Perfect to me.
Autora: Mynne | Beta: Sofia Queirós



Eu costumo dizer que coisas legais acontecem quando menos esperamos. Eu me inscrevi no The X-Factor, mas não tinha a pretensão de passar ou fazer sucesso. Mas aí eu passei. E entrei para a One Direction. E fiquei conhecido pelo mundo inteiro. E finalmente pude namorar com qualquer garota que eu quisesse. Mas obviamente não foi isso o que aconteceu; quer dizer, eu realmente namorei, aproveitei um determinado tempo a minha vida de super star. Mas foi ai que eu percebi que estava procurando o amor no lugar errado. Porque na realidade, o amor já estava ao meu lado – digo, literalmente ao meu lado. Para ser mais especifico, dormindo no sofá, com a boca levemente aberta, os cabelos totalmente bagunçados e abraçada a uma almofada, enquanto eu a observo com cara de idiota. Sim, eu me apaixonei pela minha melhor amiga, a garota que eu conheço desde meus 12 anos de idade.


Você deve estar pensando "Nossa, que lindo, ele está apaixonado pela melhor amiga". Mas isso não é lindo. Quero dizer, é obviamente legal amar alguém que de certa forma também te ama, sem falar que eu tenho sempre uma desculpa para ficar ao lado dela. Mas sabe o que é ruim? Ela sabe absolutamente tudo sobre mim. E quando eu digo tudo, eu realmente quero dizer tudo. Desde quem eu fico, quem eu quero ficar, com quem eu durmo ou deixo de dormir. Ela reconhece minha expressão, seja de alegria ou tristeza a km de distância, e isso é um pouco assustador. Mas enquanto eu estou aqui, falando besteira e a observando dormir, ela começa a resmungar. Eu amo quando ela faz isso.


- ... – ela resmungou e eu senti minhas bochechas quase rasgarem, tamanho foi o meu sorriso. Ela disse meu nome enquanto dormia!

Levantei quase automaticamente e fui para o lado dela, com muito cuidado, é claro. Não queria que ela acordasse e atrapalhasse fosse lá o sonho que estivesse tendo comigo. Por que eu sabia que ela estava sonhando comigo. COMIGO! A essa altura você provavelmente deve estar me achando um viadinho. Mas eu não sou; sou muito hétero até. Mas é que qualquer reação dela me deixava daquele jeito – feliz, idiota, rindo de tudo e rezando desesperadamente para chegar a hora em que ela finalmente vai perceber que me ama também.


- ... – sussurrei baixinho, sentando no chão e ficando de frente para ela, fazendo carinho em seu rosto. Era tão delicado! Suas linhas finas, seu rosto corado, seus cabelos caindo de uma forma engraçada em seu rosto, sua respiração calma... Tudo naquela garota me fazia sonhar, desde a forma como ela sorria até o jeito como ela ficava brava comigo, tipo quando eu comia o último pedaço de pizza e não deixava nada para ela.

- Hmm... – ela murmurou, finalmente acordando e abrindo os olhos. Sua expressão ficou confusa por alguns segundos, mas logo depois ela sorriu – Me olhando dormindo? – ela perguntou, com a voz pastosa e eu ri pelo nariz.

- Você me chamou... – eu disse, tentando disfarçar e a vi ficar vermelha.

- Chamei? – perguntou, mordendo o lábio inferior, parecendo insegura – Eu disse algo a mais?

- Não... Só fez falar "" e voltou a babar – brinquei e ela riu mais descontraída. Me afastei um pouco, enquanto ela se espreguiçava, colocando os cabelos para trás e sentando no sofá.

- Dormi muito? – ela perguntou, me olhando culpada. Hoje seria nosso último dia juntos, já que amanhã eu iria embarcar para NYC, para a segunda turnê da One Direction.

- Só umas duas horas – respondi sorrindo, sentando do seu lado e abrindo meus braços. Ela me olhou sorrindo e se jogou em cima de mim, me fazendo cair deitado no sofá – Calma aí, coisa gorda! – perturbei e ela me deu um soquinho – Ouch! – reclamei e a ouvi rir.

- Isso mesmo, ninguém mandou me chamar de gorda! – ela respondeu, dando língua. Incrível, aquela garota consegue ser perfeita até fazendo careta!

Ficamos ali, curtindo a presença um do outro, sentindo nossas respirações. Nada poderia atrapalhar aquele momento, aquilo era algo só nosso. Quando estávamos juntos fazíamos nosso próprio mundinho, ficávamos presos em nossa bolha particular.


- ? – me chamou, com a voz fraquinha.

- Oi? – perguntou, olhando para ela, que me encarava com os olhos esbugalhados, em uma tentativa engraçada de imitar o gatinho do Sherk.

- Tô com fome – reclamou e eu gargalhei, sendo acompanhado por ela.

- Depois quando eu chamo de gorda... – provoquei, levantando do sofá antes que ela pudesse me bater.

- Haha, como se você também não estivesse morrendo de fome! – ela falou emburrada, mas logo depois sorriu e levantou, vindo em minha direção – Pizza?

- Hmm, ok! – me rendi, um pouco contrariado, já que queria comer algo do Nando’s.

- Obaa! – ela comemorou e ficou parecendo uma menininha de 3 anos. Era isso o que eu mais amava nela. não precisava de maquiagens, roupas caras ou sapatos de salto alto para ficar linda, chamar atenção ou parecer sexy. Normalmente ela só usava all star, shorts, blusas com estampas engraçadas e já ficava muito mais linda do que muita menina que só anda produzida. Ela não era do tipo que usava roupas curtas para tentar me seduzir, mas que usando só um moletom velho e uma camisa com o dobro do seu tamanho, conseguia me conquistar de uma maneira quase absurda.


Peguei o telefone e liguei para a Pizza Hut. Sério, a melhor pizzaria do mundo! Pedi duas pizzas de queijo e calabresa, e enquanto nossos pedidos não chegavam, ficamos jogados no chão da sala; usar o sofá é para os fracos.


- Você vai passar quanto tempo fora mesmo? – ela perguntou, com um tom falsamente indiferente, mas eu sabia que ela estava triste com o fato de ficar longe de mim.

- Três meses – eu respondi, pela primeira vez na vida, odiando ficar em turnê.

- Hmm... – ela falou e eu senti que ela queria perguntar algo a mais – Você vai conhecer muitas garotas, certo? – perguntou, olhando para a ponta do seu cabelo, fingindo que aquela era uma pergunta qualquer. Meu coração foi a mil. Será que ela também sentia algo por mim?

- Sim, mas... – quando eu ia responder a porra da campanhia chegou, anunciando o entregador de pizza. Puta que pariu, tanta hora para ele aparecer! Sorri tristemente para ela, que retribuiu e levantou, indo em direção a cozinha pegar pratos e talheres para nós dois, enquanto eu ia pegar a pizza e pagar o carinha.


Quando eu voltei, ela já estava sentada na mesa, arrumando tudo. O blusão dava duas dela, mas ficava tão lindo, tão pura, tão... minha. Sorri para a imagem que estava em minha frente, e ela quando me viu, sorriu de volta.


- O que foi? – perguntou rindo.

- Nada, nada – respondi rindo também – Você sabe que esse blusão é o dobro do seu tamanho, certo? – perguntei, ainda rindo.

- E dai? Vai dizer que eu não fico sexy nele? – ela perguntou, colocando as duas mãos na cintura e fazendo pose, gargalhando em seguida.

- Você fica sexy de qualquer jeito – eu falei sem pensar, ficando vermelho na mesma hora. parou de rir, mas continuou sorrindo para mim, o rosto tão vermelho quanto o meu.

- Bom saber disso – ela respondeu carinhosamente e nós dois sorrimos um para o outro. Eu conheço aquele sorriso dela. Quando ela sorrir sem mostrar os dentes e fica vermelha, é porque algo que ela queria muito aconteceu. Será que...? Respirei fundo, ainda sem quebrar o contato visual e fui andando em direção a ela. Andando meio afobado, é verdade. E foi então, quando eu já estava chegando perto da garota que eu amo, que eu caí. Eu já disse que sou desastrado? Então, eu sou desastrado. Minha sorte foi que a caixa da pizza estava fechada, caso contrário, teríamos pizza espalhada pelo chão da sala.

- , você tá bem? – me perguntou e quando eu olhei para ela, percebi que ela estava prendendo o riso. Bufei e levantei, pegando a caixa de pizza do chão.

- Pode rir, eu deixo – falei, vencido e na mesma hora ela começou a gargalhar. A gargalhada dela é alta e exagerada, sempre chama atenção, e é extremamente engraçada. Tá aí uma das coisas que eu mais amo nela: a gargalhada. Ela não tem vergonha nenhuma de rir, não se importa se vão reclamar. Ela simplesmente rir. Não aguentei e comecei a rir junto, me rendendo a gargalhada fatal da garota a minha frente.

- Bobona – falei, revirando os olhos, enquanto sentava, sendo seguido por ela – Você é muito idiota, . – provoquei, e ela me mandou o dedo do meio.

- E você me ama mesmo assim – ela falou, e mesmo sem saber, disse a maior verdade de todos os tempos.

- Não posso negar isso – respondi, me servindo de uma fatia de pizza. Vi pelo canto do olho que congelou e depois sorriu, ficando vermelha logo em seguida.

Comemos a pizza, pirraçando um ao outro, e nos sujando completamente. Depois de muita bagunça, risada e alfinetadas, finalmente terminamos e fomos lavar a louça suja. Dez minutos depois estávamos deitados no carpete novamente. Ela estava deitada em meu peito, com as pernas entrelaçadas na minha, e eu fazia carinho em seus cabelos.

- Por que você me perguntou se eu ia conhecer muitas garotas em Nova York? – perguntei, sem conseguir refrear minha língua e a ouvi suspirar.

- Por nada, só curiosidade – ela respondeu, mas pelo tom de sua voz percebi que não era verdade. Ergui meu tronco, colocando ela deitada em cima de meu braço e a encarei sério. suspirou rendida e respondeu – Olha, só que... Sei lá, vai que você conhece alguma garota legal, gosta dela, namora com ela e ... – ela parou, mordendo o lábio de maneira nervosa, enquanto tomava impulso para continuar – Vai que ela te tira de mim... – sussurrou baixinho, mas eu ouvi. Sorri.

- Ela não vai me tirar de você – eu falei e ela deu um sorrisinho descrente – Eu tô falando sério.

- Porque sou sua melhor amiga, porque você me ama, porque você nunca vai encontrar alguma amiga tão legal como eu... Eu já sei disso, – ela respondeu e eu senti uma pontada de tristeza em sua voz. Então eu tinha razão.

- Não só por isso – eu respondi e ela me encarou – Você realmente é minha melhor amiga e eu nunca vou encontrar alguma amiga tão legal quanto você – eu falei e ela sorriu tristemente de novo – Mas também porque nenhuma dessas garotas vai ter o seu sorriso, nenhuma delas vai comer pizza comigo sem se importar com quantas calorias vai ingerir, nenhuma delas vai rir das minhas besteiras, jogar videogame comigo ou ficar sexy usando moletons rasgados ou blusões duas vezes maiores... Nenhuma delas vai ser você. – eu respondi, falando tudo o que estava entalado em minha garganta – E eu jamais vou amar alguma delas da forma como eu te amo – finalizei, e meu batimento cardíaco aumento de forma descontrolada. Senti nossas respirações acelerarem, nossos rostos se aproximando e quando nossos lábios se juntaram, senti ela sorrindo.


Nossas línguas dançavam, o hálito quente dela se misturando ao meu, suas mãos percorrendo minhas costas, enquanto as minhas faziam carinho em seus cabelos. Paramos de nos beijar e ficamos nos encarando, os dois com sorrisos idiotas no rosto. Eu tinha beijado a garota que amava. Eu tinha beijado a minha . PORRA, EU TINHA BEIJADO A MINHA !


- Eu... como... – ela tentou perguntar, sorrindo e me olhando – Para mim eu só era a sua melhor amiga, não acredito que isso finalmente aconteceu... – ela falou, para minha total surpresa.

- Somos dois então – respondi sorrindo, voltando a deitar, enquanto sentia ela se acomodando em meus braços – Por isso que nunca tentei nada, eu sempre achei que para você eu era somente um amigo.

- Eu te amo desde os meus 15 anos, – ela respondeu rindo e eu me senti um imbecil por nunca ter percebido isso.

- Eu nunca... Eu nunca soube de nada! – falei debilmente, a abraçando forte – Por que não me contou?

- Você nunca demonstrou nada a mais por mim, então preferi viver como sua melhor amiga, a ter que viver longe de você... – minha menina respondeu, ficando sem graça. Me virei para ela novamente e olhei dentro daqueles olhos que eu tanto amo, que tanto me refletem.

- Então fomos dois idiotas – eu disse sorrindo – Porque eu sou completamente louco por você e por cada detalhe seu – falei, dando um beijo naquela boca perfeita, que parecia ter sido desenhada para mim.

- Por que isso não aconteceu antes? – ela perguntou quando nos separamos. Viramos um de frente para o outro e colamos nossas testas.

- Tudo acontece na hora certa – eu disse, me sentindo o poeta e ela riu da minha resposta clichê – Você vai me esperar voltar? – perguntei, olhando sério para ela.

- Te esperei todos esses anos. Porque não esperar mais 3 meses? – ela respondeu sorrindo e eu a abracei forte – Promete não me trocar por nenhuma americana gostosona? – ela pediu, me olhando insegura.

- Nenhuma americana gostosona, nenhuma britânica, nenhuma irlandesa, eu prometo não te trocar por mulher nenhuma no mundo. Nenhuma delas é a que eu amo; nenhuma delas é você – eu respondi e ela me beijou.


Eu ainda iria ficar 3 meses longe da garota que eu amo, mas como ela disse, o que são três meses pra quem já esperou tanto tempo? Já passamos por tanta coisa juntos, sempre nós dois. Minhas fãs a amam, e sempre acharam que de fato tínhamos algo, ou seja, não vou precisar me preocupar tanto com a reação delas. Nossos pais sempre rezaram por nós dois, desde pequenos falavam que ainda iriamos ficar juntos. Eu sei que ainda tínhamos um longo caminho pela frente e que nosso futuro poderia ser injusto conosco. Porém, naquele momento, eu tinha em meus braços a garota que eu amava, que por sua vez também sentia o mesmo por mim. Pensaria no amanhã assim que eu terminasse de beijar a minha princesa. A minha . Minha.



NOTA DA BETA: Encontrou erros que provavelmente passaram despercebidos pela desastrada aqui?
     
P.S: A opção "descontar na autora através dos comentários" foi desativada pela eminente injustiça que representa.


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