente vai acontecer quando esse momento chegar e, segundo os Maias, as consequências desse alinhamento serão absolutamente desastrosas. – suspirou e olhou triste para a câmera. – Aproveitem bastante o tempo que nos resta, até o próximo vídeo.”
“Olá, terráqueos! Estão preparados para o tão esperado fim do mundo? – falou irônico e revirou os olhos. – Como vocês devem ter percebido, eu e a já estamos aqui há mais ou menos 2 semanas e só faltam 2 semanas para o dia 21, estamos na metade da pesquisa e eu ainda não descobri o que eu faço pra essa garota mudar a opinião dela sobre mim. Eu já tentei de tudo, até mudar o meu modo de agir e ela continua me tratando do mesmo jeito. Mudando de assunto e indo pra o que realmente interessa, o “fim do mundo” – desenhou aspas no ar. – Muitas pessoas acham que um dos fenômenos que levariam ao fim da humanidade é o alinhamento dos planetas previsto pelos Maias, que poderia gerar uma mudança catastrófica nas marés. A NASA desmentiu esse boato, pois sequer vai ter o tal alinhamento, imagine o resto? Pra vocês verem como gostam de inventar as coisas. E outra, mesmo que o tal alinhamento ocorresse, não iria ter mudança nenhuma nas marés! As únicas coisas que podem alterar as marés são a lua e o sol. Como as pessoas ainda são capazes de acreditar que essa historinha de fim de mundo realmente existe? Enfim, cada um com sua opinião não é mesmo? Até o próximo vídeo, galera!” – terminou seu vídeo e foi atrás de , apesar de estar incrivelmente chateado com o comportamento da garota em relação a ele, ele ainda estava disposto a mudar a concepção dela, a única coisa que estava se esgotando era sua paciência, mas nisso ele achava que podia dar um jeito.
15 de dezembro de 2012, Cidade de Guatemala.
Faltavam apenas seis dias para a data que poderia mudar – ou exterminar – a vida da humanidade. A cada dia que se passava, ficava mais desesperada e o , bom, o ficava mais empolgado com as descobertas realizadas. Eles estavam completamente esgotados e, apesar do sono, estava dormindo a base de remédios. O nervosismo estava a consumindo. Ainda eram 7hrs da manhã e o celular da garota tocava desesperadamente, quem quer que fosse a ligando seria amaldiçoado eternamente.
– Finalmente você me atendeu, gata!
– Quem é hein?
– Você não reconhece mais a voz do seu amigo lindo, maravilhoso, gostoso, sexy... – Era impossível não reconhecer a voz do amigo. Riu ao imaginá-lo enumerando as supostas “qualidades” dele. Era incrível como conheciam um ao outro, Mathew era um dos únicos amigos que a garota manteve do colegial.
– Ai, Mathew, é impossível não reconhecer a minha diva! – ambos gargalharam ao telefone. – Mas você também viu, tinha hora melhor pra me ligar não? Hoje é sábado! Espero que seja algo muito importante viu?
– Pode ter certeza que é! E você é extremamente burra! Como você deixa um boy desses escapar?
– Math, você está bem?
– Melhor do que nunca! Mas já você, viu... Eu que achava que você era inteligente...
– Você está começando a me irritar, será que dá pra você em explicar por que eu sou burra?
– Por que você não gosta do ?
– Ah não, até você vem me falar do agora? Isso é uma conspiração contra mim!
– Pra você ver como é burra, só você que não enxerga a verdade! Mas você ainda não respondeu a minha pergunta, por que você não gosta dele? Pelo que eu me lembro, isso é desde o primeiro dia de aula, eu lembro quando você ligou pra mim, falando horrores dele e até hoje eu não entendo por que...
– Bom, ele é aquele tipo de garoto que se acha superior a tudo e a todos, só por ser lindo e vir de uma boa família, que gosta de usar as pessoas para o prazer dele. Antes de entrar na faculdade, eu já escutava sobre ele, já vi várias meninas desiludidas, chorando por ser apenas um brinquedinho em suas mãos. Ele é completamente cético, demasiadamente chato, adora me perturbar com brincadeirinhas infames. Fora o apelidinho ridículo que ele adora me chamar e dar ênfase nele: Boneca. Parece com aqueles pedreiros que ficam dando aquelas cantadas super sem noção.
– Ok, , já entendi que você é especialista em julgar as pessoas sem conhecer. Logo você que sempre me liga revoltada toda vez que te julgam mal por você ter dinheiro.
– Desde quando você se tornou amiguinho do ? Não acredito que ele está te roubando de mim agora!
– Minha princesa, eu nunca vou deixar de ser seu! Quer dizer, se ele me desse... – o interrompeu
– Por favor, não complete a sua frase! – ambos começaram a rir descontroladamente.
– Voltando ao assunto, . Me responda mais uma pergunta... Depois que você começou a estudar com o , quantas histórias ridículas sobre ele você escutou? – um silêncio assustador se fez. – ?
– Nenhuma... – não acreditava que ele poderia ter mudado por ela, era impossível.
– Pois é meu amor... Qual foi o dia que ele deixou de falar com você?
– Nenhum.
– Pequena, se lembra de quando a gente era criança, que ficava irritando quem a gente gostava pra ganhar a atenção? – a menina assentiu do outro lado da linha. – Então... Está entendendo agora? – ela assentiu novamente. – Você já parou pra pensar que nunca se permitiu conhecer o , apenas pelo que as pessoas falavam? Foi você que agiu como se fosse superior... A ele?
– Por que esse telefonema agora para me contar isso? E por que você veio me falar isso? Desde quando o fez alguma diferença pra você?
– Você o chamou de ? Meu Deus, é um milagre! – riu ao ouvir o garoto. – Respondendo a sua pergunta, Srta. Curiosidade, o passou a importar pra mim a partir do momento que vocês viajaram e começaram a postar os vídeos. Eu não quero que o mundo acabe e você fique se lamentando por não ter vivido um amor, você tem que se dar uma chance! Parar de pensar no que as outras pessoas pensam sobre você e seja feliz! Se permita, amiga, você sempre foi muito focada na família, nos estudos e nos outros, e acabou se esquecendo do mais importante: VOCÊ. Se eu te liguei por mal conseguir dormir, me preocupando com você, é porque eu quero o seu bem e porque eu te amo! Você sempre me deu conselhos, me indicou o caminho certo e me incentivou a seguir meu coração. Agora é a minha vez, pequena.
– Meu amor, muito obrigada por tudo! Vou pensar nisso direitinho e ver o que eu faço... Te amo, minha pequena Queen! – Mathew riu ao lembrar-se do apelido.
– Isso é a minha obrigação, Big Queen! – riram novamente. – Mas pelo amor, veja os vídeos dele, que você vai entender a minha necessidade de te ligar! Vou desligar, te amo muito e espero que o mundo não acabe, porque tenho altas novidades pra te contar! – Math desligou sem ao menos esperar uma resposta de , na verdade, ela já estava acostumada com essas atitudes do amigo. Estava confusa com a quantidade de informações e resolveu seguir o conselho do amigo em ver os vídeos e mudar a sua atitude com relação ao . ficou admirada ao ver o carinho que ele demonstrava por ela em seus vídeos e o apelido “boneca” começava a soar bem, era extremamente carinhoso. Voltou a dormir com inúmeras coisas em sua mente, mas de uma coisa ela tinha certeza: Ela merecia dar-se uma chance.
18 de dezembro de 2012, cidade de Guatemala.
Já ia fazer três dias que estava sentindo diferente, ela estava mais observadora, menos rude com ele, porém, ele não perguntava nada, qualquer que fosse o motivo da garota para a mudança de humor, aprovava. tinha decidido primeiramente observar os fatos e o comportamento do garoto para poder depois trata-lo melhor, e com isso ela realmente estava vendo que não era aquela pessoa que ela imaginava ser, ele só era infantil demais para a idade que possuía. Durante todos aqueles dias, não houve um momento sequer onde eles não estavam ocupados ou separados, pra onde um ia, o outro estava lá, e ao contrário do que podia imaginar, isso estava sendo legal, ela começou a perceber que era extremamente engraçado e fofo com ela, até estava aceitando o apelido que ela recebera dele. Nesse período, estranhou, mas não fez nada a respeito disso, ela tinha mudado é lógico, mas ainda tinha momentos onde ela parecia ser a antiga , aquela que o odiava do fundo da alma. Passaram o dia em um museu que falava mais sobre a cultura maia, o senhor Lewis tinha decidido que o vídeo daquele dia seria apenas sobre o quanto maravilhosa a cultura Maia poderia ser, assim que ambos chegaram a seus quartos, foram logo para o lugar onde geralmente os vídeos são gravados pra, enfim, poder descansar.
“Boa noite! Hoje nós fomos a um museu incrível! É surreal como cada vez mais a cultura Maia me encanta, eles viviam em uma época tão sem recursos e conseguiam fazer e descobrir coisas maravilhosas, nos proporcionaram tantas coisas boas pra nossa geração e pra futuras também. É por isso que a cada dia que passa eu acredito mais ainda na teoria de fim do mundo, só faltam três dias – olhou pra baixo e deu um sorriso triste. – Como vocês vão aproveitar os últimos dias do mundo? Bom, eu decidi passar os últimos dias da minha vida dando uma chance pra uma pessoa que eu sempre julguei mal – ela disse com voz chorosa e os olhos cheios de lágrimas. – E que eu tô percebendo que não é nada daquilo que eu pensava. Eu queria pedir pra vocês fazerem o mesmo, resolvam tudo de pendente enquanto ainda há tempo. Não sei se esse vai ser o meu último vídeo, já que se o mundo não acabar eu ainda vou postar outro, mas queria que todos soubessem que... – enxugou as lágrimas que teimavam cair. – Essa pesquisa foi uma das melhores coisas que já me aconteceu, eu aprendi bastante, não só com conhecimento cientifico, mas com conhecimentos sobre vida. Espero realmente que todos fiquem bem. Boa sorte.”
Logo em seguida, teve que tomar mais um de seus remédios para dormir, já que por mais sono que sentisse não conseguia dormir pensando no provável acontecimento do dia 21. , por outro lado, não estava tão abalado com isso, parecia que ele realmente acreditava e confiava nas suas pesquisas e nas teorias.
“Boa noite, pessoas! Sei que não há mais nada que se possa fazer em relação a tudo o que está acontecendo, então hoje fomos apenas a um museu Maia, eu até falaria de algumas coisas interessantes de lá, mas é que eu verdadeiramente não prestei atenção, porque, de uns dias pra cá, a puxou toda a minha atenção pra ela. Ela tá diferente comigo, me tratando melhor e eu realmente espero que isso dure até depois do “fim do mundo”. – falou sorrindo e desenhando aspas no ar. – Eu posso até não acreditar que isso vai de fato acontecer, mas de um modo ou de outro, eu tenho medo de que isso aconteça, afinal, ninguém sabe do futuro não é? Como esse será o meu último vídeo se o mundo realmente acabar, eu espero que vocês tenham gostado dessa pesquisa, e mesmo que não aconteça o pior, o que é bem provável, façam tudo aquilo que vocês têm vontade, é melhor se arrepender de ter feito do que se arrepender por não ter tentado. Fiquem seguros e até logo!”.
aproveitou seu “último” vídeo para refletir, ele realmente preferia se arrepender de uma coisa que fez, do que de uma que não fez. E foi com esse pensamento que ele decidira que amanhã seria o grande dia, ele finalmente tentaria se resolver com , e se não conseguisse, para ele valeria a pena só por ele finalmente ter tentado.
20 de dezembro, cidade da Guatemala
Eram 7h30 da manhã de uma quarta-feira, em dias normais, tanto quanto ainda estariam dormindo, pois haviam recebido uma folga, o trabalho deles já havia terminado. Apenas precisariam postar algo no dia 22, isso é, se existisse o dia 22. Mas ambos estavam ansiosos pra resolverem de uma vez por todas a situação em que se encontravam, já haviam esperado demais e precisavam tomar uma atitude. levantou-se determinada, pôs um vestido que considerava fofo, penteou seus cabelos jogando-os levemente para o lado. Estava nervosa, respirou fundo... Havia chegado a hora. Já estava andando de um lado para o outro do seu quarto, repassando as palavras que ele tanto almejava dizer desde o momento que seus olhares haviam se cruzado e recebera um olhar de desprezo da garota. Agora que as coisas estavam começando a se acertar, que eles estavam finalmente estabelecendo conversas além de civilizadas, com direito a arrancar gargalhadas da menina – algo que nunca acontecera –, era a deixa para ele declarar-se para ela e entender o comportamento que ela tinha com ele. Pôs uma roupa qualquer, mas olhou-se no espelho antes de sair do quarto, afinal, era , não uma garota qualquer. Ele estar apresentável era o mínimo para estar ao seu lado. Saiu correndo do seu quarto e esbarrou bruscamente em alguém, caindo no chão. Assim que seus olhares se cruzaram, ele pôde constatar que era , logo desataram a rir, definitivamente era o destino.
– Vem, boneca, eu te ajudo! – deu a mão para ajudá-la, assim que se levantou. Ficaram apenas sustentando o olhar um do outro, deixando uma encabulada, que corou instantaneamente.
– Eu... – falaram ao mesmo tempo e voltaram a rir novamente.
– Primeiro as damas...
– Nessas horas eu detesto ser mulher! – riram novamente. – Acho que não vou conseguir falar, então... – corou, deixando um ansioso ao vê-la caminhando em sua direção. Passou seus braços delicados ao redor do pescoço de , o encarando e em seguida encostando seus lábios aos dele. Ficaram apenas sentindo o toque de seus lábios, logo passou a língua ao redor da boca macia da garota, pedindo permissão, que foi concedida rapidamente. O que os dois estavam sentindo naquele momento era algo mágico e único, que eles nunca sentiram com outras pessoas. Não queriam acabar aquele beijo, mas o ar era inimigo da vontade de ambos. Após o rompimento do beijo, continuaram abraçados, com os corpos unidos, como se fossem apenas um.
– Wow. – foi a única coisa que conseguia pronunciar naquele momento.
– Wow? É sério que depois que eu tomo a iniciativa de te beijar, indo contra a minha índole de “garota tímida que nunca toma iniciativas”, você só vai me falar isso? – escutaram uma risadinha abafada de alguém no corredor, soltaram-se instantaneamente do abraço ao verem uma senhora na entrada do elevador observando a cena. abraçou a garota por trás, inalando um perfume delicado.
– Vamos para o meu quarto. Ainda tem muitas coisas a serem ditas um ao outro. – Foram caminhando em direção ao quarto do garoto em silêncio. Ao fecharem a porta, prendeu a garota contra a parede do seu quarto, com os braços ao redor da mesma. – Você não tem ideia do quanto esperei que isso acontecesse, e me lembre de agradecer ao Sr. McGold, ao Sr. Hazzel e ao Sr. Lewis, que, querendo ou não, influenciaram para que isso acontecesse. O momento em que eu estaria com você nos meus braços... – foi interrompido por outro beijo de . Seguiram o dia assim, aos beijos, esclarecendo as coisas passadas... Apenas aproveitando a companhia do outro, completando-se.
21 de dezembro de 2012, cidade da Guatemala.
e passaram a noite acordados, primeiro para aproveitar mais o tempo que ainda tinham juntos e segundo por que acreditava que algo ia acontecer na madrugada do dia 20 para o dia 21, mas felizmente nada aconteceu. Aquela situação era nova para ambos, principalmente para , que achou que nunca iria receber sequer uma palavra sem ser irônica da menina e ele realmente não queria nada a mais dela, apenas seu abraço já era suficiente. Quando já era noite, convenceu a garota a tomar remédio para dormir, já que ela não dormiria tão fácil mesmo estando com sono, e aproveitou para tomar junto, se acontecesse alguma coisa, pelo menos ele não veria e não sentiria. Assim que ambos já estavam sonolentos, a energia faltou e o chão começou a tremer levemente.
– Boneca, me promete uma coisa... – começou a falar enquanto apertava mais ainda a garota em seus braços. Os dois estavam no quarto de , deitados na cama.
– O que você quiser. – Ela respondeu apavorada e ao mesmo tempo quase dormindo.
– Promete que amanhã, quando tudo estiver bem, você será minha namorada? – O garoto falou enquanto sentia o terremoto se intensificar.
– Eu vou ser sua namorada até se nós não acordarmos. – falou e fechou os olhos.
deu um beijo em sua cabeça e continuou a abraçando o mais forte que podia, se não acordasse, sabia que a garota ainda estaria nos seus braços e ainda seria dele, não sentia mais o terremoto, não sentia mais medo, na verdade ele já não sentia mais nada além do sono que o invadia, e foi assim, completamente satisfeitos com o lugar onde estavam e satisfeitos com a pessoa que amavam, que adormeceram, em meio a um apagão e um terremoto.
22 de dezembro de 2012, Cidade de Guatemala.
acordou irritada com a luz adentrando no quarto e batendo em seu rosto. Levantou-se para fechar as cortinas e voltou cambaleando para a cama, deparando-se com deitado, sorriu instantaneamente, mas achou estranho, depois se deu conta do que estava acontecendo e... Eles estavam vivos! Começou a pular na cama como uma louca, despertando o seu namorado... Sim, namorado!
– , você está louca? – sentou-se na cama, confuso com a situação.
– Bom dia, NAMORADO! – gritou sem se importar com as reclamações do hotel. – A GENTE TÁ VIVO! – caiu em cima do menino, enchendo-o de beijos pelo rosto.
– Não acredito! FINALMENTE! Bom dia, namorada! – começou a fazer cócegas na garota, que ficava gritando para ele parar. parou e eles começaram a rir descontroladamente, saiu correndo da cama e pegou a câmera em sua bolsa. – Minha namorada é louca!
– Nada disso! – a garota fez beicinho e pulou na cama – Vamos fazer um vídeo juntos! Eu prometi as pessoas que faria um vídeo se estivéssemos vivos! E olhe, estamos mais vivos do que nunca! – não conseguia parar de rir ao ver sua boneca naquele estado, ela irradiava felicidade.
“FIM DO MUNDO, EU FUI! – disse ao iniciarem, logo ambos começaram a rir. – Gente, ainda bem que eu estava incorreta e que o estava certo! Maias, não foi dessa vez! – disse, fazendo uma falsa careta triste e eles começaram a rir novamente. – Ninguém é perfeito e algum dia eles iriam errar em suas previsões, não é verdade?
– Ainda bem que eles erraram sobre o dia 21, pois hoje sou o homem mais feliz do mundo! – deu um beijo na bochecha de , que corou instantaneamente.
– , você me deixa constrangida! Enfim, gente, fizemos o vídeo para basicamente comemorarmos que o mundo NÃO ACABOU! Espero que vocês comemorem essa data com as pessoas que vocês mais amam e aprendam uma coisa que aprendi com essa experiência: Nunca julguem ao próximo, afinal, quem gosta de ser julgado incorretamente? E principalmente: Deem uma chance para seu coração, nunca é tarde demais para ser feliz! – dizia extremamente empolgada.
– Essa experiência foi maravilhosa, mas agora vou comemorar essa data tão importante com a MINHA boneca! Até a próxima! – disse e parou o vídeo para poder finalmente aproveitar sua namorada. Ali ele sabia que o fim não chegou, mas que uma nova história estava começando, a história dele e de .
FIM
Epílogo
21 de dezembro de 2018, Mount Sinai Medical Center, NY
narrando
Hoje é um dos dias mais felizes da minha vida. Eu definitivamente acho que dia 21 de dezembro é uma data destinada para mim e para minha mulher, . As coisas sempre mudam – para melhor – a cada 21 de dezembro que eu vivo, minha vida dá um giro de 360° e, incrivelmente, me torno um homem mais feliz.
Ainda me lembro do meu primeiro 21 de dezembro, eu pedi a mulher da minha vida em namoro, dormimos abraçados, sentindo o calor do corpo do outro e no outro dia ela me disse “sim”, de um modo inusitado, acordei com a cama balançando e me deparei com ela gritando que havíamos sobrevivido e falando um “Bom dia, namorado!” de inúmeros que se seguiram com o passar do tempo. Definitivamente não éramos um casal normal, mas nada importa se temos um ao outro.
Ao completarmos um ano de namoro, não pudemos comemorar, pois adoeci. Mas a minha boneca veio cuidar de mim, jogamos videogame, conversamos e namoramos. E foi naquela noite que ela se entregou a mim, quando o seu corpo foi inteiramente meu e sussurramos as três palavras tão famosas: “Eu te amo”, eu achava que seria impossível ser mais feliz.
Desde o momento que conheci , eu percebi que ela era a mulher da minha vida. Com dois anos de namoro, exatamente no mesmo dia em que fui promovido a diretor chefe do The New York Times, resolvi pedi-la em casamento e para minha alegria ela disse “Sim”, é incrível o poder que essa palavra teve na minha vida. Após dois anos de noivado, escutei aquela pequena palavra tão ansiada “Sim”, beijamo-nos e saímos da igreja. E naquele momento eu tive a certeza que eu era o homem mais feliz do mundo.
E hoje, no dia 21 de dezembro, seis anos após o meu pedido de namoro, eu estava ali, segurando a mão da minha mulher em uma sala de hospital. Ela conceberia um filho meu! Fiquei ao seu lado em todos os momentos, não seria capaz de deixar minha mulher sozinha nenhum instante e ela estava muito nervosa.
– Boneca, o médico chegou, vai dar tudo certo! – disse tentando a acalmar, fazendo carinho em sua mão.
– Obrigada por tudo, meu príncipe! Não sei o que seria de mim sem você! – dei um beijo rápido em seus lábios.
– Entenda uma coisa, pequena... – ela me olhou curiosa. – Não existe sem ou sem ... Você é o meu destino e eu sou o seu. Juntos formamos um só e você irá dar luz a outra bonequinha, a prova concreta do nosso amor!
– Com licença, senhores, mas vamos dar início à cirurgia agora... Fiquem calmos e tudo irá dar certo!
– Obrigada, Dr. Foster! Escutou o doutor, boneca? É só ficar calma... – o resto da cirurgia prosseguiu divinamente bem e logo escutamos o berro da nossa filha.
– Irei deixá-los a sós... – disse o Dr. Foster e em seguida uma enfermeira pôs nossa princesa no braço da minha mulher.
– Ela é tão linda – olhou pra mim e em seguida para nossa filha, com um sorriso triunfante.
– Como a mãe. – eu sustentava um sorriso bobo. – Obrigada, boneca e minha princesinha, – disse, olhando para as mulheres da minha vida – por me fazer o homem mais feliz do universo! – E nossos dias se prosseguiram assim, recheados de amor e carinho.
Com tudo que vivi, tive a certeza de que em uma coisa os Maias estavam corretos... 21 de dezembro de 2012 era o dia que se originaria um novo ciclo. O ciclo que mudou a minha vida e espero que continue mudando-a cada vez mais. Hoje eu sou um homem completo, pois tenho as duas mulheres da minha vida ao meu lado e isso já basta para ser inteiramente feliz.
Nota da Beta: Caso tenha algum erro nessa fanfic, não use a caixinha de comentários. Entre em contato comigo pelo twitter ou pelo e-mail. Obrigada. Xx
Quer saber quando essa fic irá atualizar? Fique de olho aqui.