É só se permitir III
escrito por: Duh e Becki
beta-reader: Alê




O despertador tocava há 5 minutos e não conseguia se mexer. Finalmente conseguiu abrir os olhos e viu que já estava 10 minutos atrasada para o trabalho. Com certeza chegaria e encontraria todos a fuzilando com o olhar, principalmente o Sr. Chelsen. Bom, pelo menos Nick estaria lá para defendê-la de qualquer acusação.
- MERDAA!

Ela saiu correndo da cama, tomou um banho rápido, pegou a pasta com o folder e dirigiu ate a agência. Quando estacionou o carro e ouviu um ronco do seu estômago percebeu que não tinha comido nada.
Subiu o elevador espremida com mais três pessoas, sim, só tinham três pessoas no elevador, mas uma delas era o gordo asqueroso do Ben, que até uma mosquinha se sentiria abafada perto dele. Enfim, a porta se abriu e ela falou simpática com todos que encontrava enquanto corria até a sala de reuniões. Mas antes, pediu para a nova secretária comprar um café da Starbucks e cookies. Ela corria perigo de desmaiar se não fosse abastecida com glicose e cafeína.
Entrou na sua sala só pra pegar seu crachá - ninguém usava o crachá a não ser que a reunião fosse com o chefe - e se dirigiu pra sala de reuniões. "Me lembrar de quando estiver atrasada nunca usar salto". Abriu a grande porta de vidro e entrou no cômodo onde tinha uma grande mesa redonda e muitas pessoas em volta. Quando ela apareceu, todos olharam pra ela e pararam o que parecia ser o discurso do Sr. Chelsen. "OK! Ele vai me matar. Cadê o Nick...?".
-A senhora está atrasada! - O gordo careca, que parecia ter menos cabelo ainda do que no dia anterior, voltou a falar quando ela arranjou um lugar na mesa entre Mel e Karl.
-Desculpe, Sr. Chelsen, isso não vai mais acontecer.
Mel cochichou no seu ouvido quando ela já tinha se ajeitado.
-A noite foi boa hein?O Nick também chegou atrasado!
-Se você acha que tentar extrair idéias até três da manhã é uma noite boa, por favor, troque de vida comigo.
-Também passei a noite tentando encontrar algo que prestasse na minha linda mente, mas não deu muito certo.
-, mostre sua idéia para a nova campanha de estofado e seja rápida porque ainda precisamos decidir outras pendências.
Ela se levantou e foi em direção ao painel, "Quem é que consegue fazer marketing para uma empresa de estofados? Isso é cruel".
apresentou, pra logo receber um grande não do Sr. Chelsen e ouvi-lo dizer que a Tori tinha sido muito mais criativa. Todos sabiam que a vaca estava dando para o chefão e em tudo agora ela era "melhor" pra ele.

Xx~~

estava na sala comendo as últimas migalhas do seu cookie quando bateram na sala dela.
-Entra!
Um homem alto, moreno e olhos escuros entrou na sala e olhou bem pro rosto dela.
-, acho que... - Ele se aproximou mais -...Você ta com olheira.
Ela ia se desesperar quando percebeu o divertimento no rosto dele.
-Não se brinca com olheira, Nicholas!
Ele a beijou e se sentou na quina da mesa.
-Você sempre cai nessa de que está com olheiras, mas não vim falar do seu belo rosto. Vim ver como você esta depois do fora de Charles.
-To ótima!Só me matei pra fazer isso enquanto a Tori só se diverte com ele e ganha tudo. Sabe... - ela disse tomando o último gole do café - Eu sou muito melhor que ela e to cansada de ser tão ética.Talvez eu tente essa tática. O Sr. Chelsen não é tããooo feio assim.
-Ah, você vai conseguir encarar aquele velho sem cabelo enquanto pode se aproveitar com o "gostosão" aqui? - Ele apontou pra si mesmo e fez cara de sexy.
-Posso me aproveitar, né? - Ela se levantou da cadeira e agarrou o namorado como faziam desde que ela foi promovida e ganhou uma sala só pra ela.

Xx~~

Quando chegou em casa ligou a secretária eletrônica e viu que tinha dois recados. Apertou o botão e enquanto ouvia tomava uma água.

"Olhe, , é Kate. Vou passar o final de semana ai com você porque to sem dinheiro pra pagar um hotel, então se finja de boa irmã e prepare comidas gostosas pra mim porque a comida da faculdade é um cu. Beijo".

riu sozinha. Kate adorava um drama. Desde que estava morando no campus da Universidade de Oxford, há dois anos, nunca tinha ficado em um hotel em Londres. Geralmente passava o final de semana na casa da irmã, que era a mesma desde que saíram de Surrey, só havia pintado umas paredes e mudado alguns móveis.
Apertou de novo o botão pra ouvir a segunda mensagem.

", você não sabe da novidade" - Era , ela nunca se identificava - " e Chloe vão se casar!!!Não é fofo? Eu to meio pirada com ele porque eu deveria casar primeiro já que eu namoro o há 4 anos e o só há 3 e pouquinho. Mas mesmo assim to bem feliz. Mas sim...Vão fazer uma festa em comemoração esse final de semana e você vai largar seu namorado por 2 segundos e vai. Nem lembro mais se você é ruiva ou loira! Preciso te contar muitas novidades, inclusive de !Beijo!"

Ela ouviu a última mensagem e quase engasgou com a água. ia casar? Nossa! Tinha que dar os parabéns. Pensou em ligar pra pra saber das fofocas. Era tentador. Mas seu cansaço falou mais alto e ela só fez tomar banho e ir dormir.

Xx~~

Havia se passado três anos desde que se mudou pra NY e foi trabalhar como fisioterapeuta na ala infantil para deficientes físicos do NYH (New York Hospital). Muita coisa havia acontecido. e se falavam toda semana no começo, mas logo as coisas foram esfriando, e só tinham notícias um do outro por , e , que viam sempre que faziam alguma festa.
Aquele um ano que estava no contrato se multiplicou por três, fazia um excelente trabalho no hospital e amava aquilo, tinha se apegado a muitos pacientes. Sempre que havia oportunidade ele ia para Londres ver a família, mas todas as vezes não encontrava , ou ela estava viajando ou fazendo algo muito importante. No começo até ligava pra ela avisando que estaria lá, mas deixou de fazer isso quando percebeu que não adiantava. Então, quando ofereceram aumentar o tempo no contrato, ele não viu razão para recusar. Logo depois, encontrou sua ex-namorada Jill e engataram o romance novamente.
Eles até iam se encontrar no último ano novo que passou com os amigos, mas de última hora teve que desmarcar, tinha ido para a França com o Nick. Não fez diferença nenhuma. Os dois já estavam com os respectivos pares e não criavam nenhuma esperança pra reatarem. O casal ficou em Londres por uma semana na casa de com . Sempre quando eles se hospedavam lá a amiga se oferecia pra colocar aranhas na cama de Jill ou algo do tipo, mas dizia que não era necessário.

acordou no outro dia disposta, algo raro. Era uma terça feira, mas ela não precisaria trabalhar porque as reuniões foram desmarcadas, o que era mais raro ainda!
Resolveu então renovar seu guarda-roupa. Nick já o conhecia de cor. Isso era considerado PECADO MORTAL por ela.

A garota já havia comprado tudo que tinha direito. De boina até tornozeleira. Estava com incontáveis sacolas na mão e tinha dificuldade de segurar o celular enquanto discava pra . Já tava sucumbindo de tanta curiosidade sobre as novidades que ela tinha pra contar, mas teve que esperar até 11 e meia, já que só acordava tarde nas terças-feiras, quer dizer, nas quartas, quintas, sextas, finais de semana e feriado também. " é uma vaca sortuda por só trabalhar à tarde. Só meio período! É uma vaca sortuda ao quadrado".
-Alô.
-, é . A ta ai?
-!!! , É A ! -Ele gritou - Olha, você tem que tirar sua amiga de casa. Eu não agüento mais ela aqui final de semana. Ela recla... -Vá pra porra, - atendeu rindo seguido de um "ai" que parecia ser de - Sabia que você ia me ligar.Basta colocar fofoca numa mensagem.
-!! - Ela gritou chamando atenção da velhinha que tomava sorvete.
-! Como você ta amiga desnaturada que passa dias sumida!
-Eu to bem, apesar do meu chefe ta agarrando minha colega peituda do trabalho e fica dando todos os créditos pra ela pelo o rendimento da empresa.
-Por isso que eu tenho ódio mortal dessas vadias peitudas, elas sempre conseguem o que querem! ...Não é pra você concordar, !
-Mas...CONTE-ME AS NOVIDADES! - a velhinha se melou toda com o sorvete do susto do grito de .
A garota nem percebeu quando a velha começou a xingá-la com vários palavrões do tempo do ronca. Ela já estava em indo em direção à saída do shopping.
-Primeiro...Você vai comparecer ao casamento do , não é? É daqui a um mês, precisamos comprar um vestido!
-Claro que vou, não perco por nada!
-Segundo! está noivo, ele ligou semana passada de Nova York... - ficou em silêncio esperando a reação da amiga.
-Noivo?!..Erm...Espero que ele seja muito feliz com a Jill - Ela disse calma.
-Ah, qual é, ! Pára com isso! O normal seria você ficar muito pirada com essa notícia. - falou indignada.
-, eu sei que você nunca acredita quando eu digo, mas eu realmente gosto do Nick - Será que a amiga nunca ia acabar com essa birra com seu namorado?
-Ta certo, mas eu sei que no fundo...
-No fundo o é uma parte linda do meu passado. - completou antes que começassem a discutir. Estava atravessando a rua com muita dificuldade já que precisava segurar as sacolas, segurar o telefone, olhar o sinal e falar com . Era muita coisa para uma só.
-Certo, ainda tenho mais uma novidade...O vai voltar definitivamen...
não esperava aquilo. Um carro em alta velocidade apareceu do nada e vinha em sua direção. Estava no meio da rua, sem saber se corria ou gritava.
Ela pensou devagar demais.
BAM!
Sentiu o peso do carro contra o seu corpo e a última coisa que viu foi caixas coloridas voando por toda parte. Suas queridas e inseparáveis sacolas.

Xx~~

estava preenchendo algumas informações em uma prancheta quando três enfermeiros pediram passagem. Estavam carregando Uma maca e uma garota estava imobilizada.Só que não era qualquer garota, apesar dos hematomas no rosto ele a tinha reconhecido. Perguntou a um dos rapazes qual seria o médico que cuidaria da paciente e pediu pra ficar responsável por ela.

Ela acordou numa cama que reconheceu ser de um hospital. Estava com uma dor de cabeça latejante."Nossa isso parece ser bem mais legal nos filmes".
Teve uma pequena dificuldade para abrir os olhos. A claridade estava matando sua pupila sensível.
-Acordou? - Ela ouviu uma voz que vinha de um ser todo de branco ainda não identificado.
-Acho que sim, apesar de ainda estar tudo meio embaçado. - Ela balbuciou."Que dor de cabeça filha da mãe".
-É normal, daqui a pouco volta tudo ao normal.
-Certo, eu só preciso saber onde estão todas as minhas compras! De resto, nem me importo se minha cabeça está pesando feito chumbo.
-Você não vai mudar nunca não é? - Ele deixou o tom profissional de lado e deu uma risada.
-Como assim? - Finalmente sua visão estava voltando ao normal e ela tentou identificar quem era. A voz não era estranha.
-Será que ainda reconhece seu vendedor exclusivo da Gap?
Enfim enxergou. Ali estava ele, com aqueles olhos perfeitos lhe encarando.
-!
-Esse é meu nome - Ele piscou.
-Meu Deus, quantos... Anos. - Ela tava em choque. Ninguém é atropelada e se depara com o seu ex-namorado que não vê há três anos, vestido de médico, e brincando de salvar sua vida. E ainda por cima de jaleco branco. Isso era uma tortura. É claro que ela já tinha visto ele de jaleco antes, mas agora estava três anos mais velho e com um ar muito mais profissional. estava muito, mas muito sexy.
-Muitos anos. - Ele falou sério. - Mas você ainda continua linda, apesar de estar com umas ruguinhas novas e uns hematomas também.
- , eu acabei de ser atropelada, você não quer deixar minha estima lá embaixo, não é? - Ela também reparou como ele continuava lindo, o cabelo tava mais curto e estava até mais sarado.
-Não, não quero não. Só estava com saudades de te abusar. Mas e então? Como se sente?
Ela reparou que com tudo aquilo não tinha percebido que suas pernas também pesavam como chumbo e doíam bastante.
-Ah, minha cabeça dói, minhas pernas doem e segundo meu médico eu to cheia de hematomas. Acho que estou bem. - Ela falou tentando sorrir.
-A gente vai precisar fazer alguns raios-X de cabeça, das pernas e no tórax pra garantir, mas visivelmente não aconteceu nada grave - Ele voltou a falar com um tom profissional. Sexy. Porque tudo nele é sexy?
-Ah, certo - Agora que o susto de vê-lo tinha passado, ela não sabia o que dizer. tentou ignorar muitas vezes todos esses anos com medo de ter alguma recaída.
Os dois não se encaravam, chegou aquele momento crítico. Você está cheio de perguntas pra fazer, muita coisa a dizer, só que simplesmente não sai nada.
-Bom, acho que vou ter que cuidar de você por esses dias... - Ele começou.
-O que você está fazendo aqui?! - Ela o interrompeu.Não estava entendo nada.
-Ah! Pelo jeito você ta por fora do que está acontecendo, ninguém nem te contou nada - Ele ficou ligeiramente irritado. Esperava que ela tivesse pelo menos curiosidade sobre o que acontecia com ele.
-É, ninguém me disse nada.
-Eu fui transferido para este Hospital em Londres. Há dois meses avisei que gostaria de voltar pra cá e que se surgisse qualquer oportunidade que eles me recolocassem.
-Ah... Por que você queria voltar? A última vez que nos falamos você estava tão feliz com a vida em NY...
-É que a Jill... - Ele parou um momento, não estava mais a encarando. -Ela prefere morar aqui agora que ficamos noivos... E eu também morro de saudades da mamãe e do resto da família.
Logo depois uma mulher o chamava pelo alto falante.

"Dr. , comparecer ao departamento financeiro no 3º andar".

-Preciso ir - Ele se despediu.
Quando abriu a porta ele deu de cara com um homem alto.
-! - O cara entrou e deu um beijo nela - O que aconteceu?
-Eu to bem, Nick! Minha cabeça e minhas pernas que ainda doem.
-Dr... - Nick se virou pra , que observava a cena.
- - Ele respondeu estendendo a mão.
-Não é melhor tirar alguma radiografia ou...
-Já está sendo providenciado. Tenho que ir, depois passo aqui pra saber como minha paciente está. - Ele respondeu e saiu.
-, como você dá um susto desse na gente? A ficou desesperada com o barulho que fez no telefone e até me ligou preocupada. Então imagina o estado em que ela está.
-Imagino mesmo, mas não liga pra , eu sei que no fundo ela acha você gente boa. - Sorriu, não conseguia esquecer que há poucos minutos estava conversando com .
Nick a encheu de beijinhos pelo rosto e entregou uma barra de chocolate que havia pegado naquelas máquinas que ficam espalhadas pelos Hospitais.

Xx~~

-Então você está bem mesmo?
-Já disse que sim, mãe! - falava já impaciente com a mãe no telefone - Vou ficar aqui na casa de hoje e amanhã Kate chega e fica lá em casa comigo.
-Você não precisava fazer uma cirurgia não, ?
-Mãe, já falei que só a fisioterapia resolve.
-E começa quando?
- Vai começar amanhã. Toda segunda e quarta.
-Eu queria poder estar ai cuidando de você. Imagina meu susto quando ligaram ontem do hospital.
-Você tem que trabalhar e já passou a noite no hospital comigo. Viu que eu estou bem.
-É... O parece ser um bom médico.Confio nele.
-É, mãe. Tenho que desligar. Beijo, te amo.
-Também, querida. Tchau!
-Então... - falou desligando o telefone e olhando pra e que estavam sentados no sofá. - Quem vai me levar amanhã pra o hospital?

Xx~~

-Você e sozinhos numa sala durante 1 hora?
-, já pedi pra parar - falava séria no carro - Ele ta noivo e eu to com o Nick. Pára de insistir nessa história!
-Eu não insisto em história nenhuma. - Ela disse parando o carro na frente do hospital - Só o destino que está se encarregando de fazer seu trabalho.

ajudou a saltar do carro com as muletas e falaram com a mulher da recepção. Entraram no elevador e chegaram na ala de fisioterapia.
-É aqui!
-Moça - chamou - Nós procuramos o Dr..
-Aqui! - Ele apareceu meio despenteado e olhou pra com um sorriso nos lábios. - Oi, , !
-! Olha eu to com pressa, vou deixar essa aqui aos seus cuidados, mas antes de ir embora eu tenho que te avisar que a perna dela tava doendo bastante ontem - disse enquanto revirava os olhos - É, eu tinha que dizer, porque fiquei com medo dela não lhe falar nada...
-Obrigada, , é bom saber que essa teimosa tem alguém pra vigia-la e me relatar os fatos. Vamos entrar?
-Vamos - saiu atrás tentando alcança-lo com as muletas, mas não teve muito sucesso.
Os dois entraram em uma sala grande. Tinha três esteiras no canto direito e no outro canto havia bolas, rolos de isopor, pesos, e alguns aparelhos que não identificou. Perto da mesa de havia algumas cadeiras de rodas e logo depois algumas barras de apoio.
Ela largou a muleta apoiada em uma cadeira e sentou na do lado, enquanto ajeitava alguns papeis na escrivaninha. Ali tinha fotos da família dele e em todos exibia aquele sorriso que a garota gostava tanto. Também tinha a miniatura de um violão de bronze e um esqueleto. Ela observou mais um pouco até que seus olhos avistaram uma foto de e uma mulher de mãos dadas em frente a uma placa que dizia: Bem vindo a Disney.Claro, foto com a Jill. "Putz, eu sonhava em ir pra Disney quando era pequena". Era demais isso pra ela.
parou de ajeitar os papéis e se virou para ela que ainda estava de pé.
-, sente ali na maca.
Ela concordou e sentou. Ele chegou do lado dela e começou a massagear a sua perna com a mão mais leve que ela já sentira.
-Dói aqui?
-Não dói não... AAAAI, !
-Você disse que não doía - Ele riu.
-Você não tinha apertado como se fosse esmagar meus ossos!
-Quem manda atravessar desatenta à rua - Ele apontou reprovando.
-Foi aquele maluco que tava correndo, eu estava na faixa e atravessando com o sinal fechado!
-Te conheço, , devia ta empolgada demais falando com sobre seus novos sapatos.
-Ela estava me contando que vo..., você pode parar de apertar minha batata? -Ela levantou o tronco com a dor.
-E você pode parar de reclamar? Eu preciso fazer isso.
Ela bufou e fez mil caretas enquanto ia massageando e perguntando se ela sentia dor ou não.
-Agora você vai apoiar sua mão na cama, vai levantar a perna direita e vai tentar dobrar e esticar. - Ele pediu.
-Certo... - Ela começou a esticar e dobrar e a fazer caretas piores ainda.
-, por que sempre que eu te ligava você estava ocupada, viajando, ou o periquito querido do seu pai tinha adoecido?
Ela parou bruscamente de fazer as massagens e o encarou.
-Você já pensou na possibilidade do periquito ter realmente adoecido e eu ter ido a Surrey visitar?
-Ah tudo bem... Mas eu não sabia que você tinha trocado de carreira, passou de publicitária a veterinária... -Ele disse mandando ela voltar a esticar e dobrar a perna.
-Anh... , você sabe como eu sou apegada aos animais - Ela falou esbanjando a maior cara de naturalista defensora de pobres animais em extinção.
- você sabe que eu te conheço e essa comigo não cola! - Ele falou desmanchando o sorriso da garota.
-Tá, tudo bem, eu não tava cuidando do periquito do meu pai, mas eu realmente tava ocupada todas aquelas vezes...
-Ta bom, , só não acho legal você ficar fingindo, se não queria me encontrar dizia logo, eu teria me tocado - Ele a cortou e não estava com uma cara muito animadora.
-Desculpa, , mas tenta entender - Ela não sabia como se desculpar, ou explicar, mas naqueles dias o que menos precisava era ver chegando em Londres e partindo no próximo vôo novamente.
-Tudo bem - Ele disse, mas dava pra ver que ele ainda não entendia o porquê de tudo isso. Foi até o canto da sala e pegou dois pesos de 1kg.
-Olha, você vai malhar essas pernas durante as sessões, precisamos delas fortalecidas, certo? - Ele foi botando os pesos envoltos de cada tornozelo da garota.
-Viu. - Até que não seria tão ruim assim, sairia sarada dali, ela pensou.
-Hoje você ainda vai ter algumas dificuldades, mas com o passar do tempo seus músculos vão progredir e ai nós aumentaremos o peso.
-Ok, doutor, como quiser! - Ela fez continência.
passou algumas séries e, enquanto a menina se "matava" pra enrijecer a perna, os dois contaram algumas novidades entre risos, "Ohh"s e "Nossa, tal pessoa não muda nunca". Evitaram, claro, o assunto relacionamento.
-Será que já não é o suficiente por hoje, ? - Ela ainda estava com o peso e pequenas gotas de suor já haviam parecido na sua testa. Ele verificou e concordou com ela.
foi se levantando enquanto guardava o peso em uma gaveta próxima.
-Bem, acho que já vou indo - Ela se esqueceu por um momento que não podia andar por ai sem suas fiéis companheiras, as muletas. Apoiou o pé no chão e seu cérebro enviou uma mensagem para que eles andassem até a mesa e pegassem sua bolsa Prada.
-Calma aii... - Não adiantou gritar. A menina quase se estatelava no chão, se o garoto não segurasse o seu braço firmemente a tempo.
Ele a puxou trazendo seu rosto muito próximo ao dele.
Depois de alguns longos segundos se encarando e a tensão em volta dos dois aumentando, falou que traria as muletas até ela. Até que se despediram cabisbaixos.

Xx~~

Já era tarde da noite e estava deitada no sofá da sala trocando de canais totalmente entediada. Depois de ver um pedacinho de um reality show resolveu ouvir música no seu IPod. Seus pensamentos voaram, até que um momento ela se pegou lembrando do dia em que estava doente, deitada naquele mesmo sofá e preparava chocolate quente pra os dois com waffles. Naquele dia ela estava muito emburrada, mas ele continuou sendo um doce e tratou de relevar todos os surtos de estresse da garota. Era tão confortante ter ele ao seu lado. Estava ainda viajando com as lembranças quando a campainha tocou. Ela se levantou com dificuldade e abriu a porta.
Nick estava parado com um buquê de flores na mão e uma sacola na outra.
-Ei, , cheguei, desculpa a demora, mas estava um engarrafamento horrível, parece que está tendo algum show por aqui perto.
-Nick, você não tinha que trabalhar hoje?
-Ah... Eu não te avisei - Ela fez que não com a cabeça e ele continuou - Eu não vou ficar em frente ao computador organizando planilhas enquanto você precisa de mim.
-'Brigada - disse pegando as flores - São lindas!
Ela o beijou e se sentou no sofá enquanto ele tirava da sacola um suco e enchia dois copos.
-Tava fazendo o quê?
-Passando os canais - Falou pegando o copo da mão dele que trazia para o sofá também um DVD.
-Sabia que você ia estar assim toda desanimada então eu trouxe "O casamento do meu melhor amigo".
-Você vai assistir comigo? - Ela perguntou dando risada.
-Vou tentar!

Já passava os créditos do filme e ainda tinha lágrimas nos olhos. Ela sempre chorava com a cena da dança.
Olhou pro lado e viu Nick dormindo apoiando a cabeça no ombro dela. Ele já estava roncando desde a segunda cena. "Sabia que ele não ia agüentar". Lembrou-se que quando ia ver filmes românticos com ela, ele também sempre dormia e acordava fingindo que não tinha. Era divertido ver ele se embaraçando com as palavras tentando contar o filme."Será possível que tudo hoje me lembra o ".
-Nick! - Ela o acordou - O filme já acabou.
-Já? - Ele levantou a cabeça - Passou rápido.
-Pois é - ela riu - Você não tem que terminar seu trabalho não? Está tarde e amanha você vai acabar se atrasando.
-Na verdade eu tava pensando em ficar aqui com você já que Kate foi pra uma festa.
Ela deu o melhor sorriso que pode concordando. Tava a fim de passar a noite sozinha, mas Nick estava sendo tão atencioso.
Atencioso como ele sempre era, isso sempre dificultava as coisas pra , porque vivia se perguntando se tudo que sentia por Nick não era só carinho e gratidão por ser tão bom com ela, duvidava que aquilo fosse amor.

Xx~~

-Esse vestido azul é muito lindo, !
-Eu sei! Nem acredito que ele estava em desconto.
-Vamos logo! - e Kate estavam sentados no sofá de esperando as duas. - Sabia que você tinha se arrumado cedo pra ficar de papo com .
-O hoje ta insuportável - sussurrou - Vamos logo. ajudou com as muletas enquanto abria o carro.
-Vocês sabem que eu posso andar sem ajuda de vocês, não é?
- falou que quanto menos esforço você fizer, melhor! - respondeu fechando a porta do carro.
Eles estavam indo para a comemoração do noivado de e Chloe e e Jill. Os dois amigos resolveram juntar tudo em uma coisa só. foi para prestigiar os amigos, mas sem Nick que teve que ficar em casa adiantando o trabalho que tinha deixado de fazer naquela noite.

Chegaram lá e os pais de cada um já haviam chegado, os amigos mais íntimos também. A música tocava animada e um garçom circulava com bandeja de salgadinhos entre os convidados.
-Chloe! Parabééns, eu fiquei boba quando me disseram que vocês iriam casar! Boba e muito feliz! - abraçou a garota e logo depois .
Atrás deles estavam e Jill. Quando os olhares das duas mulheres se encontraram, viu a menina cochichar algo para e ele dizendo algo parecido com "Deixe de besteira" e fechar a cara pra ela.
-Parabéns! Espero que sejam...Muito felizes! - ela acrescentou para os dois, agradeceu tímido e Jill abriu um sorriso.
foi se sentar em uma das mesas, em que estavam e uma garota apresentada como Lyla. Ficaram conversando um pouco até que saiu pra dançar com a menina.
ficou observando a decoração. Estava tudo muito bonito e simples. A lua cheia mais a iluminação das velas deixavam o clima bem romântico.
-? - Uma voz a chamou. De imediato ela não tinha reconhecido a senhora, mas foi só ela sorrir que a menina exclamou.
-Sra. , não sabia que vinha. - Falou depois do abraço.
-Você acha que eu ia perder o noivado de meu neto?
-É claro que não. Quanto tempo. Estou feliz por vê-la!
-É...Sinto falta de você, querida, ainda não entendo por que se separaram. - Nessa hora a velhinha abaixou o tom da voz e se aproximou do seu ouvido.
-Ah, Sra. a nossa vida tomou rumos diferentes - estava cansada de explicar isso a todos.
- Vocês jovens complicam tudo. De qualquer forma, saiba que era a senhorita que deveria está casando com meu .
deu um sorriso sem graça com a sinceridade dela e sentiu seu rosto ruborizar.

Na sala foram se formando grupinhos de conversas e o tempo foi passando até que o jantar foi servido. Depois de muitos elogios à comida e varias taças de vinho, e se levantaram da mesa um tanto quanto tontos e fizeram sinal para que todos prestassem atenção neles.
-Bem... - começa - Eu e queremos falar algumas coisas para nossos amigos que estão indo para a forca.
Todos riram com a brincadeira sem graça dos meninos. Jill e Chloe reviraram os olhos e riram também em seguida.
-Foram muitos anos de companheirismo entre nós quatro e agora esses dois vão nos trocar, não é, ? - disse.
-É, , nós sobramos. Eles preferem comidinha e roupa lavada à gente.
-Ah, que isso, vocês sempre serão nossas fêmeas preferidas. - falou e mais risadas surgiram na mesa.
-Então, mas o que queremos mesmo é desejar muito amor e anos entre vocês! Um brinde aos noivos e noivas mais sexies e queridos de Londres!
Todos se levantaram e as taças tilintaram brindando a felicidade.

Depois de um tempo, todos já estavam meio bêbados, menos que não podia já que estava à base de remédios e a avisou que não deixaria que ela bebesse nem um gole. Frustrada e cansada da gritaria, a menina foi andando com as muletas até o lado de fora.
O vento soprava gelado ali e ela se sentiu aliviada por ter saído da casa. Foi caminhando com dificuldade por entre as flores que decoravam o jardim de . Até que um vulto se virou e ficou em frente a ela.
-Ai, que susto, garoto! - Ela tombou pra trás quase se desequilibrando.
-Ah...Oi, ! - estava parado com as mãos no bolso. Não tinha mais a felicidade estampada no rosto, como em alguns minutos atrás.
-, por que não está lá dentro? - Ela perguntou franzindo a testa.
-Te faço a mesma pergunta.
-Bom, acho que este é o seu noivado, não o meu!
-Ah é, tinha me esquecido desse detalhe! - Ele brincou batendo na testa.
-Ah, se meu noivo falasse isso... - Ela disse indignada.
-Sim, senhorita, você ainda não respondeu a pergunta!
-Simples assim. Meu fisioterapeuta me proibiu de beber e meus amigos nem me reconhecem mais, resolvi então sair pra caminhar um pouco...Agora você...Explicações!
-É que... - ele coçou a cabeça - Eu tava me sentindo muito abafado lá dentro, com essa situação...
-Situação, ? - Ela riu - É seu noivado!
-É, mas eu não sei explicar, mas me sinto sufocado com isso.
-Acho que é normal. Você vai dar um grande passo agora, mas relaxe, lembra aquele dia no parque depois que você a viu no restaurante? Você a ama.
Ele a olhou significantemente.
-Não, , mas naquele dia eu só tava assustado, eu queria realmente só você!
A voz dele soou doce ao seu ouvido e os dois já estavam muito próximos e envolvidos para recuar. A mão de passou pela sua nuca e a outra desceu até sua cintura.
-Quiria, assim como te quero essa noite! - Ele sussurrou em seu ouvido. A menina se aproximou ainda mais dos lábios do garoto.
-Você pode não respeitar a Jill, mas eu respeito o Nick.
segurou firme nas muletas e entrou decidida na casa, deixando sozinho e atordoado.

Xx~~

tamborilava impaciente na mesa do restaurante que tinha combinado de se encontrar com Nick. Ela havia tomado uma decisão e não voltaria atrás.
-Desculpa o atraso, mas o Sr. Chelsen alongou a reunião hoje! Todos estão sentindo sua falta e perguntam quando você vai voltar. - Nick apareceu e se sentou na mesa.
-Ah, tudo bem - Ela não conseguia encarar o namorado.
-Já pediu? - Ele perguntou enquanto chamava um garçom que circulava por ali.
-Ainda não, na verdade estou sem fome.
-Aconteceu alguma coisa?
-Aconteceu.
não podia mais enganar a ela e Nick.Os dois estavam juntos há quase 1 ano e tudo parecia ser uma grande amizade pra ela. Por mais que ela tivesse esquecido , a relação dos dois tinha sido muito mais verdadeira.
Com Nick era superficial, o casalzinho perfeito do trabalho. Ela sentia um enorme carinho e amizade por ele,mas isso não a preenchia. Ela queria mais.
-Nick... Eu te adoro muito e esse um ano que passamos juntos foi maravilhoso, mas eu preciso de um tempo.
-Tempo? - Ele pergunta com uma expressão dura no rosto.
-Na verdade, tempo não. Eu queria terminar.
Como Nick não se pronunciou ela continuou com a voz trêmula.
-Eu queria que você encontrasse alguém te amasse de verdade, mais do que eu consigo. Pra mim não dá mais.
-Eu fiz alguma coisa de errado?Por que pra mim estava tudo bem com a gente.
-É esse o problema. Sempre ta tudo bem com a gente.Parecemos mais amigos do que namorados.
-Certo - A voz dele saiu seca. - Só não me peça pra entender tudo isso.
-Desculpa. - A voz dela saiu baixa.
Ele fez um sim com cabeça e saiu do restaurante deixando-a sozinha com lágrimas nos olhos.

Xx~~

-Peraê! Me dê um tempo pra assimilar as informações! - tava histérica dirigindo até o hospital - Então você quase beijou o na festa, terminou com o Nick e agora que você me conta?? Meu Deus!
conseguiu organizar as novidades na cabeça. - Então foi por isso que você faltou segunda passada? Não tinha dor de cabeça nenhuma! - ultrapassou um carro na maior velocidade.
-É... Mas hoje eu to indo porque não posso parar de fazer fisioterapia, mas se pudesse não olhava mais para o .
-Eu sempre disse isso, você nunca o esqueceu!
- eu não to apaixonada pelo , eu terminei com o Nick por que eu não o amava! Não tem nada de nessa história.
-Ah, ta bom! Você só conseguiu perceber isso depois que quase agarra o ... - disse irônica.
-Cara, é difícil conversar com você, fique sabendo que vai continuar da mesma forma, eu vou entrar naquele consultório e vamos nos falar normalmente.

estava abrindo com dificuldade a porta até que ouviu vozes alteradas.
-Se você não quer se casar, essa é a hora de você falar!
-Eu quero, porra!Eu só estou confuso, eu tenho esse direit,o não?
-Não! Você tinha esse direito antes da gente decidir tomar esse passo. Agora você já devia ter certeza do que quer!
-Jill...
- Agora a voz de era mais suave e tentava se reconciliar com a noiva.
-Olha, , você não pode fazer isso comigo, acho que eu e você temos que pensar melhor. - A voz de Jill estava trêmula e ela passou correndo e nervosa pelo corredor, nem percebeu a presença de .

empurrou a porta com a muleta e entrou na sala.Resolveu que era melhor fingir que não tinha visto nada.
O garoto enterrava sua cabeça nas mãos e apoiava o cotovelo na mesa.
-Ei! - chamou a atenção - Você está bem?
-É...To bem...E você tem sentido alguma coisa? - estava distante.
-Não! To me sentindo bem mais forte, acho que posso até arriscar dar alguns passinhos sem elas aqui - disse animada e apontou para o acessório. Não queria vê-lo triste.
-Que bom, mas ainda nem pense em fazer isso sem mim!
-Tudo bem...Hum...Hoje eu vou ter que pegar peso? - Ela fez uma careta e cruzou os dedos.
-Não, já que está se sentindo mais forte, você vai caminhar entre as barras de apoio! Certo?
-Certo? Certíssimo! Nem acredito que me livrei daquelas malditas!
-Vamos então! - parecia ter se animado um pouco.

Depois de alguns passos apoiada na barra e segurando a mão de , ela disse:
-Será que dá pra me soltar?Eu consigo sozinha!
-Sempre muito independente... Certo, se você se sente segura...
-Humhum - Ela levantou o queixo, dando um ar de confiança.
encarou o chão como se fosse o seu maior inimigo e soltou a mão de e também largou a barra. Deu um passo.
-Ah consegui! - a garota disse eufórica - Mais uma vez!
Ela deu mais dois passos,m só que caiu machucando o joelho. Ficou caída no chão fofo que tinha entre as duas barras.
-! - Ele sentou ao lado dela todo preocupado.
-Ai, , meu joelho! - Ela falou com a voz chorosa.
-Escute, eu sabia, não era pra eu ter deixado você fazer isso sozinha! - Ele começou a massagear o local machucado.
-Aaaai! - deu um grito que poderia ter acordado até os pacientes em coma.
-Calma, isso aqui vai fazer você relaxar, tenho certeza que foi só uma pancada leve.
Ela respirou fundo e tentou ficar calma.
-Ta melhorando?
-Ta.
-E aquela sua dor de cabeça? - Ele falou acabando de lembrar da desculpa que ela deu por ter faltado à última sessão.
-Hã?
-É. Você não estava com dor de cabeça na segunda feira?
-Ah! Sim...Passou...
-Sei... - ele pareceu não acreditar muito - , eu queria me desculpar pelo o que quase aconteceu na festa sábado.
-Tudo bem, ...Você deve estar tão confuso que não deve ta pensando muito bem na hora de agir. - Ela falou um pouco ríspida.
-Na verdade eu sei muito bem o que estou fazendo.
Ele continuou massageando o joelho dela enquanto olhava bem em seus olhos.
-Acho que já passou a dor. - ela tentou cortar o clima que tentava se instalar novamente entre eles.
-Certo - aceitou isso como um "não" para qualquer aproximação entre os dois.
ainda apoiada no cotovelo começou a observar todos os detalhes do rosto do menino. A boca, o nariz, os olhos... Aquilo tudo que já foi tão dela. Começou a sentir o coração acelerar mais que o normal, enquanto ainda olhava ele sentado no chão, sem nem imaginar que ela o observava.
Todo esse sentimento que ela insistia em negar desde que o revira começou a sufocá-la.
Só arranjou um jeito para extravasar.
-Mas que porra, ! - dizendo isso puxou a gola do jaleco dele trazendo-o pra cima dela. Ele estava surpreso, mas não parecia querer impedi-la.
Se beijaram com a maior velocidade que puderam, demonstrando o quanto queriam e desejavam um ao outro. A felicidade corria como um veneno na veia da menina, enquanto percorria seu corpo aumentando cada vez mais a intensidade.
Quando deu por si, ela já estava tirando o jaleco que o deixava tão gostoso. começou beijar o seu pescoço e ao mesmo tempo tentava tirar seu short de lycra, arranhando suas coxas e a fazendo gemer baixo no seu ouvido.
Quando não havia mais nenhuma roupa entre eles e haviam explorado um ao outro de todas as maneiras, ela arqueou suas costas para recebê-lo.

Os dois estavam suados e ofegantes, não acreditavam no que havia acabado de acontecer. ainda estava por cima dela, mas agora não existia mais o instinto animal entre eles. Com os olhos fechados, tentavam sentir a presença um do outro e se abraçaram como antigamente.
começou a enrolar o cabelo de entre os dedos e falou com a voz arrastada.
-Acho que... Já ta na hora de eu ir embora... - Disse isso, mas não se moveu. Queria ficar ali para sempre.
-Eu nunca esqueci você - Ele ignorou o comentário de e falava perdido em suas carícias.
Ela deu um suspiro pesado.
-Eu não sei como eu vivi sem você. - Ela foi sincera. - só que agora você vai se casar e não tem como ignorar isso.
Ele apertou os olhos, como se essa parte de sua vida tivesse sido esquecida naquela tarde e com aquilo pudesse ser apagada.
-, eu quero terminar com a Jill...
-Não, ! - Ela disse saindo debaixo dele com dificuldade e colocando suas roupas se apoiando nas barras - Você não vê que está tudo se repetindo?
-O que esta se repetindo? - Ele disse também colocando suas roupas.
-Essa história de ex. Quando você estava comigo, a Jill voltou e você também ficou assim.
-Eu não transei com a Jill! - Ele olhou pra ela ofendido.
-Mas ficou balançado. E agora tudo está...
-, eu não acredito que você está achando que isso só aconteceu por um simples desejo.
-Olha, , eu não sei o que pensar. -Ela falou já vestida pegando sua bolsa - Só não faça essa besteira de terminar um noivado.
-Então quer dizer que você pretende continuar com o Nick.
-... Não complica. Segunda eu procuro outro fisioterapeuta, a gente não pode continuar desse jeito.
Dizendo isso ela saiu da sala com os olhos ardendo.

Xx~~

-E você foi pra fisioterapia hoje? - A mãe de falava com ela no telefone.
-Fui, mãe! - Respondeu já cansada com os telefonemas diários.
-E não sentiu mais aquela dorzinha não, né? Já falou com sobre isso?
-Não senti e já falei com ele sim.
-Ok, querida... E Kate está dormindo aí todos os dias. Certo?
-Certo...
-E quando ela não pode...
-Eu vou pra casa de . Mãe, eu to bem...
-Não me parece, quando sua voz fica nesse agudo é porque algo não está bem, .
-Ah, mãe, besteira... É só, não é nada demais.
-Me conte querida.
não pretendia contar nada pra ela, mas a mãe tinha uma voz tão doce e compreensiva que ela acabou contando tudo em um jorro de palavras sem sentido.
-É tudo tão difícil, confuso e não permitido... - Ela lamuriou baixinho. Seu coração tava como um papel amassado, cheio de rabiscos e palavras sem sentido.
-O que aconteceu? É algo te perturbando no fundo da alma? - A mãe falou com uma voz sábia e paciente.
-Da alma, da cabeça, de tudo... Ai mãe, sabe que o tava cuidando da minha perna?
-Claro que sim. Falei isso o tempo todo na conversa, é ainda aquela dor ?
-Então...Não é dor nenhuma! - soltou o ar com força - A gente... A gente... Você sabe.
-Vocês estão continuando o tratamento, você ta seguindo tudo que ele pede não é?
-Não é isso...
-Você NÃO TA SEGUINDO?, pelo amor de Deus, quer ter algum problema no futuro?
-Mãe, presta atenção...A gente... - Ela começou a gesticular com as mãos, mas a mãe não podia ver do outro lado telefone - Sabe? -Querida, seja mais clara. Eu não estou entendendo nada.
-A gente ficou junto, fez amor, trepou, tivemos uma tarde tórrida de desejo, entendeu agora? - falou rápido, as palavras que estavam presas na sua boca e loucas para sair.
-Minha filha! Oh meu Deus, o não está noivo ?Eu entendo que essas coisas acontecem, reviver uma grande paixão, mas não é certo!
-Obrigada por me deixar mais culpada!
-E segundo, que palavreado é esse comigo? Trepou? Que coisa mais chula. Com quem você anda aprendendo a falar assim?
-Mãe, eu estou com um nó na minha cabeça, pelo amor de Deus, eu tenho idade suficiente para não ser repreendida por causa disso.
-Só porque já é uma mulher feita, não precisa falar como as vadias dessa cidade que você foi morar...
-Ta certo, me desculpe, será que dá pra ajudar agora? O que eu faço? -Como assim o que VOCÊ faz? O casado é ele.
-Ainda não é casado. Eu também não quero atrapalhar, não acho justo.
-Filha, você tem que escutar a voz que vem de dentro. Sabe, não sou eu ou ninguém que pode decidir o que você irá trilhar na sua vida. Temos opções e a escolha depende do que nos irá trazer felicidade. Só você sabe.
-Isso significa estragar a vida de duas pessoas? E se tudo que eu to sentindo agora for só um sentimento bobo por toda nossa história?
-Isso significa ir em busca do que é importante pra você. Seja lutar pelo ou esquecer ele e cada um tomar seu rumo, querida - A voz dela era tão calma que parecia saber todo o segredo da vida.
-Mãe, muito obrigado, eu vou pensar...
-Pense, querida, é como você assistia Pocahontas quando era pequena. Sabe a árvore falante? Eu nunca entendi porque eles iludem as crianças botando árvores falantes, mas pense no que ela diz: Siga o que o coração diz e estará indo no caminho certo. - fez uma cara estranha pro telefone e deu um sorriso fraco. Aquilo era POP demais, só que fazia sentido.

Xx~~

Ela estava em casa com os olhos vermelhos. A conversa com a mãe parecia a solução de seus problemas, mas depois de uma hora toda a força foi por lágrimas abaixo e os hormônios falaram mais alto. Ela tinha varrido a bagunça que estava seus pensamentos pra debaixo da cama e agora tinha voltado tudo à tona.
Já tinham se passado dois dias desde que eles tinham dormido juntos. Se arrependimento matasse, ela estaria morta. Não queria ter dito não a ele, mas era a coisa certa a se fazer.
Estava em casa assistindo pela milésima vez "Uma linda mulher" com muitos chocolates e enrolada com uma coberta no sofá da sala.
Chocolate é maravilhoso pra essas coisas. Vai te animar. dissera depois de contar tudo. Bom, achava mesmo era que o chocolate ia criar uma grande pança em seu corpinho e ela ficaria mais depressiva, só que não resistiu e resolveu seguir a dica de e se entupir com eles.
Estava já chorando de novo quando a campainha tocou. Ela pegou as muletas que estavam apoiadas no sofá e se dirigiu até a porta.
Abriu com dificuldade e viu quem tocava ."Não pode ser!". Ela observou que ele estava todo molhado e pálido. Viu que chovia forte.
-Eu terminei com a Jill! - Ele falou num sussurro enquanto a intimava com o olhar a entender tudo o que isso significava.
-... - Ela não tinha mais forças para dispensá-lo. O que ele pretendia?
-É verdade que você terminou com o Nick?
Ela suspirou e confirmou.
-É verdade que quando eu vinha visitar Londres você ainda gostava de mim?
-O que, ? Que historia é essa?
-Responde!
-Quem te falou isso?
-!
-Por que eu não estou surpresa? - Ela riu irônica.
-Então porque você fugia de mim? Você tem noção do quanto que eu me matei tentando achar liquidações de grifes, só pra te trazer um presente de NY? Do quanto eu chegava empolgado pra te ver? Do quanto desanimador era saber que todo mundo ia me ver menos você?
-E você já parou pra pensar no quanto que eu ia sofrer depois de um final de semana romântico, você entrasse naquela porra de avião pra só voltar de quatro em quatro meses? Uma vez já foi bem difícil... Eu sinceramente não precisava de mais duas.
-Então foi isso? - Ele falou com uma voz mais calma.
-Foi...
-Eu achava que você tinha me esquecido.
-Sério?
-, eu ainda sou apaixonado por você!
-Ah... - Ela ficou meio chocada com a convicção com que ele falava.
-E você por mim!
-É... - Ela falou como se aquilo fosse uma cruel realidade.
-Então o que eu continuo fazendo nessa chuva e do lado de fora dessa casa? Porque pra mim isso é surreal diante às circunstâncias.
-, você saiu daqui tem alguns anos, se não se lembra. A gente não percebeu, mas tinha terminado ali. Não tem mais o que acontecer, as histórias terminam e outras começam a ser escritas.
-Você continua com essa mania de estragar momentos românticos?
-, eu to falando sério.
-Mas que papo é esse? - Ele explodiu, não podia acreditar que ia ficar por isso mesmo - , as histórias só acabam quando os personagens dela a concluem. Na minha história, você ta comigo em um final feliz.
-Que piegas, !
-É de verdade, caramba. É tão real quanto o resfriado que eu vou ficar amanhã. - balançou a cabeça, sem saber se fazia isso por ele dizer besteiras ou por ela amar elas. Puxou sua mão para que entrasse.
Fecharam a porta e antes que pudesse dizer qualquer coisa ele a surpreendeu num abraço apertado e molhado quase a desequilibrando. Ficaram por segundos assim só aproveitando o momento.
-Eu te amo! - Ele falou finalmente.
-Está atrasado 3 anos - Ela abriu um sorriso.
Os dois se beijaram apaixonados.
Por quanto tempo haviam esperado isso sem perceberem?

Xx~~

Um ano e quatro meses depois...

-E eu os declaro marido e mulher. - O padre falou e os noivos se beijaram.
Nunca tinha visto tantas flores em um único casamento. Estava tudo tão mágico e colorido! e tinham acabado de dizer sim e lá fora o sol abençoava os dois.
O jardim que foi montado uma grande tenda branca para acomodar os convidados, tinha uma vista perfeita do mar. e finalmente tinham se casado. Chloe estava grávida de 6 meses de um menino e Kate tinha arranjado um novo namorado que também tocava piano. estava enfeitiçado por uma mulher que não dava a mínima pra ele. Dá pra acreditar?
Pois é.
Sabe aquela atmosfera de casamento?Onde todos estão felizes pelo o futuro de duas pessoas queridas. Cada sorriso e abraço emanam uma boa vibração. Acho que é por isso que gosto de casamentos e acho que é por isso também que coisas acontecem.
e estavam rindo sem porquê um ao lado do outro e cada um segurava uma taça com champagne borbulhante.
-?
-Diga... - Ela ainda sorria.
a abraçou por trás e os dois ficaram admirando o mar tranqüilo.
-Ta sentindo isso aqui?
-Sentindo o quê? - Ela não tava entendendo.
-Tudo isso, essa felicidade que parece explodir do meu peito.
-Acho que posso sentir sim... - Ela respondeu, reparando que algo também parecia explodir dentro dela.
-Certo, agora quero que feche os olhos!
-Ah, ...
-Fecha!
-Ta bom, estão fechados.
-Eu não preciso esperar mais nem um dia pra saber o que eu quero.
Dizendo isso, sentiu um metal gelado entrar no seu dedo. Ela ficou paralisada.
-?
-Quer casar comigo?
Ela abriu os olhos e viu uma aliança brilhar em sua mão. E dessa vez não era nenhuma de madeira, era um anel de ouro branco com um diamante em forma de estrela na ponta. Por dentro podia-se ler "Sevi" (amor em turco).
-Claro que eu quero.
E eles se permitiram mais uma vez.


FIM.

Duh e Becki.


N/A:Última parte de É só se permitir.Esperamos que tenhamos alcançado as expectativas de vocês.
Esse casal vai fazer uma falta enorme.A gente se apega e quando posta aqui parece um filho que saiu de casa.É bem triste.Dramáticas?Só um pouco ;P
Obrigado por todos os comentários, vocês são demais!

Nossas outras fics:
É só se permitir
É só se permitir II
O cara da poltrona ao lado
Meu melhor trauma

Se quiserem um contato maior, podem mandar emails banais :P Duh | Becki

Amou, odiou? Comenta na caixinha alii! ;]


comments powered by Disqus