Um Colar de Lágrimas

História por Bih | Revisão por That

Me pergunto por que as pessoas choram. Que mecanismo é esse que reage da mesma forma quando morre uma pessoa importante, quando nasce alguém amado, quando você corta cebola? Penso nisso enquanto outra lágrima atravessa minha bochecha e escorre pelo meu pescoço.
Mais uma que se junta à coleção que agora enfeita meu colo como pingentes melancólicos, consequência desse sentimento que me corta por dentro e transborda pelos olhos. Ele é tão forte que me tira o chão, tão nítido que não me deixa esquecer por um segundo, tão prolongado que parece mentira.
E eu não sem nem nomeá-lo.
“Tristeza” não parece o suficiente. E me falta um atestado médico para “depressão”.
Na verdade, o choro é como o sorriso, só que inversamente proporcional quanto à beleza. Pessoas nascidas cegas também sorriem, apesar de nunca terem visto alguém sorrir. É uma reação natural do ser humano.
Levanto e vou até a janela, contemplando o tempo cinza e as folhas secas do outono enquanto a chuva vem me cumprimentar. Ouço o vento uivando lá fora como uma voz aguda e chorosa. Estico a mão até o aquecedor para aumentar a temperatura. Sei que já está alta, mas eu me sinto tão fria.
Volto para a cama e continuo tentando entender a explicação científica para aquilo dentro de mim, na esperança de qualquer coisa sólida a que me agarrar. Pela primeira vez em horas, desvio os olhos das diversas atualizações e fotos que as pessoas fazem questão de compartilhar para mostrar o quanto são felizes, e abro o Google. Incrível como às vezes parece que o mundo inteiro é mais feliz do que você.
Por que a gente chora?
Lembro-me de como costumava debochar da minha mãe por usar perguntas inteiras, ao invés de palavras-chaves, em sites de busca. Frases longuíssimas, quase uma carta. Sempre que ela abria alguma pesquisa, minha irmã e eu, rindo, zombávamos: “Querido Google...”. Ela ficava irritada.
Mas aqui estou eu fazendo o mesmo porque me sinto cansada demais para usar o mínimo de raciocínio. E sem a menor vontade de rir.
Então, “por que a gente chora?”. E enter. Segundo minha pesquisa, nossas glândulas lacrimais produzem lágrimas o tempo inteiro, mas normalmente elas escorrem por um canal e vão para a nossa garganta. Quando estamos tristes, o sistema límbico transmite essa informação para as glândulas, que produzem mais lágrimas do que podem passar pelo canal e elas acabam escorrendo.
E assim choramos.
E, ainda, “quando uma pessoa está muito deprimida, tem o choro bloqueado”. Ou seja, podemos definitivamente cortar depressão da lista de possibilidades.
Não sei se eu esperava que descobrir a explicação ajudaria. Não ajudou.
Ainda segundo o site, é cientificamente comprovado que, ao chorar, liberamos substâncias químicas que proporcionam uma sensação de alívio imediato.
Encaro a frente, no escuro do quarto, esperando pelo tal do alívio. Mas ele não vem. Ninguém vem. Eu estou sozinha, completamente sozinha. E nada mais justo que isso.


25 DE SETEMBRO

Descrença.
Você acorda na manhã seguinte e duvida, com toda sua convicção você duvida que suas memórias sejam o relato fiel da noite anterior. Mas elas são. Você deseja que fosse um sonho, mas não é e você sabe disso. Porque o barulho dos carros lá é fora é muito alto e a dor que te engole aqui dentro é muito real. Nem os sonhos mais palpáveis são tão reais.
Aos poucos me atinge a constatação de que em uma noite, de uma só vez, eu consegui perder as pessoas mais importantes para mim. Uma jogada de mestre. Não consigo acreditar que é possível destruir, com tanta facilidade, o que passei 15 anos construindo. Assim. De repente. Tão rápido, tão impulsivo, tão definitivo.
Me sinto fraca. Fraca, burra, ingênua. Estúpida por ter me deixado levar, por ter me permitido perder o controle daquela forma. De todas as vezes que bebi – e não que tenham sido poucas – jamais antes cheguei a me desequilibrar ao ponto de fazer algo tão sujo, tão longe de mim. Não é como beber algumas cervejas, beijar seu melhor amigo e acordar rindo da situação inusitada. Dessa vez é muito mais que isso. Não é uma situação inusitada, é uma situação inadmissível.
Relembro a noite anterior, passo a passo, até a parte em que as memórias começam a parecer vagas e entrecortadas. Mas ainda me lembro do ponto-chave. Do momento em que pus tudo a perder. Revejo minhas ações e não me reconheço nelas. Não admito que essa seja a versão verdadeira dos fatos. Mas é.


27 DE SETEMBRO

Culpa.
Ela te devora por dentro.
Te queima viva.
Te sufoca até te esgotar.
Fico remoendo aquela sensação. A ideia de que a partir de agora as pessoas vão me ver de outra forma me desespera. Não quero ser vista como uma pessoa horrível – apesar de ter agido como uma. Sinto o rosto queimar de vergonha e angústia só de pensar que as pessoas podem descobrir. E elas vão descobrir.
Penso um momento sobre a vergonha e paro de lutar contra ela. É uma batalha perdida, de qualquer forma. Tento fazer o mesmo com a culpa, mas não consigo. São bem parecidas, na verdade, mas com uma diferença essencial. Vergonha é aquela sensação desconfortável que a gente tem quando é ou pode ser pego fazendo algo. Não necessariamente algo que você considere errado. Você não se importa se é certo ou errado, mas se importa que as pessoas descubram. Se importa que elas pensem que é errado.
A culpa, por outro lado, depende inteiramente de certo e errado. Não importa o que os outros pensam, e sim o que você pensa. Você ultrapassou seus próprios limites, seus próprios princípios, e não consegue lidar com isso, não consegue aceitar. Mesmo que os outros não deem a mínima.
E esse é um dos sentimentos mais difíceis de suportar. Se nem eu mesma consigo me perdoar, como posso esperar que eles perdoem?


31 DE SETEMBRO

Lembranças.
Me apego a elas. Só às ruins, é claro. As boas me proporcionariam um alívio ao qual eu não tenho direito. Me obrigo a continuar pensando nelas apesar de, no fundo, não querer. Dói, dói, dói sem parar, mas eu continuo mesmo assim. É uma forma de me castigar, como uma surra bem merecida. Elas me matam por dentro, mas eu não paro porque é justo. Mereço o sofrimento. E por um lado, isso consola um pouquinho. Todos eles saíram da minha vida. Não estão aqui nem pra me punir. Então alguém tem que fazer isso, porque eu mereço a dor.




- Eu não aceito. Isso eu não aceito. – fala baixo. Não parece estar chorando, mas sua voz pinga decepção. – Você sabe há quanto tempo eu gosto dele, . Não são quatro dias, são quatro anos. – continua, e agora sua voz treme, mais lamuriosa. Não tenho certeza se está chorando, no entanto, porque não tenho coragem de olhá-la. Simplesmente não tenho. Eu tento, mas não consigo. Contar aquela história já me tomou toda a coragem que eu tinha.
- Desculpa. – peço pela milésima vez, desnorteada. Não sei o que dizer além disso. Como se fosse o suficiente.
Não era, e eu sabia que não era. Mas a amplitude do que eu sentia, tanto medo, tanto arrependimento, me cegava. Não conseguia colocar meus sentimentos e pensamentos em ordem o suficiente sequer para contar minha versão, para dizer como eu me sentia, para pelo menos tentar minha defesa.
- Não. Não desculpo. – diz com um pouco de raiva, até. Agora tenho certeza de que ela está chorando também, mas não tanto quanto eu, que tremo sobre o degrau de pedra, engasgando nos meus próprios soluços descontrolados.
- Precisa de ajuda, moça? – um senhor me pergunta enquanto passa por nós. Ele soa preocupado e eu balanço a cabeça para os lados freneticamente. Não quero que pareça que eu estou fazendo drama porque sei que ela vai dizer que estou me fazendo de vítima. – Cê tá passando mal? – ele pergunta com um sotaque interiorano carregado.
- Não. Não tô, tá tudo bem. Obrigada. – falo rápido, sem olhar para cima, apertando o rosto contra as mãos.
Espero alguns segundos e imagino que ele tenha se afastado, porque fala de novo com desprezo:
- Lembra o quanto você falou mal da Lisa? E agora você fez exatamente a mesma coisa. – ela acusa e minha respiração falha de novo.
Isso não é verdade. Primeiro porque eu não falo mal da Lisa. Por Deus, eu não falo. Na verdade, fala até mais do que eu, e provavelmente não percebe que eu tento sempre me manter em silêncio e sorrir sem precisar dizer muita coisa. E segundo porque simplesmente são situações diferentes.
- Não é a mesma coisa! – insisto. – Não é, , não é. Eu descobri sobre a Lisa através de uma foto! Eu pelo menos tive a decência de te contar. Fora que ela estava muito sóbria quando ficou com ele, inclusive nos meses seguintes, quando ficavam juntos na minha frente.
- Estar bêbada não é justificativa. – interrompe. – A única justificativa que eu enxergo é que você queria me ver triste. – ela diz séria e distante. – Você queria que eu sofresse como você sofreu com a Lisa.
Uma nova onda de choro convulsivo me toma.
- Não! É claro que não, ... – imploro, a voz cada vez mais aguda e embolada de choro.
- Lembra como sua mãe ficou puta com ela? E agora que você fez exatamente a mesma coisa, ? – ela prossegue como se eu não tivesse falado nada, então termina com veneno: – O que a sua mãe vai pensar de você agora?
O pensamento me assusta. Minha mãe sempre teve tanto orgulho de mim que às vezes eu fico com peso na consciência, como se a estivesse enganando. Ela pensava que eu era uma pessoa tão maravilhosa, e por mais que isso me desse um pouco de peso na consciência por não ser verdade, não era de todo mal. Fazia eu me sentir um pouquinho mais amada. Mas e agora? E depois que descobrisse como eu era fraca e baixa? Minha mãe me odiaria, me acharia um monstro também?
- Não é a mesma coisa... – tento de novo, a voz fraca. Mas ela me interrompe.
- Eu não consigo aceitar. Simplesmente não consigo.
- Por favor, me perdoa... Eu... Sabe, eu errei, sei que errei, mas... – puxo um pouco os cabelos em frustração e respiro fundo, tentando me recompor. – Sou sua melhor amiga há quinze anos, , quinze anos é muito tempo! Você cresceu comigo! E nunca, nunca, dei motivo pra você não confiar em mim, então... Eu sei que eu errei, mas todo mundo erra! E, sabe... Eu só penso que um erro que eu cometi bêbada não pode anular tudo de bom que eu fiz sóbria durante quinze anos. – finalizo com todo o esforço que consigo fazer.
Faz-se silêncio por alguns poucos segundos, durante os quais o buraco dentro de mim cresce apesar de eu ter achado ser impossível. As situações ainda nem se concretizaram, mas eu já sinto a falta de tudo que estou prestes a perder.
- Todo mundo erra, eu sei. – ela concorda, mas num tom irredutível, que deixa bem claro que não concorda coisa nenhuma. – E não esqueci tudo o que você fez por mim durante esses anos, mas é como se você tivesse me enganado durante todo esse tempo. Como se a que eu conheço não estivesse mais aqui, porque a ...
- Não... – tento contestar, mas ela me ignora e continua:
- Porque a que eu conheço nunca teria deixado isso acontecer. – ela diz e deixa escapar um soluço que me faz intensificar o aperto nos meus cabelos.
- A que você conhece ainda tá aqui! – desminto. – Você só nunca tinha visto ela errar feio... Mas só o fato de eu me importar mostra como ainda sou a mesma! Se eu não fosse a de sempre não ia estar sentada aqui agora, doente de peso na consciência e com o coração apertado de medo de te perder... – argumento, e minha voz não passa de um fio de choro agudo.
- Seu peso na consciência não me faz sentir nem um pouquinho melhor. – ela diz, soltando uma risadinha triste. Eu me surpreendo com como ela consegue reagir assim. Não esperava que ela fosse demonstrar mais raiva do que tristeza e isso não só me assusta, mas me machuca. Porque é óbvio que ela ficaria magoada, decepcionada, triste. Mas a ideia da minha melhor amiga, minha mais antiga companheira, a irmã que eu escolhi para mim sentir raiva e me tratar com tanta frieza é destruidora. – Eu não entendo que você já passou por isso, viu a situação acontecer de novo e preferiu me machucar.
- Pelo amor de Deus! – eu me exalto porque me desespera que ela não esteja nem ao menos me ouvido. – Você não tá entendendo? Eu não preferi nada, foi completamente impensado! Não é como se eu ficasse acordada à noite pensando “hm, qual a melhor forma de foder a ?” – falo com uma pontinha de ironia. Um tímido sentimento de raiva está crescendo em mim. Não da , mas da situação. – Você é minha melhor amiga. Sempre foi. Eu nunca faria nada pra te machucar de propósito. – o fato de ela não acreditar nisso é torturante. – A coisa toda se criou sem que eu soubesse como agir e...
- Ah, por favor, ! – ela fala mais alto. – Desde que ele tentou pela primeira vez ficar com você na festa da Laurel...
- E eu o afastei, depois te contei tudo! – me defendo indignada.
- Afastou, mas não direito! Não de verdade.
- Como “não de verdade”? – repito. – De verdade sim. Não quis ser infantil e sumir da vida dele, mas afastei sim.
- Estava na cara que isso ia acontecer. Desde aquele dia eu sabia que isso ia acontecer e você mesmo assim...
- Sabia? – dessa vez, eu interrompo. Minha voz treme de novo, e o choro, que nem por um segundo parara, desce mais lento enquanto eu a olho, agora confusa, e pergunto baixinho, me sentindo pequena: – Então por que você não conversou comigo?
- Porque eu não tinha que te pedir nada.
- Claro que tinha. – contesto, ainda num tom macio. – Eu estava tão perdida quanto você, ... Eu não sabia como lidar com a situação, mas você me deixou sozinha ao invés de enfrentar isso junto comigo.
Olho para ela pela primeira vez em muito tempo e posso vê-la balançar a cabeça para os lados, as lágrimas encharcando seu rosto tanto quanto o meu, mas as suas são silenciosas. Suas pálpebras piscando, seu choro escorrendo, sua voz falando; tudo foi lento, pesaroso, dolorido:
- Pode até ser que um dia eu consiga te perdoar... – fala, como se nem ela mesma acreditasse muito naquilo. – Mas agora, tudo que eu quero é te apagar da minha vida. Você e ele, fazer tudo sumir de mim.
- Não fala as...
- Falo. – ela interrompe com uma firmeza atípica dela, porém sem me olhar. – Falo sim. Porque, sinceramente, neste momento, tudo que eu penso é que... Eu te odeio, . – finalizou antes de se levantar e ir embora, e suas palavras me despedaçaram, como o vento do outono nos dentes-de-leão restantes.




Sua boca se abre e fecha algumas vezes.
Percebo que ele pode demorar a conseguir falar alguma coisa, então, antes que mais estrago seja feito, tento controlar a situação:
- ... – chamo, fechando minhas mãos em volta das dele. E finalmente consigo uma reação: ele as afasta bruscamente, erguendo-as no ar, como se só precisasse tirá-las de perto de mim. Seu rosto ainda é só descrença.
- Não. – ele diz simplesmente.
- Amor... – tento de novo.
- Não me chama assim. – ele manda. nunca me manda fazer nada, ele pede. Mas isso foi uma ordem.
- Eu tô tão arrependida... – digo infantilmente. Sinto o gosto das lágrimas de novo.
Salgado.
É o gosto na minha boca. Mas só nela, porque o resto é amargo.
A perda é amarga. E é isso que eu estou vivenciando. Mais uma vez, a perda.
- De todas as pessoas no mundo, ... Logo você. – ele fala baixo, deitando-se na cama de barriga para cima. – E logo com ele.
Sento-me na beirada da cama, ao seu lado, e ele não esboça nenhuma reação.
Respiro fundo e, lembrando-me da conversa com a , tento me concentrar, porque sei que se não fizer isso, não tenho a mínima chance de resolver qualquer coisa.
- Eu sei que eu errei. Eu estava mais bêbada do que me lembro de jamais ter estado. E eu sei que isso não é uma boa justificativa, mas é a que eu tenho. É a verdade, . Se eu pudesse fazer qualquer coisa para desfazer essa bagunça toda eu juro que faria, mas eu não posso. – minha voz fraqueja, apesar do meu esforço, e as lágrimas voltam a fazer com que ela fique aguda e difícil de entender. – Eu só quero consertar essa situação toda, mas eu não sei o que fazer...
faz silêncio por um tempo longo. Seu silêncio me esmaga, então levanto os olhos para o seu rosto, apenas para ver lágrimas finas e quietas escorrendo dos olhos às suas orelhas. E se antes eu já sentia meu coração pesado como chumbo, meu corpo inteiro agora afunda mais um tanto para dentro do buraco que me engolia dia após dia.
Ele dá de ombros e balança um pouco a cabeça.
- Eu também não. E sinceramente não sei se é possível.
- Tem que ser. – contesto em desespero. Tento falar com pressa e acabo me engasgando um pouco. – , eu te amo, te amo com tudo que eu posso e com tudo que eu tenho. Sou sua e você é meu, e você sabe disso. – digo, tomando coragem para me aproximar. Chego perto de seu rosto e minhas mãos tremem de expectativa ao ver que ele não me afastou. Seria possível que ele me perdoasse?
Ele sorri triste.
- Não é por uma noite, . – ele me olha fundo nos olhos sua mirada me corta as esperanças. – Não é pela duração, é pelo princípio. , você me traiu. – ele verbaliza. E ouvindo os fatos da boca dele eu me sinto um monstro maior ainda. – Você me traiu com o .
Parece que por mais que eu tente salvar as coisas, admitir meus erros e mostrar minha parcela de inocência – ainda que ela seja mínima – em alguns momentos nem eu mesma acredito nela.
- Uma coisa negativa não pode ser mais forte do que tudo de positivo. – argumento baixinho.
- Não tenta teorizar as coisas. – ele me repreende. – Eu sei que todo mundo erra, , e ninguém nunca compreendeu seus erros mais do que eu. E eu nunca me surpreendo muito, porque sei que o mundo é fodido e as pessoas são feitas de merda, mas você... Você não. – ele diz com a voz partida. Senta-se na cama, o choro molhando o rosto que eu achava tão lindo e a tristeza estampada em todos os seus gestos. – Você era meu colete salva-vidas nesse mundo fodido. Você era minha exceção.
Num impulso, levo minhas mãos ao seu rosto, segurando-o para mim, e começo a beijá-lo. Distribuo selinhos rápidos e molhados de lágrimas enquanto insisto, sem fôlego:
- Não, não, não... Eu não era, eu sou, eu sou, ...
- Não é. – ele murmura, imóvel sob meus lábios.
- Sou sim.
- Não é. – diz com mais firmeza e afasta o rosto de mim. Tento persistir, mas ele segura minhas mãos e as afasta de seu rosto.
- Para.
- Por favor.
- Para. – repete, seco, finalmente me afastando completamente de si. E aponta para a porta, respirando alto e fundo: – Vai embora.
Minha respiração treme toda e eu repito, num último fio de esperança:
- Eu sou sim.
balança a cabeça para os lados, me olha de novo daquele jeito decepcionado que dói mais que um soco no estômago e então diz, fazendo meu corpo todo congelar:
- Você morreu pra mim, .




- Qual versão você contou para a e o ?
Levanto os olhos.
- A verdade. – respondo como se fosse óbvio.
- E qual é a sua verdade?
- A verdade é que a gente bebeu além da conta, muito além da conta, perdeu o controle e fez uma merda gigantesca que nunca deveria ter acontecido. – volto a afundar o rosto nas mãos, mas estranho quando, depois de muito tempo, ainda não disse nada. Olho para ele de novo e pela primeira vez o vejo: ele está triste também. Mais um, não...
- O que foi? – me preocupo.
- O que foi? – ele repete incrédulo. – Foi que você decidiu me jogar no lixo quando deu vontade.
- Do que é que você tá falando? – indago devagar, completamente confusa. Não sei se está agindo como um maluco ou se eu é que estou tão cansada e perdida que perdi a habilidade de raciocínio básico.
- , você tem noção do que é ver a pessoa de quem você gosta se referindo a você como um erro? – ele pergunta num sussurro. – É isso que eu sou pra você, ? Um erro?
- Claro que não, ! – tento consertar, mas não tenho mais forças para falar nada. Parece que a única coisa que eu tenho feito nos últimos dias é tentado me defender. – Você não é um erro e nunca vai ser, você é uma das pessoas mais especiais que eu tenho. – digo exausta. – Mas nós cometemos um erro.
- Mas a gente ainda pode consertar isso. – ele diz.
Acho que meus olhos chegam a se iluminar e eu não acredito que alguém finalmente concorda comigo.
- Pode! – digo em êxtase repentino, e antes que eu veja qualquer coisa, já andou até mim e já está segurando meu rosto nas mãos.
- O que eu tenho de errado? – e seus olhos vão dos meus até minha boca e de volta aos meus.
- Você não tem nada de errado... – abaixo a cabeça para evitar olhá-lo, porque sei como fui fraca da última vez. Mas, para falar a verdade, eu não vejo mais necessidade nenhuma de tentar me precaver. Era como se todos os acontecimentos recentes tivessem apagado completamente qualquer possibilidade de sentimento por , e de repente não consigo nem acreditar que consegui , mesmo que por pouco tempo, vê-lo como mais que um amigo.
Eu sou apaixonada por e não tenho a menor dúvida disso. sempre mexeu um pouco mais comigo do que deveria, mas nunca antes foi nada preocupante. Era de se esperar que o fato de ele ser ex da minha melhor amiga e amigo do meu namorado fosse o suficiente para acabar com qualquer possibilidade. E sempre foi, até uma noite confusa e catastrófica. Mas aparentemente, o pouco de efeito que um dia teve em mim sumiu sem deixar para trás mais que alguns corações partidos. E tudo que eu preciso agora é do meu melhor amigo.
- Então o que...
- , olha a nossa situação! – quase grito. Então as palavras que já me sufocam há muito tempo explodem da minha boca junto com um choro desesperado, que a essa altura já se tornou um amigo íntimo: – A não vai me perdoar nunca...
Ele afasta as mãos por um segundo.
- , a ... Eu não entendo... – e suspira derrotado. – Você não precisa se sentir assim. – ele diz e eu o olho confusa, porque não vejo motivo plausível para que eu não me sinta assim. – Porra, faz mais de um ano que nós terminamos! E, caso você não lembre, nós terminamos porque ela decidiu aparecer com outro no dia do meu aniversário.document.write(Nathalia) e que eu machuquei com essa história. também. Sinto vontade de abraçá-lo, mas me falta força para concretizar o movimento.
- Eu já te expliquei essa história! Já te disse que não foi de maldade, ela criou uma situação sem querer e depois não soube como sair dela, e quando foi falar com você já...
- E daí? – interrompe meu discurso desesperado. – Olha só: você tá aí defendendo a , mas agora que você criou uma situação sem querer, ela não quer te perdoar! E nem o . – acrescenta.
Ouvi-lo falando do faz meu interior queimar.
- Você não se sente mal? – pergunto baixo, surpresa.
- Muito. – ele admite. – Porque é o . E eu não queria causar essa situação. A gente cresceu junto, poxa. - dá de ombros, perdendo um pouco da postura confiante que tinha há pouco. – Mas também não é como ele tivesse se preocupado muito comigo e me ajudado a resolver a minha situação. Quero dizer... – ele suspira. – Ter que ver vocês dois juntos é horrível, .
Abaixo a cabeça de novo e torço para ele parar de falar, porque não vou aguentar se ele começar a se declarar agora.
- , eu sinto muito por isso também. – começo devagar, finalmente percebendo algo que de uma forma me pareceu até um pouco óbvia: no meio desse caminho distorcido, começou a gostar mais de mim do que deveria. Quando percebo isso, me sinto cega. – Eu te amo, mas não de um jeito... Independente disso, a gente precisa admitir que errou. E errou feio. Precisamos consertar isso.
De novo o silêncio se instala, até que ele solta:
- Uau. – respira fundo e repete: – Uau. Eu não fazia ideia de que é assim que você se sente. Quero dizer... Eu sei que você não sente a mesma coisa, mas por um tempo, depois de sábado, eu cheguei a pensar que a gente pudesse... Eu cheguei a pensar que você finalmente me enxergava.
- ...
- Não. Então você criou essa confusão toda só pra brincar com todo mundo? – ele sorri sem humor. – Porque se você arrumou isso tudo sendo que não vai nem me dar uma chance... Você é louca. Com a você é a amiga-perfeita-mas-nem-tão-perfeita-assim, com o você é a namoradinha da vida toda que decide foder as coisas por causa um cara que nem é tão importante. E no cara que nem é tão importante... – ele diz, apontando para si próprio e sorrindo irônico. – Você pisa sem peso na consciência.
Ele se levanta e começa a andar em direção à porta parecendo meio aéreo a tudo. Eu não entendo sua reação, mas ver aquilo me faz perceber que as coisas entre nós eram muito diferentes do que eu pensava. Pelo menos do ponto de vista dele. Eu conheço meu amigo muito menos do que achava.
- , espera! – chamo e o sigo. – Volta aqui, não é assim. – seguro seu braço, mas ele o afasta. – Eu nunca quis...
- , olha, eu preciso sair daqui.
- ... Não me deixa sozinha. – imploro sem a menor vergonha. E murmuro: – Eu já me sinto tão, tão sozinha... Já perdi a , o ... Eu não posso perder você. Por favor, não me odeie também. – tento olhar em seus olhos, mas as lágrimas grossas me impedem. Enxergo sua figura embaçada se afastar mais de mim.
- Eu não te odeio. – ele diz com a voz vazia. – Você só não é mais a mesma pessoa pra mim. E não acho que tenha volta pra isso. Você é apenas uma grande mentira, .


3 DE OUTUBRO

Arrependimento.
Desejo com cada fibra do meu corpo que pudesse voltar no tempo e mudar um simples detalhe que salvaria todo o resto. Mas não posso, e o arrependimento me abraça. Culpa é ruim e tristeza é ruim, mas arrependimento é uma combinação doentia de ambas. Fico deitada me afundando cada vez mais naquele sentimento, me obrigando a senti-lo com cada vez mais intensidade.
O nome não deveria ser “peso na consciência”. Não é só na consciência. Sinto minha cabeça pesada, meu coração pesado, meus membros pesados me puxando para baixo e me impedindo de me levantar da cama.
Deitada de lado, encaro a parede, como venho fazendo sem parar durante todas as horas em que não tenho que estar na faculdade ou no trabalho. Afinal, também não estou inválida. Não faltei às aulas ou ao trabalho um dia sequer, por mais que essa inércia me segurasse na cama até o último minuto possível. Então eu me levantava, jogava qualquer roupa no corpo e chegava ao último minuto permitido. Ia embora no segundo em que meus turnos chegavam ao fim e me jogava na cama de novo no momento em que pisava em casa, e é quando o choro finalmente se sentia livre para aparecer. Sempre pontualíssimo. Um choro britânico.
Encaro a parede roxa, que, no escuro, parece ainda mais roxa. Penso sobre como a falta de luz distorce as coisas, mas, para falar a verdade, nos últimos dias tudo tem parecido distorcido para mim. Talvez a escuridão esteja em mim.
O travesseiro tá molhado, e a lateral do meu rosto também. Sinto um pouco de nojo, a fronha está fria e molhada contra minha pele. Mas não o suficiente para que eu queira me mover. Não vale o esforço.
Eu te odeio, .
Você morreu pra mim, .
Você é apenas uma grande mentira, .

As palavras não saem da minha cabeça, dos meus ouvidos, de dentro de mim.
Minha respiração treme e eu me lembro mais uma vez da pesquisa que fiz, dias atrás, sobre o choro. Um ser humano chora cerca de 250 mil vezes ao longo da vida. Me pergunto se é comum sair desse padrão, e se o que conta são as vezes, ou a duração, ou a intensidade do choro. A estatística me parece ridícula. Como poderiam calcular aquilo? Sinto-me um pouco ofendida, de alguma forma. Como se alguém estivesse tentando mesurar minha dor.
Inspiro alto, lentamente, e exalo de novo. Apesar de não ter feito nada muito ativo recentemente, eu estou cansada. Cansada das lágrimas, cansada da falta de sono, cansada de me sentir desse jeito. Mas por mais que eu me canse desse sentimento, ele parece nunca se cansar de mim.


5 DE OUTUBRO

Saudade.
Ela não pede permissão e já vai entrando.
Você pode sentir saudade de alguém que foi embora, ou de alguém que morreu, e sempre vai ser horrível. Sempre uma sensação de vazio confuso, porque parece que não diminui. Mas mais esquisito ainda é sentir saudade de alguém que você vê todos os dias.
Passo por eles no corredor e não tem nada mais estranho do que ver as pessoas que te conhecem melhor no mundo agindo como se não você fosse uma desconhecida. Vejo e juntos de vez em quando, pelos corredores, na saída ou nos intervalos, mas não é mais a mesma coisa. Me pergunto se eles falam sobre mim e o que falam. Vejo que eles estão juntos, mas nunca parecem se divertir e pela primeira vez eu percebo que talvez eles não tenham realmente tanto assim em comum. Talvez na verdade os dois só precisem de companhia e consolo. e também não eram tão próximos quanto e eu. E depois que terminaram, e nunca mais tiveram a mesma intimidade. De uma forma, eu, que era muito próxima dos três, sempre fui a cola que nos mantinha todos juntos. E agora eu tinha estragado aquilo para sempre. Não só para mim, mas para os quatro.
não me ignora. Não finge que não me conhece quando passa por mim, mas não faz questão nenhuma de me fazer companhia e também não pareceu especialmente satisfeito das vezes em que eu o procurei.
Observo nossa foto no porta retrato sobre a minha mesa e me pergunto se eles já se livraram das suas. Provavelmente já, dado que nenhum deles parece querer que voltemos a ser unidos daquela forma.
Eu te odeio, .
Você morreu pra mim, .
Você é apenas uma grande mentira, .

É muito louco olhar para trás e ver as mesmas três pessoas em todas as suas lembranças, mas olhar para frente e não ver nenhum deles em seu futuro. E não é pessimismo da minha parte. Por mais que os dias passem, a tristeza não vai embora e nenhum deles dá sinal de ter tido a menor mudança de ideia. E eu sei que é verdade o que as pessoas dizem: vai passar. Vai, vai sim. Eu sei que vai. Mas o mais triste é que vai passar e, quando passar, eu não vou tê-los comigo.


17 DE OUTUBRO

Renúncia.
Deixei de acreditar em qualquer possibilidade, por menor e mais improvável que seja, de conserto.
Alguns dias atrás, Ellie, uma garota que mora no 2º andar e de quem eu posso me considerar amiga, veio até o meu apartamento. Temos a chave uma da outra para quando uma viaja e a outra precisa molhar as plantas, entregar as cartas e coisas assim. Ellie foi entrando, veio até o meu quarto, se sentou na beirada da cama e disse:
- Eu sei que é difícil, mas você vai precisar lutar um pouco mais contra essa tristeza. E foi o que eu fiz. Tentei sair com ela algumas vezes e parei de fugir quando as pessoas me chamavam para alguma coisa. Ellie é uma boa companhia, algumas vezes eu consigo até rir e me divertir. Mas continuo com a sensação de não tenho ninguém e que ela só está fazendo isso por caridade. Em alguns momentos me sinto leve e feliz, então logo depois volto a me sentir como sempre, e não entendo como é que uma pessoa pode se sentir tão dividida. É como se a amargura fosse o pano de fundo e os momentos legais, alguns flashes eventuais.
Tiro os sapatos e me deito na cama, esperando o sono chegar. Sempre penso que vai demorar, mas acabo adormecendo bem rápido. Tenho dormido muito ultimamente. Na verdade, meus hábitos andam bem inversos. Durmo muito, como pouco, não me importo com a bagunça... Não sei se eu já estava dormindo ou se ainda estava naquele vazio entre o sono e a lucidez, mas escuto a campainha tocar. Abro os olhos de uma vez e confiro o relógio. Já faz meia hora que eu estou deitada, então acho que já estava dormindo. Bem leve, mas estava.
Não estou com muita vontade de falar com Ellie. Na verdade, não estou com muita vontade de falar com ninguém, mas sei que a única pessoa que me procuraria é a Ellie. Mas então percebo: Ellie raramente toca a campainha. Um pensamento cruza minha mente e eu sinto a adrenalina imediatamente. E se não for Ellie?
E se for alguém importante?
A chance é mínima. Mas e se são duas palavrinhas que, eu já aprendi, podem mudar todo o caminho. Então percebo que já demorei bastante para atender à porta, e a última coisa que eu quero é que a pessoa desista de mim. Tento não criar esperanças demais, porque sei que vou me decepcionar se não for nenhum dos três, e sim a síndica cobrando o condomínio – o que, de fato, é bem possível.
Respiro fundo e vou até a sala. Olho pelo olho mágico, mas o corredor lá fora está escuro e eu não vejo mais que uma sombra. Inspiro lentamente de novo, enquanto destranco a porta e me preparo para sentir o coração quebrado em pedacinhos. Giro a chave. Viro a maçaneta.
Então a porta está aberta.
E eu vejo aqueles olhos nos meus olhos, como eu pensei que nunca mais fosse ver. Minha respiração falha por um segundo, não sei se de ansiedade ou surpresa. Por mais que uma parte de mim estivesse torcendo por aquilo, meu lado realista realmente pensou que era só a síndica.
Continuo em silêncio, sem coragem de dar o primeiro passo, esperando pela sua iniciativa. As palavras que no nosso último encontro me feriram como brasa ainda estão frescas na minha memória. Escuto-as na minha cabeça de novo. Com isso em mente, eu sei que talvez não receba mais que gritos e palavras duras, então não me dou o luxo de relaxar demais. Meu coração bate forte no peito e minhas mãos já estão suando um pouco. O tempo não passa. De repente, seus olhos ainda presos aos meus já estão cheios de lágrimas e, sem que eu perceba o caminho até lá, seus braços estão à minha volta, e eu penso por um instante que estou sonhando.
Então sua voz soa macia no meu ouvido:
- Eu tentei, mas não consigo e nem quero te tirar da minha vida. – ofega. – Eu só quero resolver isso tudo, deixar isso pra trás...
Meu cérebro trabalha com pressa enquanto eu tento entender se ouvi mesmo direito ou se meus ouvidos estão apenas escutando o que eles querem escutar. Sinto vontade de olhar para o seu rosto enquanto ouço, mas simplesmente não consigo sair do seu abraço, com medo de não voltar para ele.
Mais uma vez, o tempo não passa.
Tento formular alguma frase, mas a voz morre na minha garganta todas as vezes. Seus braços me apertam contra seu corpo e eu me sinto tão amada, pela primeira vez em semanas. Então talvez eu não estivesse tão sozinha assim?
- Eu também. – consigo dizer com todo o esforço em mim.
Ouço sua respiração pesada antes de me apertar uma última vez e se afastar do abraço. Mais uma vez, olhos nos meus olhos, e eu vejo toda a minha tristeza refletida nos seus.
- Nunca mais me machuque assim. – pede, soando tão frágil e vacilante que meu coração aperta no peito e, dessa vez, minha voz sai imediatamente:
- Nunca. – prometo. E sinto necessidade de repetir: – Nunca.
O silêncio volta. Não é exatamente desagradável, mas também não é pacífico e confortável como sempre foi entre nós. É um tipo diferente de paz. Como depois de uma tempestade. Todo o tumulto já passou, mas você ainda não se acostumou à quietude. Mais uma vez, como aconteceu o tempo inteiro nos últimos dias, eu me lembro das suas palavras de ódio. Ainda que eu não esteja muito em posição de exigir nada, suas palavras ainda doem e eu não consigo suportar a ideia de que tenham sido sinceras. Então suplico, pequena e covarde, o choro voltando imediatamente:
- Nunca mais diz que...
- Nunca. – promete, sem que eu nem precise terminar a frase. – Não era verdade. – assegura, seus olhos deixando claro que, dessa vez, é verdade. Então me abraça novamente e eu sinto uma parte de mim voltar num golpe arrebatador e inesperado. Em um segundo, o mundo era outro. Como se meu coração tivesse parado de bater e eu nem mesmo tivesse percebido, e agora voltava à vida. Como se as cores tivessem sumido sem que eu nem desse pela falta delas, mas agora elas estavam ali, brilhantes em tudo que minha visão captava. Como se tudo estivesse estado em pause.
Eu sei que as coisas nunca vão voltar a ser como eram. Você pode colar os pedacinhos, mas uma vez quebrada, a relação não vai ser a mesma. O que também não quer dizer que vá ser pior. Além disso, no fundo eu sei que os outros dois não vão me perdoar. E isso sempre vai doer. Mas talvez seja esse o propósito dos erros. Sei que o sentimento de culpa sempre vai estar lá para me lembrar de agir certo da próxima vez. De ser melhor, para ser boa o suficiente para as pessoas que merecem. Afinal, eu errei e tentei consertar meu erro. Mas não se pode obrigar ninguém a nos perdoar, e continuar cavando o buraco não vai me ajudar a sair dele.
Então, mesmo que nada vá preencher o espaço que a falta deles faz dentro de mim, ali, ainda parada em frente à porta com seus braços à minha volta, está tudo bem. O tempo ainda não passa, mas eu não me importo. Porque só sua presença já me faz acreditar que o mundo pode voltar a ser bom. E que eu posso voltar a ficar bem.
- Eu te amo. – murmura, e eu acho que meu peito vai explodir de alegria.
- Eu também. E te quero do meu lado pra sempre.
E essa promessa eu não vou descumprir.


FIM


Nota da autora: É isso mesmo, eu não vou dizer quem foi que te perdoou!
De propósito eu quis deixar em aberto, pra deixar que cada uma escolha por quem quer ser perdoada. Porque eu não acredito que a gente só dê valor depois que perde, mas acredito, sim, que a gente descobre nossas prioridades depois que perde.
Então, quem você preferiria ter na sua vida? , ou ? Quem é a sua prioridade? ;)
Quero muito saber quem foi que bateu à porta na sua versão da história. Me conta nos comentários :)

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E se tiver interesse em ler minhas outras histórias, são essas:
Fuel to the Fire - McFly/Andamento
Two is Better Than One - McFly/Finalizadas
180 Dias de Inverno - McFly/Shortfics
What Lies Beneath - McFly/Shortfics
Reminisce - Outros/Shortfics
The Red String of Fate - Especial Mitologia

Xx
Bih

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