Vagalumes no Jardim






— Achei que a festa fosse lá dentro. — o comentário chegou aos ouvidos de . A jovem estava sentada em um banco do jardim, o mais afastado possível do salão em que acontecia o baile de debutante de sua irmã, Victoire.

Ela ia se virar para ver quem havia lhe dirigido a palavra, mas não foi preciso. Quando ia fazê-lo, se sentou ao seu lado. A menina não esboçou uma reação se quer, e nem ele disse qualquer coisa a mais. Após alguns minutos, voltou a falar:

— É estranho saber que tia não insistiu para que tivesse o baile, assim como Victoire.
— Ela insistiu, eu quem não aceitei. Victoire, por outro lado, concordou. Minha mãe não me forçou a participar do baile, mas não ficou satisfeita com isso, também. — respondeu, simplesmente.
— E por que não quis comemorar junto com sua irmã? — a questionou.
— Porque não sou como Victoire. Nunca vou ser vaidosa como ela, não vale a pena. — a jovem explicou e, antes que fosse questionada de novo, completou: — As pessoas vaidosas não podem ser astutas; elas são incapazes de se calar.

pensou a respeito por um momento, antes de se pronunciar novamente, sem a encarar nos olhos:

— Não concordo. Você parece bem sagaz, para mim. — ele falou, no que se virou para encará-lo, com uma sobrancelha arqueada e um sorriso torto no rosto bem maquiado.
— Está flertando comigo, ?
— Vê o que quis dizer? Pode não ser vaidosa, mas é bela, e astuciosa demais. — ele retrucou, de modo descontraído.

Sob a luz da lua, torcia para que não percebesse que ela havia corado, e muito. Mas ele não a olhava, estava ocupado demais encarando as estrelas, perdido em seus próprios pensamentos.

— Você se parece com um vaga-lume. — ele disse, saindo do transe. Ela o encarou como se fosse maluco, e esperou a resposta de uma pergunta silenciosa. — As borboletas e os pássaros podem possuir o dia, mas os vaga-lumes são o centro das atenções durante a noite, quando tudo é escuro e parece não ter vida. Eles têm seu próprio brilho e beleza, assim como você. Tão mais silenciosa que os pássaros, e tão mais bonita do que os vaga-lumes.

riu com vontade, e ainda parecia achar graça em todo o discurso feito por quando determinou:

— Você está louco, , simples assim.
— Ora, não é loucura fazer observações sobre os que estão ao meu redor. Loucura maior é fazer um baile apenas para comemorar a entrada de alguém na sociedade.
— Acho que minha mãe tem medo de que eu seja para sempre uma criança. — Ela retrucou, sorrindo.
— Não seja por isso. — virou-se para encará-la e, aproximando seu rosto do dela, a beijou de modo suave. Separaram-se alguns instantes depois, e ele sussurrou: — Diga adeus a sua infância, .

Antes que pudessem dizer quaisquer coisas mais, ouviram gritos cada vez mais próximos, e se afastaram rapidamente. Lily, do alto dos seus seis anos, corria pelos jardins, aos berros:

! ! Tia está te chamando! Disse que quer que você entre agora!
— Certo, já vou. — ela respondeu, apressada, afastando-se ainda mais de e se levantando do banco.
— Está fugindo de mim, ? — ele indagou, com um sorriso torto, depois que Lily se afastou.
— Não. Só não acho que minha mãe vá suportar muito tempo mais eu não só ter recusado ser debutante junto com Victoire, mas também sumir metade da festa. Você vem? — a menina – agora quase mulher – já havia se levantado, e estava ajeitando o vestido. Esperava com todas as forças que não aceitasse o convite, ou mesmo percebesse que estava mentindo, e evitava o contato visual ao máximo.
— Eu? Não. Acho que ficarei aqui mais um pouco, com minha insanidade, admirando os vaga-lumes, e constatando como eles nunca brilharão como você.

Fim



Nota da autora: Sem nota.


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