Autora: Jéssica Gomes
Beta-Reader: Brunna


- CAPÍTULO UM -
Fugindo


Suíça – 2008
Assim que saiu da faculdade de desenho, foi para a balada com sua melhor amiga, Mellody Bartman, que cursava a faculdade de design. Ficaram por horas se divertindo, dançando e bebendo.

01h38min
chegou ao apartamento que dividia com Blake Tupac, seu namorado, vocalista de uma banda e, aos 24 anos, estava no auge da carreira. As luzes estavam apagadas, aquilo era muito estranho, mas talvez Blake estivesse no quarto se drogando, porém a pergunta que não queria calar era: onde ele havia conseguido drogas? Estavam sem dinheiro e muito endividados com Drew Krytte, traficante e namorado de Mellody. Aquele era o último dia do prazo para pagar o que deviam, ou Drew poderia cumprir suas ameaças.
Entrou no quarto e notou que Blake não estava. Voltou para a sala, e vendo que havia uma mensagem na secretaria eletrônica, apertou o botão para escutá-la enquanto ia até a cozinha tomar um pouco de água.
, quando você escutar essa mensagem já estarei bem longe...”
- Ah, mais um show fora da Suíça... E logo no dia que temos que pagar ao Drew! – disse, pegando um copo no armário. Foi até a geladeira, pegou uma garrafa, colocando um pouco de água e depois a guardando, voltando a prestar atenção na mensagem, totalmente despreocupada, não imaginava ela que aquilo não duraria por muito tempo.
“Foram bons os momentos que passamos juntos, princesinha, três longos anos... É...”
- Ótimo, ele está drogado. – disse, reconhecendo a voz sonhadora com a qual o namorado ficava quando usava drogas.
“Só que o fogo acabou...”
- Fazemos duas vezes por dia e ele diz que o fogo acabou?! Imagino se não tivesse! – riu e voltou para a sala. Sempre que Blake se drogava falava muita besteira, por isso a ruiva nunca levava a sério quando ele dizia algo naquele estado.
“Encontrei outra pessoa, sabe, rolou ‘a’ química... Eu não queria te trair, por isso resolvi ir embora... Você vai continuar sendo minha princesinha. Obrigado por apoiar e sustentar o meu vício...”
- Blake... Eu não acredito que você fez isso. – o copo escorregou da sua mão e caiu no chão, se espatifando. Agora estava começando a acreditar no que ele estava dizendo, mas não se sentiu tão mal como achou que um dia se sentiria se Blake a deixasse, talvez estivesse esperando por aquilo há muito tempo, ou talvez o amor entre eles realmente houvesse acabado.
“Ah, é melhor você sair daí se não quiser que o Drew te mate, tive que pegar o dinheiro, a metade que tinha pra pagar a ele. Beijos, lindinha.”
- Seu... filho da mãe! – gritou enquanto corria para o quarto. Pegou uma mala e correu para o seu guardarroupa, começando a tirar suas roupas dos cabides. Tinha pouco tempo para resolver tudo, logo cedo Drew estaria ali para buscar o dinheiro e ela não o teria. Precisava arranjar um pouco mais de tempo, talvez... Tirou apressada o celular do bolso, quase o derrubando no chão por suas mãos tremerem tanto, e discou o número já conhecido de Mellody.
- Mel, preciso da sua ajuda. – disse a ruiva, assim que a mulher atendeu.
- O que foi, ? – perguntou, preocupada - Você parece nervosa.
- O Blake foi embora... – começou, continuando a arrumar suas coisas, ou melhor, jogar suas roupas de qualquer forma em uma grande mala.
- Como assim?!
- Aquele desgraçado fugiu com uma garota, aposto que ele só fez isso porque nós não tínhamos todo o dinheiro da dívida.
- Mas vocês tinham a metade! Eu falei com o Drew, ele disse que aceitava e que esperava até o próximo mês para vocês darem o resto do dinheiro!
- Só que o Blake levou o dinheiro.
- Peça ao seu pai!
- Eu não posso. – disse, parando de arrumar suas coisas. Suspirou e jogou as roupas que tinha na mão com certa violência, estava realmente muito irritada com o ex e temerosa quanto a sua vida, porém, tocar no nome de seu pai fazia a tristeza sobre por todos aqueles outros sentimentos, pois a dor era muito maior do que havia feito no passado. Seus olhos lentamente correram pelo quarto até pararem sobre aquela foto a qual estavam ela e seu pai, aquela era a única recordação que trouxera consigo quando saiu de casa. Sentia tanta falta dele, fazia tempo que não se falavam e não se viam, nem lembrava a última vez que o vira, mas, provavelmente, fora em meio a uma discussão dos dois. Blake só trouxe discórdia entre eles, pensando bem, seu pai sempre terá razão sobre o ex-namorado. Por que ela tivera que agir como uma maldita adolescente inconsequente? Por que uma vez na sua vida não agira feito uma adulta e deixara os contos de fadas para trás? Eram tantos os “porquês”, mas não poderia voltar atrás então talvez nunca tivesse a resposta que desejava.
– Ele disse que só voltaria a me dar dinheiro quando eu dissesse em que estou gastando ele. – respondeu .
- É complicado, !
- Eu sei! – disse, tentando fechar a mala. – Isso é o que dá sustentar o vício do namorado!
- Ex. – Mellody corrigiu.
- É... Preciso que você distraia o Drew, não o deixe vir aqui até eu estar bem longe da Suíça.
- O que você pretende fazer?
- Voltar para New Jersey.
- Avisou ao seu pai?
- Não.
- E a passagem? Você não vai a pé!
- Eu tenho dinheiro pra isso e pra pegar um táxi quando chegar lá.
- Primeira classe?
- Não dá, Mel! – disse, surpresa com a idiotice que a amiga estava dizendo naquele momento. Não se importava de viajar na classe econômica, contanto que estivesse bem longe de Drew. Torcia para que sua fuga o parasse, torcia para que ele não fosse atrás dela, ou aquele maldito iria machucar quem a ruiva amava, sabia disto, mas tinha que correr este risco, era a única forma de sobreviver naquele momento. Era tudo o que tinha.
- E se ele descobrir que você não está aqui?
- Fala que você me escutou dizendo que iria para a Alemanha visitar meu tio.
- Vou sentir sua falta! – disse, com voz de choro.
- Eu também... Quando for uma grande estilista e estiver fazendo algum desfile, me chama, ok? – sorriu.
- Pode deixar – sussurrou. – Tenho que desligar, o Drew está vindo.
- Tchau.
Guardou o celular no bolso e finalmente conseguiu fechar as malas - que já estavam prontas – com certa dificuldade. Ela tentara o máximo possível, já que não dava para pegar tudo, odiava ter que deixar o que conseguira com esforço, era quase como um sentimento de derrota, mas não tinha o que fazer, era sua vida que estava em jogo. Pegou o dinheiro que havia escondido em baixo do colchão para casos de emergência e saiu do apartamento, carregando suas duas enormes e pesadas malas de carrinho fazendo certo esforço para puxá-las. Quanto mais tempo demorava a fazer esse ato, mais o desespero batia, fazendo-a ter a impressão de que Drew entraria naquele apartamento a qualquer momento com seus capangas, e a exterminariam. Quando finalmente trancou o apartamento e chamou o elevador, um pouco de alívio a tomou, porém ele foi maior ao entregar as chaves ao porteiro, avisando que iria viajar para a Alemanha para visitar seu tio doente. Pronto, estava feito! Agora era apenas o táxi chegar, o que não durou por muito tempo. Olhou para trás de si, observando tudo uma última vez antes de entrar no carro, havia passado por muita coisa ali, iria sentir falta daquele lugar mesmo tendo passado alguns dos momentos mais tristes de sua vida lá.Em meia hora chegou ao aeroporto e comprou logo a passagem, só precisava esperar algumas poucas horas antes de finalmente embarcar e toda aquela tensão terminar.


– CAPÍTULO DOIS –
Você?!


Aeroporto de New Jersey /Newark
Finalmente estava em sua cidade. Prometeu a si mesma que nunca mais acreditaria em homem algum, eram todos mentirosos e traidores, desta vez preferiria virar lésbica a sucumbir algum desejo infantil seu de contos de fadas. Príncipes encantados não existiam, e isto tinha que entrar em sua cabeça, por bem ou por mal.
Saiu do aeroporto recebendo todo o calor da sua amada cidade, os raios solares penetravam na sua pele lhe dando uma boa sensação. “Estava livre!”. Queria gritar isto alegremente enquanto rodopiava, sentindo o sol quente tomar lentamente seu corpo, porém apenas se contentou em sorrir, o maior e mais verdadeiro sorriso que já não se fazia mais presente em seu rosto há muito tempo. Finalmente poderia recomeçar, estava livre daquela maldita obrigação de cuidar de alguém que não queria mudar, não queria melhorar o rumo de sua vida apenas afundar e levá-la junto. Levantou o rosto por alguns minutos, deixando o calor tocar lentamente a sua face até esquentá-la por completo, dando uma sensação gostosa de aconchego, de retorno ao lar.
- Droga! Estou atrasado! – disse uma voz masculina. Olhou para o lado e viu um homem que segurava uma mala grande como a sua e olhava de segundo em segundo para o relógio. Ele tinha cabelos negros um pouco grandes, alguns fios caíam sobre seus olhos verdes que ficavam mais brilhantes com o toque do sol, a pele era muito clara e ele era um pouco mais alto que ela. Voltou sua atenção para os carros que passavam, esperando ver um táxi, no mesmo instante, ao longe, avistou um.
- Táxi! – chamaram e o homem no mesmo segundo. O carro parou e os dois tentaram entrar ao mesmo tempo.
- Ei, fui eu que chamei primeiro. – disse o moreno.
- Não, fui eu. – disse a ruiva, esperando que ele fosse cavalheiro o suficiente e deixasse que ela pegasse aquele táxi.
- Sai do meio, garota! – falou, empurrando-a para o lado, não com violência, apenas para afastá-la, logo o cretino estava pegando o táxi que era dela – Rua Hennepin. – disse, fechando a porta do carro – Rápido, eu estou atrasado.
- Seu grosso! – gritou enquanto o motorista acelerava. Não sabia que as pessoas de New Jersey haviam ficado tão mal educadas!
Teve que esperar mais alguns minutos, o sol começara a ficar tão insuportavelmente quente que fez com que parecessem horas para que um táxi aparecesse novamente, porém não podia adentrar o aeroporto novamente para se proteger ali ou perderia outro táxi para mais algum idiota mal educado. Assim que avistou o veículo deu sinal, e logo estava adentrando ao aconchegante e frio automóvel, fazendo-a quase suspirar de prazer ao sentir o ar gelado entrar em contato com sua pele quente.
- Deseja ir para onde, senhorita? – o taxista perguntou, entrando no carro ao guardar as malas dela, e ligou o automóvel.
- Rua Hennepin. – disse .

O táxi parou em frente a uma bela casa branca, onde havia um jardim incrível com um extenso gramado e rosas de todas as cores por toda parte.
Gerard desceu do automóvel e pegou sua mala apressadamente, deveria está incrivelmente atrasado e os rapazes não apreciariam isto. Por que aquele maldito voo tinha que ser adiado por tanto tempo? Por Deus! Eles não sabiam que havia pessoas que dependiam daquela merda para ir trabalhar? E depois veio aquela maldita mulher em seu caminho... Maldita, mas incrivelmente linda... Dane-se! Não era o momento de pensar naquela metida, de qualquer modo nunca retornaria a vê-la.
Pagou ao motorista e agradeceu em um rápido gesto de cabeça, não tinha tempo nem mesmo para trocar palavras com o pobre e velho homem. Andou pelo caminho de pedras que levava a porta principal e sem mais delongas tocou a campainha algumas vezes.
“Depressa, alguém abra isto!”, pensou, batendo o pé e mexendo na alça de sua mala em nervosismo. A cada minuto que se passava sentia-se ainda mais ferrado com sua demora. Se demorasse mais um pouco acabaria não saindo vivo daquele dia. Sabia perfeitamente o quanto Frank odiava atrasos.
Passos apressados foram ouvidos vindos do outro lado da porta isto fez Gerard soltar o ar rapidamente, o homem nem ao menos notara que o estava segurando, mas o nervosismo sempre o encaminhava a fazer coisas sem pensar. Uma senhora de cabelos grisalhos, pele enrugada branca e carinhosos olhos castanhos atendeu a porta, ela tinha um incrível brilho maternal em sua bondosa face, era algo a qual fazia qualquer pessoa sentir-se em casa e com segurança. Não tinha como Gerard não retribuir aquele sorriso, era como algo automático, era como se o dela fizesse com que seu corpo reagisse da mesma forma. Estranho, mas acolhedor.
- Sr. Way, estão todos na sala de reunião. – disse a mulher.
- Faz tempo que o pessoal da banda chegou, Marta? – perguntou, entregando a mala a ela. Era uma mala de rodinhas então não teria perigo dela pegar peso, além de que Gerard tinha certeza que Leonard lhe ordenara a não pegasse peso; e sim pedisse ajuda aos outros empregados para qualquer atividade a qual levasse a isto, afinal de contas, a última crise de coluna que Marta tivera havia dado um belo susto em todos que estavam naquela casa.
- Uma hora, para ser exata.
- Que droga! – exclamou mais para si mesmo, passando a mão pelos cabelos negros e segurando por alguns minutos em um ato de uma vasta preocupação. Estava tão ferrado! – Porcaria de voo! – resmungou.
- Gerard, finamente você chegou! – disse um homem de voz estrondosa, chegando à sala parecendo nada feliz. Ele tinha uma aparência elegante e jovial, porém ainda sim ao lado de seus olhos havia aquelas velhas rugas que foram geradas por grandes preocupações a qual o homem passou com sua filha; não bastasse apenas isso no fundo de seus olhos era nítido o brilho de tristeza profunda que nunca se cessaria, não depois de perder alguém que amava tão intensamente. Seus cabelos eram negros com alguns poucos fio brancos, os olhos verdes profundos e a pele clara. Era Leonard, o empresário da banda.
- Desculpe, o voo atrasou e tive uma discussão com uma louca por causa do táxi. – explicou, suspirando aliviado por não estar levando gritos, odiava gritos, brigas, tudo aquilo lhe desestimulava a escrever e não podia perder a enorme inspiração que lhe estava consumindo desde o dia anterior.
- Marta, por favor, organize um quarto para o Gerard. – pediu Leonard, dirigindo-se à governanta.
- Sim, senhor. – disse a mulher e subiu as escadas levando a mala de Gerard.
- Vamos, estão todos esperando.
Seguiram em direção a um cômodo que ficava do lado direito da sala, onde se encontraram todo o resto da banda. No momento em que pós os pés no escritório, sentiu os olhares dos amigos lhe fuzilarem, eles estavam seriamente irritados e isto o incomodava, até mesmo seu irmão que sempre estava arranjando alguma forma de lhe defender daquela vez não veio ao seu resgate. É, as coisas estavam realmente serias! Nada pôde fazer a não ser explicar o motivo do atraso antes que pudesse começar a reunião.

Chegou a frente à sua antiga casa, continuava da mesma forma que há dois anos. O gramado continuava verde e bem tratado como nos verões, diferente de outras casas em que ficavam marrons, como se estivessem mortos. As rosas de todas as cores enfeitavam o lugar e faziam seu coração se encher de saudades da época em que sua mãe cuidava delas, como uma forma de hobby, mas até isto perderá.
Sentia muita falta daquele lugar, da governanta que cuidara tão bem dela quando era pequena, afinal de contas, seus pais não tiveram muito tempo para a garota, sempre estavam viajando, isto fizera com que a mulher se tornara uma segunda mãe para ela. Sentia, principalmente, muita falta do seu pai, do homem que sempre estava do seu lado quando precisava, ao qual muitas vezes deixou tudo de lado para cuidar dela, cuidar de seu adolescente de coração ferido, ele sempre lhe foi não apenas um pai, mas também um melhor amigo.
Suspirou.
Onde foi que se perdeu dele? Em qual momento foi que ela começara a o tratar como inimigo? Porque pensara estas coisas? Céus! Se tivesse o escutado não estaria naquela situação! Mas agora toda a merda fora jogada no ventilador e estava lhe atingindo fervorosamente. estava terrivelmente fodida.
Suas pernas travadas pelo medo do que enfrentaria finalmente criaram vida e resolveram que era o momento da ruiva seguir em frente, precisava conversar com seu pai, precisava de ajuda ou acabaria morta nas mãos daquele maldito traficante. Seguiu pelo caminho de pedras que levava a porta principal hesitante tocou a campainha que soou fraca com o som de sinos. Agora não tinha mais como escapar, apenas se saísse correndo e deixasse quem é que fosse que atendesse a porta com cara de idiota, achando que era apenas uma brincadeira de criança, porém ela não poderia se acovardar, não tinha espaço para isto, não quando sua vida estava em risco. Alguns minutos se passaram enquanto sua ansiosidade aumentava gradativamente. Não via a hora de abraçar seu pai, sentir seu cheiro reconfortante e lhe implorar por perdão.
Olhou seu relógio de pulso e viu que vinte minutos já havia se passado. Normalmente a governava era rápida em atender ou algum empregado que estava na cozinha, até mesmo os seguranças estavam avisados de fazê-lo quando necessário, porém ninguém apareceu, por este motivo resolveu que estava no momento de insistiu.
“Como nos velhos tempos”, pensou rindo travessamente.

- Cadê a Marta? – perguntou Frank, olhando com a testa franzida para a porta do escritório, enquanto escutava a campainha ser tocada seguidas vezes.
- Será que alguém pode atender essa porta? – perguntou Mikey um pouco irritado, passando a ponta dos dedos pelas têmporas, toda aquela chateação do atraso de Gerard havia lhe dado uma puta dor de cabeça, além de ter que ficar escutando seus amigos reclamarem como se ele fosse o culpado disto. Era realmente foda ser irmão de um cara tão distraído com os horários!
- Não se preocupem, a Marta vai aparecer. – disse Leonard, para tentar dar continuidade a reunião – Voltando ao assunto...
- Eu juro que vou bater na cara de quem estiver fazendo isso. – resmungou Frank, perdendo a paciência.
- Ô gente mal educada! New Jersey regrediu muito! – reclamou Bob.
- Eu que o diga! – concordou Gerard, lembrando-se da mulher do aeroporto.
- Ainda bem que estamos morando em New York, as pessoas de lá não são muito educadas, mas pelo menos tem medo de levar um tiro caso façam alguma merda como essa – disse Ray, tentando, como sempre, descontrair um pouco o momento. Leonard bufou e jogou os papéis que estava em suas mãos a sua frente, desistindo de prosseguir a reunião até o momento em que finalmente fosse notado.
- Já chega! Vou ver quem é! – disse Gerard, levantando-se.
Afastou a cadeira bruscamente e saiu da sala caminhando até a porta e a abrindo. Uma garota de cabelos ruivos e lisos, pele clara, olhos incrivelmente verdes e um corpo de curvas bem definidas; estava parada na porta. Sentiu que a conhecia de algum lugar, não se lembrava de onde, porém alguns flashs surgiram em sua mente fazendo-o assusta-se com a brincadeira de mau gosto do destino. Era a garota do aeroporto!
- Você! – gritaram Gerard e juntos.


– CAPITULO TRÊS –
Como tudo começou!


- O que está fazendo na minha casa? – perguntou a ruiva enquanto empurrava o homem de sua frente e passava por ele, depositando as malas no chão e o fuzilando com o olhar.
- Você é louca, garota? Dá o fora daqui! – gritou Gerard.
- JACK! – gritaram os dois.
- Sim, Sr. Way? – perguntou um homem careca, alto e musculoso; era o segurança.
- Tire essa maluca daqui! – ordenou, apontando para .
- Eu não posso. – disse olhando para a ruiva e para o moreno, sem saber o que fazer.
- O que está acontecendo aqui? – perguntou Leonard chegando à sala com o resto do My Chemical Romance.
- Papai, o que este mal educado está fazendo na minha casa? – perguntou a ruiva.
- O que faz aqui, ? – perguntou o homem, espantado pela presença da filha, esta que prometera nunca colocar os pés novamente naquela casa, não enquanto ele não aceitasse seu namorado.
- Ah, obrigada pela recepção. – disse rolando os olhos e entregando suas malas a Jack. – Leva para meu quarto, por favor. – pediu dirigindo-se ao segurança, que balançou a cabeça positivamente e subiu as escadas.
- , você pode me explicar o que está acontecendo? – perguntou Leonard.
- Esse idiota quer me expulsar da minha própria casa! – disse a ruiva, apontando para Gerard, – Ele foi um grosso comigo, papai! – falou fazendo voz de vítima. Como sempre, agindo de forma mimada para conseguir o que queria, afinal, seu pai sempre fez seus gostos quando ela agia daquela forma.
- Eu não estava falando disso. Quero saber por que largou a faculdade.
- Eu não larguei, vou transferir tudo para cá, – explicou – Só preciso falar com o Ralf... Qualquer coisa o senhor conversa com ele, já que é seu amigo. – deu seu melhor sorriso, tentando conquistar a aceitação do homem. Pelo visto ela já não tinha mais todo aquele poder sobre seu pai, porém era tudo culpa sua, tudo por um erro idiota que causara.
- Por que voltou? – perguntou sério. Estava feliz que a filha estivesse em casa, mas algo de grave deveria ter acontecido para ela estar ali, a última vez que falara com a ruiva eles acabaram brigando de uma forma tão seria que ele fora capaz de lhe dar um tapa na face e aquilo apenas fez com que ambos deixassem de se falar até aquele momento.
- O Blake fugiu com outra garota. – confessou, abaixando a cabeça. Não se importava se haviam pessoas que ela nem ao menos conhecia naquela sala, ela só precisava desabafar e pedir para ficar, talvez... Implorar, pelo rumo que aquela frieza de seu pai estava tomando talvez fosse o mais certo a fazer. Vê-lo tratá-la daquela forma lhe machucava, mas também fazia uma vozinha estúpida gritar em sua cabeça que a ruiva merecia, afinal de contas, ela só fizera merda.
- Eu te avisei sobre esse cara! Mas você não me escutou e fugiu com ele! – disse alterando um pouco a voz, irritado por sua filha não ter confiado nele quando era mais preciso e também por Blake ter magoado a sua “menininha”. – Eu deveria te mandar de volta como castigo! – ameaçou.
- Por favor, papai, não faz isso. – pediu, andando rápido até o homem e lhe abraçando forte, com medo que ele realmente pudesse fazer isso, com medo dele a rejeitar e, principalmente, com medo do que causara na relação de ambos. Será que algum dia ele a perdoaria? Se tivesse que voltar estaria morta, mas nunca confessaria ao homem no que estava envolvida, não queria deixá-lo preocupado.
- Ok, ok. – disse, segurando os ombros dela e a afastando delicadamente. – Ligarei para o Ralf, mas se você fizer isso novamente irá arcar com as consequências, sozinha, entendeu? – a garota balançou a cabeça positivamente, o que mais poderia dizer? Não que tivesse algo para reclamar, claro que não, enquanto estivesse segura estava tudo bem.
- Obrigada, o senhor é o melhor pai do mundo. – sorriu e depositou um beijo na bochecha dele.
- Meninos, essa é a minha filha, . – disse, virando-a para os rapazes e passando o braço por seus ombros.
- Podem me chamar de . – sorriu a ruiva para cada um, menos para Gerard. Em vez disso, lançou-lhe um olhar ameaçador que foi retribuído.
- Esses são Frank, Bob, Mikey, Ray e Gerard. – disse Leonard, apontando para cada um que acenou com a cabeça.
- Oi! – acenou para os rapazes – Eles são do My Chemical Romance? – perguntou ao pai.
- Sim. – afirmou. – Frank e Ray são os guitarristas, Mikey é o baixista, Bob é o baterista e Gerard é o vocalista – explicou.
- Hum... Legal. – sorriu. – Meu pai me mandou os três CDs que vocês lançaram, eu gostei bastante. As músicas me inspiram quando estou desenhando. Adorei a capa do “Three Cheers For Sweet Revenge”.
- Foi o Gerard que desenhou! – disse Mikey.
- Você é irmão desse grosso? – perguntou, indicando Gerard como se ele não fosse nada ou nem ao menos estivesse presente.
- Sim, sou. – riu.
- Espero que não seja igual a ele.
- Deixa de ser idiota, garota. – disse Gerard, irritado.
- Quando você vai embora, hein, coisa? – perguntou, encarando o moreno com uma sobrancelha erguida.
- Ele vai ficar aqui até arranjar um apartamento, não só ele, mas todos os cinco. – disse Leonard.
- Que maravilha! – disse ironicamente, rolando os olhos.
- Ei, você não está dizendo isso para nós, não é? – perguntou Ray indicando todos, menos Gerard.
- Não. Vocês não têm nada a ver com o meu comentário, apenas seu amiguinho grosso!
- Sou um grosso mesmo, se quiser eu te mostro o quanto. – atacou Gerard com um tom malicioso.
- Gerard, mais respeito com a minha filha. – interveio Leonard.
- Desculpe. – bufou. Pelo visto as coisas seriam bem difíceis por aqui, não contava ter que aturar uma garotinha mimada. Precisava arranjar logo um lugar para morar, isto se o trabalho não tomasse conta de cada minuto de seu dia, como vinha acontecendo desde que banda estourou.
- Não quero ver os dois com discussões infantis. – disse, olhando da filha para o moreno - Agora vá desfazer suas malas, .
- Onde está a Marta? – perguntou a ruiva. – Estou morrendo de saudades dela!
- Deve estar lá em cima.
- Certo, vou descansar até a hora do jantar. – disse, dirigindo-se as escadas. Subiu-as rapidamente, animada para ver a governanta que há tanto tempo não via.
- Vamos continuar a reunião. – disse Leonard, seguindo para a sala onde estavam a pouco antes de chegar.
- Você ainda vai quebrar a cara da pessoa que estava tocando a campainha? – perguntou Ray com deboche ao perceber o olhar que Frank lançava para a ruiva, era algo raramente visto pelo vindo do rapaz, ele parecia... Encantado por sua beleza? Aos olhos do menor não parecia mais uma garota bonita que iria para sua lista, pelo menos era o que Ray via refletido na feição do rapaz.
Frank sempre demorava a se envolver com alguém, ele era bem retraído quanto a deixar fluir seus sentimentos, mas quando o fazia o rapaz se entregava de corpo e alma e logo sem que notasse, estava envolvido demais, o que sentia acabava rapidamente se transformando em uma paixão. Sim, paixão, pois amor era algo totalmente diferente de paixão, este último era algo o qual poderia ser superado, com dor, sofrimento, porém era menos doloroso que deixar de lado um amor.
- Não. – sorriu Frank, desviando seu olhar da escada já que a garota já não estava mais lá. – Vou fazer coisa melhor.
- O quê?
- Vou ficar com ela.
- Ela é realmente muito linda. – confessou Ray.
- O que você acha, Gee?
- Ela é bonita sim, porém é uma estúpida sem noção. – disse Gerard.
- Como pode implicar com uma garota como aquela? – perguntou Frank. – Ela parece ser interessante!
- Ela é irritante!
- Todo mundo virou irritante desde que a Lindsen morreu. – disse Ray.
- Ray, cala a boca, não é para tanto. – disse Bob.
- O Ray tem razão, depois da morte da Lin-Z, o Gee ficou muito chato. – disse Mikey. – E só pensa em trabalho, nunca mais saiu para se divertir, deve ser por isso que anda a maior parte do tempo mal humorado. – despejou.
- Não encham a paciência, vocês não sabem de porra nenhuma! – disse Gerard e foi para a sala de reuniões.
- Vocês pegaram pesado. – disse Frank.
- Já faz dois anos, ele tem que superar isso de uma vez por todas. – disse Bob.
- Eu ainda acho que alguém armou tudo aquilo para matar a Lin-Z. A perícia disse que os fios do freio haviam sido arrancados.
- Você também? O Gerard pensa a mesma coisa. – disse Mikey.
- Galera, já faz anos, vamos deixar isso para lá, não vai mais fazer a menor diferença... A Lindsen está morta! – disse Ray.
- Será que vocês poderiam vir terminar essa reunião?! – gritou Leonard da sala.
- É melhor nós irmos ou o velho vai ter um enfarte. – riu Bob e foi acompanhado pelos meninos.
Seguiram para a sala, cada um sentou-se nas cadeiras que estavam antes e então voltaram para o assunto que discutiam antes da chegada de .

Entrou em seu antigo quarto, continuava do mesmo jeito que há dois anos. Suas paredes eram brancas, apenas a em que sua cama estava encostada era lilás. O guardarroupa parecia bem cuidado, se não fosse por uns desenhos que havia pintado ali teria achado que seu pai havia comprado um novo. A mesinha de estudos, que mais servia para os momentos em que ela queria fazer seus desenhos, já que nunca gostou de estudar, continuava em baixo da janela. As persianas beges e seu abajur, tudo continuava lá, igualzinho, nada havia sido tirado, nem modificado, como se ela ainda vivesse ali, como se nunca houvesse fugido de casa.
Viu uma senhora de cabelos grisalhos que estava em pé a sua frente, porém de costas para ela, espanando seu abajur e porta retratos. Sorriu ao ver Marta, sentia muita falta dela. Resolveu fazer uma pequena traquinagem, o que sempre fazia com a governanta quando era menor. Aproximou-se vagarosamente, ficando bem perto dela, puxou ar e gritou:
- Oi, Marta!
A mulher deu um pulo e se virou, colocando a mão no coração. A ruiva começou a rir, logo as lágrimas desciam por seu rosto, a governanta lhe lançou um olhar de reprovação.
- Vamos lá, Marta, foi engraçado. – disse limpando as lágrimas. – Você tinha que ver a sua cara! – disse animada, a mulher então sorriu e a abraçou.
- Minha querida, estava morrendo de saudades. – disse Marta.
- Eu também. – confessou.
- Como está? – perguntou, afastando-se dela para poder observá-la melhor.
- Mais ou menos. – disse com um olhar triste e sentou-se em sua cama.
- O que houve, minha querida? – perguntou preocupada, sentando-se em frente à e segurando suas mãos.
- Sabe aquelas coisas que lhe contei sobre o Blake?
- Hum...
- Ele fugiu com uma garota e levou o dinheiro que eu ia pagar ao Drew.
- Você então fugiu da Suíça com medo desse tal de Drew te matar?
- Sim. – confessou pela primeira vez.
- De quanto precisa?
- Dez mil.
- Eu tenho umas economias, venho juntando desde que comecei a trabalhar aqui, não é muito, mas dá para pagar uma boa parte.
- Não precisa, Marta. Eu vou me virar para conseguir esse dinheiro...
- Chant, você está correndo perigo!
- Mas esse dinheiro é para casos de emergência.
- Esse é um caso de emergência, querida!
- Eu não posso aceitar. Eu vou conseguir arranjar esse dinheiro. – disse determinada, e sorriu para tentar demonstrar que estava tudo bem, que logo tudo iria se resolver, mas não era isso que ela sentia por dentro. Por dentro o medo a consumia aos poucos, medo por ela e pelas pessoas que estavam perto dela. Todos iriam acabar se machucando se não resolvesse isso rapidamente.
- Então, por que não pede ao seu pai?
- Ele não sabe que o Blake é um viciado, eu não posso contar!
- Mas vocês não estão mais juntos e você não pretende mais voltar com ele... Ou pretende?
- Claro que não! Faz tempo que eu já não amo o Blake.
- E por que continuou com ele?
- Não sei... – disse olhando para o espelho a sua frente e olhando confusa para a sua imagem, tentando decifrar o porquê de ter continuado com uma pessoa que não amava. Talvez fosse orgulho por ter fugido de casa e ter dito que nunca mais voltaria, ou medo de seu pai não lhe aceitar mais, só que com essa burrada feita acabou se ferrando feio e agora estava correndo perigo e fazendo todos a sua volta também correrem perigo. Talvez devesse fugir. Mas para onde? E com que dinheiro?
- Como vai pagar?
- O quê? – perguntou, saindo de seus pensamentos.
- Como vai pagar o que está devendo? – perguntou mais uma vez.
- Não sei... Vou pensar em algo.
- Tudo bem. – disse levantando-se. – Agora descanse, depois desfazemos suas malas.
- Certo! – sorriu.
Marta saiu do quarto e levantou-se, foi até sua mala de onde tirou uma roupa confortável. Depois entrou no banheiro, tomando uma ducha rápida.

18h00min

Depois da reunião toda a banda passou o resto do dia no estúdio resolvendo detalhes sobre seu novo CD.
- Vou subir para tirar esses tênis, estão me apertando. – avisou Frank subindo os primeiros degraus da escada.
- Frank, chama a , irei pedir que a Marta coloque o jantar na mesa. – pediu Leonard seguindo em direção à cozinha.
- Ok!
Subiu as escadas de dois em dois degraus, seguindo até seu quarto que ficava em frente ao de pelo o que Marta lhe disse pela tarde, quando ele conseguiu dar uma escapada da reunião para perguntar algumas coisas à governanta sobre . Ela parecia uma garota bem interessante, assim como atraente.
Suas malas ainda não haviam sido desfeitas, estavam em um canto do quarto da mesma forma que a deixara ali pela manhã, quando chegara à casa. Tirou seus tênis e os jogou em qualquer lugar, depois os guardaria... Ou não. Frank não era muito organizado, por isso sempre precisou contratar uma empregada, ou seu apartamento viraria um lixão. Você poderia encontrar de tudo por lá, de papéis antigos sobre shows a cartas de fãs. Foi até sua mala de onde tirou uns chinelos um tanto velhos e os calçou.
Foi então para o quarto de , deu três leves batidas, esperou, porém ninguém respondeu. Abriu a porta e entrou, as luzes estavam apagadas e as cortinas fechadas. Estava um tanto escuro. Aproximou-se da cama e viu a ruiva dormindo. Ela tinha um rosto calmo, gracioso e parecia sonhar com algo bom, notou isso pelo leve sorriso formado em seus lábios. Levou a mão até o rosto dela, um pouco hesitante, com as costas do dedo indicador tirou alguns fios de cabelo que estavam sobre o delicado rosto dela. A sua pele era macia e estava um pouco fria. Afastou rapidamente sua mão, quando a ruiva mexeu-se, dando as costas a ele.
Caminhou vagarosamente para fora do quarto tentando não fazer barulho, depois fechou a porta e desceu as escadas indo para a sala de jantar. Todos já estavam lá apenas o esperando. Puxou uma cadeira ao lado de Gerard e sentou-se.
- Onde está a ? – perguntou Leonard ao baixinho e faz sinal para que Marta colocasse o jantar a mesa.
- Dormindo. – respondeu Frank. – Achei melhor não acordá-la, sabe, ela parecia cansada da viagem. – explicou.
- Fez bem. – foi tudo o que disse antes de começar a falar sobre alguns assuntos de trabalho com a banda.

– CAPÍTULO QUATRO –
Unindo o útil ao agradável


Acordou e espreguiçou-se ainda de olhos fechados. Pensava que tudo fora apenas um sonho, até abrir os olhos e ver que estava enganada, tudo aquilo era realmente verdade. Por um lado, era bom, pois estava em casa e seu pai a tinha perdoado, mas, por outro, por mais que não amasse mais Blake, o que ele fez a havia magoado um pouco. A ruiva acreditava nele, acreditava em um pouco de seu amor, nunca pensou que o ex-namorado faria algo tão baixo, tão repugnante. Como ele pôde deixá-la correndo todo aquele perigo? Se Blake queria deixá-la, era só dizer que acabou e pronto! Cada um tomava seu rumo. Mas não, ele tinha que levar todo o dinheiro!
- Chega! Vou esquecer esse idiota! – Disse para o teto. – Vou tocar minha vida para frente e serei bem mais feliz.
Levantou-se. Iria começar seu dia com o pé direito, nada como um bom banho de piscina e tomar sol para que o dia fosse perfeito. Sentia falta da piscina de sua casa, a todo tempo sentira falta de qualquer mínimo detalhe daquela casa, afinal, havia sido criada ali. Calçou suas pantufas e caminhou até a janela, abrindo as cortinas, fazendo com que fortes raios de sol adentrassem seu quarto, estreitou um pouco os olhos até eles se acostumassem com aquela claridade. Quando foi possível aproximar-se sem que seus olhos se sentissem incomodados, abriu a janela e debruçou-se sobre a mesma, observando a piscina. A água era de um azul turquesa incrível, aquilo só a deixou com mais vontade de mergulhar. O quiosque estava da mesma forma que ela se lembrava, a churrasqueira no mesmo lugar e poucas flores pelo lugar, diferente do jardim da frente que era lotado. Tudo estava da mesma forma que antes.
Caminhou até suas malas, abrindo uma delas, suas roupas estavam totalmente desarrumadas, jogadas de qualquer forma e amassadas. Fez uma careta, odiava aquela bagunça. Sentou-se no chão e tirou-as da mala jogando da forma que estavam ao seu lado.
- Bom dia – disse Marta, entrando no quarto.
- Bom dia, Marta – sorriu.
- Deveria ter me chamado para que eu viesse lhe ajudar – disse a mulher aproximando-se, fechando a porta antes.
- Você deve ter muito o que fazer, pode deixar que eu dou um jeito nessa bagunça – disse, separando as roupas que estavam amassadas das que estavam apenas desdobradas.
- Eu tenho um tempinho livre até seu pai precisar de mim. – disse, sentando-se ao lado da garota.
- Ele já acordou? – perguntou, jogando mais uma blusa na pilha de roupas amassadas.
- Sim, está no escritório com os garotos.
- Hum...
- Daqui a pouco o Paul irá servir o café da manhã para eles.
- Nossa, que falta a comida do Paul fazia lá! E a sua também, Marta. Você não sabe o quanto eu estava sentindo falta daqui.
- Então deveria ter voltado.
- Eu pensava que ainda gostava do Blake e não poderia deixá-lo, além do mais, ele também abandonou tudo aqui por mim...
- E seu pai estava com raiva de você – completou.
- Isso! Fiquei com medo de que ele não me aceitasse mais.
- Seu pai te ama, . Todos os dias ele falava de você, se lembrava de alguma travessura sua de quando era pequena. Não tinha um dia em que ele não tocasse no seu nome, mesmo que fosse para dizer que sentia sua falta.
- Eu também sentia muito a falta dele – suspirou. – Não sabe o quanto é difícil esconder algo dele, não sabe o quanto me dói ter que fazer isso. Eu sempre contei tudo a ele, mas isso eu não posso, eu sei que meu pai vai direto à polícia e isso só vai piorar as coisas e colocá-lo em perigo, igual... – disse e parou sem conseguir pronunciar o nome dele. Não conseguia pronunciar o nome dele, aquilo fazia seu coração se despedaçar.
- A culpa não foi sua, – disse Marta, acariciando os ruivos cabelos da garota.
- Ele morreu por minha causa e eu nunca irei me perdoar por isso – disse, baixando a cabeça.
- Ei, você não poderia adivinhar que aquele cara ia atirar em você.
- Mas eu poderia não ter pedido que ele fosse comigo! – suspirou. – Se ele não tivesse ido, ele estaria aqui...
- Mas você, não.
- Eu sei! Mas seria melhor assim.
- Olha, vamos parar de conversar sobre isso – sorriu, tentando alegrar a garota. – Já aconteceu, não tem como voltar atrás – disse, colocando um ponto final no assunto. - Vamos arrumar isso aqui, está uma bagunça! - fez a garota rir.
Separam algumas roupas para lavar e passar, e as que sobraram arrumaram no guardarroupa. Em meio a tudo isso, conversaram, colocando o papo em dia, como nos velhos tempos. Marta sempre foi sua confidente, a mulher sempre soube de tudo o que a garota fez, sempre a aconselhava e sempre a apoiava. contava, também, várias coisas a Leonard, porém não tudo. Terminaram a arrumação, e a ruiva foi vestir seu biquíni, ele era preto com bolinhas brancas, de lacinho, um tanto pequeno, e por cima vestiu um vestidinho também preto.
Desceu as escadas, não havia ninguém na sala. Escutou algumas vozes vindas da varanda de trás, que dava para a piscina, dirigiu-se para lá e viu que seu pai e os rapazes já estavam tomando café da manhã.
- Bom dia, pessoas! – disse alegremente, passando pela porta e depositando um beijo na bochecha do pai.
- Bom dia, filha – disse Leonard.
- Bom dia, – disse Frank, sorrindo de uma forma encantadora.
- Oi, Frank - disse a ruiva, sentando-se na cadeira ao lado do rapaz, era o único lugar vazio – Então, vocês vão trabalhar hoje? – perguntou, colocando um pouco de suco no seu copo.
- Temos que ir à gravadora.
- Vivemos lá agora, por isso, resolvemos nos mudar para cá – explicou Mikey.
- Ensaios e mais ensaios, sem falar que ainda temos que resolver vários detalhes do novo Cd – disse Ray.
- Hum... Coitadinhos – disse , tomando um gole do seu suco. – Pai, o senhor não poderia liberá-los só por hoje? O dia está tão lindo e tão quente! – perguntou.
- Temos que ensaiar – disse Gerard.
- Ah, menos o Way, é claro – disse, encarando o rapaz e erguendo uma de suas sobrancelhas.
- Já vai começar a me torrar a paciência, garota?
- Vou! – sorriu. – É ótimo para começar o dia.
- Olha aqui...
- Parem de brigar! Temos muito trabalho! Terminem logo esse café! – disse Leonard, antes que uma terrível discussão começasse.
Assim que os rapazes terminaram o café da manhã se despediram de , menos Gerard, e foram para a gravadora. A ruiva passou o dia na piscina, se bronzeando. Na hora do almoço, Marta lhe fez companhia, assim como Paul, só havia os três na casa, então não tinha para que frescura.

O sol aos poucos ia baixando e parecia tocar levemente a água da piscina. A escuridão logo foi tomando conta da visão de , que estava usando seus óculos escuros. A ruiva permanecia ainda deitada na cadeira, tentando capturar os últimos raios de sol. Acabou desistindo de ficar ali, escorregou o óculos para o topo da cabeça, levando consigo algumas mechas que antes caíam levemente por seu fino rosto. Levantou-se da cadeira, pegando seu vestido que estava estendido na cadeira ao lado e o vestiu. Caminhou de volta a casa, não havia ninguém na sala, escutou apenas o barulho do liquidificador vindo da cozinha, Marta tinha prometido que faria para o jantar o suco favorito da ruiva, uma bela jarra de suco de abacaxi com menta.
Subiu as escadas de dois em dois degraus, como sempre fez quando criança, naquele momento ela não parecia uma mulher, estava mais para uma criança. Chegou ao quarto em meio a risadas ao pensar na criancice que havia acabado de cometer. Estava apenas matando a saudades de sua casa e lembrando-se de seus bons e antigos tempos de criança.
Foi até seu guardarroupa, que agora estava bem menor para a quantidade roupas que tinha. Viu que no cantinho, bem espremido, estavam suas antigas roupas da adolescência, seu pai conservara todas ali, como se soubesse que um dia ela voltaria. Só que o homem pensava que seria cedo e não que levaria dois anos para acontecer. Aquelas roupas, com certeza, não cabiam mais nela, já que agora tinha um corpo mais definido, com curvas de mulher.
Primeiro tomaria um banho e só depois pensaria no que fazer com aquelas roupas. Pegou um short jeans e uma camisa branca, com um decote em U descente, nada muito exagerado. Detestava coisas exageradas ou vulgares.

Saiu vestida do banheiro, enxugando os cabelos com a toalha, jogou-a em cima da cama e foi até o grande espelho que ocupava toda a parede do lado da porta do banheiro. Pegou um creme para cabelos molhados e passou para dar brilho e hidratá-lo, após passar todo o dia na piscina seria um crime se não passasse nada em seus cabelos. As pontas de seus dedos deslizavam facilmente por entre as mechas, o cheiro de rosas subia ao ar, pegou um pente que estava em cima da cama e passou, penteando o cabelo para trás e depois o repartiu, deixando sua franja jogada para o lado.
Observou sua imagem no espelho e sorriu, sua pele estava um pouco mais bronzeada, não tanto quanto ela gostaria, mas já era um começo. Não poderia exagerar assim novamente, mesmo usando protetor solar era perigoso, aquele dia foi apenas uma exceção para matar as saudades. Escutou batidas na porta.
- Pode entrar – disse, enquanto recolhia sua toalha. Viu Frank entrar, usava a mesma roupa que de manhã.
- Oi, – disse o moreno, aproximando-se.
- Oi, Frank – sorriu. Não havia notado pela manhã, mas ele estava incrivelmente atraente com aquela calça jeans preta, uma blusa branca com alguns desenhos estranhos e calçava um all star de mesma cor que a calça. Frank era um cara que fazia bem seu tipo, não sabia o porquê, mas os roqueiros chamavam-lhe muito a atenção.
- Vai jantar?
- Claro! – respondeu. - Preciso só estender isso – disse, mostrando a toalha.
- Certo.
Entrou no banheiro, estendeu a toalha no box e guardou o pente em cima da pia, depois passou um pouquinho de perfume e, para finalizar, passou brilho em seus lábios, agora que estava um pouco bronzeada aquele brilho iria ressaltar seus lábios e isso sempre atraia os homens.
Havia prometido a si mesma que não acreditaria mais em homem algum, porém, não tinha prometido que deixaria de ficar com eles. Tinha uma pontada de esperança que Frank fosse diferente, estava interessada nele. Sabia que ainda era muito cedo para estar querendo ficar com o moreno, ainda nem se conheciam direito! Mas desde o momento em que o viu, sentiu uma enorme atração, o rapaz era lindo, lindo era pouco... Ele era muito gostoso. Qualquer mulher em sã consciência ficaria doidinha pelo baixinho.
A altura não era nada, pois Frank era da mesma estatura que ela, então não tinha problema.
Seria exagero da parte dela se pensasse que estava apaixonada, aí, sim, poderiam interná-la em um manicômio, mas sentir atração não era nada, ainda mais depois do que ela passou. Precisava apenas de carinho, estava vulnerável e queria mostrar a todos que poderia sobreviver sem Blake, que já estava partindo para outra, queria mostrar que aquele homem que a abandonou não foi nada para ela, mas lá no fundo sabia que ele havia sido sim algo e muito forte em sua vida.
Pensando um pouco sobre aquilo, na atitude que queria tomar, a ruiva estava praticamente usando Frank, mas tinha certeza de que ele gostaria tanto quanto ela do que iria acontecer, viu como ele a olhava logo quando chegou.
“Então, que tal unir o útil ao agradável?”, pensando nisso, voltou para o quarto, o baixinho continuava lá, agora encostado na parede observando todo o lugar.
- Estou pronta – sorriu, aproximando-se – Vamos?
- Ah, sim! – disse, voltando sua atenção à garota e retribuindo o sorriso.
Saíram do quarto caminhando pelo corredor em direção às escadas. viu o quadro que havia feito quando tinha apenas sete anos e dado a Leonard. Seu pai havia feito-lhe uma grande surpresa emoldurando o quadro e o pondo na parede. Aquele dia deixara a garotinha super feliz, só quem não tinha gostado muito foi sua mãe, que ficou reclamando, dizendo que aquilo não combinava com a decoração nova que ela havia feito.
- Ei, Frank – disse, colocando a mão no braço do moreno, ele parou imediatamente ao seu lado. – Está vendo aquele quadro ali? – perguntou, apontando.
- Sim, é um quadro abstrato, não?
- Acho que sim! – riu. Nunca havia pensado naquilo, mas com sete anos ela nem sabia o que era aquilo. – Fui eu que fiz – disse, virando seu rosto para ele, só então percebendo que estavam muito próximos.
- Belo quadro – disse, olhando dos lábios dela para seus olhos.
- Obrigada – sussurrou. Sentiu um frio subir por sua barriga ao perceber que ele estava se aproximando, sua mão já estava a meio caminho do rosto da ruiva...
- Finalmente! – disse Gerard, aparecendo na escada. Os dois na mesma hora afastaram-se – Será que vocês podem vir jantar? Nós só estamos esperando vocês!
- Ai, Way! Você é tão irritante! – disse, passando pelo rapaz, mal humorada por ele ter estragado tudo, não havia planejado que aquilo acontecesse, queria que acontecesse, queria ver se Frank era tão bom como aparentava. Jogou o cabelo para o lado, fazendo bater violentamente no rosto de Gerard.
Desceu pisando duro, indo até a sala de jantar, onde todos estavam reunidos, conversando, puxou uma cadeira ao lado de Ray e sentou-se. Agora que Frank sabia - pelo menos era o que ela achava - daria uma de difícil, assim o jogo ficaria mais interessante. Adorava jogos, só esperava não se magoar e nem acabar magoando ninguém.
Quando terminou o jantar, ela voltou para seu quarto, estava cansada. Ter tomado sol o dia todo a deixou com sono. Deitou-se em sua cama, anotando mentalmente que teria que limpar seu guardarroupa no dia seguinte.

– CAPÍTULO CINCO –
Maldito Way!


- Bom dia, querida – disse Marta abrindo as cortinas, deixando com que o sol invadisse o aposento, alcançando a cama de uma sonolenta .
- Bom dia, Marta – disse em meio a um bocejo.
- Vamos, querida, levante-se, você tem que aproveitar o dia, ele está da forma que você gosta – sorriu docemente.
- Muito sol? – perguntou, sentando-se.
- Bastante! – confirmou. – Quer que eu traga seu café da manhã? – perguntou, dirigindo-se à porta.
- Meu pai ainda está aqui?
- Não, já saiu com os meninos para a gravadora.
- Então, pode trazer.
- Certo.
A mulher saiu, deixando a porta um pouco aberta, para que quando voltasse com a bandeja não fosse difícil de abrir.
Sentou-se, colocando os pés para fora da cama e procurando suas sandálias pelo tapete, enquanto observava a janela e constatava que realmente o dia estava muito ensolarado. Talvez tomasse apenas um pouco de sol e depois saísse para dar uma volta na cidade, é claro, depois de “sequestrar” o BMW de seu pai. Aquele carro era totalmente perfeito! Encontrou as sandálias embaixo da cama e as calçou. Caminhou até a janela, abrindo-a, deixando que o vento entrasse e o lugar não ficasse tão quente como estava naquele momento. Debruçou-se para observar o jardim, adorava ficar ali logo quando acordava, era ótimo relembrar de toda a sua infância.

Frank estava à procura de Marta para que ela passasse uma blusa sua que usaria para ir à gravadora e depois a uma entrevista. Só não fazia sozinho porque da última vez que tentara acabara queimando a blusa, fazendo um rombo enorme nela, e era a sua favorita! Nunca iria se perdoar pelo o que havia feito.
O resto da banda acabou se cansando de esperar Frank e acabou indo na frente, deixando o moreno com a BMW de Leonard. Eles usaram a mini van, assim dava todo mundo.
Foi até a cozinha, à procura de Marta, e não a encontrou, mas Paul disse que a mulher fora acordar , achou aquela uma ótima oportunidade para ver a ruiva. Parecia cedo para aquele tipo de sentimentos, mas realmente não havia parado nem um só minuto de pensar nela, havia chamado sua atenção como nenhuma outra faria.
Seus pés foram apenas o guiando enquanto ficava em seus pensamentos, e, sem notar, chegou à frente do quarto de , só então despertou.
A porta estava entreaberta, empurrou somente um pouco, dando de cara com a garota vestindo apenas uma camisola rosa de alças finas. Parecia que apenas com um toque aquelas alças poderiam rasgar de tão delicadas que eram. A pele de estava totalmente exposta, uma pele bronzeada, perfeita, linda e macia... Sentiu um imenso desejo de poder tocá-la para ver se era realmente tudo aquilo que ele estava pensando, por um segundo se imaginou a beijando, e então acariciando as costas dela, tendo contato com aquela pele, sentindo-a mais perto, sentindo seu cheiro... Balançou a cabeça negativamente, voltando à realidade e voltando a observar a garota.
A camisola deveria bater um pouco a cima do joelho, não tinha certeza, pois estava debruçada sobre a janela e a camisola ficava um pouco mais curta do que deveria. Não sabe por quanto tempo ficou observando toda aquela beleza, mas escutou um barulho e logo em seguida alguém cutucando suas costas. Virou-se, assustado por ter sido pego no flagra, viu que era Marta segurando uma bandeja nas mãos. Ela não parecia irritada com Frank, já que sorria.
- Deixe-me passar essa blusa para você – disse a mulher, pegando a blusa da mão do moreno. – Entregue isso a ela – disse, colocando a bandeja nas mãos do rapaz. – Tem tudo o que ela gosta – disse, e sem mais nada, saiu.
Ficou por alguns segundos olhando para a bandeja em suas mãos, sem entender por que Marta havia feito aquilo ao invés de reclamar com ele por estar espiando apenas de camisola. Sabia que a mulher tinha ciúmes da garota, pois a tratava como uma filha, já escutou várias histórias que Leonard contara sobre os ciúmes de Marta. Teve uma vez em que um garoto chegou perguntando sobre “a gostosa da ”, a mulher quase meteu a vassoura na cabeça do pobre garoto, quase o mandou embora. Se não houvesse chegado, após escutar a gritaria, talvez o rapaz tivesse sido morto.
- Hum... Com licença, – disse Frank, empurrando um pouco mais a porta.

O céu estava tão encantador aquele dia, que acabou perdendo-se em pensamentos enquanto observava cada pedacinho dele, aquele dia lembrava-lhe vários outros, tanto de sua infância, como de sua adolescência. Era incrível como o tempo passava tão rápido, foi ainda um dia desses que ela havia completado seus tão esperados dezesseis anos, e agora estava ali com vinte e dois.
- Hum... Com licença, – disse uma voz masculina, um tanto distante e conhecida. Sorriu ao lembrar-se instantaneamente de quem era aquela voz, ele parecia um pouco nervoso, só precisava escutar a voz cortante que sabia daquilo.
Virou-se lentamente, sem tirar o sorriso do rosto, e encostou-se a janela, apoiando seus cotovelos nela. Ele estava realmente lindo com aquela blusa preta e a calça jeans um tanto grudada no corpo, ficou realmente deliciada com aquela cena. Realmente nunca havia encontrado um cara tão sexy como Frank! Tudo bem! Havia encontrado, sim! Ela não ficava com homens feios e tal, mas Frank, o que era aquilo? Ele era totalmente anormal de tão sexy! Era impossível que uma pessoa pudesse ser assim!
- Não era a Marta que deveria trazer isso? – perguntou , indicando a bandeja com um aceno de cabeça.
- Hum... Era sim, mas... – disse observando a bandeja. - Eu resolvi trazer – disse, por fim, encarando novamente.
- Obrigada, Frank.
Desencostou-se da janela e, ainda sorrindo, caminhou até sua cama, onde se sentou e fez sinal para que o rapaz entrasse de uma vez em seu quarto. Este se aproximou da ruiva, colocando a bandeja em cima da cama, na sua frente, sem perder a oportunidade de dar uma última olhada nas pernas dela.
- Se for olhar, faça o favor de ser, pelo menos, discreto – riu e tomou um pouco do seu suco de laranja.
- Belas pernas – sorriu encantadoramente. Era nessa hora que ela deveria ter ficado irritada, o rapaz estava olhando para suas pernas na maior cara de pau e ainda confessava, mas aquele sorriso... Não tinha como ficar com raiva com aquele sorriso, era tão lindo, tão confiante... Poderia definir Frank com uma só palavra: Incrível!
- Obrigada.
- Então, o que vai fazer hoje? – perguntou para puxar assunto.
- Tomar sol e, quem sabe, fazer umas comprinhas?
- Eu estou com o carro de seu pai, se quiser, eu posso te deixar no shopping – propôs, fazendo a garota abrir um belo sorriso.
- Hum... Acho que eu tenho uma ideia bem melhor.
- E qual seria?
- Eu te levo para o estúdio e você me deixa com o carro.
- Você resolve isso com seu pai quando chegarmos ao estúdio.
- Ele vai me deixar ficar com o carro, então eu não preciso perder tempo com isso!
- Não, nem pensar, o carro está sobre a minha responsabilidade, se acontecer alguma coisa vai sobrar tudo para mim.
- Está dizendo que eu dirijo mal? – perguntou, estreitando os olhos. Não estava com raiva apenas queria aperrear o rapaz, sabia que aquilo era um tanto infantil, mas não podia perder aquela chance.
- Não, em nenhum momento eu mencionei isso – disse rapidamente – Eu só acho... Que é melhor falar com seu pai, sabe, para que se algo de errado ocorrer, coisa que não vai acontecer, aí seu pai não vai ficar com ódio de mim e... – disse, passou a mão pela nunca, nervoso, à procura das palavras certas para não irritar a ruiva. Isso fez com que começasse a rir, deixando Frank confuso.
- Relaxa! Eu estava brincando! – gargalhou.
- Brincando? – riu.
- Isso mesmo! – confirmou – Toma café da manhã comigo – pediu. – A Marta sempre coloca comida de mais, eu não como nem a metade dessas coisas!
- Claro – disse, sentando-se ao lado da ruiva.
Havia tomado café da manhã mais cedo com os amigos, já estava cheio, mas quem se importava? Não iria perder a oportunidade de passar mais tempo com . O que mais gostava dela, além do corpo sexy, era o sorriso, por ser sincero, além de muito bonito.
Ficaram um bom tempo conversando sobre coisas inúteis, como quando Leonard conheceu os meninos e como foi isso, como foi o primeiro show do My Chemical e como tudo começou. Falaram apenas da banda, nada mais que isso. Quando Frank fazia alguma pergunta sobre o passado de , ela mudava de assunto, por não querer mais se lembrar de tudo pelo qual já passou, queria virar a página e esquecer tudo o que aconteceu quando Blake ainda estava em sua vida, sobre todo o sacrifício que cometera para ficar com ele, sobre tudo o que perdera por culpa dele!
De repente, o celular de Frank começou a tocar, enquanto ele estava no meio de uma piada. Eles já haviam terminado seu café da manhã e estava apenas conversando. nunca se divertira tanto como estava naquele momento, estava rindo como nunca das piadas de Frank.
- Desculpa, mas eu preciso atender – disse o moreno, olhando no visor de seu celular e vendo o nome de Gerard piscar nele.
- Tudo bem – disse, fazendo sinal – Sem problemas, depois você termina a piada – disse, levantando-se. – Enquanto isso, vou me arrumar.

Frank amaldiçoou mentalmente Gerard por, mais uma vez, ter estragado seu momento com . Demorou apenas mais um pouco para atender, pois sabia que isso irritava o amigo, enquanto isso ficou observando a bela cena de olhando o guardarroupa enquanto se decidia que roupa vestir. Aquela visão estava incrível, ela de costas era muito bonita, principalmente quando se podia observar bem a bunda durinha e perfeita da ruiva. Por fim, decidiu atender, aquele barulho do celular já estava incomodando. Atendeu-o continuando a observar .
- O que você quer? – perguntou Frank, demonstrando raiva.
- Onde você se meteu?! – gritou Gerard.
- Estou com a – explicou calmo e sorrindo para a ruiva, que se virou ao escutar seu nome.
- Quem é? – perguntou , aproximando-se, segurando o que parecia ser uma saia jeans e uma blusa azul claro.
- Gerard – respondeu.
- O que é, Frank? Está falando com aquela garota? – perguntou ainda mais mal humorado. Ele parecia realmente não gostar da ruiva, Frank não via motivo algum, ela além de ser linda era muito simpática.
- Sim
- Me empresta aqui – pediu , pegando o celular da mão de Frank.
- Olha lá o que eu você vai fazer.
- Eu não vou fazer nada demais – sorriu.
- Ele não está de bom humor – alertou.
- E quando ele está? – riu e fez o moreno rir e balançar a cabeça negativamente.

- Oi, Way – disse a ruiva com um sorriso malvado nos lábios. Olhou para Frank, este prendia a risada e balançava a cabeça negativamente. Piscou o olho para ele.
- O que é? Passa para o Frank!
- Olha lá como fala comigo! – reclamou
- Vá se ferrar, garota!
- Vá você, seu idiota!
- Pare de atrapalhar o Frank, ele precisa vir trabalhar!
- Eu não estou atrapalhando ele! Diferente de você, o Frank tem educação e está me fazendo companhia!
- Ah, não trate ele como seu bichinho de estimação! Sua mimada!
- Mimada? – riu – Seu idiota! Vá se foder! – disse irritada.
- Já chega – disse Frank, levantando-se e tomando o celular da ruiva. – Vá se arrumar, eu falo com ele.
Balançou a cabeça positivamente e caminhou até o banheiro pisando duros, bateu a porta com força, muito irritada com Gerard. Como ele se atrevia a chamá-la de mimada? Ele não sabia de nada!
Naquele momento, estava precisando de um banho gelado para ver se sua cabeça esfriava. Aquele cara lhe tirava do serio, era difícil de irritar , precisava de muito para isso, mas Gerard tinha o dom de conseguir irritá-la de uma forma que ninguém mais conseguia.
Colocou sua roupa pendurada e foi ligar o chuveiro, colocando na água fria, permitiu que a água caísse enquanto despia-se, após isto entrou em baixo do chuveiro e constatou que a água estava muito gelada, deu alguns pulinhos para tentar aliviar aquela sensação de pregos entrando por todo seu corpo, aos poucos ele foi se acostumando e não era mais tão torturante estar ali embaixo.

Desligou o celular, após levar muitos gritos de Gerard, e sentou-se na cama esperando por . Sabia que ela duraria horas no banheiro, afinal de contas, toda mulher é assim. Encostou-se ao espelho da cama, colocando os pés logo em cima da mesma, pegou seu celular e começou a jogar os joguinhos que tinham nele, sempre fazia isso quando ia para algumas reuniões de Leonard, que eram demoradas e chatas, mas sempre era pego por Gerard e sempre levava um sermão. Se fosse há algum tempo atrás o amigo se juntaria a essa bagunça, mas agora as coisas mudaram e seu grande amigo era sério e quase nunca sorria.
- Olha só como ele é folgado – disse uma doce voz feminina. Levantou os olhos e a viu fora do banheiro vestindo uma saia jeans curta, não bastante para se tornar vulgar, apenas o suficiente para se tornar sexy e uma blusa de alcinha azul claro, esta incrivelmente linda. Os cabelos caiam em camadas, molhados, pelos ombros da ruiva. – Frank – chamou – Terra para Frank – disse a garota, estalando os dedos.
- Er... Oi.
- Para de me olhar com essa cara, vai! – riu.
- Você está muito linda – disse, levantando-se.
- Obrigada. – sorriu. Pegou uma sandália confortável e calçou. – Estou pronta!
- Então, vamos? – ficou ao lado dela, oferecendo o braço.
- Ai, Frank, para com isso – riu passando pela porta.
- Eu não entendo! Vocês, garotas, reclamam por nós, homens, não sermos cavalheiros e, quando somos, você riem das nossas caras. – disse confuso, correndo para alcançar a ruiva que já ia mais a frente.
- Vamos dizer que, às vezes, vocês exageram demais. - explicou
- Como assim?
- Vamos fazer o seguinte... – disse, parando e virando-se para ele – Apenas seja como você, está bem?
- Certo.
- Ótimo, agora, vamos. – disse, voltando a andar.

Gravadora

- Bom dia, pessoas que me amam! – disse , entrando na sala de reuniões, onde estavam os rapazes do MCR e seu pai – Tirando você, Way – falou, virando-se para Gerard, que fechou a cara assim que a viu.
- Bom dia, filha – disse Leonard, levantando-se e indo até a ruiva, então depositou-lhe um beijo na testa.
- Oi, papai – sorriu.
- Finalmente você chegou, Frank! – disse Gerard.
- Ah, cala a boca, Way! – disse irritada – O Frank estava comigo...
- Então a culpa é sua dele ter se atrasado...
- Veio perceber agora? Além de ser idiota é retardado, o bichinho – disse, o que fez todo mundo rir.
- Vai embora, vai! Para de me amolar! Já que você não trabalha, deixe os outros trabalharem, sua mimada!
- Way, eu juro que vou bater em você! – disse alterando a voz. – Pare de me chamar de mimada!
- Ok, já chega! – disse Leonard segurando a filha, ele sabia muito bem do que ela era capaz de fazer quando estava naquele estado. – Querida, precisamos trabalhar – disse, virando o rosto da ruiva para ele.
- Certo! Eu vou para o shopping, quero fazer algumas compras...
- E ainda diz que não é filhinha de papai – resmungou Gerard.
- Way, eu vou te bater! – disse, avançando no moreno; por sorte, Leonard estava segurando-a.
- Não consegue se soltar do papaizinho? – zombou.
- Gerard, pare! – ordenou Leonard – Ou eu a deixo bater em você. – ameaçou.
- Ok, parei. – disse, voltando a folhear uma revista em que havia uma entrevista do grupo falando sobre o novo CD.
- , não liga para ele, não – disse Mikey – O Gerard é assim, meio mal humorado, mas no fundo é uma boa pessoa.
- Duvido! – resmungou a garota, soltando-se do pai, bem mais calma – Só se for lá no fundo mesmo, bem enterrado em algum lugar muito obscuro!
- Vá para o shopping e divirta-se, depois eu vou lhe buscar para almoçarmos. – disse Leonard.
- Ah, não precisa, paizinho – sorriu.
- O que você quer?
- Eu queria o seu carrinho, sabe como é, assim você não precisa ter que sair daqui para me pegar. – disse toda meiga.
- Eu não sei não...
- Pai, eu dirijo bem, você sabe disso...
- Mulher no volante, perigo constante – tossiu Gerard.
- Vá se foder, seu veado, infeliz! – gritou e, desta vez, ninguém a segurou, ela foi para cima de Gerard e deu-lhe um belo de um arranhão no braço, fazendo sangrar.
- Porra, garota, olha o que você fez! – disse, pegando um pedaço de papel e colocando em cima do corte.
- Da próxima vez será um soco bem no seu narizinho de mocinha! – disse orgulhosa de si mesma. – Agora, pai, vai me emprestar o carro ou não? – perguntou, virando-se para o homem.
- Tudo bem. – disse, jogando as chaves para a garota – Agora, se estiver arranhado ou amassado... O dinheiro do conserto sai da sua mesada. – avisou.
- Obrigada. – abraçou o homem e foi até Frank - Obrigada por me trazer. – disse e depositou um beijo na bochecha dele.
Deu um breve “tchauzinho” antes de sair da sala com um radiante sorriso. Caminhou até fora do estúdio balançando as chaves entre os dedos. Desativou o alarme e entrou no automóvel.
- Finalmente! – sorriu, ligando o carro. – Shopping, aí vou eu!

– CAPÍTULO SEIS –
Recomeçando


Duas semanas se passaram desde então. Frank e estavam mais próximos, agora já não se via mais Frank sem ou vice-versa. As brigas entre a ruiva e Gerard só aumentaram, não tinha um segundo sequer, quando estavam em um mesmo ambiente, que não brigassem. Todos até já tinham se acostumado com isso, e quando não acontecia ficavam até espantados, mas isso não durava por muito tempo.

saiu pela manhã para fazer compras, seu pai havia pedido que ela fosse à gravadora, pois precisava falar com a garota.
O táxi parou em frente ao grande prédio, onde era o estúdio. Pagou ao motorista e desceu com algumas sacolas na mão. Naquela manhã, havia conseguido achar tudo o que queria, tinha até comprado uns presentinhos para os meninos, até mesmo para Gerard Way, quando a conta do seu cartão de credito chegasse, seu pai teria uma pequena surpresa. Mas era culpa dele não liberar Frank para passar nem que fosse um dia com ela, assim a ruiva não ficava entediada em casa, e não acabava indo ao shopping fazer compras para se divertir um pouco. Mas e os amigos que, antes, ela tinha naquela cidade? Todos se mudaram para estudar em outros países ou estados, e outros simplesmente estavam se drogando pelas ruas de Newark. Adentrou o prédio, indo até o balcão da secretária.
- Miranda, meu pai está aí? – perguntou a ruiva, deslizando os óculos de sol para a cabeça.
- Oi, , está na sala de ensaios. – disse a mulher, sorrindo.
- Obrigada.
Entrou no corredor onde havia várias portas, cada uma tinha uma placa indicando o lugar. Foi até o fim do corredor, onde havia uma placa prata que indicava “Sala de Ensaios”. Do lado de fora da sala não dava para escutar nenhum barulho, que dentro deveria estar estrondoso, pois as paredes eram grossas e continham umas almofadas anti-som. Entrou na sala e viu seu pai sentado em um sofá, observando os rapazes ensaiarem, o som não estava nem tão alto assim como ela imaginava.
Foi até o homem e sentou-se ao seu lado, depositando as sacolas no chão, aos seus pés, só então todos perceberam sua presença. Frank sorriu para ela, e a garota jogou um beijo para ele, que abriu ainda mais o sorriso e piscou para a ruiva, enquanto Gerard revirava os olhos e fechava a cara, a fingiu nem notar e depositou um beijo na bochecha do pai. Uma forma de ignorar Gerard Way.
Encerraram “Famous Last Words”. Frank deixou a guitarra de lado e foi até , sentando-se em seu colo, como se fosse um garotinho. Os dois estavam tão amigos a ponto de um sentar no colo do outro ou apenas ficarem abraçados... Será que aquilo era só amizade mesmo?
- Comprou muita coisa, bonitinha? – perguntou Frank, depositando um beijo na bochecha dela.
- Comprei – sorriu. – Ah, comprei uma coisa para você usar no show de hoje – lembrou-se e esticou um pouco para pegar uma pequena sacola branca que estava no chão e entregar a ele.
- Hum... Vamos ver – disse, abrindo a sacola, curioso. Tirou de lá uma luva vermelha com listras pretas, bem a cara do moreno. – Obrigado, linda – disse e deu mais um beijo na bochecha da ruiva.
- Que bom – sorriu. – Agora saia do meu colo, que você pesa – disse, o empurrando.
- Ah, mas estava tão bom! – disse, fazendo uma carinha de cachorro pidão. - Nem vem, mocinho, não é você que está sentindo o peso – riu.
- Tudo bem! – disse, levantando-se. – Então, vamos mudar de lugar – disse, puxando a ruiva, fazendo-a ficar em pé e sentou-se no lugar dela. – Agora, você...
- Ei, assim não vale! – disse, colocando as mãos na cintura e batendo o pé.
- Você não me deixou terminar! – disse, puxando-a pela cintura, fazendo-a sentar-se em seu colo. – Melhor assim? – perguntou, sorrindo.
- Bem melhor – depositou um beijo na bochecha dele. – Crianças, façam uma filinha, que a mamãe trouxe presentes – brincou.
- O papai também ganhou presente! – sorriu Frank, mostrando a luva já em sua mão.
- Quem disse que você é o pai?
- Você me traiu? – perguntou Frank, fazendo cara de tristeza misturado com surpresa. – Eles não são meus filhos? Esses monstrinhos não são meus? OH MY GOD! – disse, fingindo que começaria a chorar.
- Vocês são tão idiotas! – riu Ray.
- Nem enche! – riu Frank.
- Idiotas mesmo – disse Gerard, revirando os olhos.
- Ei, seu mané, vai se ferrar e não se meta onde não foi chamado! – disse , encarando Gerard furiosamente.
- Ah, qual é? Deixa de implicância comigo, garota! O Ray também te chamou de idiota...
- Mas foi a FORMA como você me chamou, o Ray estava brincando!
- Sabe de uma coisa... É melhor eu ficar quieto!
- Ótimo, Way, você vai fazer um bem para o mundo fechando essa sua boca!
- Hey, hey, já chega – disse Mikey. – Eu quero meu presente.
- Certo – disse, voltando sua atenção para seus amigos.
Entregou uma sacola para cada um, até mesmo para Gerard, que ficou até um pouco sem graça de receber depois da discussão. Ray e Gerard ganharam uma blusa, Bob um piercing novo – preto com vermelho -, Mikey uma corrente nova para o baixo, era preta com várias iniciais “MCR” em vermelho espalhadas pela corrente. Todos agradeceram.
- Ah... , essa blusa é pequena – disse Gerard, meio sem jeito.
- Esqueci que você era gordo – disse a ruiva, erguendo uma sobrancelha.
- Eu não sou gordo!
- “P” é para pessoas magras.
- Eu sou forte, tenho ombros largos...
- Então, vá na loja e troque! – disse, sem dar muita importância a ele. – Continue, Frank – disse, voltando a dar atenção ao moreno.
- Garota, você é muito chata! – disse Gerard, dando as costas a ruiva.
- Você que é um idiota, mal educado – disse, levantando-se do colo de Frank, irritada.
- Garanto que tenho mais educação do que você! – virou-se para ela novamente.
- Nem parece... Para você que não sabe quando se ganha um presente, mesmo que não goste, deve-se agradecer. – aproximou-se mais, perigosamente, de Gerard.
- Eu já agrad...
- Cala a boca! – disse, colocando a mão na frente do rosto dele. – Eu não terminei...
- Não me mande calar a boca! – disse, alterado. – Minha mãe nunca me mandou calar a boca, não é uma garota riquinha e mimada que vai fazer isso agora!
- Eu não sou mimada! Posso ter dinheiro, mas não sou mimada!
- Dá para ver o quanto não é mimada. – disse ironicamente. – Qualquer coisa que acontece, vai correndo para o papai, e se ele não fizer do jeito que você quer, você fica fazendo birra, igual a uma criancinha de três anos.
- Não fale do que não sabe!
- Ah, eu sei, eu te vi fazendo birra só por que ele ainda não comprou seu carro.
- Eu preciso de um carro, se você ainda não notou, não posso ficar andando direto de táxi.
- Claro, mimadinha.
- É melhor ser mimada do que gay! – disse irritada.
- Eu não sou gay! De onde tirou isso?
- Vi alguns vídeos seus agarrando o Frank no meio do show e o beijando, fiquei realmente chocada com isso. – disse, erguendo uma das sobrancelhas e sorrindo vitoriosamente.
- , eu não sou gay – foi dizendo logo Frank, levantando-se e ficando ao lado da ruiva.
- Eu sei, querido – disse, virando o rosto para ele e lhe dando um rápido selinho. O baixinho ficou um tanto impressionado com a repentina atitude da garota, não pôde deixar de ficar com a boca aberta, olhando para a ruiva de uma forma boba, esta nem percebeu, pois sua atenção já estava novamente em Gerard. – Agora, seu amigo, eu já não sei!
- Eu não sou gay! – disse Gerard.
- É? Quem me garante isso?!
- Cale a sua boca, sua... – gritou, parecendo que ia avançar na garota. Mikey, Bob e Ray prenderam a respiração, apenas esperando pelo momento em que seu amigo fizesse alguma besteira.
- Não se atreva, Gerard! – disse Frank, indo para frente da ruiva, que estava assustada com a repentina agressividade do Way.
- Já acabaram com a briga? – perguntou Leonard, nem um pouco abalado com a atitude de Gerard com sua filha, afinal, ele sabia que o rapaz não faria nada, por mais que tivesse mudado muito desde o trágico acidente. O homem apenas olhava impaciente de para Gerard.
- Já! – disseram e Gerard juntos, se olhando com fúria, parecendo que iriam se matar a qualquer momento.
- Ótimo, será que podemos ir almoçar? – disse, olhando para seu relógio de pulso.
- Claro, eu estou morrendo de fome, andei muito para achar essas coisas – disse, desviando seu olhar para seu pai e sorrindo docemente.
- Vamos, tem um restaurante aqui perto.

O restaurante ficava na esquina, então não precisavam ir de carro. Por todo o caminho, Frank lançava olhares para , que de vez enquanto pegava o rapaz no flagra e sorria. Ele ainda estava sem acreditar que aquilo estivesse acontecendo, tudo bem, ele queria ficar com , sabia que conseguiria, mas, agora que conseguiu, estava surpreso, talvez fosse a atitude repentina da garota que o deixou assim, passou tanto tempo apenas na amizade, que agora que conseguiu... Não conseguia acreditar.
“Frank, ela lhe deu apenas um selinho, isso não quer dizer nada!” dizia uma voz em sua cabeça.
“Mas toda vez que você tentava avançar, ela sempre lhe impedia, dizendo que ainda estavam se conhecendo e agora ELA avançou, então isso já quer dizer algo!” dizia uma outra voz.
“Espere mais um pouco!”
“Não espere mais! Faça algo, seu covarde!”
- Frank, Frank – chamou Ray.
- Hã? O que foi? – perguntou o moreno, voltando a si.
- O que você vai beber?
- Essa nem precisa perguntar – disse Bob.
- Coca-cola – disseram Ray, Bob e Frank em coro, e logo começaram a rir, o garçom olhou para eles com uma cara de “gente maluca” e saiu, após anotar os pedidos.

- O que o senhor queria falar comigo, pai? – perguntou , que estava sentada entre Frank e Leonard.
- Falei com o Ralf, ele vai conversar com os professores da faculdade e vai passar suas notas para eles...
- Então eu posso voltar a estudar?
- Sim, pode! – sorriu.
- Ai, pai, obrigada – abraçou o homem. – Não sei o que faria sem você!
- De nada, querida.
- Hum... . – chamou Frank baixo.
- Oi, Fran. – disse, virando-se para o moreno, sorrindo e mantendo o mesmo tom de voz dele. – O que foi?
- Sobre o selinho que vo...
- Não gostou? – perguntou, aproximando mais o seu rosto do dele.
- Gostei, mas eu queria saber...
- Se estamos ficando? – perguntou e deu uma leve mordida no lábio inferior dele, e logo em seguida um selinho. – Isso te responde?
- Sim!
- Resolvi lhe dar uma chance, já nos conhecemos o bastante!
- Finalmente! – disse e passou a mão pela nuca dela, e a puxou de encontro aos seus lábios, a beijando ardentemente, com urgência.
- Ei, ei, se quiserem se beijar vão para outro lugar! – disse Leonard, não estava muito a fim de ver sua filha se agarrando com Frank na sua frente.
- Ah, papai, deixa de ser ciumento – riu, o homem apenas virou a cara, fazendo todos da mesa rirem.

Chegaram em casa no fim da tarde apenas para se aprontarem para o show. Cada um foi para seu quarto. estava em sua cama, deitada assistindo um de seus seriados favoritos “Dirty sexy money”, vestia uma roupa confortável para ficar em casa, estava bem aconchegada em sua cama.
- Ei, menina, já está pronta? – perguntou Frank, entrando no quarto.
- Não. – disse, olhando para a televisão e comendo pipoca.
- Todos já estão prontos! – disse, indo até a ruiva e deitando-se sobre ela.
- Ai, seu chato, sai de cima de mim! Eu não consigo ver! – riu, sentindo-o beijar seu pescoço.
- Eu não! Aqui está muito bom!
- Frankie! – disse, empurrando-o. – Você é um tarado! – riu, fazendo menção de se levantar, porém o garoto a puxou, fazendo-a cair deitada na cama novamente.
- Você bem não gosta disso. – riu, e subiu na garota, segurando seus pulsos sobre a cabeça.
- Sabe, isso era para ser segredo!
- Mas não é! – disse e deu um leve beijo nos lábios dela.
- Frank... – disse Mikey, entrando no quarto – Por Deus, fechem a porta do quarto quando quiserem fazer isso – disse, tampando os olhos com as mãos, o que fez e Frank rirem.
- Deixa de pantim, Mikes – disse Ray, aparecendo no quarto. – Eles ainda estão vestidos – disse, dando tapinhas no ombro do amigo. – Seria ruim se você visse o Frank sem roupa, mas a ...
- Cala a boca, Toro! – gritou , libertando-se das mãos de Frank e jogando um travesseiro no amigo, que desviou.
- Gente, temos um show para fazer – disse Bob, passando pelo corredor, mas logo deu meia volta quando viu a cena de Frank em cima de . – Hum... O que vocês pretendem fazer? – perguntou com um sorriso malicioso.
- Nada que possamos lhe incluir – disse Frank.
- Ah, qual é? Agora temos uma plateia, é? – disse .
- Bem... Vamos de uma vez. – disse Mikey, saindo do quarto.
- Isso mesmo! Parem de brincadeira, crianças! Deixem para brincar de médico depois do trabalho – disse Ray, saindo do quarto e sendo seguido por Bob.
- Você não vai? – perguntou Frank, acariciando o rosto da ruiva.
- Desculpa, Fran, mas eu realmente estou cansada. – respondeu .
- Tudo bem! – sorriu e deu um selinho nela. – Então, te vejo depois do show? – perguntou, saindo de cima dela e ficando em pé.
- Vou tentar te espera – sorriu. – Faça um bom show – soltou um beijo para ele.
- Eu farei – disse, caminhado para fora do aposento.

– CAPÍTULO SETE –
Desentendimento



- Bom dia, ruivinha – sussurrou uma voz grave e gostosa de ouvir.
Virou-se ainda de olhos fechados e procurou o corpo dele, o encontrou como imaginava que estava, deitado ao seu lado, aproximou-se lentamente, ainda sentindo o sono dominá-la. Encostou a cabeça no peito dele e passou o braço por sua barriga, abraçando-o. Sentiu a mão tocar sua cintura e a apertar um pouco, trazendo-a para mais perto de si.
- Vai voltar a dormir? – perguntou ele.
- Acho que sim – disse, levantando o rosto e vendo Frank sorrir para ela. – Acho que você deveria fazer o mesmo – concluiu, voltando a fechar os olhos.
- Bem que eu queria – desejou.
- Mas...? – perguntou, abrindo os olhos mais uma vez e vendo que não conseguiria mais pegar no sono, pois ele começaria a conversar, então acabou desistindo.
- Mas eu tenho que ir a gravadora. – suspirou, parecendo chateado.
- Hum... Coitadinho. – lamentou dando um leve sorriso, enquanto levava sua mão até o rosto do moreno e o acariciava.
- Coitadinho mesmo! Não aguento mais trabalhar! – bufou, fazendo rir. – Vai rindo, vai. – disse, fingindo irritação. – Quando eu estiver morto de tanto trabalhar...
- Como é dramático! – revirou os olhos.
- Sou não! – disse, fazendo bico.
- Você às vezes parece uma criança, sabia? – disse, levantando e sentando no colo dele, com uma perna de cada lado do corpo do rapaz.
- Por que todos dizem isso?
- Simples! Porque é verdade! – riu.
- Eu vou te mostrar quem é criança aqui. – disse, passando a mão pela nuca dela e a puxando para um beijo quente e voraz. Quando seus lábios se tocavam era como se todo o lugar estivesse em chamas, tudo sempre esquentava.
sentia apenas uma enorme atração por Frank, mas nem por isso iria transar com ele, não seria precipitada. Não queria acabar se magoando. Por mais que não demonstrasse, estava realmente magoada com Blake.
As mãos do moreno passeavam por todo o corpo de , apenas as regiões permitidas. Sentiu a mão dele entrar em contato com a pele de sua barriga e só então notou que ele tirava sua blusa. Parou o beijo.
- Ainda não. – disse a ruiva ofegante e levantou-se, arrumando seu baby-doll.
- Me desculpe. – disse, sorrindo sem graça e levantando-se.
Rapidamente o moreno saiu do quarto antes que pudesse abrir a boca para dizer qualquer coisa. Ela foi até seu guardarroupa escolher algo para vestir, não demorou muito em sua escolha, pois o dia estava bastante quente e nada como usar apenas um short e uma regata para fugir daquele calor.

Quando desceu para a sala não encontrou mais Frank. Soube por Marta que o rapaz tinha apenas ficado ali para acordá-la e que todos tinham partido sem ele para a gravadora, mas depois ele desceu e parecia um tanto frustrado. Sentiu-se um pouco culpada, mas ela não podia fazer nada... Ou podia, mas não faria. As coisas não iriam acontecer daquela forma.
Resolveu ficar um pouco em casa assistindo televisão, depois conversaria com Frank, iria dar um tempo a ele, um tempo para que pudesse pensar, assim como ela estava precisando refletir e relaxar.
Passou todo o dia na sala de TV, mas não prestava atenção ao que se passava naquela imensa tela. Seus pensamentos estavam em Frank, mal haviam começado a ficar e ela já precisava conversar com ele sobre algumas coisas serias. Suspirou e desligou a televisão, esperaria ele voltar, os garotos tinham um show a noite e eles voltariam para casa antes de irem se apresentar.

Não estava mais aguentando ficar naquela sala sozinha, passou um tempo na cozinha conversando com Marta, pedindo alguns conselhos a ela sobre o que estava acontecendo. Por fim, decidiu ir para o seu quarto, ficar usando um pouco o computador e pediu que a mulher avisasse a Frank, quando ele chegasse, que fosse ao quarto dela.
E foi isso que aconteceu, quando estava no computador, observando alguns desenhos na internet e tentando reproduzi-los em uma folha de ofício, escutou uma batida, e quando se virou viu Frank entrando no quarto.
- Queria falar comigo? – perguntou o moreno.
- Sim. – disse, levantando-se e sentando em sua cama. – Vem cá. – chamou, indicando o lugar vazio a sua frente.
- Desculpa pelo o que aconteceu hoje... – disse ele sentando-se a sua frente, mas antes que pudesse terminar, a ruiva o beijou, aquilo o surpreendeu, mas ele retribuiu.
- Eu gosto muito de você. – sussurrou ela contra os lábios dele ainda de olhos fechados. – Está tudo bem. – disse, afastando-se e dando um sorriso – Vamos esperar um tempo, ok? Eu acabei de sair de um relacionamento e ainda não estou preparada... As coisas ainda estão machucadas por dentro, me deixe ganhar mais confiança, me deixe começar a amá-lo e não sentir apenas atração.
- Tudo bem. – sorriu. – Tudo tem seu tempo, não? – sorriu, colocando suas mãos no rosto dela, segurando com tanto carinho e cuidado como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. Ele olhava intensamente em seus olhos, e então ela pôde ver aquele brilho, aquele maldito brilho que ela conhecia, que já habitara seus olhos... Não poderia ser! Ele não poderia... Mas antes que pudesse concluir o raciocínio, o moreno já tomava seus lábios. Ele a beijou lentamente, sem pressa ou desejo, apenas carinhosamente. – Vou me arrumar. – disse, dando um selinho nela. – Vá se arrumar, quero você hoje comigo, naquele show, depois vamos nos divertir um pouco. – disse, levantando-se.
- Certo, Fran. – sorriu, e o rapaz saiu de seu quarto.
Ele estava apaixonado por ela, mas como? Só se conheciam há apenas duas semanas! Isso não era possível! Não! Era apenas coisa da cabeça dela, apenas isso! Iria esquecer isso, tirar de sua cabeça e deixar que o tempo respondesse suas perguntas.

- Fran, já estou pronta. – disse , entrando no quarto do rapaz.
- Cara, você está muito gostosa. – disse o moreno, segurando a mão da ruiva e fazendo-a dar uma rodadinha, para assim poder observá-la melhor em todos os ângulos possíveis. vestia um short branco, uma blusa preta de alcinha e calçava um all star também preto.
- Obrigada, você também está um gato, e essa calça jeans está maravilhosa em seu corpo. – disse, mordendo o lábio inferior.
- Esse jeans está me apertando.
- Por isso que está perfeita, realça mais a sua bunda.
- Deixa de ser tarada, menina! – riu ele.
- Tarada? Eu? Imagina! – disse ironicamente.
- Hum... Eu gosto disso. – falou, encostando a garota na parede e atacando seus lábios, as mãos dele exploravam todo o corpo da ruiva, pelo menos tudo o que era permitido.
- Ah, não! – disse Gerard entrando no quarto, mas nem por isso o “casal” parou de seu agarrar, aquilo irritou Gerard. Até parecia que estavam fazendo de propósito, fingindo que não o escutava... Mas realmente estavam, pelo menos estava! – Frank, temos um show para fazer, vamos embora! – disse, puxando o amigo para fora do quarto.
- Ei, devolve ele, Way! – gritou , indo atrás dos rapazes. – Eu não vou dividir o meu Frank com ninguém, muito menos com você! – disse, os alcançando e segurando o outro braço do baixinho e o puxando, nem por isso Gerard soltou o amigo, que estava servindo como “cabo de guerra” para os dois. – Vá arrumar um para você, esse já é meu!
- Eu não sou gay! – gritou, puxando Frank.
- Que eu saiba um homem que beija outro, é gay! – disse, puxando o baixinho mais uma vez, que olhava para cada um implorando que o soltassem.
- Eu não sou gay! Fiz isso com a mais nobre das intenções, para fazer com que certas pessoas percebam que o fato de uma pessoa ser um artista ou...
- Ok, ok, Way! Eu já li sobre isso, esse seu mesmo discurso. Como consegue decorar? É enorme!
- Eu não decoro, falo apenas a verdade.
- Claro. – disse ironicamente, tentando mais uma vez puxar Frank para si, mas Gerard o segurou firmemente do outro lado e não o soltou por nada.
- Será que vocês poderiam me soltar? – pediu o baixinho, com um olhar desesperador.
- Não me importo com o que você pensa! – disse Gerard, ignorando o pedido do amigo.
- E por que está todo irritadinho? – perguntou de um forma um tanto irritante.
- Porque você é uma idiota!
- Eu não sou idiota, estou apenas dizendo a verdade! – disse a ruiva - Se você fosse realmente hétero teria uma namorada ou apenas um casinho.
- Eu já tive. – disse com um olhar sério e vazio.
- Deixa eu adivinhar... – disse, fazendo cara de pensativa. – Ela percebeu o quanto você é chato e foi embora!?
- Ela morreu. – disse com um fio de voz, afrouxando o braço do amigo.
- Agora é sério, me larguem! – disse Frank, puxando os braços e conseguindo se soltar. – Meus braços já estavam doendo...
- Sabe de uma coisa?! Faz o que quiser, Frank, deixa que eu me viro para arranjar outro guitarrista – explodiu e desceu as escadas pisando duro.
- Você que falar bobagem e sobra para mim? Maravilha! – disse Frank, olhando para , que parecia espantada com o que Gerard disse.
- Eu não sabia que a namorada dele tinha morrido. – disse a ruiva.
- Como é que você sabe sobre o “Frerard” e não sabe sobre a morte da Lin-Z?
- O Frerard é mais interessante. – disse, sorrindo e piscando para ele.
- Isso é serio, ! – reclamou. – O Gerard ainda se culpa pela morte da Lindsen.
- Ok, desculpa.
- Não é a mim que você deve desculpas, e sim ao Gerard.
- Me mande fazer tudo, menos pedir desculpas ao Way. – disse, cruzando os braços.
- Mas o que você fez foi totalmente errado.
- Ei, o que aconteceu com o Gerard? Ele está super mal humorado – disse Mikey, subindo as escadas correndo.
- A tocou no assunto “Lin-Z” – suspirou Frank.
- Então isso explica porque ele jogou um jarro na parede... – disse, pensativo.
- Jarro? Que jarro? – perguntou , alarmada.
- Um que tinha na sala, branco com uns detalhes pretos.
- Eu não acredito que ele fez isso! Meu pai trouxe aquele vaso do México para mim – disse a ruiva, irritada. – Vou quebrar o resto dos cacos na cabeça dele! – disse, fazendo menção de descer as escadas, mas foi impedida por Frank.
- Se acalma – pediu o moreno. – Ele não sabia que o jarro era seu.
- Mesmo assim, o Way não tinha esse direito! – gritou.
- Eu compro outro para você, igualzinho.
- O problema não é o jarro em si, mas o que ele significava para mim.
- , por favor... – pediu, franzindo a testa.
- Não, Frank, ele está na minha casa, não pode sair quebrando as minhas coisas.
- Faz isso por mim. – pediu, puxando-a pela cintura, trazendo-a para si.
- Ok, só desta vez. – amansou.
- Obrigado. – deu-lhe um selinho.
- É melhor nós irmos, já é tarde. – disse Mikey, olhando para seu relógio. – Estamos atrasados, os fãs devem estar loucos.
Desceram para a sala, viu Marta catando os cacos do jarro, não olhou para a cara de Gerard ou acabaria brigando com ele.
Foram de van para o local onde seria o show, estava lotado, dentro e fora. O show foi um sucesso, na saída vários fotógrafos tiraram fotos de e Frank de mãos dadas, fizeram também muitas perguntas sobre o relacionamento dos dois, que não foram respondidas. Após a seção de fotos foram para a boate, uma forma de comemorar o sucesso do show e se divertirem. Dançaram, beberam e fizeram tudo o que tinham direito. Não sabiam nem como chegaram em casa.


– CAPÍTULO OITO –
Ressaca e muita dor de cabeça


14:06h
Não conseguiu abrir muito seus olhos, pois a dor insuportável sobre suas pálpebras não permitia, sentiu um peso sobre sua cintura e baixou vagarosamente a cabeça à procura de saber o que era, logo vendo apenas um braço masculino ali, aconchegando-a. Sentiu a respiração sobre a sua nuca e um familiar perfume vindo da pessoa a suas costas...
Frank, pensou fechando os olhos por alguns minutos, concentrando-se no delicioso perfume dele que agora adentrava com mais vigor em suas narinas.
Repentinamente ficou meio assustada e abriu os olhos novamente, lembrando-se que beberam muito à noite... Talvez fosse por isso que não se lembrava de quase nada que fez enquanto estava na boate e depois que saiu de lá. Olhou para as cobertas e nada viu além do pano bege, levantou-o um pouco e constatou que estava com sua camisola, o alívio tomou conta de si. Suspirou, novamente fechando os olhos, que começavam a latejar ainda mais por conta da pouca luz que conseguia passar pelas persianas.
O sono e o cansaço ainda habitavam seu corpo, pelo que se lembrava de que chegaram às 7h e que se divertiu muito. Frank a fazia feliz, por mais que não o amasse talvez um dia - um dia bem próximo - pudesse começar a sentir algo por ele. O moreno era tudo o que ela necessitava, o que qualquer mulher precisava para ser feliz e realizada.
Virou-se, ficando de frente para o moreno, sentindo agora a respiração dele bater contra seu rosto. Aproximou-se mais dele, encostando a cabeça em seu peito, para tentar com isso espantar a dor de cabeça e conseguir dormir novamente.
- Vem cá – murmurou o moreno com a voz rouca, acordando repentinamente, surpreendendo-a.
Ele deitou de barriga para cima e a puxou para que deitasse a cabeça em seu peito, quase ficando em cima dele.
- Está melhor agora? – perguntou ele, ainda com seus olhos fechados.
- Uhum. – balbuciou ela.
Não pensou muito, apenas tentou entregar-se ao sono, obtendo resultado.

16h
Passou a mão pelo outro lado da cama à procura de Frank, porém não o sentiu, ele deveria já ter se levantado. Sentou-se lentamente, pois sua cabeça ainda latejava, olhou pela janela entreaberta e constatou que já era final do dia. Havia dormido tanto assim? Devia ter bebido muito na noite passada. Passou as mãos pelos cabelos ruivos, em uma tentativa frustrada de tentar lembrar-se de algo, mas nada veio em sua memória. Resolveu se levantar, já estava mais que na hora de fazer isso. Pegou algo confortável para que pudesse passar o resto do dia e adentrou o banheiro, em busca da água morna para assim tentar fazer seu cérebro voltar a funcionar e parar de doer tanto.
Nem com um gostoso e relaxante banho foi capaz de lembrar, alguns flashs surgiram, mas não entendeu nada do que se passou, nada que fosse esclarecido, talvez os rapazes soubessem de alguma coisa e pudessem a informar.
Desceu para a sala, onde encontrou todos reunidos. Frank e Mikey estavam jogados em um sofá, Ray e Bob jogados no chão, e Gerard, de óculos escuros, estava em uma poltrona. sentiu uma enorme vontade de zoar com a cara de Gerard por estar usando óculos escuros dentro de casa e ainda mais naquela hora, só que a sua dor de cabeça a fez desistir. Todos tinham uma tremenda cara de ressaca, assim como ela deveria estar.
- Bom dia, meninos. – disse a ruiva, descendo os últimos degraus da escada e caminhando na direção deles.
- Bom dia. – disse Bob, foi o único que conseguiu falar.
- Fran, afasta. – pediu, fazendo um leve aceno com a mão. O rapaz lentamente afastou seu corpo acabado, ficando bem imprensado no sofá, para que pudesse se encaixar ali. A ruiva deitou-se e o moreno a abraçou pela cintura, a puxando para mais perto, deixando seus corpos juntos e assim impedindo que ela corresse o risco de cair. Ele ficou acariciando a barriga dela, fazendo movimentos circulares com o polegar.
- Como está se sentindo? – sussurrou Frank.
- Mal, estou com muita dor de cabeça. – disse, levando sua mão até a têmpora e a massageando, tentando com isso fazer aquela dor passar. – Milagre eu não estar colocando as tripas para fora. – disse baixando sua mão ao encontro da de Frank, que estava sobre sua barriga.
- Que coisa bonita, hein? Todos bêbados caindo pela calçada. – falou Leonard alto, de propósito, saindo do escritório no qual trabalhara toda a manhã e a tarde, já que os garotos não foram trabalhar.
- Pai, fala baixo, para quê gritaria? – disse fazendo careta, e todos concordaram, assim como Gerard. Era a primeira vez que o moreno concordada com ela, ele só poderia estar sentindo muita dor de cabeça mesmo.
- Eu não estou gritando. – disse o homem aumentando o tom de voz. Ele foi para o centro da sala ficando de frente para todos e vendo seu estado acabado. Balançou a cabeça negativamente, como um sinal de desaprovação com o que haviam feito.
- Mas está falando muito alto. – disse Ray.
- Que historia é essa de nós estarmos caindo pela calçada? – perguntou Gerard, curioso.
- Presentinho para vocês. – disse Leonard mostrando a eles um DVD. – Foram vocês que filmaram, usaram a câmera que a sempre leva consigo. – disse colocando o DVD no aparelho da sala. – Passei tudo hoje de manhã.
As imagens começaram a aparecer, Leonard sentou-se em uma poltrona ao lado de Gerard. Todos prestaram atenção à televisão.

Eles caminhavam por uma rua vazia devido à hora, já podia se ver o sol surgir por entre as ruas. Chegaram a uma praça cheia de rosas, girassóis, jasmins, entre outras flores, havia também árvores para todo lado e um extenso gramado, era um lugar agradável. Gerard cambaleou até as rosas e acabou pisoteando-as, após tropeçar em um balde de brinquedo, alguma criança deveria ter esquecido aquilo ali.
- Ih, eu matei as plantinhas. – disse Gerard abaixando-se e observando as flores amassadas e algumas pétalas fora do lugar. O moreno tinha uma engraçada cara de preocupação e culpa, enquanto observava as rosas.
- Seu assassino! – gritou empurrando o rapaz, que caiu no gramado.
- Ei, sua idiota. Por que me empurrou?
- Porque você matou as pobres rosinhas. – disse sentando-se no chão ao lado do moreno. Pegou um caco de vidro que estava ali e começou a fazer pequenos buracos no gramado, onde colocou cada rosa amassada. tinha uma cara muito penosa.
- O cemitério das rosinhas. – riu Frank, observando o que a ruiva fazia.
- Coitadinhas, tinham ainda tanto o que viver e decorar! – disse Gerard.
- Você as matou! Seu desumano! – gritou , tentando levantar-se, porém não conseguiu, voltando a cair.
- Eu te ajudo. – ofereceu Frank estendendo as mãos para ela, quando a ruiva já estava quase de pé os dois perderam o equilibro e caíram no chão, eles então começaram a rir, enquanto Gerard revirava os olhos.
- Ei, vamos jogar futebol. – disse Mikey achando uma bola velha por entre os arbustos. – Vem, Bob. – disse sinalizando para a câmera.
- Já vou. – disse o rapaz e a câmera foi passada para Ray, que voltou a filmar, quando Bob correu para o lado oposto de Mikey.
- Lá vai. – disse e chutou a bola com muita força, acabou batendo em uma janela de uma casa, ali perto e a quebrou.
- Que merda, Mikey! – disse Bob colocando as mãos na cabeça.
- Desliga essa porcaria, Ray, e corre! – gritou Gerard, levantando-se.
Eles saíram correndo ao mesmo tempo que tropeçavam nos próprios pés. De repente tudo escureceu, Ray havia desligado a câmera.

- Até bêbados vocês brigam. – riu Bob olhando de para Gerard, que se encaravam com raiva.
- É claro, até bêbado o Way é um imbecil! – disse a ruiva, entrelaçando seus dedos com os de Frank.
- Você é uma idiota! – disse Gerard.
- Ridículo!
- Mimada!
- Veado!
- Foguinho!
- Gordo!
- Anoréxica!
- Já chega! – gritou Leonard levantando-se da poltrona. Todos se encolheram em seus lugares.
- Coisa feia! – soltou , com a voz um pouco mais baixa, mas ainda olhando para Gerard.
- Como se você fosse a pessoa mais linda do mundo. – disse Gerard. A ruiva pôde imaginar ele revirando aqueles lindos olhos verdes por baixo das lentes escuras.
Lindos olhos verdes? Qual é, ? Esse gordo é horrível! O Frankie é lindo! Essa dor de cabeça está realmente te deixando pirada, pensou a ruiva.
- Desculpa, Gee, mas a minha é linda. – disse Frank e depositou um beijo no pescoço da ruiva, que sorriu para Gerard de uma forma vitoriosa.
- Com todo respeito, mas... A é muito gostosa. – disse Bob.
- Concordo plenamente. – disse Ray, e Mikey apenas concordou.
- Bando de puxa saco! – acusou Gerard bufando de raiva.
- Cansei de brigar com você. – suspirou , levantando-se. – Hoje eu não estou bem, então não dá para arranjar respostas legais para te dar. – disse dando um meio sorriso, parecendo infeliz com isso. – Quando eu melhorar, nós voltamos à nossa rotina de brigas.
- Para onde vai? – perguntou Frank.
- Tomar um remédio e me deitar. – respondeu. – Quer vir comigo? – perguntou, estendendo a mão para ele.
- Opa! Boa ideia! – disse pondo-se de pé em um salto e entrelaçando seus dedos com os dela.
- Para vocês que ficam, até amanhã e boa dor de cabeça. – sorriu.
Subiram as escadas e foram para o quanto de . A ruiva deu um comprimido para Frank e também tomou um. Passaram o dia todo dormindo ou apenas deitados, conversando abraçados. Ficar com aquele baixinho estava sendo a melhor coisa que já havia feito. Ele era diferente de qualquer rapaz que ela já havia ficado... Ele era perfeito, mas talvez não o ideal para ela.


– CAPÍTULO NOVE –
Um grande milagre!


1 semana depois...

- Bom dia, flor do dia. – disse Frank, abrindo as cortinas.
- Que coisa mais careta! – disse cobrindo a cabeça com seu lençol – Me deixa dormir, vai.
- É hora de acordar, você dormiu ontem o dia todo.
- E daí? Quero dormir mais, tenho esse direito! – disse manhosamente.
- Oh, bebêzinha. – disse aproximando-se e arrancando o lençol dela.
- Frank! Devolve meu lençol!
- Não. Vamos, , levanta.
- Não! – disse, dando as costas a ele.
- Coloca aquele biquíni que você me disse que comprou no Brasil. – sussurrou no ouvido dela.
- Vou pensar no seu caso.
- Te espero lá embaixo. – deu um rápido selinho nela e saiu do quarto.
Espreguiçou-se e levantou-se lentamente, foi se arrastando até seu guarda-roupa, onde, em uma gaveta, pegou seu biquíni e um vestidinho e entrou no banheiro. Fez sua higiene pessoal e também trocou de roupa.
O biquíni caía perfeitamente em seu corpo, era pequeno e sexy, assim como dirá Frank. Ele era lilás com alguns corações rosa espalhados. A saia que caía sobre seu quadril era meio pregueada, preta meio transparente. Prendeu os cabelos em um rabo de cavalo e colocou seus óculos de sol, ficando pronta.
Desceu para a sala, escutou algumas vozes e as seguiu até a varanda, viu que todos estavam tomando café enquanto conversavam animadamente, os rapazes estavam com roupas de banho, pelo visto seriam liberados aquele dia para se divertirem. gostou bastante daquilo, principalmente depois que viu como Frank estava estupidamente irresistível naquela sunga azul.
- Bom dia. – sorriu seguindo e depositando um beijo na bochecha de seu pai e deu um selinho em Frank, sentando-se ao lado do rapaz.
- Você está muito gostosa. – sussurrou o moreno no ouvido de , e sem que ninguém percebesse deu uma leve mordida na ponta da orelha dela. – Mas acho que ficaria melhor sem a saia. – disse colocando a mão sobre a coxa dela.
- Frank, por que você é tão tarado? – riu.
- Eu simplesmente não consigo me controlar perto de você.
- Pois trate de se controlar, porque você já sabe que não vai ter o que quer nem tão cedo.
- Você é tão malvada.
- Eu sei. – riu.
- Eu também sei ser malvado.
- Ei, o que vocês tanto sussurram? – perguntou Leonard.
- Nada, papai, na... – disse e sentiu a mão de Frank subir perigosamente até perto de uma região que estava proibida, mas não chegou tão perto e deixou sua mão pousada ali. A garota sentiu um arrepio percorrer seu corpo. E viu um sorriso brotar no rosto de Frank, um sorriso de ‘eu te avisei’.
- O que foi, filha?
- Ah... Hurum... Bem...
- , o que você tem? Parece nervosa. – disse Bob.
- Eu... Eu... Não tenho nada. – disse a ruiva rapidamente. Olhou para Frank, que agora não se segurava mais e desatou a rir. sentiu-se extremamente aborrecida e sorrindo para os outros cravou as unhas na mão do moreno ao seu lado, fazendo-o urrar de dor.
- O que aconteceu, Frank? – perguntou Ray, assustando-se.
- Nada. – disse o baixinho fechando a cara e massageando a mão por baixo da mesa.
- Cadê o Way? – perguntou .
- Acordou inspirado, está escrevendo. – disse Mikey apontando para o irmão que estava sentado no quiosque escrevendo furiosamente em um caderno, ele parecia bem concentrado. Notou que ele não estava com roupa de banho, vestia apenas uma bermuda preta e a blusa de mesma cor. Revirou os olhos, Para quê tanto preto? Tudo bem que ficava bem nele... Como ela ia saber o que ficava bem ou não se ele só vestia preto?
- Hum... Pelo visto – disse, voltando seu olhar para eles – meu pai vai liberar vocês.
- Isso mesmo, também somos filhos de Deus. – disse Bob.
- Eu liberei vocês ontem também. – lembrou Leonard.
- Nunca pensei que vida de rock star fosse tão corrida, pensei que fosse festas e mais festas. – disse .
- Temos que dar muito duro para que a nossa carreira continue, não é simples assim, você vai em uma festa e pronto, não! Você tem que correr atrás de muita coisa. – disse Frank.
- Sabe de uma coisa? – sorriu levantando-se. – Vou dar um mergulho.
- Filha, você nem tomou seu café da manhã. – disse Leonard com sua preocupação de pai.
- Estou sem fome. – deu de ombros.
Abaixou-se para tirar suas sandálias e pelo canto dos olhos notou que Frank olhava para sua bunda. Riu alto. Tirou as sandálias e as jogou para o lado, perto da mesa, depois deu um forte tapa no braço de Frank que ficou com cara de quem não entendia o porquê daquilo, mas ao mesmo tempo com um sorriso malicioso no canto dos lábios.
Caminhou para a beira da piscina, tirou a sua saia lentamente e a jogou em cima de uma cadeira de tomar sol que estava por perto, sentiu todos a observando, isso incluía um olhar penetrante as suas costas. Gerard parara de escrever apenas para observá-la. Virou-se e constatou que o que pensava estava certo, o Way mais velho estava literalmente de boca aberta enquanto a observava e a ponta da caneta ainda tocava o caderno como que se ele tivesse parado repentinamente de escrever ao notar algo.
Adorava ser o centro das atenções, principalmente quando enfeitiçava os babacas e mostrava do que ela era capaz, adorava deixá-los babando por ela e arrancar-lhe todo o “doce”, a ruiva sabia se vingar, sabia ser ruim. Porém não tinha como fazer isso, não ficando com Frank, tudo bem que estavam apenas fincando, isso abria espaço para um relacionamento mais livre, mas ela estava tentando sentir algo mais forte por ele, e se fosse seduzir Gerard isso nunca daria certo, então achou melhor deixar quieto, depois daria um jeito de se vingar dele, por tudo que ele havia a chamado.
- O que foi, Way? Nunca viu uma mulher de biquíni, não? – perguntou com um sorrisinho no canto dos lábios e colocando as mãos na cintura, enquanto o observava.
- Eu... Hurum... – pigarreou tentando espantar o repentino nervosismo e se amaldiçoou por ter gaguejado. – Já vi várias. – disse Gerard observando cada pedacinho do fabuloso corpo dela. As curvas eram algo incomum, tão definida e sexy, os seios no tamanho certo e durinhos, assim como a bunda, bem empinadinha, e a barriga bem sequinha e parecia ter sido um pouco trabalhada na academia. A ruiva parecia uma modelo, talvez fosse até melhor que muitas modelos.
Pela primeira vez em semanas, estava percebendo o quanto era uma linda mulher. O vento tocava graciosamente seus cabelos, deixando-os ainda mais belos e quentes, mais ruivos, o sol tocava sua pele aplicando a seus olhos verdes um brilho a mais, uma vida a mais, assim como seus lábios que agora estavam mais vermelhos e depois que ela mordera com força haviam ficado um pouco mais inchados e suculentos. Sentiu vontade de levantar-se e ir até a garota e provar daqueles lábios para ver se eram realmente tão quentes e macios como aparentavam. Balançou a cabeça levemente tentando espantar aquele tipo de pensamento. O que ele tinha na cabeça? A cabeça de fósforo era a nova paixão de Frank, seu melhor amigo, não poderia chegar e agarrar ela e além do mais ele a odiava, era muito mimada, idiota, linda e sexy...
- Não parece. – disse a ruiva erguendo uma sobrancelha, dando um ar de desafio àquele rosto.
- Nunca tinha visto uma tão linda. – disse para si mesmo, era algo que deveria ter pensado, mas saiu sem querer, pensou alto demais sem notar. escutou e riu alto, aproximando-se de Gerard e sentou-se em um dos banquinhos de frente para ele, colocou os braços em cima do balcão, apoiando-se e o encarou, deixando seu rosto bem próximo ao dele. Pela primeira vez Gerard Way estava paralisado, sem reação pelo simples fato de estar tão perto da ruiva esquentadinha.
- Não sabia que me achava linda. – sussurrou.
- Eu não posso negar... Você é realmente... Muito linda. – disse sem pensar, estava enfeitiçado por aqueles olhos, só podia, ela o tinha enfeitiçado. Maldição! Essa era a única resposta, não estava entendendo o que estava acontecendo com sigo. Como a sua forma de pensar em podia mudar de uma hora para outra? Estava odiando a garota uma hora e na outra estava desejando-a?! Deveria ser apenas atração, coisa que dava para se livrar com o tempo. Quem não sentiria atração por uma mulher daquelas? Só poderia ser um louco ou um cego!
- Não foi o que você disse ontem.
- Estávamos brigando, você queria que eu dissesse o quê? Precisava me defender de alguma forma. – sorriu.
- Bom saber... Você também é bem bonitinho. – disse afastando-se e se levantando.
- Bom saber. – riu.
- Imitão. – riu. – Divirta-se escrevendo, vou dar um mergulho. – disse dando um tchauzinho. Voltou para a borda da piscina e colocou a ponta dos dedos do pé dentro da água, medindo a temperatura, constatou que estava morna. Perfeita.
- , que biquíni é esse? – perguntou Leonard que só notara a filha naquele momento, já que antes estava em uma ligação. Virou-se para o homem e viu que os rapazes também a observavam com um brilho estranho nos olhos. Dava até medo, ela parecia uma presa que estava prestes a ser caçada. Frank parecia que era o que estava mais sedento.
- Comprei no Brasil. – deu de ombros.
- Acho que ele veio com defeito... Está faltando um pedaço.
- Não, pai, o biquíni de lá é deste tamanho mesmo, existem menores. – riu.
- Que coisa vulgar!
- Eu não achei, está totalmente lindo. – disse Mikey.
- Cala a boca, Michael, só eu posso dizer isso. – disse Frank.
- Vá colocar algo mais decente! – disse Leonard à ruiva, que nem se importou.
- Ah, não, estou muito bem com esse aqui. – disse e mergulhou graciosamente na água. Nadou até a cascata, onde surgiu, deixando que a violenta água tocasse seus cabelos, depois mergulhou novamente atravessando até as escadas que eram cobertas pela água, não podia se ver nada de onde a ruiva estava e nem ninguém podia vê-la. Sentou-se nas escadas apoiando seus cotovelos na parte nos degraus secos e fechou os olhos sentindo a água pinicar em seu rosto. Quando era pequena adorava ficar ali, se esconder daquele lado da piscina.
Sentiu algo pesado sobre si, mas nada que ela não pudesse aguentar e depois algo gelado em seu pescoço, não precisou abrir os olhos para saber que era o corpo de Frank que a pressionava, assim como a boca dele que atacava ferozmente seu pescoço, as mãos dele passeavam ágeis pelo corpo da ruiva, que apenas o deixava continuar, enquanto dava pequenos gemidos provocativos, seus olhos continuavam cerrados e agora inclinava a cabeça um pouco mais para trás.
A mão dele agora estava na nuca da ruiva, segurou violentamente os cabelos dela e trouxe a sua boca de encontro com a dele em um beijo urgente, necessitado, a outra mão dele apertou levemente a cintura da garota e desceu até sua coxa, empurrando mais o corpo de de encontro ao seu, tentando manter ainda mais contado, porém era impossível, seus corpos já estavam juntos demais, era como se Frank quisesse se fundir a ela.
- Fran... Vai com calma. – pediu sentindo agora o rapaz beijar, morder e chupar seu pescoço. Pelo visto havia provocado demais o moreno, ele parecia um animal faminto a procura de uma boa carne e agora tinha a achado, e não pretendia soltar nem tão cedo. Sentiu sua mão subir da sua coxa até a lateral de seu biquíni, os dedos dele se entrelaçaram no laço que havia ali, na parte de baixo da sua roupa de banho, ele remexeu ali e sem que percebesse o soltou. – Ei, ei, pare já com isso. – disse parando o beijo e segurando seu biquíni antes que fosse tirado. – Nós já conversamos sobre isso. – lembrou a garota.
- Claro, me desculpe. – disse Frank saindo de cima dela um pouco sem graça. – É que eu te vi com esse biquíni e... Me descontrolei.
- Tudo bem. – sorriu dando o laço mais uma vez onde Frank havia desfeito. – Vou me bronzear. – deu um selinho nele.
Saiu da piscina, indo tomar uma chuveirada e foi se deitar na cadeira de tomar sol, queria um bronze legal para poder usar uma blusa branca tomara que caia no próximo show dos rapazes.

30 minutos depois...

- , você quer tomar alguma coisa? – perguntou Frank, sentando-se em uma cadeira ao lado da ruiva para se secar.
- Não, obrigada. – respondeu a garota.
- Então trás apenas uma coca-cola para mim, Marta, por favor.
- Sim, senhor Iero. – disse a mulher retirando-se da área da piscina.
- Cansei de me bronzear. – disse , sentando-se. – O que eu posso fazer agora? – perguntou para si mesma, enquanto observava a piscina à procura de algo.
- Que tal você me dar uns beijinhos? – perguntou Frank puxando-a para sentar-se em seu colo.
- Hum... Ótima ideia. – sorriu, passando os braços em volta do pescoço dele. – Eu gosto muito de você, sabia? – disse acariciando a nuca dele, olhando em seus olhos; seus rostos estavam bem próximos, suas expressões sérias, mas logo um sorriso surgiu nos lábios de Frank quando a ruiva confessou que gostava dele.
- É bom saber disso. Também gosto muito de você.
- Você merece um beijinho por isso. – disse com os lábios colados aos dele, beijou-lhe lentamente, de uma forma que até aquele momento nunca tinha experimentado com o baixinho.
- Adoro te beijar. – disse de olhos fechados.
- Eu também. – suspirou encostando a cabeça no ombro dele.
- Não acha melhor irmos para a sombra? – perguntou, acariciando os cabelos dela.
- Não. – disse manhosa. – Esse sol está me deixando com sono.
- Está bem forte, por isso acho melhor irmos para a sombra.
- Tive uma ideia. – disse repentinamente, levantando-se.
- O que vai fazer?
- Aprontar uma com o Way.
- , deixa ele. – disse já percebendo a confusão que ia dar. – O Gerard fica super irritado quando ele é interrompido no momento de sua criatividade.
- E eu com isso? Você vai me ajudar?
- Não me meta nisso.
- Certo. – deu de ombros. Aproximou-se da piscina onde Mikey, Ray e Bob estavam jogando vôlei. – Ei, os três, venham cá. – chamou e os rapazes aproximaram-se. – Preciso da ajuda de vocês. – sussurrou. – Que tal fazermos uma brincadeirinha com o Way?
- O que tem em mente? – perguntou Ray, animado.
- Mikey e Ray, tomem o caderno dele. Bob, você vem comigo.
Eles saíram da piscina, foi pegar um balde que tinha ali por perto e foi enchê-lo de água, quando já estava transbordando mandou que Bob o carregasse, aproximaram-se por trás de Gerard, sem que ele percebesse.
- É rápido, Gee. Eu te devolvo logo, só quero mostrar uma coisa ao Ray. – disse Mikey, pegando o caderno e afastando-se até onde Ray estava.
- Seja rápido. – disse Gerard colocando a caneta em cima do balcão e se espreguiçando.
e Bob aproximaram-se, a ruiva ajudou a erguer o balde e derramar toda a água na cabeça de Gerard, este deu um pulo do banquinho e ficou observando toda sua roupa molhada. Bob, como não era besta, saiu correndo apenas esperando o moreno explodir.
- Surpresa. – riu .
- Você pirou?! – gritou Gerard, virando-se para a ruiva.
- Relaxa, Way, só foi uma brincadeirinha. – disse parando de rir ao notar o olhar assassino de Gerard.
- Foi ela que planejou tudo. – disse Bob de um lugar seguro e apontou para a garota.
- Ah, obrigada, Robert.
- Você me paga. – disse o moreno aproximando-se perigosamente dela, a ruiva tentou recuar, porém Gerard foi mais rápido e a segurou firmemente, colocando-a sobre seu ombro, começou a se debater, mas não adiantou, ele caminhou em direção a piscina, a garota já sabia o que ele pretendia e por isso começou a bater com mais força nas costas dele.
- Frank, socorro! – gritou.
- Arque com as consequências, querida. – riu o baixinho.
- Ele vai me matar!
- Não exagere, .
- Só vou te jogar na piscina, relaxa, foguinho. – disse e deu um tapinha na bunda dela.
- Tarado! Não encoste sua mão na minha bunda! – gritou. – Eu já estou seca. – choramingou.
- Eu também estava seco. – disse parando e não esperou mais nenhum protesto dela e a jogou.
- Droga! – disse quando emergiu na água, deu mais um mergulho arrumando agora os cabelos.
- Da próxima vez não se meta comigo.
- Eu machuquei a minha mão. – choramingou observando a mão apoiada na outra. – Olha só, Gerard. – disse mostrando sua mão a ele, que se abaixou para poder olhar melhor, segurou levemente a mão dela sobre as suas, mas a ruiva segurou firmemente as suas e puxou o rapaz para dentro da piscina, por pouco ele não caía em cima dela.
- Sua mentirosa! – riu.
- Eu sou ótima! – riu e pulou em cima dele, afundando-o.
Começaram uma guerra, jogando água um no outro, nem parecia que se odiavam ou que viviam brigando. Os outros rapazes se juntaram a ele. Gerard acabou subindo e trocando de roupa. notou que ele realmente não era gordo, como ele vivia dizendo, apenas tinha os ombros largos... Era uma gracinha sem aquela roupa toda, repreendeu-se quando notou no que estava pensando.
Passaram toda a tarde fazendo brincadeira infantis, acabaram almoçando por lá mesmo e depois caíram na piscina novamente.


– CAPÍTULO DEZ –
Era bom demais para ser verdade!


18h30min

Já estava escuro. Marta estava distribuindo toalhas para todos. O vento soprava forte, deixando-os com muito frio. A mulher os repreendeu dizendo que todos pegariam uma baita gripe por ainda estarem na piscina e os obrigou a sair; se não fosse por ela, eles ainda estariam em sua guerrinha de água.
- Faz tempo que não me divirto assim. – disse Gerard, enxugando-se.
- Percebi, até seu mal humor passou. – soltou , se enrolando na toalha.
- Parece que você também andava precisando disso, porque agora está mais aturável.
- Olha só quem fala, Sr. Mal humorado.
- Ei, vocês dois não comecem, vamos tentar terminar o dia sem brigas. – pediu Mikey, porém não foi escutado, pois uma nova discussão estava começando.
- Prefiro ser mal humorado e independente a mimado e filhinho de papai! – disse Gerard, que já estava bem próximo da ruiva e de cara fechada; eles se encaravam como se fossem se matar a qualquer instante.
- Pelo menos eu tenho vários amigos, diferente de você que só tem quatro... Sabe por que ninguém se aproxima de você? Porque você é um chato mal humorado! – gritou .
- Quem você pensa que é para falar isso? Você não sabe de nada da minha vida!
- Gee, , por favor, já chega. – pediu Frank.
- Tudo estava indo tão bem! – lamentou Ray.
- Não pense que só porque eu fui legal com você que nós vamos nos tornar amigos! – disse .
- Ótimo! Já estava com medo que você achasse isso! – disse Gerard.
- Já chega! – gritou Frank, os dois pararam e olharam assustados para o baixinho, ele parecia muito irritado, estava até vermelho. – Já estou de saco cheio dessas brigas de vocês...
- Fran, se... – começou a ruiva.
- Cala a boca, ! Agora, vocês vão me escutar. – disse, furioso. – Tive que aturar quase três semanas dessas brigas estúpidas...
- Só você não, nós também. – resmungou Bob, como resposta recebeu um olhar mortal da parte de Frank por ter sido interrompido.
- Não vou mais aturar isso, entenderam? Vocês parecem crianças de 7 anos ou até mesmo um casal em crise! Se não se suportam, ótimo! Problema de vocês, não sou eu que tenho que ficar escutando os dois reclamarem um do outro! – gritou, perdendo totalmente a cabeça. – Como você a aguenta? Como consegue ficar perto daquele Way inútil? – disse, imitando a voz de Gerard e respectivamente. – Se vocês se odeiam, então fiquem sem se falar! – disse baixando um pouco o tom de voz e passando a mão pelos cabelos em uma tentativa de tirar a franja de cima dos olhos. – Poxa, é o meu melhor amigo e a mulher que amo que estão brigando, isso não me deixa bem. – disse tristemente. Essa última parte fez paralisar... Como assim, ele a amava? Não! Ele não podia amá-la, isso era um terrível erro! – Marta, por favor, leva o jantar no meu quarto? – pediu observando a mulher assustada da porta da sala, esta apenas assentiu. – Obrigado. – disse e subiu as escadas pisando duro.
- O que foi isso? – perguntou Gerard olhando para os amigos.
- O Frank teve um ataque. – disse Ray.
- Ele tem toda razão, essas brigas de vocês torram a paciência. – disse Mikey.
- Não podemos mais brigar na frente dele. – disse Gerard observando , que estava presa em seus pensamentos ainda olhando para a escada por onde Frank subira a poucos minutos – . – chamou, porém ela continuava com o olhar perdido.
- Droga! Ah, Frank, que droga! – disse sem notar que os rapazes a observavam.
Estava preocupada com o que Frank havia dito, as palavras que ele disse não saíam de sua cabeça. A mulher que amo. Aquilo não era nada bom, ele não poderia estar apaixonado por ela, era tudo tão errado! Ela queria muito estar amando ele, mas simplesmente não sentia o mesmo.
- ! – gritou Gerard, fazendo a ruiva dar um pulo.
- Ai, o que foi? – perguntou a garota um pouco irritada.
- Eu estava dizendo que nós não podemos mais brigar na frente do Frank. – repetiu.
- Claro, claro. – disse, fazendo sinal com a mão. – Pede para a Marta colocar o jantar na mesa.
- Certo.
Subiu as escadas e foi para seu quarto, onde tomou banho e depois foi para a sala de jantar. Todos já estavam lá jantando em silêncio e continuou dessa forma até o jantar encerrar.
foi para o escritório de seu pai, sentando-se em uma poltrona e ficou encolhida observando a piscina, o reflexo da água fazia algumas imagens na parede, era até divertido tentar imaginar no que se transformava.
- Oi. – disse Gerard, entrando vagarosamente.
- Olha, eu não estou a fim de brigar, ok?! – disse a ruiva sem olhar para ele.
- Engraçado, eu também não. – brincou, puxando uma poltrona para frente dela e sentando-se.
- Está doente? – perguntou espantada, finalmente olhando para ele.
- Não, mas acho que você está. – disse calmamente, se ele estivesse realmente bem já teria começado a gritar com a provocação dela. – Ficou o jantar todo calada. – estranhou.
- Ah. – suspirou.
- O que está acontecendo? – perguntou, segurando as mãos dela entre as suas. As mãos dele eram grandes e fortes, deixavam as suas parecerem muito frágeis perto dele. achou aquilo estranho, Gerard sendo gentil com ela? Isso não se via todo dia.
- Para quê quer saber? Pra depois ficar passando na minha cara? – perguntou, afastando suas mãos do alcance dele e virando o rosto novamente para a janela.
- Ei, eu quero te ajudar. – disse tocando delicadamente o rosto dela e virando em sua direção, a procura dos olhos dela que pareciam confusos. Para completar ele juntou suas mãos novamente.
- Isso está estranho. – murmurou observando suas mãos junto às dele. Era estranho como estava se sentindo segura perto dele, isso apenas por ele tocar suas mãos. Mas o que estava acontecendo consigo? Deveria simplesmente afastar ele de si e mandá-lo a merda, mas não conseguia, não desta vez. Era como se necessitasse estar ali com Gerard, conversar com ele.
- Acredite em mim. – disse levantando o rosto dela. Pôde ver sinceridade nos olhos de Gerard. – Eu quero trégua, não aguento mais essas brigas idiotas.
- . – chamou Frank entrando no escritório repentinamente, fazendo com que a ruiva desse um pulo da cadeira e ficasse rapidamente em pé, como se naquele momento ela estivesse fazendo algo de errado.
- Ah, Fran. Oi. – disse a ruiva rapidamente, aproximando-se dele.
- Quer subir para assistir a um filme?
- Quero. – disse abraçando-o, estava se sentindo culpada, mas culpada pelo o quê? Ela não havia feito nada de errado, estava apenas conversando com Gerard, mas talvez em seu interior quisesse mais que isso, por isso surgira esse sentimento de culpa.
- Dengosa. – sussurrou, acariciando as costas dela.
- Desculpe. – disse, afastando-se dele. – Eu não queria te deixar estressado.
- Tudo bem. – disse, tomando os lábios dela em um selinho. – Vamos assistir a um bom filme e tudo fica bem. – sorriu.
- Posso dormir no seu quarto?
- Claro. – disse, seu sorriso aumentou mais ainda. – Boa noite, Gee.
- Boa noite. – disse o amigo.
Frank passou o braço pelos ombros de . Subiram para o quarto dele, mas antes a ruiva passou no seu e trocou de roupa, depois foi ao encontro do baixinho. Deitou-se ao seu lado, o filme já havia começado.
- Esse filme parece ser muito bom. – disse Frank abraçando pela cintura, trazendo o corpo dela para mais perto de si. A ruiva estava encolhida de costas para ele.
- É, parece mesmo. – concordou vagamente.
Não estava com vontade de assistir a um filme, queria apenas ficar perto de Frank, talvez a culpa de não amá-lo diminuísse. Acabou adormecendo na metade do filme.


– CAPÍTULO ONZE –
Entendimento


7h

Viu o relógio no pulso dele, ainda era muito cedo, sabia que não conseguiria dormir novamente. Devagar, tirou o braço de Frank da sua cintura e foi para o seu quarto, onde trocou de roupa e fez toda sua higiene pessoal. Estava sem fome, foi então para o escritório de seu pai, onde se sentou na mesma poltrona do dia anterior, observou a poltrona a sua frente. Lembrou-se da noite anterior, quando Gerard foi gentil com ela.
Sua lembrança se encerrou quando outra coisa surgiu em sua mente, algo mais grave e que lhe atormentava todos os anos, todos os meses. Sempre nesse mesmo dia, não importava o mês, ela ficava angustiada, lembrando-se do ocorrido e agora com mais essa “novidade” de Frank apenas piorava tudo. Naquele dia completava dois meses e meio da morte do seu meio irmão. Era sua culpa, tudo sua culpa, se ela não tivesse o levado... Nada daquilo teria acontecido. Porém, ninguém sabia que ela era a culpada, nunca teve coragem de contar a verdadeira historia.
- Ah, Mark, como eu queria que estivesse aqui. Você me faz tanta falta, maninho. – disse em meio ao choro.

Não sabia quanto tempo havia se passado, desde que estava ali. Apenas observava a paisagem, a piscina, os pássaros que voavam por ali e lembrava-se de quando ela e Mark eram pequenos. Inocentes crianças que não sabiam de seu destino, não sabiam o mundo cruel que os aguardava.
- Te achei. – disse uma voz masculina, ela sabia quem era, ficou até surpresa, mas não desviou o olhar na esperança de que ele percebesse que ela queria ficar sozinha. - Sabia que estaria aqui, mas não tão cedo. – murmurou Gerard, enquanto entrava no escritório e aproximava-se dela.
- Oi. – disse , olhando para ele, dando um meio sorriso.
- Ei, como está? – perguntou sentando-se na poltrona do dia anterior, de frente para ela.
- Mal, pior que ontem. – disse, virando o rosto mais uma vez para a piscina.
- Hoje faz dois anos e meio, né? – perguntou ele de repente, fazendo a garota olhar para ele assustada. Como ele sabia? Não, ele não podia saber!
- Do que está falando?
- Do seu meio-irmão.
- Como sabe?
- Ontem, depois que você subiu com o Frank, eu fui à cozinha conversar com a Marta, ela acabou me contando sobre seu meio-irmão.
- Foi tudo minha culpa. – confessou abaixando a cabeça e observando as mãos, apertando-as fortemente. Ela não sabia por que, mas sentia uma tremenda confiança nele como se pudesse contar seus segredos mais íntimos e era isso que estava fazendo naquele momento. Era isso que estava precisando fazer, tinha que tirar um pouco desse peso de suas costas.
- Não foi a sua culpa, os bandidos o assaltaram, ele reagiu, você não tinha como impedir. – disse pegando na mão da ruiva em forma de apoio, esta levantou o rosto olhando para ele.
- Essa foi a mentira que contei para todos. – disse levantando-se e soltando delicadamente a mão dele da sua, começou a andar pelo escritório de um lado para o outro, tomando coragem para contar toda a história a Gerard, tentando arranjar uma maneira menos chocante de contar a ele. Por fim, sentou-se no sofá e colocou o rosto entre as mãos deixando que as lágrimas saíssem por seu rosto.
Tudo estava voltando, estava ficando deprimida, aquilo não era nada bom. Sentiu culpa pela morte de Mark, por não amar Frank e por sentir raiva de sua mãe, raiva por tê-la abandonado e ter ido morar com aquele maldito francês, mas no fundo estava sentindo muita falta dela, sabia que a mulher estaria triste naquele momento.
Todas aquelas coisas juntas a estava deixando muito mal, sem ânimo algum, tudo estava se repetindo, porém desta vez mais forte.
- Minha mãe tinha apenas 15 anos quando engravidou, estava no início do primeiro ano, ela contou ao namorado, mas o desgraçado não aceitou e caiu fora. Meses depois minha mãe conheceu meu pai, ele sempre foi um cara direito, logo a pediu em casamento e assumiu o filho que nem era dele! Casaram-se novinhos, mas sempre foram felizes durante muitos anos. – contou .
- A Marta me contou. – disse Gerard, sentando-se no sofá ao lado da ruiva.
- Quando eu terminei o terceiro ano, fugi com o Blake, me ex-namorado, para a Suíça. O Mark foi atrás de mim para tentar fazer com que eu mudasse de ideia e voltasse para casa. Só que eu estava cega de amor e não iria voltar de forma alguma...
- Por quê? Por que você fugiu?
- Meu pai me proibiu de namorar o Blake, porque ele era mais velho. Mas o que o meu pai não sabe é que namoro com o Blake desde meus 17 anos, esse ano nós completaríamos quatro anos, nós passamos quase um ano ficando, em agosto ele me pediu em namoro – explicou a ruiva, nunca foi tão fácil falar sobre aquele assunto como estava sendo naquele momento.
- Nossa, que história! – disse impressionado. - Mas então, o que aconteceu com o Mark?
- O Blake estava devendo um dinheiro a um traficante, eu pedi que o Mark fosse comigo...
- Calma aí. – disse, fazendo sinal com a mão para que ela se calasse e tentando absolver a informação. - Você namorava um drogado? – perguntou, incrédulo.
- É – suspirou. – Eu que sustentava o vício dele.
- ...
- Eu sei que foi errado, mas eu estava muito apaixonada, o Blake foi meu primeiro cara, entende? Vou sempre me lembrar dos momentos bons que passamos juntos, por incrível que pareça, foram muitos. – deu um meio sorriso.
- O que aconteceu quando vocês chegaram onde o traficante estava?
- Assim que eu entreguei o dinheiro ao cara, ele tentou atirar em mim... – disse, seus olhos já haviam enchido de lágrimas.
- E...
- O Mark se jogou na minha frente, recebendo o tiro por mim – disse entre soluços, por pouco Gerard quase não entendia o que a garota dizia, mas com um pouco de sacrifício conseguiu compreender. – Eu chamei a ambulância, mas ele não resistiu por muito tempo.
- Ah, , sinto muito. – disse passando seus braços pelos ombros da ruiva, a conduzindo para um abraço/ pela primeira vez a garota deixou-se levar, passou os braços em volta do moreno e afundou a cabeça em seu pescoço.
- É tudo minha culpa. – disse entre soluços e por um tempo ficou em silêncio, tentando se acalmar um pouco para continuar. – Se eu tivesse escutado, nada daquilo teria acontecido. – sussurrou fechando os olhos, tentando impedir que as lágrimas tornassem a cair.
- Não é sua culpa, você estava apaixonada pelo Blake, o amor nos deixa cegos, nos faz fazer bobagem.
- Queria que ele estivesse aqui. – disse parando o abraço e limpando as lágrimas que escorriam pelo seu rosto, agora um pouco mais calma.
- Ele sempre estará aqui. – disse, fazendo sinal para o coração da garota. – Foi por isso que você estava tristinha ontem? – perguntou ainda em dúvida e segurando a mão dela.
- É uma parte do problema... Ah, tanta coisa aqui. – disse apontando para a cabeça com a mão livre.
- Oh, menina problemática. – brincou, fazendo dar uma simples risada. – Você fica muito mais bonita sorrindo – admirou-se dizer. Ele observava intensamente o belo rosto da ruiva, como se fosse uma obra de arte, a mais perfeita das obras de arte.
- Obrigada.
- Então, me conta o resto do problema.
- Hum... Tem o Frank... E a minha mãe, qual quer escutar primeiro? – suspirou. Nunca pensou que tivesse tantos problemas. O problema da sua mãe nunca a afetara tanto quanto estava a afetando naquele momento.
- Vamos deixar o Frank por último, sim?
- Sim, senhor psicólogo. – brincou.
- Prossiga.
- Certo... – disse, respirando fundo. – Sinto falta dela, desde que se separou do meu pai eu não a vejo.
- Faz quanto tempo?
- Quatro anos. Ela fugiu para Paris.
- Seu pai nos contou.
- Maldito francês! – disse entre dentes.
- Por que não liga para ela? – disse como se fosse a coisa mais simples do mundo.
- Sempre brigamos quando eu ligo.
- Humrum... E qual é o problema com o Frank?
- Você ouviu o que ele disse ontem quando estávamos brigando? – disse sentindo um frio no estômago quando pronunciou aquilo.
- Oh, se ouvi, quase fiquei surdo com os gritos dele. – riu, porém a ruiva continuou séria, fazendo o sorriso logo sumir dos lábios do moreno.
- Não, Gerard, é sério.
- Ok, desculpa.
- Você ouviu quando ele disse que eu era a mulher que ele amava?
- Ouvi, qual o problema? Isso é bom.
- O problema é que eu não o amo, sinto apenas atração por ele, o nosso relacionamento é algo mais carnal, por isso que eu não quero namorar com ele.
- Hum... Isso é complicado. – disse pensativo.
- Muito complicado... Sinto-me tão culpada por isso.
- Você já conversou com ele sobre isso?
- Já, mas eu estou dando esperanças a ele, me sinto mal por isso... E se eu nunca sentir amor por ele? – perguntou preocupada.
- Aí a coisa se complica.
- Eu gosto do Fran, gosto muito mesmo, mas não é amor.
- Não fica assim, para de pensar nisso, deixa que o tempo cuida disso.
- Eu me sinto muito mal por isso. – disse, sentindo seus olhos começarem a arder.
- Ei, não começa a chorar, eu odeio ver mulher chorando, esse é meu ponto fraco.. – disse, acariciando o rosto dela com as costas do dedo indicador.
- Preciso ficar sozinha.
- Certo, qualquer coisa é só me chamar. – disse levantando-se.
Gerard saiu, deixando sozinha no escritório, subiu as escadas, indo para seu quarto onde pegou seu caderno de letras e uma caneta, foi então para a pequena biblioteca que tinha logo quando subia as escadas, mas não era uma sala. Sentou-se no sofá e usou o braço para apoiar o caderno.

passou o dia todo isolada, às vezes no escritório ou então ia para seu quarto, e outras saía para dar uma volta. Frank tentou lhe animar, mas não obteve resultado algum, isso o deixou bem preocupado. Pensou em recorrer a Gerard, já que ele falara com a garota na noite anterior, mas estava querendo tanto animá-la que não saiu de seu lado. Quando notou que ela não queria conversar, apenas ficou deitado ao seu lado, fazendo-lhe carinho.

– CAPÍTULO DOZE –
Que a batalha comece!


- Bom dia. – disse Frank saindo do quarto de e jogando-se em uma poltrona.
Estavam na biblioteca que havia ali, no segundo andar, entre os quartos, desde o dia anterior Gerard só ficava ali. Havia mais uma vez passado a noite com a garota e estava intrigado com algo que vira no dia anterior, mais uma vez vira Gerard conversando com a ruiva, e agora eles pareciam bem amigos. O que estava acontecendo ali?
- Bom dia. – disse Gerard sem olhar para o amigo, escrevia rapidamente no seu caderno de letra de músicas.
- Já está escrevendo?
- É claro! É com isso que ganhamos dinheiro.
- O que você estava fazendo sozinho ontem no escritório com a ? – perguntou como quem não queria nada, mas ficou atento a resposta do amigo.
- Conversando com ela...
- Eu te vi segurando a mão dela.
- Frank, você está com ciúmes? – riu, finalmente parando de escrever e encarando o amigo.
- Essa é uma pergunta muito idiota que não merece resposta.
- Eu sou seu amigo, nunca tomaria a mulher que você ama, além do mais, ela gosta de você não de mim.
- Onde ela está? – perguntou, pois quando acordara a ruiva já não se encontrava mais em seus braços.
- No escritório, mas ela quer e precisa ficar sozinha.
- Por quê?
- Isso eu não posso te contar.
- Eu tenho o direito de saber!
- Só ela pode te contar.
- Pois então irei perguntar. – disse levantando-se.
- Espere. – disse, levantando-se e segurando o braço do amigo. – Ela precisa ficar só. – disse o empurrando, fazendo-o voltar para a poltrona. Voltou então a se sentar.
- Gerard, não enche! – disse fazendo menção de se levantar.
Escutaram passos, alguém subia as escadas, viram uma cabeleira ruiva, era . Ela chorava, sua expressão se transformou em uma cara de susto quando viu os rapazes ali, pois eles nunca ficavam ali.
- Fran. – disse a ruiva, indo até o moreno e sentando-se em seu colo. O abraçou, ficando encolhida ali, chorando com o rosto da curva do pescoço dele.
- , o que aconteceu? – sussurrou o baixinho para ela, enquanto acariciava seus cabelos, tentando acalmá-la.
- Nada. – disse com a voz abafada.
- Como nada, ? Você está chorando!
- Não é nada, eu vou ficar bem.
- Amor... – começou docemente.
Aquela não foi a melhor palavra a ser escutada naquele momento, aquilo só a fez ficar ainda pior, o choro veio com mais intensidade. Se ele soubesse o porquê de ela estar daquela forma, talvez não usasse aquela palavra, que só a deixava pior, se ele soubesse que tinha um pouco de culpa em todo aquele sofrimento... Mas não podia ficar ali o culpando, afinal de contas, ninguém manda no coração.
Frank já não sabia o que fazer, olhou para Gerard em busca de ajuda, este apenas deu de ombros e voltou a escrever. Ficou acariciando os cabelos dela e sussurrando que tudo ia ficar bem, tentando assim fazer com que ela se acalmasse pelo menos um pouco.
Gerard tentou não prestar atenção nos dois, fingir que não estava nem aí com , pois estava sentindo algo o corroer por dentro, algo muito estranho por apenas ver seu amigo com a ruiva, aquela linda ruiva que estava começando a lhe chamar tanto a atenção... Se bem que ela já fazia isso há algum tempo e ele tentava ignorar brigando com ela, para tentar demonstrar que não sentia nada, que ela poderia atrair todos menos ele. Mas pelo visto aquilo não funcionou, estava começando a ceder aos encantos de .
Estava muito preocupado com ela, pois sabia o que havia acontecido alguns anos atrás após a morte de Mark, a ruiva não ficara nada bem, havia entrado em depressão e frequentava um psicólogo, assim como tomava remédios para dormir e para depressão isso durante um ano, ela ia para faculdade a pulso. Com o tempo melhorou e parou com os remédios e agora tudo estava voltando novamente e Gerard pretendia ajudar para que ela não ficasse mal novamente. Isso era realmente estranho, mas... Ele queria ajudar.
- , vamos para o quarto, vou te dar um calmante, assim você não pode ficar. – disse Frank.
- Eu não quero. – disse a ruiva entre soluços e colocando a mão sobre o pescoço dele, enfiando mais seu rosto na curva.
- O Frank tem razão, você precisa de um calmante. – disse Gerard parando de escrever e encarando a garota.
- Está vendo? Até o Gerard concorda! – disse a ajudando a ficar em pé.
Gerard voltou a escrever.
Frank e foram para o quarto, a ruiva deitou-se e ele a cobriu. Aconchegando-a melhor que pôde, tentando deixá-la bem confortável.
- Onde tem calmante? – perguntou Frank entrando no banheiro à procura do remédio.
- Nessa bolsinha roxa que está em cima da pia. – disse, encolhendo-se na cama.
- Achei. – disse pegando a bolsinha e a abrindo, achou uns remédios bem estranhos para depressão e para dormir. O que isso estaria fazendo ali? Será que usava esse tipo de remédio? Se usava, por quê? Pelo visto ele não a conhecia como achava – Ei, que remédios são esses? – perguntou pegando as cartelas e saindo do banheiro para mostrar à garota. Ele pôde ver por um segundo pânico nos olhos dela, mas talvez fosse apenas sua imaginação, pois no segundo seguinte ela estava dando um meio sorriso.
- Ah, eu achei. – mentiu.
- Onde? – perguntou voltando ao banheiro e guardando, agora procurando o calmante.
- Não me lembro, já faz tempo.
- Achei o calmante. – disse pegando um comprimido e voltando para o quarto. – Vou pegar água. – disse entregando o remédio a garota.
- Não precisa. – disse jogando o comprimido na boca e o engolindo. – Deita aqui comigo – pediu.
- Claro, linda. – sorriu.
Deu a volta na cama e deitou-se ao lado dela, logo em seguida puxou a garota para se aconchegar em seus braços e ficou cariciando seus longos e ruivos cabelos. Aos poucos a garota foi se entregando ao sono que começava a consumir.
Ao perceber que ela já dormia Frank levantou-se, lentamente, tentando não acordá-la. Precisava falar urgentemente com Gerard para assim tentar descobrir o que estava acontecendo com sua ruiva. Estava muito preocupado com ela, algo de terrível estava acontecendo, ele podia sentir o ar pesado. Se fosse preciso iria brigar com Gerard mesmo ele sendo seu melhor amigo.
Saiu do quarto e viu o amigo no mesmo lugar que o deixara quando foi levar para o quarto, ele continuava a escrever no bendito caderno.
- Gerard, quero falar com você. – disse Frank, posicionando-se em frente ao amigo.
- Como está a ? – perguntou sem nem levantar o rosto para encarar o amigo.
- Desde quando você a chama assim? Que intimidade é essa? – estranhou. – Até ontem vocês se odiavam!
- Frank, eu não te entendo, você queria que eu e a parássemos de brigar, nós paramos. Agora você fica com ciúmes, que idiotice da sua parte.
- Não me chame de idiota! – gritou dando uma tapa no caderno, fazendo-o voar longe. Gerard, então, finalmente olhou para ele. – Olhe para mim enquanto estiver falando. – disse entre dentes.
- O que você tem hoje, hein? – perguntou levantando-se.
- Quero que me diga por que a estava daquele jeito.
- Pergunte a ela!
- Se você não percebeu eu perguntei a ela...
- Eu não posso fazer nada, é uma coisa que só ela pode contar!
- Gerard, eu estou perdendo a paciência. Se você não me contar vou acabar arrebentando a sua cara!
- Pois faça isso, porque eu não irei contar.
- Seu filho da mãe! – disse pegando Gerard pelo colarinho e o empurrando com força contar a parede. – Por que a te contaria algo e não me diria nada?
- Por que ela confia mais em mim do que em você?! – provocou, irritado com a atitude do amigo.
- É mentira! – disse fazendo Gerard bater a cabeça na parede. – Me conte o que está acontecendo! – ordenou.
- Eu não vou, Frank! – gritou.

Acordou assustada escutando vozes alteradas e barulhos, parecia que alguém estava brigando feio. Levantou-se ainda com muito sono por causa do efeito do remédio e saiu do quarto quase cambaleando, apoiando-se na parede. Viu então Frank dando um soco em Gerard que caiu no chão com a mão no rosto. Aquilo a assustou tremendamente, eles nunca brigaram, sempre foram muito amigos, o que estava acontecendo ali?
- Parem, parem de brigar! – gritou a ruiva correndo até os dois.
- Seu idiota! – disse Frank baixando-se e dando mais um soco no rosto de Gerard.
- Frank, para! – gritou, tentando empurrar o baixinho de cima de Gerard, mas era impossível, ele era mais forte que ela. Ela odiava ver brigas, violência, aquilo a deixava muito nervosa. Gerard não estava deixando barato, também estava socando a cara de Frank, agora os dois embolavam no chão.
- Ei, o que está acontecendo aqui? – perguntou Ray subindo as escadas correndo, com Mikey logo atrás.
- Os façam parar! – disse chorando, desesperada, sem saber mais o que fazer.
- Calma, . – disse Mikey indo até a ruiva e a abraçando, tentando acalmá-la, enquanto Ray tentava acabar com a briga.
- Deixem de idiotice! – disse Ray conseguindo empurrar Frank e o segurou.
- Calma, , acabou. – disse afagando as costas da ruiva.
- Olha o que você fez, Frank. – disse Gerard, levantando-se e indo até seu irmão e . Ele tomou a ruiva em seus braços e a abraçou fortemente. – Está tudo bem, calma. – sussurrou.
- Largue ela! – disse Frank soltando-se de Ray e empurrando Gerard para longe de .
- Para! – gritou a ruiv.a – O que deu em vocês? – perguntou olhando para os dois rapazes que antes brigavam.
- Vamos, Frank, diga por que você bateu em mim. – disse Gerard, irritado.
- Eu... Ele não quis me contar o porquê de você estar triste. – soltou Frank de uma só vez.
- Você não tinha o direito de bater nele por isso! Que coisa mais infantil! – disse limpando as últimas lágrimas que escorriam por seu rosto.
- Eu estou preocupado com você, queria e ainda quero saber o que está acontecendo.
- Se eu não te contei é porque ainda não estou preparada para isso... Deveria respeitar isso!
- Por que você contou a ela e não me contou?
- Deixe de ser tão infantil. – revirou os olhos. – Competiçãozinha mais ridícula! Eu conto os meus problemas para que eu quiser, não preciso só contar a você.
- Desculpe. – disse meio cabisbaixo.
- Você não deve desculpas a mim, mas ao seu amigo.
- Desculpe, Gerard. – disse a contra gosto. Estava de cabeça quente e até esfriar ficaria um clima muito estranho entre os dois amigos.
- Tudo bem. – disse o moreno fazendo sinal com a mão de que estava tudo certo.
- Gerard, pede para a Marta dar um jeito no estrago que o Frank fez em você... Agora eu vou me deitar, já estou ficando um pouco tonta por conta do remédio. – disse a ruiva.
- Eu te ajudo. – disse Frank se aproximando, porém a garota recuou, impedindo seu toque.
- Não, eu não preciso de sua ajuda.
Voltou para o quarto sem dizer mais nada, deitando-se e voltando a dormir, esperando que mais nenhuma confusão acontecesse.

12h
Acordou mais calma, bem relaxada, aquele calmante natural era algo divino. A primeira coisa que viu quando abriu os olhos foi Frank sentado no chão a observando, encostado na parede, ele tinha uma expressão meio triste, arrependida, era de cortar o coração, deu um meio sorriso e sentou-se na cama, passando as mãos pelos cabelos, tentando arrumá-los, o baixinho nem se moveu do lugar. Queria ficar com raiva dele, para que ele aprendesse que não deveria fazer aquilo, mas vendo-o daquela forma... Não conseguia. Levantou-se e foi até ele, ajoelhou-se na sua frente e lhe deu um selinho.
- Eu realmente deveria ficar com raiva de você. – disse séria. – Mas não consigo. – confessou. – Te adoro por demais.
- Vem cá. – disse Frank estendendo os braços para ela e a puxando para um abraço apertado. – Desculpe por ter sido um idiota, eu fiquei com ciúmes. – confessou.
- Seu bobo. – sorriu afastando-se e observando o rosto dele. - Não precisa ficar com ciúmes. – deu mais um selinho nele e levantou-se. – Venha, vamos almoçar. – estendeu a mão para o moreno.
- Vamos. – disse levantando-se em um pulo e segurando a mão dela.
- Não quero mais que brigue com o Gerard por minha causa. Vocês são melhores amigos. Sentiria-me culpada em acabar com a amizade dos dois.
- Fique tranquila. O Gerard já me desculpou. – disse entrando no corredor e seguindo para as escadas.
- Ótimo. – sorriu.
- Por que essa mudança repentina com ele?
- Porque ele foi gentil quando precisei. – disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Mas não era apenas isso, tinha algo a mais que a fez mudar, algo no brilho do olhar dele que a deixou um tanto hipnotizada e confiante, algo que ela só havia percebido agora, porém não iria dizer nada a Frank, não podia fazer isso com ele, daria motivos para que o rapaz sentisse insegurança.
Desceram para a sala, viram Marta limpando os jarros e cantarolando uma música. Desde o dia anterior não havia tido notícias de seu pai, aquilo era muito entranho.
- Marta, onde está meu pai? – perguntou .
- Ele ainda não voltou, querida. – disse a mulher parando o que estava fazendo e voltando sua atenção para a garota.
- Obrigada.
- Por nada.
- Você sabe de alguma coisa? – perguntou a Frank enquanto caminhavam para a sala de jantar.
- Ele foi encontrar a namorada. – respondeu o baixinho.
- Namorada? Que namorada? – perguntou confusa. Desde quando seu pai tinha uma namorada? Depois que se divorciou ele nunca mais saiu com ninguém, estava sempre com a cara enfiada no trabalho.
- Você não sabia?!
- Não, quem é?
- Ela se chama Shayne Harris.
- Eu não acredito que meu pai está namorando aquela prostituta maldita! – disse com ódio, alterando um pouco a voz.
- Você sabia que ela era...
- É claro! – disse entrando na sala. – Meu pai a apresentou a mim e a minha mãe, eu tinha sete anos quando isso aconteceu. Foi minha mãe que descobriu o segredinho dessa vaca.
- Ei, do que estão falando? – perguntou Bob, só então percebeu a presença de todos.
- Shayne Harris. – pronunciou com nojo.
- E para que esse ódio todo nesse lindo coraçãozinho? – perguntou Mikey, rindo.
- Eu odeio aquela mulher, ela é uma prostituta!
- Ela não é mais.
- Duvido! Essa mulher deve estar enganando meu pai só para pegar o dinheiro dele. – disse , revoltada.
- Não parece – disse Gerard. – Quando seu pai nos apresentou a Shayne, ela parecia bem apaixonada por ele.
- Claro, eu também sei ser uma ótima atriz, posso muito bem fingir está apaixonada pelo Ray... Vocês querem ver? – perguntou essa última parte apenas para brincar e acabar com aquele clima de fúria que ela proporcionara.
- Queremos. – disse Ray, empolgado.
- Não! – disse Frank, levantando-se de seu lugar e puxando para si. Todos riram, menos Gerard, que ainda estava chateado com o amigo e seus ciúmes.
- Ok. – riu – Não quero mais falar sobre a Shayne, vamos almoçar.
Passaram o dia todo juntos, conversando e brincando. até que se alegrou um pouquinho. O clima entre Gerard e Frank ainda estava super tenso, mas no final do dia tudo estava quase resolvido, acabou que todos saíram para assistir a um filme e mais uma noite Frank passou no quarto de . Eles ficaram por horas conversando aos sussurros e fazendo carinho um no outro, até que pegaram no sono. O que preocupava era que aquele carinho que sentia pelo baixinho nunca se transformaria em algo mais.

– CAPÍTULO TREZE –
Voltando ao passado


estava na piscina, sentada em uma das cadeiras de tomar sol, porém, já era quase final de dia e o sol estava no outro lado da casa, fazendo com que esta projetasse uma enorme sombra. Frank estava com ela, mas, naquele momento, ele se afastou para falar ao telefone. O moreno nunca a deixava sozinha, sempre estava ao seu lado nem que fosse apenas para ficar calado fazendo-lhe um simples carinho, Frank era um cara muito carinhoso, merecia algo melhor que ela, alguém que lhe desse valor.
Seus pensamentos voaram longe quando lembrara que já fazia três dias que não via seu pai, pois este estava com Shayne. Pensava no dia em que sua mãe descobrira a verdadeira profissão de Shayne, algumas coisas que a sua mãe disse naquela noite eram realmente muito esquisitas, mas ela nunca havia parado para pensar bem naquilo, pois fazia tanto tempo.
- O que está te encucando? – perguntou Gerard sentando-se em uma cadeira de frente para ela.
- É que... – começou a ruiva.
- , vou ter que viajar. – disse Frank, guardando o celular no bolso de trás da calça jeans. Ele tinha uma expressão preocupada.
- Para onde? – perguntou, levantando-se e indo até o moreno.
- New York.
- Por quê? – perguntou fazendo biquinho enquanto o abraçava; não queria que ele fosse embora, gostava de ficar perto dele, queria sempre tê-lo por perto. Poderia não amá-lo, mas ele lhe fazia muito bem.
- Minha mãe está um pouco doente, preciso ir vê-la. – disse acariciando os cabelos dela, depois tomou o rosto da garota em suas mãos e a beijou.
- Quando você volta? – perguntou abrindo os olhos, após se encerrar o beijo.
- Não sei, depende de como ela está.
- Ok – disse, afastando-se. – Vai que horas?
- Assim que eu arrumar minhas coisas.
- Ah, Fran... – disse, fazendo bico.
- Eu volto logo, ligo para você de noite – prometeu. – Me faça um favor, Gerard – pediu, virando-se agora para o amigo. – Cuide bem da minha ruivinha. – sorriu.
- Pode deixar. – disse o moreno, sorrindo.
- Tchau, minha ruivinha. – disse e deu um selinho nela, antes de entrar em casa para assim seguir para seu quarto e arrumar suas roupas.
- Então, termina de me contar o que está te encucando. – pediu Gerard.
- Estava lembrando o dia em que a minha mãe descobriu a profissãozinha de Shayne. Lembrando a conversa que meus pais tiveram... Foi muito estranho.

Início do flashback

A pequena de apenas sete anos, saiu de seu quarto, assustada, havia acabado de ter um pesadelo. Caminhava pelo corredor - iria para o quarto de seus pais. A porta estava entreaberta, olhou pela brecha, vendo seu pai deitado lendo um livro e sua mãe lia uma revista de moda.
- Descobri uma coisa bem interessante – soltou Beccy, sua mãe, ela era linda e elegante. Ruiva, cabelos curtos na altura dos ombros e olhos incrivelmente verdes.
- O que, amor? – perguntou Leonard ainda lendo seu livro.
- Descobri que aquela mulher que você apresentou à nossa filha de sete anos é uma prostituta! – disse, colocando a revista na mesinha de cabeceira e encarando o marido em busca de explicações, ou algo do tipo.
- Como descobriu isso? – perguntou assustado, colocando o livro de lado.
- Eu a vi no seu “horário de trabalho” enquanto voltava para casa ontem após o jantar com na casa da Michelle – disse com nojo.
- Mas ela disse que era garçonete! – disse pensativo.
- Ela mentiu, Leonard! – disse alterando-se um pouco. – Não quero essa mulher perto da minha menininha!
- Beccy, você tem que aceitar que...
- Não continue – disse, fazendo sinal para que ele se calasse. – Eu a criei, eu dei amor a... – disse a mulher irritada. Leonard fez sinal para que ela não continuasse, havia percebido a presença da filha ali.
- Temos uma ratinha assustada na porta – disse alto para a garotinha escutar. Ele sempre a chamara assim por ela amar comer queijo, toda a comida dela deveria sempre ter queijo ou ela fazia um escândalo e não comia de forma alguma.
- Não quero mais essa mulher na minha casa, muito menos perto da minha filha! – disse, por fim.
- Certo, Beccy, certo.
- Mamãe e papai, posso dormir aqui? – perguntou entrando no quarto.
- Claro, anjinha – sorriu a mulher, abrindo os braços para que a filha fosse até ela. A garotinha correu até a mãe que lhe colocou no colo.
- O que está fazendo aqui, ratinha? – perguntou Leonard, puxando a ruivinha para ficar entre os dois.
- Tive um pesadelo. – disse , fazendo bico e uma carinha assustada.
- Papai, mamãe, posso ficar aqui também? – perguntou Mark subindo na cama, ele tinha 10 anos. Parecia também um pouco assustado.
- Claro, filho. – disse Leonard.
O garotinho empurrou a irmã por pirraça de perto da mãe e deitou-se mais próximo a ela, depois que cada um contou seu pesadelo começaram uma guerra de travesseiros, que logo foi encerrada pelos pais, mandando-os dormir.

Fim do Flashback

- Eu queria saber o que a minha mãe tem que aceitar – disse , pensativa.
- Por que não liga para ela e pergunta? – perguntou Gerard.
- Acho que vou fazer isso – disse tirando o celular do bolso e discando o número de sua mãe, não demorou muito para ela atender.
- He*? – disse Beccy.
- Salut, maman* – disse em um perfeito francês, ela aprendera apenas algumas coisas, gostava de francês, mas depois do que acontecera com seus pais tomou trauma e perdeu o interesse pela aula.
- Filhinha, como está?
- Bem, e você?
- Ótima, agora que ligou! Faz tempo que não nos vemos.
- Anos, mãe. Desde que você abandonou meu pai.
- , vou lhe dizer quantas vezes que eu e seu pai já não estávamos nos entendendo?
- Certo, certo. – disse começando a perder a calma.
- E você me liga pelo menos três vezes ao ano.
- Só quando realmente preciso. – disse impaciente. Não sabia por que, mas sempre perdia a paciência com a mãe.
- Quando vai me perdoar? – suspirou.
- Você foi embora e nem ao menos se despediu de mim!
- Você tinha fugido e seu irmão tinha morrido...
- Eu entrei em depressão e você se importou? Não! Você nem ligou para mim!
- , eu também fiquei mal.
- Ok, não quero mais falar sobre isso. – suspirou, permitindo que algumas lágrimas caíssem, falar sobre aquele assunto doía demais.
- Diz o que está sentindo – sussurrou Gerard, segurando a mão da garota e acariciando em forma de apoio. – Diga que sente falta dela.
- Não, eu não posso! – disse afastando o aparelho de seu ouvido e rapidamente o desligou. Perdera toda a coragem em apenas um segundo, mas por quê? Era uma covarde! Não podia simplesmente dizer a sua mãe que sentia falta?! Não! Tinha que amarelar.
- Pode, você precisa dizer isso, que está entalado há anos.
- Ela não vai acreditar, não depois de todos esses anos que eu só falei grosserias para ela – disse, sentindo-se um pouco arrependida.
- Ela vai acreditar, é tudo o que ela mais quer escutar.
- Não. – disse, olhando para as mãos.
- , olhe para mim. – disse, levantando o rosto dela. – Seu coração precisa disso, precisa dessa paz.
- Eu não quero ser fraca – disse com um fio de voz.
- Você não ira se tornar fraca por causa disso. Ligue para sua mãe.
- Certo. – disse, discando o número novamente.
- , o que aconteceu? Por que desligou? – perguntou Beccy, preocupada.
- Sinnto sua falta. – sussurrou rapidamente.
- O quê, querida?
- Sinto sua falta. – disse mais alto e menos rápido.
Ficou em silêncio como se tivesse tomado um susto, mas logo se recuperou.
– Também sinto sua falta.
- Des-desculpe, eu não queria ter sido tão es-estúpida, não sei o que me deu – disse deixando que as lágrimas caíssem mais ferozmente logo se transformando em soluços.
- , você está chorando? – perguntou assustada.
- Ah, mamãe, queria te abraçar agora.
- Eu também, amorzinho. – disse com voz de choro.
- Te amo, mamãe.
- Te amo, filha.
- Mãe, posso te perguntar uma coisa?
- Claro.
- Se lembra da discussão que você teve com o papai quando descobriu que a Shayne Harry era prostituta?
- Sim, nesse dia você e o Mark tiveram pesadelos...
- No meio da discussão o papai disse: “Beccy, você tem que aceitar que...”, o que você terá que aceitar, mãe? Mãe?
- Oi.
- Pode me responder o que te perguntei?
- Ah, querida, isso já faz tanto tempo...
- Mãe, por favor.
- Tenho que ir Mon Cherry, o Jetho está me chamando, te amo, assim que der eu irei te visitar, beijinhos, tchau. – desligou.
- Ela desligou. – suspirou .
- Te disse algo? – perguntou Gerard.
- Não, me pareceu muito nervosa, inventou uma desculpa e desligou.
- O jeito é perguntar ao seu pai.
- É.
- Quer dar uma volta? – perguntou, levantando-se e estendendo a mão para ela.
- Claro. – disse aceitando a ajuda. – Aonde vamos?
- Em um lugar onde eu adorava ir.
- Ih... Já sei que não presta.
- !
- Estou brincando! – riu.
Saíram da casa. Gerard pegou a chave do carro do motorista, já que ele ainda não comprara seu próprio carro. Dirigiu até um parque onde havia um belo lago e as pessoas caminhavam conversando, alguma crianças corriam de uma lado para o outro, enquanto seus pais os observavam. Estacionou em baixo de uma árvore e desceu. Os dois começaram a caminhar, enquanto conversavam.
- Aposto que você trazia as garotinhas para cá – disse com um sorriso malicioso nos lábios.
- Não, as garotas da escola não gostavam muito de mim.
- Por quê?
- Eu não era popular.
- Ah, eu sempre fui – deu de ombros.
- Você tem cara de quem era popular – concordou. – E a faculdade?
- O que tem?
- Quando vai começar a ir?
- Não sei, depois eu vou ligar para saber.
Andaram por mais um tempo observando aquela linda paisagem. De repente viu dois capangas de Drew vindo em sua direção, eles olhavam para os lados como se procurasse algo ou... Alguém, ela. Não tinha para onde correr, parou e olhou para Gerard assustada, tentando pensar em algo. Logo uma ideia surgiu, não era a melhor, mas era a única forma de salvar sua pele.
- O que foi? – perguntou o moreno.
- Me desculpe – disse sinceramente. – Mas eu terei que fazer isso. – disse aproximando-se dele.
- Isso o que? O que está... – começou.
Foi interrompido por , que jogou os braços em volta do seu pescoço e o beijou. Por um momento ele hesitou, estava assustado com a atitude repentina dela, a ruiva aprofundou, impedindo que Gerard se afastasse.
O beijo do moreno era lento, delicado, bem diferente do de Frank - que era feroz, cheio de desejo. Acabou esquecendo-se dos capangas de Drew, aquilo que estava sentindo era impressionante, parecia que ela estava nas nuvens, parecia que o mundo havia parado. Parou o beijo quando já não tinha mais fôlego.
- Eles já foram – disse ofegante, afastando-se lentamente dele, porém ainda ficando próximo; próximo o suficiente de ainda sentir a respiração dele entrar em contado com sua pele. Olhou para os lados procurando os capangas de Drew. – Vamos – disse, puxando-o pela mão, foi andando rapidamente, olhando sempre para os lados. Chegaram ao carro e Gerard o abriu. Logo estavam voltando para casa em silêncio. - Gee, não conta nada para o Fran. – pediu, olhando para ele.
- O que foi aquilo? – perguntou, desviando o olhar para ela durante alguns segundos, ele tinha um olhar confuso e logo voltou a observar a estrada.
- Um beijo... Dã. – brincou recebendo um olhar sério. – Desculpe.
- Será que você pode me explicar?
- Certo, mas não conte nada a ninguém.
- Pode deixar.
Ela contou tudo a o que Gerard precisava saber, viu que ele ficou muito preocupado, oferecendo-se até para pagar a dívida, porém recusou. Chegaram em casa e foram para a sala de TV, onde ficaram alguns filmes, que passava por uns canais a avulsos.

*Alô?
**Oi, mamãe.

– CAPÍTULO QUATORZE –
Discussão


Ainda estavam na sala de TV, já tinha escurecido. Gerard e deixaram o filme de lado e agora estavam conversando sobre suas vidas, o que esperavam dela e também um pouco sobre o passado; as coisas que lhes magoaram, que fizeram felizes. Eles quase já se conheciam por completo, sentiam-se livres para contar o que quiser um ao outro, como se eles se compreendessem. Aquilo era algo bem estranho para quem se odiava, talvez estivesse surgindo algo a mais de toda aquela conversa, isso também era sentido por ambos, mas que não entregavam os pontos. O medo deles era magoar de mais uma pessoa que amavam em comum... Frank Iero.
- Comprei um apartamento. – disse Gerard de repente.
- Quando? – perguntou , mexendo-se em seu lugar, mudando de posição, tentando esconder seu incômodo por aquilo; já estava acostumada de ter Gerard ali, não queria que ele se fosse. Parecia até engraçado, em alguns dias atrás se odiavam e agora ela não conseguia ficar nenhum segundo sem conversar com ele, sem estar perto dele.
- Semana passada, só estava terminando de mobiliá-lo, depois do meu aniversário pretendo me mudar.
- E os meninos?
- Eles também já compraram, menos o Frank.
- Então, todos irão se mudar depois do se aniversário?
- Isso mesmo, você vai se livrar de todos, menos do Frank – brincou. – Terá que aturar aquele baixinho durante um tempo.
- Eu gosto de aturá-lo. – disse, sorrindo maliciosamente. – Nós nos divertimos muito, nossas brincadeiras são interessantes, vamos dizer que bem... Quentes.
- Humrum... Não estou a fim de escutar isso – disse, fazendo cara de nojo.
- É impressão minha ou eu ouvi um tom de ciúmes na sua voz?
- , você se esqueceu que nos odiamos?
- Tem certeza que me odeia?
- Da mesma forma que você me odeia.
- Claro! Tinha esquecido essa pequena parte – riu junto com ele e continuaram sua conversa.

18 horas

- Gerard, , o jantar está na mesa – avisou Ray, entrando na sala e interrompendo um momento de risada dos dois.
- Ok – disse a ruiva tentando se controlar e parando de rir. – Vamos – disse levantando-se e limpando as lágrimas. – Hum... Ray, sabe de meu pai já chegou? – perguntou enquanto adentravam ao corredor.
- Ele chegou faz alguns minutos.
- Legal! – sorriu. – Finalmente poderei conversar com ele – lançando um olhar para Gerard.
- Eu já estava ficando curioso, sabe? – confessou Gerard, enfiando as mãos nos bolsos.
Foram para a sala de jantar, onde os rapazes, Leonard e uma mulher de cabelos ruivos, cacheados, pele clara e olhos castanhos já estavam à mesa. Ray e Gerard juntaram-se a eles, apenas continuou em pé perto da porta. Sentia-se furiosa, como seu pai podia fazer uma coisa daquela? Trazer aquela mulher para casa, aquilo era demais! Ela já disse um milhão de vezes que não a queria perto dela, que não queria vê-la nem pintada de ouro. Leonard simplesmente não havia dado bola.
- O que essa mulher faz aqui? – perguntou , tentando controlar a voz e olhando para Shayne com nojo.
- , sente-se e jante. – disse Leonard já prevendo a discussão que vinha pela frente.
- Não irei ficar no mesmo ambiente que essa... Mulher – pronunciou com repugnância, olhando para a ruiva dos pés a cabeça, como se não fosse um nada.
- Pode ir se acostumando, pois a Shayne irá morar aqui – disse levantando-se e se aproximando da filha.
- Por favor, não briguem por minha causa – implorou a mulher, também se pondo de pé. – Eu vou embora – disse dirigindo-se à porta, mas sendo impedida por Leonard.
- Ótimo, dê o fora desta casa! – disse , sorrindo maldosamente. – Essa é uma casa de família, não um cabaré onde qualquer prostituta coloca os pés imundos.
Assim que terminou de pronunciar a última palavra, a próxima coisa que sentiu foi uma forte e firme mão em seu rosto. Olhou assustada para o pai, ele nunca tocara nela, nunca fora agressivo por mais que, às vezes, em sua adolescência, merecesse isso. Colocou a mão no local, onde estava quente e bastante vermelho, sentiu seus olhos encherem de lágrimas, mas tentou impedir que fossem derramadas. A feição de seu pai era de alguém extremamente furioso.
- É tudo sua culpa! – gritou a garota, furiosa, para Shayne.
- Não é culpa dela – disse Leonard, tentando se controlar. – É sua culpa, você pediu por isso!
Abriu a boca para tentar dizer algo, mas as palavras não saíram, não conseguiu dizer nada além de pronunciar um soluço, só então percebera que estava chorando muito, por mais que tentasse impedir aquilo.
Saiu correndo porta a fora, foi direto para seu quarto e trancou-se lá, não pretendia sair nem tão cedo, aquele dia estava sendo um verdadeiro inferno, graças a maldita prostituta. Enfiou o rosto no travesseiro tentando abafar os soluços.

20 horas

- , o Frank está no telefone, ele quer falar com você – disse Gerard batendo na porta do quarto. A ruiva havia se trancado ali o dia todo, desligara até o celular. Teve que contar o que aconteceu ao amigo, para ver se ele conseguia convencer a garota de sair para pelo menos comer.
- Eu não quero falar com ninguém – disse com a voz de choro.
- Frank , ela não quer falar com ninguém.
- Acho melhor eu voltar – suspirou. – Não deveria ter viajado – disse o baixinho.
- Olha, não se preocupe, eu irei tentar tirá-la do quarto. Prometi que cuidaria dela e é isto que irei fazer.
- Certo, obrigado. Qualquer coisa, me liga.
- Pode deixar.
Tentou mais uma vez tentar convencer a garota a sair do quarto, mas nada adiantou, resolveu deixar ela ficar um pouco só, no dia seguinte tentaria mais uma vez.


– CAPÍTULO QUINZE –
Escapatória


Gerard já estava bem preocupado. Há três dias que não saía do quarto para nada, tinha até parado de responder as coisas que o rapaz perguntava. Ele resolvera puxar assunto com a garota para ver se ela saía, o moreno sentava-se junto a porta e ficava falando com como se tivesse sentada ao seu lado.
- , abre a porta – pediu Gerard batendo mais uma vez, preocupado pela falta de resposta da ruiva. – Se você não abrir essa porta eu vou arrombar – ameaçou.
- O que houve, Gerard? – perguntou Leonard, saindo do quarto com Shayne logo atrás.
- Ela não está respondendo – disse, acenando com a cabeça para a porta.
- Sabe, você tem razão sobre ela ser mimada – disse Leonard, fazendo menção de voltar para o quarto. – Eu não deveria ter dado tudo o que ela queria, deveria ter esperado que ela conseguisse com as próprias mãos – resmungou.
- Pode ser sério, Leonard – disse Shayne segurando seu braço, o impedindo de entrar.
- A adora chamar a atenção, deve ser isso que ela está querendo agora.
- Ela não se alimenta há quatro dias, nem ao menos está bebendo qualquer coisa que a hidrate! Você acha que isso é acha atenção? – perguntou a mulher, olhando severamente para ele. O homem suspirou e voltou para seu lugar, abandonando a ideia de voltar para a cama.
- Você por acaso tem uma cópia da chave do quarto? – perguntou Gerard.
- Não. – disse Leonard.
- Então, eu vou ter que arrombar.
- Tudo bem, se você acha que é necessário... – deu de ombros. – Vá em frente – disse afastando-se um pouco mais e trazendo Shayne consigo.
Tomou uma razoável distância e com toda força que conseguiu arranjar deu um chute na porta, fazendo-a abrir com um estrondo assustador. Sem esperar entrou no quarto sendo seguido por Leonard e Shayne.
As cortinas estavam fechadas, as luzes apagadas, deixando o ambiente solitário e escuro. não estava na cama ou em qualquer outra parte do quarto. Caminhou apressado até o banheiro e viu a banheira cheia de água, transbordando.
Não queria pensar no que aquilo poderia ser, a ruiva não poderia ter feito aquilo, não , que era cheia de vida! Nunca a imaginou fazendo algo do tipo, tirando sua vida. Mesmo assim continuou a se aproximar, e viu o que não queria, estava realmente lá, vestida, os olhos fechados, o corpo imóvel, parecia morta. Rapidamente ajoelhou-se e enfiou as mãos na água, levantando a cabeça da ruiva para que pudesse respirar, mas nada aconteceu, não viu nenhum movimento em seu peito que indicasse que ela respirava, então a pegou no colo, a ruiva estava gelada e sua pele estava em um tom pálido, naquela hora Gerard Way estava com muito medo, não que queria perdê-la, não podia perder mais uma pessoa que amava... Ele a amava? Mas o que era aquilo? Não era hora de pensar, apenas de agir.
Começou a fazer os procedimentos necessários, porém ela não voltava. Leonard já ligava para o médico e Shayne estava chorando, desesperada por ver a ruiva naquele estado.
- Ela não está voltando! – gritou Gerard fazendo mais uma tentativa, levando seus lábios de encontro aos dela e soprando ar para seus pulmões, que enchiam, mas ela não reagia.
- É tudo minha culpa, eu deveria ter ido embora – disse Shayne.
- Vamos, , não nos deixe – sussurrou Gerard, antes de encostar os lábios nos dela fazendo mais uma tentativa. Ele afastou-se e por um grande milagre viu a ruiva buscar o fôlego, respirando fortemente, arqueando todo o corpo em busca de mais ar e logo começou a tossir, cuspindo um pouco de água.
- Gee – disse em meio a tosse.
- Como é que você faz uma coisa dessa, garota?! Está ficando louca? – disse Leonard, se controlando para não fazer nada que não se arrependesse depois e abraçando Shayne, tentando acalmá-la.
- Eu não sou louca, foi apenas um aviso – disse , sentando-se na cama com a ajuda de Gerard, que estava ao seu lado, passando a mão pelas suas costas para ver se ela parava de tossir. – Da próxima vez eu tomo veneno – disse, aquilo era meio infantil, mas os momentos de desespero fazia aquilo com a pessoa.
- Como se atreve? – perguntou estreitando os olhos para demonstra o quanto estava irritado.
- Não se preocupe, Shayne – disse agora dirigindo-se a mulher com um sorriso cínico. – Da próxima vez eu morro e você pode ficar com o dinheiro do meu pai.
- Eu estou assim, pois estava com medo de te perder! – exclamou a mulher, séria.
- Claro, vamos acreditar nisso – disse ironicamente. – Prometo que da próxima vez eu não erro – disse a ruiva. – Talvez tomar veneno de rato fosse melhor – disse pensativa.
- Por que você faz isso, ? – disse afastando-se de Leonard e de seu abraço, e saiu quase correndo do quarto.
- Olha o que você fez! – disse Leonard.
- Não enche, pai – disse a ruiva fechando os olhos por alguns minutos, tentando ficar calma.
- Leonard, deixe-a e vá falar com a Shayne. – disse Gerard.
- Muito bonito para sua cara, ! – disse o homem e saiu do quarto.
- Por que fez isso? – perguntou Gerard a observando.
- Desespero – suspirou, abrindo os olhos. - Sabe quando tudo o que você guarda durante anos, apenas para si, explode? – perguntou encarando aqueles belos olhos verde-oliva, o rapaz concordou. – Pronto, foi isso o que aconteceu.
- Fiquei bem preocupado, pensei que iria te perder – disse sem pensar, olhando para os olhos dela, aqueles lindos olhos, ele tinha sido mais uma vez hipnotizado por eles. Viu um sorriso sendo formado nos lábios de ao escutar o que ele disse e a reação dele.
Sem pensar duas vezes levou sua mão a nuca dela e a puxou para um beijo. Seus lábios colidiram violentamente, sua língua logo foi invadindo a boca dela à procura daquele gosto que não saía de sua cabeça, à procura da maciez e da fervura da língua dela. Em nenhum momento a ruiva recuou, pelo contrário, o beijou ferozmente, como se quisesse devorar a boca dele, os deliciosos e macios lábios dele que a muito não saíam de sua lembrança.
As mãos dele agora passeavam pela cintura dela, e a puxou para cima de si, fazendo a garota colocar uma perna de cada lado do corpo dele, apoiando-se apenas nos joelhos. A ruiva distribuiu beijos por todo o rosto dele, chegando até o queixo, onde deu uma leve mordida, foi descendo um pouco mais chegando ao seu pescoço e dando beijos e leves mordidas, leves o suficiente para não arrancar o pedaço, mas para deixar marcas, ao mesmo tempo que desabotoava a camisa dele.
- – chamou Gerard ofegante.
- Hum... O que foi? – perguntou a ruiva tirando a blusa dele e jogando para trás.
- A porta está aberta, acho melhor fechar – disse, comprimindo os lábios quando a garota arranhou seu peito enquanto sugava seu pescoço.
- Ah, deixa que eu fecho. – disse dando uma leve mordida nos lábios dele. Levantou-se, indo até a porta, fechando-a com chave para que nenhum intrometido entrasse e visse o que não deveria. – Caramba, essa roupa está encharcada – disse tirando a blusa e jogando em qualquer lugar.
- Oh, que saúde! – disse Gerard sorrindo. jogou a cabeça para trás e riu do que o rapaz falara. Ela lentamente foi tirando seu short, sem tirar os olhos dos verde-oliva de Gerard, se deliciando com cada reação dele. Podia ver o desejo nos olhos dele, a vontade de levantar-se da cama para possuí-la, gostava daquilo, gostava até demais, mas viu que o rapaz estava tentando se controlar para não estragar nada, ele segurava firmemente o lençol da cama, como se aquilo o impedisse de levantar-se.
- Dá conta do resto, Way? – perguntou, aproximando-se novamente do moreno e sentando-se em seu colo novamente, na mesma posição que estava minutos atrás.
- Você verá – disse antes de puxá-la para mais um beijo.
foi empurrando Gerard vagarosamente enquanto o beijava, fazendo com que o rapaz deitar, foi descendo seus lábios pelo queixo, pescoço e peito do moreno, desceu mais um pouco fazendo com que ele ofegasse, chegou a calça dele, com a ajuda dele retirou a peça, jogando-a no chão.
- – chamou Ray, batendo na porta.
- O que é? – perguntou a ruiva com certo tom de irritação na voz.
Gerard aproveitou a distração da garota para fazer uma rápida troca de lugar com ela. A ruiva foi pega realmente de surpresa, seu rosto estava virado para a porta quando Gerard se aproveitou do momento, ela passou a mão pelo rosto tirando alguns fios de cabelo que haviam caído ali e olhou para o moreno, surpresa.
- O médico está aqui, quer lhe examinar. – avisou Ray.
- Eu estou bem – disse . – Ai, Gerard, eu tenho cócegas – reclamou baixinho, enquanto o rapaz mordia levemente sua barriga, fazendo-a se contorcer, tentou prender o riso para que Ray não escutasse e ficasse desconfiado.
- O que houve, ? – perguntou Ray. Droga! Ele havia escutado. Agora precisava contornar a situação, mas como?
- Não foi nada. – disse rapidamente.
- Mas...
- Raymond, me deixa, ok? Eu estou bem... Nunca estive melhor! – disse, segurando o rosto de Gerard impedindo que ele continuasse com aquela tortura e o puxou para um beijo.
- É você que sabe... Vamos, doutor.
- Espertinho, só me distraio um pouquinho e você já toma o controle da situação – disse, dando uma leve mordida no lábio inferior dele. Empurrou e trocou de lugar com ele. Gerard aproveitou para então abrir o fecho da frente o sutiã da ruiva, que apenas o observou fazendo todo o gesto. Ela tinha belos seios, eram durinhos e rosados... Extremamente perfeitos para Gerard.
- Bela comissão de frente! – elogiou.
- Obrigada. – sorriu.
– São bem originais. – disse levando as mãos até os seios da garota e os acariciando, ela arqueou um pouco as costas e gemeu baixo, sentindo prazer com o toque quente dele em sua pele ainda gelada.
- Way, todo esse corpinho aqui é original de fábrica – disse, segurando as mãos dele e as conduzindo em um passei por seu corpo. – Foram mamãe e papai que fizeram... E muito bem. – brincou.
- Eles estão de parabéns. – disse, apoiando-se nos cotovelos para observar a garota melhor.
A ruiva inclinou-se sobre ele à procura de seus lábios novamente. Gerard voltou a se deitar, agora passando a mão pela nuca de , pressionando mais seus lábios contra os dela. As ágeis mãos dele passeavam pelo corpo da ruiva, livrando-se do que faltavam, da mesma forma fez com ele. Agora estavam sem nada, apenas olhando um nos olhos do outro, passaram alguns minutos assim, até tomar a iniciativa de um beijo, sentando-se sobre o membro, agora bastante excitado do rapaz, enquanto o beijava lentamente a ruiva fazia os movimentos de vai e vem, levando Gerard ao delírio, os dois gemiam um contra a boca do outro, assim os som eram abafados e não tinha perigo que ninguém escutasse, mas naquele momento eles nem se importaram com aquilo, queria apenas se sentir. Gerard começou a necessitar por mais e mais, e assim foi pedindo a que acelerou seus movimentos, também necessitando por aqueles movimentos mais fortes e rápidos. Por fim, acabaram chegando ao clímax quase ao mesmo tempo. A ruiva descansou a cabeça no ombro de Gerard, ainda em cima dele, recuperando todo o fôlego. Quando se sentiu com um pouco mais de energia, arrastou-se para o lado dele, encostando a cabeça em seu peito, o moreno apenas a conchegou ali, abraçando-a.
Fazia já algum tempo que não se sentia daquela forma, estava nas nuvens, era uma sensação incrível, era como se ela estivesse esperando Gerard a vida toda, era como se ele fosse aquele pedaço que faltava nela e depois daquilo, daquele amor, que ele a fez sentir, que o pedaço foi colado no lugar e agora aquele buraco, aquele vazio sumira.
Como as coisas poderiam mudar assim? Da noite para o dia? O que o amor podia fazer, não? Ele se esconde e quando aparece surpreende qualquer pessoa. Acabara de descobrir que estava apaixonada por Gerard, talvez fosse loucura, mas... Ela adorava loucuras. Riu internamente com isso. Talvez já soubesse dessa paixão, mas a raiva por Gerard a cegava, fazendo-a enxergar apenas aquilo.
- Você é ótima – disse Gerard de repente, acariciando os cabelos dela.
- Faz tempo que não sentia algo assim... Tão profundo – suspirou. – Esse amor, essa ligação... Ah, Gerard... Isso foi maravilhoso!
- Sei o que está dizendo – disse e depositou um beijo no topo da cabeça da garota.
- Sabe, acho que esse não o momento apropriado para falar sobre isso... – disse virando-se, ficando de bruços, colocando as mãos sobre o peito nu e pálido de Gerard e apoiando o queixo sobre as mãos. A mão de Gerard que antes afagava os cabelos ruivos dela agora percorria suas costas. Os olhos dele observavam os seus com intensidade, como se pedisse para que continuasse. Suspirou. – Deixa para lá! – disse, balançando a cabeça negativamente e encostando o rosto no peito dele.
- Vamos, deixe de bobagem, pode conversar comigo... Sobre tudo! – encorajou.
- Tudo bem. – suspirou levantando o rosto mais uma vez. – Meu ex-namorado me amou de verdade durante um ano, dava para notar que o que ele sentia era verdadeiro – começou e parou por alguns minutos para ver a reação do rapaz.
- Continue – incentivou, traçando um caminho com as pontas de seus dedos, da base da coluna até a nuca da ruiva.
- Porém, quando fomos morar juntos, ele mudou, toda a magia daquele relacionamento perfeito se foi e a realidade caiu de paraquedas em cima de mim. Morar com uma pessoa, se relacionar com ela vinte e quatro horas por dia não é uma coisa fácil, principalmente quando essa pessoa é viciada em drogas, sua mudança de humor é surpreendente!
- Ele já... Bateu em você? – perguntou, hesitante. baixou um pouco a cabeça, perdendo o contato com os olhos dele, não tinha coragem de olhar para ele, não podia. Suspirou.
- Sim... Algumas vezes quando estava precisando usar de seu “remédio” e não tínhamos dinheiro para comprar... Ele ficava furioso, dizia que era a minha culpa... E descontava em mim... – disse com a voz cortante. Era realmente muito difícil falar sobre aquilo, tinha vergonha de ter continuado a ficar com Blake, mesmo depois de tudo que ele fizera com ela, podia tê-lo deixado na primeira vez em que levantara a mão para ela, mas não fizera por medo de voltar para casa e por amá-lo. Sempre teve alguma esperança de que ele deixaria as drogas por ela, mas se enganara. Talvez nem mesmo se sua mãe estivesse à beira da morte e pedisse que ele deixasse as drogas, o rapaz não faria aquilo
- Canalha – disse Gerard entre dentes. – Sou capaz de matá-lo se ele der as caras por aqui – aquele comentário fez levantar a cabeça e o encarar surpresa. O moreno lhe deu um de seus sorrisos tortos e levantou um pouco a cabeça depositando um beijo na testa da ruiva.
- Blake mudou muito, não era o cara pelo qual havia me apaixonado, mas tinha algo dentro de mim que não me deixava partir... Talvez ainda fosse amor, não sei. Mas de algo eu tinha certeza, ele não me amava mais! Para ele não fazíamos mais amor, era apenas mais uma transa para nos satisfazermos, com o tempo fui esquecendo como era fazer amor e todas suas sensações – disse, agora encarando o peito nu de Gerard e fazendo ali com a ponta do seu dedo indicador alguns desenhos imaginários.
O moreno agora parara o carinho e apenas deixara seu braço pousado sobre a cintura fina dela. Podia sentir os olhos dele perfurarem seu rosto, enquanto a observava atentamente. Não deveria estar falando de ex logo após ter feito amor com um homem que a havia levado as nuvens, não deveria estar fazendo aquilo! Como ela era idiota! Por que sempre tinha que agir errado? Não podia acertar uma única vez? Mas agora que tinha começado, não havia mais volta. Gerard a apoiara em continuar, talvez fosse apenas por educação, pois nenhum cara gosta de escutar historias pelos ex de suas garotas. Sua garota? Desde quando ela era dele? Já chega! Tinha que parar de pensar por apenas alguns minutos ou sua cabeça explodiria. Suspirou criando coragem de levantar os olhos e encontrando os dele, como ela já sabia a observava intensamente.
- Hoje você me fez sentir única, como se eu fosse a mulher mais especial do mundo – continuou , desta vez sorrindo, mostrando a ele o quanto estava feliz. – Foi como se eu acordasse de um pesadelo, ou algo assim, como se eu estivesse dormindo há muito tempo e tivesse deixado a vida passar por mim, principalmente a verdade, o que meus olhos não queriam enxergar. Como se começasse tudo de novo. Hoje você me fez acreditar que eu posso me apaixonar novamente, que isso não é impossível, como eu imaginava que seria.
- Hum... Nossa, fico feliz que eu tenho feito você... Feliz – disse contornando as frágeis linhas do rosto dela com as costas do dedo indicador.
- Pelo visto não nos odiamos mais. – disse mais para si do que para ele. O rapaz parou o que estava fazendo e inclinou-se, depositando um beijo na ponta do nariz da garota, que riu.
- Eu nunca te odiei, só senti um pouquinho de raiva. Diga-me, como alguém pode te odiar? – perguntou e apenas deu de ombros. – Sabe, eu também tenho algo a dizer... Uma revelação – começou. – Quando você me beijou naquele dia da praça, você me fez esquecer uma coisa que ninguém conseguiu, você me fez reviver. Sabe, as coisas que você disse há minutosse encaixa perfeitamente com o que aconteceu comigo... “Foi como se eu acordasse de um pesadelo” – repetiu. – E hoje? Minha nossa! Eu nem sei como explicar! Foi como... Como se o mundo inteiro parasse e só estivéssemos nós... Como se você me mostrasse que eu pudesse ser feliz novamente.
- Hum... Você está se referindo à morte da Lin-Z? – perguntou mordendo o lábio inferior, não sabia se deveria falar sobre aquilo, pois parecia machucar muito Gerard. E claro que machucaria! Espere alguém que você ama muito morrer!
- Sim. Fez-me esquecer da culpa que sentia pela morte dela.
- Como foi que... – hesitou.
- Ela morreu?
- Humrum.
- Acidente de carro – disse pensativo, como se estivesse lembrando-se de tudo o que acontecera naquele dia em que sua amada esposa se foi. – O The Black Parade tinha acabado de ser lançado, estávamos sendo chamados em vários programas de TV em vários países. A banda não tinha tempo para nada, estávamos atolados de tarefa a ser cumprida, só para você ter uma ideia, eu saía de casa às 6 da manhã para dar uma entrevista e voltava às 3 da madrugada depois de passar o dia todo indo de programa em programa de TV. Logo, nós entramos em turnê, talvez para o alívio de todos, pois seria menos corrido... – parou por alguns minutos sentindo que não poderia continuar, sua voz repentinamente sumiu. – Oh, céus – disse fechando os olhos. Falar sobre aquilo era quase o mesmo que enfiar uma facada em seu coração e ficar retorcendo o objeto ali.
- Estou aqui com você. Vai ficar tudo bem – sussurrou tocando o rosto dele carinhosamente. – Não tenha pressa.
Ele abriu os olhos e a encarou por alguns minutos, aquele era um assunto doloroso, mas com ali parecia se tornar mais fácil. Segurou a mão dela que fazia carinho em seu rosto e levou até seus lábios, depositando um beijo no pulso da ruiva e depois entrelaçou seus dedos.
- Estávamos em Hong Kong – continuou Gerard. - Depois do show fomos dar alguns autógrafos no camarim, meu celular estava em cima de uma mesinha, longe de mim, eu não havia notado. A Lindsen ligou para mim e uma das garotas que estava lá atendeu...
- A Lin-Z pensou que a você estivesse traindo! – interrompeu com a afirmação, olhando horrorizada para o moreno, que assentiu.
- Ouvi a garota falando com a Lindsen, tomei o celular e tentei explicar tudo, mas ela não me escutou e acabamos brigando feio... – suspirou. – A Lin-Z pegou o carro, estava dirigindo em alta velocidade e sem cinto de segurança, o carro capotou e ela foi arremessada para fora... – disse e sua voz foi mais uma vez cortada. A imagem do corpo sem vida da ex-mulher veio em sua cabeça, o rosto ficara deformado pela pancada contra o vidro e o asfalto, havia vários cortes pelo corpo, algumas fraturas expostas... Todos pediram para que ele não fosse vê-la, para que tivesse a ultima imagem dela viva, mas Gerard se recusou e agora se arrependia de tê-lo feito.
- Sinto muito. – disse , passando seus braços ao redor do moreno e encostando a cabeça sem eu peito, enquanto o abraçava fortemente.
- A perícia disse que arrancaram os fios do freio do carro e por isso ela não conseguiu parar, mas não acharam nenhuma pista que pudesse levar a alguém, então eles classificaram como apenas um acidente, como se magicamente os fios tivessem se soltado, apenas uma falha mecânica. – disse com um pouco de fúria.
- A mataram?! – disse levantando a cabeça, surpresa. – Então a culpa não foi sua.
- Foi, sim, aquele era o dia do aniversario dela, eu deveria estar lá, mas mão estava! Se eu estivesse talvez nada disso teria ocorrido...
- E agora você estaria traindo-a, assim como estou fazendo com o Frank – disse um pouco irritada, talvez fosse egoísmo de ela estar até um pouco contente por Lindsen estar morta, mas se ela não estivesse, as coisas seriam bem diferentes... nunca poderia se apaixonar por Gerard e continuaria sentindo aquele vazio por dentro, como se estivesse faltando algo ali e ela não soubesse o que era, mas agora descobrira... Era a ausência de Gerard em sua vida. Agora que ele estava ali, que estavam juntos era como se o rapaz tivesse completado a parte que faltava.
- Quer que eu pare de falar sobre isso?
- Só quero que pare de se culpar! O destino quis que fosse assim. Às vezes, Gerard, temos que perder algo para ganhar outro.
- E se eu preferir ficar com a “coisa antiga”?
- Bem, isso não é você que decide! Então se acostume ou apenas se afaste, esse é o máximo que pode fazer – disse, agora sentando-se na cama, trazendo o lençol consigo para cobrir seus seios desnudos. Estava sentindo-se um pouco magoada com o comentário do rapaz. Se ele não a queria, então era melhor que ela se afastasse, pelo menos ainda teria Frank e quem sabe... Céus, pensar em Frank só fazia seu coração doer ainda mais. – Você não pode voltar ao passado, mas pode desviar para outro caminho – disse, levantando-se da cama.
- Para onde vai?
- Tomar um banho e me vestir. Acho que você deveria ir para seu quarto e fazer o mesmo... – disse dando as costas a ele, não poderia dizer o que estava prestes a falar enquanto olhava em seus olhos. – Vamos apenas fingir que nada aconteceu, está bem? E eu peço para que não conte ao Frank, isso não ocorrera novamente.
- O que está fazendo? – perguntou, sentando-se na cama.
- Apenas o certo, para que nenhum dos dois saía magoado...
- Não estou entendendo.
- Você acabou de dizer que quer sua ex-mulher de volta... – disse, e o rapaz soltou uma risada alta, ela virou-se para ver o que havia de tão engraçado.
- Isso era o que eu queria antigamente – disse ficando de joelhos na cama, bem perto da ruiva e passando os braços pela cintura dela que o observava confusa.
- Mas você disse...
- Passado, . Agora eu encontrei meu futuro – disse, enquanto seus lábios rosavam os dela. – E estou muito satisfeito com isso. – disse e a beijou.

– CAPÍTULO DEZESSEIS –
Surpresa!


Acordou sentindo um gostoso cheiro de chocolate quente invadir suas cavidades nasais. Permitiu-se abrir um pouco os olhos, estava realmente cansada, depois de passar um dia intenso de amor e também a noite, não era de se estranhar que estivesse exausta, como ela disse a Gerard, brincando: estavam saindo do deserto do Saara, por isso a grande necessidade de várias horas de sexo, que vinham entre o fazer amor e o sexo selvagem ou até mesmo os preliminares e “uma rapidinha”.
Viu Gerard fechar a porta com o pé, pois suas mãos estavam ocupadas com uma bandeja, onde ela poderia ver claramente um prato com dois mistos quentes, duas canecas azuis, onde deveria conter chocolate quente e uma delicada rosa vermelha. Sentou-se passando as mãos pelos cabelos em uma tentativa de arrumá-los.
- Hum... Isso está muito cheiroso. – comentou .
- Realmente. – disse, depositando a bandeja no colo dela e lhe dando um selinho. – Bom dia. – sorriu.
- Bom dia... Acho melhor trancar a porta... Sabe, alguém pode entrar e...
- Certo, certo. – disse. Dirigiu-se até a porta e deu duas voltas na chave, depois voltou, sentando-se ao lado de que já comia seu misto quente.
- Isso está bom – disse, apontando para o sanduíche e dando outra mordida.
- Me deixa ver – falou, pegando o outro sanduíche que estava sobre o prato em cima da bandeja e dando uma enorme mordida. – Realmente – disse com dificuldade pela boca estar cheia. – Está bom! – disse enquanto engolia uma parte.
- Eca, Gerard! Tenha educação, engula e depois fale! – brigou.
– Não fui eu que fiz os sanduíches. – confessou, antes dando mais uma mordida e mais uma vez falando de boca cheia, acabou recebendo um forte tapa no ombro por causa disso.
- Quem foi que fez?
- O Mikes, eu apenas roubei.
- Oh, céus! – revirou os olhos. – Você não presta! – disse balançando a cabeça em desaprovação, ele apenas deu de ombros. – Mas você foi assim? – perguntou, apontando para ele. O moreno vestia apenas a calça do que deveria ser seu pijama, nada de blusa, apenas o peito à mostra com alguns arranhões que foram causados durante a madrugada e algumas marcas roxas no pescoço dele. Culpa de !
- Fui, por quê?
- Se eu te visse andando por aí assim ou eu pensaria que você foi atacado por alguém ou que você teve uma ótima noite de sexo selvagem - um leve sorriso malicioso surgiu em seus lábios. – Já que você não saiu de casa para ser quase morto, então eu pensaria seriamente na segunda hipótese, para isso deveria ter uma garota, ou não, no seu quarto.
- Eu não gostei desse seu “ou não”, o que quer insinuar com isso?
- Nada! – deu de ombros. – Você que está pensando besteira!
- Eu não sou gay! Poderia fazer o favor de tirar isso de sua cabeça?
- Eu não disse nada!
- Insinuou!
- Aff! Certo! Quem mandou ficar agarrando o Frank? Você já viu o que suas fãs escrevem sobre isso?
- Já! É nojento!
- Sabe, não é não. Eu achei bonitinho, você só precisa ler as histórias certas.
- Ah, por Deus! – revirou os olhos. – Elas escrevem que eu pego meu irmão! E tem umas que eu pego meu irmão e meu melhor amigo! Isso é doentio!
- Ok, calminha, vamos parar de falar sobre isso – disse e tomou um gole de seu chocolate quente.
- Certo!
- Olha, o Mikey não é burro! Ele vai desconfiar, a única mulher que tem nessa casa sou eu, é muito fácil descobrir que dormimos juntos!
- Fica calma! Ele não vai descobrir, ok? Pelo menos até você falar com o Frank, não vai demorar muito.
- Ele vai ficar muito chateado – suspirou e tirou a bandeja de seu colo, perdendo a fome que antes estava. Colocou a caneca e o resto de seu sanduíche na bandeja, o mesmo fez Gerard, e a depositou no chão.
- Não temos culpa, aconteceu – disse, a abraçando.
- Eu não mereço o amor que ele sente por mim – sussurrou.
- Eu nunca vou me arrepender do que fiz, mesmo que isso magoe meu melhor amigo.
- Você correria o risco de perder o seu melhor amigo por minha causa? - perguntou ela, olhando em seus olhos.
- Eu faria qualquer coisa por você - respondeu o moreno, acariciando o rosto dela com as costas do dedo indicador.
- Isso é uma loucura! O que está acontecendo aqui? – perguntou, confusa. - Até um dia desses nós nos odiávamos!
- O ódio é apenas um passo para o amor - disse o moreno, por fim, trazendo o rosto dela para mais perto e então juntando seus lábios, começando um beijo lento.
- São tantas coisas ao mesmo tempo... – disse com a respiração um tanto acelerada, os olhos fugindo do contato com os dele para a boca, ficando nesse jogo por longos minutos.
- Seu coração fica assim como o meu? – perguntou, segurando a mão dela e levando até seu peito. Pôde sentir o coração dele pulsar aceleradamente, assim como sentia o seu bater. As palavras não conseguiram fugir de seus lábios, então apenas assentiu positivamente. – Eu te amo – sussurrou, tomando os lábios dela em um beijo lento, onde as línguas não brigavam por espaço, elas apenas se acariciavam.
- Também te amo – suspirou após o beijo. Céus, como era bom beijar Gerard! Amar Gerard! Parecia que ela flutuava, queria chegar os céus sem dificuldades.
- , cheguei – disse Frank, tentando abrir a porta. A ruiva congelou por alguns minutos, sem conseguir reagir, sentiu Gerard enrijecer ao seu lado, os dois trocaram um rápido olhar assustado.
- Merda! – disse a ruiva pulando da cama, correu para o banheiro enquanto prendia os cabelos em um nó. Tomou um banho rápido, apenas do pescoço para baixo. Não receberia Frank da forma como estava, se sentiria imunda e ainda mais culpada, além do mais, precisava mesmo de um banho.
- , abre a porta – disse Frank batendo, repetiu isso várias vezes. A ruiva foi o mais rápido que pôde, colocou um roupão e saiu do banheiro. Gerard continuava sentado na cama.
- Já vou. – disse, fazendo sinal para que Gerard levantasse.
- Temos que conver...
- Eu sei, eu sei. – disse rapidamente, entregando a bandeja a ele. – Mas não agora – disse, o empurrando para o banheiro. O moreno colocou a bandeja no chão e puxou para um beijo. – Já chega, Gee – disse, colocando a mão no peito dele e o afastando delicadamente. – Fica quietinho aí, está bem? – pediu, dando um rápido selinho nele.
Saiu rapidamente do banheiro e fechou a porta. Respirou forte algumas vezes buscando a calma e a coragem para enfrentar Frank, seu sorriso, seu olhar e... Seu amor, essa era a pior parte.
“Vai dar tudo certo”, pensou enquanto se dirigia à porta.
- , você pod... – começou Frank batendo na porta, porém a ruiva a abriu antes que ele pudesse completar.
- Oi. – sorriu.
- Pensei que houvesse aconteci... – disse, baixando seus olhos para o corpo dela e vendo que o roupão que a garota vestia era um pouco curto, descia reto até um pouco a cima do joelho e voltando novamente para cima, viu que no colo dela estava meio frouxo, deixando como se fosse um decote. – Meu Deus, como é que você me recebe assim? – disse rapidamente, envolvendo seus braços na cintura dela e a puxando para si. – Como quer que eu me segure vestida dessa forma... Ou quase vestida. – sorriu maliciosamente, fazendo a ruiva revirar os olhos. – disse entrando no quarto e fechando a porta com o pé, sem soltar , foi guiando-a até a cama, enquanto beijava o pescoço dela, aquilo de alguma forma vez a ruiva soltar um alto suspiro mais parecido com um gemido.
- Eu estava tomando banho... Parecia que você ia arrombar a porta por isso não deu tempo de me vestir – explicou enquanto enfiava os dedos entre os fios lisos dos cabelos dele.
Tudo bem que gostava de Gerard, mas, por Deus, quem não ficaria louca com Frank Iero beijando seu pescoço e agarrando firme daquela forma? Ela também não era de ferro!
Olhou de relance para a porta e viu Gerard espiando, afastou uma de suas mãos para longe dos cabelos de Frank e fez sinal para Gerard, este fez uma careta demonstrando desgosto pelo o que estava acontecendo, mas mesmo assim saiu do banheiro de fininho.
- O que foi? – perguntou Frank afastando-se, sentindo a garota ficar um pouco tensa e parar de mexer em seus cabelos, ela até mesmo parou de suspirar como estava fazendo há minutos atrás enquanto ele beijava seu ponto fraco, no pescoço, foram esses os motivos que o fizeram parar.
- Nada! – disse rapidamente, segurando o rosto dele entra as mãos antes que pudesse virá-lo e dar de cara com Gerard saindo pela porta e juntou-os em um beijo urgente.
- Estava com saudades. – disse Frank, encerrando o beijo.
- Eu também – sorriu. Havia feito tudo aquilo, mas mesmo assim sentira a falta do baixinho, ele se tornara algo muito importante em sua vida.
- Essa viagem foi bem cansativa – suspirou de uma forma cansada e sentou-se na cama, dando início a retirada de seu all star. congelou quando viu o que tinha ao lado do rapaz, se ele virasse o rosto para o lado veria, ou se simplesmente deixasse sua mão ao lado do corpo.
Merda, pensou.
- Por que não vamos para o seu quarto? – perguntou, tentando soar o mais natural possível, desviado os olhos da camisinha que estava ali.
“Como diabos isso foi parar aí?”, pensou.
- Por quê? Nós sempre ficamos aqui.
- Ah... Eu... Pedi que a Marta viesse trocar os lençóis... Sabe, eu passei a semana toda com eles e... Eu troco sempre, você sabe, né?
- Hum... – fez, levantando-se com uma cara desconfiada, enquanto segurava os tênis na mão. – Você está bem nervosa, sabia? – disse, estreitando os olhos. – Por acaso andou fazendo algo de errado? – perguntou. sentiu todo o sangue do seu corpo sumir, suas mãos começaram a suar e suas pernas a tremer. – , você está bem? – perguntou Frank preocupado, colocando o all star no chão e segurando a ruiva pelos ombros, esperando a qualquer momento que ela desmaiasse.
- Estou.
- Você está pálida.
- Nã... Não é nada, só estou me sentindo um pouco enjoada.
- Por um minuto eu pensei que fosse por causa da brincadeira.
- É claro que não! Eu apenas estou um pouco enjoada. – disse, sentindo-se aliviada. – Por que não vai para seu quarto enquanto eu me visto e tomo um remédio? Aproveito e chamo a Marta para ela arrumar a minha bala bagunça e depois se você quiser voltamos para cá.
- Hum... Certo. – disse, baixando-se para pegar os tênis. – Quero que me conte tudo o que aconteceu enquanto estive fora – disse, dando um selinho nela. – Espero que você e o Gee ainda estejam amigos, não quero mais aturar brigas de você.
Você iria se surpreender como a nossa amizade está avançada, pensou com ironia enquanto via Frank sair do quarto.
- Como fui descuidada – disse , batendo com a mão na testa .
Rapidamente foi até o telefone que pairava na sua mesinha de cabeceira e discou o número da cozinha, pediu que Marta fosse até seu quarto para assim poder limpar toda a bagunça e trocar os lençóis. Não iria se sentir nem um pouco bem para se deitar com Frank, mesmo que não fosse rolar nada, com os mesmo lençóis em que havia se amado com Gerard.
Livrou-se da camisinha e do pacotinho de preservativo vazio que havia encontrado jogado ao lado da cama. Pegou suas roupas que usava no dia anterior e que agora pairava no chão do banheiro e as colocou no cesto de roupa suja.
Olhou tudo a sua volta, procurando por mais algo que a denunciasse, como nada lhe veio à mente, então foi ao seu guarda-roupa, onde pegou uma blusa verde de alças largas e com um pequeno decote, e um short de mesma cor que a blusa, mas com alguns detalhes brancos. Entrou no banheiro, onde foi se trocar e pentear os cabelos ruivos, que agora caía sobre seus ombros como uma cascata de fogo.
Estava se sentindo um pouco suja pelo o que havia feito, mas, ao mesmo tempo, ainda nas nuvens. Eram tantas sensações ao mesmo tempo, que estava começando a achar que estava doida. Como uma pessoa poderia sentir coisas opostas ao mesmo tempo? Felicidade e tristeza passavam por seu corpo, por todas as suas entranhas.
Levou os nós de seus dedos ao encontro da porta do quarto de Frank, mas antes que esses pudessem se chocar, sentiu mãos em volta de sua cintura, virando-a e a encostando bruscamente na parede. Gerard estava ali na sua frente com um meio sorriso nos lábios e a franja caindo sobre os olhos verde-oliva.
- Você é louco? – sussurrou .
- Quero saber como vamos ficar – disse de uma vez, sem enrolar.
- Eu irei conversar com ele – suspirou. O moreno ergueu uma das sobrancelhas em dúvida. – Eu prometo – reforçou.
- Não quero ficar te dividindo com meu melhor amigo!
- Não se preocupe, eu não irei continuar com algo que seu que não dará certo.
- Que bom – disse, dando um selinho nela.
- Amanhã é seu aniversário, não é?
- É, depois de amanhã eu me mudo... Eu e os meninos.
- Menos o Frank. Vai ser um inferno depois da conversa que terei com ele e, para piorar, terei que aturar aquela mulher aqui em casa.
- A Shayne voltou para a casa dela.
- Maravilha! – disse com um sorriso um tanto maléfico. – O senhor trate de colocar uma blusa, é melhor o Frank não ver esses arranhões.
- Sir, yes, sir – disse, batendo continência, o que fez rir.
- Você é tão engraçadinho.
- Eu sei disso – disse, segurando os pulsos dela e levando-os até a parede, sobre a cabeça dela, deixando-a presa, sem saída.
- Gerard, pare com isso – pediu, vendo-o aproximar seu rosto do dela. – O Frank pode aparecer.
- Ele não vai aparecer.
- E os meni... – começou, porém foi interrompida pelos lábios do moreno que se chocaram violentamente sobre os seus, começando a explorar cara centímetro de sua boca.
- ! – disse uma voz feminina, parecia decepcionada.
A ruiva conseguiu livrar-se das mãos de Gerard e o empurrou rapidamente. Viu que era apenas Marta parada na escada, mas mesmo assim sentiu medo. A mulher a olhava severamente e ao mesmo tempo parecia decepcionada pela atitude da garota. Ela a olhava como se fosse sua mãe.
- Marta, eu posso explicar... – disse , aproximando-se da mulher.
- Você não é disso! – brigou a governanta.
- Eu sei, irei resolver tudo, mas, por favor, não conte ao Frank.
- Eu não irei contar – disse decepcionada. – Você já tem idade suficiente para saber o que é certo ou errado.
- Obrigada.
- Com licença, irei arrumar seu quarto – disse de uma forma um tanto fria, se retirando do local. - Está vendo? Poderia ter sido o Frank! – disse virando-se para Gerard, alterando apenas um pouco a voz.
- Desculpa – disse o rapaz.
- É melhor eu ir, irei falar com ele.
- Tudo bem – disse, dando um beijo na testa dela. – Se precisar de ajuda é só me chamar.
Balançou a cabeça positivamente e entrou no quarto de Frank, que estava deitado confortavelmente assistindo televisão. Sentiu um aperto no coração por ter que fazer o que pretendia, mas era a única forma de libertá-lo e a si mesma.
- Amor, finalmente você chegou – sorriu o rapaz, fazendo sinal para que se deitasse ao seu lado.
- Estava conversando com a Marta – mentiu, enquanto chutava as sandálias de seus pés e deitava-se ao lado do moreno. Arrastou um pouco seu corpo para mais perto do dele, por fim encostando a cabeça em seu peito, Frank passou o braço em volta dela, descansando a mão na fina cintura da ruiva. Esta apenas deu um longo suspiro e apoiou a mão no peito dele. – Acho que precisamos conversar – sua voz saiu um pouco baixa, por mais que tivesse criado um pouco de coragem, mas em um tom que dava para se escutar. Apoiou o queixo no peito dele, fazendo com que encontrasse seus olhos.
- Senti tanto a sua falta! – disse, levando sua mão até o rosto dela e colocando sobre sua face, acariciando-a com o polegar. – Esses dias que passei fora me fez descobrir que estou ainda mais apaixonado por você – sorriu. – Te amo – disse, baixando um pouco o rosto e tomando os lábios dela em um beijo doce e gentil.
Pronto! Só bastou Frank dizer essas poucas palavras para sentir-se a pessoa mais suja, idiota e malvada do mundo. Parou o beijo e o abraçou forte, sentindo as lágrimas brotarem de seus olhos.
- Desculpa – sussurrou a ruiva.
- Amor, tudo bem – disse, enquanto acariciava as costas dela em uma tentativa de acalmá-la, mas não estava conseguindo obter muito resultado. – Olhe, com o tempo esse sentimento vai aparecer, você vai ver.
- Ah, Fran, você é uma pessoa muito especial, um dia ira encontrar alguém que mereça esse amor.
- Ei, o que está dizendo? Você merece esse amor, merece isso e muito mais – disse, apertando a garota um pouco em seus braços.
- Você não disse que estava cansado? – disse em uma tentativa de acabar com aquela conversa, não conseguiria dizer tudo o que tinha para ser dito naquele momento, não depois da repentina declaração dele. – Por que não dorme um pouco até a hora do almoço?
- Hum... Boa ideia – disse, bocejando e a aconchegando melhor em seus braços. Ela estava deitada ao lado dela, o braço direito em baixo de sua cabeça e o esquerdo sobre sua cintura. Seus olhos estavam na mesma altura e seus rostos a poucos centímetros de distância.
- Como está sua mãe? – perguntou, levando sua mão para o rosto dele e deslizando-a para a nuca.
- Está bem.
- Humrum.
Os olhos de Frank foram aos pouco se fechando enquanto sentia os dedos dela acariciarem sua nuca, aos poucos foi cedendo ao sono, até se entregar completamente.
Passaram todo o dia juntos, mas em momento algum conseguiu contar a Frank o que estava acontecendo, já que a todo instante o moreno dizia que a amava, isso era como um punhal entrando em seu peito, a fazia até perder um pouco de ar e para retornar era um pouco complicado.
Às vezes, ela pensava até que ele sabia o que estava acontecendo, mas estava com medo de escutar, parecia que ele não queria ouvir o que tinha pela frente, era algo tão estranho!
Tentou evitar os constantes beijos de Frank na frente de Gerard, pois notara o incômodo e a raiva que começava a brotar do mais velho. Céus! Como era difícil! Precisava arrumar uma forma de falar a sério com Frank, uma forma que não fosse machucá-lo muito.

– CAPÍTULO DEZESSETE –
Happy birthday, Gerard!


Levantou-se da cama vagarosamente para não acordar Frank. O rapaz havia dormido em seu quarto com o pretexto de matar as saudades. Nossa, como ela daria de tudo para que ele não tivesse feito isso!
Foi até o banheiro e escovou os dentes, depois desceu para a cozinha da forma que estava, a casa parecia vazia, todos ainda dormiam, por isso não se preocupou muito por está de camisola. Apenas os empregados já estavam de pé, mas resolveu não pedir ajuda, faria ela mesma uma bela bandeja de café da manhã para Gerard.
Não foi tão difícil, ela sempre soube fazer algumas coisas na cozinha. Por fim, escreveu um cartãozinho para ela, colocando na bandeja junto a uma rosa vermelha. Ah, o vermelho, a paixão, o fogo... Tudo o que significava ela e Gerard, juntos.
Abriu a porta do quarto do rapaz com um pouco de dificuldade por suas mãos estarem ocupadas, checou antes de entrar se tinha alguém por perto, ou se alguém havia a visto, porém não tinha o que temer já que todos estavam dormindo, mas era melhor prevenir do que remediar. Traçou a porta assim que pôs os pés dentro do quarto.
Caminhou vagarosamente, tentando não fazer nenhum barulho para não acordar Gerard antes do tempo, queria ter o gostinho de fazer aquilo. Colocou a bandeja na mesinha de cabeceira, antes afastando alguns objetos que estavam ali. Observou Gerard por alguns minutos, este estava deitado de barriga para cima, o cobertor estava quase fora do alcance de seu corpo, pairava apenas nos quadris, deixando a amostra o peito nu e as pernas. Um de seus braços pendia fora da cama, ele também tinha um leve sorriso nos lábios, parecia estar tendo um bom sonho e a franja caia sobre seus olhos, dando-lhe um ar mais angelical.
- , ah, isso... – murmurou o moreno de repente, mexendo-se um pouco, mas apenas trazendo o braço que caía para fora da cama para seu lado. A ruiva rolou os olhos quando escutou aquilo e percebeu sobre o que ele estava sonhando.
- Pervertido até em sonhos – disse, prendendo a risada.
Apoiou um dos joelhos na cama, passando a outra perna sobre os quadris de Gerard, depois inclinou-se, apoiando suas mãos uma de cada lado do rosto do rapaz, deslizou rapidamente uma de suas mãos pela face dele, tirando a franja de seu rosto, depois voltou a apoiar-se para não deixar todo seu peso sobre ele. Como se aquilo fosse machucá-lo! Mas não queria que Gerard acordasse assustado com alguém em cima dele. Levou seus lábios para a bochecha dele dando um beijo e então seguiu distribuindo por todo seu rosto, fazendo-o despertar um tanto confuso.
Quando sentiu os cheiro de rosas que vinham dos cabelos ruivos da garota e sentiu a pele quente dela sobre a sua, toda a confusão passou, ele apenas levou sua mãos para as costas dela acariciando-a enquanto a sentia beijar seu pescoço. Deus! Como aquela sensação era deliciosa, sentir os lábios macios dela deslizando por toda a sua pele! Era podia dizer que delirava completamente com o toque dela.
As mãos, os lábios, a pele... Só precisava de um toque para que seu corpo esquentasse e necessitasse de mais, mais dela. Suas mãos deslizaram para dentro da camisola dela, fazendo com que tivesse mais contado com a pele dela. Suas mãos agora passeavam com mais voracidade pelas costas dela, sentindo e aproveitando o contato com a pele quente dela.
- Bom dia, aniversariante. – disse , parando o que estava fazendo e levantando o rosto, encontrando os olhos dele. O rapaz resmungou em desaprovação por ela ter parado, fazendo-a rir. – Hoje é você que manda, seu pevertidinho – sussurrou no ouvido dele, dando em seguida uma leve mordida em seu lóbulo.
- Eu não sou pervertido! – disse, tirando suas mãos de dentro da camisola dela, colocando-as agora sobre as coxas da ruiva, que estavam à mostra e fazendo um breve carinho.
- Ah, claro que não – disse, colocando as mãos na cintura enquanto o observava. – Só estava tendo um sonho erótico comigo – disse, erguendo uma das sobrancelhas.
- Eu... Como sabe?
- Escutei você gemendo.
- Céus! – disse, fechando os olhos e batendo com a mão em sua testa.
- Tudo bem. Se for só comigo... Eu nem ligo. – sorriu. – Olha o que trouxe para você – disse, apontando para a bandeja e pegando um morango.
- Uma fruta afrodisíaca!
- Deliciosa – disse, dando uma mordida. – Está muito bom – passou nos lábios do moreno, depois inclinou-se novamente sobre ele, dando uma leve mordida em seus lábio inferior, como que se o provasse. – Sabe, fica bem mais gostoso assim – sorriu e fez mais uma vez, depois comeu o morando.
- Hum... Deixe-me provar um pouco – disse, fazendo uma rápida troca de lugar com , ficando entre as pernas da garota. Pegou um dos morangos na bandeja e fez o mesmo procedimento que ela, recebendo um suspiro, por parte da ruiva, em aprovação. – Você tem razão! Dessa forma fica bem mais gostoso.
- Eu disse – sorriu, observando-o explorar a bandeja, mexendo nas coisas que havia nela.
- Olha só o que encontrei aqui... Chantili – disse, pegando o spray e mais alguns morangos.
- Ei, você viu a rosa que ganhou? – perguntou, vendo-o subir sua camisola até um pouco abaixo dos seios, deixando apenas a barriga à mostra. Fez então um montinho com o chantili na barriga dela, fazendo-a contrair por estar muito gelado, e no topo colocou um morango.
- Vi, sim – falou, observando sua “obra de arte” com um sorriso um tanto malicioso, isso indicava que não iria ficar só por ali.
- Está vendo como sou romântica? – gabou-se. – O que pretende fazer?
- Comer chantili com morango! – disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
- Na minha barriga?
- É.
- Nem pense nisso! Você sabe que sinto cócegas.
Gerard levantou os olhos, encontrando o rosto dela um tanto espantado. Riu alto. Antes que ela pudesse tentar fazer algo para impedir ele já estava a atacando, dando leves mordidas e lambidas em sua barriga, fazendo a ruiva contorcer-se de tanto rir, implorando para que parasse. Tentou empurrá-lo, afastá-lo... Mas nada adiantou. Só parou quando percebeu que já não possuía mais fôlego para respirar.
- Seu idiota! – disse, dando um tapa no ombro dele.
- Também te amo – disse, tomando seus lábios em um beijo lento.
- Ei, aniversariante, hora de acordar! – disse Frank, batendo na porta.
- Por que ele sempre chega na melhor hora? – perguntou Gerard, rolando os olhos e saindo de cima de , deitando-se ao lado seu lado.
- Maldição! – disse, levantando-se rapidamente e arrumando a camisola. – Vou me esconder no banheiro, tente mandá-lo para longe daqui para que eu possa sair – sussurrou enquanto entrava no banheiro e por segurança trancou a porta, não que isso fosse adiantar de algo. Se Frank resolvesse ir ao banheiro ele saberia que havia alguém ali, mas... Não tinha nada para ser feito.
Levantou-se um pouco impaciente, seu aniversário estava sendo bom demais para Frank chegar ali e atrapalhar. havia prometido falar com o baixinho e até agora não havia feito nada. Até quando teria que aturar aquilo? Se dependesse por ele não duraria muito! Se ela não falasse Gerard o faria.
- Feliz aniversário – cantarolou Frank, entrando no quarto e abraçando o amigo dando tapinhas em suas costas.
- Valeu.
- Olha só, café da manhã na cama? – disse, dirigindo-se à bandeja.
- Er... Vamos descer?
- Espere – disse, vendo o cartão perto da rosa e o pegando. – Já leu?
- Hum... Não.
Maravilha! Ele ira descobrir por meio de um cartão? Não tinha forma melhor?
- De: todos que te amam – leu o que havia na frente do cartão, abrindo-o em seguida. – Hoje é um dia muito especial, desejamos que seja o melhor e que todos seus sonhos se realizem. Te amos muito.
Sorriram.
- Belo cartão. – disse, sorrindo.
- Parece a letra da – disse, franzindo o cenho.
- Alguém tinha que ter uma letra descente para escrever, não?
- Pois é! – disse, largando o cartão no mesmo lugar que antes estava. – Como se sua letra fosse perfeita – falou, assanhando ainda mais os cabelos do amigo. – Quem trouxe a bandeja? Foi a ?
- Hum... Não, foi a Marta – mentiu.
- Ah, eu acordei e a ruiva não estava mais lá, pensei que estivesse com você, já que agora vocês são... BFF, como as garotas dizem.
- ‘B’ o quê?
- Best friends forever – disse com uma voz afeminada e piscando exageradamente os olhos, em seguida fazendo um coraçãozinho com a mão.
- Ai, toco de amarrar jegue, você é uma onda – riu.
Saíram do quarto, dando a oportunidade de correr para o seu, antes verificando se não havia ninguém no corredor.

22 horas

Após muita insistência de Ray e Bob, resolveu chamar quatro amigas, assim revia as garotas e os amigos ficavam acompanhados. Só não gostou muito da ideia de uma delas dar em cima de Gerard, sempre que podia a afastava do moreno, aquela sua forma de agir estava começando a deixar Frank desconfiado.
Gerard tentava ser gentil com a garota, tentando-a dispensar de uma forma que não a abalasse. Não conseguia tirar os olhos de e Frank, aqueles beijos, caricias... Tudo aquilo estava deixando-o muito irritado. Poderia dizer que era seu pior aniversário. Ver a mulher que ama beijando seu melhor amigo!
Levantou-se bruscamente, deixando a garota falando sozinha, se não saísse dali acabaria explodindo a qualquer momento. Aquela cena era de mais para ele, e Frank se beijavam de uma forma ardente, o amigo passava as mão nas belas curvas de SUA ruiva, aquilo era realmente uma tortura para ele. Tinha vontade de dar um soco em Frank por isso e gritar com , por está adiando tudo.
Foi para cozinha pegar uma cerveja e tentar se acalmar, para depois voltar para a sala com um sorriso forçado, mostrando que tudo estava as mil maravilhas e que aquele aniversário estava sendo perfeito. Encostou-se no balcão e abriu a latinha, fazendo-a espirrar um pouco de seu conteúdo na sua roupa, mas não se importou. Foi virando a lata de uma só vez, enquanto seus pensamentos vagavam por . Terminou a cerveja, mas não se sentiu calmo o suficiente.
Droga! Por que ele não poderia apenas ignorar aquilo? Logo as coisas mudariam, sabia disso, mas aquele ciúme o corroía de uma forma... Amassou a latinha e de onde estava a arremessou com toda a sua fúria, fazendo-a cair no lixeiro.
- Cesta! – disse encostada na porta da cozinha, lançandoum breve sorriso para ele. Adentrou o recinto e dirigiu-se à geladeira. – Ei, por que não voltou para a sala? – perguntou, fechando a porta da geladeira com o pé, surgindo suas latinhas de cerveja em suas mãos. Então arremessou uma para Gerard, que habilidosamente a pegou. E abriu a sua, ao mesmo tempo em que o moreno fazia o mesmo, dando um longo gole, enquanto o observava, esperando sua resposta.
- Por que eu me cansei de ver você e o Frank se beijando – disse e deu um grande gole em sua cerveja, quase tomando a metade.
- Desculpa! Irei tentar falar com ele. Mas toda vez que eu tento começar essa conversa, parece que ele adivinha e vem me dizer que me ama... Eu simplesmente não consigo, não que magoá-lo.
- Prefere me magoar?
- Não! – disse rapidamente, achando o que ele disse um absurdo. Como podia chegar a pensar aquilo? Ela o amava! Por Deus, nunca o magoaria! – Tenha paciência, irei arranjar uma forma de falar com ele – deu mais um gole em sua cerveja.
- Quando, ? Quando? – disse, deixando sua cerveja de lado jogando suas mãos para o alto, abanando-as freneticamente para mostrar sua irritação.
- Olha, hoje é seu aniversário de 31 aninhos – disse, aproximando-se dele com um sorriso nos lábios. Colocou sua cerveja em cima do balcão no qual o moreno estava encostado e encostou seu corpo lentamente no dele, em seguida passando seus braços em torno do pescoço dele. – Vamos apenas curtir, comemorar – deu um selinho nele. - Mais tarde eu prometo que será apenas nós dois... Tenho alguns planos em mente. – piscou, sorrindo maliciosamente.
- É difícil comemorar te vendo com outro cara – disse de mal humor, tirando os braços dela de seu alcance e a afastando.
- Gee, por favor – suspirou. – Eu irei falar com ele.
- É bom mesmo, porque você não ira ficar com os dois.
- Eu não quero ficar com os dois! – disse, horrorizada com o que o rapaz acabara de dizer. – O que está pensando que dou? – perguntou alterando a voz, as lágrimas agora forçavam a brotar nos olhos da ruiva, que as impedia.
- O que está acontecendo aqui? – perguntou Frank, entrando na cozinha.
- Pronto, Gerard, ele está aqui! – disse , apontando para o baixinho. – Se acha que é tão fácil assim , por que você mesmo não conta a ele?
- Do que está falando?
- Eu... Nós... – começou Gerard sem saber quais palavras certas deveria usar, quais seriam menos dolorosas. Poxa! tinha razão, não era nada fácil dizer algo daquele tipo encarando aquele baixinho ali, parado, confuso, perdido com tudo que estava acontecendo. – Desculpe – suspirou, baixando a cabeça.
- O que está acontecendo? – tornou a perguntar.
- Eu e o Gerard... Bem... Nós... – respirou longamente. - Céus! Frank, eu não posso continuar com você – disse rapidamente.
- O quê? Por quê? – perguntou Frank, olhando para a ruiva que agora derramava algumas lágrimas.
- Me apaixonei pelo Gerard.
Foi como se todo o mundo de Frank houvesse despencado, como se as cores que ele enxergava tivessem se transformado apenas em preto e branco. Ele já estava meio desconfiado daquilo, aquela proximidade repentina deles... Mas era tão mais difícil escutar! Sentiu raiva, tristeza e uma dor terrível em seu peito. Optou apenas por expressar a raiva, não demonstraria seu ponto fraco, não daria aquele gostinho a eles, para que depois o casal perfeito e feliz ficasse rindo de sua cara, por suas costas.
- Por isso você estava tão esquisita comigo! – concluiu Frank. – Por isso ficou tão assustada quando eu tirei aquela brincadeira com você! – disse, olhando venenosamente para a ruiva.
- Me desculpa! – pediu entre soluços.
- Meu Deus... Vocês... Há quanto tempo estavam transando? Fazendo-me de idiota, hein?
- Frank, nós não... – começou Gerard.
- Não me venha dizer que vocês não andaram transando, Way! – gritou. – Nunca pensei que você fosse capaz disso – disse, lançando um olhar de decepção para o amigo. – Eu poderia esperar isso de qualquer um, menos de você!
- Desculpa. Aconteceu, Frank! Ninguém manda no coração!
- Eu não queria te magoar... Eu realmente não queria. – disse .
- Os dois me traíram... Meu melhor amigo e a mulher que amo... Como puderam? – perguntou Frank com um fio de voz, quase sendo cortada, por causa das lágrimas que estavam prestes a cair, nunca se sentiu tão magoado em sua vida, nunca seu chão foi tirado tão bruscamente. Como aquilo doía!
- Cara, aconteceu, não tivemos culpa! – disse Gerard aproximando-se do amigo, porém este se afastou.
- Estou fora dessa maldita banda! – gritou, retirando-se da cozinha.
- Frank, você não pode fazer isso! – disse, o seguindo.
- Tanto posso, como é o que estou fazendo – disse, dando mais uma olhada para os amigos que lhe restavam, estes o olhavam confusos sem saber o que estava ocorrendo, e por fim saiu da casa.
- Para onde ele vai? – perguntou , olhando para cada um daquela sala em busca de resposta. Ela sabia que o rapaz ainda não havia arranjado nenhum apartamento, mas esperava que ele tivesse algum lugar para ir, pois Frank saiu apenas com a roupa dor corpo, ela apostava que ele não levara a carteira, não tinha dinheiro algum para pagar um hotel.
- Não sei – respondeu Bob, dando de ombros. – Ele não tem para on...
Antes que o rapaz pudesse terminar, ela saiu correndo de casa. Chovia muito, mas não se importou. Apenas as luzes dos postes que não ajudavam muito na sua procura, pois alguns estavam apagados, fazendo a rua ficar muito escura. Olhou atentamente para os dois lados da calçada, com um pouco de dificuldade pôde ver Frank andando de cabeça baixa e com as mãos nos bolsos mais à frente. A única coisa que o protegia um pouco da chuva era o capuz do casaco. Correu ao encontro do rapaz, tocando seu ombro quando já estava perto o suficiente, este virou e pôde ver seu olhar triste, doloroso, mas logo foi mudado por uma expressão fria.
- O que você quer? – perguntou o moreno.
- Fran, você não tem para onde ir...
- Desde quando se importa?
- Eu sempre me importei com você... Você é muito importante para mim.
- Sou tão importante, que você me trocou pelo meu melhor amigo.
- Eu sinto muito, sinto mesmo.
- Não me venha com essa ladainha novamente – disse com nojo.
- Olha, se você não quer ficar lá em casa, tudo bem, eu te entendo...
- Então vá embora e me deixe em paz. Faça pelo menos isso já que você não pôde ser leal...
- Eu...
- Eu te respeitei, respeitei sua decisão, esperei e o que eu recebo em troca? Você abra as pernas para o meu melhor amigo no primeiro momento em que me vê longe.
- Olhe, não foi bem desse jeito, ok? – disse, segurando-se para não meter um tapa na cara dele. – Fique no meu apartamento, aquele que meu pai comprou para mim, as chaves estão na portaria... Fique o tempo que precisar.
- Hum... Certo.
- Não prefere que o motorista te leve?
Ele nada respondeu, apenas deu as costas e continuou sua caminhada. Ficou observando Frank sumir na escuridão da rua. Suspirou. Como queria que aquilo não tivesse acontecido daquela forma! Mas Gerard tinha que provocá-la, ele realmente precisava fazer aquele papel de idiota! Como estava com raiva e triste, talvez a tristeza ocupasse mais espaço, por isso seu peito doía tanto. Havia acabado de perder um bom amigo, um cara importante para ela.
Quando entrou em casa, encharcada, não encontrou ninguém na sala, caminhou até o sofá a passos lentos e sentou-se, curvando um pouco o corpo e apoiando os braços sobre as pernas em seguida colocando o rosto entre as mãos, deixando que assim mais uma rajada de lágrimas saíssem. E agora? Como as coisas ficariam? Não iria suportar se Frank a odiasse pelo resto de sua vida. Sabia que ele tinha o direito e motivos para isso, mas só em pensar era como se arrancassem um pedaço de seu coração. Céus, como aquele baixinho era importante!
- , vai ficar tudo bem – disse Gerard sentando-se ao lado da ruiva e acariciando suas costas, tentando acalmá-la. Poderia muito bem virar-se para ele e lhe dar um soco bem no meio daquela cara bonitinha, mas não faria, não naquele momento. Estava precisando de alguém, precisava abraçar alguém, precisava aconchegar sua cabeça no ombro de alguém e chorar, chorar até que aquela dor infernal passasse.
- Ele ficou com tanta raiva – disse, levantando o rosto. – Eu não queria magoá-lo.
- Foi preciso – disse, passando seu braço pela cintura dela e a trazendo para perto. A ruiva então encostou a cabeça no ombro dele.
- O que vamos fazer a respeito da banda? – perguntou Mikey, saindo da cozinha e encostando-se à parede.
- Vamos dar uns dias para ele pensar e depois conversamos.
- Boa noite – disse Leonard, entrando na casa. – Ei, o que está acontecendo? – perguntou, vendo a filhar chorar.
- O Frank foi embora – respondeu Bob.
- Por quê?
- Eu terminei com ele – disse .
- Por quê? Vocês pareciam se gostar...
- Porque eu estou apaixonada pelo Gerard! – disse, cansada de dizer a mesma coisa.
- Como? – perguntou, espantado. – Até ontem vocês se odiavam!
- As coisas mudam, papai.
- Vocês, jovens de hoje em dia, mudam de namorado como se mudassem de roupa.
- Eu não estava namorando o Frank, estávamos apenas ficando.
- Vocês inventam cada coisa, no meu tempo não tinha isso, era uma enorme falta de respeito!
- Ah, papai, por favor, não estamos mais nos tempo das cavernas. – suspirou. Se o clima não estivesse tão tenso, todos estariam rindo naquele momento.
- O grande problema agora é que o Frank quer sair da banda. – disse Ray.
- O garoto está magoado, deixem ele, depois eu resolvo isso – disse Leonard.
- , é melhor você subir para trocar de roupa – disse Gerard.
- Claro – disse a ruiva, levantando-se. – Boa noite.
Deu um selinho em Gerard e um beijo no rosto do pai, por fim, acenou para os rapazes e subiu as escadas, indo para seu quarto.

00h

- Gerard, queria te pedir uma coisa – disse Leonard, sentando-se ao lado do rapaz.
- Claro.
- Eu sei que essa não é uma boa hora para te pedir isso, mas... Você poderia, por favor, conversar com a sobre a Shayne?
- Eu já tentei, Leonard, eu já tentei. Não tem jeito! A tem uma cabeça muito dura.
- Tente mais uma vez, por favor. Eu não sei por que a não gosta da Shaye, não há motivo algum.
- Que eu saiba, é pelo fato da Shayne ter sido uma prostituta, a acha que ela só quer seu dinheiro.
- Sabe, eu pedi a Shayne em casamento.
- Nossa, meus parabéns – sorriu.
- Mas ela disse que só aceita se a concordar, ela não quer mais que a culpe por nada – disse, passando a mão nervosamente pelos cabelos.
- Hum... Vai ser complicado.
- Eu sei – suspirou. – Eu amo muito aquela mulher, queria poder tocar a minha vida para frente.
- Eu vou tentar, ok? – disse dando um tapinha no ombro do homem.
- Obrigado.
Escutaram um barulho não muito alto, mas mesmo assim chamou a atenção. Era como algo se estilhaçando no chão, algo se quebrando. Subiram as escadas correndo, sabiam que aquele barulho vinha do quarto de .
Gerard abriu a porta bruscamente, seu coração pulsava aceleradamente, assim como sua respiração, tinha um certo medo de ver o que poderia estar acontecendo, com medo de que mais uma vez ela tivesse tido a coragem de tentar tirar a sua vida. Mas não, ela estava ali sentada no chão, encostada na cama chorando, podia escutar os soluços desesperadores dela.
Doía-lhe ver a ruiva naquele estado, se ao menos pudesse arrumar alguma forma de retirar toda aquela dor dela. Viu o corpo de tremer por causa dos soluços. Aproximou-se dela, tomando cuidado para não pisar no abajur quebrado e a pegou no colo, esperou que a garota protestasse, mas não o fez, apenas encostou a cabeça em seu peito e suspirou pesadamente. Sentou-se na cama com no colo e ficou alguns minutos em silêncio, apenas acariciando seus cabelos.
- O que aconteceu? – perguntou Gerard de repente.
- Eu não gostava daquele abajur – deu de ombros.
- E por isso precisava quebrá-lo?
- Foi a única coisa inútil que eu achei para quebrar.
- Filha, você precisa do seu calmante – disse Leonard, estendendo para a ruiva um comprimido e um copo com água. não hesitou, tomou tudo rapidamente e deitou-se ao lado de Gerard que a aconchegou novamente em seus braços. Leonard saiu do quarto desligando a luz e fechando a porta.
- Eu amo você – suspirou antes de adormecer.
Não tinha muito que fazer; com o tempo, aquela dor sumiria. Com o tempo, ela se acostumaria com a perda, e Gerard tentaria amenizar todo aquele sofrimento. Precisava ter uma conversa séria com Frank, ele não poderia abandonar tudo, seus sonhos e sua carreira, por causa de um problema pessoal. Se era fosse sair da banda ele que o fizesse, afinal de contas, fora tudo culpa dele, todo aquele desentendimento, toda aquela briga. Acabou por se entregar ao sono.

– CAPÍTULO DEZOITO –

Uma simples preocupação

Um mês se passou desde então. Frank concordou em continuar na banda contanto que não aparecesse nos ensaios ou nos shows. O rapaz sabia que aquilo era meio que infantil, mas era um direito seu, não suportaria vê-la, ele a culpava, apenas ela. Sua amizade com Gerard voltou, mas não era a mesma coisa, sempre havia algo de estranho no ar, não tinha como evitar.
já havia começado a frequentar a faculdade, depois do que acontecera rapidamente Gerard fora quem procurou saber de tudo que era preciso para que a ruiva voltasse, pela forma como ela estava indo, ele tinha certeza que a qualquer momento ela poderia entrar em depressão e com uma atividade isso iria distraí-la e não tornaria a acontecer como havia sido no passado.
Depois de muito torrar a paciência de Leonard, conseguiu com que ele lhe desse um belo carro de presente, de vez em quando Gerard o pegava emprestado, já que ainda não havia tido tempo para comprar o seu, as coisas andavam mais corridas do que nunca, shows atrás de shows e várias entrevistas a serem feitas, assim como algumas festas beneficentes.
Estacionou o carro na garagem e desceu, o porteiro a deixou passar sem que fizesse perguntas, pois já a conhecia muito bem de tanto que ela ia para lá, era praticamente como se morasse com Gerard. Algumas roupas suas já se misturavam com as dele no guarda-roupa, alguns sapatos estavam perdidos por debaixo da cama, juntamente aos dele, e havia alguns toques seu no apartamento do rapaz. Muitas fotos do casal espalhadas por móveis da sala e do quarto.
Entrou no elevador e apertou no botão que iria direcioná-la ao quarto andar, as portas de metal se fecharam enquanto vasculhava a sua bolsa, sempre tão cheia, à procura da sua chave. Gerard havia lhe feito uma cópia, caso a ruiva quisesse ficar no apartamento quando ele não estava. Leonard sempre tirava brincadeiras dizendo que os dois apreciam um casal, casado.
- Droga! Deixei na outra bolsa! – amaldiçoou-se por sempre estar trocando de bolsa. Saiu do elevador quando este revelou o corredor que dava para o apartamento de Gerard. Tentou abrir a porta, com a esperança de que o namorado a tivesse deixado destrancada, pelo menos uma vez na vida queria que ele fosse um pouco descuidado, ou teria que esperá-lo por algumas horas até ele voltar da entrevista que havia dito mais cedo que iria. – Quando ele ver o que eu com... – começou em quanto fechava a porta as suas costas.
- Oi. – disse uma garota de cabelos lisos alaranjados, pele clara e olhos castanhos. Ela estava sentada no sofá assistindo TV, apenas de biquíni.
- Acho que entrei no apartamento errado. – disse para si mesma, virando-se para se retirar e a ponto de pedir desculpas.
- Natasha, você vai querer beber alguma coisa? – perguntou Gerard saindo da cozinha, diferente da garota que estava com roupas de banho, ele vestia apenas uma bermuda, deixando seu peito à mostra.
- Mas que porcaria está acontecendo aqui? – gritou .
- . – disse o rapaz assustado, só então percebendo sua presença.
- Ah, então essa é a ?! – disse Natasha, olhando a ruiva dos pés a cabeça.
- Isso mesmo! – disse olhando com desprezo para a garota, aproximando-se perigosamente dela. – E quem é você? Alguma vadia que está dando em cima do meu namorado só por ele ser vocalista de uma banda, agora, famosa? – alfinetou, erguendo uma das sobrancelhas.
- , menos, ok? – disse Gerard ficando em sua frente, impedindo que ela fizesse qualquer coisa contra Natasha. – Não é nada disso que você está pensando – tentou tocar em seu braço, mas ela recuou. Estava magoada e com raiva. Céus, até parecia que aquilo era um castigo pelo o que havia feito com Frank. Sim! Ela merecia.
- Não? – sorriu sarcasticamente. – E por que está tão assustado? Vai me dizer que essa piranha é a sua mãe?!
- Não, o...
- Sabe de uma coisa? Vou embora. – disse dando as costas a ele e abrindo a porta. – E pode ficar com isso. – disse jogando a sacola que segurava em Gerard.
- , espera. – disse segurando seu pulso, impedindo-a que se retirasse. E a virou para si, vendo seus doces olhos marejados por lágrimas.
- Para que esperar? Não precisa explicar nada!
- Na...
- Eu sei que se cansou de mim, eu sabia que isso aconteceria um dia, eu nunca dou sorte mesmo no amor – suspirou. - Não precisa tentar arrumar nenhuma explicação para acabar – disse com um olhar magoado. – Eu não deveria ter feito aquilo com o Frank – se lamentou. – Todo homem é igual... Pensei que nós fossemos dar certo, mas olha no que deu, não é? – riu sem humor.
- ...
- Não, não! – disse, balançando as mãos para que ele se calasse. – O Fran era diferente, ele foi o único que me amou de verdade... E eu o magoei! – disse entregando-se ao choro, Gerard apenas a abraçou. Precisava arrumar uma forma para que ela o deixasse explicar o que estava ocorrendo, viu que Natasha apenas revirava os olhos e sussurrava algo como: Dramática.
- Eu sei que ainda sente pelo o que fizemos ao Frank – sussurrou. – Eu nunca, em hipótese alguma, faria o mesmo com você... Eu te amo, sua ruiva boba – disse a afastando por um momento, tomando seu rosto coberto por lágrimas entre as mãos e sorrindo.
- Não? – disse recompondo-se e se afastando dele. – E como me explica essa mulher? – perguntou, apontando para Natasha.
- Ei, que gritaria é essa? – perguntou Frank aparecendo na sala, vestindo uma bermuda, assim como Gerard e sem camisa.
- Frank... O que... – começou , confusa.
- A Natasha está saindo com o Frank – finalmente conseguiu explicar Gerard. – Ela é empresária...
- Ah... Eu... Céus, me desculpe – disse abraçando o namorado meio constrangida. – Eu pensei... Como sou idiota! – sussurrou.
- Eu nunca irei te trair... – disse mais uma vez colocando o rosto dela em suas mãos, para que olhasse em seus olhos e visse que era verdade tudo que saía de seus lábios. - Eu te amo, você é a única em minha vida – beijou a testa dela.
- Acho melhor nós irmos, Natasha. – disse Frank pegando sua camisa em cima do sofá.
- Vocês não precisam ir, jantem conosco. – pediu afastando-se um pouco de Gerard, sentindo o incômodo de Frank, pois este não olhava em seus olhos.
- Temos show à noite, não dará tempo. – disse Frank mexendo em qualquer coisa para que não tivesse que olhar para a ruiva.
- O show só começa às 18h30min, vocês podem atrasar um pouco, afinal de contas, são os astros.
- Não, precisamos ir. – disse caminhando em direção à porta. Natasha apenas o seguiu, depois de colocar um vestido.
- Hum... Espero que tenha gostado do presente, aquele é um ótimo apartamento.
- Irei depositar o dinheiro na sua conta amanhã, o meu advogado já providenciou toda a papelada de venda.
- Não precisa, é um presente. – insistiu.
- Não quero nada que venha de você. – disse friamente, finalmente virando-se para ela e a encarando. A ruiva sentiu todo o se sangue sumir e o sorriso que antes tinha desaparecer por completo. – Você só está fazendo isso para não se sentir culpada pelo o que fez!
- Quando vai me perdoar? – perguntou sua voz já cortando.
- Eu te dei meu coração e você o apunhalou! – disse entre dentes. – Acha que é simplesmente assim? Você me pede desculpas e voltamos a ser amigos, como se nada tivesse acontecido? Desculpa, garotinha, seja bem vinda ao mundo real, onde seu papai não pode te proteger!
- Eu não tive culpa!
- Claro que não teve! Fui eu que não fui idiota o suficiente.
- Fran, eu não pedi para se apaixonar! – disse de uma forma um tanto desesperadora.
- Isso eu posso até entender, mas você poderia ter conversado comigo...
- Eu tentei, mas... Você me dizia que me amava e...
- Ótimo, agora eu sou o culpado. – riu sem humor. – De qualquer forma você já havia transado com meu melhor amigo, não?
- Eu... Me perdoa. – disse baixando a cabeça.
- Você me traiu com meu melhor amigo, como tem a coragem de pedir que eu te perdoe? – gritou.
- Frank, já chega! É melhor você ir. – disse Gerard colocando um fim no assunto e passando o braço pela cintura de , que afundou o rosto em seu peito.
- Até mais tarde. – disse retirando-se.
- Vem, amor. – disse a conduzindo até o sofá, sentaram-se e a ruiva encostou a cabeça em seu ombro.
- Ele me odeia, nunca irá me perdoar.
- O Frank não te odeia, só está magoado, mas isso vai passar você vai ver, tudo vai ficar bem.
- Já faz um mês, ele nunca vai me perdoar.
- Vai sim, dê mais um tempo a ele.
- Ele... Ele nem olha mais nos meus olhos e se faz é de uma forma tão fria. Não parece mais o Frank que conheci. – suspirou.
- Ei, o que você comprou? – perguntou tentando mudar de assunto e pegando a sacola que estava jogada aos seus pés.
- Ah, comprei uma jaqueta e uma calça para você usar hoje. – disse abrindo a sacola, tirando de lá uma jaqueta de couro preta e uma calça preta skinny da mesma cor que a jaqueta.
- Como isso vai entrar em mim? – perguntou observando a calça com uma careta.
- Ah, Gee. – riu.
- É sério, como eu vou me mexer? Se eu der um passo essa coisa rasga.
- Vamos jantar, ok? Depois eu te mostro como isso entra direitinho.
- Para que eu vou vestir isso?
- Para ficar ainda mais gostoso. – sorriu – Vou preparar nosso jantar. – disse levantando-se.
- Você preparando o nosso jantar? Essa é nova!
- O que é que tem? Eu cozinho muito bem!
- Espero que sim, não se esqueça que daqui a pouco tenho um show...
- Idiota! – resmungou entrando na cozinha.

40 minutos depois...

Estava fazendo uma massa francesa que aprendera com uma amiga no seu tempo da Suíça. Tudo estava pronto, faltando apenas o molho. Tomou um gole do vinha em sua taça enquanto mexia o molho.
- Hum... Isso está cheiroso. – disse Gerard passando as mãos pela cintura da namorada.
- Vá colocar a mesa, o jantar já está pronto. – disse desligando o fogo.
- Sim, senhora. – disse afastando-se. Pegou tudo o que precisava da toalha até os talheres e se dirigiu à sala.
O jantar foi tranquilo e até um pouco romântico por conta das velas que Gerard havia colocado na mesa, conversaram sobre tudo, suas vidas, profissões e até sobre o futuro, naquela noite Gerard havia praticamente pedido em casamento. Declarou que ela era a única mulher que queria na sua vida, a única na qual pensava em constituir uma família e ter filhos, muitos filhos, a ruiva se emocionou muito, quase se descuidando e começando a chorar, mas segurou-se, se sentindo uma idiota emotiva por está prestes a chorar por conta disto.
Após o jantar, resolveu dar uma ajuda a Gerard na hora de se arrumar, mas este recusou, dizendo que era capaz de vestir uma calça sozinho, por mais que fosse apertada daquela forma. A ruiva então estava naquele momento sentada no sofá apenas o esperando, estava ansiosa para ver como ele ficaria.
- Gerard, quer que eu vá te ajudar? – perguntou a garota impaciente olhando para seu relógio, estava quase na hora do show.
- Não – gritou do quarto – Ah, merda! Maldição! – praguejou, fazendo a ruiva ri, ela escutou um baque percebeu que deveria ter sido Gerard que tinha caído no chão, o que a fez rir mais ainda.
- Tem certeza? Você parece bem enrolado aí. – riu.
- Tenho, tenho! – disse parecendo mal humorado. – Consegui! – disse saindo do quarto. A calça havia ficado bem colada, da forma que havia imaginado, totalmente... SEXY. Deus! Mordeu o lábio inferior em quanto o observava. Ele vestia uma blusa azul e a jaqueta por cima, para finalizar um tênis. A franja como sempre insistia em cair sobre seus perfeitos olhos verte oliva.
- Meu Deus! – disse levantando-se e seguindo até o namorando, ficando de frente para ele enquanto observava cada centímetro de seu corpo – Você não vai para o show vestido assim...
- , foi muito difícil entrar nisso, não vou tirar.
- Você vai ser preso! – disse jogando seus braços ao redor do pescoço dele.
- Por quê? – perguntou confuso.
- Porque você está muito gostoso... Isso deveria ser um crime.
- Mais essa minha namorada é lesinha. – riu dando um selinho nela.
- Droga! Lembrei-me agora! Porcaria! – disse afastando-se dele.
- O que foi?
- Tenho que terminar um trabalho.
- Certo, depois do show eu passo na sua casa.
- Não precisa, você vai estar cansado, nos vemos amanha. – disse pegando sua bolsa e colocando a alça sobre o ombro.
- Não, não! Quero te ver hoje!
- Gee, o que você tem? – estranhou.
- Acordei um pouco angustiado. – deu de ombros.
- Por isso que me ligou o dia todo?
- É.
- Ah, bobinho, nada vai acontecer.
- Eu não ia te contar, mas eu vi os capangas daquele tal de Drew ontem perto da sua casa.
- Ai, meu Deus! Aqueles desgraçados não se cansam?! Que droga!
- Você não prefere ficar aqui?
- Gee, eu tenho que terminar um trabalho muito importante! E além do mais, eles não iram descobrir nada, a cidade é grande, não podem sair batendo na porta de todo mundo para ver se me encontra.
- Vou falar com o Leonard.
- Não, Gee!
- Só vou pedir que ele contrate uns seguranças para ficar na sua casa.
- Ele vai estranhar isso.
- Eu invento alguma coisa, ok? Eu só quero que fique segura.
- Amor, não precisa se preocupar, vai ficar tudo bem, quando eles encontrarem o Blake vão arrancar até o último centavo dele...
- Mas eles estão aqui te procurando.
- Logo eles irão desistir!
- Por que você não traz o resto das suas coisas para cá? – perguntou animado.
- Gee...
- Ok, não precisa trazer... Mas durma hoje aqui, assim eu vou conseguir fazer o show sem preocupação.
- Certo, eu vou só pegar meu notebook, que é onde já comecei meu trabalho.
- Ótimo. – disse e deu um selinho nela. – Eu vou com você.
- Não preci...
- Eu vou com você! – repetiu firmemente.
- Ok, então dirige. – disse entregando as chaves do carro a ele.

Casa da

- De quem é esse carro? – perguntou Gerard observando um jaguar preto estacionado em frente à casa da ruiva.
- Vamos descobrir. – disse enquanto atravessavam o jardim.
Mais uma vez Gerard sentiu aquela angustia que o havia feito acordar pela manhã, sentia que algo de bom não iria acontecer e estava se preparando para enfrentar qualquer coisa que tivesse a vir naquele momento.

– CAPÍTULO DEZENOVE –
Um final não tão feliz!


Entraram na casa de mãos dadas, teve uma grande surpresa, Drew estava sentado no sofá e seus dois capangas estavam apontando suas armas para Leonard e Shayne. Um grande sorriso surgiu nos lábios do homem quando este viu a ruiva.
- Olha, a nossa convidada de honra chegou para a festa. – disse Drew levantando-se.
- Quem deve dinheiro é o Blake, Drew, não eu. – disse seriamente, tentando não demonstrar o seu medo.
- Bem, ele já pagou a parte dele... Com a vida. – disse o final de uma forma fria, perigosa e ao mesmo tempo divertida. – Mas eu não fiquei satisfeito. Sabe, o panaca não tinha nenhum centavo e como você bancava tudo, então eu pensei... Por que não recorrer a minha adorável ? – sorriu. – E agora estou aqui. – disse abrindo os braços.
- Bancava? Bancava o quê? – perguntou Leonard confuso.
- Ah, o papai não sabe? – disse olhando da garota para Leonard.
- Deixe a minha família fora disso! É só entre eu e você! – disse a ruiva firmemente.
- Não. – disse lentamente e virou-se para Leonard que esperava por uma resposta. – O namoradinho da sua filha era um drogadinho de merda. – disse com nojo.
- Desculpa, pai. – disse a garota rapidamente, sentindo vergonha de olhar para o homem, pelo seu comportamento.
- Você também... – perguntou Leonard com medo da resposta, mas tinha que fazer.
- Não! Nunca! Eu apenas sustentava o vicio dele, com medo que ele me deixasse.
- Isso explica como o dinheiro ia embora rápido e o porquê de você não querer me explicar para onde ele ia.
- Certo, certo, vamos pegar o dinheiro. – disse Drew apontando a arma para e fazendo sinal para que ela passasse a sua frente.
- Nós não temos dinheiro aqui, guardamos tudo no banco. – disse continuando no mesmo lugar e apertando um pouco mais a mão do namorado, com medo da expressão de ódio que surgiu no rosto de Drew.
- Então eu terei que te matar. – disse apontando a arma para ela.
- Espere, espere. – disse Gerard soltando a mão da garoa e indo para sua frente. – Eu arranjo o dinheiro.
- Olha, se não é o ex da Lin-Z. – sorriu, como se só tivesse dado conta da existência de Gerard naquele momento.
- Você conheceu a... Lindsen?
- É claro! A vadia era ótima de cama! – sorriu. – Eu gostava quando ela queria me pagar com sexo – disse maldosamente. – Era uma ótima cliente, até começar a se endividar, não queria mais me pagar da forma antiga, dizia que iria arranjar o dinheiro, mas nunca conseguia então... Tive que dar um fim nela.
- Eu sabia! – disse para si mesmo, sentindo o ódio crescer dentro de si. Sempre soube que fora um assassinato, mas ninguém nunca acreditou. Nunca notara que Lindsen tinha um vício e muito menos que o traía.
Pelo visto às vezes você pensa que conhece uma pessoa muito bem e logo percebe que não, pensou Gerard com amargura.
- Você tem 10 mil dólares aqui? – perguntou Drew, tirando o moreno dos pensamentos.
- Não, mas tem um banco aqui perto...
- Ah, que pena, vai perder mais uma namorada.
- Não! Eu...
- Ninguém irar sair desta casa. – disse fazendo sinal para que um de seus capangas tirasse Gerard dali.
- Me solte! – gritou tentando soltar-se do capanga de Drew. – , corra, saia daqui!
- Nem pense nisso ou eu mato todos ele. – disse apontando a arma para novamente. – Quais são suas últimas palavras? – Céus! Não tinha como fugir. Agora era seu fim.
- Gee... Eu... Te amo – disse deixando que as lágrimas escorressem por seus olhos. – Obrigada por tudo...
- Não, não! – gritava o moreno em desespero, tentando se soltar do homem que o segurava fortemente. – Deixe-a em paz!
- Pai, desculpa por tudo isso, me perdoa por ser tão imatura, tão... Mimada. Eu te amo. – disse dirigindo-se ao homem que agora chorava.
- A deixem em paz! Não machuque a minha menina – gritou Shayne em meio a lágrimas. – Me matem, mas deixem a minha filha em paz!
Parecia que o mundo havia parado e tudo no que acreditava havia desabado. Como assim? Filha? Não mesmo! Ela não era filha da mulher que mais detestava na vida. Só poderia ser um engano, deveria ter escutado errado.
- Você não é minha mãe. – disse com a voz cortando.
- Ela é sua mãe. – confirmou Leonard.
- Não! A minha mãe está em Paris!
- Antes de conhecer a sua “mãe”, eu namorava a Shayne. A sua avó, minha mãe, não aceitava o nosso namoro então armou um plano para nos afastar. Fez a mãe da Shayne levá-la embora, eu pensei que a Shayne tivesse me abandonado, foi aí que conheci a sua “mãe” e me casei com ela. – disse com um pouco de raiva na voz. - Mas depois a Shayne voltou à cidade e nós ficamos juntos por uma noite. – disse pensativo com um sorriso no rosto como se lembrasse de cada detalhe daquela inesquecível noite em que foi concebida. – Depois de alguns meses ela voltou havia descoberto que estava grávida, quando você nasceu pedi para cuidar de você, sua “mãe” só aceitaria se você nunca soubesse quem era sua mãe biológica.
- Ah, meu Deus. – soltou , sentindo-se por um momento tonta.
- Que emocionante, isso me fez chorar. – disse Drew fingindo limpar algumas lágrimas. – Hora de morrer – cantarolou doentiamente.
- Por favor, não faça isso. – implorou Shayne.
- Cala a boca, vadia!
O homem destravou a arma e fez um sinal de tchau para . A ruiva apenas fechou os olhos esperando seu momento, foi então que escutou o disparo, porém não sentiu dor alguma, nenhum bala perfurando sua carne, seu corpo. Pronto! Acabou? Então morrer era assim? Não se sentia dor?
Abriu os olhos à procura do céu ou quem sabe do inferno, que era para onde ela merecia ir depois de tudo o que fez. Mas nada disso veio em sua visão, viu apenas um corpo estendido aos seus pés. Um grito subiu a sua garganta, mas se desfez no meio do caminho. Seu pai estava caído ao chão, sangrando.
- Soltem as armas ou eu mato ele. – disse Gerard que agora tinha a arma de Drew na mão, segurava-o por trás e apontava a arma para a cabeça do homem, que algumas vezes tentava se soltar, mas não conseguiu, pois Gerard se cansou e meteu a base da arma na cabeça do homem que caiu inconsciente no chão. Agora estava apenas de olho nos capangas que antes já havia jogado suas armas aos pés do moreno. – Shayne, ligue para a polícia e para a ambulância. – pediu sem tirar os olhos dos homens. Baixou-se por alguns segundo e pegou as duas armas aos seus pés, colocando-as em uma mesinha ao seu lado.
- Pai. – chamou deixando seus joelhos cederem e caindo ao lado do homem. Colocou as mãos sobre seu ferimento e o pressionou, tentando conter o sangramento.
- Eu... Te amo, filhinha. – disse Leonard com dificuldade, levou sua mão até o rosto da garota e o acariciou, depois a deixou pender ao lado de seu corpo.
- Papai, fica quietinho. – pediu tentando conter o choro.
- Por favor, dê uma chance a Shayne, tente conhecê-la, você verá o quanto ela te ama.
- Shhh, fica quietinho. – insistiu.
- A ambulância já está vindo. – falou Shayne ajoelhando-se ao lado de Leonard e segurando sua mão fortemente, como se aquilo não fosse deixá-lo partir.
- Prometa-me... Que irá cuidar da... Nossa menininha. – pediu Leonard agora se voltando à mulher.
- Nós vamos cuidar dela, meu amor, vamos nos tornar uma família. – disse Shayne, limpando algumas lágrimas e dando um leve beijo na testa do homem.
Logo a ambulância chegou, os para médicos levara Leonard que ainda respirava. A policia chegou um tempo depois e levou os traficantes, assim como as armas e algumas evidências.
Leonard teve que ser operado urgentemente, naquele momento estavam todo no hospital preocupados, andando de uma lado para o outro. Gerard não saiu do lado da namorada, apenas para fazer umas ligações para avisar o que estava acontecendo a todos, deixando com Shayne, a garota se entregou ao abraço de sua mãe, aconchegando a cabeça em seu ombro. Não tinha mais para quê todo aquele ódio, faria aquilo por seu pai, talvez toda aquela implicância tivesse sido apenas para chamar a atenção. Se ela pudesse mudar as coisas... O faria.
- Srta. . – chamou o médico saindo da sala de operação.
- Sim? – disse a ruiva levantando-se rapidamente. - Como está meu pai?
- Ele... Não resistiu. Sinto muito. – disse com delicadeza.
- Não! – gritou . – Não pode ser, não! Ele não pode... Oh, Deus! – disse chorando, sentiu braços a envolverem, era Shayn. Não se importou e a abraçou fortemente, as duas estava à beira das lágrimas, inconsoláveis. – Isso é tão injusto! Ele não tinha nada a ver com o que estava acontecendo! – disse com raiva de si mesma por ter trazido a desgraça junto consigo da Suíça. – E agora, como vai ser a minha vida sem ele?
- Oh, meu amorzinho, eu irei cuidar de você, pode contar comigo para tudo! – disse Shayne lhe apertando um pouco mais forte, tendo assim lhe dar forças.

Cemitério – 2 dias depois...

Estavam todos reunidos vendo o caixão de Leonard começando a baixar para o buraco que o receberia. Shayne e estavam se apoiando como verdadeiras mãe e filha. A ruiva já estava aceitando aquele fato, seu estado emocional estava abalado, mas com o tempo iria recuperá-lo. Gerard na noite anterior lhe revelou que a pediria em casamento no dia em que todo aquele incidente horrível aconteceu, a garota ficou seriamente surpresa com aquele fato, mas aceitou mesmo depois que ele disse que esperaria que ela ficasse melhor e faria o pedido novamente, mas mesmo assim ela aceitou. Eram tantas as coisas acontecendo ao mesmo tempo!
Frank estava namorando Natasha, isso queria dizer que estava conseguindo se recuperar um pouco do havia acontecido. Sua amizade com havia voltado, talvez fosse preciso apenas uma tragédia para que ele notasse a idiotice que estava fazendo e para compensar estava dando todo o apoio necessário para a garota.
- Teremos que arranjar um novo empresário. – sussurrou Ray para os amigos.
- Ray, aqui não é o melhor momento para isso! – brigou Frank.
- Não precisa. – disse aparecendo do nada.
- Amor, desculpa o Ray, ele é um idiota. – disse Gerard passando a mão pela cintura da ruiva e a abraçando de uma forma carinhosa e protetora.
- Tudo bem, eu precisava falar sobre isso com vocês e já que tocaram no assunto... – deu de ombros. – Se aceitarem, eu serei a nova empresária do My Chemical Romance.
- , nós queríamos muito, realmente queríamos, mas você não sabe de nada dessa área. – disse Mikey.
- Eu sei alguma coisa, aprendi o necessário com meu pai e ele também deixou isto – disse tirando do bolso de seu casaco algumas folhas impressas. – Ele estava escrevendo um livro, “Como se tornar um bom empresário”. Irei trancar a faculdade de desenho e me dedicarei apenas a isto, claro que farei alguns cursos que eu achar necessário, mas ser empresaria não é um bicho de sete cabeças, você só precisa ter os contatos certos e uma boa lábia... e isso eu tenho. – disse determinada como se estivesse em uma entrevista de emprego.
- Por mim, tudo bem. – disse Bob olhando para os amigos que apenas balançaram a cabeça, apenas Gerard que não o fez apenas olhava para a garota sem demonstrar qualquer expressão que pudesse dizer sobre o que ele estava pensando.
- Gee? – disse Frank.
- Quero que termine a faculdade de desenho, senão nada feito. – disse Gerard olhando nos olhos da garota, que concordou.
- Obrigada. Não fazem ideia do que isso significa para mim.
O caixão chegou ao fundo do buraco, assim como o crepúsculo. passou pelos rapazes silenciosamente e jogou uma rosa antes que a terra começasse a ser jogada, deu as costas e sem olhar para trás seguiu para seu carro saindo dali o mais rápido possível. Não queria se lembrar do seu pai naquele maldito caixão ou prestes a morrer, queria lembrá-lo de quando estava vivo e saudável, e era aquilo que faria.
Daqui para frente tinha muito que fazer, iria deixar de ser aquela garota mimada para se tornar uma mulher séria e trabalhadora, precisou perder seu pai para abrir seus olhos e ver que não teria tudo de mãos beijadas a vida toda. Agora, as coisas mudariam.


FIM


Qualquer erro nessa fanfic é meu, então me avisem por e-mail caso encontrem algum.


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