Capítulo 1 - The path that I'm walking I must go alone...
- Pára com isso, ! - berrava em meio às gargalhadas que os dois davam - Eu odeio quando você faz isso! PÁRA HAHAHAHA! - Quanto mais ela falava para parar, mais ele fazia cócegas nela. - , PÁRA! HAHAHAHA! PÁRA AGORA HAHAHA!
- Tá, eu paro só porque estou bonzinho hoje.
- Ah, sim. - Ela ironizou, tentando recuperar a respiração, ajeitando sua blusa e olhando em volta todas as pessoas olhando dois retardados, um fazendo cosquinha no outro - Eu sei que você só faz generosidade quando quer algo em troca.
- Eu acho que você me conhece mais do que deveria. - Ele disse levantando uma sobrancelha.
- Tá, fala logo.
- É a festa da Nancy... Você vai com alguém? - Ela ouviu bem? - Assim, algum acompanhante do sexo masculino? Ah, você entendeu... - Ela o encarou por um momento, tentando não sorrir e expressar a tamanha felicidade que sentia naquele momento. Estaria o seu desejo finalmente se realizando? Seu melhor amigo, ali, pedindo para ser o "par" dela na festa da Nancy? Será que o amor e o desejo que ela sentia por ele era recíproco? - , quer responder, por favor?
- Eu... não, ninguém. - Ela sorriu e ele sorriu de volta. Ela estava cada vez mais certa.
- Que ótimo! Vou conseguir fazer o que estou tentando há um tempo, finalmente! - Há um tempo? Por que, amor? Eu estava aqui o tempo todo, só você não viu...
- Como assim, ? - Ela fingia não entender. Claro, tinha que se fazer de difícil! Seu sorriso era cada vez maior.
- Ainda não entendeu? Ora, você tem um acompanhante agora! - O sorriso dele também era largo. Ela não acreditava no que ouvia. Nunca, NUNCA iria imaginar que um dia iria corresponder seus sentimentos. Eram amigos há tantos anos, melhores amigos... E ele nunca demonstrara nada...
- Mas... quem? - Ela queria ouvir da boca dele.
- O !
Não queria ouvir mais nada.

~ • ~

- Fala, amiga. Como foi a festa?
- Uma porcaria.
- Nossa, sua animação até me contagiou.
- Se você estivesse lá, quem sabe tivesse sido um pouco melhor...
- Minha gripe não me deixa nem levantar, quanto mais ir a uma festa! Mas, vamos, uma festa com o não deve ser tão ruim assim!
- Não é, mas... ele...
- .
- Você sabe...
- Sei bem.
- Pois é. - Um minuto de silêncio.
- Você sabe que tem que esquecer, não sabe? Se não aconteceu nada até hoje, ...
- Eu sei. Mas também sei que é impossível, se não esqueci até hoje...
- Você nem tenta, também. Porque você não fala tudo pra ele e diz que precisa ficar um tempo sem olhar pra cara dele?
- Você sabe que eu não vou fazer isso. E não fala nada porque você, no meu lugar, também não faria!
- Tá, tudo bem. - Mais um minuto de silêncio - Vamos voltar ao assunto da festa?
- , por favor...
- Vamos, , eu estou aflita aqui, deitada nessa cama! Preciso de novidades!
- Ok. foi bem gentil comigo, ficamos conversando e foi muito fofo da parte dele ficar tentando me animar sem nem saber o real motivo de eu estar mal. Ele ficou fazendo palhaçadas e falando besteira pra me fazer rir ao invés de ir se divertir com os amigos dele...
- E você não acha que ele é mil vezes melhor que o ? Ora, me poupe!
- ... Achei que o assunto era a festa, não quem estragou a festa. Estragou para mim, pelo menos.
- Ok, desculpa. Prossiga.
- Bem... A festa em si deve ter sido divertida para quem estava afim de se divertir. O até dançou hula-hula na mesa! O não estava muito comportado também e o ... bem, só o vi no começo da festa e ele estava com a... Nancy.
- Com quem?! Eu não acredito!
- É, a Nancy. Passei a odiá-la de uma hora pra outra. Enfim, ela e o sumiram, todos ficaram comentando e tal. Foi péssimo, as pessoas me perguntavam onde estava o e eu tinha que fingir que não sabia que ele deveria estar em um quarto qualquer com a Nancy.
- Ai, amiga... To bege! - só conseguiu sorrir com esse comentário.
- Pois é, eu também fiquei... A minha sorte foi que o estava lá e... bem, não foi exatamente sorte.
- O que aconteceu?
- Ele tentou me beijar, mas... eu não quis, claro. Quer dizer, ele não tentou me agarrar nem nada, na verdade acho que nem era a intenção dele, foi tudo muito rápido, a gente foi chegando perto e - Ela embolava as palavras, ficava nervosa lembrando do fato - e, e... não sei, se eu não tivesse lembrado do naquele momento acho que teria acontecido.
- Maldito ! Ai que ódio. Você perdeu uma oportunidade de ouro, !
- Eu não ia ficar com o pensando no , ... Não mesmo.
- Eu acho que ele seria uma ótima pessoa para te ajudar a tentar esquecer o , já que você não quer seguir aquela primeira opção que eu dei. Pensa nisso.

~ • ~

- Pequeeena da minha vida! - Ele surgiu de repente. Já que eram vizinhos, ela tinha a felicidade (ou infelicidade, as vezes) de esbarrar com ele quando menos esperava.
- Oi, . - queria ser a mais seca possível com ele, apesar de não ter motivos. Eles não eram namorados nem nada, ela estava ligando muito pra essa relação repentina de e Nancy... Por que? Ah, sim, o era dela e de mais ninguém. Ciúme? É, isso aí.
- Gostou da festa? - Ele a abraçou por trás, mas ela logo se desvencilhou dele, voltando sua atenção à porta de sua casa. Onde eu enfiei as chaves?
- Normal. - Ela disse com desdém.
- E o , tratou você direito?
- foi um amor, agradeça à ele por mim. Só ele pra conversar comigo no meio daquela gente, ahm... bêbada? É, isso. - Ela achou a grande chave cheia de chaveiros espalhafatosos pendurados. Jogada de qualquer forma na bolsa, como sempre.
- Ele ficaria mais feliz se você fosse lá agradecer pessoalmente! - sorriu ao ver que ela fora menos monossilábica, apesar de irônica.
- Querido, se eu quisesse e pudesse ir lá agradecer eu não teria te pedido. Ou será que eu preciso de porta-voz?
- Ok, por que você está assim?
- Estou normal. - Disse colocando a chave na porta.
- Vamos, eu te conheço.
- Quer saber mesmo? - Ele assentiu e ela se virou para ele, o olhando pela primeira vez nos olhos - Eu não tenho mais saco pra você, é isso. - Ela entrou na casa e fechou a porta na cara dele.
Decidiu seguir parte do conselho de : evitaria o máximo possível e talvez fosse conversar com . Realmente, não poderia ser tão ruim assim.

~ • ~

"Eu preciso de explicações. É tudo mais difícil sem você"
Fazia uma semana que ignorava e essa era a terceira mensagem que ele mandava para ela.
- É muito mais difícil pra mim, amor... - Ela deixou uma lágrima cair, mas logo a secou. Daqui a pouco sairia com e queria estar pelo menos apresentável, nada de maquiagem borrada.
e haviam ficado na última vez que saíram, há 3 dias atrás. Ficar com alguém pensando em outro é, realmente, a pior coisa do mundo.
Deixou o celular na sala, mais uma vez sem responder à mensagem. Seguiu para o quarto, colocou seu vestido preto básico e ajeitou a maquiagem mais uma vez. Poderia dizer que estava linda. com certeza diria, já que, da última vez, disse 6 vezes (sim, ela contou) e estava bem pior do que está hoje.
Foi para a sala novamente, sentou-se no sofá com cuidado para não amassar a roupa e ficou vendo televisão. Daqui a pouco estaria batendo na porta. E foi o que aconteceu depois de cinco minutos.
- To indo! - Ela desligou a televisão e foi em direção à porta.
- Oi. - Sua boca foi ao chão ao ouvir aquela voz e ver aquela pessoa parada na porta a sua frente.
- ... Que, ahm, surpresa? - Ela não sabia o que falar.
- Posso entrar ou... - Ele a olhou dos pés à cabeça e ela estremeceu - você está de saída? - Ela queria muito que ele entrasse, mas logo acordou e se afundou na realidade. Ela estava esperando e não estava mais falando com .
- É, estou saindo sim, nem adianta você entrar por 3 minutos.
- A gente precisa conversar, não acha? Nem minhas mensagens você responde, o que está acontecendo com você? Com a gente?
- Não tem "a gente", . Eu e você, não nós. Entende? - A buzina do carro de roubou a atenção dos dois. - Vou indo, boa noite. - Ela foi andando e ele a segurou fortemente pelo braço.
- Então você está mesmo saindo com ele?
- É, estou. Não sabia? Pensei que fossem amigos.
- Eu não pensei que fosse tão difícil...
- Do que você tá falando?
- O , ele fala de você mais que o normal e... - A voz dele estava falhando - é estranho. É como se ele estivesse competindo comigo, eu sinto como se ele jogasse na minha cara que você me trocou por ele e...
- Está com ciúme, amor? - Ela riu - Que patético. - se soltou de e foi andando em direção ao carro de , que já esperava impacientemente.
- Você tá linda - Não disse? - Algum problema? - perguntou com um sorriso.
- Obrigada. E, ahm, seu amigo que é um problema. - Ela olhou para , que ainda os observava. Assim, beijou de repente. Todos ficaram surpresos, até ela mesma. Depois do beijo, ela olhou disfarçadamente para , que agora a olhava com uma expressão nada boa. Ela se sentiu bem, olhou para que estava com um sorriso ainda maior no rosto e sorriu também. Bem, depois da felicidade vem a culpa. Ela que era a grande patética da história.
Capítulo 2 - This has nothing to do with you...
Estava cada vez mais difícil ignorar . Tanto no colégio quanto na rua ou até mesmo em casa, como agora. Era aniversário do pai dela e estavam todos lá. Os pais de e eram amigos desde que se mudaram para lá.
- , pelo amor de Deus, vem pra cá! - ligava desesperada para a amiga.
- Ai senhor, por quê?
- O veio, , ele tá aqui!
- Desculpa, amiga, mas você vai ter que encarar seus problemas. Estou indo viajar, esqueceu? - Ah, que ótimo.
- Ai meu Deus, o que eu faço da minha vida?
- Pára de drama, ! Evite-o, como você anda fazendo há... não sei, um mês?
- É, por aí. Mas agora não dá, se eu ignorá-lo meus pais vão perceber e logo estarão me interrogando, você conhece bem isso aqui.
- Ai, desculpa, amiga. Não dá mesmo pra eu ir tentar te salvar. Bem, meu pai já tá me gritando lá embaixo, to indo. Boa sorte.
- Ok, tudo bem. Boa viagem.
Encarar quem ela menos queria. Tudo bem, vai dar tudo certo.

- ! Quanto tempo não te vejo! - A Sra. veio me abraçar. Realmente, um mês sem ir na casa dela era inédito.
- É, andei um pouco... ocupada.
- Eu entendo. O colégio de vocês não dá folga, não é? Não que isso seja algo ruim, mas... - Logo aquilo virou a conversa dela e da Sra. . saiu de fininho e foi se sentar-se à mesa da cozinha. Lá ela não teria que ficar olhando e se sentir tensa quando sentia que ele a encarava.
- Será que agora você está disponível para conversar? - Os planos foram por água abaixo.
- Estou, mas não quero.
- Eu também não queria, mas você provocou tudo isso. - Eles ficaram em silêncio, mas logo o quebrou - Eu só quero saber o motivo. Eu tenho esse direito, não tenho?
- Eu já te disse o motivo, não lembra?
- Eu quero o motivo por você não ter mais saco para mim. - Ela olhou para o chão. Sentia-se muito mal. Era covarde por ter falado aquilo e não ter contado a verdade. Queria tanto poder abraçá-lo de novo, ouvir da boca dele as três palavras mágicas... - , olha pra mim, por favor. - Ela o encarou. Pronto, agora que não conseguiria mais evitá-lo.
- Desculpa. - Não agüentou mais, começou a chorar. rapidamente chegou perto dela e a abraçou. Como ela sentia falta dele. - Desculpa, você não tem culpa de nada... - E realmente não tinha. Ele nem sabia de nada, na verdade.
- Shh, tudo bem, pequena. - Ele afagou a cabeça dela até as lágrimas pararem de jorrar. - Agora você pode me dizer o motivo disso tudo?
- É que... - Pensa rápido - Um momento de fraqueza meu, eu estava estressada, chateada, me sentindo sozinha... E pronto, descontei a raiva em você. O problema não é você, - você é a minha solução - sou eu. Desculpa.
- Isso tudo vai passar, eu estou aqui com você agora. - E você não imagina como é bom saber disso...
- ...
- Eu.
- Diz que me ama? - Ela sorriu e ele também.
- Te amo, chuchu. - Me ama como eu te amo, amor? - E eu não agüentava mais ficar sem falar com você, eu sinto tanto a sua falta! - Eu também, amor, mas é só você pedir que a gente fica junto para sempre... - Tantas coisas pra te contar! - Eu também! Estou apaixonada por você, sabia? - Uma delas e mais importante é que eu, , resolvi tomar jeito e escolhi uma garota pra mim. - a olhou no fundo dos olhos com ternura.
- Ah, é? - O coração dela acelerava a cada segundo. - Quem?
- Eu e a Nancy começamos a namorar ontem!

~ • ~

Agüentar os dias com e Nancy "a flor da paixão" sem sua melhor amiga por perto era angustiante. O pior de tudo era que Nancy estava tentando ocupar o lugar de , ou seja, teria que suportar a namorada do seu melhor amigo - e só isso - falando dele sem poder pular no pescoço dela. Afinal, não tinha motivos. Pro inferno os motivos.
Estavam na sala de aula, eram todos da mesma sala. ouvia seu IPod tranqüilamente, Nancy veio sentar-se ao lado dela.
- ! - Quem deu intimidade à ela para chamá-la assim mesmo? - Hoje eu e o vamos sair... - E eu com isso?
- Hum, legal. - Ela nem levantou o olhar para a garota, continuou rabiscando em seu caderno a letra da música que ouvia.
- E você vai junto! - olhou bem para Nancy, séria. Depois de um tempo, deu uma alta gargalhada.
- Você jura? Eu não vou ficar segurando vela, amor.
- Você vai com o , bobinha! - . se esqueceu do menino completamente.
- Amanhã tem aula, meus pais não vão gostar nada disso.
- Nós duas sabemos que isso nunca foi problema para você.
- Exatamente, agora é. Eu não estou com vontade, desanimada, sabe? - Ela queria que Nancy se tocasse logo, mas isso não aconteceu.
- Por isso mesmo, eu percebi o seu desânimo! Vamos sair, refrescar a cabeça... Só eu, você, e , uma saída de melhores amigos! Ou casais... - Eu vou socar essa garota.
- Ok, Nancy, estarei lá. Onde mesmo?
Nancy disse onde seria e foi se sentar em outro lugar, onde um assunto sobre roupas caras de grifes rolava entre as líderes de torcida. não sabia o que havia feito para merecer tal coisa: sair com , Nancy e . Situação ruim? Não, absolutamente. Péssima. Fazia alguns dias que não falava com , se não quisesse ficar sozinha com o casal vinte, teria que fazer contato agora.
- Oi, ! - Tentou ser a mais simpática possível. Ele estava sentado na cadeira de cabeça baixa, escrevendo ou desenhando alguma coisa no caderno. levantou a cabeça devagar, encarando a menina por um tempo.
- Nossa, lembrou do plebeu aqui? - era irônico e fez cara de poucos amigos para ela. Isso não seria muito fácil.
- ... Não é assim.
- O que não é assim? Você não fala comigo há dias! E eu achando que estávamos... bem. Nos dando bem!
- E estamos!
- Ah, o seu "estar bem" com uma pessoa é deixar de falar com ela?
- , pára com isso, por favor! Eu sei que eu errei! Eu tive muitos problemas nesses dias, minha cabeça está a mil! Me desculpa, eu sei que você não tem nada com isso, não tem culpa de nada, mas eu não sou de ferro... Não consigo fingir que tá tudo bem, entende? - era como sua psicóloga agora, não se importava se o que falaria faria sentido ou não - Me entende, por favor... Desculpa. ficou a olhando nos olhos, ela estava querendo chorar, mas não o faria ali. Ele olhou para os próprios pés, ela esperava uma resposta. não sabia se devia voltar a falar com ela normalmente, mas ele gostava demais dela para vê-la daquele jeito e não poder abraçá-la ou ao menos dizer que estaria lá se ela precisasse.
- Tudo bem. Eu não conseguiria te ignorar por muito tempo mesmo... - Ele deu um pequeno sorriso e olhou para ela marotamente. Ela sorriu e "pulou" em cima dele - mesmo estando sentado -, beijando sua bochecha. Ficou sentada no colo dele, com os braços entrelaçados em seu pescoço e com a cabeça encostada na dele, sem falar nada. Ele também ficou calado. Quem olhasse acharia que eles formavam um casal de namorados. Foi exatamente isso que pensou quando passou por eles, mostrando uma cara nada amigável.

~ • ~

contou a sobre a "saída de casais" e ele aceitou acompanhá-la, feliz por serem considerados um casal pelo menos por Nancy.
Depois da aula, a menina voltou para casa na companhia de . Ela não falava muito, ele tentava puxar assunto inutilmente.
- Você ainda está estranha comigo.
- Não, eu só - Ela olhou para ele, fitou aqueles olhos. Por que as coisas não eram do jeito dela? Seria tudo tão mais fácil... - Eu só estou pensando.
- Pensando? Em que? - Ela pensou um pouco antes de responder, afinal, não sabia mesmo a resposta.
- No . - Um pouco de ciúmes não faz mal a ninguém. Quer dizer, ela queria saber se ele sentiria ciúmes dela.
- Ah... Claro. - Agora foi ele quem se calou. Era tudo tão confuso... Como uma competição de quem obtinha mais atenção de . nunca "dividira" a menina com ninguém dessa forma, não com o melhor amigo dele! Sim, ele estava tentando uma aproximação dos dois há um tempo, sempre pedia, mas nunca imaginaria que se sentiria frustrado dessa forma. - Vocês estão, err... Assim, o relacionamento de vocês, vocês não estão... Ou estão? Não sei, err...
- Estão o quê, ? Eu hein, medo de falar agora?
- Não, eu só... só queria saber se vocês estão, assim, sério... - Ela o encarou, parecia um ponto de interrogação ambulante. Por que ele estava embolando tanto afinal? - Eu quero saber se vocês estão namorando, porra! - Ela adorou saber que ele estava curioso com isso. Melhor, adorava saber que essa dúvida passou pela cabeça dele. Será que ela conseguiria enganá-lo se dissesse que sim? Claro, se ele duvida... Ele pensou nisso, ele está preocupado, está com ciúmes! Ok, chega. Menos, bem menos. Ela só não gostou da delicadeza do garoto no final. - Quem tá com medo de falar é você agora, né?
- Não, não estamos. Por que a pergunta?
- Curiosidade.
- Ah.
- Você não me fala mais nada, a gente não conversa, então eu tenho que perguntar, né?
- Sim, entendo. A sua querida namorada tira todo seu tempo que era pra mim, então nem sonhando, né, querido?
- Não sei por que você não gosta da Nancy! Vocês eram amigas até um tempo atrás... - Até ela roubar o MEU , você quer dizer.
- Ah, aí que você se engana. Eu não gosto porque... - ela é sua namorada, porque roubou meu lugar e porque eu te amo, babaca! - ela tenta roubar o lugar da enquanto ela está viajando, ela se faz de minha amiga, mas é uma falsa! E eu só lamento se ela é sua namorada, não tenho nada a esconder de você.
- Não tem mesmo?
- Não, nada! - Ela já estava estressada, falar daquela garota perto do e saber que ele ama a Nancy e não ela era atordoante.
- Então você não mentiria pra mim se eu te fizesse alguma pergunta.
- Eu já menti pra você, por acaso? Acorda, !
- O que você sente pelo ? - Que pergunta é essa? O assunto não era sobre a "toda-perfeita-namorada-do-meu-melhor-amigo"? O que tem o a ver com as calças?
- Eu... gosto dele, ué. Por que está perguntando isso de repente?
- Gosta como?
- Gostando! Ele é legal, simpático, carinhoso, gentil, meigo, fofo, atencioso, cuidadoso, calmo, feliz, sincero - Ele a interrompeu.
- Enfim, já entendi. Você gosta dele mais do que como um amigo... - Não, querido, não estamos falando de você, é do . E, qual é, não. Nada a ver.
- Ter qualidades não significa nada. Se fosse assim eu não gostava de você! - Eu disse isso? - Como amigo, claro.
- Eu sei, , é óbvio. - Pelo visto ele nem desconfiava de nada. - E ah, você tá dizendo que o é muito melhor que eu?
- Suas qualidades fugiram depois que aquela garota entrou na sua vida. Você não é o mesmo comigo e eu, conseqüentemente, não sinto o mesmo por você. - Ele a olhou, triste. Não percebeu nenhuma mudança com a menina desde que começou a namorar, a tratava direito, como sempre. Por que ela dizia essas coisas? Já estavam na porta da casa dela. Ele parou e a observou.
- O que você sente por mim, então?
- Tudo que você pode imaginar. - Ela apenas abriu a porta e entrou, rapidamente, deixando com uma cara híbrida do lado de fora.
Capítulo 3 - I need some shelter of my own protection, baby...
No mínimo estranha a sensação de ter contado um grande segredo era essa, sem contar com o medo e a insegurança do “depois”. E agora? As cartas foram postas na mesa e ela queria adiar o dia em que fosse virá-las.
- Filha, telefone! Não vai sair desse quarto?
- Estou no banho! – Ela só queria ficar deitada, sozinha, nada de telefone, conversas, perguntas. Nada. Só ela, ela mesma e seu quarto.
- Ela está no banho, . – ouvia de longe sua mãe falar ao telefone – Eu peço sim. Tchau, querido. – Ela desligou e a menina ouvia os passos da mãe rumo ao seu quarto. Logo, lá estava ela com a cabeça para dentro do quarto. – Era o .
- Hum...
- E você não está no banho. O que está acontecendo? – A mãe entrou e se sentou na cama ao lado da filha.
- Nada, só não quero falar com ninguém.
- Por acaso sua nova definição de “ninguém” seria “”?
- Ai, mãe, que coisa! Não tem nenhuma problema entre mim e o , não é nada disso! Eu só estou num mau dia, só isso... – Ela viu a mãe olhá-la como se quisesse ver no fundo de seus olhos se era tudo verdade.
- Tudo bem. Qualquer coisa... Você sabe.
- Sei.
- E, bem, ele pediu para você ligar para ele assim que terminasse o “banho”. - Ela fez sinal de aspas com as mãos.
- Ta, mãe. – Depois disso, ela saiu do quarto, deixando sozinha novamente.

De volta à reflexão e à monotonia. Ela pensava como olharia pra cara do “melhor amigo” de novo. Sorte que hoje era sexta-feira e não precisava chegar perto dele até segunda, se não quisesse.
Ouviu um barulho peculiar. Virou a cabeça na direção do criado mudo, lá estava seu celular vibrando e quase caindo do móvel.
- Não vou atender, gracinha. – Virou de bruços e botou o travesseiro na cabeça. Que toque irritante. Apesar de ser uma de suas músicas favoritas, tudo era irritante agora.
A música parou, ela agradeceu mentalmente. Não deu nem 10 segundos, começou novamente. era tão insistente assim? No meio da música o celular caiu, finalmente, do criado mudo. O toque continuava.
- Caralho! – Educação não combinava com ela nessas horas. Se levantou vermelha de raiva, pegou o celular do chão e, quando ia atender, a música parou. Duas ligações perdidas. – Filho da puta! - Jogou o aparelho na cama com força. Ficou parada, em pé, olhando o celular ali. Agradeceu por não ter jogado janela afora. Um minuto depois, o celular toca de novo. – É brincadeira ou o que? – Pegou o celular, nem olhou no visor e já foi lançando – FALA!
- ? – Não, Papa Pio XII! Mas... Peraí, não é o !
- Err... ?
- É, eu... To atrapalhando alguma coisa?
- Não, não, , é... Eu só me estressei um pouco aqui.
- Quer que eu ligue outra hora? Ou sei lá, quer conversar? Às vezes ajuda... – Por que ele tinha que ser tão fofo?
- Não, tudo bem, obrigada. Pode falar, amor. – riu do outro lado da linha e se arrependeu de ter falado aquilo. Ótima mania de chamar até o mendigo de amor.
- É que você não me disse a hora que é pra ir lá hoje... – Como é?
- Lá onde, ?
- Na “saída de casais”, já esqueceu? – disse, rindo. Já citei que ele estava achando o máximo essa história de casal? Pois é. Quem não gostou nada de ouvir isso foi . Teria que encarar mais cedo do que imaginava.
- Ai meu Deus.
- Que foi?
- Sabe o que é... – Ela buscava palavras. Sabia que estava eufórico e que queria ir. Não queria desapontá-lo, mas também não queria sair com ! - Eu não estou muito animada, não sei se quero ir...
- Ah... - Mesmo sem querer, percebeu que ele estava decepcionado. - Bem, então tá... A gente deixa pra próxima, né?
- É, eu acho... - Ele mudou o tom de voz tão rápido... ficou se sentindo péssima por isso. era o que mais tentava levantar o astral dela nesse tempo em que não estava lá, era o que mais se importava. Ela não podia ser tão ingrata assim.
- Tudo bem... Depois a gente se fala então.
- Ok. - Eles ficaram calados.
- Beijo, .
- Não, espera! Vamos sim.
- Vamos?
- É, vamos! Ah, vai ser legal... - Ah, sim, com certeza. Qual é, vai ser a morte!
- Vai?
- Deixa de ser lerdo, ! Eu vou estar lá com a sua ilustre companhia, claro que vai! - Mesmo sem poder vê-lo, ela sabia que ele estava com um sorriso enorme no rosto.
- Então tá! Que horas eu te pego aí?
- Às 7! Não se atrase senão eu te espanco, amor. - A mania de novo.
- Me atrasar? Você está falando com ! Então já vou indo, beijos.
- Bei... Isso, desliga na minha cara.
Olhou para o relógio, quatro horas da tarde. Será que ele leva 3 horas para se arrumar e ir até lá? Ah, sim, estamos falando de Jones.

~ • ~

Mexendo no celular pra ver se o tempo passava mais rápido, percebeu que as outras duas ligações perdidas eram de . Resolveu retornar.
- Garota, eu to doida atrás de você!
- Foram só duas ligações insistentemente perdidas, !
- Eu liguei pra sua casa também, sua mãe disse que você não estava querendo falar com ninguém e eu achei melhor ligar pro celular. O que aconteceu?
- Ah, eu estou num quadrilátero amoroso e o sabe de tudo. Quer dizer, não sei se ele entendeu, mas eu disse. Não podia estar melhor, né?
- Como assim? - E contou tudo que aconteceu até aquele dia. - Acho que o não é tão burro assim, ele entendeu o que você quis dizer.
- Não sei se foi bom ter falado assim, eu estava com raiva... Mas ao mesmo tempo eu me sinto aliviada. O problema vai ser olhar pra ele hoje!
- Eu estarei lá.
- O quê?!
- Eu já estou voltando para casa, chuchu.
- MENTIIIIIIRA! Como você deixa pra me contar assim, na hora?
- Comigo é pá-pum, achei que você soubesse! - As duas riram. Ninguém poderia imaginar a felicidade e o alívio que ela sentia em saber que sua amiga estava voltando. Agora tudo estava mais claro, ela nem sentia mais tanto medo da reação de . Bem, agora que ele não está ali na frente dela. Vejamos na hora.
- Então você vai mesmo? Não vai estar cansada?
- Cansada para sair com os amigos não! Eu sinto saudades, ora!
- Ótimo. Vai ser naquela sorveteria aqui perto... Sabe, né? - concordou. - Pois bem, te vejo lá às 7.
- Não sei se vou chegar essa hora não, é provável que chegue um pouco atrasada.
- Tudo bem, eu agüento a Nancy mais umas horas, agüentei tanto tempo já...
- Amiga, tenho que desligar agora, meu irmão tá quase me batendo aqui porque ele quer dormir e eu não paro de falar.
- Ah, tá bom. Daqui a pouco a gente se fala então. Beijos!
- Beijos!

~ • ~

- Mãe, se o chegar pede pra ele esperar um pouco! - A menina berrou do quarto para a mãe escutar da cozinha. Ouviu a afirmação dela e voltou a dar os últimos retoques. Queria estar bonita pra jogar na cara de que ela era muito melhor que aquele protótipo de ser que ele costumava chamar de namorada. Ele veria quão monstra ela é e correria pros braços da melhor amiga e os dois seriam felizes para sempre. É, isso nunca aconteceria.
Se olhou no espelho, estava com cara de quem andou chorando. Sempre essa cara de mosca morta. Passou mais lápis e mais base. Sorriu pra ela mesma no espelho e fez poses para ver se estava bem o suficiente. Patética!
- Filha, o tá aqui!
- Já estou indo!
Que medo. Dali a alguns minutos olharia para os olhos de de novo. Deu um longo suspiro e se olhou no espelho novamente. Estava pronta.
Saiu do quarto, foi descendo as escadas lentamente, de modo que pudesse ouvir a conversa entre e sua mãe.
- Ela sempre demora séculos pra se arrumar e sempre sai a mais simples possível, não entendo minha filha. - Ela riu e a acompanhou.
- Deve estar tentando ficar mais bonita que o normal, se é que isso é possível. - viu a mãe olhar para o menino com doçura. Pronto, agora minha mãe ama o e vai me pedir todo santo dia para dar um genro daquele para ela.
- tem sorte em ter um namorado gentil como você. - Mãe, me responde uma coisa... VOCÊ É MONGOL OU FEZ UM CURSO? A menina reparou nas bochechas vermelhas de . Ele devia estar procurando o buraco mais próximo para enfiar a cara de tanta vergonha.
- Nós, err... Bem, não estamos... namorando.
- Não?! A tem problemas na cabeça então! - A garota se sentiu lisonjeada em meio a tantas palavras de afeto.
- Eu gosto muito da sua filha... - sorriu - Quem sabe um dia... - Já chega!
- Pronto, cá estou! - chegou ao pé da escada e mostrou um de seus melhores sorrisos. a olhava deslumbrado. Ela usava um vestido preto casual que vinha até metade da coxa da garota, com uma grande borboleta rosa desenhada no decote. Ela só usava vestidos em poucas ocasiões, quase nunca mostrava as pernas, por isso até sua mãe a olhava orgulhosa. - Qual era o assunto? - olhou cada centímetro do corpo dela, depois a olhou no fundo dos olhos.
- Não disse? - Ele perguntou, olhando para a mãe da menina.
- O quê?
- Ela queria ficar mais linda que o normal... e conseguiu! - corou imediatamente e a Sra. estava cada vez mais encantada com o menino.
- Tá, tá bom, . Obrigada. Podemos ir agora?
- Claro. - Ele ainda não tirava os olhos dela.
- Então vamos. Tchau, mãe! - Ela foi dar um beijo na mãe e se direcionou à porta.
- Bom, foi um prazer conhecer a senhora!
- Não me chame de senhora, querido. E o prazer foi meu em conhecer meu futuro genro! - Ela piscou para e o mesmo corou novamente. rolou os olhos. deu os típicos dois beijinhos na "futura sogra" e foi ao encontro de .

~ • ~

Caminhavam a pé até a sorveteria. suava frio, estava nervosa e ansiosa. O que falaria a ? Como o cumprimentaria? Será que suportaria ficar lá o tempo todo vendo ele e Nancy se agarrando? Será que ele decifrou o que ela disse mais cedo? Será que ele iria fazer um interrogatório sobre esse assunto? Ela roía as unhas freneticamente. percebeu.
- Você quer me contar o que te apavora? - Ele disse, colocando uma mecha do cabelo dela para trás da orelha, reparando que ela tinha um piercing escondido ali.
- Não é nada. - Ela mostrou seu melhor sorriso novamente. Falso, mas quem liga? - É só que a volta hoje e eu estou ansiosa!
- Ah, é? Já estava na hora mesmo. - Os dois sorriram. - Mas, vamos, eu sei que não é só isso.
- Acho que você me conhece mais do que deveria. - Ela riu. que costumava dizer isso sempre.
- Faço o possível, apesar de você não me deixar participar da sua vida da forma que eu quero...
- , por favor...
- Não, tudo bem. - Ele riu. - Vai, me conta. - Ela viu que ele não desistiria.
- É que... - Ela respirou fundo - Eu não quero ir, .
- Então... A gente pode voltar, não tem problema!
- Não! Não...
- Então?
- Eu não gosto da Nancy.
- Eu sei que não.
- Sabe? - Sei, todos sabem. E eu sei por quê.
- Como assim? - Era só o que faltava. O seu segredo está circulando por aí e ela nem se deu conta.
- Você tem medo dela machucar o , não é? , eu entendo que vocês são como irmãos, mas você não precisa ficar com raiva dela e nem com ciúmes. Eles se gostam de verdade, ela não está brincando com os sentimentos dele. - sorriu para ela e pegou a mão da menina. sabia que ele só dizia aquelas palavras para tentar animá-la, mas elas só conseguiram o contrário.

~ • ~

- Grande ! Oi, Nancy.
Eles haviam acabado de chegar e foi cumprimentar o casal que já estava lá. estava atrás dele e agora era ela quem estava procurando o buraco mais próximo para enfiar a cara.
- Grande ! - Os dois riram e se abraçaram. estremeceu ao ouvir aquela voz.
- Oi, . - Essa era Nancy. Depois de uma voz tão doce como a de , vinha essa voz tão... tão... Ah, tirem suas próprias conclusões.
olhou por trás dos ombros de e viu ali, sem saber o que fazer. Ela e estavam de mãos dadas, não sabia se ficava feliz ou triste por isso.
- Oi, . - Ele resolveu falar, já que, se dependesse dela, a garota passava direto e nem olhava pra cara dele. Ela o encarou assustada, seus pensamentos estavam tão atordoados que chegou até a esquecer que estava ali, na frente dele. Quando estava tomando ar para responder, ouviu 'aquela' voz.
- Oi, amiiiiiga! - Nancy, já disse que te odeio hoje?
- Oi, querida. Oi, . - Tentou ser o mais natural possível. se sentou, saindo da frente de . Agora seu corpo estava todo à mostra e esse era o foco principal dos olhos de . Nancy também olhou, afinal, não era sempre que se via de vestido, mas logo se sentou. ficou olhando paralisado por mais uns momentos. "As pernas mais bonitas que eu já vi", pensou. se sentou também.
- Senta aí, cara! Parece que viu defunto vesgo!
- Defunto vesgo? - finalmente acordou e se sentou.
- Você entendeu.
Eles começaram a conversar, era a que estava mais distante dali. Queria fugir, definitivamente. e Nancy estavam com as mãos entrelaçadas. Todas as vezes que via aquilo, apertava mais a mão de e as entrelaçou também. Ele, com certeza, era o mais feliz daquela mesa.
- Eu vou... Sei lá, no banheiro.
Eles concordaram e ela foi. Não, não foi para o banheiro. Saiu por uma outra porta e encontrou uma rua vazia e fria. Se sentou no meio fio e ali ficou, quase congelando.

~ • ~

- Vou lá pedir os sorvetes. - sabia que ela não tinha ido ao banheiro. E, adivinhem? Ele a seguiu.
Lá estava ela, onde ele imaginava. Se aproximou e colocou seu sobretudo nas costas dela.
- Oi. - Ela olhou para ele e logo olhou para frente de novo. Estava escrito na sua testa um 'era só o que faltava'.
- Oi. - Respondeu em tom distante. - Não preciso disso. - Ela apontou para o sobretudo e o puxou, mas a repreendeu.
- Você tá tremendo de frio.
- Não precisa, já disse.
- Precisa e eu quero que fique com você, que coisa!
- Tá estressada, nega? - Ela disse com desdém, olhando para frente e apoiando a cabeça na mão, que, por sua vez, se apoiava no joelho dela. Sim, ela estava de vestido e sua pose não era muito boa nessa situação, mas ela nem ligava mais. sorriu fraco com a pergunta. Ele sentia falta da de antigamente.
- O que está acontecendo? E, por favor, não mente pra mim! Por que você não quis atender meu telefonema?
- Eu estava no banho.
- Eu pedi pra você ligar de volta.
- Ah, a me ligou dizendo que estava voltando hoje e eu fiquei tão eufórica que esqueci de tudo. Depois, quando vi, já estava esperando o para vir pra cá. Desculpa.
- Você realmente acha que me engana?
- Ótimo, . Então me diz, o que você quer que eu fale?
- A verdade, por favor!
- Acabei de dizer, acredite se quiser!
- E eu não acredito! Eu te conheço mais do que você imagina, achei que você soubesse!
- Conhece mais do que deveria, agora muda o disco! - Os dois já gritavam, alterados e estavam de pé.
- Quer que eu mude? Então eu vou mudar, essa eu acho que eu nunca perguntei!
- Ótimo!
- O que você quis dizer com aquilo que me disse na porta da sua casa hoje cedo? - Pronto, era ali, seu fim. Ela abriu a boca, mas nenhum som saiu. Andou uns dois passos curtos para trás, estava aflita. Parou de encará-lo e fitou o chão.
- Ah, me deixa, .
- Não, agora eu quero uma resposta!
- Eu não quero te responder e não sou obrigada a isso!
- Eu preciso saber! Preciso saber o que você quis dizer, por que não fala direito comigo, por que está diferente, por que me evita! Deve ter sido alguma merda muito grande que eu fiz, porque puta que pariu, hein! Você me esconde as coisas, isso nunca aconteceu! Que porra que eu fiz?! - Ele estava visivelmente irritado e ela não agüentava mais ouvir. Como já sabemos, ela só lança bomba quando está irritada e resolve abrir a boca.
- Nasceu e fez eu me apaixonar por você, caralho! - Pronto. A bomba de Hiroshima destruiu tudo.
Ela falou aquilo encarando , mas dois segundo depois fitava os próprios pés. Que merda que eu falei?
- Você o quê? - A voz dele saiu dez vezes mais baixa e suave comparada à última vez que falou alguma coisa. Ele estava perplexo, totalmente.
- Esquece. - Ela se virou na intenção de entrar correndo na sorveteria de novo. Conseguiria fazê-lo se não sentisse as mãos de em seu braço a puxando para trás.
Ele, mil vezes mais forte que ela, a puxou com tanta força que seus corpos se tocaram. Aquele frio na espinha subiu e o rosto dela queimava. Ele encarava a menina, mas ela não conseguiu olhar nos olhos dele por muito tempo, qualquer coisa era menos deprimente.
- Olha pra mim.
- Não faz isso comigo... - Ela disse chorosa.
Ele segurou o queixo dela, fez com que ela olhasse para ele e, sim, a beijou. Você pode avaliar o que ela sentiu nessa hora, caro leitor? Não, nem eu posso. Foi uma mistura de todos os sentimentos, até os mais complexos que ela nunca pensou que existiam. Uma sensação que ela nunca imaginou vivenciar. Era bom e estranho ao mesmo tempo. Aliás, era maravilhoso e totalmente esquisito!
Eles partiram o beijo e ficaram se encarando. Nenhum dos dois sabia o que falar.
- Isso... - começou.
- Isso...?
- Foi... - mágico? - Foi um erro. - Se um caminhão passasse naquele momento e atropelasse ela agredeceria a todas as forças divinas.
- Foi mesmo. - Ele a olhou com uma cara estranha, como se mil perguntas passassem pela cabeça dele agora. - Você não vale nem uma lágrima do meu sofrimento. - Ela disse, tentando se manter a mais forte possível. Se virou e entrou, rezando e pedindo para que sua amiga estivesse ali para ajudá-la. Era só o que precisava. Passou pela porta, driblou algumas pessoas e chegou perto da mesa. acabara de chegar e estava mordendo a bochecha de nesse momento. Nota mental: rezar todos os dias em agradecimento.
- , vamos embora comigo, por favor. - segurou o braço da amiga.
- Mas, , eu acabei de chegar! - olhava como quem não entendia lhufas. reparou nos olhos cheios de lágrimas da amiga. Olhou em volta, não estava lá. Ou seja, eles estavam juntos e alguma coisa péssima aconteceu. O legal dessa amizade era que bastava um olhar para uma história de 100 capítulos ser entendida. - Tudo bem, vamos.
- Peraí! Já vão e nem vão se despedir?
- Desculpa, , é uma emergência. - tentava lutar contra as lágrimas que teimavam em aparecer em seus olhos. - A gente se fala depois, está bem? Tchau.
- Eii, eu também existo! - O que é uma pena! Nancy era a criatura mais irritante da face da Terra. - Tchau, né!
- Tchau e vá pra puta que te pariu. - resmungou de forma que só pudesse ouvir e saíram sápido dali.
Capítulo 4 - I'm gonna miss you like a child misses their blanket, but I've gotta get a move on with my life...
Já fora da sorveteria, não estava mais ligando se as lágrimas caiam ou não. As duas corriam, não sabendo exatamente para onde iam. Ela parou bruscamente e abraçou , estava totalmente sem forças.
- , por favor, se acalma e me diz o que o fez.
- Ele... ele... - Ela se debulhava em lágrimas e não conseguia formar uma frase concreta.
- Fala, ! - já estava nervosa. O estoque de água no corpo da amiga já devia estar de esgotando.
- Ele me beijou! - E ela chorou mais ainda. continuou a envolvendo em seus braços, mas não entendia nada. Não era isso que ela tanto queria?
- Mas... ... - Ela a interrompeu.
- A gente discutiu, eu falei tudo pra ele, tentei ir embora, ele me puxou, me beijou e depois disse que foi um erro! UM ERRO! O é um idiota!
- Eu já te falei isso milhões de vezes!
- 'Eu te falei' não vai melhorar minha situação agora.
- Por que você não ficou lá com o ?
- Eu não estava me sentindo bem lá dentro, disse que ia ao banheiro mas fui lá para fora. O me seguiu.
- Como se você não soubesse que ele faria isso...
- Que seja, na hora eu não pensei nisso, só queria sair dali. - Ela ainda chorava, mas agora um pouco mais calma.
Elas ficaram em silêncio andando pela rua. O frio era entorpecedor. tremia, nem ligava mais.
- Minha mãe amou o . - riu fraco.
- Eu imagino... Só falta você amar o .
- Bem que eu queria.
- Ai, dá uma chance pra ele, já disse que não vai ser tão ruim assim!
- Eu estou dando uma chance pra ele!
O celular de começou a tocar. Ela demorou a achá-lo dentro da bolsa. Olhou no visor, "".
- Falando no diabo... - falou e sorriu, apertando o botão verde do aparelho.
- Oi, .
- Oi, ... - Digamos que ele estava meio estranho. - Tudo bem?
- Err, não exatamente... E com você?
- Eu estou... normal. - Cadê o que sempre dizia que estava tudo ótimo?
- Bem, então... A que devo a honra?
- É que... bem, eu... Acabei de falar com o e... Tipo, depois que você saiu, ele apareceu e puxou a Nancy para ir embora também. Bem, eu, claro, sobrei. Mas isso não importa, eu fui pedir alguma explicação pra ele e... bem, ele me contou tudo e inventou uma desculpa qualquer pra Nancy depois. - Ah, que ótimo. Então o também sabe do meu segredo? Sem e sem , vou pra um convento!
- Ah, sim... Então, err... Você sabe o que está acontecendo... - Ela lançou um olhar significativo para e esta fez um cara estranha. botou no viva-voz.
- Sei. Bem, se for sobre você e o , o amor impossível, eu sei.
- É, isso mesmo. Desculpa, .
- Tudo bem, eu... - Merda, perdi um garoto maravilhoso. - Só queria que você soubesse que, se você precisar de alguém pra esquecer o idiota do , eu... eu to aqui. - Refaço a pergunta: Por que ele tinha que ser tão fofo? olhou para . Ela retribuiu o olhar com a cara típica de 'meu deus, onde você conseguiu um garoto desses?'
- Eu... não sei o que falar.
- Não precisa. - fez gestos frenéticos para .
- Fala que quer a ajuda dele, sua mula! - Ela sussurrou.
- Bom, depois a gente se fala então, né...
- !
- Eu. - Ele disse meio surpreso.
- Eu quero muito a sua ajuda. - Mais uma vez, ela pode pressentir o sorriso no rosto de .
- Fala mais, enche a bola dele! - vibrava ao lado dela.
- Cala a boca
- Mas eu nem falei nada!
- Não! Não era pra você !
- Ah, sim. - Ele riu. - Mas, olha, eu não quero que você se sinta forçada, se eu estiver te pressionando demais, eu... - Ela o interrompeu.
- Não! Eu preciso esquecer aquela coisa e você é a melhor pessoa pra me ajudar nisso. Eu quero você, . - Seu coração doía dizendo isso, mas era o melhor a fazer. sentia seu coração pedir espaço para saltar da boca dele.
- Eu também, !
- Ai, que lindo! - estava emocionada, que coisa fofa.
- Já mandei calar a boca!
- Dessa vez foi pra mim
- Não! Foi pra amiga retardada mesmo.
- Ah, entendo. Então, quando eu te vejo de novo?
- Agora! - gritou. lançou um olhar matador pra ela.
- Agora?
- Não pode desmentir, ele não sabe que eu to ouvindo... HAHA! - Ela sussurrou. Eu te soco daqui a pouco, pode esperar.
- É, agora... Passa lá em casa? Minha mãe não deve estar lá.
- Claro!
- OK, eu estou chegando aqui agora, te vejo daqui a pouco.
Eles de despediram e desligaram os telefones. estava na porta de casa.
- Eu só não te esgano agora porque você acabou de chegar e eu estava com saudades. - Elas se abraçaram.
- Eu também. E pode deixar que não vai ser ruim essa minha idéia, prometo. Agora deixa eu ir pra você ficar sozinha com o seu .
- Meu ? Você andou vendo filme de romance?
- Tchau, amiiiiiiga! - Ela disse saindo correndo. tinha certeza de que ela tinha alguns problemas naquela cabeça oca.

~ • ~

Filha, fui no mercado. Não tem nada aqui em casa. Devo chegar umas 23:00. Se chegar antes de mim, me liga.

Como imaginava, a mãe não estava lá. Não sabia que paixão era aquela que ela tinha de ir ao mercado à noite. Ficou vendo televisão na sala, eram nove horas ainda. Olhava para a TV, mas não via nada, na verdade. Ficava pensando no que acabara de acontecer. As coisas de agora em diante seriam tão diferentes... Mas, mesmo assim, ela se sentia livre. Tinha tirado um bom peso das costas, apesar de não ter terminado as coisas do modo que queria. Tinha e ao lado dela, já estava de bom tamanho. Falando nisso, acabou de tocar a campainha.
- Oi. - Os dois falaram juntos e coraram. Ela sentia que começava a fazer algum efeito nela. Só não sabia se estava começando a gostar dele ou se era pura gratidão por ele sempre ser tão perfeito com ela.
Os dois ficaram se encarando, não sabiam o que fazer. Ela suava e ele tremia. viu que teria que tomar a iniciativa. Num pulo, chegou mais perto de e o beijou.
Ficaram naquela situação por mais ou menos um minuto, ainda estavam na porta de casa. Sem cortar o beijo, foram caminhando para dentro, tropeçando em tudo que estava na frente. Em meio aos tropeços, parou na mesa da cozinha e a posicionou gentilmente, mas ao mesmo tempo ansiosamente, sobre ela, se encaixando entre as pernas da garota. Eles estavam ofegantes, não paravam para respirar, mas também não queriam parar. estava extasiado, suas mãos percorriam cada parte do corpo da menina e as mãos dela também não faziam diferente.
- Vamos para o meu quarto. - Ela sussurrou no ouvido dele e mordeu seu pescoço. Sentiu o perfume dele. Era bom, mas nem se comparava ao de .
Ele a pegou no colo, ainda se mantendo entre as pernas dela e subiram as escadas. Quando estavam quase no último degrau, a colocou no chão.
- Sabe, você é um pouco pesada. Não que isso seja algo ruim...
- Está me chamando de gorda, ? - Ela tentou fazer uma cara brava, mas logo começou a rir e ele também.
- Gorda não, gostosa. - Ele disse mordendo o pescoço dela e, pelo visto, resolveram ficar por ali mesmo. Qual o problema em fazer coisas obcenas numa escada?

~ • ~

catava suas roupas e as vestia enquanto fazia o mesmo. Ela terminava de se ajeitar e procurava incansavelmente sua blusa quando a campainha tocou.
- Só falta minha mãe ter resolvido voltar mais cedo!
- Cadê a porra da minha blusa?
foi correndo ver quem era na porta e, para sua surpresa, não era a mãe.
- Psiu! ! É o , pode procurar com calma.
Quando ia abrir a porta que se tocou do que acabara de falar. Não era uma coisa que se pudesse dizer apenas ", é o ". Naquela hora merecia um "Caralho, , é o ! O que eu faço?". Abriu a porta devagar.
- Oi.
- Oi. - Isso não foi um 'oi', foi só um ruído seco e sem expressão.
- Eu, err...
- Ah, porra, achei! - comemorou, embaixo da mesa da cozinha, interrompendo a fala de . se virou para ver o que estava acontecendo. Como a blusa foi parar ali?. Ela riu pensando no que tinha acabado de acontecer. saiu de lá, dando de cara com um com uma cara estranha. Eu também estaria no lugar dele.
- ?
- Acho que sou eu. E aí, ? - Aí que percebeu que estava com a camisa na mão e que estava toda descabelada.
- Vocês... Eu estou atrapalhando alguma coisa? - Ele falou rispidamente, parecia que estava com raiva.
- Não... Bem, agora não. - riu do que acabara de dizer. É, entendeu tudo.
- Você veio aqui para...? - Ela disse antes que pudesse contestar o que havia entendido da situação.
- Deixa, não quero atrapalhar qualquer coisa que possa acontecer a partir de agora.
- Pára de palhaçada, fala logo.
- Eu queria conversar, só isso!
- Fica aí, cara, eu já tava indo embora. - o olhou, incrédula. Sussurrou um 'traidor' para ele e o mesmo riu, completando - Vocês precisam se acertar. - Deu um beijo na testa de e deixou a casa com um aperto no coração. Sabia que poderia ter uma recaída por e era bem provável que o que aconteceu entre eles passasse despercebido pela vida dela. Mas, enfim, era o melhor a fazer agora.

~ • ~

Os dois se sentaram no sofá da sala, lado a lado. encarava a TV desligada e observava o tapete persa abaixo de seus pés.
- Então? - começou.
- Sua mãe tá lá em casa.
- Fazendo?
- Não quero estragar a surpresa. - Pra que ele disse 'surpresa'?
- Você quer me contar, senão não teria dito isso.
- Você me conhece mais do que deveria. - Ele riu. A frase já era clichê.
- Fazer o quê... Agora conta.
- Seu aniversário está chegando.
- AAAAAH, SÉRIO? Mentiiiiiira! - Ela falava alto, ironicamente. - Agora me conta uma novidade, por favor.
- Se você me deixasse terminar o raciocínio! Pois bem, já que seu aniversário tá quase aí, sua mãe tá pensando em deixar você fazer aquela viagem que tanto sonha...
- LOS ANGELES? ME DIZ, EU VOU PRA LOS ANGELES? - Ela olhava radiante para ele e o chacoalhava.
- É, , você vai.
- MEEEEEEU DEEEEEEEEEUS!! - Ela abraçou na mesma hora. Ele não sabia o que fazer. Ela nem ligava, nem lembrava de mais nada, ainda estava digerindo a idéia de ir pro lugar que ela sempre quis, não me pergunte por quê. - Isso é maravilhoso, divino, espetacular! Geeeeente, me pinta de preto porque eu to bege! [n/a: créditos especiais à Ana xD] - riu, ela parou de abraçá-lo e pôs as mãos na boca, como quem ainda não acreditava. - Mas, peraí. O que isso tem a ver com a minha mãe estar na sua casa?
- É que, para a viagem acontecer, tem uma condição.
- Ah, claro, estava bom demais para ser verdade.
- Não é uma condição tão ruim assim...
- Então fala logo, morango do nordeste!
- O que deu em você? Enfim, a condição é que sua mãe só vai deixar você ir se o 'morango do nordeste' for com você!
- Ah... É, não é tão ruim assim.
- Obrigado pela parte que me toca.
- Ah, você entendeu o que eu quis dizer!
Eles riram e o silêncio pairou novamente. Era tão horrível... Os dois sentiam falta do tempo em que esse silêncio constrangedor não existia, aquele tempo que, mesmo quando os dois passavam dias se vendo incansavelmente, tinham assunto de sobra para conversar.
- , sobre aquilo na sorveteria, eu - Ela não queria se lembrar.
- Esquece.
- Mas eu tenho que falar...
- Eu não quero ouvir, , respeita! - Ele ficou quieto e olhou para o tapete novamente. - Esquece tudo que eu falei, vamos fingir que nada aconteceu porque eu, definitivamente, não queria que nada daquilo tivesse acontecido. Pelo menos não daquele jeito.
- Mas é verdade?
- O quê?
- Aquilo tudo que você disse...
Confessar de novo. Será que uma humilhação em um dia não basta para ele?
- É verdade. Há muito tempo.
- Eu não sei o que eu posso falar.
- É melhor nem falar mesmo... Bem, tá tarde, vai embora, . Digo, sem querer ser grossa.
- Mas já sendo.
- Sério. Desculpa, mas é melhor você ir. Eu não quero ficar aqui olhando pra sua cara hoje.
- Imagine se quisesse ser grossa! - Ele disse se levantando e indo em direção à porta.
- Eu tenho os meus motivos. - Ela foi atrás dele.
Chegaram na porta, ela a abriu para ele. passou por ela e ficou do lado de fora. Parou e ficou observando a menina.
- Tchau, .
- Tchau.
E ela simplesmente sentiu os lábios dele contra os dela. Aquilo era demais para um dia só. Uma das mãos dele estava entrelaçada nos cabelos dela, enquanto a outra apertava a cintura de . Dessa vez não foi o que muitos chamariam de beijo - nenhum dos dois abriu a boca. Eles estavam com as bocas grudadas, nervosos e sentindo a presença um do outro. estava em transe, não sabia se recuava, se deixava, se o empurrava. Estava apenas imóvel.
Depois de um tempo daquele jeito, eles se soltaram. Ele estava ali, na frente dela, a olhando nos olhos. Quando ele se mostrou arrependido e olhou para o chão é que ela acordou.
- Isso foi um erro também, não é? - E ela fechou a porta na cara dele.
Ficou encarando a porta. Queria correr, mas não sabia pra onde. Queria gritar, mas ninguém ouviria.
- Errar é humano. - Ela ouviu dizendo baixo do outro lado da porta.
Ela deu um passo para frente e encostou a testa na porta, de olhos fechados.
- Persistir no erro é burrice. - Ela respondeu e um tempo depois ouviu os passos de se afastando.



Capítulo 5 - I hope you know, I hope you know...
No dia seguinte, foi chamada pela mãe para conversar. Claro, ela já imaginava o que era e se fez de desentendida. E, ah! Lembram da "paixão de ir ao mercado à noite"? Pois é. A casa de virou mercado. Entenderam? Para os leigos: a mãe dela estava visitando a mãe de por mais tempo e ela, ingenuamente, achava que a mãe estava no mercado.
Pois então. Quando Glória (a mãe dela, babe) contou sobre a condição, a menina fez drama. Tá, foi mais para a mãe realmente achar que ela não sabia de nada, mas... Viajar com agora? Logo agora? Sim, porque a viagem seria daqui a um mês, praticamente.
- Amiiiiga, vamos às compras! - Era ao telefone.
- Nossa, você lê pensamentos? Ia te ligar exatamente para isso!
- Você querendo fazer compras, ? Hum... O tá tão bem na fita assim pra te fazer mudar seus trapos?
- Não pense besteira, sua tonga. É que eu vou viajar para Los Angeles, ! LOOOOS ANGELEEEES. Tem noção?
- Tá, já entendi. Mas sua mãe nunca deixou!
- Pois bem, agora é meu aniversário de 18 anos e ela que tramou tudo! Ah, depois te conto algumas coisas com detalhes... E, ah, entre esses detalhes tem um super detalhe com o .
- Não me diga que...
- Cala boca! Eu vou te contar mais tarde, se arruma aí que a gente vai pro shopping.

~ • ~

- O QUÊ?! Você e o , vocês... MENTIIIIIIIIIIIIRA! - Ela gritava para todo o shopping escutar mesmo.
- Cala a boca, pamonha! Minha vida não é pública como a sua! Bem, não tanto.
- Geeente, esse mundo tá perdido... - olhou para com uma cara engraçada - Safadiiiinha.
- Já mandei calar a boca!
- Tá bom, mamãe. Mas só mais uma pergunta: O é bom?
- HAHAHAHA - Ela se pôs a rir efusivamente e não entendeu. - Isso é pergunta que se faça?
- A curiosidade é minha fiel companheira, o que eu posso fazer?
- Sim, ele é. Muito. Mas agora chega desse assunto, vamos entrar aqui e escolher alguma coisa.
- Ok, ok! - estava feliz pela amiga, muito feliz. Mas nunca imaginaria que aquilo acontecesse. Não tão cedo! Estavam cada uma em um provador, lado a lado. levara duas blusas lá para dentro; tinha 7 blusas, 4 calças e 2 saias.
- Ahm... ?
- Oi! - Ela gritou de dentro do provador com a voz abafada. Deveria estar experimentando uma das blusas.
- Foi na escada!
- AAAAAAAAAAAAHH! - Ela gritou e, bem, preciso comentar que duas atendentes foram na cabine perguntar se estava tudo bem?

~ • ~

- Há quanto tempo eu não tomo um sunday de chocolate cheeeio de cobertura? - Os olhos de brilhavam.
- Faço a mesma pergunta. A gente nasceu para ser gorda.
- Mas não somos!
- E eu amo meus pais por isso. Genes maravilhosos.
- Geeente.
- Que foi agora?
- A Nancy tá trabalhando agora? Melhor: a Nancy tá trabalhando como atendente de loja de sapato?!
se virou para onde apontava. É, lá estava ela arrumando uma sandália prateada torta que estava na vitrine da loja. Ela tinha uma expressão vaga no rosto, como se seus pensamentos estivessem longe dali. Terminou de ajeitar a sandália e ficou perambulando pela loja. Ninguém falava com ela e ela não falava com ninguém.
- A gente vai lá falar com ela?
- Claro que não. - disse com convicção.
Um homem entrou na loja, começou a falar com Nancy. As duas amigas observavam de longe, não sabiam por que a cena parecia ser tão interessante. De repente, o homem a beijou. Ela não negou e nem recuou no começo, mas depois o empurrou e brigou com ele, apontando com a cabeça para uma mulher que deveria ser uma superior dela.
estava perplexa. também, mas não tanto. não merecia aquilo, apesar de tudo. leu os lábios de Nancy quando ela disse "depois" para o homem. Ele concordou, deu um selinho rápido nela e saiu da loja.
- , você viu o que eu vi?
- Vi. E, vou te dizer, nem bege eu fico mais, já to transparente.
Elas continuaram olhando. Nancy permanecia com aquela expressão nula. Parecia nervosa, ansiosa, batia o pé no chão. Uma menina com o mesmo uniforme de Nancy a entregou uma sacola. Ela pegou e saiu da loja. e se esconderam para que ela não as visse lá. Nancy foi ao banheiro.
- O que ela foi fazer lá?
- Mas que pergunta! Ela foi ao banheiro, o que você acha? - não agüentava as perguntas sem noção da amiga.
- Sim, mas, e a sacola?
- Absorventes, ué. Nunca aconteceu com você? - A verdade era que não queria desconfiar de Nancy, queria que estivesse tudo certo. Apesar de estar feliz por ter visto aquilo e por ter mais algumas esperanças com , ela sabia que ele ficaria arrasado se soubesse e que ele realmente gostava de Nancy. Qual é o problema em levar uma sacola ao banheiro, afinal?
- Vamos para a porta do banheiro e lá esperamos ela sair.
- Pra que você quer vê-la saindo do banheiro, ?
- Vamos logo!
Elas foram. Lá ficaram por alguns minutos. Viram a mesma menina que entregou a sacola para Nancy entrar lá também. olhou para a amiga desconfiada.
- Não me olha com essa cara! Não é nada...
- Estamos aqui há 20 minutos, você não acha estranho ela não ter saído?
- Conhece dor de barriga? Ai, , pelo amor de Deus!
- Então vamos entrar.
- Você vai ficar investigando a Nancy e suas idas ao banheiro agora?
- Eu quero ir ao banheiro, não posso? - bufou e acompanhou a amiga.
O banheiro estava vazio. Que milagre. Lá no canto, encostada na parede, estava Nancy com a cara inchada de tanto chorar e a amiga da loja ao lado dela. Estavam em frente à pia e em cima da mesma se encontrava a tão misteriosa sacola. Nancy olhou as duas, arregalou os olhou e tentou se recompor, mas foi em vão.
- Meu Deus, Nancy, o que houve? - foi ao encontro da garota, se fingindo de preocupada, mas só queria saber o que tinha na sacola. Ela podia ser falsa quando queria.
- Nada, nada, ... É só... - Ela olhou para a garota da loja e a mesma deu de ombros - cólica. Forte, muito forte. "Não disse?", pensou e se aproximou.
- Ah, eu entendo bem disso. Mas você já tomou remédio? - Ela concordou - Então já vai passar. Lava o rosto... Refresca e melhora. - Ela fez "joinha" com a mão.
- É, é melhor mesmo. - Nancy se virou na intenção de realmente lavar o rosto, seu estado estava péssimo. "Por que elas tinham que aparecer logo agora?", era só o que pensava. Queria arrumar um jeito de tirá-las dali o mais rápido possível antes que... - Ai, merda! - Nancy esbarrou na sacola vazia que cobria algo. Um pote caiu e ficou lá, estatelado na pia. Ainda tinha mais um intacto.
Todas olharam para Nancy. Então era aquilo?
- Nancy, isso é... teste de gravidez? - e sua curiosidade.
- Bem...
- Claro que é, anta. - já estava de saco cheio. Já tinha agüentado o suficiente daquela puta por hoje. - E aí, amiga, deu positivo?
- É. - Ela disse, vagamente.
- Hum, que ótimo. - Ela deu uma risadinha e a olhou, incrédula. - E, por acaso, é do ?
"Como assim?", Nancy pensou, "Claro que é, idiota". Mas depois parou e refletiu melhor. "Ou será que ela viu?"
- Err... Claro, é óbvio, ele é meu namorado, !
- Nossa, calma, bicha! Ficou irritada por quê? Foi só uma pergunta, sem malícia...
- Já chega, , vamos embora.
- Vamos. - Ela disse com um sorrisinho sonso. - Tchau, Nancy!

~ • ~

se sentia em uma encruzilhada. Não sabia se contava ou não o que viu a . Queria mais é que ele soubesse mesmo, mas dizia que não deveria porque, assim, só se arriscaria mais a perder de vez o amigo. E não era isso que queria. Era melhor que ela ficasse na dela, em paz com tudo e todos. Era melhor só pensar em como seu aniversário seria perfeito, aproveitar cada momento daquela viagem que estava por vir e, se possível, aproveitar a presença de sem nenhuma Nancy para atrapalhar. Quando for a hora, ele vai saber.
Capítulo 6 – Yes, you can hold my hand if you want to, ‘cause I wanna hold yours too...
Chegou o dia, finalmente.
Que viagem seria aquela! Todos sabiam da obsessão dela por aquele lugar que estava indo. Nem ela sabia por que gostava tanto de lá sem nem ter respirado aqueles ares. Soava tão bonito: Los Angeles. Los Angeles, Los Angeles, Los Angeles...
- Oh, garota! Já estão chamando para o embarque! - Ela despertou dos pensamentos dispersos e sorriu. Era tudo verdade, ela estava mesmo indo!
- Ai, eu to tão nervosa! Tipo, passou tão... Tipo, rápido! Aí, tipo, eu pego o avião e, tipo, pá pum! Tipo, CHEGUEEEI. - Quando ela ficava nervosa, falava 347 "tipo" em uma simples frase. Aliás, não é uma frase porque não faz sentido. Enfim...
- Tá, agora vamos lá pro portão 13.
- Ai... Treze?
- É, . É supersticiosa agora?
- Ah, sei lá, né... Tipo, só pra garantir e...
- Vamos logo!
- Eita, quer me expulsar mesmo, né? Amiga da onça!
- Graaaauuurr! - E , de fato, imitou uma onça à la "Pequena Miss Sunshine"
preferiu não comentar a cena.

- Tchau, mãe. Te ligo assim que chegar, já sei.
- É, exatamente, não esquece! Lá é perigoso, você sabe, eu não vou sossegar até você me ligar!
- Eu já sei, mãe, pode deixar.
- , toma conta dela, pelo amor de Deus! - A mãe não ouvia o que falava. - Vou cuidar!
Nancy estava lá e pedia disfarçadamente e insistentemente para desistir enquanto havia tempo. Bem, achava que era porque ela sentiria muitas saudades. tinha certeza que era porque Nancy temia que ela contasse da gravidez para . Ou você acha que, nesse um mês que passou, ela contou algo para ele? Ah, qual é!
- , você não precisa ir... Não só por causa dela e uma vontade idiota!
- Nancy, é o aniversário dela, ela quer muito essa viagem há muito tempo e eu vou com ela! Pára com isso, os outros já estão percebendo.
- Você satisfaz todas as vontades dessa sua amiguinha aí, né... - Ela disse com desdém.
- Olha como fala, Nancy, ela é minha melhor amiga e sim, eu faço tudo que posso. E por você, que é minha namorada, também. Então pára com isso.
- Que seja. - Ela falou andando mais rápido, deixando para trás.
- Algum problema? - surgiu ao lado dele.
- A Nancy... Não está encarando isso da forma que eu queria.
- Com o tempo as coisas se resolvem. - E como se resolvem. A barriga dela vai aparecer daqui a uns meses e você vai ver o que te espera.
- Tomara. Eu não queria viajar e ficar mal com ela...
- Você não precisa ir se não quiser, você sabe disso.
- Não! Eu quero ir e vou. Eu estive em todos os seus aniversários e sou convocado para a viagem de 18 anos, você acha que eu perco essa? - Ele disse, rindo meio torto. Ainda estava pensando em Nancy. Essa filha da puta é a garota mais sortuda do mundo e não sabe!

Chegando no portão, começou o velório. Todos deixavam uma lágrima ou outra escapar, menos e Nancy. Bem, ela se fingia de triste e tentava persistentemente chorar. Não foi dessa vez, babe.
- Tchau, .
- Tchau, . - Eles se abraçaram. - Vou sentir sua falta...
- Quinze dias só, !
- Eu sinto saudades suas em um dia...
- Que lindo. - Ela pensou alto. No fundo, achava que não deveria falar isso. - Eu também vou sentir saudades.
- Se cuida. - Os dois se desvencilharam do abraço e beijou a bochecha dela.
- Você também. - Ela deu um selinho nele, que sorriu.

Não era uma viagem tão longa, mas qualquer viagem de avião é cansativa. Acomodaram-se nas poltronas de classe executiva, os dois estavam calados.
A aeromoça serviu-os com os mais variados requintes da classe executiva. O avião nem havia decolado ainda e já sentia um clima altamente pesado naquelas poltronas 5A e 5B, onde estavam os dois.
Retire o que eu disse. Daquele jeito, a viagem seria, sim, longa e interminável.

~ • ~

Todas as luzes apagadas. Bem, não todas, porque algumas pessoas mal-comidas ficavam com a luz do acento acesa para ler ou qualquer outra coisa que inventavam na hora. tinha vontade de jogar a revista "British Airlines" que estava à sua frente na cabeça de todos que estavam com aquelas malditas luzes acesas para ver se, assim, com dor de cabeça pela pancada, desligassem a luz e fossem dormir. Qual é, que hora SUPER apropriada para ler! Agora vocês exclamam: "Nossa, que menina estressada!". Ela e não trocaram uma palavra até agora. A aeromoça era irritante, perguntava de minuto em minuto se estava tudo bem e se queriam alguma coisa. Ela não tinha definitivamente nada pra fazer, já tinha lido e relido todas as revistas inúteis do avião e uma do Duty Free. Parece que o portão 13 não foi mesmo um bom presságio.
Tremor.
Tudo chacoalhando.
Ótimo, turbulência. Agora todos vão acordar, as luzes vão se acender, a aeromoça vai falar e nem dormir eu posso mais!
- Merda. - Era a primeira palavra que dizia. E, qual é, que bela primeira palavra!
- Que foi? - Ela dizia com desdém, porém ainda estressada.
- Odeio turbulência. - Ele tentava não mostrar, mas ela via que ele estava com um pouco de medo.
- Ah, é normal... Daqui a pouco pára.
- É...
E assim, simplesmente, parou. Ela olhou para ele e sorriu, tipo: "Não disse?". Ele sorriu também.
- Pensei que estivesse dormindo.
- Não consigo dormir em avião. - com medo de avião, quem diria.
- Eu consigo quando as pessoas colaboram...
Tremor mais forte. A mesinha da aeromoça até fugiu da mão dela, fazendo-a correr para buscá-la antes que machucasse alguém.
arregalou os olhos, com mais medo a cada segundo. percebeu.
- Ei, calma!
- Não consigo. - Era bonitinho ver ele ali, indefeso.
- Segura a minha mão. - Ele a olhou, não sabia se deveria, depois de tudo que aconteceu. - Dizem que ajuda. Se quiser, minha mão está aqui, disponível. - Ela sorriu e se virou para a janela.
Mais um solavanco. não pensou duas vezes e agarrou a mão dela. Ela permaneceu encarando o nada fora da janela e não pôde deixar de sorrir.

~ • ~

- Não agüento mais esse silêncio. - se pronunciou novamente. Engraçado que os dois ainda estavam de mãos dadas.
- Nem eu, mas... não sei o que dizer.
- Eu sinto sua falta.
- Eu também.
Os dois se olharam em silêncio. rapidamente a abraçou de forma serena. Ela era tão importante para ele que nem ela mesma imaginava.
- Vamos esquecer tudo, tá? A gente precisa voltar a ser como antes, eu não... - a calou. Você sabe como? Imagina? É, isso aí. Mais um "erro".
- Pára! Você não cansa de errar e me deixar pior não?
- Isso não foi um erro.
- Como não? Você tem uma namorada e é dela que você gosta, não de mim!
- Eu sei, mas... Eu não entendo meus sentimentos... Eu quero muito você agora. - E agora, caro leitor, eu volto a me comunicar com a sua pessoa. Você já sentiu isso? Esperar uma eternidade para ouvir uma coisa e, quando menos espera... Plaft! Lá está ele te dizendo tudo que você mais queria ouvir. Me diga, você sabe a sensação? Bem, deve imaginar...
Mesmo assim, ela aprendeu a lidar com os sentimentos dela e não se deixou levar.
- Não quer. Não fala besteira que você só acaba me machucando mais.
- Fica comigo? - Ele chegava cada vez mais perto dela, era muito bom e muito assustador.
- , por favor... - Ela tinha vontade de chorar. Sabia que depois da viagem tudo acabaria. Mas ele estava lá, pedindo para ficar com ela! O que é pior? Fazer e se arrepender ou não fazer e se martirizar pro resto da vida?
- Fica comigo... - Ele dizia ao pé do ouvido dela, passando uma das mãos pela cintura dela e beijando seu pescoço. Ela constatou que ele era um bom torturador.
Olha o que eu to fazendo... Ele quer trair a Nancy comigo! Mesmo que amanhã tudo termine, vou me sentir bem em ter dado o troco nela...
Ela se virou e encarou aqueles olhos que ela tanto amava. Ele se aproximou mais e encostou sua boca na dela, os dois ainda se encaravam como se quisessem transmitir algum pensamento por telepatia. Ela se afastou um pouco dele.
- Só me diz que depois você não vai me dizer que foi um erro de novo.
- É errado porque nós dois temos alguém pensando na gente lá em Londres. - Nós dois? Te garanto que a Nancy tem coisas mais importantes para resolver. - O diferente é que, dessa vez, eu quero errar. Você quer?
- Quero, fazer o quê?
Ele riu, entrelaçou uma das mãos no cabelo dela, colocou a outra em sua cintura e se aproximou, dessa vez a beijando de verdade. Digamos que com muita vontade. Aproveitavam que o avião estava escuro e a intensidade dos beijos aumentava, proporcionalmente aos toques. estava com as mãos por baixo da camisa de , que, por sua vez, estava com a mão na coxa dela - É, depois que ela reparou que "adorou" vê-la de vestido, passou a ser adepta às pernas de fora -, quase por baixo da saia.
- Puta merda! - Ele exclamou perto do ouvido dela, para não acordar ninguém.
- Que foi? - Ela estava ofegante.
- Essa divisória dos bancos deveria ser móvel! - Ela riu alto, mas logo tampou a boca - Vem, troca de lugar comigo.
- Por quê?
- Anda logo e não faz barulho.
- Nossa, me encanta sua gentileza. Já vou, mãe.
Eles trocaram de lugar. Agora estava na janela e no corredor.
- Fala mestre, para que tudo isso?
- Ainda não acabou. - Ele a beijou de novo - Vem aqui agora.
- Porra, decida-se! Esse senta e levanta tá me deixando tonta!
- Senta e levanta no meu colo que você vai ver que vai ser bem melhor. [n/a: eu escrevi isso? o.O]
- Tá maluco? Tá cheio de espectadores aqui!
- Tá tudo escuro, estão todos dormindo, não tem ninguém atrás de nós e o vôo nem tá cheio... Vem logo. - Ele puxou-a pelo braço.
- Tem sempre alguém olhando! Sem contar com as aeromoças!
- Se você for menos lerda dá tempo! - Ele a puxou mais forte e ela foi. Sentou-se em cima dele, de frente para ele.
Eles se beijavam de forma cada vez mais forte, ele mordia o lábio inferior dela e eles ficavam cada vez mais sem ar. Ela já tratava aquilo tudo com naturalidade e queria mais era aproveitar o momento. Se amanhã ele esqueceria aquilo, não seria agora que ela pararia para pensar nisso.
abriu o botão e o zíper da calça, mordia o pescoço dele. Com dificuldade pelo pouco espaço, ele demorou um tempo mais para achar um preservativo e colocá-lo.
Apesar de tudo estar acontecendo muito rápido para ninguém ver, ela tinha certeza que aquilo ficaria para sempre preso à memória dela. Ele também.

~ • ~

realmente esperava que, ao chegar ao aeroporto, ficaria estranho com ela novamente.
Para sua surpresa, foi tudo diferente. Eles andavam de mãos dadas até a esteira para pegar as malas. Ela se sentia tão bem, tão completa... Queria ficar daquele jeito para sempre.
- A sua já está passando! - saiu correndo para pegar a mala antes que ela desse a volta inteira na esteira. Ele conseguiu alcançá-la e ficou esperando ao lado dele a outra passar. Não demorou muito e lá estava ela.
- Que sorte, nunca peguei minhas malas tão rápido assim!
- Nem eu. - Ele riu. Colocou as duas malas num carrinho e o posicionou na frente dela. - Agora você leva.
- Cadê o seu cavalheirismo? Deixou em casa?
- Eu te ajudo, então. - Ele ficou atrás dela, envolvendo-a em seus braços, segurando o carrinho para empurrá-lo junto com ela. - Melhor assim? - Ele disse baixo no ouvido dela.
- Hum, bem mais agrádavel. - Ela riu e eles foram andando em direção à saída.

Pronto. Fora do aeroporto é que caiu a ficha. Los Angeles! Ela estava, finalmente, em Los Angeles!
- ! Eu estou em Los Angeles!
- Eu sei, esperta, eu também.
- Ai, você destrói toda a magia... - Os olhos dela brilhavam enquanto ela fitava cada canto das coisas que haviam na frente dela.
- Ok, desculpa. Podemos pegar um táxi agora?
Dentro do táxi, ela não podia deixar de pensar em como tudo estava sendo tão melhor do que ela esperava. Era só o começo, mas só aquilo já bastava. Realmente, era só o começo.
E tudo teria sido melhor se tivesse parado por ali.
Capítulo 7 - We'll be playmates and lovers and share our secret worlds...
- E agora?
- E agora o quê?
- Vamos fazer o quê?
- Ora, dormir!
- Você jura que veio aqui para dormir, ? - Os dois estavam sentados em uma das duas camas de solteiro daquele quarto 1302. O número 13 estava, realmente, perseguindo-a.
- Acabamos de chegar, , você não está cansada?
- Um pouco, mas... Não quero dormir.
- Esse hotel é enorme, deve ter alguma coisa pra fazer, não precisamos sair e encarar Los Angeles agora. - Ela abriu um sorriso enorme ao ouvir aquelas duas palavras mágicas.
- Ah, então a gente pode ficar por aqui mesmo... - Ele a lançou um olhar safado. - Sem malícias, . - Ela riu.
- Nem falei nada!
- E precisa? - Ele riu de uma forma extremamente fofa. Eles estavam sentados lado a lado. se aproximou, deu um beijo na bochecha dela, a envolveu em um semi-abraço, colocando um dos braços em volta dela, parando a mão na cintura de . Ela deitou a cabeça no ombro dele. Era tudo maravilhoso, tanto que às vezes ela parava pra pensar se tudo aquilo era realmente verdade. Se não era, com certeza era o melhor delírio de sua vida. Só seria mais perfeito se aquela fosse a lua-de-mel dos dois e se ele fosse totalmente dela.
- O que a gente faz então? - Ela quebrou o silêncio.
- Vamos jogar.
- Jogar? Quantos anos você tem, ?
- Te garanto que esse jogo não é apropriado para menores.
- O que você pretende? - Mil pensamentos pervertidos e não-citáveis passavam pala mente fértil dela.
- Nada do que você está pensando, safadinha.
- Devo dizer que você me conhece mais do que deveria ou você já decorou isso?
- Já decorei, mas a nossa "interna" você pode falar o quanto quiser. - Eles sorriram.
- Tá, agora fala, qual é o jogo?
- Ah, não... Precisamos de bebida.
- VOCÊ VAI ME EMBEBEDAR, ? E MINHA MÃE CONFIA EM VOCÊ, IMAGINA SE NÃO CONFIASSE!
- Sem escândalos, bicha! Mas, enfim, sem bebida o jogo não é legal. - Ele cruzou os braços e fez cara de emburrado.
- Own, bebê, não seja por isso. - Ela abriu o frigobar e lá estava uma garrafa de vodka.
- Woow, onde arranjou isso?
- Já estava aqui! - Por enquanto, o número 13 só havia lhe dado sorte. Ela pegou a garrafa e se sentou novamente ao lado de . - Então, pode dizer agora qual é o jogo?
- ‘Eu nunca’!
- Aah, ! Eu nem lembro mais como é! Se tem 3 anos que eu não brinco disso é pouco!
- Não seja por isso! - Ele riu - Eu falo que eu nunca fiz alguma coisa. Se você já fez, você bebe. Vai, é fácil, até o consegue!
- Tá, , você venceu.


~ • ~

- Eu nunca embebedei ninguém.
- MENTIRA! - deu um tapa no braço do garoto. Os dois estavam sentados no chão, não havia muita luz no quarto e metade da garrafa já havia sido tomada.
- Ok, então eu bebo. - Pausa para o super gole do bêbado - Sua vez.
- Eu nunca me apaixonei por nenhum professor. - olhou para ela e abaixou a cabeça. Bebeu mais um gole.
- Aaaaah, quem era a professora? - ria da cara dele.
- Mrs. Hooligans.
- De biologia? Ela era uma piranha!
- Acho que foi por isso mesmo. Ok, minha vez. - Ele parou para pensar - Eu nunca tive segredos.
- Ah, cala boca, todo mundo tem!
- Minha vida é um livro aberto! Ok, vou mudar um pouco: eu nunca escondi nada de você.
pensou. No passado, ela escondia que ele era a paixão da vida dela. Agora, ela esconde que a namorada dele está grávida de outro. Bem, ela acha que é de outro! Bebeu um grande gole e ficou encarando o chão.
- O quê? - Ele disse, soando meio triste.
- Se é segredo, é porque é melhor não contar.
- Se me envolve, eu preciso saber, concorda?
- Mas não é problema meu, eu descobri por acaso, não sou eu quem deve te contar!
- Você tá me deixando com medo. Fala logo.
- Não posso falar! E se você não acreditar em mim?
- Algum dia eu duvidei de você? Que idéia! - Ela estava confusa, queria contar... Mas não, ela nem deveria saber, na verdade. - Há quanto tempo?
- O quê?
- Há quanto tempo você me esconde isso?
- Um mês.
- Já está mais do que na hora, fala.
- A... a... E-eu não posso, , não insiste! - Ela ia se levantar, ele a puxou de volta.
- Eu vou acreditar em você! O que você me contar não vai sair daqui! Me conta, por favor... – Quer saber? Foda-se, é agora ou nunca!
- ANancytágrávida - Ela disse rápido, muito nervosa.
- Calma, fala de novo.
- A NANCY TÁ GRÁ-VI-DA. Ta aí, gostou? - Ela se levantou e foi sentar-se na cama, deixando-o em choque sentado no chão.
- Como... como assim?
- Porra, , foderam ela e um novo ser foi gerado! Você ficava prestando atenção na Mrs. Hooligans e não dava a mínima pra aula de biologia, só pode...
- ‘Foderam ela’? - É, , você é corno e não sabe. Que merda, falei demais.
- É... tipo, v-você, vocês e tal, tipo... Ah, você entendeu. - Mania do tipo e enrolação mode on.
- Ela não tá grávida, , que palhaçada.
- Ela está.
- Olha pra mim. - Ela o encarou, temerosa. - Não é porque você tem ciúmes dela que você tem que ficar inventando essas coisas e eu...
- VOCÊ DISSE QUE NÃO DUVIDARIA DE MIM!
- Mas isso é loucura, lou-cu-ra!
- Me diz, para que eu inventaria isso? Me dê um bom motivo!
- Você quer separar a gente...
- Ah, , vai se foder. - Ela não queria mais discussões, se virou e foi deitar-se em sua cama.
- , eu estou falando sério.
- Eu também, porra! É corno, não sabe e nem quer acreditar em mim! - Boca grande dos infernos!
- Me chamou de que?
- Ah, , boa noite, muitas felicidades e foda-se o resto. - Ela se deitou de bruços, afundando a cara no travesseiro.
- Agora você vai falar!
- Por que, vai me forçar? Ah, querido, me poupe! - Ela afundou a cara no travesseiro novamente. pulou na cama ao lado dela e a virou bruscamente, ficando por cima dela e segurando seus braços.
- Fala.
- Não. - Ele estava a centímetros de distância do rosto dela. Sabe quando o álcool começa a fazer efeito? Pois é, ela nem se lembrava mais do que ele pedia para ela falar.
- Não vai falar? Vai ficar aí, calada?
- Já disse que não vou falar.
- Então fica calada fazendo algo mais interessante. - É, eles se beijaram novamente. Daquele jeito que dá calafrios, daquela forma que é impossível parar.
Era pra entender? Eles acabaram de discutir, ele acabou de descobrir que a namorada está grávida e ela acabou de perceber que ele duvida dela, mas... Lá estam eles se agarrando na cama. Se agarrando definitivamente, porque depois de uns minutos estavam sem roupas e fazendo o que vocês com certeza estão imaginando agora.
Capítulo 8 - The smell of your skin lingers on me now...
Era tão bom acordar e vê-lo dormindo como um anjo na mesma cama que ela...
O cheiro dele estava no travesseiro, no cobertor, nas roupas dela, na pele dela.
Fazia parte dela.
Resolveu não acordá-lo, apesar de já passar de uma da tarde. Se levantou e foi ao banheiro. Ao se olhar no espelho, não se lembrava da última vez que a viu assim, tão viva, tão feliz.
Abriu o chuveiro e deixou a água quente escorrer. Era tudo maravilhoso, até o jeito com que a água batia no chão, fazendo pequenas gotas subirem e um pequeno arco-íris se formar em cada uma delas, devido à luz do sol que entrava pela micro-janela.
Depois de 20 minutos no banho, ela se secou, se enrolou na toalha e já ia saindo quando ouviu uma voz do lado de fora. Era .
Com quem ele falava? Estava falando sozinho?
- Por que você não me disse antes? - Foi o que ela ouviu assim que encostou a orelha na porta. - Por quê? Eu teria ficado do seu lado! - Uma pausa - Eu imagino como você deve ter ficado, mas eu tinha o direito de saber. - Mais uma pausa. É, ele estava com alguém no telefone. - Eu não posso, você sabe disso! Eu entendo, amor. Eu vou ver o que faço, vai ficar tudo bem! Eu te amo!
Filha da puta. É a Nancy.

~ • ~

- Falando sozinho, ? - Ela saiu com a toalha enrolada no corpo, colocaria uma roupa qualquer. A animação se foi depois da ligação da piranha. Ops, perdão, Nancy.
- Não falei nada!
- Não agora, há uns 5 minutos atrás... Eu ouvi sua voz lá do banheiro.
- Ouviu? - Ele disse apreensivo.
- É, ouvi... Não deveria?
- Não, err... não era, bem, não era nada demais. Ligação matinal, entende?
- Ah, sim. E quem era?
- . Ah, ele te mandou um beijo! - Sínico.
- Ah, é? Boa idéia, vou ligar pra ele!
- NÃO!
- Que susto, ! Por que não, cabra da peste?
- Não, ele... é que... Ah! Ele disse que voltaria a dormir, não seria legal se você o acordasse, e...
- Ah, sem problemas, o gosta quando eu acordo ele.
- Imagino em que situações ele gosta de ser acordado por você...
- Cala a boca, . - Ela pegou o celular da mão dele e se afastou um pouco. - Vamos procurar o na agenda... - Mentira, foi ver a última ligação. Há, Nancy. - Aqui está!
- Ele está dormindo, ... - estava nervoso. Suas pernas estavam inquietas e passava as mãos nos cabelos de 5 em 5 minutos.
- Já disse que não é um problema! Shiu, tá chamando. - não agüentou mais a tensão de chacoalhar as pernas e se deitou. Foi inútil, pois agora suas mãos é que estavam inquietas e batucavam algo na cama. - Oi, ! Te acordei?
- Oi, ! Bem, não, acordei há uns... - Ele parou um pouco, deve ter olhado a hora no relógio - 40 minutos.
- Ah, que ótimo! Porque o disse que você voltaria a dormir, mas eu fiquei com vontade de ligar. - Ela fitou . Ele estava quase se descabelando.
- Ele disse? Ele sabe a hora que eu acordo e volto a dormir, por acaso?
- Ué, você falou pra ele quando ligou, não f - arrancou o celular da mão dela - Eii! Devolve!
- Eu sei que vocês estão morrendo de saudades um do outro, mas depois vocês conversam...
- Que história é essa, ? Eu te liguei?
- Err - Ele olhou para - Ligou agora pouco, , já esqueceu?
- Por que você tá mentindo pra ela, cara? O que está acontecendo?
- Deixa eu falar com o , ! - chegava perto dele.
- Responde, ! - estava impaciente do outro lado da linha.
- , me passa o telefone AGORA.
estava literalmente confuso. Não falava nada, não tinha o que falar. Tinha um confuso, uma revoltada e uma Nancy grávida em seus pensamentos.
Nancy grávida. Era demais para um só.
- Chega! - gritou, desligando o telefone na cara de e saindo do quarto como um foguete.
se via perdida. Sabe a sensação de ter tudo e perder num piscar de olhos?
O número 13 começava a fazer efeito.

Capítulo 9 - Fairy tales don't always have a happy ending, do they?
- ... - A voz de saía embrulhada no choro dela. Estava chorando há mais ou menos uma hora, não conseguia parar.
- ?! O que houve?! - Já a voz de , apesar de sonolenta, soava preocupada. esquecera completamente do fuso-horário. Quem se importa agora?
- Está tudo dando errado... - E ela começava a chorar mais.
- , pelo amor de Deus, são 4 da manhã e eu estou a milhas de distância, não faz isso comigo. Fala, o que aconteceu?
- Desculpa, não deveria ter ligado, é que eu - a interrompeu.
- Lógico que deveria! Só me fala logo, porque me assustar você já conseguiu!
- mentiu pra mim e eu não sei por quê! Enquanto eu tomava banho ele falava ao telefone com a Nancy, quando perguntei quem era no telefone ele disse que era o , por que ele mentiu? - Ela falava tão rápido que não conseguia nem se manifestar. Ela contou a história toda sem nem parar para respirar.
- Calma, . Escuta, você levou seus remédios para dormir? - concordou - Pois então, tome um e deite. Você está nervosa, só vai piorar as coisas. Dorme um pouco e depois você se acerta com o .
- Ok, vou fazer isso... - Enquanto procurava os remédios, percebeu algo - A propósito, onde você está? Eu ligo pra sua casa e ninguém atende! E, bem, são quatro da manhã aí...
- Eu tive que viajar com urgência novamente. Meu pai piorou e dessa vez talvez eu tenha que ficar aqui por mais tempo.
- Ai meu Deus, você com seus problemas e eu te alugando por coisas tão... estúpidas.
- Não fala assim! Cada um sabe o problema que tem. E eu queria mesmo saber como você está, pena que não foi do jeito que eu esperava. Já tomou o remédio?
- Estou pegando água. Bem, vou desligar para você voltar a dormir e eu tentar pregar os olhos. Beijos, obrigada por tudo.
- Beijos, amiga. Se cuida e qualquer coisa liga.
Encerrou a ligação, mas viu que haviam duas ligações perdidas, as duas de e, pelo horário da ligação, foi na hora da 'discussão'. Deve ter ligado depois que desligou na cara dele. Resolveu retornar.
Ouviu o 'tuuuu' do telefone quinhentas vezes, estava prestes a desistir quando atendeu com uma voz totalmente estranha.
- Alô.
- Err... Oi, .
- Oi.
- Tudo bem?
- Normal. - Sempre que ele dizia isso tinha algo por trás. - E você?
- Na verdade não. - Os dois ficaram em silêncio por um tempo.
- Você não ligou para ouvir minha respiração, né? - era seco.
- Não, eu liguei porque tinha duas ligações perdidas aqui, então resolvi retornar.
- Ah, é que o palhaço aqui ficou preocupado com você depois da ligação que o desligou na minha cara.
- Palhaço? Por que isso agora, ?
- Por que eu sou palhaço? Pergunte pra você mesma.
- Não estou entendendo.
- Depois eu que sou lerdo. - Ele riu sarcasticamente - Palhaço, . É isso que você acha que eu sou, não é? É assim que você me trata, é assim que você me vê!
- Claro que não, ! De onde você tirou isso? Que besteira!
- , escuta bem o que eu vou te dizer porque não vou repetir: quando eu me ofereci para te ajudar a esquecer o , eu não quis dizer que estava disposto a ser o idiota da história! Então, antes de você virar uma puta completa, pensa bem qual vai ser o próximo cara pro qual você vai abrir as pernas, porque te garanto que NENHUM vai se importar com você como eu me importei. Cansei de ser só mais um fantasma que esteve na sua cama. Passar bem.
desligou na cara dela.

~ • ~

Quando acordou, levou um susto. Já era noite. Esse remédio tem um efeito exuberante.
Se levantou com a coluna toda dolorida, havia dormido de mau jeito. Foi aí que percebeu que ainda estava de toalha.
Sua cabeça rodava, por isso demorou um pouco mais para chegar até a ponta da cama para se preparar para levantar.
- Boa noite. - Ela pulou sentada de susto, se é que isso é possível. estava ali, sentado na beirada da cama dele a encarando e ela nem percebeu, até porque o quarto estava meio escuro.
- Se quiser me matar, avisa antes. - Ela disse se recompondo. Levantou e foi buscar uma roupa qualquer para vestir. Ele a seguiu e a abraçou por trás. - Pára com isso.
- Me desculpa? - Ele disse beijando o ombro dela, depois subindo para o pescoço.
- Isso não cola mais, . - Os arrepios eram maiores em cada beijo que ele dava.
- Por favor, eu preciso que você me desculpe. - Ele a virou rapidamente e a pressionou contra a parede. Ela quase deixou a toalha cair.
- Pára, . - Era como se "pára" fosse um "continua, por favor!" para ele. Ele beijou a bochecha dela e as mãos dele passeavam pelo corpo dela. - Pára com... isso... - Ela buscava forças para resistir, estava cada vez mais difícil. foi rápido e a beijou fortemente. Ela tentou recuar, socou o peito dele, tentou fugir dos braços dele, mas a força de e a vontade de beijá-lo eram maiores.
cortou o beijo e a olhou. Ela fez o mesmo.
- Me desculpa, por favor, me sinto horrível por isso... Fala que me perdoa. - fazia uma cara tão fofa que não tinha como ela não desculpar. Você já se apaixonou? Então sabe do que estou falando.
- Está perdoado... Eu só quero que as coisas voltem a dar certo nessa viagem. - Ela realmente achava que as coisas poderiam ficar normais agora. a odiava, mas estava ali com ela. Ou não. ficou encarando os olhos dela, mas logo desviou, olhando para o chão. - O que foi?
- A viagem acabou pra mim, .
- Como assim? - Ele poderia ler os pensamentos dela e poupá-la de expressar tamanha indignação que sentia. Mas agora não seria mais útil, os olhos da menina faziam questão de mostrar-lhe isso.
- Eu tenho que voltar.
- Você é maluco? Acabamos de chegar, não faz sentido voltarmos agora!
- Eu não disse que você precisa ir, só que...
- Você vai me deixar aqui sozinha, ?!
- , não grita, tenta me entender... Senta aqui. - Ele se sentou na cama e apontou para o espaço vazio ao seu lado. Ela foi, relutante. - Hoje de manhã eu menti pra você, era a Nancy no telefone.
- Agora me conte uma novidade. - Ela mostrou ironia, não conseguiria ficar séria e ter uma conversa adulta.
- Ok, a novidade é que ela está grávida. - começou a rir e ele não entendeu.
- Eu falei pra contar uma NOVIDADE, , no-vi-da-de, sabe, algo que eu ainda não saiba! EU JÁ ATÉ TE DISSE ISSO, IDIOTA! Você não quis acreditar em mim, lembra? Ah, sim, você devia estar bêbado demais para se lembrar agora, tão bêbado que me levou pra cama logo depois! - Ela se levantou completamente fora de si. Se passasse um esquilinho fofo na frente dela, não duvido que ela o agarrasse, arrancasse pêlo por pêlo, furasse os olhos dele e esquartejasse o pobre. Exorcizem essa garota. segurou o braço dela e se levantou também.
- Você sabia?
- VOCÊ É SURDO, MALUCO OU IMBECIL PRA NÃO ENTENDER? OS TRÊS, PRESUMO EU! - Ela gritava tanto que era capaz dos vizinhos nem precisarem de copos de vidro na parede para escutarem a discussão deles.
- Você... me disse? - estava perplexo. Como ela sabia? Ele foi o último a saber, então?
- Olha aqui, , minha paciência com você acabou. - Ela se levantou da cama e foi, finalmente, tentar achar uma roupa decente.
- , a gente tem que conversar! Você está sendo idiota e criança! - Ela parou bruscamente de andar, não estava conseguindo assimilar o que ele acabou de dizer. Aliás, ele disse mesmo aquilo? Não é possível.
- O quê? EU sou idiota? - Exorcizem-na de novo. Os olhos dela estão vermelhos e queria matá-lo com o olhar. - IDIOTA É VOCÊ POR ACREDITAR QUE ESSE FILHO É SEU! - Ela correu até a mala, pegou a primeira coisa que encontrou e se trancou no banheiro. Era demais pra uma cabeça só.

~ • ~

Estava tudo em silêncio. Ela estava sentada no chão do banheiro, com as costas encostadas na porta. Já havia se vestido, mas não conseguia sair dali. Não queria encarar . Ela tinha a sensação de que ele era uma coisa horrível, um demônio que ela não conseguiria enfrentar.
A solução era chorar. Deixar escapar entre o líquido que fugia dos olhos dela toda a tristeza que sentia. Essa tinha sido a única companhia dela nessas últimas horas.
Não sabia se ainda estava lá, o silêncio era assustador.
Era a hora. Ficar trancada no banheiro realmente não iria ajudar. Sem contar que a perna dela já estava dormente e os olhos ardiam de tanto chorar.
Ao sair de lá, viu que o quarto permanecia escuro. No começo não via nada, apertava os olhos para ver se conseguia enxergar algo. Só depois que se acostumou com a escuridão que pôde notar a presença de ali, sentado na beirada da cama, como já era costumeiro da parte dele.
- Podemos conversar como adultos agora? - Ele não olhou para ela, disse aquilo encarando o chão.
- Presta atenção, : eu não tenho nada com a sua vida, sei que você só me usou nesse tempo em que ficamos sozinhos aqui e...
- Eu não te usei! O que eu senti foi... real. Foi tudo real! Eu me senti bem com você do meu lado, mas...
- Não me interessa agora, deixe-me terminar! Como ia dizendo, eu também sei que você não acreditou em mim da primeira vez, mas agora eu IMPLORO para que você me escute, até porque, apesar de tudo, eu ainda te desejo uma vida agradável. Vou falar bem pausadamente para ver se você entende: esse-filho-não-é-seu. NÃO É SEU! Eu sei o que eu estou falando, eu vi! - Isso não é possível, olha o que você está falando! É maluquice, não me peça para acreditar!
- Então é isso, você está duvidando de mim pela segunda vez? E, bem, dessa vez eu acho que você não bebeu. Tudo bem, . QUANDO VOCÊ ESTIVER FODIDO NA RUA DA AMARGURA SUSTENTANDO UMA PENCA DE FILHOS QUE NÃO SÃO SEUS E QUANDO AQUELA VAGABUNDA TE LARGAR PRA VIVER COM O OUTRO, NÃO DIGA QUE EU NÃO AVISEI!
- PÁRA! PÁRA COM ESSA PALHAÇADA! EU SEI QUE VOCÊ MORRE DE CIÚME DA NANCY E QUE VOCÊ QUER QUE A GENTE SE SEPARE, MAS NADA JUSTIFICA O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO! - fez uma pausa e disse mais baixo. - E outra, quem é você para chamá-la de vagabunda? Não é ela que dá pra dois caras que são MELHORES AMIGOS, um em um dia e outro no dia seguinte! - Ah, era a gota d'água. Vá de foder,.
- QUEM EU PENSO QUE SOU? EU SOU UMA OTÁRIA, NÃO VAGABUNDA, JÁ QUE ISSO É ELA MESMO! HAHAHA, VOCÊ ACHA MESMO QUE ELA NÃO DÁ PRA DOIS CARAS, UM EM CADA DIA? EU TAMBÉM ACHO QUE NÃO, ELA DÁ PRA DOIS EM UM DIA SÓ! E VOCÊ, QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA ME CHAMAR DE VAGABUNDA? EU RESPONDO: É CORNO E BURRO!
A última coisa que viu/ouviu foi a porta batendo.
Dou 10 segundos para ele voltar.
1...
2...
3...
4...
Oi, . Antes do previsto.

- Eu só quero que você saiba que eu me sinto péssimo com tudo isso! Eu não queria perder nenhuma das duas, mas foi assim que você escolheu. Eu já falei, tudo que a gente passou aqui teve um significado concreto pra mim e eu não esperava ter que passar por isso que estamos passando agora, mas eu só...
- EU JÁ DISSE QUE NÃO ME INTERESSA!
- CALA A BOCA PORQUE EU VOU CONTINUAR, VOCÊ QUERENDO OU NÃO! E NÃO ME INTERROMPA PELA TERCEIRA VEZ! – Ela não falou nada e ele continuou – Foi tudo maravilhoso, de uma forma que eu nunca imaginei. Eu nunca pensei que pudesse me sentir tão bem tão próximo de você, mas eu tenho que voltar!
- Pela vagabunda da Nancy e o filho do outro cara!
- Porque é a Nancy que eu amo!

Capítulo 10 - You're probably on your flight back to your hometown...
Então, lá estava ela no pior dos momentos. Ele não estava mais lá há umas duas horas. Onde, então? Provavelmente em um avião qualquer de volta para os braços da mentira. No caso, da mentirosa.
Ela estava na mesma posição que se encontrava há duas horas atrás, quando ele partiu: naquela beirada da cama dele que tinha tantas histórias de amor para contar. Histórias de amor são as mais traiçoeiras que existem. Quem disse que um conto de fadas tem que ter um final feliz, afinal? Essa história tinha tudo para ser um conto de fadas. Imagine, um garota insegura com um amor platônico pelo melhor amigo que namora outra. Depois de muitas confusões, ele finalmente descobre que o destino dele é ela.
Ela e nada mais.

Por que, ?
Por que não podia ser desse jeito?
Por que, ?
Uns poucos dias bastaram para me viciar em você. É isso, estou viciada!
Por que, ?
Preciso de mais uma dose. Só mais uma. Volta, ...
Por que, ?
Essa é a pior pergunta, exatamente por ter a pior resposta...


Dessa vez, os 10 segundos para ele voltar não tinham funcionado.

Era mais fácil quando eu fugia de você.
Era melhor quando você vinha atrás de mim e eu ainda tinha esperanças de ser importante na sua vida.
Mas não. Eu deixei você tomar conta de mim, eu deixei você ficar no controle!
E agora não dá mais para recuperar. Você ainda está no comando.


Aquela cama não podia trazer outras lembranças que não fossem os beijos, abraços e carícias que, por um momento, ela acreditou que fossem reais, ou que, talvez um dia, pudessem se tornar concretos. Era apenas uma questão de tempo. Sentia falta de ar ao lembrar tudo que fizeram naquela cama.

Está vendo, ? Lembrar de você me dá falta de ar.
Lembrar de como era sentir você dentro de mim me dá falta de ar.
Eu preciso respirar.
Então volta e permaneça em mim para sempre.


Ela tinha um papel nas mãos. deixou em cima da mesa assim que saiu. Ela lia e relia todo o conteúdo. Isso que estava fazendo nessas duas horas sentada na cama.

Queria tanto te esquecer.
Posso pedir para que você me ensine, pelo menos?
Olha tudo que você fez comigo. Mesmo assim eu não deixo de gostar de você.
E, pior: acho que gosto ainda mais.
Eu já disse, você tomou o poder.
Como posso esquecer?
Não me diga que o tempo cura tudo.
Porque a ferida que me deixou não vai curar com ele.


Agora ela não lia mais, escrevia no verso da folha. O celular que estava ao lado dela não parava de tocar. Ela olhou para ele depois que o toque parou. Treze ligações perdidas.
Não tinha . Não tinha . Não tinha . O que ganhou com tudo isso? Um grande ódio ao número 13.
Voltou os olhos para a folha. Tinha algumas linhas escritas e várias gotas de lágrimas dela borrando o grafite das palavras ali presentes. Sua visão estava embaçada, não via quase nada a sua frente. Não queria ver. Ver o quê? Que ele foi embora?

Eu não consigo, .
Eu não consigo, meu vício.
Eu não vejo nada.
Mas não importa.
Eu só quero ver você!


Começou a rabiscar a folha. Fazia desenhos abstratos, digamos. Riscava com tanta força que a folha poderia rasgar a qualquer momento. Não sabia mais o que escrever. Escrevia para que, afinal?

Me devolva o controle.
Eu imploro.
Vê como é ridículo...
Nem consigo mais pensar!
Você não me deixa ficar concentrada.
Você me interrompe.
Eu penso em você, sonho acordada com você.
Me deixe pensar em outra coisa!
Me devolva o controle...


Olhava para os lados, não sabia mais o que fazer. Não era ela ali, não podia ser. Alguma coisa havia a possuído. Ela sabia muito bem o que era, conhecia mais do que deveria...

Você me domina.
E agora eu estou perdida, ponto para você.
Posso desistir? Pronto, você ganhou!
Você pode ganhar um prêmio e esse prêmio pode ser eu.
Mas não, você não quer ganhar tão fácil, não é?
Prefere ficar me assombrando, me torturando...
Por favor, me deixe em paz.


Não agüentou mais ficar na mesma posição e se deitou. Grande diferença. Voltou a ler o que escreveu na carta. Sentia-se uma fracassada. Ia ficar chorando por mais quanto tempo por alguém assim? Era um desperdício de água do corpo dela. Ele não merece. Ele não merece!

Eu ainda posso escutar você me dizendo que era tudo real.
Ainda posso sentir o sabor da felicidade quando você disse que me amava.
Mas eu sei que são vozes da minha cabeça.
E só isso.
Então, meu vício, eu tenho que seguir em frente.
Essas vozes não vão me fazer crescer, muito menos te esquecer.
Você não é pra mim.
Antes tarde do que nunca, vou desistir de você agora.
Sempre viciada em você.


Não queria escrever mais. Não tinha para quem enviar. Aliás, tinha: para a mesma pessoa que a enviou. Mas isso ela deixaria para fazer depois. Depois que saísse daquele hotel, depois que conhecesse Los Angeles, depois que conseguisse sorrir de novo.

Saiu do quarto, deixando em cima da cama a carta:

",

Eu sei que você deve me odiar agora. Eu juro para você que eu nunca quis dizer aquelas coisas que te fizeram chorar. Eu queria que tudo fosse diferente, eu queria muito te amar como você deve me amar. Por um momento eu pensei que o fizesse, mas não tenho certeza de nada. Eu ainda amo a Nancy e eu sei que não deveria escrever isso aqui, não em uma carta de despedida. Juro também que nada do que aconteceu foi em vão, eu realmente te amei. É, amei. O problema é que não sei se vou amar amanhã da mesma forma, então preferi fugir a te enganar. Adianta se eu pedir desculpas novamente? Por favor, eu não vou conseguir viver em paz sabendo que você me odeia. Bem, eu sei que você pode me perdoar e me odiar mesmo assim, mas... Enfim, não sei mais o que dizer. Eu me arrependo de todos os erros, juro que estava tentando acertar.
Eu te amo e vou amar pra sempre, pequena. Você é uma grande garota. Eu admiro você mais que todas as outras. Quem diria que uma garotinha do seu tamanho conseguiria ter a força que você tem? Ok, eu sei que não é o momento apropriado para brincadeiras.
Mas é verdade. É de grandes garotas como você que o mundo precisa. E que eu preciso também.
Espero que um dia você me perdoe por tudo e espero também que entenda meus motivos por ter te deixado aí.
Feliz aniversário, pequena.
Beijos,

."


No verso, o que ela escreveu:

É como se você fosse uma droga
Como um demônio que não consigo encarar
É como se estivesse presa
Como se corresse de você o tempo todo
E eu sei que eu deixei você tomar todo o poder
É como se a única companhia que eu procuro fosse tristeza por todos os cantos.

É como se você fosse uma sanguessuga
Sugando a vida de mim
É como se não conseguisse respirar
Sem você dentro de mim
E eu sei que deixei você tomar todo o poder
E eu percebi que não vou te esquecer com o passar do tempo.

É como se não conseguisse respirar
Como se não pudesse ver nada
Nada além de você
Estou viciada em você
É como se não conseguisse pensar
Sem você me interrompendo
Em meus pensamentos
Em meus sonhos
Você está me dominando
É como se não fosse eu
Como se não fosse eu...

É como se eu estivesse perdida
Como se estivesse desistindo devagar
É como se você fosse um fantasma me assombrando
Me deixe em paz
E eu sei que essas vozes em minha cabeça são só minhas
E eu sei que nunca vou mudar meu rumo
Se não desistir de você agora.

Estou viciada em você
Preciso de uma dose
Não agüento isso
Só mais uma dose
Prometo que posso lidar com isso
Vou agüentar
Acabe com isso
Só mais uma vez
Então está acabado
Só um pouco mais para eu superar isso...

É como se não conseguisse respirar
Como se não pudesse ver nada
Nada além de você
Estou viciada em você
É como se não conseguisse pensar
Sem você me interrompendo
Em meus pensamentos
Em meus sonhos
Você está me dominando
É como se não fosse eu
Como se não fosse eu...

(Addicted - Kelly Clarkson)


Ela iria comemorar o aniversário dela e nada a impediria disso.
E, sabe por quê?
Por que era uma grande garota, apesar de tudo.
Ela tinha o que muitos queriam, mas nunca alcançavam... Sabe, aquilo? Força, isso!
Quantas vezes uma pessoa deixou de querer levantar após muitas quedas?
Ela não.

Ela seria feliz, de uma forma ou de outra. Com ele ou sem ele.
Chorar não dava mais.
E, novamente, sabe por quê?
Chegou a hora de ser uma grande garota...
E grandes garotas não choram.



FIM!

(?)


Nota Final:

Eu queria dizer que eu estou emocionada.
Odeio quando as coisas acabam, cara :/
Mas enfim, aqui termina Big Girls Don’t Cry. Eu espero DE VERDADE que eu não tenha decepcionado ninguém com o final. Claro, não posso agradar a todos, mas eu não fiz essa fic na intenção de ser uma coisa meiga e com uma reviravolta intensa no final. Era assim que eu queria que ela ficasse.
Outro dia me disseram que todas as minhas fics têm um ensinamento. Eu fiquei feliz e quis dizer isso aqui, com licença :)

SIM, eu estou escrevendo a parte dois dessa fiction, mas não sei se vou colocar aqui. Não, eu não estou dando crise de oi-eu-sou-pop-peçam-segunda-parte. A questão é que eu realmente não estou gostando do andamento dela. Se mais pra frente eu achar que vale a pena e que eu não vou estragar essa aqui, eu mando pra cá.

EU QUERIA MUITO AGRADECER:
A todos que comentaram, eu sempre li todos os recados com muito carinho e vocês são lindas, um beijo na testa de cada uma;
Claro, a quem votou na BGDC pra ser fic do mês;
Minha beta querida renatinha batatinha eeee a clarinha, porque eu só coloquei essa fic aqui por motivação dela;
Eu não queria citar nomes, mas eu tenho que colocar seu nome aqui, Roxy! Eu só atualizava essa fic por culpa dela! Hahaha, obrigada, Poynter. A Dani também, me incentivou a postar outras e foi super paciente me ensinando script (eu não vou esquecer isso!) haha, obrigada, Poynter2;
Dougie Poynter, obrigada por ser você;
McFLY, obrigada pela inspiração de todos os dias (y)

Nota enorme, mas eu tive que fazer isso.
Beijos!

alê.

Orkut: http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=2085540632052473330
MSN: ale.whisper@hotmail.com
Myspace: http://www.myspace.com/faaint


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