Escrita por: Paula
Betada por: Abby




- , atravessando o oceano bravamente, enfrentando tempestades e ondas gigantes, em busca de sua amada... PLAFT! NÃÃÃÃO, MEU BARCO! Socorro, estou me afogando! Puff. morreu, mas deixou de herança... Duas moedinhas de dez centavos, uma camiseta do Star Wars e um bonequinho sem cabeça do X-Men. – Cara, como eu amo brincar de bonequinhos! Até quando eu morro a brincadeira fica legal... Viu? Virei herói.
Mas não é hora para enrolações. partiu há um ano, e desde aquele dia eu nunca mais me identifiquei com outra garota. Não como me identificava com ela.
Muitas coisas mudaram. e se tornaram meus melhores amigos. Nos reunimos e decidimos formar uma banda: O Busted. Fazemos bastante sucesso aqui na Inglaterra, e até em outros países.
A ? Nunca mais tive notícias dela. O problema é que penso nela todos os dias. Sempre que sento no sofá, começo a imaginar onde ela deve estar. Eu conto os dias para vê-la, mas ela não responde minhas cartas!
Ah, droga! Só ‘tô falando merda. Sim, eu escrevi para a , mas ela não me respondeu, e eu fico intrigado todos os dias sem saber o porquê. Sinceramente, às vezes eu penso em ir atrás dela, mas não sei se valeria à pena. Talvez ela esteja com outro, não quero me machucar.
- , , acorda! – O me cutucou. Ah, que raiva. Odeio quando me acordam do meu sonho de princesa. Ops, sonho de rei, sou macho! Sonho de princesa foi um jeito delicado de falar. Sabia que as mulheres preferem os mais sensíveis?
- O que foi? Droga, me deixa dormir! – O chutei com força. Não fiquei com pena não, ora!
- AI! Nossa, , vim aqui de boa vontade! Sabia que um sorriso e um bom-dia não matam? Temos uma turnê pra fazer! Por que você, em vez de ficar sonhando besteirinhas com a , não levanta esse traseiro magrelo da cama e se arruma? O nosso vôo pra Nova York sai em uma hora! – Saiu furioso e batendo porta. Às vezes parece que esse menino ‘tá de TPM. Eu sou tão calminho...
Fui tomar banho. Água gelada, para acordar, sabe? E acordou. Me troquei num flash, peguei minhas malas e me dirigi à porta, onde e me esperavam impacientes.
- Demorou, hein, princesa? – deu aquele tapinha nas minhas costas. Sabe o tapinha que os pais dão nos filhos como sinal de orgulho? Ou de... Encorajamento? É esse mesmo. Me irrito com essa mania dele.
- Cala a boca, . – Falei, empurrando-o e arrastando minha mala.
- If you want my future, forget my past... acompanhava a música das Spice Girls, pulando e sacudindo o carro.
- If you wanna get with me, better make it fast! - , que estalava os dedos e batia-os no volante, começou a cantar também.
- Now don’t go wasting, my precious time. Get your act together, we could be just fine! – Droga, eu não resisto a essa música e, além do mais, tinha que me animar um pouco, afinal estava indo para a cidade de . Isso é bom? Eu não sei.
Despachamos as malas e fomos correndo que nem um bando de malucos até o saguão onde os portões de embarque se encontravam. A última chamada para o nosso vôo foi feita, o que fez com que nós corrêssemos mais ainda. Conseguimos chegar a tempo no avião, ainda bem.
Com deitado no meu ombro e babando na minha camisa, e roncando no meu ouvido, estava difícil conseguir fazer outra coisa sem ser olhar para o aviso de assento flutuante nas costas da poltrona à minha frente, ou para a bunda das aeromoças. O vôo foi bem chato, as mesmas “paisagens” não tinham graça, poxa.
Desembarcamos com calma e fomos para a esteira buscar nossas malas.
- Cara, que legal essa esteira! – batucava em cada mala que passava, conquistando umas caras feias.
- Porra, , não ‘tá vendo que os donos não gostam? – Reclamei. Que garoto sem noção! Daqui a pouco iam vir dar um tapão nele, eu ia é ficar rindo de longe. Ah, eu amo rir da desgraça alheia.
- Olá, Nova York! – se agachou e começou a fazer reverências no portão de desembarque. Ele tem problemas.
- Você é patético. Agora vamos. – Puxei o braço dele o levantei.

- TÁXI, TÁXI, TÁXI! – fazia sinais freneticamente chamando o táxi.
- Dá licença. TÁÁÁÁXI! – Bastou eu fazer um sinalzinho que cinco táxis pararam. Entramos no carro e nos acomodamos naquele banco de couro.
- Caramba, ! Ô habilidade. – soltou essa infeliz piadinha, da qual só ele riu. Mania do . Às vezes eu acho que ele não se toca. Ah, , você não pode esperar muita coisa de um idiota. Não pode esperar nem uma piadinha que realmente preste.

Chegamos ao hotel e subimos até nossos quartos. Depois que passei por uma boate, perdi e de vista. Eles que se danem, só sei que eu não paro de pensar na . Será que ela ainda lembra de mim? Será que está casada? Tem filhos? Será que é uma moradora de rua? Eu não tinha como saber. Essa dúvida me intrigava.
Tomado pelo tédio, resolvi, então, ir ao supermercado comprar algumas besteiras para matar a fome.
- Chips... Cadê os chips? – Eu ia olhando atentamente os rótulos dos produtos da prateleira, procurando o maldito salgadinho. Impressionante, você NUNCA acha o que você quer em meio àquela variedade dos supermercados. Lá você acha até camisinha sabor chocolate com flocos.
- Cerveja... Cerveja... – Escutei alguém murmurando, mas nem me preocupei em ver quem era. Nessa cidade, não conhecia ninguém exceto , e nem me interessava conhecer. Esbarrei nessa pessoa, e quando a olhei para me desculpar, o choque foi tão grande que, numa fração de segundo, todas as coisas que eu carregava caíram no chão, e percebi que com ela aconteceu o mesmo.
Sim, era . Estava muito diferente. Seus cabelos estavam bagunçados, embaraçados, sem brilho. Seus olhos estavam sem vida, seu rosto estava sem cor, sem expressão. Estava magra como um palito, tão magra que fiquei espantado.
- Que porra é essa? – Falei num tom elevado. Realmente era muita coincidência a estar ali na minha frente, mas eu estava mais preocupado (e intrigado) com o estado em que ela se encontrava.
- ? – abriu um sorriso, e ajeitou seus longos cabelos, sem muito sucesso. Não tive nem tempo de responder, ela voou em mim e me apertou num abraço. Correspondi, a saudade era muita. Um ano sem nos ver.
- Que saudades, pitoquinha! – Acariciei seu rosto. O estranho era que ao olhar em seus olhos azuis, já não via toda a alegria que via nos tempos da escola.
- Muitas, matador! Como vão as coisas, cara?
- Vão bem, eu acho.
- Hm, namorando, pegando, casado, divorciado, viúvo?
- Calma, menina, mal comecei minha vida. – De acordo com que o assunto ia rolando, nos dirigíamos à porta, sem nem nos importarmos com as compras que ficaram lá caídas no meio do corredor.
No carro, ficamos calados. Acho que nenhum de nós dois conseguiu inventar alguma coisa útil ou interessante para falar. Estava ficando constrangedor, eu ficava curioso para saber o que se passava na cabeça dela, se estava afim de ir para a cama comigo ou apenas colocar o papo em dia, mesmo. Ta, calma, , você acabou de reencontrar a menina e já ‘tá com segundas intenções? Segundas, terceiras, quartas e quintas, meu amigo.
- Er... Então, , o que você ‘tá fazendo da vida?
- Hm... – Ela pensou um pouco antes de responder. – Estou por aí. E você?
- Eu me juntei ao e ao e formamos uma banda, o Busted. Viemos aqui para Nova York em uma turnê. – Falei com naturalidade. Ela começou a se animar...
- Ah, jura? Então quer dizer que vocês se entenderam, finalmente... Acho que era eu que atrapalhava o caminho. – respondeu, com certo desapontamento ao terminar a frase.
- Não fala isso, ta? Não é culpa sua, nós só precisávamos de um tempo pra nos conhecer, oras.
- Então ta.
O resto do caminho seguimos em silêncio. Silêncio absoluto, que só foi quebrado quando chegamos ao apartamento dela.
- Desculpe a bagunça. – disse, arrumando as almofadas e chutando alguns restos para baixo do tapete.
Ao entrar, examinei bem ao meu redor. Reparei que as cortinas estavam amarelas e sujas e o apartamento estava escuro e abafado. Não sei como ela conseguia viver ali. Notei também um cinzeiro cheio de restos de cigarro em uma mesinha rústica de madeira. Ao lado dele, havia uma foto dela com sua mãe.
Sentei-me no sofá, encolhido. Liguei uma TV primitiva e assisti um canalzinho qualquer, enquanto preparava algo na cozinha, com um cheiro estranho e forte. Eu, curioso como sempre, fui ver o que era sem ela perceber. Esquentava uma colher, o que eu achei estranho. Em seguida, colocou a mistura que se formara em uma seringa, escondendo-a no bolso de seu jeans. Ao ver que ela terminava o processo, sentei-me no sofá como estava antes, fingindo que nada havia acontecido.
- , eu vou ali rapidinho, fique à vontade. – Concordei, preocupado. O que será que ela faria com aquela seringa? Torcia para que não fosse o que eu estava pensando. Trancou-se no banheiro. Ficou lá durante uns 20 minutos, até que eu bati na porta.
- , você ‘tá legal? – Escutei gargalhadas, e comecei a desconfiar mais ainda do pior. Ela não faria isso, eu sei. A é uma menina bem pé no chão. Sabe das ações e das suas conseqüências.
- Estou ótima, melhor impossível! – Destrancou a porta e saiu do banheiro com um sorriso apagado no rosto. O sorriso dela não era mais tão vivo. Puxei seu braço e vi uma picada recente de agulha.
- O QUE É ISSO, ? – Comecei a me alterar. Estava na cara, eu só não queria enxergar. O seu aspecto físico, a mistura que ela esquentou na colher, tudo se juntava, eram todos os sintomas... Sem nem esperar uma resposta, saí dali.

Voltando ao hotel, pensei como tudo podia estar tão perfeito e tão imperfeito ao mesmo tempo. Encontrei a , devia estar feliz! Mas olhe o seu estado, está acabada! Tudo indica que ela usava heroína, uma das drogas mais perigosas que existem. Se continuasse alimentando aquele vício, não sobreviveria muito tempo. Tinha que dar um jeito. Um jeito de tirá-la daquela fossa. Pensei em clínicas de reabilitação, grupos de ajuda, e até mesmo em confiscar a droga dela, mas decidi esperar.
A noite se arrastou lentamente. Estava com muitos pensamentos. Toda vez que tentava adormecer, as mesmas coisas me atormentavam. Olhar para o teto foi a única saída para a noite passar mais rápido.
Quando amanheceu, não tinha forças para me levantar. Sabe... Por mais que eu não quisesse isso, os problemas da eram meus também, eu me sentia mal por ela, por talvez ter que ver ela se auto-destruindo na minha frente, sem poder fazer nada. Mas alguma coisa eu faria, ah, sim.

Dirigindo até o apartamento de , eu me perguntava se ainda era íntimo dela, íntimo o bastante para poder dar uma verdadeira bronca nela, porque ela merecia. Às vezes poderia me achar cara-de-pau, por mesmo depois de um ano sem vê-la, ainda a tratar como antes. Poderia aceitar, recusar, me xingar, me mandar para um lugar bem bonito, ou várias outras coisas. E não queria que meus laços com se rompessem.
“Ding, dong!” - Toquei a campainha e respirei fundo, estava nervoso. Não sabia se a estava em condições de ter uma conversa civilizada, não sabia nem se estava viva! Já chega, , claro que ela ‘tá viva, senão a história acaba, né?
Vi a maçaneta girando e meu coração apertou. Ela deu passagem e eu entrei na sua casa, sentando-me no sofá. Sem falar nada, sentou-se ao meu lado.
- Desculpa por ontem. – Ela abaixou a cabeça. Odeio vê-la tristinha desse jeito, parece que o problema é meu, como já disse. Mas, de certa forma, o problema é meu sim, porque se algo acontecer à , eu morro.
- Você deveria ter me contado. , heroína é uma droga muito perigosa, não sabe onde está se metendo, garota! – Era como se estivesse perdendo o controle das minhas palavras. Um dia, onde a felicidade e a infelicidade se misturaram rapidamente, foi um choque para mim. Mas aquilo estava entalado e eu precisava falar.
- Descul... – Ela murmurou, mas logo continuei.
- Olha, eu não quero te perder, não posso! Eu sofri muito nesse meio tempo. Pensei que nunca mais fosse te ver, você não respondia minhas cartas, tentava falar com você de todos os jeitos, mas não conseguia! Eu fiquei angustiado. Você era a minha vida, e passar por cima disso foi muito difícil. Pode ter sido um ano, é bastante tempo, mas eu ainda te amo, ! Podemos sair dessa juntos, eu te ajudo! Só não quero ficar sem você de novo. – À essa altura, nós dois chorávamos. Eu entendia, a entrou nessa provavelmente por curiosidade, como muitos jovens. Só que na maioria das vezes esse caminho não tem volta.
- , eu... Desculpa, eu entrei nessa, é difícil sair. Eu te amo, quero você aqui comigo. Se desligar do vício é uma coisa quase impossível, mas com você eu posso tentar, eu não quero te decepcionar, eu não quero te perder! Quando me mudei pra cá, eu fiquei muito deprimida, sabe? Não me imaginava sem você. Foi então que descobri a heroína, que acabou sendo uma forma de me desligar um pouco do mundo. Era pra ser só uma vez, mas eu fui querendo mais e mais, e olha só! Eu estou horrível. Magra, feia... Quando meus pais descobriram, eles me expulsaram de casa. Tive que arrumar um bico pra poder alugar esse apartamento. – A acolhi num forte abraço, como se nunca mais quisesse soltá-la. Ah, como eu gostava da . Eu tinha que ajudá-la.
- Só me prometa que nunca mais vai se picar. Por nós.
- Eu prometo!
Quase que involuntariamente, nos envolvemos num beijo calmo. Pra mim, não importava mais nada. O mundo que se explodisse, só queria estar ali com ela para sempre.

Os dias se passavam e eu via melhorando. Estava mais feliz, seus olhos recuperaram o brilho, ela engordou (antes estava tão magra que parecia uma vassoura), e nós estávamos... Hum... Ficando?
Vi a luz do sol invadir o quarto. Olhei para o lado e vi dormindo. Sorri. Parecia um sonho, ela ali, ao meu lado. A ficha ainda não tinha caído.
Olhei no relógio.
“Puta merda, olha a hora!” Pensei.
Tinha que estar no palco em 30 minutos, ensaiando com os meninos. O show era mais tarde. Peguei meu celular e havia 20 chamadas não atendidas. e , só podia.
Levantei-me com cuidado e vesti minha roupa, olhando aquela tão perfeita, que... Dormira comigo? Ah, que incrível.
Vasculhei minhas coisas e encontrei o ingresso VIP que havia reservado para ela. Estava tudo planejado direitinho. O deixei na mesinha ao lado da cama com o seguinte bilhete: “Te vejo lá, meu amor. Beijos, .”

- CHEGUEI, BIBAS! – Não consegui conter a alegria, sinceramente. Até quem não me conhecesse poderia constatar que eu tinha... Dormido, ou pelo menos ficado com a minha amada. Estava escrito na minha cara, só que, agora, em vez de “otário” estava escrito “apaixonado”.
- , ontem não te vi o dia todo, man! ‘Tava com a , é? – me perguntou com aquele seu sorriso de psicopata. Ele me dá medo.
- Só você pra não perceber, . Olha a cara de retardado que ele ‘tá! – alegou. Porra, que mania a dele de me chamar de retardado! Eu que sou gatinho...
- Ele não ‘tá com cara de retardado, ele tem cara de retardado! – Estou tendo uma crise. Eu tenho cara de retardado? Imagina, . Claro que não! Se você tivesse cara de retardado a não estaria com você... Ou estaria? Talvez por pena... Não! Ela te ama, você sabe. Agora começa o mantra comigo: gostoso, gostoso, gostoso, gostoso...’ Pronto, pronto. Você pode. Você é o centro do Universo, . Ufa, terminei.
- OLHA AQUI, , EU NÃO TENHO CARA DE RETARDADO, TA? NÃO POSSO FAZER NADA SE A SUA VOZ PARECE A DE UMA GRALHA E A MINHA É FODA. SEU INVEJOSO, SÓ PORQUE EU ‘TÔ COM A , DORMI COM ELA E VOCÊ SÓ TÁ CATANDO GROUPIE BARANGA! Respira, , ninguém é melhor do que você. Você é o melhor, se controle. , meu querido, não quero prejudicar minha consciência, eu sei que sou melhor, e posso canalizar a minha raiva para fora da minha mente, o que trará mais resultados para mim. Obrigado por refletir a sua opinião, creio que cada um tem a sua e respeito isso.
Os dois ficaram me olhando, boquiabertos. Ta, o que eu fiz agora? Faz favor. Não posso usar os ensinamentos do Dalai Lama na minha vida? Funcionam, estou bem melhor. Se eu não gosto, falo na cara, não tenho o que esconder. Sou um homem transparente.
- Bebeu? – À essa altura já estava roxo de tanto rir. Ah, que vontade de mandar todos aqueles dentinhos pra dentro... Mas tenho que canalizar a minha raiva.
- Vai se foder. – Peguei meu instrumento e me posicionei no palco, para o ensaio.

Horas e horas ensaiando, já estava anoitecendo, e nós nos dirigimos ao camarim, pra nos arrumar. No espelho, eu fiquei ensaiando minha expressão, o jeito que iria falar. Tinha que ser perfeito.
- Pessoal, uma gata muito sensual me encantou e eu quero perguntar uma coisa pra ela... Não. Alô, cambada, to amarradão numa tchutchuca e queria perguntar... Também não. Olá, gente, estou sentindo algo intenso por uma diva aqui presente e queria questioná-la... Formal demais. , quer namorar comigo? Aí! ‘Tá legal, bem direto.
- Então, quer dizer que você vai pedir a em namoro? – apareceu com uma cara de tarado, levantando e abaixando as sobrancelhas freneticamente. Que medo.
- É, vou. – Confirmei, arrumando o cabelo.
- , , cadê o ? – A produtora apareceu na porta, ao lado de , com uma cara preocupada e uma prancheta em mãos.
- Eu não... – Ia falar, quando ouvi um barulho inconfundível. – ‘Tá vomitando.
- Ok, avisem pra ele que vocês têm que entrar no palco em cinco minutos! – E saiu, sem esperar nem uma resposta. Esse povo vive com pressa. E o nem disfarçou que ‘tava olhando pras pernas dela. Ô tarado, nunca vi.
- ! Vem, temos que entrar! – Puxei o pela mão, enquanto ele terminava de escovar os dentes.
- Com vocês... Busted! – Ouviam-se gritos histéricos e holofotes cegantes em nossa direção. Cumprimentamos a platéia e começamos o show.

O show ia acabando, ia chegando a hora. Fiz um sinal para o , que passou para o . Era agora. Agora ou nunca. Com muito esforço, consegui enxergar no camarote, com um sorriso no rosto acenando para mim. Ajoelhei-me, tentando, em meio àqueles flashes, olhar nos olhos dela. Vai, , você consegue, gatão!
- Em pouco tempo, muita coisa aconteceu. É como se nós dois enxergássemos uma luz no fim do túnel. Sabe, , eu quero você só pra mim. E sim, quando se trata de você eu sou extremamente egoísta. É você que eu quero beijar todo dia, chamar de minha. É você que eu quero abraçar, encher de juras de amor eterno. Só você, você e mais ninguém. , você aceita ser minha namorada? – Em uma fração de segundo, todos estavam gritando “Sim, sim, sim” e eu me sentia super feliz por isso. Vi os olhos de se encherem de lágrimas e ela correr para o palco, esbarrando em tudo e em todos, vindo em minha direção.
Pulou em meu colo e me deu um beijo. Seria um “sim”? Pra mim não importava mais nada. O mundo que se explodisse, só queria estar ali com ela, para sempre.

O tempo realmente voa, estávamos quase completando nosso primeiro mês de namoro. Agora que estava com a minha gatinha, não ia largá-la nunca.
? estava tão bem... E eu, melhor ainda, obrigado. Revezávamos sempre para a nossa “farrinha”: Um na casa (ou hotel) do outro. Como já era de costume, toquei a campainha do apartamento dela.
- Oi, meu amor! – Dei um selinho nela, que me retribuiu com um sorriso fraco. Não me importei, a abracei forte e a carreguei até o sofá...
- , não. – se levantou. Estava estranha, nunca tinha visto ela assim antes. Liguei a TV e a vi guardando alguma coisa embaixo de um vaso de porcelana. Se dirigiu para a cozinha e fechou a porta, sem dizer nenhuma palavra. Ah, não seria possível... Fui até o tal vaso, o suspendi... Não acreditei. Uma trouxinha: Heroína. DE NOVO? Como ela pôde ter feito isso? Cara, a recuperação, ela me prometeu. Senti minhas pernas estremecerem e meus olhos lacrimejarem. Enfiei a trouxinha no meu bolso e saí, sem rumo. Não sabia o que pensar, o que falar. Não sabia se ria ou se chorava. Realmente... Para não tinha volta. Ela tinha entrado nessa e agora estava presa. Tinha passado um bom tempo sem se picar, mas por algum motivo, voltou.
Chegando no hotel, deitei no sofá e encarei o teto, pensativo. Não tinha vontade de sorrir, nem de chorar, nem de viver. Não quero vê-la assim. Dói em mim também. Sentia um ódio, mas uma pena, não sabia o que fazer.
O telefone tocou, mas não me preocupei em atender. Pra mim todo mundo estava morto. Eu estava sozinho.
- Oi, aqui é o , no momento não posso atender, deixe seu recado.
- , amor? Aqui é a , por que foi embora? Quando escutar me liga. Te amo.
Como podia ser tão falsa? Além de ter me enganado, fingia que nada tinha acontecido. Depois de contrariar a mim mesmo, liguei de volta, afinal, eu tinha que resolver essa história.
- Alô, ?
- Oi, amor! Por que foi embora?
- Vai realmente fingir que não sabe?
- O que aconteceu, ? Você ‘tá estranho.
- Não minta pra mim. Quem você quer enganar? Você se picou, não é? Desde quando?
Ouvi um silêncio na linha, provavelmente ela ficou em choque.
- , desculpa, eu... Sério, foi só essa vez, eu saio dessa, te juro!
- Já tinha jurado, . Estava tudo tão bem... Realmente vai querer que um vício estrague o nosso relacionamento?
- Eu não quero te perder. Eu saio dessa.
- Eu também não quero, mas como confio em você agora? E se você se picar pelas minhas costas de novo? Eu não quero que você morra, entendeu? Porque mais cedo ou mais tarde isso vai acontecer se você não parar com isso.
- Eu já te disse, não é tão simples assim, ta? É fácil pra você falar , deixe de ser viciada.’ Você nunca teve problemas com drogas! Exige tempo. Tempo e paciência. E você prometeu isso pra mim também.
- Amanhã eu volto pra Londres, e você vai comigo. Vamos nos dar mais uma chance. , o meu único vício é você. Sou maluco por você.
- Ta, eu vou com você. Eu te amo, me desculpa.
- OK, ‘tá desculpada. Agora vai lá, pitoquinha, você tem muitas coisas pra arrumar.
- Eu vou lá, matador, eu vou lá.
- Hey, não me chama assim!
- Matador, matador, matador!
- Agora eu já consigo derrubar ele.
- Hm, ah, é? Então, amanhã você me mostra. Boa noite, matador, eu te amo.
- Boa noite, pitoquinha, eu te amo também.
Depois disso já me sentia bem melhor. Senti firmeza, sabe? Espero que dessa vez as coisas dêem certo. Por mais que eu tente, eu não consigo ficar bravo com ela. Terminei de arrumar minhas coisas com um sorriso bobo no rosto.
No dia seguinte, estava eu lá na fila do check-in, esperando a .
- Amorzão! – Algo me abraçou por trás. Era ela. Ah, como eu gosto desse abraço.
- Minha linda. – Dei um selinho nela e seguimos para o avião, acompanhados de e , que nem ousavam conversar comigo, vendo o quão interessado na eu estava.

A viagem foi curta. Também, ficamos o tempo todo trocando carinhos, e, principalmente... Saliva. Parecia um sonho. Assim que chegamos a Londres, começamos a ver casas para alugar. Queríamos um cantinho só nosso. Não dava para ter uma vida civilizada com cuecas e meias jogadas pelo chão e um cheio horrível.
Caminhando pela cidade, passamos por uma rua, ou mais especificamente, uma casa, que chamou a atenção dos dois.
- Ah, não acredito! É a minha casa, ! – comemorou. Era tão bonitinha.
- E por coincidência está a venda! – Não hesitei nem um pouco. Em uma semana estávamos nos instalando na casa nova. Adorava olhar para e ver a alegria em seus olhos. Me dava a sensação de estar no paraíso.
- Hm, casa nova, vida nova... – Ela falava, rindo. Deitados na cama, só imaginávamos o nosso futuro, e o quanto seria bom.
- E a namorada mais perfeita. – Completei, vendo o brilho nos olhos dela.
- Sabe, isso parece um sonho! Nunca ia imaginar, estava em depressão, sozinha... Agora estou aqui, do lado do homem que eu mais amo nesse mundo, numa casa só nossa...
- Gostei da parte do ‘homem que eu mais amo nesse mundo’.
- Haha, eu te amo.
- Eu também, pitoquinha.
Vocês já devem imaginar o que aconteceu depois. É, foi isso mesmo. Natureza humana...

Dias se passaram.
Acordei com um sorriso no rosto, e não estava lá. Estranhei, mas nem liguei muito. Deve ter saído.
Levantei meio tonto, me espreguicei e desci as escadas devagar. A encontrei vidrada na televisão com uma vasilha de pipoca, comendo rapidamente e com um sorriso bobo. Me aproximei e sentei ao seu lado, sem entender o que estava acontecendo.
- Nossa, que milagre! Está comendo comida de gente, e não aquelas gororobas lights. – Brinquei, e a vi olhar pra mim com um sorriso maior ainda.
- Dessa vez eu tenho motivo.
- Ah, é? E qual é o motivo? Deve ser muito especial. – Olhei para ela, nós dois ríamos. Ela parou de rir e passou a mão na barriga, olhando para mim.
- NÃO ACREDITO! – Fiquei sem reação. Ta, respira.
Eu vou ter um FILHO? FILHO? Um bebê, um filhotinho? E com a ? Puta merda, cara. Dá vontade de sair gritando por aí.
- Acredite. Vem um Mini-, ou uma Mini- por aí!
Voei em cima dela e nos beijamos com carinho. Naquele momento, a felicidade não cabia em mim. Senti que era a hora certa. A hora certa para duas grandes mudanças em nossa vida, mas eu estava despreparado para uma delas. Sim, eu não tinha comprado o anel! Como pude esquecer? Corri até a cozinha e abri um pacote de chips, em forma de anel. Peguei um deles e ajoelhei em frente à ela.
- , eu sei que isso deve ser ridículo, é que eu estou despreparado, sabe? Eu te amo, eu quero ter você pra sempre. Desculpe o mau jeito, mas... Quer casar comigo? – Não sei descrever. Foi tudo rápido, eu sei. Mas era uma boa hora. Eu sabia mais do que nunca o que ela era. A mulher da minha vida. Agora ainda teríamos uma prova: O nosso filho! Era uma ansiedade, uma sensação incrível, e um nervosismo também.
- Quero! – Disse essa palavra, que soou como uma melodia nos meus ouvidos, e me abraçou. Dupla felicidade. Hm, acho que dupla é pouco. Tripla felicidade! Nada podia dar errado, nada ia dar errado. Eu não ia deixar que nada atrapalhasse esse momento, nada.
No início, na escola, como isso tudo aconteceu? era a popular e eu era o perdedor. Nos odiávamos. Agora, estamos aqui noivos, e esperando um bebê!

O casamento foi planejado nos mínimos detalhes. A queria se casar de verde. Achei meio estranho, mas e daí? Até parecendo uma árvore ela era linda. O vestido teve que ser feito sob medida, porque ela já tava com a barriga desenvolvida. O local, ela que escolheu. Era um grande jardim, muitas plantas, poucos convidados... Bem simples. Depois de muito experimentar, escolher, e de muito estresse, vem a recompensa. Eu sonhava todo dia com isso, na cena dela vindo em minha direção, ali, com o buquê...

O dia chegou, o tempo passava e meu sonho se aproximava, pronto para finalmente se concretizar.
- Cara, eu ‘tô muito nervoso! – Batia os pés freneticamente, olhando todos os convidados encarando o altar com grandes sorrisos, e cochichando algumas coisas entre si.
estava demorando, mas eu entendia o lado dela. Noiva, centro das atenções. Aposto que a mãe dela estava dando uma aula de etiqueta para a festa, e as tias contando suas histórias de casamentos mal-sucedidos. Poderiam estar perguntando também se ela queria desistir, porque ainda dava tempo.
- Calma, . Vai dar tudo certo. – arrumava o cabelo, enquanto paquerava na maior cara de pau a prima da noiva. Até no meu casamento ele não se controla?
A música começou. Na porta da igreja, lá estava . Tão linda, de verde... Com aquele vestido rendado, e costurado nos mínimos detalhes, acenava para os convidados, que a enchiam de fotos. Sua maquiagem era leve, usava uma sombra branca que iluminava seus olhos, e uma pitada de blush, que deixava as suas maçãs do rosto mais adoráveis. Caminhava naquele tapete vermelho, com o buquê em mãos, em passos pequenos, sendo admirada por todos ali presentes. Aquele momento foi lindo para mim. A emoção... Não haverá outra igual.
Conforme ela ia chegando ao altar, eu analisava cada traço de seu rosto. Ela era tão perfeita... Com aquela barriga, então... Ficava mais linda, mais delicada.
Chegou ao altar e se posicionou ao meu lado, murmurando um ‘eu te amo’ para mim, que respondi.
- Aqui estamos para celebrar a união de e ...
Mesmo sendo o meu, casamento é uma coisa muito chata. Você fica naquela ansiedade, encarando o seu amor por milênios até o padre resolver fazer a pergunta definitiva. Eu sei que é a cerimônia, mas eu tava quase dormindo, além de estar suando frio, nervoso, ansioso, louquinho pela (ela ‘tava muito linda, cara!) e muito feliz.
- , aceita como sua legítima esposa?
- Aceito.
- , aceita como seu legítimo esposo?
- Aceito.
Coloquei a aliança no dedo dela e vice-versa. A vi chorar, eu chorava também. Toda a igreja chorava, daqui a pouco ia alagar. Sério! Até o resolveu parar de secar a prima da e prestar atenção no momento. Casamento é uma vez na vida, ou mais, quando não acha a “pessoa certa” de primeira, mas é único. E tem que ser com aquela pessoa, a pessoa dos seus sonhos. Já eu já tinha essa certeza há muito tempo.
- E eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.
Agachei, ficando na altura da barriga dela. Ela ficou com vergonha e começou a rir, mas eu não me importei. Perguntei para o meu garotão se ele estava feliz. deu um pequeno pulo, sentiu o bebê se mexer. Parece que ele respondeu.
Sabe, para mim, naquele momento, não importava mais nada. O mundo que se explodisse, só queria estar ali com ela (e com o nosso filho), para todo o sempre.

FIM



Nota da autora: AQUI ESTOU EU DE NOVO! AEAEAE - então pessoal, gostaram? pois é, demorei mas consegui. tipo, mais uma vez queria agradecer à nikih, à mari, a todos os meus amiguinhos, ao BUSTED, ao ar que eu respiro, e a mim, que escrevi essa fic, mais uma vez, usando toda a minha criatividade quase extinta, rs. beijos. :*

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