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Última atualização: 22/08/2022

Prólogo

Elizabeth Voux era medibruxa no Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos e amava seu trabalho. Considerada uma das melhores profissionais, atendia sempre os casos mais graves e extremos e estava acostumada a passar noites em claro no hospital.
Dessa forma, não foi surpresa alguma quando, durante uma noite comum, foi chamada com extrema urgência. No entanto, o choque veio mesmo assim. Apesar de tentar ao máximo manter o profissionalismo, não conseguiu esconder tamanha tristeza ao ver os pais da melhor amiga de sua filha - e seus vizinhos - dando seus últimos suspiros na ala hospitalar.
Margaret e Joseph Sinclair eram Aurores e estavam em uma missão secreta quando foram encontrados em situação catastrófica por um colega de trabalho. Elizabeth usou seus dons e aprendizados de anos de cura na tentativa de salvá-los, porém, era visível que Margaret já sabia seu futuro, principalmente quando viu o marido falecer ao seu lado.
Ignorando a dor que sentia ao fazer qualquer esforço mínimo para se mexer, a mulher ruiva olhou para Elizabeth e lhe fez um pedido.
O seu último.
“Cuide de , eu imploro...”
Sinclair era sua única filha e tinha sete anos. Ela e Voux, filha de Elizabeth, eram melhores amigas desde que se mudaram para o mesmo bairro e elas não se desgrudaram desde então.
Memória dos anos passados apareciam como filme na cabeça de Elizabeth e a principal era de horas atrás, quando Joseph Sinclair apareceu em sua porta com a linda menininha ruiva, dizendo que teriam um compromisso e que precisavam deixá-la aos cuidados da família Voux, o que já era comum de acontecer devido à rotina corrida.
Tudo que a medibruxa conseguia pensar era em como contaria isso para a criança que provavelmente estava dormindo ao lado de sua filha. Como cuidaria e lidaria com esse acontecimento tão marcante para ? Dúvidas tomavam espaço em sua mente. Ela ficaria bem sob seus cuidados, se tornaria quem seus pais gostariam que se tornasse?
E ainda que todas essas perguntas atordoassem a mente de Elizabeth, ela não sentiu um pingo de dúvida ao prometer para Margaret que sim, cuidaria e amaria como se fosse sua própria filha. Já a amava, não seria grande esforço.
Finalmente, como se estivesse apenas esperando a resposta, Margaret fechou os olhos, seguindo seu caminho ao lado do grande amor de sua vida para onde quer que fossem depois da morte.
E Elizabeth de fato seguiu sua palavra, cuidando da menina como se fosse sua própria filha.


Capítulo 1

Seis anos depois…

e caminhavam de mãos dadas pelo Expresso Hogwarts, carregando cada uma a gaiola de sua coruja, enquanto Elizabeth e Sebastian, seu marido, esperavam os rostos de suas filhas aparecerem na janela de alguma cabine.
— Mamãe! Papai! — gritou, enquanto balançava a mão em um aceno.
— Boa sorte, meninas. Não esqueçam de escrever para nós! — Sebastian falou, emocionado.
— Prometemos que não vamos esquecer! — respondeu.
— Amamos vocês! — as meninas falaram juntas, fazendo Sebastian e Elizabeth abrirem um sorriso enorme antes de gritarem que as amavam ainda mais. O trem começou a andar e as meninas continuaram na janela, observando os pais abraçados, que também as olhavam.
Quando a paisagem apareceu, e se sentaram uma de frente para a outra e repararam que um garoto de cabelos escuros parecia perdido ao lado de fora da cabine.
— Ei! — o chamou, recebendo sua atenção. — Quer ficar com a gente?
— Hm… pode ser — ele disse, dando um sorriso tímido e entrando. — Obrigado.
— Meu nome é Sinclair Voux e ela é minha irmã, Voux — a garota começou a falar, estudando o garoto que agora se sentava ao seu lado.
Harry reparou que, mesmo sendo irmãs, a aparência das meninas era bem distinta. tinha cabelos longos em um tom claro de castanho. Seus olhos azuis chamavam a atenção e contrastavam com sua pele clara e bochechas naturalmente avermelhadas.
, por outro lado, tinha naturalmente os cabelos em um tom avermelhado que realçava ainda mais seus olhos verdes, claríssimos, e sua pele extremamente clara.
Se não tivessem contado que são irmãs, ele nunca afirmaria que havia qualquer grau de parentesco entre elas. Harry ficou curioso para conhecê-las melhor e, lembrando que elas tinham se apresentado, achou que deveria seguir por esse caminho.
— E eu sou Harry. Harry Potter.
As meninas sabiam quem ele era e já haviam escutado a história dele, a cicatriz que tinha na testa era uma das marcas mais famosas que estudaram, afinal, era a prova de que aquele menino havia sido um espelho para a maldição da morte, atingindo o próprio Lorde das Trevas e o aniquilando completamente. Ainda assim, as duas apenas sorriram, dizendo que era um prazer conhecê-lo. E realmente era, ele parecia tão simpático.
Estavam entretidos na conversa quando a porta da cabine se abriu e um garoto ruivo entrou.
— Tem alguém sentado aqui? — perguntou, apontando para o assento em frente ao de Harry. — O resto do trem está cheio.
Harry respondeu que não, assim como e , que o fizeram com um aceno de cabeça, e o garoto se sentou. Olhou para Harry e em seguida olhou depressa para fora, fingindo que não tinha olhado.
— Oi, Rony.
Dois garotos gêmeos parecidos com Rony também entraram no vagão.
— Escuta aqui, vamos para o meio do trem. Lino Jordan trouxe uma tarântula gigante.
— Certo… — resmungou Rony.
— Harry — disse o outro gêmeo, que aparentemente já conhecia o garoto com a cicatriz —, nós já nos apresentamos? Somos Fred e George Weasley. E este é o Rony, nosso irmão. — Então, Fred olhou para as meninas ao lado do garoto com a cicatriz e percebeu que nunca tinha as visto. — E vocês são...?
e respondeu, apontando para a irmã. — É um prazer — completou, dando um sorriso para os irmãos, que responderam com o mesmo gesto.
— O prazer é nosso. — George sorriu ao dizer.
— Bom, vemos vocês mais tarde, então — Fred continuou.
— Tchau! — disseram Harry, , e Rony, e os gêmeos saíram, fechando a porta da cabine ao passar. Ficaram apenas cinco segundos em silêncio antes de Rony voltar a falar.
— Você é Harry Potter mesmo? — o ruivo deixou escapar e Harry confirmou com a cabeça.
— Ah, bom, pensei que fosse uma brincadeira do Fred e do George. E você tem mesmo... sabe…? — Ele apontou para a testa de Harry.
Harry afastou a franja para mostrar a cicatriz em forma de raio. Rony olhou e as duas irmãs, que antes apenas observavam, também se aproximaram um pouco para ver.
— Então foi aí que Você-Sabe-Quem...?
— Foi, mas não me lembro.
— De nada? — perguntou , curiosa. Ela tentou não tocar no assunto, mas já que ele estava falando…
— Bom… Me lembro de muita luz verde, mas nada mais.
— Uau. — Rony ficou parado uns minutos olhando para Harry. Depois, como se de repente tivesse se dado conta do que estava fazendo, olhou depressa para fora da janela outra vez, tímido.
Conversaram sobre diversos assuntos durante a viagem e, quando se deram conta, já estavam vestidos com seus uniformes, entrando no salão principal do enorme castelo da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
Estavam completamente ansiosos para ver em qual casa cairiam.
— Acho que vou para Grifinória, todos os meus irmãos foram para lá — Rony sussurrou, enquanto atravessavam o Salão Principal. — Só não quero ir para a Sonserina, mas isso é quase impossível de acontecer.
— As pessoas da Sonserina não são ruins como você fala, Rony… — respondeu no mesmo tom. A menina não podia escutar alguém falando mal, principalmente sabendo que seu pai pertenceu àquela Casa. Ela se sentia na obrigação de defender.
Draco Malfoy, um garoto com cabelos loiros tão claros que eram quase brancos, a olhou com certa admiração. Nunca ouviu alguém defender a Casa que ele tinha certeza de que cairia. Torceu naquele instante, mesmo que inconscientemente, para que a menina ruiva que andava em sua frente o acompanhasse para lá.
não reparou no olhar e continuou ouvindo a conversa.
— Minha mãe sempre disse que todas as Casas são incríveis e eu concordo com ela — falou, dando de ombros. — Bom, meu pai foi da Corvinal e minha mãe da Lufa-Lufa, não faço a menor ideia para onde vou ser selecionada.
Os alunos novos pararam, observando enquanto a professora Minerva silenciosamente colocava um banquinho de quatro pernas diante deles. Em cima do banquinho ela pôs um chapéu pontudo de bruxo remendado, esfiapado e sujíssimo.
Por alguns segundos fez-se um silêncio total. Então, o chapéu se mexeu. Um rasgo junto à aba se abriu como uma boca, e o chapéu começou a cantar:

Ah, vocês podem me achar pouco atraente,
Mas não me julguem só pela aparência
Engulo a mim mesmo se puderem encontrar
Um chapéu mais inteligente do que o papai aqui.
Podem guardar seus chapéus-coco bem pretos,
Suas cartolas altas de cetim brilhoso
Porque sou o Chapéu Seletor de Hogwarts
E dou de dez a zero em qualquer outro chapéu.
Não há nada escondido em sua cabeça
Que o Chapéu Seletor não consiga ver,
Por isso é só me porem na cabeça que vou dizer
Em que casa de Hogwarts deverão ficar.
Quem sabe sua morada é a Grifinória,
Casa onde habitam os corações indômitos.
Ousadia e sangue-frio e nobreza
Destacam os alunos da Grifinória dos demais;
Quem sabe é na Lufa-Lufa que você vai morar,
Onde seus moradores são justos e leais
Pacientes, sinceros, sem medo da dor;
Ou será a velha e sábia Corvinal,
A casa dos que têm a mente sempre alerta,
Onde os homens de grande espírito e saber
Sempre encontrarão companheiros seus iguais;
Ou quem sabe a Sonserina será a sua casa
E ali fará seus verdadeiros amigos,
Homens de astúcia que usam quaisquer meios
Para atingir os fins que antes colimaram.
Nem se atrapalhar! Estarão em boas mãos!
(Mesmo que os chapéus não tenham pés nem mãos)
Porque sou único, sou um Chapéu Pensador!


O salão inteiro prorrompeu em aplausos quando o chapéu finalizou a cantoria. Ele fez uma reverência para cada uma das quatro mesas e, em seguida, ficou silencioso outra vez.
— Então só precisamos experimentar o chapéu! – cochichou Rony a Harry, e . – Vou matar o Fred, ele não parou de falar numa luta contra um trasgo!
deu uma risadinha, achando graça. Olhou para trás e, na ponta da mesa, próximo de onde ela estava parada, um dos gêmeos a olhou, lhe dando um sorriso encorajador. Seu irmão também reparou e levantou o polegar, fazendo um joinha com a mão.
Ela sorriu e voltou a prestar atenção no que acontecia ao seu redor.
— Quando eu chamar seus nomes, vocês porão o chapéu e se sentarão no banquinho para a seleção. Ana Abbott!
Uma garota de rosto rosado e marias-chiquinhas louras saiu aos tropeços da fila, pôs o chapéu, que lhe afundou direto até os olhos, e se sentou. Uma pausa momentânea…
— LUFA-LUFA! — anunciou o chapéu. A mesa à direita deu vivas e bateu palmas quando Ana foi se sentar à mesa da Lufa-Lufa, enquanto a seleção continuava.
Rony, como havia suposto, foi para Grifinória, e então, em poucos minutos, sobraram apenas , e Harry a serem selecionados.
Sinclair Voux! — a professora chamou e, após um olhar trocado rápido com sua irmã, se dirigiu até o banquinho e se sentou.
Hm… Sei… — o chapéu resmungou em sua cabeça. — Sonserina combina com você, essa determinação e inteligência não me enganam, srta. Sinclair, mas vejo que ficaria melhor na… GRIFINÓRIA!
Enquanto a mesa da Grifinória aplaudia e gritava em comemoração, o nome de foi chamado e o nervosismo, que antes ela não estava sentindo, a atingiu em cheio.
Parece nervosa, srta Voux… — ela escutou a voz do chapéu. — Assim como sua irmã, você se daria bem em mais de uma Casa. Lufa-Lufa faria sua lealdade e garra brilharem ainda mais, mas meu palpite não falha em colocá-la na… GRIFINÓRIA!
Ela suspirou aliviada e foi ao encontro de , que a abraçou apertado assim que se aproximou da mesa de cores vermelho e dourado. As meninas sorriam, contentes de saberem que não ficaram em Casas separadas. Rony e seus irmãos também pareciam felizes em tê-las por lá e ela não poderia estar mais satisfeita.
Na vez de Harry, todos no salão o encararam surpresos ao descobrirem que o menino que sobreviveu estava ali, em Hogwarts. Foram diversos os sussurros dos veteranos e demais alunos, torcendo para que ele fosse para suas respectivas Casas. Mas, assim como seus companheiros de cabine, Harry foi selecionado para Grifinória.
Após o jantar delicioso, foram para o Salão Comunal e conheceram seu dormitório. e dividiriam o quarto com uma garota chamada Hermione Granger, com a qual se deram bem logo de cara. Cada uma escolheu sua cama e então se deitaram, exaustas só de imaginar o dia cheio que teriam ao acordarem.
Apesar do cansaço, se revirou na cama dez vezes antes de decidir sair do quarto para tomar um ar. Ela se sentou no sofá bordô que tinha em frente a lareira e encarou o fogo que crepitava e a aquecia.
— Oi — Harry Potter disse, se aproximando da garota, que desviou sua atenção para ele. — Posso? — perguntou, apontando para o lugar vazio ao lado dela. concordou com um aceno de cabeça e ele se sentou.
— Por que está acordado? — a menina com os cabelos ruivos perguntou.
— Estou pensando em muita coisa. Não consigo dormir com a cabeça cheia desse jeito. E você?
— Mesmo motivo — ela respondeu, dando um sorriso suave para Harry, que correspondeu. — normalmente não consegue dormir bem fora de casa, achei que ela estaria acordada esse horário para me fazer companhia, mas ela estava tão cansada que apagou quase na mesma hora em que deitou.
Conversaram um pouco sobre o que tinham achado de Hogwarts. O dia havia realmente sido cansativo. Harry parecia encantado com o mundo bruxo. Era inacreditável para que ele tivesse crescido tão famoso dentro da sua comunidade sem ao menos saber disso e conhecer a magia em si.
— Descobri que meus pais eram da Grifinória também, sabe, quando estudaram aqui — o menino expôs.
— É bom ter algo em comum com eles, né? Minha mãe também era.
O menino concordou e então a encarou, confuso.
— Sua mãe não era da Lufa-Lufa? — ele perguntou, se lembrando de quando , irmã da garota ao seu lado, falou sobre isso.
— Minha mãe adotiva é — a ruiva respondeu, percebendo o rosto de Harry clarear conforme sua dúvida foi respondida. — Meus pais biológicos morreram há seis anos.
Seus olhos se arregalaram levemente ao ouvir a garota.
— E como foi isso tudo? — ele perguntou, curioso. — Se não quiser contar tudo bem… eu entendo completamente. — balançou a cabeça e então decidiu que ele seria a primeira pessoa naquela escola para quem contaria sua dor.
— Tudo bem, Harry. Já faz um tempo mesmo… — ela falou. Não era como se o aperto em seu coração algum dia fosse sumir, mas não queria que eles fossem esquecidos. E, sendo sincera, Harry a entenderia e isso bastava para que contasse um pouco da história. — Os pais de conheceram os meus ainda na escola, eles eram bem próximos e, quando se formaram, acabaram indo morar em casas vizinhas. Por isso, eu e nos víamos desde o berço, foi inevitável que virássemos melhores amigas. Até nossas festas de aniversário eram juntas porque nascemos, inacreditavelmente, em dias super próximos. Meus pais, assim como o pai dela, eram Aurores, então a mãe de , que é medibruxa, cuidava de nós duas quando eles precisavam sair com urgência ou passar alguns dias fora. A questão é que essa profissão não é uma das mais seguras, ainda mais na época em que os comensais da morte estavam tão enfurecidos com a morte de Você-Sabe-Quem… E, durante essas missões, meus pais acabaram morrendo e minha mãe pediu para que a mãe de cuidasse de mim. Esse foi o seu último pedido. Desde então, moro e vivo com eles.
Ela explicou tudo, enquanto Harry absorvia e prestava atenção em cada palavra da história. Ele não somente sabia da dor dela, como compreendia. Harry não conhecia muitos que lidaram com a morte tão de perto. Chegava a ser um tanto quanto reconfortante saber que ela o compreendia, também.
— Eu considero que tenho duas mães e dois pais, sabe? Eles realmente me tratam tão bem quanto tratam e me acolheram como se fosse uma filha de sangue. Sem contar que consegui a melhor irmã que eu poderia escolher, a minha melhor amiga. Sou eternamente grata por isso.
— Nossa, isso é… muito legal — ele falou, parecendo verdadeiramente feliz pela menina. — Queria ter encontrado pessoas assim para cuidar de mim. Meus pais morreram quando eu tinha um ano, então não lembro deles. Passei a morar com os meus tios, mas não acho que tenha sido uma escolha deles, e sim uma obrigação.
— Sinto muito por isso, não consigo nem imaginar como é... Bom, mas agora você já nos conhece e pode ir lá pra casa sempre que quiser! — ela disse, segurando a mão dele.
E Harry percebeu que aquele era o início de uma amizade mais que especial. Naquela noite, os dois foram dormir satisfeitos e felizes por saber que era só o começo.

***

No dia seguinte, após uma aula de Feitiços, como qualquer outra caloura, decidiu que seria uma ideia maravilhosa se aventurar um pouco e praticar um feitiço que estava em sua mente nos últimos dias.
adorava criar feitiços novos, parecia que tinha nascido para aquilo. Os movimentos e palavras surgiam tão facilmente em sua mente, mas esse, em específico, não tinha tido tempo suficiente nos últimos dias para testar e descobrir sua finalidade.
A sala vazia era tão propícia para a prática que não pensou duas vezes antes de empunhar a varinha e repetir os movimentos, pronunciando a palavra que tanto pensara. Fez aquilo uma, duas e três vezes, apenas para pegar o jeito. Na quarta tentativa, um miado alto foi ouvido. arregalou os olhos, abaixando a varinha enquanto sua mão tremia.
— Droga…
No meio da execução do feitiço, Madame Norra, a gata do Filch, zelador da escola, apareceu do nada, entrando na frente da garota e, por estar no lugar errado no momento errado, foi atingida. ofegou enquanto chegava mais perto, os olhos se arregalando enquanto via os pelos, antes alaranjados, agora completamente tingidos de rosa.
Você! — Ela ouviu a voz gritar e olhou desesperada para o lado, encontrando Filch. — Você vem comigo, agora! — ele disse, se abaixando para pegar a gata no colo com todo o cuidado do mundo.
— Foi um acidente! Não sabia que ela estava por perto — ela tentou se defender, sentindo que o coração sairia pela boca.
— Não quero saber! Venha comigo.
E assim, engoliu em seco e o seguiu até sua sala em silêncio, nervosa e preocupada com o que aconteceria posteriormente, enquanto o zelador a xingava para a gata de todos os nomes possíveis. Chegando lá, sentiu-se um pouco aliviada ao avistar outros dois alunos sentados, conversando despreocupadamente. Ao menos não tinha sido a única a cometer um deslize enorme. Independente da situação, Fred e George sempre pareciam tranquilos, se pegou lembrando dos poucos momentos em que estiveram juntos.
A garota sentou-se ao lado deles, que sorriram e perguntaram-na o que tinha aprontado para estar ali. Ela nem precisou explicar. Ao verem a gata cor de rosa, os dois desataram em gargalhadas, até Filch se virar e os mandar ficarem em silêncio. Os gêmeos reviraram os olhos ao mesmo tempo, reclamando de como ele era sem graça.
Filch disse que levaria Madame Norra para a enfermaria e que era para os três ficarem ali até ele voltar e decidir o castigo que daria para cada um. É claro que não fariam o que foi mandado.
Infelizmente para eles, o zelador não foi burro o suficiente para deixar a porta destrancada e levou consigo a chave. Provavelmente acostumado demais com os alunos que tentavam fugir.
— Será que tem alguma chave aqui nessas gavetas? — George perguntou, apontando para três gavetas na mesa cheia de papéis ao lado direito dele.
— Vamos descobrir… — Fred disse, já abrindo a primeira, enquanto seu irmão abria a segunda. Não encontraram nada além de mais papéis. A última, porém, estava trancada.
— Acho que consigo abrir isso… — falou, tirando um pequeno grampo que prendia uma parte de seus cabelos, os soltando completamente. Ela se aproximou da fechadura da gaveta e o encaixou ali, fazendo alguns movimentos rápidos.
Fred e George a encararam impressionados ao ver que ela havia conseguido abrir sem a ajuda de um feitiço.
— Dêem uma olhada nisso. Vocês vão gostar.
Dentro daquela gaveta, estavam praticamente todos os objetos que Filch confiscou dos alunos de Hogwarts. Ali tinham Bombas de Bosta, Snap Explosivos, Sabão de Ovas de Sapo, Soluços Doces, Xícaras que Mordem o Nariz e um pedaço de papel antigo, meio manchado.
— O que é isso? — Fred se aproximou de para ver melhor o que ela segurava nas mãos e George fez o mesmo, segundos depois. Enquanto encaravam o pedaço de papel, letras começaram a aparecer, como se alguém estivesse escrevendo-as naquele momento.

“Os senhores Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas apresentam o Mapa do Maroto.”

— Mas que merda…
A voz de Filch resmungando nos corredores fez com que os três guardassem rapidamente o pedaço de papel e voltassem a suas posições iniciais. O zelador entrou com sua gata no colo — que agora possuía novamente seus pelos naturais, e disse que o castigo deles seria polir todos os troféus da Sala dos Troféus.
Fred, George e nem reclamaram, afinal, estavam curiosos demais para pensar em outra coisa.
Nas semanas seguintes, eles passaram horas juntos, se dedicando a descobrir como utilizar o Mapa dos Marotos. Por fim, após diversas tentativas, souberam o que deveriam falar exatamente para ativá-lo e, juntos, se aventuraram por todas as passagens secretas de Hogwarts que o pergaminho mostrava. O Mapa era absurdamente incrível e eles não pouparam elogios para quem quer que fossem os criadores. Como era possível ver cada pessoa dentro da escola e o local exato em que se encontrava, ficaram ainda mais habilidosos em fugir de Filch.
Os gêmeos perceberam rapidamente que era uma ótima companhia e tinha um senso de humor tão próximo do deles que não demorou até firmarem uma amizade. Formavam um ótimo trio, sempre rindo e se divertindo.
E não poderia estar mais feliz, se sentindo cada vez mais em casa.

*Aviso: para o melhor andamento da história, mudamos algumas informações dos livros originais. A mais importante é que Voldemort não está vivo, ele foi morto pelo feitiço que tentou jogar em Harry quando tinha um ano e não há risco de retornar. Ah, e os alunos entram em Hogwarts com 14 anos e terminam com 20.*




Capítulo 2

Quatro anos depois...

POV’s
Observava pacientemente o Sr. Weasley, Gina, Hermione, Rony, os gêmeos e Harry subirem o morro Stoatshead. Era cômico quando eles tropeçavam ocasionalmente em tocas de coelho escondidas ou escorregavam em grossos tufos de grama escura, mas, em poucos minutos, já andavam em nossa direção.
— Ufa! — ofegou o Sr. Weasley, tirando os óculos e secando-os no suéter. — Bom, fizemos um bom tempo, ainda temos dez minutos… Família Voux! — disse, reparando em nós quatro, já se aproximando para nos abraçar.
— Oi, Sr. Weasley! — eu e minha irmã dissemos ao mesmo tempo.
— Quanto tempo, Arthur! — nosso pai falou, abraçando-o. Eles se conheceram na escola e fizeram parte da Ordem da Fênix quando Você-Sabe-Quem era uma ameaça, então eram bem próximos. Quando conhecemos Ron, Gina, George e Fred, se aproximaram ainda mais porque sempre nos visitávamos em férias e festas de fim de ano, mas dessa última vez acabamos viajando, então não nos vimos muito.
— Nem me fale! Como estão as coisas no St. Mungus, Elizabeth? — Ouvi Sr. Weasley perguntando para nossa mãe, enquanto e eu nos aproximávamos de Gina, Harry, Ron, Fred, George e Hermione - que havia acabado de aparecer na crista do morro, ofegante e mancando, como se estivesse com cãibra.
— Eu jurava que era mais perto — ela resmungou, respirando fundo. olhou o caminho novamente e concordou com a cabeça. Aquela distância enganava mesmo.
Logo cumprimentamos todos ali, enquanto nossos pais terminavam a conversa com Sr. Weasley.
— Agora só precisamos da Chave de Portal — disse o Sr. Weasley, repondo os óculos e apurando a vista para esquadrinhar o terreno. — Não deve ser grande... Vamos...
Todos se espalharam para procurá-la. Alguns minutos passaram enquanto conversávamos e observamos por todos os cantos.
Ok, na verdade, como Fred e George me acompanharam, admito que não prestamos muita atenção se a Chave do Portal estava por ali.
— Sentimos sua falta — George falou, bagunçando os fios escuros do meu cabelo. — Os jogos de quadribol lá em casa não foram a mesma coisa sem você.
— Pensei que viria nos visitar durante essas férias — Fred completou e seu irmão concordou com a cabeça.
— Também senti falta de vocês — respondi, sorrindo, abraçando-os de lado. — Sabem que não conseguimos ir porque meu pai decidiu viajar…
Eles apenas murmuraram que sim, afinal, eu havia avisado por carta, mas que não mudava o fato de que queriam ter me visto pelo menos uma vez antes de irmos viajar. Lua, tadinha, voou muito nesses últimos dois meses e só o fez de bom grado porque sempre recebia petiscos quando chegava na Toca.
— Aqui, Arthur, achamos!
Dois vultos altos surgiram recortados contra o céu estrelado, do outro lado do cume do morro. Apertei os olhos, tentando enxergar melhor os rostos, e apenas troquei olhares com os gêmeos ao perceber quem era.
— Amos! — exclamou o Sr. Weasley, encaminhando-se sorridente para a direção deles. Nossos pais sorriram, seguindo seu caminho. Resolvemos ir atrás.
O Sr. Weasley apertou as mãos de um bruxo de rosto corado, com uma barba castanha e curta, que segurava em uma das mãos uma bota velha de aparência mofada. Ele sorriu para meus pais, comentando que fazia tempo que não os via também.
— Este é Amos Diggory, pessoal — apresentou o Sr. Weasley. — Trabalha no Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas. E acho que vocês conhecem o filho dele, Cedrico?
Hogwarts inteira o conhecia. Ele era um dos meninos mais populares e bonitos, além de bastante simpático. conversava bem mais com Cedrico Diggory que eu, então eles eram mais próximos. Sempre achei que ele tivesse um interesse por ela, apesar de ter ouvido alguns boatos envolvendo o lufano e Cho Chang no último ano.
Como ele era capitão e apanhador do time de quadribol da Lufa-Lufa, e eu era artilheira do time da Grifinória, tivemos que competir algumas vezes. Mesmo com a rivalidade, ele sempre foi muito respeitoso comigo e com todo mundo que eu conhecia.
— Oi... — disse Cedrico, olhando para os garotos.
Todos retribuíram o “Oi”, menos Fred e George, que apenas acenaram com a cabeça. Eles nunca haviam perdoado Cedrico por derrotar o time da Grifinória no primeiro jogo de quadribol do ano anterior e eu duvidava que um dia fossem. Fiquei brava nesse dia, mas nada se comparava com o tanto que ouvi George xingando nossos adversários. Meu melhor amigo odiava perder.
— Uma longa caminhada, Arthur? — perguntou o pai de Cedrico.
— Não foi tão ruim assim — respondeu o Sr. Weasley —, moramos logo ali do outro lado do povoado. E você?
— Tivemos que nos levantar às duas, não foi, Ced? Confesso que vou ficar satisfeito quando ele passar no exame de aparatação. Mas... Não estou me queixando… A Copa Mundial de Quadribol, eu não a perderia nem por um saco de galeões, e é mais ou menos quanto custam as entradas. Mas, pelo visto, parece que me saiu barato... — Amos Diggory mirou bem-humorado os três garotos Weasley, Harry, Hermione e Gina. — São todos seus, Arthur?
Por ser amigo de meus pais, provavelmente Amos já sabia que eu e éramos filhas deles e não se deu ao trabalho de estender aquela pergunta a nós.
— Ah, não, só os ruivos — esclareceu o Sr. Weasley, apontando para os filhos. — Esta é Hermione, amiga de Rony, e Harry, outro amigo…
— Pelas barbas de Merlim! — exclamou Amos Diggory, arregalando os olhos. E lá vamos nós… — Harry? Harry Potter?
— Hum... é — Harry respondeu, sem graça.
Mesmo que Harry estivesse habituado às pessoas o olharem curiosas quando o reconheciam e ao modo como encaravam a cicatriz em forma de raio em sua testa, sabíamos que isto sempre o constrangia.
— Ced nos falou de você, naturalmente — disse Amos. — Nos contou tudo sobre a partida que jogaram com vocês no ano passado... Eu disse a ele: “Ced, isto vai ser uma história para contar aos seus netos, ah, vai... você derrotou Harry Potter”!
Harry ficou calado, provavelmente sem pensar rápido o suficiente para poder responder. Fred e George amarraram a cara outra vez, novamente trocando olhares comigo. Cedrico parecia verdadeiramente encabulado.
— Harry caiu da vassoura, papai — murmurou ele, tentando corrigir a situação. — Contei a você... foi um acidente…
— É, mas você não caiu, não é mesmo? — rugiu Amos jovialmente, dando uma palmada nas costas do filho. — Sempre modesto, o nosso Ced, sempre cavalheiro... mas venceu o melhor, tenho certeza de que Harry diria o mesmo, não é? Um cai da vassoura, um continua montado, não é preciso ser gênio para saber quem voa melhor!
Respirei fundo, pelo bem dele, tentando apenas ignorar aquela alfinetada - mesmo que não tenha sido a intenção. Sério mesmo? Sem acreditar na falta de noção dele, cruzei os braços.
— Deve estar quase na hora — disse o Sr. Weasley depressa, mudando de assunto, puxando o relógio do bolso mais uma vez. — Você sabe se temos que esperar mais alguém, Amos?
— Não, os Lovegood já estão lá há uma semana e os Fawcett não conseguiram entradas — disse o Sr. Diggory. — Não tem mais gente nossa na área, tem?
— Não que eu saiba. É, falta um minuto... é melhor nos prepararmos…
— Bom, essa é nossa deixa! Depois ligo para Molly e marcamos um jantar, Arthur! — nossa mãe finalizou a conversa e então se aproximou de nós novamente. — Se divirtam, meninas. Qualquer coisa é só nos chamar! — ela falou, nos abraçando.
Nosso pai fez o mesmo e, após se despedirem de todos, os dois se afastaram para a floresta novamente.
Sr. Weasley olhou para nós, Harry e Hermione.
— Vocês só precisam tocar na Chave de Portal, só isso, basta um dedo...
Com dificuldade, por causa das volumosas mochilas, nos agrupamos em círculo em torno da velha bota que Amos Diggory segurava.
— Três... — murmurou o Sr. Weasley, com o olho ainda no relógio — Dois... Um...
Nunca havia viajado com uma Chave de Portal, então não sabia o que esperar, mas aconteceu instantaneamente. Tive a sensação de que um gancho dentro do meu umbigo foi irresistivelmente puxado para a frente. Era…esquisito. Para dizer o mínimo. Meus pés deixaram o chão e senti Gina e George, um de cada lado, os ombros se tocando, e todos avançaram vertiginosamente em meio ao uivo do vento e ao rodopio de cores. Fechei os olhos, evitando ficar zonza.
Meu dedo indicador estava grudado na bota como se ela fosse um imã, me puxando para a frente, e então… Meus pés bateram no chão.
Rony deu um encontrão em Harry e os dois caíram. A Chave de Portal logo despencou no chão do lado da cabeça deles com um baque forte. Apesar dos dois, todos estavam bem e em pé.
riu enquanto estendia a mão para Harry, e Hermione ajudou Rony a se levantar.
— O sete e cinco chegando do morro Stoatshead — anunciou uma voz.
Diante de nós, estavam dois bruxos cansados, com cara de rabugentos, um dos quais segurava um grande relógio de ouro, e o outro, um grosso rolo de pergaminho e uma pena. Ambos estavam vestidos como trouxas, embora eu soubesse que um trouxa não se vestiria dessa forma em um dia normal. O homem do relógio usava um terno de tweed com botas de borracha até as coxas; o colega, um saiote escocês e um poncho.
E, acredite, eu tinha visitado o mundo trouxa vezes o suficiente para saber que definitivamente esse tipo de vestimenta não seria bem-visto lá.
Como Harry e Hermione passam uma parte da vida lá, comentam sobre algumas coisas que eu e ficamos curiosas para saber como é. E, ignorando o medo de Rony, escapamos algumas vezes. Havia sido sensacional, no final das contas. Tem tanta coisa incrível que não temos aqui!
— Bom dia, Basílio — cumprimentou o Sr. Weasley, apanhando a bota que nos transportou e entregando-a ao bruxo de saiote, que a atirou em uma grande caixa de chaves de portal usadas.
— Olá, Arthur — disse Basílio em tom entediado. — Não está de serviço, não é? Tem gente que se dá bem... Estivemos aqui a noite toda... É melhor você desimpedir o caminho, temos um grupo grande chegando da Floresta Negra às 05:15 da tarde. Espere um pouco, me deixe ver onde é que você vai ficar... Weasley... Weasley... — falou, consultando a lista no pergaminho. — A uns quatrocentos metros para aquele lado — apontou para a esquerda —, no primeiro acampamento que você encontrar. O gerente é o Sr. Roberts. Agora, Diggory… segundo acampamento... pergunte pelo Sr. Payne.
— Obrigado, Basílio — disse o Sr. Weasley e fez sinal para todos o acompanharem.
Saímos pela charneca deserta, incapazes de distinguir muita coisa através da névoa. Nessas horas eu pensava que deveríamos normalizar alguns artefatos trouxas. Por exemplo, sempre que o dia estava extremamente claro e quente, com o sol a ponto de queimar nossas retinas, seria maravilhoso usar óculos de sol aqui também. Seria perfeito para assistirmos aos jogos de quadribol.
Passados uns vinte minutos, avistamos uma casinha de pedra ao lado de um portão. Mais além, percebi formas fantasmagóricas de centenas de barracas, montadas na ondulação suave de um grande campo, no rumo de uma floresta escura no horizonte.
Nos despedimos dos Diggory e nos aproximamos da casa. Rony e quase pularam de alegria, exaustos de andar.
Havia um homem parado à porta, contemplando as barracas. O Sr. Weasley o cumprimentou e então o acompanhou para fazer o pagamento junto com Harry - que o ajudaria com o dinheiro trouxa. Nossos pais haviam dado algum dinheiro para pagar nossa parte, então apenas esperamos os dois voltarem.
Poucos minutos depois, eles voltaram, e o bruxo nos acompanhou em direção ao portão do acampamento. Nós avançamos lentamente pelo campo entre longas fileiras de barracas.
— Ah, lá está, olhem, aquela é a nossa — comentou o Sr. Weasley, sorrindo abertamente.
Tínhamos alcançado a orla da floresta no alto do campo e ali havia uma área livre com um pequeno letreiro enfiado no chão em que se lia “Weezly”. Ri baixinho, achando engraçado. Volta e meia, os gêmeos reclamavam que viviam confundindo os nomes deles. Lembrei também da primeira vez que fomos em uma cafeteria no mundo trouxa e Rony ficou chateado que escreveram seu nome errado.
— Não podíamos ter ganhado um lugar melhor! — exclamou o Sr. Weasley, feliz. — O campo preparado para as partidas é logo do outro lado da floresta, estamos o mais perto que poderíamos estar. — Ele descarregou a mochila dos ombros. — Certo — disse, animado —, rigorosamente falando, nada de mágicas, não quando estamos no mundo dos trouxas em tão grande número. Vamos armar as barracas à mão! Não deve ser muito difícil... Os trouxas fazem isso o tempo todo... Tome, Harry, por onde você acha que devo começar?
— Na verdade, eu nunca acampei… — Harry disse. Aparentemente os Dursley nunca o haviam levado de férias - o que, sinceramente, me fez ter ainda mais raiva de seus tios pelo descaso que faziam dele.
No entanto, eu, e Hermione descobrimos como distribuir os paus e as estacas – e, embora o Sr. Weasley atrapalhasse mais do que ajudasse, porque ficou animadíssimo com a ferramenta chamada martelo, nós finalmente conseguimos erguer as barracas modestas para duas pessoas cada.
No fim, nos afastamos para admirar a nossa incrível habilidade manual.
— Vamos ficar meio apertados… — comentou o Sr. Weasley, se abaixando e entrando na maior delas —, mas acho que vai dar para nos espremermos. Venham dar uma olhada!
Apesar do que Arthur havia falado, a barraca era espaçosa. Ela possuía dois quartos, um banheiro e uma cozinha. Como eu, , Gina e Mione ficaríamos na outra barraca - que devia ser um pouco menor que essa - estava dando graças que não precisaríamos dividir o banheiro com os meninos, e, ao olhar para a expressão satisfeita de Hermione, imaginei que ela pensava o mesmo que eu.
— Bom, não é para muito tempo… — disse o Sr. Weasley, secando a careca com um lenço e espiando as quatro camas-beliches que havia no quarto. — Pedi a barraca emprestada ao Perkins, lá do escritório. Ele não acampa muito atualmente, coitado, está com lumbago.
O Sr. Weasley apanhou uma chaleira empoeirada e espiou dentro.
— Vamos precisar de água...
— Tem uma torneira assinalada no mapa que o trouxa nos deu — disse Rony. — Fica do outro lado do campo.
— Bom, então por que você e Harry não vão apanhar um pouco de água... — O bruxo entregou aos garotos a chaleira e duas caçarolas. — E eu, Fred e George vamos apanhar lenha para fazer uma fogueira?
— Mas temos um forno — lembrou Rony —, por que não podemos...?
— Rony, segurança antitrouxa! — disse o Sr. Weasley, o rosto brilhando de expectativa. — Quando os trouxas de verdade acampam, eles cozinham em fogueiras ao ar livre, já os vi fazendo isso!
Enquanto Harry e Rony atravessavam o acampamento levando as vasilhas, caminhei ao lado das minhas amigas para dentro da barraca que ficaríamos, conversando sobre como foram nossas férias.
— Mais alguma novidade desde que trocamos cartas? — perguntei, me acomodando no pequeno sofá que tinha ali dentro.
Enviar e receber cartas tinha sido o meio de comunicação mais efetivo possível nesse período, então estávamos praticamente inteiradas sobre o que aconteceu com as outras.
— Além de Rony ser um tapado e não perceber que Mione é afim dele? — Gina questionou e Hermione revirou os olhos, resmungando um xingamento.
— O engraçado é que ele, claramente, é afim de você também — comentei. Gina e concordaram, enquanto ela apenas deu de ombros, como se não acreditasse muito naquilo.
— Sabiam que Gina conversou as férias inteiras por cartas com Dino Thomas, do nosso ano, e escondeu de nós? — Mione disse, mudando completamente o assunto, levando um empurrão da ruiva.
Oh, talvez não estivéssemos tão inteiradas assim.
— Não falei porque queria vê-lo antes e entender o que significa, sabe? — ela respondeu, dando de ombros. — Achei estranho quando recebi uma carta dele no começo das férias, mas, quando percebi, já estávamos trocando mais de três por dia. Só tenho que entender como vai ser pessoalmente…
— O Dino é gente boa, sempre foi um fofo… — falou. — Vocês ficariam bem juntos.
— Não vou aguentar Gina Weasley comprometida — falei de forma dramática, fazendo as meninas rirem.
— Vocês sabem que eu sou todinha de vocês — Gina disse, mandando um beijo para todas nós.
Apesar de termos estendido o assunto sobre nossas vidas amorosas, tivemos que parar na metade porque quatro meninos entraram em nossa barraca minutos depois. Fred se sentou ao meu lado direito e passou o braço ao redor do meu pescoço. George fez o mesmo do meu lado esquerdo, enquanto Rony se sentou no tapete em frente à Mione, e Harry, no braço da poltrona que estava sentada.
— Papai disse que daria uma volta, aparentemente tem muitas coisas trouxas interessantes que ele não pode perder — Rony explicou o porquê deles estavam ali. — Mas o que vocês estavam falando?
— É, não parem o assunto por nossa causa, eu insisto! — George falou com um sorrisinho de lado, percebendo o silêncio repentino que havia se instalado ali.
— Claro! Vamos continuar, então — Gina disse, cruzando os braços. Já sabia o que viria a seguir. — Então, em uma das cartas ele me contou como vai me beijar quando estivermos sozinhos e…
NÃO! Chega! Muda, muda, muda! — Rony disse, desesperado. Eu e as meninas rimos alto. Era sempre engraçado ver como ele ficava envergonhado com esse tipo de assunto, principalmente vindo de sua irmã.
— Imaginei — Gina respondeu, com um sorriso satisfeito.
Após o retorno do Sr. Weasley, Gina, Mione, Harry e saíram da barraca para ajudar com a fogueira. Eu também teria ido, mas George e Fred me impediram, me abraçando mais forte, falando que era uma ótima hora para conversarmos porque estavam com saudades.

POV’s
Quando o sol se pôs, ouvimos um gongo, grave e ensurdecedor, bater em algum lugar além da floresta e, na mesma hora, lanternas verdes e vermelhas se acenderam entre as árvores, iluminando o caminho até o campo. Era realmente bonito de observar.
— Está na hora! — exclamou o Sr. Weasley, parecendo tão animado quanto os garotos. — Andem logo, vamos!
Então, todos corremos para a floresta, seguindo o caminho iluminado o mais rapidamente possível. O barulho das milhares de pessoas que se movimentavam à nossa volta me deixava ansiosa. As pessoas gritavam, gargalhavam ou cantavam trechos de canções. A atmosfera de excitação febril era extremamente contagiosa.
Caminhamos pela floresta durante vinte minutos, conversando e brincando em voz alta, até que finalmente emergimos do outro lado e nos viramos à sombra de um gigantesco estádio.
— Lugares de primeira! — exclamou a bruxa do Ministério ao portão, quando verificou as nossas entradas. — Camarote de honra! Suba direto, Arthur, o mais alto possível.
As escadas de acesso ao estádio estavam forradas com carpetes púrpura berrante. Nossa, eles realmente se empenharam na decoração. Subimos acompanhando o resto da multidão, que aos poucos foi se dispersando pelas portas à direita e à esquerda que levavam às arquibancadas. O Sr. Weasley continuou subindo e finalmente chegou no topo da escada, onde havia um pequeno camarote, armado no ponto mais alto do estádio e situado exatamente entre as duas balizas de ouro.
Foi inevitável pensar que meus pais amariam estar aqui comigo. Ainda mais meu pai, por ter sido capitão da equipe de quadribol da Sonserina na época que estudava em Hogwarts. Me lembro vagamente da sala de troféus que tínhamos em casa.
Comecei a imaginar momentos nossos juntos, para qual time estaríamos torcendo. Minha mãe sempre nos dizia o quanto minha mãe biológica era animada e amava tudo que envolvesse multidões, não deixando de ir a um jogo sequer. As fotos que eu guardava comprovavam isso. Se eu fechasse os olhos, seria capaz de visualizá-la gritando durante o jogo que viria.
Distraída, ignorei o fato de que estava em um fluxo enorme de pessoas e diminui o passo, sem perceber que acabei ficando bem atrás dos meus amigos. Apressei o passo para alcançá-los, quando um homem enorme - praticamente um brutamontes - esbarrou no meu ombro direito. Eu me desequilibrei, sentindo minhas pernas dobrando enquanto eu caía no chão.
Fechei os olhos, me preparando emocionalmente para a queda. Droga, eu era muito desastrada e vivia com roxos, e dessa vez sabia que, apesar do carpete, iria me machucar feio.
No entanto, a pancada nunca veio.
Mãos seguraram fortemente minha cintura, me impedindo de aterrissar drasticamente no chão. Suspirei alto, mentalmente aliviada por não ter me machucado. Senti o perfume amadeirado em minhas narinas e o reconheci quase que imediatamente. Olhei rapidamente para cima, tentando controlar o choque ao ver o rosto de ninguém menos que Draco Malfoy enquanto ele evitava minha queda.
Pelo que conhecia da nossa relação, era mais fácil que ele desse o empurrão final para que eu caísse com mais força ainda.
— Por Merlin, Voux, você não sabe andar? — ele falou, um sorriso debochado saindo de seus lábios.
— Obrigada — respondi, exatamente no mesmo tempo que ele proferiu a frase.
Suas mãos me pressionaram mais forte e senti seu corpo enrijecer enquanto ele me observava como se eu fosse uma lunática e tivesse dito que iria entrar em sua casa no meio da madrugada e sequestrar sua família para obrigá-los a viver em condições análogas à escravidão.
Ah, certo, ele me odiava de tabela desde o começo das aulas porque eu e Harry vivíamos grudados. Eu, que já não tinha paciência com gente desse tipo, discutia com Malfoy sempre que nos encontrávamos, às vezes até durante as aulas.
Então, sim, sua surpresa por eu ter agradecido era compreensível. Para dizer o mínimo.
Draco continuou com a sobrancelha erguida. Eu estava pensativa, no entanto. Apesar dos anos que tinham se passado, pensar em minha família no dia de hoje me deixou avoada. Ao contrário da minha mãe, extremamente ruiva, os cabelos de meu pai eram loiros.
Não na mesma tonalidade que os do Malfoy — eram um pouco mais escuros. Porém, olhar os fios refletidos pelas luzes me fez suspirar. Como eu queria que eles estivessem aqui…
Sem vontade de discutir como o usual, e cansada demais para dizer qualquer outra coisa, apenas me desvencilhei de seus braços e segui o caminho pelo qual meus amigos tinham ido.
Foi fácil encontrá-los. Umas vinte cadeiras das cores dourado e púrpura tinham sido distribuídas em duas filas e nós ficaríamos bem na primeira. Gina, Fred, George e conversavam ansiosos sobre o jogo que começaria em poucos minutos, Rony explicava alguma manobra para Mione, que só parecia ouvir por ser ele, e Harry observava os dois, com um sorriso engraçado no rosto. Entrelacei o meu braço ao seu quando me sentei, observando a cena mais linda que eu poderia ver.
Não era novidade nenhuma que eu amava lugares com uma aglomeração enorme e, apesar de não participar do time de quadribol - acredite, eu não era fã de nenhum esporte específico -, amava torcer e gritar junto com os demais alunos. Se eu tivesse tido mais tempo com meus pais, talvez eu gostasse ainda mais de assistir aos jogos.
Havia cerca de mil bruxos e bruxas que iam, aos poucos, ocupando os lugares que se erguiam em vários níveis em torno do longo campo oval. Tudo estava banhado por uma misteriosa claridade dourada que parecia se irradiar do próprio estádio. Ali do alto, o campo parecia feito de veludo. De cada lado, havia três aros de gol com quinze metros de altura. Do lado oposto ao que estávamos, quase ao nível dos nossos olhos, havia um gigantesco quadro-negro. Palavras douradas corriam pelo quadro sem parar como se uma gigantesca mão invisível as escrevesse e em seguida as apagasse. Era um quadro de anúncios.
— Onde você estava? — Harry perguntou, parecendo curioso.
— Um grupo acabou passando na minha frente e eu tive que esperar um pouco para subir — falei, vendo meu amigo concordar com a cabeça. Não era mentira, mas preferi ocultar o fato de que encontrei Malfoy aqui. Harry provavelmente descobriria depois, de qualquer forma, então não havia necessidade alguma de trazer esse assunto à tona.
— Eu ainda não acredito que estou aqui — Harry disse, maravilhado, sem desgrudar o olhar de todos os cantos. Sorri para ele, feliz que ele estivesse tendo essa experiência. Se era incrível para mim, mal podia pensar em como ele se sentia. Crescer sem saber o que era magia…
Conversamos por mais um tempo enquanto o camarote foi enchendo. Dito e feito. Menos de dez minutos depois, vi Draco Malfoy entrando e Harry bufou ao ver que estavam no mesmo ambiente. Ele me encarou por alguns segundos, ainda parecendo confuso, dado seu olhar parcialmente cerrado, e passou os dedos pelos fios tão loiros que pareciam brancos. Acho que era uma mania, porque é comum vê-lo fazer isso, principalmente durante as provas, quando estava pensativo.
Ignorei sua presença e voltei a olhar para meus amigos. Poucos segundos depois, a voz robótica de Ludos Bagman ecoou em cada canto das arquibancadas.
— Senhoras e senhores… Bem-vindos! Bem-vindos à final da quadricentésima vigésima segunda Copa Mundial de Quadribol!
Gritei e bati palma junto aos demais espectadores, ansiosa pelo restante da noite. O jogo foi impressionante de assistir, os atletas ágeis disputando pela vitória.
Não foi nenhuma surpresa quando a Irlanda ganhou e não demorou muito até sermos praticamente engolidos pela multidão que saía do estádio e voltava aos acampamentos. Ouvíamos as cantorias desafinadas conforme retornamos pelo caminho iluminado por lanternas, os leprechauns continuavam a sobrevoar a área em alta velocidade, rindo, tagarelando, sacudindo as lanternas, enquanto Rony andava com a cara fechada, triste pela derrota da Bulgária.
Quando chegamos finalmente às barracas, ninguém estava com vontade de dormir e, considerando o nível da barulheira, o Sr. Weasley concordou, antes de se deitar, que podíamos tomar uma última xícara de chocolate.
Os meninos, Gina e discutiam sobre a partida com o Sr. Weasley, e eu e Hermione conversamos sobre os jogadores, sem nos importarmos nem um pouco com a competição em si. Gina estava tão cansada que caiu no sono em cima da mesinha e derramou chocolate quente pelo chão.
O Sr. Weasley, ao perceber que estava ficando tarde, insistiu que todos deveriam se deitar, então demos boa noite e seguimos diretamente aos nossos beliches.
Assim como Gina, Hermione dormiu quase que no mesmo instante que se deitou na cama. Enquanto isso, eu e nos sentamos no sofá. Aparentemente nenhuma das duas estava cansada o suficiente.
A verdade era que eu queria aproveitar que estava tarde e que os torcedores deveriam estar dormindo para andar um pouco. Gostava de ambientes assim e realmente precisava ficar um pouco sozinha e tomar um ar fresco, então avisei .
— Bom, não é todo dia que você pode aproveitar isso tudo. Vai lá! — ela respondeu, sorrindo e eu agradeci mentalmente por ter uma irmã tão compreensível. — Vou ficar um pouco lá fora também, não estou com sono ainda.
Balancei a cabeça, concordando, e saí da barraca. Normalmente, eu não gostava de sair perambulando sozinha por lugares como esses. Porém, como uma boa bruxa e mulher, estava protegida não somente com minha varinha, mas com utensílios trouxas — como um soco inglês pontudo — por mera precaução.
Andei por poucos minutos até chegar em uma parte do acampamento praticamente vazia, sem barracas. Era linda, iluminada o suficiente para que não estivesse um breu por completo. Eu realmente gostava de ficar em ambientes escuros, principalmente quando me sentia sufocada. Me ajudava a pensar.
Me deitei no chão, sentindo a grama tocar minhas costas. Normalmente, eu detestava a sensação das folhas curtas raspando contra minha pele, porém, naquele momento, não poderia me importar menos.
O céu, pintado de um azul escuro tão intenso, com pequenos pontos brancos brilhantes, me deixava mais melancólica. Eu amava observar as estrelas e sempre buscava tirar um tempo para isso. Fechava os olhos e fazia um pedido, torcendo para que elas me ouvissem.
Era um momento de calma e reflexão.
? — reconheci a voz que me chamava no mesmo segundo e quase gemi em descontentamento. Não conseguia acreditar que, mais uma vez, havíamos nos encontrado. — O que você está faz…
— Malfoy, eu não estou no clima hoje — interrompi imediatamente, abrindo os olhos para encará-lo.
Quase bufei ao vê-lo se sentar ao meu lado, mas decidi o ignorar e voltei minha atenção para o céu. Era meu momento e ele não iria atrapalhar.
— O que aconteceu? — ele perguntou. Sentia seu olhar queimando meu rosto, como se estivesse me estudando. Havia algo diferente em seu tom de voz, mas não consegui identificar o que…
— Você realmente quer saber? Não acha estranho me xingar toda vez que nos vemos e hoje, do nada, me perguntar isso?
Por Merlin, estou tentando ter uma conversa normal pela primeira vez — ele resmungou, desviando sua atenção de mim. — E se quer saber, eu fiquei preocupado.
Mesmo que quisesse ignorá-lo, não conseguiria depois de ouvir aquilo. O olhei com as sobrancelhas franzidas, provavelmente fazendo a careta mais estranha, tentando entender o que se passava com Draco Malfoy.
Preocupado? — a descrença explícita em meu tom de voz, meus lábios se repuxando enquanto eu esperava que ele finalmente desse uma resposta espertinha e fosse o idiota de sempre.
— É claro! Mais cedo você me agradeceu, . Pode imaginar que a minha reação foi a mesma que a sua agora, não é? — Nossos olhares se encontraram e eu pude ver claramente que não havia nenhum daqueles sentimentos egoístas e orgulhosos que eu tanto odiava nele.
Oh. Que estranho.
— Você fala como se eu fosse um monstro mal-educado… — Foi a minha vez de resmungar, cruzando os braços em frente ao peito.
— E comigo, você não é? — ele perguntou, levantando uma sobrancelha e abrindo um singelo sorriso. Estiquei meu braço apenas para dar um tapa leve em seu braço. Sim, muito madura, eu sei. — Ai!
Não consegui segurar a risada ao ver a expressão indignada de Draco.
— Bem-feito… — dei de ombros.
Ficamos mais alguns segundos em silêncio e então ele se deitou, ficando na mesma posição que eu, encarando o céu escuro.
Estava… confortável? Draco permanecia em silêncio a maior parte do tempo, parecendo respeitar o meu tempo. Ouvi-lo dizer que se preocupava comigo era meio desesperador, porque demonstrava que eu realmente estava mal. Tão mal a ponto da pessoa que menos gostava de mim ficar preocupada em me deixar sozinha.
Respirei fundo, tentando enumerar os prós e contras em me abrir para ele. Seria bom desabafar para alguém que não fosse meu amigo, mas tinha receio que ele realmente só estivesse tirando uma com minha cara… Hm, ele também poderia dizer tudo aos seus amigos e eles me estressariam quando voltássemos a Hogwarts.
Mas, sendo sincera, não estava sendo ruim ter sua companhia. De verdade. E, no fundo, eu o conhecia bem o suficiente para saber que esse era um assunto delicado e Malfoy, por mais insuportável que fosse às vezes, não era tão baixo a esse nível.
Tanto é que, mesmo odiando Harry mais que a mim, jamais havia feito qualquer piada ou brincadeira de mal gosto durante esses anos com o fato dele ser órfão - o que seria realmente desprezível.
— No dia dez de setembro, vão completar onze anos que meus pais faleceram — falei, soltando um longo suspiro. — Estar aqui, em um ambiente que eu tenho certeza que eles amariam vir comigo, me fez lembrar dos dois.
Novamente, senti a atenção de Draco sobre mim.
— Meu pai era completamente apaixonado por quadribol, então… — continuei.
— É eu sei — ele respondeu, e eu estranhei. Olhei-o com curiosidade, esperando que explicasse. — Certa vez precisei limpar a Sala dos Troféus e, enquanto passava por uma das prateleiras, vi um nome. Joseph Sinclair. Me pareceu tão familiar que não foi difícil descobrir que um dos melhores capitães do time de quadribol da Sonserina era o seu pai. É por causa dele que você usa o colar de pomo de ouro?
— Quando você…? — não completei a pergunta. Nem mesmo precisei. Draco já havia entendido.
Ok, era chocante ele saber quem meu pai era. Não que ninguém soubesse, vários alunos da Sonserina já vieram falar comigo por causa do sobrenome, mas era algo que eu não esperava que Draco Malfoy fosse se interessar em saber. Ainda mais por ter visto fotos e prestado atenção no quanto nos parecíamos.
E, certo, Draco era sonserino e da equipe de quadribol também, mas não era uma informação que esperei ouvir algum dia.
Mas ele ter reparado que eu usava o colar com esse pingente? Eu estava surpresa. Normalmente, usava dentro da camisa, então quase ninguém via. Isso só poderia significar que ele esteve de olho em mim.
— Quando eu te vi pela primeira vez, no nosso primeiro dia em Hogwarts, ouvi você defendendo a minha casa. Naquele dia, eu torci para que fosse escolhida para Sonserina. — Arregalei os olhos, em completo choque ao ouvir o que ele dizia. O quê diabos? — Quando vi que havia ido para Grifinória, fiquei me perguntando por muito tempo o porquê de ter defendido daquela forma… Só consegui entender depois de descobrir que foi por causa de seu pai. E, bem, você não participa da equipe, então só poderia ser isso.
— Pensei que você tivesse agradecido por não me ter em sua casa… — brinquei.
— Eu não te odeio, . Eu só respondi da mesma forma que você começou a me tratar quando fez amizade com o Potter.
Não respondi. O que eu poderia falar? Que eu estava enganada durante todos esses anos? A verdade é que eu realmente tomei as dores de Harry e tratei Draco da pior forma que eu poderia tratar alguém.
— Eu também não te odeio… tanto — falei e, após nos encararmos, ele riu suavemente, dando de ombros.
— Bom, já é um começo — ele suspirou. — Agora, se quiser me contar, eu gostaria de saber como seus pais eram com você.
Então contei, porque realmente queria. Eu era pequena quando tudo aconteceu, o que explicava minha memória ser falha, mas havia dito ao garoto os mínimos detalhes de cada história que ainda lembrava. Contei o que aquele colar significava para mim. E ele ouviu com toda a sua atenção.
Para ser sincera, nunca pensei que estaria numa situação dessas com a pessoa que eu considerava a mais odiosa de toda a escola, mas agora até que me sentia bem por tê-la deitada do meu lado. Tinha sido um ótimo dia, sim, mas a noite tinha sido pesada e, ao contrário do que eu tinha imaginado, realmente não gostaria de passar sozinha.
Aproveitando essa trégua que demos, sem saber se seria um momento único na vida, dei ao máximo de mim para aproveitar cada segundo.
Malfoy me contou histórias também. De quanto era pequeno, de como se sentiu chegando em Hogwarts e a pressão que era para que fosse o melhor em todas as aulas — tarefa árdua, já que estudávamos com a Hermione.
Conversamos tanto que mal notei quando o sol começou a dar seus primeiros sinais. Somente quando bocejei pela décima vez que Draco disse que iria me acompanhar até minha barraca. Não discordei porque estava tão sonolenta que tive receio de cair no meio do caminho e dormir no chão mesmo.
Nos despedimos, desejando boa noite, e entrei. Vi que Fred estava deitado com , mas já estava tão acostumada em ver essa cena que apenas continuei meu caminho e não pensei duas vezes antes de me jogar na cama e me entregar ao sono mais profundo.

POV’s
Saí da barraca poucos minutos depois de e me sentei ali na frente, na grama. Respirei fundo, encarando o céu estrelado.
— Imaginei que estaria acordada. Nunca consegue dormir direito fora de casa, não é?
Ao ouvir sua voz rouca, olhei para trás apenas para vê-lo se sentando ao meu lado na grama. Fred usava uma calça de moletom. E só.
Respondi com um aceno de cabeça. Ele sabia bem como era difícil para mim ter uma noite de sono completa e sem interrupções quando não estava em casa. Tive sorte por me acostumar rapidamente à Hogwarts, mas as várias vezes que dormia na Toca não me deixava mentir sobre isso. Era ele quem me fazia companhia quando, apesar do cansaço, meu corpo não conseguia desligar.
— E por que você está acordado? — O encarei.
Não consegui focar apenas em seu rosto. Durante esses anos em que ficou como batedor no time de quadribol, seu abdômen e músculos ficaram bem mais definidos. Deus, eu nunca poderia dizer que Fred Weasley não era gostoso.
— Dormir com Rony é um inferno — respondeu. — Sinceramente, não sei como Harry aguenta ouvi-lo roncar todas as noites.
— Se eu tivesse me lembrado de trazer a poção para dormir, até te emprestaria um pouco… — falei.
Sempre que eu durmo fora de casa - justamente por ter problemas com insônia -, levo comigo a poção do morto-vivo. Normalmente uso uma gota, apenas para que eu durma sem dificuldade, afinal, é uma mistura poderosa que, dependendo da quantidade dosada, pode fazer com que quem a tome nunca mais acorde.
Dessa vez, com a correria na hora de sair de casa, não a trouxe. E agora só conseguia pensar nisso.
— Precisaria de um litro para conseguir dormir em paz lá dentro — ele resmungou e eu gargalhei. Já havia dormido no mesmo quarto de Rony e não poderia negar o que Fred estava dizendo nem se quisesse. O pior de tudo, por mais que tivéssemos tentado, era que não tinha mais o que ser feito. Não sabíamos feitiços, poções ou qualquer outra coisa que o ajudasse a parar de roncar.
Senti o vento gelado roçando em minha pele descoberta e passei minhas mãos pelos braços, tentando me esquentar. O menino ao meu lado era mais resistente ao frio, mas ainda sim o vi se arrepiar.
— Quer entrar? Podemos deitar lá dentro… — ofereci, torcendo mentalmente para que ele aceitasse.
Fred concordou com a cabeça, dando um sorriso. Sorri junto.
Me levantei e passei as mãos na parte de trás do meu short de pijama para tirar as pequenas folhas que ficaram grudadas. Assim que entramos na minha barraca, o guiei pela mão até a parte de baixo da beliche que eu dividia com .
Após nos deitarmos, Fred passou o braço por trás do meu corpo e eu me aconcheguei em seu peito, enquanto ele fazia um carinho lento em minhas costas. Respirei fundo, sentindo seu perfume amadeirado doce com toque bem sutil de menta.
— Sei que você estava doida para dormir comigo… — ele sussurrou, rindo baixinho contra meu ouvido.
Ele não estava mentindo. Dormir ao seu lado é uma das poucas coisas que resolvem minha insônia além da poção. Não sei explicar exatamente o porquê. Muito do meu problema é o desconforto de não estar em casa e estar com Fred é o completo contrário disso. Me trazia uma paz inimaginável.
— E eu sei que você estava doido para que eu pedisse para você deitar comigo… — brinquei de volta, dando um beijo em sua bochecha.
— Que bom que concordamos nisso — Fred disse, o mais baixo possível, para não acordar as meninas. Eu ri nasalado, dando-lhe uma leve cotovelada. — Me conta como foi a viagem. Vocês foram para a Austrália, né?
— Aham, foi demais. Você e George iam amar, tinham várias praias e estava super quente. Não choveu nenhum dia, acredita?
— Eu bem que percebi que você estava mais bronzeada… — ele falou e eu sorri, feliz por ele ter percebido.
— Eu ia mandar várias fotos de lá, mas era muito longe para Lua ficar indo e voltando. Sem contar que nos passamos por trouxas as férias inteiras, seria estranho receber corujas o tempo todo…
— Depois do tempo que ela passou em casa, tenho certeza que ela prefere a mim.
— É claro, com o tanto de petisco que comeu… Se eu fosse ela, até eu preferiria — resmunguei, o fazendo rir.
Então contei algumas coisas que fizemos por lá, como por exemplo o mergulho na Grande Barreira de Corais, a visita ao Pink Lake - que era, literalmente, um lago cor de rosa -, o passeio de barco a vela em alto mar, o musical que assistimos no Opera House…
— Nós também vimos… cangurus… — minhas pálpebras já estavam pesando, mas continuei falando, enquanto Fred passava as mão por meus cabelos. Aquele era o meu ponto fraco, não conseguia mais prestar atenção no que estava contando —, carregavam bebês… barriga…
Não percebi o momento exato que finalmente caí no sono, ou em que parte da história parei, nem mesmo fiquei acordada a tempo de ver voltando, apenas sei que não acordei nenhuma vez naquela noite.



Capítulo 3

POV’s
Duas semanas após a Copa Mundial de Quadribol, voltamos para Hogwarts.
Quando passamos pelos portões ladeados por estátuas de javalis alados, a carruagem oscilou perigosamente sob uma chuva que parecia estar virando tromba d'água. Eu odiava chuva, me deixava com mau-humor. Enquanto estava curvada na janela, pude ver Hogwarts se aproximando, suas numerosas janelas borradas e iluminadas por trás da cortina de chuva.
Os relâmpagos riscaram o céu no momento em que a carruagem parou diante das enormes portas de entrada de carvalho, a que se chegava por um lance de degraus de pedra. As pessoas que tinham tomado as carruagens anteriores já subiam correndo os degraus para entrar no castelo. Saltei dela com , Harry, Rony, Hermione e Neville, correndo juntos escada acima, só erguendo a cabeça quando já estávamos seguros, no cavernoso saguão de entrada iluminado por archotes, com sua magnífica escadaria de mármore.
— Carácoles — exclamou Rony, sacudindo a cabeça e espalhando água para todos os lados. Ri de sua expressão. — Se isso continuar assim, o lago vai transbordar. Estou todo molhado, AH!
Virei a cabeça ao ouvir seu grito.
Não pude ver quando o grande balão vermelho e cheio de água caiu do teto na cabeça de Rony e estourou, deixando-o encharcado.
Resmungando, Rony cambaleou para o lado e esbarrou em Harry na hora em que uma segunda bomba de água caiu - errando Hermione por um triz e estourando aos pés de Harry, espirrando água gelada por cima de seus tênis. O que diabos era aquilo?
As pessoas em volta soltaram gritinhos e começaram a se empurrar, procurando sair da linha de tiro - olhei para o alto e vi, flutuando seis metros acima, Pirraça, o poltergeist, o rosto largo e malicioso contorcendo-se de concentração para tornar a fazer mira.
PIRRAÇA! — berrou uma voz zangada. — Pirraça, desça já aqui, AGORA!
A Professora Minerva McGonagall saiu correndo do Salão Principal. Arregalei os olhos quando ela escorregou no chão molhado e agarrou Hermione pelo pescoço para evitar cair.
— Ai... Desculpe, Srta. Granger...
— Tudo bem, professora! — ofegou Hermione, massageando a garganta.
— Pirraça, desça aqui AGORA! — bradou ela novamente, ajeitando o chapéu cônico e olhando feio pelos óculos de aros quadrados.
— Não tô fazendo nada! — gargalhou Pirraça, disparando uma bomba de água contra várias garotas do quinto ano, que gritaram e mergulharam no Salão Principal. — Já molharam as calças, foi? Que inconvenientes! Ihhhhhhhhhh! — E mirou mais uma bomba em um grupo de alunos do segundo ano que tinha acabado de chegar.
— Vou chamar o diretor! — ameaçou a professora Minerva. — Estou lhe avisando, Pirraça...
Pirraça estirou a língua, jogou a última de suas bombas de água para o alto e disparou pela escada de mármore acima, gargalhando feito um louco.
Balancei a cabeça, revirando os olhos. Ok, eu me estressava fácil, mas Pirraça era, para dizer o mínimo, detestável.
— Bom, vamos andando, então! — disse a professora em tom eficiente para os alunos molhados. — Para o Salão Principal, vamos!
Seguimos escorregando pelo saguão de entrada e pelas portas de folhas duplas à direita. Senti dó de Rony que, furioso, resmungava entre dentes ao afastar os cabelos, que escorriam água, para longe do rosto.
O Salão Principal tinha o aspecto esplêndido de sempre, decorado para a festa de abertura do ano letivo. Pratos e taças de ouro refulgiam à luz de centenas e centenas de velas que flutuavam no ar sobre as mesas. As quatro mesas longas das Casas estavam cheias de alunos que falavam sem parar. No fundo do salão, os professores e outros funcionários sentavam-se a uma quinta mesa, de frente para os estudantes.
Graças a Merlin, estava muito mais quente ali. Passamos pela mesa dos alunos da Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa, e nos sentamos com os nossos colegas da Grifinória no extremo do salão, ao lado de Nick Quase Sem Cabeça. Nick estava vestido esta noite com o gibão de sempre e uma gola de rufos particularmente grande, que servia o duplo propósito de parecer bem festiva e garantir que sua cabeça não balançasse demais no pescoço parcialmente decepado.
— Boa noite — disse ele.
— Para quem? — perguntou Harry, descalçando os tênis e despejando a água que se acumulara dentro. — Espero que andem depressa com a seleção. Estou faminto.
— Boa noite, Nick — respondeu, sorrindo com educação.
A seleção dos novos alunos por Casas era realizada no início de cada ano letivo. Lembrei que, desde a nossa, no primeiro ano, Harry não pôde estar presente em nenhuma.
— Está ansioso para assistir? — perguntei.
— Absurdamente. — Ele sorriu, os olhos se iluminando quando as portas do Salão Principal se abriram e fez-se silêncio.
Observei enquanto a professora Minerva encabeçou uma longa fila de alunos do primeiro ano até o centro do salão.
Se estávamos molhados, nosso estado nem se comparava ao desses garotos. Eles pareciam ter feito a travessia do lago a nado ao invés de fazê-la de barco. Todos estavam tomados por tremores, o que eu acreditava que era uma mistura de frio e nervosismo, ao passarem pela mesa dos professores e pararem em fila diante do resto da escola.
A professora Minerva colocou um banquinho de três pernas diante dos novos alunos e, em cima, um chapéu de bruxo, extremamente velho, sujo e remendado. Os garotos arregalaram os olhos. E todo o resto da escola também. Por um instante, fez-se silêncio. Em seguida um rasgo junto à aba se escancarou como uma boca, e o chapéu começou a cantar:
Há mil anos ou pouco mais, Eu era recém-feito, Viviam quatro bruxos de fama, Cujos nomes todos ainda conhecem: O valente Gryffindor das charnecas, O bonito Ravenclaw das ravinas, O meigo Hufflepuff das planícies, O astuto Slytherin dos brejais. Compartiam um desejo, um sonho, Uma esperança, um plano ousado De, juntos, educar jovens bruxos, Assim começou a Escola de Hogwarts. Cada um desses quatro fundadores Formou sua própria casa, pois cada Valorizava virtude vária Nos jovens que pretendiam formar. Para Gryffindor os valentes eram Prezados acima de todo o resto; Para Ravenclaw os mais inteligentes Seriam sempre os superiores; Para Hufflepuff, os aplicados eram Os merecedores de admissão; E Slytherin, mais sedento de poder, Amava aqueles de grande ambição. Enquanto vivos eles separaram Do conjunto os seus favoritos Mas como selecionar os melhores, Quando um dia tivessem partido? Foi Gryffindor que encontrou a solução Tirando-me da própria cabeça Depois me dotaram de cérebro Para que por eles eu pudesse escolher! Coloque-me entre suas orelhas, Até hoje ainda não me enganei. Darei uma olhada em sua cabeça E direi qual a casa do seu coração!
Os aplausos ecoaram pelo Salão Principal quando o Chapéu Seletor terminou.
Um tempo depois, finalmente encerrou-se a seleção. A professora Minerva apanhou o chapéu e o banquinho e levou-os embora.
— Já não era sem tempo — exclamou Rony, apanhando os talheres e olhando esperançoso para seu prato de ouro. Céus, existia um buraco negro em seu estômago, certamente.
O prof. Dumbledore se levantou, sorrindo para os estudantes, os braços abertos num gesto de boas-vindas.
— Só tenho duas palavras para lhes dizer — começou ele, sua voz grave ecoando pelo salão. — Bom apetite!
— Apoiado! Apoiado! — disseram Harry e Rony em voz alta, enquanto as travessas vazias se enchiam magicamente diante dos seus olhos.
Enquanto comíamos, Nick Quase Sem cabeça conversava com Harry e Rony, mas aparentemente Hermione escutava o suficiente. Quando o fantasma citou os elfos domésticos de Hogwarts, Hermione derrubou sua taça, nervosa. Mordi o lábio, me preparando para o que viria.
O suco de abóbora escorreu pela mesa, manchando de laranja mais de um metro de linho branco, mas ela nem se importou.
— Tem elfos domésticos aqui? — perguntou, encarando Nick Quase Sem Cabeça com uma expressão de horror. — Aqui em Hogwarts?
— Claro que sim — disse o fantasma, parecendo surpreso com a reação da garota. — O maior número que existe em uma habitação na Grã-Bretanha, acho. Mais de cem.
— Eu nunca vi nenhum! — ela exclamou, surpresa.
— Bom, eles raramente deixam a cozinha durante o dia, não é? Saem à noite para fazer limpeza… abastecer as lareiras e coisas assim... quero dizer, não é esperado que fiquem à vista. Essa é a marca de um bom elfo doméstico, não é, que não se saiba que ele existe.
Hermione ficou olhando o fantasma, em choque.
— Mas eles recebem salário? — perguntou ela. — Têm férias, não têm? Licença médica, aposentadoria e todo o resto?
Nick Quase Sem Cabeça deu gargalhadas tão altas que sua gola de rufos escorregou, e a cabeça despencou para o lado e ficou balançando nos poucos centímetros de pele e músculo fantasmais que ainda a ligavam ao pescoço.
— Licença para tratamento médico e aposentadoria? — repetiu ele, puxando a cabeça de volta aos ombros e prendendo-a mais uma vez com a gola. — Elfos domésticos não querem licenças nem aposentadorias.
Hermione olhou para o prato de comida em que mal tocara, juntou os talheres e afastou-o. suspirou em chateação.
— Ora, vamos, Mione — disse Rony, cuspindo, sem querer, fragmentos de pudim de carne em Harry, que fez cara de nojo. — Opa... desculpe, Harry... — e engoliu. — Você não vai arranjar licenças para eles deixando de comer!
— Trabalho escravo… — Hermione disse, respirando com força pelo nariz. — Foi isso que preparou este jantar. Trabalho escravo.
Ela parou de comer na hora, enjoada com a situação.
A chuva ainda batucava com força nas janelas altas e escuras. Mais uma trovoada sacudiu as vidraças e o céu tempestuoso relampejou, iluminando os pratos de ouro quando os restos do primeiro prato desapareceram e foram substituídos instantaneamente por sobremesas.
— Torta de caramelo, meninas! — exclamou Rony, abanando intencionalmente o cheiro da sobremesa para o lado de Mione. — Pudim de groselhas, olha! Bolo de chocolate recheado!
— Rony, para com isso! — eu interferi, lançando um olhar tão parecido com o que a professora Minerva costumava dar que o garoto desistiu. Insistir com Hermione agora não era a hora certa.
Quando as sobremesas também tinham sido destruídas, e as últimas migalhas desapareceram dos pratos, deixando-os limpos e brilhantes, o diretor Dumbledore tornou a se levantar. O burburinho das conversas que enchiam o salão cessou quase imediatamente, de modo que somente se ouvia o uivo do vento e o batuque da chuva.
— Então! — exclamou Dumbledore, sorrindo para todos. — Agora que já comemos e molhamos também a garganta, preciso mais uma vez pedir sua atenção, para alguns avisos. O Sr. Filch, o zelador, me pediu para avisá-los de que a lista dos objetos proibidos no interior do castelo este ano cresceu, passando a incluir Ioiôs Berrantes, Frisbees-dentados e Bumerangues-de-repetição. A lista inteira tem uns quatrocentos e trinta e sete itens, creio eu, e pode ser examinada na sala do Sr. Filch, se alguém quiser lê-la.
Os cantos da boca de Dumbledore tremeram ligeiramente. Até ele achava o zelador patético. Eu sabia que metade da lista era contribuição das pegadinhas dos gêmeos, que riram discretamente enquanto apoiavam a cabeça nas mãos.
O diretor continuou falando sobre como a floresta é proibida, assim como o passeio para Hogsmeade até os alunos do terceiro ano.
— Tenho o grande prazer de anunciar que este ano em Hogwarts...
Entretanto, neste momento, ouviu-se uma trovoada ensurdecedora e as portas do Salão Principal se escancararam.
Apareceu um homem parado à porta, apoiado em um longo cajado e coberto por uma capa de viagem preta. Todas as cabeças no Salão Principal viraram para o estranho, repentinamente iluminado por um relâmpago que cortou o teto. Ele baixou o capuz, sacudiu uma longa juba de cabelos grisalhos ainda escuros e começou a caminhar em direção à mesa dos professores.
O relâmpago revelou nitidamente as feições do homem e seu rosto era diferente de qualquer outro que já vi antes. Parecia ter sido talhado em madeira exposta ao tempo, por alguém que tinha uma vaga ideia do aspecto que um rosto humano deveria ter, e não fora muito habilidoso com o formão.
O estranho chegou-se a Dumbledore. Estendeu a mão direita, tão cheia de cicatrizes quanto rosto, e o diretor a apertou, murmurando palavras que não conseguimos ouvir. Parecia estar fazendo perguntas ao estranho, que balançava negativamente a cabeça, sem sorrir, e respondia em voz baixa.
Dumbledore assentiu com a cabeça e indicou ao homem o lugar vazio à sua direita. Ah...
— Gostaria de apresentar o nosso novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas... — disse Dumbledore, animado, em meio ao silêncio. — Prof. Moody.
Era normal os novos membros do corpo docente serem recebidos com aplausos, mas nem os colegas nem os estudantes bateram palmas, exceto Dumbledore e Hagrid. Os dois juntaram as mãos e bateram palmas, mas o som ecoou tristemente no silêncio e eles bem depressa pararam. Todos pareciam demasiado hipnotizados pela sua aparência grotesca para ter qualquer reação exceto encarar o homem.
Dumbledore pigarreou outra vez.
— Como eu ia dizendo… — recomeçou ele, sorrindo para o mar de alunos à sua frente, todos ainda mirando Moody, paralisados — Teremos a honra de sediar um evento muito excitante nos próximos meses, um evento que não é realizado há um século. Tenho o enorme prazer de informar que, este ano, realizaremos um Torneio Tribruxo em Hogwarts.
— O senhor está BRINCANDO! — exclamou em voz alta Fred Weasley, completamente animado.
A tensão que invadira o salão desde a chegada de Moody repentinamente se desfez. Quase todos riram e Dumbledore deu risadinhas de prazer.
— Não estou brincando, Sr. Weasley. — disse ele — Embora, agora que o senhor menciona, ouvi uma excelente piada durante o verão sobre um trasgo, uma bruxa má e um leprechaun que entram num bar...
A professora Minerva pigarreou alto.
— Hum... Onde é mesmo que eu estava? Ah, sim, no Torneio Tribruxo... Bom, alguns de vocês talvez não saibam o que é esse torneio, de modo que espero que aqueles que já sabem me perdoem por dar uma breve explicação, e deixem sua atenção vagar livremente. O Torneio Tribruxo foi criado há uns setecentos anos, como uma competição amistosa entre as três maiores escolas europeias de bruxaria: Hogwarts, Beauxbatons e Durmstrang. Um campeão foi eleito para representar cada escola e os três campeões competiram em três tarefas mágicas. As escolas se revezaram para sediar o torneio a cada cinco anos, e todos concordaram que era uma excelente maneira de estabelecer laços entre os jovens bruxos e bruxas de diferentes nacionalidades, até que a taxa de mortalidade se tornou tão alta que o torneio foi interrompido.
— Taxa de mortalidade? — sussurrou Hermione para , parecendo assustada. Mas, aparentemente, sua ansiedade não foi compartilhada pela maioria dos alunos no salão; muitos murmuravam entre si, excitados, mais interessados em saber mais sobre o torneio do que em se preocupar com o que acontecera centenas de anos atrás.
— Durante séculos houve várias tentativas de reiniciar o torneio — continuou Dumbledore —, nenhuma das quais foi bem-sucedida. No entanto, os nossos Departamentos de Cooperação Internacional em Magia e de Jogos e Esportes Mágicos decidiram que já era hora de fazer uma nova tentativa. Trabalhamos muito durante o verão para garantir que, desta vez, nenhum campeão seja exposto a um perigo mortal. Os diretores de Beauxbatons e Durmstrang chegarão com a lista final dos competidores de suas escolas em outubro e a seleção dos três campeões será realizada no Dia das Bruxas. Um julgamento imparcial decidirá que alunos terão mérito para disputar a Taça Tribruxo, a glória de sua escola e o prêmio individual de mil galeões.
— Estou nessa! — sibilou Fred para George e , com o rosto iluminado de entusiasmo ante a perspectiva de tal glória e riqueza. Aparentemente ele não era o único que estava se vendo como campeão de Hogwarts. Em cada mesa, pude ver gente olhando arrebatada para Dumbledore ou então cochichando ardentemente com os vizinhos. Mas, então, Dumbledore recomeçou a falar, e o salão se aquietou.
— Ansiosos como eu sei que estarão para ganhar a Taça para Hogwarts, — disse ele. — os diretores das escolas participantes, bem como o Ministério da Magia, concordaram em impor este ano uma restrição à idade dos contendores. Somente os alunos que forem maiores, isto é, tiverem mais de dezenove anos, terão permissão de apresentar seus nomes à seleção. Isto, — Dumbledore elevou ligeiramente a voz, pois várias pessoas haviam protestado indignadas ao ouvir suas palavras, e os gêmeos Weasley, de repente, pareciam furiosos. — é uma medida que julgamos necessária, pois as tarefas do torneio continuarão a ser difíceis e perigosas, por mais precauções que tomemos, e é muito pouco provável que os alunos abaixo da sexta e sétima séries sejam capazes de dar conta delas. Cuidarei pessoalmente para que nenhum aluno menor de idade engane o nosso juiz imparcial e seja escolhido campeão de Hogwarts. Portanto peço que não percam tempo apresentando suas candidaturas se ainda não tiverem completado dezenove anos.
“As delegações de Beauxbatons e de Durmstrang chegarão em outubro e permanecerão conosco a maior parte deste ano letivo. Sei que estenderão as suas boas maneiras aos nossos visitantes estrangeiros enquanto estiverem conosco, e que darão o seu generoso apoio ao campeão de Hogwarts quando ele for escolhido. E agora já está ficando tarde e sei como é importante estarem acordados e descansados para começar as aulas amanhã de manhã. Hora de dormir! Vamos andando!”
Ouviu-se um estardalhaço de cadeiras batendo e se arrastando quando os alunos se levantaram para sair como um enxame em direção às portas de entrada do Salão Principal.
— Não podem fazer isso com a gente! — reclamou George, que continuou parado olhando de cara emburrada para Dumbledore. — Vamos fazer dezenove anos em abril, por que não podemos tentar?
— Não vão me impedir de me inscrever. — disse Fred, teimoso, também amarrando a cara para a mesa principal. — Os campeões vão fazer todo o tipo de coisa que normalmente nunca podemos fazer. E mil galeões de prêmio! — vi pelo canto do olho botando a mão na testa, balançando a cabeça em negação e puxando o garoto pela manga. Um toque sutil para que se acalmasse.
— É — disse Rony, um olhar distante no rosto. — É, mil galeões...
— Vamos, — disse Mione — vamos ser os únicos a ficar aqui se você não se mexer.
Eu, , Harry, Gina, Rony, Hermione, Fred e George saímos para o saguão de entrada, enquanto os gêmeos discutiam as maneiras pelas quais Dumbledore poderia impedir os menores de dezoito anos de se inscreverem no torneio.
Nos dirigimos à entrada da Torre da Grifinória, que ficava escondida atrás de uma grande pintura a óleo de uma mulher gorda com um vestido de seda rosa.
— Senha? — perguntou ela quando nos aproximamos.
Asince. — disse George. — Um monitor me informou lá embaixo.
Suspirei, lembrando o quanto estava ansiosa para o ano seguinte. Sempre quis ser monitora, desde que entrei em Hogwarts. Apesar dos gêmeos não fazerem questão, era o sonho de Rony e vivíamos comentando com Hermione o quanto seria incrível. Harry, por outro lado, dizia estar focado demais no quadribol para pensar nisso, e também não se importava tanto.
O retrato girou para a frente, expondo um buraco na parede, pelo qual todos passamos. Um fogo crepitante aquecia a sala comunal circular, mobiliada com poltronas fofas, confortáveis, e mesas de madeira.
A música alta foi a primeira coisa que ouvi e sorri, lembrando que era tradição na Grifinória sempre fazermos uma festa interna no primeiro dia de aula para celebrarmos.

POV’s
Corri com Hermione e para o nosso dormitório. Lá, usamos um feitiço para nos secarmos e aproveitamos o tempo para passar uma leve maquiagem no rosto.
— Aposto que Fred e George estão até agora xingando porque não poderão participar do Torneio Tribruxo — disse, pensando que teria que aguentar a revolta dos dois meninos. — Mas admito que fico aliviada por não participarem. Parece ser muito perigoso.
— Ah, com certeza. — riu. — Boa sorte com eles, você vai precisar. Você também, Mione. Tenho certeza que o Rony ficará choramingando para você.
— O Rony choraminga por tudo, tem certeza que é disso que gosta mesmo? — Gina perguntou, enquanto penteava seus cabelos. Apesar de não ter ficado encharcada pela pegadinha de Pirraça porque saiu da carruagem mais tarde com Luna, ainda havia se molhado na chuva e estava se arrumando conosco.
As bochechas de Mione ficaram avermelhadas, coisa que acontecia toda vez que falávamos sobre isso. Demorou demais até que ela admitisse a paixão que tinha pelo nosso amigo, apesar de todas sabermos. Rony, porém, parecia ter mingau no lugar do cérebro e ele nunca comentou nada. Sempre incentivávamos ela a dar o primeiro passo, tomar o controle, mas o medo de estragar a amizade deles era maior.
— Estou pronta.
— Então vamos? — perguntei, recebendo acenos positivos de minhas amigas como resposta.
— Está ansiosa para ver o que vai rolar com Dino? — Mione questionou Gina, enquanto saíamos do quarto.
— Nunca pensei que diria isso, mas estou. É uma pena que vocês vão dormir no quarto hoje. — A ruiva deu um sorrisinho engraçado e eu gargalhei.
— Você é uma safada, Gina! — falei e ela deu de ombros, como se admitisse que eu apenas falei a verdade.
Antes que eu pudesse acompanhar minhas amigas e descer as escadas para a área principal do Salão Comunal, George e Fred apareceram. Cada um segurou uma de minhas mãos e me levaram novamente para o meu dormitório.
— O que vocês estão fazendo? — perguntei, receosa, enquanto Fred fechava a porta.
Eu conhecia-os bem o suficiente para saber que não seria a melhor coisa do mundo. Assim, me preparei para ouvir que teria que ajudá-los a esconder um cadáver. Ou pior.
— Temos um produto novo para te mostrar — George disse, parecendo ansioso. Estreitei os olhos. — E para testar também. — Ele tirou um pequeno embrulho do bolso e entregou para o seu irmão. A embalagem era vermelho escuro, um tom bonito e chamativo. Estreitei os olhos, receosa.
— Não vou ficar com uma aparência horrível por provar isso, né? — perguntei, me sentando na cama e observando enquanto Fred o abria e tirava duas balas cor-de-rosa. Eles não eram considerados os reis das pegadinhas em Hogwarts sem motivo. Apesar de nunca terem feito uma comigo, era importante tomar cuidado com o que recebia deles.
— Não, fica tranquila — Fred prometeu antes que eu pudesse começar a pensar em como meu cabelo ou dentes poderiam cair. Ainda assim, ele parecia receoso, de certa forma. O que só servia para me deixar mais nervosa. — Na verdade, nunca vendemos um produto como esse…
— Ok, e ele faz o quê?
— É um… estimulante. Afrodisíaco. Deve aumentar sua libido e desejo sexual. Sabia que temos muita procura de produtos assim? Sei que sim, porque sempre nos ajuda com o relatório dos produtos. Enfim, estávamos pensando, por que não? Estudamos pra caramba sobre alguns componentes e criamos essas balas durante as férias. É recomendado que os dois mastiguem juntos, para um efeito melhor — George explicou, piscando para mim enquanto Fred me oferecia a bala.
Oh, eu realmente não esperava por isso.
Mas, honestamente, eu estava acostumada a testar produtos com ou para eles. Seria somente mais uma experiência, certo?
— Ok. — Estendi a mão e peguei a bala, colocando-a na boca, ainda sem morder. — Vamos eu e você, Fred?
Ele balançou a cabeça, confirmando. Engoli a minha após mastigá-la, sentindo o doce gosto de açúcar com xarope sabor cereja na boca. Era simplesmente uma delícia.
Um calor subiu subitamente por meu corpo. Me senti instantaneamente aquecida. Não, era mais que isso. Eu estava queimando. Em chamas. As sensações mais intensas me atingiram quando Fred me encarou, os olhos escuros enquanto sua boca se entreabriu, olhando sem pudor a minha.
Acho que não tinha percebido o quão atraente ele era, com os cabelos ruivos emoldurando seu rosto. Óbvio, eu sabia que ele era lindo, mas não havia notado o quão sexy ele poderia ser também. Mordi os lábios, ciente de seu efeito sobre mim. A atmosfera que nos envolvia era tão densa que, se qualquer pessoa gritasse que o mundo estava acabando, minha última atitude seria implorar para que Fred Weasley me beijasse tão fortemente que não poderia ligar menos.
Apesar de que, pelo modo como seus olhos pareciam me devorar, pensei que esse pedido não seria necessário.
Fred se aproximou de mim, abaixando a cabeça até estar ao nível da minha. Seu dedão contornou meu lábio inferior e eu suspirei. Céus, eu o queria tanto que precisei cruzar as pernas, pressionando-as fortemente para não cair em tentação tão rapidamente.
— Tá, acho que foi o suficiente — George disse, nos afastando. Fred fechou a cara, olhando para o irmão com uma fúria jamais vista. Eu não poderia estar diferente. Abri a boca, prestes a reclamar e mandá-lo dar o fora. Oportunamente, nesse momento, George enfiou algo pequeno e redondo em minha boca. Uma bala de morango, percebi, enquanto mordia.
Confusão pareceu tomar conta de meu ser e eu franzi a testa, tentando recapitular os últimos momentos. O sentimento de raiva foi se acalmando e, aos poucos, voltei ao normal. Fred estava com as bochechas coradas e cruzou os braços.
— É. Vimos que funcionou. Talvez a gente deva diminuir um pouco o efeito, achei que fossem se agarrar aqui mesmo — George comentou, brincando. E iríamos mesmo, se ele não tivesse interrompido. — O que acharam?
— O gosto é bom. E funcionou muito bem, por sinal. Bem até demais — comentei, sentindo vergonha pelos pensamentos que tive. — Quase te bati por ter atrapalhado.
— E eu realmente pensei em te expulsar desse quarto. Aos chutes até que você não pudesse andar novamente — Fred completou, o semblante pensativo.
— É, com certeza ainda precisamos fazer algumas alterações... Não deveria ser tão forte — George falou. — Bom, mas valeu a pena, não é? Vai ser um sucesso de vendas!
Concordei com a cabeça, tentando esquecer inutilmente o que senti por Fred durante o efeito da bala.
Decidimos, finalmente, ir para a festa. Quando descemos as escadas, nos aproximamos de Mione, Harry, , Gina e Ron, que estavam sentados em um dos sofás.
Passamos um tempo conversando antes que Fred sumisse com Lino Jordan, e Gina fosse puxada para um canto mais reservado por Dino Thomas - e eu sabia que não a veria tão cedo novamente. Enquanto isso, apesar de escutar e responder o que meus amigos falavam, minha cabeça ainda estava no meu dormitório e em como aquela bala me afetou. Não conseguia parar de pensar na forma em que Fred me encarou e nas loucuras que eu me imaginei fazendo com ele. Meu coração até acelerou por, simplesmente, pensar nisso, tamanha era minha vontade de jamais ter sido interrompida por seu irmão.
Será que ele também estava pensando nisso?
Olhei ao redor, o procurando. Fred estava sentado em uma mesa perto das escadas dos dormitórios, conversando com Katie Bell e Lino. Acho que o olhei por tempo demais, porque nossos olhares se encontraram e um sorriso ladino surgiu em seus lábios.
Merda.
Voltei a prestar atenção no que acontecia ao meu redor e pude ver George passando o braço ao redor dos ombros de minha irmã, sussurrando algo em seu ouvido.
Hermione, Rony e Harry falaram que dariam uma volta e me deixaram ali com os dois - o que me fez xingar mentalmente meus amigos, amaldiçoando-os pela terceira geração. Era pedir demais para me levarem junto? Que saco.
Estava prestes a levantar quando senti uma presença perto de mim, afundando-se ao meu lado no sofá e me fazendo encará-lo pela milésima vez naquela noite.
— Também está pensando no que poderia ter acontecido caso George não tivesse nos atrapalhado? — ele perguntou, pousando a mão em minha coxa ao se sentar do meu lado, sorrindo maliciosamente.
Eu estava acostumada com ele flertando comigo, principalmente quando minha irmã e seu irmão estavam juntos. Fred e eu nos provocamos vezes o suficiente durante todo o tempo em que nos conhecemos para que eu já tivesse me perguntado como seria sentir seus lábios nos meus, mas, por sermos tão próximos, nunca cedi a essa curiosidade.
Bom, isso até hoje. Eu com certeza teria cedido.
— Ah, nos seus sonhos, quem sabe… — eu disse, rindo.
Um pouco - muito - hipócrita. Ele provavelmente estaria nos meus essa noite também.
Fred aproximou a boca do meu ouvido e eu, involuntariamente, estremeci. Estar tão próxima dele me trouxe lembranças exatas do momento em que experimentei seu novo produto. Pude sentir uma pressão maior em minha coxa, como se sua mão estivesse apertando levemente minha pele. Mordi o lábio inferior.
— Se você soubesse a quantidade de vezes que eu sonho com você, … Não pensaria duas vezes em ficar comigo e saber tudo que eu posso te proporcionar.
Ri baixinho. Confesso que adorava quando nos provocávamos assim.
Não sabia dizer exatamente quando isso tudo começou. Antes, quando nos conhecemos, não levava a sério quando Fred sussurrava coisas no meu ouvido, mas isso criou um certo interesse em mim e eu passei a corresponder no mesmo tom. A questão é que nunca soube dizer se isso era somente uma brincadeira entre nós ou se era uma forma de mascarar o que nunca tivemos coragem de fazer.
— Espero que saiba que, apesar da sua criatividade atingir níveis absurdos, os seus sonhos não chegam nem aos pés de tudo que eu poderia fazer de verdade com você… — sussurrei de volta. Ao me afastar, seus olhos encararam minha boca exatamente como havia feito quando me mostrou aquela bala afrodisíaca e eu tremi mais uma vez.
Afastei meu rosto para observá-lo e fiquei surpresa em perceber o quanto suas expressões endureceram. Ergui a sobrancelha, quase que perguntando. No entanto, não tive tempo suficiente.
Senti meu braço aquecer e encarei meu pulso, vendo a pulseira com uma miniatura de lembrol sendo preenchida por uma fumaça vermelha. Havia sido um presente que eu e ganhamos de nossos avós tempos atrás para jamais nos esquecermos do que era importante. Era mil vezes mais prático que realmente carregar um lembrol por todo canto na mão.
Olhei no relógio na parede atrás de Fred e me dei conta do que estava esquecendo, e de que iria me atrasar se continuasse aqui.
, preciso ir, me dá cobert… — aproveitei a falta de resposta do ruivo, mas parei de falar assim que virei para o outro lado e encarei o vazio.
Será que eles tinham saído para se beijar? Não, acho que não faria isso…
Eles foram amigos coloridos no ano passado e não era incomum vê-los ficando. Como melhor amiga de George, eu sabia o quanto ele gostava de . Sério mesmo. E, como sua irmã, não pude deixar de repassar para ela a informação. Ela, que sempre gostava de manter tudo às claras, teve que conversar com ele - sem me expor - e dizer que tinha enorme consideração por ele, mas que não passava de uma amizade colorida.
Eu gostava dessa transparência na relação deles. nunca ficava tanto tempo com uma única pessoa, justamente porque ela sabia que era egoísmo prender alguém sem corresponder os sentimentos. Por isso, não foi nenhuma surpresa ao vê-los cada vez menos se beijando nos últimos meses. Tanto é que, hoje em dia, eles não ficavam mais e realmente mantiveram a amizade.
Admito que achei bom. George acabaria sofrendo se continuassem com essa relação e isso poderia abalar, ou destruir, a amizade dos dois.
No entanto, não era hora de me preocupar com isso.
— Preciso sair um pouco — eu disse para Fred, que franziu as sobrancelhas. — Avisa a que não sei que horas volto, por favor.
— Tá legal, mas…
— Te vejo mais tarde, Weasley — completei e me levantei, saindo da Sala Comunal antes de precisar responder à pergunta que tenho certeza que Fred gostaria de fazer.
Atravessei o quadro da Mulher Gorda e andei cuidadosamente pelos corredores e escadas escuras até o quinto andar. Ao passar em frente ao banheiro dos monitores, senti alguém segurando meu braço e, em seguida, estava dentro do ambiente.
— Droga, você me assustou… — sussurrei, encarando o sorriso de Adrian em minha frente.
Suas mãos pousaram em meus quadris, me puxando para perto dele.
No mesmo dia que George e começaram a ficar - na festa de início das aulas do ano passado, eu acabei ficando escondido com Adrian Pucey durante um passeio noturno por Hogwarts. Desde então, nos encontrar em lugares do grande castelo para ficarmos virou algo comum.
Desde a festa do Dia das Bruxas as coisas têm estado um pouco mais sérias entre nós, mas gosto da relação que temos. Afinal, antes, isso acontecia de vez em quando, mas hoje em dia até mesmo durante o dia arrumamos algum tempo juntos.
A questão é que apenas as meninas sabem que isso acontece. George, Fred, Harry e Rony me matariam se descobrissem que eu fico com alguém da Sonserina que, além de tudo, é nosso adversário por ser artilheiro de seu time. Apesar disso, o considero um dos únicos sonserinos legais e interessantes nessa escola.
Admito que tem sido difícil esconder de meus melhores amigos, mas normalmente me ajuda a escapar, tornando tudo mais fácil para mim. Infelizmente, Fred percebeu hoje por um descuido meu e tenho certeza de que não vai deixar isso pra lá, porém, prefiro me preocupar depois com o que vou dizer para ele.
— Dois meses é muito tempo, não acha? — Pucey perguntou, enquanto eu passava os braços ao redor de seu pescoço.
— Muito — respondi, sorrindo. — Mas precisamos recuperar o tempo perdido.
— Com certeza — murmurou, colando nossos lábios com ferocidade.
As coisas entre nós eram sempre… quentes. Ardentes. Eu me sentia facilmente inebriada quando sua língua buscava a minha. Gemi contra sua boca quando ele puxou meu lábio inferior, mordiscando.
Suas mãos fortes desceram da minha cintura, encontrando seu caminho até minha bunda. Minha pele ardia onde a pele áspera tinha passado. Pucey me impulsionou para cima, fazendo-me contornar sua cintura com minhas pernas. Poucos segundos depois, eu estava apoiada na pia, puxando-o pela nuca para voltar a me beijar.
O problema em questão era que eu estava faminta, simplesmente fora de mim e dominada pela emoção, e não conseguia parar de pensar na bala, o que, consequentemente, me fazia lembrar de Fred. E eu sabia que era ridículo, para dizer o mínimo, pensar nele enquanto estava com Adrian, mas estava sendo inevitável.
Balancei a cabeça discretamente, me forçando a parar de pensar nisso. Eu estava com Adrian agora e era ele quem importava.
Sem perder tempo, porque estava tarde e, mesmo sabendo que as chances de sermos pegos eram mínimas, comecei a desabotoar sua camisa, jogando-a no chão sem me importar. Minhas unhas correram por suas costas lisas, arranhando-o enquanto sentia seus dedos embaixo do tecido da minha saia, arrastando minha calcinha para o lado e adentrando meu interior.
— Droga, . Você está tão molhada… — ele suspirou contra meu pescoço, mordiscando a pele logo em seguida.
Empurrei meu corpo para frente, querendo mais. Sabia que estava vergonhosamente ensopada. Por ele. Por Fred. Meus dedos não faziam metade do que eu gostaria que fizessem durante esse tempo longe e, depois do ocorrido agora pouco, eu não me importaria que os dois me ajudassem ao mesmo tempo.
— Adrian… Eu preciso de mais…
Ele entendeu logo que eu quis dizer, abaixando sua calça juntamente com a cueca. Eu ao menos havia visto quando ele tirou a camisinha do bolso, mas não importava. No segundo seguinte, ele estava dentro de mim. Pucey sabia exatamente como eu gostava, rápido e forte.
Sua mão agarrou meus cabelos, me beijando desajeitadamente. Apertei seus ombros conforme seus movimentos continuavam, um movimento de vai e vem sincronizado. Pucey desceu o dedo indicador e eu ofeguei quando senti a estimulação em meu clitóris.
Ficamos assim por mais alguns minutos, nessa dança sincronizada, até que ele chegasse em seu limite, apertando minhas coxas enquanto gozava, sem deixar sua boca se afastar da minha. Ele saiu de mim, mas não deixou de me preencher. Usando dois dedos, não parou até que eu gozasse.
E quando eu finalmente explodi, apertei sua pele, sabendo que minhas unhas deixariam marcas no dia seguinte - mas, sinceramente, não dava a mínima.
Adrian colocou a camiseta e eu arrumei minhas roupas, depois, tentei ao máximo ajeitar meu cabelo.
— Senti falta disso — ele disse, colando nossos lábios em um beijo calmo e eu suspirei, me deixando aproveitar mais alguns segundos daquele momento. — O que você acha de dormir comigo algum dia desses? Aproveitar que ainda não estamos cheios de trabalhos para fazer…
O pessoal da Sonserina tem dormitórios individuais, então é sempre uma ótima opção. Meu único problema - que é tão chato que vale por uns dez - é entrar e sair sem ser vista. Sempre tem alguém no Salão Comunal deles, é um saco.
— Também senti falta. — Dei um selinho demorado em Adrian. — E eu gostei muito dessa ideia, sabia? Mas pode ser depois de amanhã? Prometi que ajudaria Fred e George com os produtos amanhã à noite.
— Está marcado então — ele concordou. — Mas sabe que eles sempre ficam com os melhores dias, né? Só fico de boa porque gosto dos produtos deles — completou e eu ri.
Conversamos mais um pouco, mas como já estava bem tarde, eu precisava voltar.
— Sei que vamos estar cheios de atividades, mas me avisa se tiver algum tempo livre — ele falou e eu prometi que avisaria. Então saímos do banheiro com cuidado. Murmurei para que ele prestasse atenção ao voltar, afinal, sua Sala Comunal era longe o suficiente para que a gata de Filch o entregasse a qualquer momento. Nos despedimos com um beijo e ele sumiu na escuridão.
Eram três da manhã quando atravessei o buraco do quadro e entrei no Salão Comunal. A festa já havia terminado e a única luz do ambiente vinha das fracas chamas que ainda crepitavam na lareira. Todos já estavam em seus devidos dormitórios, dormindo.
Bom, todos menos um.
— O que ainda está fazendo aqui? — perguntei, enquanto observava Fred. Ele parecia analisar cada detalhe em mim. Com certeza havia percebido os fios do meu cabelo bagunçados, minhas roupas levemente amassadas, ou até mesmo meus lábios mais avermelhados que o normal, pois apenas perguntou:
— Caiu os sete lances de escada, por acaso? — Ri com sua fala e me aproximei, me sentando ao seu lado no sofá e deitando o pescoço no encosto.
— E você, caiu da cama?
— Estava te esperando.
— Por quê?
— Estamos jogando algum jogo de perguntas? Te esperei porque fiquei preocupado! — ele respondeu, virando seu rosto para me olhar. Eu fiz o mesmo. — Você saiu de repente e não quis me explicar o motivo. Pensei que poderia ter acontecido algo, mas… — e então Fred aproximou seu rosto, passando o polegar em meu pescoço. — Espera aí, isso é um chupão? Por Merlin, !
Apenas revirei os olhos, me afastando de seu toque.
— Isso não é um chupão — menti, jogando meu cabelo para esconder o hematoma. — E você realmente ficou esse tempo todo me esperando?
Não sei dizer exatamente o que eu estava sentindo ao saber disso. Fred foi bem fofo, na verdade. Eu não sabia por que estava tão surpresa, ele sempre foi assim comigo.
— Fiquei. Enquanto isso você foi se pegar com quem? — ele perguntou, parecendo curioso.
— Não sabia que agora começamos a compartilhar essas informações um com o outro também — respondi. Eu nunca perguntei sobre nenhuma garota para Fred e ele nunca me perguntou sobre nenhum cara. Apesar disso, os boatos voavam por Hogwarts como se fosse o próprio ar, por isso, eu sabia sim da fama que ele tinha pela escola e quem eram as “sortudas”.
— Bom, até então eu não havia te visto pedir cobertura para ir se encontrar com alguém às escondidas e voltar com um chupão às três horas da manhã.
— Já disse que não é um chupão — afirmei, sentindo seu olhar queimar meu pescoço, como se ele pudesse ver através dos fios do meu cabelo, que escondiam a marca. — Está tarde, acho que você está vendo coisas… Deveria ir dormir.
Fred apertou os olhos, me desafiando silenciosamente. Coloquei um sorriso falso na cara, como se nada tivesse acontecido, apesar de meu coração bater desenfreadamente em meu peito. Se ele descobrisse com quem estava, teríamos um sério problema. Os meninos simplesmente me chutariam até as masmorras.
Então, antes que Fred pudesse falar qualquer coisa, me aproximei e dei um beijo em sua bochecha, desejando boa noite e dizendo que precisava descansar para o início das aulas. Saí praticamente correndo, sem ouvir sua resposta.


Capítulo 4

POV’s
Preparar poções era relaxante. Eu me dedicava ao máximo e era realmente boa nisso. Não à toa, sempre me destacava nas aulas – o que fazia Snape me odiar um pouquinho menos. Seu tratamento infame com os alunos da Grifinória demonstrava que era um sentimento pelo coletivo. Em geral, eu não ligava se não gostassem de mim, desde que não viessem me irritar ou tentar me prejudicar.
Mas quando seu professor menos favorito deixa explícito o quão supostamente detestável é você ter essa personalidade que te encaminhou para sua Casa, você deve se preocupar. Minhas notas, felizmente, eram bem altas. Snape poderia ser insuportável, mas era inegável que eu, e Mione formávamos três quartos dos melhores da turma.
Foi justamente pensando que minha média precisava se manter superior que me encaminhei até o armário na sala. Pegando os itens que precisava, voltei para minha mesa e vi Draco Malfoy piscando para mim. Estava prestes a dar um sorrisinho em retorno quando abaixei o olhar e vi a cor da minha poção.
Sentindo a raiva me invadir, torci a boca em descontentamento. O que antes era um lindo tom esverdeado agora estava amarronzado, o que somente pode significar uma coisa: alguém tinha sabotado minha poção.
Alguém não. Malfoy.
Era óbvio que ele não mudaria do dia para a noite, mas eu não poderia ter me sentido menos estúpida por ter pensado em ser no mínimo gentil hoje.
Como era possível caber tanta babaquice dentro de uma pessoa? Quer dizer, ele tinha me ouvido confessar meus sentimentos e conversado comigo a noite inteira há pouco tempo e agora me sabotava? Ele achava que eu era burra?
Eu não aguentava falsidade. Se ele disse aquela noite que não me odiava, então por qual motivo mexeu nas minhas coisas?
Sem conseguir me controlar, tirei a varinha da minha bota e lancei um feitiço imediatamente contra o garoto, que ria e cochichava com seus colegas da Sonserina. Normalmente, eu não era tão impulsiva, mas Draco sempre conseguia extrair o pior de mim.
Crinus Muto! — murmurei, observando seu cabelo se transformar em um tom de rosa choque, contrastando completamente com sua pele pálida. Ele quase pulou com o susto quando Pansy apontou para suas mechas.
Suas bochechas coraram tanto quando o restante da turma começou a rir, que o tom se igualou a de seus cabelos. Arregalando os olhos em minha direção, ele balançou a cabeça negativamente, como se estivesse me desafiando. Dei de ombros, estampando meu olhar mais debochado. Ninguém estragava minha poção praticamente perfeita e saia imune.
O que aconteceu a seguir foi algo que, infelizmente, não previ.
Draco empunhou sua varinha e retrucou com um “Tarantallegra” e eu, imediatamente, xinguei-o baixinho, sentindo que havia perdido o controle das minhas pernas. Extremamente contra minha vontade, me levantei e comecei a dançar. Sem parar.
Amaldiçoei-o mentalmente, e depois me critiquei por não ter cogitado lançar esse feitiço contra ele. Ter o cabelo pintado de uma cor diferente não era lá grande coisa, mas ficar dançando descontrolada em uma sala lotada de alunos? Eu sentia o suor se acumular em meu pescoço.
Snape virou-se no momento em que a sala começou a quase gritar de tanto rir, o que me fez engolir em seco. Eu estava cansada já, o que talvez fosse porque eu era sedentária. Mesmo não gostando muito de atividades físicas, eu deveria me esforçar para praticar qualquer coisa.
Sinclair Voux! Draco Malfoy! O que pensam que estão fazendo? — Ah, claro, porque não havia hora melhor para Snape brigar conosco, com aquela voz extremamente grossa. Será que era pedir muito que ele me ajudasse na situação que eu estava?
Com o canto do olho, eu conseguia ver os alunos segurando as risadas. É, uma aluna dançando ininterruptamente enquanto o professor mais severo – e não foi um trocadilho – chamava sua atenção? Hilário, no mínimo.
Pelas graças de Merlin, Snape finalmente percebeu a minha situação e lançou um contrafeitiço que me fez parar imediatamente. Só que eu não estava esperando por isso e tropecei assim que minhas pernas pararam. Isso, junto ao cansaço, foi suficiente para que eu caísse.
Ou quase. Senti meu corpo despencar, mas não encontrei o chão. Harry me segurou fortemente e eu tive um déjà vu, mas, da última vez, foi o culpado por eu me encontrar assim que me impediu de cair.
Os braços de Harry estavam rígidos e ele respirava fundo, o que significava que estava irritado. Ele já odiava Draco, então eu poderia imaginar o que ter visto o menino fazer isso comigo significava para ele.
— Por essa discussão ridícula, menos dez pontos da Grifinória — Snape falou e eu bufei. Os alunos da minha Casa estavam bem insatisfeitos, murmurando reclamações. A alegria dos sonserinos, que zombaram por breves segundos, foi logo apagada. — E menos dez pontos da Sonserina. Esperava mais que isso de você, Malfoy.
Eu não poderia me dar ao luxo de perder os nossos pontos assim. Era uma das coisas que eu mais levava a sério e me empenhava em Hogwarts. Com muito esforço, no ano anterior, ganhamos a Taça das Casas.
— Acha pouco, Malfoy? — Snape perguntou, quando o loiro pareceu não ter ligado muito por ter perdido esses pontos. Na verdade, ele ria de algo que Blaise sussurrou. — Os dois irão cumprir a detenção nessa sala, organizando os armários de ingredientes.
Merda. Cruzei os braços, sem acreditar que passaria o restante do meu dia assim. Severo Snape era tão exigente em suas detenções que chegava a ser quase sádico. E lembrar que tudo estava tão bagunçado que me fez fechar a cara mais ainda.
E eu nem poderia argumentar que ele tinha me incitado a fazer aquele feitiço. Ao menos conseguiria provar que ele quem havia mexido nas minhas coisas enquanto eu estava ocupada demais pensando e pegando meus ingredientes.
Juro que minha maior vontade era esganar aquele menino. Seria uma droga de detenção, eu sentia.
tentou conversar comigo para que eu me acalmasse no restante das aulas, em vão, e ela sabia disso. Contei-na da noite mais estranha da minha vida, sem explicar exatamente quais os meus sentimentos sobre aquilo. Não que eu soubesse exatamente como definir.
Sentando-me novamente, suspirei e encarei o vidrinho. Desistindo de continuar a fazer algo naquela aula, apenas apoiei o queixo no braço e descansei um pouco a mente, me preparando para a tortura psicológica que viria.

POV’s
Era oficial. Tinha certeza de que aquela bala afrodisíaca me deixou sequelada. Só poderia ser isso. Eu não conseguia tirar meus olhos de Fred Weasley.
Ok, admito que sempre me senti atraída por ele e pensava em beijá-lo desde que viramos amigos, o que significa que esses sentimentos não começaram agora, do nada. Era simplesmente impossível não imaginar algo com ele. As provocações, os toques, as conversas, o carinho… Mas, como levo muito a sério nossa amizade – e tenho medo de perdê-la –, nunca avancei com suas investidas e enterrei todo e qualquer sentimento e interesse no fundo do meu ser.
E estava tudo indo muito bem.
Porém, depois de provar seu novo produto, isso havia voltado como um soco. Forte e doloroso. Daqueles que deixam marcas terrivelmente roxas que demoram semanas para sair.
E, para piorar, durante o treino de quadribol, ele ficava cinquenta vezes mais atraente do que já era. Ou talvez isso fosse apenas minha queda por atletas gritando mais alto.
Como era o primeiro treino do ano, precisávamos fazer o teste para saber se continuaríamos no time – principalmente agora que o antigo capitão saiu e Angelina entrou em seu lugar. Normalmente, as posições e jogadores continuavam os mesmos, sendo exceção apenas os que se formaram.
George e Fred estavam posicionados em suas vassouras, arremessando balaços um para o outro com maestria, o que não era por acaso, eles realmente amavam o esporte e treinavam sempre, até mesmo durante as férias. Por isso, não foi surpresa nenhuma quando Angie declarou que eles continuavam sendo os batedores do time.
— Vocês foram incríveis! — elogiei, animada, assim que meus melhores amigos se aproximaram de onde eu estava sentada. Os dois sorriram em agradecimento.
George abriu a boca para comentar algo, mas logo foi chamado por Harry, deixando Fred na minha frente, sozinho.
Estava um clima bem agradável, nem frio e nem calor. Um meio termo perfeito para quem assistia os testes, como eu. Já para ele, que estava pingando de suor, o sol queimando seus ombros e o tamanho esforço que fazia com o bastão não ajudavam muito. Provavelmente por conta disso, Fred tirou sua camisa. E eu engoli em seco.
— Seu teste é que horas? — ele perguntou, após tomar um longo gole de água de sua garrafa.
Algumas gotas que escorriam pelo objeto atingiram sua pele. Elas desciam cada vez mais e mais por seu abdômen, trilhando um caminho molhado até a barra de sua bermuda.
Eu não consegui desviar minha atenção, meus olhos observavam cada pedacinho de sua pele com vontade, e Fred percebeu, abrindo um sorriso ladino.
Céus.
Por um momento, eu pensei em falar o que estava passando pela minha cabeça e questionar se ele também estava sentindo tudo isso. Tirar tudo a limpo. Porém, no segundo seguinte, já havia desistido.
— Depois desse que começou agora — respondi finalmente, subindo meu olhar até seus olhos castanhos. Ele concordou com a cabeça, passando a mão direita nos fios de cabelo alaranjados, os bagunçando ainda mais. Ele era charmoso até com os fios todos desarrumados.
— Então vou ficar. Gosto de te assistir.
Mantive nossos olhares presos um no outro, imaginando cada sentido que aquela frase poderia ter e em como eu queria que ele me assistisse em todos eles. Bom, isso até George, Harry e Gina se juntarem a nós para ver o teste de Rony como goleiro.
Assim que os artilheiros foram chamados, me levantei e tirei a blusa larga que vestia, ficando apenas de top e short. Como a maioria das garotas do time, gostava de usar roupas mais justas e leves durante os treinos porque os movimentos e manobras ficavam mais limpas. Todos estavam acostumados com isso. Inclusive Fred que, apesar disso, desenhava cada curva do meu corpo com seus olhos.
E eu estava gostando. Muito.
Merda. Eu estava excitada somente por estar sendo observada pelo meu melhor amigo e isso, com certeza, não devia estar acontecendo.
Eu realmente não sabia o que estava acontecendo comigo.
Durante todo o teste, tentei não focar nisso. Felizmente, voar requeria toda a minha concentração, e meu desempenho estava cada vez melhor. A cada mergulho que fazia, ouvia as pessoas do time aplaudindo.
Quando finalizei e pousei meus pés no gramado verde novamente, Angelina veio falar comigo. Eu havia garantido minha posição e não poderia estar mais satisfeita. Não que fosse alguma surpresa. Modéstia à parte, eu levava tão a sério que era uma das melhores da equipe.
— Você estava demais lá em cima — Fred sussurrou no meu ouvido. Não percebi a hora em que ele se aproximou de mim e parou com o seu corpo atrás do meu, mas respirei fundo ao sentir seu hálito em minha nuca.
— Obrigada — respondi, agradecendo mentalmente por ver meus amigos parando ao meu lado e me tirando daquela bolha em que estava. Como os testes haviam terminado, voltamos para dentro do castelo.
Eu e Gina tomamos um banho demorado e, enquanto ela andava em direção ao dormitório do seu namorado, eu descia para as masmorras.
Adrian havia mandado um pergaminho instantâneo pedindo para que eu o encontrasse, e admito que estava animada para vê-lo. Apesar do esforço do teste, não estava nem um pouco cansada. Queria me certificar de que toda a excitação que senti por Fred era um caso isolado de – muita – carência e que isso se resolveria após eu me encontrar a sós com Pucey.
Pelo menos era nisso que eu iria me agarrar.

POV’s
Eu era uma faladora exímia e ficar tempo demais sem dizer uma palavra me deixava agoniada. Mais que isso, era como se meu corpo fosse explodir e minha garganta começava a arranhar, me implorando para que eu dissesse algo.
Mas eu não diria porque não era exatamente minha culpa estarmos aqui.
Ao contrário de todos que tiveram o restante do dia livre para descansarem, provavelmente eu e Draco éramos as únicas pessoas de Hogwarts cumprindo detenção. Bom, possivelmente Fred e George também deviam estar porque isso parecia fazer parte da rotina deles.
Guardando os potes separados com as sanguinárias, lembrei que precisava fazer um trabalho sobre isso e me corrigi mentalmente. Não havia dias livres em Hogwarts porque, se não estávamos nas aulas, então estávamos fazendo dever de casa.
O problema era que eu estava pensativa demais. Na hora da raiva, me questionei um pouco, mas agora queria realmente saber por que Malfoy resolveu mexer comigo. Ok, mesmo que ele tivesse dito as coisas somente porque eu estava triste e, em algum momento, ele pensasse em me caçoar, não tinha motivo para ele se ferrar junto.
Talvez pensasse que Snape fosse livrá-lo da detenção – o que ainda não me fazia sentido porque, independente dele ter livrado sua barra várias vezes, era uma situação que ele não seria capaz de escapar.
— Por que sabotou minha poção? — perguntei, posicionando as mãos em minha cintura enquanto o encarava com os olhos cerrados.
Draco parou de limpar a prateleira inferior e levantou o rosto para me encarar, parecendo confuso.
— Sabotei o quê?
— Ah, para! Você ainda teve a audácia de piscar para mim logo depois de estragar minha poção — exclamei, me sentindo um tanto quanto enfurecida. Detestava que as pessoas não assumissem o que tinham feito. Me deixava frustrada e irritada, além de ser uma perda de tempo. Não tinha necessidade alguma de mentir, ainda mais para mim.
Além disso, o que eu iria fazer? Pintar seu cabelo de roxo?
— Não sabotei sua poção — ele disse, calmamente. — Por que eu faria isso, ?
— Ah. — Cruzei os braços. — Você piscou para mim… E, logo em seguida, quando eu voltei para meu lugar, o líquido estava completamente arruinado.
— Sim, eu pisquei porque não tinha te visto antes. Estava te cumprimentando. Sabe o que é isso?
Ignorando seu sarcasmo, franzi os braços e expirei.
— Então quem mais faria isso?
— Eu posso te dar uma lista de quem não gosta de você naquela sala ou quer te prejudicar por estar indo tão bem nessa aula — ele disse, levantando-se. Oh, era verdade. Ser uma das melhores da turma já tinha me colocado em evidência outras vezes. Um dia, no ano anterior, tentaram estragar um dos melhores projetos que Hermione tinha criado. Ergui o rosto para encará-lo melhor, já que ele era alguns centímetros mais alto que eu. Draco parecia realmente irritado agora. — Sério, qual é o seu problema? Por que está agindo como se o dia da Copa de Quadribol não tivesse acontecido?
Considerar isso fez com que eu me sentisse um pouquinho estúpida. Enormemente estúpida, para dizer a verdade. Me virei para o armário, envergonhada, organizando alguns dos diversos ingredientes restantes. Passaríamos umas boas horas aqui, desnecessariamente. Se minha cabeça não estivesse tão quente…
— Deixei claro que não te odiava e passamos um tempo enorme conversando juntos. Eu gostei daquela que conheci e, agora, quando voltamos à Hogwarts, você me ignora e finge que nossa conversa não existiu?! E, agora, desconfia de mim? — Malfoy explodiu e a veia em sua testa saltou, o que demonstrava que ele estava realmente bravo.
— Eu… Merda, Draco. Desculpa, tá legal? Não é fácil simplesmente ignorar os quatro anos de todas nossas discussões e brigas depois de uma conversa e agir como se nada disso tivesse acontecido! — respondi no mesmo tom, bufando.
— Eu que tenho que me desculpar por achar que aquilo teve mais importância do que uma simples conversa banal. — Ele se virou para o armário, voltando a organizar os frascos.
Contorci o rosto em uma careta. Ele tinha que ser a pessoa mais dramática do mundo?!
— Nunca falei que foi uma conversa banal! — resmunguei, sentindo raiva de como aquilo havia dado errado tão rápido.
— Mas está agindo como se fosse, então, se não foi importante de alguma forma para você, não tem por que ter sido para mim. — Sua voz cortou o ar como gelo. Franzi as sobrancelhas, incomodada com a afirmação
— Sério, você cheirou alguma dessas plantas? O Snape vai ficar uma fera com a gente e eu não vou nem dizer que ele não tem razão.
— Claro, , porque é difícil demais para que você tenha noção de algumas coisas e compreenda o que acontece. Acho que nossa conversa nem foi tudo isso mesmo. Talvez nós sejamos assim e nada vá mudar. Também não quero estar com quem desconfia de mim sem motivo algum.
— Draco, por favor… — falei, revirando os olhos. Ele devia mesmo estar delirando se achava que eu ficaria ouvindo esse tipo de coisa. Suspirei, cansada de tentar dar um jeito naquilo que, claramente, não tinha como resolver. — Quer saber? Eu cansei. Já disse que aquele momento significou muito para mim e te pedi desculpas, sei que errei. Se você não consegue entender que confiança é algo que se conquista com tempo, não serei eu a te explicar. Vamos organizar isso aqui e, quem sabe, eu ganhe um pouco de noção até o final do dia.
— A questão, , é que você não quer que eu conquiste a sua confiança, por isso me coloca como culpado na primeira oportunidade que aparece. Mas tudo bem, porque agora eu também já nem quero mais que isso dê certo — Draco respondeu e eu fechei ainda mais a cara, me apressando em pegar o item mais próximo para guardar. Quanto antes terminássemos aqui, melhor seria.
Organizamos tudo no mais pleno silêncio. Minha garganta ainda arranhava, tamanha era minha vontade de dizer algo para nos resolvermos e ficarmos de boa. Eu sabia que estava errada, mas achei seu tratamento desproporcional. Ele tinha todo o direito de estar irritado, mas admito que fiquei chateada por ouvi-lo dizer que não queria que nossa relação minimamente amigável funcionasse.
Snape voltou quase uma hora depois, sem dizer grande coisa, e nos liberou. Draco atravessou a sala na maior velocidade que já havia o visto e nem ao menos se despediu de ninguém, o que fez com que o professor me encarasse desconfiadamente. Dei de ombros, como se não soubesse o motivo dele agir assim, e peguei minha mochila.
Com um “boa tarde, professor”, me despedi e segui rapidamente para meu quarto. Precisava de um banho para relaxar urgentemente.

POV’s
Adrian me esperava em um corredor deserto. Assim que me aproximei o suficiente, senti suas mãos rodearem meus quadris e me puxarem para perto de seu corpo. Colei nossos lábios em um selinho demorado, sorrindo sem mostrar os dentes.
— Você não saiu da minha cabeça hoje — ele sussurrou, fazendo movimentos circulares com o polegar na minha bochecha, em um carinho suave.
— Também pensei em você… — Arrastei minhas mãos por seu abdômen e trilhei um caminho com as unhas, subindo e descendo. Ao perceber sua respiração mais acelerada, deixei um beijo em seu maxilar e aproximei minha boca de seu ouvido. — Principalmente dentro de mim.
Adrian suspirou, apertando minha cintura. Quando seus olhos azuis encararam minha boca, soube que teria o que eu queria. Queria e precisava, porque meu corpo parecia implorar por isso agora.
— O que acha de irmos ao meu dormitório? — perguntou. Concordei com a cabeça, completamente satisfeita com o seu pedido.
No mesmo instante em que fechamos a porta de seu quarto, Adrian me puxou pela cintura, grudando nossos lábios. Não tive outra escolha, senão rodear seu pescoço com meus braços, embrenhando os dedos pelos seus fios curtos de cabelo.
A língua de Adrian buscava a minha com destreza e agilidade, seus lábios acariciando os meus com força. Suspirei contra sua boca, levantando uma de minhas pernas para envolvê-lo e, sem perder tempo, Pucey segurou-a e pressionou mais ainda as partes de nossos corpos que gostariam de estar interligadas.
Aproveitando para elevar minha outra perna e me colocar em seu colo, Adrian posicionou as mãos em minha cintura e não demorou para me levar para a cama. Grudando a boca em meu pescoço, percorreu meu corpo até chegar nos botões da blusa, abrindo-os.
— Céus, você é linda. — Ele encarou meu colo coberto apenas pela lingerie de renda, seu hálito atingindo meu pescoço, causando uma sensação boa.
Sorri com o elogio e voltei a beijá-lo, mergulhando profundamente naquele momento com Adrian e aproveitando cada segundo do desejo que nos consumia.

***

— Hoje foram os testes do time da Grifinória — contei, me aninhando em seu peito após vestir minha calcinha novamente.
— Ah, é? E como você foi? — ele perguntou, curioso, passando os dedos calmamente em meus fios de cabelo espalhados pelo travesseiro. Apesar de meu cabelo estar todo embaraçado devido ao suor e movimentos bruscos, Adrian parecia não ligar para isso.
— Parece que você vai continuar tendo uma ótima adversária — respondi, contornando os músculos de seu abdômen com a unha. Olhei para ele, que sorriu, selando nossos lábios em um beijo. Eu gostava muito desses momentos que tínhamos, era uma troca de intimidade.
— Parabéns, linda. Sabe que eu torço para a Grifinória nos jogos contra as outras Casas por você, né? — Concordei com a cabeça, feliz em ouvir aquilo, e aprofundei o beijo. Ele era sempre tão fofo. E sei que, se tivesse topado algum tipo de relacionamento mais público e definido, ele torceria até pintando as cores vermelho e amarelo em sua bochecha.
Nossas línguas se enrolavam pacientemente, como se tivéssemos todo o tempo do mundo para nos aproveitarmos.
Mas não tínhamos, e as batidas na porta do quarto de Adrian nos lembrou disso. Olhamos para a porta imediatamente e eu podia ouvir meus batimentos cardíacos saindo pelos meus ouvidos.
— Adrian? Está aí? — Apesar de nunca ter conversado diretamente com ele, sabia bem quem era: Blaise Zabini. Arregalei os olhos, afastando meu rosto do de Pucey. Nos encaramos, tentando pensar silenciosamente no que fazer.
Merda — resmunguei, me levantando da cama imediata e silenciosamente.
Blaise era o melhor amigo de Adrian e de Draco Malfoy. Eles sempre estavam juntos e eram realmente próximos – o que, de verdade, me surpreendeu. Ao contrário do que todos pensavam, Crabbe e Goyle não eram os melhores amigos do loiro. Draco e os dois viraram amigos pelo convívio excessivo nas aulas e se conheceram antes de entrar em Hogwarts porque seus pais eram amigos e, depois de serem presos, suas mães quiseram que eles tivessem esse contato – palavras de Pucey.
Porém, ao longo dos últimos dois anos, Draco se aproximou muito mais de Blaise e Adrian, e agora eles eram extremamente próximos. Eu não sabia exatamente como Adrian conseguia ser amigo de alguém assim – não que eu achasse que ele fosse horrível, porém eu sempre ouvia suas discussões com e Harry e ficava com preguiça –, mas porque Adrian era simplesmente a pessoa mais doce daquela escola.
Desde que cheguei em Hogwarts, tinha a impressão de que as relações do pessoal da Sonserina eram superficiais. No começo, era até um pouco injusto que eu pensasse isso baseado em estereótipos, eu sabia. Mas, quando pude conhecer mais, percebi que a maioria comprovava o meu pensamento.
A deles não, no entanto. É, alguém sempre tinha que se diferenciar, né?
— Estou. Eu já abro! — Pucey gritou, enquanto eu pegava minhas roupas jogadas pelo quarto e me vestia rapidamente. Ele havia feito o mesmo e agora esticava o edredom em sua cama para que seu amigo não conseguisse ver a bagunça que estava nos lençóis. Antes de se aproximar da porta, me deu um selinho, com um sorriso engraçado no rosto e sussurrou. — Você vai precisar se esconder.
— Eu passo por cada uma… — reclamei no mesmo tom baixo, bufando e arrancando uma risadinha dele. Mas apesar da situação engraçada, eu corri igual uma desesperada. Tive tempo apenas de colocar a blusa e a saia antes de me enfiar no primeiro lugar que achei, a droga do baú, que, por incrível que pareça, era mais espaçoso do que eu imaginava.
Assim que fechei a tampa, ele abriu a porta.
Para a minha felicidade, conseguia ter uma boa visão do cômodo pela fresta que deixei para conseguir respirar. Pude ver o exato momento em que Blaise entrou no quarto e se aproximou da cama e de Adrian. Eu esperava que ele fosse breve.
— E aí, cara. Tudo bem? — Pucey perguntou, o cumprimentando com um toque de mãos, fingindo naturalidade. Como se não tivesse feito nada demais.
— Mais ou menos. Preciso te contar uma coisa — ele falou, suspirando. Percebi que Adrian ficou preocupado e se sentou ao lado do amigo, esperando que ele continuasse. — Você sabe que estou afim da Pansy, né?
Oh, isso era novidade. Muito interessante, por sinal.
— Sei… Ela finalmente desistiu do Draco?
Hogwarts inteiro sabia que ela tinha uma queda por ele. Mais para penhasco, sendo sincera. Em todas as festas, desde o final do nosso primeiro ano, Pansy sempre dava em cima dele descaradamente. Era notável o interesse enorme que ela tinha.
Ele, por outro lado, sempre a dispensava. Adrian tinha me garantido que eles jamais ficaram porque Malfoy não pensava nela assim, e sim como uma irmã.
Eu e Adrian funcionávamos muito bem. Ele era fofoqueiro e eu, uma ótima ouvinte. Adorava saber de todas as fofocas e, com a quantidade das que ele me contava, parecia que era eu quem morava naquela Casa.
— Ainda não — Blaise respondeu. — Mas esse nem é o problema. Ela me contou hoje mais cedo que, aparentemente, seus pais estão procurando alguma família digna para terem uma aliança. O que significa… que vão fazer um casamento arranjado para ela.
— Casamento arranjado?! Mas isso é…
Por Merlin! Isso era um choque. Minha mão direita cobriu minha boca e eu segurei a expressão de surpresa que eu queria soltar. As pessoas ainda planejavam um casamento arranjado, sério?
— Um absurdo. Pois é. — Blaise suspirou. — E o pior é que ela não quer e já deixou isso bem claro, mas pelo jeito eles não estão ligando muito para o que a Pansy pensa.
— Não acredito, cara! Isso é uma merda, será que temos como ajudar ela de alguma forma? — Adrian parecia genuinamente preocupado com a garota.
Sabia que ele não era tão próximo dela. Não tanto quanto Blaise ou até mesmo Draco, mas como estava no mesmo círculo social, eu podia entender sua preocupação. Se até eu estava sem palavras, então o nível de desespero de seus amigos deveria ser absurdo…
— Também fiz essa pergunta para ela, mas Pan respondeu que não, que é algo bem mais complicado do que imaginamos. Mas é isso, acabei de descobrir e precisava contar para alguém, você foi a primeira pessoa que pensei. Por um momento achei que você estava… O que é isso?
Prendi a respiração, completamente imóvel, pensando que ele havia me visto. Segundos depois, reparei que ele não estava falando de mim, mas de um objeto que encontrou na cama de Adrian.
Ele pegou o que quer que tenha visto e o levantou. Não conseguia ver direito o que era por conta do ângulo, mas tinha uma voz na minha cabeça que me dizia exatamente o que podia ser. Gelei, sentindo meus batimentos cardíacos acelerarem.
E a voz havia acertado.
Ao ver Adrian dando uma risadinha nervosa e tomando meu sutiã preto das mãos de Blaise, me xinguei mentalmente por ter esquecido completamente dele.
— Não sabia que estava com alguém — Blaise brincou. — Se bem que, agora pensando, faz tempo que não te vejo ficando com ninguém nas festas, nem nada…
Eu estava curiosa para saber o que Adrian falaria, era fato. É uma droga de um sutiã! Não dava para ignorar isso e fingir que não sabia de quem era quando seu melhor amigo te perguntava sobre isso.
— Ah, é. Faz um tempo que estou ficando com uma pessoa, sim... — ele declarou, passando a mão nos fios escuros emaranhados. — As coisas estão ficando sérias e eu gosto bastante dela, por isso acabo não me interessando por outras pessoas — explicou, dando de ombros. Adrian tinha um sorriso singelo nos lábios ao falar de mim e, ao ver aquilo, quis sair daquele baú e beijá-lo até não aguentarmos mais.
Ouvir sua resposta causou dois sentimentos em mim. O primeiro me fazia querer ignorar qualquer coisa que pudessem dizer sobre nós e admitir para todos que estávamos juntos, e o segundo me fazia pensar que sou uma péssima pessoa por me sentir interessada por Fred enquanto ele não conseguia ter olhos para mais ninguém. Adrian realmente não merecia e eu me senti um lixo por isso.
Minha barriga revirou ao me lembrar de Fred.
— Que demais, cara! E quem é a garota misteriosa? — Achei uma graça ver como Zabini parecia feliz por ele e, por um momento, percebi como era injusto eu poder contar para minhas amigas e ele não.
Aproveitei que Blaise estava sentado virado de costas para onde eu estava escondida e levantei discretamente a tampa, sem fazer barulho. Adrian me encarou sutilmente, os olhos se arregalaram por dois segundos, provavelmente tentando entender o que eu estava fazendo.
Murmurei sem som que ele podia contar para o seu amigo e percebi seu receio, confuso sobre eu ter certeza daquela decisão. Apenas concordei com a cabeça e levantei o polegar esquerdo em formato de “joinha”, confirmando, e ele pareceu aliviado.
— Promete que não vai contar para ninguém? — ele perguntou, estreitando os olhos.
— É claro!
— Estou ficando com Voux.
Voux?! Da Grifinória? — Blaise parecia bem surpreso com a revelação, seu tom de voz tinha até mesmo elevado um pouco. — Há quanto tempo?
— Ah, completou um ano há uns dias. Ficamos pela primeira vez na festa do começo das aulas do ano passado.
— Hmm, então era com ela que você se encontrava nos passeios de madrugada?
Adrian tinha me contado que havia sido pego por ele voltando dos nossos encontros noturnos diversas vezes. Em horas bem complicadas e momentos constrangedores, mas ele sempre conseguia escapar do interrogatório. Nos últimos tempos, ele tinha aprendido melhor como evitar encontrá-lo.
— A própria. — Adrian sorriu.
— Ela parece ser legal, fico feliz por vocês, cara. Quando Pansy finalmente perceber que eu gosto dela, até podemos sair juntos — Blaise completou, fazendo um toque com as mãos com Adrian, que riu e concordou. — Bom, mas vim aqui só para contar, vou dar uma passada no quarto da Pan e ver como ela está — Zabini falou, se levantando.
— Eu já vou também, só preciso terminar de me trocar. — Adrian respondeu e o amigo concordou.
Assim que Blaise saiu do quarto, me levantei do baú e fui ao encontro de Pucey, que me encarava com um sorriso. Me joguei em seus braços, o abraçando e distribuindo vários selinhos em sua boca.
— Achei fofo o que você falou pra ele — assumi, o fazendo rir. — Gostei muito de te ouvir.
— E eu gostei muito de ter contado sobre nós. — ele falou, colando nossos lábios em um beijo mais demorado. — Obrigado.
Me senti completamente satisfeita com a decisão que tomei. Vê-lo feliz era o que importava.
Terminamos de arrumar nossas roupas e nos separamos. Enquanto eu caminhava para o Salão Comunal da Grifinória, Adrian andava até o quarto de Pansy. Apesar de não a conhecer muito bem, esperava que os dois conseguissem animá-la um pouco, afinal, não devia estar sendo nada fácil passar por isso sem conseguir fazer algo efetivo.


Capítulo 5

POV’s
— “Não venha com o Fred.” É sério?! — George resmungou assim que entrou em meu dormitório. Andei até a porta e olhei para o lado de fora, me certificando de que seu gêmeo não estava por ali, e então a tranquei. Todas as medidas preventivas eram necessárias.
— Muitíssimo sério! Preciso conversar e ele não pode saber de nada — respondi.
É, realmente ter visto Adrian não ajudou tanto quanto eu esperava.
A verdade é que eu consegui esquecer Fred enquanto estava com Adrian, mas realmente me senti péssima por estar pensando em mais alguém além dele enquanto ouvia de sua boca que ele não pensava em mais ninguém além de mim. E foi só eu sair do Salão Comunal da Sonserina que o nome do ruivo voltou a cruzar minha mente.
Parecia que o universo era contra a minha tentativa de esquecer Fred Weasley e, por isso, fez com que nos encontrássemos. Conversar com ele, mesmo que rapidamente, antes que eu inventasse uma desculpa e corresse na direção contrária, me fez pensar em como seria tocá-lo com aquela mesma intimidade que fiz com Adrian, e foi aí que eu percebi como estava fodida.
Ignorando a ansiedade em meu ventre, me virei e encarei George sentado na beira da minha cama.
— Por acaso aquela maldita bala afrodisíaca tinha algum efeito colateral que vocês esqueceram de avisar? — questionei diretamente, arrancando o band-aid. George franziu as sobrancelhas, me olhando como se eu tivesse falado a coisa mais absurda que ele já ouviu na vida.
— Não. Tenho praticamente cem por cento de certeza que não tem efeitos colaterais, mas por quê…
— Porque tem algo muito errado acontecendo comigo. E tudo começou depois da bala! — O cortei, andando de um lado para o outro no quarto. Não era possível.
— Por Merlin, você sabe que eu te amo, mas assim vai me deixar louco! Senta e me explica o que aconteceu. — Respirei fundo e concordei, me sentando ao seu lado. Cruzei minhas pernas em cima da cama e pensei em como começaria a contar.
— Tá legal. Então, desde o dia em que provei a bala com Fred, eu estou sentindo umas coisas…hm, diferentes por ele.
— Diferentes como? — ele perguntou, redobrando a atenção.
— Tesão, George. — Bufei, falando de uma vez. — Eu não consigo parar de pensar e imaginar e… Enfim, isso não pode acontecer. Ele é meu melhor amigo!
O ruivo ficou em silêncio por poucos segundos, antes de começar a rir. Rir não, gargalhar, como se eu tivesse feito a melhor piada do ano.
— Ah, então é por isso que você está evitando ele nos últimos dias? — Ele pareceu pensar um pouco, como se estivesse encaixando um quebra-cabeças. — Por Merlin, , você é muito dramática! Eu pensei que tivesse acontecido algo mais sério — ele completou, relaxando o corpo.
Eu tinha passado dois dias evitando Fred Weasley.
Eu conhecia seus horários de cor, o que me ajudava muito com encontros que não fossem estritamente evitáveis. Se ele chegava no grupo, eu ficava mais próxima das meninas. Até mesmo nos horários do café da manhã, almoço e jantar, troquei de lugar. Ao contrário de antes, que sempre me sentava entre Fred e George, passei a me sentar unicamente do lado de George, com quem eu falava normalmente, mas dificultando a conversa de seu irmão comigo.
O problema era que eu não conseguia parar de repensar mil vezes minha relação com Fred. Pior ainda, de repensar os meus sentimentos por ele. Toda vez que estávamos no mesmo ambiente, minhas mãos começavam a suar e eu era exposta à taquicardia. Tentei repassar todos os motivos que me faziam sentir assim, mas era difícil.
Ia além do fato dele ser absurdamente atrativo — George era seu gêmeo idêntico e, apesar de achá-lo igualmente gato, não sentia nada além do carinho fraternal quando conversava com ele. Com Fred ia além… Eu tinha vontade de fazer mais coisas e não conseguia parar de pensar no desejo gigantesco de finalmente terminar o que quase começamos quando testamos aquela bala juntos.
Deixando o medo me consumir, não pude evitar surtar ao perceber que o fato de eu estar tão miseravelmente atraída por Fred Weasley acarretaria diretamente na possível destruição de nossa amizade.
Tentando botar minha cabeça no lugar, precisei me afastar por algum tempo. Fiz todas as minhas atividades, conversei com bastante gente e até passei um ótimo tempo com Adrian. Nada foi suficiente.
E talvez esse não fosse o melhor dos métodos, eu sabia, mas estava desesperada.
— Isso é sério! E outra, você devia estar me ajudando a resolver isso, e não rindo da minha cara — enfatizei, revirando os olhos, sentindo uma pontada de irritação. — Mas respondendo sua pergunta, sim, é por isso — respondi, suspirando.
, eu até consigo entender seu ponto… Mas você sabe que essa não é a melhor alternativa, né? Ele está percebendo esse afastamento e ficando cada vez mais chateado com isso.
Merda. O que eu faço? Não quero deixá-lo triste e muito menos estragar nossa amizade.
— Se a intenção é não estragar a amizade, se afastar é a pior coisa que você pode fazer. Vamos pensar juntos, mas antes de qualquer coisa quero te fazer uma pergunta. — Concordei com a cabeça, o escutando com atenção. — Você, por acaso, já sentia isso por ele?
Ele parecia já saber a resposta, o que me deu menos coragem ainda de mentir. Gostava da naturalidade como as coisas fluíam entre nós. Mas isso não tirava a tensão que sentia.
— Eu não… Quer dizer… — Tentei formular uma resposta e suspirei ao ver que estava me enrolando. Enruguei o nariz, pensativa. Eu já estava na merda, né? — Sentia. Mas não na proporção que agora, é como se tivesse multiplicado por mil!
— Bom, então vou te dizer o que eu acho disso tudo — ele começou a falar, me encarando. — Eu acho que você aprendeu a camuflar muito bem seu interesse por ele ser seu melhor amigo e, depois da bala, perdeu completamente o controle disso. Por isso parece que multiplicou, mas, na verdade, você só sabia esconder isso melhor de si mesma.
Parei por alguns segundos para refletir, mesmo sabendo que ele estava certo. Eu não queria aceitar — afinal, não havia aceitado da primeira vez que pensei nisso, por que o faria agora? Isso poderia destruir nossa amizade, eu nem conseguia disfarçar!
Merda.
— Você está pensando muito… — ele falou, cutucando minhas pernas com os dedos.
— É claro! O que eu faço para isso passar? Será que tem alguma poção ou feitiço? — perguntei, pensativa.
— Suas ideias são péssimas, sério. — Ele voltou a rir, ignorando que eu estava falando sério.
— E você tem uma melhor, por acaso?! — Cruzei os braços. Eu realmente estava torcendo para que ele tivesse, porque sabia que a minha era péssima.
— Na verdade, tenho. A mais lógica de todas. — Graças a Merlin! Senti o corpo relaxar, ansiosa para ouvir sua ideia. — Você devia contar para ele.
O quê?
— O quê? — verbalizei meus pensamentos, indignada.
— É — ele confirmou. — Já pensou que ele pode estar sentindo o mesmo? E se ele, de fato, estiver, o que impede de vocês experimentarem algo? Pode funcionar tanto para matar a curiosidade de vocês, quanto para dar um fim nisso. Sem contar que a amizade de vocês não acabaria por isso, você conhece o Fred, ele jamais te faria se sentir estranha com isso.
Precisei de mais um tempo para aceitar que não era uma ideia tão ruim assim. É óbvio que teria que pensar em como contar uma coisa dessas para ele. Não podia simplesmente bater em sua porta e dizer “oi, eu quero te beijar tanto que não consigo parar de pensar nisso”.
Ainda assim, era a única carta que eu tinha e precisava usá-la, ou ficaria doida pensando como poderia ter sido. Melhor fazer e se arrepender do que se arrepender de nunca ter feito, né?
Dei um longo suspiro, me deitando na cama e encarando o teto.
Foi quando me recordei de algo. George era grudado no irmão. Ele sabia de tudo sobre ele, assim como também sabia tudo sobre mim.
— George, o que você sabe exatamente sobre os sentimentos dele? Vocês sabem absolutamente tudo um do outro! Ele já te disse algo sobre isso?
, eu não vou me meter nisso. É entre vocês. Estarei aqui sempre que precisar de um ombro para chorar, mas estou fora dessa. — Ele balançou a cabeça negativamente, sorrindo contido, e eu grunhi de insatisfação.
— E eu pensando que era sua melhor amiga… — Tentei, apelando para o lado emocional.
Ele riu alto e me abraçou de lado, enquanto eu tentava me soltar de seus braços.
— É a melhor, a única e a mais dramática também — George respondeu assim que eu desisti de resistir e recebi seu gesto de carinho. — Mas você sabe que eu não posso contar nada, né?
— Infelizmente. — Bufei. — Que droga! Maldito dia em que fui testar seu produto novo.
Em resposta, George riu pela milésima vez.

POV’s
O dia seguinte estava nublado e o frio fazia com que meus dentes batessem um contra os outros. Detestava dias assim porque não ficava no meu melhor humor. Não que eu estivesse exatamente no meu melhor quando voltei para o dormitório na noite passada.
Estava tão cansada, irritada e com as costas tão doloridas que, assim que me deitei na cama, apaguei em menos de cinco minutos. Por sorte, acordei mais cedo e tive tempo suficiente para tomar um banho antes das aulas.
Enquanto a água morna — porque eu não gostava quando estava quente demais — molhava meus cabelos, pude pensar na briga que tive na noite anterior com o Draco. Apesar de entender sua frustração inicial, não podia deixar de ficar magoada com as palavras que ele disse, desnecessariamente. Não éramos ao menos amigos. Como ele queria que eu confiasse em quem passou metade do ano escolar discutindo comigo pelos motivos mais bestas?
Colocando o suéter mais quentinho que eu tinha, encontrei as meninas antes de irmos para as aulas. Na primeira do dia, Malfoy sentou-se no banco ao lado do meu e não proferiu uma palavra. Nas últimas, mal nos vimos.
Como em momento algum ele me olhou, também resolvi ignorá-lo. Eu me sentia estranha, não gostava disso. Era um sentimento amargo, mas também não era como se eu pudesse fazer mais que isso.
Me forcei a parar de pensar nisso e foquei totalmente nos estudos. Eu precisava começar o ano sem atrasar nenhuma matéria. Depois disso, também não nos vimos mais. Segui meu caminho e Draco o dele.
Passei uma boa parte da tarde com Mione na biblioteca, adiantando as matérias. Teríamos algumas aulas extremamente fascinantes esse semestre, o que fez eu me animar. Somente saí de lá quando Rony chegou e pediu ajuda de nossa amiga mais inteligente para entender uma tarefa de História da Magia. Como eu já tinha finalizado e os dois pareciam estar se dando bem, decidi deixá-los sozinhos. Vai que algo acontecia…
Estava pensando no que fazer durante a noite quando encontrei Harry sentado no sofá do Salão Comunal. Alguns alunos mais novos, que não falávamos tanto, estavam conversando ao redor do ambiente.
— O que está fazendo aqui? O que é isso? — perguntei, sentando-me ao seu lado. Ele tinha um embrulho enorme no colo, parecia ser um presente. Assim que me viu, estendeu o pedaço de papel que terminou de ler em minha direção como resposta.
Uma carta de Sirius.
Desde que o padrinho de Harry conseguiu sua guarda oficialmente — o que aconteceu no fim do primeiro ano —, eles andavam cada dia mais próximos e enviando cartas diariamente um para o outro para contar as novidades.
Quando peguei a carta e comecei a ler, percebi que eu havia acertado.
“Querido Harry,
Lembra que, no dia do seu aniversário, eu falei que estava esperando a oportunidade perfeita para comprar seu presente? Bom, ela chegou.
É o lançamento mais recente, espero que goste.
Ah, e sobre a outra surpresa, a encontrei esses dias enquanto limpava um dos quartos aqui de casa. Tinha guardada aqui apenas uma parte dela, mas acho que você vai se interessar do mesmo jeito…
Com amor, Sirius.”
— No meu aniversário, ele não me deu um presente. Disse que estava esperando a “oportunidade perfeita” para comprá-lo e que ele nem estava nos mercados ainda — Harry explicou. — Mas eu não faço ideia do que seja.
— Então abre! — falei, olhando ansiosa para as mãos de Harry. Ele começou a desembrulhar o presente rapidamente e, assim que vimos o que era, nos encaramos totalmente extasiados. — Nossa, isso é…
Uma Firebolt! — Harry olhava para a vassoura em suas mãos, completamente em choque. — Ela é a vassoura mais rápida em todo o mundo!
Apesar de não ter muito conhecimento sobre vassouras, sabia que ela era exclusiva e que mais ninguém em Hogwarts possuía uma igual.
Assim que ele virou a Firebolt para olhá-la melhor, vi que havia um pequeno papel enroscado em seu cabo e chamei a atenção de Harry. Ele o abriu e paralisou, encarando aquele recado por longos segundos, lendo e relendo.
— É outra carta — ele falou, levantando o olhar para o meu rosto com um sorriso nos lábios e os olhos marejados. — Da minha mãe, . É uma carta da minha mãe para Sirius. De quando eu tinha um ano.
Quando peguei o papel rasgado nas mãos e li, quase não acreditei.
“Caro Almofadinhas,
Muito, muito obrigada pelo presente de aniversário que mandou para Harry! Foi o que ele mais gostou até agora. Um aninho de idade e já dispara pela casa montado em uma vassoura de brinquedo, tão vaidoso que estou enviando uma foto para você ver. Sabe, a vassoura só levanta uns sessenta centímetros do chão, mas ele quase matou o gato e quebrou um vaso horrível que Petúnia me mandou no Natal (nada contra). É claro que Tiago achou muito engraçado, diz que ele vai ser um grande jogador de quadribol, mas tivemos que guardar todos os enfeites da casa e dar um jeito de ficar sempre de olho nele quando brinca.
Tivemos um chá de aniversário muito tranquilo, só nós e a velha Batilda que sempre nos tratou com carinho e vive mimando o Harry. Ficamos com pena que você não tenha podido vir, mas a Ordem vem em primeiro lugar e Harry não tem idade para saber que está fazendo anos! Tiago está se sentindo um pouco frustrado trancado em casa, ele procura não demonstrar, mas eu percebo – além disso, Dumbledore ficou com a Capa da Invisibilidade dele, então não há possibilidade de pequenos passeios. Se você pudesse lhe fazer uma visita, isso o animaria muito. Rabicho esteve aqui no fim de semana passado, achei-o meio deprimido, mas provavelmente foram as notícias sobre os McKinnon; chorei a noite inteira quando soube.
Batilda passa por aqui quase todo dia, é uma velhota fascinante que conta as histórias mais surpreendentes sobre Dumbledore, não tenho muita certeza se ele gostaria disso caso soubesse! Fico em dúvida se devo realmente acreditar, porque me parece inacreditável que Dumbledore…”
E então havia uma foto, também pela metade. Harry — um bebê de cabelos escuros — voando para dentro e para fora do papel, montado em uma minúscula vassoura, às gargalhadas, e um par de pernas que deviam pertencer a Tiago, seu pai, correndo atrás dele.
Senti meus olhos úmidos e meu nariz ardia um pouco. Fiquei emocionada lendo isso. Harry tinha sido tão amado que era horrível lembrar como as coisas tinham terminado para sua família. Porque era ótimo que ele tivesse essa oportunidade de um contato um pouquinho maior com sua mãe. Tinha sido um gesto lindo de Sirius enviá-lo. Ele me contava, com um pouco menos de frequência agora, que costumava imaginar como seria sua vida se as coisas tivessem acontecido de outra forma. Com os pais vivos ou morando com seu padrinho desde a morte.
Ter essa carta em mãos era uma forma dele se aproximar um pouquinho de sua infância esquecida.
Mas fiquei pensando no porquê de seu apelido ser Almofadinhas. Provavelmente a história era engraçada, já que envolvia Sirius.
— Sirius foi quem me deu minha primeira vassoura — ele constatou, feliz. — E nós tínhamos um gato! Hermione vai amar saber disso…
— Eu vou amar saber o que? — Mione perguntou, se aproximando de nós ao lado de Rony. Estava tão presa em meus pensamentos que não tinha prestado atenção neles entrando.
— Isso é o que eu estou pensando? — o ruivo arregalou os olhos, encarando a Firebolt com pura admiração.
— Sirius que me deu — ele respondeu, entregando a vassoura para o melhor amigo, que a pegou com o maior cuidado do mundo, como se fosse uma relíquia.
— Por Merlin, é uma Firebolt? — E então Gina apareceu, junto com , Fred e George, correndo até Ron e tirando a vassoura de sua mão.
Aproveitando que todos estavam ali, Harry explicou toda a situação. Cada um leu a carta de Lily e analisou a foto de quando ele era bebê. Minhas amigas também seguraram o choro.
A conversa sentimental perdurou por alguns minutos, onde Harry me abraçou de lado, sorrindo enquanto contava para o grupo como se sentiu recebendo esse tipo de presente. Ele sempre reforçava como estava feliz pela presença de seu padrinho em sua vida.
— Mas agora, aproveitando que estamos falando de aniversário, o que vamos fazer no de vocês? — Harry perguntou, intercalando os olhares entre eu e . Todos os outros pareciam ansiosos pela resposta.
Foi impossível impedir que o sorriso rasgasse em meu rosto. Meu aniversário para mim era como se fosse feriado. Levava tão a sério que tinha conversado com a , desde logo, para pensarmos no que fazer.
Era incrível porque, mesmo sem laços biológicos, o universo parecia conspirar para que nos conhecêssemos. Eu era mais velha que a , por três dias. Sim, eu sei. Nossas mães acabaram engravidando no mesmo período, sem ao menos planejarem isso. Consequentemente, nascemos na mesma semana. Eu no dia 24 de janeiro e ela no dia 27, então sempre comemoramos juntas.
— Hm, nossos pais queriam viajar, mas falamos que vamos fazer algo com vocês — respondeu, dando um sorrisinho. Passamos um bom tempo conversando com eles até que conseguíssemos reajustar os planos. — Alguma ideia?
— Sirius deixaria a gente fazer algo lá em casa — Harry respondeu, dando de ombros. Era uma ideia interessante.
— Mamãe também — Ron completou. Eu adorava ficar na toca também, tinha um espaço muito bacana no quintal. Poderíamos fazer uma boa festa…
— Bom, eu acho que podíamos viajar! Só nós, sabe? — Gina falou, entusiasmada. Encarei e vi que essa era a ideia que mais nos agradou. Precisávamos mesmo de uma viagem e um tempo só nosso seria perfeito.
O pessoal pareceu gostar muito, já que todos concordaram com a cabeça e começaram a falar sobre.
— Eu topo! — Fred apoiou, animado, e George concordou com a cabeça.
— Meus pais têm uma casa em Brighton, posso falar com eles para ficarmos lá durante as férias de fim de ano e comemorarmos o aniversário de vocês — Mione sugeriu.
— Amiga, vai ser ótimo se der certo! — respondeu e eu cruzei os dedos para que desse certo. — Podemos ir depois do Natal e voltarmos na última semana das férias.
— Perfeito! Eu apoio cem por cento essa ideia — Gina comentou, fazendo com que todos concordassem.
Como todos éramos muito ansiosos, aproveitamos um bom tempo tentando resolver e combinar tudo o que podíamos, por enquanto. Mione costumava reforçar que a casa deles era perfeita e que amaríamos. Seria prático porque poderíamos ir de carro, já que a cidade era mais afastada, mas não a ponto de precisarmos ir de avião.
Só sabia que estava ansiosa demais, contando nos dedos os dias para que a viagem chegasse.

POV’s
Pensei dez mil vezes na conversa que tive com George, mas não consegui pensar em como traduzir o que eu sentia para Fred. Não quando eu nem ao menos sabia exatamente do tamanho do meu interesse em ficar com ele.
O importante era que eu iria arrumar um jeito de falar com ele. Alguma hora, mas não nesse momento. Adrian me mandou um bilhete mais cedo, perguntando se eu gostaria de dormir com ele hoje. Sabia que estava meio avoada, então seria uma boa oportunidade para ficar tranquila e aproveitar a noite sem quase entrar em um colapso nervoso.
Quando percebi que Gina, Mione e estavam finalmente dormindo, decidi que era a hora de sair. Como voltaria para o meu dormitório antes do horário dos alunos acordarem, não estava levando meu uniforme. Apenas calcei minha pantufa, desamassei o pijama que vestia e saí do quarto, torcendo para que não encontrasse ninguém durante o caminho até as masmorras.
Assim que desci as escadas para a área principal do Salão Comunal, o arrependimento me invadiu no mesmo instante ao ver Fred sentado no sofá, em frente a lareira. Como eu não pretendia revelar meus sentimentos para ele agora, entrei em pânico. Não poderia simplesmente passar reto ou dar um “oi” do jeito que estávamos. Então, tentando fazer o mínimo de silêncio, dei meia volta para subir novamente.
— É sério?! Você prefere voltar para o seu dormitório a conversar comigo?
Parei de respirar por um segundo e engoli em seco, tentando acalmar meu batimento cardíaco.
Pelo jeito não era eu quem decidia o que seria a hora certa, afinal.
O conhecia bem o suficiente para saber que havia mágoa em seu tom de voz. Ao me virar para encará-lo, vi a chateação tomar conta de seu rosto e isso me machucou, mesmo tendo plena noção de que eu era a culpada por isso.
— O que eu fiz? — ele perguntou, baixo, quase em um sussurro. Senti o ar queimar meus pulmões ao respirar fundo, me odiando por ter feito isso com ele. Ele parecia verdadeiramente abalado, e o cansaço em sua voz era notável.
Caminhei em sua direção, sentando-me ao seu lado. Puxei a pele do lábio entre os dentes, suspirando pesarosa. George tinha razão. Eu não havia feito nada além de abalar nossa amizade.
— Você não fez nada, Fred — respondi seriamente, olhando em seus olhos. Era isso, eu precisava falar. Tinha suposto que meu afastamento poderia ter sido pior para ele do que para mim, mas não achei que ele acreditaria que o erro tivesse sido dele.
Que droga, eu era a maioria odiadora do discurso “Não é você, sou eu” e cá estava tentando reproduzir. O pior de tudo era que ao menos tínhamos algo que realmente ultrapassasse a amizade.
— Então por que tem me evitado?
— Porque eu sou uma idiota covarde — falei, sem dar voltas, bufando enquanto recriminava minhas atitudes mentalmente.
— Você não é uma…
— Claro que sou! — O cortei antes que pudesse terminar sua frase. — Eu sabia que essa ideia de me afastar não ia funcionar e, mesmo assim, achei melhor do que chegar e conversar com você sobre a verdade.
Olhei para as minhas mãos, pensando em como continuar aquela conversa. Meu coração estava batendo cinco vezes mais rápido e eu precisei inspirar algumas vezes. Eu realmente estava prestes a confessar meus pensamentos depois daquele maldito doce? Quer dizer, o que poderia acontecer, né? Já haviam passado dias desde aquilo… Engoli em seco, respirando fundo.
— Me desculpa, Fred. Juro que não queria, jamais, que você tivesse pensado que eu estava brava, chateada ou qualquer coisa com você. Não tem nada a ver com isso. Eu só… — resmunguei, frustrada, sem saber exatamente como continuar. Era agora, precisava ser. — A verdade é que, depois de experimentar aquela bala no primeiro dia de aula, eu pensei em tantas coisas… Minha cabeça ficou uma bagunça! Não soube lidar com os meus sentimentos confusos e com a curiosidade… Achei que, me afastando de você, as coisas iriam clarear para mim, mas não adiantou nada e eu só me senti pior a cada momento que passava.
, do que você está falando? Curiosidade de…? — ele insistiu, as sobrancelhas arqueadas refletiam a confusão em seu rosto, e notei que ele prestava atenção em cada palavra que saia de minha boca. Voltei a encará-lo, torcendo os dedos até que estralassem.
Tive a impressão de que ele sabia bem o que eu estava prestes a falar e torcia para que eu o fizesse.
Ah, dane-se.
— De te beijar — completei, sem hesitar.
Seus olhos castanhos brilharam de uma forma que eu nunca tinha visto. Me vi presa nesse olhar, observando os pontinhos em suas íris. Meu peito parecia estar sendo esmagado por uma pressão sobrenatural enquanto ele me olhava com essa intensidade.
— Você ficou dois dias fugindo de mim porque quer me beijar?
— Bom, hm… é, mas você falando assim faz parecer patético… — resmunguei, mordendo meu lábio inferior, nervosa com sua resposta. Seu tom de voz não era debochado, somente sério, como se fosse uma dúvida genuína.
Mesmo assim, estava pronta para ouvi-lo me xingar e falar como era uma péssima amiga, a mais ridícula de todos, mas ao ver um sorriso surgir em seus lábios, foi minha hora de franzir as sobrancelhas, confusa.
— Eu não acho que seja patético.
Fred aproximou nossos rostos e eu prendi a respiração, sentindo meu coração palpitar conforme seu rosto ficava a cada segundo mais perto do meu.
Sua mão subiu em direção ao meu pescoço, segurando firme, enquanto embolava em alguns dos fios soltos do meu cabelo. Oh.
— O que está fazendo? — perguntei, a voz tão baixa que poderia ser facilmente confundida com um sussurro, sem quebrar o contato visual. Eu não ficava facilmente corada, mas senti minhas bochechas esquentando em antecipação. Meu estômago deu três voltas, a ansiedade me consumindo durante esse curto período de tempo.
Será que ele ia fazer o que eu estava imaginando?
— Te beijando. — Nesse momento, com suas mãos em mim, esqueci onde estávamos e todas as dúvidas que apareceram na minha cabeça ao perceber o que estava acontecendo entre mim e meu melhor amigo. Meu olhar se fixou em sua boca, que se entreabriu enquanto ele se aproximava, e então sua mão direita me puxou para si, enquanto nossos lábios se provavam pela primeira vez.
Eu tinha lido em tantos clichês sobre beijos que encaixavam e pareciam tão certo, mas, como nunca tinha acontecido comigo nada nesse nível, assumi que eram só mais uma ilusão responsável por deixar as meninas de 13 anos tristes porque não encontrarão nada assim.
Só que não havia outra forma de descrever o que eu estava sentindo quando percorri sua boca com minha língua. O ar estava pesado e meu sangue parecia ter se transformado em combustível, me fazendo queimar instantaneamente.
Nos separamos e eu estava praticamente ofegante quando ele puxou meu lábio inferior e sorriu, sem desviar o olhar do meu.
Fred era impulsivo, eu sabia disso, mas não estava esperando que eu realmente o beijasse pela primeira vez hoje. E, pior, que eu fosse gostar tanto assim.
Me surpreendendo mais uma vez — porque fielmente acreditei que seria um único beijo, somente para que nossas vontades fossem satisfeitas —, Fred envolveu minha cintura, me pressionando mais contra seu corpo. Eu não perdi tempo, envolvendo seu rosto com minhas mãos, aprofundando nosso contato físico.
Empurrando meu corpo para trás, Fred se posicionou sobre mim. Ele sorriu e depois voltou a atacar minha boca, suspirando quando enrosquei nossas línguas. Minhas pernas abertas se apertaram ao redor de suas costas e sua mão macia deslizou em minha coxa, apertando-a com fervor.
Suguei seu lábio inferior com meus dentes e finquei as unhas em suas costas, apertando com vontade. Estava sendo melhor do que eu tinha imaginado. Sua boca somente deixou a minha para se encontrar com o meu pescoço, mordiscando a pele alva com a força exata. Devo ter murmurado alguma coisa, talvez seu nome ou somente demonstrando o quão bom aquilo estava, porque o ouvi gemendo.
Mas então tudo aconteceu muito rápido.
Em um segundo, escutei um barulho alto, como se fosse uma porta batendo e, no outro, passos descendo as escadas.
Merda… — uma voz masculina xingou e eu percebi que a pessoa que descia estava mais perto do que eu havia imaginado. Eu e Fred arregalamos os olhos e eu senti a ansiedade me dominar. Antes de pensar em qualquer outra alternativa, o empurrei para o lado, precisando que ele saísse de cima de mim urgentemente.
E ele caiu no chão.
Ai! Eu não acredito que você… — ele começou a resmungar, mas se calou assim que seu amigo apareceu em nossa visão. Eu tinha conseguido ajeitar os cabelos e a roupa rapidamente, mas, se a pessoa prestasse muita atenção, poderia notar claramente o que estava acontecendo.
— Fred? ?
— Ah, oi, Lino! — falei, dando um sorrisinho nervoso, enquanto encarava Lino Jordan.
— Não conseguiu dormir, cara? — Fred perguntou, também tentando não parecer suspeito e, obviamente, falhando. Seus lábios estavam inchados e, com o susto, ele não conseguiu se arrumar tanto quanto eu. O único tempo que teve foi usado para pegar uma almofada e colocar sobre seu colo.
— Não, ahn, na verdade eu estou indo ver Susana. — Ele coçou a cabeça, parecendo envergonhado de nos contar isso, como se fôssemos julgá-lo. Eu não podia me importar menos em vê-lo sair de madrugada para se encontrar com a namorada.
Sem contar que não estava na melhor posição para falar nada.
— Entendi… — falei, sorrindo amigavelmente, tentando pensar em como terminar essa conversa. Por sorte, Lino parecia com bastante pressa e deu mais uns passos em direção ao buraco do quadro. — Aproveitem bem.
— Pode deixar, vocês também. — Ele riu e eu senti minhas bochechas ardendo. Era óbvio que ele tinha percebido, mesmo sem perguntar por que Fred estava no chão. — Hm, eu vou indo… Boa noite! — E então Lino Jordan deixou o Salão Comunal.
Eu e Fred nos encaramos e, segundos depois, começamos a rir.
— “Aproveitem bem”? Sério?! — ele falou, gargalhando enquanto balançava a cabeça.
Dei de ombros.
— Eu não consegui pensar em mais nada! — Minha barriga doía de tanto rir e eu suspirei, sentindo meu corpo relaxar após a adrenalina de termos sido pegos passar.
Foi um momento engraçado e tenho certeza de que Lino só não fez piadas com a nossa situação porque também não estava em uma melhor que nós. Não que eu ou Fred realmente fôssemos falar algo. Ainda mais porque eles eram colegas de quarto e sempre se acobertavam, então acho que o problema maior acabou sendo eu. Bom, fazer o quê. Agora já tinha acontecido mesmo.
— Bom, vamos subir? — perguntei, me levantando do sofá e esticando a mão para ajudar Fred a fazer o mesmo.
O que eu não esperava era que ele me puxaria para baixo, fazendo com que eu caísse por cima de seu corpo. Arregalei os olhos, sentada em seu colo.
— Eu acho que podíamos aproveitar mais um pouco… — Fred sussurrou, passando seu braço ao redor da minha cintura. Senti-lo tão perto fez com que eu me deixasse levar, colando nossos lábios em um beijo calmo e lento.
Ajustei minhas pernas ao seu redor, me entregando aquele momento. Passei as mãos por seus ombros, para apertar os músculos e pressioná-lo mais ainda contra mim, e subi para sua nuca, segurando seu cabelo.
— Se isso continuar, não sei se vamos conseguir parar… — falei, afastando nossos rostos.
Eu sei, uma idiota, de fato. Após tanto tempo querendo saber como seria quando provasse o gosto dos lábios de Fred Weasley e, finalmente descobrindo, interrompia nosso momento. E não é como se eu quisesse parar, porque eu não queria. Mas também não queria fazer no chão da Sala Comunal sem conseguir aproveitar direito porque estaria preocupada demais pensando que a qualquer momento alguém poderia aparecer.
— Mas não vai aparecer mais ninguém… — Ele tentou, com um biquinho estampado, e passando os dedos pelas minhas coxas. — E eu não quero parar.
Por Merlin, precisava de muito autocontrole para não voltar a agarrá-lo.
— Vamos, Fred.
Ele segurou minha mão assim que levantei e ficou em pé.
— Ok, mas, da próxima vez, vamos começar em outro lugar. Não quero nem ter que pensar em parar.
O sorriso que rasgou meu rosto foi o maior da semana e eu revirei os olhos, concordando mentalmente, mas sem realmente respondê-lo com palavra alguma. Caminhamos até a escada com as mãos unidas, Fred fazendo um carinho com o polegar na minha.
Parei no primeiro degrau e me virei, olhando-o para me despedir.
— Boa noite — falei, sorrindo.
— Boa noite, .
Após um último beijo, subi para o meu quarto, me sentindo leve.
Isto é, até relembrar o motivo que me tirou da cama. Apoiando a mão na testa, sussurrei um “merda”. Me xinguei mentalmente ao lembrar de que Adrian devia estar em seu quarto, provavelmente esperando alguém que não ia aparecer. E eu nem mesmo sabia o que falaria para explicar isso para ele amanhã.
Era tão tarde e eu jamais conseguiria ir até lá agora, seria, no mínimo, deplorável do meu lado. Sem perder mais tempo, escrevi para Adrian, avisando-o que tive um contratempo e que não conseguiria ir, desejando-o uma boa noite.
O pior era que eu ao menos estava com a consciência pesada. Tudo que conseguia pensar era em Fred. Na boca dele contra a minha, suas mãos se aventurando por meu corpo… Enfim. Foi relembrando esse momento que pude, pela primeira vez naquela semana, ter uma noite de sono decente.

POV’s
As duas pilhas de livros me encaravam na mesa e eu retorcia o resto, pensando no malabarismo que teria que fazer para levá-los de volta à biblioteca sem ser vista. Mione pegou o último exemplar que tinha na cama da Gina e colocou-o sobre os outros.
Na noite anterior, ajudamos a garota com algumas matérias que ela tinha dúvidas. Como eu, e Hermione dominamos matérias diferentes, foi fácil explicar o que tínhamos aprendido no ano anterior. O problema foi a quantidade exorbitante de livros que pegamos para explicar o que cada bruxo famoso falava sobre. Gina disse que devolveria à biblioteca hoje cedo, mas acabou tendo uma reunião emergencial com a equipe de quadribol, o que fez com que ela e saíssem correndo.
De qualquer forma, eu precisava ir até a biblioteca estudar, então disse que levaria os livros.
— Cuidado para não ser pega — Mione disse, enquanto mordia um pedaço de chocolate.
Pisquei para ela, tranquilizando-a. Eu nunca era pega, mas ela sempre ficava nervosa.
Wingardium Leviosa!
Para o bem dos meus braços, fiz com que os livros se levantassem. Era praticamente uma rotina porque sempre levávamos diversos livros para o quarto e não era sempre que conseguíamos devolvê-los juntas. Plenamente ciente de que era contra as regras da escola fazer magia nos corredores, atravessei o corredor com o passo apressado. Eu não era a única que fazia isso, muito pelo contrário. Dessa forma, vários outros alunos me ajudaram a passar despercebida.
Entrei na biblioteca sem dificuldades e reparei que ela estava mais cheia que o normal, seria horrível encontrar um lugar para estudar.
Assim que adentrei o corredor, vi que ele não estava vazio. No final, sentado em uma escrivaninha em frente a uma estante, Draco escrevia algo em seu pergaminho concentradamente.
Franzi a boca e pensei seriamente em voltar depois, mas não podia ficar levitando esses livros para sempre, até porque eu poderia ser pega e não queria cumprir a detenção tão cedo. Então respirei fundo e continuei meu caminho, parando ao seu lado para colocá-los em seus devidos lugares nas prateleiras.
O que eu mais gostava era saber que os livros se organizam automaticamente e, talvez eu fosse preguiçosa, mas era inegável que isso facilitava horas de trabalho.
Percebi que ele havia virado o rosto em minha direção, mas não falou nada — o que, sinceramente, me deixou estressada. Sério isso? Não conseguia acreditar que uma simples discussão causou isso.
— É assim que vai ser? Vamos nos ignorar toda vez que nos encontramos? — perguntei, desistindo de continuar aquilo tudo. Era exaustivo demais me segurar nesses sentimentos negativos.
Ok, eu tinha tido tempo suficiente para pensar no que aconteceu e concluir que eu tinha agido como uma idiota em relação a ele. Foi difícil ponderar no dia, mas era compreensível que ele estivesse tão irritado com minha acusação.
Por outro lado… Foi o primeiro pensamento que eu tive na hora. Eu ainda não confiava completamente em Malfoy, essa era a maior prova, mas também, como poderia? Foram anos de inimizade que me fizeram ter essa insegurança.
Mas, novamente, se eu tinha dado um voto de confiança, não deveria ter agido assim. Não em uma sala com tantos alunos que tinham uma rivalidade assumida comigo que confiei quando ele disse não ter feito.
— Pode acreditar, não achei que seguiríamos por esse caminho quando assumi que não te odeio — ele murmurou, sem tirar os olhos do pergaminho na mesa e eu suspirei.
Assim que o último livro se acomodou em seu lugar, me sentei na cadeira ao lado de Draco, a arrastando ainda mais para perto dele, o que significava que estávamos quase colados.
— O que você…
— Nós vamos resolver isso — falei, com a voz mais séria que pude, interrompendo-o. — Sabe, eu realmente posso ser muitas coisas, mas sei reconhecer meus próprios erros.
Ele me encarou, arqueando a sobrancelha loira e inclinando para frente. Nossos rostos estavam tão próximos que pude perceber o contraste das pequenas manchinhas escuras quase imperceptíveis em suas íris claras.
— Me desculpa por ter desconfiado de você, Draco — pedi, botando sinceridade em cada palavra. — Aquele dia na Copa Mundial de Quadribol foi muito importante para mim e eu não quis que parecesse o contrário. É só que, confiar em você depois disso tudo, é um pouco…
— Estranho. Eu sei — ele completou, soltando o ar pela boca, e eu concordei com a cabeça. — Também te devo desculpas pelas coisas que disse, mas espero que agora as coisas voltem a dar certo.
Sorri, feliz por ter me resolvido com ele.
— Então estamos, finalmente, de boa? — perguntei, o fazendo rir. Talvez fosse a milésima vez que nos perguntávamos isso desde que começamos a conversar, mas era bom sempre saber o pé que estávamos.
— Estamos. Tô torcendo para que essa seja a última vez que eu tenha que responder isso. — Foi minha vez de rir. Tampei a boca para não incomodar os demais alunos na biblioteca. Eu também torcia, mas tinha um bom pressentimento de que seria por bastante tempo.
— Bom, que ótimo que nós nos resolvemos, porque eu teria que ficar por aqui mesmo e naquele clima seria péssimo. Não daria certo.
— Ficar aqui? — ele perguntou, franzindo as sobrancelhas em sinal óbvio de discussão.
Eu não tinha vindo para esse lugar à toa. Aparentemente, os professores capricharam no dever de casa essa semana.
— É. Todas as mesas da biblioteca estão ocupadas e, por sorte do destino, tem um lugar aqui. — Sorri travessa ao vê-lo me observar, ainda com a sobrancelha arqueada.
Só não fazia ideia de que o encontraria lá.
— Então você estava aqui por puro interesse. — Ele balançou a cabeça, cerrando os olhos e cruzando os braços, como se estivesse tentando assimilar. — E eu pensando que era porque você não conseguia ficar longe de mim…
Eu iria gargalhar com aquela resposta. O que, obviamente não teria sido a melhor reação, porque teria ocasionado diversos pedidos de silêncio que se alastrariam por toda a sala. Mas não o fiz porque Malfoy previu bem minha reação e se adiantou, posicionando sua mão contra minha boca.
Meus lábios estavam entreabertos e arregalei os olhos, surpresa, sem esperar por aquilo. Ele me encarava também, seu maxilar endurecendo. Estávamos tão grudados que notei todas as partes do seu rosto, até meu olhar descer e fixar em seus lábios, avermelhados pelo calor da biblioteca.
Curiosidade me invadiu e pensei qual o sabor que eles teriam. Se seria do chocolate quente que ele trouxe escondido ou dos pequenos chocolates de licor que os gêmeos vendiam. Draco retirou a mão de minha boca com calma e delicadeza, e eu subi o olhar, somente para encontrar seus olhos fixos em minha boca.
Engoli em seco. Era loucura, não era? Tinha certeza de que a resposta era, sem dúvidas, afirmativa. Minha mente começou a trabalhar a mil, pensando em tudo o que passamos e quais seriam as consequências daquilo. Mas era difícil raciocinar quando uma parte de mim gritava a todos pulmões que eu me inclinasse pouco mais de dez centímetros para frente e acabasse com aquela distância pesarosa.
Meus olhos verdes, pela primeira vez, encararam os seus acinzentados, completamente enigmáticos. Draco se inclinou, diminuindo ainda mais a distância entre nós. Minha cabeça pendeu levemente para a direita e, nesse momento, uma mecha do meu cabelo caiu nos meus olhos.
Pisquei, levantando a mão para afastá-la, mas não foi minimamente necessário. Ele foi mais rápido, afastando os fios ruivos do meu rosto.
Eu era apaixonada por livros com romance, mesmo que recebesse somente migalhas. Lembrava de quando era mais nova e devorei uma coleção de 6 livros: fiquei tão apaixonada pelo casal principal, ainda que eles tivessem apenas umas cinco cenas juntos em cada livro que soube, naquele instante, que gostava daquela espera.
Mas, não somente, eu conhecia na palma da mão todos os clichês do mundo. E eu poderia enumerar tranquilamente todos que aconteciam aqui. Até o começo das aulas, nos detestávamos. Agora estávamos em um momento pacífico, após um conflito, na única área vazia da biblioteca, com Draco afastando uma mecha do meu cabelo para colocar atrás de minha orelha e, ao invés de abaixar a mão para seu colo, deixou-a posicionada em minha bochecha.
Ou seja, simplesmente o clichê dos clichês. Só faltava começar a chover aqui e era digno de um Oscar — uma famosa premiação no mundo trouxa.
O ponto de ouro era que Draco claramente queria me beijar. Não se olhava para os lábios de alguém com esse tipo de vontade a menos que você realmente quisesse. O problema era que eu estava o olhando daquele mesmo jeito.
Sentia que tinha se passado uma hora desde que estávamos ali, no entanto, estava ciente de que deveria ter durado pouco mais de alguns minutos. Se eu me inclinasse mais um pouco, saberia o quanto ele queria me beijar. Se aquela mão no rosto se firmaria em meu rosto ou deslizaria para meu pescoço, me puxando com força, como os livros tanto destacavam.
Mas era uma situação delicada. Mil pensamentos percorriam minha mente. Como poderíamos ficar de boa? Não éramos exatamente amigos ainda e beijá-lo seria como pular passos demais.
Por fim, deixando a parte racional vencer, segui na direção contrária e fiz justamente o que menos queria: me afastei.
Quebrando a bolha em que estávamos envolvidos, Draco se afastou o restante que faltava e virou o rosto para o lado. Não rápido o suficiente para que eu não percebesse a vermelhidão em suas bochechas.
— Eu… Hm… Preciso estudar — disse, sabendo muito bem que estava me comunicando como uma nômade, e Draco assentiu.
— Se você estiver aqui para estudar Runas Antigas Sem Mistérios, pode ler comigo. Acredito que não tenha mais exemplares desse livro — ele falou, indicando o objeto aberto em cima da mesa. Acho que fiquei por tempo suficiente sem responder a ponto de Draco se arrepender, porque ele logo continuou: — Ou eu te empresto ele quando terminar e…
— Não. Tudo bem, eu leio com você — falei, sorrindo sem mostrar os dentes. — Obrigada.
Ele me respondeu com o mesmo gesto e, enquanto eu tentava focar nas frases do livro que agora dividíamos, Draco retomou sua própria leitura. Suspirei silenciosamente, esperando que as coisas não ficassem estranhas e tentando ignorar aquele pensamento do que teria acontecido se eu não me afastasse.


Capítulo 6

POV’s
Por mais que eu gostasse de me maquiar, era cansativo fazer isso no dia a dia somente para assistir às aulas e, sinceramente, um tanto quanto desnecessário. No entanto, minhas olheiras estavam extremamente escuras, resultados de uma noite em claro estudando, então fui obrigada a passar pelo menos um corretivo.
Uma semana se passou desde que me resolvi com Malfoy. Estávamos em território neutro, ainda nos permitindo conhecer o outro. O que estava sendo ótimo porque eu percebia cada dia mais que ele era uma pessoa totalmente diferente da que eu tinha determinado na minha cabeça. E eu gostava muito dessa pessoa.
Tivemos uma… conexão na biblioteca, se é que poderíamos chamar assim. A questão é que eu não conseguia deixar de pensar no que aconteceu. No geral, minha memória era péssima e eu esquecia todos os detalhes quando lidava com situações tensas, daquelas que faziam meu estômago embrulhar, minha palma da mão suar e meu coração acelerar. Porém, eu conseguia me lembrar de tudo, até da pequena rachadura no canto esquerdo do seu lábio, devido ao frio.
Sabia que tinha feito o certo no momento, então tentava somente ignorar as sensações, até porque não tinha acontecido mais nada novamente como aquilo, então…
Eu havia virado a noite, reflexiva, por isso achei melhor focar nos estudos e ao menos tentar ser produtiva. O que, felizmente, foi um sucesso. Adiantei duas atividades que tínhamos que entregar semana que vem, que me deixava com o tempo menos apertado no restante da semana.
Por mais que eu deveria estar mentalmente exausta, meu cérebro não conseguiu desligar. E, sinceramente, era bom que meu foco estivesse totalmente nos estudos do que em qualquer outra coisa.
Suspirei, saindo do quarto. As meninas ainda estavam dormindo, afinal, ainda faltava mais de uma hora para que as aulas começassem. Porém, o espaço no quarto começou a me sufocar, e não perdi tempo em me vestir correndo.
Pensativa, fiquei andando pelos corredores, prestando atenção nos mínimos detalhes. Até conversar com os quadros eu fiz. Estava tão avoada que mal notei o sinal tocando e me xinguei baixo: por ter estado tão distraída, estava longe de onde seria a aula.
Apressei o passo, andando o mais rápido possível e torcendo para que Hagrid não se incomodasse. Não que ele realmente fosse reclamar, até porque realmente gostava de mim, mas não queria aborrecê-lo chegando atrasada. Além do mais, eu curtia bastante sua aula.
Para minha sorte, os alunos estavam conversando enquanto observavam o animal que, por estar cercado, não conseguia identificar qual era.
— Oi, perdi muita coisa? — sussurrei para .
— Não — ela sussurrou de volta. — Você está bem?
— Tô sim — respondi.
, sabe que sempre pode falar comigo, não é? — perguntou, franzindo as sobrancelhas e me fitando intensamente.
— Eu sei. Tá tudo bem, sério. Eu só estou um pouco pensativa. — Dei de ombros. Querendo evitar mais conversa, me afastei um pouco e comecei a prestar atenção na aula.

***

Amassei o bilhete com a mão direita e suspirei, jogando-o no lixo. Estava deitada na cama há um bom tempo, de olhos fechados, apenas existindo, quando recebi um bilhetinho fechado. Franzindo o nariz, o joguei fora sem nem abrir.
Certamente era Harry querendo saber como eu estava porque mal nos falamos hoje. Na verdade, eu mal falei com alguém o dia todo. Assim que as aulas terminaram, voltei ao dormitório para tentar tirar uma soneca. Impossível, porque minha mente não parava.
Dois minutos depois, outro bilhete apareceu e, sem perder tempo, joguei fora novamente. Por Merlin, ele não conseguia entender que eu não queria conversar? Ok, eu o compreendia. Mas ele sabia que esse não era o meu dia.
Quando o terceiro bilhete chegou e eu abri a boca para praguejar, consegui ler o “Para de ser chata e me responde”. Estranhei, pois Harry não falava assim comigo. Apertando os olhos, abri o bilhete e li o conteúdo.
Minha boca abriu automaticamente, em choque. Mas o quê? Por que diabos Draco Malfoy estava me chamando? A curiosidade estava me consumindo, então me levantei para ir em direção ao local indicado.
É verdade que Draco, na maior parte do tempo, ainda continuava detestável e insuportável, mas naquela noite eu vi um lado dele que eu nunca imaginaria conhecer. Talvez saísse algo bom de hoje, assim como no dia da biblioteca em que nos resolvemos.
Subi as escadas da Torre de Astronomia em silêncio, enquanto me perguntava o motivo de Malfoy ter me chamado aqui nessa hora. Ao me aproximar do topo, senti um cheiro delicioso de bolo. Não estava com fome o suficiente para ir jantar, mas agora seria impossível enganar meu estômago — ainda mais porque eu era basicamente uma formiga, sobrevivendo somente de doce e água.
Parei no último degrau, congelada pela imagem que via. Draco estava sentado em uma almofada em frente a uma toalha branca traçada com vermelha, cheia de comidas. Sem exagero, era muita comida.
— O que você…? — Não completei a pergunta. Minha boca estava seca e eu ainda estava meio que paralisada. Ele apenas virou o rosto em minha direção e indicou o lugar ao seu lado, onde eu deveria claramente me sentar.
Ainda sem dizer nada, caminhei até o local, me sentando, e o encarei sem esconder a surpresa.
— Não te vi no café da manhã, nem no almoço e muito menos no jantar — Draco falou. — Você comeu alguma coisa, pelo menos?
— Hm, não — respondi, mordendo o lábio inferior. Era estranho pensar que ele tinha percebido isso. — Fiquei muito enrolada com alguns trabalhos e…
— Eu sei que é pelo dia de hoje, — ele me interrompeu e eu o encarei. Não acreditava que conseguiria ficar mais surpresa do que já estava, mas, aparentemente, era sim. — Foi por isso que fui à cozinha e peguei algumas coisas para você.
Ele havia se lembrado.
Ok, tínhamos conversado há pouco tempo sobre essa data, mas era um tanto quanto atordoante pensar que, não somente Draco Malfoy lembrou que hoje completavam onze anos desde que meus pais biológicos morreram, como tinha feito todo esse esforço justamente por isso.
Sinceramente, eu estava em completo choque.
— Nunca imaginei que Draco Malfoy se preocuparia comigo — disse, abrindo um sorriso de canto.
— Se, anos atrás, alguém do futuro me dissesse que isso aconteceria, eu com certeza acharia que é piada — ele comentou, dando de ombros e me fazendo rir.
— Obrigada por isso. — Fui completamente sincera. Draco me deu um sorriso como resposta. Depois, pediu para que eu comesse algo. O cheiro estava tão maravilhoso e a sua atitude tinha sido tão gentil que não me opus.
Voltei minha atenção para as opções que tinham ali, percebendo que ele não havia levado nada com carne. Lembrei que havia comentado que era vegetariana quando conversamos e admito que fiquei feliz por saber que ele também se lembrou disso. Teria sido complicado recusar metade das coisas.
Não pensei duas vezes antes de pegar um caldo de abóbora que parecia estar delicioso e quase suspirei de prazer ao experimentá-lo. Draco também pegou um pedaço de bolo de chocolate e então comemos em silêncio, enquanto observamos a vista de lá de cima.
Não era aquele silêncio constrangedor em que você se vê obrigado a puxar algum assunto. Eu me sentia confortável em ficar do seu lado, tanto quanto me senti no dia da Copa Mundial de Quadribol.
O silêncio não durou tanto no final das contas, ficamos conversando por bastante tempo. Draco me contou sobre tudo que ocorreu após a prisão de seu pai. Depois da morte de Voldemort, todos os Comensais da Morte, tirando os que trabalhavam como espiões, como Snape, foram levados para Azkaban.
Foi bem difícil para ele, porque sua família tinha crenças de que o pai estava correto, mas entrar para Hogwarts e conhecer melhor os outros o fez questionar muito sobre o que acreditava. Por conviver praticamente somente com sua mãe e com seu elfo doméstico, Narcisa conseguiu, de algum modo, com que aceitassem Dobby, o elfo, no castelo.
Antes, eu achava que ele era metido e precisava de empregados ao seu bel dispor, mas pude entender melhor que havia sido uma das preocupações de sua mãe. E, realmente, o fato dele ser filho de um Comensal fazia com que muitos se afastassem — não que ele fizesse algum esforço para que o contrário acontecesse.
Após ficarmos satisfeitos, Draco pegou sua varinha e proferiu um feitiço. Imediatamente, as comidas sumiram e tudo estava limpo. Andamos lado a lado até chegarmos perto do quadro da mulher gorda.
Ele se aproximou e apoiou com o braço na parede próxima ao quadro, me encarando.
— Então estamos de boa mesmo, hein… — ele brincou, a cabeça pendendo um pouco para o lado direito. Seus olhos estavam mais claros que o normal essa noite e eu jurava por Merlin que passaria tranquilamente a noite inteira admirando aquele tom de cinza esverdeado.
— Não tem como ter dúvidas depois de hoje. — Ri pelo nariz, vendo-o fazer o mesmo. — Obrigada por essa noite, Malfoy, eu gostei muito.
— Disponha, Voux. — Ele piscou.
Antes que eu pudesse me virar e entrar na passagem para o Salão Comunal, Draco aproximou seu rosto do meu, segurando meu queixo e depositou um beijo perto da minha bochecha, no canto dos lábios.
— Durma bem.
E saiu andando, me deixando boquiaberta e com o coração acelerado.

***

Os dias seguintes transcorreram sem grandes incidentes — a não ser que levasse em conta o sexto caldeirão derretido por Neville na aula de Poções. Coitado, ele realmente se atrapalhava completamente nessa matéria. O Professor Snape, que aparentemente estava mais irritado que o normal — acredito que por ter perdido o cargo que sempre quis pelo quarto ano seguido — deu uma detenção, da qual Neville voltou com um colapso nervoso, pois teve que destripar uma barrica de iguanas. Suspirei, sentindo compaixão pelo garoto.
Todos estavam tão ansiosos para ter a primeira aula com Moody que, na quinta-feira, a quarta série inteira chegou logo depois do almoço e fizeram fila à porta da sala, antes mesmo da sineta tocar. Começamos a nos aprofundar nas chamadas “Maldições Imperdoáveis'', sendo elas a Imperius, a Cruciatus e, por fim, a maldição da morte, Avada Kedavra — a qual o professor fez questão de frisar que Harry foi a única pessoa que sobreviveu.
Os alunos comentavam sobre a aula como se ela tivesse sido um espetáculo fantástico, ok. Ainda assim, tentamos dar o máximo de suporte para os nossos amigos nas horas seguintes, até que tirassem aquilo da cabeça.
O problema era que eu estava pensando bastante em um certo garoto de cabelos loiros…
Mione, pelo menos, conseguiu focar em outra atividade.
Em um fim de tarde, minha amiga nos contou que criou um movimento para ajudar a melhorar as situações dos elfos domésticos — o que explicava muito sobre o tempo, além do normal, que ela passava na biblioteca. O F.A.L.E, como Hermione escreveu em todos os distintivos distribuídos, era uma sigla para “Fundo de Apoio à Liberação dos Elfos''. A curto prazo, os objetivos eram obter para os elfos um salário mínimo justo e condições de trabalho decentes. A longo prazo, incluíam mudar a lei que proíbe o uso da varinha e tentar admitir um elfo no Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, porque eles são “vergonhosamente sub-representados'' — palavras dela.
Eu, e Gina a apoiamos sem questioná-la. Já Harry e Rony quase levaram tapas com a forma que trataram o movimento.
De qualquer forma, a semana seguiu tranquila até que, quando chegamos ao saguão de entrada essa manhã, uma aglomeração de alunos que havia ali nos impediu de continuar, em torno de um grande aviso afixado ao pé da escadaria de mármore. Como Rony era o mais alto de nós cinco — eu, , Harry, Hermione e Rony —, ele teve que ficar nas pontas dos pés para ver por cima das cabeças à sua frente e ler o aviso em voz alta para nós.
TORNEIO TRIBRUXO
As delegações de Beauxbatons e Durmstrang chegarão às seis horas, sexta-feira, 30 de outubro. As aulas terminarão uma hora antes...
— Genial! — exclamou Harry. — Poções é a última aula de sexta-feira! Snape não terá tempo de envenenar todos nós!
Ri alto, balançando a cabeça. Eu amava a aula de poções, mas aguentar o Snape era insuportável.
Rony continuou lendo:
Todos os alunos devem guardar as mochilas e livros em seus dormitórios e se reunir na entrada do castelo para receber os nossos hóspedes antes da Festa de Boas-Vindas.
— É daqui a uma semana! — exclamou Ernesto MacMillan da Lufa-Lufa, saindo da aglomeração, os olhos brilhando. — Será que o Cedrico sabe? Acho que vou avisar a ele...
— Cedrico? — repetiu Rony sem entender, enquanto Ernesto saía apressado.
— Ele deve estar inscrito no torneio — disse Harry.
— Aquele idiota, campeão de Hogwarts? — disse Rony, quando abriam caminho pelo ajuntamento de alunos para chegar à escadaria.
— Ele não é idiota, você simplesmente não gosta dele porque ele derrotou a Grifinória no quadribol — eu disse, me sentindo um pouco obrigada a defendê-lo. Tive grande dificuldade com algumas matérias ano passado e, juntado o fato de sermos ambos grandes frequentadores da biblioteca e Hermione ter estado mais ocupada que tudo, ele me ajudou diversas vezes a entender o conteúdo.
— Ouvi falar que é realmente um bom aluno, e é monitor! — Hermione falou como se encerrasse a questão.
— Vocês só gostam dele porque ele é bonito — respondeu Rony com desdém.
— Perdão, eu não gosto de pessoas só porque são bonitas! — retrucou Hermione indignada.
Rony fingiu que pigarreava alto, um som que estranhamente lembrava “Lockhart!”.
— Aposto que só está com inveja… — provocou, fazendo-o ficar emburrado.

***

O aviso no saguão de entrada teve um efeito sensível nos moradores do castelo. Durante a semana seguinte, parecia haver um assunto nas conversas, onde quer que estivéssemos: o Torneio Tribruxo. Os boatos voavam de um aluno para outro como um germe excepcionalmente contagioso: quem ia tentar ser o campeão de Hogwarts, o que é que o torneio exigia, em que os alunos de Beauxbatons e Durmstrang se diferenciavam de nós e, o principal, se os convidados seriam interessantes, afinal, não era sempre que recebíamos alunos de outras escolas e eu admito que estava curiosa para conhecê-los.
Pude notar, também, que o castelo estava sofrendo uma faxina mais do que rigorosa. Vários retratos encardidos tinham sido escovados — para descontentamento deles, que se sentavam encolhidos nas molduras, resmungando sombriamente e fazendo caretas ao apalpar os rostos vermelhos. As armaduras de repente brilhavam e mexiam sem ranger e Argo Filch, o zelador, estava agindo com tanta agressividade com os alunos que se esquecessem de limpar os sapatos, que aterrorizou duas garotas do primeiro ano levando-as à histeria. Insuportável.
Outros funcionários também pareciam estranhamente tensos.
— Longbottom, tenha a bondade de não revelar que você não consegue sequer lançar um simples Feitiço de Troca diante de alguém de Durmstrang! — vociferou a professora Minerva ao fim de uma aula particularmente difícil, em que Neville acidentalmente transplantou as próprias orelhas para um cacto.
A semana passou rapidamente, a ansiedade com a chegada dos estudantes das outras Escolas de Bruxaria foi aumentando conforme o tempo passava. Queríamos conhecer gente nova.

POV’s
Naquele dia, George não apareceu para o jantar.
Ele estava estressado a semana toda por conta dos trabalhos da escola, mas, pelo jeito, hoje tinha chegado em seu limite. Fred me contou que eles haviam se metido em uma confusão na aula do Snape, nada fora do comum, em que perderam 20 pontos cada e ainda ficaram de detenção. Além disso, Filch conseguiu confiscar alguns — muitos — produtos que eles vendiam. Tenho certeza de que seu estresse se acumulou e ele não apareceu por querer ficar um tempo sozinho, mas já havia passado um dia inteiro e por esse motivo que decidi falar com Fred sobre o que poderíamos fazer para animá-lo.
Eu e o ruivo estávamos em uma relação boa. Não conversamos sobre o que tinha acontecido na semana anterior, mas estávamos mais próximos. Volta e meia, ele encontrava formas de me tocar fisicamente, mas apesar disso, não ficamos nenhuma vez após aquela noite, o que, sinceramente, só me fazia querer mais e lembrar de como era ter seus lábios nos meus.
— Hoje você podia ficar com a gente lá no quarto. Lino vai passar a noite com a namorada de novo, e o Ken Towler teve algum acidente e precisa ficar na enfermaria por dois dias. O quarto vai ser todinho nosso hoje. — Ele sorriu.
Se alguém nos escutasse, com certeza teria a impressão errada do que rolaria lá.
Não que eu duvidasse que fosse acontecer algo, mas provavelmente não hoje, porque o foco era George.
De qualquer forma, era difícil os dois colegas de quarto deles ficarem fora assim e, coincidentemente, estávamos em uma missão de animar George, então não foi difícil saber o que responder.
— Tá bom, eu fico — aceitei. — O que acha de passarmos na cozinha e levarmos alguns doces? Também posso pegar aquele presente que meu pai me deu no ano passado para assistirmos alguma coisa…
— É perfeito! — Fred exclamou e em seguida me encarou por alguns segundos em silêncio antes de continuar. — Sabe… temos sorte de te ter.
O encarei por alguns segundos assim que ele pronunciou a frase, não esperando ouvir isso agora.
George sempre afirmava como sabia, desde o momento em que nos conhecemos na cabine do trem de Hogwarts no meu primeiro ano, que nossa amizade não somente daria certo, como seria uma das mais fortes de nossas vidas. Nunca foi difícil para ele expor o que está sentindo, então estava mais que acostumada com suas declarações de amor/amizade repentinas.
Fred, por outro lado, era o oposto — realmente se diferenciando, e muito, do irmão nesse aspecto. Se George gostava de falar, Fred preferia demonstrar, através de gestos, o quanto se preocupa conosco. O ruivo em questão gostava mais de contato físico, então vivia me abraçando. Foram poucas às vezes que ouvi dizê-lo o quanto se importava.
Vê-lo admitir era importante para mim, apesar de saber disso todos os dias.
Porém, eu era quem tinha sorte de tê-los.
Não parei de pensar nisso até chegarmos na cozinha, as bochechas doendo por estar sorrindo há tanto tempo. Não era comum que ele falasse isso, ainda mais de modo inesperado, sem haver situação específica para tal. O que tornou tudo um pouco mais fofo, para ser sincera.
Os elfos ficaram super felizes em saber que estavam ajudando a animar alguém — ainda mais George, que vinha aqui sempre. Eles fizeram muitas coisas gostosas para comermos. De lá, voltamos para o Salão Comunal e Fred me acompanhou até o meu dormitório, onde peguei o reprodutor mágico que ganhei de aniversário.
Explicamos a situação para as meninas, que estavam por lá, enquanto eu rapidamente colocava algumas roupas em uma mochila.
— Bem que vocês podiam ser como os colegas de quarto do Fred e passarem uma noite fora de vez em quando. Melhor ainda, podíamos fazer um revezamento de quem vai ser a beneficiada e assim todas saem felizes! — Gina disse, recebendo um olhar incrédulo do seu irmão.
Ele e George não ficavam tão perturbados como Rony quando ela falava esses tipos de coisa perto deles, mas não significava que eles não se incomodavam com aquilo.
— Argh, não vou ouvir essas coisas. , tô te esperando lá fora — Fred resmungou, saindo em seguida e fechando a porta.
— Ponto importante: um deles nem quis passar a noite fora, Ken está na enfermaria! — respondeu, rindo em seguida.
— Detalhes, detalhes…
— E você acha que eu vou dormir onde, por acaso? — Mione perguntou, tão indignada quanto o meu melhor amigo.
— No quarto do Harry e do Ron! Se o Dino passar a noite comigo, vai ter uma cama livre lá. — a ruiva respondeu como se fosse óbvio.
— Eu não vou dormir na cama dele… — Hermione resmungou.
— Então dorme junto com o Rony. Tenho certeza de que ele não vai reclamar. — Assisti o rosto da minha amiga ficar vermelho após a fala de Gina, e decidi que era a hora de deixá-las por lá.
Aproveitei que Fred agora esperava do lado de fora e coloquei meu pijama rapidamente, então me despedi das meninas e saí. Subimos as escadas para o dormitório dos meninos e entramos.
Apesar de Fred e George não serem tão organizados, o quarto deles era incrivelmente arrumado. Principalmente em relação às caixas de produtos que eles deixavam em um canto, todas categorizadas e identificadas.
Confesso que essa última parte pode ter sido por minha influência, que vivia etiquetando tudo que fosse possível.
— Soube que tem alguém entrando em depressão após uma semana conturbada — brinquei, me sentando ao lado de George em sua cama.
— Idiota. — Ele riu, tirando o cobertor do rosto e me olhando. — Eu só queria passar um tempo sozinho.
— Ouviu, Fred? Não somos bem-vindos. Acho que vamos precisar levar todos esses doces lá para baixo e assistir um filme só nós dois.
— Você sabe que eu não reclamaria de um filme a sós… — Fred me acompanhou, piscando travesso.
É. Eu sabia muito bem e eu também compartilhava daquela resposta, mas tentei não pensar nisso agora.
George olhou, finalmente, para a bandeja de doces que seu irmão carregava e abriu um sorriso enorme, os olhos brilhando ansiosos.
— Podiam ter falado antes. Venham logo aqui.
— Você é um interesseiro! — o acusei, jogando um travesseiro em sua direção.
Depois do filme — incrível, por sinal —, a primeira coisa que fiz foi sair da cama de George, que tinha dormido na metade. Mesmo o amando e adorando estar abraçada, odiava demais dormir com ele. Nunca vi uma pessoa que se mexe mais. E olha que a tem sonambulismo leve!
Certa vez ele me chutou para o chão. Literalmente.
Como sabia que não conseguiria dormir assim, fui em direção da porta com passos leves para buscar uma garrafa d'água e voltar ao meu dormitório.
Não tinha percebido que Fred estava acordado até vê-lo me encarar, enquanto eu estava em pé do lado da cama de George.
— Não sabia que ainda estava acordada — ele falou, baixinho. — Vem cá. — Fred girou para o lado e bateu com a mão no espaço vazio do colchão, me dando um sorrisinho.
Sua voz rouca fez com que eu caminhasse em sua direção, me aconchegando debaixo do cobertor quase que no mesmo segundo. Merda, esse tom de voz era meu ponto fraco.
— Obrigada — sussurrei, sentindo sua respiração em minha testa, de tão próximos. As camas de todos os dormitórios não eram tão estreitas quanto as de solteiro, porém, ainda assim, não eram tão grandes quanto as de casal. Dessa forma, apesar de caberem duas pessoas tranquilamente, sempre acabávamos ficando muito perto um do outro.
Muito perto mesmo. As pernas de Fred roçaram levemente nas minhas e eu tinha plena consciência de que seu peito desnudo estava quase grudando em mim.
— Hm, não estava indo se encontrar com algum garoto nessa hora da noite como no primeiro dia de aula, né? — Não havia crítica em sua voz, o que me fez saber que ele estava brincando comigo e, consequentemente, rir pela pergunta.
— E eu pensando que você já tinha se esquecido disso… — respondi, revirando os olhos e escondendo o sorriso.
— Posso até deixar isso passar, mas tem um dia específico que jamais vou conseguir esquecer, sabia? — ele respondeu, posicionando a mão em minha cintura enquanto fazia um carinho ao pressionar o dedão contra minha pele.
— É? Qual?
— O dia em que nos beijamos. — Soprou contra minha boca, roçando os lábios nos meus como se fizesse uma carícia.
Arqueei a sobrancelha e abri um meio sorriso ladino. Uma de minhas mãos encontrou seu peitoral, uma mera passagem para o que eu realmente queria fazer. Toquei sua pele macia, percorrendo um caminho com os dedos conforme subia por seu pescoço até a parte de trás, encontrando sua nuca. Toquei as pontas de seu cabelo, sentindo a maciez entre meus dedos. A claridade do filme, que tinha retornado à página inicial, iluminava levemente seu rosto enigmático. Sem falar nada, o puxei para mim, de modo que sua boca moldasse a minha.
Sua língua não demorou para abraçar a minha, reconhecendo-a e puxando com fervor.
Fred se aproveitou da mão que me segurava para apertar minha cintura uma última vez e deslizá-la para minhas costas, me arrepiando durante o caminho. Eu gemi baixo contra sua boca quando ele me puxou, com precisão, até que meu peito tocasse o seu.
Como detestava usar sutiã, o tirei quando me troquei mais cedo. A questão era que eu estava extremamente excitada pela forma como ele me beijava, reclamando minha língua para si e chupando-a levemente, então, obviamente, meus mamilos enrijecidos sob o tecido leve da minha camisa raspavam no seu peito.
E Fred percebeu isso.
Mordi os lábios ao sentir seu polegar e dedo indicador circularem minha auréola, suprimindo um novo gemido. Abri os olhos quando a boca dele deixou a minha, suspirando pesarosamente, enquanto inclinava minha cabeça em sua direção, me recusando a deixar o momento acabar.
— Você não sabe o quanto eu tô me segurando nesse exato momento — Fred sussurrou, a voz arrastada carregando tanta luxúria que tudo que pude fazer foi descansar no travesseiro, fechando os olhos e respondendo silenciosamente que entendia extremamente bem o que ele dizia.
Fiquei um tanto quanto confusa quando ele não voltou a me beijar, somente para meio segundo depois notar que sua boca encontrou meu pescoço, mordiscando-a na mesma intensidade que ele brincava com meu seio, fazendo minha pele formigar deliciosamente.
Arrastei minhas unhas pela extensão de suas costas, aproveitando todos os sentimentos que esse contato me providenciava. Sem aguentar, voltei a segurá-lo pelos cabelos e, pela segunda vez, puxei-o para voltar a me beijar, apesar da minha vontade de tirar a camisa e substituir seus dedos por sua boca.
Estava prestes a passar minhas pernas ao redor de seus quadris para friccionar nossos pontos de prazer de modo a me aliviar minimamente quando George se mexeu na cama e resmungou algo.
Nos afastamos rápido, ofegantes, para olharmos em sua direção. George ainda estava dormindo, mas o rosto estava virado para nossa cama. Fred e eu nos encaramos rapidamente e o garoto afundou o rosto em meu pescoço, abafando a risada. Eu apertei a mão contra minha boca, tentando não gargalhar alto.
Infelizmente, isso havia quebrado o clima que estávamos antes. Não seria capaz de voltar a beijar Fred com seu irmão, e meu melhor amigo, tão próximo assim. Até porque o sono do George não era o mais pesado do mundo e provavelmente faríamos barulho suficiente. Não queria nem ao menos imaginar o que ele pensaria se acordasse nesse momento e nos encontrasse assim.
Fred, aparentemente pensando o mesmo que eu, me deu um último beijo demorado nos lábios e se ajeitou na cama.
— Agora tem duas datas para lembrar — falei, passando os dedos calmamente em seu abdômen.
— E vou ter muitas outras — Fred sussurrou, sem tirar os braços ao redor da minha cintura. Dormíamos assim há anos, era praticamente um costume, mas dessa vez tinha algo a mais ali no meio. Apenas sorri ao escutar sua voz perto do meu ouvido.
— Como tem tanta certeza de que vão ter outras? — brinquei, olhando em seus olhos castanhos.
— Intuição. — Ele deu de ombros, dando um sorrisinho ladino.
— Boa noite, Fred. — Aceitando sua resposta de bom grado, foi o que respondi, me encostando em seu peito.
— Boa noite, .

***

No dia seguinte, não vi Fred nem George.
Ok, por sermos de anos diferentes, era difícil que nossa rotina sempre encaixasse e nos víssemos todos os dias, porém, sempre nos esforçávamos para ficarmos pelo menos um tempo juntos.
Naquela sexta-feira, estava ainda mais difícil. Quando descemos para o café na manhã do dia 30 de outubro, vimos que o Salão Principal havia sido ornamentado durante a noite. Grandes bandeiras de seda pendiam das paredes, cada uma representando uma casa de Hogwarts — a vermelha com um leão dourado da Grifinória, a azul com uma águia de bronze da Corvinal, a amarela com um texugo negro da Lufa-Lufa e a verde com uma serpente de prata da Sonserina.
Por trás da mesa dos professores, a maior bandeira de todas tinha o brasão de Hogwarts: leão, águia, texugo e serpente unidos em torno de uma grande letra “H”. Tudo muito bem decorado.
Todos os alunos e professores pareciam estar tensos, com altas expectativas, e por isso, ninguém prestou muita atenção às aulas, já que estavam bem mais interessados na chegada das comitivas de Beauxbatons e Durmstrang à noite. Até mesmo a aula de Snape foi mais tolerável do que de costume porque durou meia hora a menos.
Quando a sineta tocou mais cedo, eu, , Harry, Rony e Hermione subimos depressa para a Torre da Grifinória para deixar nossos materiais, conforme as instruções que recebemos. Encontramos com Gina, George e Fred rapidamente e, após vestirmos as capas, e descemos correndo para o saguão de entrada, onde os diretores das Casas estavam organizando os alunos em filas.
— Sigam-me, por favor — mandou a professora McGonagall. — Alunos da primeira série à frente... Sem empurrar...
Fazia um fim de tarde frio e límpido, o crepúsculo vinha chegando devagarinho e uma lua pálida e transparente já brilhava sobre a Floresta Proibida.
— Quase seis horas… — comentou Rony ao meu lado, verificando o relógio e depois espiando o caminho que levava aos portões da escola. — Como é que vocês acham que eles vêm? De trem?
— Duvido — respondeu.
— Como então? Vassouras? — arriscou Harry, erguendo os olhos para o céu estrelado.
— Acho que não... Não vindo de tão longe… — respondi.
— De Chave de Portal? — questionou Rony. — Ou quem sabe aparatando, talvez tenham permissão de fazer isso antes dos dezessete anos no lugar de onde vêm?
— Não se pode aparatar nos terrenos de Hogwarts. Quantas vezes tenho que repetir isso a vocês?! — falou Hermione com impaciência.
Todos encaravam atentamente os jardins cada vez mais escuros, mas nada se movia. Tudo estava quieto, silencioso, como sempre. E então, Dumbledore falou em voz alta da última fileira, onde aguardava com os outros professores:
Aha! A não ser que eu muito me engane, a delegação de Beauxbatons está chegando!
— Onde? — perguntaram muitos alunos ansiosos, olhando em diferentes direções.
— Ali! — gritou um aluno da sexta série, apontando para o céu sobre a Floresta.
Alguma coisa grande, muito maior do que uma vassoura — ou, na verdade, cem vassouras —, voava em alta velocidade pelo céu azul-escuro em direção ao castelo, e se tornava cada vez maior.
— É um dragão! — gritou esganiçada uma aluna da primeira série, perdendo completamente a cabeça.
— Deixa de ser burra... É uma casa voadora! — disse Dênis Creevey.
Eu duvidei, mas o palpite de Dênis estava mais próximo... Quando a sombra gigantesca e escura sobrevoou as copas das árvores da Floresta Proibida, e as luzes que brilhavam nas janelas do castelo a iluminaram, vimos uma enorme carruagem azul-clara do tamanho de um casarão, que voava, puxada por doze cavalos alados, todos baios, cada um parecendo um elefante de tão grande.
As três primeiras fileiras de alunos recuaram quando a carruagem foi baixando para pousar a uma velocidade fantástica. Então, com um baque estrondoso, os cascos dos cavalos, maiores que pratos, bateram no chão. Um segundo mais tarde, a carruagem também pousou, balançando sobre as imensas rodas.
A porta da carruagem tinha um brasão (duas varinhas cruzadas, e de cada uma saíam três estrelas). Logo ela foi aberta e um garoto de vestes azul-claras saltou da carruagem, curvado para a frente, mexeu por um momento em alguma coisa que havia no chão da carruagem e abriu uma escadinha de ouro. Em seguida, recuou respeitosamente. Então um sapato preto e lustroso saiu de dentro da carruagem — um sapato do tamanho de um trenó de criança — acompanhado, quase imediatamente, pela maior mulher que eu já havia visto na vida. O tamanho da carruagem e dos cavalos ficou imediatamente explicado.
Apenas uma pessoa era tão grande quanto essa mulher: Hagrid. Duvido que houvesse dois centímetros de diferença na altura dos dois. Mas, por alguma razão — talvez simplesmente porque estava acostumada com Hagrid —, esta mulher parecia ainda mais anormalmente grande. Ela tem um rosto bonito de pele morena, grandes olhos negros e um nariz um tanto bicudo. Seus cabelos estavam puxados para trás e presos em um coque na nuca. Vestia-se da cabeça aos pés de cetim negro, e brilhavam numerosas opalas em seu pescoço e nos dedos grossos.
Dumbledore começou a aplaudir e nós, acompanhando a deixa, batemos palmas. Muitos alunos estavam nas pontas dos pés para poderem ver melhor a mulher.
O rosto dela se descontraiu em um gracioso sorriso e ela se dirigiu a Dumbledore, estendendo a mão faiscante de anéis. O diretor, embora alto, mal precisou se curvar para beijar-lhe a mão. Ele e a mulher, a quem o diretor chamou como Madame Maxime, conversaram por uns segundos e então a grande mulher chamou os doze alunos — todos, pelo físico, entre dezoito e vinte anos — que já saiam de dentro da carruagem para entrarem no castelo e se aquecerem.
Ao vê-los, só conseguia pensar que devia ser um requisito ser bonito para entrar em Beauxbatons. Todos eram estranhamente lindos e isso era, no mínimo, esquisito!
Continuamos parados à espera da delegação de Durmstrang, mas nem mesmo percebi em qual momento exatamente, de forma lenta e imponentemente, o navio saiu das águas.
Tinha uma estranha aparência esquelética, como se tivesse ressuscitado de um naufrágio, e as luzes fracas e enevoadas que brilhavam nas escotilhas lembravam olhos fantasmagóricos. Finalmente, espalhando água para todo lado, o navio emergiu inteiramente, e alguns momentos depois, ouvimos a âncora ser atirada na água rasa e o baque surdo de um pranchão ao ser baixado sobre a margem.
Havia gente desembarcando, os recém-chegados usavam capas de peles de fios longos e despenteados e tinham expressões duras no rosto. Mas o homem que os conduzia ao castelo usava peles de um outro tipo; sedosas e prateadas como os seus cabelos.
Novamente, Dumbledore conversou com o outro diretor. Karkaroff, então, fez sinal para um de seus estudantes avançar. Quando o rapaz passou, Rony praticamente surtou.
— Gente, é o Krum! Eu não acredito! — exclamou Rony, em tom de espanto, enquanto nos encaminhávamos para o Salão Principal. — Krum! Viktor Krum!
— Pelo amor de Deus, Rony, ele é apenas um jogador de quadribol — disse Hermione, revirando os olhos.
Apenas um jogador de quadribol? — exclamou Rony, a voz falhando, olhando para ela como se não pudesse acreditar no que ouvia. — Mione, ele é um dos melhores apanhadores do mundo! Eu não fazia ideia de que ele ainda estava na escola!
Depois que todos tinham entrado no salão e sentado às mesas das Casas, vieram os professores, que se dirigiram à mesa principal e se sentaram. Os últimos da fila foram Dumbledore, Karkaroff e Madame Maxime. Nosso diretor, porém, continuou em pé, enquanto os outros dois se sentavam, e o Salão Principal ficou silencioso.
— Boa noite, senhoras e senhores, fantasmas e, muito especialmente, hóspedes — disse Dumbledore sorrindo para os alunos estrangeiros. — Tenho o prazer de dar as boas-vindas a todos. Espero e confio que sua estada aqui seja confortável e prazerosa. O torneio será oficialmente aberto amanhã de manhã — continuou. — Agora convido todos a comer, beber e se fazer em casa!
Olhei para os meus lados e todos ao meu redor pareciam ansiosos. Eles cochichavam, animados, provavelmente sobre o que aconteceria mais tarde.
Após o primeiro dia em que Dumbledore comentou que haveria o Torneio Tribruxo e que alunos de outras escolas ficariam em Hogwarts, Fred e George decidiram fazer uma festa.
Não uma festa simples, como fizemos no Salão Comunal da Grifinória no começo do ano letivo, essa seria A festa. A maior e melhor de todas — até agora, claro.
Eles eram os melhores nisso e todos sabiam, então, rapidamente, os alunos se dispuseram a ajudar com algo. As quatro casas estavam unidas pelo mesmo propósito — o que, sinceramente, acontecia raramente.
O pessoal da Sonserina ficou responsável por convidar nossos hóspedes de forma discreta e explicar o que aconteceria se contassem sobre a festa para alguém. Os estudantes de Durmstrang e Beauxbatons teriam que escrever seus nomes em uma simples folha, concordando com o sigilo — e para termos o controle de quem iria.
Hermione, claro, foi genial ao colocar um feitiço em que, caso alguém tentasse revelar a festa, acabaria mordendo a própria língua, de modo que não conseguisse falar, e seu rosto se encheria de espinhas, para que soubéssemos quem foi o delator.
Nós, da Grifinória, montamos rotas estratégicas para que ninguém fosse pego enquanto ia ou voltava. Fred e George, por ter um relacionamento… pacífico... por assim dizer, com Pirraça, fizeram um acordo em que ele não nos atrapalharia — muito menos nos entregaria para alguém — e ficaria de olhos nos outros fantasmas, ganhando em troca alguns objetos para pegadinhas futuras.
Como nossos hóspedes ficariam em uma das torres, que foram desocupadas e transformadas em dormitórios, algumas pessoas da Corvinal iriam gui-a-los desde lá até a Sala Precisa, que onde a festa iria acontecer, pelas rotas que montamos.
Por fim, os alunos da Lufa-Lufa cuidariam da situação se algo desse errado, principalmente em relação aos professores, Filch e Madame Norra.
Estava tudo tão bem planejado que não tinha como dar errado.

POV’s
Quando o jantar terminou, todos praticamente correram para seus dormitórios, ansiosos. Nos separamos de Rony, Harry, Fred e George assim que passamos pelo quadro da Mulher Gorda e subimos pelas escadas da direita.
Não demoramos para nos arrumar, nossas roupas já estavam separadas — o que facilitou muito, então apenas nos maquiamos.
Quando o relógio apitou, indicando que eram onze e meia, descemos para o Salão Comunal para nos encontrar com os meninos. Iríamos primeiro para a Sala Precisa, e Gina e Harry ficariam de olho usando, escondidos dos outros, o Mapa dos Marotos até todos chegarem.
A mais nova dos Weasley desceu primeiro. Olhei para a reação dos meninos que nos esperavam e o queixo de todos caiu. Ela estava linda usando um body de renda preta, acompanhada de uma saia justa da mesma cor, com uma pequena abertura lateral e um cinto com pedraria branca.
Gina! Vá se trocar — Rony disse, emburrado, cruzando os braços.
A ruiva revirou os olhos, murmurando um xingamento enquanto o ignorava e seguia em frente, parando ao lado de Harry.
Teve uma época, Gina nos contou, que ela tinha uma paixonite pelo Harry. Não fazíamos ideia do que ela sentia por ele hoje em dia e não ousamos perguntar, já que ela ficava com outras pessoas e não voltou a citar o assunto.
O que me deixou com o pé atrás, na verdade, foi o jeito que Harry olhou para ela. Apertei os olhos, tentando enxergar melhor, mas podia jurar pela minha vida que as bochechas dele tinham corado. Fiz uma anotação mental para questioná-lo mais tarde.
— Pare de agir como um idiota, Rony. Sua irmã está grandinha e uma gata — disse, repreendendo o garoto.
Ganhei um assobio do George quando ele me viu em meu vestido azul, que favorecia bem minhas curvas, e fiz uma reverência brincando. Mas eu estava, inegavelmente, incrível com aquela roupa.
Percebi que a noite seria repleta de surpresas quando Fred olhou para e fez um elogio em forma de piada, dizendo que não acreditava que o sol tinha voltado a aparecer tão tarde. A questão, porém, foi o modo como ele disse. Como se acreditasse fielmente nisso e não existisse mais ninguém na sala que brilhasse tanto quanto .
De fato, não era exagero dizer que ela estava magnífica em seu vestido preto. Mas eu sabia que havia bem mais, porque tinha me contado sobre os últimos acontecimentos entre eles e eu estava a par da situação.
Mione entrelaçou o braço no da Gina, e Rony, finalmente, disse que ela estava muito bonita. Ela corou da cabeça aos pés, estampando um sorriso bobo na cara. Ok, a diferença entre os irmãos era realmente gritante.
Enquanto atravessávamos o sétimo andar até o corredor onde a porta da sala apareceria, Filch andava pelas masmorras — o que seria um pequeno problema para o pessoal da Sonserina e Lufa-Lufa, mas era melhor que o zelador estivesse lá do que próximo aos caminhos que marcamos para o pessoal chegar.
Não demorou muito para que a grande porta dupla aparecesse na parede e, quando entramos, não poderia ser melhor. Era sempre arriscado fazer festas dentro do castelo, mas, como não temos outra opção, a Sala Precisa nunca nos serviu tanto para algo.
A decoração estava impecável. Alguns sofás estavam espalhados pelo lugar nos pontos mais escuros da sala, onde a iluminação colorida não alcançava direito, os banheiros ficavam no canto e havia um pequeno bar no meio da parede esquerda com um cardápio das bebidas disponíveis — era só pedir e ela aparecia em sua mão.
— Conseguiu alterar o feitiço? — perguntei para , que concordou com a cabeça e sacou sua varinha.
Eu havia passado horas na biblioteca nessa última semana procurando algum feitiço que transformasse um líquido no outro, e o adaptou para que os alunos com menos de dezesseis anos não conseguissem consumir bebidas alcoólicas. Caso alguém pedisse, a bebida se transformaria em uma sem álcool — isso também acontecia caso alguém mais velho entregasse sua bebida para alguém mais novo.
— Feito. Gina, pode testar, por favor? — minha irmã perguntou para Gina, que escolheu whisky de fogo e recebeu uma caneca de cerveja amanteigada em suas mãos.
— Funcionou! — a ruiva disse, surpresa, dando um golinho na bebida. Sabia que ela estava um pouco triste por não poder beber, mas não podíamos abrir exceções.
— Muito bom, ! — Mione elogiou.
Minha irmã agradeceu, parecendo totalmente satisfeita com o resultado.
Poucos segundos depois, como o planejado, várias pessoas entraram na sala e automaticamente a música começou a tocar, dando início, oficialmente, à festa.


Capítulo 7

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POV’s
Aquela estava sendo a melhor festa da minha vida.
Estava tão feliz que estava tudo dando certo, com todas as Casas interagindo e nenhuma briga acontecendo. E, como não ouvimos alerta de nenhum dos professores, estávamos bem tranquilos.
O que era ótimo porque metade dos alunos mais velhos já estavam bêbados — apesar de estarmos tentando não exagerar pela quantidade de gente mais nova. A maioria sabia se controlar, mas era óbvio que tinha um ou outro que já tinha enchido a cara.
Além de Mione, Gina e , que acabei perdendo horas atrás — e tinha certeza que elas estavam fazendo coisas realmente interessantes pelo simples fato de não termos nos encontrado novamente —, não tinha mais visto George desde que chegamos, apesar de que estaria mentindo se dissesse que tinha procurado por ele. Nossa relação tinha esfriado um pouco, mais por culpa minha, que preferi me afastar e deixá-lo lidar com seus sentimentos. Justamente por ele ser um garoto maravilhoso e eu amar nossa amizade, sabia que era injusto que continuássemos assim após ter descoberto que ele gostava tanto de mim.
Na realidade, a pessoa que estava ansiosa para ver hoje era basicamente o oposto de George e não somente fisicamente falando. Porém, me recusava a procurá-lo e provavelmente encontrar algo que não gostaria de ver, de forma que estava me divertindo como poderia.
— Harry, repete. Não entendi nada do que você disse — falei, apoiando as mãos na cintura enquanto encarava-o.
E, no momento, eu aproveitava conversando com Harry.
Ou tentando conversar.
Meu melhor amigo não era de beber muito. Pelo contrário, era eu quem ficava tão doida, supostamente ainda dentro do meu limite, que era praticamente levada no colo porque me recusava a ir embora das festas enquanto ele me obrigava a beber 2 litros de água para evitar minha ressaca na manhã seguinte.
Mas, nessa noite, nossos papéis estavam invertidos e eu o fiz sentar no sofá, somente por precaução.
— Eu fiz merda! — ele disse, bufando enquanto me encarava bravo. — Tô ferrado.
— O que você fez? — perguntei, mordendo a pele ao redor da unha. Era um dos meus piores hábitos quando preocupada. — Qual foi a merda?
AchoqueeutôafimdaGina — ele disse, rapidamente, os olhos transparecendo desespero enquanto ele olhava em volta. Respirei fundo, sabendo que, se continuasse assim, seria uma longa conversa. E, sinceramente, eu não gostava de conversar com bêbados quando não estava no mesmo estado, mas, novamente, esse era o Harry e essa era minha função como sua melhor amiga.
— Não entendi nada.
— Eu tô afim da Gina — ele suspirou.
Ah… — suspirei, meus ombros relaxando à medida que eu ia absorvendo a informação. Minhas suspeitas de hoje mais cedo foram confirmadas. Eu era mesmo boa nisso, reconhecer os tipos de olhares. — E por que seria uma merda? Não tem nada demais. Ela é inteligente, divertida, bonita para caramba… Difícil mesmo é não ser afim dela.
— Eu sei! Ela é incrível, mas o Rony vai me matar. É a irmãzinha dele, você viu o quão louco ele ficou com ela hoje? Tive que ouvir por meia hora que o Dino estava “corrompendo” ela!
— Harry, há quantos anos vocês se conhecem? Rony sabe que você não faria mal para ela. Seria ideal que vocês conversassem, óbvio, então amanhã você se prepara e conversa com ele, afinal, nem rolou nada entre vocês — falei, suspirando, mesmo sabendo que ele ignoraria totalmente esse conselho e provavelmente me diria no dia seguinte que eu inventei a conversa toda. Isso se ele se lembrasse. — Não é?!
— Claro! — ele respondeu rápido.
— Bom, então é simples. — Sorri ao vê-lo acenar com a cabeça, apoiando a mão no braço. Apertei sua perna, tentando transmitir confiança. — Vai ficar tudo bem. Rony é meio cabeça dura, mas duvido que ele fará algo. Se fizer, eu estarei pronta para te defender. Vou pedir cinco minutos de troca de feitiços sem perder a amizade. Sem falar que isso é entre você e a Gina, mais ninguém. Deixe Rony curtir a noite e depois, quando você estiver sóbrio e com a cabeça no lugar, converse com ele.
— Você é perfeita, sabe disso, né? — ele disse, me fazendo sorrir mais uma vez. Esperava que ele se lembrasse do meu conselho enquanto implorava à Merlin para que Rony não visse o amigo nesse estado, porque sabia que a conversa seria adiantada e as chances de serem boas eram mínimas — Agora vá aproveitar mais a festa. A noite é uma criança e precisamos nos divertir.
Harry beijou minha bochecha e se levantou rapidamente, saindo antes que eu pudesse sequer piscar. Torcia para que ele não fizesse alguma merda de verdade, mas como estava lotado demais para que eu saísse procurando o menino pelo mar de gente, desisti e decidi seguir suas palavras.
Estava pronta para me divertir.
E teria me levantado, caso não tivesse virado a cabeça em direção ao bar e visto Malfoy me encarando. Todos os meninos da festa, sem exceção, vieram de roupa social. Draco sempre utilizava as melhores marcas e seu corpo magro parecia satisfatoriamente definitivo sob as roupas, o que me fez tomar mais um gole da garrafinha em meu colo.
Céus, ele estava realmente atraente.
Seus olhos pareciam magnéticos, sempre me atraindo. Eu não conseguia desviar, por mais que eu dissesse a mim mesma que queria fazê-lo. Depois de todos esses anos, eu tinha basicamente decorado o modo como Malfoy me encarava. O jeito como sua íris escurecia toda vez que brigávamos, me fazendo saber que ele estava prestes a me empurrar escada abaixo. Ou quando ele queria me provocar e o cinza clareava.
E então Draco me encarou.
Mas, diferente de qualquer outra situação que eu já tenha vivido ao seu lado, eu não saberia identificar o que seus olhos me diziam dessa vez — e toda a conversa que tive com , onde me gabei por ser boa em interpretar os outros, foi por água abaixo. A única coisa que eu conseguia afirmar, sem sombras de dúvidas, era que aquele olhar parecia me queimar. E não como se ele quisesse que eu estivesse literalmente pegando fogo.
— Que bom que te encontrei! — A voz de Cedrico me despertou, me fazendo perceber tudo o que estava pensando e suspirar.
Fixei meu olhar nele enquanto ele se sentava ao meu lado, tentando ignorar o que quer que tivesse acontecido nos últimos segundos. Ou minutos. Eu estava tão envolvida que não saberia dizer.
— Oi, Ced! — o cumprimentei. — Está curtindo a festa?
— Aham, tá sensacional.
Cedrico sorriu, ou tentou, porque me pareceu mais uma careta do que um sorriso em si.
— Então por que está com essa cara? — perguntei, achando graça.
— Eu esqueço que você sempre percebe essas coisas — ele resmungou e eu ri. Era verdade. — A Cho está puta comigo porque, de acordo com ela, eu não percebo quando as pessoas dão em cima de mim — Cedrico bufou e eu o olhei, prendendo a risada. Era engraçado vê-lo emburrado assim.
— E o que aconteceu para ela dizer isso?
— Uma garota da Sonserina veio conversar comigo para dizer que ficaria feliz se eu fosse o escolhido para representar Hogwarts no Torneio Tribruxo — explicou, dando de ombros e fazendo aspas com os dedos ao completar a frase. — Mas aparentemente ela “estava se jogando em cima de mim e somente um idiota não perceberia isso”.
A última frase saiu tão baixa que aproximei meu rosto do dele para escutá-lo melhor e eu ri alto ao escutar a imitação de Cedrico de sua namorada. Mas, sendo sincera, tinha certeza que ela estava certa sobre a situação. Homens nunca percebem esse tipo de coisa, o que era ridículo.
— Assim fica difícil de te defender, Diggory. Provavelmente ela estava mesmo dando em cima de você, Cho nunca fez o tipo ciumenta.
Eu continuaria falando, mas algo atrás de Cedrico me chamou atenção e vi que, os olhos de Draco, ao contrário do que imaginei, não deixaram de me encarar por momento algum, mesmo após ter começado a conversar com Cedrico.
Não sabia se era impressão ou simplesmente a cor das luzes refletindo seu rosto, mas afirmaria sem sombra de dúvida que seu olhar estava escurecido. Nossos olhos se encontraram e ele pareceu arquear a sobrancelha, tentando adivinhar o que estávamos fazendo.
Hm…
Também sabia que deveria ignorar que meu corpo parecia arder em chamas, sendo provocada somente pela forma como estava sendo observada. Era, para dizer o mínimo, patético como meu estômago se revirava dentro de mim, me proporcionando coisas que jamais imaginei sentir.
Mas não poderia mentir. Gostei de ter essa atenção do Malfoy sobre mim, pesando a atmosfera ao meu redor. Praticamente uma provocação silenciosa.
Eu estava eufórica somente por pensar.
Draco tomou o conteúdo do copo que segurava em um só gole, sem quebrar nosso contato visual. De certa forma, parecia pronto para me devorar, por mais louco que isso soasse.
Foi então, naquele momento, que eu entendi o que aquele olhar significava.
Mas será? Ciúmes não fazia bem o estilo do Malfoy…
— E o que eu faço? — Ouvi Diggory perguntar e voltei minha atenção para a nossa conversa. Por um segundo, tinha esquecido de sua existência. Na verdade, para ser justa, me deixei levar tanto nesse curto período que esqueci que existia qualquer pessoa que não fosse nós dois, fato que fez meu estômago se revirar porque isso não era comum de acontecer.
— Conversa com ela! — respondi francamente, como se fosse óbvio e me aproximei um pouco mais dele, colocando minha mão em seu ombro como sinal de apoio.
Claro que, além disso, minha intenção era provocar Draco um pouco mais. Apenas para conferir se minha teoria estava certa, é óbvio. Mas não posso negar o fato de que fiquei muito satisfeita ao vê-lo contrair o maxilar ao me observar fazendo isso.
— E seria bom se fizesse um esforço para perceber esses detalhes. Não é muito difícil e você sabe muito bem disso. É aprender a analisar os tipos de sorrisos, o jeito como a pessoa se posiciona perto de você — continuei. — Não é na frase em si que você precisa prestar atenção, mas no modo no qual ela foi dita. Também não precisa ser grosseiro, mas tenta cortar o assunto logo de cara.
Cedrico assentiu, colocando a mão no queixo enquanto eu seguia dando mais algumas dicas básicas. Ele parecia prestar atenção e achei fofo como ele disse estar dedicado a entender melhor porque não queria que sua garota ficasse magoada novamente com ele por algo que poderia ter sido evitado.
Assim que terminamos, ele me agradeceu diversas vezes e disse que iria buscar por Cho, mas não sem antes se despedir com um beijo em minha bochecha.
No momento que ele saiu, voltei a encarar aquele ponto que tinha decorado tão bem somente para perceber que Draco estava com a cara fechada e os braços cruzados, os olhos tão presos em mim como se fosse um gavião observando sua presa.
E me permiti arder em chamas somente por estar sendo observada nessa intensidade.

POV’s
Uma hora havia se passado desde que chegamos e eu mal poderia resumir tudo que aconteceu.
Primeiro, os meninos da Durmstrang eram, no geral, terrivelmente gatos. Um pouco secos e sem expressar tanta emoção, mas era questão de tempo até que eles bebessem mais e ficassem à vontade — o que, sinceramente, não demorou muito. Alguns até vieram conversar comigo, perguntando se eu estava solteira. Como já estava enrolada demais com Adrian e Fred, me proibi mentalmente de arranjar mais problemas.
E, por falar em bebidas e problemas, lá estava eu no bar, pronta para encher o meu copo pela terceira vez. Até sentir uma mão em minha cintura que me fez arquear um pouco as costas e derrubar a cabeça para trás, tentando ver.
Visualizei Adrian com o canto do olho e sorri contido, voltando a concentrar minha atenção para a região do bar. Ninguém que eu conversava frequentemente estava lá e os que estavam, não prestavam atenção em nós.
Sua mão deslizou um pouco pelo meu vestido e me virei completamente, encarando-o fixamente enquanto sorria e prendendo o lábio inferior entre meus dentes no momento que meus olhos percorreram seu corpo. Adrian já era lindo, mas estava simplesmente gostoso demais com a camisa social verde escuro, levemente aberta.
Ele piscou para mim, seus olhos me devorando silenciosamente e a pressão na minha lateral esquerda aumentando. Seu rosto se aproximou do meu e eu precisei respirar fundo para não agarrá-lo naquele momento.
Por que eu não podia mesmo? Meu cérebro emitia alertas que eu tentava ignorar, talvez devido ao álcool no meu sangue. Só que ele era gato demais e beijava bem demais para que eu não devesse fazê-lo.
E eu teria feito isso. Teria grudado nossos lábios e saído de lá correndo para um lugar mais escondido para darmos início à noite. Se não fosse uma pequena mancha ruiva que consegui enxergar atrás dele.
Cerrando os olhos, tentei ver melhor. Hermione apareceu no meu campo de visão. A garota olhava para o lado, conversando com alguém que não pude identificar, e subitamente me senti recobrando a consciência.
Empurrando delicadamente Adrian para o lado, retribuí sua piscada anterior e saí andando em direção a minha amiga, deixando-o com nada além do próprio copo nas mãos.
— Você não vai acreditar! — Mione disse assim que me viu, sentando-se em um dos sofás e me puxando pela mão para fazer o mesmo. Suas bochechas estavam rosadas e seus cabelos um pouco mais bagunçados que antes.
— Não vai me dizer que… — comecei a falar, vendo seu sorriso abrir, confirmando antes mesmo de eu terminar.
Depois de um bom tempo que perdi todas as minhas amigas de vista, encontrei Hermione e Viktor Krum conversando. Eles pareceram ter se dado bem desde o início e aparentemente conversaram bastante, mas depois acabaram indo para um canto e não os vi mais, então soube exatamente o que rolou.
— Nós ficamos — ela confessou, suspirando. — O Krum é bem legal e, apesar de eu não entender cem por cento por conta do sotaque, gostei muito de conversar com ele.
— E ele é bem bonito também — completei e ela concordou plenamente. — Finalmente você deu chance para alguém! Estou feliz por você — falei, sendo sincera. Mione era linda e, apesar de vários caras darem em cima dela, ela nunca se abriu o suficiente para isso, de fato, acontecer. — E como foi?
Incrível! — Outro suspiro. Eu ri. — As coisas foram… intensas, sabe?
— Com certeza, amiga — respondi, dando uma piscadinha, a fazendo rir alto. Ela sabia dos meus passeios noturnos. — Agora é sua vez de aproveitar a madrugada de Hogwarts enquanto ele está aqui no castelo.
— Vou precisar da sua ajuda para sair e não ser pega. Não quero que os meninos saibam ainda — falou, olhando Krum de longe, que pegava mais um copo de whisky de fogo. — Céus, nunca pensei que falaria isso! Eu me sinto tão errada!
Eu gargalhei, concordando que também nunca pensei que escutaria essas palavras saindo de sua boca. Sem dúvidas, ela era a mais tranquila de nós e morria de medo de ser pega — o que era completamente compreensível, porque às vezes perdíamos total a noção do que era sensato ou não.
Viktor se aproximou de nós e me cumprimentou, em seguida sussurrou algo no ouvido de Mione e ela me olhou, completamente vermelha, dizendo que me encontrava depois. Apenas respondi para se divertirem.
Dei graças a Merlin que Rony não os havia visto. Apesar de nunca tomar nenhuma atitude em relação a ela, o conheço bem o suficiente e sei exatamente como ele ficaria simplesmente insuportável ao descobrir que ela ficou com alguém — principalmente se ele for o seu maior ídolo, como Viktor Krum.
Olhei ao meu redor, procurando alguém conhecido e, como falhei completamente, me levantei e comecei a andar totalmente sem rumo, para que eu, pelo menos, me afastasse de Pucey, que eu sabia que ainda estava perto o suficiente. E, por Merlin, não tinha como ficar ali e ignorá-lo.
Ele sabia dos meus receios e compreendia, não parecendo se importar que nossa relação fosse totalmente escondida — apesar de já ter deixado claro que, por ele, contaríamos para todos. Mas isso não evitava os olhares que ele me lançava, nem as pequenas provocações que fazia, responsáveis por me fazer quase perder o controle do meu corpo incontáveis vezes.
Para ser sincera, pensei que estaria pronta para assumir algo com Pucey esse ano, mas então aquela bala apareceu e trouxe todos os meus sentimentos por Fred que estavam guardados à tona e, céus, eu não poderia simplesmente entrar em um relacionamento com Adrian sem saber o que poderia acontecer com o meu melhor amigo.
Eu ficaria louca me envolvendo com Adrian e Fred ao mesmo tempo e não estava fazendo nada para resolver isso. Patética, eu sei.
Avistei Harry conversando com Gina, mas parecia estar rolando algo ali e achei melhor não interferir. Tomei mais um longo gole do líquido gelado, sentindo um calor familiar em meu corpo, sinal claro de que a bebida estava fazendo efeito.
Segui meu caminho normalmente. Ou pelo menos tentei. Quando estava passando pelo canto direito do salão, um cantinho mais escuro e escondido que eu sabia ter um sofá, percebi que ele já estava ocupado.
Estava prestes a dar a volta quando a pessoa sentada se levantou. Estava escuro demais e por isso mal enxerguei quem era, então fui surpreendida quando Fred caminhou em minha direção, sorrindo.
Prendi a respiração ao vê-lo com os fios ruivos bagunçados e o caminho de pele que os cinco botões abertos de sua camisa preta mostravam. Eu não saberia explicar como Fred Weasley de social me afetava.
— Pensei que não te encontraria mais — falei, vendo-o com o corpo próximo do meu.
— Acho difícil não encontrarmos o caminho um para o outro — ele respondeu, me fazendo sorrir e concordar. Quase fechei os olhos quando o senti traçar um lento caminho pelo meu braço com sua mão, começando pelo pulso e terminando no ombro. Seu corpo curvou até seus lábios encostarem em minha pele com um beijo leve. — Sabe, , eu tenho pensado mais que o recomendado em ontem à noite — Fred confidenciou em meu ouvido, sua voz sobressaindo a música alta.
— Eu também — admiti, encarando seus lábios.
E, droga, como eu havia pensado.
Ele sorriu ao perceber e me puxou pela mão, sentando-se novamente no sofá. Sua mão soltou a minha para me puxar levemente pela cintura, de modo que eu ficasse sentada de lado em seu colo. Após afastar os fios de cabelo que caíram no meu rosto, Fred segurou meu queixo e me observou profundamente com aquele mesmo olhar da noite passada.
Só eu sabia como aquele maldito olhar me fazia estremecer, mas não sabia que seus lábios teriam um poder ainda maior sobre o meu corpo até eles se aproximaram do meu ouvido e sussurrarem.
— Você é linda pra cacete todos os dias, mas hoje está espetacular. Eu só consigo pensar em como passaria horas te admirando.
— Por mais que eu aprecie isso, eu tenho certeza que teríamos coisas mais interessantes para fazer com essas horas — falei, passando meu dedo indicador levemente por seu abdômen, coberto pela camisa social preta. — Isso incluiria meu prazer em tirar essa sua blusa que, apesar de te deixar ainda mais atraente, sei que ficaria bem melhor no chão do quarto.
— Por Merlin, você não sabe o efeito que causa em mim…
Sorri. Nenhum dos copos de vodka que bebi hoje me fez sentir tão aquecida por dentro quanto ouvir essa frase. Não sei se a coragem que criei foi da bebida ou simplesmente da tamanha vontade que eu estava em prová-lo novamente, mas aproximei nossos lábios e não perdi tempo em beijá-lo. Ele gemeu contra minha boca, puxando o lábio inferior entre os dentes e me apertando com mais força.
Passei os dedos entre seus fios de cabelo, nossas bocas sem desgrudar por um minuto sequer. Eu poderia permanecer ali por horas, com Fred me beijando de forma tão intensa que em menos de um minuto me encontrava em pura luxúria. Descendo a mão que estava em meu rosto, o ruivo apertou minha coxa e eu suspirei, mordiscando seu pescoço.
— Merda, — ele resmungou. — Se a gente continuar…
— Eu sei — falei, mordendo os lábios. Tenho certeza que Fred estava tentando ir um pouco devagar comigo e eu o entendia completamente por isso, mas, se eu estava prestes a arrancar suas roupas aqui mesmo sem pudor algum, por que deixar de fazer o que queremos? — Quer ir pro meu quarto? — sussurrei em seu ouvido.
Fred paralisou por alguns segundos e me encarou com tanto desejo, que eu torci para que aquela sala mágica ouvisse meus pedidos e nos deixasse sozinhos. Ele concordou com um sorriso, puxando meu lábio inferior e me levantou imediatamente. Seus dedos se entrelaçaram nos meus e então começamos a andar em direção à saída.
Passamos por uma multidão de gente e estávamos quase fora quando Gina, que estava conversando com algumas meninas da Lufa-Lufa, nos viu. Suspirei, quase desesperada e prestes a fingir que não a tinha visto.
O que teria dado certo, se Gina não tivesse corrido e agarrado meu braço.
— Finalmente te encontrei! Posso roubar ela por um tempinho? — ela encarou Fred, que levantou uma das sobrancelhas.
— E se minha resposta for não? — ele respondeu, sem muita paciência.
— Não ligo, perguntei por educação. Vou ignorar e fingir que foi sim. — Ri com sua fala. Gina era impossível.
Olhei para Fred e dei um sorriso triste, que mais parecia uma careta, mostrando que não teria jeito. Ele conhecia bem a irmã que tinha e sabia disso melhor que eu. Infelizmente não mudava o fato de que a minha amiga tinha acabado de estragar completamente os planos que tínhamos.
— Depois conversamos — falei para ele, que concordou com a cabeça, definitivamente decepcionado. Eu estava também. — Vamos?
Gina cruzou seu braço ao meu e, com um sorriso, me guiou para o centro da sala.
— Te vi com Harry agora pouco e achei melhor não atrapalhar — expliquei, basicamente gritando perto de seu ouvido, já que a música ali estava mais alta. — E o Dino?
— Ah, eu estou fugindo um pouco dele hoje — ela respondeu, fazendo o mesmo que eu para que eu conseguisse escutar. — Ele quer ficar colado em mim, e eu quero aproveitar. Mas acho que o deixei nervoso por conversar tanto tempo com Harry.
— É, bom… Vendo de fora, parecia mesmo estar rolando algo quando vi vocês dois — falei, a vendo ficar com as bochechas vermelhas. Não culpo Dino por ter essa impressão.
— Não aconteceu nada… Mas também acho que, se ele tentasse, eu não iria impedir — Gina disse, sincera.
Oh, essa noite realmente estava dando o que falar.
— Depois você se preocupa com isso, aproveita a festa e deixa rolar o que tiver que rolar. — Ela apenas concordou com a cabeça, parecendo mais leve. — Agora vem, vamos dançar! — Mudei de assunto, a puxando para o meio das pessoas.
Escutando a música, me deixei levar, balançando meu corpo conforme as batidas ao lado de Gina. Apesar disso, minha cabeça estava focada completamente no que poderia estar acontecendo nesse exato momento em meu dormitório entre Fred e eu e, por isso, suspirei. Céus, eu realmente gostaria de estar com ele agora.
Abri a boca para perguntar se ela não queria me acompanhar para pegar mais uma bebida quando franzi os olhos ao perceber uma movimentação diferente na sala.
As pessoas pareciam estar se juntando ao redor de algo, formando um círculo. Estranhei e, por um momento, pensei que havia alguma confusão acontecendo. Será que alguém havia brigado? Isso, com certeza, estragaria a festa.
— Vamos jogar? — Gina perguntou, animada, olhando para o mesmo lugar que eu.
— Jogar o quê?
— Verdade ou desafio! — ela respondeu, como se fosse óbvio.
Sorri imediatamente, concordando. Não havia nada que eu gostasse mais em festas do que jogos assim.
Em uma das minhas visitas aos trouxas, acabei descobrindo que eles tinham um jogo bem parecido. Todos os participantes precisavam sentar em uma roda e girar a garrafa. Quando ela parasse de girar, o bico apontaria quem perguntaria, e o fundo, quem responderia.
Mas, no nosso caso, levamos um pouquinho mais a sério e as regras eram mais rígidas. Se o bruxo escolhesse Verdade, então teria que tomar um shot de vodka com uma gota de veritaserum — nada menos que a famosa poção da verdade que foi cuidadosamente furtada do armário do Snape — antes de responder. Em contrapartida, se a pessoa escolhesse Desafio, então as coisas não mudariam tanto. Ele deveria cumprir, a menos que prefira tomar o número de shots correspondente a quantidade de jogadores.
A partir do momento em que me sentei na roda e observei ao redor, soube que a pessoa que optasse por não realizar o Desafio teria que ser, para dizer o mínimo, insana. Sairia daqui e entraria direto em um coma alcóolico.
— Você vai jogar?! — Ron perguntou para Gina, que respirou fundo. — Você não estava ficando com Dino?
— Estou e vou jogar do mesmo jeito. Algum problema? — ela perguntou sem paciência, o encarando séria. Rony apenas balançou a cabeça negativamente, provavelmente prevendo que sairia uma briga dali caso falasse mais alguma coisa.
Ignorando o clima que ficou entre os irmãos, passei os olhos rapidamente pela roda para ver quem participaria.
, Harry, Ron, Fred, George, Adrian, Dino, Lino, Ana, Katie, Simas, Draco, Blaise, Pansy, Cedrico, Neville, Alicia, Angie, Susan, Luna e Cho eram apenas algumas das pessoas que eu conhecia por ali. Praticamente todas as pessoas de Durmstrang e Beauxbatons também estavam sentadas, enquanto o resto dos alunos apenas assistiam.
A garrafa começou a girar no meio da roda e a ansiedade — tanto dos participantes quanto dos observadores — era palpável.
Estava alheia ao primeiro desafio e nem mesmo entendi quem o havia feito, mas ainda sim abri a boca em completo choque ao ver o que iria acontecer, e praticamente todos que encaravam Luna e Neville pareciam sentir o mesmo.
Luna olhou para Neville com um sorriso tranquilo, enquanto ele demonstrava estar, ao mesmo tempo, feliz e completamente envergonhado por ser o centro das atenções. Então ela atravessou a roda e se abaixou na frente dele, colocando as mãos em cada lado de seu rosto vermelho e o beijando rapidamente. Nada além de um selinho.
Após Luna se sentar em seu lugar novamente, a garrafa voltou a girar automaticamente e parou em Adrian e Pansy.
Prestei atenção assim que ela fez sua escolha, curiosa para saber qual desafio ele pensaria para a menina.
— Como estamos só começando… — ele brincou com a garota, sorrindo sapeca logo em seguida. — Te desafio a beijar a pessoa que você mais tem interesse daqui. Independentemente se ela está ou não nessa roda.
No mesmo segundo, olhei para com os olhos levemente arregalados, pensando que, obviamente, Pansy beijaria Draco Malfoy. Minha irmã cerrou brevemente os olhos, depois deu de ombros, mas eu sabia que ela não estava tão tranquila com a situação quanto deixava transparecer. Primeiro porque começou a mexer nas unhas, o que era um grande tique quando estava nervosa. E também porque eu não era burra.
Tinha percebido os olhares furtivos que ele lançava para ela, principalmente quando ela se sentou na roda ao lado de Harry e eles começaram a conversar. Sabia o que aquele brilho nos olhos dele significava. E não era como se não tivesse o encarado algumas vezes desde que começamos a jogar também.
Até mesmo Draco parecia saber que ele seria o escolhido — e não estava muito confortável com isso, pela expressão que fez discretamente.
Mas, ao contrário de qualquer coisa que eu pudesse, algum dia, imaginar, Pansy virou-se para o lado, onde sua melhor amiga, Daphne Greengrass, estava sentada e a beijou. E a garota loira correspondeu quase que no mesmo instante, subindo suas mãos para o seu rosto e o aprofundando mais.
Encarei Adrian, que aparentemente não fazia ideia de que aquilo poderia acontecer e, em seguida, Blaise, que estava igual — assim como qualquer outra pessoa naquele ambiente. Todos estavam em choque e o breve silêncio apenas confirmou isso.
Bom, isso por pelo menos três segundos, logo depois as pessoas aplaudiam e gritavam como se as duas tivessem acabado de se pedir em namoro — e admito que eu estava no meio, assobiando alto. Nunca imaginei que as duas sentiam algo mais do que amizade, mas tenho certeza que formariam um belo casal se, de fato, quisessem isso.
Então me lembrei de que Blaise gostava de Pansy e imaginei que Adrian havia feito esse desafio para que eles tivessem uma chance, tadinho. Senti empatia por Zabini no mesmo momento. Torcia para que ele encontrasse alguém interessante também, não deve ser fácil não ser notado assim por alguém que goste.
Quando o momento passou, a garrafa girou novamente.
— Alicia, verdade ou desafio? — Foi Ana Abbott quem perguntou. Elas sempre andam juntas pela escola, então tinha certeza de que seria algo mais tranquilo.
— Verdade!
Tinha.
Assim que Alicia tomou o shot de vodka, Ana perguntou.
— É verdade que você deu para o meu, agora, ex-namorado? — Arregalei os olhos diante da raiva presente em sua voz.
— Ex?! — Ernesto Macmillan, seu agora ex-namorado, gritou, indignado.
Mas que porra estava acontecendo?!
Encarei, novamente, todos da roda e um silêncio constrangedor reinava, enquanto Alicia Spinnet se contorcia ao tentar não responder a pergunta. Seu rosto estava vermelho, demonstrando que ela queimava de vergonha
— V-verdade — Alicia falou, finalmente, arregalando os olhos logo em seguida e tampando a boca com as duas mãos.
— Eu confiei em vocês e, ainda sim, tiveram coragem de fazer isso?! É óbvio que é ex! — Ana exclamou, furiosa. Sua voz subiu em alguns oitavos e ela bufou furiosa. As lágrimas se acumulando no canto de seus olhos eram perceptíveis. — Não quero nunca mais falar com nenhum dos dois!
E, dito isso, ela se levantou como um furacão e saiu da sala, com Susan Bones atrás, tentando acompanhar seu ritmo. Alicia começou a chorar e, junto com Angelina e Katie Bell, foram para o banheiro e, por fim, Ernie também saiu, provavelmente indo atrás de Ana e Susan — o que, sendo sincera, era uma ideia extremamente burra, dado o momento.
— Bom… — George disse, chamando a atenção de todos. — Vamos continuar?
Gritos de aprovação surgiram por todos os lados e então a garrafa voltou a girar.
— Gina do meu coração. Verdade ou Desafio? — Lilá, que eu não havia percebido que também jogava até agora, perguntou.
— Desafio — minha amiga respondeu.
— Hm… Te desafio a girar a garrafa e beijar em quem ela apontar.
Gina logo concordou e então girou o objeto no centro da roda. Apesar de parecer confiante e tranquila, eu sabia que ela estava nervosa por dentro, afinal, aquele desafio não era simplesmente sorte. A garrafa foi enfeitiçada para apontar para quem a pessoa que a girou mais quer ficar, caso seja recíproco.
E a garrafa estava tão indecisa quanto ela.
Primeiro parou em Dino. Depois girou mais um pouco e caiu em Harry. Então, fez isso mais duas vezes e, por fim, quando parou no menino de óculos, a ouvi Gina xingar, baixinho.
Oh, oh.
Meu olhar cruzou com o de , que não parecia nem um pouco surpresa, e ambas sabíamos o que a outra pensava. Rony estava pálido, mas ele era o de menos naquela roda. Ao redor, Dino observava completamente indignado.
Harry levantou, cambaleando levemente, e foi até metade da roda, onde Gina estava aguardando. Segurando-a pela cintura, ele aproximou seus rostos. A ruiva não perdeu tempo e encostou seus lábios.
A plateia gritou, batendo palmas e assobiando pela atitude. Eu estava sorrindo discretamente, contente que meus amigos tinham, finalmente, admitido essa vontade para si mesmos.
Enquanto Rony arregalava os olhos ao ver a irmã e o melhor amigo se beijando, Dino se levantou, totalmente transtornado, e saiu da sala, deixando todos que antes aplaudiam em, mais uma vez, um silêncio constrangedor. Não pude deixar de me sentir um tanto quanto mal por ele.
Gina, ao perceber a mudança no clima, se afastou de Harry e pareceu notar o que aconteceu, então refez o caminho de Dino e saiu atrás dele. Harry, por outro lado, parecia ainda em choque. Ele levou a mão aos lábios e se levantou, puxando-o pela mão até que se sentasse novamente, trocando de lugar com o garoto e ficando entre ele e Luna. Olhei rapidamente para Rony, que parecia surpreso, mas não falou nada sobre — o que eu agradeci mentalmente porque qualquer coisinha poderia causar uma briga ainda maior.
Acho que ele estava processando o ocorrido ainda, afinal, estávamos falando de sua irmã beijando seu melhor amigo.
Estava prestando atenção em Harry e quase não percebi que a garrafa girava novamente, escolhendo o próximo participante.
— Fred Weasley! — Marcos Flint falou, parecendo animado. Deus, isso não poderia ser bom. — Verdade ou desafio?
É óbvio que, conhecendo Fred, ele não poderia ter escolhido nada além de…
Desafio! — ele falou, com um sorriso confiante nos lábios.
— Eu te desafio a… — Flint parou por alguns segundos, encarando todos da roda. Não pensei que ele seria “legal” o suficiente para fazê-lo beijar alguém, mas ainda assim não deixei de torcer para que não fosse isso. — … competir com o Sven quem consegue tomar mais shots em menos tempo!
É, isso também não era muito melhor.
Encarei Sven e percebi na hora quem ganharia. Conhecia Fred bem o suficiente para saber que ele aguentaria os shots, já que seu limite é alto para isso, mas ainda assim tinha certeza de que o norueguês não facilitaria as coisas.
Quer dizer, eles estavam mil vezes mais acostumados com bebidas mais fortes, né?
— Você topa, Sven? — Fred perguntou para o aluno de Durmstrang. Para a infelicidade de Fred, o garoto musculoso aceitou facilmente, sorrindo tranquilo.
Antes que meu melhor amigo pudesse ir para o centro da roda, onde dois copos de shot que se encheriam magicamente assim que o conteúdo fosse ingerido o esperavam, me aproximei.
— Fred, você…
— Vou perder, é claro! — ele falou, me olhando com uma expressão divertida. — Mas eu não poderia deixar de aceitar um desafio feito pelo imbecil do Marcos Flint, poderia?
Balancei a cabeça negativamente.
— Odeio o fato de você ser tão competitivo — suspirei com pesar. — E odeio ainda mais Marcos Flint ser um imbecil por me fazer torcer para que você consiga ir bem nesse desafio!
— Sei que provavelmente vou ficar completamente louco depois disso e, consequentemente, estragar nossa noite e… — Fred lamuriou, suspirando enquanto parecia um tanto quanto chateado.
— Ainda vamos ter muitas delas, lembra? — interrompi e ele sorriu, me encarando tão intensamente que tive a impressão de não ter mais ninguém na sala além de nós. Seus olhos sempre eram um perigo.
— Céus, eu poderia te levar agora mesmo para o quarto e ignorar completamente esse desafio idiota — ele suspirou, parecendo considerar a ideia. De fato, eu não acharia exatamente ruim, porém, sei que teríamos tempo suficiente para isso.
E, além do mais, gostava de quando as coisas surgiam naturalmente. Com o fogo entre nós já aceso, seria difícil que apagássemos logo.
— Mas agora você vai até lá ganhar do Sven! Sei que consegue — incentivei, com os braços para cima, tentando passar o máximo de apoio que eu poderia na hora.
— É isso, eu vou ganhar do Sven! — E se virou com uma confiança absurda, apesar de sabermos da verdade, seguindo seu caminho para o centro daquela competição.

***

Ele não ganhou.
Ou, pelo menos, todos pensaram que não.
Eu conhecia os gêmeos Weasley tempo demais para saber quando estavam aprontando alguma. Foi só assim que consegui ver o exato momento em que George murmurou um feitiço contra Sven — que estava a dois shots de vantagem de Fred. No mesmo segundo, o norueguês abaixou o copo, com os olhos arregalados, e correu para o banheiro mais próximo.
Tinha certeza que mais ninguém havia percebido a pequena artimanha e obviamente não comentaria nada sobre isso. Fiquei feliz por ver G tomando a iniciativa disso, ou eu teria que fazê-lo e não era exatamente o que queria.
Corri em direção a Fred e o abracei, enquanto gritos e aplausos surgiam de cada canto daquela sala, como se aquilo fosse uma final de quadribol. Afinal, uma vitória de qualquer aluno de Hogwarts contra algum de outra escola era uma vitória coletiva e merecia ser comemorada como tal.
As pessoas começaram a se acalmar aos poucos, voltando a prestar atenção na garrafa. Eu, por outro lado, não poderia nem se quisesse. Fred estava bêbado e eu sabia que, nos próximos minutos, isso só pioraria mais e mais, portanto avisei ao George que o levaria para o quarto.
— Só estou concordando em deixar a festa porque é com você — Fred sussurrou em meu ouvido, me fazendo rir com a tentativa de sedução. As palavras começavam a se embolar e eu não conseguia levá-lo a sério.
— Vamos, eu te ajudo a chegar até lá — George falou, guiando o irmão para fora da Sala Precisa. O agradeci enquanto andávamos pelos corredores escuros do castelo. Por mais que eu tivesse bastante força no braço, não seria capaz de levar o garoto sozinha.
Fred, por sorte, estava quieto. Apenas seguia os comandos de George, enquanto segurava minha mão direita — que foi um gesto mais para não perdê-lo por ali, mas que pareceu deixá-lo tranquilo.
Chegamos em seu dormitório com facilidade e eu tive a certeza que não deveria ser tão fácil assim. Sempre compartilhei uma teoria com os meus melhores amigos de que os professores sabiam, sim, das nossas festas e que preferiam ignorá-las para não terem mais dor de cabeça.
Sério, como conseguem ignorar milhares de alunos passando pelos corredores de madrugada? Principalmente com alguns tão bêbados que gritavam no caminho. Fazia muito sentido e era completamente viável na minha cabeça.
George me ajudou a trocar seu irmão. O que foi bem rápido, na verdade, porque o deixamos apenas com uma bermuda de moletom — que era seu pijama de sempre.
— Acho que é isso, quer que eu fique aqui para você voltar para a festa? — G me perguntou, após deitar o irmão na cama.
— Não precisa, eu fico por aqui. A festa nem vai ter tanta graça sem ele lá e eu não ficaria em paz em deixá-lo aqui. Pode ir, se eu precisar de alguma coisa encontro alguma forma de te chamar — respondi, dando um sorriso tranquilizador. Era verdade. Eu sabia que George estava preocupado com o irmão, mas não queria que ele perdesse a festa que tanto ansiou.
— Tudo bem então. Tem certeza que…
— Tenho certeza absoluta — confirmei imediatamente, o fazendo sorrir. George me deu um beijo na bochecha e saiu do quarto, fechando a porta e me deixando sozinha com Fred.
— Quer dizer que hoje você vai cuidar de mim… — ouvi sua voz rouca resmungar.
— Sempre tem que ter uma primeira vez para tudo, não é? Normalmente é você quem faz isso por mim — respondi, indo até o seu baú e tirando de lá uma de suas camisetas.
Antes de tirar meu vestido para me trocar, encarei Fred e vi que ele havia ficado em silêncio. Imaginei que ele havia dormido, então continuei o que pretendia fazer desde o começo e me troquei ali mesmo, colocando sua blusa que, em mim, ficava enorme — mas super confortável.
— Eu queria muito não estar bêbado agora para lembrar desse momento com clareza amanhã. — Ri alto ao ouvi-lo falar, olhando para trás, sentindo a ansiedade de imaginar ele me observando com aquela carinha de bobo.
— Eu pensei que você estava dormindo! — disse, me deitando ao seu lado. Ele me encarou com um sorriso infantil.
— E eu queria apreciar a cena com calma, então não quis falar para não perder o foco — ele sussurrou a resposta, como se estivesse me confidenciando um segredo. Mordi os lábios para evitar um sorriso.
Ao contrário do que eu imaginava, Fred não estava dando trabalho absurdo e querendo fazer tudo no meio da madrugada, como descobrir novos talentos — o que, acredite, ele já tentou fazer e nos levou a escutá-lo tentar tocar guitarra às 4h da manhã.
— Se eu te contar uma coisa, promete que não vai espalhar? — ele perguntou pensativo, e pude ver o contorno dos seus lábios fazendo biquinho.
— Eu prometo — respondi, levando uma de minhas mãos até seus cabelos e mexendo suavemente, em um carinho que eu sei que ele gostava. Ele suspirou, se inclinando mais ainda em direção à minha mão.
— Eu gosto de você, tchau.
E sua respiração pesada denunciou que ele tinha apagado, me deixando com o coração batendo rapidamente contra o peito ao ouvir essa confidência.

POV’s
A garrafa, totalmente alheia à situação de Fred — que saiu da sala completamente bêbado, e com razão, começou a girar pela sétima vez, caindo em um aluno da Durmstrang e outra da Beauxbatons. Estavam todos se divertindo e eu sabia que alguns tinham se dado muito bem.
Harry vivia dizendo que os trouxas assistiam muito novelas mexicanas e usavam isso como uma expressão para tudo que fosse dramático demais. Então posso dizer com razão que aquela noite era digna de uma novela mexicana, mas ao contrário do que pensei, ela ainda não havia terminado.
. Verdade ou Desafio? — Colby Tristan, da Corvinal, perguntou e, só então, eu percebi que o fundo da garrafa realmente estava virado em minha direção.
Para ser sincera, não queria provar nada com a poção da verdade hoje e, além disso, Colby nem me conhecia direito. Ele não conseguiria fazer algum desafio super comprometedor, né?
— Desafio — sorri, esperando pela instrução. Esperava realmente não precisar desistir e tomar vinte shots para compensar. Meu estômago era fraco demais e não queria passar a noite em claro vomitando.
— Desafio você a… — percebi o exato momento em que seus olhos encontraram Draco e um sorriso surgiu automaticamente em seus lábios. — Passar sete minutos no paraíso com o Draco Malfoy.
Os alunos que estavam na roda — e os que pararam para assistir — se silenciaram, intercalando olhares entre mim e o outro escolhido, surpresos. Todos tinham o conhecimento de que éramos rivais. De que nos odiávamos e voaríamos na garganta um do outro assim que possível.
Inclusive, certamente esse era o motivo para que Colby tenha nos escolhido para isso.
E, sabendo que todas as nossas interações… amigáveis, por assim dizer, tinham ocorrido longe das vistas de qualquer outra pessoa, eu realmente entendia o choque.
Céus, a partir de agora, eu odiava Colby Tristan.
Ou gostaria de acreditar que sim. Merda, eu nem mesmo conseguia sentir raiva por esse desafio! Quem eu queria enganar?
Encarei Draco e, assim que nossos olhares se encontraram, soube imediatamente que eu, ao contrário do que queria sentir, estava animada para o que quer que fosse acontecer dentro daquela sala.
Porque essa era a verdade que eu tanto lutei para aceitar.
Ignorando completamente a pressão, me levantei na hora, ouvindo as pessoas ofegarem.
— Ok, estamos esperando o quê? — perguntei, fingindo estar plena. Virei nos calcanhares, sem ouvir mais que os sussurros dos participantes.
E se eu fosse sincera, a maioria estava alterada o suficiente para não raciocinar o fato de que nós dois tínhamos essa atração — e sem contar que ninguém saberia o que, de fato, aconteceu, então…
Enfim, ao observar a parede, uma porta magicamente surgiu ali. A Sala Precisa era o melhor lugar desse castelo, com certeza. Andei até lá confiantemente, sentindo Draco atrás de mim.
Fechamos a porta da sala. Era mais um cubículo, na verdade, como se fosse uma despensa vazia, fracamente iluminada por um castiçal na parede.
Minha visão focou na figura loira a minha frente, usando aquela maldita camisa social que não deveria cair tão bem em ninguém assim. Sério, deveria ser contra as normas se destacar dessa forma.
Seus olhos eram como campos magnéticos, atraindo os meus em sua direção. Escurecidos como eu tinha visto poucas vezes, não pareciam querer me largar. Se eu esticasse a mão, conseguiria sentir a tensão no ar.
Senti um arrepio percorrer cada parte de minha espinha observando a forma como ele me encarava, como se eu estivesse completamente nua. Malfoy tinha me olhado atenciosamente durante o piquenique que fizemos, mas tinha algo a mais.
Talvez a ideia de passar sete minutos em um armário minúsculo com ele fosse demais para mim. Todo mundo sabia que esse era o maior pretexto para que você ficasse com a pessoa que queria.
E eu não conseguia tirar da cabeça a cena dele me observando mais cedo, o olhar duro, demonstrando incômodo, sobre mim e Cedrico conversando. Meu erro, naquele segundo, foi descer um pouco mais meus olhos, focando em seus lábios avermelhados que pareciam extremamente macios.
Draco arfou, soltando todo o ar preso em seu pulmão.
— Céus… Me fala que você quer isso tanto quanto eu — disse com a voz abafada, praticamente suplicando para que respondesse afirmativamente.
Mordi o lábio inferior, sentindo uma pressão em meu ventre ao constatar que aquilo realmente aconteceria. Concordei levemente com a cabeça, expondo meus desejos mais profundos.
No momento seguinte, os lábios de Draco estavam sobre os meus, pressionando-os com destreza. Sua língua conheceu a minha, deslizando pela minha boca e roubando o pouco de sanidade que me restava. Malfoy levou a mão direita até minha cintura e pressionou com força suficiente para me fazer arfar. O cetim era um tecido gelado, mas eu não poderia me sentir mais quente.
Eu havia imaginado esse momento tantas vezes, mas não fazia jus, nem um por cento, ao que estava acontecendo. Calma era uma palavra desconhecida. Quando senti o gosto de Draco em minha boca, despertamos tão exorbitantemente que não conseguia pensar em nada mais. O contato de nossas línguas era tão melhor que qualquer um que provei antes.
Nossos corpos estavam grudados, tão próximos que eu mal saberia dizer onde o meu terminava e o dele começava. Puxei seus fios lisos com meus dedos, pressionando sua boca cada vez mais contra a minha.
Mordisquei seu pescoço, sentindo suas mãos correrem pelo meu corpo, sem afrouxar o toque. Eu poderia estar em carne viva que nem ao menos conseguiria perceber. Não quando o beijo parecia tão perfeito. Draco chupou minha língua quando voltou a me beijar e eu gemi, tremendo.
Seu membro duro pressionado contra minha barriga me atiçava mais ainda e sabia que bastava que Malfoy deslizasse um pouco mais sua mão por minha bunda para que, chegando mais embaixo, percebesse o quão ensopada minha calcinha estava.
Gostava do fato de que ele não aquietava, jamais descansando suas mãos. Elas conheceram quase todas as partes do meu corpo à mostra e demoraram um pouco mais em meus seios — e pude ouvir Draco praticamente rosnar enquanto encaixava, mais ainda, seu corpo ao meu.
Sinceramente, eu poderia fundir tranquilamente com a parede nesse momento que não poderia me importar menos.
Não quando eu não conseguia parar de pensar em como éramos excelentes nisso.
Tempo! — Colby gritou do outro lado da porta, e gemi de insatisfação, não querendo que esse momento acabasse.
Me afastei, ofegante, enquanto encarava Draco, que ainda estava de olhos fechados. Quando abriu, mordeu seu lábio e se afastou um pouco. Penteei meu cabelo com os dedos, tentando desemaranhar os nós que ele fez, enquanto o observava arrumar o seu. Por fim, ele ajeitou sua roupa, apesar da camisa estar completamente amassada.
— Pronto? — perguntei, indicando a porta com a cabeça.
— Na verdade, tá faltando uma última coisa — ele disse, franzindo a testa, enquanto pensava.
— O quê?
Sem me responder, suas mãos me puxaram pela nuca e Draco me beijou novamente, mordiscando meu lábio inferior quando seus lábios se descolaram dos meus.
Agora sim. — Ele piscou, abrindo a porta e voltando para a festa.


Capítulo 8

POV’s
Suspirei, encarando o teto. Eu poderia ter dito que a noite foi maravilhosa e simplesmente incrível após o beijo, mas, se fosse sincera, eu estava um tanto quanto frustrada comigo.
Na noite passada, enquanto Draco deslizava os lábios pela pele alva do meu pescoço, eu me senti extremamente extasiada. Eu não sabia nem expressar em palavras o que eu sentia, o que era engraçado, porque eu amava escrever. Só que, enquanto isso, o beijo não saia da minha cabeça.
Nos evitamos ao longo da noite anterior, eu perdida demais no momento para conseguir parar de desejar que o tempo no armário não tivesse acabado.
Quando ele começou a ser fofo comigo, me tratando bem e fazendo coisas que jamais imaginei que viriam de Draco Malfoy, fiquei intrigada sobre o que mais poderia vir disso. Era um lado completamente novo dele para mim.
E, ok, eu era uma adolescente. Impossível ignorar aquele olhar penetrante, os cabelos claros, o rosto bem delimitado e o porte sério. Poderíamos brigar, mas, como eu já tinha dito, não era cega. Draco não chamava atenção à toa, ele era atraente.
Mas, se fosse somente a atração, tudo bem, porque imaginei que ela passaria rapidamente. Sabia dos contras em ter qualquer tipo de envolvimento sexual com ele, porque seria difícil sair intacta depois.
O problema era que as coisas não se restringiam somente a isso. Eu estava sentindo coisas que nunca senti antes. Era oficial, eu precisava urgentemente ter uma conversa séria com a , somente nós duas, para me organizar melhor.
Agora, tudo que me restava era o nervosismo me atingindo. Odiava confessar, mas só Merlin sabia que eu poderia passar semanas beijando-o e ainda não seria suficiente. O jeito como nossos corpos se pressionavam e meu estômago curvava em excitação deixava claro que apenas prolongaríamos o inevitável.
Mas eu, a droga de uma covarde, agora estava deitada calada e pensativa com a cabeça apoiada nas pernas de Gina enquanto ela fazia carinho em meu cabelo. Não queria nem imaginar como seria a reação dos meus amigos. Por mais que eu até acreditasse que as meninas levariam numa boa, não tinha a coragem de pensar nisso agora.
No momento, o que eu precisava era ser uma boa amiga e focar melhor na conversa que estávamos tendo.
— Como você e Dino ficaram? — perguntei, curiosa, me lembrando do clima tenso que ficou após ela e Harry se beijarem e tentando me focar em qualquer outra coisa que não seja Draco Malfoy.
— Na verdade, estamos mal. Eu fui atrás dele, mas ele não quis conversar ontem à noite, então marcamos para hoje — ela respondeu, dando um suspiro cansado. — A pior coisa que fiz foi jogar aquele jogo sabendo que estava afim de ficar com o Harry. É claro que eu não imaginei que teria tanta má sorte assim… — Gina riu do próprio problema. — Mas com ele foi algo do momento, sabe? Eu gosto mesmo do Dino e não queria ferrar com as coisas desse jeito…
Concordei com sua fala, apesar de Gina ser uma das minhas melhores amigas, a situação em que ela colocou Dino ontem não foi legal mesmo. Era bom saber que ela tinha consciência disso.
— Mas agora mudando de assunto… — ela pareceu se recuperar instantaneamente —, como foi o resto da noite? Você não passou a noite aqui, acabou indo dormir no quarto do Adrian? — ela olhou para , que deu um sorrisinho amarelo, negando com a cabeça.
— Na verdade, passei a noite com Fred — ela respondeu e Gina arregalou os olhos, mas antes que a ruiva pudesse falar alguma coisa, continuou. — Ele bebeu demais e passou mal, então acabei ficando por lá para ajudar.
A expressão de Gina mudou no mesmo segundo.
— Ah, que droga. Pensei que finalmente a teria como minha cunhada — ela brincou e riu, com as bochechas vermelhas, fazendo pouco caso com a mão.
As meninas ainda não sabiam sobre ela e Fred, mas claramente minha irmã não teria problemas com a família que ganharia caso assumisse um relacionamento com ele. Muito pelo contrário, tinha certeza que ficariam imensamente felizes.
Sabia que teria feito isso por qualquer um de nós, porém, suspeitava que eles estivessem avançando na zona sentimental.
Abri a boca para falar para descermos para o almoço, porque eu tinha pulado o café da manhã e estava com fome, mas Mione resmungou algo, chamando nossa atenção.
— Meninas, eu, hm… preciso conversar com vocês… — Mione falou, sentada na cama ao lado da minha. Eu, e Gina olhamos para ela, curiosas pelo nervosismo que ela claramente estava sentindo. Parecia que ela estava esperando o momento exato para conversar.
Como não era comum que ela agisse assim, nós nos juntamos e sentamos ao lado dela.
— Eu acabei ficando com o Krum ontem — ela contou. Eu e Gina arregalamos os olhos, surpresas. Pelo jeito tranquilo que reagiu, presumi que ela já sabia, mas isso não a impediu de pedir para que nossa amiga não poupasse os detalhes e contasse como foi.
Mione explicou que eles conversaram muito na noite passada e acabaram ficando a noite inteira juntos. Pelo jeito, as coisas foram realmente muito boas.
Ela ainda disse que havia o acompanhado até o quarto onde ele ficaria aqui no castelo depois que a festa terminou. Gina e estavam com as mesmas expressões que eu, então imagino que elas também estavam impressionadas com a confissão.
— O problema começa aí, na verdade — Mione continuou. — Ele foi super gentil comigo e as coisas começaram a avançar rápido demais, entendem? Quero dizer… estava tudo tão bom que eu fui deixando fluir.
Nós três balançamos a cabeça, absorvendo cada detalhe daquela história. Ninguém ousaria interrompê-la.
— Então nós tiramos as roupas e, quando percebi o que aconteceria, eu praticamente fugi. Eu nunca fiz sexo! Simplesmente me desesperei, dei uma desculpa de que precisava voltar e fui embora de lá. — Suas bochechas estavam extremamente vermelhas e eu, conhecendo a amiga que tinha, sabia como estava sendo difícil para ela nos contar isso. Apertei sua mão, tentando demonstrar que estávamos com ela. — Mas eu queria… só tenho medo de não saber fazer nada e ser horrível!
— Ah, amiga, é algo tão natural que não tem como não saber fazer nada. Para ser sincera, ele te deixar à vontade e ser gentil é a base para tudo acontecer — começou a falar e eu concordei com cada palavra. — Você contou pra ele que nunca fez isso?
— Não! Nem pensei nisso, na verdade… — Mione respondeu, parecendo pensativa.
— Se você ainda quiser perder a virgindade com ele, acho importante que converse e conte. Sexo é confiança. Não é esse bicho de sete cabeças que parece, sabe… — falei.
— É de uma só… — Gina resmungou, nos fazendo gargalhar.
— Você é impossível! — Mione disse, tentando se recuperar das risadas. — Mas espera aí… você já… ?
Agora toda a atenção estava voltada para Gina, que também tinha bochechas vermelhas.
— Não. Ainda não — ela respondeu. — Vocês saberiam se eu tivesse feito. Fiz algumas coisinhas aqui e ali, mas nunca o ato mesmo. Já tive a oportunidade, mas desisti no meio do caminho.
— E como é? — E então a atenção voltou para minha irmã e eu.
— No começo, pode doer um pouco. E isso acontece geralmente se você estiver nervosa e tensa, mas depois fica bom. Muito bom disse, dando ênfase na última parte. — Quanto mais você faz, mais você gosta! Principalmente porque você vai se conhecendo e vendo o que você curte ou não.
— Claro que isso é de cada um. É muito relativo, sabe? Todas sabemos que ela fala isso porque depois que perdeu sua virgindade com Adrian, ela saia praticamente toda noite para se encontrar com ele — disse olhando para a minha irmã, que deu um sorrisinho, dando de ombros. — E também depende da pessoa, né. Se você se sente bem com ele, se ele é gentil, se não te apressa ou força isso… Mas pelo jeito o Krum é um dos bons, amiga. Aproveita, tem nossa bênção! — finalizei, as fazendo rir.
Diferente de , minha primeira vez foi em uma das festas trouxas que fomos junto com Mione, Harry e Ron. Conheci um menino lá e ficamos juntos a noite toda. Como a casa era dele, fomos para o seu quarto. Não o vi depois daquele dia, o que era uma pena, mas eu gostei bastante, ele foi super cuidadoso e não me arrependia nem um pouco de ter perdido minha virgindade com ele.
— Obrigada, meninas. Vou falar com Viktor então — Mione comentou, parecendo bem mais aliviada. Sorri quando ela nos puxou para um abraço em grupo, que durou longos segundos. Era bom tê-las por perto.
— Ok, eu tô morrendo de fome. Vamos descer? — Gina falou e rimos. Depois de Rony, ela era uma das pessoas que eu conhecia que mais gostava de comer.
Levantamos e saímos do quarto, prontas para irmos ao Salão Principal.
Após o almoço, Gina disse que precisava falar com Dino e saiu. Desejamos boa sorte e seguimos para a biblioteca, ou teríamos seguido, se Harry não tivesse me pedido para conversarmos em outro lugar.
Entramos em uma das salas vazias, onde Harry se sentou e começou a encarar a mesa fixamente. Era uma mania dele quando estava pensando demais e precisava se organizar antes de dizer algo.
Sentei-me ao seu lado e apoiei as mãos em meus joelhos, virando para o lado para vê-lo melhor.
As olheiras eram perceptíveis e me senti mal por pensar que ele provavelmente tinha dormido tão pouco quanto eu. Se fosse outro dia, teríamos nos encontrado e ficado no Salão Comunal até cairmos de exaustão.
— Oi — comecei.
— Onde você foi noite passada? — ele perguntou, sem rodeios. Seu rosto me encarava, tranquilo, me fazendo perceber que era por curiosidade. Harry era naturalmente preocupado, e só Merlin sabia o quanto julgava antecipadamente.
— Voltei ao dormitório. Não queria falar com ninguém. — Não era exatamente mentira, apesar de ter escolhido ocultar o que aconteceu antes. Não era o momento e eu não estava preparada para confessar.
— Aconteceu alguma coisa naquele armário? — Ele estreitou os olhos, me avaliando. — Malfoy não fez nenhuma idiotice com você ou…
— Não! — o cortei, mexendo minhas mãos nervosamente.
Não queria mentir para meu melhor amigo, mesmo sabendo que era o caminho mais fácil. Amizade era isso, não era? Confiança e sinceridade acima de tudo? E eu valorizava isso. Amava Harry e não imaginava minha vida sem ele, então, apesar do amargor que senti na boca, decidi que seria sincera sobre algumas coisas.
— Para ser sincera, tem um tempo que Draco tem sido… decente comigo. Não, ele tem sido muito legal… — admiti. — Ele não fez nada que me chateasse ontem, só fiquei com uma dor de cabeça e decidi me deitar.
— Draco Malfoy sendo “muito legal” com alguém? — ele riu, parecendo achar graça. Me irritou, mas eu apenas dei de ombros, tentando ignorar aquele sentimento que cresceu em meu estômago. — Pelo menos não aconteceu nada, a ideia de vocês juntos me dá vontade de vomitar — ele disse, em tom de brincadeira, apoiando a cabeça na mão. Revirei os olhos, mas suas palavras me atingiram como um soco. Droga.
— Mas e você e a Gina? Me conta tudo — mudei de assunto rapidamente, sem estar preparada para realmente conversar com ele sobre isso. Estava confusa demais para assumir qualquer lado.
— Tudo o quê? Não nos falamos depois que ela foi atrás de Dino. Foi tão bom quando nos beijamos, mas depois não pude evitar de sentir que tinha traído Ron. Mas conversamos e ele foi compreensível. Disse que preferia a mim com sua irmã mil vezes do que a Dino ou qualquer outro idiota. Vou tentar falar mais tarde com ela, apesar de não saber muito bem o que dizer.
Sorri e segurei sua mão. Desde Cho, fazia tempo que não o via tão a fim de alguém, o problema era que Gina não ia terminar com Dino. Ao menos, não agora. Não falei para Harry sobre isso porque achei que era um assunto deles — apesar de saber que depois teria que confortá-lo, não devia ser eu a contar. Conversamos por mais um tempo antes de Rony nos encontrar. Ele disse que e Mione estavam nos esperando no Salão onde o Cálice de Fogo estava, então andamos juntos até lá.
O objeto que seria o juiz imparcial do torneio era um grande cálice de madeira toscamente talhado, cheio até a borda com chamas branco-azuladas.
Nos sentamos ao lado das meninas, que estavam em um longo banco perto do cálice.
— Alguém já depositou o nome? — perguntou Rony, ansioso.
— Todo o pessoal da Durmstrang — Mione respondeu, lendo um livro sobre Runas Antigas. — Mas ainda não vi ninguém de Hogwarts.
A sala foi enchendo a cada minuto, a ponto de quase não ter mais lugar para sentar.
— Onde Fred e George estão? — perguntou para os meninos ao nosso lado. — Não os vejo desde cedo…
— Eles falaram que precisavam resolver algo e sumiram, também não vejo eles desde o café da manhã. — Rony deu de ombros, enquanto encarava algumas alunas de Beauxbatons depositando seus nomes no cálice.
Não tive tempo de avisar, mas, como se tivessem sido invocados, Fred, George e Lino Jordan se aproximavam por trás de e de Ron, que não os viram. Fred sussurrou algo no ouvido de minha irmã e reparei suas bochechas ficando vermelhas, enquanto trocavam um sorriso. Se o motivo era pelo dono da voz ou do que ele falou, eu não sabia.
Depois disso, os outros dois nos cumprimentaram. Eles pareciam completamente animados, mais que o normal.
— Está resolvido! — disse George, como se contasse o melhor segredo do mundo. — Acabamos de tomá-la.
— O quê? — exclamou Rony, curiosidade estampando seu rosto.
— A Poção para Envelhecer, idiota — respondeu Fred.
— Uma gota cada um — acrescentou George, esfregando as mãos de alegria. — Só precisamos envelhecer alguns meses.
— Vamos dividir os mil galeões entre os três se um de nós vencer — disse Lino, com um largo sorriso.
— Não tenho muita certeza de que isso vai dar certo… — disse Hermione em tom de aviso. — Tenho certeza de que Dumbledore terá pensado nessa possibilidade!
— Eles só vão acreditar que não vai dar certo quando provarem isso. Não sei por que ainda tenta, Mione, se já conhece eles! — disse, balançando a cabeça negativamente enquanto encarava os três meninos.
— Ela está certa — Fred falou, enquanto os amigos concordavam. — Bom, mas estão prontos? — ele perguntou aos outros dois, tremendo de excitação. Quando recebeu a confirmação, continuou. — Vamos então, eu vou primeiro...
Observei quando Fred tirou do bolso um pedaço de pergaminho com as palavras “Fred Weasley – Hogwarts”. Ele foi direto à linha e parou ali, balançando-se nas pontas dos pés como um mergulhador se preparando para um salto de quinze metros. Depois, respirou fundo e atravessou a linha.
Por uma fração de segundo, eu realmente pensei que a coisa havia dado certo. Olhei de canto e o encarava atentamente, parecendo não gostar de estar correndo tudo conforme o planejado dos gêmeos, sabia que ela estava preocupada.
George certamente pensou o mesmo que todos ali, porque soltou um berro de triunfo e correu atrás de Fred, mas no momento seguinte, ouvimos um chiado forte e os gêmeos foram arremessados para fora do círculo dourado, como bolas de golfe. Eles aterrissaram dolorosamente, a dez metros de distância no frio chão de pedra e, para piorar a situação, ouvimos um forte estalo e brotaram nos dois longas barbas brancas e idênticas.
O saguão de entrada ecoou de risadas. Até Fred e George riram depois de se levantarem e darem uma boa olhada nas barbas um do outro.
— Envelheceram bem, meninos! — riu, indo em direção aos dois e ajudando-os a se levantar. Ela parecia completamente aliviada.
— Quero ver como vão tirar isso da cara! — Rony, que faltava rolar no chão de tanto rir, disse. — Ah, como eu gostaria de tirar uma foto disso!
— Vem, vamos. Provavelmente Madame Pomfrey já imaginava que alguém apareceria assim por lá hoje — minha irmã falou e saiu ao lado dos dois gêmeos, agora, senhores de oitenta anos.

POV’s
Acompanhei Fred e George até o primeiro andar e, enquanto eles ainda riam de suas barbas, eu tentava tirar as palavras que Fred havia sussurrado em meu ouvido minutos atrás da cabeça.
“Não consigo parar de pensar em você...”
Nem eu. E esse era o grande problema.
Se me contassem que eu ficaria tão afetada após um — alguns — beijos de Fred Weasley, eu riria da pessoa. Seria uma enorme piada. Nós? Melhores amigos? Ficando depois de tanto tempo juntos? Até parece.
Maldita hora em que fui comer aquela bala. Achava, de verdade, que aquilo ativou algo em mim que eu não desenterraria tão cedo, possivelmente nunca. Mas também não podia reclamar, estava gostando bastante de como as coisas estavam indo…
Bom, tirando o pequeno detalhe de que Adrian Pucey também estava envolvido nessa minha confusão.
— Mas é uma merda não ter conseguido colocar nosso nome no Cálice… — George disse, parecendo um pouco chateado. — Era a oportunidade perfeita!
— Por que vocês queriam tanto participar dessa competição? — perguntei, chamando a atenção dos dois. Ok, compreendia que era uma oportunidade incrível, ainda mais quando seria contra outras escolas, mas eles estavam insistindo mais do que eu imaginaria ser possível.
— São mil galeões! — Fred respondeu. — Nós tínhamos pensado em usar na nossa loja.
— Nossa futura loja que agora continua longe de acontecer… — meu outro melhor amigo resmungou, baixo.
— Você sabe que já guardamos o que ganhamos por vender algumas coisas aqui na escola — Fred continuou e eu balancei a cabeça —, mas não chega nem perto do que precisamos para abrir uma loja. Não contamos pra você porque achamos que iria nos impedir, mas na Copa Mundial de Quadribol apostamos toda a nossa poupança com Ludo Bagman — ele falou e eu concordei mentalmente, vendo o quanto eles me conheciam. Eu com certeza impediria. — E ganhamos!
— A merda é que o filho da puta nos pagou com ouro de Leprechaun. Duas horas depois, todo o dinheiro tinha sumido! — George completou, carrancudo.
Nem tive tempo de ficar feliz pela vitória, no segundo seguinte estava tremendo de raiva ao saber do golpe em que caíram.
Tentei não transparecer, afinal, ficar nervosa não os ajudaria a recuperar o que haviam perdido, mas porra, ouro de Leprechaun? Desejei por um momento não ter saído do lado deles naquele evento. Talvez isso não tivesse acontecido… mas, de qualquer forma, já foi.
— Nós vamos pensar em algo, tá legal? Vamos conseguir o dinheiro que precisam, tenho certeza — prometi, recebendo sorrisos agradecidos como resposta e um abraço de cada um.
E eu realmente ia. Nunca os vi tão empenhados com algo como estão com essa loja. Não era mistério para ninguém que eles sempre foram super famosos por seus produtos aqui em Hogwarts e sabia que iriam ser ainda mais quando conseguirem aumentar os negócios.
Assim que entramos na enfermaria, outros alunos estavam por lá com as mesmas caras enrugadas e cabelos brancos.
— Mas agora pensem pelo lado bom, vocês envelheceram muito bem perto dos outros — sussurrei, vendo-os rir, enquanto andávamos até a curandeira que dava uma poção para algum aluno da Lufa-Lufa.
Após Madame Pomfrey passar dez minutos reclamando sobre como os alunos mais novos eram irresponsáveis por ainda tentar participar de uma competição dessas mesmo após os recados do diretor, ela entregou dois copos com algum líquido verde musgo para Fred e George tomarem. Aparentemente o gosto era tão ruim quanto a aparência, já que correram para escovar os dentes assim que passamos pelo quadro da Mulher Gorda.
O Salão Comunal estava completamente vazio, então aproveitei para fazer uma atividade de Adivinhação, e eles falaram que me acompanhariam. Uma hora depois, George cochilava na poltrona em frente a lareira. Ele simplesmente não conseguia ficar muito tempo em silêncio — e era por isso que ele nunca assistia aos filmes até o final.
Apesar de ser algo comum, não o julgaria tanto, afinal, noite passada fizemos uma festa e ele disse que um de seus colegas de quarto havia os acordado umas três vezes durante a noite e que não conseguiram dormir direito, então o deixei descansando enquanto terminava de revisar meu texto.
Eu estava sentada no sofá e estava tão cansada que comecei a me alongar. Fred, percebendo isso, colocou minhas pernas sob seu colo e começou a me massagear. Levantei os olhos do papel, observando-o.
Não era a primeira vez que ele fazia isso. Jogamos no mesmo time de quadribol, era óbvio que ele havia me ajudado quando estava machucada e mal conseguindo me mover após os treinos. Mas havia algo a mais nesse toque. Na pressão que ele fazia contra minha coxa, arrastando sua mão contra minha pele. Não era como as outras, feitas inocentemente. Ele sabia exatamente o que estava fazendo e o que isso provocava em mim.
Engoli em seco, apenas observando conforme ele subia mais e mais seus dedos, a palma áspera me fazendo sentir arrepios. Nossos olhares se encontraram, desejo transbordando deles. Ele se inclinou, aproximando seu rosto do meu, sem diminuir a intensidade do toque. Tudo exalava provocação.
Seu rosto estava tão próximo do meu que as lembranças de ontem à noite me invadiram intensamente. Saber o quão macios os lábios de Fred eram e o quanto eles me reivindicaram em apenas um beijo era simplesmente demais.
Quando seus toques subiram um pouco mais, eu já havia me esquecido completamente da dor muscular. Havia esquecido de tudo. Naquele momento, somente existiam nós dois.
— É difícil ficar perto de você sem querer te beijar — ele confessou, fechando os olhos por alguns segundos e respirando fundo. — Sempre fico me segurando.
Era uma frase tão simples, porém, tão poderosa. Ouvi-la foi o gatilho que eu precisava para me impulsionar para frente, diminuindo totalmente a distância entre nós. Seu hálito batia contra minha boca quando abri meus lábios e segurei sua gravata, puxando-o para mim.
— Você não precisa se segurar — respondi, antes de colar nossos lábios.
Cada beijo parecia melhor. Fred sabia exatamente como me beijar, um misto de delicadeza com agressividade. Como eu gostava. Arfei contra sua boca, sentindo minhas entranhas se contraírem. Eu me sentia completa, como se pudesse viver somente dos seus beijos.
Fred em momento algum parou os movimentos, o que quase me fez suplicar por mais. Eu queria que ele subisse mais ainda. Assim, decidida, coloquei minha mão sobre a sua, pronta para que realizasse minha vontade.
E então, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ouvimos um barulho e olhei imediatamente para o buraco onde tinha entrado, pelas graças de Merlin, sozinha.
Afastei meu rosto de Fred rapidamente, mas nossas mãos continuavam firmes em minhas coxas.
— Precisava falar com… — Ela parou assim que nos viu e levantou uma sobrancelha. — Estou atrapalhando algo?
Fred olhou para minha irmã sem parecer se abalar.
— Está. Mas sei que não atrapalharia à toa, então vou sair para vocês poderem conversar — ele respondeu, dando de ombros e voltou a me olhar. — Depois a gente continua. — Ele piscou para mim. Ele piscou!
Inferno, sempre achei que ele era atraente, mas agora… Céus! Fiquei encarando-o enquanto ele acordava George e respirei fundo quando o vi subindo para seu dormitório com seu irmão ainda sonolento atrás, me perguntando mentalmente por que mesmo estavam saindo.
Quase pedi para que ele ficasse e deixasse subir com George para que pudéssemos voltar para onde estávamos. Para que ele continuasse fazendo o que fazia com as mãos. Em outro lugar, talvez. Senti minhas bochechas esquentarem somente em pensar nisso.
Porém, precisava engolir toda vontade porque minha irmã precisava mais de mim do que eu precisava dele. Atração física nenhuma seria mais importante que dar o apoio que ela merecia. Então, guardei bem fundo tudo dentro de mim e me preparei para lhe dar atenção.
Ao contrário do que imaginava, permaneceu em pé na sala, intercalando o peso em suas pernas.
, desembucha.
Encarei a ruiva, que mordeu os lábios fortemente enquanto olhava para cima. Era sua mania. Desde pequena, quando ficava nervosa, ela arrancava as pelinhas da boca e mordia a parte lateral das unhas.
Estava apenas aguardando pelo momento em que ela conversaria sobre o que quer que tenha acontecido ontem — porque aconteceu algo e eu a conhecia o suficiente para ter certeza disso. Entendia há tempos que as coisas com ela eram assim. Quando estivesse pronta, ela falaria, mas sempre com um empurrãozinho.
— Ontem, logo depois que você saiu do jogo, me desafiaram a ficar sete minutos no paraíso com Draco… — começou, colocando uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. Segurando seu colar, ela voltou a andar de um lado para o outro no Salão Comunal. Estava vazio, o que era um milagre em dias comuns, mas hoje já se era o esperado. — E no começo eu fiquei nervosa, porque tinha acabado de perceber que estava ansiosa para o que poderia acontecer…
— Hm…
— Ainda mais quando ele foi tão gentil nessas últimas semanas. — Ela mexia as mãos enquanto falava. — E então… bom, ele me beijou.
— Ele o quê? — perguntei, arregalando os olhos.
— Pois é! Ele perguntou se eu queria aquilo tanto quanto ele e, dois segundos depois, ele estava me beijando e eu juro, , se o tempo não tivesse acabado, teria dado para ele ali mesmo! — ela exclamou baixinho, ofegante, olhando para os lados para confirmar que não havia ninguém ouvindo sua confissão.
Novamente, não havia. Era sábado, ninguém queria ficar no Salão Comunal.
Eu nunca tinha nutrido o mesmo ódio pelo garoto que ela ou Harry, mas entendia seus sentimentos. Sempre brinquei que isso tudo era tesão acumulado, e quando me contou como ele agiu com ela após a noite da Copa Mundial de Quadribol e o dia em que fez nada menos que um piquenique quando ela não foi jantar… Definitivamente tinha coisa a mais. Mais que tesão acumulado. E agora eu tinha certeza disso.
Ele era, sim, um escroto com quem e quando queria. E parecia querer em 80% do seu tempo. E entendia que, pensando em Harry, seria uma ideia complicada. Mas, vamos lá, ele não era feio — muito pelo contrário. E o observava ultimamente com um fogo que eu não a via olhando para outros garotos.
Não que ela fosse perceber, e muito menos seria eu a lhe contar.
Bom, pelo menos não agora.
— Pois deveria ter puxado ele para o quarto assim que saíram do armário e dado — respondi, a vendo parar e me encarar, incrédula. — Estou falando sério!
— Ah… não sei, não quero voltar naquele clima de antes e estragar tudo ficando com ele. Sei lá… Pode acabar ferrando tudo, sabe? Isso sem contar com Harry, imagina o que ele diria se descobrisse o que aconteceu?! Nós até conversamos hoje e ele chegou a me perguntar sobre isso… — ela disse, torcendo a cara. Fiquei em silêncio, esperando que ela continuasse falando. — Obviamente eu não contei nada, então ele disse que tinha vontade de vomitar ao pensar em nós dois juntos e eu cortei a conversa.
— Ah, … — comecei a falar, calma. — Sei que Harry não vai gostar nada se descobrir, mas isso não é da conta dele e não é como se você escolhesse ter tesão ou não por Draco — completei, cruzando as pernas.
Ainda conseguia sentir as mãos de Fred passando por mim, imagino o que poderia ter acontecido se não tivesse entrado aqui… Foco, !
— E o que você vai fazer agora? — perguntei, tentando afastar a lembrança. Finalmente terminei de revisar meu trabalho de Adivinhação e fechei o livro de significados.
— Boa pergunta. Acho que vou esperar pra ver como vai ser com Draco e então…
— Vai agarrá-lo de novo — completei, a vendo dar de ombros.
— Muito provável — ela respondeu, me fazendo rir. Era óbvio que ela faria isso. — Não consigo parar de pensar na noite passada!
— Te entendo completamente — falei, sendo sincera.
— Ok, agora me conta. Você, Fred e A. — Sim, usávamos a inicial de seu nome para não precisar usar o completo e descobrirem que eu fico com Pucey. — Uau, hein? Se eu não estivesse metida com meu próprio drama, amaria estar no seu lugar — ela riu, se jogando na poltrona em que George estava dormindo.
— Nem me fala. Os dois são tão… nossa. E hoje poderia ter rolado algo novamente se alguém não tivesse atrapalhado — brinquei, vendo minha irmã dar um sorrisinho, como se pedisse desculpas por isso. — Mas, sei lá, faz um tempo que não me encontro a sós com o A. Todo o tempo livre que tenho e que antes usava para vê-lo, agora eu acabo passando cem por cento com Fred.
— Hm, verdade… Mas você ainda quer ficar com o A? — perguntou.
— Quero. Quer dizer, acho que sim — suspirei, olhando para o teto e então encarei minha irmã novamente. — As coisas estão confusas na minha cabeça, entende? É difícil separar o que eu sinto pelo Fred como amiga e como alguém que está a fim dele e isso está afetando como eu me sinto em relação ao A também… Digo, eu ainda quero ficar com ele, mas não como antes.
— Consigo entender. Fred sempre te tratou de um jeito diferente, e o fato de que estão se envolvendo de uma outra forma faz com que você veja as coisas por outro ângulo, não é? — ela perguntou e eu concordei com a cabeça, aliviada por conversar com alguém que me compreendia tanto. — Bom, os dois parecem gostar de você, então acho que, dependendo de como as coisas continuarem, você vai precisar conversar com eles alguma hora. — Suspirei ao ouvi-la falando. Estava ferrada. — Mas depois a gente conversa mais sobre isso…
Concordei com a cabeça. Algumas pessoas do sexto ano entraram no Salão Comunal e por isso paramos de conversar sobre nossas vidas amorosas. Aproveitei para guardar meu livro e minha atividade no dormitório, e então e eu decidimos dar uma volta pelo castelo.
O ano mal havia começado e já estávamos assim…
Mal podia aguardar para o que estava por vir.


Capítulo 9

POV’s
Todos os anos, Hogwarts promovia diferentes eventos para mudar um pouco a rotina dos alunos. Alguns fins de semana eles nos liberavam para passar o dia em Hogsmeade, outros eram reservados especificamente para campeonatos de quadribol e, de vez em quando, preparavam uma noite de filmes em uma sexta-feira ou sábado para todos no Salão Principal.
Isso sem contar com as programações de datas comemorativas, como, por exemplo, o Dia dos Namorados, Ação de Graças ou Dia das Bruxas, em que a decoração do castelo mudava e acontecia um grande banquete na hora do jantar — e festas organizadas pelos alunos nas Salas Comunais após o toque de recolher.
A noite de filmes foi, inicialmente, uma ideia do professor Flitwick. Ele, juntamente com a ajuda da professora Sprout, deixavam o Salão Principal quase que irreconhecível. Vários tapetes eram colocados no chão para o maior conforto dos alunos, assim como grandes almofadas, cobertores e um telão gigantesco para reproduzir os filmes em cartaz nos cinemas trouxas.
Dessa vez, a professora de Herbologia não poderia ajudá-lo com o evento, assim como da última vez. Por isso, o professor Flitwick selecionou alguns alunos para dar continuidade em seu projeto que aconteceria naquela noite após o jantar, dentre eles , Harry, Rony, Hermione, eu e mais um aluno que ele não havia dito o nome ainda.
Porém, com os treinos de quadribol acontecendo com grande frequência, ele disse ter decidido que não queria ser o responsável por tirar o foco dos jogadores. Afinal, a maioria era do time da Grifinória e todos sabíamos que a professora McGonagall ficaria zangada em ficar em desvantagem de alguma forma — apesar de ser centrada, Minerva era realmente competitiva quando se tratava de quadribol.
Hermione, que não possuía o mínimo interesse nisso, pediu a liberação do projeto porque já estava ocupada organizando o F.A.L.E. O que, na verdade, era apenas uma desculpa para conseguir passar mais tempo com Viktor Krum.
Desse jeito, ao invés do professor fazer o plausível e sortear novos estudantes, ele disse que sabia que eu era organizada e com certeza não teria dificuldade em segurar as pontas.
— Tenho certeza de que você e o garoto entregarão o projeto perfeitamente bem — ele disse, esfregando as mãos com confiança.
Intrigada, quando perguntei quem era esse garoto, a voz que eu conhecia tão bem, e estava me acostumando a ouvir com maior frequência em um tom que não fosse de deboche ou superioridade, invadiu todos os cantos do cômodo, causando um leve arrepio em mim.
— Boa noite, professor.
Um tanto tensa, virei para trás, vendo Draco Malfoy apoiado no batente da sala.
— Oh, chegou na hora certa! Senhor Malfoy, entre!
Meu estômago se revirou automaticamente e eu cruzei os braços, ciente de que ele não tirava os olhos de mim conforme se aproximava de nós. É claro, eu tinha que ter a tremenda sorte de todos os meus amigos terem se livrado disso, menos eu. E, para melhorar a situação, dentre todos os alunos do meu ano letivo, precisava ser o único que eu estava, de fato, interessada.
— Ótimo. Bom, as coisas que vocês precisarão estão naquele armário no fim do corredor — ele continuou, tirando um cordão de dentro de sua roupa. A ponta metalizada reluziu contra a luz, fazendo-me perceber que se tratava de uma chave. — Tome, podem ir para lá.
Engoli em seco, segurando o pequeno objeto entre meus dedos. Um armário, sério? Guardando toda a ansiedade para mim, encarei Draco e apontei com a cabeça para fora da sala, indicando que deveríamos sair.
— Obrigada, professor. Iremos organizar tudo — respondi sorrindo e começando a andar em direção à saída enquanto ele respondia um agradecimento.
— Não sabia que você estava ajudando também — Draco falou assim que nos encontramos sozinhos do lado de fora da sala do professor de feitiços, no momento em que eu o entreguei a chave.
— Ah, é? E se soubesse, teria desistido? — brinquei, o observando pelo canto dos olhos. Draco balançou a cabeça com um sorriso ladino nos lábios enquanto andávamos em direção a porta no fim do longo corredor principal.
— Você sabe que, mesmo se fosse há cinco meses, eu viria só para te provocar — ele respondeu sincero, dando de ombros, e eu ri, concordando. Com certeza, teríamos discutido tanto que a vontade seria de matar o outro ou, no mínimo, tentar. — Mas, na verdade, eu então não teria pedido ajuda se soubesse…
— Ajuda? Para quem? — perguntei, curiosa. Já estávamos quase em frente á porta de madeira desgastada e, por isso, virei o rosto para olhá-lo.
— Blaise e Adrian. Eles estão nos esperando no Salão Principal. — Arregalei minimamente os olhos, surpresa, enquanto o via colocar a chave na fechadura.
— Oh, isso é bem legal da parte deles — respondi, com um sorriso no rosto, vendo-o concordar em silêncio. E era mesmo porque ninguém gostava de ficar horas cuidando dessas coisas.
Além disso, imaginei que seria interessante passar um tempo com esse trio.
Apesar de conversar com metade de Hogwarts, eu não conhecia tão bem os meninos pessoalmente. Sabia da amizade dos três porque tinha me contado um dia, mas ainda não entendia exatamente como isso tinha acontecido. Quero dizer, eles pareciam completamente opostos.
Pelo o que minha irmã sempre descreveu, Adrian era um anjo. E eu sempre tive essa visão de Draco como melhor amigo do detentor do Inferno, então me parecia inviável que coabitassem no mesmo ambiente, mesmo sonserinos. E Blaise sempre foi gentil comigo, o que foi uma boa primeira impressão. Seria bom conhecê-los, ao menos um pouco.
De qualquer forma, eu somente conseguia sentir alívio ao saber que eles estariam lá para ajudar. Em primeiro lugar, porque eu era um tanto quanto perfeccionista demais e sabia que ficaria horas lá até tudo estar exatamente da forma que imaginei.
E, em segundo lugar, mas talvez mais importante, porque não sei quanto tempo aguentaria sozinha com Malfoy. Claramente, estávamos ignorando a última vez que nos vimos e conseguindo conversar normalmente, o que era ótimo. Mesmo assim, eu sentia que esse assunto viria à tona em algum momento…
O armário estava extremamente bem organizado, graças a e Hermione. Elas foram as responsáveis por ajudar o professor da última vez e, não somente guardaram tudo em seu devido lugar, como separaram os itens com uma plaquinha informando o que era cada uma das coisas.
Só isso já poupava, no mínimo, uma hora de trabalho encontrando as coisas.
Ficamos em silêncio, procurando pela caixa específica, com o feitiço indetectável de extensão, lotada de todas coisas necessárias e imagináveis para montarmos o cinema. Gostaria de afirmar que foi fácil encontrar, mas meus olhos não conseguiam desviar do garoto toda vez que ele se virava. E poderia facilmente dizer que era recíproco porque, ao ficar de costas e me concentrar nas estantes, sentia meu corpo queimar e, inevitavelmente, tinha a sensação de estar sendo observada.
Dez minutos depois, suspirei aliviada. Ao lado esquerdo de Malfoy, pude visualizar a caixa que tanto procuramos. Praticamente voando até lá, empolgada por finalmente ter encontrado o objeto, não prestei a devida atenção nos meus pés.
Tropecei no tapete embolado e meu corpo foi impulsionado para frente. Tudo aconteceu muito rápido. Minha boca estava levemente aberta pelo susto e eu tinha certeza de que cairia no chão de maneira muito tosca, machucando o joelho e rasgando a meia calça do uniforme.
Contudo, rapidamente as mãos de Draco seguraram minha cintura com firmeza, me ajudando a permanecer em pé. Apoiei uma de minhas mãos em seu peito, tentando me equilibrar.
Tive um breve déjà vu, recordando de quando estivemos nessa mesma situação durante a Copa Mundial de Quadribol, dia em que estabelecemos uma trégua e começamos nossa… Amizade? É, algo assim.
Antes que eu pudesse agradecê-lo, Draco prendeu minha atenção com seu olhar. Eu sempre dizia o quão magnético ele era, mas parecia impossível que existisse outra expressão para explicar melhor o que acontecia.
Meus olhos verdes encontravam os seus e ficavam perdidos, divagando entre as tonalidades dos dele. Era um momento de conexão, onde o mundo travava e existia somente nós dois, expostos para o outro em um turbilhão de sentimentos a serem traduzidos.
— Passei o final de semana pensando que, na próxima vez que estivéssemos sozinhos, estaríamos dando continuidade ao que aconteceu naquela festa — a voz rouca de Draco confidenciou, quase em um sussurro, como se fosse uma informação confidencial que somente eu deveria saber.
Engoli em seco, concordando silenciosamente com ele. No entanto, me limitei somente a erguer a sobrancelha em sua direção, perguntando silenciosamente o que aquilo significava.
Ele levou a mão ao meu rosto, tirando a mecha de cabelo que caiu em minha cara e tampava levemente minha visão, fazendo um leve carinho em minha bochecha com seu polegar.
Será que ele conseguia contar a quantidade de batimentos do meu coração neste último minuto? Porque eu sentia sua respiração pesada contra meu rosto. Meus dedos do pé contraíram ao notar a sinceridade em seu rosto. Ele também queria que aquele momento não tivesse acabado. Mais que isso, queria que ele se repetisse.
Estava tão presa no momento que nem saberia explicar como consegui ouvir o barulho vindo do corredor, me despertando dessa bolha.
Me afastei suavemente, ignorando meu eu interior que gritava para segurar a gola da camiseta do garoto e beijá-lo naquele mesmo momento. O que diabos estávamos fazendo? Do que isso se tratava?
E, pior, por que meu estômago parecia que sairia pela minha boca?
Os olhos de Draco me estudavam atentamente, provavelmente tentando entender o motivo pelo qual eu havia me afastado de seu toque. Conseguia ver a dúvida e a curiosidade tomando conta de sua expressão.
— Alguém pode nos encontrar aqui — disse, tentando explicar mais para mim mesma do que para o garoto de cabelos claros na minha frente que essa foi a razão de não tê-lo beijado. E eu sei que ele havia percebido isso, porque apenas concordou com a cabeça, parecendo desanimado.
— Verdade. Você tem razão — ele murmurou, dando um passo para trás.
Me endireitando, recomecei a andar e estiquei a mão até a caixa, entregando para Draco na mesma hora. Ao invés de pegá-la, ele fez um dos feitiços que eu mais gostava e levitou o objeto.
— Está com tanta preguiça assim de carregar isso até o Salão? — perguntei, tentando mudar o clima de segundos atrás, colocando os braços em minha cintura e olhando-o divertido.
Draco deu de ombros, com um sorriso pintando seu rosto.
— Nunca podemos fazer magia nos corredores. Vou aproveitar toda e qualquer oportunidade que tivermos.
Balancei a cabeça, rindo silenciosamente. Eu não discordava da sua linha de raciocínio, apesar de tudo.
Desliguei a luz do armário assim que saímos, trancando-o para evitar que mais algum espertinho entrasse enquanto estivéssemos ocupados.
O Salão Principal já estava completamente vazio quando entramos, obra da professora McGonagall. Como Draco havia informado, apenas Blaise e Adrian estavam por lá, nos esperando. Os dois garotos estavam apoiados com as costas na parede de pedras, com os braços cruzados enquanto conversavam.
— E aí, Voux — Blaise me cumprimentou com um aceno de cabeça, enquanto colocávamos as caixas no centro do Salão.
Adrian sorriu, me cumprimentando com um abraço. Ele sabia que eu sabia sobre ele e e sempre me tratou com um certo carinho desde então, o que eu achava extremamente fofo. Tá vendo? Um anjo. Minha irmã também havia me contado que Blaise estava ciente sobre a relação deles, mas eu tinha certeza que ninguém comentaria nada pela presença de Draco.
O que, sinceramente, era uma droga, porque eu queria saber em qual pé eles estavam na cabeça de Adrian.
— Por que demoraram tanto? — Zabini perguntou, a frase carregada de malícia. Bom, pelo jeito, não era só sobre a e Adrian que ele sabia. Admito que não fiquei surpresa por isso, ainda mais com a intimidade deles.
— Nós não conseguimos encontrar as caixas, elas estavam embaixo de uma pilha de outros materiais — Draco respondeu, ignorando completamente o tom malicioso de Blaise.
— Vocês já aprenderam o feitiço Accio, certo? — Adrian perguntou, com um sorriso brincalhão no rosto.
Encarei Draco com as sobrancelhas franzidas, percebendo que esse feitiço nem mesmo passou pela nossa cabeça enquanto procurávamos o que queríamos.
Automaticamente, me senti uma decepção para o mundo bruxo ao mesmo tempo em que pensei que estar tão próximo ao garoto deveria ter fritado todos os meus neurônios restantes, sem dúvidas.
— Então, vamos começar? — Blaise nos questionou, deixando nossa falha de memória para trás e apontando para a caixa ao nosso lado. Realmente não podíamos perder tempo, em poucos minutos os outros alunos entrariam no Salão e ele precisava estar pronto.
Depois de vermos o que havia dentro dela, nos dividimos para tentar terminar o mais rápido possível. Adrian e Blaise ficaram responsáveis por distribuir os tapetes, almofadas e cobertores por todo o Salão, enquanto eu e Draco ficamos de estender a tela branca gigantesca na parede dos fundos — pensei que seria mais simples, mas realmente levou um tempo até que ela estivesse centralizada e firme no lugar.
Obviamente, eu tinha assumido a função de líder, porque eles me perguntaram bastante se eu estava gostando de como estava ficando. E eu estava mesmo. Adrian era ótimo na questão de decoração, o que me impressionou.
Foi extremamente fácil trabalhar com eles e, sinceramente, bem engraçado também. Os meninos tinham aquela sintonia que uma amizade de anos proporciona. E faladora como eu era, não foi difícil arrumar assunto com eles.
Apesar de Blaise sempre estar com o semblante sério, percebi que ele era bem mais divertido do que parecia. Adrian era o brincalhão do grupo, deixando o clima bem leve.
O tempo passou rápido e, quando vimos, tínhamos acabado tudo. Modéstia à parte, eu poderia dizer que estava bem bonito. Ainda bem que os meninos ajudaram, porque teria sido uma dor de cabeça organizar tudo isso somente com Draco.
Quando o professor Flitwick entrou pelas portas, abriu um grande.
— Brilhante! Fizeram um ótimo trabalho! — ele exclamou, parecendo satisfeito. Foi impossível não ficar feliz. — Bom, acho que vocês já podem ir se arrumar. Como agradecimento por me ajudarem, darei dez pontos para cada um!
— Obrigada, professor! — sorri. Amava ganhar pontos para a Casa e o professor Flitwick era o melhor para distribuí-los a quem o ajudasse em qualquer ocasião.
Assim que saímos do Salão Principal, agradeci e me despedi de Adrian e Blaise e, antes que pudesse subir os lances de escadas para me encontrar com os meus amigos na Sala Comunal, Draco puxou meu pulso, posicionando boca em meu ouvido enquanto sussurrava, fazendo com que meu coração acelerasse mais uma vez naquela noite.
— Nos vemos depois.
Nem percebi o caminho que fiz até chegar no quadro da Mulher Gorda e muito menos em quanto tempo o fiz. Estava no automático. Minha cabeça estava presa naquele último momento, enquanto eu me perguntava intrigada: depois quando?

POV’s
Assim que coloquei a blusa larga de moletom e o short de pijama, murmurei um feitiço para secar meus fios de cabelo que ainda estavam úmidos devido ao banho que tomei após o treino de quadribol.
Apesar de gostar bastante de ter Angelina como capitã, não poderia odiar mais treinar após o jantar. E aparentemente Fred, George, Harry, Ron e Gina odiavam tanto quanto eu. Reclamamos a ida e a volta inteirinha juntos, falando sobre os músculos doloridos e do cansaço.
— Você sabia que George vai sentar com Angie hoje? — Gina me contou, com um brilho nos olhos, enquanto penteava seus cabelos alaranjados. — Ouvi meu irmão a chamando enquanto voltávamos do treino.
— Não sabia, mas estou super feliz por ele! Acho que G sempre teve uma quedinha por ela e só não investiu porque Fred ficou com ela uma vez — expus minhas suspeitas, vendo-a concordar comigo na mesma hora.
Estava nítido para qualquer um que olhasse com mais atenção. Ele sempre a ajudava a organizar tudo para os treinos, fazia questão de conversar com ela e várias outras pequenas coisas. E me parecia recíproco, porque Angie parecia olhá-lo com bastante admiração e interesse.
Particularmente, gostava bastante dela e achava que os dois combinavam bem.
— E tem mais! — ela sorriu, me encarando com animação. — Isso quer dizer que você vai sentar com Fred!
Ri alto, revirando os olhos. Gina sempre foi animada com a relação entre mim e seu irmão e com o fato de, em algum momento, virarmos cunhadas. Secretamente, durante esses últimos tempos, estava começando a gostar da ideia também.
O que, possivelmente, talvez fosse um perigo.
— Você sabe que isso não significa nada, né? — menti, dando de ombros como se a minha expressão corporal ajudasse a tornar tudo mais crível. — E sem contar que ele nem veio falar comigo sobre isso… — continuei, tentando ignorar o desconforto que aquilo trazia.
Normalmente eu me sentava sozinha, com Fred e George, ou não participava para ficar com Adrian, mas dessa vez era diferente.
A verdade, é que as noites de filmes, além de servir para descontrair e relaxar os alunos, também era uma das formas mais fáceis de dizer “discretamente” que está a fim de alguém. Bastava convidar a pessoa para dividir o cobertor durante a sessão de filmes que já teria 80% do caminho andado.
— Bom, alguém precisa aproveitar a noite já que eu não vou… — ela respondeu, deixando transparecer sua decepção.
— Dino ainda está emburrado com a festa? — perguntei, vendo-a concordar com a cabeça após fazer uma careta.
Disse antes para ela que entendia o lado dele e, infelizmente, não eram todas as pessoas que consegueia relevar a situação tão rápido. Porém, compreendia a chateação dela e era minha obrigação moral ficar ao seu lado.
— Mas já já passa, tenho certeza. — Ela abanou com a mão, tentando fazer pouco caso. — Infelizmente essa noite ele decidiu ficar sozinho, então estou contando com para ser minha parceira. Ela sempre recusa o convite de todo mundo, né? E, bom, Mione não vai participar porque vai ficar com Krum e você vai se sentar com Fred.
Hermione conversou conosco antes para pedir um favor. Ela sempre ficava vermelha quando falava do seu relacionamento, envergonhada ao imaginar estar cometendo uma infração. Queria aproveitar o máximo de tempo livre com Krum, ao mesmo tempo em que não queria expor agora que estavam juntos.
Tadinha, ela sempre tentava fugir do centro das atenções quando o assunto era garotos — apesar de praticamente nunca funcionar. Na mesma hora, eu e as meninas combinamos em dar todo o suporte enquanto ela aproveitava.
Para o professor Flitwick, disse que estaria cuidando do F.A.L.E e não teria tempo livre para ajudar. Em tese, não era uma mentira tão grande porque ela estava mesmo empenhada com isso, mas não era o que faria com o tempo que sobrou.
E hoje, para evitar que os meninos questionassem muito, diríamos que ela teve uma crise forte de dor de cabeça e a enfermeira recomendou que descansasse, portanto, assistir um filme com várias luzes e som alto somente prejudicaria seu caso.
— Eu não sei se vou me sentar com…
— Posso entrar? — ouvir a voz de Fred do outro lado da porta fez com que eu parasse imediatamente minha frase. Gina apenas me encarou com um sorriso enorme nos lábios, como se dissesse “eu avisei”.
— Pode! — ela gritou, fazendo com que o meu melhor amigo entrasse no quarto.
Ele me olhou com certo interesse, passando os olhos discretamente por todo o meu corpo — demorando um pouco mais nas minhas pernas descobertas — me causando um calor instantâneo. Céus.
— Eu vejo vocês lá embaixo, tá legal? Vou ver se encontro a — minha amiga comentou, se levantando da cama em um pulo. Eu sabia o que ela estava fazendo e eu só conseguia pensar que eu simplesmente não poderia confiar menos em mim mesma se ficarmos sozinhos nesse quarto.
Concordei com a cabeça, observando-a fechar a porta após sair.
— E então? — perguntei, enquanto Fred se aproximava lentamente. Prendi a respiração quando senti seu perfume amadeirado doce.
— Vim te buscar para irmos juntos para o Salão Principal — ele respondeu, segurando minha mão direita e me puxando ainda mais para perto. — Deixei nosso cobertor lá embaixo.
Nosso? — o encarei, com um sorriso ladino. — Não sabia que nos sentaríamos juntos hoje.
— Nosso. Não tem ninguém que eu queira ficar lá além de você, achei que isso estivesse claro — Fred falou, subindo sua mão livre em direção ao meu pescoço, causando um arrepio por cada parte do meu corpo. — E você, tem?
— Ah, na verdade… — Vi sua expressão mudar e mordi o lábio para não rir alto. Não poderia estragar a brincadeira ainda. — Tive alguns convites interessantes hoje. O Colin, da Lufa-Lufa, Matteo da Sonserina, Lucien da Grifinória e também o…
— Tá legal, . Chega — ele respondeu, emburrado, e eu me deixei rir. Ver Fred com ciúmes poderia se tornar meu novo passatempo favorito.
— Mas o que eu quero mesmo só me convidou agora — finalizei, observando seu olhar se encontrar com o meu, iluminando-se ao perceber minha preferência. — Bom, não foi bem um convite, né…
Quando ele grudou seus lábios nos meus, pude confirmar que me agradava muito a forma que ele tinha escolhido para me fazer parar de falar, baseado no contorno que sua língua fazia na minha.
Jurava por tudo que pensei e repensei milhares de vezes em dar uma desculpa qualquer para os nossos amigos para ficarmos aqui essa noite, mas George, alheio a esse meu sentimento, gritou do lado de fora do quarto.
— Está na hora, vamos!
Me afastei de Fred com pesar, completamente desapontada por não conseguir aproveitar mais. Recebi um último selinho antes de ser puxada pela mão para fora do quarto e seguir meus melhores amigos até a Sala Comunal, onde Angelina, Gina, Harry, Rony e nos esperavam.
— Como foi a organização? — perguntei para a minha irmã assim que começamos andar em direção ao Salão Principal.
— Bem tranquilo, na verdade — ela respondeu pensativa, se aproximando um pouco mais, como se estivesse prestes a contar um segredo. — Draco me ajudou e ainda levou Blaise e Adrian — sussurrou tão baixo que quase não consegui ouvir. Entendi que o motivo disso era Harry, que andava um pouco mais a frente.
— E o que você achou deles?
— Eu adorei. São bem divertidos, na verdade. — Concordei com a cabeça, tentando não pensar em Adrian hoje.
Assim que entramos no Salão Principal, elogiei a decoração para , que agradeceu com um sorriso. Ele já estava cheio de alunos com seus devidos pares — ou sozinhos — e percebi que havia lugares apenas no fundo.
Por sorte, conseguimos encontrar espaço para todos se acomodarem, mesmo que separados.
Minha irmã se sentou com Gina, George com Angelina, que parecia bem à vontade ao lado dele, eu com Fred, Harry sozinho e, por fim, Rony, — que assim como todos nós, foi surpreendido por Lilá Brown, que também estava sem acompanhante, e perguntou se poderia ficar com ele. Com o rosto vermelho como um pimentão, ele aceitou.
Ao me acomodar com Fred, reparei que o cobertor que ele trouxe para nos cobrir era mais gostoso do que eu imaginava. No começo, ignoramos o tecido porque não estava com frio, mas as paredes geladas conseguiram resfriar bastante o ambiente — apesar da magia que deixava o castelo em uma temperatura mais alta.
Pedi o cobertor com a mão e Fred nos cobriu, o pano imediatamente abraçou a pele nua das minhas pernas, me aquecendo bastante. Na primeira noite de cinema que participamos, não estava tão frio e por isso muitos não levaram nada para se cobrir, mas depois todos entenderam que era mais benéfico e confortável ficar embaixo das cobertas e, desde então, havia virado praticamente regra. Principalmente para os casais…
Minha cabeça estava apoiada no ombro de Fred e eu prestava atenção na cena do filme passando. Foi uma escolha incrível, depois eu agradeceria ao aluno responsável pela sugestão. Estava prestes a perguntar o que o garoto ao meu lado estava achando quando senti sua mão gélida pressionar minha coxa, me fazendo estremecer discretamente.
Sem virar a cabeça em sua direção, notei o esboço de um sorriso com o canto do olho. Ao contrário do que imaginei, sua mão não ficou parada por muito tempo.
Os dedos começaram a acariciar minha perna, movendo-se aos poucos para o interior ao longo do filme. Minha respiração estava começando a ficar pesada e eu senti a famosa pressão em meu estômago, demonstrando a inquietude que eu estava. Tentei controlar as batidas do meu coração para que Fred não percebesse conforme me provocava.
Não estávamos tão próximos dos nossos amigos. Harry havia ficado perto de e Gina duas fileiras à nossa frente, e Ron, George e Angie duas atrás.
Parei de prestar atenção no filme e no que acontecia embaixo do cobertor ao ver minha irmã se levantar. Ela passou rapidamente pelos alunos e, discretamente, sumiu atrás das cortinas vermelhas perto da porta de entrada do Salão.
Fingi que não havia visto nada, já que eu tinha certeza de que ela foi se encontrar com o Malfoy, e voltei meu olhar para a fileira da frente, que agora tinha Harry e Gina conversando por sussurros. Pensei no que Dino diria ao vê-lo se levantar e sentar ao lado dela. Pelo jeito ele ficaria emburrado por muito mais tempo…
Despertei dos meus pensamentos quando senti a mão de Fred entrar em um campo desconhecido por ele, mas facilmente acessível por eu estar sentada com as pernas cruzadas. Empurrando meu short para o lado, a fricção de sua mão contra minha pele me fez arfar baixinho.
— Porra , você tá sem calcinha? — Fred perguntou em um sussurro. Olhei para o lado rapidamente, vendo seu maxilar travado e o olhar concentrado no filme.
Engoli o sorriso que queria estampar, virei o rosto para frente, gostando do efeito que essa informação causou nele. Levantei o rosto para sussurrar perto da sua orelha.
— Eu quase nunca uso calcinha.
Foi sua vez de suspirar emocionado, mordendo o lábio inferior e se ajeitando em seu lugar. Com um pouco mais de ousadia, Fred massageou um ponto extremamente específico em minha intimidade, me fazendo segurar o cobertor entre os dedos com força
Ele me provocava com os movimentos lentos e eu sentia as gotículas de suor se acumularem no meu pescoço, sob o tecido grosso do meu moletom. O estímulo somado ao fato de estar em uma sala lotada, na qual poderíamos facilmente ser pegos se alguém prestasse atenção mais do que deveria em nós, me fez arder.
Era uma tarefa árdua censurar todos os gemidos que insistiam em arranhar minha garganta, a excitação era tanta que, quando Fred resolveu descer seus dedos, eles praticamente deslizaram até minha entrada.
O garoto brincou um pouco e precisei segurar sua perna com força, cravando minhas unhas em seu moletom.
— Posso? — Fred pediu permissão, baixinho, continuando com os movimentos circulares.
Por Merlin, eu precisaria de toda força do mundo para aguentar ser tocada por Fred sem emitir um único som em minha boca. A vontade era de gritar até que o ar escapasse de meus pulmões a ponto de não ter mais voz.
— Por favor.
Fechei os olhos ao sentir Fred escorregar dois dedos para dentro de mim, tão lentamente que eu quase chorei, suplicando por mais. Abri os olhos quando o vai e vem começou, sentindo-me absurdamente quente.
Meus mamilos, rígidos, doíam com a falta de toque. Desejei pelo seu beijo, mas me contentei com o que estávamos fazendo. Como não poderia? Com a velocidade aumentando com o ritmo firme.
Apertei as pernas, me remexendo sobre o tapete almofadado, focada em não me movimentar bruscamente e denunciar o que estávamos fazendo. O que já estava sendo difícil, mas piorou quando Fred retirou os dedos do meu interior.
Antes que eu choramingasse, descontente, ele pressionou-os contra meu clitóris, firmando o toque até que estivesse pulsando, esfregando de uma forma tão gostosa que senti o orgasmo se formando. Imediatamente, afundei a cara em seu pescoço, inalando seu cheiro e mordendo os lábios.
A onda de prazer que percorreu o meu corpo foi indescritível, e eu torci meus dedos do pé e gemi extremamente baixo contra sua pele.
Minha mão segurou seu pulso, apertando mais ainda sua mão contra minha intimidade, ao passo que eu deixei a boca bem fechada. Precisei fechar os olhos para me recuperar e Fred, assim que tirou a mão de meu short, me abraçou de lado, beijando o topo de minha cabeça.
Quando levantei meu olhar para a tela, não fazia a mínima ideia de que parte estava passando, nem de quanto faltava para o filme acabar. Não que fizesse diferença porque minha mente ficou reproduzindo os acontecimentos anteriores por horas a seguir.

POV’s
Era engraçado ver como os trouxas representam os bruxos. Sempre eram coisas exageradas, que envolviam sacrifícios e mulheres esquisitas. Principalmente com elas sedentas de vingança, amaldiçoando tudo e todos que perturbavam seu sono eterno.
O filme escolhido para essa noite foi Abracadabra, que contava a história de três bruxas que absorviam as almas de crianças para se manterem jovens. Elas foram aprisionadas por mágica e, acidentalmente, liberadas de volta ao mundo no início dos anos 1990 — o que só confirmava o meu pensamento.
Apesar disso, o exagero das situações no filme foi proposital para se tornar algo cômico e deu muito certo. Eu estava adorando! Ri bastante, enquanto jogava as balinhas de menta em minha boca.
Com os olhos focados na tela gigante, quase não percebi o papel minúsculo que apareceu voando em minha direção. Quando pousou em meu colo, vi que era um origami de pássaro. Estreitei as sobrancelhas, estranhando.
O desdobrei e, antes de ler, olhei ao redor discretamente para ter certeza de que ninguém prestava atenção no que estava acontecendo comigo. Até Gina, que estava ao meu lado e conversava por sussurros com Harry, parecia não ligar muito para o filme e muito menos para mim.
Me encontre atrás das cortinas, estou te esperando. — D.M.
Trouxe o dedo indicador à boca, mordendo a pele da lateral, pensativa. Não levei mais que meio segundo para tomar minha decisão. Eu esperava por alguma tentativa de contato dele, de qualquer forma. Quer dizer, ele avisou que nos veríamos, né?
— Amiga, eu já volto. Preciso resolver algumas coisas — informei Gina, que confirmou com a cabeça e voltou a falar com Harry. Achei que ela me faria perguntas, mas, pelo visto, o papo estava mais interessante.
Dando de ombros, me levantei rapidamente para não atrapalhar a visão de ninguém e fui para o lugar indicado. Fiz o caminho pelas partes mais escuras da sala até chegar nas grandes cortinas vermelhas, que afastei com cuidado antes de passar.
O garoto que me mandou a mensagem estava me esperando encostado na parede, de braços cruzados. Seus cabelos pareciam mais claros, mesmo com a falta de iluminação, e seus olhos estavam ainda mais brilhantes quando encontraram com os meus.
— Por que você negou? — foi a primeira coisa que Draco falou quando me viu. O encarei, me encostando na parede contrária da que ele estava. Cruzei os braços, demonstrando confusão. Ok, fingindo demonstrar.
— Neguei o quê?
Draco me observou com atenção enquanto caminhava em minha direção e eu tentava ignorar completamente o frio na barriga que sentia quando ele estava tão próximo do meu corpo quanto agora. Totalmente em vão.
Eu sabia do que ele estava falando e não conseguiria fingir que não, mesmo se eu quisesse. Ele também sabia disso. Seu perfume me relembrou da noite em que nos beijamos pela primeira vez e, por Merlin, eu não via a hora de fazer isso novamente.
Entretanto, era complicado demais explicar o motivo do afastamento mais cedo. Não que eu tivesse exatamente me arrependido, mas estava pensativa demais. Se ele quisesse somente aquilo, o contato físico… Como eu poderia lidar com isso se eu queria mais?
— Você não gostou de como eu te toquei naquela noite? Ou de como eu te beijei? — ele continuou, demonstrando que realmente ficou com dúvida, sem desviar os olhos dos meus.
Céus, se ele realmente soubesse que foi impossível parar de pensar em seu toque desde então…
Senti um arrepio percorrer cada parte, como se eu estivesse completamente nua. Pelo olhar de Draco, soube que era isso que ele desejava. Me encarava com tanto ardor que, se os bruxos tivessem evoluído mais, minhas roupas teriam queimado somente pela intensidade.
Engoli em seco, sentindo a garganta arder com as palavras que eu precisava pronunciar. Por que ele tinha que me fazer sentir essas coisas?
— Não é nada disso, Draco, e você sabe — suspirei. — Isso — falei, apontando para nós dois — não vai acontecer. Não pode.
— Não acho que é o que você quer de verdade — respondeu calmamente, dando mais um passo em minha direção. Sua respiração bateu em meu rosto de tão próximo que ele estava. Eu estava uma pilha de nervos. — Até porque, se eu me lembro bem, já aconteceu, não foi? No armário… — ele aproximou sua boca do meu ouvido para dizer a última frase, como se não tivesse acabado de falar disso, levando a mão direita até minha cintura e pressionando com força suficiente para me fazer arfar. — Consegue me responder por que quer tanto prolongar o inevitável? Ou por que a sua respiração fica tão acelerada quando estou perto de você?
Ele afastou o rosto e me encarou. Seus olhos claros encontraram os meus, como sempre era. Eu compreendia todos os motivos que levaram a essa escolha e, sim, eu poderia responder as perguntas dele em um piscar de olhos. Contudo, era difícil encontrar minha própria voz, perdida no meio do meu nervosismo.
— Porque eu sei a resposta de tudo isso — ele continuou, subindo a mão esquerda para o meu pescoço, não me dando outra alternativa a não ser continuar com o intenso contato visual. — Sei porque meus batimentos cardíacos não seguem o ritmo adequado quando estamos no mesmo ambiente, como também sei porque não consigo desgrudar os olhos de você… — Abri a boca, levemente em choque com o peso da revelação. Uma coisa era ter noção de que ele queria ficar comigo. Isso era totalmente além do esperado. Meu coração deu um pulo e, por um momento, achei que fosse sair pela boca. — Mas o queria que você soubesse hoje era que estarei aqui para realizar tudo que eu sei que sonhou em fazer comigo. Porque está sendo impossível aguentar essa vontade aumentando cada vez mais e mais…
Meu erro foi ter observado todos os detalhes de seu rosto. Se eu não tivesse feito isso, não teria encontrado seus lábios avermelhados, tão macios e convidativos…
Draco aproveitou a mão que antes estava em meu pescoço para colocar um fio do meu cabelo atrás da minha orelha, como tinha feito mais cedo hoje, mas arrastou a palma para o lado até estar pressionada contra a parede.
— Por que eu sonharia com você? — perguntei, finalmente encontrando minha voz novamente. Porém, ela me denunciou na mesma hora. Ela estava tão fraca que demonstrava o quão presa eu estava em nossa atual situação.
— Porque você sabe que não gostaria que mais ninguém além de mim fizesse o que eu posso fazer com você. O que eu vou fazer. Sei que invado seus pensamentos tanto quanto você invade os meus.
Permaneci em silêncio por alguns segundos antes de responder, sem ousar desviar nossos olhares. Meu coração ainda batia em ritmo descompassado e, se eu fosse cardíaca, provavelmente já estaria apagada na maca da enfermaria.
— E você tá pensando no quê?
— Agora? Em te beijar — ele respondeu, sem enrolações.
A resolução me atingiu muito rápido, era nítido que o sentimento era não somente recíproco, como forte demais para ser ignorado. A ligação entre mim e o Draco tinha sido estabelecida e não poderia ser quebrada assim. Finalmente me entregando as minhas vontades, as palavras saíram da minha boca antes mesmo que eu pensasse em falar.
— Tá esperando o quê, então?
Com a boca de Draco sobre a minha, tive a certeza de que todas as minhas inseguranças ficariam para depois. Meus olhos pesaram quando ele tirou a mão da parede e me puxou para mais perto, aprofundando o beijo com entusiasmo. Draco grunhiu aliviado quando nossas línguas se encontraram e isso jogou minha sanidade longe.
Meus dedos afundaram na pele do seu pescoço com força, e mordisquei seu lábio que era, de fato, macio. Eu correspondia automaticamente e o beijo estava tão bom que parecia que sabíamos fazer exatamente o que o outro gostava.
Me segurando pelas coxas, Draco me elevou e envolvi seu corpo com minhas pernas. Fiquei elevada, presa entre a pilastra e seu corpo. A língua molhada dele me desafiava, provando que ele estava começando a realizar o início dos meus sonhos. Dos nossos.
Seu toque era necessitado, demonstrando o quanto ele precisava de mim naquele instante. E eu precisava dele. Ter a confirmação verbal do efeito que eu provocava nele aqueceu meu peito. O sangue quente corria pelas minhas veias e eu aproveitava ao mergulhar os dedos em seus fios loiros.
Draco firmou o aperto em minha cintura e eu arfei, completamente arrepiada, quando meu pescoço foi presenteado com seus lábios ferozes. Os beijos úmidos fizeram com que eu deslizasse as mãos pelos seus braços, apertando com força suas costas quando a encontrei.
Eu tinha um abismo por costas.
Dizer que estávamos nos devorando era eufemismo. Draco estremeceu quando minhas unhas correram por sua nuca e sua boca beijou a minha, completamente entorpecida. Sabia que não ultrapassaríamos mais nenhum limite essa noite, mas eu poderia permanecer aqui por horas, em seu colo, descobrindo cada milímetro seu.


Capítulo 10

POV’s
Era Dia das Bruxas e o Salão estava iluminado por velas quando entramos, quase lotado com o tanto de alunos e professores reunidos. O Cálice de Fogo tinha sido movido de lugar e agora se encontrava diante da cadeira vazia de Dumbledore. Observando Fred e George, percebi que eles pareciam ter aceitado o desapontamento muito bem, graças a Merlin.
— Espero que seja Angelina — disse George, esperançoso, quando nos sentamos.
— Eu também! — Hermione concordou, juntando as mãos. — Vamos saber daqui a pouco!
— Estou cansado. Queria que informassem os competidores logo — Harry comentou. Ele não estava exatamente eufórico, não sei por quê. Normalmente, ele ficava bem animado com competições, mesmo que não o envolvessem.
Mas todas as outras pessoas no salão estavam, era possível saber disso através das expressões impacientes em seus rostos e do desassossego de todos que se levantavam para ver se Dumbledore já acabara de comer.
Depois de muito tempo, os pratos voltaram ao estado de limpeza inicial e houve um aumento acentuado no volume dos ruídos no Salão, que caiu quase instantaneamente quando Dumbledore se ergueu. A cada lado dele, o Prof. Karkaroff e Madame Maxime pareciam tão tensos e ansiosos quanto os demais.
— Bom, o Cálice de Fogo está quase pronto para decidir — disse Dumbledore. — Estimo que só precise de mais um minuto. Agora, quando os nomes dos campeões forem chamados, eu pediria que eles viessem até este lado do Salão, passassem diante da mesa dos professores e entrassem na câmara ao lado — ele indicou a porta atrás da mesa —, onde receberão as primeiras instruções.
Ele puxou, então, a varinha e fez um gesto amplo. Na mesma hora todas as velas, exceto as que estavam dentro das abóboras recortadas, se apagaram, mergulhando o salão na penumbra. Engoli em seco. O Cálice de Fogo agora brilhava com mais intensidade do que qualquer outra coisa ali, a brancura azulada das chamas que faiscavam vivamente quase fazia os olhos doerem. Todos observavam à espera, alguns consultavam os relógios a todo momento — um pouco exagerado, na minha opinião.
— A qualquer segundo agora… — sussurrou Lino Jordan, ele estava a dois lugares de distância de mim, ao lado de George.
As chamas dentro do Cálice de repente tornaram a se avermelhar. Começaram a soltar faíscas. No momento seguinte, uma língua de fogo se ergueu no ar, e expeliu um pedaço de pergaminho chamuscado — o salão inteiro prendeu a respiração.
Dumbledore apanhou o pergaminho e segurou-o à distância do braço, de modo a poder lê-lo à luz das chamas, que voltaram a ficar branco-azuladas.
— O campeão de Durmstrang — leu ele em alto e bom som — será Viktor Krum!
— Grande surpresa! — berrou Rony, ao mesmo tempo que uma tempestade de aplausos e vivas percorreu o salão. Viktor Krum se levantou da mesa da Sonserina e se encaixou com as costas curvas para Dumbledore. Antes que virasse à direita, percebi que ele piscou rápida e discretamente para Hermione e passou diante da mesa dos professores, desaparecendo pela porta que levava à câmara vizinha.
Minha amiga apertou minha mão, sorrindo fraco.
Os aplausos e comentários morreram. Agora todas as atenções tornaram-se concentradas no Cálice de Fogo, que, segundos depois, tornou a se avermelhar. Um segundo pedaço de pergaminho voou de dentro dele, lançado pelas chamas.
— O campeão de Beauxbatons é Fleur Delacour!
— É ela, Rony! — gritou Harry, quando a garota que parecia uma veela levantou-se graciosamente, sacudiu a cascata de cabelos louro-prateados para trás e caminhou impetuosamente entre as mesas da Corvinal e da Lufa-Lufa.
E novamente eu me perguntava: Será que era requisito ser linda para estudar na Beauxbatons? Não era possível! Todas elas eram maravilhosas e Fleur parecia ter saído diretamente de um conto de princesas.
— Ah, olha lá, elas estão desapontadas — disse Hermione, sobrepondo sua voz ao barulho e indicando com a cabeça o resto da delegação de Beauxbatons. “Desapontados” era dizer pouco. Duas das garotas que não tinham sido escolhidas debulhavam-se em lágrimas e soluçavam, com as cabeças deitadas nos braços. Tadinhas.
Quando Fleur Delacour também desapareceu na câmara vizinha, todos tornaram a fazer silêncio, mas desta vez foi um silêncio tão pesado de excitação que quase dava para sentir seu gosto. O campeão de Hogwarts era o próximo.
E o Cálice de Fogo ficou mais uma vez vermelho e jorraram faíscas dele, a língua de fogo ergueu-se muito alto no ar e de sua ponta Dumbledore tirou o terceiro pedaço de pergaminho.
— O campeão de Hogwarts... — anunciou ele — é Cedrico Diggory!
Não! — exclamou Rony em voz alta, mas ninguém o ouviu, exceto nós. A gritaria na mesa vizinha era grande demais. Cada um dos alunos da Lufa-Lufa ficou de pé, gritando e sapateando, quando Cedrico passou por eles, um enorme sorriso no rosto, e se encaminhou para a câmara atrás da mesa dos professores. Na verdade, os aplausos para Cedrico foram tão longos que passou algum tempo até que pudéssemos ouvir Dumbledore novamente.
sorriu em consideração, mas o resto da mesa em que estávamos permaneceu reclamando.
— Excelente! — exclamou Dumbledore, feliz, quando finalmente o tumulto serenou. — Muito bem, agora temos os nossos três campeões. Estou certo de que posso contar com todos, inclusive com os demais alunos de Beauxbatons e Durmstrang, para oferecer aos nossos campeões todo o apoio que puderem.
Após Dumbledore finalizar as instruções, vimos algumas cabeças correrem para parabenizar os escolhidos. Eu e , por sermos mais próximas dos alunos da Lufa-Lufa, fomos convidadas para a festa de comemoração que fariam agora. Por estarmos tão cansadas, recusamos. Preferimos voltar com nossos amigos para o Salão Comunal da Grifinória mesmo.
Fred e George sumiram com Lino Jordan e acabamos perdendo Harry e Rony de vista, então aproveitei o momento para conversar com as meninas.
— Ei, sabem que os gêmeos querem abrir uma loja depois da escola, né? — perguntei e as quatro concordaram. — Eles queriam usar o prêmio do Torneio para isso… Por isso tentaram tanto participar. Esses dias, nós conversamos e eles estavam chateados por continuarem longe de conseguir o suficiente. Fiquei pensativa e, então, queria pedir a ajuda de vocês para tentarmos ajudar de alguma forma.
Asnice — Mione falou a senha e então passamos pelo buraco do quadro. Nos sentamos em uma das mesas perto das escadas. — Eu topo ajudar! Acho que podíamos fazer como se fosse uma mesada. Estipulamos uma quantidade e todo mês colocamos o dinheiro em uma caixinha…
— E podemos entregar quando eles se formarem. Se dermos antes, eles vão querer desistir da escola — Gina completou e eu ri. — Mas eu amei, é perfeito!
— O que é perfeito? — Harry perguntou, se sentando ao lado de Gina, enquanto Rony se sentava ao lado de Mione.
— Chegaram na hora certa — comentou.
Expliquei todo o plano para os dois, que também toparam na hora participar. Fiquei realmente feliz por ajudá-los com algo tão importante. Sabia que mil galeões era muito, mas de pouquinho em pouquinho, iríamos conseguir. E eles ainda estavam no quinto ano, o que significava que tínhamos tempo para pensar em mais coisas também.
O resto do domingo foi tranquilo. Na verdade, todos estavam ocupados demais fazendo as diversas tarefas que os professores passaram durante a semana, então não foi algo super animado.
Infelizmente, meus melhores amigos estavam igualmente atarefados. Por isso, não vi Fred tanto quanto eu gostaria, o que era ainda pior porque meus pensamentos durante a pausa para o café da manhã e almoço só me levavam para a noite de filmes, me fazendo ter sérios problemas de foco.
Portanto, enquanto estudava, não tive tempo para pensar nele, em suas mãos, ou no filme que mal tinha prestado atenção.
De qualquer forma, passamos a noite no Salão Comunal e subimos para o dormitório assim que o relógio indicou onze horas, enquanto eu torcia mentalmente para que o dia seguinte fosse melhor.

POV’s
Não que eu algum dia tenha cogitado Adivinhação como uma de minhas matérias favoritas, mas eu até gostava do conceito das aulas. Assim que entramos na sala, meus olhos demoraram alguns segundos para se acostumar com a fraca luz que iluminava o ambiente. As cortinas das janelas estavam fechadas e os vários abajures estavam cobertos com xales vermelho-escuros.
O calor sufocava e a lareira acesa sob um console cheio de objetos desprendia um perfume denso, enjoativo e doce ao aquecer uma grande chaleira de cobre.
Havia, no mínimo, vinte mesinhas circulares juntas ali, rodeadas por cadeiras forradas de chintz e pequenos pufes estofados. As prateleiras em torno das paredes circulares estavam cheias de penas empoeiradas, tocos de velas, baralhos de cartas em tiras, incontáveis bolas de cristal e uma imensa coleção de xícaras de chá.
— É bom revê-los, queridos. Hoje, vamos focar na leitura dos chás — a professora Trelawney falou assim que passamos pela porta no chão. — Será, querida, que você poderia me passar o bule de prata maior?
Ela se dirigiu à Lilá, que estava mais próxima da prateleira e apanhou um enorme bule, o colocando na mesa diante dela.
— Obrigada, querida. Agora quero que vocês formem pares. Apanhem um bule de chá na prateleira e tragam-no aqui para eu encher. Depois, se sentem e bebam, bebam até restar somente a borra. Sacudam a xícara três vezes com a mão esquerda, depois virem-na, de borda para baixo, no pires, esperem até cair a última gota de chá e entreguem-na ao seu par para ele a ler. Vocês vão interpretar os desenhos formados, comparando-os com os das páginas cinco e seis de “Esclarecendo o Futuro”. Vou andar pela sala para ajudar e ensinar cada par.
Mione não era a maior amante da Adivinhação. Na verdade, ela era péssima, mas tinha vergonha de admitir que estava quase arrancando os cabelos por ir mal nas aulas. Assim, combinamos no ano passado de que ela se sentaria com . Eu, até então, estava acostumada a fazer dupla com Neville, por isso, quando entrei, fiquei surpresa ao ver que o único lugar vago não era do seu lado, e sim de outra pessoa: Draco.
Respirei fundo, sem saber exatamente como agir. Estava em um misto de nervosismo e ansiedade, mordendo os lábios e torcendo os dedos conforme caminhava até o pufe desocupado.
Sem sombra de dúvidas, era a sala de aula mais confortável de Hogwarts.
Não tinha visto Draco desde antes de ontem, quando nos beijamos praticamente a noite toda, o que explicava porque estava tão tensa. Sentei-me ao seu lado, sem o encarar diretamente, e tentei me acalmar. Passei o domingo tão ocupada com as lições que mal tive tempo sequer para pensar nisso, mas, agora, estando ao seu lado, era impossível.
Impossível esquecer dos seus lábios macios deslizando pela pele alva do meu pescoço. Da palma da sua mão fortemente pressionando minha cintura. Dos suspiros que ele soltava em meu ouvido quando eu puxava seus fios loiros levemente.
Foco, , foco.
A quantidade de velas aromatizadas no ambiente fechado deixava a sala com um cheiro agradável, porém — e eu não sabia se era por estar acostumada ou porque realmente estava forte — tudo que conseguia inalar era o perfume dele. Draco sempre usava a mesma fragrância, era basicamente como se ele reivindicasse para que aquele cheiro fosse uma característica inata a seu ser.
Minha tentativa de fingir que nada aconteceu foi por água abaixo quando vi, pelo canto do olho, o garoto me encarando atentamente.
— Você está bem? — ele perguntou, abaixando o tom de voz.
— Uhum, tô sim — respondi, virando a cabeça e olhando-o nos olhos.
— Tem certeza? Você está estranha… — questionou, parecendo estar ressentido. Um sentimento estranho me preencheu quando percebi a preocupação genuína em sua fala.
No entanto, aquele não era o momento propício para conversarmos sobre esse assunto. Principalmente porque Harry nos encarou com aquela cara de quem não estava gostando, o que me deixava incomodada. Sabia que não deveria ligar tanto para aquilo, porque eu estava gostando de conversar com Draco de forma não agressiva, mas era impossível que eu evitasse me sentir assim.
Era meu melhor amigo e o cara que ele odiava.
O qual eu tinha passado incontáveis minutos desfrutando do gosto da sua boca duas noites atrás. E isso deveria ser errado, mas não parecia.
— Podemos conversar depois da aula? Não quero falar sobre isso agora — pedi, voltando a prestar atenção na professora Trelawney.
Através da visão periférica, pude vê-lo concordar com a cabeça. Meus ombros relaxaram e abri o livro “Esclarecendo o Futuro”, pronta para tentar compreender as hipóteses das previsões da aula de hoje, enquanto tomava um gole do chá quente.
A madrugada de ontem foi agitada, apesar de eu ter passado longe de Draco. Chamei e viramos a noite juntas, conversando. Ok, vamos lá, iria tentar explicar. Eu nunca tive qualquer problema em ficar com algum garoto, mesmo que fôssemos de casas diferentes. Até incentivei mil vezes minha irmã a seguir em frente com Adrian.
A questão era que eu não me apaixonava fácil. Provavelmente, a maioria das vezes que senti isso foi por algum cantor ou ator… E eu simplesmente estava sentindo as mesmas coisas por Draco, o que, em modos gerais, era uma droga.
me fez assumir isso quando comentei que simplesmente não conseguia pensar em ninguém além dele, e isso estava me consumindo. Contei também sobre o nosso encontro na noite de filmes e como eu havia me sentido. Ainda sentia raiva dele, mas não como antes, quando o motivo era o fato de que ele agia como um idiota. Sentia porque ele tinha se aproximado de mim, todo preocupado comigo, que me fez repensar em tudo o que acreditava.
Enfim, após horas e horas de diálogos que me fizeram enxergar melhor as coisas e dar nome aos fatos — o que eu não gostava exatamente de fazer porque, na minha cabeça, se eu não soubesse explicar, então eu não estava sentindo, logo, não era real.
Mas, inferno, eu não poderia mais negar o quanto queria passar o máximo tempo possível com ele. Nem que fosse para organizar qualquer lugar de Hogwarts…
E, depois de bastante discussão, percebemos que o ideal para que eu pudesse seguir em frente era conversar sobre isso com Malfoy. Precisava alinhar minhas próprias expectativas sobre as deles. Sendo sincera, eu estava suando frio e sentindo um arrepio em minha espinha de cinco em cinco minutos.
Draco, apesar de sempre ter sido mais na dele durante esses anos, se envolveu com diversas garotas daqui. Pelo que diziam, ele sempre foi aberto sobre o que queria de cada uma, então era realmente difícil ouvir reclamações, o que era um milagre, pois a maioria dos garotos do nosso ano eram bem babacas. Eu apreciava isso, também era assim com os meninos que já me envolvi.
De qualquer forma, eu precisava saber o que estávamos fazendo. Se eu era só mais um caso para ele ou…
Suspirei, mordendo os lábios.
Estava tão distraída pensando que quase pulei do meu assento quando senti a mão quente apertar levemente minha coxa desnuda, aquietando minha perna, que balançava sem parar. Eu usava a típica saia escolar que subia um pouco sempre que me sentava.
— Sobre o que quer falar, então? — Draco sussurrou mais perto, olhando para mim por dois segundos antes de desviar o olhar e fazer alguma anotação com a mão direita, que estava livre, em seu caderno.
Entreabri os lábios, deixando um leve e baixo suspiro escapar conforme seus dedos roçavam na parte interna de minha pele e deixando uma sensação gostosa pelo carinho.
Não era necessário falar o quanto meus batimentos cardíacos aceleraram, né? Isso estava acontecendo frequentemente.
O que está fazendo?” escrevi na ponta de seu caderno. O meu ainda estava fechado, então aproveitei o pedaço de folha branca para questioná-lo.
O que acha que estou fazendo, ?
“Draco, estamos no meio da aula.”
Revirei os olhos, tentada a permanecer ignorando sua mão — como se fosse possível — e prestar atenção no bule de chá. Ele subia e descia, arrastando a palma áspera pela minha perna, a saia cobrindo seus movimentos leves.
“Quer que eu pare?”
Apertei os olhos, relendo a frase pela terceira vez, sem saber exatamente o que responder. Era óbvio que eu não queria que ele parasse. De modo algum. O carinho que Draco fazia na minha perna era gostoso e eu gostava da forma como ele me tocava. Minhas bochechas queimavam. Havia algo na possibilidade de alguém nos ver, ainda que não estivéssemos fazendo nada de “errado” ou cruzando os limites nesse toque.
Somente peguei a pena novamente para respondê-lo quando a velocidade, já lenta, diminuiu ainda mais e senti sua mão deixar de tocar minha coxa. Ele devia ter mal interpretado meu silêncio.
“Não.”
Draco sorriu levemente de lado e continuou o movimento, fazendo círculos em minha perna com o dedão, enquanto levava a xícara à boca e engolia o restante do líquido. O chá era concentrado, mas não era amargo, apesar de não conter um pingo de mel.
Seguindo as instruções previamente dadas, sacudi a xícara três vezes com a mão esquerda para, logo depois, virá-la com a borda para baixo. Esperei até que a última gota de chá caísse antes de entregar para Draco.
Ele fez o mesmo procedimento e passou com o pires. Certa parte de mim estava animada para ler o que as folhas gostariam de dizer para ele e, mais ainda, para ouvir o que elas diriam para mim.
Observei atenciosamente o desenho formado, tentando identificá-lo. Lembrava vagamente um dragão e conferi três vezes antes de afirmar para ter a certeza de que, sim, era realmente essa a criatura que as folhas secas indicavam. Folheei o livro até encontrar a descrição exata.
— Mudanças — li em voz alta, chamando a atenção de Draco.
— O quê? — ele perguntou, parecendo curioso.
— Eu vejo um dragão, aqui diz que significa mudanças — respondi, no exato momento em que a professora se aproximou e Draco tirou sua mão discretamente da minha perna.
— Muito bem, minha querida. Posso ver? — ela perguntou, tomando a xícara das minhas mãos e olhando atentamente para o seu fundo. — É isso mesmo, um dragão. Oh, eu diria que essas mudanças estão mais próximas de acontecer do que você imagina, querido. Preste muita atenção.
Draco me olhou, como se soubesse exatamente do que ela estava falando. Talvez eu também soubesse. O simples fato de estarmos conversando sem tentar nos matar já era uma mudança, né? Quer dizer, sentamos juntos durante uma aula inteira e, além de termos conversado sem qualquer ofensa ou competição envolvida, ele passou uma boa parte acariciando minha coxa.
Ou, sei lá, talvez isso não fosse sobre mim e eu precisasse parar de ser tão egocêntrica.
— Agora leia a da senhorita Voux, por favor — ela pediu e Draco concordou. Ele fitou a xícara e, ao contrário de mim, pareceu ter identificado rapidamente a forma porque começou a procurar no livro o significado em seguida. Mordi o lábio inferior enquanto o observava, aguardando ansiosa.
— A forma é um triângulo — ele disse, conferindo no livro o significado. — Significa um aconteci…
— Acontecimento inesperado. Isso mesmo! — a professora parecia verdadeiramente feliz com a nossa leitura. — Ora, vejamos… — ela falou, tirando a xícara das mãos de Draco assim como fez comigo. — Vai ser uma noite interessante para você, querida.
Essa noite?
Ouvi tantas vezes que a professora Trelawney era doida que me perguntei se deveria levar isso a sério ou não. Ela já deu tantas previsões aleatórias para os alunos que os assustaram tanto e, no final das contas, o significado era bem mais amplo e nem um pouco aterrorizante.
Era nisso que eu queria acreditar.
O problema era que eu era obcecada com essas coisas, então sabia que passaria o restante dos próximos minutos, até a chegada da noite, tentando prever qual seria o acontecimento inesperado.
Pedi a Merlin que não permitisse que fosse algo horrível.
— Obrigada, professora — respondi quando percebi que estava em silêncio por tempo demais. A mulher com grandes óculos concordou com um sorriso e retornou ao centro da sala.
— Agora que passei por todas as duplas, vou explicar a próxima tarefa. Como falei na nossa primeira aula, vamos entender profundamente sobre sonhos e seus significados mais para frente. Por isso, quero que escrevam todos os sonhos que tiverem durante uma semana, com todos os detalhes que lembrarem para que, na nossa próxima aula, possamos analisar e ter uma resposta concreta — ela explicou. — Estão liberados, queridos.

***

— Finalmente essa aula acabou! — Mione disse, assim que nos encontramos com Gina no Salão Comunal no fim da tarde. — Estava doida para contar uma coisa para vocês…
Nos sentamos em frente a lareira após guardar os livros em nosso dormitório.
— Por isso você estava tão agitada hoje? — perguntou e eu me lembrei de como Hermione não parou quieta durante as aulas. Ela normalmente aproveitava cada segundo das aulas, mas hoje parecia que não aguentava mais ficar nas salas.
Mione apenas balançou a cabeça positivamente, sorrindo.
— Você está me deixando ansiosa — Gina resmungou, parecendo curiosa para saber. Concordei e vi Hermione olhando ao redor, provavelmente conferindo se todos estavam longe o suficiente.
— Eu conversei com o Krum na noite dos filmes — ela sussurrou. Tive que me aproximar para ouvir melhor e então sacou a varinha, murmurando “Abaffiato”. — Obrigada. Bom, então… Foi ótimo! Eu fiquei surpresa, inclusive. Ele me passou segurança e foi super fofo, disse que só faria algo se eu realmente tivesse certeza disso, e que seria uma honra ser o meu primeiro. Uma honra! Acreditam nisso?!
Ela parecia tão feliz com o resultado daquela conversa que eu fiquei animada por ela.
— E então combinamos de que eu dormiria no dormitório dele essa noite — ela finalizou, nos encarando, com um sorriso. Eu, e Gina estávamos tão eufóricas quanto Hermione agora.
— E como você está se sentindo? — perguntei.
— Nervosa, mas muito feliz. Não consigo pensar em mais nada! Ainda nem decidi com que lingerie eu vou… — ela respondeu, parecendo pensativa.
— Ah, mas vamos te ajudar com isso agora! falou, se levantando. — É bom aproveitarmos esse tempo, porque depois do jantar eu e Gina temos treino de quadribol. Vamos?
Hermione se levantou no mesmo segundo, assim como eu e Gina. Subimos para o dormitório e lá tiramos praticamente todos os conjuntos que Mione tinha guardados para decidirmos qual seria o escolhido. Aquilo virou praticamente um evento! Passamos o fim de tarde todo opinando e dando dicas para ela se preparar.
Após o jantar, nos separamos. Hermione foi se encontrar com Viktor, e e Gina foram para o treino. Eu, por outro lado, decidi me deitar um pouco. Estava cansada com a rotina cheia e ter o dormitório só para mim era algo difícil de acontecer, tinha que aproveitar. Talvez esse fosse o acontecimento inesperado que a professora Trelawney falou em sua aula.
Ri sozinha em como acreditei na borra de um chá.
Tinha acabado de colocar meu pijama e estava dobrando minhas roupas usadas antes quando visualizei pelo canto do olho algo branco em minha cama. Confusa, cheguei mais perto até perceber que era um pergaminho. Bom, uma pequena parte rasgada.
Me encontre na Sala dos Troféus às 11 p.m.
— D.M.
Li ao menos cinco vezes a frase minúscula escrita no papel velho. Mordi o lábio, pensativa. Minha ansiedade estava me corroendo por dentro, sabendo que talvez fosse o momento de me abrir sentimentalmente.
Ele tinha dito mesmo na aula que queria conversar comigo, mas, pelo horário, achei que havia desistido e deixado para amanhã, imaginando que seria impossível nos encontrarmos nessa hora. Sei lá, madrugadas eram perigosas para se falar sobre algo íntimo.
Pensei imediatamente que talvez fosse bem inesperado para ele. Se ele tivesse me chamado para ficarmos um pouco, seria um balde de água fria confessar que comecei a gostar dele.
Praticamente guardando o pânico que sentia dentro de mim, analisei os prós e contras da situação e percebi que o mais viável seria ver Malfoy agora. Arrancar o mal pela raiz e torcer para que a situação fosse favorável a mim…
Com as mãos levemente trêmulas, vesti o moletom sobre a regata e fui encontrá-lo.

POV’s
Faltavam vinte minutos para o treino quando eu decidi encontrar George e Fred, assim poderíamos ir juntos até o campo. Gina, que até então sempre me acompanhou, dessa vez disse que encontraria com Dino e saiu quase que no mesmo segundo em que entramos no quarto. Pelo jeito, ele havia, finalmente, decidido conversar com ela.
Vesti uma roupa confortável, prendi meu cabelo em um rabo e fui ao dormitório deles. A porta estava entreaberta e eu estava prestes a bater, já que não tinha capacidade suficiente para aguentar a visão caso algum colega de quarto deles estivesse se trocando — ou fazendo algo pior —, quando ouvi suas vozes.
Eu não gostava de bisbilhotar para ouvir o que meus amigos falavam, mas a curiosidade me venceu dessa vez. Não precisei me mover porque conseguia escutar muito bem de onde estava, mas tentei fazer o mínimo de barulho possível.
— Falando nisso, como vocês estão? — Não precisava vê-los para saber que George quem fez a pergunta. A voz dele era um pouco mais suave, enquanto a de Fred era mais rouca.
— Ah, ficamos algumas vezes, mas eu percebi que não estou tão a fim dela assim, sabe? — Fred respondeu, seguido por um suspiro.
— Com certeza sei
— o outro ruivo disse, rindo. — Então significa que você não quer mais?
— É, eu não quero mais
— Fred concordou. — Mas ainda preciso conversar com ela sobre isso. Seria chato se atrapalhasse nossa amizade.
Como é que é?!
Bom, ele poderia ter pensado nisso antes de dar em cima de mim! Ou, ainda, antes da noite do filme, onde Fred me fez… Bom, ele fez o que fez. Era sacanagem ele falar esse tipo de frase quando dizia que queria mesmo só ter ido comigo, sério.
— Verdade. Vocês se vêem todos os dias, estão quase sempre juntos, e não é só isso, né, também estão no mesmo time. Seria estranho…
— Exatamente. Sem contar que eu estou a fim de outra pessoa agora e a nem sabe disso tudo.
Eu tremia de raiva. Como Fred poderia estar gostando de outro alguém e, ainda sim, ter ficado comigo nas noites anteriores?
Nunca esperaria esse tipo de atitude dele, e muito menos que George soubesse e não falasse nada. Isso era tão ridículo e injusto comigo.
Minha vontade era de arrastá-los pelos cabelos e jogá-los na Floresta Proibida para que se virassem achando um jeito de voltar daquele lugar. Senti a garganta arranhada conforme engolia em seco. Tudo o que eu pude fazer foi me afastar da porta e caminhar até o campo de treino pelo caminho mais demorado.
Precisava pensar no que tinha acabado de escutar, mas estava com tanta raiva que só decidi me sentar em algum lugar porque minha visão ficou embaçada e meus olhos encheram de lágrimas.
Como ele podia fazer uma coisa dessas?!
Fiquei por tanto tempo ali, completamente presa nos meus pensamentos, que até esqueci do motivo que me levou a tudo isso, o treino. Ao encarar o relógio, vi que faltavam apenas três minutos e saí correndo. Não queria encontrar com nenhum dos dois, mas infelizmente isso não era uma opção agora. Revirei os olhos, disposta a ignorá-los o máximo possível.
Harry, Gina, Rony, Fred e George olharam em minha direção assim que apareci. Cheguei na hora exata. Nem um minuto atrasada e nem um adiantada. Provavelmente não estava com a melhor cara, porque minha amiga se aproximou e sussurrou do meu lado.
— Você está bem? — Gina perguntou, enquanto Angelina falava sobre o treino de hoje.
— Não. Depois explico melhor — respondi no mesmo tom, reprimindo uma careta e um resmungo, e ela concordou com a cabeça.
Saí de perto da ruiva e comecei a me alongar, sozinha com meus pensamentos.
Descontei tudo que estava sentindo naquele treino.
E não era exagero dizer isso. Eu realmente dei tudo de mim, o que nem fazia sentido porque não teríamos um jogo nos próximos dias, era apenas um treino de rotina, para não perdermos a forma.
Mas, se alguém me achou agressiva demais, não ousou me interromper em momento algum.
Estava com raiva de mim mesma por ter chegado nesse ponto. Não devia ter comentado nada naquela noite. Não deveria ter deixado ele me beijar, muito menos me tocar tão intimamente. E, pior de tudo, estava furiosa com Fred por ele não ter o mínimo de noção. Quase dormimos juntos no outro dia!
Que ódio.
Marchei praticamente batendo os pés até chegar no vestiário que, como sempre, estava completamente vazio. Mesmo contando com dois chuveiros separados por cortinas, era para qualquer um dos jogadores de quadribol, independente do sexo. Por isso e por ser minúsculo, ninguém nunca tomava banho ali.
Mas eu estava tão suada e cansada para atravessar todo o campo e andar para o banheiro dos dormitórios, onde costumava me limpar, que decidi tomar um banho ali mesmo, pelo menos para deixar de me sentir nojenta.
Tirei as roupas rapidamente, guardando dentro da mochila enquanto colocava as limpas sobre um banquinho e, sem perder mais tempo, liguei o chuveiro, sentindo a água acalmar meus ânimos e desfazer os nós das minhas costas, formados devido a tensão que sentia.
Após o banho mais calmo e demorado da minha vida, me enrolei na toalha e andei até o grande espelho. Utilizei outra toalha, um pouco menor que a do corpo, para secar levemente o cabelo. Há alguns anos, descobri um dos feitiços mais úteis que eu e poderíamos saber: um que secasse o cabelo em instantes. Então, como grandes odiadoras de sentir o cabelo grudando nas costas, seria impossível esquecê-lo.
No entanto, antes que eu sequer pudesse deixar a toalha de lado e começar a me vestir, a porta do vestiário abriu, revelando uma silhueta que eu conhecia muito bem.
— O que você quer? — perguntei. Fred franziu as sobrancelhas com o tom da minha fala. Eu sabia que ele estava pensando se havia feito alguma coisa para me deixar irritada. O que também me irritou. Qual é, como se fosse difícil saber que agiu igual um babaca!
— O que aconteceu? — ele se aproximou em passos lentos, como se estivesse ciente de que eu explodiria a qualquer minuto.
“O que aconteceu?” — repeti, demonstrando minha indignação. — É sério?
Eu não queria que ele visse o quão nervosa estava, então peguei a escova, deixada em cima da pia, e comecei a pentear os cabelos para não demonstrar a tremedeira leve. Eu simplesmente não sabia lidar com esse tipo de situação e meu corpo descontava isso em tremores — o que era patético.
, eu não faço ideia… — ele recomeçou a falar, mas interrompi antes que continuasse.
— Por Merlin! Olha bem nos meus olhos e diz novamente que não faz ideia — exclamei, o encarando. — Eu ouvi tudo, ok? Não precisa mais continuar me enganando. Mas, se você me usou somente para ignorar o fato de que não está com a garota que você quer, eu juro que vou quebrar sua cara no meio!
— Te usar? Do que você tá falando, ? Isso nem faz sentido! — ele disse, passando as mãos nos fios de cabelo, parecendo confuso.
— Eu te ouvi, Fred! Fui lá chamar vocês e… ouvi você e George conversando no quarto. Somos amigos há tantos anos e vocês realmente fizeram isso comigo?! Eu não acredito, sério.
E eu explodi.
Comecei a chorar. As lágrimas que eu tanto segurei começaram a escorrer pela minha cara. De ódio, tristeza e todos os sentimentos negativos acumulados em meu peito.
Eu estava decepcionada.
Fred, ao contrário do que eu esperava, se aproximou mais ainda, silenciosa e lentamente, tentando me abraçar. Me esquivei, mas quando ele pegou minha mão e segurou contra a sua, foi o que me quebrou e me fez desistir de não deixar que ele me tocasse.
Ele me puxou para um abraço, meu rosto sendo pressionado contra seu corpo e sua mão alisando meu cabelo molhado, me acalmando. Eu detestava essa sensação, era tão dolorosa e, para piorar, Fred não facilitava em nada. Porém, eu não tinha mais força alguma para continuar me afastando.
— Vai embora ficar com quem você realmente quer e não fale mais comigo — eu disse, praticamente sussurrando. A voz rouca e embargada me deixava em uma situação duplamente ridícula.
— Bom, se eu ficar com quem quero, não vou poder deixar de falar contigo — Fred disse, levantando meu rosto e encarando-me sério.
— Isso não faz sentido.
— Lógico que faz. Se você tivesse ouvido direito e pensado um pouco melhor, teria percebido claramente quem eu quero — ele respondeu, acariciando minha bochecha com o polegar. Suspirei, tentando não me render ao toque macio de sua pele.
— E quem você quer? — perguntei, cansada.
Você.
Meus olhos encararam os seus instantaneamente, seus dedos limpando o restante de minhas lágrimas. Eu não deveria ter ouvido direito. Acho que voar tanto entupiu meus ouvidos, porque não havia a mínima justificativa para essa resposta.
Paralisei. Choque seria a palavra ideal para me descrever.
— Merda, , eu quero tanto você. Só você.
Antes que eu tivesse qualquer tempo para pensar, os lábios de Fred pressionaram os meus com tanta veracidade que eu suspirei contra sua boca.
Ele me queria.
Ainda que eu pudesse desconfiar de sua frase e pensar que tudo poderia ser um mero joguinho comigo, o jeito que seu corpo se pressionava contra o meu conforme sua língua percorria minha boca afirmava que ele me queria.
Oh, ele realmente me queria.
Depois de assimilar a situação, fui capaz de retribuir na mesma intensidade. Percebi que as coisas eram assim com a gente, intensas. Se algo acontecesse ao nosso redor, seria impossível notarmos porque estaríamos ocupados demais desfrutando do sabor do outro.
Seus dedos escorregaram pelos meus fios, puxando minha cabeça, quase um procedimento comum entre nós. Eu sentia o nó dos meus dedos ficarem brancos ao apertar seus ombros. Segundos depois, senti minha pele parcialmente descoberta encostar na parede do vestiário. Entrelacei minhas pernas em suas costas assim que ele me impulsionou para cima, me segurando em seu colo enquanto se esfregava contra mim.
Durante esse processo, a toalha subiu e se embolou em minha barriga, me deixando completamente nua dessa parte para baixo. O atrito de suas roupas contra minha intimidade me fez gemer e puxar seus fios ruivos com força.
Quando senti seus dentes contra meu pescoço, pressionando minha pele enquanto desciam, me mexi, friccionando ainda mais nossas intimidades, separadas pelo tecido de sua roupa.
— Porra, você não faz ideia do quanto eu quero te foder agora.
Ele que não fazia ideia do quanto eu o queria.
— Eu não vou te impedir — respondi, extasiada, vendo seu olhar faminto enquanto me encarava com fervor. Quase me contemplando.
Sem perder tempo, Fred me impulsionou mais para cima ainda, segurando-me somente com uma mão e usando a outra para abaixar a calça. Salivei em antecipação, sentindo a ansiedade se manifestar através do frio em minha barriga — que estava se tornando cada vez mais uma sensação comum quando estávamos juntos.
Respirei fundo, me preparando mentalmente para o que aconteceria em seguida.
? É você que está aí dentro?
O grito de Gina do lado de fora do vestiário veio como um tapa na minha cara. Um balde frio que trouxe minha consciência de volta. Arregalei os olhos ao mesmo tempo em que Fred me encarou, parecendo completamente indignado.
— Não é possível que ela só apareça nesses momentos… — ele resmungou, irritado, parando de tirar sua roupa no mesmo segundo. Eu teria rido se não tivesse sido tomada pelo desespero.
Desci de seu colo e não pensei duas vezes antes de empurrar Fred para trás da cortina, onde ficava um dos chuveiros.
— Fica aqui comigo — ele falou. Suas mãos seguraram meus quadris firmemente no mesmo segundo, me puxando para si, trilhando beijos pela pele alva do meu pescoço.
— Fred… — sussurrei piedosamente ao sentir seu toque passear até minha pele nua, por baixo da toalha.
Shi… — ele colou nossos lábios em um beijo demorado, enquanto seus dedos exploravam meu corpo, subindo mais e mais, até chegar em meus seios e deixar o pano, que até então me cobria, deslizar diretamente até o chão. Os olhos cor de mel de Fred escureceram, me olhando com tanta atenção e desejo que eu quase cheguei a esquecer o que estava acontecendo.
E somente quase porque o barulho de passos ficava cada vez mais alto, indicando que a minha amiga estava se aproximando
— Claro que é, olha suas coisas aqui. Você já terminou?
— Estou me secando! — finalmente respondi, controlando minha respiração. — Não quer me esperar no Salão Comunal? Te encontro lá… — falei rápido, enquanto reprimia um gemido. Os dedos de Fred agora circulavam carinhosamente ao redor dos meus mamilos, enquanto sua língua descia de meu pescoço, passando pelo meu colo até encontrar meu seio direito.
Mordi o lábio fortemente, suprimindo o gemido que queria dar enquanto ele sugava cada área de meu seio.
— Na verdade, queria aproveitar que estamos longe dos meninos para perguntar se você está melhor. Me conta, o que aconteceu hoje? Você chegou com uma cara péssima no treino e todo mundo percebeu… Precisei disfarçar quando vieram me perguntar e dizer que você só estava com fome, porque todo mundo sabe como você fica quando não come o suficiente.
Merda.
Logicamente, eu não podia culpar Gina por me fazer companhia e querer conversar durante o banho. Nós sempre fizemos isso e seria estranho se dessa vez ela me escutasse e voltasse para o castelo. Sabia que ela ficaria ali comigo até eu sair daquele chuveiro e contar minhas mágoas.
Em qualquer outra situação, acharia sua atitude admirável. Gostava muito dessa parte da nossa amizade. Mas, no momento, estava sendo um problema.
Era inegável que, se dependesse de mim, não sairia daquele chuveiro até que Fred cumprisse com o que disse. Porém, seria impossível fazer tudo o que queria sem que Gina estranhasse e viesse me puxar pelos cabelos.
E eu não estava exatamente disposta a deixá-la saber o que estava acontecendo.
O pior de tudo era que eu não conseguiria contar o quanto estava puta com seu irmão porque ele estava aqui, dando atenção para meu outro seio, chupando-o com tanta vontade que eu saberia que deixaria marcas.
— Hm… — fechei os olhos, tentando formular minha resposta. — Quando fui chamar seus irmãos para o treino, ouvi Fred dizendo que está a fim de uma pessoa e eu fiquei chateada porque, bom… — contei. Mordi o lábio inferior para não gemer ao sentir seus dentes roçando levemente na parte mais sensível do meu seio.
Puxei seus fios de cabelo, aprovando seu comportamento. Em resposta, ele apertou minha bunda.
Ah! — ela riu, parecendo ter entendido tudo muito mais rápido que eu. — Você está a fim dele! Finalmente admitiu isso para si mesma… Mas ele falou quem?
— Ele não… hm… Ele falou que eu nem sabia disso tudo, então eu liguei uma coisa na outra e…
— E então saiu chateada de lá sem saber se era isso mesmo? Bom, nem precisa responder, eu sei que foi exatamente assim.
Franzi as sobrancelhas ao ouvir sua resposta, ignorando completamente a risada quase inaudível de Fred.
— Não entendi por que é tão óbvio pra você — resmunguei.
— Porque é óbvio que você é a pessoa que ele está a fim e entendeu tudo errado.
Não sabia o que responder, ao contrário de Fred, que subiu sua boca para perto do meu ouvido.
— Quer que eu te prove isso? — ele sussurrou, afastando o rosto o suficiente para que eu conseguisse olhar em seus olhos, e então se ajoelhou.
Vê-lo se ajoelhar em minha frente, enquanto arrastava suas mãos por minhas coxas, me fez perder completamente a noção do tempo. Simplesmente não conseguia tirar minha atenção daquela imagem e tinha certeza que sonharia com ela.
— Você acha? — perguntei para Gina, antes que ela percebesse minha falta de resposta.
Sem se importar que o chão ainda estava úmido devido ao banho que tomei anteriormente, Fred me deu um olhar com tanta luxúria que engoli em seco, a boca entreaberta enquanto eu respirava forte, presa em nossa pequena bolha.
Oh, Merlin.
— Eu tenho certeza, o conheço bem o suficiente para saber disso há um tempo… — ela confirmou. — Mas agora você já está melhor, né?
Levantando minha perna esquerda, Fred a posicionou sobre seu ombro, me deixando o mais aberta possível. Um arrepio percorreu minha espinha quando ele lambeu metade da extensão da minha perna, sua boca chegando cada vez mais próximo da minha intimidade, que pulsava de excitação.
Os dedos que estava em minha bunda apertaram-na uma última vez e não demoraram em passar pela minha cintura, descendo até encontrarem seu destino. Molhada era pouco. Estava ensopada.
E Fred sorriu ao sentir isso, deslizando lentamente os dedos pela minha carne. Sua boca inquieta me deixava ainda mais excitada e, na terceira vez que ele sugou a parte interior de minha coxa, pressionei minha própria mão contra a boca para não gemer alto.
— Aham… — não conseguiria pronunciar nenhuma palavra naquele momento, então concordei com um resmungo.
— Bom, menos mal. Mais cedo você parecia que ia enfiar um balaço na garganta de quem chegasse pert…
— Gina, você está aí sozinha? Posso entrar para conversar? — Minha amiga parou de falar assim que ouviu a voz de Harry fora do vestiário.
Não! Eu já vou sair… — ela gritou de volta. — , eu já volto, tá legal?
Aquilo estava virando uma bagunça, mas, sinceramente, eu nunca fiquei tão feliz ao ser interrompida por Harry.
— Claro — falei, completamente aliviada por saber que ela sairia por alguns minutos.
Assim que Gina saiu do vestiário, suspirei alto.
Com o indicador e polegar, Fred massageou meu ponto mais sensível, sentindo o quão molhada eu estava. Não conseguia desviar o olhar, hipnotizada. Seu toque era maravilhoso, preciso e leve.
Fred… — gemi.
Quando Fred desistiu de usar as mãos e me presenteou com sua boca, tive que segurar o gemido alto que queria dar, sentindo meus lábios arderem com a força que os mordia. Minhas unhas arranhavam seu ombro, incentivando-o. Sua língua quente em minha intimidade molhada me fez revirar os olhos, tamanho era o prazer que me proporcionava. O mais simples movimento de deslizar me deixava em chamas, acelerava ainda mais meu peito e me deixava desesperada. Eu precisava de mais.
Meu Deus, ele era incrível fazendo isso. Meu peito subia e descia rapidamente, tentar controlar a respiração era inútil.
Abafei meu maior grito quando ele decidiu que seria uma boa ideia introduzir dois dedos em mim. E foi, eu estava sendo motivada de tantas formas. A combinação de seus dedos e sua boca com minha intimidade era de tirar o fôlego, seus movimentos eram sincronizados. Minha mão esquerda ainda segurava o cabelo de Fred, ele não podia parar.
Não havia dúvidas de que minha boca ficaria roxa depois disso.
Fui praticamente obrigada a fechar os olhos ao sentir os espasmos que eu tanto esperava tomarem conta de meu corpo. Passei meus dedos pelos seus fios com firmeza, o que serviu de sinal para que ele aumentasse seus movimentos com a língua, fazendo minhas pernas tremerem.
Gemendo seu nome, me inclinei para frente e joguei a cabeça para trás, sentindo o orgasmo avassalador me derrubar. Fred não demorou para alcançar minha boca com a sua e, como se possível, percebi que foi com mais desejo ainda.
Uau.
Nos afastamos e o vi fechando os olhos no momento em que passei minha mão delicadamente por seu rosto. Ergui minha cabeça para beijá-lo novamente. Céus, eu passaria horas e mais horas com ele.
— Prometo que te recompenso depois — falei, entre os selinhos que dava em seus lábios.
— Eu vou cobrar — ele falou, me encarando com um sorriso de lado, enquanto passava o polegar na minha bochecha.
Me troquei na velocidade da luz, beijando Fred uma última vez, e saí do local, cruzando os dedos enquanto torcia para que minhas pernas funcionassem e que Gina acreditasse que a vermelhidão em meu rosto tivesse sido resultado do vapor proveniente da água quente.


Capítulo 11

Fred POV’s
Gina sempre foi minha favorita — apesar de ser, sim, a única irmã mulher que eu tinha —, mas eu jurei que a enforcaria se voltasse a nos atrapalhar outra vez. Eu sentia que ela tinha cronometrado todos esses momentos, não era possível.
Precisei esperar cerca de 15 minutos até sair do vestiário, achando ser tempo suficiente para que atravesse o campo com minha irmã e sumisse de vista.
Tudo bem, não foi por isso. Depois do ocorrido com , fiquei tão duro que, mesmo após minutos, não consegui me controlar. A dor estava me dominando e me vi obrigado a me aliviar, infelizmente, com minhas próprias mãos. Tudo o que conseguia pensar era em suas expressões enquanto segurava o grito, delirando enquanto eu me deliciava com ela.
era viciante.
Eu mal havia parado de tocá-la e não conseguia deixar de pensar em quando faria novamente. Foi com esse pensamento, repassando mentalmente sua imagem, que me aliviei no vestiário mesmo, apoiando o peso de meu corpo na parede com a mão, me forçando a permanecer em pé, ao passo que minhas pernas ficavam bambas.
Lamentei, querendo que ela estivesse aqui para ver o que fazia comigo.
Me recompondo, assim que terminei o que precisava fazer, voltei ao castelo, andando o mais rápido possível, dentro das minhas limitações, até o dormitório, pensando no que tinha ocasionado essa situação toda: minha conversa com George.

Flashback

— O treino é daqui meia hora, né? — perguntei, fechando meu caderno. Finalmente havia terminado a atividade de História da Magia. George apenas concordou com a cabeça. — Não podemos nos atrasar ou Angelina nos mata.
— Falando nisso, como vocês estão? — George perguntou, parecendo curioso.
Oh, a história entre Angie e eu era um pouco complicada. Sempre tivemos muito contato, até por sermos da mesma sala e termos entrado na equipe de quadribol na mesma época. E eu não era cego. Ela era muito bonita e divertida, todos sabíamos disso.
Nosso envolvimento começou há um bom tempo, não me lembro exatamente qual época, mas eu curtia ficar com ela. Até que percebi que ela curtia bem mais ficar comigo. O que era para ter sido exclusivamente beijos, começou a virar bilhetes trocados — e ela realmente ficava chateada comigo quando eu demorava para responder, o que nem fazia sentido já que não tínhamos uma relação definida, e eu deixei claro que não tinha interesse algum em namorar em Hogwarts.
Isso sem falar do ciúme que ela tinha de .
Angelina constantemente reclamava de nossa relação, dizendo que éramos mais próximos do que amigos deveriam ser e que eu não olhava para ela do mesmo jeito que meu irmão olhava. O pior de tudo era que eu nem ao menos tinha a capacidade de negar.
Quer dizer, qualquer namorada que eu tivesse ficaria incomodado com nosso nível de intimidade. Assim como qualquer namorado que tivesse também ficaria. Nossa relação era, de fato, um pouco… confusa de compreender. Mas eu gostava demais disso e não perderia por nada.
E, quando percebi que não mudaria isso por Angelina, soube que não iríamos para frente. O mínimo que precisava era ser sincero com a garota e acabar com tudo, porque ela sempre foi incrível comigo. Não era justo prendê-la nessa relação.
— Ah, ficamos algumas vezes, mas eu percebi que não estou tão a fim dela assim, sabe? — dei de ombros, suspirando.
— Com certeza sei — meu irmão respondeu, dando risada. — Então significa que você não quer mais?
— É, eu não quero mais — concordei. — Mas ainda preciso conversar com ela sobre isso. Seria chato se atrapalhasse nossa amizade.
— Verdade. Vocês se vêem todos os dias, estão quase sempre juntos, e não é só isso, né, também estão no mesmo time. Seria estranho…
— Exatamente. Sem contar que eu estou a fim de outra pessoa agora e a nem sabe disso tudo.
George sabia tudo sobre mim, assim como eu sabia tudo sobre ele. Então, ele sabia que tinha ficado algumas vezes com e como me sentia em relação a ela.
No entanto, quando o assunto era a garota, fizemos — eu, George e — um trato silencioso de não conversar exatamente sobre quem ficávamos. até sabia que eu e Angie ficamos uma vez, mas não acredito que ela saiba que fomos além disso, algumas vezes.
— Agora? Você sempre foi a fim dela, cara. Na verdade, achei até que demorou tempo demais para vocês ficarem — ele comentou, dando um sorrisinho. Internamente, concordei com ele. Demorou tempo mais que o suficiente. — Mas acho bom não me deixarem de vela. Quando estou dormindo, beleza, só que acordado já é demais.
Ri alto. Não sabia que ele tinha percebido naquela noite.
— Combinado. Mas vou ser sincero, é bem difícil porque você sempre está junto e ela é tão... Ai! — exclamei, cerrando os olhos. Tirei o travesseiro que ele havia acabado de jogar na minha cara e o joguei de volta, com mais força ainda, para provocar.
— Idiota — ele resmungou, rindo enquanto desviava do objeto. Revirei os olhos, mas sorri porque sabia que faria o mesmo estando em seu lugar.
— E então, por que você me fez todas essas perguntas sobre a Angie? Está interessado mesmo nela? — perguntei diretamente. Eles conversavam bastante e estavam cada vez mais próximos. Isso sem contar com a noite de filmes em que se sentaram juntos — apesar de George ter me contado que não rolou nada demais.
— Hm… é isso mesmo. Você se importaria se eu chamasse ela pra sair?
Aí estava. Eu sabia que tinha algo a mais com essa conversa.
— Claro que não, G. Na real, acho que vocês vão se dar muito bem juntos.
Era verdade. Eu não poderia ligar menos se eles saíssem, mas, de qualquer forma, gostei que ele falou comigo. Quer dizer, éramos assim, então não havia espaço para surpresas desagradáveis.
Eu sabia que ele jamais, sob hipótese alguma, ficaria com qualquer garota que eu tivesse um mínimo envolvimento sem conversarmos antes. E o bom era que eu não tinha o menor interesse em Angie.
George sorriu e eu percebi que ele estava aliviado.

Flashback


Ao relembrar o que conversamos, percebi exatamente o que escutou e, parando para pensar, consegui entender o porquê de ela ter ficado tão furiosa.
Vê-la chorar novamente por algo que eu fiz não era uma opção.
— O que aconteceu com você depois do treino? — George perguntou assim que entrei no dormitório. Não fazia ideia de quanto tempo havia se passado desde que encontrei com no vestiário, mas, pelo jeito, foi o suficiente para que meu irmão tomasse banho e deitasse em sua cama para dormir.
— Eu fui falar com a — respondi, e ele se sentou, parecendo curioso para saber o que aconteceu. — Ela estava muito puta comigo… e com você também, um pouquinho.
— E o que nós fizemos? — questionou, franzindo o nariz. Era engraçado que George estava tão acostumado conosco pisando na bola com outras pessoas que nem ao menos tentava se justificar mais. Ele simplesmente perguntava e tentava lembrar o que tínhamos feito.
— Essa é a questão. Ela veio nos chamar para o treino e ouviu partes da nossa conversa sobre a Angelina, mas achou que era sobre ela…
Ahh… — ele suspirou, parecendo ter entendido tudo. — É, agora fez sentido o olhar assustador que ela me lançou assim que o treino terminou.
Concordei com a cabeça, pegando minhas roupas no baú.
— Mas vocês se resolveram?
— Completamente. — Sorri. Memórias boas me atingiram e eu queria gemer ao lembrar da força que suas mãos apertaram meu cabelo para me pressionar contra si. Droga, eu precisava me controlar.
— Que sorriso é esse? Não vai me dizer que vocês se resolveram trans…
— Não, graças à Gina! Nem quero me lembrar disso, é a segunda vez que ela nos atrapalha… — o interrompi, bufando ao me lembrar. Andei em direção a porta novamente e o encarei. — Bom, vou tomar um banho. Já volto.
Por Merlin, o banheiro do corredor próximo ao dormitório estava vazio. Eu costumava me banhar rápido, mas levei um tempinho a mais, sentindo o êxtase ao recordar da visão perfeita de seu corpo contra a parede enquanto eu a chupava. Ok, eu não conseguia parar de pensar nesse momento. Havia sido indescritível.
Ao contrário do tempo que gastei no chuveiro, me troquei rapidamente. Deitei na cama, com o cabelo molhado mesmo, e sorri, me entregando ao sono que não tardou em chegar.

Draco POV’s
Eu tinha passado por várias situações difíceis em minha vida. Desde a prisão de meu pai, minha entrada em Hogwarts — eu precisava ser da Sonserina —, meu primeiro jogo de quadribol e a pressão para ser um dos melhores alunos da turma. Então, a ansiedade havia sido minha companheira durante os anos anteriores.
No entanto, fazia um tempo que eu não me sentia assim. Com exceção, é claro, de quando eu estava na presença de .
A primeira vez que a vi foi assim que chegamos em Hogwarts, mas não acho que ela tenha prestado qualquer atenção em mim logo de início. Era impossível não reparar nela, não só porque chamava a atenção, mas também porque estava ao lado de Harry Potter.
Metade da minha família odiava os Potters por acreditarem que eles eram os responsáveis pela morte de Lord Voldemort, ignorando o fato de que Harry tinha somente um ano quando tudo aconteceu, e também pela prisão dos Comensais da Morte. Apesar disso, Harry ainda era e sempre seria o Escolhido.
Esse apelido foi dado devido à profecia que a professora Sibila Trelawney contou ao Dumbledore, e Snape, ouvindo escondido, repassou ao Voldemort. E eu a sabia perfeitamente decorada porque minha família comentou dela por anos.
"Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas se aproxima… Nascido dos que o desafiaram três vezes, nascido ao terminar do sétimo mês… Ele terá um poder que o Lorde das Trevas desconhece… E um dos dois deverá morrer na mão do outro, pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver... Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas nascerá quando o sétimo mês terminar...".
Me lembrava exatamente como tinha sido meu primeiro contato com ele…

Flashback

Eu precisava confirmar os boatos. Todos estavam falando que Harry Potter estava indo para Hogwarts nesse ano. Tínhamos a mesma idade, então, logicamente, estudaríamos juntos. Chamei Crabbe e Goyle, meus amigos mais próximos, para irmos à cabine que ele estava.
Abri a porta e analisei os rostos dos meninos sentados, observando o garoto de cabelos escuros e óculos redondo.
— É verdade? — perguntei, sem rodeios. — Estão dizendo no trem que Harry Potter está nesta cabine. Então é você?
— Sou — respondeu, enquanto observava meus amigos.
— Ah, este é Crabbe e este outro, Goyle — apresentei assim que percebi o interesse de Harry. — E meu nome é Draco Malfoy.
Rony tossiu de leve, e percebi que estava escondendo uma risadinha. O encarei com os olhos cerrados, sentindo fúria dominar meus sentimentos e meus nervos contraírem. Não gostava quando agiam assim comigo somente pelo meu sobrenome, como se eu fosse um criminoso também.
— Acha o meu nome engraçado, é? Nem preciso perguntar quem você é. Meu pai me contou que na família Weasley todos têm cabelos ruivos, sardas e mais filhos do que podem sustentar.
Sem perder tempo, virei para Harry.
— Você não vai demorar a descobrir que algumas famílias de bruxos são bem melhores do que outras, Harry. Você não vai querer fazer amizade com as ruins. E eu posso ajudá-lo nisso.
Eu era adepto ao ditado “mantenha os amigos sempre perto de você e os inimigos mais perto ainda”, que Grindelwald, um dos bruxos mais famosos, proferiu. Estendi minha mão para apertar a de Harry, mas ele não a apertou. Arqueei a sobrancelha, desgostando daquela atitude.
— Acho que sei dizer qual é o tipo ruim sozinho, obrigado — disse com frieza.
Senti minhas bochechas queimando de raiva, o amargor preenchendo minha boca enquanto franzia o nariz. Um Weasley tentava debochar de mim e Potter ainda fazia esse tipo de comentário? Quem ele achava que era?
— Eu teria mais cuidado se fosse você, Harry — disse lentamente, a ameaça velada no meu tom de voz. — Não te ensinaram a ser educado? Se você se misturar com gentinha como os Weasley, vai acabar se contaminando.
Harry e Rony se levantaram na hora, o rosto de Rony estava vermelho como os cabelos.
— Repete isso.
— Ah, você vai brigar com a gente, vai? — debochei, estalando os dedos.
— A não ser que você se retire agora — disse Harry, estufando o peito. Achei graça porque Crabbe e Goyle eram bem maiores do que ele ou Rony. E eu não falava somente em relação à altura. Eles pareciam dois muros.
— Mas não estamos com vontade de nos retirar, estamos, garotos? Já comemos toda a nossa comida e parece que vocês ainda têm alguma coisa — Crabbe desdenhou, olhando para os doces sobre a mesa.
Goyle fez menção de apanhar os sapos de chocolate ao lado de Rony, que deu um pulo para a frente, mas, antes mesmo que sequer encostasse em Goyle, meu amigo soltou um berro terrível.
Um rato estava pendurado em seu dedo, e era visível os dentinhos afiados enterrados na junta de Goyle. Recuei com nojo, estremecendo. Eu não era nenhum simpatizante de roedores. Goyle rodava e rodava o braço, urrando, e quando o rato finalmente se soltou e bateu na janela, puxei-o pelo braço.
Não permanecemos por mais tempo naquela cabine e voltamos à nossa para que pudéssemos descansar. Nesse dia, detestei Harry Potter e prometi que faria da sua vida em Hogwarts um inferno.

Flashback off

Minha promessa não foi para frente.
Antigamente, afirmar isso machucaria meu ego. Um tempo depois, reconheci que tinha sido bastante esnobe nessa hora. E, talvez, mais do que isso. Eu era um adolescente insolente, tinha consciência disso. Era difícil crescer com ideais de que sua família era superior somente por ser conhecida pelo termo sangue-puro.
E, mais ainda, quando falavam mal e me olhavam torto somente por ser um Malfoy.
Acabei entendendo muita coisa depois, repensando vários conceitos e visões que eu tinha. Principalmente durante as férias em casa. Minha mãe, um dia, me confidenciou que nunca odiou os Potter’s e disse que a morte de Voldemort foi um livramento para meu pai e para sua irmã, mesmo que eles agora estivessem presos.
A partir desse momento, compreendi melhor que, de fato, era impossível que um bebê fosse a culpa da realização da profecia, ainda mais porque Você-Sabe-Quem quem havia cavado o próprio poço, e, se meu pai havia sido cego o suficiente para seguir com esses ideais — que não mais me faziam sentido —, então ele havia se afundado sozinho.
Tentei conhecer Harry Potter, realmente, mas acabamos entrando em outra discussão — dessa vez, porque nos esbarramos no corredor. E meu orgulho, nessa época, ainda era alto o suficiente para que eu retrucasse tudo que me falava.
Infelizmente isso — e todas as outras discussões que tivemos — fez com que eu e criássemos essa relação conturbada. Agora, estava confiante de que iria mudar um pouco o rumo disso tudo, principalmente depois dos últimos eventos que aconteceram entre nós.
Durante esse ano em Hogwarts, comecei a ponderar melhor sobre as minhas atitudes, sentimentos e relacionamentos. Estar com era diferente. Esperei tanto tempo até darmos o primeiro passo juntos, isto era, conversar civilizadamente, que a sensação de ter algo além disso era indescritível.
Justamente por esse motivo que eu não podia adiar mais. Precisava contar meus sentimentos a ela e dizer que queria levar adiante o que tínhamos. Algo mais sério que um simples ficante. Era inviável, para mim, existir sem essa certeza explícita.
E, é claro, poderia recusar e me dar as costas, indo embora e levando meu coração junto. Mas era melhor do que deixá-lo ser maltratado sem que ela tivesse consciência disso.
Eu precisaria ser fiel e justo comigo mesmo.
Antes que eu pudesse atravessar o corredor das masmorras, observei em silêncio para ter certeza que Filch não apareceria e, após confirmar sua ausência, continuei meu caminho até a Sala dos Troféus. Ela se movia entre o terceiro e o quarto andar, então precisei subir alguns lances de escadas até chegar.
Entrei na sala pontualmente às onze horas, pensando que teria que esperar e que minha ansiedade gritaria caso ela demorasse para aparecer, mas, para minha surpresa, ela já estava ali, admirando um dos troféus com total atenção. Eu sabia que era o de seu pai, tanto pelo formato quanto por saber que ela não era o tipo de pessoa que ficaria prestando atenção em qualquer um dos outros.
— Estava ansiosa para o nosso encontro e por isso chegou mais cedo? — brinquei, chamando sua atenção.
Ela virou o rosto em minha direção e me encarou com um leve sorriso nos lábios, escondendo as mãos atrás das costas.
— Talvez — ela respondeu, apoiando a lateral de seu corpo na estante ao lado. — Fiquei me perguntando qual seria o motivo de você me chamar aqui. Não podia deixar de descobrir. Sou bastante curiosa, você sabe.
— E quais são suas expectativas? — perguntei, enquanto andava lentamente em sua direção e parava em sua frente. Estava próximo o suficiente para assistir os milhares de tons esverdeados em seus olhos brilharem ao me olhar.
— Eu sei bem o que quero de você, mas como foi você quem me chamou aqui, não sou eu quem tem que dizer.
Passei o resto da tarde me preparando para esse momento, mas não esperava por essa resposta.
Simplesmente, Sinclair Voux era impossível de subestimar. Ou prever. Por mais que eu tenha passado um bom tempo da minha vida em Hogwarts observando-a, continuava me surpreendendo com suas atitudes ou falas.
Respirei fundo, ignorando minhas estranhas se revirando.
— Eu vou ser sincero, ok? Te chamei aqui para entender o que temos — admiti, vendo-a me encarar, surpresa. — Desde que ficamos naquele armário, eu não consigo parar de pensar em nós e como isso, de alguma forma, parece tão certo. — Seus olhos estavam vidrados no meu rosto, me observando atentamente. — Preciso saber se você está saindo com mais alguém além de mim, porque…
Sabia que era tarde demais para decidir não falar mais e expor meus sentimentos para ela, mas isso não me impediu de sentir o nervosismo acumular em meu estômago. E se não fosse recíproco? E se ela não gostasse de mim nem metade do tanto que eu gostava dela?
Porque…? insistiu, ansiosa. A curiosidade brilhar em seus olhos verdes me deu coragem para continuar a frase, me fazendo ignorar completamente todas as formas que minha mente pensava em como aquilo poderia dar errado.
— Porque eu sou egoísta, . Sei que isso é um defeito, mas não suporto a ideia de te ver com outra pessoa, principalmente quando meu maior desejo é tê-la só pra mim.
Meu peito esvaziou com o peso que tirei dele. Ainda que eu controlasse meu pé para que ele não batesse no chão sem ritmo, entregando meu nervosismo, sentia o alívio percorrer meus ossos ao ter finalmente revelado meus sentimentos.
pareceu pensativa, suspirando um pouco enquanto pensava no que faria em seguida. Não demorou muito até que eu observasse seus lábios se abrirem, prontos para deixarem as palavras saírem daquela boca que eu tanto gostava.
Merda, Draco. Como eu poderia sequer pensar em ficar com outra pessoa se você é o único que eu quero?
Quando ouvi sua confissão, não pensei em mais nada. No segundo seguinte, nossos lábios estavam colados em um beijo urgente, como se esperássemos por aquilo por muito tempo.
E, pelo menos da minha parte, eu esperava. Sonhava com a suavidade de seus lábios desde o dia em que eles se encontraram pela primeira vez, em um encaixe tão magnífico que abria margem para que eu acreditasse em todos os clichês que diziam sobre o beijo perfeito.
As mãos de estavam em meus ombros, me puxando para mais perto, enquanto suas unhas longas afundavam no tecido da minha camiseta, me fazendo sentir um leve arranhão. Minhas mãos seguravam sua cintura com possessividade. Sua camiseta tinha subido um pouco com o movimento e aproveitei para deslizar pela pele e sentir o calor de seu corpo.
Minha vontade era colocá-la em cima da mesa e não desgrudar seu corpo do meu, no entanto, enquanto deslizava a língua em torno de seu pescoço, observei que a única mesa da sala estava ocupada pelos troféus. Pois é, quem diria?
— Vamos para o seu dormitório? — ela perguntou com a voz a falha e eu a encarei, completamente satisfeito com aquele pedido. Seríamos pegos se continuássemos aqui porque seria impossível não fazer barulho, então concordei sem pensar. Eu não me importava de continuar esse momento aqui, mas seria infinitamente melhor ouvir os gemidos de sem que ela tivesse que contê-los tanto.
Após beijá-la mais uma vez, seguimos para as masmorras. Tivemos sorte que Filch nem havia dado sinal de vida por enquanto, logo, entrar no Salão Comunal não foi difícil.
O problema é que havia alguns alunos ali, e tentamos passar da forma mais discreta que conseguimos pelos corredores até chegarmos em meu quarto
Assim que fechamos a porta, não esperei. Puxei e continuei de onde paramos. Empurrei-a até a mesa de estudos até que ela estivesse sentada com as pernas abertas e posicionei-me entre suas pernas, segurando seu rosto com a mão esquerda para encaixar nossos lábios com ferocidade, sem me importar com o material que caía no chão.
começou a desabotoar minha camisa com pressa e, assim que a tirou por completo, puxou-me para mais perto com suas pernas, friccionando nossas intimidades.
Mas não era o bastante. Eu precisava que ela sentisse o que estava acontecendo. Soltando sua bunda delicadamente, passei a mão direita por dentro de sua saia, traçando um caminho em sua pele. Com o indicador e polegar, afastei sua calcinha o suficiente para que pudesse sentir o quão molhada ela estava.
Sem pressa, deslizei meus dedos de baixo para cima pelo perímetro de sua intimidade totalmente lubrificada, molhando-me por completo. O indicador e o dedo médio foram os primeiros a serem introduzidos, enquanto suas unhas arranhavam minhas costas com mais intensidade.
Senti-la se contraindo ao redor da minha mão só não me dava tanto prazer quanto observar suas expressões. Ela parou de me beijar para morder o lábio inferior, tentando controlar o volume de seu gemido, o que me serviu apenas de incentivo para iniciar movimentos de vai e vem, aumentando gradualmente a velocidade.
— Droga, — sussurrei contra sua boca. Eu estava tão duro por ela, principalmente por saber que ela estava assim por mim.
Draco… — gemeu, rebolando levemente contra mim e segurando com força a gravata que estava ao redor do meu pescoço. Com a outra mão, e contando com toda a habilidade do mundo, puxei sua camisa para cima, sem ligar que alguns botões arrebentaram enquanto isso. Se , que era a dona, não reclamou, eu não iria fazê-lo.
Não enquanto estava maravilhado com seu sutiã branco rendado, as taças segurando seus seios incrivelmente grandes. Era difícil não prestar atenção no corpo avantajado de , principalmente quando brigávamos e ela ficava tão perto de mim que eu precisava me lembrar de como respirava.
Deslizei meus dedos para fora e a garota suspirou, somente para enfiá-los com mais pressão. Repeti isso cinco vezes, enquanto ela arfava forte. Na sexta, resolvi focar em seu clitóris, fazendo movimentos circulares leves e delicados e, sem que eu estivesse esperando, ela mordeu meu ombro.
Gemi, incrivelmente gostando disso. Desabotoei seu sutiã delicadamente e seus mamilos duros encontraram os meus dedos, que intercalavam o contato. Quando me soltou, agachei o suficiente para lamber a extensão de seu pescoço, trilhando um caminho molhado em seu peito e encontrando seu seio esquerdo.
Com a ponta da língua, provoquei o mamilo levemente, lambendo algumas vezes em movimentos combinados com os da mão em sua intimidade. Sem aguentar, puxou minha cabeça contra si e abocanhei o pedaço, observando com fervor ela jogar a cabeça para trás.
A cena foi o suficiente para meu membro pulsar, implorando por um pouco de atenção. Sem aguentar mais, me endireitei e a soltei, dando passos largos até minha cômoda para pegar o preservativo.
— Quer colocar? — perguntei no ouvido de , puxando seu lóbulo com a ponta dos dentes, enquanto entregava o pacote.
A garota o rasgou sem demorar, deslizando, com destreza, o plástico sobre mim. A verdade era que eu estava um misto de emoções. Tinha, literalmente, sonhado tantas vezes com esse momento que estava até trêmulo.
A primeira vez que imaginei essa cena entre nós foi depois de uma discussão ardente, quando se exaltou e me empurrou contra a parede do corredor, apontando o dedo contra meu peito e dizendo com a voz firme que eu não gostaria de saber o que ela seria capaz de fazer comigo se eu a irritasse novamente.
E eu quase respondi que estava enlouquecidamente curioso para descobrir.
No entanto, nada se comparava com a realidade. Sentir sua pele entre minhas mãos enquanto apertava sua cintura, puxando sua saia para baixo e trazendo junto a meia calça era melhor do que qualquer idealização da minha mente.
Depositei um beijo simples, breve, sobre sua intimidade, antes de retornar ao lugar e posicionar minha cabecinha em sua entrada. Nada do que fazíamos era lento ou extremamente cuidadoso, por isso, meti de uma vez.
Ela embrenhou os dedos em meus cabelos, o olhar nublado me encarando repleto de desejo. Era tão recíproco. De sua boca entreaberta, somente gemidos saíam. Eu respirava ofegante enquanto me permitia deslizar fundo, somente para voltar e enfiar com mais força.
As pernas da mesa de mogno tremeram devido aos momentos, me avisando que quebraria a qualquer instante. Não me importei com isso porque a sensação de estar dentro de era surreal. O ar dos meus pulmões escapou e eu suspirei seu nome, sem diminuir a velocidade. Quando eu tinha comentado que nossos lábios formavam o encaixe perfeito, não sabia dizer se o mesmo funcionava para o resto do nosso corpo.
Essa era a prova viva de que estávamos fadados um ao outro. O aperto das pernas de ao meu redor se intensificou no instante em que puxei mais ainda sua cintura contra mim. A pele de seu pescoço estava avermelhada de tantas mordidas e dei graças que estaria um frio absurdo no dia seguinte e não teria que ouvir murmúrios ofensivos.
Queria que essa fosse a melhor experiência sexual de sua vida. Queria que sentisse o prazer se espalhar por seu corpo tanto quanto eu sentia. Que ela pensasse nisso quando fosse dormir, quando acordasse, durante as aulas, até me encontrar novamente.
Porque eu sabia que pensaria assim.
Movi os dedos outra vez para seu ponto mais delicado, contrastando a leveza da massagem com a firmeza dos movimentos que fazia com a cintura. ofegou tão alto, grudando o corpo nu e suado em mim que pude sentir seus batimentos cardíacos completamente enlouquecidos.
— Draco, eu vou… Oh. — Ela arqueou as costas, sem ao menos conseguir me dar um aviso prévio. Continuando no mesmo ritmo, segurei o rosto de enquanto ela se desmanchava, meus olhos jamais desviavam de sua expressão.
Pouco tempo depois, foi minha vez de gozar, seu nome escapando repetidamente de minha boca como uma prece. Voux Sinclair era mais que uma santa. Ela era minha deusa particular.
Beijei seus lábios uma última vez antes de me retirar de dentro dela. Joguei a camisinha enrolada no lixo ao lado, pegando-a no colo para irmos para a cama.
— Aguenta mais uma rodada? — perguntei, depositando beijos em seu maxilar.
riu suavemente, fazendo um leve carinho em minha nuca.
Eu aguento a noite toda.

Fred POV’s
— Potter! Weasley! Querem prestar atenção?
Assim que a voz irritada da professora McGonagall estalou como um chicote pela sala de Transfiguração, Harry e Rony ergueram a cabeça com o susto. Todos os alunos da Grifinória foram convocados pela diretora da Casa para uma reunião naquela sala, que estava realmente lotada.
A verdade é que ninguém sabia ao certo o motivo de estarmos ali. Era raro que todos os anos se unissem em um único ambiente durante o horário de aula.
— Agora que Potter e Weasley tiveram a bondade de parar com as criancices, tenho um aviso para dar a todos — disse a professora, lançando um olhar feio aos dois. — O Baile de Inverno está próximo, é uma tradição do Torneio Tribruxo e uma oportunidade para convivermos socialmente com os nossos hóspedes estrangeiros. Agora, o baile só será franqueado aos alunos do quarto ano em diante, embora vocês possam convidar um aluno mais novo se quiserem...
Algumas meninas da primeira fileira começaram a cochichar entre si, dando risadas e recebendo mais um olhar feio da professora. Observei , posicionada a nossa frente, virar-se e falar algo no ouvido de , que deu de ombros em seguida. Dino abraçou Gina pelo ombro e soube, naquele momento, que eles iriam juntos.
Eu e George não tínhamos grandes impressões acerca do garoto. Tínhamos a opinião formada de que ele não fedia nem cheirava. Dino não era exatamente a pessoa mais simpática do mundo que conversava direto conosco, mas gostávamos que ele buscava nossos produtos volta e meia. Não éramos exatamente ciumentos em relação à nossa irmã, mas prezávamos por sua segurança e ficávamos de olho para que ele não agisse como um babaca com ela.
E, até o momento, apesar da última discussão deles — mas que aparentemente foi resolvida- —, ele estava a fazendo feliz e era o que importava .
— O traje é a rigor — a professora continuou explicando. — E o baile, que será no Salão Principal, começará às oito horas e terminará à meia-noite, um dia antes do Natal. Então...
A professora McGonagall olhou deliberadamente para a turma antes de prosseguir.
— O Baile de Inverno naturalmente é uma oportunidade para todos nós... hm... para nos soltarmos e dançarmos — disse ela antes de mais e mais cochichos começarem pela sala. — Silêncio! A Casa de Godric Gryffindor tem sido respeitada pelo mundo da magia há quase dez séculos. Não vou permitir que vocês, em uma única noite, manchem esse nome portando-se como um bando de babuínos bobocas balbuciando em bandos.
— Tente dizer isso cinco vezes mais rápido — George sussurrou ao meu lado e eu o encarei, sorrindo e entrando no desafio.
Babuínos bobocas balbuciando em bandos — falei, rapidamente, mantendo o tom de voz baixo.
Babuínos bobocas balbuciando em bandos — George repetiu, após minha vez. Decidi que o trava-línguas ficaria ainda melhor se pronunciássemos mais rápido ainda.
Assim, enquanto Minerva continuava dando as instruções, que, sinceramente, não eram necessárias para nós porque sabíamos dançar, entramos em uma competição interna para ver quem conseguia dizer mais vezes a frase sem se confundir.
— A dança é deixar o corpo respirar. Dentro de cada garota, existe um cisne secreto ansioso para desabrochar e levantar voo.
— Há algo prestes a desabrochar da Heloísa Midgen, mas não é um cisne — ouvi Rony cochichando para Simas, o fazendo rir e concordar.
— E dentro de cada garoto, um leão pomposo pronto para se exibir. — Ela se aproximou de onde meu irmão conversava. — Sr. Weasley?
— Sim? — A voz de Ron estava tão baixa agora que quase não o ouvi.
— Venha dançar comigo, por favor.
Risadas ecoaram pela sala no momento em que ele se levantou. Rony estava completamente envergonhado quando chegou ao centro da sala e parou em frente a professora Minerva. Eu e George nos entreolhamos, levantando as sobrancelhas para aguardar a cena.
— Bom, agora coloque a mão direita na minha cintura — ela continuou, apoiando uma de suas mãos no ombro dele.
Onde?! — Ron perguntou, com os olhos arregalados, em completo pânico.
— Na minha cintura — a professora respondeu, tomando controle das ações dele e puxando seu braço para o local indicado.
Assobiei ao vê-lo, e meu irmão me olhou, parecendo prestes a proferir mil palavrões. Enquanto isso, eu e George gargalhávamos sem conseguir nos conter. Rony era, de fato, o mais azarado da família.
Sinceramente, se eu tivesse uma câmera naquele momento, registraria aquilo e faria um quadro. E cartões de Natal para distribuir.
— Sr. Filch, por favor — Minerva pediu. O zelador, que estava ao lado de um aparelho gigante de som, apertou um botão e a música começou a tocar. — Um, dois, três. Um, dois, três…
E então a professora conduziu Rony em uma dança pela sala, que tentava — e fracassava miseravelmente — acompanhar seus passos no ritmo do som. Será que ele era mesmo nosso irmão?
— Ei — Harry sussurrou e nos aproximamos para ouvi-lo. — Nunca vão deixar que ele esqueça isso, não é?
Nunca — respondemos em uníssono, com um sorriso no rosto.
— Agora, todos vocês dançando. Vamos, de pé! — a professora gritou, incentivando todos a se juntarem.
Ao ver se levantar, ao lado de , Hermione e Gina, me apressei para alcançá-la. Seus cabelos castanhos escuros estavam presos por uma trança lateral. Esse penteado simples a deixava mais bonita ainda e não pude evitar de imaginar como ela estaria magnífica no dia do baile. Não sabia se meu coração aguentaria.
Queria convidá-la o mais cedo possível. Era impossível cogitar ir ao baile com outro alguém além dela. E eu queria que ela sentisse o mesmo e fosse comigo.
Mas não queria chamar agora. Não aqui. Não quando os alunos pareciam desesperados convidando seus colegas de turma para não ficarem sozinhos. merecia mais que isso. Precisava pensar em uma forma adequada de fazer isso.
Mas, enquanto ainda não me decidia, aproveitaria ao máximo os ensaios treinando com ela.

***

— E vocês já sabem com quem vão? — Simas perguntou para todos que estavam ao redor na grande mesa do Salão Principal durante o almoço.
— Já tenho em mente quem chamar, só preciso falar com ela — George respondeu, tomando um gole de seu suco. Sabia que ele falava sobre Angelina e, pelo canto do olho, pude ver que ela pareceu bem interessada ao ouvir meu irmão.
— Vou com a Gina — Dino respondeu. Não era nenhuma surpresa para ninguém ali.
Minha irmã não estava almoçando conosco hoje, como era o usual. também não estava aqui e, quando perguntei para onde a garota estava, ela me explicou que as duas tinham ido até a biblioteca para terminar as atividades das respectivas matérias que estavam estudando neste ano e, por conta disso, tinham almoçado mais cedo e saíram correndo para lá.
— Eu não faço a mínima ideia — Rony falou. — É assustador chamar alguém, elas andam em bandos!
Percebi que Hermione revirou os olhos discretamente. Todos sabiam que aqueles dois sentiam algo um pelo outro, mas ninguém tomava atitude nenhuma. Essa era a chance de Ron e eu esperava que ele a aproveitasse.
— Também não sei quem chamar — Harry concordou com o amigo, parecendo chateado e completamente desanimado com o baile.
— Tenho certeza de que não vai ser difícil. Sabe, vocês não são feios e nem nada — falou, parecendo pensativa. E eu conseguia adivinhar o que pensava tanto. Rony era um Weasley, e sempre fomos populares, mas meu irmão era sem noção com as garotas e, assim como Harry, extremamente tímido. — Só precisam ser rápidos.
— Bom, eu já tenho com quem ir — Neville falou, chamando a atenção de todos ali. — Vou com a Luna.
Fazia sentido. Desde a noite da festa na qual jogamos verdade ou desafio, eles tinham se aproximado imensamente. Não era incomum vê-los conversando durante o tempo livre.
— Ela me pareceu bem animada por ir com você, Nev — Mione comentou e o menino sorriu, feliz.
— E você, Fred, vai com quem? — Simas perguntou, me encarando e fazendo com que os outros ali fizessem o mesmo.
— Com a — respondi, sem nem pensar.
— E ela sabe disso? — questionou com a voz falha e uma sobrancelha arqueada, parecendo estranhar minha resposta.
Ainda não. — Sorri, confiante.
Hmm. Eu, se fosse você, a chamaria logo e não perderia tempo, ou você vai acabar ficando sem par…
Estreitei o olhar, estranhando. não contava tudo para ? Quer dizer, ok, eu sabia que vários alunos gostavam dela o suficiente para convidá-la, mas, para mim, não fazia sentido que ela aceitasse com o que estava rolando entre nós.
— Isso é verdade… — Córmaco McLaggen, falou, ao lado de Neville. — Estava passando pelo corredor perto da biblioteca mais cedo e vi que um cara da Sonserina estava convidando-a.
— E ela aceitou? — perguntei, curioso. — Quem era o cara?
— Não sei, ele estava de costas e não ouvi o resto da conversa — ele disse, dando de ombros. — Mas eles pareciam estar bem envolvidos, pode ser que ela tenha aceitado sim.
Merda.
— O que é isso agora, todas as nossas amigas vão se envolver com alguém da Sonserina? — Harry perguntou, indignado.
— Vou ignorar o que você acabou de dizer, tá? — respondeu, revirando os olhos enquanto voltava a comer.
— Ah, mas duvido muito disso. não se envolveria com alguém de lá — George disse, franzindo o nariz claramente descontente. Mordi o lábio, pensativo enquanto torcia para que o boato fosse falso.
Nesse instante, se engasgou com o suco que estava bebendo, quase cuspindo na mesa. Todos olhamos em sua direção, curiosos.
? — Mione chamou, preocupada enquanto batia em suas costas.
, o que você sabe sobre isso? — perguntei, sem perder tempo.
Em partes, estava receoso por sua resposta, sem saber realmente queria ouvir a confirmação sobre o envolvimento ou não de com algum aluno da Casa rival a nossa.
No entanto, essa resposta nunca veio.
Após me olhar rapidamente e arregalar os olhos, se levantou e correu — e eu não estava exagerando — até as portas, saindo imediatamente do Salão e nos deixando boquiabertos com sua reação. Encarei George, pensando em por que diabos ela saiu dessa forma.
— E você, Mione, sabe de algo? — Rony questionou logo em seguida, curiosidade transbordando sua fala. Agora todos ali pareciam querer uma resposta.
— Nossa, estou me sentindo completamente satisfeita — ela simplesmente disse, sorrindo amarelo e ignorando completamente o que Ron havia dito. Em seguida se levantou e se virou para onde havia ido, gritando. — , me espera aí!
Então ela saiu também.
E eu só conseguia pensar que isso significava o quão ferrado eu estava.


Capítulo 12

POV’s
— E o que ele disse? — perguntou, me encarando com toda a sua atenção.
— Ele me perguntou o que eu sabia sobre isso! — contei, enquanto seguíamos o fluxo de alunos até a parte externa do castelo, onde aconteceria a primeira tarefa do Torneio Tribruxo. — Você sabe como eu fico sob pressão, então eu simplesmente saí correndo.
— Merda. Esse McLaggen é um fofoqueiro, ein?! — minha irmã resmungou, bufando.
— Só não mais que Ron. Depois de correr, ele ainda insistiu e me perguntou também. Acreditam? Essa história nem tem nada a ver com ele! — Mione completou e nós rimos alto. — Mas foi hilário vê-los encarando correr porta afora com suas expressões indignadas.
— Se não me envolvesse, eu ia adorar presenciar essa cena — suspirou, mordendo a pele ao redor das unhas. A preocupação era nítida em seu rosto. Se eu estivesse em seu lugar, também estaria assim. — Mas e agora? O que eu faço?
— Fred ainda não falou com você? — perguntei e ela balançou a cabeça, negando após suspirar de novo.
— E como A ficou quando vocês conversaram? — dessa vez foi Gina quem perguntou, parecendo curiosa. Todas estávamos, na verdade.
— Ah, ele ficou tão chateado quando eu disse que já tinha combinado que iria com um dos gêmeos que eu fiquei me perguntando, será que devo aceitar seu pedido? Vocês sabem, eu gosto dele e A é uma pessoa tão legal comigo. Eu só neguei porque pensei que iria com Fred, mas ele não me chamou ainda… E se ele desistiu depois de ouvir que eu já havia sido convidada? — Parecia ter muitas coisas passando em sua cabeça.
Eu gostava de Adrian, de verdade, e sabia que ele sentia algo por , mas era inegável que a relação que ela tinha com Fred ia muito além.
— Acho que deve esperar mais um pouco. Tenho certeza que meu irmão vai te convidar. Ele falou com tanta certeza que era seu par! Sem contar que Fred não desiste fácil assim, ainda mais quando se trata de você — Gina respondeu, dando um sorriso tranquilizador para , que respondeu com o mesmo gesto, parecendo mais aliviada.
Concordei com a ruiva ao meu lado, Fred parecia tão confiante de que a levaria para o baile que não seria um cara da Sonserina que mudaria isso. Isso era fato.
— Tudo bem, vou esperar então. — Mais um suspiro foi ouvido. — Bom, mas agora me conta, alguma novidade com V? — perguntou, mudando de assunto completamente, e encarando Hermione com curiosidade.
Sabíamos que, apesar de minha irmã realmente se interessar e querer se atualizar em qual pé estavam Hermione e Viktor, era uma tentativa para que parássemos de falar sobre o que a deixava ansiosa e estressada.
— Hm… Na verdade, tenho — Mione respondeu, abrindo um sorriso enorme. — Aconteceu. E foi incrível, depois me lembrem de contar quando estivermos sozinhas. — Estávamos correndo tanto que nem conseguimos parar para que ela pudesse nos contar como foi perder sua virgindade. — Ah, além disso, ontem à noite ele me chamou para ser seu par e é óbvio que eu aceitei.
Ela parecia tão feliz ao seu lado que era impossível não corresponder suas emoções e sorrir junto. Mione merecia um tempo de paz com algum garoto legal.
— Fico tão feliz por você, amiga! — falei, a abraçando de lado.
— Eu também. Vocês formam um casal bonito, sabia? — comentou.
— É verdade! E eu não vejo a hora do meu irmão te ver ao lado do V no baile. Ele vai ter um ataque do coração, com certeza — Gina comentou e foi impossível não rir. É, Rony que se cuidasse porque levaria dois choques. Um, obviamente, porque a garota estaria divina no vestido que usaria. Dois, porque ela estaria mais do que bem acompanhada.
— Talvez assim ele perceba que, se demorar muito, logo vai te perder — completou e Mione meneou que sim com a cabeça, parecendo pensativa.
Andamos tanto que estávamos quase na ponte que nos levava ao local da primeira prova quando, ao olhar para o lado esquerdo, notei que Draco estava parado, apoiando seu ombro em um dos pilares de pedra que tinham ali. Ele me viu e abriu um sorriso ladino.
“Vem aqui.”
Li as palavras que seus lábios sopraram e prendi o meu entre os dentes. Olhei para que já estava me encarando.
— Pode ir. Invento alguma coisa… — ela sussurrou e eu concordei com a cabeça, agradecendo silenciosamente e me afastando para ir em direção ao garoto de cabelos claros que me esperava.
Ela me salvava tanto que eu não tinha palavras para dizer o quão grata era.
— Onde ela…? — Ouvi Gina perguntar, a voz ficando afastada conforme caminhava na direção contrária de onde estávamos indo.
— Esqueceu seu casaco lá no quarto e foi buscar. Vamos indo, ela nos encontra depois. Se não corrermos, perderemos a primeira prova — minha irmã respondeu e as meninas pareceram aceitar, então continuaram seu caminho, aumentando a velocidade do passo.
Ok, Draco e eu não tínhamos conversado sobre o que aconteceu entre nós desde que saí de seu quarto. E, por mais que eu soubesse que era um tópico essencial para abordar agora, não me parecia o momento certo, ainda que eu quisesse ter uma conversa minimamente decente e esclarecedora.
Porém, eu estava realmente gostando do que estávamos tendo e, por isso, iria ver até onde as coisas entre nós iriam antes de contar para ele o que sentia. Parecia o melhor para a situação atual.
O sexo havia sido incrível e eu estava gostando de conhecer esse lado dele. Malfoy me deixava intrigada, de um bom jeito. Havia parado de me relembrar que estar com ele era estranho, porque não era.
Pelo contrário, era reconfortante.
Esses momentos que passamos juntos eram divertidos e me faziam sentir toda hora aquela vontade de conhecer mais desse lado. Então, por enquanto, estava bom daquela forma. Tudo era tão recente que poderia me contentar com o que tínhamos por enquanto.
O que de pior poderia acontecer? Voltarmos a nos detestar?
O pensamento me atingiu junto com a sensação de amargor no canto da boca. Não queria que isso acontecesse.
Cheguei mais perto e foi questão de segundos até sentir suas mãos rodeando minha cintura. Essa época do ano era extremamente fria, afinal, estávamos presenciando o outono londrino. Estava bem agasalhada, mas, como a capa não fechava totalmente, isso permitiu que o loiro encaixasse as mãos por dentro do tecido quente.
Suas mãos estavam congelando, eu podia sentir, mesmo que estivessem posicionadas acima do suéter que vestia, porque elas tremiam. Ter meu corpo contra o seu me transmitia uma sensação tão boa que, mesmo após todas as horas de contato na noite anterior, eu não conseguia me cansar.
Sorri sem mostrar os dentes quando seu rosto se inclinou para ficar mais perto do meu, gostando dessa aproximação repentina.
— Você deixou isso no meu quarto ontem — ele falou, retirando um objeto do seu bolso e me mostrando. Meu colar.
— Obrigada por me trazer, não tinha notado que esqueci — respondi, me virando de costas para que ele pudesse colocar a corrente em mim. Me senti péssima por não ter reparado que não estava com ele, mas esse sentimento logo foi embora ao sentir a ponta de seus dedos gélidos tocarem a pele do meu pescoço. Eu estremeci, a baixa temperatura contra minha pele quente causando um mini choque térmico.
Arrastando meu cabelo para o lado esquerdo, levei minha mão para que eu pudesse segurar as mechas sem atrapalhá-lo.
— Você esqueceu mesmo ou foi uma desculpa para eu te encontrar? — brincou, enquanto prendia o feixe do colar. Sua respiração batendo contra meu pescoço me causava arrepios que eu tentava, inutilmente, controlar.
— O que importa é que você está aqui, não é? — Sorri, me virando novamente. As írises claras me encarando intensamente. — Mas veio me ver só para entregar isso?
— Na verdade, também queria te perguntar que horas passo no seu dormitório no dia 24 — Draco respondeu.
O encarei, pensativa. Eu era ótima com datas e havia decorado desde a primeira vez em que a professora Minerva comentou que aquele seria o dia que ocorreria o baile de inverno. Ele estava induzindo que iríamos juntos?
Eu estava um tanto quanto confusa.
— Nós vamos ao baile juntos? — verbalizei para sanar as dúvidas.
— Claro. Ou você já tem um par e eu cheguei tarde demais? — Ele fez um biquinho com a boca assim que perguntou, sua voz livre de qualquer tom de sarcasmo habitual. Era até fofo.
— Pensei que iria com a Pansy — disse como se fosse um fato comum a todos os estudantes, admirando seus olhos acenderem com um brilho divertido. Era brincadeira, nitidamente.
Nunca tinha realmente conversado com a menina, mas todos sabiam que eles tinham alguma coisa nos primeiros anos. Sinceramente, quando a conheci, não fui muito com a personalidade que ela demonstrou ter e seria péssimo vê-los juntos depois de tudo que estamos tendo, mas quis provocá-lo um pouquinho.
— Pensei que havia deixado bem claro ontem à noite que é com você que eu quero ficar. E isso inclui tudo, — Draco respondeu, sem enrolações. Senti meu coração bater duas vezes mais rápido com aquele comentário. Eu definitivamente não estava preparada para isso.
Rapidamente, repassei todos os prós e contras de chegarmos e permanecermos juntos nesse baile. Parecia… sério. E todos saberiam que estávamos tendo algo porque, até algum tempo atrás, não havia mundo no qual Sinclair Voux e Draco Malfoy seriam vistos juntos. O que significava que eu precisava contar aos meus amigos rapidamente a notícia antes que eles descobrissem por fontes externas e resolvessem esfolar minha pele.
Ok, eram muitos “e se” a se pensar.
Mas, calando qualquer voz em minha cabeça que tentava me autossabotar, procurei pensar com maior clareza. Eu queria ir com ele ao baile, não queria? Por que precisava ligar para opiniões alheias quando era eu quem vivia minha vida?
— Então me busca às oito.
Draco sorriu, beijando-me. Estava se tornando um costume que me agradava bastante.
Tinham se passado, pelo menos, quinze minutos desde que me separei de Hermione, Gina e até conseguir ouvir os berros dos espectadores. Isso significava que a primeira tarefa havia começado oficialmente.
Os gritos, em sua maioria, chamavam o nome de Cedrico — que provavelmente era o primeiro a entrar no campo da prova.
Eu não fazia ideia do que poderia ser, mas ficar ali escutando a multidão gritar, urrar e exclamar como uma entidade única de muitas cabeças, enquanto Cedrico fazia o que fosse que estivesse fazendo, era angustiante, para dizer o mínimo.
E os comentários de Bagman tornavam tudo muito pior. Por isso, tentei me desligar completamente do que poderia estar acontecendo, depois perguntaria para as meninas como os três campeões se saíram.
Não foi difícil me desligar. Não quando os lábios de Draco pressionaram os meus enquanto suas mãos seguravam minha cintura. Abri a boca, permitindo que nossas línguas se saboreassem. Era tão gostoso quanto a primeira vez que nos beijamos. Seus cabelos ficaram emaranhados na minha mão direita quando os puxei levemente contra mim, podendo explorar melhor os cantos de sua boca.
Tinha a consciência de que iríamos perder a primeira prova inteira do Torneio se continuássemos assim.
E eu não poderia me importar menos.

POV’s
Havia sido espetacular. Eu imaginava que seria grandioso, mas não tinha me preparado para a proporção que aquilo chegaria.
A união das Escolas de Bruxaria tinha elevado a expectativa de qualquer aluno. Tanto era que diversos bruxos apostaram quais seriam as provas e quem eles acreditavam que seria o Campeão, o que resultou em um bolo enorme de dinheiro na mão de Fred e George, que organizavam as apostas.
A prova inicial foi além do que esperávamos e eu sabia que quase ninguém havia acertado precisamente — o que foi de grande comemoração para os meninos e os ganhadores. Os três Campeões tiveram que lidar, simplesmente, com dragões! E eu nem tinha palavras para descrever.
A tarefa era, em breve resumo, recuperar um ovo dourado que estava sendo guardado por um dragão.
O primeiro a chegar na arena foi Cedrico, que teve que enfrentar um Focinho-Curso. Ele transfigurou uma pedra no chão em um cachorro labrador para chamar a atenção do dragão. Fiquei impressionada ao ver que sua ideia deu certo. Bom, pelo menos até ele conseguir pegar o ovo.
Quando o animal pareceu cansar-se do cachorro e virou-se com força total, a reação de todos foi unânime. Ficamos em silêncio, engolindo em seco, enquanto Diggory fugia. Somente quando ele escapou, graças a Merlin, que batemos palmas por ter sido bem sucedido, com 38 pontos.
A duração da prova foi de 15 minutos cravados. Foi esse tempo que demorou para que voltasse, as bochechas coradas e a boca vermelha demais. Mas não comentei nada.
A próxima a ir para a arena foi Fleur, que usou um feitiço no Verde-Galês que o fez entrar em transe, soltando um ronco e cuspindo um grande jorro de chamas. Apesar de sua saia ter pegado fogo, ela não se desesperou e o apagou rapidamente com um feitiço, garantindo 36 pontos.
Por fim, foi a vez de Viktor Krum. Mesmo rápido, ainda arrancou diversos suspiros da plateia — e o dobro de Mione, que apertava minha mão a cada movimento do dragão. Ele usou o feitiço Conjunctivitus nos olhos do dragão Meteoro-Chinês, que saiu andando agoniado e amassou metade dos olhos verdadeiros. Senti estremecer ao meu lado e eu mesma crispei a boca, com dó. Krum ocupou o primeiro lugar com 40 pontos, sem realmente surpreender ninguém.
Assim que retornamos à Sala Comunal, conversamos por alguns minutos até lembrarmos, com pêsame que, apesar do Torneio, ainda tínhamos tarefas para entregar até o final daquela semana. Então, não perdemos tempo e começamos a redigir as respostas exigidas pelos professores.
— Finalmente te encontrei! — George falou assim que se sentou na cadeira ao meu lado. Ele parecia cansado e respirava rapidamente, como se tivesse corrido antes de estar aqui.
— Você não pensou em me procurar aqui primeiro? — perguntei, achando graça. Eu vivia naquela Sala, era um dos lugares mais fáceis de me encontrar.
— Sabe que eu sempre faço o mais difícil. — Ele deu de ombros, me fazendo rir e concordar. — Mas então, o que acha de assistirmos algum filme ao ar livre hoje à noite?
— Não acha que vai estar muito frio? — perguntei, pensativa. Amava quando fazíamos isso no verão, mas estávamos em uma época gelada demais para mim. O vento era tão cortante quanto o do inverno.
— É só se agasalhar bem! — George falou, persuasivo, me olhando com um sorriso que era difícil ignorar. Eu estava quase cedendo, mas realmente estava cansada e não queria sair do calor da lareira.
— Mas e se…
— Vamos, por favor! — ele me interrompeu, apelando para a expressão de cachorro sem dono. Céus, meu melhor amigo não tinha jeito.
— Hm… Não sei — resmunguei, me fazendo de difícil. Sabia que a qualquer momento ele perguntaria…
— Tá legal, o que você quer?
Bingo.
— Que você me compre muitos doces na próxima vez que visitarmos a Dedos de Mel — respondi, sorrindo enquanto me sentia vitoriosa.
— Vou poder comer também? — George perguntou, com uma sobrancelha levantada. Apenas concordei com a cabeça. Mesmo que eu negasse, ele comeria, então seria perda de tempo argumentar. — Fechado. Nos encontramos no campo perto do lago negro às onze?
— Te vejo lá!

***

Cruzei os braços enquanto o ar gelado batia com força total contra meu rosto. Mais cedo já estava frio, mas, durante a noite, a temperatura parecia ter despencado. Me apertei mais em meu casaco, passando a mão pelos braços em uma tentativa inútil de me aquecer.
Alguns passos a mais, cheguei ao local onde faríamos nossa sessão de cinema. Cerrei os olhos, estranhando. Não podia acreditar que eles ao menos tinham montado tudo para assistirmos. Franzi a testa porque eles sempre deixavam as coisas preparadas, então era estranho. E eu sei, parecia preguiçosa demais, mas não queria ter que arrumar nada naquele frio.
No entanto, percebi rapidamente que aquilo não era o pior de tudo. Fred estava sozinho ali, me encarando. Ao redor dele, diversos fogos de artifícios mágicos. Fogos Espontâneos Weasley, reconheci rapidamente, pois era um dos itens que pretendiam vender assim que a loja abrisse.
— Onde está George? O que está…? — Não terminei a frase. Minha boca permaneceu entreaberta enquanto encarava Fred, que se aproximou de mim com um sorriso ladino no rosto, com o indicador na boca enquanto pedia silêncio.
Ele segurou minha mão direita e me puxou para uma área do gramado que estava tampada com um pequeno cobertor. Meus olhos permaneciam levemente cerrados, pensando no que estava acontecendo.
Pude sentir a maciez do tecido abaixo de nós no exato momento em que nos sentamos. Suspirei aliviada ao perceber que o garoto se preocupou em enfeitiçar o objeto, deixando-o aquecido.
— Hoje vai ser só nós dois — Fred falou, com os olhos brilhando. — Na verdade, pedi para ele te convencer a vir aqui fora porque queria te mostrar uma coisa.
Ah, agora fazia sentido porque George tinha insistido tanto para que eu viesse. Sempre um anjo ajudando seu gêmeo.
— É algum produto novo? — perguntei, ansiosa. Fred era calmo com tudo, mas parecia um pouquinho nervoso. Eu estava ficando curiosa com todo esse suspense, queria que ele contasse logo.
— Não é, mas tenho certeza que você vai gostar. Presta atenção no céu, tá? — respondeu sem grandes rodeios. Concordei com a cabeça, querendo entender o que diabos ele tinha feito. Será que o filme passaria por lá? Isso era possível? Ainda mais com aqueles fogos… Será que ele usaria em uma cena específica? Fred me olhou uma última vez, mordendo distraidamente as pelinhas do lábio. — Está pronta?
— Céus, Fred. Você está me deixando nervosa — resmunguei, o fazendo rir levemente. — Estou pronta.
Ele murmurou um feitiço e então olhei para o céu. O azul escuro límpido repleto de estrelas foi colorido pela luz brilhante dos fogos mágicos. A visão era estonteante.
Porém, algo me intrigou.
As luzes pareciam estar se concentrando em pontos específicos, formando letras uma ao lado da outra. Arfei, lendo a frase brilhante em tom avermelhado.
“Me concede a honra de ser seu acompanhante no baile?”
Prendi a respiração instantaneamente, olhando rapidamente. Fred me encarava com expectativa, sorrindo de lado enquanto aguardava minha resposta. Meus olhos marejaram e eu apertei sua mão. Era a coisa mais linda e emocionante que tinham feito para mim. Virei seu rosto em sua direção e, sem pensar duas vezes, o beijei.
Era a resposta suficiente, mas sentia a necessidade de falar. Desgrudei os nossos lábios, sentindo sua respiração batendo na minha enquanto nossas testas estavam coladas.
— Não consigo pensar em ninguém melhor para isso. — Sorri, por fim respondendo.
Fred correspondeu o meu sorriso e segurou meu rosto, puxando-me contra si, me dando um dos inúmeros beijos que trocaríamos naquela noite. Fred Weasley parecia me surpreender mais a cada dia que passava — o que era meio que uma tarefa árdua, considerando há quanto tempo nos conhecíamos.
Busquei transmitir através da minha boca o quão emocionada estava com esse pedido. A sua preocupação em fazer algo inovador ao invés de simplesmente me convidar de forma convencional. Eu teria aceitado de ambas as formas, mas isso definitivamente era marcante.
Fred retribuía bem, puxando meu lábio inferior e depositando vários selinhos por toda extensão do meu rosto, antes de voltar a me beijar. Automaticamente, esqueci dos graus negativos que estava fazendo naquela noite. Não quando meu coração estava tão aquecido.
Aproveitamos mais um tempo lá fora, até que eu lembrasse que estava tarde e precisávamos voltar. Fred somente puxou minha mão para voltarmos ao Salão Comunal, um sorriso estampando seu rosto.
Por ser tão tarde, os corredores estavam praticamente desertos.
— Aproveitaram bem, hein? — George comentou assim que passamos pelo quadro da Mulher Gorda, encarando nossas mãos dadas com um sorriso engraçado. Tirei o casaco grosso, me sentindo aquecida imediatamente. Quando Fred parou de me beijar, o frio voltou com força total. Era uma benção termos uma lareira naquele lugar.
Fred segurou meu casaco no braço esquerdo enquanto voltava a segurar minha mão.
— Bem que eu percebi que você aceitou fácil demais minha condição para ir lá fora — falei, sorrindo esperta, e Fred franziu as sobrancelhas.
— Condição? Qual? — ele perguntou, nos olhando curioso.
— Comprar muitos doces na Dedos de Mel — eu e George respondemos juntos.
— Só aceitei porque no fim é Fred quem vai comprar. E em dobro. Não é, F? — ele perguntou, travesso. — Acho super justo.
— Eu também! — falei, animada.
— Eu acabei de fazer a demonstração de carinho mais incrível de Hogwarts e você fica do lado dele?! — ele falou, indignado.
— E eu te concedi a honra de ser meu par no baile! — ironizei o jeito coloquial que ele fez o pedido. Ele poderia ter perguntado se eu aceitava ir ao baile com ele, mas foi mais fofo que isso. Ainda assim, eu não perderia a oportunidade de brincar por nada.
Sirius Black, o padrinho de Harry, uma vez tinha nos dito que perdia o amigo, mas jamais a piada. Eu gostava desse seu pensamento.
— Opa, opa. Não se zoa um homem romântico! — George disse, se levantando e abraçando de lado o irmão.
— Muito obrigado por ficar do meu lado, G — Fred falou. — Você, ao contrário de certas pessoas, nunca ridicularizaria quem passou horas preparando uma surpresa para você.
— Bom, na verdade…
— Cala a boca — Fred resmungou, negando com a cabeça, e eu gargalhei. Não aguentava aqueles dois.
— Tô brincando, eu amei — falei, me aproximando de Fred e colando nossos lábios em um selinho demorado.
— Vocês sabem que eu ainda estou aqui, né? — George perguntou, fazendo careta. — Pelo jeito é a minha deixa. Boa noite, pombinhos. — Ri, e após nos despedirmos, ele se afastou e caminhou em direção às escadas dos dormitórios masculinos.
Consegui aproveitar mais um tempinho com Fred, mas estava tão cansada depois de fazer tantas tarefas que não demorei para ir para o meu quarto. Antes de finalmente me entregar ao sono, repassei várias e várias vezes o pedido para o baile.
Se, em algum momento, eu duvidei dos meus sentimentos, naquele dia eu tive a certeza de que era oficial. Eu estava gostando de Fred Weasley.

POV’s
Em geral, eu amava sextas-feiras. Era o dia da semana em que mais ficava animada, apesar da grade horária. Naquela, em especial, as aulas matutinas tinham passado rápido demais, o que era mais um motivo de comemoração.
Harry só faltava saltitar de felicidade, sorrindo o tempo todo. Eu sabia o motivo dele estar assim. Sentamos juntos na aula anterior e ele tinha me contado o porquê de estar tão animado.
— Tá legal, é o seguinte: hoje vamos para a casa do Sirius — Harry anunciou após todos se sentarem em um círculo no tapete do Salão Comunal. Ele havia nos chamado ali após o almoço para avisar a todos.
Era uma rotina, basicamente. Tínhamos o costume de, na maioria dos nossos sábados disponíveis, irmos para a casa de seu padrinho. Como George, Fred e encontraram novas saídas de Hogwarts somente analisando o mapa do maroto, sabíamos como sair do castelo sorrateiramente.
— Hoje?! — Mione exclamou, virando a cabeça para encará-lo. — Vamos no horário de sempre?
— Sim, depois do toque de recolher. Sirius já falou com a Madame Rosmerta e ela vai nos esperar lá no Três Vassouras — meu melhor amigo explicou. Ele nunca nos disse exatamente como esse combinado ocorreu, mas ela nos acobertava todas as vezes. Alguns dias, levávamos algumas guloseimas para ela em forma de agradecimento.
— Combinado então! — George respondeu.
— Nós podemos aproveitar para comprar os vestidos do baile. O que acham? — Gina perguntou, intercalando seu olhar ansioso entre Mione e eu.
Seria ótimo, precisávamos mesmo nos preparar e comprar tudo, desde o básico, que se tratava dos vestidos, até os acessórios que utilizaríamos no dia.
— Amei a ideia. Tenho certeza que as lojas em Hogsmeade esse fim de semana vão estar lotadas, vai ser ótimo ir nas do Largo Grimmauld — Hermione respondeu, parecendo satisfeita com a ideia.
— Agora nós só precisamos falar com a . Alguém a viu durante a tarde? Ela não foi em nenhuma aula — perguntei, encarando Fred e George, já que eram os mais prováveis de encontrá-la.
— Se você, que é irmã e colega de quarto dela, não viu, imagina nós… — Rony resmungou.
— Eu só me encontrei com ela no intervalo das aulas de manhã. Ela disse que estava passando um tempo com o professor Flitwick. Aparentemente, ele está ensinando alguns feitiços para ela — Fred respondeu, ignorando completamente o comentário de Ron.
— Então quem a achar primeiro conta? — Harry perguntou e todos concordaram com a cabeça. — Ótimo.
As aulas do período da tarde começariam em meia hora, então avisei que os encontraria depois e me afastei. Decidi falar com Draco, sabia que não nos veríamos tanto esse fim de semana e queria aproveitar o tempo restante que tínhamos.
Antes que eu pudesse sequer reclamar por Hogwarts ser absurdamente grande e por saber que eu gastaria a maior parte do meu tempo livre procurando o garoto, notei os fios loiros iluminados pela luz diurna, chegando em um tom prateado, olhando para todos os lados enquanto andava pelo primeiro andar.
Quando nossos olhares se cruzaram, Draco abriu um sorriso e me lançou uma piscadela. Nos aproximamos.
— Nossa, que bom que te encontrei aqui. Estava prestes a subir os sete andares — Draco comentou assim que me viu.
— Por que estava me procurando? — perguntei, posicionando os braços na cintura.
— Queria passar o resto do almoço com você — ele disse, erguendo a sobrancelha, quase como se estivesse insinuando que tinha sido uma pergunta besta.
— Ah, que bom então, porque pensei a mesma coisa. — Sorri para ele.
Começamos a andar em direção ao Pátio da Torre do Relógio, que estava cheio de alunos naquele horário.
— Hogwarts é uma escola tão enorme e ainda assim não temos uma sala para todos ficarem juntos… — resmunguei, ao me sentar em uma das muretas. Era algo que eu reclamava desde o primeiro ano, quando percebi que não conseguiria conversar tão facilmente com o restante dos alunos. — Até as mesas do Salão Principal são separadas pelas Casas! Fico pensando por que ninguém pensou em utilizar os espaços que temos para unir mais os alunos. Eles vivem reclamando que há meio que uma segregação aqui…
Por mais que eu adorasse grande parte dos alunos da Grifinória e amasse passar tempo com meus amigos, eu era extrovertida demais e conhecia bastante gente da escola para conseguir ficar somente naquele mesmo grupo toda hora.
— Bom, até tem algumas salas… — ele respondeu, pensativo.
— Elas não servem para isso, apesar de serem bem úteis para outras coisas — ri, deixando o tom malicioso transparecer na minha voz.
Draco riu com a cabeça, colocando a mão na minha perna e fazendo um carinho leve.
— E falando nessas outras coisas… O que acha de vir dormir no meu dormitório essa noite? — Draco perguntou com um sorriso ladino. Sabia exatamente o que estava passando por sua cabeça.
Também estava ansiosa para repetirmos, fiquei pensando nisso a semana inteira.
— Eu iria adorar, mas não posso… — respondi, recebendo seu olhar confuso. — Hoje à noite, eu e o pessoal vamos para a casa do padrinho do Harry e só voltamos domingo.
— Como vocês vão sair daqui? — perguntou, com as sobrancelhas franzidas, confuso.
— Os gêmeos têm um jeitinho — falei, sem explicar muito, e ele concordou com a cabeça, parecendo aceitar minha resposta.
— Poxa, e eu pensando que íamos passar um tempo juntos em Hogsmeade… — Draco resmungou. Se não tivessem tantas pessoas ao redor, eu jurava que o beijaria, achei fofo de sua parte fazer planos para nós. Mordi os lábios, tentando controlar o sorriso. — Mas se você acha que só porque não vai ficar em Hogwarts eu vou te deixar em paz, está enganada, acho bom você andar com aquele pergaminho por perto.
— Ah, é? — Sorri. — E você não tem nada melhor para fazer por aqui? — brinquei, batendo o joelho contra o seu.
— Só teria se você estivesse comigo — respondeu, dando de ombros. Sua voz translúcida, sem quaisquer indícios de que aquilo era somente uma brincadeira. Era tosco dizer que meu coração errou uma batida ouvindo-o falar isso?
Por um segundo, cogitei deixar de ir para ficarmos juntos o final de semana inteiro.
Mas eu precisava daquele descanso com meus amigos. As atividades em Hogwarts eram intermináveis e fazia um bom tempo desde a nossa última visita a Sirius. E eu teria outros momentos para aproveitar com Draco.
Aproximei meu rosto do seu e, com a boca perto do seu ouvido, sussurrei.
— Eu estou aqui agora e ainda temos um tempinho até as aulas começarem, o que acha de aproveitarmos? — Ele estremeceu e seus olhos brilharam ao encontrarem os meus.
Draco sorriu e então encarou meus lábios.
— No seu dormitório ou no meu?
Sorri, puxando-o pela mão e indo em direção ao seu quarto.

Fred POV’s
Herbologia era a aula mais chata para ter depois do almoço, definitivamente. George e eu somente não cogitamos cabular a aula por dois motivos. O primeiro era que as aulas acabavam mais cedo para o nosso ano, então era pouco tempo tentando aprender. O segundo era que não valia a pena arriscar sermos pegos e ficarmos na detenção logo hoje.
Estava ansioso para irmos para a casa de Sirius, ele sempre nos ajudava a pensar nas melhores pegadinhas para fazer em Hogwarts.
A professora Pomona Sprout explicava há intermináveis minutos — que mais se pareciam horas — sobre as plantas mágicas, mas não conseguia prestar a mínima atenção. Tudo o que conseguia me lembrar era do sorriso que estampava o rosto de assim que viu os fogos. Eu soube, naquela hora, que o brilho em seu olhar não era mero reflexo deles. A forma que ela transmitiu toda a felicidade que sentia naquele momento através de seus beijos…
Suspirei, cruzando os braços sobre o caderno e apoiei o queixo neles.
A lembrança de quando comecei a me atrair por ela estava vívida em minha mente, por mais longa que essa história fosse.
Conversamos pela primeira vez, de verdade, na detenção. Tinha visto a garota no vagão com meu irmão, mas não prestei tanta atenção quanto naquele momento. Eu e George éramos familiarizados com aquele lugar, mesmo que ainda fosse nosso segundo ano e, como sempre apareciam diversos alunos diferentes por lá, conhecíamos várias pessoas.
No entanto, ela nos chamou atenção ao ter nos ajudado naquele dia e, quando descobrimos aquele pergaminho velho, achei que ela iria simplesmente dar as costas e sair correndo quando estivéssemos livres, voltando para seus amigos. Mas foi exatamente o contrário.
Começamos a passar mais do nosso tempo livre juntos tentando descobrir como desvendar aquele mapa, que, no final das contas, havia se tornado uma mina de tesouros em nossas mãos. Nesse meio tempo, gostei de como ela era divertida e nossa personalidade parecia combinar tão bem. , George e eu parecíamos sempre estar em sintonia e podia afirmar, com meu irmão assinando embaixo, que jamais tivemos uma amizade tão próxima como a nossa.
Ela não era apenas bonita, mas seu jeito me atraiu de uma forma que não podia explicar. Prestei mais atenção nela desde esse momento e, quando nossos encontros se tornaram mais frequentes e nos tornamos grandes amigos, foi impossível evitar que eu gostasse dela. Gostasse mesmo.
O problema de uma amizade era que você não quer que ela acabe nunca, então me declarar era uma ideia absurda. Não queria que achasse que éramos próximos somente porque queria ficar com ela, jamais. Eu priorizava estar ao seu lado todos os dias, ainda que ela jamais soubesse do efeito que tinha sobre mim.
Sabia que as irmãs Voux eram transparentes quando não gostavam de alguém romanticamente e se afastavam para evitar o sofrimento da pessoa. E eu não suportaria perder a amizade de .
Ou seja, eu teria continuado sem dar passo algum, se não fosse pela primeira festa em que estávamos levemente alcoolizados e dei em cima dela. O que achei estranho, porém, foi o fato de que ela não somente riu do que eu disse, como respondeu minha investida.
Quer dizer, não estávamos tremendamente bêbados a esse ponto e isso fez meu estômago revirar com a vontade de beijá-la ali mesmo. Depois desse dia, ainda estava em dúvida se havia sido uma coisa momentânea, culpa da bebida, ou significava mais. Então, resolvi fazer um teste e dar em cima dela novamente. E ela respondeu da mesma forma.
Eu poderia estar sendo um grande idiota por acreditar que talvez tivesse o mínimo interesse por mim? Provavelmente, mas era o que eu tinha para me agarrar.
As festas rapidamente tornaram-se o modo que encontrei de me declarar, indireta e secretamente, para . O que me surpreendeu mais ainda foi quando notei que seu corpo correspondia aos meus toques, se arrepiando, principalmente, quando me aproximava para sussurrar algo em seu ouvido.
Nas férias de julho de 1996, quando começamos a ter maior contato com o mundo trouxa, resolvemos que deveríamos conhecer as festas que sabíamos que eles davam. A quantidade de tipos diferentes de bebidas que eles tinham e como a porcentagem alcoólica delas era maior que as que ingerimos no mundo bruxo. Metade do grupo ficou alto em pouco tempo, eu incluso. Mas os que levaram o troféu de bêbados da noite foram , George e Rony.
Em alguma hora da noite, me puxou pela mão para o outro lado do salão. Dançamos por quase meia hora juntos, quando a música se tornou mais sensual e a garota virou de costas, grudando seu corpo no meu. Minhas mãos alcançaram sua cintura e nossos movimentos estavam sincronizados. Sentia o aroma do seu cabelo em meu rosto cada vez que ela jogava o quadril para os lados.
Pouco antes da música acabar, ela virou-se de frente, sem nos afastar e dançamos o mais próximo possível. Alguém nos entregou dois copinhos de tequila, que pegamos com a mão direita, e meia rodela de limão com a esquerda. Engolimos o líquido ao mesmo tempo, sorrindo, e, antes que eu pudesse chupar o limão, se aproximou, segurando meu pulso e chupou a fruta, sem desviar os olhos dos meus. Eu parei de dançar subitamente. Foi inevitável evitar encarar seus lábios e, assim que subi o olhar para o seu, percebi que agora quem observava minha boca era .
Meu estômago estava prestes a sair pela minha boca.
Nossos narizes roçaram e eu suspirei nervoso, envolvido demais na atmosfera presente.
Sua testa encostou na minha e alguns fios de cabelo caíram em minha cara, mas eu não poderia me importar menos. Com a respiração entrecortada, abri e fechei a boca várias vezes.
Foi quando sua boca tocou na minha que voltei a respirar novamente. Não demorei para corresponder o beijo, sentindo o gosto da bebida recém ingerida quando minha língua percorreu a sua. Nem saberia dizer o que aconteceu com o copo e com o limão porque, quando dei por mim, segurava seu rosto com força pelos próximos minutos.
Somente interrompemos nosso momento perfeito quando senti meu bolso vibrar. Suspirando resignado, descolei nossos lábios e levei o telefone à orelha.
A tá com você? gritou do outro lado e, quando respondi que sim, continuou. — Ótimo. Sirius chegou para nos buscar, vem para a saída que estamos aqui.
Respirando fundo para me acalmar, expliquei rapidamente para o que estava acontecendo. Ela concordou com a cabeça e entrelaçou nossos dedos para saímos de lá.
A volta para a casa de Sirius foi como sempre, metade do grupo de adolescentes alegres demais cantando no carro enquanto o resto estava cansado o suficiente para simplesmente dormir e ignorar o barulho.
estava no segundo estado, apesar de não ter caído no sono. Ela tinha se aconchegado no meu braço enquanto eu fazia carinho em sua cabeça. Chegamos rapidamente e, como estava cuidando de Mione, que passou mal misturando as poucas bebidas que tomou, fiquei encarregado de cuidar da garota de cabelos castanhos.
Por estar meio capotada, mal deu trabalho. Ajudei-a a tirar a roupa e a vestir o roupão felpudo. Assim que deitou na cama, dormiu em menos de dois minutos e eu sorri pensando que tinha sido uma noite e tanto.
O dia seguinte veio com o baque. Ao contrário da minha, a mente de deletou todos os acontecimentos da noite passada depois do terceiro copo de vodka. O que significava, logicamente, que ela tinha esquecido que nos beijamos.
Por mais que eu realmente quisesse contar a ela sobre a noite, repensei mil vezes com George, e achamos melhor deixar para lá. Não queria que ficássemos em um clima estranho. Durante anos, tentei não ligar e fingir que não sabia o quão doces e macios seus lábios eram, mesmo que tivesse que vê-la praticamente todos os dias. Tentei ignorar meus sentimentos e jogá-los para o fundo do baú.
Até aquele dia.
O dia em que tudo mudou.
Eu e George passamos as férias inteiras desenvolvendo nossos produtos, como sempre. Na maioria das vezes, era a primeira a testar, mas ela estava viajando, o que nos restava apelar para quem estava na Toca. Quando nossa bala ficou pronta, decidimos que Gina estava fora de cogitação, assim como nossos pais. Rony dormia tanto que não iríamos perder tempo acordando-o. Felizmente, Hermione — com bastante insistência — e Harry aceitaram provar.
No final das contas, foi uma grande decepção. Não funcionou e nós ficamos nos perguntando o porquê, já que sabíamos que tínhamos colocado a quantidade exata dos ingredientes. E as alterações fariam com que a bala perdesse o efeito.
Então, depois de não funcionar como deveria, decidimos fazer mais testes para ter certeza, afinal, não fazia sentido algum eles não sentirem absolutamente nada. Por isso, durante o caminho para Hogwarts, conversamos com alguns amigos que concordaram em nos ajudar.
Lino Jordan e sua namorada, Susana Bones, obviamente foram os primeiros. Como não estávamos com tanta expectativa, ficamos surpresos assim que eles provaram. Ficou nítido que tinha funcionado somente vendo como se olharam — o que, sinceramente, me deixou ainda mais confuso.
Foi então que, após todos os voluntários terem experimentado, eu e George percebemos a existência de um padrão: a bala só funcionava com quem tivesse um interesse, nem que fosse mínimo, pelo outro. Deveria, necessariamente, ser recíproco. Caso contrário, era como comer um doce qualquer.
Eu pensei, mas foi George quem realmente disse que eu deveria testar a bala com a . Dessa forma, poderia seguir em frente, independentemente de como. Das duas uma, ou ela também se interessava por mim, ou eu só me iludia sozinho.
E, ok, por mais que tivéssemos nos beijado antes, não significava que aquilo não tivesse sido algo além das vontades de uma mente completamente bêbada. Então eu não tinha realmente como saber.
Mesmo com meu irmão assegurando que não havia com o que eu me preocupar e que tinha certeza de que funcionaria, eu suei frio no caminho inteiro até Hogwarts. Ansioso e querendo desistir, ao mesmo tempo que sentia como se finalmente tivesse chegado a hora. Logo, quando dei por mim, mordeu a bala enquanto eu tentava me lembrar de como respirar conforme repetia seus movimentos.
A confirmação de que sim, alguma parte de me desejava também, me levou a minha epifania, que me fez decidir ver onde isso poderia nos levar. Estive tempo demais sem realmente fazer um movimento efetivo e não perderia mais um minuto sequer.
Se eu soubesse que isso nos levaria até os dias atuais, teria feito antes. Jamais esperaria que ela descesse no meio da madrugada, quase que milagrosamente, e nos encontrássemos na sala, muito menos para confessarmos o interesse no outro e trocarmos nosso primeiro beijo — sóbrios e conscientes dessa vez. Tão infinitamente melhor que a primeira vez.
Tentei evitar ficar emocionado sobre isso, mas cada vez mais essa vontade crescia entre nós e percebia os esforços que fazia para não me beijar a qualquer momento. Eu me esforçava na mesma medida.
Mas agora que iríamos juntos ao baile, eu não poderia estar mais feliz e por isso deixei-me ser preenchido com esperança.
No momento em que o sinal tocou, me acordando de meus pensamentos e indicando que a aula tinha chegado ao fim, nos levantamos na mesma hora. Conversei com George por um tempo, até dizer que achava estranho não termos mais visto em momento algum. Esbarramos em Harry e Rony enquanto eles estavam indo para a próxima aula e eles nos contaram que ela não apareceu em nenhuma.
Desconfiando dessa demora, resolvi buscar pela garota. Não era possível que uma aula de feitiços levasse o dia inteiro, ainda mais com ela sabendo o quanto os professores exigiam em cada aula. era estudiosa e se recusava a matar as aulas por qualquer motivo.
Assim que entrei no dormitório, a coisa que mais me chamou atenção foi o Mapa dos Marotos em cima da cama de . Normalmente revezamos a cada mês em qual dormitório ele fica e, dessa vez, era no dela.
Tive a brilhante ideia de procurá-la por lá, então peguei o pedaço de papel e proferi as palavras que o fazia se revelar.
Procurei por poucos minutos até, finalmente, encontrá-la. Ela estava… parada em um corredor sozinha?
Ainda com o mapa em mãos, comecei a fazer o caminho até o tal corredor e agradeci mentalmente ao ver que não era tão longe do sétimo andar. Desci alguns lances de escada e, quando me aproximei, vi que algo havia mudado no papel. Outra pessoa também estava por perto.
Adrian Pucey.
Franzi as sobrancelhas. Talvez ele só estivesse passando por ali, por mais estranho que fosse — já que o corredor que andava conectava justamente com o que estávamos e nunca o vi passando por lá. De qualquer forma, continuei andando.
Foi então que eu a vi, lendo distraidamente. E Pucey, diferente do que eu imaginei, estava indo em sua direção, o que me fez parar de andar subitamente, prestes a observar essa interação com o corpo escondido de sua visão. Não que eu não fosse bisbilhoteiro, mas não costumava ser com .
Ele parou de costas para mim, chamando sua atenção e observei-a sorrir ao encontrá-lo. Por mais que eu não conseguisse ver a expressão no rosto do sonserino, imaginava que ele havia respondido com o mesmo gesto.
— Faz tanto tempo que não nos vemos. Senti sua falta. — O ouvi dizer, passando os braços ao redor do corpo de . Desde quando eles se falavam?
Após afastar seus rostos, ele a beijou.
Um beijo na boca. De verdade.
Meu coração parecia bater três vezes mais rápido que o normal e senti meu estômago embrulhar, sem acreditar no que via. Meus olhos se arregalaram levemente enquanto eu engolia em seco.
O que diabos?
Automaticamente, lembrei do que McLaggen disse no almoço que conversamos sobre os pares para o baile. Um cara da sonserina convidando-a para o baile. Foi como somar dois mais dois e eu entendi exatamente o que estava acontecendo ali.
E, apesar de saber que não tínhamos exclusividade alguma e que ela provavelmente nem gostava de mim da mesma forma que eu gostava dela, senti a decepção se espalhando por cada poro de meu corpo.
Sentimentos egoístas me invadiram e eu balancei a cabeça negativamente, me sentindo um idiota. E, se eu já me sentia golpeado, o que me derrubou foi o olhar que me deu quando se separou dele.
Ela me encarava com a boca levemente aberta, quase que em choque, mas eu não conseguia desviar nossos olhares. O azul sempre tão penetrante era como magnetismo. Isso era mais do que eu conseguia suportar.
Respirando fundo, sem aguentar mais um minuto daquela cena, me virei em meus calcanhares e voltei pelo corredor que vim, seguindo para os dormitórios.


Capítulo 13

POV’s
Isso não podia estar acontecendo.
Merda, merda, merda.
Ver Fred ali fez meu corpo congelar e meu coração acelerar. Já era complicado demais estar prestes a terminar com Adrian, e agora, fazer isso depois do que havia acabado de acontecer, era extremamente mais difícil. Tive vontade de sair correndo atrás dele, mas não podia.
? Está tudo bem? — Adrian perguntou assim que reparou minha falta de resposta.
— Ah, está sim. Hmm, na verdade, mais ou menos… — me atropelei nas palavras, ao mesmo tempo tentando me preparar psicologicamente. — Pra ser sincera, eu não pensei que estaríamos tendo essa conversa porque, bom, eu gosto de você, Adrian. Bastante. Mas algo vem acontecendo e eu precisava falar sobre isso.
O sorriso do Adrian diminuiu aos poucos. Pelo seu olhar, soube que ele já tinha percebido onde aquilo ia chegar.
— Acho melhor não ficarmos mais — falei, suspirando. Ele assentiu com a cabeça. — Acabei me envolvendo com alguém. Fred Weasley, para ser mais exata. Estou gostando dele mais do que eu imaginava e não acho justo com você manter o que temos se eu não estiver totalmente entregue.
— Entendi. — Ele ficou em silêncio por alguns segundos. — Bom, fico chateado porque eu realmente gostei do que tivemos, mas já sabia desde quando nos conhecemos que isso provavelmente ia acontecer algum dia. Assumi os riscos mesmo assim — ele disse, dando um sorriso triste. Franzi as sobrancelhas, o encarando.
— Como assim?
— Sabe, ninguém é bobo. É meio óbvio que Fred gosta de você há anos e eu sempre achei que era uma questão de tempo até você sentir o mesmo por ele.
Ok, o quê? Pucey poderia ser observador, mas ele definitivamente estava errado. Eu e Fred nos unimos dessa forma esse ano, mas nada implicava que ele nutria esses sentimentos por mim por tanto tempo. Quero dizer, anos era muita coisa. Fred não se envergonhava, ele teria me dito antes. Isso não fazia o menor sentido, né?
— Não, mas…
, está tudo bem. Realmente aproveitei muito os momentos que vivemos juntos e isso fez tudo valer a pena. Obrigado por ter vindo esclarecer as coisas e quero que saiba que sempre que precisar conversar, estou aqui. É verdade que aproveitávamos nosso tempo de outro jeito… — eu ri, concordando com a cabeça, tentando ignorar o que ele tinha falado pouco tempo atrás. Por Merlin, ele era incrível até durante um término. — Mas quero continuar sendo seu amigo, se você concordar.
Passei meus braços ao redor do seu pescoço, o abraçando, completamente satisfeita em como isso terminou. Eu não poderia esperar algo melhor.
Tinha me preparado para passarmos horas nessa conversa, seja discutindo ou qualquer outra coisa. Logicamente, eu sabia que Adrian era extremamente compreensível, mas tínhamos uma história.
No fundo, eu agradecia por não ter durado nem vinte minutos. Precisava falar com Fred, urgentemente. Se ele realmente estivesse gostando de mim durante todo esse tempo, então a cena que viu deve ter sido mais esmagadora ainda.
Sabia que, em seu lugar, decepcionada era pouco para descrever como eu me sentiria.
— É claro que quero. Você é incrível, Adrian. — O beijei na bochecha. — Obrigada por me entender e por ser sempre tão maravilhoso comigo. Mesmo.
Durante o caminho até o Salão Comunal, eu percebi como me sentia mais leve por me livrar desse peso. A conversa tinha sido ótima. No entanto, não consegui evitar de deixar que a culpa me corrompesse. Era o pior dos mal-entendidos no pior momento possível.
Pensei em como ele tinha acabado de me convidar para o baile da maneira mais espetacular, uma que eu jamais poderia imaginar. E agora ele tinha visto Adrian me beijar.
Ok, ainda não tínhamos conversado exatamente sobre o que éramos. Sobre o que tínhamos. Mas, ainda assim, se eu tomei a decisão de terminar com alguém que ficava há tempos, se o que Adrian tivesse me dito fosse real, então talvez ele estivesse mais apegado ainda. O que tornava tudo pior.
Mordisquei a pele ao redor das minhas unhas quando passei pelo quadro da Mulher Gorda, sentindo meu estômago se revirar pela ansiedade. Era horrível.
Na mesma hora em que entrei, tive um vislumbre de Fred.
E ele nem mesmo olhou em minha direção.
Conhecia-o bem o suficiente para saber que deveria esperar para esclarecer as coisas, por mais que isso me matasse internamente. Era seu tempo de pensar e raciocinar, e eu não iria atrapalhar. Continuei andando até o meu dormitório, onde , Mione e Gina arrumavam suas bolsas.
Franzi as sobrancelhas e as encarei.
— O que está acontecendo?
— Finalmente! Céus, onde você se meteu o dia todo? — Gina gritou assim que me viu, levantando os braços para cima como se, de fato, estivesse agradecendo.
— O professor Flitwick estava me ensinando algumas coisas sobre como criar feitiços — respondi, me jogando na cama. Foi um ótimo dia, até aquele momento. Antes, eu estava tão ansiosa para contar para as meninas tudo o que tinha aprendido e, depois do ocorrido, só queria dormir e acordar quando estivesse tudo bem. — Ele disse que não é comum alguém ter tanta facilidade nisso como eu tenho, mas que, mesmo com essa habilidade, preciso de conhecimento para não acabar matando alguém sem querer.
Resumi, sorrindo fraco, e elas concordaram com a cabeça. estreitou os olhos em minha direção, estranhando que eu tenha dito pouco. Mas é que eu estava pensativa demais.
— Agora, respondendo a sua pergunta, hoje à noite vamos para a casa do Sirius — Mione disse. Levantei a cabeça na hora. Eu realmente estava precisando disso, gostava demais de ir para lá. — Nós arrumamos suas coisas também, mas é bom dar uma olhada e conferir se não esquecemos nada importante.
— Até pensamos que poderíamos ver alguns vestidos para o baile por lá! — Gina completou, eufórica.
— Fiquei até mais animada ao saber disso. Obrigada, meninas — comentei. Falei a verdade, realmente me sentia melhor em saber que tínhamos planos para esse fim de semana. — Hoje foi um dia tão cansativo. Aconteceram tantas coisas…
— Além das suas aulas particulares? — perguntou, curiosa, e eu balancei a cabeça. — O que aconteceu?
— Terminei com Adrian. E Fred o viu me beijando — disse, sem enrolações.
As três estavam com os olhos arregalados, me encarando estáticas. foi a primeira a se mexer, sentando-se ao meu lado.
— Você não pode soltar uma bomba dessas assim! Quero os detalhes! O que meu irmão fez depois de te ver com o Pucey? — Gina perguntou, o choque era perceptível por boca escancarada e a voz subindo dois oitavos.
— Ah, foi péssimo. Ele não falou nada, só deu as costas e foi embora — respondi, me lembrando do exato momento em que o vi ali, me olhando. Suspirei, meu coração afundando tanto quanto o colchão que estávamos em cima. começou a passar os dedos entre meus cabelos, em um tipo de cafuné reconfortante que eu não poderia negar. — Foi sua expressão que doeu. O jeito como seu olho perdeu o brilho e ele pareceu tão desolado. Preciso conversar com ele e explicar o que realmente aconteceu. Ele entendeu tudo errado. E o pior é que nem posso culpá-lo porque, se eu fosse ele, também ficaria assim.
— E outra coisa, por que você terminou com o Adrian? — Gina perguntou, com as sobrancelhas franzidas. Só então lembrei que eu realmente não havia falado nada para nenhuma delas sobre terminar com Pucey e muito menos sobre Fred. — Não vai me dizer que é por causa do…
— Fred? — perguntei e ela balançou a cabeça. — Hm, é. Na verdade, eu não contei para vocês, mas faz um tempo que eu e ele estamos ficando… e eu estou gostando dele. Não é justo continuar com Adrian assim.
Contei, sendo transparente com as meninas. Depois de tantos meses, era bom que elas finalmente soubessem o que estava acontecendo. Até porque, desde que fiquei com ele pela primeira vez, Fred simplesmente não sai da minha cabeça. Apesar de gostar muito de Adrian, não senti isso nem mesmo por ele.
— Agora tudo faz mais sentido! Foi por isso que você ficou tão chateada quando ouviu ele conversando com G naquela outra noite… — Gina resmungou para si mesma, como se algo tivesse clareado em sua cabeça. — Vocês tinham que ver, ela parecia um monstro no treino de quadribol. M-o-n-s-t-r-o — ela completou, pausadamente.
Hermione me olhou com um sorriso contido, passando a mão carinhosamente pelo meu braço, sem nenhuma surpresa em sua expressão. Tive receio de que ela ficasse brava ou magoada por ser a última a ficar sabendo sobre isso, mas Mione demonstrou estar bem com o fato e, como sempre, foi muito compreensiva.
— Você nunca foi boa em esconder quando está gostando de alguém, . Nesses últimos meses, dava para perceber claramente que algo entre você e Fred havia mudado. Eu só não tinha certeza de que vocês estavam realmente juntos, mas não é como se já não tivesse imaginado isso — ela respondeu, e e Gina concordaram. — Mas calma aí, se você foi lá justamente para terminar com Adrian, por que vocês se beijaram? Ou foi um beijo de despedida? — Mione perguntou, sem entender muito a situação.
— Na verdade, foi Adrian quem me beijou assim que nos encontramos e eu o afastei. Foi bem nessa hora que vi Fred. Não faço ideia do que ele estava fazendo naquele corredor. Tudo aconteceu tão rápido que eu travei… De qualquer forma, eu não poderia correr para ele em um momento desses, né? Em compensação, minha conversa com Pucey foi a melhor possível, ele foi tão compreensível… Enfim, é uma mistura de sentimentos. Nem sei explicar direito — suspirei, lembrando das emoções que senti na hora dos acontecimentos. Ao contar verbalmente, um peso saia de mim. — Ah, além disso, Adrian disse que Fred gostava de mim desde que nos conhecemos e que sabia que isso aconteceria alguma hora — continuei, sorrindo ao pensar como Adrian tinha sido um fofo comigo. — Vocês acham mesmo que ele gosta de mim há tanto tempo assim?
— Acho — Gina disse sem nem pensar. Ela sempre era sincera, mas sua resposta me pegou um tanto quanto desprevenida. Quer dizer, eu já estava me familiarizando com a ideia, mas ainda assim. Depois de George, ela era a mais próxima dele dentre os irmãos Weasley. — Olha, nunca falei porque não queria te assustar e acabar enfiando coisa na sua cabeça, mas eu o conheço o suficiente para saber quando ele gosta de alguém.
— Hm… — resmunguei, pensativa, sentindo meus batimentos acelerarem novamente. — E o que eu faço?!
— Para falar a verdade, acho que você devia deixar para pensar sobre isso só depois que conversarem. Tenho certeza que, se continuarmos com todas as possibilidades existentes, você vai ficar doida. E, se Fred nunca confessou para ninguém daqui, não adianta nos basearmos nos achismos. Eu também concordo com a Gina e acho que é um sentimento antigo, mas não adianta até saber em qual pé exatamente ele tá em relação a vocês — expôs seus pensamentos, me encarando.
— É, eu já sinto que estou ficando mesmo — ri com o nariz. São tantos “e se” que passeiam pela minha cabeça agora.
— Então vamos focar em outra coisa e esquecer isso por agora! — Mione disse, se levantando. Ela caminhou até sua bolsa e fechou o zíper, enquanto eu me levantava para, finalmente, arrumar minhas coisas. — Que cor de vestido estão pensando em usar?
— Não tinha pensado nisso! Acho que verde? Sempre li que essa cor combina com ruivas — Gina respondeu.
— Vai ficar lindo! — comentei, sorrindo pela conversa ter ficado leve e, ao mesmo tempo, imaginando-a com um vestido longo andando pelo salão. Mal conseguia esperar para esse baile.
Antes que Hermione pudesse falar o que imaginava para si mesma, o barulho de batidas na porta nos interrompeu. Segundos depois, a cabeça de Harry apareceu por ali.
— Oi, meninas. Estão prontas para irmos?

***

Fred estava me dando um gelo.
Não que não estivéssemos nos falando. Ele respondia tudo o que eu perguntava e, em momento algum, me destratou. O problema era que ele não dava continuidade à conversa e também mal me encarava.
Desde o horário que chegamos, ele tinha fugido bastante de mim. Eu mal o tinha visto, o que era realmente estranho, e até Sirius chegou a comentar discretamente. Isso porque chegamos bem tarde, então fomos jantar direto e, ao contrário do usual, Fred sentou-se na outra ponta da mesa e preferiu até mesmo pedir para , que estava na minha frente, passar-lhe a jarra de suco.
Depois do jantar, conversamos um pouco e fomos para o quarto. Os meninos ficaram no quarto da frente, do outro lado do corredor. Eu estava exausta. A aula do Flitwick tinha sido completamente maravilhosa e pude aprender mais ainda, porém, ficar o dia todo revisando e aprendendo novos feitiços me cansou tanto mental quanto fisicamente. Meu braço parecia que ia cair.
E todo drama emocional me deixava ansiosa. Ignorando meu estômago se revirando de nervosismo, decidi dormir. Ou tentar, pelo menos. Tirando Rony, que sempre estava capotado, o restante do grupo decidiu assistir algum filme ou série. Recusei o convite, sabendo que não conseguiria prestar atenção em nada e, pior ainda, ficar quieta.
Xinguei assim que abri minha mochila e encontrei o pequeno bolso interno vazio. Mas que merda! Era óbvio que isso precisava acontecer justamente hoje. Revirei a bolsa inteira, procurando pelo recipiente com minha poção para dormir e não encontrei de forma alguma. Bufei, balançando a cabeça negativamente. Como eu iria dormir agora?
Por mais que eu estivesse acostumada a dormir na casa de Sirius, nunca tinha conseguido me entregar ao sono sem o elemento mágico. Eu poderia sair o dia inteiro e, ainda assim, virar a noite em claro.
Mas, mesmo assim, eu tentei.
Deitei na cama, me cobrindo inteira e fechei os olhos. Por mais de meia hora, tentei dormir. Era simplesmente impossível. Me revirei até encontrar a posição mais confortável, contei até 200 carneirinhos — ou acho que contei, porque perdi a conta depois de um tempo —, porém, nada parecia adiantar.
Desistindo, decidi que leria um livro para me ocupar.
Após ler 85 páginas de um romance que havia me indicado, minha garganta estava implorando por um mísero gole d’água. Silenciosamente, levantei e me dirigi à cozinha. Assim que atravessei a porta, vi que não era a única com sede.
— Não consegue dormir? — Fred perguntou, me encarando. Seu quadril estava apoiado no mármore do balcão. Ele usava somente uma calça de moletom, com o abdômen exposto.
Por Merlin, Fred Weasley ainda vai ser o motivo do meu colapso.
— Não. Esqueci a poção de novo — suspirei, cansada. Ele concordou com a cabeça e ficamos em silêncio por alguns segundos. Era excruciante e me matava aos poucos.
Eu poderia dar a volta, mas sabia que não ia conseguir deitar na cama pensando que poderia ter tentado conversar com ele. Não podia esperar e continuar nesse clima, ainda mais por um mal-entendido.
— Fred, eu…
, eu… — falamos ao mesmo tempo e rimos baixinho. Fiquei menos tensa por saber que ele também queria conversar.
— Pode falar — disse, me aproximando e ficando em sua frente.
— Eu queria pedir desculpas por hoje. Não devia ter te afastado. — Ele foi direto. — Nós não conversamos sobre ficar com outras pessoas e, depois de te ver beijando Pucey, eu não sei, não soube como lidar. Acho que meus sentimentos por você falaram mais alto do que a razão…
Sentimentos.
— Fred, você não precisa pedir desculpas. Se fosse eu ali, vendo você beijar alguém, também não saberia o que fazer. E é por isso que eu queria explicar sobre isso — comecei a falar. Sua atenção agora estava completamente focada em mim. Minha boca estava seca enquanto eu me confessava. — Eu ficava com Adrian desde o começo do ano passado. Praticamente ninguém sabia, porque eu não queria que fosse algo público, e os grifinórios tem tanta rivalidade com a Sonserina, ainda mais sabendo o que eu teria que aguentar por sermos jogadores de quadribol de times opostos. Desde então não me envolvi com mais ninguém, porque eu gostava dele e do que tínhamos. Era cômodo para mim e gosto dessa questão de exclusividade, sabe?
— Não precisa me contar tudo, se você quiser ficar com ele, eu… — Ele desviou seu olhar, encarando o chão, parecendo um tanto surpreso quanto envergonhado.
— Espera, me escuta, por favor — o interrompi antes que ele seguisse com essa linha de pensamento. — Eu gostava dele, mas então nós ficamos e tudo virou uma bagunça na minha cabeça, porque eu só conseguia pensar em você.
Seus olhos castanhos encontraram com os meus novamente durante minha confissão, me fazendo prosseguir. Era a coragem que eu precisava.
— Normalmente, nós nos encontrávamos de madrugada pelo castelo e, desde que eu e você nos beijamos, não o vi mais. Não consegui. Tudo o que conseguia pensar era em nós dois. Você ocupou meus pensamentos tantas vezes que eu mal conseguia me concentrar nas outras coisas que fazia. Fico relembrando seus toques, o jeito que você me segura e como eu gosto de todas essas sensações. O único momento que não estou pensando nisso é quando foco nos estudos. E, quando ele me chamou para o baile e disse estar com saudades, soube que não era justo com ele. Não quando eu gosto tanto de você. Por isso, o chamei hoje naquele corredor para terminar oficialmente o que tínhamos. Assim que nos encontramos, ele me beijou, mas eu me afastei e expliquei que não podíamos continuar aquilo por que eu gosto e quero ficar com você, Fred. E eu queria tanto ter corrido atrás de você naquela mesma hora, mas, além de não ser justo com Adrian, eu precisava ter tudo certo para poder falar com você.
Suspirei, falando tudo de uma vez.

Fred POV’s
admitiu que gostava de mim.
disse que pensava em mim e revivia mentalmente nossos momentos juntos.
— E eu nem sei se você quer mesmo ficar comigo porque…
Eu sentia que meu coração pararia de bater a qualquer minuto, que meu sangue iria gelar e eu cairia duro aqui mesmo, no chão dessa cozinha. Mas tudo bem, porque estava começando a corresponder meus sentimentos.
Queria livrá-la absolutamente desse tormento e confessar que estava apaixonado por ela há anos. Que ela era meu primeiro pensamento ao acordar e o último ao me entregar ao sono e todos os demais elementos que estariam presentes em algum livro extremamente romântico, bem água com açúcar, que Mione definitivamente teria em sua cômoda.
Contudo, era de que estávamos falando. Se eu tinha aguardado por anos para contar a ela, deveria, no mínimo, ser algo grandioso. Os fogos de artifícios não eram nem metade do que eu queria fazer para ela.
Então, eu esperaria mais um pouco. A ideia de como, finalmente, revelar meus sentimentos brilhava em minha mente, pronta para ser executada no momento certo.
Foi pensando nisso que interrompi sua frase, me aproximando mais ainda dela e fazendo nossos lábios se encostarem levemente. Eu sentia sua respiração descompassada em meu rosto, seu nariz passando pela minha pele me arrepiava, e a vi fechar os olhos.
— Deixar de ficar com você nunca foi uma opção, — sussurrei.
Decidi não perder mais tempo e a puxei, grudando meu corpo no seu e, consequentemente, nossas bocas também com uma certa agressividade. Uma de suas mãos passava pela minha nuca enquanto a outra subia para meu pescoço.
Sua língua tinha gosto de saudade e eu nem sabia como isso era possível. Era absurda a sintonia de nossos lábios, movendo-se, buscando um pouco do outro em frenesi. Como eu sobrevivi esse tempo todo sem isso?
Corri as mãos por baixo de sua blusa, começando pelas costas e lentamente levando-as aos seus seios, a sentindo gemer em minha boca. Me afastei o suficiente para descer meus lábios para o seu pescoço, chupando e beijando cada parte exposta de pele.
Meu corpo, tão quente, encaixava tão bem entre o seu. Deslizei minhas mãos para baixo, trilhando um caminho até suas coxas e erguendo seus quadris, fazendo-a se sentar na bancada.
envolveu as pernas ao redor da minha cintura, friccionando sua intimidade com a minha, ainda cobertas pelas roupas, e passei a mão por sua perna, indo até o cós do short macio do seu pijama, pronto para tirá-lo.
Não disse, afastando minhas mãos.
Franzi as sobrancelhas, em um misto de confusão e indignação. Sem conseguir formular uma palavra, encarei-a, aguardando explicações.
Ela então me afastou o suficiente e abriu um sorriso enquanto descia da bancada. segurou em meus ombros e nos girou, fazendo com que eu me apoiasse no móvel em que ela estava sentada segundos atrás.
Seus olhos beiravam a pura malícia e eu engoli em seco, ansioso para saber o que iria vir em seguida. Mordi os lábios, tentando entender o que aconteceria.
Eu acompanhei com o olhar cada movimento que fazia, até ela se posicionar na minha frente sobre seus joelhos. Minha garganta secou na mesma hora e eu engoli em seco. Observei sem fôlego enquanto arrastava minha calça de moletom para baixo e não consegui deixar de suspirar alto ao sentir sua pele na minha.
Oh, iria mesmo…?
— Sabe, eu acho injusto só você saber qual é o meu gosto…
Puta merda, ela iria sim.
Meu membro pulsava duro de excitação, quase na mesma velocidade de meus batimentos cardíacos. Minhas veias estavam pulsadas e tudo que pude fazer foi vê-la abaixar o tecido até que este caísse aos meus pés, revelando minha extensão.
começou a me provocar, subindo e descendo lentamente sua mão, e sufoquei um gemido, sentindo que precisava de mais.
Ela sabia disso tão bem quanto eu, mas o sorriso em seu rosto demonstrava o quanto ela estava amando me ver precisando tanto dela quanto agora.
… — grunhi, tentando controlar minha respiração acelerada. Em resposta, ela passou novamente o polegar sobre a cabecinha, fazendo meu quadril estremecer. — Por favor…
Olhei sua expressão de satisfação e a lambida em seu lábio inferior. Céus, minha varinha estava no quarto, o que me impedia de lançar um feitiço Abaffiato. Eu precisaria do maior autocontrole agora para não fazer nenhum barulho que pudesse chamar atenção do pessoal na sala.
A respiração de bateu em minha pélvis e foi nesse momento que eu estiquei a mão para segurar seus cabelos, pensando que os longos fios castanhos espalhados provavelmente atrapalhariam suas ações.
Ela lambeu toda a minha extensão, de baixo para cima, antes de sua boca molhada envolver meu membro com delicadeza e sua língua quente percorrer por todo o meu comprimento, me fazendo fechar os olhos e ofegar. As sensações que me invadiram eram indescritíveis.
Eu poderia ver as estrelas, mas, ao invés disso, abri meus olhos para observar seu rosto concentrado. Nossos olhares não se desviavam e ela fazia seu trabalho com maestria, utilizando as unhas para arranhar minha perna, me excitando ainda mais, enquanto a outra mão a acompanhava.
Prestei atenção em todos seus movimentos, o jeito que ela me chupava era delirante. Deixei mais um gemido sair de minha garganta ao senti-la aumentando a velocidade aos poucos. Sabia que não ia aguentar muito tempo, ver em seus olhos o quão prazeroso estava sendo para ela fazer isso comigo me deixava louco.
— Droga… — arfei, deixando a cabeça cair para trás e balançando ligeiramente o quadril ao seu toque. — , eu vou gozar logo… Melhor se afas… — tentei avisá-la, mas não consegui nem mesmo completar a frase antes de perceber que ela não pretendia fazer isso.
Gemi seu nome mais uma vez, um pouco mais alto do que eu esperava no momento em que meu corpo explodiu de prazer. Sentia espasmos por toda a minha intimidade, precisando encostar a cabeça na parede, ainda zonzo, respirando fundo para me recuperar.
Subi novamente minha calça e percebi que ela também se levantou, ficando parada em minha frente com um leve sorriso malicioso estampado em seu rosto, extremamente satisfeita com o que tinha feito.
— Consegui retribuir o favor daquele dia? — ela questionou com a voz inocente, mas seu olhar carregado de desejo demonstrava o contrário. Eu não tinha nem palavras para respondê-la, então apenas segurei seu rosto entre minhas mãos e a beijei, torcendo para que fosse o suficiente.
Caramba, eu poderia jurar que foi a melhor chupada da minha vida.
— Eu até diria que, se essa for a consequência de cada briga que tivermos, então eu me esforçaria para brigarmos bastante, mas não consigo sequer cogitar a ideia de ficarmos tanto tempo sem nos falarmos — confessei, enquanto puxava-a para mais perto de mim, abraçando-a pela cintura cuidadosamente.
— Bobo — ela proferiu, com as bochechas coradas enquanto enfiava o rosto no meu pescoço, suspirando levemente. Era uma intimidade tão gostosa a que tínhamos. Beijei o topo de sua cabeça, completamente envolvido por aquele momento.
— Vou voltar para sala, vem comigo?
— Vou, só preciso escovar os dentes.
Concordei com a cabeça, sorrindo, e observei com o canto de olho se afastar e sair da cozinha, enquanto eu me recuperava, tomando um copo d’água antes de seguir pelo corredor.
Céus, eu estava louco por ela.
O filme estava na cena final quando voltei, com a personagem principal, uma viúva, lendo a última carta que seu marido, um soldado na guerra, tinha escrito. Não demoraria muito para acabar, então me acomodei no sofá mais próximo.
não demorou a chegar, sentando-se no mesmo sofá que eu e aninhando-se a mim. Escolhemos o próximo filme rapidamente, o que foi bom, porque estávamos tão cansados que não discutimos quando deu a sugestão.
No entanto, apesar de estar achando bem interessante, não pude evitar que minha cabeça tombasse no encosto do sofá e meus olhos se fechassem. Estando feliz por ter me resolvido com a da melhor forma possível, me entreguei ao sono e dormi lá mesmo.
Não por muito tempo, eu achava. Pelo menos, eu tive a sensação de não ter dormido nada. Cocei os olhos, abrindo-os devagar até me acostumar com a claridade vinda da janela. É, eu tinha dormido bastante sim. Não só eu, tinha se enrolado em mim e todos os outros estavam na sala, resmungando.
Ser acordado por um elfo doméstico completamente emburrado e reclamão não era o que eu havia imaginado para essa manhã, admito, e aparentemente todos acordaram com o mesmo humor ao perceber isso.
— Monstro, cai fora, por favor — falei, sem vontade nenhuma de acordar.
— Monstro não segue ordens do traidor do sangue Weasley — ele resmungou, caminhando pela sala e organizando as coisas lentamente. — Se bem que Monstro teria gostado de cair fora antes de ver os atos libidinosos que o traidor do sangue Weasley e Voux fizeram na cozinha durante a noite, ah, isto ele gostaria.
engasgou, sentando-se rapidamente e tossindo enquanto todos encaravam-no com os olhos arregalados. Quer dizer, todos menos George, claro. Meu irmão começou a rir e bater palma, como se estivesse orgulhoso. Cocei a cabeça, meio que dando de ombros, mas tendo plena noção de que minhas bochechas estavam levemente avermelhadas.
— Atos libidinosos? — Rony perguntou, com as sobrancelhas franzidas.
— Ah sim, Monstro viu Voux se ajoe…
Monstro! gritou, o interrompendo, e eu arregalei os olhos. Nunca vi seu rosto tão corado quanto agora, ela parecia um tomate.
— Agora entendi como vocês se resolveram tão rápido… — falou, com um sorriso de canto, completamente malicioso e piscando para . O tom de voz deixava claro que ela estava aprovando a situação.
— Sinceramente, eu adoraria discutir se a forma de resolver as coisas fosse essa — George comentou, ainda rindo, sem conseguir se controlar.
— Vocês fazem… isso… há quanto tempo? — Harry perguntou, parecendo perdido.
— Quase três meses — respondi, feliz, quase me esquecendo da vergonha que estávamos passando no momento.
Era loucura pensar em como tinha passado tão rápido, principalmente quando o tempo parecia congelar quando eu e estávamos juntos.
Três?! Como eu não soube de nada? — Rony falou, parecendo frustrado por aparentemente todos saberem disso, menos ele e Harry. Eu sabia que queria revirar os olhos, porque não fizemos a mínima questão de tentar realmente esconder e, se ele prestasse atenção, teria reparado.
— Porque é um bobo — Gina respondeu, voltando sua atenção para . — Bom, eu até iria na cozinha buscar um copo de água, mas tenho medo de encontrar… — ela teria falado mais, mas logo foi interrompida também.
— Gina, se você continuar essa frase, eu juro por Merlin que te chuto até a rua — ameaçou, fazendo com que minha irmã gargalhasse alto. Todos a conhecíamos o suficiente para saber o que ela seria capaz falar e que isso só nos envergonharia ainda mais.
— Mas…
— Podemos mudar de assunto, por favor? — perguntou, afundando seu rosto em uma almofada. Ri levemente e passei os dedos pelo seu cabelo, tentando confortá-la. — Quer saber?! Eu vou ir pro quarto. Acabei de passar vergonha o suficiente por oitenta anos e simplesmente não consigo encarar ninguém agora sem sentir minha cara queimar.
levantou imediatamente e começou a andar na velocidade da luz. Enquanto a observava sair, soube que todos me encaravam agora.
Olhei para eles, que retribuíram com expectativa. Engolindo em seco, virei o rosto, prestes a fazer o mesmo caminho que . Não era um assunto que falaria com eles, jamais. Só contaria para o George, e com o mínimo de detalhes possíveis.
— Eu acho que vou lá com ela… — falei, me levantando também.
— Só garantam que ninguém estará por perto se forem…
GINA! — Ouvi a voz estridente de gritar pelo corredor e as gargalhadas de todos.
Balançando a cabeça, sem acreditar exatamente no comentário da ruiva, continuei andando até encontrar a pessoa que ocupava todos meus pensamentos.

POV’s
Sentindo a maciez da seda, peguei o vestido pelo cabide e posicionei na frente do meu corpo, observando no espelho atenciosamente. Era lindo, mas ainda assim não me agradava completamente.
Guardei-o, suspirando, e olhando para o lado. Hermione parecia maravilhada observando as diversas opções ao nosso redor. Eu amava fazer compras, principalmente quando se tratava de roupas. Precisávamos decidir os vestidos que usaríamos no Baile de Inverno, que estava chegando, e combinamos de passar o dia de hoje experimentando diversos modelos.
Saímos muito cedo da casa de Sirius porque sabíamos que iríamos demorar. Eu e éramos extremamente exigentes com roupas de festa, principalmente quando era uma dessa nível. Não seriam somente os alunos de Hogwarts a nos ver assim, mas também os alunos de Durmstrang e Beauxbaton.
Estávamos há menos de meia hora na loja, mas eu estava tão animada vendo todos os possíveis modelos que parecia mais tempo.
— Eu ainda não consigo acreditar que o Monstro viu você e Fred. Nunca vou superar isso — Gina riu enquanto pendurava um vestido rosa novamente em seu lugar. Era nítido que ela não havia gostado.
Mas também, sendo sincera, não tinha muito o que gostar. Plumas estavam na moda, mas além de serem raras as roupas que eu achava realmente bonitas, elas mais remetiam a um flamingo que outra coisa.
— Nem eu! Juro por tudo que eu nunca senti tanta vergonha — respondeu, cobrindo o rosto com a mão, e nos fazendo rir. — Só fiquei aliviada por Sirius não ter escutado nada do que ele disse.
Balancei a cabeça, concordando. Por mais que fôssemos próximos dele, era um nível além ele saber desse tipo de coisa. Simplesmente não, obrigado.
— Verdade, mas pelo menos vocês se resolveram. Imagina passar o fim de semana todo naquele clima?! — comentei, vendo concordar com a cabeça prontamente. A chateação de Fred era nítida e, se o tratamento gélido me deixou nervosa, mal podia imaginar como minha irmã se sentiu.
— E como foi? Quer dizer, a conversa... Não o que veio depois e… Ah, vocês entenderam! — Mione perguntou, se embolando na frase e ficando vermelha. Me segurei muito para não gargalhar com sua falta de jeito.
— Foi bem tranquilo. Ele pediu desculpas por ter me ignorado durante a noite, disse que não soube como lidar quando me viu com o Adrian e que seus sentimentos falaram mais alto do que a razão — minha irmã explicou brevemente, dando um sorrisinho ao lembrar da cena. — Então eu também pedi desculpas e expliquei tudo que aconteceu. E com tudo, eu quero dizer tudo mesmo. Contei sobre minha relação com o Adrian e que eu o chamei para terminar o que tínhamos, porque na verdade eu estou gostando do Fred... Bom, foi aí que as coisas esquentaram e aconteceu o que todas já sabemos.
parecia tão feliz que foi impossível não sermos contaminadas por isso. Nós quatro estávamos sorrindo, trocando olhares.
A verdade é que, desde que ela me contou sobre a noite em que se encontraram no Salão Comunal, eu soube que isso seria mais do que apenas um beijo. Era impossível que não fosse e qualquer pessoa com o mínimo de visão seria capaz de enxergar isso.
— Estou feliz por vocês e por, finalmente, te ter como minha cunhada. — Gina bateu palmas, abraçando , que riu alto com a animação dela.
— Mas, e vocês? Temos muitas coisas para conversar, não tivemos tanto tempo nesses últimos dias.
— E, pelo jeito, Mione tem novidades para nos contar… — falei, empurrando minha amiga de leve com o ombro, que apenas deu um sorriso amarelo. Ela e Krum estavam avançando nesse relacionamento, e eu realmente gostava dos dois. Tinha minhas preocupações de como Mione ficaria quando ele tivesse de ir embora, mas ela parecia bem pé no chão.
— Gina também, fiquei doida para saber o que ela e Harry conversaram — completou.
— Já até tinha me esquecido disso. Ele queria saber se eu estava bem por conta de todo o drama com o Dino e tudo mais, o que eu achei bem fofo — Gina começou a contar e nós concordamos. A história dela seria mais rápida, então foi até melhor falar primeiro. — Mas não foi nada demais, depois disso falei que nossa relação não mudaria por isso e que eu não me afastaria dele.
— E o Dino está tranquilo com isso? — Mione perguntou. Harry tinha me contado como foi e ele pareceu realmente chateado com a decisão dela, mas compreendeu completamente e disse que não iria interferir. Segundo ele, o que fosse para ser, seria.
Era um pouco difícil estar no meio dos dois, para ser sincera. Eu queria dar a minha opinião sobre o assunto, que achava que Harry e Gina formavam um casal infinitamente melhor, mas tinha jurado a mim mesma que não opinaria nesses casos. Eles saberiam dizer o que queriam em determinado momento.
— Ah, na medida do possível, sim. — Ela deu de ombros, não parecendo se importar muito. — Agora conta, como foi com o Krum?
Nós três olhamos para Mione com expectativa. Desde o dia em que a ajudamos a se arrumar para ir dormir no dormitório do Viktor, ela não nos contou nada de como tinha sido a experiência — o que só nos causou mais curiosidade. Estávamos esperando que ela nos contasse por conta própria, mas parecia que ela precisava de um empurrãozinho.
— Foi… incrível! Sério! — ela falou, maravilhada, abrindo um sorriso completo. — Quando cheguei em seu quarto, acho que ele percebeu como eu estava nervosa, então conversamos sobre vários assuntos até que eu ficasse mais calma... Quando finalmente as coisas começaram a andar, ele foi super carinhoso e, para falar a verdade, não consigo imaginar como a noite poderia ter melhorado, foi tudo perfeito. Não vejo a hora de dormir com ele de novo… — ela suspirou.
Mesmo envergonhada, provavelmente por estarmos falando sobre isso em uma loja, Mione não conseguia se conter. Ela quase saltitou até a próxima arara para pegar o próximo vestido e eu ri, achando engraçado.
— Safada! — brinquei, vendo a me dar a língua.
Sendo sincera, por mais que morássemos juntas e fossemos diversas vezes para a casa de Sirius, eu não enjoaria nunca de passar tempo com elas. Eu amava nossa amizade e como estávamos sempre confortáveis para confiar na outra, além de termos sempre as melhores fofocas.
— Eu não estou em condições de negar, então… — Ela deu de ombros e eu ri alto.
— Bom, se eu fiz as contas certas, temos quatro pessoas e três novidades contadas — Gina comentou, me encarando com um sorrisinho de quem sabia tudo que acontecia.
— E não vale falar que sua vida anda parada porque sabemos que não está — Mione completou, apoiando Gina.
Sorri amarelo, dando de ombros. Era a melhor hora, não era?
Quer dizer, elas me matariam se eu simplesmente aparecesse no baile acompanhada de Malfoy sem ter explicado como nos aproximamos.
Olhei discretamente para , que parecia ter lido meus pensamentos. Ela concordou com a cabeça, me dando a certeza que eu precisava.
— Na verdade, eu realmente tenho algo para contar — falei, vendo-as se aproximarem mais. — Lembram de quando jogamos verdade ou desafio, na festa, e que me desafiaram a ficar sete minutos no paraíso com Draco Malfoy?
Gina e Hermione concordaram com a cabeça, os olhos me encarando como se me perguntassem como elas poderiam ter esquecido.
— Acontece que nós ficamos naquele dia — confessei sem delongas, vendo Gina abrir a boca, provavelmente para me xingar, mas continuei falando. — E tantos outros, eu nem sei dizer. Ele tem sido totalmente diferente de sempre e, por incrível que pareça, eu estou gostando… Quer dizer, ele organizou um piquenique no dia do aniversário de morte dos meus pais só para me animar e me fazer comer. Significa algo, né?
— Estou até tonta. Essa revelação, sim, me deixou surpresa — Mione disse, apoiando uma mão na arara ao lado. Ri baixinho pelo seu exagero.
— Realmente — Gina concordou, parecendo em choque. — Assim… Com certeza deve significar algo, mas não consigo imaginar Draco Malfoy sendo minimamente legal com ninguém — ela resmungou, esfregando o rosto como se eu estivesse falando em outra língua.
Era estranho pensar que, como ela era um ano mais nova que nós, não tinha o mesmo contato nas aulas. Basicamente, Gina o conhecia pelos jogos de quadribol — onde ambos eram excessivamente competitivos — e pelo o que contávamos. Então seu rancor era mais de tabela do que de experiências propriamente ditas.
— Se bem que eu percebi mesmo que vocês nunca mais tinham brigado durante as aulas — Mione concordou, pensativa. — Comentei com Harry e Rony sobre isso, mas aparentemente eles não perceberam isso da mesma forma que eu. Estou feliz por você, . É bom saber que ele tem esse lado preocupado. — Isso não me surpreendia, eles sempre foram os mais desligados. Mas era verdade, depois da história da detenção com Snape, nosso comportamento nas aulas melhorou incrivelmente. Nem mesmo as antigas provocações entre ele e Harry estavam acontecendo. — A história parece até aqueles romances de inimigos que se apaixonam secretamente. — Eu ri da colocação, apesar de ter certeza que não nos enquadrávamos tanto nisso. — Só não entendo o porquê de esconder isso de nós por tanto tempo…
— Eu… Eu estava insegura sobre tudo. Desculpa ter demorado tanto… É só que.. não começou exatamente como uma amizade normal, sabe, então eu não sabia se daria em algo ou não. Achei melhor esperar para contar. Imagina se vocês começassem a gostar dele e ele voltasse a agir igual um idiota? — respondi, fazendo-as rir enquanto concordavam comigo. — Mas estamos indo bem. Ele até me chamou para o baile.
— Pelo jeito as coisas estão ficando mais sérias, hein — falou, sorrindo com a informação.
— É, mas não vai adiantar nada se eu não encontrar logo a droga de um… — Parei de falar instantaneamente quando virei para o lado. Fiquei tão estática que a minha bolsa caiu no chão.
Se eu já não fosse uma bruxa, teria dito que minha boca era mágica, porque não era possível.
É aquele. — Apontei, sentindo a euforia me dominar, enquanto observava de longe.
As meninas pararam ao meu lado, observando a peça de roupa que eu apontei. O vestido preto no manequim era divino, com o meu decote favorito. Antes de virmos, eu pensei nas cores que poderia usar. Azul, verde… Mas não dava, eu tinha nascido para usar preto. E, por mais que geralmente fosse uma cor tão básica, tinha certeza que aquele se destacaria em mim.
A atendente simpática logo me trouxe o vestido no meu tamanho para que pudesse experimentar. Não era demais dizer que caiu como uma luva, ficando exatamente perfeito, de modo que não seria necessário fazer nenhum ajuste.
Assim que saí do vestiário, as meninas suspiraram antes de começarem a me elogiar. Sorri, feliz por finalmente ter encontrado o que queria tão rápido. Gina tinha escolhido um verde com uma estampa delicada que lembrava folhas, e logo depois apareceu com um vermelho que contrastava bem com sua pele. Infelizmente, Hermione não teve a mesma sorte. Enquanto ela experimentava alguns, aproveitei e vi outros somente para conferir se era aquele mesmo que usaria no baile.
Demorou um pouco, mas quando Mione encontrou, era divino.
Contentes com nossas escolhas, saímos com várias sacolas de vestidos, acessórios e sapatos e voltamos para o Largo Grimmauld 12 sem parar de falar por um minuto sequer.

POV’s
O céu ganhava tons alaranjados quando entramos na casa de Sirius novamente, indicando o fim da tarde.
Após atravessar o corredor da entrada e tomar todos os cuidados para que o retrato de Walburga Black não despertasse e começasse a gritar insultos, respirei fundo, sentindo o aroma delicioso do jantar. Meu estômago resolveu dar o ar da graça e me lembrar de que eu estava faminta.
— Finalmente! Pensei que haviam decidido voltar para Hogwarts escondidas — Rony brincou assim que nos viu. Ele estava sozinho deitado no sofá assistindo televisão.
— Nem demoramos tanto assim — Gina resmungou, dando de ombros pela implicância dele.
— E se demoramos, valeu a pena. Nossos vestidos são lindos! — Mione completou, abrindo um sorriso.
— Onde estão os outros? — perguntei, olhando ao redor para ter certeza de que não havia visto mais ninguém.
— Harry está ajudando Sirius na cozinha. Eles decidiram fazer uma receita nova, aparentemente Lupin também vai vir jantar aqui hoje. Já Fred e George, eu não faço ideia. Depois que voltamos da loja de smokings, o que, com certeza, não levou nem um terço do tempo que vocês levaram, eu não os vi mais. Devem estar lá em cima.
Concordei com a cabeça e agradeci. Avisei que levaria os vestidos para o quarto e segui para o andar superior carregando as quatro sacolas enormes, sem me importar com o peso porque estava ansiosa, enquanto as meninas ouviam Rony contar como foi o dia deles procurando roupas para o baile.
A última coisa que ouvi foi Ron dizendo estar aliviado por Sirius ter dado esse presente para todos porque não precisaria usar o conjunto de vestes a rigor que sua mãe o tinha mandado. Se bem que eu nem poderia achar aquilo de vestes, porque eram horríveis. De verdade.
Depois de guardar nossas coisas, fui para o quarto que os meninos dividiam e bati na porta para anunciar minha presença.
— Pode entrar! — Fred gritou.
O ruivo estava sentado em sua cama, dobrando algumas roupas. Até estranhei, mas não comentei nada.
— Que bom que voltaram. Já estava com saudades — ele disse, me indicando o lugar ao seu lado na cama.
Coloquei as mãos ao redor de seu rosto assim que me sentei e o puxei para um beijo rápido, demonstrando que também estava. Fred suspirou quando nos separamos, sorrindo.
— Como eu te conheço, já sei que não vai me mostrar o que comprou, né? — ele perguntou e eu sorri, concordando. Até parece que eu mostraria, sendo que posso aguardar para fazer surpresa no dia certo.
— Só precisa saber que o vestido é perfeito, eu fiquei maravilhosa.
— Tenho certeza que ficou ainda mais do que já é — ele falou, com os olhos presos nos meus, fazendo com que eu me sentisse a mulher mais linda do mundo. — Estou ansioso para te ver usando-o, mas, mais ainda, para depois do baile, quando eu puder tirá-lo de você — Fred completou, malícia brilhando em seu olhar.
Me aproximei dele, deixando nossos rostos há poucos centímetros um do outro — estava virando um costume nosso e eu jamais poderia dizer que não gostava disso.
— É? E você vai fazer o que? — provoquei.
Fred sorriu travesso, apertando minha cintura com a pressão ideal para me fazer ofegar em expectativa, sentindo meu corpo inteiro corresponder ao momento. Pensei em diversas respostas que ele poderia me dar, mas ele não falou nada.
Pelo contrário, Fred colou sua boca na minha, mordendo meu lábio inferior antes de realmente iniciar nosso beijo. Passei as unhas por seus ombros, subindo até sua nuca. Inclinei para trás, deitando no colchão enquanto sentia-o me acompanhar. Sua mão deslizou de minha cintura e puxou meu quadril contra si, nos encaixando. Suspirei, sentindo os beijos molhados na curvatura do meu pescoço me causarem arrepios.
Em compensação, desci a mão direita, sentindo sua pele quente enquanto a arranhava levemente, em direção à sua parte de baixo, onde eu daria a devida atenção.
Isto era, se George não tivesse aberto a porta do banheiro e gritado.
— Que pouca vergonha é essa? — Seu falso tom de indignação demonstrava que ele estava apenas implicando conosco. Fred fuzilou o irmão antes de balançar a cabeça.
— Pelo menos não é o Monstro — ele resmungou, nos fazendo rir. Eu não aguentaria a vergonha se fossemos expostos novamente.
Mesmo assim, rapidamente me afastei de Fred, sentando na cama e ajeitando minha blusa para baixo. Mas antes que pudéssemos falar mais alguma coisa, Harry anunciou do corredor.
— O jantar está pronto!
Timing perfeito.
— Podem ir, eu vou me trocar e já desço — George falou, ainda enrolado na toalha. — A menos que queiram aproveitar o quarto, posso me trancar no banheiro e fingir que…
— Cala a boca, G — xinguei, o fazendo gargalhar. Eu sabia que teria que aguentar milhares de piadas a partir de agora.
Saímos do quarto para que ele pudesse se trocar e, antes de descermos, ainda no corredor, Fred apoiou suas mãos em minha cintura e me beijou uma última vez. Deus, eu estava completamente rendida por ele.

***

A longa mesa de madeira estava arrumada com pratos, talheres, copos e várias comidas em seu centro. Sirius, Lupin, Gina, Mione, Ron, Harry e nos encararam enquanto nos aproximávamos.
Meus amigos possuíam um sorrisinho irritante no rosto, como se pudessem imaginar o que estávamos fazendo e eu só conseguia pensar no maldito momento em que Monstro decidiu abrir a boca, torcendo para que ele não decidisse falar mais nada, principalmente agora.
, Fred! Que bom ver vocês — Lupin nos cumprimentou, sorrindo.
— Digo o mesmo. Não está sendo a mesma coisa sem você nas aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas — falei, me sentando entre e Fred.
— Nem me fale. Olho Tonto é bizarro até na forma de dar aulas — Ron resmungou e Harry concordou, enquanto Sirius e Lupin riam da forma como os meninos falaram. Fiz uma careta ao lembrar de como ele foi agressivo na forma em que nos ensinou a maldição Cruciatus e de como Neville ficou mal após a aula.
Remus Lupin foi nosso professor de DCAT no ano passado, mas acabou precisando se ausentar por um tempo por conta de sua licantropia — fato que apenas nós sabíamos, para o resto de Hogwarts o motivo foi outro. Ainda assim, todos sentiam falta de tê-lo como professor.
— É verdade que Moody pode parecer um pouco assustador, mas tenho certeza que vão aprender muitas coisas com ele durante esse ano. Ele é um bruxo muito bom — respondeu de bom-humor, aumentando a credibilidade do professor.
George finalmente apareceu e, após cumprimentar Lupin, se sentou ao lado de Mione, dando início ao jantar.
— E como estão as coisas por lá com o Torneio Tribruxo? — Sirius perguntou, nos encarando com curiosidade enquanto tomava um gole de seu suco.
— A primeira tarefa foi incrível! — Mione contou, animada. — Krum, Cedrico e Fleur tiveram que lutar contra dragões.
O padrinho de Harry pareceu se animar também ao escutar os detalhes que minha amiga contava.
— E vocês não tiveram vontade de se inscrever? — ele perguntou.
Foi o estopim para que os quatro garotos na mesa lembrassem que “foi injusto apenas alunos maiores de dezenove anos participarem porque eles são tão bons que tirariam de letra os desafios” e como eles “com certeza seriam participantes melhores que o bundão do Cedrico”.
Eu, Mione, Gina e apenas reviramos os olhos ao ouvi-los reclamarem por quase dez minutos ininterruptamente, bufando como se tivessem vivenciado uma incoerência sem tamanho.
— Pelo menos eles não tiraram o quadribol para que o Torneio pudesse acontecer, ou não teríamos nada para fazer além de estudar — Gina falou e eu concordei prontamente.
— E eu não poderia ganhar um jogo contra a Sonserina com a minha vassoura novinha esse ano — Harry completou, parecendo completamente ansioso para esse acontecimento. Admito que até eu estava. — Já agradeci várias vezes hoje e pelas cartas, mas queria falar mais uma vez que eu fiquei muito feliz com o presente. Apesar de ter amado a vassoura, a carta da minha mãe foi a melhor coisa que já ganhei.
Sirius sorriu abertamente ao ver Harry tão feliz, e seus olhos lacrimejaram levemente. Após se recuperar, ele piscou o olho direito em direção ao garoto como se dissesse que não foi nada demais.
Mas tinha sido. Mesmo eu tendo visto na hora o quanto impactou Harry, chegou no quarto algum tempo depois de conversar sozinha com o garoto, o rosto inchado e o nariz vermelho, demonstrando o quanto chorou ao falar com ele.
— Por falar nisso, você sabe alguma coisa sobre um tal de Mapa do Maroto? — perguntei, chamando a atenção dos dois homens, que se entreolharam no mesmo segundo. Curiosidade estampava seus olhares, respondendo minha pergunta antes mesmo que pudessem falar.
— Verdade! Já tinha até me esquecido sobre isso… — Fred concordou, levando o garfo à boca.
— Como vocês…? — Lupin deixou a frase incompleta, mas George começou a explicar ao notar sua curiosidade.
— Em nosso segundo ano em Hogwarts, acabamos encontrando esse Mapa da escola na sala do Filch. Assim que encostamos nele, letras apareceram, dizendo “Os senhores Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas apresentam o Mapa do Maroto”...
— Quando Harry recebeu a carta que a mãe dele escreveu, percebemos que Almofadinhas era um de seus apelidos. Então ligamos uma coisa com a outra e, bom, pensamos que talvez você saiba algo sobre isso — completei, esperando por sua explicação que, após longos segundos em silêncio, veio.
— Nem sei como começar a contar sobre isso — Sirius falou, dando uma risada nostálgica. A nostalgia invadiu seu semblante. — Na verdade, sei sim, eu sou o Almofadinhas do mapa que encontraram. Remus é o Aluado, James, pai de Harry, é o Pontas e Pedro Pettigrew é o Rabicho. Nós criamos o Mapa dos Marotos quando tínhamos a mesma idade de vocês.
— Não éramos exatamente quietinhos, sabe? Então era muito mais fácil andarmos por Hogwarts sem que os professores nos pegassem. Mesmo com Sirius e James vivendo na detenção, não era como se eles gostassem de ir para lá. — Na mesma hora, Fred e George ergueram os polegares, como se parabenizando o padrinho de Harry por ser assim. — Então, mapeamos todas as passagens secretas, alunos e professores.
Sorri, imaginando como devia ter sido fantástico estudar com eles durante essa época. Infelizmente, meu sorriso morreu pouco depois, lembrando da tragédia que acabou sendo. Caramba, devia ter sido tão horrível…
A voz de Lupin tinha ficado um tanto quanto embargada conforme ele contava um pouquinho das aventuras com o pai de Harry, mas era engraçado ouvir como Filch ficava irritado por nunca encontrá-los e, portanto, não poder puni-los mais.
As histórias de James usando o Mapa para encontrar Lily “milagrosamente” e jogar a culpa no destino me fizeram rir e suspirar. Eles pareciam ter se amado tanto.
O restante da noite foi bem tranquilo. Fred e George aproveitaram para contar das pegadinhas que tramaram usando o Mapa e como foi quando decidimos explorar cada pedaço de Hogwarts com ele, divertindo os mais velhos e os nossos amigos, que nunca nos ouviram contar.
Estava tarde quando Lupin resolveu ir embora e nós fomos dormir.
Admito que fiquei feliz ao ouvir Fred perguntando se podia dividir o colchão comigo. Conversamos um pouco quando deitamos, mas eu estava tão cansada que não demorei para dormir em seus braços, pensando em como eu me sentia à vontade ali.

POV’s
Eu estava prestes a tomar o banho mais relaxante da minha vida.
Não somente o fato de Sirius ter uma banheira em casa tinha contribuído, e muito, mas eu encontrei a melhor receita do mundo quando estava estudando um livro de poções e a levei para as aulas. Os ingredientes eram de uma poção que, ao entrar em contato com a água, relaxava totalmente os músculos e nervos — como se você estivesse recebendo a melhor das massagens.
Eu estava completamente ansiosa para entrar no banheiro, trancar a porta de madeira e passar os próximos minutos sem nem lembrar meu nome.
Foi quando entrei no quarto para pegar minha toalha seca em cima da cama que notei o pequeno pedaço de papel rasgado ao seu lado.
Desde o dia que Draco me enviou um bilhete pela primeira vez, nossa comunicação ficou totalmente estabelecida. Mesmo que eu pudesse usar o celular aqui fora, não conseguiria conversar com ele estando dentro da escola.
Tanto é que ele tinha me enviado um bilhete durante a tarde, me perguntando como estavam as coisas. Fiz um breve resumo das coisas importantes e contei que estava na fila para tomar banho, mas pretendia demorar e preferi aguardar até que todos tivessem terminado.
Draco sugeriu assistirmos, cada um no lugar que estava, um filme de suspense que tinha acabado de lançar. Ficamos o tempo todo trocando bilhetes, comentando o que estávamos achando. Foi uma experiência legal, ainda mais porque eu adivinhei o suspeito antes dele.
Achei que voltaríamos a nos falar somente no dia seguinte e foi por isso que sorri ao encontrar o bilhete após o jantar, assinado com suas iniciais. Deitei no colchão enrolada no roupão, já que estava prestes a, finalmente, tomar banho, e li o que ele escreveu.

“Nunca achei que te confessaria isso, mas queria que você estivesse aqui. O filme teria sido bem melhor com você ao meu lado”

O sorriso em meus lábios só aumentou e eu tinha me derretido um pouco com essa confissão simples. Pensei na última vez que estávamos juntos no mesmo ambiente vendo um filme e em como as coisas terminaram… Draco definitivamente deveria saber que nunca conseguiríamos assistir um filme inteiro.
Apesar desse pensamento, mergulhei a ponta da pena, obviamente sintética, na tinta nanquim e desenhei a resposta na folha amarelada.

“E eu nunca achei que leria isso. Fico feliz que tenha esse pensamento, apesar de saber que é só por enquanto. Eu sou faladeira, você me mandaria calar a boca na metade do filme”

Eu tinha uma lista de filmes favoritos da vida, junto com pequenas observações sobre cada um deles. Será que Draco já tinha assistido Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças? Se não, eu já tinha nossa primeira indicação. Ele parecia curtir filmes de terror, então eu tinha ótimas indicações também.
De qualquer forma, não tive muito tempo para pensar nisso. Draco tinha me respondido.

“Oh, eu tenho várias outras ideias de como te fazer calar a boca… Queria que você estivesse aqui para realizá-las”

Senti um calor subir pelo meu corpo e o sentimento de ansiedade, que se tornava comum a cada vez que esse garoto me falava algo nesse sentido, me preencheu, chutando a boca do meu estômago e me fazendo suspirar.
Eu gostaria de estar lá para que ele me mostrasse todas as suas ideias de como me fazer parar de falar e me deixasse acrescentar as minhas. Céus, se eu ao menos pudesse aparatar… Decidida a provocá-lo um pouco, posicionei novamente a pena no papel e comecei a escrever.

“Por mais que eu sinta saudades de você e seja muito curiosa, não trocaria o banho relaxante que terei daqui a pouco para estar aí”

Mordisquei a pele do meu lábio, puxando-a com os dentes e contendo minha risada. A cada segundo, meu coração parecia bater mais rápido, o que revelava por si só a mentira que enviei.

“Bom, eu nunca disse que você precisaria escolher”

Estreitei os olhos, um tanto quanto confusa, e encarei sua resposta naquele papel. Será que ele estava sugerindo o que eu estava pensando?

“O que quer dizer com isso?”

Em menos de um segundo, ele tinha respondido.

“Não precisaria escolher entre nós dois. Eu poderia muito bem estar aí com você, dentro da banheira. Tenho certeza que te relaxaria mais do que a água quente. Ainda mais porque eu sei massagear um ponto bem específico…”

Oh.
Engoli em seco, pensando na imagem que ele tinha implantado, indiretamente, em minha mente. A banheira de Sirius era grande o suficiente para que nós dois coubéssemos lá, sem incômodo algum. Eu poderia sentar com facilidade no colo de Draco, com as pernas uma de cada lado da sua, ou encostar minhas costas contra o peito dele, sentindo a água aquecida contra nosso corpo.
Minhas bochechas ficaram vermelhas, mas não era de vergonha. Muito pelo contrário. Foi meu sangue que ferveu com a ideia que ele propôs. Se eu escolhesse a segunda opção, de ficar de costas contra ele, ele poderia começar a me massagear.
Imaginei suas mãos fazendo um trabalho fenomenal em meus ombros, desatando os meus nós, e depois descendo lentamente, apertando minha pele com delicadeza, até que ela emergisse na água e encontrasse o ponto específico que ele se referia.

“E o que mais você faria?”

Apertando minhas coxas uma contra a outra, suspirei ao pensar que isso tinha me despertado bem mais do que eu gostaria. Estava ansiosa para ler sua resposta, mas ela demorou mais de vinte minutos para vir.

“Abre a porta que eu te mostro…”

Franzi a testa, me perguntando mentalmente se ele estava falando sério. Estreitei os olhos ao encarar novamente o que tinha recebido. Não era possível que Draco tivesse saído de Hogwarts essa hora só para me ver… Ou era?
Claro que não. Definitivamente ele estava brincando comigo.
Esse tipo de frase era quase uma piada de mal gosto. Não se faz esse tipo de brincadeira quando você deixa a pessoa por quase meia hora esperando uma resposta sua.
Ainda sim, minha curiosidade era o suficiente para me fazer sair do quarto, descer as escadas e atravessar o corredor silenciosamente para não chamar a atenção de nenhum amigo meu até a porta de entrada da casa.
Sabia que tinha noventa e nove por cento de chance de sair de lá decepcionada, mas eu precisava confirmar. Na pior das hipóteses, eu voltaria extremamente irritada para casa, pararia de enviar bilhetes para ele por um bom tempo e tomaria o meu banho.
Passei tanto tempo me convencendo que deve ter sido por isso que quase não acreditei quando encarei Draco Malfoy com os fios loiros levemente bagunçados, como se ele tivesse corrido até aqui, e um sorriso ladino nos lábios me esperando do outro lado da porta.
Seus braços estavam cruzados, demonstrando certa impaciência, e ele me olhava profundamente enquanto apoiava a lateral do corpo na parede de pedras.
— Não vai me convidar para entrar?
Minha boca estava levemente aberta enquanto eu o encarava descrente, ao mesmo tempo me sentindo deslumbrada que ele havia se dado ao trabalho de vir até aqui só porque estava com saudades. Senti um leve frio na barriga ao constatar que sua atitude realmente mexeu comigo.
Céus, ele poderia ser mais perfeito?
Abriria o maior sorriso do mundo se não estivesse petrificada, pensando no que isso refletia sobre nós. Claro, as mensagens foram extremamente provocativas, mas ele não parecia ser o tipo de cara que sairia de Hogwarts às pressas, escondido, e viria até a casa do padrinho de alguém que sequer gosta dele para poder realizar alguns fetiches escondido.
Além disso, era somente um final de semana. Ele poderia ter esperado até que eu retornasse ao castelo e me esgueirasse até seu quarto. Era meio loucura lembrar que ele realmente gostava de mim.
Draco, completamente alheio aos meus pensamentos, mantinha a sobrancelha erguida, aguardando a minha resposta.
Não respondi com palavras. Levantei a cabeça levemente e colei nossas bocas, passando uma de minhas mãos por sua nuca, puxando seu rosto na direção do meu. Menos de um segundo depois, sua língua enroscou-se na minha e ele grunhiu contra meus lábios, sentindo meu gosto, e virando nossos corpos para me prensar contra a porta.
As palmas de suas mãos se concentraram em minhas coxas, apertando com vontade. Entendendo seu recado, me impulsionei para cima e enrosquei as pernas ao redor de sua cintura, apoiando minhas mãos em seu ombro. Sua boca era quente e macia, absolutamente desesperada pela minha.
Lambi a pele clara seu pescoço assim que afastamos nossos rostos para respirar um pouco e ele me apertou mais forte ainda, inclinando os quadris para cima, esfregando-se contra mim. Como meu roupão era curto, minha intimidade estava completamente exposta nessa posição, me permitindo sentir o atrito do moletom de sua calça.
Curvei os dedos em sua nuca, sabendo que minhas unhas deixariam leves vergões em sua pele sensível, e arfei ao seu puxada mais para cima. Com essa pequena mudança na posição, seu membro roçava em meu clitóris e eu mordi seu ombro para evitar fazer qualquer barulho que fosse alto demais.
Draco gemeu roucamente ao perceber que, devido a intensa movimentação, o nó do meu roupão tinha se afrouxado e meus seios estavam expostos. O ar levemente gelado da noite cumprimentou meus mamilos rígidos e eu mordi o lábio, me impedindo de gemer quando senti o polegar áspero de Draco apertar aquela região com força.
, se você não me convidar para entrar agora mesmo, vou ser obrigado a te foder contra essa parede. E vou fazer questão de não usar Abaffiato para que toda a vizinhança saiba o quão alto você grita o meu nome enquanto eu meto fundo em você.
Suas palavras serviram como incentivo para mim. Seus olhos estavam nublados, famintos. Eu estava tentada a deixá-lo enfiar em mim aqui mesmo e declarar a razão para quem quer que estiver ouvindo, mas precisei lembrar de quem era a casa em primeiro lugar.
Com muito esforço, desci do seu colo e puxei-o rapidamente pela mão para dentro. Ajeitei meu roupão e tranquei a porta, levando-o silenciosamente até o banheiro que eu tinha saído há pouco tempo.
Não poderíamos, de modo algum, correr o risco de sermos pegos.
Draco encostou a porta quando entramos, deixando os sapatos e meias ao lado dela, e me observou caminhar até a torneira, abrindo-a no ponto exato até que a água que enchia a banheira estivesse em uma temperatura morna.
Aproveitei que tinha deixado as poções com as essências ao lado da banheira e peguei um dos frascos, derrubando algumas gotas sobre a água, sentindo imediatamente o cheiro de rosas com um toque suave de cravo. Em seguida, apertei o frasco do sabonete líquido para as bolhas começarem a se formar na superfície da água.
Vapor começou a aparecer no espelho largo à minha frente, mas pude visualizar a figura do bruxo se aproximando do meu corpo.
Draco prendeu meu cabelo em um coque desengonçado que havia aprendido a fazer comigo depois da última vez em que se exaltou e conseguiu sujá-lo mais do que deveria... Suas mãos pousaram por um segundo em minha cintura e seguiram em direção ao nó do meu roupão, não perdendo tempo em desfazê-lo.
Depois, deslizou o tecido felpudo pelos meus ombros enquanto eu o observava pelo espelho. Seus olhos fixaram-se nos meus mais uma vez e Draco sorriu, ladino, passando as mãos pela minha pele nua.
Primeiro, meus braços sentiram o seu toque gelado e eu estremeci, meus pelos se arrepiando por completo. Depois, seus dedos encontraram minha barriga e subiram levemente até o vale entre meus seios, em um toque tão superficial que meus mamilos começaram a doer de excitação, antecipando o momento do seu toque.
Minhas bochechas estavam coradas e eu respirava pesadamente. Eu poderia dizer que era culpa do vapor quente, mas já tinha passado da fase de negar qualquer reação que esse homem me ocasionava. Eu sempre ficava dessa forma quando ele estava perto de mim.
Virando o rosto em sua direção, não gostei de perceber que ele ainda estava inteiramente vestido. Precisava fazer algo para mudar essa situação. Então, girando em meus calcanhares até estar de frente para ele, beijei seu maxilar e prendi minhas mãos na barra de seu suéter, puxando para cima com cuidado.
Sua camiseta veio logo depois, bagunçando ainda mais seus cabelos. Lindo, ele parecia uma escultura. Ele me olhava com expectativa e sabia que não o decepcionei ao acelerar os movimentos para puxar sua calça para baixo, esbarrando levemente em seu membro duro — Draco nunca usava cueca para dormir, o que era uma ótima informação.
Raspei a unha contra seu abdômen, subindo até que minhas mãos encontrassem suas bochechas e eu o beijasse com fervor. Aquele na porta não tinha sido o suficiente para matar minha saudade dos seus lábios. Talvez nada pudesse ser.
Draco apertou minha cintura, aprovando minha atitude, e sugou meu lábio inferior conforme se afastava, o sorriso carregado de malícia fez minhas pernas fraquejarem.
Ele piscou antes de segurar minha mão e me puxar até a banheira, completamente cheia. Fechando a torneira, Draco levantou, passou pela borda e sentou-se, batendo com a mão livre em seu colo para indicar meu lugar.
Atendi seu pedido no mesmo instante. Com cuidado, sentei de costas para ele, em cima de suas pernas. Respirei fundo, sentindo o cheiro da água me relaxar. Draco fez uma concha com as mãos e jogou um pouco do líquido em minhas costas antes de fazer uma breve massagem em meus ombros com o sabonete.
Encostei a cabeça em seu peito no momento em que Draco desceu o carinho pelo meu peito, segurando meus seios com as mãos e circulando meus mamilos. Suspirei, seu membro roçando em mim somente serviu para me deixar mais excitada.
Apoiando as mãos na lateral da banheira, levantei o corpo o suficiente para que sua cabeça encaixasse em minha entrada, e me ajeitei de forma que sua extensão não entrasse em mim. Não ainda.
— Draco disse meu nome, sua voz claramente afetada pelo último movimento. Mordi os lábios, meu corpo reagindo enquanto ele ralhava comigo. — Você gosta de brincar, é?
Ao dizer isso, ele apertou minhas coxas com autoridade, percorrendo a parte interna até chegar em um lugar que me agradava intensamente. Com o polegar e o indicador, segurou meu clitóris com delicadeza, começando a esfregar com avidez.
Levantei meu braço esquerdo e posicionei minha mão em seu pescoço, sentindo alguns fios do seu cabelo se emaranharem entre meus dedos. Draco se movimentou mais forte ainda, aumentando a velocidade, e puxou meu lábio entre os dentes, enfiando a língua em minha boca. Meu gemido reverberou em sua boca quando ele pressionou aquele ponto com a pressão certa.
Meus quadris foram para frente e para trás, esfregando tanto em sua ponta quanto em seus dedos. Com a mão livre, ele continuou massageando meu peito, sabendo exatamente como deveria atuar em cada uma das minhas áreas erógenas.
— Draco, por favor — choraminguei, tentando deslizar seu membro para dentro de mim. Toda vez que eu ia para trás, ele dava um jeito de me provocar e nos afastar.
Senti sua risada quente em meu pescoço e, antes mesmo que eu pudesse revirar os olhos pela ousadia, Draco posicionou suas mãos em minha cintura, elevando-me um pouco na banheira e me puxou em sua direção, com força, até que estivesse completamente dentro de mim.
Arfei alto e teria gritado seu nome se ele não tivesse colocado a mão molhada em minha boca, tampando-a. Ele remexia os quadris enquanto eu fazia movimentos circulares, em uma prazerosa sintonia.
Draco sabia exatamente a diferença entre meter forte e meter rápido e, melhor que isso, ele sabia exatamente qual era o momento exato para cada uma das opções. Quando ele aumentou o ritmo dos movimentos, sem alterar a intensidade deles, afundei meus dedos nos seus fios loiros com vontade.
Ele apertava minha coxa com força, não deixando nossos corpos ficarem longe um do outro por mais que alguns segundos. Alguns cachos ruivos soltaram do meu coque e eu os senti grudar na minha pele. Normalmente, eu odiava sentir meu cabelo molhado em contato com minhas costas, mas dessa vez não pude me incomodar menos.
Eu estava tão quente que nem mesmo a água da banheira foi capaz de me refrescar.
Era minha primeira vez transando na banheira e achei impressionante como seu membro deslizava para dentro e fora de mim mais facilmente. Sentei com autoridade mais uma vez, ouvindo a voz de Draco gemendo em meu ouvido.
Virei o rosto para trás, colando nossos lábios em um movimento brusco. Apesar de conhecer sua boca muito bem, o beijo era desesperado, como se não tivéssemos feito isso há milênios. Ele sempre tinha um leve gosto de menta, como isso era possível?
Nos separamos e eu mordi meu lábio inferior, rebolando contra sua ereção e dedos de forma absurdamente satisfatória. A água aumentava a fricção — que me deixava mais excitada ainda. Sem ter um pingo de controle sobre mim, apertei meus músculos internos ao sentir o orgasmo se formando em mim
— Caralho, , faz de novo — Draco pediu, passando os dedos úmidos sobre seu cabelo, jogando-os para trás. Repeti o movimento e ele investiu com mais impulso contra mim, mordendo meu pescoço para abafar um grito. — Porra, eu sou viciado em você.
Seu nariz percorreu a extensão do meu pescoço até chegar em meu cabelo, que ele fez questão de puxar contra si com domínio. Draco passou a língua pela extensão dos seus lábios entreabertos, me provocando, enquanto me estimulava mais e mais e mais.
Antes que eu pudesse iniciar mais um beijo, sua mão livre voltou a agarrar meus mamilos e eu posicionei a minha por cima, acariciando junto. Céus, era a melhor sensação do mundo. Em um momento, eu me remexia desenfreadamente contra Draco, soltando pequenos gemidos controlados e, no outro, eu estava sendo arrebatada.
Comecei a tremer, sentindo os espasmos percorrem meu corpo inteiro, e curvei os dedos do pé. Foi quando o loiro começou a murmurar palavras de incentivo para mim, reforçando o quanto me achava gostosa e o quão bom era estar comigo, que eu gozei em sua extensão.
Meus olhos se fecharam por alguns segundos, mas eu não interrompi os movimentos. Sussurrei o nome de Draco e ele chupou a pele do meu pescoço, provavelmente deixando marcado. Não poderia ligar menos para isso. Não quando ele continuava metendo em mim com força.
Eu sabia quando Draco estava prestes a vir porque ele sempre franzia o cenho e me olhava com as írises cinzas queimando em desejo. Era uma visão quase pornográfica. Puxando seu rosto para cima, posicionei seu rosto perto do meu e grudei os lábios em seu lóbulo, fazendo um caminho com meus dentes até beijar seus lábios delicadamente.
Ele afastou seu rosto do meu e fechou os olhos, urrando enquanto afundava em mim uma última vez e liberava todo seu líquido em meu interior. Graças à Merlin, eu tomava poção anticoncepcional regularmente desde que minha vida sexual tinha começado.
Inebriada pelas suas expressões, me permiti ir mais uma vez, pendendo a cabeça para trás. Draco se retirou de mim com cuidado, mas continuou passando a mão pelo meu corpo em um leve carinho. O único barulho que ouvimos por longos minutos era proveniente de nossas respirações ofegantes e entrecortadas.
Isto era, até a maçaneta da porta girar.
Arregalei os olhos e encarei Draco com desespero. Não tínhamos trancado a porta? Ele estava tão surpreso quanto eu, atônico.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele prendeu a respiração e mergulhou na banheira. As bolhas de sabão camuflavam suas pernas e meu corpo ereto escondia o seu.
, posso pegar seu livro emprestado? — Gina perguntou, colocando a cabeça no banheiro.
Que droga de pergunta era essa?
Levei dois segundos para racionalizar e me recordar de que, após Gina destruir — acidentalmente — a página da minha edição especial de Percy Jackson e o Ladrão de Raios, implementei uma ordem que consistia nela ser obrigada a me perguntar todas as vezes se eu emprestaria um livro para ela.
Formalizamos com magia e tudo mais, então, caso eu não autorizasse, ela levaria um choque toda vez que tentasse pegar algum deles.
— Qual livro? — perguntei, preocupada, e senti Draco beliscar minha cintura. Que droga! — Quer saber? Tudo bem, pode pegar. É todo seu. Vai lá, depois me conta o que achou.
Ela precisava sair desse banheiro urgente, antes que Draco desmaiasse afogado.
— Obrigada, — ela disse, insegura, com a testa franzida enquanto me observava. Era óbvio que ela tinha estranhado, eu sempre fazia mil perguntas antes de dar minha resposta final. — Acho que esses banhos são bons mesmo para melhorar o humor, né? Talvez amanhã eu aproveite também e use alguma das poções.
Sorri para Gina e ela foi embora, fechando a porta. Toquei a perna de Draco imediatamente, indicando que ele poderia subir, e ele imergiu ofegante, balançando a cabeça negativamente.
Agora mais calma, ri da situação e aproveitei mais uma vez para inclinar meu rosto em direção ao seu, curtindo todo tempo que tínhamos juntos antes que Draco precisasse ir embora.


Capítulo 14

POV’s
Havia sido uma manhã tranquila. Eu estava aproveitando o silêncio que a falta que Mione, Gina e faziam no quarto. Cada uma havia arrumado algo para fazer com seus devidos namorados-não-oficiais, e, como precisava terminar urgentemente uma atividade que perdi no dia em que passei aprendendo feitiços com o professor Flitwick, juntei o útil ao agradável.
Bom, isso até o momento em que Fred e George decidiram que nós — porque eles sempre faziam questão de me incluir nesses momentos — faríamos uma pegadinha genial.
E, obviamente, Rony seria a vítima.
— Então… — disse, cruzando uma perna em cima da outra, enquanto os encarava seriamente. — O plano é entrar na sala de música e enfeitiçar todos os instrumentos que encontrarmos para que eles sigam o Ron durante o dia todo?
— Isso. — Fred sorriu, satisfeito, como se fosse a melhor ideia que ele havia tido naquele mês.
— Vai ser incrível! — Correspondi o gesto, demonstrando o quanto estava animada com a ideia.
Desde que os dois foram pegos roubando o estoque da sala do Snape, eles tentaram ficar fora dos holofotes dos professores para baixar um pouco a poeira, por isso eu estava realmente ansiosa para aquilo. Sem contar que Rony precisava mesmo de um chacoalhão, fazia tempo que os meninos não pregavam nenhuma pegadinha nele.
Peguei o mapa dos marotos no baú com cuidado e o analisei rapidamente antes de voltar a encarar os gêmeos ruivos sentados na minha cama.
— O professor Floyd está longe da sala, acho que podemos ir agora.
Perfeito! — George se levantou no mesmo instante, pronto para colocar o plano em prática.
O caminho do meu quarto até o quinto andar foi tranquilo, olhávamos a todo instante o papel que marcava onde cada aluno ou funcionário de Hogwarts estava e tentamos passar da forma mais discreta que conseguimos pelos corredores do castelo.
Ao entrar na sala, usamos o feitiço Abaffiato para não ter problemas com os instrumentos e rapidamente começamos a juntar todos eles no centro. Era um trabalho cansativo, mas que, por estarmos em três, acabou sendo rápido.
O ambiente era cheio de tapetes sobrepostos, com diversas cadeiras no canto esquerdo, teclados no direito e uma bateria mais afastada. Em uma das paredes, havia vários violões, baixos e guitarras e, mais ao lado, um móvel que organizava alguns triângulos e pratos.
Bem no meio havia um grande armário — que, após abrir, descobri ser onde os alunos que participam do coral do professor Flitwick guardam suas capas e alguns papéis e livros. Ao contrário do que eu pensei, a quantidade de tecido lá era considerável.
— Acho que é isso — Fred falou, olhando ao redor da sala, enquanto eu começava a lançar os feitiços em cada instrumento trouxa.
Estava focada demais quando, de repente, ouvi George xingando baixo. Levantei os olhos até a sua direção e o vi com o mapa nas mãos.
— Merda, o professor está no corredor. Se escondam! — exclamou, apreensivo.
Nenhum professor poderia ser irritante igual ao Snape, mas o sr. Floyd tentava com muita vontade alcançá-lo. Principalmente com alunos que não participavam da sua matéria — o que era, nesse caso, 95% da escola.
Ou seja, éramos um prato cheio de menos vinte pontos para a Grifinória. Isso sem citar a detenção. Se ele nos pegasse aqui, estaríamos fodidos.
George foi o mais rápido e se escondeu atrás da bateria, que foi o único instrumento que não mudamos de lugar. Fred, ao perceber que não conseguiríamos ficar juntos com seu irmão, me segurou pela mão e correu até o outro lugar onde teríamos chances de não sermos pegos: o armário.
Assim que entramos e fechamos a porta de madeira, andamos para o canto, atrás das capas pretas. Era um daqueles armários antigos de parede, que ocupavam todo um canto do aposento, de forma que foram necessários alguns poucos passos até chegarmos ao fim do móvel.
Fred levou o dedo aos lábios, pedindo para eu continuar em silêncio. Apenas concordei com a cabeça, encarando-o assustada.
Cerca de três segundos depois, e antes que pudéssemos lançar outro Abaffiato, meus ouvidos foram capazes de escutar passos se aproximando.
— Não acredito que eu esqueci aquela papelada… Mas o que aconteceu nessa sala?! — o professor resmungou. Como não houve nenhuma resposta, presumi que o sr. Floyd estava falando sozinho, coisa que ele fazia com certa frequência. — Droga, depois dou um jeito nisso. Hm… Onde eu havia guardado aqueles papéis? Ah, é! Acho que no armário…
Armário?! — eu e Fred sussurramos ao mesmo tempo, olhando um para o outro em completo pânico.
Sem aviso, Fred me forçou a me afastar o máximo possível para a parede do fundo do armário, vindo junto comigo de forma que fiquei prensada pelo seu corpo.
Na verdade, devido a pouca largura do armário, eu não podia culpá-lo por me pressionar. Se tínhamos uma chance de não sermos descobertos, era aquela. Só precisávamos torcer para que as várias capas grossas entre nós e a porta fossem cobertura o suficiente.
A porta se abriu e eu prendi a respiração.
Me contorcendo um pouco, tentei mover meus braços, que estavam presos entre os nossos corpos, para nos dar mais espaço. Foi uma péssima ideia, já que agora meu tronco estava colado ao dele e eu pude sentir reverberando no peito dele o grunhido que ele abafou, causado pelos movimentos do meu quadril.
— Pronto — eu sussurrei no ouvido dele, uma vez que meus braços estavam finalmente livres. Sem ter outro espaço para acomodá-los, descansei minhas mãos em seus ombros.
— Hm… Será que está mesmo aqui? — ouvi o professor resmungar, acompanhado do som de coisas sendo movidas. Eu só esperava que ele não começasse a empurrar as capas e que achasse os papéis logo.
Meus seios estavam pressionados contra o peito de Fred, que mantinha a testa encostada na parede atrás de mim. A lateral de seu rosto estava tão próxima da minha que eu conseguia sentir sua respiração acelerada contra meu pescoço. Para piorar, de vez em quando, Fred dava leves e sofridos gemidos contra o meu ouvido.
Então, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, senti a pressão de seu membro duro acima de meu quadril, começando a intensificar cada vez mais as ondas de calor que passavam pelo corpo.
Merda.
Eu estava ficando excitada. Muito excitada.
Fred havia começado a se esfregar levemente em mim e aquilo estava tão bom…
Os movimentos estavam ficando mais firmes e comecei a me desesperar pelo fato de não saber o que faríamos se, por acaso, eu me deixasse levar pela situação. Não podíamos simplesmente transar aqui dentro, mesmo sendo o que eu mais desejava agora.
Me contorcendo de novo, tentei escapar da ereção persistente que estava dando pequenas ondas de êxtase através do meu clitóris, graças as poucas peças de roupa que nos separavam.
… — ele sussurrou no meu ouvido, a voz um pouco trêmula. Tínhamos sorte que o professor ainda conversava sozinho, reclamando. — Para.
— Parar o quê? — sussurrei de volta, ainda me contorcendo.
Oh... Merda — ele murmurou, prendendo a respiração e fechando os olhos momentaneamente — Se você... Se você não parar de se esfregar desse jeito contra mim, eu juro que não vai ter força nesse planeta que me impeça de te foder aqui mesmo.
Eu devia parar e tinha plena noção disso. No entanto, minha intimidade parecia não dividir a consciência comigo, já que aquilo apenas me deixou mais excitada.
— Me ajuda, então — eu pedi, desesperada. Era quase uma súplica.
Quando disse que aquilo estava ficando bom, não falei no bom sentido. Estava ficando bom demais e eu já começava a me movimentar contra ele mais forte, de forma mais urgente. E sabia o que aconteceria se aquilo continuasse…
Eu acabaria gozando dentro de um armário.
Se o momento fosse outro, eu ia adorar aquilo tudo que estava acontecendo, mas nós realmente não podíamos chamar a atenção. Caso o professor nos visse nessa situação, nós estaríamos mais que fodidos, porque agora não era mais apenas uma simples pegadinha. Eram dois alunos quase transando dentro da sala de aula.
Eu precisava sair dali. Agora.
Ouvindo o apelo desesperado na minha voz, Fred começou a tentar se afastar também. O problema era que nossos esforços eram sincronizados, então ao invés de aliviar a pressão, estávamos nos friccionando um contra o outro com mais força. Era como se fizéssemos de propósito.
Bom, na verdade, eu já nem sabia se aquela era ou não a intenção. Era difícil afirmar alguma coisa quando se tratava de nós. Sempre tivemos uma química avassaladora, que se comprovou no momento do nosso primeiro beijo.
Chegava a ser cômico como éramos nem um pouco convencionais. Eram extremamente raros os momentos em que rolava algo desse nível conosco estando no quarto, sozinhos.
— Oh, Fred… — eu gemi, baixinho, a sensação incrível me fazendo esquecer que não podíamos fazer barulho.
Shh… — ele murmurou, parecendo nervoso. No momento seguinte senti sua mão em meu rosto, tapando minha boca, enquanto ele cerrava os próprios dentes para também não fazer barulho.
A palma da sua mão deslizou para o lado, levando uma mecha de cabelo e a prendendo atrás da minha orelha. Senti Fred encostar nossas testas e o observei fechando os olhos antes de respirar fundo.
Seus lábios roçaram levemente nos meus, me fazendo suspirar.
— Fred, se nós… — minha sentença morreu antes mesmo que eu a completasse. Era um comentário necessário, mas tão doloroso de proferir.
— Eu sei. Porra, eu sei — ele grunhiu, abrindo os olhos para me analisar. Eu via o desejo em suas pupilas, provavelmente refletindo o meu. — É só que… tá difícil pra cacete.
Ambos havíamos congelado no lugar, em um acordo mudo de não piorarmos ainda mais a situação. Sabíamos que, se nos beijássemos agora, tudo iria por água abaixo. Não restaria nada que nos fizesse parar.
Mas não fazia muita diferença, já que ainda nos tocávamos intimamente, sem ter como evitar. Eu podia sentir cada músculo de Fred colado contra o meu corpo, e a pressão deliciosa e insistente na parte de mim que implorava por ele já estava ficando insuportável.
Quando o atrito se tornava mais do que eu podia aguentar, eu me movia levemente, o forçando a involuntariamente massagear meu clitóris. Então parava, tentando me controlar, mas logo repetia aquele ritmo lento e a intensidade da situação e da tensão presente me deram a certeza de que, em breve, eu explodiria.
Sim, eu tinha noção de onde estávamos. Do lado de fora do armário, ainda conseguia ouvir a voz do professor — que pelo menos decidiu procurar em outro lugar os malditos papéis. Mas estar ali, com Fred, o homem que me fazia sonhar pela próxima vez em que ficaríamos sozinhos, quando eu já sabia o que ele conseguia fazer com os dedos e a boca, sentindo sua mão livre apertar com força meu quadril, enquanto ele mesmo tentava resistir à tentação…
Aquilo tudo estava fazendo com que a espécie de nó que se desenvolvia no meu ventre se apertasse mais e mais... E eu estava muito perto de algo que não sabia por quanto tempo conseguiria controlar.
A voz do professor havia parado e o som de coisas sendo remexidas voltou. Fred apenas voltou a tapar minha boca com a sua mão, mordendo os próprios lábios com a cabeça encostada em meu ombro. Eu sabia que não estava facilitando a situação para ele, mas eu estava fazendo o possível para permanecer parada.
— ACHEI! — o professor exclamou, aliviado. Fred, por puro reflexo, virou um pouco o corpo na direção do som inesperado, fazendo com que o atrito ficasse muito mais forte do que antes. A mão dele abafou meu gritinho de prazer e surpresa, e eu senti minhas pernas vacilarem. Oh céus…
Eu estava, literalmente, tremendo, e o calor a minha volta começava a ficar insuportável.
— Agora vou arrumar essa bagunça. Preciso começar a trancar essa sala com quinze feitiços diferentes. Esses alunos… — a porta do armário bateu e, ao passo que o sr. Floyd reclamava do lado de fora, meus olhos encontraram os de Fred mais uma vez na escuridão a qual eu já havia me acostumado.
Era difícil ver seu rosto perfeitamente, mas conhecia bem aquela expressão de tesão. Sinceramente, passava tanto tempo pensando nele que tinha decorado cada uma de suas feições. Nenhum músculo do meu corpo obedecia mais aos meus comandos, entregue demais a ele naquele momento, de modo que apenas o encarei.
O olhar que ele me lançou me fez gemer baixo de antecipação.
Ele travou o maxilar com força, tornando nula a pouca distância existente entre nós. As mãos dele encontraram meus quadris e me levantaram um pouco, fazendo com que eu enlaçasse sua cintura com minhas pernas no mesmo instante. Ele segurou minhas coxas, me pressionando mais ainda contra a parede enquanto eu escondia meu rosto em seu pescoço.
— Assim? — ele perguntou, a voz baixa, rouca e trêmula assim que ele começou a se roçar contra mim novamente. Fred se mexia exatamente como eu gostava.
— Isso… — sussurrei, apertando seus ombros com força. Ele gemeu profundamente antes de se jogar contra mim com mais força seus movimentos aumentando em rapidez e intensidade.
A postura mais atenciosa de Fred deu lugar ao desejo cego, o atrito de seu corpo com o meu já quase gerava dor de tão bom. Subi uma de minhas mãos devagar até sua nuca, agarrando seus fios de cabelos e puxando-os com força, como se tentando descontar toda a tensão que se acumulava dentro de mim e ameaçava explodir a qualquer.
Ainda pressionando a parte de cima do meu corpo contra a parede com uma mão, senti sua outra agarrar meu quadril e o apertar contra si, o fazendo gemer.
— Merda, , você é gostosa demais pro seu próprio bem — Ele disse em um sopro, o castanho de suas írises me encarando com a admiração que eu estava acostumada. A mão dele finalmente invadiu minha calcinha e eu literalmente vi estrelas. Meus olhos rolaram para trás e eu me deixei largar contra a parede. Só o peso de Fred contra mim me mantinha em pé.
Com o polegar, ele acariciava meu clitóris em círculos, enquanto dois de seus dedos me penetravam. Ele movia-se devagar e eu mexia meus quadris, querendo mais. Meus movimentos me faziam roçar com mais força contra ele, fazendo com que Fred gemesse baixo no meu ouvido.
Sua voz me despertou momentaneamente, me fazendo perceber a necessidade na rouquidão de sua voz. Se eu estava tão perto de me satisfazer, ele também não poderia se encontrar em uma situação tão diferente…
Apertando uma última vez seu ombro, trilhei um caminho com a minha mão direita até encontrar a barra de sua calça. Ainda que nossa posição me restringisse de continuar me esfregando contra ele, o pouco espaço que havia entre nós era o suficiente.
Desabotoei rapidamente sua calça e puxei o tecido para baixo junto com sua cueca, liberando sua excitação. O envolvi com a minha mão, movimentando-a para cima e para baixo rápida e firmemente.
Fred grunhiu com o estímulo e os movimentos de seus dedos se tornaram mais rápidos. Os meus acompanharam. Eu não aguentava mais. Minhas pernas tremiam, antecipando o momento que viria a seguir.
— Fred, eu... — comecei a falar, tentando explicar o que viria a seguir. Meu corpo estava queimando, meu interior se contraindo e eu nunca precisei tão intensamente de algo quanto precisava daquilo.
Não precisei terminar a frase, Fred me conhecia bem o suficiente para sorrir satisfeito.
Goza pra mim — ele disse no meu ouvido e, como se meu corpo simplesmente o obedecesse, foi exatamente o que eu fiz. Se eu pudesse, teria gravado aquela voz e a ouviria religiosamente todas as noites antes de dormir.
As estrelas de antes se tornaram verdadeiras constelações. Meus pais me levaram ao Planetário quando era mais nova, logo, eu conhecia todo o sistema solar e alguns outros. Nenhum deles era tão belo quanto o que aparecia entre minhas pálpebras. Foi mais forte e mais intenso do que qualquer outra experiência que eu já experimentei.
Senti minha mão ficar mais molhada ainda, o que denunciava que Fred tinha alcançado seu ápice logo em seguida. Ele mordiscou meu pescoço, se controlando para não gemer alto e denunciar o que estávamos fazendo.
Quando os espasmos acabaram, eu me senti mole. Meu corpo ameaçou deslizar pela parede, mas seus braços fortes me seguraram. Não soube dizer por quanto tempo ele me manteve ali, segura em seus braços, sentindo seu característico cheiro amadeirado doce, com uma leve presença de canela, suave o suficiente para não ser enjoativo.
Aos poucos, minha consciência retornou. Abri os olhos, ignorando o suor em minha testa, e sorri completamente boba, me sentindo algo parecido com uma ameba. Os olhos de Fred brilhavam e ele parecia estar tão exausto quanto eu. Pegando a varinha com delicadeza, ele murmurou “Tergeo” e, no segundo seguinte, estávamos completamente limpos.
Ele abotoou sua calça com cuidado e nos inclinamos em direção ao outro. Sua respiração bateu diretamente em minha bochecha e seus lábios roçaram levemente os meus.
De repente, a porta dupla do armário abriu e eu arregalei os olhos. Estava tão imersa no que estávamos fazendo que nem mesmo me lembrei de que o professor ainda poderia estar na sala.
Por sorte, não foi a voz dele que ouvimos do lado de fora.
— Vocês podem sair, ele já foi — George avisou.
Ao sair daquele móvel de madeira, precisei de alguns segundos para minha visão se acostumar novamente com a iluminação. Quando isso finalmente aconteceu, reparei que George me encarava de cima a baixo, de braços cruzados e com um sorriso incrédulo no rosto.
Ele sabia.
Na verdade, não era muito difícil de adivinhar. Quando me vi no reflexo de um dos pratos dourados, percebi o óbvio. Minhas bochechas estavam vermelhas, meus fios de cabelo completamente bagunçados, minhas roupas amassadas — minha saia, inclusive, estava torta, e, para finalizar com chave de ouro, eu ainda ofegava.
Fred surgiu atrás de mim logo em seguida e seu estado não era muito diferente do meu. O encarei e, antes que pudéssemos ouvir o que George tinha a dizer, sorrimos um para o outro, tendo a certeza de que foi um momento e tanto.
— Eu não acredito nisso… — meu melhor amigo falou, batendo a ponta do pé no chão repetidamente. — Vocês são o casal mais tarado e insaciável que eu conheço. É sério!
Seu tom de voz era de indignação.
— O professor estava, literalmente, fuçando no armário enquanto vocês transavam na cara dele!
— Em nossa defesa, não era para isso acontecer… É só que acabamos ficando muito perto um do outro e…
— Por Merlin, eu realmente não quero continuar ouvindo isso — G resmungou e eu ri alto.
— O que importa é que deu tudo certo — respondi, dando um sorriso inocente.
— Bom, mais ou menos, né… O professor guardou todos os instrumentos no lugar, vamos precisar fazer tudo de novo. — O ruivo apontou para a sala e eu bufei.
— Merda. Acho bom essa pegadinha irritar profundamente Rony para valer a pena — respondi, me afastando para pegar as guitarras na parede e recomeçar o trabalho.

***

E valeu.
Após colocar o plano, oficialmente, em ação, corremos para chegar na sala comunal a tempo de assistir ao show, e nos sentamos no sofá em frente a lareira enquanto acompanhávamos Rony através do mapa.
No momento em que ele passasse pelo quadro da Mulher Gorda, os instrumentos viriam e começariam a segui-lo, tocando sons aleatórios a cada passo que ele desse durante o dia todo.
Apesar de imaginar que a cena seria hilária, nada se comparou a assisti-la.
— O que…? Mas que merda está acontecendo? — Ron perguntou, observando com os olhos arregalados a fila de instrumentos musicais trouxas chegar até ele. Todos que estavam descansando, espalhados pela sala, se aproximaram em uma roda ao seu redor para tentar entender a situação que se formava.
Harry, que estava até então com as sobrancelhas franzidas, nos encarou e sua expressão mudou no mesmo instante, a compreensão esclarecendo tudo. Balançando a cabeça com um leve sorriso beirando os lábios, ele apenas se sentou na poltrona ao nosso lado, encarando seu melhor amigo correr em círculos pelo salão comunal, tentando despistar os objetos flutuantes.
— Genial — Harry falou um tempo depois, se segurando para não gargalhar.
— Foram vocês, não foram? Eu vou matar os três, juro por Merlin! — Ron ameaçou, parando em nossa frente. Para o seu azar, e nossa sorte, ele não conseguia ficar muito tempo parado, ou então os instrumentos se amontoavam mais e mais em cima dele, formando praticamente uma barreira. — Que inferno! Eu sabia que estava bom demais para ser verdade…
Sem nem mesmo esperar nossa resposta, Rony saiu andando pelos corredores, batendo os pés no chão com força. Ele resmungou algo sobre encontrar com Hermione para ajudá-lo a se livrar do feitiço — coisa que nós sabíamos que ela não faria — e Harry, rindo pelas suas costas, o acompanhou.
— Um momento realmente maravilhoso… — George suspirou, satisfeito ao ver que nossa ideia foi concluída com êxito.

Draco POV’s
Eu adorava estudar em Hogwarts.
Amava ser bruxo, desenvolver minha inteligência e minhas habilidades. Descobrir novas poções, feitiços e me aperfeiçoar ao máximo que puder. Crescendo em uma família rigorosa que me cobrava absurdamente para ser o melhor, era óbvio que aproveitei o máximo do meu tempo para aprender sobre tudo que fosse importante.
Apesar de minha mãe não exigir tanto de mim atualmente quanto antes, eu ainda sentia essa necessidade de ser o destaque da turma. Foi por isso que eu aproveitei a maioria dos finais de semana em Hogwarts para me adiantar no conteúdo.
As festas aqui eram frequentes nas sextas à noite, incomuns nos sábados e inexistentes nos domingos. Dessa forma, a maior parte dos meus amigos acabava saindo e retornando somente no último momento do domingo.
No primeiro ano, eu não ligava muito. Minha mãe viajava muito durante o ano e eu quase nunca queria realmente ir para casa. Tinha coisa o suficiente para aprender aqui. Ao longo do tempo, o tédio me dominou e eu dei um jeito de ir para Londres trouxa e comprar alguns DVDs, um retroprojetor e um aparelho de som.
De alguma forma, eu realmente não sabia explicar como, isso funcionava aqui. Então, eu tinha como passar o meu tempo. O problema era que, agora, eu não queria mais fazer isso sozinho ou com meus amigos. Não, isso não era mais suficiente.
O quão ridículo era eu admitir que estava viciado em Sinclair Voux?
Que eu queria assistir com ela todos aqueles filmes de romance bobos que julguei tanto e que sabia que ela amava? Que viraria a noite assistindo um filme de terror somente para ter a desculpa de abraçá-la e beijar seus cabelos ruivos quando ela começasse a chorar porque alguma criança ou cachorro morreu?
Ela ocupava meus pensamentos vinte e quatro horas por dia. Pensei em como ela era, no que ela fazia e em todas as coisas que gostaria de fazer com ela. Todos os piqueniques que ainda não tivemos. Todas as noites observando as estrelas na Torre de Astronomia. Todos os beijos que eu roubaria nos intervalos das aulas.
Se eu agonizava nos dias que estávamos no mesmo ambiente e não nos falávamos, como era o caso no refeitório, não precisava dizer muito para que alguém percebesse que esses dias sem sua presença estavam sendo horríveis
Eu precisava dela ao meu lado. Fisicamente.
O que, obviamente, não aconteceu do jeito que eu esperava nesse final de semana porque ela tinha ido à casa do padrinho de Harry Potter, Sirius Black. Nunca conversamos sobre isso, mas pressupunha que ele odiava minha família, principalmente por sermos “próximos” de Bellatrix, sua prima.
Eu tinha um certo receio de que, por conviver bastante com pessoas que não eram meus fãs, percebesse que nosso envolvimento tivesse sido uma péssima ideia. Porém, não foi isso que aconteceu.
A nossa troca de pergaminhos salvou meus dias solitários na escola. Não só porque tomei uma decisão impulsiva de visitá-la no Largo Grimmauld 12 e pude matar um pouco da saudade que sentia dela, mas porque... Bem, eu não precisava realmente explicar. Só digo que foi o ponto alto do meu fim de semana.
Desde que ela retornou para Hogwarts, não tivemos tempo suficiente para nos encontrarmos a sós novamente. O que significava que minha boca estava com abstinência da dela, e minhas mãos tremiam de vontade de puxá-la para mim sempre que a via passar pelos corredores.
Eu estava aguentando incrivelmente bem, para ser sincero.
Quer dizer, ignorando que meu coração doía um pouco, meus olhos não desgrudavam dela e eu mal conseguia manter um diálogo com qualquer um dos meus amigos enquanto ela passava, estava tudo ótimo.
Isso é, até a aula de Aritmancia começar e sentar-se ao meu lado para ser meu par. Não me importava se tivéssemos que seguir o ano todo como parceiros em algumas aulas, muito pelo contrário. Nada tinha a ver com sua inteligência, apesar de que me sentia aliviado de saber que tiraríamos uma das melhores notas da turma, mas porque era ótimo ter esse momento com ela.
E estávamos apenas esperando o baile para começarmos a agir como um casal publicamente.
me pediu um tempo para poder explicar aos seus amigos sobre nós, principalmente porque ela sabia que Harry não seria a melhor pessoa do mundo para entender. Compreendia o lado dela porque não era fácil. As brigas entre nossas casas eram realmente altas, alimentadas ao longo dos anos por razões estúpidas. Mas, até então, nada impedia que alguns relacionamentos fossem formados entre alunos da Grifinória e da Sonserina.
A grande questão eram seus amigos e o desgosto deles por mim e por minha casa… O que, novamente, eu conseguia compreender algumas vezes.
Enfim, estava realmente tentando prestar atenção na aula.
A professora Septima Vector explicava algo que deveria ser importantíssimo e que ela certamente cobraria no dever de casa. Contudo, eu nem ao menos poderia dizer que o conteúdo entrava por uma orelha e saía por outra porque eu não fazia ideia do que ela estava lecionando.
Tudo que conseguia fazer era controlar ao máximo minha respiração, ignorando o pé de tocando minha perna discretamente. Como estávamos sentados na mesa de trás, bem na ponta, ninguém conseguia enxergar o que acontecia.
E Voux se aproveitou disso para me provocar.
Minutos depois, sua mão encontrou o caminho até minha coxa, deslizando suavemente sobre o tecido do uniforme, me acariciando com calma. Minha respiração falhou quando seus dedos ágeis subiram um pouco mais e encontraram um pedaço muito delicado do meu corpo, coberto demais para o meu gosto.
Ela mantinha a expressão centrada em seu rosto, como se não estivesse fazendo nada demais. Busquei fazer o mesmo, engolindo em seco toda vez que queria suspirar ao sentir sua mão subindo e descendo ao redor do meu membro rígido.
Minha mão se fechou em punho quando ela apertou com um pouco mais de força.
— rosnei, sussurrando seu nome em forma de prece. Um pedido para que ela parasse com essa tortura.
Ela sequer me olhou. Nem mesmo com o canto de tudo. Se limitou somente a exibir um sorriso no canto da boca, sem abrir os dentes. Eu sentia as gotículas de suor se acumulando em minha nuca, me causando um gelado que contrastava com o calor entre minhas pernas.
Merda, que inferno.
Respirei fundo, tentando me acalmar. Eu não poderia gozar na porra das minhas calças. Caralho, . Isso seria completamente embaraçoso! Quando finalmente tomei minha decisão e estava prestes a descer minha mão em direção ao seu pulso, de modo a impedi-la de continuar, o som das cadeiras se arrastando me despertou.
Levantei, vendo que os alunos estavam em pé, se despedindo da professora e saindo pela porta, em direção à próxima aula.
Antes que eu conseguisse encontrar minha voz para dizer qualquer coisa, se levantou, seus olhos verdes brilhando com pura malícia, e saiu da sala, me deixando sozinho e insatisfeito.
Bufei, segurando a mochila com minha mão e posicionando-a estrategicamente em frente ao meu membro, acordado demais para se acalmar agora. Ela era ingênua se achava que eu não iria me vingar por isso.

Fred POV’s
Pregar pegadinhas sempre me deixava eufórico. Meu corpo era viciado na sensação de perigo de sermos pegos e da ansiedade em ver ela se realizando.
No entanto, era outro motivo que me deixava dessa forma no momento.
O cheiro de ainda estava impregnado em mim. Toda vez que meus olhos fechavam, mesmo que fosse somente para piscar, eu visualizava seu rosto enquanto ela se derretia em meus dedos. Gozando para mim.
Por mais que já tivéssemos passado por essa situação outras vezes, jamais deixaria de me surpreender com o quão maravilhosa ela ficava nessa situação.
Foi uma loucura, simplesmente, fazermos dentro de um armário na sala de aula. Mas foi inevitável. A forma como se movimentou em cima de mim, tentando ficar confortável, me fez perder o limite. Tudo com ela era intenso e viciante.
— Nossa, eu quase esqueci de contar! — disse, de repente, dando praticamente um pulo da cama.
Após o sucesso da pegadinha com Rony, voltamos para o quarto das meninas. disse que precisava terminar a atividade que eu e G havíamos interrompido, e resolvemos fazer companhia até que ela estivesse completa.
Poucos minutos depois que terminou, George nos deixou sozinhos, dizendo que iria se encontrar com Angelina já que não haviam se visto desde que voltamos da casa de Sirius. Eu gostava deles, de verdade. Angie era sensacional e o fazia incrivelmente feliz, era isso que importava.
Desde então, eu estava deitado em sua cama, com ela sentada em cima das minhas coxas, virada na minha direção, conversando enquanto esperamos dar o seu horário da aula de Adivinhação e o meu de História da Magia. Como tínhamos perdido a aula anterior, precisávamos esperar mais vinte minutos até que a próxima começasse.
— Hoje mais cedo chegou uma carta da minha mãe. Vamos passar o natal na Toca! — ela contou e abriu um sorriso enorme, demonstrando sua felicidade com a notícia. Não consegui não fazer o mesmo, era simplesmente a melhor notícia.
Ok, não era como se eu fosse morrer de saudades ou coisa do tipo, até porque nos encontraríamos logo no dia seguinte para a viagem, mas era bom saber que teria todo esse tempo ao seu lado. Não pude controlar minha animação.
Sério?! Vai ser demais! — respondi, colando nossos lábios em um selinho demorado. — Faz tempo que minha mãe pergunta de você e de , ela deve estar mais animada que nós.
riu, concordando com a cabeça. Minha mãe adotou as meninas e Hermione como da família, assim como tinha feito com Harry.
— Hm… Será que ela ainda vai gostar de mim quando descobrir que estamos… — Ela hesitou, provavelmente buscando o termo exato que definisse o que éramos. Meu coração errou uma batida ao perceber que ela estava pensando em um futuro nosso.
Juntos? — completei. Não existia a possibilidade de negar ou esconder o que estávamos tendo, e isso incluía para os nossos pais. Não poderia estar mais feliz por saber que ela pensava nisso também.
Apesar de um esboço de sorriso ter passado pelos seus lábios com a minha resposta, no segundo seguinte sua expressão mudou completamente, demonstrando o quanto ficou preocupada com o assunto.
A verdade era que minha mãe era um pouco — muito — ciumenta conosco. E sabia disso, ela já até presenciou alguns xingamentos para uma antiga namorada do Carlinhos. No entanto, eu tinha certeza que com ela seria totalmente diferente. Minha mãe amou-a desde o dia em que se conheceram e nunca, até hoje, perdeu uma oportunidade de falar que ela era a pessoa perfeita para mim e a nora que ela tanto pediu.
— Claro que vai! Ela já gosta mais de você do que de mim, isso só vai aumentar — respondi, fazendo-a rir novamente, observando a tensão em seus ombros aliviar. — Agora… o problema mesmo vai ser o seu pai. Juro, não quero nem pensar nisso.
Engoli em seco. Sebastian Voux era aquele típico pai protetor que você facilmente encontrava nos filmes de romance. Ele sempre demonstrou ser mais rigoroso sobre isso quando surgia alguma conversa na mesa sobre ou estarem interessadas em alguém. Mesmo que eu soubesse que ele me adorava, não conseguia imaginar o que ele acharia sobre o fato de eu estar com sua filha.
— É… Eu não diria “problema”, mas realmente não faço ideia de como ele vai lidar com isso… — falou, pensativa, mexendo os dedos. Ela conhecia bem o suficiente o pai que tinha para imaginar que tipo de feitiço ele poderia jogar em mim.
— Ótimo, estou muito mais tranquilo agora… — resmunguei, cruzando os braços e fazendo biquinho.
— Principalmente porque eles nunca me viram apaixonada por ninguém antes — ela completou, logo depois, erguendo os olhos e me observando atentamente com aquele oceano azul.
Apaixonada? — perguntei, abrindo um sorriso bobo. Eu estava familiarizado com o dicionário desde que fui alfabetizado, mas mesmo que tivesse decorado todos substantivos presentes nele, não saberia nomear o que senti ao ouvi-la dizer isso.
Ela concordou com a cabeça, respondendo meu sorriso com outro.
— Foi impossível não me apaixonar por você, Fred.
Suspirei, fechando os olhos por dois segundos. Precisei respirar fundo até raciocinar rapidamente. tinha dito que estava apaixonada por mim, com essa exata palavra. Eu estava acelerado e precisei me segurar para não começar a hiperventilar. Concentrei toda força em mim para não começar a tremer.
Essa garota era tudo para mim.
— Se soubesse o quanto eu esperei para ouvir você me dizer essa frase… — falei, prendendo uma mecha de seu cabelo castanho atrás da orelha. — A pessoa para quem eu queria contar as novidades, compartilhar meus segredos, minhas inseguranças, a minha melhor amiga, a minha primeira paixão… — Desci minha mão para o seu pescoço, aproximando nossos rostos sem jamais desviar meus olhos dos seus. — Droga, , sempre foi você. Não tinha como ser ninguém mais.
Jogando no lixo qualquer vestígio de sanidade que ainda me restasse, uni sua boca à minha sem a menor delicadeza.
Os lábios dela permitiram a passagem de minha língua imediatamente, misturando o seu gosto ao meu e me causando um efeito quase anestesiante. Minhas mãos apertavam seu quadril, puxando-a para perto. Ela bagunçava meu cabelo, passando suas unhas pela minha nuca, me fazendo estremecer com os arrepios que aquilo causava.
pressionava seu corpo contra o meu com cada vez mais desejo, retribuindo o beijo com intensidade. Eu me afastei para recuperar o fôlego e nós diminuímos o ritmo dos movimentos. Ela subiu suas mãos para os botões de minha camisa, abrindo-os com calma e tranquilidade, seus olhos focados nos meus enquanto a ponta da sua unha comprida passeava por minha pele conforme ela ficava exposta.
Ela dedilhou meu peito por completo, descendo as mãos com leveza e eu senti cada músculo de meu abdômen se contrair ao seu toque, ansiando por isso. Quando ela seguiu para minhas costas, arranhando levemente a pele, suspirei. Sua mão estava tão quente quanto meu corpo — nós nos complementávamos e, por um momento, acreditei que essa união seria suficiente para colocar fogo nesse quarto.
Arrastei o resto do tecido pelos ombros, me livrando da peça e encarando a boca vermelha de . Beijei-a mais uma vez, puxando seu suéter para cima. Nos afastamos para que eu pudesse passá-lo por sua cabeça e dei atenção a seu pescoço. Enquanto eu inalava seu cheiro suave de baunilha, minha boca encontrava sua pele macia. O gosto do seu perfume fez-se presente em minha língua e eu lambi a extensão inteira ao mesmo tempo que utilizava das minhas mãos para terminar de abrir os botões do seu uniforme.
Praguejei mentalmente, ofendendo quem quer que tenha tido a ideia de escolher a camisa social como obrigatória. Nada prático.
Senti a textura de seu sutiã rendado e arfei, descendo os beijos até seu colo. estremeceu quando toquei em suas costas, escorregando meus polegares até encontrarem o feixe, abrindo o sutiã. Ela ofegou quando eu envolvi seu seio desnudo com a ponta da minha língua antes de cobri-lo com a boca, sugando-o com calma.
Minha outra mão seguiu para seu outro mamilo duro, circulando-o lentamente. fechou os olhos e suas pernas se contraíram ao redor dos meus quadris enquanto eu continuava com a carícia, alternando a atenção entre os seios. Estimulado, lambi seu peito até encontrar o pescoço, a beijando.
Sem que eu esperasse, deslizou suas mãos até o botão da minha calça, desabotoando-a, pela segunda vez hoje, e empurrando-a para baixo. Puxei seus cabelos da nuca como sinal de aprovação, voltando a pressionar seus lábios contra os meus. Minha cueca e sua calcinha eram as únicas coisas que separavam nossas intimidades. Ter noção disso foi o suficiente para que eu me animasse ainda mais.
A cena do armário se repetiu em minha mente e eu suspirei ao lembrar da forma como se esfregou contra mim tão gostoso, tão necessitada. Ela fazia movimentos suaves agora, involuntários. Não pude evitar pensar em como seria daqui a alguns segundos, quando ela voltasse a se esfregar com vontade, força e precisão.
Meus dedos puxaram sua saia, junto com a calcinha, para baixo. Sem pressa, observei o tecido deslizar por seus quadris enquanto ela se apoiava em seus joelhos, quase ajoelhada, e se levantava um pouco do meu colo. Mordi o lábio antes de sorrir malicioso ao observar aquele pedaço de carne exposto.
Passei o indicador e o dedo médio em sua entrada e ela gemeu enquanto me lambuzava. estava tão molhada que senti meu membro pulsar em antecipação. Ela resmungou quando eu os retirei, somente para colocá-los em minha boca e chupá-los, sentindo seu gosto.
Porra, eu estava ensandecido. Meus olhos correram por seu corpo, analisando cada perímetro. estava nua, em cima de mim. Sendo bruxo, pude ter contato com várias cenas inacreditáveis, até mesmo dragões, mas nada se igualava a isso.
Registrei mentalmente essa imagem, sabendo que seria uma das melhores coisas que eu tinha visto em toda vida. roçou seus lábios nos meus por um segundo, encarando meus olhos — que imaginei estarem até escuros devido à luxúria, e suas mãos desceram minha boxer até os joelhos, exatamente onde a calça havia parado.
Ela me deu espaço suficiente para que eu conseguisse empurrar essas peças com os pés e chutá-las para o chão do quarto. Meu desejo por estava começando a doer, física e emocionalmente.
Quando acariciei suas coxas, respirando descompassado e puxando-a para mais um beijo, soube que seria a experiência mais intensa e sensacional de toda minha vida. rebolou levemente em cima de mim e, com uma das minhas mãos, posicionei a cabeça do meu membro em sua intimidade e deslizei lentamente na entrada, sem de fato enfiar, ouvindo seus gemidos chorosos de excitação como se fossem música.
soltou um dos meus ombros para estender a mão até sua cômoda, abrindo uma das caixas que utilizava para organizar suas coisas, pegando uma camisinha. Ela me entregou e seu olhar dizia algo como “Pare de brincar”. Sorri, rasgando-a e colocando corretamente em mim.
Meu coração tinha acelerado absurdamente. A simples ideia de concretizarmos o que eu queria a tanto tempo fazia minha mão tremer. Observei suas bochechas levemente coradas, tentando decorar o máximo de seu rosto nesse momento.
O sorriso que eu abri foi uma mistura de felicidade com prazer, e retribuiu, seus olhos me encarando com ansiedade genuína. Eu poderia passar a vida inteira encarando aqueles olhos azuis sem saber definir exatamente qual o efeito deles sobre mim. Senti um arrepio percorrer minha espinha, sabendo estar tão ansioso quanto ela para aquele momento.
ergueu seu corpo até encontrar a posição certa e eu aproveitei para colocar uma de minhas mãos em minha cintura com sutileza, acariciando a pele e incentivando-a a continuar. Ela desceu o corpo devagar, engolindo meu membro com calma. Grunhi um “Porra”, jogando a cabeça para trás e inclinando o corpo para frente.
Eu estava tonto, completamente inebriado pelas sensações que seu corpo contra o meu causavam. fechou os olhos, descendo até o final e soluçando de prazer. Envolvendo meu pescoço com seus braços, ela começou a se movimentar sobre mim.
Nem se eu tomasse uma garrafa inteira de “Felix Felicis” poderia acontecer algo melhor comigo do que isso. Apertei sua bunda com força, friccionando ainda mais nossos corpos. Gemi seu nome quando chupou meu pescoço e continuou os movimentos.
Eu me deliciava com eles, apesar da lentidão me torturar. Parecendo ler meus pensamentos, resolveu acelerar um pouco. Embrenhei minha outra mão em seus cabelos, puxando os fios com força para trás e dando um beijo molhado em sua boca. Ela correspondeu com ferocidade, soltando pequenos suspiros.
Empurrei meu quadril com força para cima, arfando com o atrito de nossa pele. rebolou com vontade, me deixando com dificuldade para raciocinar. Seus músculos internos me apertaram e eu chupei seu seio com vontade, fazendo-a gemer em meu ouvido.
Soltei seu cabelo para descer a mão por sua barriga, passando por seu ventre, e chegando no ponto que eu queria. Seu clitóris estava um tanto quanto inchado, consequência do que fizemos mais cedo, e eu comecei a estimular mesmo assim, circulando-o com cuidado.
Fred… — ela gemeu em um sussurro, enquanto fechava os olhos.
Era isso. Eu estava viciado. Eu precisava disso em todos os horários do meu dia, antes e depois das refeições. Sequer lembrava que éramos para estar em aula. Tudo o que eu conseguia pensar era em subindo e descendo, me fazendo estremecer.
Quando ela gemeu meu nome mais uma vez, soube exatamente o que estava por vir. Suas unhas pressionaram minhas costas, provocando uma dor deliciosa, e ela murmurava diversas vezes “não para, não para” como uma oração.
Eu não seria capaz de parar por nada nesse mundo.
Sua respiração quente voltou a bater contra meu rosto assim que ela me beijou uma última vez, afastando o rosto para gemer alto enquanto atingia seu clímax. Fechei os olhos, aumentando o ritmo das estocadas. Foi demais para mim. Uma gota de suor escorreu em minha testa e dessa vez era eu quem estava com seu nome em meus lábios, me entregando ao ponto alto do prazer.
Seu tronco se apoiou sobre o meu, e não conseguimos definir qual dos dois estava mais ofegante. Ela se levantou um pouco, o suficiente para que eu retirasse meu membro do seu interior e enrolasse a camisinha, deixando-a na cômoda para lembrarmos de jogar fora depois. encostou a bochecha vermelha na curva do meu pescoço e eu inalei o perfume de seus cabelos, completamente bagunçados.
Seus braços envolveram minha cintura e eu acariciei seu quadril, sabendo que não haveria lugar no mundo melhor que esse.
— Você vai precisar de um banho antes de ir para a próxima aula — disse, observando seu estado.
— Quem disse que eu vou para a próxima aula? — ela perguntou, sorrindo marota enquanto levantava o rosto para me encarar.
— Ah, é? E pretende fazer o que nesse tempo, então? — questionei, deslizando minhas mãos por suas costas, sentindo a pele se arrepiar.
não me respondeu verbalmente. Ela se inclinou em minha direção e invadiu minha boca com sua língua, exatamente como eu gostava. Esperamos alguns minutos para nos recompormos e, como ela já tinha insinuado, não fomos para nenhuma das aulas restantes do dia.

POV’s
Suspirei, pensativa. Hermione me esperou do lado de fora da sala que tínhamos aula de Aritmancia para irmos juntas até a aula de Adivinhação. Estávamos conversando, mas eu não conseguia prestar muita atenção.
Depois que ela falou do baile, lembrei que precisava urgentemente ver Harry para conversarmos sobre eu ir com Malfoy. Não queria que fosse uma surpresa na hora, até porque não era justo com ele, sendo meu melhor amigo e tudo.
O pior foi que eu realmente tentei puxar esse assunto durante o final de semana, mas sempre acabávamos falando sobre outra coisa. E Ron também não desgrudava, então foi um pouco difícil. Pretendia contar para os meninos depois, mas Harry precisava saber antes e separadamente porque eu já imaginava como ele reagiria.
— Amiga, eu vou dar uma passadinha no banheiro. Vai indo pra aula, te encontro lá — disse para Mione, que assentiu com a cabeça.
Precisava lavar o rosto, essa provocação em Malfoy acabou me afetando mais do que eu esperava. Foi preciso de todo meu autocontrole para que eu não cruzasse as pernas e começasse a esfregá-las lá mesmo.
— Espero que a já esteja por lá. Vou tentar guardar lugar para você — ela respondeu e seguiu andando, conversando com os demais alunos da Grifinória.
Após secar bem meu rosto, apressei o passo para chegar ao 7º andar. Odiava me atrasar. Quando passei pela frente das escadas da Torre de Astronomia, senti algo se prender em meu braço e me puxar. Arregalei os olhos, assustada.
Abri a boca, pronta para gritar, mas minha voz se perdeu em algum lugar. Meu desespero durou pouco e eu relaxei os ombros tensos quando vi quem tinha me puxado para a parte escura das escadas.
No dia a dia, os olhos de Draco Malfoy me convidavam implicitamente para que eu os encarasse. O tom claro de cinza era hipnotizante e profundo. Eles sempre me intrigaram, desde o nosso primeiro contato, chamando minha atenção devido à coloração rara.
Quando era mais nova, por saber que o Mundo Bruxo existia, perguntei aos meus pais se poderia mudar a cor dos meus olhos permanentemente para vermelho — naquela época, eu gostava muito dos contos com vampiros. Eles me explicaram que essa manipulação não era fácil de ser feita, além de ser bem restrita. Desde então, desenvolvi um certo encanto por olhos incomuns. Talvez fosse por isso que, uma vez que eu os encontrasse, não conseguia desviar.
É, isso deveria ser motivo suficiente para explicar porque eu estava encarando Draco com tanta profundidade enquanto permitia que ele me empurrasse lentamente contra a parede fria. Definitivamente não tinha nada a ver com o fato dele ficar três vezes mais lindo — se é que era possível — com o maxilar marcado, demonstrando a combinação de irritação e desejo. Ambas provocadas por mim.
Eu sabia que ele viria atrás de mim.
No exato momento em que depositei minha mão em sua perna, naquela aula, eu tive plena certeza que não seria uma provocação inocente. A forma como ele apertou o banco de madeira com força, ao meu lado, enquanto eu me deliciava dando atenção a uma parte muito específica de seu corpo, deixou claro que ele estava gostando daquilo.
A intensidade que ele me encarou quando eu me levantei, abandonando meu trabalho pouco antes de deixá-lo atingir seu limite, foi tanta que eu precisei engolir fundo e forçar toda minha confiança para parecer que eu não estava afetada.
Porra, . Você não faz ideia do quanto eu me segurei para não te foder naquela sala.
No segundo seguinte, Draco estava me devorando.
Sua língua degustava faminta a minha enquanto seus lábios deslizavam contra minha boca com ferocidade. Seu beijo tinha gosto de menta. Molhado e refrescante. Uma de suas mãos deixou minha nuca para se embaralhar em meus fios ruivos, puxando minha cabeça contra si furiosamente.
Minhas unhas fincaram em seus músculos sem dó. Eu tinha reparado isso antes com as meninas. O quadribol era realmente um ótimo esporte para se manter em forma, mesmo não parecendo. A maioria dos jogadores mantinha uma dieta equilibrada e um treino — de musculação mesmo — rigoroso para as competições, de modo que tinham um belo corpo.
Tinha notado isso em Malfoy na primeira vez que tirei a camisa dele e pude observar seu abdômen definido e os ombros largos, satisfatoriamente musculosos. Céus, e as suas costas… Suspirei contra sua boca só de pensar em quão gostoso o homem que me beijava era.
Ele me beijava como se a saudade que sentiu por mim fosse tanta que o tivesse deixado doente e essa fosse a única cura. Bem, eu não me incomodaria em ficar acamada com ele nesse estado…
Draco puxou meu lábio inferior com os dentes, sugando a pele antes de se separar de mim e atacar meu pescoço. Mordiscando a região lenta e torturadamente, seu objetivo parecia ser arrancar meu último sopro de sanidade.
Suas mãos se posicionaram em minha cintura, me arrastando para baixo consigo. Minha capa era tão longa que cobriu alguns bons degraus da escadaria quando me sentei em um deles. Draco se afastou, sorrindo maldoso, e se posicionou alguns degraus abaixo do que eu estava.
Seus lábios vermelhos, ao contrário do que eu esperava, não retornaram para encontrar os meus. Eles foram atrás de algo mais interessante. Com pressa, Draco levantou a bainha da minha saia até que estivesse completamente enrolada em minha barriga e engoliu em seco.
Afastando minha calcinha preta com os dedos, seu hálito soprou contra minha intimidade antes que ele beijasse o ponto mais sensível de todo meu corpo. Meus olhos se fecharam pesadamente.
Meus pés estavam posicionados em seus ombros, mas me sentia nas alturas. O dedo indicador foi o primeiro a se juntar, adentrando meu íntimo e me fazendo ofegar sofridamente, inebriada pelas sensações que a combinação de sua língua com a mão ágil poderia proporcionar.
Seus fios loiros estavam sendo esmagados em minha mão conforme eu o puxava com mais força. Draco sabia o que, como e exatamente onde chupar. Quando ele escorregou mais um dedo, aumentando a velocidade que eles se movimentavam, precisei morder minha própria mão para não gritar.
Deveríamos ter lançado um Abaffiato para evitar com que alguém nos ouvisse e resolvesse verificar, mas havia algo sobre essa possibilidade de sermos pegos que fazia minhas pernas formigarem ainda mais…
Eu precisava que ele terminasse logo com aquela agonia insuportável que urrava em meu interior. Mordia a pele do meu lábio, como se isso fosse o suficiente para impedir de gemer insanamente descontrolada. Eu grunhia, desesperada por oxigênio, puxando ainda mais seu cabelo.
Murmurei uma lamentação quando ele parou os movimentos bruscamente, afastando o rosto para me encarar.
— Quero gozar com você — Draco disse e eu notei que ele estava tão entorpecido quanto eu, bastava somente prestar atenção na rouquidão de sua voz.
Dominada por um turbilhão de sentimentos, assenti. Ele colocou meus cabelos para um único lado e passou a língua lentamente pela pele exposta do meu pescoço. Sem aguentar mais, puxei seu rosto para mim e o beijei com fervor.
Desci a mão e bufei ao perceber que ele estava usando cinto porque desafivelar nos fazia perder um tempo que era precioso demais. Draco se encaixou entre minhas pernas, declarando que não pretendia se afastar de mim. Minhas unhas apertaram suas costas sem a menor censura. Suas mãos contra minha pele ocasionaram pequenos choques elétricos.
Observei seu cabelo bagunçado, seu rosto suado e os olhos cinzas brilhantes, repletos de prazer e irresistivelmente atraentes.
Céus, esse homem seria o motivo do meu colapso.
Após colocar o preservativo, Malfoy me beijou uma última vez antes de me invadir, me fazendo revirar os olhos com tamanho prazer. Era uma pena que ele ainda estivesse com a camisa social, porque eu amava ver seu abdômen ressaltado enquanto ele se mergulhava em mim.
A velocidade dos movimentos era arrebatadora. Ao mesmo tempo, forcei meu quadril para frente e puxei seu corpo com minhas pernas, enroscadas em sua cintura. Nessa posição, ele conseguia ir tão fundo que eu precisava me controlar para não gritar e denunciar para Hogwarts inteira o que estávamos fazendo.
Ele continuou investindo, incessantemente com força, e eu mordisquei a pele entre seu pescoço e ombro. Não demorou muito até meu corpo inteiro formigar descontroladamente. A pressão em meu ventre era tanta que eu puxei sua boca e beijei-o com vontade.
Draco apertou minha cintura com força e investiu uma última vez seu membro rígido, gemendo em meu ouvido enquanto se entregava ao frenesi que percorria cada canto de seu corpo.
Abracei-o, me sentindo levemente tonta, e deitei na escada, enchendo meu pulmão com ar. Seus dedos acariciavam minhas costas com carinho enquanto depositava leves selinhos em minha testa. Sorri contida, achando engraçado o fato de que fazíamos sexo iguais animais e depois ficávamos melosos.
Ter Draco Malfoy em meus braços era uma sensação tão gostosa que eu sequer conseguia lembrar dos dias em que tudo que fazíamos era brigar.

***

Minha perna batia incontrolavelmente no chão, demonstrando que eu estava ansiosa. O motivo disso tinha nome e sobrenome. Um sorriso bem bonito, uma boca muito boa de se beijar, mãos que sabiam muito bem o que precisavam fazer e…
Controle-se, . Foco!
Depois de perdemos a aula de Adivinhação inteira, disse que precisava tomar um banho. Apesar de ter achado a sugestão de Draco para tomarmos juntos tentadora, precisei recusar e deixar para uma próxima vez. Não poderia me dar ao luxo de perder mais uma das aulas antes do recesso.
Ao anoitecer, empilhei os livros dos meus estudos na cômoda ao lado da minha cama e levantei com cuidado, saindo do quarto com a mente decidida. Eu sorri para os alunos que me cumprimentaram durante o caminho e andei rapidamente até meu destino.
Suspirei, tentando me acalmar enquanto analisava a decoração do ambiente. Secretamente, eu sempre amei verde. Não só porque era a cor dos meus olhos, mas porque enxergava certa beleza e destaque. Combinava bem com as cobras e os detalhes que preenchiam o salão comunal da Sonserina.
Também não era a primeira vez que eu pisava aqui. Tive poucos encontros, bem mais secretos, com outros estudantes da casa. Contudo, meu coração nunca esteve tão acelerado, principalmente porque era uma ocasião completamente diferente.
Os corredores estavam vazios, então não me preocupei com sussurros curiosos sobre o motivo de eu estar lá. Era um senso comum que, quando os alunos das outras casas apareciam, ninguém deveria perguntar o porquê. Ficava subentendido.
Bati na porta de seu dormitório algumas vezes, seguindo o padrão que tínhamos definido para identificar quando era o outro. Por sorte, Draco me atendeu rapidamente. Quase suspirei ao vê-lo usar uma calça preta de moletom e uma camiseta da mesma cor, sempre mantendo a postura reta. Céus, ele era tão lindo.
Quando seu olhar focou em mim, ele abriu um sorriso manhoso e me puxou pela mão para mais perto. Seus braços rodearam a minha cintura enquanto ele me abraçava e eu pude sentir seu perfume. Nossos lábios se encostaram e o que inicialmente era um selinho foi transformado em um beijo calmo, com nossas línguas degustando uma da outra.
— Já sentiu saudades, Voux? — Draco perguntou, após fechar a porta do quarto, assim que afastamos nossos rostos minimamente. Seu hálito fresco de menta batia em meu rosto e eu arqueei as sobrancelhas, resolvendo ignorar a pergunta. — O que veio fazer aqui?
— Hm… Quais os seus planos para depois do Baile? Sabe, durante essas duas semanas de descanso — perguntei, mordendo o lábio inferior.
Tinha cogitado algo enquanto estávamos na casa de Sirius. Se eu senti tanto sua falta em apenas dois dias, como aguentaria ficar mais de duas semanas longe de seu toque, da sua presença? Claro, eu iria me divertir com meus amigos, mas minha cabeça estaria, inevitavelmente, em outro lugar.
Então, pensei, por que realmente passar por essa situação? Considerando que eu e o grupo tínhamos conversado sobre a presença de acompanhantes, tomei uma decisão. Se meus amigos levariam seus respectivos acompanhantes, por que eu não poderia levar o Draco?
— Vou pra casa passar o Natal com a minha mãe, mas depois ela precisa viajar a trabalho e provavelmente não vou fazer nada. Ficar totalmente sozinho naquele lugar. — Ele fez um biquinho no final da frase, demonstrando a chateação de passar esses dias sem ninguém para conversar.
— Que ótimo! — suspirei aliviada e Draco me encarou completamente confuso. Ok, não foi o melhor momento para esse comentário, por isso, tratei de retratar — Quer dizer, isso é ótimo porque significa que você vai viajar comigo!
Ele abriu um sorriso e cruzou os braços, me observando atentamente.
— E nós vamos para onde?
— Brighton. Os pais da Hermione têm uma casa lá e decidimos passar as férias para comemorar o meu aniversário e o de — expliquei, passando minha mão em seus fios loiros na ponta da nuca. — E é óbvio que quero você lá.
— É óbvio? — ele questionou, abrindo um sorriso ladino. Balancei a cabeça, estreitando os olhos.
— É — respondi e seus olhos brilharam satisfeitos com a minha resposta. Draco colou nossos lábios novamente antes de responder.
— Então é óbvio que eu vou.


Continua...



Nota das autoras: Não foi a toa que escolhemos esse capítulo pra fazer parte do dia do sexo rsrs. Acho que vocês conseguiram perceber bem isso.
Arya Voux é facilmente a mulher mais sortuda do mundo. Não bastasse a diversão de pregar uma pegadinha no Rony com os gêmeos, ela e o Fred ainda ficam presos no armário? Essa foi uma das cenas que mais gostamos de escrever.
E logo a primeira vez deles também! Com o Fred sendo o homem mais fofo de todos, apaixonadíssimo.
A Triz, em compensação, não ficou quieta até conseguir o que queria... Um pouco de provação não mata ninguém, né? E no final nem precisou de muito, Draco mal aguentou ficar cinco minutos quieto ao lado daquela mulher. Nem três extintores de incêndio apagaram o fogo desses dois! Mal passaram os dias desde a casa do Sirius e eles já estão por aí, em todo lugar possível. Mas quem somos nós pra julgar...
Aproveitando, já fizeram o teste que postamos no insta para saber qual das irmãs Voux vocês parecem mais? Estão esperando o quê? Compartilhem o resultado com a gente!
Muito obrigada por todo o carinho nos comentários e Instagram, amamos saber que estão gostando.
E um agradecimento mega especial para a Elena, que é a melhor amiga/beta/leitora desse mundo com as reações mais sensacionais de todas.
Até o próximo capítulo,
Gi e Ju.
Xx.


Nota da beta: Ao final dessa fic, não existirá um único homem do mundo que conseguirá meu afeto porque estarei completamente mal acostumada com Fred e Draco. COMO PODEM SER TÃO PERFEITOS???
E vou dizer, hein: serviram TUDO nessa att de dia do sexo, somos muito abençoadas (ou pecaminosas?) pelo privilégio de ler essa att PERFEITA!!!
AMÉM, JU E GI, RAINHAS DA MINHA VIDA!!!!

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.

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