Palpite
Por: Stephanie de Castro | Beta: Izzy

Fazia tempo que eu estava desistindo dessa história toda que passei com meu antigo amor. Parecia que tinha sido ontem que o outono havia mudado minha vida. Nunca vi seus olhos tão mergulhados dentro do meu par de esmeraldas. A única coisa que me lembrava foi dele me dizendo “Não sei até quando eu continuaria com este relacionamento. Foi tudo muito lindo, eu sempre te amei, mas hoje não sei mais o que sinto. Acho melhor nós dois seguirmos nossos caminhos. Quero muito que seja feliz, mas quero ser feliz também e não vai ser contigo que conseguirei isto”.
havia me destruído por dentro. Eu havia gasto tantos sorrisos em suas declarações, tantas risadas em suas piadas estúpidas, tantas madrugadas no telefone com ele - às vezes somente ouvindo sua respiração - que acho que diante disso tudo o que mais me machucou foi um dia eu tê-lo dito que o amava. E por incrível que pareça, ele havia correspondido e de forma tão sincera, chegava a ser até verdade.
Pensei que duraria este relacionamento. Pensei até em me casar e ter filhos com ele, mas quem sou eu para dizer isso? Mas com apenas 17 anos, eu era uma criança, ao menos era assim a forma como a minha mãe me via. Eu só queria uma vez na vida entender o porquê de tantos relacionamentos não darem certo. Seria a falta de tempo? Ou o vício de querer estar todos os dias perto do alguém que se ama? O que é que fiz de errado? Eu não conseguia encontrar respostas para cada pergunta colocada aqui e imaginava que ningúem mais encontrasse também.
Agora cá estava eu, pegando minha mochila, colocando-a nas costas, ajeitando-me para mais um dia de outono. Saí do colégio sem prestar atenção ao que minhas amigas e diziam, algo sobre a festa de outono que teríamos na cidade. Para mim tanto fazia, esta estação nunca havia me agradado mesmo. Despedi-me delas e subi no ônibus esperando apenas chegar em minha casa, tomar um bom chocolate quente e deixar o almoço de lado. Nunca mais fui a mesma sem .
Estava na metade do caminho de casa quando o ônibus brecou bruscamente e eu caí em cima de um rapaz. Meus olhos se encontraram com os dele e eu senti na pele um arrepio muito forte. Quase um choque. Não sabia nem se deveria pedir desculpas ou me levantar depressa, até que ele disse:
- Olá, moça.
Que sorriso é esse? Será que eu estou sendo grampeada virtualmente por essas câmeras que ficam dentro do ônibus? Ele é todo educado, gentil, o que me deixa completamente frustrada. Não sabia o que dizer, apenas respondi:
- Desculpa, vou levantar.
E foi assim que, ao me levantar e segurar a sua mão para ajudá-lo a se recompor, eu me apaixonei novamente. Não sabia se era algum tipo de piada ou não, parecia até que a vida estava brincando comigo, mas chegava a ser tão divertido que nem pensei nas consequências.
O rapaz se ajeitou, limpou a roupa, arrumou a mochila nas costas e disse:
- Meu nome é .
- O meu é , é meu apelido. – respondi sorrindo.
Ele sorriu novamente e disse:
- Prazer , com apelido de .
Sorri um pouco envergonhada.
- Você vai descer onde, ? – perguntou .
- Desço nesta rua aqui Street 97 com a 98. – respondi.
- Eu desço aqui também. Que coincidência. Posso acompanhar você até sua casa? – perguntou .
Ele mora na mesma rua que eu? Quer me acompanhar para casa? O que é isso? Big Brother? Já estou começando a ficar com medo desses “por acaso”. Mas mesmo assim eu achei tão meigo da parte dele que aceitei.
Nós chegamos em nosso destino. Descemos as escadas do ônibus e fomos caminhando até a minha casa. Conversamos de tudo um pouco, sobre nossa família, sobre o que nossos pais faziam, quais programas de TV assistíamos, até mesmo livros, e olha que o comum era os meninos que eu curtia só lerem livros até a quarta série e já acharem isso um máximo, será que eles não pensavam o quanto isso era idiota e prejudicaria o futuro deles? Possivelmente não.
Enquanto caminhávamos, eu percebia que as folhas da estação do outono caíam sobre o chão e cobriam calçadas de muitas casas locais. O sol estava lindo, a brilhar, mas nunca chegava a queimar a minha pele, parecia até que eu havia criado uma armadura contra raios solares. Os pássaros apareciam raramente, na maioria das vezes estavam enclausurados em alguma casinha que fizeram na árvore para viver na tranquilidade até a próxima estação. Eu nunca tinha sido fã do outono desde que havia terminado comigo, mas pela primeira vez eu não estava sentindo um vazio no peito, aprecia que com , um completo estranho que quis me acompanhar até em casa, havia simplesmente tapado o buraco temporariamente para que assim eu pudesse respirar melhor. O dia estava tão calmo e tranquilo e olha que eu nunca havia visto nada assim antes.
Finalmente em casa, mas infelizmente entristecida por ter que dizer adeus a alguém que eu havia conhecido em um dia e já havia me apaixonado. Não fazia nem um ano que havia me separado de e eu estava em outra já. respirou fundo e disse:
- Pronto, está entregue, senhorita .
- , é melhor . é muito sério. – ri docemente.
- Ok, então . – respondeu .
Ficamos nos entreolhando esperando que algo a mais acontecesse. Um sorriso, um beijo, quem sabe apenas um abraço com um pouco de formalidade? Ok, está bem, chega de imaginações, .
- Então, tchau. – eu respondi como uma criancinha de 5 anos correndo para a porta de casa.
- Espere! – gritou . - Você vai na festa de Outono na praça Wall Street? No próximo final de semana?
Ele estava me chamando para sair? Meu Deus, e agora? Calma, respire, apenas responda que sim!
- É que eu estarei indo por lá com a minha família, seria muito divertido se aparecesse por lá. – disse .
Eu sorri e apenas declarei que ele gostaria de me ver mesmo e assim respondi:
- Verei o que posso fazer.
sorriu e disse:
- Ok, então, de apelido . Nos vemos então.
E assim ele partiu e eu entrei em minha casa esperando já ansiosamente pelo próximo final de semana, e hoje era apenas sexta-feira.

UMA SEMANA DEPOIS
Eu passei da minha segunda à sexta feira contando sobre para minhas amigas, que por acaso estavam muito felizes e esperançosas para que tudo desse certo entre nós. Mas o que me garantia que ele gostaria mesmo de me ver de novo? E se fosse algo nada a ver? Será que vou me machucar? Eu achava melhor arriscar antes que eu me arrependesse, qualquer coisa eu passaria uma semana me recuperando novamente e tentando agora esquecer dois caras, e . Minha vida é linda.
No sábado eu estava me arrumando para finalmente sair com meus pais e minha irmãzinha Nikki, que adorava o outono, e brincar com as folhas secas neste festival. Eu ia desde pequena à esse parque e tudo o que minha irmã fazia eu já fazia também, até um cara destruir tudo. Suspirei levemente, ao que escutei alguém batendo na porta e finalmente vi minha mãe do outro lado me observando e dizendo:
- Você está tão linda, .
Sorri para ela e nada eu disse.
- Filha, não deixe que o tempo te pare, continue a viver. Não se restrinja para coisas que muitas vezes não têm respostas e não fique se perguntando demais caso algo tenha acontecido ou não, apenas aproveite e viva a vida. Eu quero que seja feliz, meu amor. Eu te amo. – disse minha mãe que mexia em meus cabelos e logo dava um beijo em minha cabeça e em seguida se retirava.
Estava pronta.
Desci as escadas e observava meu pai sorrindo, olhando minha mãe. Minha irmã segurou em minha mão e disse:
- Você vai se divertir, zinha. É o festival de outono!
A energia de minha irmã sempre contagiava. Apenas assenti com a cabeça e juntos nos retiramos.
O festival de outono ocorre sempre no outono – Ah, não diga? – Ele é banhado com flores e folhas jogadas ao chão da praça, com muita comida e famílias envolvida. Muita música estilo Indie Rock. Eu sempre gostei disso. O festival sempre me agradou, até aquela praça, perto do banco de entrada, destruiu todo meu roteiro feliz.
Ao chegarmos na praça observei minha irmã e meus pais correndo em direção à praça, todos felizes. Quando é que eu perdi a vontade de vir aqui? O lugar era divino, decidi seguir o conselho de minha irmã, com ou sem e eu seria feliz. Aproveitei e fui correndo também até a praça. Encontrei as minhas amigas de sempre e nunca conversamos e rimos tanto quanto antes. Minha nossa, fazia um ano que não vinha aqui. Que delícia de lugar.
Resolvi ir até a barraca pedir uma água. Quando eu a consegui e estava voltando ao meu lugar encontrei quem eu menos esperava: . Ele estava muito bonito, como sempre, ele havia sido meu namorado, então eu sempre o acharia dono de uma beleza digna de ser observada. Continuei tentando seguir mas ele me parou e disse:
- Oi, .
Suspirei e respondi:
- Oi, .
- Você está linda. – disse ele com um sorriso tranquilo em seu rosto.
- Obrigada. – respondi.
- Não esperava vê-la aqui. – disse .
- Esperava que eu fosse o quê? Ficar em casa me lamentando por você? – respondi, mas necessariamente eu estaria fazendo isto agora.
- Na verdade, não, . Meu Deus, eu senti tanto sua falta. Eu queria tanto conversar com você, queria tanto te ver novamente. Retomar nosso relacionamento ou quem sabe uma amizade apenas, porém eu nunca te esqueci, . Me desculpe por tudo o que lhe causei. – dizia . – Eu prometo ser melhor.
Do outro lado vi os olhares de minhas grandes amigas preocupadas. E do outro, não menos importante, que me olhava sério.
Não sabia o que fazer, eu estava em um labirinto, eu amava muito o , mas não da mesma forma, esse vai e vem de terminar e voltar um namoro nunca foi bom para mim, eu só queria ser feliz com quem eu amava e que eu achava que também me amava, mas na verdade isso não passava de uma mentira. Então eu olhei para com a maior sinceridade do mundo e disse:
- Desculpa, mas o que tínhamos no ano passado hoje não passam de simples lembranças. Não tenho mais nada para resolver com você.
E assim me retirei.
Minhas amigas sorriam tranquilamente e meus pais de longe observavam minha ação. Nunca vi tão calado e abalado com o que havia acontecido, mas ele sabia que um dia eu iria me cansar dessa brincadeira de gato e rato. Só quero ser feliz e apenas isso e mais nada.
Fui em direção a que ainda me esperava. Ele sorriu e disse:
- Oi, .
Eu sorri e respondi:
- Você me chamou de .
ria com a maior sinceridade e disse:
- Pelo que eu saiba se eu quiser estar na sua vida eu também tenho de seguir as suas regras e te respeitar, certo?
Sorri e pensei comigo mesma que aquilo era maravilhoso, alguém me querer pelo que sou, pelas minha regras, sem querer me mudar, sem querer nada além de um simples conhecer tranquilo e deixar que tudo se encaixasse com perfeita sincronia. Apenas sorri e respondi:
- Sim.
sorriu sinceramente, deu um beijo em minha testa e disse:
- Vamos caminhar e conversar, tem muito para contar a mim ainda.
Sorri e respondi:
- Espero que não se canse de mim, porque converso muito.
- Como eu poderia me cansar de alguém que conseguiu me deixar completamente confuso e agora com tanta vontade de conhecer melhor?
Parecia mentira, mas era verdade.
Apenas sorri e passei a caminhar junto dele. A última coisa que me lembro é que ele estendeu a mão para que eu a segurasse, e assim o fiz. Foi a primeira vez na vida que naquele outono do ano passado enquanto eu terminava outra história, nesta mesma data de um novo ano eu conheci um outro alguém. Nas folhas do outono, no sol embelezado, nas carícias de um novo relacionamento, nas risadas de minhas amigas, no carinho e no amor de meus pais e em um beijo onde hoje estão gravados nossas iniciais.
Apenas em uma estação que eu amei, odiei e hoje me casei.

Fim

N/A: Eu fiz esta Fic baseada em fatos reais, os personagens surgiram a partir de autoria minha. O ponto é tentar marcar não apenas sobre a estação Outono, mas também marcar uma fase importante que eu considero cuja qual é recente. Espero que gostem.


Qualquer erro, comuniquem esse email, não a caixinha de comentários, obrigada.

comments powered by Disqus