- Se eu fosse você, eu abriria essa janela e respirava um pouco.
A voz de soava tão longe que eu jurava que não estava escutado nada. A única coisa que eu tinha certeza no momento era que a dor de cabeça que me assolava estava cada vez mais forte e contínua.
- Você está ouvindo o que eu estou dizendo?
- Hum... – era apenas o que eu conseguia responder.
- , dá pra você parar de frescura e nos contar o que aconteceu?
- Hum...
- ! SAI DESSA CAMA E CONTA O PORQUÊ DESSA FOSSA!
Antes que eu pudesse reclamar com o idiota que gritou no meu ouvido, uma claridade insuportável tomou o meu quarto e o que era uma dor se transformou num estorvo.
- DÁ PRA VOCÊS FECHAREM ISSO? EU QUERO FICAR QUIETO!
Ouvi os caras bufarem, mas ninguém se mexeu pra fechar a janela. Apenas ficaram parados me olhando enquanto eu contorcia minha expressão numa de quase tortura. Abri os olhos sem querer e vi os três sentados no pequeno sofá de frente pra mim me encarando com expressões que eram preocupadas, mas beiravam o nervosismo.
- Só pra você saber... – começou me olhando com os olhos semicerrados em reprovação. – Não estamos aqui para te aborrecer e encher o teu saco. Apenas queremos saber por que a Melissa saiu que nem uma maluca quando nós entramos e porque diabos você está nessa maldita escuridão com essa cara de quem comeu e não gostou. Qual foi a briga dessa vez?
E por mais que não eu quisesse, toda a lembrança daquela tarde no consultório de Psicologia me veio à cabeça como uma maldição. Eu havia sido descoberto. Eu havia sido desmascarado e havia perdido, para sempre, a mulher da minha vida. A mulher que estava grávida de um filho meu. Do filho que eu sempre sonhei.
- ... – senti meus olhos se encherem de lágrimas e a dor excruciante da perda começou a me importunar. – ... Eu a perdi...
Não consegui ver a expressão dos caras pelas lágrimas que me cegavam, mas pelo tempo em que eles permaneceram em silêncio, eu percebi que o estado deles só passava do choque para o “não acredito”.
- Como assim você a perdeu? O que aconteceu, ? – a voz de estava ansiosa e aflita. – Melissa...
- ELA DESCOBRIU TUDO! AQUELA VADIA DESGRAÇADA ACABOU COM A MINHA VIDA! – despejei sem ao menos me importar. Estava tudo entalado dentro de mim e eu precisava desabafar. – ELA DESCOBRIU )!
- Por isso que ela saiu como uma louca daqui...
E isso me levava a lembrar a cena que encontrei quando cheguei em casa...

Flashback on
Eu já havia cansado de chorar e lamentar. Parecia que todas as lágrimas dos meus olhos tinham acabado. A única coisa que eu pensava era em e no bebê que ela carregava. Eu queria tanto deitar na minha cama e ficar sozinho, enquanto pensava numa forma de reconquistar a minha médica. Mas eu sabia que não ia ser fácil.
Cada quilômetro que o carro andava para longe do consultório onde eu tinha tantas lembranças, um pedaço do meu coração ia ficando para trás. Eu sentia como se tudo à minha volta fosse desabar, como se eu nunca mais fosse encontrar a felicidade novamente.
Pior foi parar na frente de casa e ouvir movimentações afobadas no interior dela. Eu não duvidava que fosse Melissa tendo o ataque de histeria de sempre, principalmente depois do que descobriu. E também não me perguntava como foi que ela chegou antes de mim em casa, porque eu havia demorado mais do que o esperado na rua, chorando e me lamentando por . Tudo o que eu queria era que ela saísse logo sem eu ao menos olhar para a cara dela. Decidi esperar sentado no carro enquanto ouvia o estardalhaço que ela fazia.
Passaram-se, exatamente, vinte e cinco minutos de espera e nada dela sair da casa. Eu não podia ficar a minha vida inteira sentado num banco de um carro esperando Melissa se desenrolar e sair de uma vez. Eu não tinha nada a temer e pela primeira vez em todo aquele tempo em que vivi duas vidas, decidi encarar tudo de frente. Eu era homem, não era? Claro que sim. E quem Melissa pensava que era para me criticar pelo que eu sinto ou pelo que eu fiz?
E com esse mantra, desci do carro batendo a porta com certa força e subi os degraus da garagem até chegar à sala. O barulho estava menor, mas quando havia algum som, pela sala era bem mais nítido. Rolei os olhos já sentindo canseira de imaginar o que me aguardava no quarto e subi as escadas com uma coragem que eu não tinha pela manhã.
Chegando mais perto do meu quarto, eu podia ouvir Melissa balbuciar alguns palavrões e no meio de alguns meu nome estava presente, sendo seguidos de mais uma dúzia de palavrões. Eu não podia discutir com ela sobre isso. Eu fui um cafajeste mesmo. Pensei mais em mim do que no casamento e relacionamento de seis anos com ela. Eu deveria ter terminado tudo assim que percebi que era a mulher da minha vida. Mas o que eu podia fazer? Eu sabia que se eu chegasse em Melissa e dissesse
“Hey, querida, vou te deixar porque encontrei mulher melhor, bye”, ela ia encher a minha cara de porrada. Ia ser quase a mesma coisa. Mas eu pensei em deixar de molho até quando eu decidisse que fosse melhor. Não estava na minha pauta engravidar e eu ter que escolher na marra (o que eu já havia escolhido há tempos, só bastava ter coragem para realizar). No final, tudo deu na mesma e eu percebi que eu poderia ter adiado isso há muito tempo. Agora vou ter que enfrentar porrada na cara de uma mulher furiosa por ter sido traída. Isso é duas vezes pior do que eu imaginava.
Suspirei e caminhei até a porta do quarto e abri de leve para espiar o que aquela maluca estava fazendo. E qual foi a minha surpresa ao encontrar não só as roupas dela sendo arremessadas numa mala, mas as minhas sendo arremessadas num monte de baldes de lixo.
- O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? – gritei num impulso e Melissa tomou um salto de susto, mas no momento em que me viu, sua expressão se tornou agressiva.
- VOCÊ! TAVA DEMORANDO, NÃO É? – seus olhos pingavam cólera, mas eu não estava nem um pouco intimidado. – Mas pelo menos chegou a tempo de me ver tacar fogo em tudo o que é seu.
- Do que você está falando? Você não vai fazer nada com as minhas coisas. A única coisa que você vai fazer é sair daqui para bem longe.
- Você está falando sério? Quem devia sair dessa joça era VOCÊ e não eu. Não fui eu quem te traí com médicos. Não fui eu que coloquei um par de chifres na tua cabeça tão descaradamente!
- Melissa, eu sei que eu estou errado e lamento muito por isso, mas... Eu não resisti! Eu não conseguia te tocar sem broxar, caralho!
- AGORA A CULPA É MINHA? ME TOCA E BROXA? O problema está com você , não me envolva nessa historinha de que eu sou a culpada por você br...
- EU NÃO TINHA MAIS TESÃO EM VOCÊ, SUA ESTÚPIDA! – se isso foi a gota d’água pra ela? Ah foi. – EU NÃO TE AMAVA MAIS! EU NÃO TE AMO HÁ MUITO TEMPO! TODA VEZ QUE EU COGITAVA TRANSAR COM VOCÊ EU SENTIA VONTADE DE SAIR CORRENDO, DÁ PRA ENTENDER?
A única coisa que se escutava naquele quarto era minha respiração pesada. Melissa havia ficado estática e em compensação, sem ter o que dizer... Pelo menos por trinta segundos.
- Você não tem o direito de me insultar. – ela disse com a voz baixa enquanto lágrimas gordas desciam por seu rosto vermelho. – Eu fiz tudo por você. Eu deixei muita coisa pra trás por você. Eu desisti de namorar um dos pretendentes mais ricos por você. E de tudo isso, o que você me dá em troca? Insultos e traição. Acha que isso é justo?
- Eu sei que não. Eu te peço desculpas. Você não sabe o quanto eu lutei pra permanecer esse casamento, mas... Quando eu vi , eu...
- NÃO FALA O NOME DELA!
- Melissa, para de besteira. Você tem que entender que a realidade é essa agora. Falar ou não o nome de não vai diminuir nada do que estamos passando. O casamento acabou, isso é fato, e não tem como fugir.
- Quem vê você falando assim deve pensar até que eu que sou a errada. – ela disse baixo depois de alguns segundos em silêncio.
- Melissa, veja bem...
- ! Eu apenas queria que você me escutasse somente dessa vez.
Esperei até que ela falasse. Melissa mordeu o lábio inferior e mais lágrimas desceram por seus olhos. Não me chame de insensível, mas tudo que eu queria era resolver essa situação com Melissa e que ela fosse embora. Eu não podia ficar mais um segundo ali sendo que poderia estar em algum lugar ali perto. Não podia.
Não sei qual foi a expressão que eu passei para Melissa, mas sei que ela não ficou nada feliz.
- Estou vendo que não quer mesmo saber. – ela falou com raiva e continuou a colocar as roupas na mala, fechando-a em seguida. – Depois venho pegar o que sobrou. Espero que você seja muito feliz com a médica e com o seu filho. – deu um sorriso sínico e fechou a porta. – Ah, mas é claro – disse abrindo uma fresta e me olhando maldoso. – Se ela te querer de volta.
De tudo o que Melissa poderia me falar, aquilo foi o que doeu mais. E não deu outra. Com a raiva e a dor de ter perdido , fechei todas as janelas do quarto e me afundei na cama. Minha cabeça pesava e o que eu mais queria era que tudo não passasse de um sonho. O pior dos sonhos, mas mesmo assim... Um sonho.”
Flashback off


- Nossa! – o queixo de , sem exageros, estava no peito. Os outros me olhavam abobados depois de tudo que eu havia contado. – , eu... Nem sei o que dizer.
- Não diga nada. – falei desanimado. – Eu que procurei tudo isso.
- Estou me sentindo culpado agora. – disse triste. – Na verdade, eu que te apoiei em “colocar chifres na Melissa”.
- Como é que é? – e falaram juntos. – Como assim você apoiou? Você realmente apoiou?
- Claro! Ninguém aqui gostava da Melissa e vocês me entendem... Ela precisava de um bom chifre...
- É, precisava, mas só que vocês deviam ter pensado que não tinha só ela em jogo. – disse como se fosse óbvio. E pensando bem, era óbvio. – Decidiram dar um troco em uma, mas afetou outra que não tinha nada a ver com o assunto. Percebem a burrada?
Acho que não dava pra me sentir mais idiota do que eu estava me sentindo naquele momento.
- Ah meu Deus! – coloquei as mãos sobre o rosto para tampar as lágrimas que desciam. Eles não precisavam me ver chorando, não precisavam mesmo.
- , cara... Desculpa, eu... Apenas queria ajudar. – estava desconcertado, mas agora já era tarde demais.
- Eu sei que você só queria me ajudar, cara. Tá tudo bem.
- Eu não sabia o que fazer, tudo o que eu queria era realmente te ajudar. Você chegou em mim pedindo ajuda porque não conseguia mais transar com a Melissa, então eu ajudei, te dei o nome do meu psicólogo, mas eu não sabia que quem estava lá era a médica gostosona e...
- CALMA AÍ! – gritou . – Você estava com dificuldades de transar, é?
Olhei com o pior olhar que eu poderia dar e resolvi jogar tudo pro alto. Eu já estava na merda, não é? Eles rirem de mim não ia doer. Ou eu pensava que não.
- Eu procurei pra pedir ajuda. Eu sabia que vocês iam rir de mim se soubessem o que estava acontecendo. Eu simplesmente não sentia mais vontade de ter nada com Melissa. Nada. Quando eu a tocava, eu broxava na hora. Eu estava desesperado. Vocês me conhecem e sabem como eu sou. E então eu marquei consulta com o psicólogo e...
- Por que não um urologista? – perguntou . Encarei-o para ver qual o semblante do rosto dele e me surpreendi. Ele estava sério. Passei meus olhos por e ele também estava sério, enquanto estava nervoso e sem ter o que fazer.
- Porque eu queria tentar estabilizar o casamento. Eu não sei se vocês sabem, mas casamento precisa pensar muito antes de terminar... E eu acabei pensando demais e perdendo a mulher da minha vida.
- Conta o resto. – falou e eu assenti.
- A consulta era com o Dr. Robert Crowley, mas quando eu cheguei lá, ele tinha se aposentado, então fui informado de que uma doutora chamada estaria no lugar dele. Eu fiquei com um pé atrás, porque falar de sexo não resolvido com uma mulher era meio... Esquisito. Mas eu entrei mesmo assim. E o resto vocês já sabem, porque presenciaram isso naquela festa... Eu fiquei louco da vida quando a vi, ainda mais que eu estava em abstinência.
- E então você de repente... – sugeriu .
- De repente eu fiquei vivo de novo! – falei com um sorriso, lembrando-me daquela tarde perfeita e prazerosa. – Eu... Eu queria vê-la de novo, eu a queria todos os dias. Então a chamei para sair sem que ela soubesse que eu era casado.
- E a aliança?
- Eu escondia.
- E o que você falou pra ela te ajudar com o problema de sexo?
- Isso não vem mais ao caso, . – disse . – O que importa agora são duas coisas. Primeiro: por que você não nos contou antes?
- Porque eu não queria ser motivo de riso de todo mundo! – falei alto e balançou a cabeça.
- Deixa de ser idiota. Até parece que você não conhece a gente. Esqueceu que eu, Aguiar, também já tive problema com isso? não se atreveria a rir disso porque na primeira vez dele, ele também broxou.
- HEY! DÁ PRA PARAR? – disse exasperado. Soltei um riso baixo enquanto se acabava de rir.
- E olha pra quem você foi contar! Justamente para o ! Justamente o cara que enche o saco quando se trata de sexo. Aposto que ele riu de você.
- Riu. – falei nervoso e balançou a cabeça.
- A gente te perdoa, . Desde que você nunca nos deixe de contar nada, porque senão você vai ver. – disse , batendo em minhas costas. Sorri.
- Desculpa mesmo. Eu deveria ter contado tudo desde o início, mas eu não tive coragem...
- Relaxa cara. – disse . – Agora, avançamos para a segunda parte: O que podemos fazer pra te ajudar a reconquistar a doutora ?
Arregalei os olhos e olhei estático para os caras. Ambos me olhavam com o melhor sorriso e isso fez meu coração esquentar de repente.
- O q-que?
- O que o quê? – disse . – Sério que você estava pensando que iríamos deixar você sem a tua garota? Mas é claro que não.
- Vamos te ajudar, cara. Por isso que a gente quer que você se levante daí. – disse .
- Eu cometi o erro junto com você, . Eu devia ter pensado melhor antes de te mandar trair a Melissa e usar a . – disse , envergonhado e claramente arrependido. – Por isso eu quero te ajudar desde agora a encontrar a sua garota. Você merece ser feliz ao lado dela.
- Tem outra coisa que eu não contei à vocês.
- O que? – perguntaram todos. – Nem pro ? – perguntou . Neguei.
- Então, conta logo. – disse
E então veio na minha mente tudo o que havia me dito antes de Melissa chegar no consultório. A declaração de que nos amávamos, o medo que eu senti ao vê-la chorar desesperada e...
- está grávida.
Os caras deixaram a expressão curiosa para adquirirem uma assustada.
- De um filho meu.
Os três me olharam como se eu tivesse dado a notícia que o mundo iria acabar em três segundos. foi o primeiro a falar, só que depois de muito tempo de assombro.
- O que foi que você disse?
- Ok, acho que vocês não entenderam muito bem. Vou repetir. . Está. Esperando. Um. Filho. Meu. Entenderam? Entenderam porque tudo agora está mais complicado? Porque eu não só preciso, mas TENHO que encontrá-la?
caiu sentado em minha cama e olhava fixo um ponto qualquer do quarto. andava pra lá e pra cá no quarto, obviamente contrariado. Já não tirava os olhos de mim nem por um decreto.
- UM FILHO? – gritou do nada. Assenti e ele assobiou baixo. – Você está de brincadeira. Mas... Mas vocês não usavam camisinha, nada para prevenir?
- Camisinha quase nunca, mas ela tomava anticoncepcional. Porém, umas semanas atrás, pegou uma maldita virose e isso anula o efeito do anticoncepcional. A gente não calculou que ela poderia engravidar.
- , você vai ser pai, cara. Tudo o que você sempre quis. – disse parando em minha frente, me fitando com os olhos cintilantes. – Vai ser pai de um filho que a mulher que você ama está esperando. Não é um máximo?
Antes que eu dissesse alguma coisa, falou com a voz amena.
- Você sabe que isso muda tudo, não sabe? – seus olhos claros me observaram e eu assenti baixando a cabeça. – , uma coisa é ela ter te deixado. Outra coisa é ela ter te deixado grávida de um filho teu. Percebe a diferença?
- Eu percebo, mas...
- Não tem “mas” . Desde que eu, nós todos, conhecemos naquela festa, a gente soube que ela gostava pra valer de você. O que você acha que ela deve estar sentindo agora? Ela está grávida. Filho muda tudo. – eu encarei com o olhar confuso.
- Sim, mas e daí? Ela foi embora! Não tem como mudar isso.
- , deixa de ser nóia. Ela está com uma parte de você dentro dela. Isso é inegável.
- Ela tem certeza que está grávida? – perguntou .
- Tem. Ela fez os cálculos e o teste de farmácia.
- Ela te ama, . – disse . – Ainda tem alguma dúvida que ela te ame? Principalmente grávida... Se esquecer de você ela não vai nunca mais. E presta atenção numa coisa... Você tem que sair dessa fossa e ir procurá-la antes que outro faça isso. Ela grávida ou não continua linda. Você tem que correr atrás dela e do seu filho. Não são somente eles que estão em jogo, mas a sua felicidade.
- Eu... Vocês me ajudam? Eu não acho que consigo sem...
- Estamos com você, cara. Queremos que a nossa cunhada e nosso sobrinho voltem logo. Vamos trabalhar o máximo para isso. – me abraçou e eu senti lágrimas descer pelos meus olhos. Amigos de verdade, hoje em dia, é difícil de encontrar, mas ainda bem que tenho três do meu lado. – E parabéns, viu? Seu filho com certeza vai nascer a cara da , porque se nascer com a sua ele está lascado.
Sorrimos alto e então todos eles caíram em cima de mim murmurando “parabéns papai” o tempo inteiro. Eu tinha perdido muita coisa hoje, mas também ganhei; o apoio e o amor dos meus melhores amigos. E isso não tem preço.

***


No dia seguinte ao dia fatídico, decidimos que iríamos ao prédio de procurar por ela. Decidimos que quanto mais cedo melhor, e eu concordava. Poderíamos encurralar e eu poderia conversar com ela tudo o que eu queria que ela soubesse. Os caras chegaram em casa e logo fomos para o prédio da minha garota.
- Tá brincando? Ela mora aqui? – disse boquiaberto, olhando o prédio luxuoso se estender como um arranha-céu.
- Mora. Também fiquei bobo quando vim aqui.
- Cara, os apartamentos devem ser muito caros. Essa garota com certeza tem dinheiro. – disse .
- Acho até que mais do que nós quatro juntos – disse , rindo alto.
- Aquele cara ali, é o porteiro? – apontou o homem andando para lá e para cá na portaria do prédio.
- É. – amarrei a cara ao me lembrar do sujeito. – Esse aí é o idiota que, com certeza, sente uma queda enorme pela . Só faltou arrancar minha cara quando vim aqui buscar ela pra sair.
- Quer que eu vá perguntar se ela se encontra? Talvez ele não responda se você for lá. – disse e eu assenti. – Me espere aqui.
Ele saiu do lado do motorista batendo a porta de leve. Meu coração batia cada vez mais forte ao ver se aproximar da entrada do prédio. Suspirei baixo e olhei o enorme prédio lembrando-me da noite depois da festa. Foi uma noite e tanto. Mesmo com o tal pra irritar. Na verdade ele era até um cara legal.
- Será que o mané ali vai responder pro onde ela está? – perguntou e eu cruzei os dedos.
- Eu espero que responda. Vai ser de grande ajuda.
Passou-se uns cinco minutos e logo veio, as mãos bagunçando o cabelo rapidamente. Sinal que ele dava quando estava nervoso. Então, ele entrou no carro e sentou no banco, pousando as mãos sobre as pernas.
- E então? – perguntei nervoso. Minha perna balançava insistentemente.
- Aquele ali não vai mesmo com a sua cara, hein? – gritei para que ele falasse de uma vez e então, suspirando, ele desatou a falar. – Ela viajou.
- VIAJOU? – perguntamos os três. – PRA ONDE? – perguntei exasperado.
- Ele não sabe.
- ME CONTA ISSO DIREITO!
hesitou, mas contou tudo o que havia ocorrido.
- Eu cheguei lá e perguntei se ele podia me informar se estava em casa. Então ele perguntou: “Quem é você? Se você for amigo do tal mura), é melhor ir embora”. Claro que eu não falei nada, apenas disse que eu não conhecia nenhum mura). – baixei os olhos sentindo meu coração pesar dentro de mim. – Ele perguntou o que eu era dela e eu disse que era um amigo do hospital, disse que ela não foi trabalhar e que fiquei preocupado. Então ele me disse: “Sinto muito, mas a Srta. viajou e não tem data para voltar.” Perguntei se ele sabia para onde ela foi e ele disse que: “infelizmente, eu não sei”. Agradeci e saí. Foi isso.
- Você devia ter perguntado o que foi que ele quis dizer com “se você for amigo do tal mura) é melhor ir embora”. – disse fechando a cara.
- Sim, , mas se eu perguntasse o cara poderia desconfiar. Não queria dar essa bandeira, entendeu?
- Mas...
- Não tem nada mais a fazer, . – falei triste e ambos me fitaram. – Obrigada pela ajuda, cara. Mas ainda temos o hospital. É a última chance de nós conseguirmos alguma informação sobre ela.
assentiu e então seguimos para o St. Tomlin Hospital. O caminho foi ficando cada vez mais longo à medida que eu ficava mais ansioso por informações sobre o paradeiro de . Poderia ser mentira. Ela poderia estar em casa e ter dito para o porteiro dizer que ela não estava, para quem quer que fosse procurá-la. Queria contar o que havia pensado para os caras, mas antes que eu falasse, estávamos parados em frente ao hospital.
- Como é que é, ? Aqui eles estacionam ou a gente estaciona?
- Pode descer até o estacionamento. Eles têm manobrista.
assentiu e desceu com o carro até o andar de baixo que era o estacionamento. Antes do manobrista chegar, ele se virou para e .
- Quem de vocês dois vão comigo?
- Hey, por que o não pode ir também? – perguntou .
- Porque causou a maior confusão aqui ontem, esqueceu? Temos que ir sem ninguém imaginar quem somos.
- Eu vou. – disse por cima de . – Eu tinha consultas com o Dr. Crowley antes, então eu tenho mais crédito em consultas com ela, não é? Afinal, todos os pacientes do Dr. Crowley passaram para a .
- É. Então vamos. Vocês dois fiquem aqui dentro e não saiam. Acredito que não iremos demorar.
Logo que eles saíram e entregou as chaves do carro para o manobrista, eu senti meu coração despencar. Seria agora que eu iria saber onde estava , se ela realmente viajou ou não. Eu não poderia perdê-la. Não.
- Vocês vão ficar aqui dentro? – perguntou uma voz desconhecida.
- Oi?
- Ahn... Vamos sim, obrigada. – disse e então o manobrista saiu do carro deixando a chave na ignição. – Tá tudo bem cara?
- Tudo bem.
- Olha, eu sei que você está enfrentando uma barra pesada, mas... Ela vai aparecer, cara. Eu tenho certeza disso. Ainda mais que ela está grávida.
- Queria muito ser otimista como você.
- Mas você precisa ser, . Como você quer que as coisas deem certo se você fica aí com espírito negativo? Para com isso. Ela ficou chateada, mas é óbvio que logo ela vai voltar. A vida dela está aqui e não onde quer que ela esteja. A casa dela está aqui, o trabalho...
- Eu acho que pode ter sido mentira.
- O que?
- Sobre ela ter ido viajar. – falei e me olhou confuso. – Ela pode ter pedido para o porteiro do prédio mentir. Todo mundo faz isso.
- É, pode ser. – disse pensativo. – Quem sabe seja isso mesmo. Eu tenho um plano. – fiz um barulho para que ele me contasse. – Podemos descobrir um lugar secreto e entrar lá pra conferir. Podemos chamar o também, ele faria isso de olhos fechados... Menos o porque além do porteiro ter visto ele, até parece que ele ia nos ajudar com isso.
Às vezes eu achava que ainda era uma criança que cresceu demais, mas eu não ousaria falar isso para ele. Principalmente quando ele estava me ajudando tanto.
- Não sei, . É muito arriscado. E se for desse jeito nem eu posso ir, porque o porteiro me conhece.
- Mas então eu e podemos fazer. Ia ser até irado. Imagina, descobrir uma passagem secreta num prédio de gente rica? É claro que é somente pra procurar a . Nada de entrar na casa dos outros.
Rolei os olhos e sorri. era uma figura. Olhei para a entrada do estacionamento e nada de e . Parece que leu a minha mente.
- Caramba, cadê aqueles dois? Deu tempo até de fazer um plano mirabolante e eles ainda não voltaram?
- Eles estão demorando demais. O que será que aconteceu?
- Ah, eles estão procurando informações de uma pessoa, acho que isso pode demorar, mas não tanto assim. Eu sinceramente acho que os dois podem estar num banheiro fazendo coisas que eu não teria coragem de fazer com homens, sempre achei que os dois são uns boio...
A porta do carro foi aberta e sentou do meu lado e sentou do lado de , que prendeu o riso na hora.
- Ela realmente viajou, .
- Como você sabe? Porque aquele segurança pode ter mentido sabe, falou uma coisa pra mim que pode ser verdade. – disse .
- , eles não iriam passar informações erradas para os pacientes, iriam? – disse e ficou quieto. Olhei para com a expressão confusa. – Eu disse que eu era paciente do Dr. Crowley e que queria agendar uma consulta. Aí me disseram que quem estava no lugar dele era a Dra. , mas que ela não podia atender ninguém no momento.
- E por que não? – perguntei nervoso.
- Porque ela tinha viajado por motivos de força maior. A mulher da recepção ainda falou que ela poderia ficar afastada por um bom tempo.
- Essa recepcionista é uma loira? Uma loira horrorosa? – perguntei e os dois assentiram. – Então ela está mentindo. Ela odeia , ela sente inveja, ela não suporta e...
- , eles sabem que ela está grávida. – disse e eu me calei na hora, espantado. – A recepcionista disse que ela viajou e que ela ficaria afastada por conta da gravidez.
- Aí eu perguntei: “Ela está grávida?” – disse . – Aí ela disse que estava e que provavelmente juntariam férias com a licença maternidade.
- Mas são nove meses, . É muito tempo para férias. – disse .
- Foi o que nós dissemos, mas ela disse que ficou o período de férias dela trabalhando no inverno passado. Então, o diretor do hospital resolveu dar a esse “presente”. Depois a tal recepcionista ficou desconfiada e viemos embora. – finalizou .
- Eu lamento muito, . – falou enquanto eu sentia meus olhos arderem. – Mas ainda temos uma saída.
- Qual saída? Qual? A gente já fez de tudo. Ela foi embora. Ela sumiu e...
- Tenho o telefone da Claire. – disse com o olhar esperançoso.
- Claire? Claire... – falei tentando lembrar. – AH! Aquela amiga da ??
- Isso mesmo! Peguei o telefone dela naquele dia da festa. Vocês não pegaram o telefone das outras garotas? – perguntou para e .
- Annie é meio difícil. Não consegui nada mais que um beijo dela. Na verdade, tive que rastejar pra conseguir um. – disse triste. – Ela não me passou telefone. Disse que era muito cedo para revelar os contatos dela.
- Stacy não me passou número algum. Na verdade, nem nos lembramos disso. – disse safado.
- Eu nem preciso dizer, né? – falei sem humor. – O celular de vive desligado, até mesmo com outro número.
- Então, vou ligar para Claire agora. Tomara que eu consiga alguma informação.
- Coloca no viva-voz. – disse
assentiu e logo discou os números. Apertou o botão do viva-voz e então todos encostamos para ouvir.
- Alô?
- Ahn, Claire?
- Sou eu, quem fala?
- Aqui é o , se lembra de mim?
- Ahhhh, oi , como vai?
- Bem e você, linda?
- Bem, o que me conta?
rolou os olhos.
- Nada de bom e você?
- Também.
- Cacete , será que você não vai sair dessa não? – sussurrou
- Cala a boca.
- O que você disse?
- N-nada Claire, desculpe, ahn... Eu queria saber se você tem notícias da .
- ? Olha, faz um tempo que não falo com ela. Ela quase não deu notícia desde quando ficou doente. Mas por quê?
- Porque não consegue entrar em contato com ela. Será que Annie e Stacy não sabem dela?
- Com certeza não, porque eu falei com as duas ontem e elas me perguntaram sobre a . Na verdade ligamos no celular dela e ninguém atendeu. Já tentaram ligar no celular dela?
- Já sim. Ligamos hoje pra falar a verdade – me olhou como se me questionasse se eu havia ligado e eu assenti. – Será que não tem outro telefone?
- Tem o fixo da casa dela e tem o do trabalho dela.
- Já tentamos no trabalho. Pode me passar o da casa dela?
- Claro, deixa eu pegar a agenda.
- Mas você não disse que ela não está em casa? – sussurrou
- Disse, mas tem que tentar de tudo. – falou tampando o telefone e logo Claire passou o número, que eu anotei no meu celular.
- Qualquer notícia dela me avisa, ok?
- Pode deixar, daqui a pouco te ligo. Beijo, linda.
- Até mais, .
desligou o celular e passou a discar o número da casa de . Por dentro eu torcia que ela atendesse, mas apenas chamava. Ninguém atendia. rediscou o número três vezes e nada dela atender.
- Acho que ela realmente viajou.
- Não é possível! Ela não podia ter feito isso! NÃO PODIA! – gritei e senti mãos tentando me acalmar.
- Espera, vou ligar de novo para Claire e reunir as meninas. Assim podemos contar toda a verdade para elas e de quebra encontrar .
- Eu... Eu não sei se é uma boa ideia... Elas vão acabar comigo!
- , temos que arriscar. Elas são as melhores amigas de e não sabem de nada.
- Isso é estranho. Elas geralmente contam tudo umas pras outras. – disse .
- Nem é questão disso, . – disse rolando os olhos. – A questão é que ela sumiu e ainda por cima grávida. Preciso ligar pras meninas e contar tudo. – ele se virou pra mim. – Tudo bem pra você?
Assenti e afundei no banco do passageiro enquanto discava o número de Claire
- ? Conseguiu falar com ela?
- Infelizmente não, Clair. Mas eu tenho uma proposta pra fazer pra você, Annie e Stacy.
- Qual?
- Topa encontrar com a gente no pub da rua 7? Precisamos conversar sobre umas coisas que estão acontecendo entre e . Podemos nos encontrar amanhã às 19h, o que acham?
- Por mim tudo bem. Espere eu ligar para as meninas e logo te retorno para confirmar, ok?
- Ok.
Claire desligou e depois de uns dez minutos de silêncio e apreensão o celular de tocou.
- Clair?
- Combinado. Às 19h estaremos lá.

***


- COMO É QUE É? VOCÊ ERA CASADO?
- NÃO, ESPERA! VOCÊ É CASADO!
- O QUE VOCÊ ESTAVA PENSANDO?
- QUERIA O QUE COM A ) SE ESTAVA CASADO?
Depois de contar toda a verdade para as garotas, esses eram os tipos de perguntas que caíam em cima de mim. Eu sabia que merecia tudo isso, ter fugido grávida, as amigas como um monte de pedras sendo atiradas e a pena dos meus melhores amigos. Sem falar na solidão. Eu merecia tudo isso, e não deveria reclamar.
- , DÁ PRA VOCÊ OLHAR PRA GENTE DIREITO?
Olhei para as três que bufavam de raiva e então Claire abriu os braços como se fosse morrer.
- E ainda por cima você A ENGRAVIDOU! ELA FUGIU GRÁVIDA! TEM NOÇÃO DISSO?
- CALMA! – berrou e por mais que o pub inteiro nos olhassem, olharam ainda mais depois do grito que ele deu. – Gritando assim a gente não vai à lugar algum. Vocês tem que entender o lado do também.
- Fale por você que é homem. – disse Annie virando a cara.
- Não tem nada a ver em ser homem, tem a ver que vocês tem que escutar antes de falarem qualquer coisa. – disse encarando Annie com os olhos semicerrados. Annie devolveu o olhar e então nós percebemos que a rixa era pessoal deles e não tinha nada a ver comigo.
- Eles estão certos. – disse Stacy por fim. – Temos que ouvir o que tem a dizer. Pode dizer, o que realmente aconteceu entre vocês?
Então eu contei tudo. Apenas hesitei na parte de contar sobre o problema sexual. Se o meu medo era motivo de risadas, não foi do jeito que eu imaginava. Apenas Annie riu alto, mas recebeu uma boa cotovelada de Stacy. Contei tudo, desde quando eu conheci , até o dia em que ela descobriu que eu era casado e até ela me contar que estava esperando um filho meu.
- Meu Deus! Eu... Eu nem sei o que dizer. – disse Stacy com as mãos na testa. – Mas, por que diabos você não contou que era casado? Por quê?
- Porque eu não tive coragem! – exclamei e senti lágrimas formarem em meus olhos. Eu não queria chorar, mas sentir a dor da perda de alguém que a gente ama é muito forte. Não tem como não chorar. – Porque quando eu a vi eu fiquei louco. Inicialmente foi só uma paixão, um tesão, nada além disso. Mas depois que saí com ela, que a conheci de verdade, eu me apaixonei. Eu vi que eu havia errado, eu vi que tudo o que eu havia construído até ali foi uma mentira, o que eu sentia por Melissa foi ilusão, a vida que eu levava não tinha sentido até ela aparecer. Ela trouxe cor pra minha vida. – nessa hora as lágrimas caíam mais fortes e até Annie me olhava com o olhar bem mais manso. – Eu demorei pra decidir o que fazer porque casamento é muito que entra em jogo. Casamento não é tão simples como parece. Mas quando me contou que estava esperando um filho meu, que eu disse pra ela que a amava e que ela me provou que era recíproco, eu juro, eu juro que eu ia em casa acabar com meu casamento com aquela maluca e ficar com e com meu filho. Era tudo o que eu queria e ia fazer. Mas Melissa entrou no consultório e despejou tudo de uma maneira que ficou louca da vida. Na verdade, ela ia ficar louca do mesmo jeito, mas Melissa a xingou, me xingou, fez o maior escândalo. – limpei as lágrimas dos olhos e tornei a falar. – E então ela me disse pra esquecer que o filho que ela estava esperando era meu, disse que não queria me ver e pra eu não me atrever a procurá-la. E então ela sumiu. E eu não sei onde ela está. Eu só sei que eu quero encontrá-la e desfazer todo o mal entendido. Eu quero criar o meu filho junto dela. Eu quero ficar com ela. Eu não sei mais viver sem ela. Não dá pra viver sem .
E então eu chorei, chorei e despejei tudo o que eu estava sentindo naqueles dois dias de angústia que pareciam mais dois meses. Eu sentia que ia morrer se não a encontrasse.
- Ahn... – Claire limpou algumas lágrimas que teimavam escorregar por seu rosto e me olhou. – Você errou e eu fico muito contente que você assuma esse erro. Vejo que você realmente se arrependeu.
- E é por isso que vamos te ajudar. – disse Stacy finalmente.
- Vamos? – perguntou Claire e Annie juntas.
- Claro que vamos. Tudo bem que ele errou, porém como você disse Claire, ele se arrependeu. Mas pensem na ... Ela o ama, ela está esperando um filho dele e é claro que tudo o que ela mais quer é ter o do lado dela quando o bebê nascer. Ela com certeza quer criar o filho dela com você, . – disse Stacy olhando para mim. – Nós três a conhecemos tem muito tempo. Desde a época do colegial. E garanto pra você: Nunca vi ela gostar tanto de alguém como ela gosta de você. As coisas que ela falava de você pra nós...
- O que ela falava? – perguntei ansioso e ela sorriu.
- Falava que você além de ser excelentérrimo na cama, era um homem carinhoso, perfeito, que ela gostava de estar perto... Disse que você e seus ciúmes eram super divertidos...
- Disse que você foi um acaso que a vida trouxe para ela. – disse Claire sorrindo. – Disse que nunca imaginava ter um paciente como você.
- Disse que você mudou a vida dela. – disse Annie com os olhos cravados em mim. – Eu não queria admitir, porque eu estou muito nervosa com você por tudo isso que você acabou de contar, mas ela te ama. Se ela engravidou, com certeza está te amando mais ainda.
- Porque o desejo dela é ter um filho com quem ela ama. Ela já nos disse isso. – disse Stacy. – Até parece que ela ia transar sabendo que anticoncepcional tem efeito cortado por remédios. Ela nunca te pediu pra colocar a camisinha?
- Pediu, mas não insistiu. – falei começando a entender. – Acho que estou entendendo tudo...
- Ela queria ter um filho com você, . Se ela não quisesse, ela teria feito você colocar a camisinha.
- Mas eu não entendo o porquê que ela disse que não imaginava que iria engravidar. Ela estava desesperada!
- Claro, . Ela não sabia a sua reação. Ela não imaginava como você poderia reagir ao descobrir que ela estava grávida. Muito homem reage mal à essa notícia sabia?
- Mas espera! – exclamou . – Como vocês sabem de tudo isso? Como vocês podem ter tanta certeza que ela se sente assim se vocês nem falaram com ela?
- Mais de dez anos de amizade se resulta à que? – perguntou Annie como se fosse óbvio. – Se a gente não conhecesse bem, não iríamos nem abrir a nossa boca pra falar alguma coisa.
- Se o que vocês estão dizendo for verdade, então temos que encontrá-la logo. – disse .
- O mais rápido que pudermos. – disse Stacy. – Mas... Onde podemos começar?
- Descobrimos por alguns meios que ela viajou. Não está em casa, teve férias prolongadas junto com a licença maternidade e não vai trabalhar até que a licença termine. – falei.
- Nossa, mas pra que ela quer todo esse tempo? – perguntou Claire.
- A recepcionista falou que ela trabalhou muito num período de férias e o diretor do hospital presenteou-a com esse tempo de férias. – disse .
- Muito estranho. Ela dizia que o diretor do hospital era muito carrancudo. Como ela conseguiu a proeza de arrancar dele nove meses de férias mais a licença maternidade? – perguntou Stacy.
- Vai que ele se sentiu sensibilizado porque ela está grávida. – sugeriu .
- Claro que não. – disse Annie irritada. – Até parece que ele ia dar essa moleza só porque ela está grávida. Senão ele teria que dar essa oferta à todas as grávidas que trabalham ali.
- Isso é verdade. – disse . – Será que ela foi despedida?
- Não. Eles não podem despedir uma mulher gestante. – disse Claire.
- Que diabos foi que essa garota fez? – perguntei nervoso e logo chamei o garçom com uma dose dupla de whisky.
- Não sabemos, mas temos que descobrir. – disse Stacy. – Ela ficou muito nervosa depois de descobrir tudo. Só espero que ela não tenha feito uma besteira.
- Quer saber de uma coisa? – disse . – A gente devia beber! Construir hipóteses só vai piorar a situação. Vamos ficar mais nervosos e com mais preocupação na cabeça. Acho bom nos reunirmos e começarmos a procurá-la na segunda feira.
- Por que só na segunda? Porque não amanhã e domingo? – perguntou Claire.
- Temos uma reunião amanhã na gravadora e domingo vamos preparar uns demos para uma rádio. – disse .
- Eu não estou com a mínima vontade de ir. – falei.
- Mas tem que ir, chapa. – falou . – É o seu futuro. Quando encontrarmos a e o seu filho, com que dinheiro você quer sustentar eles? Tem que trabalhar.
- está certo, . – disse Stacy segurando minha mão. – Você não pode deixar de trabalhar. Agora você é um futuro papai. Precisa pensar no seu filho. Nós vamos descobrir onde ela está. Começamos a busca na segunda.
Sorri para todos e então decidimos beber. Afinal, daquele dia em diante, teríamos mais trabalho do que nunca.

***


Haviam passado exatamente um dois meses e meio depois que começamos a procurar . Na verdade, tudo estava muito difícil, porque segundo as garotas, morava sozinha na cidade. Os pais dela moravam na Itália e ela não tinha nenhum parente perto o bastante de onde ela morava. O que conseguimos descobrir não foi muita coisa. Na verdade, foram dois meses e meio de hipóteses e desespero. Eu já estava ficando louco. Cada dia que passava, meu coração sangrava mais e mais. Eu não conseguia comer direito e nem dormir. Eu apenas olhava as fotos dela que eu havia tirado no dia em que nos encontramos num parque longe de onde morávamos. Era um parque extremamente bonito, mas não mais bonito que ela.

Flashback on
Eu havia acabado de chegar no Central Park perto do interior da cidade. Era bem longe de onde eu e morávamos, mas queríamos radicalizar um pouco, sair da cidade e andar por ruas desconhecidas como se fossemos um casal normal.
Fitei o relógio e logo meu celular tremeu no bolso da calça; peguei-o e sorri ao ver a mensagem.

“Meu Deus, ... Que lugar que você arranjou! Já estou chegando, aguarde mais dez minutos. Beijos, .”

Sorri alto e coloquei o celular no bolso. Decidi esperá-la sentado em um banco que ficava de frente para um lago onde algumas crianças jogavam alimento para os patos comerem. Respirei fundo sentindo o ar fresco bater em meu rosto e encher meus pulmões.
Não foi fácil sair de casa sem que Melissa desse um escândalo. Na verdade, ela foi bastante agressiva. Ela não estava acreditando muito bem que eu estava saindo com os caras. Andava mais do que desconfiada e eu temia por isso. Ameaçou ligar para eles e mandá-los ir para a...
- Você tem que escolher lugares um pouco menos difíceis para os nossos encontros. – meus olhos foram vendados por mãos macias e a voz doce e suave de invadiu meus ouvidos num sussurro.
- Desculpe se eu te fiz dirigir demais, mas... Garanto que vai valer a pena.
Ela sorriu e logo a senti sentar em meu colo. Minha visão estava um pouco embaçada por conta das mãos dela que fecharam minhas pálpebras, mas logo tive de me concentrar em fechar os olhos, pois os lábios dela colaram nos meus num selinho apertado.
- Oi. – ela falou no meu ouvido e eu me arrepiei. Segurei sua cintura com força e colei minha boca em seu ouvido, soltando lufadas de ar ao falar.
- Oi.
Ela sorriu alto e passou os braços ao redor do meu pescoço.
- Que saudade de você. Estava louca pra ficar com contigo a tarde inteira. – falou passando a ponta do nariz sobre o meu.
- Eu que o diga. Nem dormi direito só pensando em te encontrar. – roubei um selinho rápido dela, que empurrou meu pescoço para a frente e me tascou um beijo de verdade.
O gosto de estava misturado ao gosto de chocolate e eu a beijei com mais vontade. Sua língua movia-se rapidamente dentro de minha boca em movimentos perfeitamente circulares e ela puxava meu lábio inferior entre o beijo me fazendo soltar suspiros de prazer. O jeito que ela me beijava era único.
- Espero que você tenha guardado um pouco de chocolate pra mim. – falei entre os beijos que ela distribuía pelo meu rosto. Ela sorriu.
- Se você conseguir achar... Eu realmente não me lembro onde eu coloquei.
Olhei safado para ela e ela me devolveu o mesmo olhar, só que dez vezes mais safado.
- Tem crianças aqui sabia? E outra, essa praça é pública, qualquer um pode ver.
- Você tem que escolher melhor o próximo lugar que a gente ir. Porque eu gosto de tudo muito privado. – ela sussurrou a última parte e eu mordi o lábio inferior.
Antes que ela desgrudasse de meu pescoço, enfiei a mão pelo decote, incrivelmente discreto, e procurei por entre a fenda enorme de seus peitos o chocolate. Ela prendia o riso enquanto eu procurava o bendito que com certeza estava escondido dentro daqueles seios deliciosos.
- Vai rápido, , tem uma senhora olhando pra cá com cara de indignada. – ela disse sorrindo alto.
- Onde? – sem tirar a mão dos seios dela, olhei para o banco que ficava metros afastado do nosso e uma senhora olhava estranho para a gente. Eu sorri e logo passei a apalpar os seios grandes que estavam me fazendo ficar louco.
- Se eu fosse você, eu parava de pegar nos meus peitos e tratava de pegar logo esse chocolate, senão você vai ficar sem ele.
- Eu prefiro seus peitos ao chocolate.
- Então vai ficar sem os dois. – falou ameaçando levantar do meu colo. Segurei sua cintura com mais força e pesquei o chocolate preso entre os peitos e o sutiã dela. – Até que enfim. Pensei que ia demorar um século para achar.
- Não é fácil procurar uma barra pequena escondida em um lugar tão grande. – falei abrindo a embalagem da barra e mordendo um pedaço do chocolate.
- Como se você não conhecesse o lugar, não é? – ela disse levantando e abrindo a bolsa.
- Hey, volta pra cá. – apontei pro meu colo. – Estou me sentindo sozinho.
- Espera. – disse ela procurando algo na bolsa. – Quero achar uma coisa aqui.
Enquanto ela franzia a testa e procurava alguma coisa dentro da bolsa, eu a observava. Ela estava realmente linda. Parecia que havia saído do trabalho antes de vir para cá. A roupa que ela usava era muito parecida com as roupas em que ela ia trabalhar. Usava uma calça jeans clara que realçava as coxas volumosas, uma blusa de alça branca com o decote mais discreto e por cima da blusa, um colete preto com uns strass formando desenhos abstratos. O cabelo enorme caía como uma cascata até o meio da bunda, mas eram perceptíveis os hashis no bolso da frente, que com certeza eram para prender o cabelo no costumeiro coque.
- Você está linda, sabia?
- Ah para, vai. – disse ainda de olho na bolsa. – Acabei de sair do trabalho. Como vou estar linda depois de quatro pacientes com uma hora e meia de consulta?
- Espero que sejam pacientes muito dos chatos. Não quero que ninguém roube a minha médica.
- Ninguém vai me roubar de você. – disse ela sorrindo e logo eu senti um flash enorme bater em meu rosto.
- )! – ela sorria alto e eu tinha a desconfiança que todo mundo nos olhava. Eu até confirmaria isso se eu pudesse enxergar. – Cacete, você me deixou cego!
- Ah para! É só um flash de máquina. – disse ela sentando-se no meu colo.
- Ai! – reclamei e ela me deu um tapa leve no ombro.
- Deixa de ser mole, . Até parece que você nunca tirou uma foto na vida. Nem parece que você é músico. Todo músico tira foto, ainda mais o vocalista de uma banda.
- Mas eles pelo menos avisam que vão bater a foto. – falei abrindo os olhos e sentindo uma dor leve.
- Awn, que bebê... Deixa eu dar um beijinho pra sarar. – ela deu um beijo em cada olho e eu sorri abraçando-a. – Beijo de mãe cura, mas de médico cura mais ainda.
- Ainda mais quando a médica é minha namorada.
- Namorada, é?
- E por que não? Acho que está mais do que na hora...
- De tirar uma foto. – disse ela e logo mais um flash de cegar bateu em meu rosto.
- Caramba , você realmente me odeia. Avisa antes de tirar a foto, cara.
- Ta bom, seu enjoado. Vem aqui – deu mais um beijo em cada pálpebra e logo avisou. – Vou tirar a foto. Veja se desamarra essa cara.
E então essa foi a primeira de várias e várias fotos que tiramos aquele tarde. Depois que comemos pipoca, tomamos sorvete e deitamos de frente ao lago namorando sem cansar, resolvemos passar numa casa de revelação e então fizemos as seleções das fotos.
- Essa aqui. Eu gostei. – falei apontando uma foto que saiu perfeitamente engraçada e eu rindo dela.
- Imagina. Não vou querer essa foto, não. Olha pra minha cara? Você está lindo, maravilhoso nessa foto, agora eu?
- Ta, já entendi. Essa aqui então – apontei uma em que ela estava dando comida para um pato.
- Não.
- Essa? – mostrei outra.
- Também não.
- Essa? – falei nervoso e ela negou. – Porra, pra que você tirou tudo isso de foto então?
- Mas eu não tirei essa. – ela disse apontando a foto do pato. – Essa foto ficou tenebrosa.
- Meu Deus, o que você quer da sua vida, garota?
- Eu quero essas fotos. – e ela foi selecionando todas as fotos em que eu estava sozinho, inclusive as que ela tirou que eu fiquei cego.
- Tá maluca? Agora olha a minha cara! Você nem me avisou que ia tirar foto e eu sai com a maior cara de .
- Então você saiu bonito.
Semicerrei os olhos para e ela sorriu alto.
- Nossa, como você é ciumento. Ainda não me esqueci daquele dia que eu, você e trans...
- AHNNNN... – pigarreei e apontei o homem que nos atendia, pois ele estava encarando-a com a expressão curiosa.
- Ahhhh... - disse ela visivelmente desconcertada. – Espere que ainda tem mais. – ela selecionou mais algumas fotos e pediu para o homem revelar. Ele saiu dando um olhar safado para e logo eu a abracei encarando o sujeito.
- Você precisa ser mais discreta, doutora. Esses homens já ficam loucos quando você fala pouco, imagine quando você fala muito.
- Ah , que esse homem tem a ver se a gente transou à três? – ela sussurrou a última parte.
- Tem a ver que aqui nós também somos três e a cara que ele fez foi de quem sabe muito bem o que pedir como pagamento.
- Ele que vá esperando. – disse ela virando a cara e eu sorri abraçando-a por trás. Logo o homem veio e trouxe as fotos reveladas.
– Nossa, rápido o serviço aqui, não? – perguntei realmente surpreendido, mas o tom irônico na minha voz era muito nítido.
- Somos muito eficientes, senhor. Mas também somos meio careiros. – disse olhando e piscando o olho.Fiquei incomodado, mas quando ia responder me interrompeu.
- Dinheiro não é problema, meu querido, pode apostar. E como prova disso – ela puxou a carteira e tirou de lá exatos cem dólares. Arregalei os olhos quando ela entregou-o na mão do homem – tome isso como pagamento e como uma cortesia pelo serviço rápido. Muito obrigada. – ela sorriu e pegou o envelope das mãos do homem que a fitava estático.
- Você ficou louca? – perguntei baixo enquanto caminhávamos até o parque quase escuro. – Não é muito dinheiro pra um cara que apenas revelou 25 fotos?
- Eu queria quebrar as pernas dele. E acho que consegui.
- Você pagou tudo sozinha. – peguei o envelope da mão dela e vi o preço. Eram apenas trinta e cinco dólares que ela devia ter pago ao homem. – Vou te devolver o que sobrou.
- Se você fizer isso, você vai se arrepender. Eu queria pagar essas fotos e paguei. Estou mais do que satisfeita.
- , mas...
- Nada de mas! Escolha as fotos que você quer e pronto!
Sem mais nada a dizer, apenas agarrei-a e tasquei um beijo nela. Ela era tudo o que eu sempre sonhei.
Flashback off


Estávamos nos beijando de frente ao lago quando ela bateu a foto que estava, agora, em minha mão. Logo comecei a olhar as outras fotos e a dor da saudade bateu forte dentro de mim. Como eu queria que ela estivesse comigo. Como eu queria que ela estivesse brigando comigo porque queria pagar alguma coisa. Como eu queria um flash cegante em meu rosto só pra ouvir a risada e a voz dela de novo. Eu queria mais do que qualquer coisa no mundo e a ausência dela estava me matando. Então chegou uma foto que eu mesmo tirei quando ela estava sentada de pernas cruzadas diante do lago. Os cabelos lisos e sedosos caindo como uma cascata sobre o corpo bem modelado, o sorriso de dentes brancos alinhados mais radiante do que qualquer outra coisa, os olhos mais claros do que nunca. Eu tinha saudade daquele sorriso. Eu tinha saudade daqueles cabelos. Eu tinha saudade daquele corpo. Eu queria encontrá-la de uma vez.
O toque do meu celular me despertou dos devaneios em que eu estava e logo vi o visor piscar o nome de .
- Fala, cara.
- , você não vai acreditar! – ele disse, exasperado, do outro lado da linha.
- O que foi? O que aconteceu?
- Descobrimos a casa de uma tia de perto do litoral. Temos que ir lá agora.
- Como você descobriu? , como você descobriu uma coisa dessas, eu...
- Dá pra você descer ou está difícil? Estamos todos aqui na frente da sua casa. As meninas também estão aqui. Desce e vamos tentar encontrá-la.
Larguei as fotos em cima da cama e desci correndo as escadas enquanto guardava o celular dentro do bolso da calça. Apanhei as chaves do carro e as de casa e abri a porta vendo dois carros parados diante da minha casa; um prata, que era o de e outro vermelho, que com certeza, era de uma das garotas.
- Larga a chave do seu carro aí e entra aqui, chapa. – disse e logo tranquei a porta depois de jogar a chave do carro na mesa de centro ao lado da porta. Corri até o carro dos caras e sentei no banco do passageiro.
- Eaí, paizão! Preparado para mais uma busca do novo FBI? – perguntou .
- Como vocês descobriram parentes dela na cidade?
- Já te contamos. , dá o sinal pras meninas nos seguirem.
Logo estávamos andando e o carro vermelho vinha atrás da gente. Eu respirava com dificuldade e sentia gotas de suor brotarem do meu rosto.
- Descobrimos tudo por um acaso. – disse com os olhos fixos na estrada. – Stacy estava limpando o quarto quando viu umas cartas que havia mandado pra ela quando passou uma temporada com a tia. O endereço era do litoral e ela confirmou que falava dessa tia algumas vezes, mas não com tanta frequência.
- Acha que ela pode estar lá? – perguntei com um fio de esperança.
- Estamos contando com isso. É o único lugar que eu imagino que ela esteja. Não acho que ela tenha ido muito longe, porque ela precisa de um médico. Gravidez sem pré-natal é muito perigoso.
- Ela está com quase três meses e meio agora. – falei triste sentindo meu coração sangrar.
- Nossa, tudo isso? – exclamou . – Então a barriga deve estar grande já.
- Ah, isso varia de mulher pra mulher. – falei e então sorriu.
- Anda pesquisando sobre o assunto?
- Comprei um livro que eu quero ler muito em breve. Eu quero ser o melhor pai que o mundo já viu!
Eu realmente havia comprado um livro para aprender mais sobre gravidez e bebês. Eu não tinha tempo de ler porque a gravadora tomava bastante parte do meu período do dia e eu chegava em casa morto de cansado, sem falar na preocupação sem fim com .
- Aposto que você vai ser um corujão, isso sim. – disse . – Coitada da que vai ter que aguentar você proibindo o garotão de fazer tudo o que ele quiser.
- Esse papel com certeza não vai ser o meu. – falei sorrindo lembrando-me do temperamento forte de . – Ela que vai proibir o menino de fazer tudo. Ela tem um gênio fortíssimo que até eu fico no chinelo.
- Menino? Acha que ela está esperando um menino? – perguntou .
- Eu acredito que sim. Eu queria ter um menino. – disse, pensando em grávida de um menino. – Imagina como seria? Ter mais um pro nosso grupo. E ainda sendo filho meu, hein?
- Ia ser muito legal, cara. Iríamos ensinar muitas coisas pra ele. Ele ia ser mais famoso que você com as mulheres, hehe – disse .
- Até parece que você ia muito longe com esse pensamento. ia acabar com você se ouvisse isso. – falei rindo e ele bufou.
- Ela é bastante mandona não é?
- Apenas tem o temperamento muito forte. Mas você sabe que ela é legal.
- Ah isso eu sei. Além de legal, ela tem muito mais qualidades.
- Cala a boca, – falei junto com e levantou os braços, como quem se rende.
Logo escutamos uma buzina e a voz das meninas ressoava dentro do carro.
“Dá uma parada aí,
Ambos os carros encostaram e enquanto estacionavam, eu peguei o aparelho de som de onde saiu a voz de Claire.
- Que é isso? – perguntei à e ele olhou rapidamente para o objeto.
- Sei lá, é coisa delas. Doidice de mulher.
Logo ele abaixou o vidro e Claire apareceu, os cabelos castanhos esvoaçando com o ar frio da noite.
- Lembra que eu te disse que tem duas estradas mais adiante? – ela perguntou e logo olhou para mim. – Hey , como vai?
- Hey. Vou bem, obrigado. – ela sorriu e voltou o olhar para que assentiu.
- Temos que pegar o caminho da esquerda. Aqui no mapa diz que o da direita leva para as montanhas, enquanto o da esquerda para a praia. – disse ela erguendo um mapa e o analisava atentamente. – A tia dela mora no litoral, então é o da esquerda.
- Quer assumir a frente? Posso te seguir na boa.
- Você não se incomoda?
- Claro que não. – ele sorriu.
- Então tudo bem. Nos vemos depois. – ela se despediu dele com um selinho e eu arregalei os olhos.
- O que eu perdi? – perguntei olhando que sorria bobo.
- O que nós perdemos, você quer dizer. – disse .
- A gente está quase namorando. – disse orgulhoso, ligando o carro e seguindo o Volvo vermelho que pegou a frente.
- Como assim quase? – perguntei.
- Vou pedir ela em namoro assim que acabar toda essa busca. A gente se aproximou bastante com essa procura pela . Só não peço agora porque ela está muito preocupada com a amiga e também Annie iria encher o saco.
- O que aquela chata iria falar? – perguntou .
- Claire disse que ela acha que seria uma falta de respeito e ética se começássemos a namorar no meio de uma busca desesperada por uma amiga grávida, que foi enganada por um cara casado.
- Ela disse com todas essas palavras? – perguntei nervoso e soltou um risinho assentindo.
- Annie é meio estourada. Às vezes fala besteira demais. Não ligue pra ela.
- Estourada é pouco. E eu que tive que passar uma noite inteira com ela me dando foras e se recusando a encostar em mim? – disse irritado.
Depois de vinte minutos de muita reclamação de sobre Annie, chegamos em uma estrada de frente à uma praia onde apenas as ondas se quebrando era o visível. A noite estava escura e sem estrelas, o vento frio cada vez mais forte à medida que o mar se agitava. O Volvo vermelho era conduzido lentamente e então eu vi uma cabeça loira fora do carro que observava as casas de frente para o mar.
- Acho que ela está tentando ver o número. Deve ser por aqui. – disse retirando do bolso um pedaço de papel – É esse o endereço. Logo iremos descobrir onde está.
Um fio de esperança brotou dentro do meu coração e eu sorri. Ela com certeza estaria ali. É lógico que ela estaria num lugar onde ela teria parentes, por conta da gravidez. Senti uma ansiedade tomar conta de mim e a certeza de que ela estava perto ficava cada vez mais sólida. Era tudo o que eu precisava. Era tudo o que eu queria. Encontrá-la de novo.
- Acho que é aqui. – a voz de me tirou dos devaneios e eu, automaticamente, olhei para o carro das meninas que havia parado em frente à uma casa bem diferente.
A casa constituída por madeiras de primeira qualidade, de cor marrom e as paredes tinham um toque de amarelo bebê. Havia uma varanda em frente à um jardim que parecia ser muito bem cuidado. A varanda era composta por uma rede, cadeiras de balanço e alguns enfeites adicionais, característicos de uma mulher. Somente a parte de baixo da casa estava com a luz acesa. A parte de cima estava toda apagada com as janelas fechadas por cortinas leves brancas.
- Que casa bonitinha. – disse olhando atentamente a estrutura da casa. – Uma casa dessa seria boa pra passar as férias, pra relaxar, pra curtir uma gravidez...
- Vamos acabar logo com isso. – falei e desci do carro, sendo seguido pelos caras. As garotas estavam olhando a casa atentamente e logo perceberam que eu estava ao lado delas.
- Olá, . – disse Stacy simpática. – Ansioso?
- Bastante. É esta a casa?
- Sim. Número 990. – disse ela conferindo o papel na mão e o número da casa. – Pelo menos tem alguém em casa. Acho bom batermos e procurar saber as informações.
Logo que todos estavam reunidos, Stacy bateu de leve na porta e então ouvi passos lentos que caminhavam em direção à porta. Logo, estava em nossa frente uma mulher cuja aparência era de quarenta anos e pouco.
Os cabelos da mulher estavam presos num rabo de cavalo baixo e ela vestia uma camisola rosa larga. Seus olhos eram castanhos claros e ela lembrava muito . A expressão de confusão em seu rosto ficou ainda mais clara quando ela olhou para cada rosto que a observava.
- Quem são vocês? – perguntou com a voz suave, porém firme.
- Ahn... – hesitou Stacy, que logo suspirou e desatou a falar. – Somos amigos da . A senhora é a tia dela, não?
- ? Oh... – a expressão da mulher murchou para uma surpresa. – Sim, sou. – a encarávamos ansiosos e mesmo hesitando, ela convidou-nos a entrar. Sem mais delongas, entramos na casa aconchegante da mulher e ela pediu para que nos sentássemos no sofá que havia no meio da sala. A casa por dentro era moderna e arrumada e tudo ainda tinha o toque feminino.
- O que vocês querem saber sobre ela? – perguntou a mulher, colocando os óculos de grau quadrados.
- Queríamos saber se ela se encontra aqui na casa da senhora. – disse . – Estamos procurando-a há dias e não a encontramos em lugar algum.
- Aqui ela não está. Eu sinto muito. Faz um tempo que ela não aparece por aqui... Mais de quatro meses, garanto. Acho que é pelo trabalho.
- A senhora... Ahn? – perguntou Stacy.
- Lauren. Lauren Withburn .
- A senhora Withburn não tem nenhuma noção de onde ela pode estar? Porque estamos procurando-a com a máxima urgência.
- Eu posso até dizer, mas antes preciso saber o que aconteceu pra vocês a procurarem tanto.
Stacy se calou e então todos os olhos se voltaram para mim. Prendi a respiração e logo senti o olhar da Sra. Withburn sobre mim. Então eu entendi que tudo o que deveria ser dito, quem teria que dizer era eu. Suspirei longamente e fixei meus olhos nos castanhos da tia de .
- Ela está grávida. – parei por um momento. – E eu sou o pai.
A expressão de choque que passou pelo rosto da mulher foi mais do que visível. Ela arregalou os olhos e sua boca se abriu em um belo O. Mordi o lábio inferior e baixei a cabeça.
- está grávida? Como assim grávida? – perguntou com a voz falhando de nervoso.
- Aconteceu, Sra. Withburn. Ela ficou grávida de um filho meu e tudo que eu quero é encontrá-la. Ela simplesmente sumiu depois que umas coisas...
- Que coisas? – perguntou a mulher desesperada.
Antes que eu respondesse, Stacy tomou a frente.
- Não importa! O que importa é que temos que encontrá-la logo. Não a achamos tem mais de dois meses e ela está grávida. E se aconteceu alguma coisa? A senhora percebe o quanto isso é grave?
- Mas ela não é irresponsável pra sumir dessa forma. Se ela sumiu, é porque alguma coisa esse rapaz fez. – ela disse apontando para mim e me encarando com os olhos irritados.
- Sra. Withburn... – falei prendendo as lágrimas que queriam descer. – Eu errei com ela. Errei feio. Mas eu me arrependi. Eu não só a amo, como quero criar esse filho que ela está carregando dentro dela. É parte de mim, é parte do meu amor com ela... Não é a voz de um namorado arrependido que está falando aqui... É a voz de um pai que quer o seu filho. É a voz de um pai que quer uma chance pra criar o filho que tanto quis.
- Você deveria ter pensado nisso antes de fazer o que quer que tenha feito. Afinal de contas, o que aconteceu?
- Não temos tempo pra falar sobre isso, minha senhora. – disse . – Estamos numa busca desenfreada por ela há dois meses e meio. Ela está grávida, esperando um filho do cara aqui. Independente do que tenha acontecido, ele precisa saber onde ela anda. A senhora tem que nos contar.
- Eu conto se vocês me contarem o que ele fez pra ela! – disse emburrada, virando a cara.
- Em vez da senhora ficar de birra, a senhora deveria falar logo o que sabe. – disse Annie encarando a mulher com os olhos semicerrados. – Você já parou pra pensar que ela pode estar sofrendo? Que ela pode estar precisando de ajuda? Já parou pra pensar que ela não está sozinha, que ela está com um filho na barriga? Eu tenho certeza que a senhora é mãe e sabe disso. Se fosse com você, você iria gostar?
A mulher olhou exasperada para Annie e pela primeira vez naquele tempo, eu daria um abraço apertado naquela garota.
- Você não pode falar assim comigo, menina.
- Posso sim. – disse firme. – E eu quero que você me diga agora onde é que a está. Todos nós estamos com raiva do , mas nem por isso demos as costas à ele. Estamos pensando na , independente do que ele tenha feito pra ela. A senhora quer ajudar a sua sobrinha ou não?
A mulher ponderou e hesitou por alguns minutos. Então ergueu as mãos como quem se rende e suspirou alto.
- O que vocês querem saber? – perguntou por fim.
- Queremos saber se a senhora tem alguma noção de onde ela pode estar. – falei. – Um lugar que ela possa ter ido, porque ela pediu licença do hospital.
- Ela ganhou uma licença de nove meses mais a licença da maternidade. – disse .
- Eu realmente não sei onde ela deve estar agora. – disse a mulher passando os olhos por todos nós. – Mas eu sei que os pais dela têm uma casa numa cidade um pouco afastada daqui. Infelizmente, eu perdi o endereço e tudo quanto é meio de chegar até lá. – falou entrelaçando os dedos sobre as pernas. – Receio que vai ser meio difícil encontrá-la sem saber onde fica essa casa.
- A senhora afirma que ela pode estar lá? – perguntou Stacy mordendo o lábio inferior.
- Afirmar eu não afirmo, mas eu não vejo outro lugar para onde ela possa ter ido. A não ser...
- O que? – perguntamos todos juntos.
- A não ser que ela tenha ido para a Itália.

***


Mais um mês se passou depois de conversarmos com Lauren Withburn .
A tia de não nos deu informações concretas sobre ela, mas nos deu a pista mais evidente: poderia estar neste momento na Itália. E isso era mais do que eu podia imaginar.
Como ela teve coragem de viajar grávida de um filho meu justamente para a Itália? Eu não conseguia dormir direito ao imaginar que ela estava tão longe de mim. Eu não conseguia mais comer, não conseguia mais nem pensar. Trabalhar, para mim, era o maior sacrifício que eu estava fazendo naqueles tempos. Levantar da cama para gravar demos era muito mais difícil do que eu poderia ao menos pensar. Tirar fotos para revistas era muito doloroso. Ter que sorrir falso era a pior coisa que eu poderia fazer na vida.
Entrevistas com a banda me deixavam cada vez mais deprimido, principalmente quando perguntavam como estava o nosso lado amoroso. Enquanto ambos respondiam com palavras positivas, eu sempre fugia do assunto dizendo que estava focado somente na carreira, no trabalho.
As buscas por desde quando nos encontramos com Lauren haviam ficado menos exaustivas, pois todos acreditavam que ela tinha viajado para a Itália. Para qual lugar ela poderia ir senão para perto dos pais? Com esse pensamento, nós paramos um pouco de procurá-la. Pedimos o telefone dos pais de para Lauren, mas ela se recusara a dar dizendo que já havia falado demais. E ao se despedir de nós, tocou em minhas costas e murmurou as palavras que quebraram mais ainda meu coração: “Eu sinto muito, mas tudo indica que você mereceu. Perdeu a mulher que você amava e acabou de perdendo também um filho”.
E então eu me lembrei do que Melissa me disse por duas vezes. “Você perdeu aquilo que você mais queria. Um filho”. E só de lembrar disso, eu não aguentava e chorava. Chorava por vários e vários minutos. Um filho era tudo o que eu sempre quis, tudo o que eu sempre sonhei. Inicialmente, eu queria ter filhos com Melissa, mas a convivência com ela no casamento foi se modificando à um estorvo sem fim. Melissa não se mostrava mais a mulher que eu namorava, a pessoa que tanto me apoiava com minhas amizades, minhas escolhas, meu futuro, minha vida... Ela se transformara numa mulher completamente monótona e sem carinho, saía com as amigas e me deixava a mercê de me virar sozinho... Talvez seja nessa parte que eu tenha perdido tudo o que sentia por ela. E mesmo com todas essas falhas, ela ainda queria sexo sem parar. Eu já não a desejava mais, não a queria mais, não suportava pensar nas mãos dela me tocando ou as minhas mãos a tocando. Eu queria distância. Eu me arrependi do que eu fiz, sim, mas me arrependi somente da parte que enganei . Mas em nenhum momento eu me arrependi de ter chifrado Melissa... Ela mereceu. E por mais que eu fosse completamente fiel à ela, ela procurou e encontrou. Portanto, me arrependo somente de ter envolvido nessa droga desse casamento. De resto, eu quero que se dane.

Eu estava dormindo pela primeira vez em quatro meses e meio, mas mesmo assim era um sono perturbado. Visões de perdendo o bebê tomavam conta de meus sonhos. Visões em que ela fugia de mim carregando uma manta azul no braço e cada vez que eu corria para mais perto dela, ela estava mais longe. Então quando simplesmente ela tropeçou e caiu junto à um abismo profundo perto de um rio, eu acordei assustado.
O suor descia por meu rosto como se eu tivesse acabado de sair de um chuveiro. Passei a mão pelo rosto para tirar o excesso do líquido e suspirei alto.
- Meu Deus. – sussurrei com as mãos no rosto. – Quando isso vai acabar?
Ao me lembrar dos sonhos, lágrimas desciam por meu rosto se confundindo com o suor permanente.
- Eu já aprendi a lição... – disse chorando e sentindo o coração bater forte. – Eu quero recomeçar tudo de novo. Eu quero a minha de volta, eu quero o meu filho aqui do meu lado. Será que eu vou ter que sofrer mais quanto tempo?
À medida que o choro ia se aprofundando, as imagens de sangrando e caindo no abismo com o nosso filho nos braços me deixava mais desesperado. Eu não ia me perdoar se ela perdesse o bebê. Eu não ia me perdoar se ela morresse. Eu não ia conseguir viver sabendo que saiu do país por minha causa e acabou morrendo. Eu iria enlouquecer. Eu precisava sair de casa. Eu precisava de alguém do meu lado antes que eu cometesse alguma besteira. Eu precisava de alguém para me dar apoio.
Peguei meu celular e disquei o número que eu já sabia de cor. Eu só esperava que estivesse com sorte.
- Alô? ?
- ? , eu preciso que você venha aqui em casa.
- Tudo bem, mas... Por que todo esse nervoso? Você está passando mal?
- Não, cara. Apenas quero que você venha pra cá. Eu preciso de você aqui, por favor.
- Tudo bem, tudo bem. Quer que eu chame os caras, eles...
- Quero só você, por favor.
- Ok, daqui a dez minutos eu estou aí.
Desliguei o celular caindo na cama e sentindo minhas entranhas revirarem. Eu queria sair. Eu sentia que tinha alguma coisa lá fora que esperava por mim. Podia ser coisa boa ou ruim. Não importava. Eu queria ir saber o que era. Eu precisava sair logo. Eu queria encontrar ...
- ? ? – senti alguém me chacoalhar – , dá pra acordar? ?
- OI! – sentei depressa na cama e logo vi me encarar com os olhos preocupados. – Oi. – disse passando os dedos nos olhos.
- O que aconteceu, cara? Por que você está todo suado?
- Eu... – disse me lembrando do sonho e sentindo minha garganta fechar. – Eu sonhei com e com o meu filho.
- É mesmo? – perguntou sorrindo. – E o que você sonhou? Aposto que sonhou com um garotão no colo da ...
- Sonhei que eles haviam morrido! – exclamei e ele se espantou. – Um dos sonhos foi que ela sangrava e perdia o bebê num aborto... E o outro foi que ela segurava um bebê num cobertor azul e depois caía num abismo. – conclui e logo me pus a chorar.
- , calma – disse me abraçando. – Calma, cara. Não fica desesperado assim, foi só um sonho.
- Mas e se por algum acaso for um aviso? – perguntei nervoso abrindo os braços. – E se ela morrer? E se o meu filho morrer?
- Mas eles não vão morrer, não...
- Eu quero sair! – falei enxugando as lágrimas. – Eu quero sair. Eu sinto que tem algo lá fora que vai me tirar dessa merda de vida. Eu sinto que alguma coisa me espera lá fora e eu quero ir ver o que é!
me olhou com o olhar transbordando pena, mas eu não me importei.
- Olha cara, acho melhor você ficar aqui na sua casa e...
- EU NÃO QUERO! EU QUERO SAIR, VOCÊ ENTENDEU? DÁ PRA VOCÊ ME LEVAR?
ergueu os braços em rendição e se levantou indo ao meu armário jogando uma roupa em minha direção.
- Vai tomar um banho e depois nós saímos.
Assenti e me dirigi depressa ao banheiro. Em poucos minutos, eu já estava pronto vestido com uma camisa social azul e uma calça jeans preta. Penteei o cabelo, bagunçando-o um pouco em seguida e borrifei um pouco de perfume em cada lado do pescoço. Peguei a carteira e as chaves do carro.
- Deixa o carro. Eu te levo.
- Tem certeza? – perguntei incerto.
- Claro, vamos.
Deixei as chaves no criado mudo e então descemos a escada em direção à porta da sala. Tranquei a casa e logo estávamos dentro do carro, entrando numa rua onde o tráfego estava mais calmo.
- Pra onde você quer ir? – perguntou e eu dei de ombros.
- Sei lá. Pra onde você quiser.
- Eu não tenho que querer. Você sim. Fala o primeiro lugar que passar na sua mente.
- Shopping do centro. Aquele perto daquelas lojas de noivas.
- Ok.
Seguimos em rumo ao shopping em silêncio. Eu sentia minha cabeça perturbada e respeitava isso, pois não lançou um olhar sequer em minha direção, apenas dirigia com calma. Deitei minha cabeça no banco do carro sentindo uma dor de cabeça repentina. Um enjoo tomava conta do meu estômago e tudo o que eu queria era chegar logo no shopping. Apertei os olhos tentando me esquecer dos sonhos e do enjoo que assolava meu estômago. Senti o suor descer por meu rosto e pescoço e se perder por dentro de minha blusa. Logo que eu estava quase para sair do carro e vomitar, parou e tocou em meu braço.
- Chegamos. – disse me encarando. – Você está passando bem?
- Estou. – falei engolindo o gosto de bile que inundava minha boca. – Só estou meio enjoado.
- Você não comeu ainda? – neguei. – , é quase três horas da tarde e você não comeu nada? Tá maluco? Vamos entrar e comer alguma coisa.
- Eu não sei se quero comer. – falei saindo do carro e batendo a porta.
- Você não tem que querer. Tem que comer. Quer ficar doente? – ele perguntou trancando a porta do carro e ativando o alarme. Não respondi nada e segui para a entrada do shopping. – Antes que qualquer coisa você vai comer. A praça de alimentação fica logo ali, anda. – ele disse me empurrando em direção à praça.
Eu parecia mais uma criança birrenta do que qualquer outra coisa, mas a vida que eu estava levando não estava fácil. Principalmente depois do que eu havia sonhado. A praça estava apinhada de gente, mas mesmo assim me fez sentar numa mesa vaga perto de um vaso de plantas.
- Fica aí enquanto eu vou pegar um hambúrguer pra gente almoçar. – assenti e logo ele saiu para a fila de um dos fast food’s por ali. Joguei minha cabeça para trás sentindo a dor de cabeça aumentar um pouco. Realmente, eu deveria comer. Se eu quisesse ficar de pé pra continuar procurando por , eu teria que comer. Fechei os olhos por um momento e logo ouvi alguém sentar em minha mesa.
- Agora come tudo. Deixa de agir como criança e se alimenta, vai. – disse apontando o prato com hambúrguer, refrigerante e fritas.
- Valeu, cara.
Depois de comermos, o que nós fizemos em silêncio enquanto observávamos as pessoas pela praça, saímos em direção à umas lojas que estavam no corredor seguinte. Eu olhava tudo como se estivesse interessado, mas tudo passava como um borrão na minha mente. Eu não distinguia nada, apenas observava.
- Pra onde você quer ir agora? – perguntou me encarando.
- Não sei. Vamos continuar andando. Quem sabe tem alguma coisa interessante. – falei dando de ombros e continuamos a andar.
Passamos por lojas de roupa social masculina, roupas femininas, calçados, lojas de celulares, assistência técnica e então eu parei observando uma loja com roupas infantis. Na vitrine haviam calçados pequenos azuis e rosa bebê, com certeza para recém-nascido, roupas para crianças de diferentes idades e algumas mochilas infantis de escola.
- Vamos entrar aqui? – perguntei à que estava analisando a vitrine da loja.
- Claro. – disse ele sorrindo e logo entramos na loja.
Por dentro, tudo era muito bem arrumado. Do lado esquerdo da loja, ao fundo, ficavam vários sapatinhos de bebê até a faixa etária de 10 anos. Do lado direito, haviam diversos cabides com roupas para bebês e crianças mais crescidas e em um ponto mais a frente, havia um berço muito branco. Enxovais, fraldas, perfumes e coisas do tipo eram alguns dos acessórios da loja. Eu estava encantado. Era uma loja perfeita apenas para bebês e crianças.
- Aposto que essa loja é nova. – disse olhando tudo. – Muito boa, tem até coisas de farmácia aqui.
- É. – falei e meus olhos bateram novamente na estante de sapatinhos. – Cara, eu quero comprar uma coisa pro meu filho. Eu estou louco pra ver aqueles sapatinhos ali, será que você se incomoda se eu...
- Claro que não. Vai lá ver. Eu vou ver uma roupinha aqui que quero dar de presente pro seu bebê.
- Hey, cara. – falei olhando-o. – Não precisa se incomodar com isso. Eu tenho que comprar alguma coisa porque sou pai e quero encher o meu filho de presentes.
- E você acha que eu não? Deixa de ser idiota e vai ver os sapatinhos. Deixa que da minha parte eu cuido, ok? – assenti batendo de leve nas costas dele e fui em direção à estante com sapatinhos.
Eram inúmeros sapatos de várias cores. Dentre eles haviam rosa, azul, branco, preto, verde, vermelho, amarelo, lilás e outras cores mais. Na verdade, era muito difícil escolher um só. Todos eram lindos, dava vontade de comprar logo uns dez sapatinhos.
- Posso ajudá-lo? – uma voz simpática falou ao meu lado e eu olhei. Era uma vendedora com um sorriso simpático que olhava dos sapatinhos para mim.
- Ahn... Eu quero comprar um sapatinho pro meu filho. Ele vai nascer logo. – falei sorrindo feliz.
- Ah, é menino?
Meu sorriso diminuiu à medida que eu ia pensando no meu filho. Eu ainda não o tinha visto crescer na barriga de e nem ao menos imaginava o sexo dele.
- Na verdade, eu não sei. – falei sorrindo pequeno. – Ainda não descobri o sexo dele.
- Bom, os sapatinhos de recém-nascido unissex estão aqui embaixo. – disse ela apontando vários sapatos em diferentes tons claros. – O senhor quer ajuda para escolher algum?
- Ahn não, não... Obrigada.
- Tudo bem. Qualquer coisa pode me chamar. – assenti e ela saiu.
Me agachei defronte aos sapatinhos e peguei o menor deles e coloquei na palma da mão. Sorri ao imaginar o pé do meu bebê. Com certeza deveria ser bem pequenininho. Passei a olhar os outros sapatos com atenção, mas antes que eu pudesse pegar um outro e analisar, uma voz doce tomou conta da minha audição.
- Meu Deus, eu não sei qual que eu levo. – disse a voz. – Eu estou em dúvida porque eu já vim aqui comprar outras roupinhas e ainda nem sei o sexo deles.
- Ah, mas a senhorita pode levar apenas duas peças então. – a voz de uma das atendentes começou a falar. – Na verdade, essas peças são as últimas da loja.
- É mesmo? Que sorte a minha então. – a moça sorriu e eu estremeci. Não era possível...
Levantei largando os sapatinhos de qualquer maneira no chão e passei por entre as estantes de roupas até conseguir ver quem estava falando com a atendente.
- Pois é, a senhorita poderia aproveitar. Afinal, o que a gente não faz por um filho, não é?
E então eu a vi.
Os cabelos soltos como uma cascata até o meio da bunda, o jeito que ela mexia neles colocando-os para frente e depois para trás. A sapatilha branca que ela sempre usava nas consultas em que eu comparecia. As pernas brancas lisas tão bem cuidadas quanto a de qualquer outra mulher. As mãos segurando algumas peças de roupinhas brancas e uma caixinha com um shampoo de bebê.
- Um filho não, dois. – disse ela sorrindo e logo uma de suas mãos acariciou a barriga. Eu deixei o que estava em minha mão cair naquele momento.
DOIS?
- Ah, é verdade. – disse a atendente batendo na testa como se tivesse se esquecido de algo. – A senhorita está esperando gêmeos, como pude esquecer? Falando nisso, a sua barriga já está bem grandinha, não é mesmo? – a mulher passou a mão na barriga dela e ela sorriu alto. Aquela risada eu nunca iria esquecer.
- Verdade, eles são muito espaçosos. Estou apenas com quatro meses e meio. Imagine quando eu chegar aos nove, o tamanho que eu vou estar?
Ela disse quatro meses e meio?
A partir daquele momento eu tinha certeza. Era , a minha psicóloga com quem eu passei os melhores momentos da minha vida, as melhores transas, os melhores meses e que estava esperando um filho meu. Um não, mas pelo visto eram dois.
- Ah, mas dois bebês realmente ocupam muito espaço. – disse a atendente caminhando com ela até o caixa.
- Eu vou levar somente essas duas peças. – disse ela separando duas peças dentre o pequeno monte que ela carregava. – E vou levar essa caixa com shampoo. Eu estava procurando ele em todo o canto e não achava.
- Certo. A senhorita já viu a data de validade? – ela assentiu. – Então venha comigo, vou registrar sua compra.
Ainda boquiaberto com o que eu estava vendo e ouvindo, eu as segui até que ela parou em frente ao caixa e a atendente começou a mexer no computador, certamente registrando a compra. Eu sentia meus olhos arderem e as lágrimas os enchendo com tanta força que eu não conseguia nem ao menos piscar. E então, ela virou e começou a acariciar a barriga já com certo volume. O vestido branco que ela usava era justo no busto e apenas se alargava à medida que a barriga dava um certo volume nele. Eu a observava paralisado como se tivesse perdido toda a sanidade da minha cabeça.
Depois de quase cinco meses de busca, eu havia encontrado . Eu havia encontrado a mulher da minha vida que estava grávida não só de um filho, mas de dois!!! Eu estava louco. Eu não podia nem ao menos imaginar como isso estava acontecendo.
Então depois de um tempo olhando-a acariciar a barriga sorrindo, eu me lembrei de . Saí de lá sem que ela percebesse que eu estava ali e tratei de procurar o mais rápido que pude. “Cadê esse cara?” eu perguntava em pensamento, já que não o achava onde ele disse que iria estar. Vasculhei a loja procurando-o, mas ainda assim de olho em que continuava no caixa à espera e logo encontrei vendo uma roupinha azul de recém-nascido.
- ! – praticamente gritei quando o vi.
- ! Olhe só essa roupa eu vou dar pro seu...
- VEM AQUI! VOCÊ NÃO SABE O QUE EU VI. – agarrei o braço dele e o levei para uma estante perto da saída, afastada o bastante de , mas ainda que dava para vê-la – Olha quem está ali. Olha!
E então a viu. A boca dele se abriu um perfeito O e então ele olhou para mim e apontou para .
- É ela? – ele sussurrou e depois voltou a olhar para que agora passava o cartão na máquina. – Eu não acredito no que eu estou vendo!
- A gente encontrou ela! – eu disse feliz balançando os ombros dele. – A gente encontrou ela!
- E agora? O que vamos fazer? Ligamos pros caras e pras meninas?
- Claro que não, nós vamos segui-la e ver onde ela está.
- Mas...
- Não tem “mas”, não! – olhei para ela novamente e ela estava saindo da loja acompanhada pela atendente e segurando duas sacolas. – Olha, ela vem aí. Vamos ver onde é que ela está escondida. – sussurrei e concordou.
Assim que ela saiu da loja e a atendente foi para o caixa novamente, eu e saímos de fininho atrás dela. Ela andava do mesmo jeito de sempre, os cabelos voando à medida que ela caminhava, os passos rítmicos que só ela sabia, a sacola balançando de leve com as passadas dela... Ela estava linda grávida.
- Acho que ela está indo pro estacionamento. – disse no meu ouvido e eu assenti.
- Então é pra lá que nós iremos.
Continuamos seguindo e então avistamos nosso carro.
- Onde será que ela estacionou o dela? – perguntou desesperado vendo ela andar para bem mais longe do nosso carro.
- Vamos fazer o seguinte, eu tiro o carro pra você e você segue ela. Fica me esperando perto de onde ela estacionou o carro, ok? – assentiu e continuou andando atrás de .
Desativei o alarme do carro e logo entrei no lado do motorista dando marcha no carro e saindo do cubículo. Assim que o carro estava pronto para andar, tentei localizar e ele erguia a mão do outro lado de muitas fileiras de carro. Dirigi até ele e então ele entrou.
- Cadê ela? – perguntei exasperado e ele apontou para um carro que já estava saindo do cubículo do estacionamento.
- Você consegue segui-la sem perder? – assenti e logo ela estava tomando o rumo da saída do shopping. Eu estava com o carro bem atrás dela. – Tome isto. – me entregou um óculos escuro. – Pra ela não te reconhecer de imediato.
- Valeu. – peguei o óculos e coloquei no rosto.
me deu o cartão e eu entreguei para o segurança na portaria do shopping e então saímos por completo do estacionamento. A rua estava com o tráfego mais intenso, mas mesmo assim eu continuava atrás do carro de .
- Anota a placa do carro dela. – falei apontando para o carro à frente. – Anota a marca também. Assim, se por algum acaso a perdemos, temos como encontrá-la.
assentiu e anotou a placa e a marca do carro no celular e então passamos a segui-la.
Passaram-se, exatamente, uma hora e vinte minutos e eu ainda estava seguindo-a sem desencostar do carro dela. Eu já estava ficando cansado e apenas queria que toda aquela perseguição acabasse de uma vez.
- Ela tomou o caminho pra sair da cidade. – disse apontando a placa de onde nós estávamos agora. O céu já estava tomando a cor da noite. – Será que ela foi pra aquela casa que a tia dela falou?
- Que casa? – perguntei confuso.
- Lembra que Lauren disse que os pais dela tinham uma casa numa cidade afastada? Pois então...
- Será possível? , você está decorando o caminho? Porque eu realmente não estou com cabeça.
- Estou sim. Fica tranquilo. O GPS do celular está ativado e estou anotando tudo.
- Você não sabe o que eu descobri. – ele me olhou curioso e eu sorri pequeno. – Ela está esperando gêmeos.
- O QUÊ? – perguntou ele alto. – COMO VOCÊ SABE?
- Porque eu ouvi a conversa dela com a atendente. Ela disse que ainda não sabia o sexo e a atendente sabia que ela estava grávida de gêmeos. O que significa que ela esteve naquela loja outras vezes.
- Eu vou acabar ficando louco. – disse massageando as têmporas. – Eu estou falando sério, eu vou acabar ficando maluco! Como assim gêmeos? , você tem noção disso?
- Eu ainda estou meio bobo. – falei sorrindo. – Ainda não consigo acreditar que a encontramos e que, além disso, ela está esperando gêmeos.
- Você vai ter dois filhos de uma vez, meu chapa! – disse batendo em minhas costas e eu sorri alto. – Que presentão! Você vai ter a sua garota e ainda vai ter dois filhos!
E então a felicidade que eu sentia esmoreceu.
- Você sabe que ela pode não me perdoar, não sabe? Ela está tão irritada que resolveu se esconder no fim do mundo só pra não olhar pra minha cara. – falei chateado. – Ela veio pra outra cidade, grávida de gêmeos, só pra não ter que me ver de novo.
- , para de negatividade. Você vai ter uma conversa limpa com ela daqui a pouco. Eu estou torcendo pra tudo se resolver entre vocês.
Eu sorri e continuei a seguir o carro de , mas a cada metro que eu a acompanhava, eu sentia meu coração doer. Logo menos eu iria ter que encará-la, o que era bem pior do que encarar todo mundo que não sabia da verdade.

***


A casa onde estacionou o carro fazia parte de um vilarejo onde várias casinhas faziam residência. A de era uma das maiores, mas mesmo assim não deixava de ser simples. O carro dela estava estacionado numa garagem coberta na lateral da casa e então eu a vi abrir a porta da frente e entrar levando as sacolas e a bolsa.
- Dá um tempinho antes de ir atrás dela. Ela não vai mais sair de casa, são quase 20h da noite. – disse e eu assenti. – E se ela sair nós iremos ver. Me dá um segundo, preciso fazer uma ligação.
- Ligação? , estamos em outra cidade, não sei se você vai conseguir fazer ligação com esse chip.
- A cidade não é tão afastada, . E o chip está pegando. Espere um minuto.
Ele desceu do carro e começou a discar algum número rapidamente. Pousei minha cabeça no volante do carro e com o silêncio eu ouvia meu coração bater muito forte e rápido. Cada batida que ele dava, eu sentia uma dor excruciante no peito. Eu precisava acabar com isso logo. Olhei e ele falava rapidamente no telefone gesticulando depressa com as mãos. Então ele desligou o celular e sentou no banco do passageiro.
- Com quem você estava falando? – perguntei arqueando a sobrancelha.
- Com a empregada. Queria que ela limpasse o quarto de hóspedes de lá de casa, faz tempo que ela não faz isso.
Ok. Desde quando tinha uma empregada? Olhei para ele desconfiado, mas a expressão dele permanecia impassível.
- Acho que já está na hora.
- , espera. – disse me impedindo de abrir a porta. – Ainda não tem nem dez minutos que nós estamos aqui. Deixe a garota chegar primeiro.
- , eu não quero esperar mais. – gritei e ele me observou. – Eu estou cansado de esperar. Estou esperando há cinco meses por uma notícia e agora que eu a encontro você quer que eu espere mais?
- Você está na frente da casa dela! Quer coisa melhor? Para de ser apressado e pelo menos pense no que você vai falar pra ela. Não chega lá pensando que vai sair na hora, porque não vai. Ela vai cair matando em cima de você. – eu olhei para baixo e relaxei o corpo. – Você acha que ela veio pra longe por quê? É lógico que quando ela te ver, ela vai ficar louca da vida. Pensa um pouco no que você vai falar.
E então várias coisas tomaram conta da minha mente. Tudo o que eu deveria falar pra ela passava como um filme na minha mente, tudo o que ela precisava ouvir. Mas vinha na minha mente também o escândalo que ela provavelmente faria. As coisas horríveis que eu teria de ouvir sair da boca dela, tudo o que ela estava sentindo, sofrendo iria ser jogado em cima de mim e eu sabia que era minha culpa. Mas eu queria tanto recomeçar, queria tanto que ela me perdoasse. Eu não imaginava a minha vida longe dela e dos meus filhos.
Filhos...
Ela estava esperando gêmeos! Nunca que eu imaginava que poderia acontecer isso! Eu pensava que ela estaria grávida de apenas um bebê e quando eu a encontro, além da surpresa de encontrá-la, eu descobri que ela estava esperando gêmeos.
- Gêmeos... – sussurrei sorrindo e sorriu também.
- Tá sonhando com os filhos, não é? Eu também to aqui todo bobo imaginando... mura), pai de gêmeos, quem diria hein?
- Pois é... – falei sorrindo e olhei o relógio no painel do carro. Eram quase 21h30min.
- Acho que você já pode ir... Eu te espero aqui.
- Eu... Você jura que fica aqui, que você não vai embora?
- Claro, né. Até parece que eu iria sair sem ao menos saber o que vai rolar daqui por diante.
- Obrigado, cara. – dei um abraço nele e ele retribuiu. – Obrigado por tudo.
- Vai firme, . Tudo vai dar certo. Ela vai voltar pra você.
E então eu saí do carro batendo a porta de leve. A cada passo que eu dava que me aproximava de onde estava eu sentia meu coração bater mais forte. Via todos os acontecimentos passar como um filme na minha mente, via como todos estavam me apoiando e isso me deu mais força para conseguir enfrentar a realidade.
Como eu havia dito, eu agora tenho por quem lutar. Eu tenho que lutar pelo amor da minha vida e pelos meus filhos, tinha que lutar pela minha felicidade, que por um engano meu, fora roubada de mim à mais de seis anos. Atrás daquela porta estava a mulher da minha vida e tudo o que eu queria era me reconciliar com ela, pedir perdão, nem que eu tivesse que implorar, rastejar... Eu a quero toda e completamente para mim.
Parei em frente à porta de madeira escura e percebi que não havia nenhum olho mágico para que ela conseguisse me ver antes de abrir a porta. Olhei para a janela ao lado da porta que estava trancada. O vidro da janela era escuro, então ela teria que, realmente, abrir a porta para saber quem estava batendo. Bati três vezes na porta e logo uma luz acendeu na sala e a janela ficou mais clara. Torcendo para que ela não olhasse pela janela, eu escutei sua voz:
- Quem é? – a voz era calma e suave.
Eu não tinha coragem de responder, até que porque se eu respondesse, ela não iria abrir a porta de jeito nenhum.
- Quem está aí? Pode responder? – ela perguntou e a voz dela já pegara um tom mais impaciente.
Sorri pequeno ao ouvi-la bufar alto e logo a porta se escancarou à minha frente e eu a vi.
Os olhos dela se arregalaram levemente ao me ver e seus lábios perfeitamente desenhados se crisparam. Os olhos que antes eram arrebatados por surpresa, ficaram agressivos e coléricos, e seu rosto que sempre fora tão claro como a cor branca, se coraram num vermelho rosado, de repente. Ela apertava os dedos que seguravam a porta e eu podia ver a força que ela aplicava ali, pois as pontas se tornaram brancas.
- O que você pensa que faz aqui? – perguntou com a voz dura e fria como gelo. Eu baixei os olhos, mas ao ver o volume de sua barriga que a camisola amarela transparecia, eu olhei para ela com firmeza.
- Estive te procurando há cinco meses praticamente. Tanto procurei, que encontrei.
- Pois você vai ter que voltar de onde você veio. – disse ela ríspida. – Eu não quero saber quanto tempo você está me procurando ou o que você fez pra me encontrar aqui. Eu apenas quero que você vá embora e me deixe em paz! – ela disse alto e eu fechei os olhos apertado.
- Você acha mesmo que eu vou sair daqui enquanto você está com raiva de mim e quando você está carregando dois filhos meus na barriga?
Ela arregalou mais os olhos e logo vi que sua mão livre tremia levemente.
- C-como você s-sabe que são gê-meos? – ela disse, gaguejando, e logo seus olhos ficaram mais mansos.
- Eu vi você naquela loja infantil. Eu estava passando ali e resolvi entrar pra comprar um sapatinho pro meu filho...
- Meu filho.
- NOSSO FILHO. – disse com uma firmeza que eu nunca havia tido na vida. – E quando eu estava olhando os sapatinhos eu ouvi a sua voz. – eu disse sorrindo mínimo. – Eu reconheceria a sua voz em qualquer lugar desse mundo. Onde quer que você esteja... Então eu ouvi você dizer que eram dois filhos. E a atendente confirmou.
Ela ficou parada me encarando e sua mão pousou na barriga meio saliente.
- Você me seguiu? – ela perguntou baixinho.
- Não. Te encontrei por acaso. Agora de lá do shopping para cá, eu te segui.
- Eu não quero falar com você, . Sai da minha casa. – ela gritou a última frase e apontou a rua. Eu neguei.
- Eu sei que eu não tenho direito algum em pedir alguma coisa pra você, mas você precisa me ouvir. Eu preciso te contar toda a verdade por trás daquela confusão.
- EU NÃO QUERO SABER! – ela gritou e seu rosto ficou mais vermelho. – A ÚNICA COISA QUE EU QUERO É QUE VOCÊ SUMA DA MINHA VIDA! VOCÊ NÃO TEM DIREITO ALGUM SOBRE MIM E NEM DE PEDIR NADA.
- POIS É AÍ QUE VOCÊ SE ENGANA! – eu gritei à altura e ela se calou, mas continuou com o olhar pesado. – EU SOU PAI DESSAS CRIANÇAS QUE VOCÊ ESTÁ ESPERANDO, SE ESQUECEU? VOCÊ NÃO ENGRAVIDOU SOZINHA!
- VOCÊ NÃO PENSOU EM MIM QUANDO ME ENGANOU! APENAS ME ENGANOU, SEM AO MENOS QUERER ME CONTAR A VERDADE!
- INICIALMENTE EU NÃO PENSEI MESMO! – ela ficou parada como se tomasse um choque. – EU APENAS TE ACHEI PERFEITA DEMAIS PRA NÃO FICAR COM VOCÊ!
- Sai da minha frente. – ela disse ameaçando bater a porta, mas eu a abri com força e entrei na casa dela, batendo a porta forte em seguida. – SAI DAQUI! EU NÃO TE AUTORIZEI ENTRAR AQUI!
- Você vai me ouvir. Nem que seja a última coisa que eu faça. Você tem que me ouvir.
- EU. NÃO. QUERO. !
- Mas vai ter que ouvir. – falei sentando no sofá dela e ela me olhou com misto de surpresa e irritação.
- Eu não te convidei para entrar, muito menos para sentar! – exclamou e gritou de novo. – SAI DAQUI AGORA!
- Para de escândalo e senta aí. Você sabe muito bem que você não pode passar nervoso. Uma hora a gente ia ter que conversar, . Pare de ser desesperada e senta!
- Você mentiu pra mim, me traiu, me enganou e eu que estou desesperada? Do jeito que você está falando, parece que fui eu quem fiz tudo isso com você.
- Eu juro que eu vou te explicar tudo, mas você precisa parar de gritar e me ouvir.
Ela me encarou e algumas lágrimas desceram pelo rosto corado. Ela se sentou no sofá encolhendo as pernas e evitando me olhar, mas esperando uma explicação. Eu suspirei alto e olhei para seu rosto úmido, mas claramente irritado.
- Eu realmente era casado.
- Era ou é? – ela perguntou me desafiando.
- Era. – falei seco. – Tudo o que eu poderia fazer pra me libertar daquela mulher eu fiz. – dei uma pausa, mas vi que ela não ia me responder. – Tudo estava muito monótono entre nós... Eu não aguentava mais viver com ela, olhar pra ela, nem sequer tocá-la. Então aí eu tive aquele problema.
- Então o desejo pela sua mulher evaporou? Do nada?
- Não foi bem do nada. Eu apenas não conseguia mais ter nada com ela. Foi ficando mais forte a cada dia que passava. Eu não queria nada com ela, mas também não queria trair...
- Mas então o que você fez? Traiu do mesmo jeito! – ela exclamou e eu rolei os olhos.
- Deixa eu falar? – ela bufou e encostou as costas bruscamente no sofá e me olhou com a expressão irritada. – Eu estava desesperado porque eu queria resolver esse problema sem me envolver numa burocracia de divórcio e tudo o mais. Então eu chamei o . Ele foi a primeira pessoa que veio na minha cabeça na hora que eu estava desesperado por ajuda. – suspirei me lembrando de tudo o que eu havia passado naquela época. – Depois que ele deu muita risada da minha cara, ele me passou o nome de um psicólogo. Era o seu antecessor, Dr. Robert Crowley. –ela ainda me lançava olhares inquisidores. – Eu marquei a consulta pensando que eu ia me consultar com ele, mas quando eu cheguei lá, a Sra. Lovett me disse que ele havia se aposentado e que você estava no lugar dele. – fiz uma pausa e então continuei. – Eu fiquei muito constrangido de ter que te contar tudo o que eu estava passando, mas a Sra. Lovett me garantiu que você era profissional, então eu relevei e fui no teu consultório. E aí você apareceu. – o rosto dela estava mais calmo e ela agora me observava com um pouco mais de interesse, mas não o bastante para me desculpar rapidamente. – E tudo aquilo que eu estava sentindo, todo aquele vazio de repente se dissipou. Eu encontrei em você a resposta para tudo. Eu fiquei muito a fim de você inicialmente pela abstinência, mas depois que a gente se encontrou pela segunda vez... Eu fiquei fissurado em você... Eu não conseguia mais parar de pensar em você, nem ao menos me concentrar no meu trabalho, na minha vida... Você sempre estava presente nos meus sonhos, nos meus pensamentos, em tudo à minha volta.
- Mas mesmo sentindo tudo isso, você não se deu ao trabalho de me contar a verdade. – ela disse seca. – Você simplesmente pensou em você mesmo e não me contou que era casado. Você mentiu, . Eu não me importo que você tenha mentido pr’aquela sua esposa irritante, isso pouco me interessa... Mas eu comecei a gostar de você. Eu comecei a amar você e você sabia muito bem disso e mesmo assim não me contou porcaria nenhuma!
- Eu ia contar, eu juro que ia! Eu apenas não sabia como fazer isso... Eu tinha medo de te perder! Eu nunca imaginava que ao entrar naquela droga de consultório eu iria encontrar a mulher da minha vida! Eu nunca imaginava que eu ia me apaixonar perdidamente por você! , eu quero que você entenda mais do que tudo que EU TE AMO! Eu passei os piores meses da minha vida quando você sumiu, eu revirei a cidade inteira atrás de você, eu não conseguia trabalhar só de pensar que você estava longe. A única força que me fez ficar de pé foi por causa dessas crianças que você está esperando... Eu pensava que era só uma, mas agora eu sei que são duas, eu vou ter que trabalhar dobrado pra...
- Quem falou que você vai ter algum vínculo com essas crianças? – disse colocando as mãos na cintura. – Quem te falou que eu quero você perto de mim?
- , eu sei que eu errei, mas você não pode me afastar dos meus filhos dessa forma.
- Posso sim, tanto que estou morando aqui e bem longe de você. Eu realmente não sei porque que o destino foi colocar você no meu caminho agora, se eu estava muito bem sem a sua ajuda.
- ), PELO AMOR DE DEUS! – eu fiquei em pé olhando-a com os olhos úmidos. – Eu preciso de uma chance, eu te peço, uma única chance. Eu sei que você ainda me ama e me ama muito mais agora que está carregando dois frutos do nosso amor dentro do teu ventre. Pensa em como ia ser bom se nós voltássemos a ficar juntos pra criar os nossos filhos? Pensa em como tudo ia ser diferente!
- Eu não quero ser uma Melissa da vida, . Eu, infelizmente, não perdoo traição.
- , eu fiz tudo isso por amar demais! Eu não estou conseguindo mais viver longe de você, eu estou definhando, será que você não percebe?
E então eu vi as lágrimas descerem pelo rosto dela com mais frequência. Ela olhou para a barriga e acariciou por um momento, ainda chorando.
- Você tem que me dar uma prova muito maior do que palavras, . – ela disse me olhando e seu rosto estava todo vermelho e as lágrimas se acumulavam como um rio. – Um dia eu acreditei nas suas palavras e olha onde nós estamos. Eu perco a confiança muito rápido e eu realmente estou tentando confiar em você novamente... Mas não consigo. Infelizmente, eu não consigo. – eu senti meu coração despencar. – Eu te amo e sempre te amei. Cada vez que essas crianças crescem mais aqui na minha barriga, eu choro de saudade, de dor, de tristeza... A coisa que eu mais queria no mundo era passar a minha vida inteira do seu lado, curtindo a gravidez, curtindo os nossos bebês quando eles nascerem... Mas você mentiu. – ela disse se levantando. – Eu não vou deixar de autorizar você a vir visitar os seus filhos. Eles são tão seus quanto meus. Mas pra me reconquistar, você vai ter que me provar de uma outra maneira que me convença. Que me dê a certeza de que eu não vou ser enganada de novo. – ela parou diante da porta e eu não consegui mais frear as lágrimas. – Agora, por favor, sai da minha casa. Eu passei muito nervoso e meu médico me aconselhou deixar as emoções de lado. Pense nos seus filhos e dá licença, por favor.
Levantei sentindo a derrota me encobrir e caminhei lentamente até a porta. Ela abriu e quando eu fui saindo, fui empurrado para dentro novamente por uma multidão.
- Mas o que está acontecendo aqui? – perguntou visivelmente contrariada.
, , , Stacy, Annie e Claire nos encaravam e então Stacy tomou a frente.
- Vocês dois conversaram e não chegaram à lugar algum... Será que podemos nos sentar e conversar de uma maneira mais apaziguadora e decisiva?
arregalou os olhos para todos e ambos a fitavam, mas fitavam com os olhos na barriga dela.
- Ah, meu Deus! – disse Claire tampando a boca com a mão. – O meu sobrinho está tão grande! , eu posso tocar?
arregalou os olhos ainda assustada pelo choque, mas, pela primeira vez naquela noite, ela sorriu tão linda e verdadeiramente que tudo parecia até ter voltado ao normal.
- Ele está grande, mas tem que dividir um espaço com o irmãozinho dele. – disse ela colocando as duas mãos sobre a barriga. Todos a encararam com surpresa, menos que sorria.
- SÃO GÊMEOS? – perguntou e
- Gêmeos, ? Eu não acredito – disse Stacy e logo ela e Claire foram abraçar .
Ambas choravam e falavam coisas que eu não entendia nadinha; e me encaravam e eu sorria também e logo fui abraçado pelos dois. A única pessoa que permanecia impassível era Annie. Depois de abraçar os caras, a olhei e ela olhava a cena com os olhos semicerrados.
- O que essa garota tem? – sussurrei para os caras e eles deram de ombros.
Logo as mãos desesperadas de Claire e Stacy acariciavam a barriga meio saliente de e elas faziam inúmeras perguntas do tipo “como você descobriu”, “como você reagiu à notícia”, mas a pergunta mais inteligente veio à seguir.
- Como foi que você saiu sem avisar nada pra ninguém? – perguntou Annie encarando .
Ela mordeu o lábio inferior, mas quando seu olhar pousou em mim, seu semblante mudou rapidamente da água para o vinho.
- Suponho que vocês saibam tudo o que aconteceu. Eu não queria contar nada para vocês. Eu senti muita vergonha de tudo o que aconteceu... Senti vergonha de ter me entregado tão profundamente à um cara casado. Eu... Eu não tinha coragem de encarar ninguém nos olhos. Sem falar da raiva que eu estava sentindo.
- Nós sabíamos que ele estava traindo a esposa. – arregalou os olhos para e ele deu um sorriso torto. – Nós soubemos tarde demais, somente quando ele estava gostando de você. – arqueou as sobrancelhas e ele sorriu. – É claro que a gente sabe que ele gosta de você. Não só gosta como ama.
- Nós somos amigos do há muito tempo. Conhecemos ele desde o tempo que era solteiro. Melissa foi um encosto que passou na vida dele. – disse . – Nós todos tínhamos muita dificuldade de nos enturmar com Melissa. Ela pensava que nós éramos mal caminho pro rapaz aqui. – ele disse dando tapinhas nas minhas costas.
abriu a boca para dizer algo, mas foi mais rápido.
- Então ela começou a querer proibir a gente de andar com o – disse de cara fechada. – Ela era um verdadeiro pé no saco. Então, a gente percebia que não estava mais querendo ela tanto como antes. A gente avisou pra ele não casar com ela, mas ele casou por insistência dela e porque achava que estava realmente apaixonado.
- Então depois que ele jogou tudo pro alto, – continuou – ele veio pedir minha ajuda pra tentar resolver um pequeno problema com...
- Essa parte eu conheço. – disse dando um sorriso pequeno.
- E então ele conheceu você. – disse . – Em nenhum dos anos que eu o vi se relacionar com diferentes mulheres, eu nunca o vi gostar tanto de uma garota como gostava de você. quase nunca se entregava à uma paixão, ele se entregou à Melissa porque eles iam se casar... Mas mesmo assim ele se enganou com ela. Mas com você não. Ele se entregou na hora.
- O cara não parava de falar de você. – disse . – Era pra cá, pra lá... Ele estava ficando doido.
- Mas ele tem toda a razão. – disse . – Olha o mulherão que ele arranjou!
- CALA A BOCA! – eu e Annie gritamos ao mesmo tempo, mas ficou surpreso e encarou Annie com o olhar travesso. Era claro que ela deu uma puta bandeira agora.
sorriu de leve e então Stacy tomou a fala.
- Quando eu soube de tudo, eu fiquei louca da vida. Na verdade, nós três ficamos. Mas a gente acompanhou tudo de perto, . Você sabe que eu sou desconfiada que nem você em tudo o que se diz de relacionamento... Mas eu vi o quanto gosta de você... O quanto ele quer ficar com você, o quanto ele quer ser pai. A gente sabe que isso é tudo o que você sempre quis. – agora as lágrimas banhavam o rosto de por completo. Ela sentou numa poltrona e começou a chorar baixo. – A gente quer mais do que tudo ver você feliz. – disse Stacy ajoelhando em frente à . – Você acha que entregaríamos você pra um malandro, safado qualquer? Claro que não.
levantou os olhos para Stacy e sorriu. Logo Claire veio e se ajoelhou também.
- Lembra quando a gente estava no segundo ano do colegial e você me falou que Max Wermann não prestava? Lembra que eu era uma cabeça-dura que sempre ia atrás dele enquanto você dizia pra mim: “Para, Clair. Ele não te merece. Ele é um safado.” sorriu, certamente se lembrando. – Eu te escutei e me livrei de uma. E hoje eu posso dizer que eu sou muito feliz ao lado de uma pessoa muito especial. – nessa hora teve uma crise de tosse tão forte que teve que mostrar a cozinha para ele tomar um pouco d’água. – Você acha que depois de tudo o que você fez por mim, toda a ajuda em relacionamentos... Acha mesmo que eu estou aqui dizendo que o te ama à toa? Com certeza não. Eu estou aqui te dizendo, com toda a sinceridade do mundo, amiga... Dá uma chance pra ele. Ele errou, mas ele já pagou muito caro pelo que ele fez. Vocês dois merecem uma chance para serem felizes.
E então Annie chegou, segurando pelas mãos e levantando-a. Logo, ela tocou na barriga de e deu um sorriso tão amigo, tão acolhedor que eu tive que piscar algumas vezes pra crer que Annie estava agindo daquela forma tão amável.
- Você deve imaginar que quando eu descobri toda essa história, eu fiquei louca da vida com esse cara, não é? – sorriu alto, certamente imaginando a reação da amiga. – Você sabe que a pessoa tem que realmente provar que está falando a verdade à ponto de eu acreditar. – eu prestei atenção em Annie e senti meu coração bater mais forte. – E eu acreditei nele. Em todas as palavras que ele disse. E acreditei mais ainda quando vi o quanto ele estava sofrendo por você ter sumido, grávida, sem ter deixado pista alguma. Ele ficou desnorteado sem você, ele não sabia mais o que era viver. Ele só saía pra trabalhar porque ele sabia que teria uma mulher e um filho para sustentar. Era isso que deixava ele de pé. Ele te ama e eu sei que você também o ama. Pensa em como vocês vão ser felizes quando essas crianças nascerem. , você não percebe? São gêmeos. Isso deixa vocês mais do que ligados um ao outro. Uma criança já é um laço eterno, imagine duas? – Annie apertou mais ainda as mãos de . – Se você não recomeçar a sua vida agora, amanhã pode ser tarde demais. Não deixe a sua felicidade bater na sua porta e ir embora. Ele errou, mas se arrependeu e eu tenho certeza que ele não vai cometer o mesmo erro. Eu acredito na sua vida e acredito na sua felicidade.
- Mas a decisão é toda sua. – disse Stacy com os olhos vermelhos. – Nós não podemos interferir no que você decidir. Apenas queremos que você pense sozinha.
- Nós vamos embora agora. – disse Claire abraçando fortemente. – Queremos que você pense o mais rápido que puder. Estaremos aguardando a sua resposta.
- NÃO! – eu gritei e elas me olharam feio. – E SE ELA FUGIR DE NOVO? EU NÃO QUERO PASSAR POR TODO AQUELE SOFRIMENTO NOVAMEN...
- Ela tem que decidir o que ela quer, . – disse Annie firmemente. – Estourou uma bomba agora bem nas mãos dela. Amanhã você nos liga dando notícias? – hesitou, mas assentiu. – Então estamos indo. Se você não ligar, a gente te encontra nem que você tenha ido para o Japão, entendeu?
sorriu e então todos se despediram dela. Mas quando chegou a minha vez ela apenas ficou parada. Dei um “tchau” desanimado para ela e saí da casa entrando logo no carro de .
Eu sentia nervoso, irritação, mas ao mesmo tempo eu sentia fiapos de esperança surgir em meu peito. Ela havia ficado sensibilizada. E eu não tinha nem palavras para agradecer a todos pelo apoio que eles deram esta noite a nós dois.

***


Eu ouvia as batidas fortes que eram dadas na porta no andar de baixo, mas eu não tinha a mínima vontade de descer para abrir. Abafei os sons colocando um travesseiro em minha cabeça e concentrei-me no sono que estava pesando em mim naquele dia. De todos aqueles meses, era a noite que eu estava dormindo melhor e não queria acordar com alguém batendo na porta da minha casa. Senti o torpor me invadir novamente e logo uma voz conhecida me despertou.
- Acorda, margarida! – disse e eu bufei.
- O que é que você está fazendo aqui? Quem te deixou entrar? Eu estou dormindo, não está vendo?
- Calma, guarda a faca! Não precisa me agredir, ok? Eu vim aqui numa missão superimportante e você precisa levantar da cama agora.
- O que você quer, ? – perguntei com a voz sendo abafada pelo travesseiro.
- Eu acho que você não quer que alguém te veja assim todo descabelado, com a cara amassada, sem escovar dente...
- FALA O QUE FOI! – gritei, ainda com a voz sendo abafada pelo travesseiro.
- Eu tentei, eu tentei, ok? Mas esse cara é muito chato, não acorda nem pra uma ocasião importante como essa! – disse , a voz se afastando e eu dei graças a Deus mentalmente.
Logo senti a cama ao meu lado afundar e eu estava pronto para xingar quem quer que estivesse ali, quando recebi vários beijos que foram distribuídos em pontos diferentes das minhas costas.
A textura dos beijos e dos lábios eram extrema e estranhamente familiar para mim. Eu estava relaxando e tudo não parecia passar de um sonho. Fechei meus olhos me tranquilizando à medida que os beijos ficavam mais frequentes. Logo, recebi uma lufada de ar na altura do pescoço e uma voz doce sussurrava em meu ouvido:
- Pensei que você já tivesse acordado.
Eu saltei da cama e virava minha cabeça para todos os lados à procura daquela voz. Quando virei para trás, dei de cara com quem eu menos esperava...
estava sentada de frente para mim me olhando com aquele olhar completamente safado e ao mesmo tempo apaixonado. Suas mãos estavam pousadas nas pernas e ela arqueava uma sobrancelha ao me olhar.
- Dizem que sexo de reconciliação é o melhor de todos. – ela sorriu safada. – Será que é mesmo?
Arregalei os olhos sem acreditar que ela estava ali na minha frente. Pelo que eu me lembrava, até ontem, ela estava chorando dizendo que não conseguia me perdoar.
- ? – perguntei depois de vários segundos tentando discernir se era realmente verdade que ela estava bem na minha frente. – Eu...
- Shh... – ela disse colocando o dedo indicador sobre os meus lábios, calando-me. – Esquece tudo. – sussurrou. Seu hálito doce batia diretamente em meus lábios. – Esquece todos. Tranca aquela porta e me faça tua... Como nunca antes.
Como se eu tivesse recebido um choque, saí correndo da cama trancando a porta com pressa. Girei a chave até que ela travou na porta e então me virei lentamente olhando para ela. Seus olhos pareciam queimar nas órbitas e isso me encheu de vontade. Mas como é que ela simplesmente aparece aqui na minha casa sem mais nem menos? E então ela se colocou de pé e começou a desabotoar os botões do vestido que ela usava. À medida que cada botão ia sendo aberto, aquele corpo perfeito que havia me matado de saudades aparecia cada vez mais. E depois de longos e torturantes quinze segundos, ela se despiu do vestido deixando-o cair aos seus pés. Eu somente olhava, embasbacado. Passei meus olhos por seus pés, subindo calmamente por suas pernas lisas, suas coxas um pouco mais volumosas que antes e bati na barriga saliente dela. Estava realmente grande para somente quatro meses e meio. Mas o desejo falava tão alto, que eu desisti de encarar a barriga e parti para seus peitos enormes. Eles estavam mais enormes do que eu me lembrava e isso fez com que eu me acendesse por completo. Sem resistir nem um segundo a mais, corri em sua direção abraçando-a forte. Ela retribuiu o abraço com tanta força que eu achei que íamos nos quebrar. Ela suspirava em meu pescoço e distribuía beijos sobre toda a extensão dele e depois murmurou com as palavras sobrecarregadas pelo choro que ela queria que saísse:
- Eu te perdoo. Mil vezes, eu te perdoo. – ela abraçou meu pescoço com força e eu beijava e mordia seu ombro. – Eu não vou conseguir viver nem um dia a mais sem você. A minha vida agora se resume à duas coisas – ela levantou o rosto e me tirou com os olhos vermelhos e eu senti meu coração querer pular de meu corpo. – Você e essas crianças. – ela colocou a minha mão sobre a barriga dela e eu achei que fosse morrer. E então veio a lembrança de todos passando a mão na barriga dela na noite anterior, menos eu. Todos a cumprimentando e a abraçando, menos eu. Ela de bem com todo mundo, menos comigo. Eu não resisti e me ajoelhei diante dela e sem mais nem menos, comecei a espalhar beijos por sua barriga levemente arrebitada. A barriga dela continha algumas pintas, provavelmente resultante da gravidez, mas isso a deixava ainda mais linda. E ali eu via que tudo o que eu mais queria, o sonho que eu tanto queria que se realizasse, estava bem à minha frente. Ela estava esperando dois filhos. E eu era o pai.
- Eu juro... – falei ainda beijando sua barriga inteira. Ela sorria como se não houvesse amanhã. – Eu juro que você não vai se arrepender de ter me perdoado. – e então eu olhei para ela. Seus olhos estavam banhados por lágrimas, mas o que me deixou mais feliz foi que eram lágrimas não de tristeza, mas de alegria, de amor. – Eu juro que você vai ser a mulher mais feliz que esse mundo já viu! Juro que essas crianças vão ser as mais felizes que todos já viram. Eu juro que eu vou ser o marido que você sempre sonhou. O pai que você sonhou para esses bebês. Eu juro.
E então, ela me puxou pelos cabelos da nuca e me beijou. Diferente de todos os beijos que nós já havíamos provado, este tinha gosto de dor, de sofrimento, mas também de alegria, saudade, reconciliação. A língua dela travava uma batalha sem fim com a minha e tudo o que eu mais queria naquele momento era tê-la inteiramente para mim. Tudo o que eu mais ansiava era sentir novamente aquele fogo que havia em todas as vezes que nós transávamos. Ela chupava minha língua alternando com mordidas e sugadas em meus lábios. Eu apertava sua bunda volumosa sem me importar se poderia deixá-la marcada ou não. Nos engolíamos somente naquele beijo que durou mais do que nós esperávamos; mãos corriam soltas pelo corpo um do outro e então ela me empurrou, jogando-me na cama e sentando em meus quadris, onde meu pau já estava mais do que em pé.
- Agora eu quero que você me prove o quanto me quer. – ela disse enquanto desatava o sutiã na parte da frente, entre a fenda enorme de seus peitos gigantes. – Eu quero que você me coma como nunca fez antes na sua vida.
- Será que não vai machucar eles? – perguntei apontando a barriga e ela sorriu alto.
- Deixa de ser idiota. O que mais os médicos recomendam é que as grávidas transem. – ela disse sussurrando sensualmente em meu ouvido. Eu tinha medo de machucar os bebês, eu tinha medo de por um acaso ela ter alguma complicação por isso, mas todo o pensamento de hesitação sumiu quando ela jogou o sutiã longe e seus peitos ficaram completamente nus.
Eles estavam maiores, o que eu imaginava que seria resultado da gravidez. Mas estavam tão mais gostosos que eu não pensei em mais nada, a não ser chupá-los. Agarrei seu mamilo rosado com os dentes e deixei-o escorregar por entre eles. Ela sorriu, fechando os olhos e mordendo os lábios em seguida. “Chupa tudo”, ela dizia e então eu abocanhei o máximo que pude daquela carne deliciosa dela e passei a sugar alternando a velocidade para devagar e rápida repentinamente. Ela jogava os cabelos para trás e esfregava seu quadril sobre meu pênis, que à essa hora estava mais do que duro. Enquanto eu chupava seu peito, trocando-os por diferentes espaços de tempo, ela se esfregava em mim como se eu estivesse a penetrando. Eu sentia espasmos sendo espalhados por todos os membros do meu corpo, sentia o prazer inundar o meu sangue e tudo parecia que ia ferver. Então, levantou-se, arrancou minha blusa e jogou-a em algum lugar do quarto que eu não me atreveria a olhar. Começou arranhando meu tronco enquanto sua língua acompanhava o rastro que suas unhas faziam. Eu sorria e prendia meu lábio com os olhos apertados de prazer. Ela passou a chupar cada espaço de pele que se aproximava do elástico da boxer que eu usava. Seus lábios macios contornaram a linha de pelos abaixo do meu umbigo e logo ela os mordiscou puxando-os.
- Ai, doutora! – exclamei sentindo meu pau dar um salto. – Quer me matar?
- Desde o início. – ela disse erguendo-se sobre meu rosto e dando um puxão com os dentes em meus lábios. Puxou-os tanto que quando foram soltos, um estalo reverberou no quarto que era silencioso, a não ser pela minha respiração descompassada.
Ela arranhou a pele acima do elástico da boxer e logo tirou-a, deixando-me completamente nu. Seus olhos cobertos de desejo fitavam meu pênis e logo passaram por todo o meu corpo, como chamas de fogo e observaram meu rosto.
- Se eu te dissesse que fiquei com saudades do teu gosto, você acreditaria?
Eu sorri alto e logo senti sua língua circular a cabeça do meu pau e eu tremi. Soltei um suspiro baixo, minha boca se abrindo sem que eu pudesse controlar. Ela rodeava meu pau com a língua cada vez mais rápido e eu sentia meus olhos girando por dentro das pálpebras.
- Você não existe! – eu exclamei enquanto ela cuspia por todo ele, para poder abocanhar em seguida. – Ahhh! – gemi quando ela o abocanhou por completo enrolando sua língua por toda a extensão de meu pau. – Vai, chupa que desse jeito... – eu estava perdendo toda a sanidade que havia em minha cabeça. – Só você consegue me enlouquecer.
Ela chupava com muita força e eu senti o desejo de tocar seus cabelos, conduzi-la somente para a minha loucura. Segurei seus cabelos num rabo de cavalo e conduzia seu ritmo para um ainda mais enlouquecedor do que eu imaginava. Então, no meio daquele prazer inigualável que eu não sentia há exatamente quase cinco meses, eu me lembrei que ela quase nunca deixava que eu a guiasse quando ela me chupasse. Ela não havia feito objeção alguma por eu estar guiando-a e logo vi que ela era excelente quando a guiavam, quando a comandavam. Em todas as minhas transas com , quem comandava era ela, até mesmo na transa com . Ela sabia dominar até dois homens experientes. Mas hoje tudo seria invertido. Eu que iria comandar. Ela que iria sentir o prazer que ela me proporcionava toda vez que transava comigo. Só que em dobro.
Num súbito, eu troquei de lugar com ela e fiquei por cima. Os lábios dela estavam vermelhos e úmidos e seus olhos num misto de surpresa, confusão e sacanagem. Arqueei a sobrancelha sorrindo safado para ela, que retribuiu o sorriso, fechando os olhos e apertando os mamilos rosados com força. Encostei meus lábios aos dela, mas quando ela tentou os capturar para me beijar, eu me afastei. Ela me encarou irritada.
- O que você está fazendo? – perguntou com o rosto franzido em confusão e nervoso. Cheguei em seu ouvido e soprei:
- Dominando. Você não queria que eu te comesse como eu nunca fiz na vida? Quem manda nessa porra aqui hoje, sou eu!
- Está esperando o que, então? Você que é o responsável pela minha loucura. – ela pingando luxúria e eu não aguentei.
Beijei-a como se esse fosse o último beijo que eu daria numa mulher. Sua língua esfregava na minha com força e rapidamente, nossas cabeças moviam-se descontroladas uma em direção à outra com violência. O beijo estava tão acelerado que eu sentia meus lábios sendo arranhados pelos dentes dela, talvez de propósito. Passei os beijos para seu pescoço que cheirava levemente à um perfume doce, com certeza novo. Eu estava tentando me lembrar da barriga pontuda dela, tentando ao máximo não jogar meu peso todo por cima do seu corpo, como eu faria num dia qualquer. Chupava a pele de seu pescoço sentindo o gosto doce do perfume e da pele dela invadir meu paladar. Rolei os olhos com aquele gosto magicamente perfeito que era o perfume dela misturado com outro de marca. Passei minha língua pelas veias saltadas de seu pescoço e me dirigi para a fenda que seus peitos enormes faziam. Passava os dentes por todo o espaço de pele que encontrava e então penetrei minha língua por entre a fenda de seus seios e fazia movimentos abstratos. Desci por seu tronco, parando bem aonde a barriga ficava mais saliente pela gravidez. Beijei toda a extensão de sua barriga, trocando os lábios pela língua em alguns momentos. Desci uma mão até o cós de sua calcinha e torci o tecido com o dedo, soltando-o depois fazendo ela arquear as costas. Suas mãos estavam nos meus cabelos, puxando-os, mas também os amaciando. Fiz o contorno de sua vagina com o dedo e a senti úmida o bastante para o meu bem. A vagina dela queimava de tanta excitação e eu dei um beliscão em seu clitóris quando o encontrei por cima da calcinha. Ela gemeu alto e arqueou ainda mais as costas. Eu continuava a beijar sua barriga e fui descendo para sua vagina. Tirei a calcinha com um rasgo forte e ela soltou um gemido mais alto que fez o silêncio do quarto se dissipar por completo. Quem quer que estivesse na sala conseguiria ouvir os gemidos que ela produzia. Ao ver que estava enlouquecendo cada vez mais, eu me lembrei do ciúme que eu senti quando ela sugeriu o ménage com . E então um filme de tudo o que passei com veio em minha mente. Quando a encontrei pela primeira vez, quando transei com ela pela primeira vez, quando eu estava começando a gostar dela, quando eu me apaixonei perdidamente, quando ela me contou que estava grávida, a declaração de amor e quando ela sumiu. O medo que eu senti quando ela me repeliu com o olhar, quando ela não estava disposta a me perdoar... A dor da perda me consumindo completamente. E agora, ela estava nos meus braços, grávida de gêmeos e sentindo prazer apenas por eu a tocar. Ela não estava enlouquecendo de prazer por , não estava gemendo em alta voz por qualquer outro homem que ela tenha se relacionado. Não. Ela estava ali toda para mim. E foi a mim que ela escolheu viver a vida inteira dela. Foi a mim que ela escolheu para ser pai dos filhos dela. Eu não podia perdê-la nunca. Eu nunca mais iria errar com ela.
E com essa promessa dentro de mim, eu encostei meus lábios sobre sua vagina molhada abrindo caminho entre os grandes lábios com minha língua e penetrando-a inteira por dentro dela. Ela arqueou as costas gemendo e logo vi seu dedo descer até o clitóris e esfregá-lo com momentos circulares e rápidos. Fechei os olhos sentindo o gosto de seu corpo invadir minha boca e passei chupá-la com mais força. Logo substitui seu dedo pela minha língua que umedecia ainda mais seu clitóris inchado e com dois dedos, penetrei sua vagina encharcada por saliva e excitação. Inicialmente, eu a penetrava devagar, fazendo junção ao ritmo de minha língua em seu clitóris, mas quando ela gritou “Vai mais rápido, filho da puta”, eu aumentei a velocidade alternando com a língua, ora eu ia devagar com a língua e rápido com os dedos e vice e versa. Ela gritava obscenidades de tanto prazer e cada vez que eu enfiava os dedos mais fundo ela arqueava ainda mais as costas. Penetrei logo mais um dedo dentro dela e senti-os sendo inteiramente molhados. Ela soltou uma respiração aliviada, mas a intensidade de seu gozo era surpreendente. Logo tirei meus dedos e passei minha língua por toda a extensão de sua vagina, tentando sugar o máximo possível de gozo que me era permitido. Assim que seu gosto doce e viciante estava em cada parte de minha boca, senti ela pegar os dedos que eu a penetrava e chupá-los inteiros. Sua língua movia-se rapidamente sobre eles e seus dentes raspavam dolorosamente deliciosos sobre minha pele. Eu fechei os olhos e logo ela subiu em cima de mim me beijando com força. Cada beijo que nós dávamos daquela hora pra frente era um mais acelerado que o outro. Entrelaçávamos nossas línguas para fora das bocas apenas para sentir como era perfeita a junção de nosso beijo. Logo, ela sentou em cima de meu pau e esfregava sua vagina nua por sobre ele. Eu fechei os olhos e logo ela segurou meu pau e encostou a entrada de sua vagina nele. Prendeu as pernas em meu quadril, agarrou os peitos e foi descendo lentamente pela extensão de meu cacete, me deixando entrar nela por completo. Assim que sua vagina havia engolido meu pênis até o talo, ela contraiu os músculos internos apertando o redor de meu pau inchado e eu gemi.
- Você ainda está no controle, ok? – disse ela, sorrindo debochada. – Mas eu não abro mão de mostrar pra você quem é que é manda e sempre mandou aqui.
Eu ia contestar, lógico, mas no momento que abri minha boca para proferir palavras de discórdia, ela apertou ainda mais os músculos me fazendo perder a linha do raciocínio. E como se ela soubesse que eu pedia mentalmente para ela se movimentar logo, ela ergueu o corpo para cima, fazendo com que quase todo o meu pênis ficasse de fora e depois sentou nele com um baque em minhas coxas. Senti meu pau vibrar dentro dela e coloquei minhas mãos na cintura dela, tomando cuidado para não apertar demais. Logo, ela ia aumentando a velocidade das estocadas e eu a ajudava na penetração, erguendo meu quadril quando ela descia. O contato de nossos sexos fazia um barulho excitante e nossos gemidos se juntavam à medida que ela descia, me sentindo completamente dentro dela. Ela aumentava ainda mais a velocidade e cavalgava com grande vontade sobre o meu colo e eu sentia meu corpo pingar de suor. Joguei a cabeça para trás no travesseiro, minhas mãos acariciando a cintura dela até a parte pontuda de sua barriga. Ela começou a se movimentar mais devagar e então eu me sentei, encostando minhas costas na cabeceira da cama e arrumando o corpo dela em meu colo. Ela passou a língua em círculos pelos meus lábios e eu a prendi com meus dentes. Logo ela sentou sobre meu cacete de novo e começou a se movimentar, seus peitos balançando à medida que a velocidade aumentava. Ela continuava me beijando enquanto subia e descia em meu colo, suas mãos entrelaçadas em meu pescoço e as minhas apertando sua cintura e sua bunda. Quando ela partiu o beijo com uma mordida levemente forte em meu lábio, jogou a cabeça para trás, fechando os olhos e mordendo tanto o lábio inferior que ele chegou a ficar branco. Ela subia e descia apertando meu cacete com os músculos e eu gostaria de saber como é que ela fazia aquilo tão bem. Então eu abocanhei seu peito e passei a chupar com força enquanto ela não parava de se movimentar sobre mim. voltou a murmurar palavrões que cada vez ficavam mais ininteligíveis à medida que eu chupava seu seio com mais força. Trocava de peito cada vez que tinha oportunidade e logo uma de minhas mãos desceram sobre seu corpo esguio, ressaltado apenas pela barriga e encontraram seu clitóris inchadíssimo, precisando de atenção. Espremi-o e beliscava fazendo ela sentir leves tremores pelo corpo, nos quais eu também sentia. Logo senti meu pênis ser coberto por um liquido quente e ao sentir aquele gosto viciante em minha língua, eu não me aguentei, misturando meu gozo com o dela. Depois de várias jorradas de sêmen para dentro do corpo de , eu me encostei de vez na cabeceira da cama respirando descompassado e ela estava do mesmo jeito, apenas com a cabeça levemente repousada em meu peito.
- Você me surpreende a cada vez que eu fico contigo. – ela disse depois de uns minutos recuperando a fala. – Toda vez sempre é melhor que a anterior.
- Eu? Você que me surpreende. – eu disse rindo. – Na verdade, eu que queria te dominar hoje, mas você sambou na minha cara.
- Que idiotice. – ela disse rindo alto. – Você terá muito tempo pra tentar me dominar, Sr. mura).
- Ah, é? – perguntei fingindo uma expressão confusa.
- Quando nossos filhos nascerem... – ela disse em meu ouvido. – Quando a gente ficar noivos, quando a gente casar... Quando o tempo passar a gente envelhecer juntos... – eu fiquei estático e arregalei os olhos. Eu tinha escutado direito?
- O que você quer insinuar? – perguntei realmente confuso e sentindo meu coração bater bem forte.
- Não estou insinuando. Estou afirmando que a gente vai se casar. A não ser que você tenha alguma dúvida sobre...
- NÃO! – gritei e logo ela sentou ao meu lado sorrindo divertida. – VOCÊ ESTÁ ME PEDINDO EM CASAMENTO? MAS EU QUE IA FAZER ISSO!
- Eu fiz primeiro. – disse ela virando a cara. – Vai dar uma de machista agora? – eu a olhei ainda exasperado e ela sorriu. – Por que você não cala a sua boca e me dá um beijo? Afinal, estamos noivos.
E então eu a beijei , mas ao mesmo tempo eu não acreditava no que estava acontecendo. Eu tinha acabado de ter uma reconciliação memorável com , ela havia me perdoado, eu iria acompanhar de perto a gravidez que eu tanto havia sonhado para a mulher que eu amava, iria criar os meus filhos junto dela e, do nada, ela me pede em casamento. Eu nunca imaginava, há cinco meses, que eu iria encontrá-la, que eu seria pai de gêmeos e que depois de tanto sofrimento, de tanta solidão, tanta dor, eu iria casar novamente. Mas a diferença era que iria casar com a mulher que eu amava, que estava esperando dois filhos e que além de tudo, eu iria ser tão feliz como eu nunca fui na vida.

***


Duas semanas depois...
A sala de espera onde estávamos era muito bem arrumada. Uma mesa de centro estava posta no meio da sala com várias revistas de Medicina, bebês, famosos, entretenimento e jornais. Eu resolvi pegar um jornal para ler enquanto esperava olhando tudo ao redor. Eu não conseguia ler nada do que estava escrito, a ansiedade para ver a ultrassom me corroia por dentro.
- ? – ela me olhou. – Será que vai demorar muito? Eu estou ansioso demais...
- Calma, . Eu não sei como funciona nada aqui. É a primeira vez que eu venho nesse hospital, eu fazia pré-natal lá perto da casa onde eu estava.
Eu balançava a perna sem parar e estava ficando incomodada com toda essa afobação. Cinco minutos depois, uma voz mansa falou pela sala.
- Srta. levantou e sorriu, entrelaçando seus dedos nos meus. – Olá, sou a Dra. Eliza Macklain. – sorriu simpática, abrindo a porta do consultório para que a gente entrasse. – Sentem-se aqui, por gentileza. – agradeceu ainda segurando minha mão trêmula. Ela olhou para mim sorrindo, me encorajando com o olhar. – Oh, vejo que sua barriga já está bem crescidinha, não é?
- Estou com cinco meses. E também estou grávida de gêmeos. – disse passando a mão livre sobre a barriga já maior.
- É, estou vendo na sua ficha. – disse a médica sorrindo para e depois começou a perguntar uma série de coisas.
A Dra. Eliza Macklain lembrava muito a Sra. Lovett, a recepcionista do hospital onde trabalhava. Tinha um ar de mãe que acolhia a todos sem exceção. A maneira como ela falava com mostrava o quanto ela se importava com uma grávida que aparecesse no consultório dela. Observei e como ela sorria feliz toda vez que respondia alguma coisa sobre os bebês, o que o médico antigo havia lhe dito anteriormente, os cuidados que ela estava tomando... Era absolutamente perfeito ouvi-la falar dos nossos filhos com tanto amor e carinho como ela dizia.
- E o que o papai acha de ver os filhos agora? – me deu um cutucão e apontou com a cabeça para a médica. – Vamos ver como os bebês estão?
- Claro! – exclamei levantando rapidamente e fazendo-as sorrir. – Eu estou ansioso para ver!
Uma enfermeira entrou com numa porta que havia no consultório e a Dra. Macklain pousou suas mãos em minhas costas me levando para o outro lado do consultório, onde havia uma pequena sala com um armário branco, mais à frente uma maca e ao lado um monitor parecido com o de um computador onde vários fios estavam ligados. Ela puxou uma cadeira alta e colocou do lado oposto ao monitor, mas ao lado da maca de .
- Você pode se sentar aqui, tudo bem? – ela apontou a cadeira. – irá deitar aqui para realizar o exame. – ela sorriu simpática para mim e eu mordi o lábio inferior sentando, apreensivo, na cadeira que ela arrumara.
Esperamos por uns minutos e logo ela apareceu usando uma capa azul, que parecia um vestido. Era abotoado em alguns pontos, porém nenhum perto o bastante da barriga. Ela sorriu para mim e com a ajuda da enfermeira, deitou-se na maca e segurou minha mão suada. Ela sussurrou um “fica tranquilo” ao ver minha expressão de nervoso e então olhei para a doutora que preparava os aparelhos.
- Prontos? – perguntou sorrindo e nós assentimos. – Com licença, querida. – ela desabotoou dois botões e então a barriga de ficou completamente visível. – Vai sentir um friozinho, mas logo passa. – assentiu e ela espremeu um gel incolor sobre a barriga de minha noiva e a senti apertar minha mão com força. Eu apenas observava a Dra. Macklain trabalhar enquanto não tirava os olhos do monitor. Então pegou o aparelho de ecografia e posicionou por cima do gel espalhando por onde a barriga de estava grande. – Olhem eles aqui. – ela apontou com o dedo o monitor onde apareceu uma imagem, que para mim era borrada de preto e cinza.
- Eu... Eu não consigo distinguir nada. – falei sem graça e elas sorriram.
- É normal, meu amor. – disse , beijando minha mão. – Eu com cinco meses não consigo distinguir muita coisa.
- Vocês já sabem o sexo deles? – perguntou a doutora nos observando por baixo dos óculos e negou.
- Das vezes que tentei ver, eles nunca cooperavam.
- Acho que hoje eles estão do lado de vocês então. – disse ela, sorrindo, e voltando a olhar para o monitor. – Porque hoje estou vendo o sexo dos dois.
- TÁ BRINCANDO? – exclamamos juntos e ela sorriu.
- Querem que eu diga ou preferem surpresa para a hora do parto?
- Eu gostaria de saber agora. – falei e olhei para que tinha lágrimas nos olhos. – Pode, amor? – ela sorriu para a médica e ela olhou para o monitor retribuindo o sorriso.
- Bem, eu acho que vocês vão ter que arranjar dois quartos, sabe? Acho que o menino não vai gostar de ter cor de rosa no quarto dele. – ela disse olhando para nós e então eu entendi.
Era um menino e uma menina.
sorria alto e chorava ao mesmo tempo enquanto eu sentia as lágrimas descerem silenciosas pelo meu rosto.
- Um casal?! – perguntou e me olhou. – Vamos ter um casal, . Tudo o que eu queria. – disse ela beijando minha mão.
Eu olhei para a médica e ela sorria ternamente em minha direção. Logo em seguida, batidas em diferentes tons tomaram conta do ambiente e chorou mais ainda.
- São... São eles? – perguntei e a médica assentiu. O som dos coraçõezinhos deles batiam na mesma velocidade, mas não ao mesmo tempo, o que ocasionava os sons diferentes. Então a preocupação me atingiu. Será que eles estavam realmente bem? – Eles estão bem, Dra. Macklain? Não tem nenhum perigo de, por um acaso, eles se machucarem nem nada do tipo, eu estou nerv...
- Calma, querido. – disse a doutora com a voz calma, mas divertida. – Mais bem do que eles estão, não é possível. Eles estão mais seguros do que nunca. está cuidando muito bem deles. Mas é claro que a sua ajuda vai fazê-los ficarem cada vez melhores. – ela sorriu e depois apertou um botão na máquina do monitor. – Vocês querem uma foto? Posso imprimir uma especial agora que eles estão bem visíveis.
Eu e concordamos rapidamente, sem delongas, e então a médica imprimiu uma foto pedindo para a enfermeira guardar em uma pasta, junto com os dados da consulta. Ainda chorando, me beijou tão terna e apaixonadamente que eu senti como se nada no mundo me faltasse. E talvez não faltasse mesmo. Eu tinha minha mulher, meus filhos. A única coisa que tinha que acontecer para tudo ficar perfeito era o nosso casamento, que segundo o que combinamos, iria acontecer depois que os bebês nascessem.
- Vamos contar para o pessoal? – disse ela sorrindo vendo a foto da ultrassom. Estávamos voltando para casa.
- Claro. Podemos nos reunir e comemorar, afinal, você disse que era a primeira vez que eles se mostravam, não é? – perguntei olhando-a rapidamente antes de me focar na estrada.
- É. Tentei vê-los por muitas vezes. Mas eles nunca cooperavam. – e então ela segurou minha mão entrelaçando nossos dedos. – Mas eu sinceramente acho que eles estavam esperando a hora em que o pai deles ia estar presente.
- Oi? – perguntei nervoso pela afirmação dela. – Será mesmo?
- Não tenho dúvidas. Dizem que os bebês sentem quando a mãe está bem ou não... Eu acho que eles sabiam que eu estava mal. Sabiam que eu estava sentindo a sua falta. Eu chorava todos os dias, . Não passava um dia em que eu não chorasse por você.
- Eu me arrependo profundamente de ter te exposto a todo esse sofrimento. – falei sentindo o coração doer, semelhante à saudade que eu sentia de há duas semanas atrás. – Eu fui fraco e escondi a verdade o tempo todo. Eu... Eu nem sei expressar o quanto eu me arrependo.
- Você me provou de um jeito muito melhor do que palavras... Exatamente como eu queria. – ela disse sorrindo e eu a fitei. – Você enfrentou tudo para me encontrar. Pensou em mim em todos os momentos que até reuniu minhas melhores amigas. Aquele dia que elas e os meninos chegaram lá e me falaram todas aquelas coisas...
- Eu juro que não fui eu quem pedi para eles irem. – disse, antes que ela desconfiasse que eu havia ensaiado tudo. – A única pessoa que estava comigo ali era o . – então eu compreendi. – MAS É CLARO! Ele que chamou todas aquelas pessoas para me ajudar! Sabe... Teve uma hora que ele saiu do carro para fazer uma ligação e ele me fez esperar quase o tempo da viagem daqui para lá...
- Eu nem tenho palavras para agradecer à eles. Eu realmente te amo, , mas naqueles tempos sombrios eu queria que você morresse, sinceramente.
- Eu posso entender. Mas não tem nada melhor do que estar bem com você de novo. – beijei sua mão. – Hey! Posso saber como você conseguiu os nove meses de férias e ainda mais a licença maternidade? – ela sorriu alto e mexeu no meu anel de noivado enquanto falava.
- Aquele escândalo chegou aos ouvidos do diretor do hospital. – arregalei os olhos para ela. – Não fui despedida. O Dr. Ernest Horn estava muito satisfeito com o meu trabalho no hospital. Então ele apenas pediu para que eu descansasse a cabeça e curtisse minha gravidez em paz. Isso foi um segredo nosso. Para todas as vias eu tinha sido afastada do hospital pelo período de gravidez por problemas pessoais, afinal, ele não poderia sair oferecendo vantagens às outras mulheres grávidas que trabalham por lá. Embora que eu me senti culpada, porque menti para ele. Disse que você era um namorado de fora do hospital... Mas eu não podia arriscar meu emprego dizendo que você foi meu paciente.
- Que rolo, . Desculpa... Eu nem sei o que dizer...
- Não diga nada, por favor. Apenas dirige logo para casa que eu estou louca pra ficar com você antes que todos cheguem.
Sorri dirigindo o mais depressa que pude. Ficar com era o que eu mais queria naquele momento depois daquele dia perfeito.

***


Quatro meses depois...
- , para que você está colocando tanta roupa dentro dessa bolsa? – ela me perguntou, mas eu não queria saber.
- Eu quero que eles usem as roupas que nós compramos juntos quando você completou sete meses! – falei fechando a bolsa pesada com as coisas dos bebês.
- , nós só vamos ficar no hospital no máximo dois dias. Só o tempo de eu me recuperar da cesariana. – ela fitou o relógio. – Você vai me fazer chegar atrasada para a cirurgia! Larga essa bolsa quieta.
- Pronto, acabei. – falei enquanto colocava a alça da bolsa sobre meu ombro e ajudava a levantar da cama.
estava com a barriga mais do que enorme. Ela reclamava constantemente do quanto os bebês pesavam, do quanto as costas dela estavam doendo diariamente. Às vezes ela precisava de ajuda para caminhar, mas mesmo quando ela não precisava, eu estava ali para, até se possível, carregá-la no colo. Hoje seria o dia do parto e ela vestia um vestido leve rosa que a deixava bastante confortável (presente meu quando a barriga começara a ficar bastante grande), o cabelo estava preso num coque alto e o dia estava bastante ensolarado. Exatamente como estava o meu humor. Eu não via a hora do parto acontecer.
Ao chegarmos ao carro, ajudei-a entrar e logo corri para o lado do motorista. Liguei o carro depressa e logo partimos para o hospital. Eu estava com tanta pressa que nem os pedidos de “dirige devagar, pelo amor de Deus” me faziam correr menos. Em apenas quinze minutos chegamos ao hospital e na porta já vimos , , , Stacy, Annie e Claire à nossa espera. Antes que eu pudesse sequer ajudar descer, já segurava uma cadeira de rodas ao lado de dois enfermeiros. Eles ajudaram a descer e a sentaram na cadeira.
- Mas, gente, não é necessário. – disse sorrindo. – Eu nem estou com dor.
- vive dizendo que você reclama de dor nas costas. – disse . – Até parece que iríamos deixar você andar com dor, né.
Ela balançou a cabeça negativamente, mas com um lindo sorriso nos lábios. Claire pegou a bolsa de roupas de no carro e colocou em seu ombro enquanto olhava a bolsa dos bebês que eu carregava.
- Pra que tanta coisa, mura), posso saber? – perguntou apontando para a bolsa.
- Eu cansei de avisar, mas ele insiste em colocar dez mudas de roupa para cada bebê e ainda por cima todos os perfumes que eles têm. – disse me encarando.
- Eu não quero que falte nada quando eles nascerem, será que vocês não entendem?
sorriu alto e murmurou um “coruja demais pro meu gosto” que todos concordaram. Fechei a cara para todos e logo entramos no hospital. Preenchemos a ficha de e logo os enfermeiros nos levaram para o andar em que ficava o centro cirúrgico. Ao chegarmos lá, a Dra. Macklain já estava à nossa espera com um grande sorriso no rosto.
- É agora! – exclamou ao nos ver e isso só me deixava mais apreensivo e ansioso. – Estão todos prontos para receberem os gêmeos? – todos assentiram alegremente e então ela olhou para . – Está sentindo alguma dor, querida?
- Não, nenhuma. Mas esses bobos querem que eu ande na cadeira de rodas. – ela disse sorrindo.
- Não tem problema. – sorriu amigável. – Querido, você vai assistir ao parto? – naquele momento me encarou curiosa, pois eu não tinha dito para ela se ia ou não. Fiz uma cara de suspense que deixou apreensiva, como se estivesse com medo de entrar na sala de cirurgia sozinha.
- Mas é claro que eu vou! – exclamei agachando para ficar da altura de e roubando-lhe um selinho. – Você achava que eu ia ficar aqui fora esperando enquanto você entra naquela sala sozinha? – ela agarrou meu pescoço me beijando com força, sem se importar que estávamos rodeados pelas pessoas.
- Eu te amo. – ela sussurrou entre meus lábios e beijou-os mais uma vez. Nossos amigos comemoravam enquanto os enfermeiros levavam para uma sala e eu para outra.
A Dra. Macklain me deu uma roupa azul parecida com a que usava nos exames de ultrassom, uma máscara e uma touca. Indicou a pia em que havia na sala e pediu para que eu lavasse as mãos duas vezes seguidas e as oxigenasse com álcool. Fiz todo o procedimento e então saí da sala rumando para a sala que dizia em letras enormes: “CENTRO CIRÚRGICO”. Entrei dentro da sala e então vi uma grande equipe de médicos que usavam o mesmo uniforme que eu. Naquele momento haviam médicos preparando os aparelhos para a cirurgia, alguns preparando panos azuis e outros medindo a pressão de , que naquele momento, estava deitada com uma touca escondendo seus cabelos e olhava para todos os lados apreensiva. Fui em sua direção e toquei sua mão, mas não vi a aliança de noivado.
- Onde está a aliança?
- Eles guardaram. – disse com uma voz baixa. – Depois vão me devolver. - Ela sorriu para mim e eu vi uma lágrima descer por seu rosto e se perder em direção ao pescoço. Olhei os médicos trabalharem preparando tudo e depois de uns dois minutos a Dra. Macklain chegou perto de nós e acariciou a testa de .
- Está na hora. – disse ternamente. – Pronta? – ela assentiu. – Pronto? – eu assenti e então ela foi lavar novamente as mãos, em seguida colocando as luvas.
Uma cortina azul foi colocada bloqueando a minha e a visão de , deixando a barriga escondida. Ela segurou forte em minha mão e eu encostei minha cabeça à sua, beijando seu rosto de leve. Sussurrava constantemente “eu estou aqui com você, não se preocupe” e sentia mais lágrimas descerem dos olhos dela. Logo, um dos médicos chegou e virou de lado. Ele segurava uma seringa com uma agulha enorme e grossa que eu supus que seria a anestesia. Curioso para saber o procedimento (eu não queria perder nenhum detalhe), acompanhei o anestesista. Ele abriu um pouco o roupão que usava deixando suas costas expostas. Um enfermeiro chegou trazendo um prato fundo com um líquido cor marrom avermelhado e com uma pinça enorme, pegou uma gaze, molhou no líquido e passou por toda a extensão das costas de . A Dra. Macklain estava agachada de frente à , certamente distraindo-a para que não sentisse tanta dor na hora da injeção. Logo que o enfermeiro saiu, o anestesista colocou um pano azul com um círculo aberto sobre as costas de e marcou um ponto com o dedo. Logo ele tirou um líquido transparente de um vidro com uma seringa pequena e injetou nas costas de todo o líquido. Depois veio com a seringa maior e afundou-a pelo mesmo buraco que havia feito com a injeção pequena. soltou um suspiro agudo de dor e eu logo fui ficar com ela. A Dra. Macklain virou com ajuda do anestesista sorrindo levemente para mim e partiu para o outro lado e então ouvi o tilintar de metal sendo mexido. Eu estava realmente curioso; eu queria muito ver o que acontecia além daquela cortina, mas eu não sabia se podia.
- Dra. Macklain? – perguntei incerto e temendo atrapalhar alguma coisa. Ela respondeu com um “diga, querido” – Será que eu poderia dar uma olhada aí? – arregalou os olhos para mim. A doutora autorizou e eu sorri para beijando seus lábios em seguida. – Eu estou aqui.
Levantei e passei da cortina vendo por completo a movimentação dos médicos. Um enfermeiro limpava outra vez os aparelhos de cirurgia e a Dra. Macklain falou:
- Aqueles dois médicos são os pediatras. – ela disse apontando dois médicos que arrumavam uns panos. – Eles vão cuidar dos bebês depois que eles nascerem, tudo bem? – assenti e ela continuou a falar. – O anestesista você conheceu, os que estão vestindo vestes mais claras são os enfermeiros e o resto é a minha equipe. – então ela recebeu um instrumento que parecia mais um estilete e me fitou. – Iremos começar agora. Não tem vertigem ao ver sangue? – neguei e ela assentiu. – Então, vamos lá. – ela falou a última frase mais alto e então todos os médicos e enfermeiros se ajuntaram e ela começou a cirurgia.
Eu olhava para por cima da cortina e via que ela estava acompanhada por dois enfermeiros que constantemente fixavam seus olhos nas batidas do coração dela. Escutávamos o som do coração dos bebês por entre o tilintar do metal e isso me deixava cada vez mais ansioso. Senti o olhar de sobre mim e vi que ela sorria. Eu sorri piscando o olho para ela e logo pousei meus olhos na cesariana. A Dra. Macklain agora tinha marcado o local onde seria o corte e então levou o “estilete” à pele de e fez um corte fundo, que inicialmente não jorrou sangue algum, mas depois uma linha de sangue se formou sobre o corte. Era tanto sangue que eu nem imaginava. Olhei para e ela olhava para todos os lados e então desisti de assistir a cirurgia para ficar com ela. Beijei sua testa que estava levemente molhada de suor e ela fechou os olhos.
- Como está lá? – perguntou baixinho e eu sorri.
- Nada além de muito sangue. – ela mordeu o lábio inferior e logo prendeu minha mão entre seu rosto e pescoço, de uma forma a abraçá-la. Encostei minha cabeça à dela escutando os médicos mexerem-se audivelmente do outro lado da cortina.
Alguns segundos depois, escutei a Dra. Macklain dizer alegre:
- E não é que esse garotão estava com pressa? – e então um choro alto e agudo tomou conta da sala. começou a chorar e eu não me segurei, sentindo a emoção de ouvir, pela primeira vez, o choro do meu filho.
Levantei e vi o cordão umbilical ser cortado e um bebê pequenininho, encharcado de sangue, chorar fortemente.
- Deixa eu ver, doutora, por favor. – pedia chorando e a doutora murmurou um “claro, querida” animado.
Vi o bebê ser levado pelos pediatras e depois sendo trazido embrulhado pelo pano azul, que o deixava ainda menor. Ele apenas gemia, mas ainda ameaçava chorar. O pediatra colocou o bebê nos braços de que chorava e então eu me encostei sentindo meus olhos me cegarem pelas lágrimas que tanto caíam.
Era difícil ver o bebê com clareza em meio às lágrimas e ao sangue que estava acumulado em seu corpo pequeno, mas eu tinha certeza que era a coisa mais linda do que eu já havia visto. E então depois de beijar a testa do bebê várias vezes, olhou para mim entregando-o. Eu arregalei os olhos e neguei. Eu nunca havia segurado um bebê na vida, não um bebê que acabou de nascer. Logo veio um enfermeiro que pegou o bebê e sorriu, me encorajando com o olhar. Eu mordi o lábio inferior estendendo os braços e então o enfermeiro colocou-o em meus braços. Me orientou como segurá-lo e então quando eu menos esperava, meu filho estava seguro em meus braços. Ele era muito leve, mas se movia bastante e gemia alto. Eu encostei meus lábios em sua testa sentindo a fragilidade dele e o abracei escutando-o gemer menos. e aquelas crianças eram tudo para mim. Antes que eu pudesse fazer mais alguma coisa, um choro mais agudo tomou conta dos meus ouvidos e a voz da Dra. Macklain anunciava que a menina nascera. O pediatra sorriu e pegou o menino, que ao sair dos meus braços voltou a chorar, e levou-o para uma porta que havia na sala.
Logo que me virei, vi o outro pediatra trazendo a menina e colocando-a nos braços de que tinha os olhos banhados de lágrimas. Encostei meu nariz no rosto de e analisei a menina. Era mais gordinha que o menino e chorava mais agudo, mas baixava o choro toda vez que a balançava um pouco. Então, o pediatra pegou a bebê me entregando com o mesmo cuidado que o outro médico. Segurei-a e percebi que ela realmente era mais gordinha, mas ainda assim leve. Beijei sua testa demoradamente e então o pediatra a levou por onde o menino também fora levado. ainda chorava forte, mas o sorriso era evidente em cada traço do seu rosto, que estava levemente manchado do sangue dos bebês. Beijei sua bochecha e ela agarrou meu pescoço, virando seu rosto e beijando-me nos lábios.
- Obrigada. – ela sussurrou.
- Eu te amo mais do que tudo nessa vida.
E então eu saí do centro cirúrgico depois de beijá-la mais uma vez.

O quarto onde dormia estava com as luzes acesas, mas não tão fortes. A noite lá fora estava amena e o ar fresco invadia o quarto deixando tudo ainda mais natural. Depois de ter terminado a cirurgia, foi transferida para o quarto onde dormia desde quando havia chego. Apenas uma pessoa poderia ficar dentro do quarto com ela e todos que ficaram lá fora achavam melhor que eu estivesse presente quando ela acordasse. Depois que os bebês foram levados para o berçário logo após os exames de praxe, fomos todos olhá-los pelo vidro que separava o berçário do corredor. Eles estavam vestidos com a roupa que eu queria e eu fiquei extremamente feliz. O menino estava acordado e não parava de se mexer enquanto a menina estava dormindo quieta.
- Já escolheram os nomes? – perguntou Claire baixinho enquanto sorria apreciando os bebês.
- disse que ia me dizer ainda hoje. – falei observando o menino ficar mais quieto e pesar os olhos de sono. Sorri feliz e logo a Dra. Macklain me chamou para fazer companhia à no quarto. Todos estavam ansiosos para vê-la, mas me deixaram ficar com ela até que acordasse.
Eu estava no quarto há quase cinco horas quando mexeu pela primeira vez. Olhei para a cama e a vi levar a mão ao rosto esfregando os olhos. Levantei-me e parei ao lado dela observando-a acordar. Ela sorriu ao me ver.
- Cadê eles, amor? – perguntou enquanto brincava com meus dedos da mão.
- Ainda não os trouxeram, mas acho que vão trazê-los logo mais. – ela assentiu sorrindo de leve. – ? Qual o nome deles?
- Eu pensei no da menina... O do menino você pode escolher. – ela sorriu sonhadora. – Quero que a menina se chame Laura mura).
- É um lindo nome , mas eu não faço a mínima ideia de qual nome colocar no menino. – falei coçando a cabeça em dúvida.
- Eu pensei em Jake ou Phelipe... Acho os dois nomes muito bonitos... O que acha?
- Jake. Não gosto muito de Phelipe. Tinha um garoto na minha sala na oitava série que se chamava Phelipe. Ele era insuportável e todas as vezes que eu ia para a diretoria era por culpa dele. – riu alto. – É verdade, pode perguntar pro .
- Só você mesmo. – ela sorriu. – Pode me ajudar? Eu queria sentar.
- Eu não sei mexer nessa maca. – olhei em dúvida os botões que tinham na cama. – Qual eu aperto? Tem dois botões brancos aqui.
- Aperta o da esquerda, .
Assim que pressionei o botão, a cama de repente virou um encosto e se sentou. Ela agradeceu me dando um selinho e antes que eu pudesse aprofundar o beijo (que era tudo o que eu mais queria), duas enfermeiras chegaram trazendo um embrulho pequeno rosa e outro azul.
- Oh, a mamãe já acordou! – disse uma das enfermeiras. – Boa noite, papai.
- Boa noite. – eu e falamos juntos com o mesmo sorriso enorme. Logo, a enfermeira colocou Laura no colo de que a segurou levando a cabeça da bebê até seu rosto e passando suavemente o nariz pela testa frágil dela. Ela dormia, mas ao sentir o toque da mãe deu um pequeno sorriso. – Ela sorriu , olha só. – falei apontando enquanto passava a unha pelo nariz de Laura, que mais parecia um botão de rosa. Ela gemia confortável e então a enfermeira que segurava Jake parou em minha frente e colocou-o em meus braços.
- Eles são muito lindos, parabéns. – disse e eu agradeci. Ela foi de encontro à outra enfermeira que ensinava à como amamentar Laura da maneira correta. – Depois que ela terminar, ainda tem o outro rapazinho ali. – ela apontou o bebê que estava em meu colo dormindo, ressonando baixinho. – Ele chorou hoje a tarde inteira. Acho que vai dar um pouquinho de trabalho.
sorriu em minha direção, revezando o olhar entre mim e o bebê que dormia em meu colo. Levantei, tomando o maior cuidado para não assustá-lo e me aproximei de e Laura, que mamava depressa.
- Acho que ela estava morrendo de fome. – falou observando a bebê mamar rapidamente. Ela olhou para Jake em meus braços. – Eles são perfeitos, . Eu não estou cabendo em mim de tanta felicidade.
- Você e eles são tudo o que eu sempre sonhei. – e então ela me beijou. Nossas línguas se entrelaçavam com calma e amor, felicidade e paixão... Era indescritível os sentimentos que nos inundavam naquela hora.
- Agora seus amigos estão autorizados à entrarem. Mas só posso autorizar dois de cada vez, tudo bem? – a enfermeira falou e nós concordamos.
Logo, entraram e Stacy e ambos ficaram extasiados pelos bebês. Stacy não largou de Jake depois que o pegou e teve que, praticamente, implorar de joelhos para Stacy deixá-lo segurar um pouco o menino. Assim que eles saíram, Laura havia parado de mamar e então eu troquei com e ela começou a amamentar Jake, enquanto eu segurava Laura esperando que ela digerisse o leite. Assim que trocamos os bebês, entraram e Annie que não desgrudavam de e de mim. Depois que Laura havia digerido o leite, Annie a pegou e revezou com que não abria mão de segurá-la mais do que cinco minutos. Então, quando eles saíram, entrou com Claire e ela rapidamente tirou Laura de meus braços, andando com ela para todos os lados do quarto.
- Ai, que linda. – dizia olhando a bebê que agora gemia baixo. – Ela é tão gordinha, dá vontade de morder. E o menino então? Vocês têm filhos lindos. Mas era impossível ser ao contrário... linda do jeito que é e todo bonitão, forte e...
- Eles são realmente lindos, cara. – disse que não estava prestando atenção no que Claire dizia, apenas olhava Jake que já havia terminado de mamar. – Você construiu uma família perfeita.
- Eu estou tão feliz, cara. Eu não consigo nem dizer pra você o quanto eu estou feliz.
- Eu acredito, . Pode apostar que eu acredito. E você merece toda a felicidade do mundo ao lado da mulher que você ama e dos seus filhos. Sempre torci por você
- Obrigada por tudo. Por ter me ajudado a conquistar , ter me ajudado a chegar até aqui... Eu nunca teria conseguido sem vocês.
Então recebi o abraço que eu tanto precisava. O abraço de um irmão, de um amigo, de um companheiro. Por toda a eternidade, eu iria dever a minha vida à todos os meus amigos e as meninas que tanto me ajudaram. Pelo amor que eu sinto por e pelo apoio dos meus amigos, eu estava hoje com meus dois filhos nos braços e me sentindo a pessoa mais feliz do mundo.

Chegamos em nossa casa (estávamos morando no apartamento de , pois minha casa antiga eu havia colocado para aluguel). Eu segurava Jake e segurava Laura. Eles estavam com dois meses e acabávamos de voltar de um exame rotineiro que o pediatra exigia para ver como tudo estava com os bebês. A nossa vida não poderia estar melhor. Nossos filhos eram a melhor coisa que havia acontecido conosco. Laura com certeza seria escrita. Ela já nascera com os cabelos da mãe e os olhos claros,que eram enormes, enquanto que Jake tinha os cabelos como os meus, porém os olhos claros e grandes de . Laura ainda era um bebê gordinho, mas era miúda. Já Jake era menos cheinho e parecia uma pena de tão leve. andara preocupada com o tamanho dos bebês, mas o médico nos assegurou que dos três meses em diante eles iam crescer bastante.
Subimos a escada em rumo ao quarto e então colocamos os bebês em nossa cama.
- Laura está começando a pesar. Ela está bem gordinha, você não acha, amor? – perguntou observando a bebê remexer-se na cama enquanto apertava com força a frauda de pano que segurava.
- Ela sempre foi gordinha, desde que nasceu. – falei passando o nariz sentindo o cheiro gostoso de bebê que ela exalava. – Será que é de preocupar? Devíamos ter perguntado ao pediatra, não?
- Acho que não. Com o tempo ela fica menos cheia, não é minha fofa? – disse deitando-se ao lado de Laura e beijando sua bochecha pequena rosada. – E você... – disse pegando Jake no colo deixando-o em pé em sua frente. – Quando você vai deixar o papai e a mamãe dormirem à noite? Quando você vai parar de chorar?
Ao contrário de Laura que era calma até demais, Jake fazia um escândalo sem fim quando chegava de madrugada. Toda vez, entre três, três e meia da manhã ele acordava chorando, que chegava a ficar vermelho. Eu morria de dó quando o via chorar, mas o que o acalmava era o meu colo ou o peito da mãe. Pior era quando Laura acordava com os gritos dele e colocava a boca no mundo chorando também. Laura era viciada no colo de , toda vez que eu a segurava ela gemia e ameaçava chorar, apenas melhorava o humor quando eu a balançava, da mesma forma que fazia. Enquanto Laura pegava no sono, resolvemos dar banho em Jake antes que ficasse tarde e ele começasse a chorar. Mas não deu outra, ao colocarmos na banheira, ele chorou tanto que tivemos que agilizar o mais rápido que pudermos. Ao contrário dele, Laura não deu trabalho algum, apenas fechava a cara quando jogava um pouco d’água na cabecinha dela.
Ao anoitecer, estava amamentando Jake enquanto eu segurava Laura, que já havia mamado, e balançava em sua frente um ursinho de pelúcia rosa que eu havia comprado para ela.
- O que tanto você pensa? – me peguei perguntando à ao vê-la distraída enquanto Jake dormia em seu braço.
- Penso em como o mundo dá voltas. – ela me olhou e eu franzi a testa. – Penso em tudo o que aconteceu desde que você entrou na minha vida. Tanta coisa mudou...
- Espero que tenha sido para melhor. – falei sorrindo, mas ela continuou a falar, como se não tivesse escutado o que eu havia dito.
- Eu nunca imaginava que eu iria ter filhos ou me casar com um paciente. – ela disse sorrindo e passava o dedo pelo rosto de Jake. – Nunca imaginava que fosse me entregar tanto como eu estou entregue agora. – então ela me olhou. Seus olhos estavam úmidos e enquanto ela falava, eu via a sinceridade exposta ali. – Na verdade, eu me entreguei tanto que quando aquela mulher chegou no consultório dizendo que você era marido dela, eu não queria acreditar. Eu não conseguia crer que você tinha me escondido isso. E então eu me descontrolei quando percebi que tudo aquilo era verdade, quando me vi grávida e percebi que, provavelmente, eu iria ficar sozinha. E eu confesso que queria ficar. – nessa hora eu a olhava e nem Laura se mexendo no meu colo me fazia desviar o olhar. – Eu não queria te ver na minha frente... Então, a única alternativa que eu tive era fugir para um lugar onde você nem ninguém me encontrassem... Eu estava disposta a mudar a minha vida inteira só pra não te ver nunca mais. – ela fungou baixo e deixou algumas lágrimas caírem. Olhei Laura e ela devolveu o olhar. – Eu chorava todos os dias e todas as noites... E quanto mais longe eu ficava de você, eu percebia que iria te amar cada dia mais. E quando eu já não estava suportando de saudades, eu fui até aquela loja no shopping com a esperança de pelo menos te ver mais uma vez... Eu não te achei e então voltei para casa e chorei mais um pouco. Mas naquele dia que você me seguiu, eu tinha ido com uma esperança que eu nunca havia sentido na vida.
- Eu senti a mesma coisa. – falei lembrando-me daquele dia. – Eu estava mal, mas de repente senti uma vontade imensa de sair... Eu sabia que tinha alguma coisa que eu precisava ver... E então chamei e ele me acompanhou.
- Eu ainda estava com muita raiva de você, . Por isso agi daquela forma rude com você... Eu queria uma explicação, mas ao mesmo tempo não queria entende? – ela sorriu e eu sorri de volta.
- Eu fui um tremendo paspalho. Eu deveria ter te contado toda a verdade, mas eu tive tanto medo de te perder que... Quando eu vi, você já estava me contando que estava grávida. Eu ia jogar tudo pro alto, eu juro. Mas aquela maluca entrou e estragou tudo...
- Eu adoraria ver a cara dela quando ela soubesse que nós estamos juntos e com dois filhos. – ela disse com um olhar maldoso.
- E eu não quero ver a cara dela nunca mais. – falei levantando Laura e colocando-a em pé em minha frente. – Eu quero viver em paz com as coisas mais lindas que um dia eu pude ter na vida. – eu disse beijando Laura que sorriu. Abracei minha filha com todo o amor e carinho que eu sentia naquele momento. se levantou colocando Jake no berço que havia do lado de nossa cama e cobriu-o deixando-o dormir. Laura fraquejava os olhos de sono, então prendeu a chupeta na frauda de pano que ela tanto gostava e a colocou no berço e a deixou pegar no sono. Esperamos até que ela dormisse e então deitamos em nossa cama abraçados. A cabeça de estava encostada em meu peito e eu mexia em seus cabelos.
- Eu te amo mais que tudo. – ela disse erguendo-se e olhando para os meus lábios. – Tudo o que nós passamos só fortaleceu o que eu sempre senti por você.
- Ninguém separa aquilo que já estava escrito para acontecer. Nada nesse mundo vai separar a gente. – eu disse passando meus lábios sobre os dela.
- Nem uma psicóloga bonitona? – ela perguntou arqueando a sobrancelha.
- Nem a mulher que está no top de mais lindas. Porque eu já tenho a mais linda do mundo inteiro comigo.
E então nós nos beijamos e ali eu tive a certeza mais concreta da minha vida:
Eu havia conquistado tudo aquilo que eu sempre quis. Reconquistei o amor da minha vida, ganhei os filhos que eu tanto sonhei e a felicidade indescritível de viver um grande e verdadeiro amor.




Eu andava para lá e para cá e as muitas pessoas ali presentes me encaravam. Eu não estava me importando com ninguém me encarando ou percebendo o meu estado de nervosismo. Eu apenas estava preocupado com uma coisa: Será que viria?
Eu estava parado em frente àquela igreja sentindo aquele terno branco me sufocar. Eu folgava a gravata de segundos em segundos e o suor teimava em descer pelo meu rosto, por mais que eu o enxugasse com o pano de tecido muito branco que eu guardava no bolso da calça.
- No casamento com certa pessoa você não suava tanto. – disse , parando do meu lado e fazendo poses para os fotógrafos que não paravam de tirar fotos de tudo ao redor.
- Talvez seja porque certa pessoa não significava nada para mim. – falei olhando para todos os lados. – Será possível que ela não vai vir?
- Calma, chapa. Sua noiva deve estar chegando. Você tem que parar de ser ansioso, . – disse me encarando. – Se você ficar com essa negatividade, é capaz do vestido dela rasgar na última hora ou ela encontrar aquele tal de e fugir...
- DÁ PRA PARAR? – gritei e ergueu os braços em rendição. – Você não está vendo que eu estou nervoso pra caralho aqui?!
- Ok, ok. – disse saindo e logo chegou semicerrando os olhos para que ia atrás de Annie, que batia o pé furiosa esperando-o.
- O que aquele pé no saco estava falando?
- Nada de interessante ou animador. – enxuguei o rosto com o pano novamente e logo ouvi a voz de Stacy:
- ELA ESTÁ CHEGANDO, ELA ESTÁ CHEGANDO! ANDA NISHI, ARRUME A SUA POSIÇÃO!
E então eu senti meu estômago despencar. Eu vi o carro enorme em que iria chegar na igreja, mas ele parou longe o bastante para que eu não conseguisse ver nada que estivesse dentro. E então todos que estavam fora da igreja se colocaram para dentro, menos o pastor que iria celebrar o casamento, os padrinhos e eu. Logo, todos lá dentro se levantaram e uma música suave começou a tocar e então o pastor entrou carregando uma Bíblia em suas mãos. Os passos dele eram dados com graciosidade, assim como havíamos ensaiado há tantos meses. Assim que ele tomou sua posição no altar, os padrinhos começaram a entrar. Primeiro entraram e Stacy que tinham os braços dados. vestia um terno cinza prateado enquanto Stacy vestia um vestido realmente prata e logo eles pararam do lado em que eu ficaria em frente ao altar. Logo entraram e Annie e finalmente, ambos tiraram a cara de birra diária para sorrirem para os convidados. Annie usava o mesmo vestido de Stacy e o mesmo terno de . Eles pararam do lado onde ficaria. Logo entraram Claire e , que vestiam a mesma roupa que os demais padrinhos e pararam do lado em que eu estaria. Entraram mais três casais de padrinhos, conhecidos meus e de e logo era a minha vez.
Eu havia travado no lugar, mas assim que todos os rostos se viraram em minha direção eu senti alguém segurar em meu braço.
- Você está perfeito. Vai ser o casamento mais lindo da história. Pronto?
A voz e o braço direito da minha mãe era tudo o que eu precisava naquele momento. Sorri agradecido, fitando seus olhos e logo andamos em direção à porta da igreja. A cada passo que eu dava, eu sentia olhares felizes sobre mim e só a lembrança de que estaria ali comigo dentro de poucos minutos me alegrava o bastante. Não conseguia parar de sorrir até que chegasse ao altar, recebendo um beijo demorado de minha mãe e votos de felicidade sussurrados tão ternamente em meu ouvido. Parei diante do pastor cumprimentando-o com o olhar e logo a marcha nupcial começou a tocar. Todos viraram excitados para a porta à espera da noiva, mas não mais excitados que eu. Então de longe eu vi uma mulher esbelta, de corpo pecaminosamente incrível, com curvas extremamente bem distribuídas e perfeitas usando um vestido branco cuja parte de cima era completamente justa ao corpo realçando o volume de seus seios e deixando-a mais bonita que o normal. O vestido era rodado com vários swarovski espalhados por sua extensão. O sapato que ela usava era branco e brilhante como um diamante. Em seus braços alguns acessórios de prata reluziam e em seu pescoço havia um enorme colar de brilhantes cujo pingente sumia entre a fenda funda de seus peitos apertados pelo vestido. Seu rosto estava com a expressão mais feliz que eu já havia visto, seus olhos pintados por uma maquiagem mista de preto e prata, seus lábios vermelhos e seus dentes alinhados e extremamente brancos expostos, as bochechas num rosa claro a deixavam com uma aparência de criança. Os cabelos estavam presos em um coque por um acessório prata de flores de brilhos e ela usava uma tiara de brilhantes, com brincos prata em forma de um círculo. Eu não conseguia parar de sorrir ao contemplar a beleza de minha noiva. Eu não conseguia deixar de olhá-la nem por um segundo. Assim que ela chegou defronte à mim, o pai de , que era um homem alto de cabelos grisalhos e aparência séria, sorriu para mim e me entregou a mão de assim que eles pararam de caminhar.
- Espero que você cuide muito bem dela. – ele falou com a voz grossa e se achegou mais para falar em meu ouvido. – Senão... – ouvi murmurar um “pai” com a voz nervosa e então o homem sorriu para mim. – Apenas faça-a feliz. – e logo parou do lado dos padrinhos de . Ela sorriu para mim e eu tomei sua mão macia e cheirosa beijando-a.
O pastor começou a cerimônia com as palavras carregadas de emoção e felicidade. E ali eu me pus a lembrar de meu casamento com Melissa. Eu não havia sentido nada igual quando me casei com ela. Tudo foi tão passageiro que eu nem mesmo me lembro. Mas o casamento com estava sendo o evento mais importante da minha vida, era uma coisa que eu não iria esquecer nunca nessa vida. Todo o momento que eu a olhava enquanto escutava as palavras do pastor e ela devolvia o olhar, eu sentia como se eu fosse ser arrebatado de felicidade. Eu me sentia o homem mais sortudo do mundo por ter uma mulher tão perfeita ao meu lado. Eu não conseguia parar de olhá-la... Ela estava tão linda, tão maravilhosa que eu nem imaginava que fosse possível haver uma mulher tão linda como ela neste mundo.
- mura), você aceita como sua legítima esposa, prometendo amá-la, respeitá-la sendo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, perante Deus, em todos os dias da sua vida? – perguntou o pastor e eu segurei as duas mãos de entre as minhas.
- Aceito. Mil vezes aceito. – disse e uma lágrima desceu pelos olhos dela.
- , você aceita mura) como seu legítimo esposo, prometendo amá-lo, respeitá-lo sendo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, perante Deus, em todos os dias da sua vida? – ela me olhou com um olhar que eu nunca conhecia. Esse olhar me aqueceu por dentro.
- Aceito. Milhões de vezes... Eu aceito.
- E que assim seja – disse o pastor, erguendo as mãos sobre nossas cabeças. – Que o Senhor os abençoe com toda a sorte de bênçãos, pois o que Deus uniu o homem jamais há de separar. Por favor, as alianças.
Então nós olhamos para a porta e de lá vinham dois pequenos pedaços de gente. Jake estava com o terno igual ao meu e segurava uma almofadinha branca com uma mão e Laura, que usava um vestido branco como o da mãe, segurava com a outra mão o outro lado da almofada em que estavam as alianças de ouro. sorriu ao vê-los trazendo as alianças e eu não me cabia em mim de tanta felicidade. Os gêmeos estavam com um ano e dois meses e eram bastante inteligentes para a minha sogra os ensinarem a levar as alianças para nós. Assim que eu peguei a almofada e dei um beijo em cada uma das crianças e logo Laura saiu correndo em direção à Stacy que estava esperando-a. Jake, ao contrário, começou a chorar pulando na frente de gritando “Mamãe, mamãe” sem parar, claramente querendo colo. Todos começaram a rir quando o pegou e fechou a cara para meu amigo cruzando os bracinhos. Logo, peguei uma das alianças e segurei a mão esquerda de , colocando a aliança lentamente em seu dedo anelar.
- Eu, mura), te recebo, , como minha amada esposa prometendo fidelidade, respeito, amor, perante Deus, em todos os momentos de nossa vida. – e então ela pegou a aliança e fez o mesmo procedimento em mim.
- Eu, , te recebo, mura), como meu amado esposo prometendo fidelidade, respeito, amor, perante Deus, em todos os momentos de nossa vida. – o pastor nos deu o aval para nos beijarmos e então eu a beijei pela primeira vez depois de estarmos legalmente casados. Nossas línguas já extremamente conhecidas, experimentavam um novo gosto de felicidade. Um gosto que não se igualava à nada no mundo. Os convidados aplaudiam incansavelmente e quando terminamos o beijo e tocamos nossas testas uma com a outra, Jake não tardou a puxar o vestido da mãe exigindo atenção. Ao sairmos da igreja o sol já se punha no horizonte e logo fomos em direção à festa que nos aguardava na casa dos meus pais.
Depois de muito comemorar, de muito beber, receber presentes, votos de felicidade e ouvir os gêmeos reclamarem de sono, decidimos que iríamos para a nossa noite de núpcias.
- Vocês me prometem que vão cuidar deles? – perguntava aos caras e às meninas com preocupação. – Eles estão começando a brigar... Jake sempre pega o que Laura tem na mão.
- Isso é verdade. E por mais que eu brigue com ele, ele não para com isso. – falei olhando-os
- Se acalmem, pombinhos. Vão curtir a noite de vocês sem se preocuparem. Eles não vão brigar. – disse Stacy segurando Laura enquanto segurava Jake. Nos despedimos deles e antes que entrássemos no carro, meu braço foi puxado.
- Pensaram que iam sair sem falar comigo?
E então eu arqueei as sobrancelhas quase até o topo da testa. E não é que , o cara do ménage, estava em nossa frente?
- ? O que você está fazendo aqui? Quero dizer... Você veio ao casamento? – perguntou boquiaberta.
- Mas é claro. Vocês acham que eu ia perder isso? – ele disse sorrindo. – Claro que não né! Eu sabia que de uma maneira ou outra vocês iam acabar casando... Mas vejo que além de casarem, já programaram duas crianças, hein? Vocês têm filhos lindos. – agradecemos e ele sorriu. – Espero que sejam muito felizes. E nada de ressentimentos entre nós... Passado é passado. – ele disse piscando em minha direção e eu apertei sua mão num selo de extrema paz.
- Desde que você não se convide para ir em nossa noite de núpcias, tudo certo... – falei e ele negou.
- Eu me convidaria se eu fosse tão compatível como vocês são. Bom, tenham bons cinquenta anos juntos. – e então com mais alguns votos de felicidade, ele se despediu de nós e logo entramos no carro ao som de aplausos dos convidados.

Eu segurava enquanto abríamos a porta de nossa nova casa. Era uma casa em um condomínio fechado e um pouco distante do centro da cidade. O auge da minha banda na mídia estava fora do comum e quanto mais longe dos tabloides, melhor. O quarto estava preparado somente para aquela noite. sorria alto enquanto eu distribuía vários beijos pela extensão de seu pescoço e toda a hora mandava eu prestar atenção na escada, mas eu não ligava com isso. Assim que chegamos ao quarto, abri a porta e a joguei em cima da cama cheia de pétalas de rosa vermelha e ela sorriu.
- Isso é mais que um sonho. – ela exclamou alto e puxou minha gravata me fazendo cair por cima dela. – Estou ansiosa para ficar com você. Sentir o gosto do casamento bem aqui... Na ponta da língua. – ela disse passando a língua pelos lábios. Afundei meus lábios em seu pescoço chupando-o e mordiscando quando ela me empurrou levemente.
- Será que os gêmeos vão ficar bem? – encarei-a exasperado e confuso. Como ela tem coragem de interromper um clima daqueles? – É que eles são bebês ainda...
- Eles vão ficar bem, . Será que dá pra gente voltar de onde você me fez parar?
- Ainda não. – ela disse me tirando de cima dela e ficando em pé enquanto eu me deitava olhando-a mais confuso. – Preciso fazer uma coisa antes... Por que você não traz algumas coisas da geladeira para cá? Tipo... Aquele chantilly de chocolate e os morangos... – ela disse safada e entrou no banheiro da suíte. E antes que eu pudesse ao menos contestar, me vi descendo as escadas depressa e pegando o chantilly que estava guardado na geladeira junto com um prato de morangos. Subi rapidamente e quando cheguei, as luzes do quarto estavam mais amenas e o vestido de noiva dela estava pendurado em um cabide. Hey! Eu que queria tirar aquele vestido.
- ! Quem mandou você tirar o vestido? – perguntei enquanto colocava o chantilly e os morangos no criado mudo. – Eu que queria tir... – quando eu me virei eu entrei em choque.
Um flashback do dia em que eu entrei no consultório do Dr. Robert Crowley e encontrei passou em minha mente. Era como se eu tivesse voltado no tempo e a visse pela primeira vez. estava parada à minha frente com a mesma roupa em que usava naquele dia. A calça branca justa que realçava suas coxas volumosas, a regata preta que expandia seus peitos mais enormes do que antes e o jaleco branco justo ao corpo que realçava todas as suas curvas preciosas. O óculos de aros quadrados estava em seu rosto, o piercing no nariz brilhava à medida que a luz a iluminava e seus cabelos estavam presos no mesmo coque que o penteado do casamento, porém a franja caía em seus olhos igual quando a vi pela primeira vez.
- Fiquei sabendo que você está com alguns problemas... – ela disse vindo em minha direção e eu não ousava mexer um músculo que fosse. – Eu sou somente uma psicóloga... Não posso fazer muita coisa... – ela colocou a mão em meu peito e andou ao meu redor arranhando o tecido de meu terno com as unhas à medida que me circulava. – Será que uma simples médica com três anos de experiência como eu poderá cuidar de você? – ela parou atrás de mim e suas mãos tocaram minha gravata desatando-a rapidamente e jogando-a em algum lugar do quarto. – Você está com pressa, querido paciente? – agora ela tirava o terno, passando-o por meus braços e eu mordia o lábio inferior. – Faz muito tempo que você não transa com uma mulher? Faz muito tempo que você quer trepar de verdade com uma mulher de verdade? – sentia meu pau endurecer à medida que ela sussurrava todas as aquelas coisas em meu ouvido. – Quer conhecer a mulher dos seus sonhos? Está preparado para dominar a mulher que vai te levar ao delírio?
E antes que eu pudesse fazer alguma coisa, com uma força surpreendente, ela rasgou a blusa social branca que eu usava e todos os botões escapuliram com violência. Ela arranhou meu peitoral com força e eu não aguentei. A joguei violentamente na cama e sem me importar, joguei meu peso por cima dela puxando seus lábios com brutalidade e em seguida beijando-a. Minha língua explorava todos os cantos da boca dela, desde a própria língua até os dentes extremamente bem alinhados. Chupei sua língua com vontade imaginando a hora em que ia cair de boca em sua vagina doce e molhada. Ela arranhava minhas costas com força e eu sentia minha pele arder quando as unhas dela aplicavam uma força extrema. Eu descontava o tesão que eu sentia pelas marcas que ela deixava em mim no beijo que ainda não havia terminado. Mordiscava seus lábios e ela beliscou com os dentes minha língua que começava a ficar dormente pelo movimento contínuo. Parti o beijo sentindo a falta do oxigênio e então olhei seu corpo, exatamente no primeiro dia em que a vi, naquela consulta milagrosa que me trouxe de volta à ativa. Desabotoei seu jaleco contemplando o corpo dela exposto pela regata preta que era justíssima. Ela se ergueu me olhando com aquele olhar safado que só ela tinha e sugou meu lábio inferior com avidez enquanto eu retirava o jaleco completamente.
- Você é muito gostosa. – falei enquanto via seus peitos por dentro do decote da regata. – Gostosa, deliciosa... Não vejo a hora de te comer todinha, de te mostrar o que um paciente é capaz de fazer quando está totalmente curado.
- Então me mostra... – disse ela em desafio enquanto alisava minha barriga. – Se você é homem o bastante para me mostrar, não sei porque ainda está parado.
Então ela atingiu o auge da minha loucura. Puxei seu cabelo com força forçando-a a deitar no travesseiro enquanto eu erguia levemente a regata para cima, beijando cada extensão de pele exposta. havia frequentado academia constantemente depois que fora liberada pela Dra. Macklain e seu corpo ficou ainda mais gostoso e malhado. Sua barriga estava mais seca que antes, nem parecia que ela tinha dado à luz a gêmeos somente há um ano. Sua cintura afinara tão depressa que até mesmo um violão tinha menos curvas que ela. Em compensação suas coxas estavam ainda maiores e mais volumosas. Sua bunda arrebitada estava mais dura e tudo nela me deixava mais louco do que antes.
Mordiscava sua pele e ela gemia baixo contorcendo a cabeça no travesseiro. Passava minha língua por toda a extensão de sua barriga e então a blusa parou abaixo de seus peitos. Eu nem precisava dizer dos peitos, certo? Além de amamentar os gêmeos, a academia fez muito bem à saúde frontal da minha esposa. Os peitos dela estavam bem maiores do que antes e eu estava louco para tocá-los novamente. Eu não podia brincar muito com eles por conta da amamentação dos bebês, mas hoje seria uma exceção. Eles teriam que dividir com o pai deles.
levantou-se pronta para desatar o sutiã, mas eu a impedi. Hoje quem iria fazer tudo era eu. Encostei meu rosto ao dela passando meu nariz pelo dela e então desatei o sutiã. Passei sua regata por sua cabeça e a atirei em qualquer lugar e logo o sutiã teve o mesmo destino. Mirei seus peitos com os olhos brilhantes de desejo e logo os agarrei com as duas mãos apertando-os e ela sorriu.
- Seus filhos não vão gostar nada de saber que o pai deles está abusando...
- Eu me entendo com eles mais tarde.
E então caí de boca naquela maravilha rosada. Ela jogou a cabeça para trás sorrindo e gemendo enquanto eu chupava seu mamilo com força e mordiscava. Um gosto doce de leite invadia meu paladar, mas isso só me deixava mais excitado. Troquei o peito e passei a sugar com a mesma intensidade enquanto ela puxava meus cabelos descontando o prazer que sentia. Juntei seus peitos e formei a fenda que eu tanto adorava e então comecei a desabotoar meu cinto e em seguida a calça e jogá-la para longe. A boxer preta que eu usava não dava conta do volume extremo que estava o meu pau. Eu tinha que descontar um pouco dessa excitação em . Puxei meu cacete da boxer e ela o pegou masturbando-o devagar. Ela alisava toda a extensão do meu pau desde a base até a cabeça, e quanto chegava na glande ela apertava um pouco, o que provocava espasmos de tremor em meu corpo inteiro. Então ela lambeu a glande levemente e passando a pontinha da língua em meu freio que estava quase dilatando. Meu coração se acelerava e logo ela começou a chupar a glande aplicando uma pressão nas sucções que me deixava louco. Então ela cuspiu nele e abriu seus peitos pronta para receber meu pênis que a cada minuto ficava maior e mais grosso. Encostei meu pau em seus peitos e ela os apertou em volta dele trazendo uma sensação mortalmente quente. Tremi inteiro ao primeiro movimento que fiz e então comecei a foder seus peitos gostosos. Ela mordia o lábio inferior e me encarava com a cara mais pornográfica do mundo, o que me fazia enlouquecer. Ela abaixou a cabeça e esticou a língua provocando meu freio excitadíssimo enquanto eu continuava a estocar. Uma de suas mãos se dirigiu ao meu pau e ela me olhou safada. Então, ela apertou a glande com uma certa força e eu não me aguentei e deixei que todo o meu gozo jorrasse em seus peitos e pescoço.
- Você não faz noção do quanto eu adoro quando você goza em mim. Me dá vontade de te chupar até você me mandar parar. – eu caí ao seu lado e logo ela levantou. Me encarou com os olhos enormes e eu via meu líquido escorrer por seu corpo até ela pegar uma gota com o dedo e experimentar. – Não existe coisa melhor no mundo do que isso. – e então ela começou a chupar o dedo e foi em direção ao criado mudo e pegou o chantilly. Abriu-o e começou a contornar o redor de seus peitos, o mamilo, o pescoço e então desabotoou a calça branca deixando-a cair aos seus pés. Sua calcinha de renda branca logo estava fazendo companhia à calça e a única coisa que ela usava era a sandália de salto alto que ela usava naquela tarde no consultório. Ela passou o chantilly por todo o lugar do corpo onde meu gozo estava e logo começou a passar pela extensão lisa de sua vagina. Não resistindo àquela cena, peguei meu pau e comecei a movimentá-lo rapidamente com a mão em um ritmo de masturbação enlouquecedor. Ela espremeu um pouco do chantilly em seu dedo e chupou-o um pouco, mas depois começou a passa-lo por fora da boca deixando-a meio suja. Ela se aproximou de mim, completamente revestida de chantilly, e logo pediu para que eu me afastasse para ela poder deitar. Eu ainda me masturbava enquanto a observava deitar e pegar um morango, molhando no chantilly de seu pescoço e mordendo-o em seguida. O movimento de seus lábios era acompanhado por meus olhos sem que eu piscasse. Parei de me tocar já me sentindo duro e então me curvei sobre seu corpo; ela me observava ainda comendo o morango. Abri suas pernas e dei um beijo na entrada de sua vagina molhada e encharcada de chantilly.
- Pode me passar um morango, querida? – perguntei e ela estendeu o prato para mim ainda me encarando enquanto mastigava o morango.
Peguei o morango e molhei em cima do chantilly, só que em vez de comer, eu passei o chantilly por toda a extensão de sua vagina. Ela arqueava as costas ao sentir o gelado do chantilly tomar conta de seu ponto fraco e assim que todo o creme estava cobrindo seu sexo, eu enfiei uma parte do morango em sua entrada e puxei para cima fazendo com que o chantilly ficasse misturado com o gosto de sua excitação. Mordi o morango e ela passou a língua pelos lábios. Estendeu a mão e eu entreguei o morango para ela, que comeu o resto. Então não demorei muito e encostei meu rosto em sua vagina doce e comecei a sugar toda a extensão lisa e logo abri seus lábios com a língua e a penetrei sentindo seu gosto excepcional se misturar com o gosto do chantilly. Chupava-a enquanto ouvia seus gemidos reverberarem em meus ouvidos como uma música que eu repetiria o tempo inteiro.
- Me chupa, , vai... – ela respirava alto enquanto eu mexia minha língua com mais agilidade dentro dela. – Aw, seu filho da mãe... Você sabe me enlouquecer... Me enlouquece, eu quero perder toda a sanidade hoje, vai... Mostra o que você pode fazer com essa língua gostosa que você tem. Me engole! – ela gritava e eu a chupava com mais força e suas costas se arqueavam mais ainda ao sentir minha pressão. Penetrei-a com três dedos de uma vez enquanto eu espremia seu clitóris rosado com a língua. Ora mordiscava seu clitóris, ora chupava-o e pincelava com a língua. Quando senti ela tremer e apertar os músculos vaginais, eu parei e subi por cima dela beijando-a e logo segurei meu pau e a penetrei fortemente.
- Ah! – ela gemeu quando sentiu meu pau inteiro dentro dela. Comecei a me movimentar sobre ela enquanto, com suas pernas, ela me abraçava e me fazia ir cada vez mais fundo. – Ah, meu Deus... Me come, mura)... Me come mais rápido, porra!
- Você quer mais rápido? – falei com a voz falhando, mas acelerei o ritmo das estocadas sentindo que atingia fundo dentro dela. – Vai conseguir andar amanhã de manhã?
- Você que pensa que não. – ela dizia com dificuldade devido ao prazer entorpecente que nos tomava. Ela ia com o quadril de encontro ao meu me fazendo senti-la o mais profundo que me era possível.
- Eu não teria tanta certeza assim. – dei um tranco forte que fez ela gemer alto e arquear as costas. Então depois de mais algumas estocadas violentas e fundas, eu senti meu pau revestido pelo gozo quente e delirante dela. Ela prolongava um gemido satisfeito e eu estava pronto para me derramar dentro dela quando ela me proibiu.
- Não goza! – exclamou alto e eu me de dentro dela. Ela respirava com dificuldade, mas seu olhar ainda era safado e penetrante. – Ainda quero te chupar da maneira que você merece. Então eu fiquei em pé do lado da cama enquanto ela se ajoelhava sobre a mesma e passava as unhas pelo meu tronco sujo de chantilly. Ela chupou meu tronco, meus pelos abaixo do umbigo e chegou em meu pau, que estava enorme e grosso como nunca. As veias estavam saltadas e eu prendia o gozo o máximo que eu podia. Ela segurou meu pênis masturbando-o um pouco e fazendo-o aumentar ainda mais o comprimento e logo chupou fortemente a glande. – Aguenta um pouco mais, amor. – e então ela me abocanhou até onde conseguia.
Joguei a cabeça para trás sentindo todo o meu corpo enrijecer ao sentir as sugadas precisas delas na parte mais sensível, no meu ponto mais fraco. Ela movia a cabeça em direção ao meu pau com rapidez e então eu a segurei pelos cabelos, mas ela tirou minha mão, um aviso silencioso de que queria fazer o trabalho sozinha. Então cada vez que ela enrolava a língua pelo meu pau, massageava os testículos ou chupava-os, eu sentia que ia explodir. Antes do que eu pensava, eu já estava gozando em sua boca e ela recebia o maior jato de gozo possível em sua boca e o engolia com um prazer nítido ao extremo em sua face. Logo que me aliviei, caímos na cama sentindo o cansaço de uma noite de sexo longa e prazerosa.
- Eu seria capaz de mais uma rodada. – ela disse limpando a boca e sorrindo enquanto olhava para o alto. – Você não? – ela me encarou e eu arregalei os olhos.
- Tá brincando? Eu estou morto.
- Já está me negando fogo, mura)?
- Nunca.
E logo ela estava em cima de mim e iniciávamos mais uma de nossas transas mais do que prazerosas.

E assim se seguiu durante muito tempo. Diferente de Melissa, eu nunca havia me cansado de e muito menos havia broxado outra vez na minha vida. Eu era o homem mais feliz do mundo inteiro e nada iria mudar o que o destino havia preparado para mim. Sim, eu me casei uma vez por um erro, mas hoje eu me casei com a mulher certa, com a mulher que é mãe dos meus filhos, que é a minha companheira em todos os momentos da minha vida e nunca me abandonou ou me deu algum desgosto.
Se hoje eu sou feliz foi por conta do amor verdadeiro que eu senti ao conhecê-la. Se hoje eu sou feliz foi porque eu lutei com unhas e dentes para correr atrás da minha felicidade. Mesmo cometendo tantos erros, eu não desisti dos meus sonhos e hoje posso dizer: A minha vida é mais perfeita do que um dia eu sonhei.
E eu sou mais feliz do que um dia pensei que iria ser.

THE END



Nota da autora: E ESSE É O FIMMMMM!
Ah, meu Deus! Eu nem acredito que acabou! Psychology of Sex acabou! Estou chorosa aqui :c
Eu sempre penso em uma N/A digna de final de fanfic e aqui eu quero deixar claro o que essa trilogia significa para mim. Certo dia ano passado (2014), eu estava conversando com uma grande amiga minha que sempre conversa comigo sobre fanfics. Então começamos um papo sobre médicos, psicólogos, enfim... E então, como sempre, surgiu uma ideia na minha cabeça de fazer uma fanfic de psicólogo. Eu sou louca por Medicina (afinal, é a faculdade que eu quero fazer) e tudo o que se relaciona ao assunto e logo comecei a fazer a fic. Então aqui, primeiramente, vai um obrigada à minha amiga Vanessa Silva que foi praticamente quem me deu a ideia. Essa trilogia é excepcionalmente especial para mim, não só porque a primeira sequência de shortfics que escrevo, mas porque ela foi feita com muito amor, carinho e dedicação. Fiquei muito feliz com o resultado dela e, claro, por tantas pessoas terem aprovado, gostado e me darem apoio máximo.
Quero agradecer à Vanessa Barreto pelo apoio máximo que ela dá nas minhas histórias. Sem você nada daria certo, Nessa. Obrigada por todo o seu carinho e amizade. Quero agradecer ao Yep Fics que com tanto carinho e amor resenham as minhas fics e me apoiam em cada fic que eu escrevo, sempre me ajudam e me auxiliam com tudo o mais. Obrigada de coração a essa equipe tão perfeita! Também quero agradecer em especial a duas pessoas Alli Hudson e Aly Paixão que não medem esforços para indicar minhas histórias. Alli, obrigada pelas resenhas tão bem feitas e todo o carinho que você tem por mim. Aly, nem preciso dizer, não é? Suas capas para as minhas histórias são DI-VI-NAS! Nem preciso dizer o quanto tu é especial para mim né?! Quero agradecer à minha beta do FFOBS que betou as duas partes da fic, Layla, obrigada pela sua paciência e boa vontade para comigo. Espero que quando você estiver disponível, possa betar muitas outras fics minhas.
Quero deixar aqui um agradecimento especial à Lisana que indicou a trilogia com tanto carinho em sua fanpage no facebook, Forever Mahomies (corram e curtam lá! https://www.facebook.com/pages/Forever-Mahomies/265600476895453?fref=ts), agradecer a todas as leitoras de lá que se tornaram tão fiéis e já têm um espaço garantido no meu coração. E também quero agradecer à todos os membros do grupo Fics da Jullya Silva, que fielmente me acompanham ficando por dentro de todas as atualizações das minhas histórias. Vocês são demais, são nota mil! Quem quiser entrar e fazer parte, o link está logo abaixo e com certeza serão mais do que bem-vindos por lá.
E agora aqui está a 3ª parte com todo o carinho do mundo. Estou me despedindo dessa trilogia de “shortfics” sentindo meu coração apertar de saudade, de abatimento, mas com certeza feliz por ter tantos leitores que gostaram. Espero nos vermos em breve em outras fanfics. Obrigada por acompanharem POS até aqui e por todo o apoio e carinho que vocês me dão nos comentários da fic e também no grupo do Facebook. Obrigada por tudo e até a próxima fanfic. Um beijo enorme no coração de cada um! :D
(PS.: The Worst Enemy será atualizada agora, oficialmente, no FFOBS.)

Outras Fics:
Psychology of Sex (Outros/Shortfic) – Restrita
Psychology of Sex II (Outros/Shortfic) – Restrita
Psychology of Sex III (Outros/Shortfic) – Restrita
The Worst Enemy (Outros/Longfic) – Restrita
The Perfect Revenge (Outros/Shortfic) – Restrita
Love Intense of Summer (Shortfic/Em breve) – Restrita

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