We Are Falling
Escrita por: Angelica.


Prólogo
Cambridge. Novembro, 1991.

O rapaz adentrou a casa de sua namorada com um curioso olhar no rosto. Estava preocupado, acabara de receber uma ligação da mesma pedindo que fosse com urgência até ela. Precisavam ter uma conversa um tanto séria e isso o preocupava. Tinha medo de perdê-la. Não suportaria a ideia de ter que seguir com uma vida onde Isabel Butler não habitaria. "Isa?" o rapaz gritou ao abrir a porta, que estava apenas encostada. Com um certo medo de esbarrar com um dos pais de Isabel pelos corredores — o que seria um tanto inapropriado, pois seus pais eram muito rígidos e não permitiriam uma visita repentina, portanto logo se assumiu que Isabel estaria sozinha — fechou a porta calmamente atrás de si e seguiu pelos corredores chamando por seu nome. "Aqui em cima, no quarto" Joe Green ouviu Isabel gritar e logo foi em direção às escadas, subindo-as em passos largos até que encontrou Isabel sentada na beirada de sua cama com um olhar baixo e preocupado. "Algo errado?" Joe se aproximou, deixando um selinho nos lábios de Isabel, que sorriu fraco. "Não... Quer dizer... Eu não sei" ela murmurou. "Me diga... O que fez com que me ligasse para vir aqui?" ele tentou novamente e dessa vez Isabel levantou-se, indo em direção a porta, fechando-a. Recostou-se na mesma, jogando a cabeça para trás, soltando o ar dos pulmões num gesto de preocupação. "Isabel, diga-me" Joe levantou-se e foi até ela, segurando em suas mãos e olhando-a no fundo de seus olhos. "Joe, eu estou grávida".

"Grávida? Como você sabe disso, Isabel?" Joe tentou parecer calmo, mas seu alto tom de voz o entregou. Ele estava indignado. A ideia de ser pai nunca tinha passado pela sua cabeça. Quanto mais aos 20 anos de idade, fora de um casamento e numa situação financeira um tanto ruim. Aliás, ruim é elogio. Sua situação financeira estava péssima. Seus pais faleceram quando Joe tinha apenas 15 anos de idade, então viveu com a tia até completar 18 anos, logo sua tia morreu e ele estava por contra própria. Seu emprego mal pagava suas contas, felizmente ele não pagava aluguel. Ficara com o apartamento da tia como herança. Como poderia bancar uma criança? Uma família? "Eu estou atrasada... Com fortes enjoos matinais, e... Eu simplesmente sei, Joe" a voz de Isabel falhou, deixando claro que começaria a chorar em breve. Seus olhos lacrimejando não mentiram. "Por que está chorando?" Joe perguntou, ao notar o frágil estado da mulher "Achei que as mulheres gostavam de ter filhos e uma família..." ele tentou parecer brincalhão, porém Isabel levantou o olhar para encará-lo e o jogou um olhar nervoso. Joe jogou as mãos para o alto em um pedido de desculpas e tornou a sentar-se na cama, sendo acompanhado por Isabel logo depois. "Tenho medo. Medo de você me abandonar, sei que é uma grande responsabilidade. Sei que você não tem condições para isso. Mas eu quero seguir com isso. Eu descobri faz apenas um dia e já estou apaixonada pela pequena vida se formando dentro de mim" Isabel sorriu fraca, enxugando uma lágrima que teimou em descer por seu rosto. Joe não pôde fazer nada além de sorrir para ela, notando toda sua ansiedade se formando por ter um bebê. Porém, Joe ainda não se sentia preparado para ter um filho, é uma mudança muito grande na vida de alguém... Mas gostaria de tentar. Afinal, amava a mulher que estaria carregando seu filho, mais que tudo na vida. Daria sua vida por ela e, agora, daria sua vida pela vida dentro dela. "Mas nós vamos fazer isso dar certo. Eu estou aqui com você, e sempre estarei" Joe disse, não deixando tempo de sobra e plantando um intenso beijo nos lábios de Isabel, que suspirou aliviada, jogando os braços ao redor do pescoço de Joe e o abraçando logo depois de interromper o beijo. Sussurrando palavras de amor em seu ouvido, ele plantou um beijo no pescoço dela, e sorriu, apertando-a contra si.

Janeiro, 1992.


Isabel e Joe só contaram a notícia aos pais dela e aos conhecidos na noite de Natal. Todos se mostraram um tanto chocados, eram ambos tão jovens. E nem eram casados! A familia de Isabel era muito tradicional, qualquer coisa que fugisse de suas "regras" era visto com maus olhos. Joe e Isabel se impuseram e determinaram que se casariam apenas no civil no próximo mês e, a partir de então, viveriam de acordo com suas próprias regras e tradições, Isabel declarou que não iria ouvir nenhum desaforo de sua família. Ela sabia o que estava fazendo e sabia de suas consequências. A noite de Natal não foi arruinada com a notícia, porém o assunto foi apenas um: O bebê de Isabel. Para onde Isabel ia, tinha algum parente que a puxava para conversar sobre isso e lhe dizer o quanto a vida não é fácil, que ela precisaria da ajuda dos pais, etc. Ela foi forte e continuava dizendo a todos que teria sim capacidade de fazer isso sozinha e com seu noivo Joe que, por sinal, sorria contente ao ver sua linda noiva encarando seus parentes, ouvindo-os pacientemente falar sobre seu futuro.

Joe e Isabel estavam oficialmente casados há uma semana. Não estavam em lua de mel pois o pedido repentino ao chefe de Joe foi negado e sua situação financeira ainda se encontrava terrivelmente péssima, então não poderiam se dar ao luxo de viajar. Isabel estava morando com Joe em seu pequeno apartamento, onde eram felizes com tão pouco. "Eu quero que seja uma menina" Isabel disse, com a mão sobre a barriga ainda pequenina, enquanto estava abraçada com Joe assisinto TV. "Ah, eu preciso de alguém para jogar futebol. Tem que ser menino." Joe declarou, levando ambos a rir. Joe depositou um beijo na testa de Isabel e levantou-se indo em direção ao quarto. "Você não vem? Já é tarde da noite, vamos dormir, querida" Joe chamou. Isabel desligou a TV e, sorrindo sorrateiramente, segurou nas mãos de Joe, que a puxou para um intenso beijo, a guiando para o quarto.

Capítulo 1 - 's POV
Cambridge. Julho, nos dias de hoje.

"E então, já tem planos para seu aniversário?" falou animada enquanto andávamos pelos corredores da St Mary's School. Soltei um suspiro entediado, não gosto de festas. Pelo menos, não as que são para mim. "Ah, qual é, ! Não é todo dia que se faz 18 anos." ela disse quando nos sentamos no refeitório numa mesa um tanto afastada das outras pessoas. "Hm, mas a gente faz 17, 16, 15 anos todos os dias? Não tem diferença, ! Não quero festa, ponto." pareceu um pouco desapontada, mas conhecendo essa garota como eu conheço — 10 anos, para ser exata — sei que eu vou ter uma festa.

e eu não estávamos na mesma turma de Sociologia - minha última aula do dia -, portanto nos encontraríamos na saída e iríamos juntas pra casa. Eu moro na Norwich Street, não tão longe da escola. me acompanha até em casa e depois segue seu caminho até o ponto de ônibus para ir embora. A aula da Srta. Webb não podia estar mais chata. Um blablabla ridículo sobre os problemas da atualidade e como podem ser melhorados. Quando é que alguém vai ensinar a melhorar os problemas escolares? Ugh, não via a hora de sair dali quando finalmente o sinal, meu belo amigo do peito, tocou alto, despertanto todos da sonolenta aula, fazendo todos nós apenas jogarmos os livros nas mochilas, saindo rapidamente, passando pela Srta. Naomi Webb na saída, parecendo satisfeita com sua aula, desejando um bom final de semana a todos e lembrando-nos do dever de casa.

"Olha, eu não sei você, mas aquela Srta. Webb me dá nos nervos. Sério, ela não para de falar, com aquela voz irritantemente irritante, só sabe passar tarefas. Não para de falar, não para!" Eu disparei para assim que começamos a curta caminhada até em casa. "Não para de falar, tipo você agora?" Ela riu. Minha voz estava esganiçada de tanto falar. Dei um sorriso fraco e envergonhado, jogando as mãos para o alto em um pedido de desculpas, sorriu e bagunçou meu cabelo. Bufei, desaprovando seu gesto, arrumando meu cabelo novamente. "Vamos lá, . Admita, você quer uma super festa! 18 anos, 18!" implorou pela última vez, assim que pisamos na entrada de minha casa. Ela veio falando dessa maldita festa o caminho todo. Eu não terei uma festa, ponto. "Não enche, ! Não quero uma festa, não gosto. Você sabe disso!" eu disse, mais uma vez tentando fazê-la desistir, impossível, eu sei. "Tudo bem, tudo bem. Deixa pra lá" jogou os braços aos céus e me deu um beijo no rosto em despedida. "Vá pela sombra" gritei rindo, fazendo-a mostrar seu dedo médio para mim, que ri mais ainda fechando a porta atrás de mim.

"Como foi a aula?" minha mãe, Isabel, disse, sentando-se ao meu lado, logo após eu ter me jogado nele. "Ehhh" murmurei. Minha mãe riu baixo e depositou um beijo em minha bochecha. "Filha, o que você quer de aniversário?" ela disse quando peguei o controle da televisão para ligá-la. "Nada, mãe, não preciso de nada" sorri fraco e ela sorriu de volta, dando-me outro beijo e levantando-se em direção a cozinha.

", acorde" ouvi uma voz suave e grossa sussurrando ao meu lado e só então percebi que caí no sono assistindo TV. Era meu pai me chamando. Murmurei algo sem nexo e voltei a fechar os olhos. "Vamos, querida. Vamos jantar, você dormiu muito. Duvido que terá sono para dormir à noite" ele riu baixo e eu me levantei, dando um beijo em seu rosto e seguindo para a sala de jantar. O jantar nunca era tão diferente, eu sempre ficava muito quieta, ouvindo meus pais conversarem sobre o trabalho, sobre a situação financeira que se apresentava em risco em nossa casa e às vezes os ouvia discutindo. Mas tudo estava normal demais nesse jantar. Todos quietos, nada de trabalho ou discussões. Meus pais mal se olhavam. Nem uma palavra foi dita durante todo o jantar. Tentei murmurar algo, mas fui cortada pelo alto barulho de uma cadeira se arrastando. Minha mãe se levantava bruscamente com seu prato em mãos, jogando-o na pia e indo embora sem dizer uma palavra. Meu pai me encarou, como se dissesse para que não houvesse perguntas. Ok, algo estava errado. Decidi nem questionar, apenas me levantei, retirando o resto da mesa e colocando tudo na pia, onde fiquei para lavar a louça enquanto meu pai batia a porta de casa e acelerava com o carro para o desconhecido.

Despertei de meus vazios pensamentos com o som do meu celular apitando uma nova mensagem. Só aí percebi que já eram duas da manhã e eu ainda estava acordada. Mas já era sexta feira, não tinha com o que me preocupar. "Festa amanhã na Parker St. Te pego as 22h xx" me enviou. Estou cansada demais para argumentar. Resolvi dormir e ligaria pra ela amanhã cedo para esclarecer que eu não estou a fim de ir a festa nenhuma, principalmente tão longe da minha casa.

A gritaria no andar de baixo era tão alta que me despertou. Estiquei a mão para o lado para alcançar meu celular e vi que eram apenas 9 da manhã. Sentei na cama, esticando os braços, e me levantei em direção ao banheiro em meu quarto. Escovei os dentes, lavei o rosto e prendi o cabelo num rabo de cavalo. Meu coração acelerou ao ouvir um escandaloso barulho de vidros sendo quebrados no andar de baixo e então o silêncio reinou, restando apenas a porta de casa batendo e, novamente, o carro acelerando para longe. Desci correndo as escadas, tropeçando em meus próprios pés e me equilibrando para nao cair quando avistei minha mãe largada no sofá, com a cabeça baixa. Pude notar seu corpo se movendo de cima para baixo, ela estava soluçando. "Mãe?" gritei e corri até ela, que levantou o olhar para me encarar e tentou sorrir fraco. "O que foi isso, mãe? Voce está bem?" Ela assentiu que sim com a cabeça e eu me sentei ao lado dela no sofá, olhando em volta. Meus olhos se arregalaram ao encontrar o tal vidro quebrado no chão. Estava perto da porta, era um porta-retrato do dia do casamento dos meus pais. Eu já era nascida, eles oficializaram o casamento quando eu tinha apenas 2 anos de idade. Era uma linda foto. Meu pai segurava a mão de minha mãe e a olhava com puro amor nos olhos. Minha mãe sorria com os olhos cheios de lágrimas enquanto todos estavam de pé aplaudindo. Pude lembrar daquela foto inteira e lembrei que eu estava bem no cantinho, abraçada no pescoço de minha vó, sorrindo feito boba e minha vó chorando, emocionada. Gostaria de me lembrar daquele dia, e agora, uma das unicas recordações existentes se foi.

Minha mãe deu um último soluço e se levantou. Fui seguindo-a pelas escadas até seu quarto, onde se deitou na cama e abraçou um travesseiro. "O que você quer, ?" ela disse baixinho, soando um tanto nervosa. "Quero saber o que houve." sussurrei. Ela então sentou-se novamente e me encarou. "Não houve nada. Apenas uma discussão com seu pai. Não se preocupe, está tudo bem." Ela sorriu fraco, tentando passar tranquilidade, falhou. "E onde ele está agora?" perguntei. Seus olhos encheram de lágrimas novamente e ela se deitou outra vez. "Eu não sei. Acho que estará de volta para o almoço. Vá dormir, é sábado e cedo demais para estar de pé" minha mãe disse. E com isso, entendi que gostaria de ficar sozinha. Fechei a porta gentilmente atrás de mim e fui para meu quarto.

Dormir é uma ova. Peguei meu telefone e disquei o numero de . "Me diz que você está morrendo pois essa é a única explicação razoável pra você me ligar as 10h da manhã em pleno sábado, " ela disse sonolenta, antes mesmo de dizer ALÔ. Ri baixinho e comecei "Voce mereceu por me mandar um torpedo às 2 da manhã me avisando sobre uma festa sem nem me perguntar se eu quero ir." Ela demorou uns segundos para responder, imaginei que tivesse caído no sono novamente, mas logo ela falou "Voce não tem que querer. Vai comigo. Um garoto me convidou e eu não o conheço, não vai deixar sua linda amiga sozinha numa festa cheia de desconhecidos, vai, ?" Apelar pro lado melhor amiga é demais. "Tá, tudo bem. Eu vou. Mas só porque prezo pela sua segurança. E outra, vê se para de aceitar convites de estranhos. Podemos estar nos metendo numa bela enrascada." Declarei, finalizando assim nossa ligação.

Capítulo 2


"Você poderia ter sido mais discreta na escolha de roupas, não acha não, ?" Perguntei logo que entrei em seu carro, notando o vestido que mal cobria suas pernas, com uma frente única, num decote que quase ia até seu umbigo. "Não" ela sorriu e continuou "Você que está comportada demais. Nunca se sabe quem vai se conhecer numa festa, não é mesmo, ?" caçoou. Eu odiava usar vestidos, principalmente os curtos. Estava vestindo uma calça jeans escura com uma camiseta justa e tomara que caia branca. Meu sapato de salto não era não alto nem fino, eu não poderia andar se fosse. Meu cabelo estava solto em ondas caindo pelos meus ombros e eu usava apenas um delineador como maquiagem. Ao contrário de , odiava aparecer. Ela estava toda emperiquetada, com seu cabelo preso num coque meio solto com cachos pendurados e uma maquiagem um tanto forte. Seu salto era altissimo e agulha, uma sandália prateada. "Voce está indo para um casamento ou o quê?" perguntei, ela riu e parou o carro na frente da casa escrita num papelzinho em suas mãos. "É aqui mesmo?" perguntei. Ela assentiu com a cabeça e pegou a bolsa no banco de trás. "Vamos" chamou. Acompanhei-a até a porta da casa e a música já explodia lá dentro. Risadas e gritos eram ouvidos a quilômetros de distância. Um aviso na porta dizia "entre" e foi o que fizemos. Ao adentrar o local, pude sentir um cheiro terrivel de suor com bebidas e uma fumaça absurda pelo local. Ótimo, bebidas e drogas numa festa.

Estávamos paradas na porta, tentando reconhecer alguma passagem pelos corredores onde pudéssemos nos acomodar, quando ouvi um rapaz chegando perto de nós, passando os braços ao redor dos ombros de . Ela se assustou e logo se acalmou, vendo quem era. Minha cara continuava confusa. Nunca tinha visto ninguem daquele lugar na minha vida. ", esse é . Ele é novo na escola, está na minha turma de Biologia." ela sorriu e ele esticou a mão para apertar as minhas. Hesitei, mas correspondi, sentindo o suor em sua mão e rapidamente retirando. O cheiro do álcool ficou empregnado em minhas mãos, o que me irritou profundamente. "Fiquem à vontade meninas, vou pegar umas bebidas. Querem algo?" recusei com a cabeça, porem aceitou sem hesitar, acompanhando-o até a mesa que servia de bar, sem me dar tempo de tentar impedi-la de me deixar sozinha.

Procurei um lugar para sentar e encontrei um sofá com um lugar vago. Não parecia tentador, já que o lugar era entre dois casais numa tremenda pegação. Mas precisava sentar ou vomitaria ali mesmo. Procurei com o olhar por , que já estava sumida por cerca de 15 minutos, quando a encontrei encostada em uma das paredes com os braços ao redor do pescoço daquele rapaz, aos beijos com ele. Observei a cena. As mãos dele desciam por todo o corpo dela. Ela não tem um pingo de respeito próprio? Bufei e virei os olhos, recostando-me no sofá. Meu sossego não durou muito, quando notei uma presença saindo do meu lado e outra entrando. Virei a cabeça e vi que um rapaz tinha expulsado um dos casais e sentou-se no lugar deles. "Meu nome é " ele sorriu. Sorri sem graça de volta para ele. "", murmurei. "Você nao parece estar animada, " ele riu e me ofereceu uma garrafa de cerveja que estava em sua mão. "Ehhh" murmurei e aceitei a cerveja. Não sou de beber, mas não conseguiria aguentar esse porre de festa sozinha e sóbria. "Veio sozinha?" ele perguntou. Com a cabeça, sinalizei na direção de . Ele logo seguiu meu olhar e começou a rir. "Entendi" murmurou, "Quer dançar?" assim que ele perguntou isso, encarei-o e comecei a rir. Gargalhar. "O quê?" ele perguntou, confuso. "Eu não danço, querido " caçoei. "Sempre tem uma primeira vez. Não seja chata" ele levantou e puxou-me pela mão. Deixei-me levar e fui. Não me movi no meio da sala que servia de pista. Lotada de bêbados e drogados, fedidos e suados, casais se pegando, podia jurar até ter visto um casal transando entre todo mundo ali. Não, seria demais pra minha cabeça. "Mexa-se!" ele gritou, tentando soar mais alto que a música que penetrava meus tímpanos. Recusei com a cabeça e fui em direção ao bar improvisado. Precisava de mais bebidas se teria que ficar naquela festa até o fim da noite.

Já estava no meu terceiro drink, sozinha, sentada em volta da mesa improvisada perto da cozinha. não tinha me seguido, nem sinal de . Estava sozinha, entre tantas pessoas.

"O que você tá fazendo aqui? Estava te procurando por toda a casa!" ouvi gritar ao meu lado. Me assustei e me virei rapidamente. "Te perdi de vista quando você entrou no banheiro com aquele menino, resolvi vir para o bar" ela sorriu sem graça e sentou-se ao meu lado. "Cadê ele?" perguntei, olhando em volta. "Precisou ir embora, imprevisto de família" ela parecia desapontada. "Nós poderíamos fazer o mesmo, não acha?" perguntei. Estava louca pra ir embora e tirar aqueles sapatos apertados. Ela pareceu pensativa e, antes que me respondesse, apareceu ao meu lado. "Já está indo?" perguntou-me. , parecendo surpresa, riu baixo com meu susto. Assenti com a cabeça e tornei a tomar mais um gole do meu drink. Levantei e puxei pelo braço "Vamos?" sugeri. Ela apenas assentiu, com um olhar entediado. "Tchau" sorri para e ele sorriu de volta. "Gostaria de te ver de novo" disse. Virei-me para encará-lo e parecia estar rindo, pra variar. "A gente se vê por aí, quem sabe" sorri e fui embora. Não daria meu telefone para um bêbado qualquer, principalmente quando eu estava bêbada. "Por que nao deu seu telefone para ele, ? Ele é um gato!" perguntou enquanto entrávamos no carro. Notei que estava mais sóbria que ela e então peguei a direção. "Você vai dirigir? E como vai para casa depois de me deixar na minha?" perguntou. "Por ter me feito passar por isso hoje, vai ficar sem seu carro" ri, mas estava falando sério "Te trago ele amanhã depois do almoço" pisquei para ela, que sorriu. "Ótimo, se me acordar cedo amanhã eu passo por cima de você com essa belezinha" ela disse, acariciando o painel do carro. "Belezinha? Essa coisa velha?" brinquei, fazendo-nos rir.

Acordei novamente ouvindo gritos no andar de baixo. Olhei no relógio no criado-mudo ao lado da minha cama: 10h da manhã. Meus pais podiam pelo menos escolher um horário descente para brigarem. Ameacei levantar, mas logo caí de volta ao sentir a dor de cabeça chegando. Como poderia estar de ressaca se tomei apenas 3 drinks e uma cerveja? Bom, foi a primeira vez que bebi, explicado. Levantei devagar, calçando meu chinelo, e fui ao banheiro fazer minha higiene. Logo que acabei, a gritaria ainda continuava lá em casa. Abri a porta de meu quarto calmamente para nao fazer barulho e fui até o topo da escada, espiando os dois. Dali onde estava, tinha a visão apenas de meu pai, de pé em frente a minha mãe, gesticulando absurdamente. Eram palavras desconexas, não entendia muito bem. O pouco que entendi foi de partir o coração. "Eu não te obriguei a ficar comigo! Você ficou porque quis!" minha mãe gritava. "Cale a boca! Eu fiquei porque eu amava você", "Não ama mais, então? É isso? Vá embora, então. A porta está aberta, mas se fechará assim que você passar por ela". Eis então que o silêncio reinou. Meu pai cruzou os braços e permaneceu encarando minha mãe. "É isso que você quer?" ele gritou de volta. Abaixei-me para ter melhor visão dos dois, mas acabei tropeçando e escorreguei, caindo sentada no primeiro degrau da escada, trazendo as atenções para mim. "Filha, você está bem?" meu pai perguntou no pé da escada, tentando parecer calmo. Assenti com a cabeça e desci as escadas. "O que está acontecendo aqui? Vocês vão me contar!" gritei. Meus pais se olharam e minha mãe negou com a cabeça. Meu pai subiu a escada e eu permaneci parada, encarando minha mãe, que tinha os olhos cheios de lágrimas, sorrindo fraco, tentando passar tranquilidade. "Mãe, você não precisa ser forte 24 horas por dia", sussurrei. Minhas palavras a fizeram desabar, ela caiu aos prantos e eu corri para abraçá-la. "Por favor, me conte, mamãe" pedi em seu ouvido. Pude senti-la recusando com a cabeça e me afastei dela. "Eu exijo saber, mãe" declarei. "Você nao exije nada aqui, " ela disse, séria. Meu queixo foi ao chão com a mudança bipolar de humor dela. Dei de ombros e subi para meu quarto. Liguei o chuveiro e tomei uma longa e relaxante ducha. Meus pais estavam me dando nos nervos.

Nota da autora: Oi gente! Bom, eu sou nova aqui então vou me apresentar rapidinho. Meu nome é Angelica, mas por favor, me chamem de Lika. Espero que gostem dessa fic. Eu estou muito inspirada começando ela. Me insipirei com detalhes dos livros da saga Hush Hush (que são otimos, aliás) e um pouco da minha imaginação. Não tem muito pra falar aqui ainda, então é só isso. Obrigada desde já, não deixem de comentar a fic! Beijos :*


Nota da Beta: Qualquer erro nessa fanfic é meu, então me avise por email ou mesmo no twitter. Quer saber quando essa fic vai atualizar? Fique de olho aqui. Obrigada. Xx.

comments powered by Disqus