Desabafos de Uma Adolescente

Quando um corpo escreve algo, o papel se torna a sua alma

Escrito e Scriptado por: Rita
Betado por: Bia

Estou farta disso tudo. Estou mesmo! Preciso de escrever isso, não aguento mais isto que está dentro de mim.
Eu acho que estou tendo uma crise de adolescente, mas todo nós temos direito a isso, certo?
O nome disso tudo? , .

Tudo começou no início do ano. Eu entrei num novo colégio, novo ano, e novas pessoas. Mas a verdade é que eu conhecia montes de pessoas lá, pessoas vizinhas, amigas de atividades, campos de férias da cidade... Tudo se encontrava na St. James High School.
Aquele colégio era demasiado conhecido. Haviam outros nos arredores da cidade mas naquela provinciazinha onde eu vivo, essa instituição é o mundo.
Depois de duas semanas de conhecer pessoas e tudo mais, me habituar aos horários trocados, às salas, aos horários de comida e aos intervalos, eu tinha de ter outra “distração” nesse ano. E um dia eu conheci o .

Eu tava saindo de uma aula normal quando um aluno passa na minha frente e desce as escadas apressado. Eu não tive tempo de ver o rosto dele mas ele estava com uma camiseta laranja, jeans à ¾ e DC shoes. Eu fiquei maravilhada com aquilo. Ele tinha uma certa pinta, o cabelo estava despenteado e, vamos ser sinceras, ele era bem constituído, nada estava fora do sítio.
Dois dias depois eu o encontrei de novo e vi o rosto dele. Eu não consegui dizer nada mas ele não era tão bonito assim. Há caras bem mais bonitos e mais velhos que ele, mas aquele sujeito não ia desaparecer assim da minha mente do dia para a noite.
Durante semanas, eu tentava descobrir tudo o que eu podia sobre ele, horários, salas onde tinha aulas, amigos, pessoas que ele conhecia, gostos musicais, tipo de conversas, roupas, cores favoritas, TUDO mesmo!
Um dia, eu descobri que ele conhecia desde bebé um dos meus melhores amigos, . Fiquei completamente chocada, mas também contente. Como é que aquele sujeito poderia estar tão perto de mim e nós nem nos conhecermos?
Dias depois, eu o vi cumprimentar umas das pessoas com quem me dou melhor: o . Eu comecei a desconfiar demais daquilo, mas ficava cada vez mais alegre, por momentos, pensei que ele apenas se tava dando com os meus amigos para se poder aproximar de mim. Ah, e já para não falar que ele tinha jogado basquete com o ex-namorado da minha melhor amiga, , e que eles sim se conheciam.
Os dias iam passando e eu descobri o horário dele. Não, não era compatível com o meu. O meu horário era de tarde, enquanto que o dele era de manhã, apenas nos cruzávamos 5 minutos diários, e às vezes, nem o via.

14 semanas inteiras se passaram e eu andava numa total angústia. Nós trocávamos olhares um com o outro, depois ele me ignorava, eu decidia que não iria olhar nunca mais mas depois as minhas fraquezas voltavam. Depois eu não olhava e ele também não e eu ficava bem puta da vida por isso. Também não gostava de o ver rodeado de garotas, como quase sempre ele estava. Tá, ele é bonitinho, mas há caras BEM melhores! Ele não tem nada de especial mas algo nele, algo SÓ dele, me fazia sonhar dia após dia, na esperança de ele um dia notar em mim e na minha pessoa.

Eu tentei de tudo sabe?

Eu comecei a falar com o literalmente todos os dias, a ver se ele se metia na conversa, eu dava montes de voltas ao colégio para ver se o via passar.

E se eu desistisse? Eu não conseguia.

Durante semanas, o meu fim-de-semana era passado sem ele, e isso me fazia bem. Mas eu chegava a segunda-feira e tudo voltava à mesma rotina de olhares, de ficar nervosa com o coração a bater que nem um tambor, de eu ter de controlar minha respiração descontrolada, de ver se conseguia me equilibrar com as minhas pernas bambas. Fiquei tão “interessada” nele que até apanhei uma falta em Inglês.
Eu estava no campo de futebol e ele também. Eu tava tentando fazer com que ele notasse em mim e então bate o primeiro sinal. Alguns alunos começam a dirigir-se às suas salas mas eu insisti a ficar lá. Minhas amigas só me chateavam mas eu esperei pelo segundo sinal. Quando cheguei à sala, já passavam 5 minutos desde que a aula tinha começado. A professora, que diz que quando bate o segundo toque temos imediatamente falta se não tivermos presentes, brincou com a situação e disse que eu tinha falta. Eu não me importei, mas acredite, eu a xinguei mentalmente tanto quando recebi as notas no final do período...

Mesmo depois de ouvir conversas e de ele mostrar ser um idiota quando zoou com a (nesse momento, eu queria matá-lo, eu queria, mesmo que ele fosse queimado ou atropelado, mas eu nem conseguia bater nele. Eu ainda admiro ela por querer bater nele, pois foi uma coisa que o meu estúpido coração nunca conseguiu fazer, apesar de a minha cabeça lhe dar ordens específicas!) ...esse jogo do cola-não-cola, olha-não-olha durou demasiado tempo. Eu tinha sempre um jeito de o conhecer mas não queria.
O é um cara que não se toca quando apresenta um garoto para uma garota. Acha logo que eles vão dar em casal e eu não quero dar nas vistas.
O ex da nunca falou sobre o conhecer ou não, mas a verdade é que eles se conhecem. Já o ... Quando o estava a passar pela minha frente e dele, ele disse que conhecia o garoto, mas a me contou que ele não gostou muito dele.
Eu sei que o é um garoto diferente dos outros e eu tenho a perfeita noção que não é qualquer pessoa que se dá bem com ele, mas eu ficaria triste se um dos meus melhores amigos não aceitasse o meu namoro com um cara qualquer.
As férias do Natal chegaram e a minha milésima decisão tinha de ser tomada.
Eu queria tomá-la e quase que a tomei: eu ia esquecer o . Eu tinha de o fazer, aquilo não era saudável para mim.
Eu vivia num sonho do qual nunca iria acordar. Eu tava vivendo uma ilusão. Eu tava na ânsia de o conhecer e nada. Nada se passava entre nós, nada passava daqueles olhares que poderiam significar tudo, como podia ser olhares-de-garoto-que-não-tem-mais-nada-para-fazer-então-olha-de-vez-em-quando.

O Natal veio e o Ano Novo também. Todo o espírito de “Ano Novo, Vida Nova” rodava na minha casa e no colégio, todas as pessoas tomavam decisões para o princípio do ano. Pessoas que se gostavam decidiam que iam namorar, namorados se reconciliavam, namoradas diziam que iriam melhor a sua relação, garotas que iam finalmente esquecer seu ex-namorados, garotos que iam revelar o seu segredo para as pessoas amadas mesmo que levassem uma tampa. E os meus amigos? O único objectivo deles era deixarem aquele colégio.
queria estudar outra coisa, noutro lugar, estava farto daquele ambiente e a , sendo uma pessoa sensível, tava farta de todos zoarem com ela ou de não conseguir ser ela própria, num colégio em que todos se tem de vestir igual, ouvir a mesma música, andar aos amassos com garotos/garotas todo o ano, sem qualquer tipo de compromisso, casais que ao primeiro dia, dizem que se “Amam para todo o sempre”, conhecendo há apenas duas semanas e que, INFELIZMENTE, a diferença era excluída, e não premiada por ser diferente de tudo.

Eu queria tomar essa decisão. Por que eu estava interessada nele? Minha melhor amiga era zoada por ele, o meu amigo estranho o conhecia mas não gostava nada dele, o meu amigo e também companheiro dele era apenas alguém com quem ele ia para casa... Por que razões eu tinha de “gostar” dele? Eu era apenas a única pessoa que fazia um esforço para ver o bom dele; eu era a única pessoa que o odiava mas que me preocupava com ele, que me sentia estranha quando ele estava com cara séria durante horas. Eu era verdadeiramente a única garota que não o adicionava no orkut só porque ele era gostoso (observação: ele tem apenas algo desconhecido que o torna assim... bonito!). Eu queria algo mais. Eu não queria apenas falar com ele, dar uns amassos e nunca mais nos falarmos.
Eu queria conhece-lo, algo me dizia por dentro que ele não é a pessoa que aparentava ser, que havia outro dentro dele que se libertava num outro mundo, e eu era a única pessoa que estava interessada nesse mundo.

Mas isso doía demais. Eu não podia continuar assim, eu tenho outros amigos rapazes e tenho outros garotos com quem me dou bem e eu sempre colocava travão neles. Por quê? Porque eu tinha reservado o meu coração para esse tal de .
Eu me decidi então, por mais que o meu coração não quisesse obedecer, aqueles olhares iam parar. Eu ia seguir a minha vida, falar com o se quisesse, apoiar a minha amiga sensível e falar com aquele que eu me habituei a gostar. Eles eram mais importantes que ele, um simples garoto que, na minha cabeça, eu de fato conhecia.

O que aconteceu depois das 12 badaladas do dia 31 de Dezembro? As aulas retomaram dia 3. E tudo voltou a acontecer. Eu resisti por duas vezes mas há algum imã nele que me atrai e eu olhei...

Faz hoje uma semana desde que as aulas começaram de novo. E eu quero desistir. Eu quero largar esta doença. Você pode dar uma solução... Falar com ele, dizer que sinto algo por ele, e levar a maior tampa da minha vida... Mas não resulta. Dizer para mim mesma que não tenho hipóteses é a mesma coisa que ele dizer na minha cara “NÃO!”. E quantas vezes eu já fiz isso?? E quantas vezes eu faltei à minha promessa?

Caro leitor, essa é a minha doença. Ele é algo contagioso e algo que eu nunca senti. Eu não quero que ninguém ocupe o lugar do meu coração que está especialmente guardado para ele. Ele quase que é uma droga para mim. Eu podia trocar a cocaína por chocolate, criar outra droga mais saudável mas eu iria sentir falta da cocaína e iria cair nessa rede de novo. Eu tentei largar essa droga, mas eu sempre volto para ela. Eu não consigo dar esse lugar dele para outra pessoa, ou seja, eu não quero, nem posso, nem desejo me apaixonar por outra pessoa, ou sentir esse interesse. Esse meu coração está silencioso e secretamente guardado só para ele, para algum dia ele o vir buscar e dar-lhe todo o amor que ele necessita. Se ele se quebrar depois, não tem problema porque ele guardaria alguns bons momentos.

Mas esses momentos apenas vivem na minha cabeça, em mais nenhum lugar. E apesar de eu ter coragem para falar com ele, olhar para ele, deixar minha alma ir aos meus olhos para ele poder ver tudo de mim, eu sofro em silêncio. E não sei até quando...

You still my bad habit, and I’m still an addict, there’s no two ways about it, I just can’t let you go
(Você continua a ser o meu mau hábito, e eu continuo sendo uma viciada, não tem outra maneira de resolver isso, eu simplesmente não consigo deixar você ir)


FIM

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A minha primeira fic dramática. Eu precisava mesmo de escrever uma fic assim... Isso é mesmo um desabafo...
Espero que gostem e já agora, leia a minha outra GRANDE fic:
Brincadeiras de Ódio
Para ler as outras partes vá em Outros - Finalizadas - Letra B.

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