Written by Luísa V. Gurian
Review by Yasmin Duarte


Eu estava dando graças a Deus por aquele show ter chegado ao fim. Entenda, música é minha vida e eu amo me apresentar para o nosso público, mas hoje não era um bom dia para se fazer isso para um monte de gente que sempre devotou tanto carinho à minha banda.

Eu havia passado a noite anterior acordado, me resolvendo emocionalmente. Tão piegas, eu sei, mas eu precisava dar um jeito naquela situação. Fazia exatamente sete anos que eu o conhecia e mais ou menos uns três que eu nutria uma paixão, muito forte por sinal, dentro de mim.

Tudo nele me encantava, sua risada, seu sorriso quando estava envergonhado, seus olhos, suas mãos trêmulas ao ficar nervoso.. Ele era a perfeição em pessoa, aos meus olhos.

Eu tenho plena consciência do quão arriscado é você virar pra uma pessoa e dizer que a ama. Algumas pessoas não estão preparadas pra isso, mas eu tinha que me arriscar mais, como sempre. Não era uma simples paixão heterossexual que se vê todas as horas do dia, mas sim uma coisa que talvez pudesse ser linda entre dois homens.

Isso mesmo, DOIS HOMENS. Eu amo um dos meus melhores amigos. Uma das pessoas que eu mais convivo ultimamente e que é, sem dúvidas, a mais especial pra mim.

Eu não sei quando isso aconteceu, talvez entre uma brincadeira ou outra, o que importa é que hoje terá seu fim. Eu não sou muito de me declarar pras pessoas, mas dessa vez era diferente de tudo que eu já tinha sentido.

Eu pude vê-lo entrar pela porta do nosso ônibus, com uma cara bem cansada. Isso meio que me desmotivou a tentar falar com ele, mas ao vê-lo vindo em minha direção, senti que aquele era mesmo o momento.

- Hey, . Achei que você fosse dormir logo. – ele se sentou no outro banco da mesa, em minha frente.

- Eu ia mesmo, mas precisava conversar com você antes.

- É? Pode dizer... Alguma coisa da banda? – , instantaneamente, pareceu despertar.

- Não. Nada a ver com a banda, pode ficar tranqüilo. – eu lhe dei um meio sorriso. – É mais alguma coisa entre você e eu mesmo.

Eu não conseguia encontrar palavras pra explicar pra ele o que estava acontecendo comigo. Ele me olhava estático, querendo descobrir o que eu precisava tanto conversar com ele.

- Diz, . Você está me deixando nervoso... Eu fiz alguma coisa hoje que não te agradou? – ele pousou sua mão em cima da minha, sobre a mesa, e eu pude ver que elas tremiam de leve.

- Imagina, . Você foi ótimo. Todos adoraram. Eu vi a quantidade de menininhas enlouquecidas por você lá.

- Nem eram tantas assim, . Não exagere. E eu não estou com cabeça pra pensar em fãs no momento. – um olhar triste surgiu, ofuscando o brilho usual de seus olhos, enquanto ele retirava sua mão de cima da minha e abaixava a cabeça.

- Você está bem? – ele não costumava ficar fazendo drama. Pra ele ficar triste, tinha que ter um motivo forte.

- Não muito, . Mas a gente conversa disso depois. Me diz o que você queria me contar. – agora ele me fitava. Sua cabeça meio em pé, sendo iluminada pela luz da lua cheia lá de fora.

- Está bem. Mas antes de qualquer coisa, eu preciso que você me prometa que nada vai mudar entre a gente. Não importa o que eu diga, nós sempre vamos ser amigos. – eu meio que lhe implorava. Perder sua amizade era uma coisa inadmissível pra mim.

- Mas é claro, . Nós já passamos por tantas coisas, e continuamos aqui. Acho que não há nada que possa nos separar. – ele sorria pra mim. Aquilo me deu mais força e coragem ainda pra contar pra ele.

- Eu te conheço já faz um bom tempo, e eu sempre fui mais ligado a você do que aos outros caras. Foi sempre você que estava comigo, nas piores e melhores coisas. – mesmo com a minha cabeça abaixada, eu pude sentir ele me encarando. – Não faço a menor idéia de como isso aconteceu, só que foi há mais ou menos três anos. Eu... Eu me apaixonei por você, . Eu sinto muito, mas não agüentava mais segurar isso comigo.

Eu não vi nenhuma reação vinda dele, nenhuma positiva, pelo menos. Ele se levantou e foi pra fora do nosso ônibus.

- Porra! – eu disse pra mim mesmo. Eu não deveria ter sido tão direto, eu devo tê-lo assustado.

Fui atrás dele, lá fora.

- . ! Espera aí. – eu tive que correr um pouco para alcançá-lo.

- Eu sei que você não estava preparado pra ouvir aquilo. Eu deveria ter sido menos direto, sei lá... Por favor, você me prometeu que nada mudaria entre a gente. – algumas lágrimas se formaram em meus olhos, mas eu não queria que elas caíssem.

Ele me olhou e, sem dizer uma palavra, me beijou. Demorei a perceber o que estava acontecendo, mas logo fechei meus olhos e dei permissão para que sua boca se fundisse com a minha. Meu deus, aquilo estava mesmo acontecendo? Ou era algum tipo de sonho maluco, no qual eu acordaria no outro dia me socando, mentalmente, claro, por ainda não ter contado a ele o que eu sentia?

Ele se afastou de mim. E eu fiquei mais alguns segundos até perder o medo de abrir os olhos. Agora ele me fitava com um sorriso enorme, acho que o maior que já vi.

- Você fala demais, . Mas me diz, você segurou mesmo isso por três anos com você? Você é muito estúpido, cara. – e riu.

- Você queria que eu fizesse o que? - eu estava perplexo, admito.

- A mesma coisa que fez hoje: me dissesse. Você nunca percebeu que esse sentimento era mútuo? Eu sempre achei que você desconfiasse, pelas nossas brincadeiras e tudo, mas que não me correspondesse. Por isso eu meio que parei com elas.

- Eu achei que era mais uma brincadeira entre amigos... – eu estava envergonhado por não ter notado as intenções contidas nas brincadeiras, e por isso ter perdido tanto tempo.

- Olha pra mim. – ele posicionou seus dedos em meu queixo, me fazendo olhar pra ele e me deu um selinho. – Vamos deixar isso tudo pra trás. O que passou, passou. Agora a gente vai poder ser feliz, porque eu te quero do meu lado. Pra sempre, . E só tem uma coisa que vai mudar entre a gente.

- O quê? – estava bom demais pra ser verdade, pensei.

- Namora comigo? – e mais uma vez suas mãos tremeram, unidas as minhas.

- Claro! Até quando você quiser...

- Então acho que é pra sempre. – seus olhos brilhavam em minha direção, e ele abriu o sorriso mais lindo que eu já pude ver em toda a minha existência.

Eu sorri e o beijei, sob aquele luar que brilhava como se estivesse feliz por nós, e tenho certeza de que ele percebeu que minha resposta era um ‘sim’. Um sim que ambos esperávamos há muito tempo para ter.


Fim.


N/A: Essa é uma fic muito especial pra mim, por ser sobre uma das bandas que mais amo. Foi a segunda que escrevi, então tem toda aquela coisa de ‘eu ainda era BEM ruinzinha’, mas espero que você tenha gostado. MUITO obrigada por ler. ;D
Obrigada às Mah’s da minha vida. A Monteiro por ter sido a pessoa mais fofa do mundo quando foi a primeira a ler essa fic. E a Roncon porque ela é tudo pra mim. (llll)
. Obrigada também a Sil fofa e simpática (que acho que tem medo de mim, mas tudo bem. OKDSAOKDSOA :B).
Agora me faça feliz, e dê sua opinião (mesmo que seja pra dizer que odiou, okay? KDOPAKDSA)




comments powered by Disqus