So Impossible
Por Mariana Lorandi


For You To Notice

– Oi, , meu nome é ... Não, isso não tá bom. – Falei para mim mesmo. – Olá, , acho que você não sabe que eu sou. Sou , da sua classe de História e... É lógico que ela não sabe, eu não sou ninguém! – Cocei impacientemente minha nuca com a ponta do lápis. – E aí, , beleza? Eu queria... Não, não sou íntimo para chamá-la pelo apelido.
Lá estava eu, o perdedor, sentado embaixo de uma árvore no campus da escola, tentando escolher a melhor forma de falar com a garota que eu gostava fazia quatro anos. Sim, quatro anos, e, até aquele dia, ela pensava que eu era apenas mais um garoto entre os milhares que estudavam lá... se é que ela pensava em mim.
E lá estava ela, no meio do campo de vôlei, conversando alegremente com suas amigas. “Ah, se ao menos eu pudesse ser a pessoa que a fizesse rir dessa forma... Quem sabe um dia eu converse com ela e consiga impressioná-la com cada palavra que eu fale. Tudo que eu disser vai fazer com que eu pareça compreensivo, ou corajoso, ou relaxado, ou charmoso. E aí ela vai querer ligar para mim. É. E eu vou estar lá sempre que ela precisar”, eu pensava.
Muitas pessoas poderiam achar idiota o fato de eu fantasiar conversas com ela, mas não me importava. Tinha altas esperanças de que um dia isso iria acontecer. Mas, por enquanto, eu fiquei lá esperando ansiosamente para que ela me quisesse, para que ela precisasse de mim, para que ela me notasse.


So Impossible

O sinal bateu naquela sexta-feira, anunciando o final da aula de História, e eu achava que seria mais um dia comum em que eu passaria o almoço isolado, enquanto me corroia por dentro vendo outros garotos dando em cima de . Mas isso não aconteceu. Para falar a verdade, nem sequer consegui chegar à cantina.
? – Ouvi alguém que chamar por trás, quando guardava meus livros na mala. – Posso, erm, falar com você?
Congelei. Eu não precisava nem ao menos olhar para a pessoa para poder reconhecer aquela voz. Eu não acreditava que ela estava me chamando. Virei-me para trás e lá estava , com seu sorriso que esquentava meu coração.
– Eu, ahm... – Pigarreei nervosamente. – P-pode. O que houve? Precisa de ajuda para fazer o trabalho sobre a Revolução Industrial?
– Não. – Ela riu envergonhada, e eu sorri por causa disso. – É, que... todo mundo vai para a festa de hoje à noite e eu queria saber se... você vai caso eu vá. – Ela mordeu levemente o lábio inferior, fazendo-me engolir seco. – Eu levo uma amiga e você pode levar aquele amigo seu, o John. Eu ficaria feliz, sabe, em te ver fora da escola, usando o sorriso que eu vou levar para você.
Suas palavras saíam como poesia, o que me deixava mais nervoso ainda. Minhas mãos não paravam de suar, e minhas pernas estavam extremamente instáveis, ameaçando a me derrubarem a qualquer momento.
– Eu queria aprender algumas coisas, como... Se você gosta de contar as coisas ruins que você sabe sobre todos da sua classe, ou de fingir ser o idiota, ou usar o que está na moda, ou conseguir fazer algo que não achava que daria certo... Se você gosta de tomar café à noite... Essas são algumas coisas que eu gostaria de saber.
Ela ficou me encarando com um pequeno sorriso no rosto, esperando por uma resposta minha. Eu não conseguia me conformar com o fato dela ser tão direta assim, isso havia me deixado estático. Mas eu precisava falar alguma coisa.
– Ahm, eu... tenho que trabalhar hoje, mas eu ligo avisando que não posso. E meu amigo não tem nada para fazer, ele ficará feliz em se juntar a mim. E talvez meu amigo e sua amiga acabem se dando bem, ou... talvez nós?
As palavras saíam da minha boca sem que eu pudesse controlar. Entrei em um certo desespero silencioso, com medo de que ela reagisse negativamente por eu ser tão direto dessa forma, apesar de que ela havia feito o mesmo. Para meu alívio, ela apenas sorriu e me deu um beijo na bochecha.
– Então te vejo hoje à noite – ela disse, antes de desaparecer pela porta da sala.
Eu fiquei parado lá, com a mão no lugar onde ela havia encostado os lábios. Um sorriso começou a se formar em meu rosto, e a felicidade transbordava de dentro de mim.
– Eu estou morrendo para saber se você gosta de sonhar sobre as coisas impossíveis, ou apenas as práticas, ou até as selvagens, ou se gosta de esperar em seus dias ruins só para que no final acabe com alguém que você realmente se importa – falei baixo, para mim mesmo. – Você gosta de dar amassos? E passeios longos de carro? E olhos ? E garotos que simplesmente não se encaixam? Você gosta? Então, sim, eu te vejo lá.


Remember To Breathe


Eu estava parado em frente ao espelho, tentando decidir se o que eu vestia estava bom. Naquele momento, ela provavelmente deveria estar arrumando seus lábios com o batom. Eles sempre estavam perfeitos, nunca uma linha borrada, nunca havia demais.
Eu vesti minha blusa azul. Um dia, um dos únicos dias em que ela havia falado comigo, ela havia me dito que gostava daquela camiseta, então havia decidido usá-la, assim não corria o risco de vestir algo que a desagradasse.
Ela provavelmente deveria estar imaginando o que eu iria usar. Ela sabia exatamente o que queria usar, ela sempre vestia azul. Eu, pelo outro lado, ainda estava decidindo o que vestir. Tênis ou chinelo? Não sabia. Estava começando a entrar em pânico.
– Espere, , não – falei para mim mesmo. – Lembre-se de que foi ela que te chamou para a festa. Lembre-se de respirar e tudo ficará bem.
Olhei-me uma última vez no espelho, calcei os tênis, coloquei minha carteira no bolso e saí de casa.


Hands Down

A música alta e a casa cheia de pessoas era exatamente o que eu esperava encontrar. John e eu fomos passando por entre todos que vinham no meio do nosso caminho, mas eu não via nenhum sinal de . Eu estava pronto para sentar no sofá e esperar que um milagre acontecesse e ela aparecesse na minha frente, quando John me cutucou no ombro. Ele resmungou algo que eu não entendi por causa da música barulhenta e apontou para o outro lado da sala. Lá estava ela, linda como sempre. Seu olhar encontrou o meu e ela logo acenou para mim, chamando-me. Segui em sua direção, sem tirar os olhos dela, enquanto ela fazia o mesmo. Encontramo-nos no meio do caminho, e seu perfume me hipnotizou da mesma forma que sempre fazia quando eu passava ao seu lado.
– Oi – eu falei envergonhado, com as mãos no bolso. – Você está ótima, muito, erm... bonita.
– Obrigada. – Ela riu levemente. – Você também não está nada mal.
– Você quer que eu pegue algo para beber?
– Para falar a verdade, não. Sei lá, essa festa está um pouco chata, sabe? Não sei, estou um pouco triste hoje. Só queria ficar em lugar quieto e calmo.
– Ah. Ahm, certo. Acho que tem algum quarto vazio lá em cima. Vai lá, eu... eu fico aqui embaixo, não sei.
sorriu para mim e pegou minha mão, fazendo um frio correr pela minha coluna. Olhei um pouco assustado para John, mas ele apenas deu um sorriso malicioso, encorajando-me a seguir em frente. Ela me guiou para o andar de cima, e entramos no primeiro quarto do corredor.
– Droga, a lâmpada deve ter queimado – falei, apertando diversas vezes o interruptor. – Espero que o abajur funcione.
Liguei o dito cujo e o quarto ficou levemente iluminado. Sentei na cama enquanto ligava o rádio de som, colocando o volume baixo e criando um clima romântico que me fez começar a suar, como sempre fazia quando estava em sua presença. Ela foi do outro lado da cama onde eu estava sentado e se deitou de lado. Seu rosto mostrava uma tristeza sincera, apesar dela sempre parecer feliz.
– Aconteceu alguma coisa? – perguntei preocupado.
– Eu só... estou cansada das pessoas da minha vida, sabe? Eu queria ter alguém sincero comigo, alguém que se importe. – Ela pegou minha mão e me puxou. – Venha, deite-se aqui ao meu lado.
Fiz o que ela pediu, e meu rosto ficou extremamente perto ao dela. Ela mexeu sua perna e a apoiou sobre a minha, e eu pude sentir a maciez de sua pele, deixando-me ligeiramente sem ar. Meu coração batia forte e rápido, e eu sabia que podia ter um ataque cardíaco a qualquer momento.
– E-eu... – comecei.
– Não. – Ela colocou seu indicador na minha boca. – Vamos ficar aqui quietos para que não descubram e façam aquelas perguntas idiotas, se você conseguiu alguma coisa.
Concordei com a cabeça e não continuei a falar. O silêncio se alojou naquele quarto, e nós permanecemos encarando um ao outro. Minhas esperanças eram tão altas que o beijo dela poderia me matar. E eu queria que ela me matasse, para que eu morresse feliz.
O tempo se passou sem que percebêssemos. Só nos demos conta do quão tarde estava quando meu relógio apitou, anunciando que as duas da madrugada haviam chegado.
– Droga, eu tenho que ir – ela falou, levantando-se da cama, e eu fiz o mesmo. – Se minha mãe descobrir que eu fiquei fora até esse horário, ela vai me matar! Hey, você pode me levar até em casa?
– Eu, ahm, não tenho carro – respondi, encarando os tênis, envergonhado.
– Não tem importância. – Ela sorriu. – Eu moro aqui perto, você pode me levar a pé. Quero dizer, se você não se importar, é claro.
– Não, não me importo – falei rapidamente.
Descemos as escadas da casa e passamos pela sala, onde encontramos John e a amiga de aos amassos. Resolvemos não atrapalhar, então saímos da casa sem avisá-los. As ruas estavam molhadas, mas nem sequer havíamos percebido que havia chovido. Fomos andando pela calçada deserta, conversando de uma forma completamente diferente do que havíamos feito no quarto, já que nem sequer havíamos conversado por lá. Não demorou muito para que chegássemos à casa de .
– Ai, droga, esqueci a chave! – ela disse, batendo na própria testa. – Calma, talvez se eu conseguir pular o portão...
– Ei, você tá louca? – interrompi-a. – Você vai acabar se machucando dessa forma! Agora, tem alguma chave extra lá dentro ou algo do tipo?
– Ahm... tem uma trava aqui do outro lado que abre essa porcaria, mas eu não consigo alcançar simplesmente passando o braço por entre as barras. Mas por quê?
Não respondi. Comecei a escalar o portão, mesmo com os protestos de . Consegui chegar ao outro lado e logo abri a trava, permitindo que ela passasse para dentro. Seguimos pelo pequeno caminho que havia, até chegar à porta de entrada da casa.
– Bom, então... boa noite – ela disse.
– É... boa noite.
Sem que me desse tempo para pensar, puxou-me pela cintura e me deu um beijo. Não foi um beijo longo ou sequer como aqueles de filme, mas foi um beijo.
– Eu, ahm, desculpe, não quis fazer isso – ela falou, entrando rapidamente em casa e me deixando lá, em choque.
Eu comecei a andar para fora do jardim, chegando até a calçada do lado de fora. Encarei a porta de sua casa uma última vez e sorri. Eu sabia que ela queria ter feito aquilo. Eu sabia que ela queria ter me beijado. Definitivamente, aquele foi o melhor dia da minha vida.

FIM!

 

 

Tá, devo dizer que escrevi essa fic pensando no Chris Carrabba, o deus da minha vida *-*
Nossa, primeira fic não-McFly que eu escrevo o__o Hum, foi uma experiência diferente, sabe, não me ver com o Danny no final (se bem que nem todas as minhas fics são com final feliz =x). Mas eu precisava escrever essa fic, porque, meu Deus, Chris Carrabba é o cara, e eu precisava privilegiá-lo de alguma forma. Tá, se vocês não sabem quem ele é (o que é um total pecado), Christopher Ender Carrabba é o vocalista/guitarrista do Dashboard Confessional. Tá, talvez ele seja A banda, né, porque o primeiro e o último CD ele gravou sozinho o/ Ah, eu começaria a contar toda a história do Dashboard, mas não é pra isso que eu tô aqui, então quem quiser saber, me adiciona no MSN xD
E, para quem já leu Make It Happen, eu não tenho uma obsessão pelo nome John! Quero dizer, na verdade, até tenho, mas nesse caso foi coincidência! É que um outro integrante da banda do DC se chama John Lefler, e eu achei que seria desnecessário colocar script nesse nome, já que ele não tem grande importância, né? =P
Bom, So Impossible na verdade é um EP com quatro músicas: For You To Notice, So Impossible (duh!), Remember To Breathe e Hands Down. Tem como existir um conjunto de músicas melhor? Peloamordedeus, eu amo³ essas quatro! Se bem que tem ooutras do DC que eu também amo, mas isso não vem ao caso no momento. Cara, Hands Down é A música, é cláássica, é tipo aquela música que você tem que amar, sabe? Não tem como não amar!
Bom, falei demais já! Eu explicaria o que cada música falar, mas acho que toda a fic já é auto-explicativa! =D
Um beijo e um queiro pra vocês :*



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