Escrita por: Naaahh
Betada por: Flávia C.




"Tear drops in you hazel eyes; I can’t believe I made you cry"


Seus olhos, ah, seus lindos e profundos olhos castanhos. Sempre cheios de curiosidade e mistério, mas que, naquela hora, estavam cheios de lágrimas. Lágrimas que ele sabia que eram por sua culpa.
Ele a encontrou sentada na calçada em frente à escola. Ela estava tão linda. Usava um vestido bege que ia até seus pés e seu cabelo solto, parecia um anjo caído. Tudo que ele queria fazer era abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem, mas não podia, e nem queria, mentir para a garota.
Ela ainda não tinha o visto, ele poderia fugir. Mas que tipo de homem ele seria se deixasse sozinha e nunca mais retornasse a vê-la? Ele era um homem de palavra, iria manter sua promessa de que estaria com ela até o fim.
Chegou mais perto, ainda hesitante, e sentou-se ao seu lado. levou um pequeno susto, mas quando levantou a cabeça para ver quem havia sentado, perdeu o ar. Não fazia noção de que ele estaria aqui, não depois de tudo.
Ele ficou a encarando, sem saber exatamente o que fazer. A menina deitou a cabeça em seu ombro, se encaixando perfeita e confortavelmente. Estavam lembrando.


"Freshman year I saw your face, now it’s graduation day"



Flachback

Era o primeiro dia no ensino médio em uma escola nova para . Ela mexia no cabelo, nervosa. A mãe estava na sala da diretora resolvendo alguns detalhes enquanto ela esperava do lado de fora em um sofá nada confortável. A sala era pequena e, além dela, só tinha a secretária, que mexia no computador. Ela era uma senhora com um rosto redondo e rechonchudo que lembrava as vovózinhas dos contos de fadas.
Os minutos se passaram e só deixaram a garota mais nervosa.
- Bom dia, Kamile! - entrou no cômodo com um sorriso zombeteiro no rosto.
- Ah, não! - A secretária começou a rir. - Mas você já está aqui, ? Não deu nem meia hora do primeiro dia de aula do ano!
- O que posso dizer? Já estava com saudades! - O garoto se inclinou para dar um beijo na bochecha da mulher.
- Pode sentar. A diretora já vai receber você. - Ela deu um sorriso caloroso e apontou para o sofá. Ross se jogou confortavelmente ao lado de , sem ao menos se preocupar em esbarrar na garota.
- E aí?! - levantou uma das sobrancelhas para a novata. olhou fria de volta para o garoto. Conhecia esse tipinho. Estava toda hora na diretoria, não fazia lição de casa, se achava o badboy e poderia ter qualquer garota que quisesse e todas se sentiriam honradas de ter sua atenção. Mas não era assim. Estava ali porque ganhara uma excelente bolsa de estudos na melhor escola de ensino médio do estado, tinha ralado muito para chegar onde estava.
- Também foi mandada para a diretoria no primeiro dia de aula? - estava se divertindo com a indiferença da garota sobre ele. Sempre tinha toda a atenção de uma garota quando ia falar com ela.
- Não cheguei a ir nem para a sala, quanto menos ser mandada para cá. - revirou os olhos. Estava impaciente. O que tanto a mãe conversava naquela sala?
- . - Ele estendeu a mão em direção a .
A garota encarou a mão estendida por dois segundos antes de apertar.
- .
Ela não sabia o porquê, mas estava sorrindo para o garoto e ele estava retribuindo.
- Vamos, ? - A mãe e a diretora saíram da sala uma do lado da outra.
- Vou te levar até sua sala. - A diretora Heather falou com um sorriso gentil.
-Na verdade, eu estava aqui pensando. Já que a senhora é uma pessoa ocupada, eu poderia levar a caloura aqui até sua sala. Não seria nenhum incômodo para mim. - levantou-se rapidamente. Esperava que pudesse conversar mais com a garota misteriosa e interessante.
- Primeiramente, por que você está aqui, ? - A diretora perguntou tentando ser brava, mas notou o sorriso que se formava no canto de sua boca.
Pelo menos, as pessoas gostam dele, ele não deve ser tão ruim assim, pensou sozinha.
E mal sabia ela que estava profundamente certa.

Um ano depois (n/a: ainda não acabou o flashback :P)

"Said we'd be friends till the end"

- Não vou nessa festa e acabou, ! - estava tentando se concentrar na tarefa de matemática enquanto mexia em uma mecha do cabelo da garota distraidamente.
- Qual é, . Vai ser legal e você aproveita para conhecer os gatinhos da outra escola. - falou com um sorriso, sabia que a amiga sempre ficava irritada quando ele falava sobre isso.
- Talvez eu precise mesmo conhecer uns garotos mais legais. - Ela mordeu a tampa da caneta, pensando. - Sabe como é, meu melhor amigo é chato demais!
- Ótimo! Te pego às sete. - pulou do banco que estava sentado na biblioteca e deu um beijo na bochecha da melhor amiga.
- Babaca. - resmungou antes de voltar a fazer seus exercícios.
Os dois tinham se tornado melhores amigos praticamente cinco minutos depois que se conheceram. Ficaram inseparáveis. Sentavam um do lado do outro nas aulas e se ajudavam nas provas sem serem pegos. Os dois andavam juntos na escola, mesmo sendo de grupos sociais distintos. Ele continuava a frequentar todas as festas que podia e sempre perguntava se queria ir junto, mas a mesma sempre recusava
. Ela, sempre ouvia as histórias dele e ele, sempre estava pronto para ajudar em qualquer coisa.

Quando chegou na porta da casa da melhor amiga, cinco minutos adiantado, não estava pronto para o que veria. estava linda. Usava uma saia e uma blusa que nem fez questão de prestar atenção, os cabelos soltos e caindo em ondas pelas costas, pouca maquiagem e uma expressão mais engraçada que tudo. estava se sentindo confortável na roupa que escolhera, mas, agora, vendo como o melhor amigo a olhava, ficou sem graça e teve vontade de correr de volta para seu quarto e colocar um jeans e moletom.
- Você pode ir colocar jeans e moletom se você quiser, mas, devo dizer, que você está incrível assim. - podia ler na cara da amiga o que ela mais queria fazer naquele momento e sorriu.
Era sempre assim, parecia que o garoto sabia de tudo ou até que lia mentes, e era agradecida por esse entendimento entre os dois.
- Vamos logo antes que eu me arrependa. - pegou a bolsinha que tinha deixado separada ali perto e gritou para os pais que estava saindo.
A ida até a festa era como toda viagem de carro que eles faziam, podia ser até de cinco minutos, mas o rádio tinha que estar no último volume em alguma música que os dois gostavam. Gritavam e riam enquanto percorriam o caminho até o local.
- Prontinho, mademoiselle. - saiu do carro rapidamente para poder abrir a porta para a amiga.
- Uau. - olhou para a casa espantada.
Nunca tinha ido para essas festas de colegial por achar um saco, mas resolvera finalmente dar uma chance.
A casa estava lotada de gente e mais gente, entrando e saindo o tempo todo. Gente nas janelas, nas varandas, na grama, pra onde quer que olhasse tinha mais gente ainda. Estavam todos comemorando o aniversário de algum garoto de outro colégio que era conhecido de um amigo do .
- Vamos entrar, . - espalmou a mão nas costas da garota para guiá-la pela festa e não pode deixar de perceber se arrepiando com o contato.
- Sério, . Tem muita gente aqui, promete que não vai me largar para ficar com alguma menina hoje? Só hoje, por favor? - estava um pouco assustada e deixava isso transparecer em seu rosto sem problemas. Só precisava saber que o melhor amigo não iria abandoná-la.
estava segurando as duas mãos de perto do rosto, não iria abandoná-la por nada nessa vida.
-Eu prometo. - O garoto levou as mãos até sua boca e depositou um beijo demorado.
Então puxou-a para a pista de dança e logo dois copos foram parar em suas mãos. Entregou um para , que o olhou com nojo.
- Isso é sério? - A garota olhou para a mistura em seu copo e mexeu um pouco.
- Seríssimo, ! Você disse que ia aproveitar. - Ele levantou uma sobrancelha, do jeito que sempre fazia quando queria a convencer de algo.
- Não disse, não! - o contrariou, mas virou o copo de uma vez, recebendo um olhar surpreso do garoto a sua frente. Deu de ombros. - Tanto faz.
A bebida desceu queimando sua garganta, mas depois do quarto copo seguido, ela não conseguia sentir mais nada. Nem ao menos sabia o que estava bebendo.
aparecia sempre com mais um copo cheio.
- Oi, princesa. - Alguém chegou por trás de , encoxando-a.
virou-se com a cara fechada, pronta para dar um fora em qualquer cara que tinha encostando nela, mas parou um segundo depois de ver quem era.
Era um dos garotos mais gatos do ano dos formandos, claro que nunca olharia para na escola, ela só era mais uma das milhares de garotas do segundo ano. Não chamava atenção e também nem queria chamar.
- Acho que nós nunca fomos apresentados. - Ele levantou uma de suas sobrancelhas e abriu um sorriso.
chegou rindo de alguma coisa e oferecendo o copo que trazia na mão para , que recusou com um aceno. Notou o garoto ao seu lado.
- Grant. Eu te conheço. - Ela falou com um sorriso.
Com um sorriso que não sabia que ela tinha, um sorriso para dar para os garotos com quem flertava.
- Parece que você me conhece, mas eu ainda não sei seu nome. - Grant se aproximou mais de , colocando uma mão em sua cintura. - E eu não gosto de não saber o nome da garota mais bonita da festa.
revirou os olhos com a cena. Era sério que sua amiga estava bêbada o suficiente para cair na conversa daquele garoto?
-. Mas para você, pode ser só . - Ela passou os dois braços o pelo pescoço de Grant, que colou seus lábios rapidamente.
virou-se, não estava nem um pouco a fim de ver a melhor amiga sendo engolida por um veterano. Virou o copo que estava na sua mão e em seguida o copo que trouxera para . Sua cabeça latejava no ritmo da música alta que ressonava pelo ambiente.
Mal percebeu e já estava agarrado com uma loira peituda. Ele a jogou na parede a apertava suas coxas. Minutos depois estava engolindo a amiga da loira. Ele realmente não estava cumprindo a promessa que fez para , mas parecia que ela já estava em boa companhia.
andava pela multidão de gente tentando achar o amigo. Não poderia tê-la abandonado, não na situação em que ela estava. Ela olhava para todos os lados, mas a vista estava embaçada e a cabeça estava girando, nunca tinha bebido tanto na vida. Já tinha tomado um goles de champanhe no ano novo, mas nunca passara disso.
- ? - cutucou um garoto que estava dançando e usava a mesma camiseta do amigo, mas não era ele. - Ah, desculpa.
- Que isso, gatinha! - O garoto a segurou pelo braço. - Posso ser quem você quiser.
Ele a puxou, fazendo com que seus corpos ficassem próximos demais.
-Eu realmente preciso ir, eu preciso achar meu amigo… - falava, mas parecia que sua boca estava derretendo e nenhuma palavra fazia sentido. Riu sozinha. Que idiota que ela era, claro que sua boca não estava derretendo!
- Fica mais um pouco. - O garoto se aproximou mais.
- Já disse que tenho que ir. - Ela tentou puxar o braço, mas era fraca demais e estava tonta demais para que isso fizesse alguma diferença.
- Não precisa ir. - Dessa vez o garoto foi com os lábios para o seu pescoço e tentou desviar, se debatendo no aperto do garoto.
- Me solta! - Tentou novamente.
- Ela já disse que não quer nada, cara. - cruzou os braços e ficou encarando o garoto enquanto ele soltava o braço de .
- Calma aí, não estav… - O garoto colocou as mãos pra cima em sinal de rendição.
- Só some daqui. - falou friamente.
não esperou para ver o que aconteceria em seguida e saiu correndo em direção a saída. Correu até a rua e sentou-se na sarjeta.
- Ei. - sentou-se ao seu lado, não sabia quanto tempo tinha ficado ali olhando para o nada.
podia ver o rosto manchado de maquiagem da garota, ela tinha chorado. Tinha chorado porque ele fora um estúpido de tê-la deixado sozinha.
- Ei, ei, ei…shiu. - O garoto a abraçou.
passou os braços em volta da cintura do melhor amigo, sentindo o perfume familiar que a acalmava.
- Eu quero ir embora, . - falou quando conseguiu controlar os soluços.
- E nós vamos.
Ross levou a menina até o carro e abriu a porta para ela entrar. Dirigiu o tempo todo segurando sua mão, só a soltava quando precisava mudar de marcha. O caminho foi silencioso, o que não era normal para aquele casal de amigos sempre animados.
Quando chegaram na casa de , ela não esperou que ele abrisse sua porta. Saiu e praticamente correu até a varanda da frente, mas os saltos a fizeram ficar lenta e a alcançou rapidamente, segurando-a pelo braço.
- Queria tanto meu all star. - A menina choramingou fazendo bico. - Você sabe que se eu estivesse de tênis, eu teria ganhado.
Ela olhou para baixo, não querendo encarar os olhos julgadores do melhor amigo.
- Eu sei. E agradeço por isso. - Ele riu sem abrir os lábios.
a puxou para um abraço demorado.
- Está tarde, . Eu só quero dormir. - se afastou do abraço e do melhor amigo que faria qualquer coisa para ela ficar bem agora.
- Eu quebrei a promessa que eu fiz para você. - falou em um ar só, se arrependendo em seguida.
levantou a cabeça, o encarando firmemente nos olhos. Estes, se enchiam de lágrimas que ela estava segurando com muito esforço.
- Não me importa. Você faz o que quiser com a sua merda de vida. - Ela virou-se para continuar seu caminho até a casa.
- Importa sim. Importa pra mim! - Ross falou mais alto.
- Cala a boca, ! Meus pais estão dormindo. - A garota o repreendeu, virando-se para encará-lo.
- Eu não ligo! Quero que eles saibam também. Você é a minha melhor amiga e a pessoa mais importante no mundo para mim! E só você não entende que nunca vai se livrar de mim. Eu vou estar aqui para sempre, você querendo ou não. - sentiu que isso era a coisa mais verdadeira que tinha dito em sua vida inteira. - Pra sempre, entendeu?
A menina, que já não segurava mais as lágrimas, correu para abraçá-lo com todas as forcas que tinha.
- Até o fim. - Ela sussurrou em seu ouvido

End of flashback.

"It feels so long since we went wrong, but you’re still on my mind"


- Por que você está aqui fora? - perguntou sem olhá-lo nos olhos. Queria ficar naquela posição para sempre, de olhos fechados e fingindo que nada nunca aconteceu.
- Por que não me contou que está indo para uma faculdade no leste? - perguntou, ignorando de propósito a pergunta da garota. - Nunca achei que você iria embora sem se despedir.
percebeu o tom triste que tomou a voz do amigo e se segurou para manter o seu tom equilibrado.
- Provavelmente eu deixaria uma carta. - Deu de ombros.
- Uma carta, ? - Ross exaltou-se, fazendo a menina desencostar do seu ombro. - Uma carta? É isso que eu mereço? Palavras vazias em um papel?
levantou-se, segurando as lágrimas.
- Achei que eu fosse mais que isso para você. - Ele também tinha levantado e agora aproximava-se da garota.
- Eu também… - Ela falou baixinho, mas pôde ouvir.
Era como se milhares de facas estivessem entrando em sua barriga, alguém arrancasse seu coração fora e esmagasse na sua frente.
- Não fala isso. - O garoto parou a alguns centímetros de . Sua voz não era nada mais do que um sussurro.
- O que você quer que eu fale? - Ela virou-se de frente para o amigo.
- Que mesmo depois de termos errado, você ainda pensa em mim todos os dias. Que eu estou na sua mente o tempo todo. - A garota ia revidar, mas levantou a mão, impedindo-a. - Eu nunca quis quebrar seu coração. Às vezes, as coisas simplesmente desmoronam e não tem nada que possamos fazer. É assim que eu me sinto!
Ele parou, não sabia mais o que falar. Não sabia o que ela estava sentindo. Seu olhar permanecia no rosto da garota, que olhava para baixo.
- Você disse que seríamos amigos até o fim. - falou em um sussurro, fazendo a garota levantar o rosto para olhá-lo. - Por que não podemos começar de novo?
podia imaginar que sua expressão era de surpresa. Não sabia o que falar naquele momento. Queria dizer tanta coisa, mas não queria dizer nada. Ele estava mesmo pedindo uma outra chance para eles?
- Essa é uma noite para consertamos tudo. Só preciso de mais uma chance, . - Ele encurtou a distância entre os dois e colocou a mão no rosto da amiga. - De uma última dança.
E ela sorriu. Ela sorriu para ele e não podia acreditar que estava vendo esse sorriso de novo. Esse sorriso finalmente era para ele e não era mais um dos sorrisos que ele via de longe ela dar para outra pessoa. Era verdadeiro e era só dele.
sorriu mesmo. Se sentia bem perto dele, sentia tanta falta do amigo. Sentia falta da expressão de bobo que ele ficava quando ela lhe lançava um sorriso verdadeiramente verdadeiro. Sentia falta de passar a mão em seus cabelos, das noites passadas juntos, de tudo e de mais um pouco! Queria abraça-lo e nunca mais soltar. Mas não se atreveu a mexer-se. O toque da mão do melhor amigo em seu rosto era como um calmante natural de qual a garota tinha se viciado. Não sabia como tinha conseguido viver sem por tanto tempo.

Flashback
Há um tempo…

estava sentado em sua cama com o violão no colo, tentava compor alguma coisa, mas a inspiração não estava presente naquele quarto.
- Toc, toc. Quem é? É a amiga mais linda e perfeita que alguém poderia ter! - falou animada ao entrar no quarto do garoto e jogar-se na cama ao seu lado.
- Ei! Quem te deixou entrar na minha casa? - fingiu irritação e empurrou a garota, que deitou de barriga para cima na cama do amigo.
- Sua mãe, ué. - Ela falou já mexendo nas folhas que estavam espalhadas por ali. - Só faltou ela me entregar uma cópia da chave da sua casa para eu entrar quando quiser.
riu sozinho, a mãe dele simplesmente amava .
- Ow, o que é isso? - pegou uma folha e deixou as outras de lado. - É pra uma garota especial, é?
balançou a folha em frente ao rosto de . Era uma música que ela tinha achado bonita, ele vivia escrevendo letras lindas, mas nunca tocava-as para a melhor amiga.
- Não te interessa. - puxou a folha da mão da menina. - E não, não vou tocar. Então para de fazer essa cara de cachorrinho sem dono.
estava usando tática pesada, sabia que não resistia a carinha de cachorrinho que ela fazia. Mas ele não a olhou, então não iria funcionar.
- Aaaaaaah não, ! Eu quero muito ouvir essa música. - voltou-se a deitar, mas dessa vez apoiando as pernas na cabeceira da cama, praticamente de ponta cabeça.
- Já disse que não vou tocar.
- Você não me disse que tinha uma garota. - falou baixo. O amigo já não comentava das garotas que ele estava ficando fazia um tempo. devia ter suspeitado que ele ficou preso a alguma, se não, nunca pararia de correr atrás de qualquer coisa que andasse.
- É…sei lá. - Ele dedilhou algumas notas aleatórias. - Nem sei se tem mesmo.
parou para dar de ombros e devolveu a música junto as outras espalhadas por sua cama.
- Ahhh, mas me conta! - pediu animada. Virando-se de bruços e colocando o rosto entre as mãos, para prestar atenção no amigo.
- Ela tem os olhos castanhos mais bonitos que eu já vi. - fechou os olhos e jogou a cabeça para trás. - E quando ela sorri por qualquer coisa, me dá uma vontade enorme de sorrir junto.
não sabia o que sentia, mas sabia que não estava mais vendo como só sua melhor amiga. Vários amigos seus já tinham avisado que essa amizade deles não daria certo, que alguém iria acabar querendo algo mais. Só não sabia que esse alguém acabaria sendo ele.
- Garota de sorte. - falou com os olhos brilhando, estava feliz pelo amigo. - Quero alguém que fala de mim assim, igual você está falando dela.
fez de tudo para que sua voz saísse controlada. Sabia que esse dia ia chegar, o dia em que ela teria que ouvir que ele realmente tinha se apaixonado por uma garota que não era ela.
- É…um dia você vai encontrar o cara certo. - abaixou a cabeça para o violão de novo, mexendo nas cordas. - E quando encontrar, ele que vai ter sorte de ter alguém como você.
A garota concordou com a cabeça, estava com medo de dizer algo e sua voz falhar. Sentiu uma lágrima única descer por sua bochecha.
- Ei, o que aconteceu? - deixou o violão de lado e se aproximou da garota para limpar seu rosto.
- É só que dói…aqui. - A garota apontou para o coração e sua voz estava falha.
- O que está te machucando, pequena? - Ele a tomou nos braços, puxando-a para sentar em seu colo.
- Guardar e esconder sentimentos é o que está me machucando. Eu não consigo mais olhar para você e ver só o garoto que me encontrou na diretoria e que virou meu amigo instantaneamente. Não consigo mais ver você sorrir para outra garota e não doer em mim. Eu deito minha cabeça no travesseiro toda noite pensando que quando eu acordar, eu finalmente teria um sorriso direcionado a mim. - abriu a boca para falar, mas continuou. - Eu juro que entendo se não quiser mais me olhar, juro que vou entender.
Ela tentou se afastar, mas os braços do garoto ficaram ainda mais firmes em sua volta.
- Não vai embora. Por favor, só escuta.
soltou a garota, receoso de que ela fosse sair correndo. Mas quando viu que ela permaneceu no mesmo lugar, levantou-se para pegar o violão.

You like mismatched socks with polka dots (Você gosta de meias trocadas com bolinhas)
You like your pizza cold; I think that’s hot (Você gosta da sua pizza fria; eu acho isso quente)
You like to swim at night when the moon is full (Você gosta de nadar à noite quando a lua está cheia)
You think that makes you strange; I think that’s cool (Você acha que isso te faz estranha; eu acho que é legal)

ficou encarando-o que nem boba. Ele estava cantando uma música que ele tinha escrito, e, melhor, estava cantando para ela e a letra falava dela.

And you say, you’re scared (E você diz, você está com medo)
But I would be there (Mas eu estarei lá)
Baby, I swear (Baby, eu juro)
I’m not going anywhere (Eu não vou a lugar algum)

parou de tocar.
- Eu não escrevi mais. Mas pensei em uma parte…

‘Cause I’m falling for you (Porque eu estou apaixonado por você)
For everything that you do (Por tudo o que você faz)
Baby, I’m falling for you (Baby, eu estou apaixonado por você)
You might be crazy (Você pode ser louca)
But baby, I’m falling for you (Mas baby, eu estou apaixonado por você)

Passaram-se segundos em silêncio.
- Essa é a hora que você fala alguma coisa.
- Você me chamou de louca? - perguntou fingindo estar revoltada, mas tinha um sorriso do tamanho do mundo no rosto.

End of flashback

"I just need one last dance"


ainda estava sorrindo, mesmo depois do sorriso da garota ter sumido.
- O que foi? - Ele fez carinho em sua bochecha, o que fez fechar os olhos.
- Você sabe que essa é a minha última noite aqui, . Não é certo com nenhum dos dois. - ainda estava de olhos fechados. Estava com medo de olhar no rosto do amigo e ver sua reação.
O sorriso de não se abalou, ainda estava lá.
- Eu só estou pedindo uma última dança, . Uma última música e então…eu sigo em frente.
Estava sendo duro para o garoto admitir que estava perdendo a mulher da sua vida. Sabia que queria ficar com até morrer, mas nunca pediria para ela desistir de seus sonhos por ele. Nunca.
- Não posso… Já foram muitas últimas danças, não quero ter outra para o histórico. - Surgiu um meio sorriso no rosto de , que ainda estava de olhos fechados.
- Aposto que a lista não deve ser tão grande assim. - falou brincalhão.
abriu os olhos, desafiando o amigo a contar todas as vezes.
- Teve a vez que te pedi uma última dança na festa daquela sua amiga lá; naquela vez em que estávamos os dois bêbados e tinha acabado a festa; na vez que eu fui te salvar de um moleque otário que estava quase pegando na sua bunda; a vez em que…
- Nenhuma dessas vezes importa mais do que a primeira… - o cortou, sabia que ia ficar falando até que ela abrisse um sorriso ou concordasse com o garoto.

Flashback

"Give me one last dance"


- Qual é, ! Você vai mesmo ficar aí sentada? - Pop, uma amiga de que fazia francês com ela, tentava puxar seu braço em direção a pista de dança.
- Não quero. - falou firme, soltando-se carinhosamente da amiga e voltando-se a sentar na mesa que estava dividindo com outras garotas que também tinham vindo para o baile sem par.
Era o primeiro baile do ano na escola e não conhecia nenhum garoto além do . E como eram as garotas que convidavam os meninos, ela resolveu não ir com um par e sim com um grupo de amigas de mais ou menos seis garotas e ela.
, claro, foi convidado por inúmeras meninas e acabou aceitando ir com Fanny Dayson, a garota mais bonita (leia-se: gostosa) de toda escola. Ela era do segundo ano, e ele, como um calouro, aceitou sem mais delongas. Formavam um casal incrível. Foram indicados para rei e rainha do baile e ganharam sem fazer uma propaganda se quer.
- Pois você que fique aí então! Eu vou arranjar um macho para mim antes que essa festa acabe. - Pop saiu mostrando a língua e não pode conter uma risada.
- Rindo sozinha? Isso é sinal de loucura. - chegou por trás da garota e sentou-se na cadeira vaga ao seu lado.
- Os loucos são os mais legais. - A garota deu de ombros.
- Clichê. Sabia que você ia falar isso. - abriu um sorriso e ajeitou sua coroa de rei do baile.
- Ei, até que não fica tão ruim em você. - deu um peteleco na coroa, fazendo ter que ajeitá-la novamente.
- Meninos e meninas, aqui vai a última música da noite. A última chance de pegar aquele gatinho ou gatinha para dançar uma música lenta. - O DJ falou em uma voz melosa, o que fez fazer uma careta.
Todos os casais começaram a se dirigir ao centro da festa.
- Pode ir atrás da Fanny, ela deve estar te procurando para dançarem. - A garota falou sincera.
- Na verdade… - levantou-se e ficou de joelhos na frente de . - Me concede essa última dança?
A partir desse dia, os dois sempre guardavam a última música das festas que iam para dançarem juntos. sempre fazia questão de achar , onde quer que ela estivesse, para pedir uma última dança.

End of flashback

"So here’s one night to make it right before we say goodbye"


- Nenhuma dessas vai importar mais do que a última. - contradisse.
estava temerosa. Sabia que estava seguindo seus sonhos e fazendo a coisa certa para ela mesma. Mas ela amava o melhor amigo, muito. E mesmo depois de tudo, ainda se sentia mal por abandoná-lo.
- Só uma música antes de nos despedirmos, me dá mais uma chance… - pediu em um sussurro.
Os rostos estavam próximos demais, as respirações irregulares e os olhares trocados. Aquilo significava muito para ambos. queria esquecer de tudo apenas por uma noite, queria abraçar o amigo o mais forte que pudesse e apertar algum botão para que tudo voltasse a ser como era.
Ela suspirou.
encarou aqueles olhos castanhos tão familiares, que sempre estiveram lá para ele, que já o fizeram se perder tantas vezes. Aqueles mesmo olhos que soltaram lágrimas por culpa dele. Porque ele foi um idiota imaturo e orgulhoso.
-Desculpa. - Ele falou. Sabia que era a única coisa que podia falar e a única coisa que a amiga realmente queria ouvir. Depois de tanto tempo, ele finalmente pediu desculpas.


Flashback

- Você não cansa de ficar fazendo lição praticamente o tempo todo? - perguntou assim que entrou no quarto de e a encontrou focada em uma lista de exercícios.
- Oi… - respondeu distraída e o garoto revirou os olhos.
- Qual é! Dá atenção pro seu namorado que veio aqui todo fofo passar a tarde com você. - jogou-se na cama em frente a .
- Um minutinho, . - Ela pediu levantando um dedo.
sorriu travesso e tirou o caderno da mão de , ganhando um olhar sinistro por parte da garota.
- Você precisa relaxar um pouco, . - Ele começou a beijar o pescoço da namorada.
- Agora não, ! - o afastou pelos ombros. - Amanhã começa a semana de provas e, não sei se você sabe, mas temos provas em todas as aulas.
- Por que você se preocupa tanto? Você sabe que vai passar de ano. - revirou os olhos, mas se afastou.
- São as provas finais, você não está nem um pouquinho preocupado? - A garota se exaltou, recolhendo suas folhas e cadernos. - Não se preocupa em como você precisa de boas notas no colegial para entrar em uma ótima faculdade? Porque você pode não se preocupar, mas eu me preocupo!
só não estava xingando o garoto, que aparentava estar relaxado com tudo e qualquer coisa, porque estava distraída demais pensando nos exercícios que estava fazendo.
- Se nossos filhos pegarem essa sua neura, não quero nem ver… - falou tentando amenizar um pouco da tensão.
- Nossos filhos? - perguntou encarando o último exercício que faltava.
- Muito cedo para falar de casamento? - brincou e deitou na cama
- Casamento? - Ela balançou a cabeça negativamente. - Ano que vem é nosso último ano, . Último! Conhece essa palavra? Sabe o que isso significa? Que temos que decidir nossas carreiras agora, decidir o que vamos fazer para o resto de nossas vidas!
- Não acha que está exagerando um pouco? - sentou-se ereto e olhou preocupado para a namorada.
- Exagerando?! Agora eu que estou exagerando? - A menina levantou-se e seguiu até a janela, abrindo-a, precisava respirar ar puro. - Você sabe que meus pais não vão pagar faculdade particular, nem tem como! Você sabe o quanto eu tenho que me esforçar para manter minha notas ótimas. Você sabe! Então não vem falar que eu estou tendo uma atitude exagerada porque eu não estou!
esperou a garota respirar fundo três vezes antes de pensar em algo para falar.
- Você sabe que o que eu mais quero desde que conhecemos é passar naquela faculdade no leste do país. Você, mais do que ninguém, sabe disso. Você sabe que só os melhores entram lá e que desde sempre eu me esforço para ser a melhor. - tentava se controlar, mas estava praticamente gritando.
- Você quer saber de uma coisa? Todo esse tempo que estamos juntos, eu nem lembrava que você queria sair da cidade, do estado, achei que ficaria aqui comigo, que ficaríamos juntos. - , ao invés de controlar o tom de voz, tentava controlar as lágrimas que pareciam querer jorrar de dentro dele.
encarou os olhos molhados do namorado e sentou-se com ele na cama.
- Você sabe que isso é o que eu mais quero. , você precisa entender… - Ela passou as mãos no rosto do garoto, para limpar as lágrimas que escaparam. Estava quase chorando junto.
- Eu te amo. - Sua voz saiu em um pouco menos do que um sussurro.
- Eu sei! Eu te amo também, . Mas isso não muda o que vem no futuro. Entenda, por favor… - A voz de já estava falha e ela segurava o rosto do garoto para encará-lo.
tomou coragem para direcionar o olhar para . Os olhos da garota também estavam tomados de lágrimas que já rolavam livremente por seu rosto.
- Não posso mais ficar aqui. - tirou as mãos de que o estavam segurando e correu para fora do quarto, da casa, da rua.
Podia estar dramatizando a situação, mas não queria perdê-la. Não poderia perdê-la. Seu coração se apertava toda vez em que os olhos castanhos da garota apareciam em sua mente, toda vez que via a garota sorrir por qualquer bobagem. Ele sorriu. Mas era um sorriso triste, um sorriso doloroso.
Ele queria parar com essa dor, mesmo se fosse temporário.


acordou com o barulho de algo batendo em sua janela. Levantou-se vagarosamente e andou em direção ao som.
- ? - Ela falou assim que abriu a janela.
O garoto estava se preparando para jogar outra pedrinha que encontrara por ali. Ele estava com as mesmas roupas que usara quando visitou a namorada mais cedo naquele mesmo dia. Uma garrafa vazia de algo que não conseguiu ver, se encontrava aos pés dele.
- Desce aqui! - Ele falou com um sorriso maroto.
- Você sabe que horas são, ? São mais de três da manhã, meus pais já estão dormindo. - A garota sussurrou de volta. - O que você está fazendo aqui?
- Desce aqui, por favor. - Ele parecia sussurrar, mas era um sussurro alto, de alguém que não tinha noção do que estava fazendo.
- Não acredito que você está bêbado. - sussurrou irritada.
- Por favor, por favor, por favor, por favor… - Ele começou a falar de um jeito repetitivo e inconveniente. sentiu vontade de pular da janela e agarrar seu pescoço.
Revirou os olhos, fechou a janela e pegou um casaco qualquer para não sentir frio do lado de fora.
- …por favor, por favor, por favor, por favor… - O garoto ainda falava quando ela chegou no jardim.
- Já chega. - ficou um metro distante de e cruzou os braços. - O que você quer, Ross? Por que você está desse jeito?
Ela estava realmente preocupada, mesmo aparentando somente irritação.
- Eu tinha que fazer parar, Nathy. Aqui. - Ele apontou para o coração e tinha uma voz manhosa. - Não queria parar de doer.
- , eu…
- Não, você que tem que ouvir agora, . - Ele levantou uma das mãos. - Você tem que ficar aqui. Você não pode começar a construir algo comigo e depois simplesmente ir embora. Não é assim que as coisas funcionam!
- Você está sendo egoísta, não está pensando em mim. - A garota segurava novamente as lágrimas.
- Você que não está pensando em mim! - elevou o tom. - Você que não está pensando no nosso futuro juntos em tudo que eu e você podemos fazer. Você precisa ficar, , você precisa.
tentava a convencer, mas parecia que ela não queria ser convencida.
- Você realmente não quer entender. Eu não vou ficar. - pensou nas próximas palavras com muito cuidado. - Amor de colegial é assim, é bom enquanto dura. , eu te amo. Mas não vou desistir de tudo que eu construí todos esses anos para ficar aqui.
- Não é para ficar aqui, é para ficar COMIGO! Você que não quer entender que é melhor você ficar aqui comigo. - já estava gritando e , de rabo de olho, pôde ver algumas luzes se acendendo.
- Por favor, vai para sua casa e conversamos amanhã quando você estiver melhor. - implorou em voz baixa.
- NÃO! Eu não saio daqui até você me dizer que vai ficar. - aproximou-se alguns passos.
- Eu não posso. - Ela respondeu baixinho.
- MENTIRA! - Em um movimento, pegou a garrafa que estava no chão e jogou com toda a sua força contra uma das paredes da casa, fazendo-a se estraçalhar em milhares de pedaços.
Uma boa comparação para o coração dos dois melhores amigos.
sobressaltou-se e se afastou. A porta da frente abriu e o pai de apareceu assustado. Correu em direção à filha e a abraçou protetoramente.
- O que está acontecendo aqui? - Ele perguntou num tom de preocupação e raiva.
- Está tudo sob controle, pai. - A voz da garota tremia e sua garganta se fechava. - Eu preciso resolver isso.
Ela se desvencilhou dos braços do pai e aproximou-se um passo de , com o pai em sua retaguarda.
- Não posso mais ficar com alguém que pensa assim. Isso dói em mim também, mas acho que é melhor para ambos. Entenda, , não quero mais te ver, nunca mais. Não quero ter que olhar na sua cara e rever todas as palavras horrorosas que você me disse. A partir de hoje, fica longe de mim. - fazia a voz mais firme que podia, sabia que essas palavras seriam como um banho de água fria para o amigo, mas precisava continuar de pé e terminar tudo. - Por favor, vai para sua casa e não para em mais nenhum lugar para beber e arranjar confusão, por favor.
As centenas de facas que perfuravam a barriga de aumentaram para milhares. Seu coração era esmagado continuadamente. Sua cabeça girava. Forçou suas pernas a darem meia volta e seguirem pela calçada. Observou os vizinhos fecharem a cortina e fingirem que não viram nada.
A caminho até sua casa era longo, mas era preciso ser percorrido.


No dia seguinte, acordou com olheiras enormes por não ter conseguido dormir o resto da noite. Mal encostou no café da manhã antes de ir para o colégio. Não tinha a mínima vontade de ir, só estava indo por culpa das provas finais. A caminhada até a escola foi silenciosa sem ao seu lado, ele sempre a buscava para irem juntos. Mesmo depois de ter insistido para ele parar já que moravam meio longe um do outro e ele acabava acordando ainda mais cedo para poder encontrá-la.
A garota deu graças a Deus por suas primeiras aulas antes do intervalo não serem junto com ele. Pop a acompanhou para o refeitório sem fazer nenhuma pergunta, mesmo vendo que a amiga estava mal. Pegaram seus lanches e sentaram-se na mesa que sentavam todos os dias, ela, e alguns amigos.
não pôde conter a vontade de olhar ao redor procurando-o, mas se arrependeu na mesma hora. estava no refeitório. Ao invés de estar sentado na frente da melhor amiga, estava em uma mesa no centro do ambiente. Várias garotas estavam em volta, mas uma, em especial, chamou atenção de . Era Fanny Dayson, veterana, um ano mais velha que eles. Ela estava sentada no colo do garoto, com os braços ao redor do seu pescoço. Falou algo em seu ouvido e os dois começaram a se beijar. deslizou a mão descaradamente para a bunda da menina.
não podia acreditar que ele realmente estava fazendo isso. Sentia nojo, vontade de vomitar em cima do novo casalzinho. Nunca achou que poderia ser tão baixo.
Pegou suas coisas da mesa, sentindo-se tonta. Sua garganta estava se fechando e as lágrimas já ameaçavam cair. Correu para o corredor, ouvindo os gritos da amiga ficarem para trás, sentou-se no chão em um canto vazio e não conseguiu mais segurar as lágrimas. Quando percebeu que o intervalo estava para acabar, foi para o banheiro lavar o rosto. Se ele queria fazer isso, não iria aguentar ver sentada sem fazer nada, iria jogar junto. Soltou o cabelo do rabo de cavalo usual, usou um pouco mais de maquiagem do que normalmente usaria e passou um batom mais escuro. Tudo graças ao kit de maquiagem que a mãe, a extravagância em pessoa, a fazia carregar para eventuais emergências.
A dor ainda apertava o seu coração, muito forte. Mas ela iria mostrar que esse jogo era de dois jogadores.
Voltou para o refeitório e piscou para Pop, que a encarava de boca aberta. passou pela mesa de e sentiu os olhares a seguirem até a mesa dos garotos do futebol. Todos os meninos pararam de comer para encará-la. Mas já tinha sua "presa", Peter, capitão do time.
encarou a garota andando. Estava diferente, linda como sempre, mas algo parecia ter mudado. Ela parecia confiante enquanto rebolava e jogava o cabelo para o lado. estava seguindo para a mesa dos meninos do time de futebol e sentou-se bem ao lado do capitão. Peter, devia ser o nome do garoto. Ela jogou o cabelo para o outro lado, o que fez todos a encararem. fechou o punho em cima da mesa.
Ela lançou um sorriso lindo para o garoto, que retribuiu e falou alguma coisa que não pôde ouvir. Ela jogou a cabeça para trás, rindo, e colocou uma das mãos no braço musculoso do rapaz.
levantou-se em um impulso, batendo os punhos na mesa. assustou-se com o barulho, mas quando virou-se para ver quem tinha o feito, deu um sorriso. Um sorriso que faria qualquer garoto pirar.
estava pirando com aquele sorriso. Um misto de maldade e malícia, mas podia ver a dor e a tristeza que só quem a conhecia muito bem perceberia.

End of flashback

"I just need one last dance…with you"


fechou os olhos, ouvindo essa palavra ecoar em sua mente repetidas vezes. Achava que se um dia o garoto pedisse perdão, sentira-se livre e bem, mas não fez nenhuma diferença e ela já sabia o porquê. Já tinha o perdoado faz tempo. Sabia que os dois tinham errado e seguido o orgulho ao invés de seguir o coração. O amava demais para não o perdoá-lo.
balançou a cabeça negativamente e abriu os olhos.
- Já te perdoei faz tempo.
sorriu. Era tudo que conseguia fazer enquanto olhava para o rosto da garota que ele nunca deixara de amar. Não pôde se segurar e juntou seus lábios aos de .
Ela, por sua vez, ficou surpresa demais para ter alguma reação. Ficaram naquela posição por um tempo, com os lábios apenas encostados um no outro. o afastou delicadamente.
-… - Ela começou, mas não conseguiu terminar ao encarar o rosto sorridente dele.
-. - Ele sussurrou ainda sorrindo.
- Isso não é certo. Você sabe que eu vou embora. - A garota falou olhando para baixo.
- Isso é certo! Só não é certo agora. Você vai ver! Tudo vai ficar bem. - sorria, não sabia porque estava sorrindo. Na verdade, tinha certeza do porquê de estar sorrindo. Ela estava ali, em seus braços, só dele. - Eu vou te esperar o quanto precisar. Por favor, saiba disso. Eu vou estar aqui quando você voltar. E se eu descobrir que você não vai voltar, eu vou atrás da minha melhor amiga até a China, só pra te ter de volta em meus braços. Você está entendendo? Está entendendo que eu e você vamos até o fim juntos?
, agora, também sorria. Estava ouvindo o que sempre sonhara em ouvir, que o melhor amigo não iria desistir dela enquanto estivesse fora e nem pediria para ela ficar.
- Até o fim? - perguntou.
- Até a última última dança! - abriu os braços e gritou para a noite.
não pôde conter o riso. O sorriso do garoto aumentou ainda mais, não que fosse algo possível. Ele a pegou pela cintura e girou-a algumas vezes, enquanto a garota ria e também abria os braços para a noite.
a colocou de volta no chão e ajeitou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.
- Você sabe que, não importa onde você ou eu estivermos, quando você pensar em mim e sorrir, eu vou estar sorrindo também. - Ela falou sério, o que surpreendeu .
Ela concordou com a cabeça, sem falar nada.
- Agora, senhorita, me conceda essa última dança. - fez uma reverência atrapalhada em frente a amiga.
- Mas não temos música. - A garota falou inocentemente.
- Não precisa.
colocou as mãos na cintura da amiga e os braços dela foram parar em volta do pescoço do amigo. Começaram a se movimentar calmamente de um lado para o outro. encostou a cabeça no peito dele, podendo ouvir as batidas de seu coração marcando o ritmo que eles estavam seguindo.
estava absorta no perfume do garoto, tão reconfortante e tão dele. Não queria pensar que amanhã de manhã já estaria longe dele. Queria viver o momento, sua última dança.
passou as mãos pelas costas, braços, cabelo, rosto, decorando cada parte da garota, cada parte que ele amava. Lembraria desse momento todo o tempo em que teria que ficar longe dela, seria esse momento que o faria seguir em frente e não desistir da promessa. Não iria desistir, a amava demais para pensar em ficar sem ela. Precisava dela.
- Eu só preciso de uma última dança com você…


Fim.






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