“I was walking away but she’s so beautiful it made me stay. I don’t know her name, but I’m hoping she might feel the same. So here we go again, she’s got my heart again! “
Eu caminhava sozinho em meio às pessoas tentando chegar à saída. Não estava passando muito bem, precisava de um ar fresco, e já estava começando a ficar tarde e no dia seguinte às treze horas eu tinha prova então achei melhor ir embora para que eu pudesse acordar amanhã sem maiores dificuldades, e também para que eu pudesse estar mais concentrado. Eu precisava daquela bolsa! Era a oportunidade que eu sempre esperei.
Eu caminhava e pedia licença educadamente para as pessoas que dançavam e riam. Algumas bêbadas ao extremo e outras só levemente alteradas. Até que ela me chamou atenção no meio da multidão. Os cabelos , cobrindo somente o pescoço e deixando os ombros a mostra. Ela dançava sem se importar com quem olhava, e ria com as amigas. Ela não parecia bêbada e nem levemente alterada pelo efeito do álcool, ela só parecia ser realmente daquele jeito, espontânea. E ela não usava salto, e nem um vestido colado ao corpo como as amigas estavam usando, ela usava um jeans skinny surrado, provavelmente seu jeans preferido, e uma blusa larga que lhe deixava os lindos ombros aparecerem, e usava um tênis de solado baixo revelando o quão pequeno e delicado os seus pés pareciam ser. O batom vermelho já começava a querer sumir dos lábios dela, provavelmente por já ter tomado refrigerante demais, já que ela tinha uma latinha de coca cola na mão. Eu fiquei parado lá, estático, olhando para ela hipnotizado. Ela jogava o cabelo pro lado tentando arrumá-lo de qualquer jeito enquanto dançava de olhos fechados. Ela deu um giro de 360 graus em volta do próprio corpo enquanto dançava e abriu os olhos dando de cara com os meus olhos vidrados nela. Instintivamente ela parou de se mexer e arrumou de novo o cabelo, jogando-o para o lado. Ela estava me olhando, e sua expressão revelava um misto de surpresa e vergonha ao me olhar. Eu abaixei a cabeça e fechei meus olhos pensando “merda!”
Levantei meu rosto e meus olhos se encontraram com os dela novamente, parada no mesmo lugar. Ela sorriu pra mim com o canto dos lábios sem mostrar os dentes, e eu repeti o gesto. Até que ela se virou novamente e recomeçou seus passos de dança, e começou a conversar com as amigas. E de repente eu já não queria mais ir embora.
***
“Stay here, my dear! Feels like I’ve been standing right here for years. My minds beat up, tell me that you feel this and I won’t give up. I won’t give up.”
Ela e as amigas começaram a caminhar entre a multidão e eu não podia perdê-la de vista e caminhei atrás. Pelo caminho que elas percorriam, eu presumi que estivesse indo até o fumódromo da boate. Eu costumava ir ao fumódromo de lá porque três de meus amigos fumavam, e eu já sabia aquele caminho de cor e salteado. Por sorte ela não percebeu que eu caminhava atrás dela, a alguns passos atrás. Quando chegamos ao segundo andar da boate, que como eu previa era realmente o fumódromo, eu a puxei bruscamente pelo braço e seu corpo bateu contra o meu. Ela me olhou assustada e se soltou de mim.
– Pois não? – ela se afastou um pouco e me fitou nos olhos .
***
“And I know it’s late and I know it’s cold, but come right here and I swear I’ll never let you go! The way you move, is wonderful! Let’s do it now, ‘cause one day we’ll both be old. “
Eu não sabia o que falar! Aliás, eu não sabia por que diabos tinha feito aquilo! Passei a língua pelos meus lábios que estavam secos devido ao nervosismo que tomava conta de mim e abri a boca sem emitir nenhum som. Ela deu uma gargalhada divertida e tombou a cabeça pra trás enquanto o fazia.
– Vamos entrar e a gente conversa, que tal?
Surpreendi-me com a frase e balancei a cabeça rindo e relaxando os músculos antes tensos, assenti que sim e nós entramos no fumódromo. Não pude deixar de perceber o volume que se concentrava na parte de trás de sua calça e em como ela rebolava ao andar, ouvi sua risada preencher meus ouvidos, e balancei a cabeça ao perceber que ela havia me flagrado olhando para suas “volumosas partes baixas”, vulgo seu bumbum.
Nós paramos um pouco mais longe das amigas dela, e ela retirou do bolso uma caixa de cigarros e um isqueiro. Retirou um calmamente e acendeu o botando na boca e dando uma longa tragada em seguida e soltando a fumaça no lado oposto ao meu. Então ela fumava? Se ela soubesse o quanto eu achava sexy e provocante mulheres que fumam ela pensaria duas vezes antes de ficar me encarando com aqueles olhos e soltando a fumaça sempre no lado oposto ao meu.
– Qual o seu nome? – ela me perguntou segurando o cigarro entre os dedos .
Eu a fitava ainda mais deslumbrado com o som da voz dela.
– Você fala? – ela voltou a me questionar depois de mais uma tragada no cigarro.
– Engoli seco fiz que sim com a cabeça. – ! Meu nome é !
– o que? – ela tragou mais uma vez me olhando diretamente nos olhos.
– ! E você? – tomei a liberdade de me aproximar um pouco mais dela.
– Você faz o que ? – ela botou uma mão sobre o meu ombro ignorando totalmente a minha pergunta sobre o nome dela.
Eu soltei uma risada nervosa pelo nariz.
– Eu trabalho e estudo, porque a pergunta?
Foi a vez de ela rir e apertar de leve meu ombro onde a mão dela estava repousada.
– Porque você me pareceu interessante!
Senti meu coração começar a bater mais rápido dentro do peito. Ela havia me achado interessante?
– Pareci? – ergui uma sobrancelha enquanto ela descia a mão do meu ombro pelo meu braço .
– Pareceu! Porque você tava sozinho?
– Eu estava indo embora, mas você me fez querer ficar! – tomei a liberdade de colocar as minhas duas mãos na cintura dela .
O olhar dela que antes estava sob o meu, desceu quando eu coloquei as mãos sobre a cintura dela, e ela soltou o mesmo sorriso de quando me viu pela primeira vez, sem mostrar os dentes. A cintura dela era extremamente fina e, eu adorei esse fato. Era incrível como assim de perto ela era ainda mais bonita! Tinha os traços do rosto delicadamente femininos, a boca pequena, mas muito marcada, os cabelos bem que lhe formatavam bem o rosto pequeno.
– Mas agora que são três e vinte e seis da manhã! Porque já estava indo embora? – ela cravou as unhas delicadamente sobre o bíceps e eu fechei os olhos pela sensação gostosa que aquilo havia causado.
– Eu tenho uma prova amanhã às treze horas, e preciso estar descansado! Então resolvi ir mais cedo pra casa! Mas você, - fiz uma pausa e ela passou a outra mão sobre o meu outro braço – Você me fez ter vontade de esquecer essa prova!
Ela gargalhou novamente e me fez gargalhar com ela. Senti que seus lábios haviam se aproximado do meu ouvido e me arrepiei só de senti-la perto.
– Já que você fez esse esforço por minha causa, merece uma recompensa! Não vou te deixar sair daqui de mãos abanando! – ouvir sua voz bem próxima de meu ouvido fez todos os pelos do meu corpo se arrepiarem de novo.
***
"Tonight we’ll dance, I’ll be yours and you be mine! We won’t look back, take my hand and we will shine. “
Repentinamente ela me soltou e jogou o toco do cigarro no chão pisando por cima o apagando, e segurou uma de minhas mãos me puxando.
– Vamos dançar lá embaixo para você ficar mas relaxado para fazer essa prova!
Nós descemos as escadas até o andar de baixo e ela praticamente me arrastou para a pista de dança! Eu era péssimo pra dançar! Mas eu simplesmente não quis recusar o convite, até porque aquilo não havia sido um convite!
Seus quadris se moviam no ritmo da música que tocava agora, música essa que eu nem me interessei em saber qual era ou quem cantava! A visão dela ali dançando de olhos fechados na minha frente era muito mais interessante. Ela puxou para mais perto dela pela gola da camisa e um sorriso malicioso surgiu nos meus lábios. Nossas testas se encostaram e ela tinha agora os braços passados em volta do meu pescoço. Envolvi delicadamente minhas mãos na cintura dela e a trouxe para ainda mais perto de mim.
Eu não sei quantas músicas nós dançamos, e nem quantas batidas eu tomei, só sei que em certo ponto da madrugada nós estávamos escorados em uma parede mais no canto da boate, quase perto da saída e ela ria de alguma coisa engraçada que eu havia dito, com a cabeça escorada em meu peito e as mãos nos bolsos de trás da minha calça. Ríamos sem parar de algo que eu se quer sei o que era! Eu não sabia mais sobre o que conversávamos, sobre o que já havíamos conversado, só sei de uma coisa: ela era incrivelmente envolvente! Acho que ela também havia bebido, estava ainda mais solta e mais risonha. Nós ainda não havíamos trocado nenhum beijo, mas nos acariciávamos como se já fossemos noivos praticamente há anos!
Peguei meu celular no bolso para verificar a hora e percebi que agora eu realmente precisava ir.
– Já são quatro e doze da manhã e agora eu realmente preciso ir! – acariciei a bochecha agora avermelhada dela com o meu polegar .
– Eu também preciso ir! Minhas amigas me mandaram mensagem e já estão me esperando lá fora!
– Achei que eu fosse te dar uma carona hoje! – segurei o rosto dela entre as mãos e a ouvi soltar a respiração pesadamente numa espécie de suspiro .
– Vai ficar me devendo uma carona para a próxima vez que a gente sair!
Eu ia perguntar se ela queria tanto quanto eu que houvesse uma próxima vez, mas ela saiu andando rumo ao balcão e eu balancei a cabeça rindo e corri um pouco para alcançá-la. Acertando as comandas eu a ouvi perguntar ao rapaz do caixa se ele tinha um papel e uma caneta para emprestá-la. Não achei o comentário importante então nem me dei ao trabalho de verificar o que ela tinha anotado lá.
***
“She needs a wild heart, she needs a wild heart. I got a wild heart!”
Depois que acertamos as comandas, antes de sairmos para fora da boate senti sua mão gelada tocar meu pulso, e eu me virei de frente a ela. Lembrei-me que ainda não sabia seu nome, e quando pensei em perguntar fui tomado por seus lábios se encostando aos meus, enquanto ela fazia esforço para ficar da minha altura nas pontas dos pés. Entreabri meus lábios dando passagem para a língua faminta dela e a beijei. Segurei sua cintura a empurrando mais para mim e me curvei fazendo com que ela se abaixasse um pouco. Suas mãos percorreram toda a extensão de minhas costas e eu a apertava em mim enquanto o beijo ia aumentando de intensidade. Os lábios dela eram exatamente do jeito que eu havia imaginado a noite toda, e eles se encaixavam aos meus como nenhum outro antes já havia se encaixado. Ela embrenhou as mãos e unhas pelos meus cabelos e eu a pressionei com força contra o meu corpo, sentindo certo incomodo no meio das minhas pernas. Acho que percebendo tal fato, ela foi parando o beijo com alguns selinhos e riu jogando a cabeça pra trás, como eu já previa.
– As meninas devem estar desesperadas lá fora já! Eu tenho mesmo que ir!
Eu a soltei do meu corpo com certa relutância e nós rimos.
Já fora da boate, as amigas dela cochichavam umas com as outras e ela ria, sabendo que provavelmente elas cochichavam sobre nós. Ela retirou um papel do bolso e me entregou.
– Só leia quando já estiver no seu carro! Promete?
Eu analisei o papel em minhas mãos por um instante e a olhei. Ela mordia o lábio, ansiosa pela minha resposta e eu sorri.
– Prometo!
Ela me deu um selinho rápido e foi de encontro às amigas. Eu a assisti indo embora, sem saber o seu nome nem seu telefone. Balancei a cabeça e caminhei até o meu carro.
Sentei-me e deitei a cabeça para trás no encosto do assento, respirei fundo ainda tentando assimilar se tudo o que tinha acabado de acontecer havia sido mesmo real, se ela realmente existia, ou se era algum fruto da minha imaginação. O bilhete ainda se encontrava na minha mão, do mesmo jeito que ela havia deixado. Respirei fundo e abri o bilhete devagar, como se me preparasse para o conteúdo que havia escrito ali.
“ , 8383-6603. Para a gente combinar a carona que você vai me dar, e preferencialmente me leve à um restaurante de comida japonesa, porque eu amo! Mas caso você não goste, pode me levar à um restaurante de massas que também me agrada muito!”
Um sorriso bobo ficou estampado no meu rosto durante uns cinco minutos. Agora eu sabia o nome e o telefone da minha “garota imaginária”. E vocês podem apostar, que ela ainda vai ser minha.