Autora: Lara | Beta: xGabs Andriani




- ACORDA, ! - Uma voz irritante gritou do andar debaixo, fazendo soltar alguns palavrões ainda de olhos fechados.
Era sábado de manhã e, mesmo sendo dezembro em Londres, um sol radiante iluminava a cidade de Southampton e as ruas ainda brilhavam a noite, enfeitadas pelas luzes de natal que piscavam dentro de uma lógica encantadora. Todos colégios já estavam de férias e muitas pessoas haviam viajado para se reunirem com suas famílias, a grande árvore já estava exposta na praça central e as pessoas caminhavam alegres, cantarolando músicas natalinas enquanto compravam presentes para seus parentes e amigos. Mas algo faltava...
De repente, as cortinas foram abertas e uma luz extremamente forte entrou no quarto da menina, que puxou o cobertor até a cabeça para se proteger daquele holofote.
- Vamos , já está todo mundo lá embaixo. - , seu irmão mais velho, avisou e tentou tirar o cobertor da menina, mas ela resmungou e tentou chutá-lo - Dez minutos e eu volto aqui com um balde de água!
rolou os olhos ainda debaixo das cobertas e levantou, espreguiçando e indo para o banheiro fazer sua higiene matinal. Voltou para o quarto e vestiu a primeira roupa que viu em seu armário, fez um coque e xingou mentalmente por tê-la acordado tão cedo.
No terceiro degrau da escada sua mente ainda sonolenta lembrou do motivo daquilo: os amigos haviam combinado de sortear o amigo oculto do ano e a casa escolhida para sediar o sorteio havia sido a dos irmãos .
- Bom dia, flor do dia! - Uma estranhamente animada falou, levantando e correndo na direção de , que tentou se proteger do contato físico àquela hora da manhã.
- Flor do dia o escambau, eu aqui querendo descobrir quem vai ser o dono do meu magnífico presente e a florzinha aí dormindo até tarde. - reclamou.
- Alguém aí está naqueles dias... - disse e lhe retribuiu com um olhar matador. , por outro lado, começou a rir descontroladamente como sempre fazia quando a outra falava algo engraçado.
e eram amigas desde que se conheciam por gente. As duas cresceram juntas e sempre estudaram no Southampton East High junto de , conhecendo cada canto daquele lugar. entrou um pouco depois para o grupo, ele era muito popular, mas considerava aqueles seus amigos de verdade. O menino era jogador de basquete junto com , e os dois conheceram na enfermaria após um jogo sangrento de dodgeball. Os três viraram melhores amigos e foram apresentados às meninas no aniversário de , ocasião em que também conheceram...
- , TIRA JÁ SEU PÉ IMUNDO DO SOFÁ! - , agora totalmente acordada, disse com os olhos quase saltando das órbitas. Sua mãe havia feito a garota limpá-lo na semana anterior devido à festa surpresa para que resultou num sofá sujo de bebida e outras substâncias não identificadas.
- Acho que meus tímpanos estoraram. - disse com o dedos tampando os ouvidos. , por outro lado, não reagiu ao berro de , apenas continuou lá parado com o pé imundo no couro italiano do sofá.
- Ele está com fone de ouvido. - comentou e ela bufou, indo na direção do menino, tirando os mesmos.
- Mas o que... - disse se assustando com a ação da menina, mas foi mais rápida.
- Só tira o pé do sofá... Por favor. - Ela pediu, julgando a situação perigosa demais. O couro branco sujava facilmente e acabaria tendo que limpá-lo novamente. Aquilo era trabalho escravo.
levantou as mãos como se estivesse se rendendo e tirou os pés de lá, dando espaço para sentar ao seu lado. Assim que a menina sentou, colocou os pés no seu colo, substituindo a indiferença em seu rosto por um sorriso irônico. limitou-se a fechar as mãos com força e cerrar os dentes, depois respirando fundo e pegando a caixa com os nomes que estava ao seu lado.
- Quer ser o primeiro, ? - Ela ofereceu sorrindo forçadamente e ele pegou o objeto sustentando o olhar, escolheu um papelzinho lá de dentro e desviou seus olhos dos da menina para lê-lo.
- Eu tirei... O . - Ele anunciou e todos o encararam - O que foi?
- Não era para falar quem você tirou, palhaço. - disse e puxou a caixa dele - O nome disso aqui é amigo oculto!
A caixa foi passando de mão em mão e os amigos tentavam não fazer expressões de espanto ou alegria, procurando não entregar quem haviam tirado. Todos pegaram seus papelzinhos e recebeu a caixa novamente.
- Gente, eu ti...
- , não fala! - advertiu.
- Mas eu tir...
- Não é pra falar dude. - disse, mas não desistiu.
- É que eu tirei...
- CALA A BOCA, !- Todos gritaram com o garoto.
- EU ME TIREI PORRA! E AINDA ESCREVERAM O MEU NOME ERRADO! - Ele gritou de volta.
- Está de brincadeira! - reclamou e puxou o papel da mão dele, depois rindo sozinha - E não é que ele se tirou mesmo?
- Seu idiota!
- Pelo amor de Deus!
- Você não serve pra isso, !
Todos falavam ao mesmo tempo e mandavam almofadas em , que se protegia com as mãos.
- Ei! Para com is... PARA COM ISSO GENTE! - falou e os amigos olharam para ela - É só sortear de novo os papéis... E o começa dessa vez.
A maneira como a garota recentemente começou a chamá-lo o irritava. "". Porém essa era a menor de suas preocupações naquela véspera de natal.
- Ah, , enquanto você dormia nós decidimos para onde vamos no natal esse ano. – falou e os olhos de brilharam, porém a amiga negou com a cabeça.
- Vocês são uma decepção. – disse e cruzou os braços, fazendo biquinho.
- Você nem sabe para onde nós vamos! – disse e se levantou, gesticulando tudo o que falava com as mãos – É um lugar mágico, muito bonito e de bom gosto chamado “casa de praia do ”!
- Eu queria neve! - resmungou que nem uma criança e cruzou os braços, olhando para o chão e suspirando.
- Quem sabe ano que vem se você acordar mais cedo... – , que havia se levantado para ir embora, passou a mão no ombro da menina tentado confortá-la e recebeu um dedo do meio em resposta.
Os amigos foram indo embora um a um para comprar os presentes e arrumar as malas já que a viagem seria no dia 24, em três dias. continuou emburrada no sofá até que percebeu que ainda tinha companhia. Um com um sorriso no canto dos lábios a encarava, como se estivesse a ponto de rir da desgraça da menina.
- Vai para o inferno. – Ela soltou e empurrou a perna do garoto de seu colo, pisando forte enquanto subia as escadas e se jogando na cama, afundando em seu travesseiro e soltando um grito abafado. Southampton podia ser uma linda cidade, mas nunca nevava no natal, o que deixava extremamente frustrada.
, ainda no andar debaixo, bagunçou os cabelos e checou novamente seu papelzinho. De todas as opções, aquela era definitivamente a mais difícil.

***


estava largada em sua cama com a barriga para cima e encarava o teto, imersa em pensamentos. Desde pequena sempre quis ver neve no Natal, mas Southampton, apesar de ser um lugar frio do norte europeu, dificilmente nevava. A menina achava mágicos aqueles flocos brancos e delicados caindo do céu e formando um tapete fofo e espesso no chão, queria sentir sua roupa ser umedecida pela água cristalizada, mas novamente seu desejo não se realizaria.
Inconformada, amaldiçoava mentalmente a merda do Oceano Atlântico que impedia que a temperatura descesse abaixo de zero grau e rezava para que massas de ar frias surgissem do além, esfriando a região. Era isso, ela queria massas de ar frio de presente de natal. Imaginou alguém tentando embrulhar esse tipo de presente e riu com a ideia absurda que havia bolado em sua mente.
Percebendo que encarar o teto, mesmo que com muita força de vontade, não faria neve surgir do nada, levantou-se e começou a arrumar sua mala. Nem pensou em ocupar sua cabeça com o amigo oculto, aquela seria uma tarefa fácil.
Enquanto decidia-se entre seu suéter branco ou o rosa, a garota avistou no alto de seu armário uma caixa similar a de sua bota desaparecida há séculos. Animada com a descoberta do paradeiro de sua Ugg bege, ergueu-se nas pontas dos pés e esticou seus braços ao máximo, deixando que, por acidente, a caixa de espatifasse no chão. De dentro dela espalharam-se pelo chão diversas fotos antigas e alguns objetos, aquela não era a caixa das botas de , era a caixa onde ela havia guardado os pertences relacionados a .
Logo ela recolheu tudo aquilo, mas uma foto lhe chamou a atenção. se lembrava muito bem daquele momento, ela e haviam se conhecido naquele dia, em um parque de diversões, bem antes do menino entrar para o grupo de amigos, bem antes de tudo mudar...

Flashback
2010, 14 de dezembro, Bilt Play Ground, Portsmouth
- Não Acredito que eu sou a única com coragem para ir nessa montanha russa! – falou perplexa – Vamos seus medrosos, eu não quero ir sozinha.
Era janeiro, e havia combinado com de ir ao parque de diversões que tinha inaugurado há pouco tempo. Porém a amiga não foi, deixando sozinha com Cameron, amigo de o qual ela não suportava, e mais alguns conhecidos. Eram dez no total, mas nenhum deles estava se dispondo a acompanhá-la no brinquedo.
- Eu vou com você. – Disse um garoto de olhos e sorriso convincente. Apesar do sorriso, ele parecia não ter certeza do que estava dizendo, então a menina aceitou antes que mudasse de ideia.
sentou na primeira cadeira do brinquedo e ele a acompanhou, sentando ao seu lado. Ela olhava para o céu cinza e coberto de nuvens escuras, parecia que ia chover em breve e o brinquedo era descoberto. Más notícias para seu cabelo recentemente escovado.
Enfim o menino tomou coragem e disse “oi”. sorriu em resposta e a montanha russa começou a andar. O vento estava violento, fazendo com que os cabelos da menina chicoteassem em todas direções possíveis. Ela o prendeu em um rabo de cavalo mal feito e esperou que o menino dissesse algo para quebrar aquele silêncio.
- Você mora aqui em Portsmouth? – Perguntou tentando ser simpática, mas ele não disse nada. o xingou mentalmente por tê-la ignorado, até que olhou seu rosto: ele estava branco – Está tudo bem com você?
Num impulso, ela tocou a mão do garoto, que estava gelada. Não que seu próprio nariz não estivesse vermelho por causa do frio e seus dedos quase sem circulação, mas a mão dele estava mais fria ainda do que as extremidades de seu corpo. Ele a olhou, parecia em pânico. O looping da montanha russa estava chegando e o menino, apavorado, agarrou o braço de e fechou os olhos.
O passeio terminou em pouco tempo e Cameron e um outro garoto cujo nome não havia sido mencionado os esperavam na saída do brinquedo, juntamente do restante do grupo.
- E então, dude, pegou a... – Cameron ia dizendo o nome de , quando viu a cena de seu amigo segurando o braço da garota – O que é isso?
O menino largou-a rapidamente e corou, Cameron iria irritá-lo para sempre após aquela cena.
- Eu disse para você ir com ela para ela te agarrar, não o contrário. – Disse ele rindo do menino e lhe dando um tapa na cabeça quando ele saiu do vagão, ainda meio atordoado.
saiu em seguida, ajeitando a manga da blusa que havia sido puxada para cima naquela confusão. Ela vestia um suéter fino, estava congelando.
- E então, o que houve? – Disse Cameron rindo junto de seu outro amigo.
O menino olhou-a como se pedisse para não dizer nada, e foi o que ela fez. Cameron acabou cedendo e propôs que fossem comer numa lanchonete ali perto.
- Prefiro um waffle, alguém quer também? – ofereceu e não recebeu resposta de volta, então simplesmente deu a volta e buscou com olhos famintos a barraquinha de waffle.
- Eu te acompanho. – Disse o menino da montanha russa e os dois andaram lado a lado até o lugar – Deixa que eu pago, é o mínimo que eu posso fazer!
achou fofo o jeito atrapalhado do garoto e deixou que ele pagasse, talvez assim ele ficaria menos envergonhado.
- Obrigada. – Falou pegando waffle com nutella e quase o engolindo com os olhos.
- Eu é que agradeço por você não ter falado nada!
- Fotos valem mais do que uma palavra. É o que dizem. – disse apontando para uma tela que passava fotos tiradas no parque.
- Ah, tinha esquecido que nesses parques eles tiram foto no final do passeio nas montanhas russas. – Ele lamuriou e ela fez cara de pena – Mas sério, eu não sou medroso assim normalmente...
- Acredito em você. – disse e ele sorriu – Então... Você tem mesmo medo de montanha russa? – A garota perguntou e deu uma mordiscada em seu waffle.
- Deu para perceber? – Ele brincou e deu mais um sorriso que a fez sorrir também, concordando com a cabeça. - Hm... Tem um...
- O que?
- Tem um pouco de nutella na sua bochecha, deixa... Deixa que eu tiro... - ele falou e passou o dedo de leve no rosto de , que ficou um pouco atordoada com a proximidade, ele era realmente um menino bonito e tinha um aroma de baunilha - Pronto.
- Obrigada, é... Eu ainda não sei seu nome!
- ... . - Ele se apresentou, estendendo a mão para cumprimentá-la.
- . - Ela disse, apertando sua mão.
- Ei, ! – Cameron gritou de longe, chamando a atenção dos dois – Já estou indo embora, vamos?
- Você não deveria andar com ele, uma dica de sua nova amiga – disse para o garoto, piscando para ele.

End of Flashback

Antes que pudesse processar aquela lembrança que invadiu sua mente uma afobada entrou no quarto ofegante. Ela tinha uma mala grande em suas mãos e se apoiava na parede, tentando respirar.
- Você acabou de correr a maratona ou algo do tipo? – perguntou enquanto colocava a caixa de volta no alto do armário, olhando para a amiga.
- Eu... Escada... Mala... – tentou explicar, mas não saiu nada. A garota respirou fundo cinco vezes e tentou novamente – Subi as escadas com a sua mala já que se depender de você nem presente você compra. Falando nisso, já pensou no presente?
- Não, amanhã eu compro!
- Esqueceu que é véspera de natal? Quanto antes você comprar, melhor, porque as lojas vão estar um inferno, tudo já vai estar esgotado e você vai acabar comprando uma caneca que nem ano passado.
- Hey! Eu passei horas procurando a caneca que mais combinasse com você. Assim você quebra o meu coração, . – fez drama e colocou a mão no peito, recebendo uma travesseirada da amiga.
- Pulando toda a encenação fajuta, vamos ao que interessa: a previsão é de chuva para o dia 24, então os meninos estão querendo viajar amanhã de tarde. – disse e bufou, jogando seu corpo na cama. – Levanta essa bunda gorda daí que eu não carreguei essa mala até aqui em cima para nada! Vem que eu te ajudo com as roupas e depois vamos juntas comprar os presentes. – disse, estendendo a mão para que rolou os olhos e pegou-a, levantando.
As duas começaram a escolher as roupas para levar para a viagem. O passeio seria de dois dias, mas separou duas pilhas de blusas, quatro calças, três pares de botas e todos os casacos da menina, até os de neve.
- do céu, eu não vou morar na casa de praia do não, é só o natal! – disse desaprovando com a cabeça o exagero da menina e selecionando umas cinco peças, jogando o resto de volta no armário e forçando a porta com as costas até que ele se fechasse novamente.
- Ok, depois não venha bater na porta do meu quarto pedindo roupa emprestada porque não vai rolar. – disse e riu do ataque da amiga, fechando sua mala e colocando-a num canto do quarto – Então vamos às compras!

***


e haviam se separado no shopping para procurar o presente de seus amigos ocultos, assim elas não descobririam quem cada uma sorteou. já havia pensado durante o caminho o que comprar e fez seu trabalho rápido, tendo que esperar a amiga por um longo tempo.
Cansada de ficar sentada, resolveu visitar a árvore de natal do local e olhar as decorações. A grande árvore se encontrava no centro da praça de alimentação, cheia de luzes e enfeites natalinos coloridos. O Papai Noel ficava ali perto e recebia as crianças que choravam para que seus pais gastassem quarenta reais com uma foto de seus filhos sentados no colo de um adulto como eles, só que com uma barba branca muito falsa.
A menina se perdeu em meio a toda aquela alegria das pessoinhas que ainda acreditavam que o bom velhinho descia pela chaminé e deixava presentes nas árvores de natal de cada casa, tudo isso em uma só noite. Era uma história bem surreal, mas quem acreditava nela tinha magia nos olhos, era algo encantador.
Porém, sua atenção foi desviada para um garoto que estava ali perto. Era e ele conversava com uma das ajudantes do Papai Noel de forma animada, o que levou a se esconder atrás de uma das pilastras do shopping e observar a cena. Era de se esperar que após meio ano, o garoto resolvesse se abrir para novos relacionamentos, mas aquilo a incomodava. E muito. e haviam namorado há um tempo atrás e, pela reação da menina, ela não havia superado tudo o que eles passaram juntos ainda.
- ? – Uma voz familiar chamou seu nome e pulou de susto, segurando-se na pilastra para não cair. Havia ficado um tempo encarando o nada, apenas dizendo para si mesma que não importava com aquela vadia loira vestida de árvore de natal, e nem percebeu quando o garoto terminou a conversa e a viu, vindo em sua direção – O que você está fazendo aqui?
- Eu? Vim comprar o presente de amigo oculto, oras. – Ela disse tentando e mostrou a sacola com o presente, tentando disfarçar os batimentos acelerados de seu coração.
- Eu quis dizer o que você veio fazer aqui. – disse, olhando para a árvore de natal – Não me diga que quer visitar o Papai Noel!
- Muito engraçado. – deu uma risada irônica e cruzou os braços – E você? Veio comprar seu presente ou só convers... – a garota percebeu o que ia falar e cortou sua frase antes que se arrependesse.
- Só o que? – quis saber, crescendo instantaneamente um sorriso em seu rosto. Pela primeira vez desde que eles haviam terminado conseguiu dizer que aquele era um sorriso verdadeiro, sem ironia, sem pretensão. Ela quis acompanhá-lo, mas apenas rolou os olhos.
- Nossa, já são quase dez horas! – fingiu surpresa, mudando de assunto descaradamente – Tenho que apressar a antes que o shopping feche. Até amanhã, .
A garota saiu apressada, procurando evitar falar alguma besteira, largando um confuso na praça de alimentação. Ainda atordoada, acabou trombando numa pessoa que, para sua sorte, era .
- Que cara é essa, parece que viu um fantasma! – disse enquanto pegava as sacolas que deixou cair no chão.
- E então, vamos embora? – disse agitada, ignorando a pergunta anterior.
- Ai, eu estou morrendo de fome, . – disse com um sorriso amarelo. Sabia que a amiga queria ir embora, mas seu estômago implorava por um cheeseburger com direito a refrigerante e batata frita – Podemos só fazer um lanchinho rápido, por favor?
- Tudo bem... – concordou e passou os olhos pelo lugar, procurando .
- O que foi? – perguntou e chacoalhou a cabeça dizendo que não era nada.
ficou largada na cadeira pensando onde estaria e pensando no porquê de estar pensando nele, enquanto devorava suas quinhentas calorias em formado de sanduíche do McDonald’s. Assim que acabou o lanche, pediu que fossem comprar algum doce e a observava perplexa enquanto ela comprava uma trufa, apenas imaginando para onde estava indo toda aquela comida.
- Ai, para de me encarar. – reclamou, escondendo seu doce e fazendo cara de brava – Isso é chocolate amargo, ok? Faz bem.
- Continue dizendo isso a si mesma e vai acabar virando uma bola. – retrucou e mostrou a língua para a amiga, que riu da atitude da outra.
Quando finalmente terminou seu “lanchinho” as duas pegaram seus presentes e foram para o estacionamento, indo para a casa de onde passaria a noite.

***


acordou no meio da noite, amaldiçoando a si mesma por não ter acompanhado na praça de alimentação, estava morrendo de fome. Desceu as escadas automaticamente, ainda com os olhos semi fechados, e deparou-se com um agarrando uma garota que, após esfregar os olhos para ampliar sua visão, percebeu ser .
- Jesus Cristo, acho que eu estou cega! - exclamou.
e se separaram na mesma hora, assustados com o flagra.
- Eu posso explicar, . - disse, levantando-se.
- Isso é inacreditável. E inaceitável. - disse, séria. endireitou-se, engolindo seco – Como é que uma garota tão bonita pode ficar com um perrapado que nem o meu irmão?
- Está se achando engraçada, né? - disse, aliviado porque a menina estava brincando.
- Engraçado é ver meu irmão e minha melhor amiga se pegando no meu sofá. - falou e corou, envergonhada – Me diz aí, como isso aconteceu? Onde foi que eu errei?
- Você podia ser comediante. - ironizou – E então, tem mais piadas no seu repertório? - Ter tem, mas estou mais interessada em ouvir a história dos pombinhos. Há quanto tempo isso vem acontecendo?
- Quase um mês... Três semanas e quatro dias para ser mais exato. - disse, olhando para , que sorriu.
- Já vi que sou a vela dessa noite. Vou para a cozinha, podem continuar o que vocês estavam fazendo. - disse e foi à procura de alguma comida pronta. Não sabia se era por causa do sono ou do choque de descobrir o mais novo casal, mas não estava em condições nem de passar manteiga num pão.
A única coisa que achou que não exigia esforços foi um pacote de sucrilhos, então deu de ombros e meteu a mão lá dentro, comendo-o puro. Após devorar quase metade do cereal, a menina escutou seu celular vibrar, desbloqueando-o para checar a nova mensagem no grupo da viagem.
“Jesse: Gente, fiquei meio enrolado essa semana e vou ter que passar no shopping amanhã pra comprar o presente do amigo oculto, mas encontro vocês na casa de praia do dia 24 mesmo.
bloqueou o celular e bufou, indignada. Não podia evitar pensar que essa mudança repentina tinha a ver com a garota do shopping, talvez ele chegaria atrasado no amigo oculto para entregar o presente de natal para sua mais nova namorada.
Trocada por uma ajudante do Papai Noel, pensou e revirou os olhos. Não estivesse sendo literalmente trocada, já que ela e Jesse não estavam mais juntos, mas ela sentia que merecia mais do que uma mera elfa em seu lugar, se é que esse termo existia. E qual era a do menino de trocar os amigos por uma piranha que havia acabado de conhecer? Sem noção. Idiota. Insensível.
- Falando sozinha? - perguntou, entrando na cozinha acompanhada do outro e se deparando com a amiga enumerando xingamentos.
- Só pensando alto... - respondeu, piscando algumas vezes para despertar de seus pensamentos e direcionando o olhar para os dois – Vou subir que estou exausta, não me façam virar tia nesse meio tempo.
- Vai se foder. - soltou.
- Controla sua mulher aí, . Credo.
- De madrugada ela fica mais insuportável do que o usual. - comentou para uma furiosa.
- E a , como ela fica de madrugada? - alfinetou de novo, quase não aguentando segurar o riso.
ameaçou avançar na garota, salva pelos braços do irmão que seguraram a outra.
- Boa noite, amo vocês, casal 2013, beijos. - disse rapidamente, enquanto subia as escadas sendo fuzilada pelos olhos raivosos da amiga.
- Volta aqui, sua vaca! - ainda gritou e escutou risos do alto da escada.
não conseguiu se conter e riu também, sendo estapeado por , que estava vermelha de vergonha e de raiva ao mesmo tempo.

***


- Está de brincadeira que ela ainda não acordou. São três da tarde!
- Abra as cortinas e puxa o cobertor que ela não vai ter onde se esconder.
- E se ela estiver pelada?
Que merda é essa, uma sonolenta pensou ao escutar murmúrios vindos de fora do seu quarto. Não havia pregado os olhos a noite inteira, pensando no porquê de ter adiado sua ida para a casa de praia do . Ela havia excluído desde o início o motivo mencionado pelo garoto, uma vez que eles haviam se trombado no shopping no dia anterior, era óbvio que ele não tinha que comprar presentes coisa nenhuma. Aquela curiosidade estava matando-a, então, num impulso, ela abriu a porta de seu quarto ainda de pijama, chamando a atenção de todos.
- Estou acordada, meus amores, mas eu só vou poder ir amanhã para a casa de praia. - falou e cerrou os olhos, vingativa, esperando que a amiga dissesse que ainda precisava comprar o presente para poder desmascará-la. Felizmente, era perita em inventar desculpas bastante convincentes, talvez conseguisse descobrir que ela estava mentindo, mas ele não estava ali para fazer isso - Fui checar o presente do amigo oculto e ele está com defeito, nem sei se vou conseguir trocá-lo com essas lojas entúpidas de pessoas, mas vale a pena tentar.
- E como você pretende nos encontrar depois? Eu vou dirigindo o nosso carro. - disse - A menos que você dirija o carro do .
- Nunca que essa maluca toca no meu Porsche. - vetou.
- Maluca é a sua avó. retrucou.
- Deixa a avó do cara fora disso! - disse.
- Está bem, está bem! Eu pego carona com o .
Nesse momento todos pararam para encarar a menina que vestia um pijama de frio de estampa de pandas, disparando a rir.
- Pega o Porsche mesmo. - disse, limpando as lágrimas no canto dos olhos.
- Não... Pode deixar que eu vou com o mesmo. - falou e todos voltaram a gargalhar - O que foi, seus idiotas? - ela perguntou, em meio à risada dos amigos.
- Você acha mesmo que os dois chegam vivos à minha casa se tiverem que ficar juntos no mesmo carro durante duas horas? - perguntou e a garota o olhou indignada.
- Quem sabe milagres de Natal realmente existam... - comentou baixo, mas não baixo o suficiente para impedir de escutar e lhe dar uma cotovelada.
- Vocês vão ver, eu vou com o e nós dois vamos chegar inteiros na casa de praia. - ela falou, mas todos a ignoraram.
- Cinco reais que o leva um tapa e chega com o rosto vermelho. - começou.
- Dez que ele expulsa a do carro na metade do caminho. - entrou na brincadeira.
- Cinquenta reais que eles nem chegam lá! - apostou, levantando uma nota.
- Rico metido. - disse com desgosto.
- Par... PARA COM ISSO! - tentou impedir que eles continuassem, mas o irmão fez uma aposta, continuando a brincadeira.
A garota cruzou os braços e esperou que aquilo acabasse, mas acabou perdendo a paciência.
-Ah, que saber... A E O ESTÃO SE PEGANDO HÁ QUASE UM MÊS. DISCUTAM.
estava chocado e dizia já saber. Logo os dois começaram a encher o casal de perguntas, mudando o rumo da conversa.
sorriu satisfeita e entrou em seu quarto, trocando o pijama por uma roupa mais apresentável e chamando um táxi para o shopping, decidindo aguardar numa mesa mais afastada da praça de alimentação até que aparecesse para falar com a namoradinha oxigenada.

***


Já eram quatro e meia da tarde e nada de . Por outro lado, assistiu durante uma hora e meia a ajudante do Papai Noel se insinuar para cada garoto que chegasse lá querendo visitar o homem com a barba branca. A garota não era apenas loira, mas vestia uma roupa curta vermelha que, vamos dizer assim, valorizava suas partes femininas. Até o Papai Noel babava quando ela abaixava para pegar dentro do grande saco de presentes algo para o visitante da vez. Bom velhinho o caralho .
Entediada, resolveu andar pelo shopping a procura de algo doce para comer. As lojas de chocolate estavam todas vazias, parecia que alguém as havia roubado, mas isso era apenas um típico acontecimento natalino. Comida era a primeira opção daqueles parentes distantes que não tinham criatividade suficiente para comprar um presente com algum significado. Não que chocolate fosse um presente ruim, mas já bastavam os dois quilos que a esperavam durante a ceia de Natal, era impossível se conter quando um Chocottone bem grande e recheado era posicionado bem no centro da mesa. Mas quase tão desapontador quanto não ter neve no Natal era ganhar um Panettone cheio daquelas frutas cristalizadas que todos rejeitam. seguia a ideia de que o Chocottone era uma evolução do Panettone, fora inventado depois e portanto era muito melhor.
Já com água na boca, a menina não aguentou e entrou numa loja doces de Natal, comprando uma bengala doce e rezando para ela não ser uma daquelas bengalas boa para os olhos e péssima para o estômago. Após devorá-la, jogou a embalagem fora e passou os olhos pelo lugar, pensando qual seria seu próximo destino, ou seja, qual seria sua próxima comida.
Antes mesmo que pudesse se decidir, viu indo em direção à escada rolante para o andar da praça de alimentação e se escondeu atrás de uma das várias pequenas árvores de Natal espalhadas pelo shopping. Esperou que ele sumisse de vista e saiu de seu esconderijo, respirando aliviada. Mas não tão aliviada. estava ali, o que significava que ele poderia mesmo estar namorando a ajudante do Papai Noel.
não sabia muito bem o que faria quando encontrasse o menino com ela, “se” já não era mais uma opção, mas ela desceu a escada rolante e seguiu em direção à grande árvore de Natal. Porém, a loira não estava mais ali e também não se encontrava no recinto.
- Espera um pouco... – A menina falou sozinha, tentando enxergar quem era o garoto que estava de costas e de fantasia - ? - arregalou os olhos e o garoto se virou, revelando ser mesmo .
Ele vestia um chapéu verde pontudo, orelhas pontudas também, uma roupa toda verde presa na cintura por uma faixa preta, legging verde, sapatos virados na ponta e, para completar o look natalino, um nariz vermelho.
- Ai meu...
num movimento rápido tampou a boca da garota e arrastou-a para a parte de trás da casa do Papai Noel. Os dois se sentaram no chão e ele esperou que ela se acalmasse, tirando lentamente a mão de sua boca. Assim que o fez, disparou a rir descontroladamente e tampou a própria boca após metade do shopping a encarar como se ela fosse maluca.
- Por que você está aqui? - perguntou, com os braços cruzados.
- Eu... Vim trocar... O presente do... Do amigo oculto. – Ela respondeu ainda se recuperando de tanto rir.
- Você tem que ir embora!
- E perder a chance de tirar uma foto com um elfo de verdade? Sem chance! - rolou os olhos impaciente enquanto menina o encarava com um sorriso no rosto.
- O que foi? – Ele perguntou, irritado. Ela levantou o indicador e cutucou seu nariz de plástico.
- Ah, nem faz barulho. - disse, fingindo desapontamento e depois passando a mão na bochecha do garoto – E isso aqui? Você está com vergonha ou é maquiagem para entrar no personagem?
- Para com isso... – falou baixo batendo na mão da garota, que franziu o cenho.
- Por que você está trabalhando aqui? – perguntou e o garoto olhou para baixo como se o assunto fosse desconfortável – Por favor não me diga que você está fazendo isso por causa daquela pir... Daquela ajudante do Papai Noel.
- Que ajud... Ah, a Lauren? - perguntou confuso e a menina deu de ombros, não sabia o nome da loira. olhou para , esboçando um sorriso no rosto – Por que a pergunta? Quer dizer... Você não se importaria se...
- Não! Não! De jeito nenhum! – Ela cortou rapidamente – Só estou tentando descobrir o motivo de você estar vestido de elfo, foi o que veio na minha cabeça. - não disse nada em resposta, mas seu olhar entregava que ele não acreditava no que ela havia dito. – Mas então... Se não é por causa dessa Lauren, por que você está trabalhando na véspera do Natal ao invés de estar na praia se divertindo?
- Quem disse que isso não é divertido?
- É sério, - falou o apelido do menino e ele a olhou por um instante, respirando fundo.
- Olha, é uma longa história... Eu preciso avisar que vou tirar uma folga de alguns minutos para o Papai Noel, mas já volto. - concordou com a cabeça e riu internamente do fato do chefe de seu ex ser um cara barrigudo de barba branca que distribuía presentes para crianças na noite do dia 24 e dirigia um trenó.
voltou com dois chocolates quentes e voltou a se sentar ao lado da menina, entregando um a ela.
- Bem... Não vou entrar em muitos detalhes, mas como você sabe, minha mãe faleceu há dois anos e meu pai é quem passou a cuidar de mim e dos meus irmãos desde então. - disse e murmurou em concordância, deixando que ele prosseguisse – Hoje completam dois meses que aquele babaca reuniu nós três e anunciou que ia finalmente sair para procurar um emprego. Ficamos felizes que ele ia voltar a viver a vida dele, mas o filho da puta nunca atendeu um telefonema, sumiu do mapa e me deixou como o responsável pelos meus irmãos.
- , eu...
- Deixa eu terminar – Ele pediu e assentiu, com o coração apertado - Depois que ele foi embora nossa avó passou a pagar as contas, enviar dinheiro para as compras, enfim, passou a nos bancar, mas ela não trabalha mais, então ela não pode enviar dinheiro extra e chegou o Natal e... A Sue e o Jamie já fizeram uma cartinha cheia de pedidos de Natal e...
- E você está trabalhando aqui para conseguir o dinheiro para os presentes... - concluiu e concordou de cabeça baixa. Os dois ficaram em silêncio por um tempo e a menina não sabia o que fazer, então passou a mão pelo ombro e braço dele, tentando confortá-lo. Uma voz meio robotizada anunciou que os funcionários da casa do Papai Noel deveriam retornar ao trabalho, então ameaçou levantar, mas colocou a mão em seu joelho, fazendo que ele se sentasse novamente. Ela pegou sua bolsa e a abriu, procurando algo lá dentro - Eu tenho... Dozentos reais aqui, mas posso pegar meu cartão lá em casa, a gente compra os presentes, entrega eles para os seus irmãos e amanhã vamos para a casa de praia do !
- Não... Eu não vou aceitar o seu dinheiro - negou no mesmo instante.
- Por que você tem que ser tão cabeça dura?
- E por que você quer ajudar, assim, do nada?
- Não é do nada. Sempre adorei crianças e eu quero contribuir para que elas tenham um ótimo Natal! Sabe, eu posso ser uma boa pessoa.
- Já que você quer tanto ajudar eu aceito seu dinheiro... - disse e ela estendeu para o menino o dinheiro, mas ele empurrou as notas de volta - Se esse dinheiro vier do seu bolso, não do dos seus pais.
- Só se for dinheiro da mesada, né, eu não trabalho!
- Você pode trabalhar aqui. Como ajudante do Papai Noel. - sugeriu e não pode deixar de soltar uma risada irônica. O garoto levantou e checou as horas - Olha, eu tenho que voltar para o trabalho antes que eu seja demitido, você vem? - bufou, olhando para a mão do garoto que oferecia ajuda para levantar.
- Não acredito que meu primeiro emprego vai ser de elfa. - Ela soltou e sorriu, puxando-a pela mão.
- Elfa?
- Ah, não achei um termo melhor. - confessou e o menino riu, acompanhando-a até a casa do Papai Noel, onde os dois disseram que ela queria trabalhar como "elfa" e a Lauren, quem descobriu ser a coordenadora daquilo tudo, disse que tinha uma vaga para ela agora, entregando a fantasia. choramingou, mas foi em direção ao trocador para vestí-la.


***


- Vamos, , ou quer perder o emprego antes mesmo de começar? - disse, esmurrando a porta do trocador.
- A culpa não é minha se essa roupa é minúscula e super justa! - Ela reclamou, saindo e exibindo um vestido vermelho bem colado(...). foi até a casa do Papai Noel e a seguiu, olhando-a de cima a baixo.
- Olá! Feliz Natal! - disse para um garotinho, entregando uma bola para ele.
- Sabia que sua bunda fica ainda mais sexy com essa roupa? - sussurrou em seu ouvido e a menina arregalou os olhos.
- Cala a boca, seu imbecil.
- Imbecil. - A criança no colo do Papai Noel repetiu.
- Na-na-na-na-não! Essa palavra é feia! Muito feia! - tentou concertar as coisas, mas o menininho não a escutou.
- Papai Noel imbecil. - Ele disse fazendo o cara por trás da barba soltar um "ho ho ho" quase rindo de verdade. A mãe do garoto chegou e o pegou no colo.
- E então filho, como é que fala com a mamãe que te trouxe aqui?
- Mamãe imbecil!
- O que foi que ele disse? - a mulher perguntou olhando para o Papai Noel e seus ajudantes.
- Ah, vai saber, as crianças de hoje em dia... - disfarçou e deu um riso nervoso - Próximo!
- Você é uma elfa terrível. - disse julgando a menina, que lhe deu um tapa bem forte no braço.
As crianças continuaram vindo e as horas passavam rapidamente. Já eram oito da noite, horário em que havia sido marcada uma performance natalina. Outros personagens fantasiados começaram a chegar e até um trenó foi colocado no local da apresentação.
- Eu não sou pago para isso... - O homem vestido de Papai Noel murmurou e se direcionou para seu veículo.
e foram instruídos para ficar no fundo, balançando de um lado para o outro e tentando acompanhar as músicas de Natal. Os dois estavam conversando e o garoto reclamava da fantasia.
- Nossa, você é a personificação do Grinch. Tão mal humorado...
- É essa fantasia apertada prendendo a minha circulação que está me estressando.
- Ah, mas essas roupas são tão legais! E você fica uma gracinha de legging.
- Ain, obrigada. - falou com uma voz de mulherzinha, arrancando uma risada de - Pelo menos a gente não está fantasiado de Bambi.
- É uma rena, . - Ela repreendeu e eles olharam para duas pessoas que estavam fantasiadas de rena do Papai Noel, dançando ao som de Jingle Bell Rock.
- Que seja, tem um cara na frente e outro olhando para a bunda do primeiro, deve ser bastante desconfortável. - Ele comentou e assentiu, começando a balançar de um lado para o outro, cantarolando a música.
A performance foi finalizada em quinze minutos e os trabalhadores voltaram para seus postos. Mais crianças, mais presentes, mais músicas natalinas e finalmente a última criança visitou o Papai Noel e se despediu do “velhinho”, que tirou sua barba branca e mostrou ser um cara novo e bem bonito.
- Mágico, não é? – Lauren comentou com , que observava o homem tirar sua fantasia de Papai Noel. A garota sorriu em concordância, mas logo foi despertada de sua fantasia.
- Que tal você parar de babar por um cara que tem quase o dobro da sua idade e ir trocar de roupa? – Um repentinamente irritado falou.
- Considerando que antes ele tinha uns 89 anos, eu só vejo o progresso. - disse e o garoto bufou, entrando no trocador. deu uma risadinha e entrou no outro trocador, dando graças a Deus por finalmente poder tirar aquele vestido que mais parecia uma blusa de tão curto.
Os dois se encontraram lá fora e correram para as lojas de brinquedo, faltava meia hora para o shopping fechar e tinha duas listas de presentes para comprar.
- Ok, me dá a lista da Sue que eu procuro os presentes dela enquanto você procura os do Jamie. - disse e pegou o papel da mão de .
- Mandona como sempre... – Ele brincou e riu, indo em busca dos presentes para seus irmãos.
logo chamou um funcionário da loja para não perder tempo, não havia trabalhado tanto tempo para ganhar uns trocados e acabar sem os presentes das crianças.
- Boa noite, eu preciso comprar os brinquedos desta lista aqui, você poderia...
- Claro, me dê a lista aqui. – O funcionário falou, pegando a lista e dando uma olhada nela – Vamos seguindo a ordem dos presentes então... O primeiro da lista é uma boneca que faz xixi. – O homem falou e direcionou até a seção de bonecas, selecionando duas delas – Tem essa daqui que é de aniversário, faz xixi e vem com um bolo de plástico e um chapéu de festa e essa outra que faz xixi e caquinha.
soltou uma risada curta, virando a cara para se recompor. Decidiu levar a boneca que fazia “caquinha” mesmo sem entender como funcionaria o tal mecanismo e partiu para o próximo presente. Sue havia pedido também uma tiara de princesa e uma varinha, então foi até a seção de fantasias, demorando um tempinho para escolher entre a tiara de frufru e a tiara que brilhava no escuro.
- Hm, moça, tem um último pedido aqui que... Acho que nós não temos na loja. – O funcionário falou e devolveu a lista, levando os outros presentes para o caixa. franziu o cenho e leu o quarto pedido de Sue.
4- Papai Noel, sei que o meu papai saiu em busca de trabalho há um tempo e que ele precisou fazer isso para poder cuidar da gente, mas seria muito legal se ele passasse o Natal comigo, com o Jamie, com o e com a vovó. Esse é o meu quarto pedido, mas se não der eu queria ganhar uma caixa daquelas balas que o papai sempre compra para mim no Natal. Com amor, Sue.
sentiu os olhos se encherem de lágrimas e piscou várias vezes para secá-los. Procurou com os olhos, mas não encontrou o garoto.
- Está me procurando? - disse de trás da garota, assustando-a.
- Sim... Achou tudo?
- Claro! Assim, foi um pouco difícil encontrar a moto que o Jamie queria no meio daquele baú enorme entupido de... - parou no meio da frase, vendo que a menina não estava prestando atenção – O que houve?
- Olha o último pedido da Sue. - disse com o olhar baixo e ele olhou, depois mordendo o lábio.
- É um filho da puta mesmo. - pensou alto, com raiva.
- Hm... Você sabe de qual bala ela está falando?
- Ah, são aqueles ursinhos de gelatina coloridos.
- Então eu vou comprar eles antes que as lojas fechem, você fica na fila? - assentiu com a cabeça e olhou para baixo. O garoto estava triste. Também pudera, com um pai daqueles, que tipo de pessoa consegue abandonar três filhos e nunca olhar para trás durante dois anos?
Se sentindo mal pelo menino, andou até ele e lhe abraçou. se assustou com a ação da garota. Era a primeira vez que os dois tinham um contato tão próximo desde o término do namoro e esse abraço só comprovou o que ele suspeitava: ainda gostava daquela maluca, e muito. retribuiu o abraço, agradecendo a ajuda da garota.
- Não deixa esse babaca atrapalhar o seu Natal. - disse, fazendo rir por usar o xingamento que ele usava para falar do pai. – Vou lá pegar a bala, entra na fila que ela está enorme!
concordou e a menina foi em busca de uma loja de doces. No caminho, ficou pensando em e nas horas que passaram juntos sem brigar nenhuma vez. Desde que haviam terminado algo aconteceu que fez com que o garoto ficasse mais irritado, culminando em discussões entre os dois o tempo inteiro. Esse “algo” agora parecia ter nome. Era bem possível que o motivo de ter passado de divertido e engraçado para triste e irritante por causa do pai.
Agora se sentia péssima. Tudo bem que não podia saber o que o ex estava passando, mas terminou o namoro num momento difícil da vida dele. Seus pensamentos foram deixados de lado quando a garota avistou a loja de doces, mas logo lembranças invadiram sua mente. Ironicamente a garota propaganda do estabelecimento era Alice, uma velha conhecida de .

Flashback

- Vira! Vira! Vira! - Os amigos gritavam animados enquanto e competiam para ver quem bebia um shot de tequila mais rápido.
- Ganhei! Engole essa, . - comemorou já um pouco alegre.
- Sem dignidade... Sem tequila... O que me resta nessa vida? - lamuriou para o céu.
- Que tal outra competição? - propôs - Quem conseguir pegar uma garota usando uma cantada idiota ganha bebida de graça pelo resto da noite.
- Estou dentro!
- Falou em bebida falou em .
- Todos nós sabemos que eu vou ganhar então vamos terminar logo com isso. - disse e o encarou incrédula.
- Calma, amor. Não precisa ficar com ciúmes. – ele disse e ganhou um dedo do meio da namorada em resposta - Só uma cantada e se ela não for embora eu ganho... Certo ?
- É, que seja. Vamos partir para a ação. - respondeu esfregando as mãos e dando um sorriso diabólico. Ele mirou seu alvo e formulou a cantada em sua mente enquanto andava na direção de uma ruiva.
- Doeu? - Ele perguntou sentando ao lado da menina, que o encarou confusa, cerrando-os.
- Doeu o quê?
- Quando você caiu do céu, você só pode ser um anjo.
- Não, meu namorado me pegou. - Ela respondeu e sorriu ironicamente, largando um humilhado no bar.
, vendo que o amigo havia falhado, resolveu tentar e pediu um Mojito para a bartender para entrar no clima. Ao analizá-la percebeu que era bonita, e esperou que ela voltasse com a bebida.
- Aqui está seu Mojito.
- Sabe... Eu não acreditava em amor a primeira vista, mas quando te vi mudei de ideia.
- Que coincidência! - A moça disse sorrindo - Eu também não acreditava em assombração.
murmurou uns xingamentos e voltou cabisbaixo para a mesa.
- Vai lá, . - Ele disse dando tapinhas nas costas do amigo - Tente honrar o nosso grupo. aceitou a tarefa e partiu logo para uma loira que estava na mesa ao lado, abraçando-a pelo ombro.
- Me chama de Buzz Ligthyear que eu te Levo ao Infinito e... A menina começou a rir escandalosamente, interrompendo-o.
- Além... Espera... Deixa eu termi... PARA DE RIR POXA, VOCÊ NÃO TEM CORAÇÃO NÃO? - gritou e a loira ficou séria por um segundo, voltando a rir logo em seguida, fazendo com que ele saísse de lá furioso.
- Só um nerd que nem você para aparecer com uma cantada dessas - disse e todos riram da cara de , que deitou a cabeça na mesa, escondendo-a.
- Minha vez... - disse estalando os dedos e rolou os olhos, achando aquilo uma palhaçada.
, que já estava bêbado, cambaleou até a menina mais próxima e a cutucou, fazendo com que ela se virasse para ele.
- Olha, eu sei que você já escutou isso milhares de vezes e pode até ignorar… Mas eu tenho certeza de que te conheço de algum lugar. Será que é de algum sonho que eu tive e acordei alegre demais nesse dia?
A menina de cabelos negros e olhos grandes e azuis deu uma risadinha envergonhada e colocou o cabelo atrás da orelha.
- Ela mexeu no cabelo. Ela mexeu no cabelo. - disse animado.
- E não é que ele vai conseguir... - comentou incrédulo e olhou para o lado, vendo uma arrancando as unhas e fuzilando o namorado com os olhos ao mesmo tempo. Aquilo não ia prestar.
- É, eu sei, essa foi péssima. - continuou e a menina riu novamente, parecia não ter outra reação – Eu sou péssimo pra puxar conversa, mas eu não vi outra forma de chegar até você sem ser com essa.
- Tudo bem... - Ela disse enrolando a ponta do cabelo.
- Então... Quer sentar comigo e com os meus amigos?
- Quero... - A garota disse de forma envergonhada novamente e o seguiu até a mesa.
- Gente, essa é a...
- Alice!
A menina se sentou junto com o grupo e permaneceu ao lado de o resto da noite, enquanto o mesmo só falava besteiras e bebia de graça.
- Nossa, já são três da manhã - Alice comentou surpresa. - É melhor eu ir embora, foi um prazer gente.
- Tchau Alice, volte sempre! - falou e franziu a testa, tendo dificuldade de achar o sentido do que havia falado. Sentiu falta de alguém criticando seu comentário, então percorreu o lugar com os olhos - Cadê a ?
- Dude, ela foi embora. - disse e arregalou os olhos, saindo correndo dali.
Sem condições de dirigir foi andando até a casa da namorada, que, para a sua sorte, não era tão longe do bar. Assim que chegou tocou a campainha, mas não recebeu nenhuma resposta. Pelo contrário. Recebeu um banho, pois começou a chover forte.
- ! - Ele, agora mais sóbrio e menos seco, gritou repetidas vezes, até que as luzes da casa se ascendessem e o Sr. abrisse a porta.
- Você está maluco, menino? - O homem gritou furioso e se aproximou. - Sabe quantas horas são?
- Sei que está tarde, senhor, mas eu preciso muito falar com a sua filha.
- Eu devo estar tendo um pesadelo... - Sr. , que nunca foi muito com a cara de , reclamou e ameaçou fechar a porta.
- Pai, para! - Disse uma voz vinda do alto da escada - Está chovendo lá fora, deixa ele entrar.
- , são quase quatro da manhã. - Ele disse olhando para a menina, que o retribuiu o olhar. Ele bufou e voltou o olhar para - Assim que a chuva cessar você vai embora.
agradeceu e o Sr. voltou para seu quarto, deixando os dois a sós. estava de braços cruzados e encarava o menino perplexa.
- O que você veio fazer aqui ... - Ela perguntou aparentando estar cansada.
- Você saiu do bar sem avisar e eu vim atrás de você.
- Está duas horas atrasado, eu já estava dormindo quando você apareceu aqui!
- Só queria saber se está tudo bem... - Ele disse olhando para baixo e soltou uma risada irônica.
- Tudo bem, ? É claro que não está tudo bem. - Ela falou soltando um suspiro - Olha, eu sempre disse que não ligo muito para datas de namoro e é verdade, eu não ligo! Mas você nem sabe que hoje nós completamos seis meses de namoro, e isso nem me irrita muito, mas você trouxe outra garota para passar a noite com a gente nesse dia.
- Eu estava meio bêbado... - tentou explicar.
- Esse é o real problema. - Ela disse e parou seu olhar no dele por um segundo, depois piscando e desviando - No início estava tudo bem, você me abraçava por trás e me dava um beijo na bochecha, sussurrando "um mês já foi", aí nós dois ríamos e você me beijava. Mas, de uns tempos para cá você anda distante, está bebendo muito, o que me preocupa, e chega atrasado sempre que combinamos de sair juntos! Semana passada você me chamou para sair e já chegou bêbado, me fez passar vergonha e quase destruiu o lugar.
- Eu não estava tão bêbado assim...
- Você cortou o lustre redondo como se ele fosse uma bola de vôlei e nos fez ser expulsos do restaurante! O que está acontecendo com você? Porque eu me recuso a acreditar que esse é o mesmo garoto que agarrou meu braço na montanha russa em Portsmouth.
- Eu... - procurava argumentos, mas tudo que queria era que ela esquecesse de tudo e o perdoasse.
- Acabou, . - disse finalmente olhando nos seus olhos, esses levemente marejados, o que causou um perto em seu peito - Enquanto você não me contar o que está acontecendo eu não vejo...
- Ta, eu já entendi. - disse seco, piscando várias vezes para secar os olhos e indo em direção à porta.
- Está chovendo... - Ela disse tocando o ombro do agora ex namorado, que se desvinculou de sua mão e entrou na chuva de cabeça baixa.
suspirou novamente e fechou a porta.


End of Flashback

Um barulho de porta se fechando despertou , que havia ficado um tempo parada, encarando o nada enquanto se lembrava do dia em que ela e terminaram.
- Não! – Ela exclamou quando viu que estavam fechando a loja de doces – Por favor, moça, eu preciso muito comprar um presente nessa loja.
- Desculpe-me, mas fechamos às dez, são dez e cinco! – A vendedora comunicou.
- Você não está entendendo. Eu tenho que comprar aquelas balinhas em formado de ursinho feitas de gelatina, tem uma garotinha que eu nem conheço, mas ela deve ser adorável. Ela é irmã de um cara que eu namorei, isso não vem ao caso, mas ele está aqui comigo no shopping e o pai deles e do Jamie abandonou os três e eu e o , meu ex namorado, trabalhamos o dia inteiro como elfos para conseguir dinheiro para comprar todos os presentes da listinha que eles fizeram para o Papai Noel. O comprou tudo para o Jamie, mas a Sue pediu que o pai que abandonou os três voltasse para o Natal, mas não tem como o Papai Noel fazer isso porque o cara desapareceu e o Papai Noel nem existe! Enfim, ela disse que queria essas balinhas se não desse para trazer o pai dela e ela vai ficar duplamente desapontada se eu não comprar as balas então, por favor, você pode abrir uma exceção e me vender um pacote de balas de ursinho?
- Nossa, eu... – A moça tentou falar, mas estava emocionada com a história – Eu queria poder ajudar, mas... Nós já vendemos todas as balas de ursinho. - murchou, extremamente decepcionada, e agradeceu, rumando à loja de brinquedos.
- Espera! – A moça gritou e virou para a mesma, que abriu a porta da loja – Aguarde aqui que eu vou até o estoque ver se encontro alguma caixa. A Loja ficou lotada hoje de tarde, é possível que alguma caixa esteja escondida lá em cima.
- Deixa que eu te ajudo! - ofereceu e a moça assentiu, dizendo para a menina que a seguisse.
O andar de cima estava cheio de caixas, a maioria era vermelha, mas logo avistou uma caixinha azul.
- Por favor, fala que as balas de ursinho vem numa caixa azul.
- Sim, a caixa é azul!
- Eu encontrei! - gritou e abraçou a mulher, que pulou com ela de alegria – Muitíssimo obrigada! Quanto eu te devo?
- São suas, a garotinha merece!
- Obrigada! - falou e desejou um feliz Natal para a mulher, saindo da loja e se encontrando com um atrás de uma pilha de sacolas.
- , por que você não dorme lá em casa? Assim você pode dar o presente para os meus irmãos, afinal você ajudou bastante.
concordou e os dois foram para a casa do menino.

***


- Olha o que o Papai Noel deixou comigo hoje! Parece que ele se adiantou esse ano! - gritou quando entrou em casa e duas crianças extremamente fofas adentraram a sala correndo.
- O que? – Jamie perguntou não vendo nada – Essa moça bonita? – Ele perguntou, galanteador.
- Prazer, . – A garota se apresentou, rindo do menininho.
- Não, palhação, seus presentes de Natal. - disse e Sue deu um gritinho de alegria, atacando os presentes. A garota estava tão feliz que nem se importou de ter ganhado as balinhas de ursinho.
A avó dos três já estava dormindo, mas as crianças pareciam elétricas. Porém, após brincarem com seus presentes, Jamie e Sue já estavam caindo de sono, então os colocou para dormir, depositando um beijo na cabeça de cada um, depois fechando a porta do quarto.
- Sabe, foi muito legal o que você fez pelos seus irmãos. Eu não conhecia esse lado seu... Não mesmo, na verdade, você nunca me apresentou a eles! - disse.
- Acho que nunca tive a oportunidade... Bem, hora da mocinha dormir, temos que viajar amanhã cedo para não pegar chuva.
-
- Sim?
- Quando… Quando a gente terminou… Foi por causa disso tudo, quero dizer, do seu pai?
foi pego de surpresa, apenas concordando com a cabeça.
- Me desculpa?
- O quê? Por quê? – Ele perguntou, confuso.
- Ah, você estava passando por essa situação e eu terminei com você e...
- Esquece isso, ok? Você não tem porque se desculpar, mas, para todos os efeitos, eu te perdoo.
- Ok... Só mais uma coisa. - disse, chegando perto dele – Você deveria deixar esse aparecer mais frequentemente.
- É? – Ele perguntou com um sorriso.
- Sim, eu gosto dele. Ele é irônico, irritante, pretensioso, mas também é bom, engraçado, e... – disse, chegando mais perto e apertando sua bochecha – Fofinho.
- Fofinho? Que broxante... - reclamou, andando para frente até que a menina encostasse as costas na parede – Sabe, eu prefiro algo como... Bonito... – Ele disse colocando a mão na cintura dela, depois falando bem perto de sua orelha – Gostoso... Sexy... - continuou e deu um risinho, mas sentiu toda a extensão de seu corpo se arrepiar, colocando as mãos instantaneamente em seu abdômen. A distância entre eles era quase inexistente e tirou uma das mãos da cintura da garota, tirando uma mecha de cabelo de seu rosto e colocando-a atrás de sua orelha. Os dois estavam a ponto de acabar com o espaço entre suas bocas quando um barulho de risos foi escutado.
Sue se encontrava na porta de seu quarto e assistia à cena. Os dois se viraram para ela e a garotinha escondeu os olhos com a palma das mãos, saindo correndo pela casa falando ”ai meu Deus, ai meu Deus”.
- Como você chegou aqui, hein, espertinha? - perguntou, pegando a menina que nem um saco de batatas e a colocando para dormir novamente.
, que ria da cena, depositou um beijo na bochecha de e deu as costas, indo para seu quarto.
- Na bochecha? – Ele reclamou e ela riu, fechando a porta.

***


Na manhã seguinte, por um milagre, acordou cedo e ela e se despediram das crianças, passaram na casa da garota para buscar sua mala e pegaram a estrada para ir ao encontro dos amigos.
Os dois cantavam juntos as músicas que tocavam no rádio e faziam piadas sobre tudo o que haviam passado naquele shopping para conseguir satisfazer os desejos de duas crianças. Logo chegaram na casa de praia do e os amigos os olharam espantados, ninguém havia apostado que ambos chegariam inteiros e muito menos que estariam agindo como melhores amigos.
- Ok, hora do amigo oculto! - exclamou, animada. – Eu começo... Meu amigo oculto é um tapado que reclama de tudo e faz piadas que, por alguma razão, eu ainda rio delas.
- Sou eu? - perguntou, fingindo estar comovido. disse que sim e ele pulou de alegria, girando-a no ar e pegando o presente de sua mão – Vamos ver... UMA ESPADA DO STAR WARS COMO VOCÊ SABIA? EU TE AMO, CASA COMIGO?
- Só se for agora! – Ela respondeu e ele a pegou no colo que nem o marido faz com a mulher na lua de mel.
- Ei! - reclamou e todos riram da cara de indignação dele.
- Minha vez! Minha vez! - gritou, pegando uma caixa fina – Meu amigo oculto é mal humorado...
- ! – Todos falaram ao mesmo tempo.
- Seus bostas. – Ele soltou e deu um abraço em , pegando seu presente.
- Olha, eu perguntei na loja o que dar para um fã de música antiga e o cara me deu essa camisa com autógrafos autênticos dos Beatles, ele disse que conhecia um cara que conseguia que eles assinassem. Foi caro, mas valeu a pena. - disse, orgulhoso.
- Cara, metade dos Beatles estão mortos, acho que você foi enganado... - disse e murchou – Mas tudo bem, eu amei de qualquer jeito! Se alguém perguntar, eu digo que é verdadeira. Ok... Minha vez! – Ele anunciou – Meu amigo oculto é uma pessoa irritante, mandona, pretensiosa,...
- Não concordo com esses adjetivos, mas sei que sou eu! - disse e ele estendeu uma caixinha.
- Os melhores presentes vem nas menores caixas... - comentou e a menina abriu a caixa, tirando de lá um gorro vermelho – Ou não...
- Hm, obrigada, , eu gostei. – Ela falou e ele cerrou os olhos - De verdade! Só não uso porque aqui está um calor dos infernos.
Os presentes continuaram a ser distribuídos. deu uma blusa com a imagem de um tanquinho para seu irmão, já que ele adorava se exibir mas nem sempre podia. tirou e lhe deu uma carteira para ele parar de perder dinheiro, pois o menino tinha uma carteira que não conseguia desapegar dela.
- Aí, é de couro italiano, que linda! - brincou.
Para finalizar, o garoto tirou , e deu para ela uma caixa enorme de chocolate belga, seu favorito. Ela logo abriu a caixa e devorou metade, espantando a todos.
- Está grávida, amiga? Falei para não me fazer virar tia! - brincou e a outra lhe mostrou o dedo do meio.
Todos estavam conversando e havia sumido. o viu entrando numa porta. Ele se virou e chamou-a com o indicador, fazendo com que ela o seguisse.
Ao entrar no quarto, viu que este estava sem móveis, e no lugar deles, havia imagens de locais com neve e uma neve de mentira caia do teto, até frio o lugar estava.
- Neve, hm?
- Você disse que queria isso, era o mínimo que eu podia fazer depois de ontem.
- É lindo! – Ela falou, olhando ao redor, mas ele pegou seu queixo, fazendo com que seus olhares se encontrassem.
- Não olha muito porque foi de improviso, então é fácil de achar defeitos.
sorriu e pegou o gorro, colocando-o na cabeça.
- Ah, quase esqueci! – Ela exclamou e lhe estendeu um presente – Espero que goste! - o abriu e tirou de dentro da caixa uma legging verde – Achei que você gostaria te der sua própria legging.
- Há há, muito engraçado.
- As garotas adoram um cara de legging.
- Eu sei! Te fiz se aproximar de mim com uma dessas.
- Tão pretensioso! Você é mais bonitinho quando não está falando... - disse, acabando com o espaço entre os dois, beijando-o.


FIM



Nota da Autora: Heey, primeira fic, espero que tenham gostado desse Natal cheio de confusões!!! Tive a ideia de fazer uma fic de Natal depois de ouvir a Kelly Clarkson cantando Underneath the Tree e quando eu vi o especial de dezembro não pude deixar de participar. Enfim, comentem se vocês gostarem, xx






Nota da Beta: Qualquer erro encontrado, não use a caixa de comentários para reclamações. Entre em contato comigo pelo email.


comments powered by Disqus