Stuck Inside






A luz do quarto, totalmente branco, pisca. O barulho dos carros do lado de fora são altos, mas a voz que soa em minha cabeça é mais alta.
Ela é o motivo por eu estar nesse lugar. Perdi minha família, perdi minha vida, abri mão de meus sonhos por ela. E faria tudo novamente...

A brisa de uma tarde de verão batia levemente em seus cabelos, fazendo-os flutuar em minha direção, e o cheiro de seu perfume marcante invadir minhas narinas. brincava com meus dedos, séria, pensativa.
- O que houve? - indaguei-a.
- , você me ama?
Aquelas três palavras carregavam grande significado, mas não eram o suficiente para dizê-la o quanto eu a amava. Eu sempre senti sua dúvida, sempre soube que ela não acreditava totalmente em mim, fazia meu melhor para prová-la que era real, mas as cicatrizes deixadas pelo tempo, que ela carregava, não a deixavam ver, ou a protegiam de uma nova decepção.
- Eu amo você. É só você se permitir enxergar o quanto, é só isso que você precisa.


As memórias ecoam fortemente em minha mente, de algum modo eu a sinto aqui, sinto seu cheiro, sinto o calor de sua presença e todos os sentimentos que isso me traz; o único momento em que tudo desaparece, os problemas sumem, e tudo gira ao redor dela.
- ?
Sua voz é fixa em minha mente, eu ainda a sinto aqui.
- ?
Ela não esta aqui. Repito a mim mesmo. Ela se foi.
- ? Fale comigo.
Por um momento, fecho meus olhos e a sinto, sim, eu a sinto. Ela está aqui.
- ? - chamo.
- Eu estou aqui meu amor. Lembra que eu disse que nunca te deixaria?

- Vamos, ! Venha! Me pegue!
Disse, correndo na rua que eu costumava morar. O brilho de seus olhos não se comparavam a nada, as estrelas deviam invejá-los. Seu sorriso sempre presente, o escape para meus problemas e questões nunca resolvidas. Corri atrás dela através das ruas, passando pelas cercas brancas das casas, eles nunca entenderiam o que nós temos. Eles nunca sentiriam o que nós sentimos.
- Chega, chega. - Disse ela, sentando-se na calçada, ofegante.
- Mas já? - sentei-me ao seu lado.
- ?!
- O quê? - respondo, olhando em seus olhos.
- Promete nunca me deixar?
- Eu prometo. E você? Promete?
- Eu juro. Eu nunca vou te deixar.


Minha cabeça lateja. Eu daria qualquer coisa para voltar e tê-la, apenas mais uma vez.
- Eu lembro.
- Venha comigo, , e cumpra sua promessa, não me deixe.
Eu iria a qualquer lugar para senti-la mais uma vez, eu faria qualquer coisa.
Ela se levanta e sai do quarto.
- Venha.
A sigo pelos corredores com diversas portas brancas e monótonas. Subo as escadas, chegando ao terraço do prédio que me trancafia há meses.

Lembro-me das vezes que ignoravamos as regras e sumíamos. Andávamos perdidos na noite, indo em direção à lugar nenhum. Tudo parecia tão certo, não havia erros...

- Vamos, !
- Quantas escadas ainda teremos que subir?
- Quando você ver o que nos espera lá em cima, a quantidade de escadas será irrelevante.
O lugar mais bonito da grande e velha Londres estava a poucos degraus de distância.
- Nossa! - ela exclamou, surpresa ao ver a linda paisagem que nos esperava.
- Não disse?
- , isso é incrível! - ela disse, observando a cidade que tanto a encantava.
- Podemos ficar aqui? Pra sempre?
- A gente pode fazer o que quiser, .
Ela se aproximou, com seu sorriso brilhante, e me beijou, um calor percorreu minha espinha. Suas mãos envolveram meu pescoço e as minhas a seguraram na cintura. Eu sabia que teríamos problemas se fossemos pegos ali, mas eu não me importava, nada importava, apenas seus lábios nos meus naquele momento.
- ?


Ela diz, me encarando com seus olhos vibrantes que parecem enxergar o fundo de minha alma. atravessando minhas memórias, desvendando meus segredos e meus mais loucos sonhos, seus olhos, que agora parecem tão próximos e tão... Vivos.
- Pule.
Não pule. Disse algo dentro de mim, talvez a sanidade que me resta. Mas se ser são significava não tê-la, eu me jogaria na loucura.
- Fique comigo, para sempre!
Ela toca minha mão, entrelaçando nossos dedos. Ela estava morta. Mas não agora, ela está ao meu lado. Ela está viva!

- Me desculpe, o senhor não é da família, não posso permitir sua entrada.
- MAS ELA É MINHA NAMORADA! EU PRECISO VÊ-LA! - eu gritava.
Ela se foi. Fui possuído pelos sentimentos; desespero, raiva e medo, sim, medo. Ah, o medo. Ele me cegava, tomava conta de cada partícula do meu ser, cada pedaço de alma que eu tinha. Eu senti a vida sair de mim naquele momento, perdê-la não era uma opção, viver sem ela era inimaginável. Eu não poderia, não conseguiria. Ela não podia. Mas ela fez.


- Prove-me. Prove-me que eu ficarei com você. Prove que eu não sou louco como eles dizem.
- Desde quando ligamos para o que eles dizem ou pensam? Eu estou aqui, na sua frente. Não é real o bastante pra você? Meu amor, não é mais suficiente como antes?
Era real, eu sabia. Observo-a indo ao parapeito e subindo no mesmo. Ela vira-se e me olha com os olhos cheios de lágrimas.
- Dessa vez, eu não voltarei. A escolha é sua.
Deixe-a ir. Eu não a deixarei. Siga a sua vida. Eu não tenho vida sem ela. Supere. Nunca.
Sigo-a, parando ao seu lado.
- Eu amo você.
- Eu amo você.

Eu deixo, novamente, tudo por ela. Eu largo minha sanidade. Largo a mim mesmo. Eu sigo minha vida. Sigo-a todo o caminho abaixo.

Fim.



Nota da autora: (14/07/2015) Sem nota.




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