Stay High


Escrita por: Bárbara Rufino
Betada por: Adriele Cavalcante



Um, dois, três goles dados desciam por sua garganta. Os primeiros de uma pequena overdose alcóolica e não iria parar por ali. As dores de um coração partido suplica por álcool, e implorava por aquilo circulando em suas veias. Garotas festeiras não se machucavam? Ela estava errada. Seu coração estava despedaçado, sangrando enquanto o álcool acolhia. Ela virou o copo.
Ele partiu e ela tinha que ficar embriagada para mantê-lo fora de sua mente. Passou a vida toda andando sobre cacos de vidro, não sentindo a dor que os cortes poderiam lhe trazer. Ela não se cortava, ela apenas ignorava. Ela apenas driblava o amor, sentindo apenas a paixão de dias, enquanto os vários goles apagavam a imagem de um quase romance de sua mente. Mas toda aquela precação foi em vão. O álcool não havia bloqueado o amor daquela vez. Ela virou outro copo. E aquele que fazia suas lágrimas secarem levava o nome de e tinha aparência de um belo anjo negro. Um anjo com más intenções. Algo errado e que soava tão bem. Algo que parecia bom e que fazia tão mal. Esse era o efeito de sobre . Lhe embriagava sem ao menos tocá-la. Finalmente ela provava de seu próprio veneno, e o gosto queimava sua boca. Ela virou outro copo.

"E eu bebi todo o meu dinheiro, confusa e um pouco solitária..."

Flashback
"As luzes coloridas e brancas piscavam fortemente, e a batida da música fazia o cérebro de qualquer um vibrar junto. Pessoas mantinha suas mãos no alto, deixando o corpo seguir o ritmo da música. E estava no bar, virando outro copo, deixando o álcool ir para suas veias, quando um par de olhos a fitava. Um sorriso tentou iluminar seu rosto, enquanto se ajeitava aonde estava sentava, retribuindo o mesmo olhar ao rapaz que a encarava. Ela sorriu e ergueu o copo em sua direção, o garoto sorriu e olhou em direção ao chão. respirou fundo, olhando ao redor e ao voltar para o garoto, ele já andava em direção a ela. Ela sabia como aquilo terminaria. Sempre sabia.
- Está sozinha? - o rapaz sentou ao seu lado, inclinando-se para ela.
- Sim, e você? - ela jogou charme, colocando o copo e o cotovelo sobre o balcão, apoiando a o queixo sobre a palma de sua mão. Uma leve tontura se fez presente.
- Acho que sim. - olhou ao redor, arrancando risos da garota. Os dois riram. - O que gosta de beber? - ele observou o copo ao seu lado.
- O que você puder me dar. - sorriu, vendo o garoto parecer surpreso. Chamou o garçom e fez seu pedido, pouco depois, ele entregou dois copos. - Vem sempre por aqui? - tentou se conter, porém riu na cara do rapaz. - Essa foi horrível, né? - ele riu, timidamente, ela concordou. Bebeu um gole. - Vamos ser sinceros. Qual o real motivo de estar aqui? - a surpresa atingiu . Nunca ninguém a perguntava esse tipo de coisa. Eram sempre cantadas rasas e que acabavam numa cama de algum lugar que ela não conseguia lembrar.
- Okay. Me surpreendeu agora. - fitou os olhos do garoto, que a encarava interessado. Ela gostou da sensação. - O álcool faz o coração não se partir. Ou pelo menos ameniza a sensação. - o garoto bebeu seu drink, concordando com .
- No meu caso, coração partido. Estou aqui tentando repará-lo. - os dois se entreolharam, beberam outro gole, suspiraram e riram.
- Te entendo. Bem-vindo ao clube. - levantou a mão e a tocou.
- . - se apresentou.
- .
De repente, o álcool já não era o ponto principal daquele pub. era. Não houve beijos até então. Nem alguma mão boba. Não houve nada. Apenas risadas e conversas preenchidas por vodka. A música já não estava tão alta, as luzes já não a incomodavam tanto. sentia-se alguém, novamente.
Ambos perceberam que já estava tarde e se levantaram, indo direção à saída. Andavam lado a lado, e as mãos mal se tocavam. já havia decorado os traços de , e pode sentir, agora, seu perfume, e só queria se jogar em cima de uma cama com ele. Chegaram à rua. Os dois sorriam.
- Foi uma boa noite. - ele declarou, enquanto analisava sua voz, sem os sons do pub que a atrapalhavam.
- Sim, foi. - ela esperou ele se aproximar, e ele o fez. Sua mão foi até a cintura de , que sorriu com o ato e o encarou. O sorriso de fez a garota sentir arrepios em diferentes áreas do corpo. pousou sua mão sobre a nuca do garoto, e seus lábios tomaram uma posição maliciosa. Ela gostou do que viu.
O rosto de ambos se aproximaram. Suas respirações foram compartilhadas e os dois brincaram, ameaçando tocar um os lábios do outro. Olhos fechados e respiração ofegante. Mas não aguentava brincar. Seu rosto se aproximou do dela e apenas entreabriu a boca, sentindo os suspiros de se misturar aos seus. As bocas se tocaram e o choque fez os corpos se atraírem. firmou suas mãos na nuca de , que apertou mais sua cintura contra a de , levando-a até a parede atrás de si. O beijo já estava aprofundado e os dois aproveitavam o calor que o momento trazia. se arriscou, puxando o lábio inferior de com os dentes, levemente. Ele o soltou e os dois trocaram olhares de desejo. sorriu, voltando a beijá-lo. Porém não houve mãos bobas e sentiu que havia algo que não estava certo. Estava fazendo algo errado?
Deixou a boca de e desceu até seu pescoço, beijando-o. , delicadamente, colocou sua mão entre os cabelos de e a trouxe para cima, selando sua boca na sua e logo depois, beijou sua bochecha.
- Te vejo amanhã. - a mente de se contorceu inteira, tentando achar o que havia perdido. "Te vejo amanhã”, ela nunca havia ouvido isso. Pelo menos não na saída de um pub.
- Como? - a garota perguntou, fitando o rosto de , enquanto retomava o ar.
- Eu quero te ver amanhã. Não quero que isso acabe hoje. - colocou as mãos ao redor de sua cintura.
- O que eu fiz de errado? - riu, curtamente, e ela se afundava nos traços do rapaz.
- Nada. Nem tudo precisa acabar em sexo. - ele sorriu e ela fez junto, tendo a desconfiança dentro de si. Os números de ambos foram trocados e cada um foi por caminho, naquela noite. podia jurar que ele não lembraria nem seu nome na manhã seguinte, mas estava errada. Quando menos esperava, o nome e número de brilhavam na tela de seu celular. Depois de uma certa insistência, colocou seu vestido e saiu com o rapaz. Dando uma chance ao diferente."

Flashback Off

"Você foi embora e eu tenho que ficar chapada, o tempo todo..."

Como alguém poderia mentir tão bem? Ela se perguntava e depois ria, estupidamente, pois ela fazia isso. Quantas vezes já não fez? foi aquele que tinha um gosto diferente, que a entorpecia de várias formas diferentes.
Tempos depois dos dois se conhecerem, perceberam que o álcool era um problema em comum e resolveram fazer um pacto. Os dois não beberiam mais. O pacto seguiu. Os dois tentaram e bebiam, mas o faziam juntos, apenas assim e, quando acontecia, nenhum dos dois via estrelas, apenas sentia os mistérios do corpo do outro. encheu mais uma vez o copo em sua mão, e sentiu o álcool descer rasgando por sua garganta. Sua cabeça começava a doer.
Estava sentada num canto da sala de seu apartamento. Seu corpo podia sentir a brisa livremente, já que apenas usava um sutiã de renda preta com uma blusa cinza com uma grande cava e apenas uma calcinha de mesma renda e cor. Toda vez que mexia os olhos, podia sentir as lágrimas secas e a maquiagem borrada ao redor e ao longo de seu rosto. Ela queria poder morrer. Sentia a humilhação a agarrar. E o copo virou em sua boca. Ela havia quebrado o pacto.
Memórias de ao seu lado, cruzando sua mão na dela, respirações num mesmo ritmo, beijos cheios de sentimento, intimidades gritantes perturbaram sua mente já confusa. Seu corpo sentia o frio o embalar e a bebida vinha e a aquecia. Promessas foram feitas, momentos eternizados e ele resolveu dar um passo para trás. Voltar para o passado que havia o rejeitado e agora se envolvia com uma garrafa de bebida alcóolica, que parecia estar disposta a ouvi-la. Os pensamentos inundaram a sua mente, e o copo que ela segurava em sua mão foi arremessado na parede a sua frente. Ela observou com gosto o copo explodir contra a parede e o barulho do vidro tilintar sobre o chão.
A porta do apartamento onde estava foi aberta rapidamente, deixando-a bater na parede devido a força com a qual foi empurrada. Os reflexos já não tão rápidos de a fizeram virar para a porta e ver ali, procurando por ela. Seu coração deu um salto e um arrepio subiu pelo seu corpo.
- Você está louca? Achei que tinha se machucado. - fechou os olhos, e sentiu se aproximar. - O que aconteceu? - tocou seu braço e a garota o respondeu rudemente, fugindo de seu toque. Ela fechou os olhos fortemente. Não queria ser vista daquela forma. Não queria passar por aquilo naquele momento.
- O que aconteceu? Nada. Você apenas foi embora. - sorriu, ironicamente, e girou lentamente, sua cabeça até ele, abrindo os olhos. - Mas, olhem, ele voltou! O que você está fazendo aqui?
- Me dê alguns minutos e eu posso me explicar. - afastou-se dela, ajoelhando no chão, ficando na mesma linha da garota. observou o corpo pouco coberto de e percebeu, ainda mais, a merda que havia feito. Seu olhar rodeou o chão ao lado da garota e viu a garrafa quase vazia em uma de suas mãos. - Você quebrou o pacto... - murmurou, vendo soltar uma curta risada sacana.

"Eu estou entorpecida e fácil demais..."

- Sabe, se fosse há um tempo, eu estaria em algum pub, tentando me esconder da vergonha que um coração partido trazia. E no dia seguinte, estaria tentando me esconder de minha mesma, por causa da vergonha dos incontáveis litros de álcool que ingeri. Mas agora não. Agora é diferente, não é... ? - tropeçou em suas palavras, por causa da bebida entre suas veias. Sua voz estava alterada e ela tentava se levantar, apoiando-se contra a parede. - Com você foi tudo diferente. Eu estou aqui. Sentindo cada diferente dor possível que você me traz. Eu mereço, não mereço? E agora você vem me dizer que eu quebrei o pacto? - ela berrou e se levantou, assustado. - Você está me dizendo que eu quebrei o pacto? - andou até ele, que ficou parado no lugar. - ESTÁ ME DIZENDO QUE EU QUEBREI A MERDA DO PACTO? - suas mãos iam de forma de tapas para cima de , que apenas andava para trás, até que suas costas encontraram a parede. - Eu te odeio, . OUVIU? - berrou, sentindo sua garganta arder e algumas lágrimas descerem em seu rosto. segurou seus braços, a fitando assustado. Nunca havia visto daquela forma. A garota tentou se soltar, sem sucesso, ficando com os braços imóveis por ele. - Você quebrou mais que um pacto se quer saber. - sussurrou, desviando seus olhos dos dele.
- Se acalma, eu posso me desculpar. Eu sei que eu fiz merda. - os olhos de voltaram-se nele, furiosos, com lágrimas mareando seu olhar. sentiu todo arrependimento o derrubar. - Me desculpa, . - seus olhos suplicavam por uma palavra, mas apenas o encarava, sentindo uma lágrima descer o rosto.
- Você me deixou aqui. Sozinha. Por uma semana inteira... - sussurrou, sentindo os olhos de queimar os seus.
- Eu sei, ok? Eu sei e contei cada segundo desses sete dias. - fechou os olhos, e deixou suas pernas perderam as forças, indo lentamente até o chão, ainda com segurando seus pulsos.
- E a vadia te ajudou? - o gosto do álcool ainda ardia em sua boca. soltou o braço de e deslizou pela parede, até ela. - Na verdade, eu posso saber que porra você está fazendo aqui?
- Eu voltei para você. - ele se inclinou até ela, e sua expressão era de pura dor. Seus ossos doíam, seu coração batia fraco. ergueu sua cabeça na direção da dele e gargalhou na sua cara. Passou as costas da mão sobre a boca e tossiu, fechando os olhos, sentindo sua cabeça doer.
- Eu não vou cair nos seus jogos novamente, . Não deveria ter ido embora, e não deveria voltar. - ela olhou ao redor e parou seus olhos no rapaz, que tinha um olhar penoso.

- Eu tive dúvidas sobre o amor, . Eu amava aquela mulher. - sentiu seu coração se contorcer dentro do peito. - E ela me queria de volta e eu fui até ela. Deixei você e corri pra ela. - ela sentia que não aguentaria muito mais que aquilo. Sentia falta do álcool regando sua mágoa. - E eu estava completamente errado. Confesso que eu a beijei, que eu dormi com ela. - ela escutava tudo aquilo olhando para frente, enquanto dizia a observando. - E também confesso que eu quis voltar no momento que eu a toquei. Não tinha sentimento, não tinha nada. - soltou outra risada irônica, ouvindo cada palavra que saia da boca de . - Ela não era você e ninguém nunca será.
- Copiou isso de algum filme, ?
- Ela não tinha o seu cabelo, onde eu me perdia entre seus cachos. Não tinha seu cheiro que me deixa viciado. Ela não tinha sua voz, que eu poderia escutar pelo resto da minha vida. Não tinha seu corpo, que eu conheço cada pequeno traço. Não tinha nossas piadas, nossas brincadeiras, nossas perversões. Ela não era você e foi dessa maneira que eu descobri que eu te amava. - a palavra fez o estômago de se revirar e o coração martelar seu peito, e ela virou seu rosto para ele. Sua mente e coração travavam uma forte batalha, entre a razão e a paixão que sentia por ele.
- E vai precisar ir atrás de quantas ex para ter certeza que me ama? - sua voz saiu dolorida, magoada, e ficou no ar por um bom tempo, enquanto sugava a dor da frase.
- Eu já sabia disso há um bom tempo, mas eu não queria admitir. Eu não podia. Meu orgulho se autodestruiu ao saber que eu havia um ponto de fraco, e que tinha a forma de uma mulher. Ao saber que eu era frágil quando se tratava de tal pessoa. Você é como um anjo negro, ao mesmo tempo que faz eu me sentir vivo, pode me matar. Você é meu ponto de fraco, mas você também é meu porto seguro... - as palavras pareciam entaladas em sua garganta, e ele sentia-se divido entre dois sentimentos, até finalmente dizer as três esperadas palavras. - Eu te amo, . - a garota balançou seu rosto de um lado para o outro, franzindo o cenho. Seu coração sentia-se parcialmente feliz por tais palavras serem ditas, e seu corpo todo pareceu esquentar enquanto brisa gélida que tocava seu corpo desaparecia.
- Uma semana, . Uma semana que passou como uma eternidade. Uma semana que doeu como o inferno. Uma semana que eu me perguntei o que você havia feito comigo. - havia se aproximado da garota, que o olhava nos olhos e que agora deixava lágrimas caírem de tempo em tempo. - Sabe quantos tipos de bebidas eu provei? Sabe quantos copos eu tomei? Sabe quantas mãos passaram pelo meu corpo? Minha garganta arde até agora de todo o álcool, dessa semana inteira. E tudo isso para você se tocar que me ama? Por favor, vá embora... Eu preciso terminar de beber. - engoliu seco, sentindo a escuridão tocar cada parte de seu coração.
- Por que? Não está vendo que já está mal? Deixa eu te ajudar... Por que você faz isso? - sentiu tentar envolvê-la, mas logo se afastou e o garoto afastou seus braços dos dela novamente.
- PORQUE EU QUERO TE ESQUECER. - declarou, e permaneceu durante longos segundos fitando os olhos da garota. Num suspiro, ele se levantou, indo até a garrafa que estava nas mãos de tempos antes. virou a garrafa na boca, e sentiu a nostalgia de quando fazer aquilo era rotina. O líquido desceu com a maior facilidade pela garrafa virada, e desceu rasgando a garganta do rapaz.

"Continuo no meu mundo de faz-de-conta, onde a diversão não tem fim..."

- Então deixa eu te esquecer, também. - soltou a garrafa que se espatifou ao atingir o chão. estremeceu. - Você não entendeu? Eu não vivo sem você, . Meu mundo não gira. - uma leve tontura se fez presente e ele sacudiu a cabeça. - Toda maldita manhã que eu acordava na cama dela e olhava para o lado e via que não era você, eu só queria voltar correndo. Mas eu tive medo disso acontecer. Medo de você mandar eu ir embora. - ele foi até ela, até o chão e se sentou ao seu lado. - Eu não vou desistir sem lutar por você. Eu bebi, acabei de quebrar nosso pacto. Está tudo quebrado, agora vamos consertar tudo. Vamos recomeçar, . - ele se aproximou e ela encostou sua cabeça na parede. Fitou seu rosto, lembrando das vezes que se perdeu naqueles traços junto à perdição do toque que os dois corpos promoviam.
- E como eu vou saber que você não embora? - perguntou, vendo sorriu confiante. Seu coração batia aquecido, mas medroso vendo aquela mulher na sua frente, definindo seu futuro.
- Porque agora, mais que nunca, eu sei que você é meu lar. Você é meu ponto de paz. Você é a mulher por quem eu sempre serei louco. Louco por cada parte de seu corpo e cada traço do seu sorriso. E eu quero ser seu homem de todas as formas possíveis. - não sabia porque estava resistindo, ela sabia como tudo acabaria. Seu corpo implorava pelo de , e sua boca queimava ao ver a do garoto tão perto da sua. Ela estava bêbada de amor, e adorava o gosto que aquilo tinha em sua boca... Mesmo que depois a ressaca viesse. E ela sempre vinha.
- Me prometa que você vai ficar. - a voz de saiu como um pequeno sussurro, que sorriu ao escutar. Se aproximou ainda mais da garota, que ficou paralisada, fitando sua boca. O rosto do rapaz estava perigosamente perto do dela. Sua respiração batia no rosto de , e ela já sabia de cor o ritmo de seus suspiros.
- Eu ficarei sempre ao seu lado. Desculpe por cometer erros, e você foi um. Mas foi o melhor que já cometi. - sorriu, interiormente, pois por fora, seu rosto estava impassível sentindo a proximidade de . O rapaz estendeu a mão e passou a ponta de seus dedos pela bochecha de antes de firmar a mão em seu pescoço. fechou os olhos, deliciando-se com o toque, sentindo um arrepio brincar em sua nuca, e seu coração bater mais forte. colocou a mão em sua nuca, introduzindo os dedos entre seus cabelos, sentindo a respiração de . - Eu vou ficar. - suas palavras flutuaram sobre eles, e perdeu a respiração, querendo acreditar em suas palavras. Os dois abriram os olhos no mesmo instante, e o desejo queimava no olhar de ambos. Mas não era apenas desejo. avançou, colando seus lábios no dela, sentindo o coração agradecer por tal feito. Ela sentia o mesmo. Beijou-a curtamente mais uma vez, antes de colar sua boca na dela, fazendo os lábios se sentirem. As mãos de foram até a nuca dele e ele as mãos na cintura da mulher, sentindo as curvas da região. Nenhum dos dois poderia explicar a paz de estarem tão próximos um do outro.

"Tenho que ficar chapada a vida toda, pra esquecer que estou sentindo sua falta..."

Palavras não foram trocadas. Não era preciso. Pouco tempo depois, a blusa de estava do outro lado do cômodo e suas mãos retiravam a de . E tudo acontecia ali, no chão mesmo, e não era estranho a eles. Já haviam explorado cada canto daquele lugar onde, na manhã seguinte, havia roupas e o cheiro de em toda parte. já podia sentir o cheiro carnal de a entorpecer, e ele sentia o mesmo com o toque do corpo dela no seu. Não havia mais razão, nem o certo ou errado. beijava as manchas no corpo de feitas por bocas desconhecidas, e ela sentia-se minimamente intimidada por aquilo. Mas aquela noite, havia um diferencial. Não era a luxúria que os movia, mas um sentimento muito maior. Seus corpos vibravam ao entrar em contato, e suas bocas sempre se procuravam em meio toda aquela confusão carnal. Nada era como aquilo. Nada fazia os dois se sentirem daquela forma. O desejo, a paixão, os beijos, os suspiros trêmulos de prazer, faziam ambos se sentirem completos e totalmente embriagados, um pelo outro.
A manhã já havia declarado sua presença, lançando feixes de luz no quarto de . Seu corpo permanecia nu, como o de , que estava logo abaixo do seu. Um sorriso puxou o canto de seus lábios ao perceber que estava abraçada no rapaz, com seus corpos cobertos por um lençol de cor creme. Seu peito estava pousado no peitoral de , que tinha um rosto sereno e respirava longamente. Ela virou seu rosto para ele, e se deixou sorrir ao vê-lo ali, com seu corpo tocando o dele, mas sua cabeça doeu e em seguida o coração foi incomodado. Uma voz no fundo de sua consciência dizia que aquilo não era certo. Virou-se de bruço, e começou a alisar o peitoral de com as pontas dos dedos, até perceber que ele iria acordar. Fechou os olhos e fingiu dormir. Podia sentir os olhos de passear em seu corpo, e ela gostava da sensação que imaginara. Sentiu os dedos de afagarem seus cabelos e ouviu ele susurrar. Abriu os olhos e ele lhe sorriu.
- Dormiu bem? - a voz rouca de recém acordado de fez ela perceber o quanto sentiu falta de acordar ao seu lado nas manhãs. Ela olhou fundo em seus olhos e os dois sorriram.
- Dormi pouco. A noite foi longa. - ambos sabiam o que aquilo significava. Os corpos de ambos ainda estavam sorrindo, se pudesse dizer assim, sobre a noite que passara. A fome havia sido saciada em grande estilo. pareceu não sentir ressaca, e sentia-se infinitamente bem, tirando algo que não deixava seu coração bater em paz.
- Eu senti sua falta. Senti falta disso tudo. - revirou os olhos, se levantando. não entendeu seu ato. - O que eu disse?
- Você vai ficar o tempo todo falando sobre isso? - perguntou, enrolando no lençol, sentando-se na beirada da cama.
- Eu só quero dizer que senti sua falta. - ele se sentou, apoiando suas costas no painel da cama.
- Não, você está me relembrando que dormiu com aquela mulher. - se levantou, procurando alguma roupa, colocando suas peças íntimas e uma blusa jogada pelo canto do quarto.
- Mas não significou nada, porque...
- Porque você sentiu minha falta? Está repetindo isso como um papagaio. Você apenas diz, como posso ter certeza? - se levantou, saindo de seu quarto.
- Você não pode ter certeza, terá que acreditar em mim. - o garoto logo recolocou sua boxer e saiu atrás dela.
- Eu acreditei em você, e olha o que aconteceu. Você me deixou. - foi até a cozinha, abrindo a geladeira, procurando algo que não sabia o que era. Talvez nem quisesse nada ali, apenas quisesse se manter ocupada para não olhar para ele. O álcool já estava fora de seu corpo, e deixava analisar tudo. O que era uma merda.
- Mas eu voltei. - ele falou um pouco alto demais, fazendo se voltar para ele.
- Sim, eu já entendi isso. Mas como eu vou saber se você apenas voltou por ela não te querer? Eu estou sóbria agora e essas perguntas não me deixam em paz.
- , nós vamos recomeçar. Acredita em mim, tudo vai dar certo agora. - ela cruzou os braços, vendo ele se aproximar dela.
- Até você sair correndo, de novo, ? Como eu vou saber se você não é o vilão da história? - ela respirou fundo, sentindo uma certa memória fazer seu coração doer. - Você disse que seria para sempre. - sussurrou, deixando seu olhar cair.
- E ainda poder ser!
- O sempre não tem interrupções. - ela afirmou, baixinho, fitando o chão abaixo de seus pés, enquanto sua razão e coração brigavam sobre o que ela deveria fazer. sentia seu coração acelerar, e suas mãos suarem por medo do que ele pensava que ela poderia dizer.
- Mas nós vamos refazer, do nosso próprio jeito. me dê mais uma chance... E eu provarei que o nosso para sempre pode ser infinito. - os olhos da garota marearam, e ela os fechou, deixando uma fina lágrima acariciar seu rosto.
- Nós somos tóxicos, . Não podemos viver assim. - franziu o cenho, dando a volta na bancada que o separava dela, ficando em frente da garota.
- Como assim tóxicos?
- Somos tóxicos. Prejudiciais a nós mesmos. E vamos acabar mortos algum dia. - o rapaz balançou a cabeça de um lado para o outro.
- Meu amor, por que está pensando assim? Venha aqui. - deu passos em direção à , abrindo os braços, mas ela deu a volta, fugindo de seu toque.
- Nunca percebeu? Sempre quando tudo está bem, algo acontece e tudo explode. Vamos um para cada lado, bebemos horrores em algum lugar e passamos por diferentes camas. Para no final, um ir atrás do outro e cairmos num replay infinito. Isso é toxico, . Nos destrói. - dava passos para trás e ele ia em sua direção. desejou que ele ficasse longe, pois sabia que se ele estivesse perto demais, perderia a razão.
- Nós podemos acabar com isso. É para isso que segundas chances servem. Por que acha que eu sempre volto? - a garota sentiu a brisa gélida voltar, e se abraçou, sentindo que o frio estava próximo. E uma pequena memória tocou sua mente, a lembrando dos dias de inverno, onde o suéter de a aquecia, junto ao corpo dele. Porém ela logo lembrou como aquele dia havia terminado. Gritos, xingamentos, batidas de porta, lágrimas derramadas, luzes coloridas, álcool, pessoas estranhas e suas camas. Ela não podia mais aguentar aquilo, e sabia.
- Está muito frio para você aqui. - ela disse, ignorando qualquer coisa que pudesse estar falando, olhando para o chão.
- Como?
- Está muito frio para você aqui. - se abraçou. - E eu não posso mais aguentar isso. Toda vez que eu acho que terminou, um de nós volta atrás e nós caímos num replay infinito. E eu preciso saber como viver sem você... - não estava gostando do rumo daquela conversa, de jeito nenhum.
- O que você quer dizer? Eu prometi ficar e não vou quebrar essa promessa.
- Tudo entre nós está ficando frio, quase automático.
- Então pegue meu suéter. - ela quis sorrir, e sentiu falta das piadas do garoto, porém o momento não permitia.
- Ele já não me serve mais. - seu queixo tremeu e ela sentia que, no fundo, aquilo era o certo.
- Você quer que eu vá? - o garoto franziu o cenho, vendo a garota observar o chão fortemente. - Olhe para mim. Você realmente quer que eu vá? - o coração de não queria acreditar. Vê-la tão fragilizada naquela situação, fazia-o querer cuidar de e era por isso que ele sabia que a amava. Já havia sentido aquilo por outras mulheres, mas não como sentia por .
- Eu quero que nós sejamos felizes, . Você não entende? - olhou nos olhos de , e eles já estavam mareados, novamente. se xingou por dentro por estar tão sentimental, tão fragilizada.
- Dê uma chance ao amor. E não adianta dizer que não dará certo porque se eu pensasse assim, eu não teria te conhecido. , eu era um vagabundo que me apaixonei por uma vadia. Eu vivia nos bares, pagava rodadas de bebidas pra todo mundo e tinha uma mulher diferente para cada dia da semana. Até que aquela vadia apareceu na minha vida e eu tive meu coração partido, e eu me achei um tolo. E vi que para esquecer ela de vez, bebidas não bastavam, e sim outra mulher. Decidi ser diferente e conheci você. Eu estava louco para ir para cama com você, mas eu soube esperar e deu tudo muito certo. Eu conheci minha segunda chance. Eu conheci você. - estava próximo dela, que sustentava seu olhar, porém decidiu fitar a janela ao lado.
- Seria melhor se não tivesse me conhecido, então. - suas palavras atingiram como um raio, que entortou a cabeça, sentindo as palavras sumirem de sua boca. sentiu a dor no que disse, mas seu rosto permaneceu impassível. - , por favor, apenas vá. Nós vamos ficar bêbados, parar na cama de alguém, mas tudo ficará bem depois. - sentia o coração rasgar e a respiração faltar, mas, em sua cabeça, aquilo era o plano perfeito.
- Eu não vou. - disse. - Eu não vou aguentar. - afirmou, baixinho.
- Você vai, porque eu quero que você seja feliz. Eu quero ser feliz.
- POR QUE VOCÊ NÃO ENTENDE QUE EU NÃO SEREI FELIZ LONGE DAQUI?
- PORQUE ISSO NUNCA VAI ACABAR. - a garota gritou, se acalmando logo em seguida. - Isso nunca vai acabar. - sussurrou, limpando os olhos com as costas da mão.
- Nunca achei que você desistiria tão fácil. - declarou, respirando ofegante.
- Estamos nos enganando já faz um tempo...
- Eu vou, então. Mas você sabe que, no final, seremos você e eu. Eu vou voltar. - hesitou, mas foi até o quarto e se vestiu, enquanto refletia sobre o que havia dito. Ela segurava o choro, fortemente.
- Fica bem. - murmurou, quando ele apareceu, já vestido, para ela.
- Nenhum de nós dois vai ficar. - o silêncio de prolongou, enquanto os dois se observavam. Não houve toques, nem mais palavras. As duas partes de um coração partido já gritavam o suficiente, por dentro. sentia seu coração rasgar, mas ergueu a cabeça, passou por ela, e antes de passar pela porta, virou para trás, perguntando-se se a veria novamente. Se a sentiria novamente. Saiu e bateu a porta, deixando jogar-se no chão. A garota desabou, sentindo as lágrimas lavarem seu rosto.
se perguntava se aquilo era o certo, e seu coração berrava que não. Mas tal decisão a deixava tranquila, em uma pequena parte de seu coração. Ela não iria vê-lo novamente, não iria se iludir e parar no pub em seguida. Mas para mantê-lo fora de sua mente, ela teria que ficar embriagada.
fora o único que a fazia sentir viva por mais de uma noite, mas também era o motivo de tantas vezes querer morrer. Teve um momento que ela havia pensando que ele era seu início e seu fim, e agora, jogada no chão de sua sala, sentiu que o fim tinha chegado, e não do jeito que imaginara. O ar lhe faltava e seu corpo suplicava por álcool. A dor era demais para ela querer ou poder sentir. Minutos ali, estirada sob o chão, pensando em todas as formas possíveis de como iria viver sem ele, a fez cair em si, e saber que só havia uma solução.
Tapou a boca e se arrastou até seu chuveiro. Tomou um banho automático, com lágrimas caindo a todo minuto e o coração sangrando por dentro. Desligou, se enrolou em sua toalha e passou segundos fitando seu próprio reflexo no banheiro. Quantos momentos já não haviam sido vividos com ali? Vendo seu rosto, jurou a si mesmo não chorar.
"- Nenhum de nós vai ficar bem", a frase de ecoou em sua mente, enquanto ela vestia um de seus curtos vestidos e salto alto. Um vestido que valorizava seu decote de cor preto e salto vermelho, já denunciavam sua noite. Ela não poderia deixar a solidão de quarto a invadir. Não podia voltar para casa sozinha. De volta ao espelho, abusava do delineador e batom vermelho. Uma lágrima escorregou pelo seu rosto e ela a deixou completar o trajeto. Ela sabia que aquela não seria a última.

"Não posso ir para casa sozinha de novo..."

E tudo voltava como era antes. Olhos fortemente marcados, lábios extremamente vermelhos e um vestido onde faltava comprimento. Seus passos eram quase automáticos. Ela iria implorar por amor, enquanto o álcool a acolhia. Seu coração não aprovava nada daquilo, mas as luzes já piscavam e a primeira dose de álcool já estava em circulação. Ela respirou aliviada. O álcool descia com facilidade, e sua mente se destorcia, deixando a imagem de ser levada para longe.

"... Preciso de alguém para aliviar a dor."

Virou outra dose, quando um homem se aproximou. Se preparou para onde aquelas mãos iriam passar e sorriu para o cara, ao imaginar que não iria voltar sozinha. Precisava de alguém para anestesiar a dor que ele deixara. Ela já estava bêbada. Na verdade, ela já estava bêbada faz tempo, mas não era o álcool o culpado. Ela estava bêbada de amor e a ressaca viria no dia seguinte... Ela sempre vinha.




FIM?



Nota da autora: 05/12/2014 Lá estava eu, vendo The X Factor quando uma concorrente disse que Chandelier contava a história de uma alcóolatra e no mesmo momento, um esboço da história surgiu em minha cabeça. Porém fui ver o clipe e a letra de Habits (Stay High) - da Tove Lo - e a história toda apareceu na minha mente.
Acho que essa é a primeira fanfic que termino e que fico completamente apaixonada por ela. Eu amei a história e espero que você, leitor, também tenha gostado. Pois eu amei escrever e estou apaixonada.
MUITO OBRIGADA a Gabriela Reis, que aceitou ser minha "helper" e deu uma bela de uma ajuda, além de fazer uma sinopse maravilhosa. Obrigada a Tove Lo e a Sia (porque elas super vão ler isso) pelas músicas e videoclipes. Obrigada a Jessie, minha melhor amiga que leu uma parte e disse que amou. E acho que só. Beijos, abraços e coxinhas para todas - a Ray também.
Enfim, terá a segunda parte e está em estado de produção. E aí, como acham que será?
Muito obrigado por ler e descobri que meu forte é short fic \o/
Beijoxx
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