Unplayed Melodies
Written by: Mia.
Traducted by: Rafaela.



Capítulo 1: A rainy morning.

Ela costumava ser tão feliz, tão animada, tão cheia de vida e energia. Ela olhou o sangue escorrer pelo seu braço. O seu lindo braço estava agora uma bagunça. Que nem a vida dela. Tudo se parou ao seu redor. Sua vida estava caindo aos pedaços.
Enquanto ela estava em seu quarto olhando para fora da janela, a escura, triste, chuvosa manhã refletia cada pedaço do que ela estava sentido por dentro. Por fora o mundo continuava; pessoas indo trabalhar, crianças indo para a escola... como eles podem? Por que tudo não se tornou estável por pelo menos um minuto? Mas um minuto não pode mudar tudo isso. Ninguém se sente tão sozinho quanto ela? Sua cabeça começou a machucar e ela berrou, como se demônios estivessem perturbando ela: 'VÃO PARA LONGE! Me deixem em paz!'
Sua voz ecoou pelo silêncio envolvente do seu quarto escuro, seus olhos se arregalaram com medo. Não tinha nada que ela temia mais do que essa sensação. sentiu como se sua cabeça fosse explodir.

Deixou seu apartamento, ainda estava frio e chuvoso lá fora, não sabia para onde ir. Ela andou pelas ruas e em direção ao supermercado, tentando comprar alguma comida para hoje à noite. Ela não gostava de pessoas. Elas a faziam doente. Todo mundo a trata errado por alguma razão. Uma razão desconhecida. Seria sua aparência assustadora? Digo, ela era sozinha. Não tinha amigos e muito menos com quem conversar. Seu refúgio era ela mesma, que mal sabia como continuar a vida.
Estava tão brava a esse ponto. Pessoas passavam por ela lançando olhares realmente tortos. Andou para dentro do lugar. Cara, isso era nojento. Ela estava entrando em pânico. Engoliu em seco e tentou empurrar o medo para longe.
Ela, pelo modo que era tratada, pegou o conhecido sentimento de que todo mundo estava olhando para ela. Tentou se fazer tão pequena quanto podia, mas ainda sentia todos aqueles incontáveis olhos olhando para ela. Olhou sobre seus ombros, mas não viu ninguém olhando. Que porra estava errada com ela? Ainda, não podia se acostumar com a idéia de que estava sendo observada, mesmo agora, quando provava que não estava sendo observada. Foi quando fez uma coisa que não deveria ter feito:
- PAREM DE OLHAR PARA MIM, PESSOAS!
Todos viraram suas cabeças para ela, ‘merda’ - pensou. E olharam para ela como se estivesse fora de sua sã consciência. Não podia encarar todas aquelas pessoas. Respirou e se virou. Mas daquele lado, todos a olhoram também. Podia sentir sua temperatura elevar-se e começou a suar.
Seu coração parecia como se tivesse tomado um caminho para o cérebro. Ela correu para longe, envergonhada, e continuou a correr e correr. Só diminuíu a velocidade porque as sacolas estavam muito pesadas. Notou que acabou alcançando outra rua e tentou andar calmamente. Viu um grupo de três garotas e dois garotos da sua idade, mas que mais lembravam vândalos. ‘Não... Por favor, não’ - ela pensou. Tentou andar tão suave que nem mesmo um animal com audição agussada a ouviria. Estava tão paranóica. Depois que passou por eles respirou fundo em alívio, mas cara, ela estava errada. Isso tinha apenas começado.
- Hey, punk.
Escutou uma voz não amigável a chamar. Seu coração estava pulsando tão intensamente, que poderia escutá-lo. Teve que fechar seus punhos e seus olhos, como uma reação normal de seu corpo.
- O quê? - Perguntou.
- Nossa, ela pode falar.
Eles agiam como se ela fosse nada, mas lixo: nojenta e existência sem significado. Viu um dos garotos vindo pra cima de dela. Era como um filme, como se ela não estivesse ali, mas, sim, alguma atriz. Sua mente gritava para ela mesma: CORRA PARA LONGE! CORRA PARA LONGE! Mas seu corpo de merda, seu estúpido ego, apenas não reagia. Seus pés estavam congelados e grudados à rua. Seu corpo estava muito tolo e muito cansado, sem a mínima "vontade" de se mover e se salvar de outra humilhação diária. Ela continuou lá. Parada.
- Escuta seu pedaço de merda.
- Sua otária!
- Oh, Deus, olhe para ela! Patética!
- Eu estou falando contigo, porra.
- HAHA, Doida! Otária!
- Feia!
As vozes falavam e ecoavam em seus ouvidos, mas ainda assim seu corpo não reagia. Tudo começou a girar, as palavras repetiam de novo e de novo em sua cabeça.
Um menino começou a bater nela. Não, isso não estava acontecendo com ela. Ela tinha um patético ar de assustada no rosto. Viu isso tudo em slow-motion, como um filme. Os punhos vinham mais perto e rápido. Um deles bateu nela, no rosto, e ela caiu. Eles começaram a cuspir nela e pegaram seus óculos, quebrando-os. Os meninos a chutaram no estômago. As garotas riram forte e bateram palmas. Se encolheu em forma de conchinha e colocou as mãos na frente do seu rosto, enquanto eles começavam e bater mais. Tentou parar de chorar, mas toda vez que era batida não podia evitar as lágrimas de cair pelas suas bochechas.
- Otária! – O garoto disse.
Eles a deixaram abalada do seu chorar e tremendo da dor que sentia. Ali estava ela; , batida, sangrando, chorando e quebrada. 'Bom trabalho, ! Bom trabalho! Eu estou orgulhosa de você. Outra bosta de dia arruinado, obrigada para você mesma, mantenha desse jeito!' Ela viu suas lágrimas pingarem na rua. “ME AJUDE!” Ela gritou com sua última força. “Me ajude...”
Isso a levou horas para se levantar de novo...

Capítulo 2: The Dream.

Pensou que aquilo estava acabado agora. Suspirou e começou a andar para o seu apartamento, vagarosamente, com suas sacolas. Nunca se sentiu em casa. Começou a pensar sobre hoje à noite, sozinha, vivendo todo dia.
- Salve isso para hoje à noite, – Sussurrou para si mesma.
Enquanto olhava ao seu redor, ela via as pessoas se divertindo, crianças brincando umas com as outras. As crianças riam e pulavam para cima e para baixo. Seus sorrisos eram tão felizes e tão verdadeiros. Ela queria matar todos eles. Quanto tempo tinha passado desde que ela se divertiu pela ultima vez? Quanto tempo levaria para se divertir de novo? Não existem sinais, não existem mãos fortes indo para baixo, na direção dela, para colocá-la para cima. Para onde foram todas as suas chances? Suspirou mais uma vez enquanto pensava: 'É muito tarde agora, eu estou esquecida, muito longe para ser achada'. Bom, yes para ela. Ela só queria sair da escuridão e ir para o sol. Voltou para a estúpida realidade.
Entrou em seu apartamento, foi para a cozinha, ficou lá por um momento, apenas pensando em nada em particular. Andou para a sala de estar, sentou no sofá e ligou a TV, mas desligou no segundo seguinte, porque ficar vendo todas aquelas pessoas e suas vidas perfeitas fazia ela mais doente ainda. Ela não estava com vontade comer, pensar nisso fazia ela querer vomitar. Ela botou um CD para tocar e fechou seus olhos. As coisas pareciam estar sentando em seus ombros e o peso pressionava seus pés facilmente para dentro do chão, estava afundando em um buraco escuro e não conseguia ver a saída. Não se sabe onde o fundo está, mas se sabe que não está chegando. Cantarolou a música e sentiu como se pertencesse àquela melodia. Suavemente cantou para si mesma até dormir.
Aquela noite ela teve um sonho. Ela sonhou que estava livre. Caindo em um mundo de sua escolha. Sozinha, consigo mesma, seus sentimentos e pensamentos próprios. Está bem, ela não estava sozinha. Olhou em volta, com medo, a luz era muito clara, isso machucava sua visão. Levou um tempo para que ela voltasse a enxergar de novo. Cuidadosamente abriu os olhos e olhou para cima. Exatamente em sua frente, uma sombra. Ela não podia ver ela claramente. A “sombra” andou para sua direção. Um garoto da idade dela. Escutou ele dizer em um sussurro;

Eu vejo lágrimas caindo pelas suas bochechas. Elas nublam sua mente, fazem-te cega. Torturada pelos seus pensamentos, eles recusam a sair. Eles estão afogando sua mente, matando você por dentro. Morrendo em um inacabável pesadelo esvaziado pelos seus pensamentos.

Ela queria dizer alguma coisa, mas nada veio. Ele abriu seus braços para ela. , por sua vez, sentiu as lágrimas escapando pelos olhos. Não conseguia descrever o quanto queria sentir os braços dele em volta do seu corpo paralisado, mas, merda, ela não conseguia alcançar ele e ele parecia desaparecer. “ESPERE, POR FAVOR, EU ESTOU SOZINHA AQUI!” Ela pediu numa voz angelical. “Me ajuda.” Começou a correr na direção dele, mas ele apenas desaparecia facilmente para longe dela. “POR FAVOR. Por favor, não... Eu preciso de você, realmente preciso...”

O sol brilhava claramente e o calor caía diretamente na garota.
Na manhã seguinte, ela lembrou do seu sonho perfeitamente e desejou que se tornasse real. Espere! O que foi que ela acabou de pensar? Isso não poderia acontecer com ela. Nunca. Uma coisa dessas não poderia ser real. Fundo, no seu frio coração ela acreditava. Algum dia... Alguém que realmente a ama... 'Vou ter que esperar para sempre? - pensou. Foi para o banheiro, fez suas necessidades. Odiava se ver no espelho, seu patético e atado ego. Andou para a cozinha, um flash de memória encenou em sua cabeça. Memórias que a assustavam. Sua mãe. Deus, realmente odeia ela. E ela achava que não via. O que estava feito, estava feito, pedaço por pedaço. Traiu seu pai, matou seu irmão e seu gêmeo, bateu nela, gritou para todos os filhos. era um erro para ela, um verdadeiro e grande erro. Não podia chorar porque sabia que era fraqueza nos olhos da mãe. Ela era forçada a falsamente sorrir, um riso. Cada dia de sua vida com ela. não conseguia olhar para trás na vida sem um sentimento de ódio. E ainda não consegue. Ela odeia aquelas pessoas que tomaram controle da sua vida. Golpeada por dentro, fez o que eles pensavam estar certo. Cheios de mentiras, dizendo isso e aquilo para ela. Sua mãe nem mesmo se importa de ter mentido, vivia dizendo mentiras. Dizendo para que estava tudo certo, quando, na verdade, ela estava sendo escondida da verdade. Por que ela deveria sentir alguma coisa? O que ela sentia era provavelmente uma mentira também... Por causa dela, acha difícil acreditar.
olhou inexpressivamente para a parede. Fechou os olhos tentando lembrar-se de tudo que ela viu, sentiu e experimentou em sua vida. Algumas horas depois ela foi para fora de casa.
Andou por aí, com nada para fazer. O sol era invisível para ela. Para outras pessoas era agosto agora. Estava quente e eles usavam roupas de verão. Mas ela não podia. Estava muito frio. Sua alma machucada agora machucava seu corpo. Entrou no parque e sentou em um banco debaixo de algumas árvores, mas estava completamente cega para ver as cores das flores ao seu redor. Elas eram todas cinzas. Colocou suas pernas para cima do banco e escondeu seu rosto nos joelhos. Fechou seus olhos e pensou sobre o sonho. Foi como se ela estivesse passando por ele do novo. A escuridão, a luz repentina, e a pessoa nas sombras. Sobre sua vontade, começou a cantarolar a melodia de novo. Ela, suavemente, cantou sua dor. Isso a confortava, ela não estava se importando com quem quer estivesse a escutando. Repentinamente, escutou, de algum lugar muito longe, alguém andando em sua direção, algum lugar em uma realidade onde viveu não faz muito tempo. Não conseguiu entender o recado e continuou a cantar. Sabia que aquela pessoa, que escutou andando, estava sentando-se próximo dela agora. Um certo calor a preencheu. 'Saia daqui. Me deixe sozinha.' - pensou. Mas quando finalmente levantou um pouco sua cabeça e virou para a pessoa próximo dela... Por que seu coração bateu mais rápido quando viu seu rosto? Ela o reconheceu de algum lugar. Encontrou-se olhando o jovem, o que a fez corar. 'Caralho, pare. Vire-se e fuja! Ele é um estranho.' Mas alguma coisa a manteve lá. Alguma coisa grande estava preste a acontecer. Escutou a voz dele e sentiu vontade de sorrir.
- Hey. - O coração dela parou por um segundo. “FUJA, . CORRA PELO AMOR DE DEUS! MEU DEUS, EU VOU TER CORAGEM DE CONTINUAR A OLHAR PARA ELE?” Não, ela não poderia olhar. Esperou por mais alguma palavra dele. - Eu... Aquela música... Eerm... Aquela música que você acabou de cantar... Foi a mais bonita, música e voz, que eu já escutei!
Será que ela escutou direito? Ele só escutou toda sua vida em sua melodia.
- Você tem uma voz realmente bonita.
- Oh, obrigada.
- Cante de novo.
- O quê? P-Por quê? – Ela disse em uma voz chocada.
- Estava perfeita. – Ele sussurrou.
- Eu...
- Por favor – Ele pediu.
- Eu não sei – respondeu olhando para baixo.
- Bom... Tudo bem, então...
Do que ela estava com medo? Ou estava apenas nervosa? Ficou lá sentada, em silêncio, com a sua cabeça baixa. Sentiu seu coração batendo mais rápido. Ainda estava corando e não pensou que conseguiria cantar. 'Mas você tem que.' Ela avisou para si. Ali estava ele: a primeira pessoa que estava interessada no que ela é. Para ele, então, você nunca mais conseguirá dar alguma coisa. Nunca.

Capítulo 3: Him.

respirou fundo e começou a cantarolar. 'Por que você está me olhando desse jeito?' Ela estava se sentindo nervosa. Não conseguia acreditar que foi ontem que pensou que nunca mais fosse ser feliz de novo.

Sometimes, things just seem to fall apart when you least expect them to. Sometimes, you want to pack up and leave behind all of them and all their smiles. I don't know what to think anymore. Maybe things will get better, maybe things will look brighter. Sometimes, people surprise you; and people surprise me. Well I guess that's the price we pay for wanting so badly. I don't know what to think anymore. Maybe things will get better. Maybe things will look brighter holding you.
(Às vezes, as coisas parecem se desmontar quando você menos espera que aconteça. Às vezes, você quer fazer as malas e deixar para trás todos eles e seus sorrisos. Eu não sei mais o que pensar. Talvez as coisas irão melhorar, talvez as coisas irão parecer mais claras. Às vezes, as pessoas te surpreendem. Bom, eu acho que é o preço que nós pagamos por tanto querer. Eu não sei mais o que pensar. Talvez as coisas irão melhorar, talvez as coisas irão parecer mais claras te abraçando.)

A música acabou ela virou sua cabeça para ele. Ele olhou de volta e sorriu.
- Cara... Isso estava ótimo.
Ela o olhou em silêncio e sentiu como se estivesse esperando por alguém como ele. Corou novamente quando viu os olhos e os cabelos dele. Você poderia derreter com aqueles olhos. Então fez algo que não fazia em anos. Sorriu para ele. Sentiu um frio percorrer sua espinha e colocou suas pernas mais próximas ainda de seu corpo.
- O que tem de errado? – Ele perguntou chegando um pouco mais perto.
- E-e-e... Eu não sei. Eu só estou com frio. Só isso. – Respondeu olhando para baixo.
- Frio? É agosto. Cara, você é estranha.
- Sério?! - Perguntou sarcástica.
O sorriso dele se tornou maior. Sentiu um calor por dentro.
- Haha, sim. Mas você é legal. E eu não me importo, você pode ser o quão estranha você quiser ser. E você canta bem!
- Eu?
- É. – Ele me deu um sorriso.
- Não. Sai dessa.
- Você canta sim. Quer dizer, você nunca escutou isso de alguém antes?
- Não, nunca.
- Eles são estúpidos, você tem uma ótima voz.
sorriu fraco para ele, que só a olhou. 'Merda, eu quero me virar. Eu não posso. Isso é um milagre? Tudo isso só pode ser um sonho. Isso não pode ser real.'
- Qual o seu nome? – Ele perguntou.
- . Você?
- , mas normalmente me chamam de . - ele sorriu - E obrigado pela música.
Ela não conseguia parar de sorrir. 'Pare com isso, , apenas pare.'
- Então, . Eu nunca vi você aqui antes. Você mora aqui?
- Sim, eu moro. Mas eu não saio muito.
- Por que não?
- Eu não me sinto bem saindo.
- Ah... - Ele pareceu desapontado. - , a gente podia sair um dia desses? Eu queria conhecer você melhor. Se estiver tudo bem para você.
- E-eu... Claro.
- Ótimo. – disse com um sorriso feliz no rosto.
- Amanhã, mesmo lugar?
- Você está ocupada hoje à noite? – Ele perguntou.
- Erm... Não, por quê?
- Então você pode ir lá em casa. Eu entendo se você não quiser, porque a gente não se conhece...
- Não, eu adoraria.
- Tudo bem, levante-se.
Ela pegou na mão dele. Era tão quentinha. Ele a colocou de pé e o calor desapareceu quando ele soltou sua mão. suspirou e saíram andando.

's P.O.V.
Primeiro eu pensei que ela fosse estranha. Eu ainda acho que ela é meio estranha, mas ela é muito mais que isso. Ela pode ser muito mais. Acabei de conhecer ela no parque, onde os caras e eu costumamos gastar tempo. Ela sentou lá, naquele banco, com sua cabeça apoiada nos joelhos e os olhos fechados. Eu a observei por alguns segundos e notei que ela estava tremendo. Sem mencionar que é agosto. Senti alguma coisa. Era como se toda a minha vida estava prestes a mudar. Me sentei próximo a ela e, então, eu a escutei cantando. Era tão bonito. Depois de um tempo ela abriu os olhos e me olhou como se eu fosse algum monstro para ela. Ela me lembra um anjo, tão inocente, simplesmente linda. O cabelo dela é um resplandecente bonito, que faz cachos na altura do pescoço e ombros. Seus olhos são lindos, mesmo com muito pouco brilho. Eu não conseguia parar de olhar para ela.
Comecei a conversar com ela. A atmosfera mudou vagarosamente. Ela estava começando a se sentir mais confortável comigo. E eu nunca vou esquecer do brilho nos olhos dela quando eu disse que ela cantava bem. Por um pequeno momento eu fiz dela a pessoa mais feliz do mundo, acho. Depois de alguns momentos ela andou por aí comigo. Nós andamos alguns quarteirões sem dizer uma palavra sequer. Eu podia ver que ela estava nervosa, e por causa disso eu também podia dizer que ela não tinha muitos amigos. E me pergunto porquê. Talvez ela fosse de algum modo estranha, mas eu não me importava. Ela não me machucaria. Eu sabia que ela não podia. Olhei o rosto dela mais uma vez e vi os lugares em que ela fora batida. Tinham contusões por todo seu rosto, e eu fiquei preocupado. Talvez existissem pessoas por aí que iriam bater nela. Não dava para entender porquê.


Capítulo 4: Cold grave.

Ela continuou olhando para mim, nervosa, eu olhei de volta, sorrindo. Talvez ela não estivesse segura de que eu a levaria para o lugar certo, e eu acho que ela estava com um pouco de medo dos outros caras que eu falei durante nossa caminhada. Ela entrou na casa depois de mim e eu olhei em volta, percebendo que não tinha ninguém ali dentro, sendo que todos os outros três estavam de viagem, afinal era férias ainda. Mas valeu a pena ter ficado lá no parque por mais tempo, porque eu achei . Ela olhou para mim, mais perdida do que cego em tiroteio. Tentei fazê-la sentir-se em casa e disse que ela poderia sentar, se quisesse. Ela sentou e eu sentei próximo dela.
- Eles não estão aqui.
- Vocês são em quantos?
- Eu e mais outros três. Mas estão todos de viagem, ainda.
- Ah...
- Você quer alguma coisa? Alguma coisa para beber?
- Não, obrigada. Eu estou bem.
Eu sorri para ela. Ela sorriu de volta.
- Você mora sozinha? – Perguntei para ela, curioso.
- Moro sim. Por quê?
- Oh, nada. Apenas curiosidade.
- E você? – Ela perguntou, olhando baixo para suas mãos.
- Eu moro com meus amigos, os que eu mencionei. Meus pais vivem trabalhando e viajando e por causa disso só às vezes que eles passam por aqui para dar algum sinal de vida ou coisa do tipo.
Ela assentiu.
- Mas eu moro com eles por causa da banda.
- Sério?! – Ela perguntou surpresa.
- Sim. Guitarras, baixo, bateria...
- E você faz o quê?
- .
- Legal.
- Você tem certeza de que não quer nada? Está bem quente aqui.
- É... Sim, eu tenho certeza, e obrigada por perguntar.
- Sem problemas.
Nós sorrimos um para o outro e, como estava calor, percebi ela sentindo isso, pois tirou seu moletom e, cara, como eu não queria ter visto isso... Ela estava usando uma blusa preta de manga curta, deixando seus pulsos bem visíveis, digo, tinham cicatrizes por todo seu braço. Algumas delas eram velhas e quase invisíveis, mas tinham cicatrizes que abriram de novo pelo simples movimento de tirar o moletom. É claro que ela ela me viu olhando para os braços dela, pois arregalei tanto os olhos que eles devem ter ficado do tamanho de dois melões. engoliu em seco e as escondeu com o moletom, me esperando reagir e foi justamente o que eu fiz.
- Ei... O que é isso? – Eu perguntei cuidadosamente, não querendo forçar uma resposta dela.
- Por favor, não olhe. Não é nada.
- Eu vi isso, não posso deixar passar em branco. – Eu disse meio que em um sussurro e percebi os olhos dela se encherem de lágrimas. Ela tentou levantar e fugir, mas eu segurei a mão dela gentilmente.
- Não. Me deixa ir. - Ela pediu.
- , por favor...
Ela fechou os olhos e respirou fundo.
- Por favor, , me deixa ir. Você não me conhece e eu não te conheço.
- Por que você fez isso com você? Quer dizer, você não precisa me dizer isso agora, mas eu ficaria feliz se eu soubesse.
Ela olhou para o chão e mordeu de leve seu lábio inferior, apreensiva.
- Eu...
Ela estava tremendo e com a respiração pesada, mesmo não tendo feito nenhuma força física. Alguma coisa a machucou tão profundo que suas feridas eram incontáveis e nunca poderiam ser curadas. Eu respirei fundo, pois gostaria de poder ajudá-la. Talvez, até, salvá-la de qualquer coisa que estivesse acontecendo com ela.
Coloquei ela mais próxima de mim, querendo confortá-la. “Está tudo bem" - sussurrei para ela. Coloquei meus braços em volta de seu corpo e a abracei, de algum jeito, mais apertado, ainda sem machucá-la. Eu podia sentir as batidas do coração dela. Ficamos lá, sentados em silêncio. O coração de estava batendo cada vez mais rápido, e ela começou a ganhar temperatura, não tendo mais aquele corpo "frio", como no início. Ela deitou sua cabeça em meu ombro e eu a abracei mais para perto de mim e sussurrei o nome dela para acalmá-la um pouco. Ficamos assim por horas, eu acho. Ela chorou por tanto tempo que minha camiseta estava de certa forma molhada, mas eu não me importei. Ela estava aquecida, tão aquecida que eu pensei que estava derretendo.
- ? - Perguntei depois de um tempo, pensando que ela estivesse dormindo, pois após ter conseguido se acalmar entrou em um silêncio profundo.
- Sim? - Ela respondeu com uma voz fraca.
- Está se sentindo melhor agora?
Ela olhou para mim com um sorriso fraco, porém sincero, e, também, me encarava como se eu fosse algum tipo de anjo ou alguma coisa.
- ?
- Sim?
- Obrigada.
Eu sorri e deixei ela se soltar do meu abraço.
- Talvez você pudesse falar sobre suas cicatrizes agora. É claro que você não precisa, mas eu ficaria mais aliviado.
Ela me olhou assustada.
- Eu não quero. Mas como eu recusaria alguma coisa à você? Você é a primeira pessoa que, se quer, olha para mim em anos. Eu apenas... Eu não podia morrer. Eu estava com tanta raiva sobre isso.
Eu toquei as cicatrizes. Elas estavam frias.
- Mas por quê? – Eu perguntei.
- , eu...
- Você sabe, . Você pode me contar qualquer coisa.
- , e-eu não sei. Toda a minha vida é cheia de mentiras, ela é completamente vazia. Para mim o mundo é frio e é um lugar não convidativo. Eu nunca tenho certeza sobre o que está certo e errado. Nada mais na minha vida é real. Eu não posso nem confiar na minha própria mente. Eu apenas não consigo explicar... Dormir me assusta, vozes assombram minha mente, cenas se encenam freqüentemente nos meu olhos. Eu sou tão perdida no que dizer... Mas você sabe o quê? Você me fez feliz, pelo menos por hoje.
- Eu estou feliz por poder ter de ajudado, . – sorri - Eu realmente estou.
Nós fechamos nossos olhos e sentamos lá até o céu se tornar preto e a noite cair ao nosso redor. Eu não poderia deixar ela ir.
End of 's P.O.V.

Quando saiu da casa de , lá onde ele a abraçou só para fazê-la senitr-se confortável, ela correu direto para seu apartamento. Ele era um sonho. O sonho dela. Ele era o sol sobre a vida dela. E a lua, porque ele não a deixou quando escureceu. Ele era o ar que ela respirava. queria tanto voltar para ele! Queria apenas ficar lá com . Mas não teve coragem de correr de volta e contar para que queria que ele a abraçasse de novo. 'O que ele faria se eu perguntasse?' - ela se perguntou. Talvez ele apenas sorriria e a abraçaria de novo. riu de seus pensamentos estranhos. Mas e se agisse diferente enquanto aqueles amigos que ele falara estivessem por perto? ', pare com os “E se...”, o não é esse tipo de pessoa.' - pensou.
ainda sentia os braços dele em volta do seu corpo. Ainda conseguia escutar o coração dele próximo ao dela. Ainda conseguia escutar a voz dele sussurrando. Ainda conseguia ver aqueles lindos olhos. Ela queria mandar esses pensamentos para longe, mas eles continuavam a ir e vir em sua mente. E, felizmente, não eram como aquelas vozes que perturbavam ela. E quando ela lembrou da imagem de sorrindo, engoliu em seco e fechou meus olhos. Era um sonho, só podia.
Em casa ela caiu em sua cama e fechou os olhos. Imediatamente viu em sua frente. Estava confusa agora. Isso estava começando a se tornar estranho. Ela nunca sentiu uma coisa dessas em toda sua vida. Suspirou, corou e engoliu em seco; Esse sentimento não queria ir embora e, por alguma razão, ela gostava disso, mas ela também estava com medo disso tudo. Qualquer pensamento simples que ela tinha conseguia se voltar para , era como se ele fosse sua prioridade agora. 'E se alguma coisa acontecesse com ele?' - pensou. Estava perto de chorar enquanto pensava sobre isso. Ele precisava ser protegido cada minuto da vida dele. O corpo de congelou enquanto ela começava a entender que seu coração batia por ele. Estava apaixonada por um cara que mal conhecia, mas que, em pouco tempo, a fez a pessoa mais feliz do mundo. Não... Não podia ser. Ele queria ser amigo e nada mais. É claro que nada mais. Ele é o tipo de cara que pertence às garotas bonitas. Ou, talvez, às piranhas. E não à ela. Ele era alguém que não podia a amar do mesmo jeito que ela amava ele.
Cara, como isso a fazia ficar sem graça. Como é que ela falaria com ele de novo? Ela mal conseguiria olhar para ele. Uma coisa estava decidida: seguir em frente, esquecer tudo sobre e viver como sempre viveu: Sozinha. Era isso.
Mas, talvez, isso não era o suficiente para aquele fundo mais profundo de sua mente. Talvez a punição teria que ser maior, pois no segundo seguinte pegou uma lâmina...
- Você não pode amar ele.
Um corte feito.
- Você não pode amar ele.
Outro corte feito.
- Você não pode amar ele.
Mais outro corte feito.
E assim ela repetia a ação de novo e de novo, percebendo seu sangue cair sobre o lençol. Grandes gotas vermelhas se chocavam contra o lençol branco, fezendo aquele momento parecer uma cena de assassinato ou alguma coisa.
- Eu o quero aqui, você não entende? Eu quero abraçá-lo. – Disse para si mesma. - CALA A BOCA! – Berrou para si novamente. Não poderia pensar aquilo. Nunca mais. - Você parece tão patética, . – Ela chorava.
Sombras ocultavam-se ao redor de e ela conseguia senti-las chegando mais perto agora. O medo começou a acertá-la em cheio, como se quisessem que a garota virasse demente a qualquer momento, afinal essas sombras sabiam que sentia dor. E, como primeiro ato, elas começam com suaves sussurros, o suficiente para a garota se desordenar; como segundo ato, paralisa, querendo berrar e, finalmente, as vozes ficam altas, provocando a garota à morrer, mas esse é o mundo dela. É assim que ela se sente em casa. E tudo o que ela faz é chorar.
- Eu estou escutando! - Um sussurro.
O coração da garota chorava, a dor carregada era demais, tudo parecia se desmontar em milhões de pedaços. Lágrimas insondáveis corriam de seus olhos.
- AJUDA! - Ela gritou com todas as forças restantes. Seus sonhos, em forma de poeira, foram soprados para longe. Abraçou as memórias, porque isso é tudo o que resta para ela. Ela era uma sombra dela mesma, forçada a existir dia após dia.

Capítulo 5: Staring at the sun.

No dia seguinte acordou e olhou para a janela com os olhos cerrados, por causa da claridade. O vidro estava embaçado, então limpou apenas um pedaço dele, o suficiente para olhar para fora e perceber que o dia estava cinza e nebuloso. Ela sorriu ao lembrar de sua infâncida. Chuva, para ela, lembrava amor.
- ... Eu quero abraçá-lo. Eu quero beijá-lo. Eu o quero aqui.
Assim ela saiu da cama. Andou até o corredor e pegou o telefone. Vagarosa e cuidadosamente, digitou o número do telefone dele, enquanto escutava o barulinho da discagem com o coração batendo. Uma vez. Duas vezes. Três vezes. Quatro vezes.
- Atenda, por favor, ...
- . – Ele parecia bastante cansado e não conseguia falar. – Quem está aí? – Ele perguntou. – Diga o nome ou eu vou desligar.
- -, sou eu... .
A voz dele mudou de irritado para preocupado.
- ! Aconteceu alguma coisa?
- Eu...
- Você parece que estava chorando?
- , eu... Eu preciso... –- Olhe, eu apenas... Apenas tinha que te ligar. Desculpe-me.
- Ei, eu sei que tem alguma coisa errada, me diga. – Ele disse. não reagiu. – Eu posso manter os seus segredos.
- Eu não posso...
- Então eu vou correr aí para a sua casa e arrombar a sua porta. Vamos, eu só quero te ajudar.
- Eu acho que você pode vir aqui. - Ela disse, meio pensativa.
- Sim. E eu quero. – Ele disse sorrindo, assim como ela pôde sentir.
- Ok.
- Tudo bem, . Eu estarei aí o mais cedo possível.
- ?
- O quê?
- Obrigada.
Ocorreu um silêncio entre eles e, de repente, um “De nada” foi escutado por , que se sentiu corada. Em seguida desligaram o telefone. o esperava, muito nervosa, e ficou mais ainda quando escutou uma batida na porta de seu apartamento. Respirou fundo e correu para lá, com as pernas trêmulas. Ai, Deus. Ai, diabo. Ai, o que quer que seja. 'E se não for ?' - a parte insegura e demente do cérebro dela se perguntava. ‘Por que você sempre tem que esperar o pior?’ - continuou pensando. 'Porque é assim que acontece a maior parte do tempo.' - aquela vozinha malvada no fundo de sua mente respondeu. Por que seria diferente dessa vez? 'Você tem que acreditar que vai ser diferente.' - ela disse para si mesma.
Era . Quem mais poderia ser?
- , como est...? - foi cortado pelas pequenas e frias lágrimas, que já estavam caindo - ... Você ESTÁ chorando!
E tudo o que ela queria era que ele a confortasse, como fez ontem, porque, na verdade, ela só ligou para ele para pedir conforto. Como ela poderia falar para do que ela estava sentindo falta? Nem ela sabia isso de certeza. Ela encarou o chão, tentando ignorar as lágrimas caindo, ao mesmo tempo em que sentia os olhos de sobre ela.
- ?
- ? – Ela perguntou confusa, olhando diretamente nos olhos dele.
- Sim, não seria um apelido legal? – riu e tudo o que podia fazer naquele momento era olhá-lo, estava se sentindo paralisada de felicidade. Ele era tão... Humano. Tão diferente... tão desconhecido para ela... tão viciante.
- Eu... Eu nunca tive um apelido antes.
- Por que não?
- Eu nunca tive... Eu nunca tive... Amigos. - E foi com essa afirmação que pôde perceber os olhos de se arregalarem.
- Nunca?
- Nunca.
- Meu Deus, o que aconteceu na sua vida? - Ele perguntou e a próxima coisa que ela sentiu, repentinamente, foi a mão (quentinha e suave) dele sobre a dela. - Você vai me deixa entrar ou não? - sorriu para e, quando ele viu o susto estampado nos olhos dela, ele disse apenas coisas que ela queria escutar:
- Eu prometo que não vou te machucar, , não precisa me contar nada, mas apenas deixe-me entrar, porque você não pode ficar sozinha hoje à noite e você sabe disso.
E ele estava tão certo, então, a pedidos dele, ela se moveu de lugar, deixando um espaço para poder entrar no apartamento de . Ele entrou e ainda assim não soltou da mão dela. Na verdade, era ele quem estava a levando para dentro. E era a casa dela!
Ela sabia do que ela precisava. Ou não?
Eles se sentaram no sofá e ele quis saber o que estava acontecendo. Como resposta o mostrou seus braços. se assustou. Os braços estavam mais cortados do que da última vez em que os viu. Ficou olhando para os braços dela e os tocou suavemente, com muito cuidado para não machucá-los mais ainda, ao ponto de abrir as feridas.
- ... – Ele sussurrou e, no segundo seguinte, ele apenas colocou seus braços ao redor de , a abraçando apertado, mas não muito apertado. Apenas com a força certa. Repentinamente, ela sentiu uma coisa estranha. Ela se sentiu segura. Ele era o porto seguro dela e, assim, ela contou tudo a ele. Tudo. E, quando chegou a parte sobre ele - você sabe, a parte em que ela pensou estar apaixonada por ele - ele apenas arfou, surpreso.
Todo o passado dela acabara de ser completamente exposto para ele, que, diferente dos outros, viu e sentiu toda a falta de esperança dela, por isso não a tirou do abraço por, ao menos, um minuto. Ele ficou com até ela ficar tão cansada que quase caiu morta embaixo da janela, sob a luz da lua. O corpo dele a mantia quente enquanto as mãos limpavam as lágrimas dela.
- ... Por quê?
- Porquê, o quê? – Ele a perguntou, curioso.
- Por que você é assim? Você não pode ser tão gentil comigo. Você não pode me amar. Você tem que me odiar.
As mãos dele passaram pelo cabelo dela e ele sorriu.
- Eu nunca, nunca poderia ou conseguiria te odiar, .
- Mas, mas , você é muito perfeito, muito bom para mim. - Ela suspirou.
- Claro que não... ?
- O quê?
- Eu te amo.
Aquele foi o momento em que ela sentiu que poderia voar. E ela chorou. 'Como alguém como eu pode merecer tanto amor?'
- Eu poderia te abraçar para sempre. – Ele disse olhando para a garota.
- Eu também te amo, ... Eu também te amo.

's P.O.V.
Eu realmente não sabia o que poderia ter acontecido com se eu não tivesse vindo ver ela. Ela era tão sozinha, sem contar que a última coisa que eu quero é pensar nela chorando, chorando sozinha. E é tão bom ver essas merdas da vida dela como passado agora. Ela chorou tão alto por tanto tempo. Meu coração se quebrava a cada palavra que saía da boca dela. Mas então eu pensei sobre aquele dia no parque. Aquele dia tinha sido pior, muito pior. Ela estava paralisada aquele dia, mas agora, ela conseguia deixar todo aquele sentimento sair de dentro dela e, por causa disso, eu estava tão feliz que ela chorava, digo, chorar faz bem, botar tudo para fora. E ela me contou tudo sobre ela, sem esconder fato algum. E confesso que não sei se teria sido capaz de sobreviver aquilo e, depois de ter passado por tudo, ainda ter botado para fora enquanto eu estivesse deprimido como ela estava. Isso realmente provou a imensa coragem dela. E agora ela é minha melhor amiga... Ainda mais que isso... Ainda mais.
E ela me contou que estava apaixonada por mim. Meu coração pulou e eu senti que iria explodir, porque eu a amei desde o momento em que eu a vi, mas nunca fui capaz de acreditar que ela pudesse sentir o mesmo. estava nervosa, eu pude sentir isso quando ela começou a respirar pesado nos meus braços. Acho que nunca fui tão feliz. Ela é inacreditável. Tão estranha, mas tão interessante, tão misteriosa. Ela é uma ótima pessoa, talvez de algum modo estranha como eu disse, mas isso é apenas por causa da desconfiança dela, porque quando você a conhece melhor, ela é tão boa. Talvez tenham dito que ela era feia. Mas ela não é. Talvez tenham dito que ela fosse boba. Mas ela é esperta. E talvez tenham dito que ela não valia a pena. Mas ela significa mais do que todo o mundo junto. E eu queria que ela aceitasse isso como uma verdade, mas ela já escutou mentiras demais para acreditar nisso, eu acho.

End of 's P.O.V.

Capítulo 6: School.

continuou a abraçar a garota, apertado, contra seu peito, embalando-a para frente e para trás e sussurrando o nome dela. Eles ficaram sentados daquele jeito até se acalmar e parar de chorar.
- Obrigada, . Eu precisava disso. - Ela falou secando as lágrimas das bochechas. O garoto assentiu.
- Tudo bem. – Após responde-la, sentiu seu lábio inferior tremer, como se quisesse forçar um sorriso, mas falhou.
- Eu devo parecer tão patética agora. – disse.
‘Ai, cara!' - pensou. Odiava vê-la chateada, mas ela, para ele, ficava tão linda assim. Ela é linda de qualquer jeito.
- Não, . Você não é patética. E você não deveria pensar desse jeito! É tudo besteira e você sabe disso. – respondeu e percebeu que estava com vontade de sorrir. - É o que eu acho.
finalmente virou seu rosto para e sorriu. Deus, como ele amava o sorriso dela!
- Muito obrigada, . Eu tenho muita sorte de ter você. - Ela disse enquanto levantava. – Eu acho que eu vou tentar dormir. Você pode ficar aqui se você quiser.
- Eu amaria ficar aqui com você. – respondeu sorrindo.
- E ?
- Sim?
- Você pode, por favor, dormir comigo? Eu estou...
- Claro!
Ela sorriu de volta, feliz.
- Obrigada.
Os dois foram para o quarto de , que logo deitou em sua cama, sendo seguida por .
- Boa noite, .
- Boa noite, .

No dia seguinte, acordou com o brilho do sol em seu rosto. Com os olhos cerrados, ele tentava abri-los devagar, para não se cegar com a claridade.
Quando finalmente teve visão total, lembrou-se do dia anterior ao ver deitada ao seu lado, ainda dormindo. Ela parecia cansada, e estava sem as cobertas, por isso tremia um pouco. Como não voltaria a dormir, cobriu a garota com o lençól branco manchado pelo sangue.
Ele se sentou na ponta da cama e, depois de um tempo, levantou-se de onde estava e foi para a cozinha procurar por um pedaço de papel e uma caneta. Ao achar tudo, escreveu um recado para e foi embora.
Quando acordou, espreguiçou-se, ocupando toda a cama. Olhou ao seu redor, mas não viu ninguém. Ela levantou, assustada, e correu para a sala de estar. Nada de . Banheiro. Nada de . Cozinha. Nada de . Mas lá ela encontrou um recado:

Querida, . Me desculpe, mas eu tive que sair. Aconteceu uma coisa... Você pode vir aqui mais tarde, por favor? :)
PS: Quatro dias para inicio das aulas. Chato não?
xoxo .

- Quê?... – olhou no calendário. – Merda, só mais quatro dias até as aulas.
Ela queria puxar seus cabelos e gritar: NÃAAAAO! em slow-motion. Pronto; ela acabou de definir o que sente pela escola.
Ela precisava sair de casa, respirar ar puro... coisa que não sentia vontade de fazer há um bom tempo. Fez um sanduíche para si e saiu de casa. Caminhou até o parque e, felizmente, o banco preferido dela, aquele debaixo da árvore, estava vazio. Então ela sentou lá e olhou para o céu. Estava com um tom azul bonito, realmente bonito.
Quando voltou seu olhar para a terra, percebeu um jovem casal - de mãos dadas - passando por ela e adivinha de quem ela lembrou? Se você chutou , acertou! E, para variar, ela queria mais um daqueles abraços dele. Na verdade, queria ele abraçando ela o tempo todo e principalmente à noite, quando tudo está escuro e vazio. Só com ele poderia se sentir segura. Sabendo que não teria esse seu desejo realizado no momento, ela resmungou qualquer coisa enquanto mordia seu sanduíche e pensava o que faria quando o mesmo acabasse. No fundo, ela estava tão entediada que, antes mesmo do alimento acabar, saiu andando por aí. E adivinha onde ela parou? Olha, se você chutou de novo, acertou outra vez! Tocou a campainha e esperou, até escutar ele descendo as escadas correndo. Ele abriu a porta sem ao menos checar quem era, mas isso não importava agora, porque o abraço que ele deu em foi exatamente o que ela mais estava querendo no momento.
- Desculpe, mas eu tive de te deixar hoje de manhã. O Steve, meu irmão, me ligou e disse que os meus pais brigaram tão feio que minha mãe quer o divórcio. – falou.
- Sinto muito pelo que você está passando. Divórcio é sempre difícil...
- Obrigado. Mas eu não vou me sentir muito bem falando sobre isso agora. – Ele disse saindo do abraço.
- Tudo bem.
entrou na casa junto com , que segurava a mão dele. Eles foram juntos até a sala de estar e, ao chegar lá, caminhou até o piano, onde começou a tocar uma música, na opinião de , linda, que era como se ela nunca mais quisesse parar de escutar, mas infelizmente acabou.
- Poxa, . - A garota falou, desapontada.
- O quê?
- Estava lindo.
- Obrigado. - agradeceu e houve um silêncio.
- o chamou, baixinho. – Por quê?
- Porquê o quê?
- Por que você me ama? Eu não consigo mais acreditar em você. Eu não posso ser amada por ninguém. Você devia estar brincando quando falou aquilo para mim.
- Não... – Ele disse baixo, olhando chocado. – Não!
Os olhos de se arregalaram. Por que ela não conseguia acreditar que ele a amava? Não podia ser verdade. Ele deve estar mentindo, fazendo ela de idiota. Toda essa emoção sobre ela não deve ser verdade.
- De verdade?
- De verdade. - ele confirmou. Ele viu a cara dela de assustada e suspirou. - , o que eu posso fazer para te provar isso?
- Eu acho que você não pode... - respondeu levantando, deixando chocado. - Eu tenho que ir.
- --
- Sinto muito.
E ela fugiu, como sempre.
Mas no dia seguinte, no parque, ele também estava lá. E estava parado como uma estátua... Assim como ela, como ela costumava ficar e deixar tudo passar. E ele a viu, seus olhos se grudaram. Mas ele decidiu não falar até ir até ele.
- . Escute isso. Eu fiz ontem à noite, bem rápido, mas acho que ficou bom. Eu escutei mais de três vezes tudo que está aí, bom você sabe como é, só para ver se estava tudo certo. – a entregou um CD. Não tinha nada escrito na capa. Rápida, ela colocou o CD bolso, que tinha espaço suficiente para pelo menos três CD’s. Ele segurou a mão de por um segundo e logo soltou. – Eu espero que você acredite nisso. É meu coração. - Então ele foi embora. Tudo parecia estar normal, e eles pareciam ser apenas amigos. Mas, às vezes, seus olhares se encontravam e o coração de voava para longe. Aquilo provava para ela, todo dia, que isso tinha que ser algo mais. Mas ela sempre fugia disso e tentava se cegar de novo.
Quando ela chegou em casa, pegou o CD de seu bolso e o abriu, percebendo que tinha alguma coisa escrita dentro.
'Eu fiz isso para você e, provavelmente, não vou gravar isso com os caras. É apenas para você. Guarde com carinho. - '
O coração dela começou a bater forte. Aquele simples CD parecia ser o maior tesouro que alguém poderia ter.
'Aqui está, . O coração de .'
Ela pegou o CD com cuidado e o colocou dentro do aparelho de som e, com as mãos tremendo, apertou o play. Primeiro tudo estava em silêncio, depois o piano aparecia. Tocando apenas para ela, suaves e inocentes acordes.
Ela uma melodia triste de se ouvir. Muito triste. E a música apenas continuou e continuou, tão triste que os olhos dela logo se encheram de lágrimas.
Tudo o que ela conseguia fazer no momento era suspirar, enquando pensava em um único nome: ', , e infinitamente.'
Em seguida o piano aumentou a velocidade, estava mais alegre. E ela estava lá, escutando o coração dele mais uma vez, sendo que ele nem estava com ela. Enfim a música acabou, deixando um sentimento de medo preencher ela. não tinha palavras para aquilo. Apenas uma coisa era certa: Ela tinha que ir falar com ele, abraçá-lo nesse exato momento.
Em uma velocidade incrível, ela desligou o aparelho de som e saiu correndo. Correu o mais rápido que podia, lembrando a cada passo que tinha que pegar o caminho mais curto, mas espera aí... Quem são eles dois ali? Merda! Pra que cortar caminho? Um garoto e uma garota rindo dela. 'O que eu tenho de tão errado, porra? - se perguntou.

's P.O.V.
Hoje foi como inferno.
Pelo menos para foi. Acho que ela teve um dia terrível. E o pior é que foi por minha causa e eu não pude ajudar quando ela mais precisava de mim. Me machuca imaginar ela chorando sozinha em algum canto do apartamento dela. Sem contar que ela não vai me deixar chegar perto dela, mas, talvez, eu ainda possa fazer ela melhorar, mesmo que isso leve alguns dias ou semanas. Eu não sei.
Só tem uma coisa que eu sei: Eu não quero perdê-la. E eu sinto que ela precisa de mim, porque, querendo ou não, ela é "fraca". Eu sempre soube que ela não acreditaria em mim quando eu dissesse que sinto a mesma coisa que ela sente por mim, ela é desconfiada, mas o que eu posso fazer se a vida dela foi feita de mentiras? E se algo acontecer com ela, algo como eu nunca mais poder sentir os braços dela ao meu redor, eu não sei o que vou fazer, honestamente.


Escutei alguém batendo na minha porta, então desci as escadas e lá estava ela, mas nunca pensaria que ela estaria daquele jeito. Ela olhou nos meus olhos e, não pude evitar, mas tremer um pouco. parecia assustada. Realmente assustada. Ela estava sangrando. Eu queria protegê-la pro resto da minha vida, até nós dois morrermos.
O sangue estava saindo de um corte na boca e pelo nariz dela. Assim como parecia que tinha vindo correndo até aqui, pois estava com falta de ar, digo, estava com a respiração pesada, tanto que quase caiu. Ela estava tão cansada que seus pés mal conseguiam agüentar ela. Seus olhos estava vermelhos por causa do choro. Suas mãos e joelhos tremiam.
- !
- Não... Fique longe!
- O quê? Por quê? O que aconteceu?
Ela gemeu e respirou de novo.
- ...
- Você está sangrando, segure minha mão antes que você desmaie.
- Pare de cuidar de mim!
- Eu não posso, . Você sabe disso.
- Sabe, ... Você não é o que eu pensava que fosse.
Eu olhei para ela e não entendi uma palavra se quer, é claro. Eu só queria ela de volta nos meus braços. Segura, aquecida e feliz. Não tinha nada que eu quisesse mais do que ver ela sorrir de novo. Então fiquei escutando ela.
- Eu... Eu não posso acreditar que... Que até algo como a gente possa se desmontar em pedaços, Eu... ... Eu...
- Entre, . Está muito frio aqui.
Ela entrou depois de mim, mas em uma distância razoavelmente grande. Ao chegarmos na sala de estar, eu sentei e ela continuou em pé, com sua cabeça baixa. Ela estava tentando achar algumas palavras para dizer, tanto que sufocou-se nelas. E eu estava em silêncio esperando por ela.
- ... - Ela tremia em todas as partes do corpo, não estava nem um pouco capaz de ficar em pé. Meu coração se quebrou ao ver ela daquele jeito, mas quando eu cheguei mais perto, ela se virou. – Eu estou com tanto medo...
- Por quê?
- Você sabe, ... – Ela se virou e me olhou com aqueles olhos chorosos. – Uma coisa aconteceu hoje... de novo! Eu apanhei de um garoto e uma garota... E... Bom, eles disseram... Que você os conhecia.
Um choque se passou por todo meu corpo e me fez arrepiar. Ah não. Logo naquele momento que eu estava prestes a ganhar a confiança dela, a coisa mais preciosa que eu tinha no universo.
- Como eles eram? – Perguntei com uma voz fraca. Eu senti como se meu chão tivesse sumido debaixo dos meus pés.
- Eu... Eu não consigo lembrar deles completamente... Um deles tinha cabelo loiro. E a outra tinha piercing no nariz... Eu não sei.
Meus ‘uma vez amigos, agora sempre inimigos’.
Quando eu era mais novo eu costumava sair com eles, mas aí a gente cresceu e as coisas mudaram. Eles começaram a se meter com drogas fortes e roubavam todo mundo que estava no caminho deles. Foi quando eu comecei a ver que eles estavam apenas me usando para o bem deles, porque eu sempre tinha que acompanhar eles nas caças, mesmo que eu negasse. Então eu fugi deles e comecei a banda, com meus verdadeiros amigos.
Mas aqueles caras se sentiram traídos e juraram que iriam me encontrar e me roubar a coisa mais valiosa que eu tinha. Eu não os levei a sério, até agora. Eles realmente me roubaram minha querida . E eu estava com medo de que eu nunca pudesse recuperar. Eu contei isso tudo à ela, mas não sei se ela acreditou.
- Então eles estavam tentando te machucar. E você não estava tentando me machucar?
- ... Como você pode pensar assim? Eu nunca, NUNCA te machucaria. Eu não posso te machucar. Porque... Você já foi machucada demais na sua vida! Você não concorda? E eu acredito que minha tarefa é fazer você se sentir feliz por pelo menos um momento. Como você pode acreditar que eu quero te machucar? - Eu suspirei. – Eu acho que... Você não acredita mais nas pessoas depois de toda essa dor.
Ela concordou e olhou para baixo.
- Desculpe.
- Mas não é culpa sua – Eu disse – É culpa daqueles idiotas que te trataram tão mal. - Eu, num impulso, a abracei e ela não estava tentando se livrar de mim. – – eu sussurrei – Eu vou te livrar deles. Eu não sei como, mas eu vou... E isso é uma promessa.
Ela respirou e olhou para mim.
- Sério? – A voz dela estava fraca, insegura, e isso me abateu profundamente.
- Sério.
- ... Eu... Eu... --
Eu coloquei meus dedos nos lábios dela.
- Não diga outra palavra.
- Mas...
- Shh... Está tudo bem. Falando nisso, você escutou o CD? – Eu sussurrei no ouvido dela.
- Escutei. – Ela sussurrou de volta. – Obrigada, .
Nossos olhos estavam se encarando, o rosto dela ficou vermelho e, repentinamente, nossos lábios se tocaram. Nosso beijo parecia durar para sempre e nossos corações batiam mais forte do que nunca. Era um sonho. Primeiro um pesadelo. Mas agora era um sonho.
End of 's P.O.V.

chorou noite passada e sabia que era por causa dela, mesmo não entendendo o porquê. Quer dizer, para ela, ela era uma alma perdida.
- Você não é uma alma perdida. – Ele sussurrou. – Você não é uma alma perdida.
Ele falou que precisava ir para longe daquela cidade, e que ele amaria levá-la para algum outro lugar. Ne verdade ele disse tantas coisas a ela, que chegou a ficar tonta de expectativa.
- Você poderia ir para onde você quisesse ir. – Ele disse. – Você poderia morar na sua própria casa, longe de quem quisesse te machucar. Você poderia fazer verdadeiros amigos e se divertir com eles, porque aí você não teria que colocar uma mascara e fingir um sorriso. Seria verdadeiro. Você poderia ver o sol todo dia e as estrelas toda noite. Você nunca seria trancada entre quatro paredes. Você poderia ir para onde quisesse, poderia achar confidência e seguir em frente. Você poderia esquecer todos os seus pesadelos e ter ótimos sonhos daqui em diante. – Ele ficou em silêncio por um momento. – Você acredita em mim? – Ele perguntou.
- Quase. – sussurrou.
Ele a abraçou forte e fechou os olhos. Ela pôde perceber que ele estava preocupado com ela e sentiu pena por ele.
- Eu vou fazer seus pesadelos desaparecerem. – Ele sussurrou. – Eu prometo.
- Mas você não pode.
- Você deveria acreditar que eu faria qualquer coisa por você, mesmo que demore toda a minha vida.
Ela o encarou com olhos arregalados.
- Claro que não. – Ela sussurrou.
- É verdade.
- Eu sei... Você é tão querido, . É isso que eu não consigo acreditar.
- Não diga isso.
riu, e foi quando ela começou a acreditar que realmente poderia fazer aquelas coisas. Ela acreditou cuidadosamente, mas acreditou. E era ótimo.

No dia seguinte acordou nos braços de . Ele parecia tão pacífico, dormindo com os braços gentilmente ao redor dela.
- . – sussurrou. – ...
demorou um pouquinho, mas ela não queria que ele acordasse muito rápido. Após alguns minutos ele abriu os olhos devagar e olhou para a garota.
- . – Ele disse.
O coração dela derreteu com a voz dele e uma lágrima caiu dos olhos dela. Cada música de amor estúpida que ela já escutara na vida passou por sua mente, todas as coisas que ela tinha imaginado os dois fazendo juntos, todos os seus sentimentos mantidos dentro dela, tudo veio para fora e ela chorou.
estava preocupado, ele pensou que tivesse tido um pesadelo, mas ela sorria ao mesmo tempo em que chorava.
- Está tudo bem, ... Não se preocupe.
- Tem certeza?
- Nunca estive melhor. – Ela suspirou e o beijou sem nenhum segundo pensamento. Os lábios de eram suaves e macios e eles derretiam entre os dela tão fácilmente como se fosse para eles ficarem juntos.
Então decidiu ir a algum lugar com . O tempo estava perfeito. Não muito quente, nem muito frio. Poucas nuvens no céu e o sol brilhava no rosto de . Ele parecia tão bem. E ele não estava nem tentando parecer assim. Mesmo que ela tentasse e tentasse, nunca veria na vida uma beleza pura como ele tinha.
Eles caminharam pela praia, mas não foi uma caminhada longa. Depois de pouco tempo sentou na areia, enquanto bebia da sua garrafinha de água.
veio correndo na direção de , sentando-se na perna dela.
- Aii, sai, ! – Ela exclamou e ele riu, beijando a bochecha dela. Em seguida se levantou e sentou ao lado dela.
- Você é linda.
A única reação dela foi o olhar, que foi para longe dos dele.
- Por que você não pode aceitar um elogio de mim? – Ele perguntou olhando para .
- Porque, , eu não vejo isso em mim.
- Bom, eu vejo...
- Eu não vejo. Eu sei que eu não sou bonita. – disse se levantando. Ele levantou depois dela e a encarou.
- ... Apenas --
- Apenas o quê?
pegou a mão dela e a acariciou gentilmente com o polegar, abafando qualquer lágrima que estivesse acumulada nos olhos dela.
- Apenas... Finja que você é por um minuto, então você verá toda a perfeição em você.
olhou para ele por um momento, e depois desviou o olhar para longe.
- ... Vejo você amanhã.
- , pare. – Ele disse segurando a mão dela antes que ela pudesse sair andando.
- Não, pare você, . Escuta, eu não sou o que você pensa, ok? Eu não sou bonita, eu não sou nada! Pare de gastar seu tempo comigo, porque não vale a pena. – Algumas lágrimas correram dos olhos de e ele suspirou, vindo na direção dela e beijando sua bochecha.
Um pouco antes dela sair andando ele sussurrou.
- ?
- Sim?
- Eu não estou gastando meu tempo em você.
Ela olhou para ele um momento e saiu andando.

Capítulo 7: Beautiful Disaster.

andou para dentro de casa e disse que tinha chego, mas não obteve resposta. As sobrancelhas se arquearam em confusão. Ela entrou na sala de estar e viu seus pais sentados no sofá assistindo à TV.
- Hm. Cheguei. – Ela disse suavemente.
- SIM! Nós te escutamos, ! – A mãe respondeu irritada.
Assustada com a resposta escandalosa da mãe, ela se virou se foi para a cozinha. Estava óbvio que eles iriam ignorar a garota, como normalmente faziam, então ela teria que achar alguma coisa para fazer e, em primeiro lugar, estava a opção: pegar alguma coisa para beber e, para sua surpresa, ela viu refrigerantes dentro da geladeira, mas pegou a garrafa de água, porque ela não pode beber do refrigerante "deles". E, se os pais percebessem que ela tomou um gole daquele líquido, eles teriam um treco.
- É melhor você não pensar em pegar um gole do meu refrigerante! – A mãe dela gritou da sala de estar.
Percebe?
revirou os olhos e fechou a geladeira.
- Eu não ia pegar, eu peguei um copo de água.
- É bom, porque você sabe o que acontece...
- Hmm... Mãe, o que tem para jantar? – perguntou quando saiu da cozinha.
- Eu não vou fazer nada.
soltou um suspiro. Já deveria saber disso automaticamente. Sua mãe raramente faz janta. O que ela come o dia inteiro? Bom, ela almoça na escola e, às vezes, é isso o que a sustenta durante o dia todo. É difícil aceitar isso no começo, mas agora o corpo dela já estava acostumado com pouca comida.
- Nós vamos sair para jantar. – O pai disse.
- Sério, nós vamos? – perguntou com as sobrancelhas arqueadas, tentando não ganhar muitas chances.
- Não você, idiota! Seu pai e eu vamos sair. - A mãe respondeu.
Ela sentiu sua esperança se desmoronar em pedaços e então concordou com o que os pais disseram. É sempre assim. Eles saem pra comer e ela espera sentada com nada. É claro que ela faria alguma coisa para comer, mas, primeiro: ela é péssima cozinheira; e, segundo: os pais virariam uns demônios sobre 'não temos dinheiro suficiente para você comer toda a comida da casa'. Isso porque ela mal come. Mas isso não é nada, o que mais a machuca é saber que eles têm vergonha de serem vistos com ela em público. Ela era como um desapontamento para eles, mas por que eles têm que tratar ela do jeito que eles tratam?
- Eu vou para o meu quarto. – disse suavemente.
- Bom, não fique aí parada como uma otária, vá logo! – Sua mãe disse revirando os olhos.
saiu da sala em silêncio e subiu as escadas, indo direto para seu quarto. Ela fechou a porta e olhou ao redor, estava tudo escuro e cheirando a mofo. Na verdade ela nunca tinha notado como seu quarto era sujo... Talvez devesse limpá-lo. abriu as cortinas para deixar alguma luz entrar, mesmo que a única luz fosse a da lua. Em seguida abriu a janela e sentou ali. Viu pessoas indo e vindo num movimento escasso, afinal era domingo. Alguns estavam apressados e outros pareciam parar por não ter com o que se preocupar.
- Por que é que você está olhando para fora da janela como se fosse uma rejeitada?
A garota virou sua cabeça rapidamente ao escutar aquelas palavras frias sendo jogadas contra ela, então viu sua mãe parada no vão da porta. Ao perceber quem era desviou o olhar. Só por uma vez ela gostaria de ver um sorriso amável no rosto da mãe, mas ela sabia que quanto mais vivesse, as chances de ver isso acontecer seriam cada vez menores ou, simplesmente, nulas.
- Deus, olhe para essa bagunça! – A mãe disse olhando para o quarto com desgosto. – É melhor você arrumar isso hoje. E eu nem sei porque perco tempo com você. Minha vida seria muito melhor se você não tivesse nascido! Eu juro que você foi um grande erro, eu deveria ter feito um aborto.
fechou os olhos, as palavras daquela mulher nunca a machucaram tão fundo. Ela sabia que a mãe a odivada, mas saber que ela desejava que nunca tivesse nascido... Cara, isso vai deixar uma cicatriz. Por que nasceu, então, se até ela mesma preferia estar morta a estar trancada num mundo em que ninguém olha para ela como um ser humano com sentimentos?
Quando escutou a porta bater, virou sua cabeça. Lá estava ela de novo, sozinha. Mas assim ficava mais aliviada. Tudo o que ela queria fazer era ir para debaixo de suas cobertas e nunca mais sair de lá, nunca mais acordar. No entanto, preferiu arrumar o quarto, mas não fazia aquilo pela mãe, afinal estando bom ou não, ela nunca acharia bom o suficiente. estava apenas fazendo aquilo, porque, como disse antes, ele estava precisando ser limpo.
andou até sua cama e entrou debaixo das cobertas, deixando algumas lágrimas escaparem de seus olhos. De novo ela estava se sentindo deprimida e, agora, sem apetite. Deve ser uma coisa boa, considerando a situação atual dela. Tudo o que ela queria fazer era dormir, porque enquanto dorme, ela esquece da vida que tem por pelo menos algumas horas. tentou tirar todos os pensamentos de sua cabeça para dormir, mas apenas uma pergunta continuava a preencher a cabeça dela: por que meus pais não me amam?


's P.O.V.
O despertador estava tocando. Aquele maldito despertador.
- Odeio isso. Odeio esse barulho. E, principalmente, odeio segundas! - 'Mas quem não odeia?'
Está certo, todo mundo odeia segunda. Agora, com licença, preciso tomar café.
Enquanto fazia o café, percebi aquela luzinha infernal da secretária eletrônica, tinham três mensagens ali. Então apertei o botão, só para escutar o que queriam comigo.

"Mensagem um: Hey, . Sou eu, . Só queria te lembrar sobre o ensaio amanhã às cinco. Não esqueça! Nós não queremos que o fique puuuto com você de novo. Estou na casa dos meus pais, acabamos de voltar de viagem."

- Okay, eu não esqueci!

"Mensagem dois: Hey, . É o . Só queria te lembrar sobre o ensaio amanhã. Não ouse sair de casa à tarde. E se sair tente chegar mais cedo, então o não vai ficar doido que nem da última vez. Até mais. Ah, amanhã depois da escola eu já volto para casa!"

Obrigado, rapazes.
O quê? Vocês acham que eu sou burro ou coisa do tipo? Eu precisava me distrair da última vez, estava nervoso demais, então fui passear e me perdi no tempo! Não podemos ser todos feitos de aço, que nem . E deixa eu adivinhar: foi ele quem deixou a próxima mensagem, dizendo alguma coisa como, ‘Hey, . Não invente compromissos amanhã, or I'll tear you a new asshole. Às cinco. Aí em casa. Volto pra casa hoje à noite! Até mais, meu gay.’ Eu ri.
Muito bem, comecei a me arrumar para a escola e, para ser sincero, eu não estou com a menor vontade de ir para lá hoje, afinal lá eu, sei lá... só quero entrar logo pra faculdade e fazer o que eu mais gosto na vida: fazer música.
- Preciso de um banho. – Reclamei e fui para o banheiro.
Depois de uns cinco minutos debaixo do chuveiro resolvi sair de lá, ou então chegaria atrasado na escola. Peguei minha mochila deixei a casa. Levaria uns dez minutos até meu destino.
Quando cheguei lá, vi ... e, honestamente, é a primeira vez que vejo-a nessa escola. Acho que ela estudava em outro lugar antes, ou então se passava realmente despercebida, o que eu acho difícil. Ela olhou na minha direção, apenas suspirei e andei para dentro da escola. Caminhei até meu armário, onde joguei minha mochila. Peguei os livros e cadernos que precisaria para o dia e fui o mais rápido possível para minha sala. Como não tínhamos tarefa, estava livre para escrever o que quisesse até o sinal bater.
End of 's P.O.V.

acordou na manhã seguinte com o barulho do despertador, o que, para ela, era estranho, pois não lembrava de ter arrumado ele. Foi até bom ele ter tocado, afinal tem aula hoje, mas, se você perguntar, segunda-feira é o pior dia da semana para ela. É só porque segunda é apenas o começo da semana.
Com muita calma se espreguiçou e, então, saiu de sua cama. Foi para o banheiro fazer sua rotina matinal e, quando terminou, voltou para o quarto para procurar alguma roupa para usar. Então pegou a mochila, caminhou até a cozinha e fez um sanduíche para o almoço e pegou um pacote de chips dentro do armário só para garantia. Colocou tudo dentro da mochila e saiu de casa. Iria, como sempre, caminhando até a escola.
A manhã estava fria e ela nem tinha pensado em trazer um casaco com ela, estava apenas com sua blusa de manga comprida. Ela podia muito bem ter voltado para casa e ter pego um, mas até então ela não tinha reparado no frio. Colocou os braços em volta de seu corpo para se esquentar, enquanto desejava que o dia esquentasse.
começou a subir os primeiro degraus da escada, até ver . Queria evitar seu olhar com o dele, portanto virou seu rosto para outra direção e continuou a fazer seu caminho. Assim como ele, ela supôs.
Ele entrou na sala e sentou-se próximo à ela.
- Bom dia. – Ele disso com um sorriso.
- Oi... – respondeu olhando para baixo.
- Você está brava comigo? – Ele perguntou.
- Não! Eu só –- Não, eu não estou brava com você, mas me desculpe por chatear --
- Você não me chateou. – Ele disse suavemente.
- Mas mesmo assim, desculpa por ter ido embora. – continuou a falar, encarando o teto.
- Não se desculpe. Está tudo bem. – As palavras saíram da boca dele e soaram como, sei lá, é como estar no paraíso quando ele está por perto. Cada palavra dita parece mais suave do que a outra.

Capítulo 8: The Geek.

- Ei, . Você tem matemática agora?
- Não.
- Ah, droga... Bom, te vejo depois.
- É, até depois. – Ele disse e então roubou um beijo de , fazendo-a corar.
Ele forçou um sorriso e então foi para sua próxima aula.

Quando a aula de matemática acabou, foi direto para seu armário para pegar seu almoço dentro da mochila e então caminhou até o pátio externo do colégio. Andou até uma árvore e sentou de baixo da sombra da mesma, dando uma mordida em seu sanduíche. Enquanto comia, ela observava as pessoas ao seu redor, era como se eles nem a notassem ali.
Daquele lugar, conseguia ver sentado em um banco de piquenique, junto com algum cara e eles pareciam estar em uma conversa boa, pois riam e se empurravam de brincadeira. Quando percebeu o olhar dele sobre ela, ela virou o rosto, antes que corasse, mas era tarde demais. Ela olhou novamente e viu ainda conversando com o cara, mas no segundo seguinte, percebeu ele indo na direção dela. Dessa vez ela abaixou a cabeça, pois não queria que ele a visse. Ou queria?
Enfim, depois que terminou seu sanduíche, abriu seu caderno para continuar a escrever qualquer coisa; e, quando terminou, ela percebeu que o que tinha acabado de escrever eram os sentimentos dela expostos em um papel, porque de um jeito ou outro, tudo o que ela escrevia era como um diário. Soltou um suspiro, satisfeita, e fechou o cadero.
- O que você está fazendo, garota?
olhou para cima e viu a silhueta de um cara vindo na direção dela.
- Saí daqui. Me deixa sozinha. - Ela disse enquanto juntava suas coisas e levantava.
Antes que conseguisse sair de lá, o cara a empurrou contra a árvore e colocou as mão contra o peito dela, segurando-a lá. Ela tentou empurrar ele, mas ele era muito maior e forte que ela. Ele, simplesmente, a colocou em uma posição em que ela não conseguiria sair dali tão fácil.
- Por que a gente não vai para outro lugar se divertir? – Ele sugeriu passando os dedos levemente sobre as bochechas dela.
- Nem a pau! – respondeu tentando parecer severa, mas ao invés disso sua voz saiu tremendo.
- Eu sei que você quer, então cala essa porra de boca. Você vai se divertir, confie em mim. – Ele disse suavemente, enquanto acariciava os seios da garota por cima da blusa. – Você está tão fria. Deveria se esquentar.
- Me deixa em paz! Por que você não vai comer alguma puta ao invés de mim?
- Eu quero ver como você é, então desiste de bancar a difícil. Qual é, você sabe que você quer isso mais do que eu. – Ele disse sedutivamente enquanto se pressionava com mais força contra o corpo da garota.
- Não, eu não quero isso. – disse tentando empurrar ele para longe dela.
- Pare de lutar, droga! – Ele disse ficando frustrado.
- Deixe ela em paz! – Alguém berrou. – O quê? Você vai pegar essa garota para você? Ah, mas não vai mesmo!
virou sua cabeça e pôde ver parado a alguns metros encarando o cara. A garota se sentiu mais aliviada quando o garoto saiu de cima dela, mas ele não foi muito longe. parecia realmente bravo, parecia que ia bater no cara até a alma dele começar a desaparecer.
- Eu só estava me divertindo com ela. – O cara disse defensivamente.
- Bom, não parece que ela estava se divertindo.
- Ela é uma garota horrível, , o que isso importa?
- Ela não é uma garota horrível, seu idiota! – disse com um olhar ameaçador e começando a andar na direção do cara.
- Por que você está do lado dela? Você gosta dela ou coisa do tipo? – O cara pergunta zombando.
- Sim, eu gosto. – disse o mais calmo possível.
- Hmm... Eu acho que eu to entendendo, ela seria boa para dar uma pegada de vez em quando.
- Deixe ela em paz.
- Sai daqui seu babaca! – O cara berrou.
o pegou pela gola e o tirou de cima de .
- Bom, eu acho que a gente vai ter de resolver isso do jeito difícil. – disse calmamente. O cara que foi pego pela gola engoliu em seco e o olhou com raiva. Com muita raiva.
De repente o socou no rosto, fazendo com que o garoto caísse no chão e seu nariz começasse a sangrar.
- Nunca mais fale dela desse jeito! – berrou irritado. – Eu vou fazer você sofrer, o que é muito pior do que a morte. E se eu fosse você, eu ficaria escondido em casa por algumas semanas – Ele explicou. – E se você SEQUER encostar nela de novo eu vou te quebrar, entendeu?
- Deus, o que é que aconteceu com você? Você precisa se acalmar. – O cara disse, segurando seu nariz ensangüentado e depois fugindo.
virou seu olhar para , preocupado.
- Você está bem? - Ele perguntou e logo viu Julie assentir. – Você tem certeza? – o olhou nos olhos e, ainda em silêncio, assentiu novamente.
- Sim, eu estou bem. – Respondeu. – Obrigada por... Por fazer aquilo para mim. – Ela disse envergonhada.
- Nem se preocupe com isso. – Ele disse com um sorriso não muito grande nos lábios, mas ainda assim encantador.
chegou mais perto de .
- , eu te prometi. Ninguém nunca mais vai te machucar.
- Obrigada de novo. Agora... tenho que ir. Te vejo depois da aula. – disse antes de se virar e sair andando.
- Tudo bem. Te vejo depois da aula.
sorriu, aquele sorriso encantador dele e depois caminhou para dentro da escola. foi caminhando, devagar, para a sala de inglês, sabendo que estava com um sorriso ridículo na cara. Entrou na sala com muita calma, era a última aula do dia. Muitas pessoas estariam felizes por ser a última aula do dia, pois logo elas estariam indo para casa, mas não estava.
Ela caminhou para uma carteira que ficava mais ou menos na mesma posição das outras carteiras em que sentou nas outras aulas, no fundo e próximo à janela, e então jogou sua mochila no chão. Assim que ela sentou em sua carteira, os outros alunos começaram a entrar na sala. não olhou para os alunos até alguém sentar perto dela, virou seu rosto para o garoto e pôde ver que era o mesmo garoto com quem estava conversando durante o almoço.
- Oi, sou o .
- Oi. Erm, sou .
- Eu sei quem você é. – Ele disse sorrindo. – me contou.
- Ah...
O sorriso dele ficou maior e eu não pude evitar, mas sorrir de volta.

Naquela mesma aula, o professor pediu para que os alunos escrevessem um pouco sobre cada um. Ele queria que escrevessem algo sobre seus pensamentos diários e algum evento interessante que ocorreu durante o dia. E não estava nem aí, prestava atenção apenas nos desenhos que fazia no caderno e nos vários jeitos de escrever '', que, por acaso, ocupavam boa parte das folhas do caderno. E ela estava rezando para que não tivesse notado os milhares de ''s escritos ali.

Olá, redação idiota. Foda-se... E foda-se o mundo. Foda-se cada pessoa que já teve contato comigo. Eu só estou escrevendo essa merda porque foi o que a porra do professor disse. Ele disse para nós escrevermos qualquer merda que tenha acontecido com a gente durante o dia. Pessoalmente, esse foi o projeto mais estúpido de todos. Eu não sei o que escrever. Vamos ver... Minha vida é uma merda e eu sou uma criança revoltada. Fim.

A aula acabou e, em frente ao portão, ela encontrou-se com .
- Pronta para ir para casa?
- Aham.
seguiu para fora da escola e, depois de um tempo caminhando, ele se virou para ela.
- Então, você vai fazer alguma coisa hoje à noite, ou no final de semana? – Ele a perguntou.
- Uh... Não.
- Bom, eu tenho ensaio amanhã às cinco. Alguns amigos e eu temos uma banda e nós tocamos em clubes de vez em quando. Você sabe, a banda que eu te falei.
- Aham...
- Você quer ir ver a gente ensaiando? Vai que você gosta... – Ele disse rindo.
- Claro que vou!
- Você precisa de uma carona para casa?
- Você tem carro? – perguntou, surpresa.
- Não. – Ele disse rindo suavemente. – Mas o tem. E ele não vai se importar em te dar uma carona.
- Ah! Não, obrigada pela oferta, mas eu não moro longe, então eu vou andando.
- Você tem certeza?
- Absoluta.
- Bom... Tudo bem, então. Te vejo amanhã. – disse, dando um beijo na bochecha de e abraçando ela.
- Ok. Te vejo amanhã. – Ela disse e riu.
- O quê?
- Nada. É só que... Você é tão lindo. – disse com um sorriso grande nos lábios. Ele riu, sem jeito, e corou.
se virou após finalmente se despedir dele e, então, voltou para casa, ainda sorrindo.
Ela percebeu Danny andando na direção dos amigos dele, que começaram a berrar e a pegar no pé. Todos eles tinham sorrisos nos rostos e dava para perceber que eles eram bem próximos. meio que queria uma carona, porque isso significava que ela ficaria mais tempo com , mas ela não se sentiria bem perto dos amigos dele. Mas ela queria ser amiga deles. 'Por que eu não tentei, então?' - pensou.

Ao entrar no apartamento, percebeu uma carta no chão. Ela a pegou e andou até o quarto, jogando a mochila no chão e, literalmente, se jogando na cama. Ela estava cansada, não estava mais acostumada com essa rotina de aula, ela queria dormir, afinal não tinha mais nada para fazer e, se ficasse acordada, só se chatearia mais ainda, porque o que provavelmente faria seria ficar em seu quarto encarando o teto.
Resolveu abrir a carta e, quando abriu, seus olhos se arregalaram.

Capítulo 9: Bullies on the playground.

estava surpresa com a carta. Leu e releu a mesma vária vezes.

'Querida, , é a mamãe. Eu sei, você deve estar se perguntando como eu consegui seu endereço, mas te explicarei isso outra hora. Eu realmente quero falar com você a sós, então, por favor, me ligue ou coisa do tipo. O número continua o mesmo. Eu mal posso esperar para te escutar, querida! - Mamãe.'

'Isso é um pesadelo' - repetia para si. Ela amassou a carta e jogou-a com tanta força que conseguiu derrubar o pequeno abajur de cima do criado mudo. A garota ficou parada por um momento no meio de seu quarto, com os olhos fechados com força. Estava chocada. O que ela queria conversar com ? Quer dizer... coisa boa não deve ser!
- MERDA! – Ela berrou. – Como foi que ela pegou meu endereço? Por que é que ela não pode ficar fora da minha vida? Eu não quero voltar no tempo, merda!
estava nervosa, resolveu assistir um pouco de TV e pedir uma pizza. Então foi para cama. Uma única pergunta não queria sair de sua cabeça: O que a mãe dela queria com ela?
Está certo, ela não iria descobrir, porque, definitivamente, não iria ligar para a mãe.

Na manhã seguinte, perdeu o ônibus, tropeçou em um brinquedo de criança no meio da calçada e se esbarrou com um limoeiro. Alguns caras riram dela.
- Haha, ótimo, sua doida! - Um dos caras berrou. Ela ficou em silêncio. Então eles começaram a se aproximar dela.
- Olhem para ela!
tentou se levantar e ir para longe, mas eles a chutaram no estômago, bem forte, como quando alguém chuta uma bola de futebol. Ela não conseguia se mexer e eles continuaram a bater nela, cada vez mais forte e, ainda por cima, no meio da rua, com pessoas olhando. Sangue começou a sair pelo nariz a da boca de , como se alguém tivesse ligado uma torneira, e a cabeça dela latejava de dor. Ela sentia como se fosse morrer
- P-Parem! – Ela sussurrou.
Mas eles continuaram a bater nela.
- PAREM. – Ela tentou berrar, mas falhou. Depois de um tempo mal sentia os chutes que recebia. Eles pararam de bater nela e, como o tempo passou, agora ela começava a sentir como se seu corpo tivesse sido quebrado.
- Otária! – Um deles berrou.
Todo mundo é provocado de vez em quando. Mas ela era provocada constantemente, cada dia de sua vida.
As provocações começaram na segunda série por garotos e garotas. Eram principalmente os garotos. Ela costumava ser batida por um cara chamado Mark, ele nunca falhou, sempre a achava, não importava onde ela estivesse. Era tão irritante. Ela era muito seguida, assim como ainda é hoje em dia, e sem saber o porquê.
No ônibus era a mesma coisa, as outras crianças eram sempre más com ela. Ela também já foi provocada pelas roupas que usava. Os pais dela eram jovens e eles não tinham muito dinheiro, então suas roupas também não eram as melhores. Com o tempo passando as provocações foram ficando piores. Eles não paravam até ficarem satisfeitos, e não ficavam satisfeitos até verem lágrimas correndo dos olhos dela.
viu alguém vindo na direção dela, mas ela não pôde ver claramente a pessoa. Só percebeu ela batendo no ombro de alguns dos caras e, antes que pudessem fazer alguma coisa, um deles levou um soco nada cara. quase riu, mas doía.
- Vamos. - Uma voz familiar disse e pôde perceber que era . Ele pegou na mão dela, tantando levantá-la, mas falhou. Então resolveu carregar no colo, levando-a para seu apartamento.

se mexeu quando passou pela porta do seu apartamento.
- ... - Ele sussurrou, colocando-a no sofá. Quando ele a abraçou, ela começou a chorar, ele a abraçou mais forte, sem achucá-la. – Shh, shh. – Ele disse silenciando ela. – Está tudo bem, eu estou aqui agora.
- Está tudo bem. – Ela disse chorando.
Ele tirou o rosto do pescoço dela e a encarou, ela estava muito pálida.
- Você tem certeza? – Ele perguntou.
- Não. – Ela disse e teve um colapso. tirou a mão gentilmente da nuca dela e pôde perceber sangue na mesma. A cabeça dela estava sangrando.
Ele ligou para uma ambulância, pois não respondia aos chamados dele, ela não acordava.
sabia que todo esse problema do colapso era por causa cabeça dela. E a coisa mais importante foi que ele não saiu do lado dela, nunca. Nem mesmo quando os médicos pediram para ele sair. Ele estava feliz por não ter saído, pois logo ela acordou e perguntou por ele.
- . – Ela disse, ainda parecendo assustada.
- Eu estou aqui, . – Ele disse calmamente, segurando a mão dela. Os olhos dela estavam bem abertos e ela parecia apavorada, as pupilas dela estavam dilatadas.
- , não me deixe. – Ela disse e assentiu.
‘Eu juro que vou matar eles’ - era tudo que podia pensar, também ‘Tomara que ela fique bem’. Ele pensou muito nisso. descansouou sua cabeça na mão dela. Ela estava deitada na cama do hospital e o único sinal de vida vinha do monitor de batimentos cardíacos.
O médico entrou com a prancheta.
- Você está com ela?
- Sim. – respondeu. – Ela é minha namorada.
- Certo. – O médico disse. – A razão principal de ela ter tido um colapso foi os ferimentos na cabeça. – levantou a cabeça e não disse nada, estava apenas prestando atenção no que o médico dizia.

virou seu rosto na direção da porta, pois escutava alguém subindo as escadas e, de repente, a porta abre rudemente e bate contra a parede. Era a mãe dela, parada no vão da porta e extremamente irritada. desligou a TV e encarou a mãe, com medo.
- Eu disse que você poderia levar um saduíche para a escola hoje? - Ela perguntou agressivamente.
- Eu... Mãe... – Ela gaguejou.
- Você acho que eu não vi você pegando comida da cozinha? – Ela pegou pelos braços e gritou em sua cara.
- Eu... Eu... Eu... Desculpa, mãe. – gaguejou novamente, brigando consigo mesma para não chorar.
- Restou alguma coisa?
- Não. – Ela mentiu, pois ela sabia que se dissesse a verdade, a mãe pegaria o que sobrou, sendo que precisaria.
- Que merda, sua retardada! – Ela gritou a empurrando, fazendo com que tropeçasse no criado mudo. – Quantas vezes eu tenho que te dizer para não pegar comida?
- Eu sei, mãe, eu só... – Ela não conseguiu terminar a frase porque a próxima coisa que sentiu foi a mão da mãe batendo forte contra o rosto dela, forte o suficiente para abrir um corte no lábio inferior.
- Eu não quero escutar sua voz! - Ela gritou enquanto se virava para sair do quarto. – Ah, e você pode esquecer sobre janta hoje à noite. E é melhor você nem pensar em pegar comida para a escola amanhã.
Com aquilo dito, ela saiu do quarto, mas não sem bater a porta atrás dela. sentou no chão, de vagar, e colocou seu rosto em suas mãos. Ela não conseguia fazer as lágrimas pararem de cair. O que eles esperam... Que ela morra de fome?
procurou sua mochila e de lá pegou sua carteira, ali dentro tinha uma lâmina, que pressionou contra seu ante braço, deslizando-a rápidamente e percebendo o sangue escorrer da ferida. Ela virou o braço, encarando o pulso agora. Os pensamentos estavam processando realmente rápidos na cabeça da garota e, no segundo seguinte, posicionou a lâmina contra o pulso, em seguida deslizando-a, novamente. Sangue saía levemente da nova ferida e um sorriso se formou no rosto dela. Talvez a dor tenha finalmente ido embora.
Em choque, percebeu que seu corte estava parando de sangrar, pois o corte que fez estava começando a fechar.
'Que merda, nem pra cometer suicído eu presto!' - pensou. Talvez ela não tivesse pressionado com força suficiente, pois o subconsciente estava com medo do que ela estava fazendo. Era o que ela esperava que fosse.
se levantou e saiu do quarto, em seguida saindo de casa, batendo a porta atrás de si. Ela sabia que a mãe iria berrar com ela mais tarde por causa disso, mas agora nada importava. Quando alcançou o parque, ficou mais calma, lá era um lugar isolado, cercado de árvores. Só aquele lugar conseguiria deixar a garota em paz.


Eles tiveram que ficar mais um tempo no hospital até os médicos finalmente darem alta para . Quando esse momento chegou, e caminharam para fora do hospital, com ele segurando na mão dela. Ao longe, os dois perceberam sorrindo com seu carro no estacionamento.
- vai nos levar para casa... Para a minha, mas se você quiser nós podemos te levar para a sua.
- Tudo bem por mim, mas eu preciso pegar algumas coisas antes.
- Claro. – disse.
- Você está bem? – perguntou em um tom de preocupação.
- Aham, graças ao herói aqui. – disse apontando para com um grande sorriso.
- Ãhn? O que eu fiz?
- Qual é, não banque idiota, você me salvou!
- Se você diz...
Eles entraram no carro e foi no banco de trás.
- Então... – começou.
- Não. – disse.
- Não o quê? – perguntou sem olhar para a garota.
- Sim, não.
- Mas que merda. – disse agora olhando ela, confuso.
- Eu estou cansada. Então qualquer pergunta que vocês fizerem a resposta vai ser não, entendeu?
- Okay! – Os dois disseram ao mesmo tempo.
aumentou o volume do rádio e uma música irritante começou a tocar.
- PARA ISSO, MERDA! – gritou. – Estava irritando. – Ela disse depois do escândalo dela e depois de terem abaixado o volume.
- Desculpe, então. – disse.
- E se não estivesse irritando? – disse com um sorriso.
- Mas estava. – Ela disse.
- Mas e se não estivesse?
- , não seja irritante. – disse.
- E se eu estou querendo ser irritante? – disse meio que rindo.
- , eu estou te avisando...
- E se você não estiver me avisando? – disse para , dando um sorriso.
- Uh... , se eu fosse você, eu calaria a boca agora. – disse.
- Por quê? – perguntou olhando para .
- Porque você esta irritando a ? - Ele perguntou meio que em uma sugestão.
- Por quê? – Ele perguntou de novo.
- Porque ela talvez perca a paciência muito rápido? – disse.
- E se ela não perde a paciência muito rápido? – perguntou.
- Eu perco. – disse rápido, tentando parecer calma. – ? – o chamou.
- Sim?
- Cala a boca!
- Por quê?
- Porque você não mora muito longe de mim.
- E eu tenho uma arma de fogo...
- , é sério, cara! CALA A BOCA! – disse com uma risada irritada.
Eles finalmente chegaram ao prédio em que morava.
- Por quê? – perguntou de novo, tentando segurar a risada.
- Ughh. – estava realmente preparada para atacar ele. – ? Um aviso de amiga...
- Corra e se esconda. – disse.
abriu a porta do carro e correu para dentro do prédio.
- NÃO! NÃO AÍ, SEU IDIOTA! ELA VAI TE PEGAR... Uh, bom... Agora ele é um fugitivo.

Capítulo 10: Socks & Cake.

correu atrás de , rindo, e, quando o alcançou, pulou nas costas dele, fazendo com que os dois caíssem no chão. Eles começaram a gargalhar, mas então parou de rir e encarou , que, quando conseguiu fazer o mesmo, sorriu para . O sorriso sumiu do rosto dela, mas os olhos estavam brilhando. colocou as mãos na cintura da garota e eles se encararam por um tempo.
- O que foi? - quebrou o silêncio.
- ... - disse em uma voz silenciosa, tocando o rosto da garota - Você é tão linda. - Ele sussurrou.
- E-eu - tentou falar alguma, mas seu coração estava controlando ela e ele batia rápido, muito rápido. - A gente deveria se apressar, está nos esperando.
- Certo... - respondeu com desapontamento na voz. - Se apresse, então, . - Ele continuou e ajeitou uma mecha do cabelo da garota atrás da orelha dela e então beijou sua bochehca.
estava sem palavras, sentiu como se estivese pisando em nuvens. Ela arrumou toda sua mala e passou um pouco de maquiagem, alegando que ficava estranha sem, pelo menos, um pouco daquilo.

- Pronta? - perguntou.
- Yeep! - Ela respondeu sorrindo.
Então, antes que pudesse sair do apartamento, a abraçou pelos ombros e começou a fazer cócegas.
- Ei, pára! - Ela falou no meio das risadas. - , seu merda!
Ele desceu as mãos para os joelhos dela e ficou dando leves apertões nas rótulas, lugar frágil para cócegas. gritou e empurrou o garoto, rindo. - PAAAARA! NÃO, ! - Ela gritava enquanto tentava fugir dele, mas claro que ela teve que tropeçar em alguma coisa. Algo realmente típico. começou a gargalhar. - ! Não é engraçado!
- Eu.. Você.. AHAHAHAHA! Creeeedo! - Ele tentava falar, mas só conseguia rir.
- , você está morto! Eu juro que te mato!
- Ai, Deus! Estou com taaanto medo. - disse ainda rindo.
- Vamos, a gente não pode deixar o esperando.
- A gente não pode ficar mais um pouquinho? – perguntou, mostrando o espaço mínimo entre os dedos polegar e indicador.
- Não. – respondeu enquanto se levantava.
andou para perto de com um sorriso malicioso.
- ?! – Ela perguntou, com medo do que ele poderia fazer.
No segundo seguinte, pegou e colocou-a sobre seus ombros.
- ! Me põe no chãaao!
- Quanto mais você pedir, menores vão ser suas chances de voltar para terra firme!
- ! Me coloca no chão AGORA! Por favor!
- O quê? Não, eu não estou escutando nada.
- Se você não me colocar no chão agora eu nunca mais vou te beijar! - falou quando eles já estavam fora do prédio.
- Você não faria isso! – Ele disse colocando-a no chão.
- Sim, eu faria.
- Você não resiste a mim e você sabe disso.
- Eu --
É claro que ela não conseguiu terminar a frase porque no segundo seguinte colocou seus lábios nos dela. Ele a beijou com suavidade e foi ajeitando o corpo da garota cada vez mais próximo ao dele, como se a qualquer momento os corpos dos dois pudessem se fundir.
- AH MEU DEUS! - gritou de dentro do carro ao ver o casal aos beijos.
- Vai à merda, . - resmungou ao levar um susto com o berro do amigo.
- Vamos, entrem no carro, crianças.
abriu a porta do carro para , dizendo:
- Damas primeiro!
revirou os olhos e entrou no carro, seguida por .
- Eu pensei que você já tivesse matado o coitado aí. - falou olhando pelo espelho retrovisor.
- Eu estava cansada.
- Aham, sei. - zombou.
- , a gente tem ensaio agora. Tudo bem para você?
- O que você quer dizer? É sua casa.
- Mas se você precisar descansar e --
- Não tem problema, e eu quero conhecer eles.
- Você vai se arrepender disso... – disse suspirando.

Quando chegaram na casa deles, já era quase cinco horas e os outros dois integrantes da banda estavam na sala de estar conversando sobre qualquer coisa. , após cumprimentá-los, sentou lá com eles.
- Eu estou com frio – disse olhando para .
- Como você pode sentir frio num calor desses? – perguntou.
- Eu não estou usando meias.
- Por que você não coloca, então? – perguntou.
- E isso é humanamente possível? – respondeu com outra pergunta.
olhou para ele com uma cara de quem diz 'Como assim, porra? Você não tem meias?'
- Ih... Quantas meias vocês têm?
- Muitas. – Todos responderam na mesma hora.
- E onde elas estão?
- Não sei, eu acho que perdi elas. – respondeu, encarando o chão.
- Tem certeza que estava olhando na gaveta certa?
levantou-se, meio frustrado, foi para a cozinha.
- Eu vou aceitar isso como um não, então.
- Está frio por aqui. - disse ao entrar na sala, voltando do banheiro.
- Há! Deixe-me adivinhar, você também perdeu suas meias? – perguntou.
- Mas que merda! O quê isso tem a ver? – perguntou confuso.
- Bom, você perdeu? – Ela continuou a perguntar.
- Eu não! - respondeu meio que rindo.
caminhou até a janela, só para observar a rua. Foi quando percebeu a chuva. Não deu mais bola para os rapazes, pois parecia que os três estavam realmente entretidos em alguma partida de vídeo game ou coisa parecida. Só sabia que tinha a ver com a TV. Resolvou ir atrás de , que provavelmente estaria na cozinha. Sorriu ao ver que ele estava lá preparando café.
- Com fome? – perguntou sorrindo.
- Eu não como nada desde... não lembro. E sim, eu estou com fome. - respondeu e sorriu. - Você cozinha?
- Sim, eu cozinho. – disse. – Por quê? Não posso --
- Só perguntei, querido. - Ela falou e percebeu gargalhando de leve.
- Quer o quê? Eu faço hambúguer se você quiser.
- Eu faria tudo por um hambúrguer agora. - respondeu passando a mão pela barriga.
- Você acabou de dizer que --
- ! Não. Tudo bem, mas você sabe o que eu quero dizer. – Ela disse olhando para ele.
- Tudo bem. Apenas espere na sala. Eu chamo vocês quando estiver pronto.
- Sim, senhora, mamãe. - respondeu fazendo vozinha de criança.
apenas gargalhou.
Depois de pelo menos uma hora, chamou todos eles para irem comerem. E os cinco ficaram lá, comendo e batendo papo, mesmo após a comida já ter acabado.
Quando os outros três se levantaram e foram para a sala, assistir TV, ficou ajudando a limpar tudo ali na cozinha. E só depois de arrumar toda ela eles foram dormir.

- Qual o problema? - perguntou ao perceber que não se mexia no próprio quarto.
- Nada, bom... Não tem outro quarto para você ficar, então você quer dormir aqui?
- Se não tem outro jeito...
- Então você dorme na cama, eu me ajeito no chão.
- Ei, aí é injusto. Por que nós dois não dormimos na cama?
- Porque... Cara, não. Você é visita. Fique no confortável.
- Chega de fresucra, . Anda, vem aqui comiigo!
- Tá bom, tá bom.
- ? Não vai acontecer nada, pode ir tirando esse seu sorrisinho de segundas intenções da sua cara. - Ela disse rindo.
- E quem disse que eu estava com segundas intenções?
- Ah, claro. Não estava.
- BOA NOITE PARA VOCÊS! - berrou da porta de seu quarto para o andar debaixo, onde os outro três estavam assistindo à um filme.
- Boa noite. - Eles responderam sem dar muita importância.

- Cara, eu não vou conseguir dormir. – resmungou e olhou para o .
- Nem eu... - disse num espreguiço. - Eu poderia comer um bolo agora.
- Bolo? – perguntou.
- Ah, comer bolo não, cara. Tomar cerveja! - respondeu.
- ? Eu pensei que você estivesse dormindo! – disse – E, , você é um alcoólico. – continuou.
- , você é um babaca. - resmungou.
- Ei, Ei. Olha como você me trata. Eu fui legal e conversei contigo quando você não conseguia dormir e agora você apenas me chuuta!
- Sabe, vocês dois ficam bem irritantes quando vocês não dormem, sabiam disso? – disse.
- Eu não fico irritante! - reclamou.
- Boa noite, .
- Eu nunca sou irritante.
- Eu disse Boa Noite!

Capítulo 11: Save me.

No dia seguinte, acordou com um berro muito alto; olhou para os lados e percebeu que não estava mais lá, provavelmente já tinha se levantado. Quando a garota abriu a porta para ver o que estava acontecendo, viu e , sendo que estava com o nariz sangrando enquanto dava gargalhadas.
- Você me fez SANGRAR! – gritava para .
- Olhe, sinto muito, está bem?! – gritou de volta.
- NÃO, NÃO ESTÁ BEM! SANGRAR, EU DISSE!
- Vocês, o que aconteceu? – perguntou e se espreguiçou um pouco.
- me fez sangrar! Sem parar! Está sangrando faz ANOS!
- Como ele te fez sangrar? – perguntou, bufando.
- Ele me fez bater com a cara no microfone! – explicou.
- Ai. – disse com uma cara de dor ao mesmo tempo que estava com vontade de rir.
- A gente estava no estúdio brincando, digo, cantando qualquer merda no microfone e eu fui querer dar um pedala de brincadeira nele, só que foi forte demais e o resultado tá aí... - explicou, ainda rindo.
- Vem, vamos descer, . Deixa o cuidar do nariz dele. - falou observando entrar no banheiro.
Quando chegaram no andar debaixo, logo escutaram aquela voz familiar.
- Café da manhã? – perguntou sorrindo.
- Mas claaro! – disse e sorriu em resposta, logo sentando em uma cadeira para começar a comer.
- Você dormiu bem?
- Sim, e você?
- Também...

Quando terminou de ajudar na cozinha, ela sentiu um par de braços abraça-la pelas costas, um sorriso formou-se instantaneamente no rosto dela e ela virou-se para encarar . Ele foi aproximando-se cada vez mais do rosto dela, finalmente encostando os lábios nos dela e ela simplesmente deixou ele tomar controle da situação até quebrarem o beijo.

e foram juntos até a sala de estar, onde os rapazes estavam jogando vídeo game.
- Alguém quer cerveja? - perguntou, sendo seguido por respostas afirmativas de todos, menos da garota. - ?
- Quero Coca, se tiver, por favor. - Ela respondeu.
- Certo!
Depois de uns poucos minutos voltou para a sala com as bebidas. o agradeceu quando ele alcançou o copo de coca para ela.
Ela resolveu voltar para o quarto após bocejar, estava cansada, mas antes que pudesse dar o primeiro passo, alguém segurou seu braço.
- Onde você vai? - perguntou.
- Estou meio cansada, vou me deitar um pouco. - respondeu e se virou para subir as escadas.
- Eu vou com você. A menos que você prefira ficar sozinha.
- Você pode vir, se quiser.
foi o tempo todo de mãos dadas com até o quarto, ela, por sua vez, quando viu a cama, apenas se jogou nela e percebeu rir suavemente.
- ?
- O quê? – Ele respondeu enquanto sentava na cama.
- Ah, nada. Esquece. – disse recusando-se a fazer a pergunta.
- Não. Pergunte. – Ele disse sorrindo.
- Não, não é nada especial.
- Você tem certeza? – Ele perguntou tocando a bochecha da garota suavemente com seus dedos.
sentiu uma sensação de formigamento por todo seu corpo quando ele a tocou. Ela amava tanto ele. Se ela ao menos conseguisse expressar todo aquele sentimento... mas não tinha como.
- Não é nada. Está bem? – Ela disse calmamente, se levantando e indo pegar sua bolsa.
- Mas...
- Por favor, deixa isso de lado. – Ela pediu em um sussurro.
Ele olhou para ela com preocupação, mas acabou concordando com a decisão dela de não fazer a pergunta, mesmo percebendo que, no fundo, ela não queria deixar aquilo de lado. queria se abrir com ele, mas não agora. Talvez não fosse o momento certo de contar sobre a carta que a mãe mandara para ela no outro dia. E, se ela contasse, faria de tudo para protegê-la, mas ela não era mais um bebê ou uma criança pequena.
- O que tem de errado, ? Você sabe que pode me falar. – Ele perguntou.
- Não tem nada de errado, . – Ela respondeu.
- Ah, isso é muito convincente. – Ele falou, irônico.
- Eu estou indo para casa. Tchau.
- O quê? Mas por quê? – perguntou, assustando-se com a decisão dela.
- Que coisa, ! Eu preciso ficar um pouco sozinha. – disse e pegou sua bolsa e pertences e desceu as escadas, com seguindo-a.
Ele é uma pessoa tão prestativa e, talvez, esse fosse um dos motivos por amá-lo tanto. Mas naquele momento ela precisava ficar sozinha, pelo menos por enquanto, portanto apenas ignorou o fato dele estar seguindo-a e saiu de casa sem dizer tchau para ninguém. Ainda estava chovendo, mas não tão forte, apenas uma garoa gelada, e nem estava vestindo um casaco.
Quando chegou em seu apartamento e passou pela porta de seu quarto, jogou sua bolsa em um canto e foi direto ao banheiro pensando sobre tudo o que tinha acontecido com ela nos últimos tempos: sua mãe, , escola, hospital... precisava dormir e esquecer de tudo. Em frente à pia, encarou seu reflexo no espelho e segurou sua cabeça.

's P.O.V.
Está bem, agora eu não estou entendendo mais nada. Será que eu fiz alguma coisa pra ela? Até ontem tudo parecia tão bem, mas agora ela simplesmente se foi, sem dizer uma palavra.
Por semanas eu, , e não vimos por perto. Ela estava sozinha em casa, eu aposto. Quando alguém livaga para a casa dela, ela nunca atendia. Era como se ela tivesse se mudado para longe e nunca mais fossemos vê-la de novo. Nenhum de nós sabíamos se esse sumisso era porque eu tinha feito perguntas demais ou coisa parecida. E conforme o tempo passava, mais nós ficávamos preocupados. Espcialmente eu, mas eu nunca demonstrava isso.
Um dia desses eu a vi no parque com um cara da escola chamado Jason. E algo por dentro me fez sentir raiva daquele cara por alguns segundos (lê-se: desde então).

Hoje estávamos na aula de artes e eu estava sentado na carteira que sempre sento, era como se fosse minha marca registrada naquela sala, mas estava sentada no outro lado da sala. Para mim, parecia que ela estava tentando ficar o mais longe possível e isso me chateava, porque eu não sabia o motivo dela estar agindo daquele jeito. Eu tentava lembrar de cada dia que passamos juntos, tentando imaginar o que pudesse tê-la feito se afastar de mim e dos outros caras, como ela está fazendo ultimamente.
O sinal da última aula tocou, ecoando pela escola, fazendo com que os alunos começassem a arrumar suas mochilas para irem para casa. Eu recolhi minhas coisas o mais rápido possível, assim, talvez, desse tempo de me encontrar com em algum canto da escola, digo, nós precisamos conversar. Eu não vou conseguir apenas continuar me perguntando se tem alguma coisa de errado quando eu sei que tem. E eu quero e preciso saber o que é! E como eu previ, estava em seu armário no corredor.

End of 's P.O.V.

- Boa tarde. – Ele disse casualmente, observando os olhos dela se virarem para ele.
- Sai daqui. - Ela pediu.
apoiou seu braço no armário e olhou a garota com desdém.
- Faz um tempo desde a última vez que a gente se viu. Como estão as coisas? – Ele perguntou.
- , me deixa em paz.
- , por favor, fala comigo.
- Eu não posso.
- Eu preciso saber o que está errado nisso tudo.
- Esqueça isso! – Ela disse, teimosa.
- Eu não vou fazer isso. Você mudou, . Não é mais a mesma. E eu preciso de respostas.
- Você poderia parar? Me deixa em paz, merda! – Ela respondeu.
- Por que você está fazendo isso? - Ele perguntou, mantendo a calma.
- Por que é que você não pode ir embora?
- Eu estou tentando de ajudar. Alguém te bateu?
- Para de tentar me proteger e não, ninguém me bateu.
- Então que merda aconteceu contigo? Você não era assim!
bateu a porta de seu armário, antes que visse o que tinha lá dentro, e começou a andar para longe do garoto, mas ele não ia deixar que as coisas ficassem assim. Ele pegou no braço dela e fazendo-a hesitar com a dor do aperto de .
- Me deixa ir embora! Você simplesmente não entenderia. Agora me deixa ir, por favor.
- Eu deixaria se você me dissesse o que está acontecendo.
- E se eu não quiser falar sobre isso?
- Mas por que, diabos, não? - Ele uivou. Estava começando a se descontrolar com as negações constantes dela.
- Não é do seu interesse.
- ! Eu sou o seu melhor amigo e eu te amo. Eu só estou tentando te ajudar. Por favor, me diga o que está acontecendo, ! – Ele implorou.
- Não, eu não vou falar. Eu preciso ir, ...
- Por quê?
- Porque eu estou pedindo! – Ela respondeu, se irritando com a teimosia dele de não deixá-la ir embora.
- E por que tem drogas escondidas ali dentro? – Ele perguntou olhando nos olhos dela e apontando com a cabeça o armário dela. - Você realmente não esperava que eu não fosse notar, não é?

Capítulo 12: Bad omen.

- , eu vou te dar três segundos para você sair da frente do meu armário! – Um olhar de raiva formou-se nos olhos dela.
- Ih, aqueles três segundos. – Ele bufou.
- Um...
- Quem te forçou a usar drogas? Foi o Jason? Ele te bateu?
- Dois...
firmou os pés no chão.
- Três.
Agora ele se apoiou com o corpo no armário e cruzou os braços. o encarou com raiva e sentiu seu corpo tremer em ansiedade.
- , sai daí AGORA! - pediu, já descontrolada.
- , se ele está te machucando, então não é culpa sua. – Ele explicou, mantendo a calma.
- Quem disse que ele está me machucando? – Ela respondeu rapidamente.
- E esse seu roxo no rosto? Todas as outras contusões nos braços? Sem contar que você deve ter mais na sua barriga. - a desafiou, logo recebendo um olhar comprometedor da garota. - Você fez isso?
- Sim, . A garota boazinha do parque se tornou esse monstro diabólico. E drogada!
- Por que você está fazendo isso com você?
- Jason tinha algumas agulhas na casa dele, ele me ofereceu e eu aceitei. – franziu as sobrancelhas. Ele não conseguia acreditar no que estava escutando.
- O QUÊ?
- SAI DA FRENTE!
- Eu não vou ficar parado aqui e ver você se matar.
- Então saia do corredor. – Ela respondeu rapidamente. Um pequeno suspiro saiu do peito de . Ele não podia deixar ela ali sozinha com as drogas.
- Você está viciada e logo vai acabar morrendo se continuar desse jeito. É isso o que você realmente quer?
- Eu NÃO sou viciada!
- Então por que você está tão desesperada por aquelas agulhas? – Ele perguntou.
- ... Saia! – A voz dela estava começando a cansar de mandar sair de frente do armário dela.
- Qual o problema com você?
- Se você não sair desse corredor, você vai ser a pessoa com problema! – Ela respondeu, fazendo-o encara-la profundamente naqueles olhos, uma vez tão brilhantes, agora completamente sem vida. Ela não iria escutar o que ele tinha a dizer. A mente e o coração de estavam preenchidos por desespero e medo, mas ele achou melhor ir embora.
Os dias seguintes não foram dos melhores. estava desesperadamente preocupado com , assim como e . contou a eles todo o episódio sobre as drogas na escola e eles logo sacaram que não escutaria ninguém, apenas as drogas. e ligaram para ela, digo, tentaram, porque ela nunca atendia. Até tentou. se afastava cada vez mais dela, até o dia em que forçou a ir até a sala dos estudantes. Eles ficaram lá, com sentada no sofá, sentado na mesinha em frente à ela.
- Alguém pode me explicar o motivo da reuniãozinha? – perguntou, encarando todos eles com os olhos lacrimejados e vermelhos.
sentou em uma cadeira que tinha por ali e encarou a garota.
- Pra mim já foi o suficiente! - Ele disse.
- Eu também acho, tchau. - respondeu, levantando-se do sofá.
a segurou pelo braço e a fez sentar no sofá novamente,
- Nós precisamos conversar com você. - Mesmo que o rosto dele estivesse cheio de raiva, sua voz continuava suave, como sempre.
- Mais uma e nós teremos uma festa. – murmurou.
É claro que ela não estava aceitando toda aquela situação. De repente e porta abriu e entrou na sala. O olhar dele parecia vazio.
- Nós estamos preocupados, com medo, na verdade, com medo por você. – começou.
encarou o chão e escutou eles.
- Nós não queremos ver você se machucar por isso. Nós nos preocupamos com você. – falou.
- , você está se matando e nós não sabemos o que fazer, quer dizer, somos seus amigos e nós estamos tentando te ajudar, mas você precisa querer a ajuda. – explicou.
ficou em silêncio o tempo todo. Não tinha intenção alguma em abrir a boca, pelo menos não agora.
- Você já está viciada nas drogas e você precisa admitir isso. – suspirou.
olhou para ele com uma cara meio que sombria e quase riu.
- V-você está brincando, certo? Eu não tenho problemas com drogas!
- Pelo amor de Deus, ! Você está se drogando na escola, em casa, no parque, à noite, de tarde, de manhã e sei lá eu qual outro horário do dia. O que você quer que a gente pense? – respondeu.
- Que vocês precisam de uma vida! – Ela respondeu com severidade. Todos eles encararam-na em silêncio. Ela nunca admitiria que estava realmente viciada, mas acho que essas são as conseqüências, certo? virou sua cabeça para e arqueou as sobrancelhas. - E você? Não vai se juntar na diversão? - Ela perguntou, sarcástica.
- Diversão? Você acha que tudo isso é um jogo? Você pode morrer, ! - Ele respondeu incrédulo. - Eu poderia muito bem ficar assistindo você se drogar, mas eu NÃO VOU ficar aqui e testemunhar essa sua auto-destruição! – A voz de incredibilidade dele conseguiu fazer com que sentisse um calafrio na espinha. encarou o chão ao escutar as palavras do amigo. Ele estava certo.
- Você tem razão, eu estou me matando. E não machuca nem um pouco.
Ao escutar as palavras dela, se segurou para não chorar.
- Eu não agüento mais isso. – Ele desistiu e saiu da sala.
- ACEITE A AJUDA, por favor, . Por favor... – implorou.
- Não preciso. – Ela simplesmente disse e foi embora.

bateu a porta de seu armário e chacoalhou a cabeça. Ela nunca poderia pensar que seus amigos fossem achar que ela tivesse problemas com drogas. Eram só algumas agulhas aqui e ali, sem muita importância, certo? Um trovão ecoou pela escola e ela deu um leve salto, assustada.
Ela caminhou até as janelas do corredor e olhou para fora, para aquele dia cinzendo e escuro. A chuva caía forte, enchendo os vidros das janelas de grossas gotas d'água, deixando uma imagem borrada do quintal do colégio. Demorou um tempo até ela notar que não eram apenas as janelas que estavam cheias de água. Seus olhos também estavam. Ela franziu a testa ao observar a luz do relâmpago cortar o céu em um tom verde elétrico e ficou olhando paras aquelas luzes que pareciam dançar. Nenhuma ansiedade preenchia seu corpo, nenhum medo, nenhum desconforto, apenas nada.
lembrou-se de pegando-a de surpresa. Ela tentou se lembrar daquele sentimento de choque e felicidade, mas não conseguia sentir nada. Alguma coisa em seu coração estava vazio. Cada memória com estava cheio de... nada. Estava tudo vazio! E nem com medo dos relâmpagos ela estava. abaixou os olhos. ‘Por que eu não posso sentir nada?’ - ela se perguntou. ‘Por que tudo parece tão vazio?’ - ela observava as coisas com desdém enquanto cruzava os braços para buscar conforto, vagarosamente, percebendo a dor pulsando por todo seu corpo. Ela levantou as mangas de sua blusa e vários hematomas foram revelados. Ela moveu os olhos através das veias, contando cada pequena picada. Ela tinha contado cem, cento e muitas. Logo ela levantou a cabeça para ver a tempestade. As dores em seus braços não diminuíam. Era como se a dor estivesse tentando avisar ela de que ela já tinha passado dos limites.
virou-se e voltou para seu armário. Limite era limite. Ela não poderia continuar sentindo-se desse jeito. Ela abriu o armário, olhou para as agulhas e pegou um pequeno saco plástico, colocando todas elas ali dentro. Ela encarou o plástico, não sabendo exatamente o que estava fazendo. O que aconteceria se ela não conseguisse se controlar? A dor aumentaria? Ela morreria? Ela seria capaz de sair de perto das drogas?
Todos esses pensamentos passaram pela cabeça dela enquanto ela, vagarosamente, andava em direção da lata de lixo. ‘Eu poderia me machucar no futuro se eu me livrasse delas agora. Mas e meus amigos? Eles estão preocupados.’ - seus olhos se entristeceram com esses pensamentos. ‘Esqueça eles; eles não sabem como é essa sensação. Eles não sabem a dor que eu tenho passado.’ - ela desistia vagarosamente, deixando suas próprias palavras misturarem-se em seu cérebro. O estresse da situação era dolorosa. Suas mãos começaram a tremer. 'E o ? A mãe dele passou por isso e agora sua melhor amiga está passando pela mesma coisa. O que ele vai pensar? O que é que ele já pensou sobre isso? Agora eu perdi a noção do que está acontecendo. Perdi toda a dignidade. Perdi toda a consciência. Eu me perdi nas drogas e agora meus amigos estão pagando por isso. O que eu fiz para eles? O que eu fiz comigo? Por que eu continuo brigando comigo mesma? Eu sei que isso é mau, e sei que as pessoas estão se machucando, mas por que eu não consigo parar? Por que eu não consigo jogar as agulhas fora e pedir ajuda? Talvez eu não queira ajuda, talvez eu consiga sobreviver assim. Não... Isso é loucura. Eu não vou conseguir sobreviver com as drogas. Eu não quero morrer. Eu quero viver, viver feliz com o , viver uma vida saudável. Eu preciso de ajuda! Para quem eu posso pedir? não quer me ver, muito menos falar comigo. está muito triste e com medo de fazer alguma coisa. está com muita raiva. E também não vai querer ouvir nada do que eu tenho pra falar. Eu não tenho ninguém, eu estou sozinha.'

Capítulo 13: My heart is blue.

estava sentava no sofá da sala assistindo à um filme de comédia com - sim, ! - quando a campainha tocou.
- Eu atendo. - disse levantando-se do sofá. - Ei, . Tem uma mulher na porta dizendo que é sua mãe. - Ele começou. - Eu disse que você estava ocupada, mas ela não quer sair.
- Obrigada. - respondeu. - Você pode esperar aqui?
- Você não quer que eu vá com você? - Ele perguntou preocupado.
- Não precisa, , obrigada.
suspirou e foi até a porta, com o coração pulsando muito forte. Era como se alguma coisa fosse acontecer. Alguma coisa ruim...
Quando a garota chegou na porta do apartamento, seu coração se desmoronou. Parada ali, estava a mãe dela. Um sorriso grande (e falso) surgiu no rosto da mulher ao ver a filha. sentiu-se petrificada ao sentir a mãe abraçando-a. Depois de livrar-se dos braços da mãe, levou-a para fora do condomínio, as duas sentaram-se em um banco em frente ao prédio.
- Então, como você está, querida? – Ela perguntou, pegando a mão de , que logo se esquivou.
- Eu estou bem
- Que bom. - Ela disse, claramente surpresa por essa resposta. - É bom saber que você está fazendo alguma coisa com a sua vida. Sempre soube que você iria longe.
'O quê? Mas como ela pode falar essas coisas? Quem ela está tentando enganar?' - se perguntou.
- Por que você está aqui?
- O que você quer dizer? – Ela perguntou tentando parecer chocada com a pergunta.
- Eu sei que você não veio aqui porque você queria me ver! - falou, revirando os olhos, como se fosse uma coisa óbvia. - Então, o que você quer?
- Bem... – Ela começou – Eu vim aqui porque, bem... Eu preciso de dinheiro.
- O quê? – perguntou não acreditando. – Você veio aqui por dinheiro?
- Sim. R$ 7.500,00 para se exata. – Ela disse com aquele sorriso falso dela.
- Eu deveria saber!
- O que você quer dizer com isso? – Ela perguntou.
- Eu não tenho isso.
- E você não pode me dar nem um pouco? – Ela perguntou com olhos arregalados.
- Eu não tenho dinheiro para te dar, desculpa! - disse, sarcástica.
- Sua bastarda ingrata! – A mãe gritou com raiva enquanto levantava. – Eu tive que cuidar de você e agora, quando eu preciso de ajuda, você só me dá as costas. - Ela começou a andar para a direção oposta, mas logo voltou. - Mil perdões, . Eu não quis dizer o que eu acabei de falar. Eu só fiquei um pouco chateada porque eu realmente preciso do dinheiro. Por favor, . Por favor, dê um pouco de dinheiro para sua mãe!
- Quantas porras de milhões de vezes eu vou ter que dizer que eu não tenho o dinheiro? Me desculpe se você está tendo problemas financeiros, mas esse não é meu problema. Eu não posso te dar nenhum dinheiro, por favor, entenda isso.
- Eu não acredito que você esteja tratando a sua mãe desse jeito! Ainda não sei porque eu aceitei deixar você nascer, porque você foi o erro mais estúpido! Você é tão patética. Você está morta para mim. – Ela gritou com raiva. É triste saber que mesmo depois de todos esses anos ainda a acha intimidadora.
sentiu a mão de sua mãe chocando-se contra sua bochecha, fazendo ela arder de dor. Como instindo, a mão da garota foi até onde sua face fora atingida e, de canto, percebeu sua mãe indo embora. tirou sua mão de seu rosto e viu sangue. Ótimo, seu lábio cortou com o tapa de sua mãe! Ela soltou um suspirou, sentindo as lágrimas começarem a encher seus olhos.
Ela abriu a porta do apartamento e, quando a viu, arregalou os olhos e começou a fazer perguntar inacabáveis. 'Você está bem?', 'O que aconteceu?'. permaneceu em silêncio e sentou-se no sofá, tentando se acalmar.
- Foi ela, não foi? - perguntou, já imaginando a resposta.
- Foi... Quer dizer, por que ela me odeia tanto? - perguntou, sentindo-se miserável.
- O que ela queria?
- Dinheiro. E quando eu disse que não poderia dar nada ela fez isso.
- Não se preocupe. Vai ficar tudo bem.
Ela ficou observando enquanto se levantava, dizendo que precisava alegrar ela. o encarou, curiosa, mas ele apenas tirou um CD de seu bolso e colocou no aparelho de som. Os dois ficaram em silêncio até a música começar, arrancando risadas dos dois.

Do it now
(Faça isso agora)
You and me baby ain't nothing but mammals
(Eu e você, querida, não somos nada, mas mamíferos)
So let's do it like they do on the Discovery Channel
(Então vamos fazer como eles fazem no Discovery Channel)
Do it again now
(Faça isso de novo agora)
You and me baby ain't nothing but mammals
(Eu e você, querida, não somos nada, mas mamíferos)
So let's do it like they do on the Discovery Channel
(Então vamos fazer como eles fazen no Discovery Channel)

- O que eu fiz pra merecer um amigo desses? Você é um feliz, sabia disso? - Ela falou no meio de uma risada.
- Eu fiz você sorrir. – Ele disse sorrindo, mas não durou muito tempo, pois no segundo seguinte aquele sorriso encantador já estava desaparecendo de seu rosto. - Você falou com ?
- Não... - negou.
- Então vá falar com ele. Ele é seu melhor amigo, talvez ele possa conversar com você.
- Eu não posso falar com ele. Ele não vai me escutar. Eu sou viciada e não consigo parar. Toda vez que eu tento, eu fico louca, muito assustada, eu não sei qual dos dois se encaixa melhor nessa situação. Quanto mais eu tento, mais eu perco controle. Eu fico me drogando até eu mal conseguir andar. Eu estou com medo de acabar me matando. Eu não vou consiguir fazer isso sozinha, eu não sou forte o suficiente.
- Por que você não foi falar com o ? – perguntou confuso.
- Porque eu sei exatamente o que ele faria. Ele me faria sentir ainda mais culpada. Ele me levaria a ponto do desmoronamento e eu não agüentaria isso.
- , ele já teve que lidar com isso antes, com a mãe dele. Ele entende o que é precisar de ajuda. O que faz você pensar que ele faria você se sentir ainda pior e não te ajudar?
- Eu vi o olhar dele quando eu disse que eu estava me matando. Eu vi dor e o ódio. E essa história da mãe dele é muito pessoal, não seria a mesma coisa. E se eu fosse falar com ele, então ele não agüentaria. Ele berraria e gritaria. Do que eu não preciso agora é de um com raiva.
- Ele já está com raiva. – comentou.
- É uma raiva diferente...
- Você realmente quer ajuda?

Capítulo 14: No sun today?

Dois meses. Dois meses de uma dor agonizante. Dois meses de dor física. Dois meses de inquietação e preocupação, medo e infelicidade. Tudo isso. Nenhum deles estava preparado, mas ainda assim eram forçados viver com esses sentimentos. Há dois meses, o vicio destruiu a vida dela. Agora ela estava se preparando para refazer sua vida.

Os corredores pareciam distantes agora. Vozes distantes ecoavam através das salas. O sol não brilhava pelas janelas. Uma nuvem nublou o dia ensolarado. A vida mudou desde que ela tinha ido embora. Ela não via mais a beleza da natureza, não escutava mais risadas. Tudo que ela sentia era nada. O vício dela tirou uma parte de sua vida e ela não tinha achado um jeito de recuperar essa parte. Ela sentia-se perdida, mas viva. Pelo menos isso era melhor do que estar morta. Ou era pior?
- Oi? - disse, incerta.
Os dois garotos olharam para ela. Um certo choque passou por eles como uma onda. Ela estava de volta. A garota, uma vez doente, agora estava saudável. Seu cabelo cobria seus ombros e brilhavam.
- Cara, você está, tipo... tipo, de volta. – disse.
- Bom... boa parte de mim está. – Ela respondeu.
Seus olhos uma vez escuros, agora voltaram a ser , em um tom suave. sorriu e a abraçou.
- Eu senti tanto a sua falta! – Ele berrou de felicidade.
arqueou uma das sobrancelhas.
- Foram só dois meses.
- Eu sei. – Ele saiu do abraço com e continuou a sorrir.
- Bem vinda de volta. Você está ótima. - disse suavemente, enquanto sorria.
- Sim, eu estou finalmente comendo de volta. – Ela respondeu.
- Então você acabou com as drogas de vez? – perguntou. deu um sorriso fraco. Ela não estava com vontade de sorrir, mas apenas o fez por seus amigos.
- A vida é muito melhor sem elas.
- Você estaria discutindo sobre isso se fosse há dois meses. – admitiu. suspirou.
- Sim, eu estaria.
- Então você se arrepende de ter usado drogas? – perguntou ocasionalmente, afinal ele não queria ofendê-la.
- Depois de ter machucado todos os meus amigos e a mim mesma, sim, eu me arrependo.
Os dois garotos encararam-na em silêncio por um momento, refletindo no que tinha acontecido dois meses atrás. abaixou os olhos e se encontrou pensando em .
- Então, eu sei que vocês então bem e tudo mais, mas --
- ? – perguntou. Ela assentiu. - Bom, ele não está falando muito, está se mantendo. - continuou e ia apenas concordando com o que ele falava. - Eu, pessoalmente, não o vejo sorrindo há um bom tempo. Ele ficou desse jeito depressivo e --
- Erm... ... - começou.
- O quê?
- Ele está vindo.
virou sua cabeça vagarosamente enquanto entrava no corredor. Ele abriu seu armário e rapidamente colocou uma tabela com horários de futebol dentro do mesmo. Ele estava com raiva? Triste? Depressivo? não conseguia dizer. O rosto dele parecia estar neutro. Ele nem a percebeu ali. Ela respirou e olhou para . O que é que ela poderia dizer para ?
viu a expressão da garota, mas não sabia o que falar, apenas abaixou seu olhar. voltou sua atenção para e se acovardou um pouco.
- !
Ele tirou seu casaco e colocou dentro do armário. Ele nem respondeu, nem mesmo olhou para ela. aproximou-se dele de vagar.
- ?
Ele piscou os olhos rapidamente, o que significava que ele tinha percebido a presença dela. O negócio era ele olhar para ela agora.
- , a gente pode conversar?
Ele tirou sua corrente de metal do armário e colocou em volta do seu pescoço.
- Por favor?
suspirou e bateu a porta de seu armário, fazendo com que e pulassem de susto. Tudo bem, ele tinha razão de estar chateado. Ele cruzou os braços e encarou com seus olhos . A coisa mais estranha nisso tudo era: ele parecia completamente calmo, nem mesmo um olhar irritado se passou no rosto dele.
- Tudo bem, eu sinto que nós estamos prestes a ter um mau começo, sendo que você acabou de bater com tudo a porta do seu armário e agora você está olhando para mim com esses olhor penetrante, então eu vou ir direto ao assunto.
Ele não disse nada, apenas a encarou.
- , o que eu estava fazendo... o que eu fiz comigo foi estúpido. Não foi só estúpido, foi patético. Eu estava me matando e eu não vi isso até ser quase tarde demais. Eu não te escutei. Eu continuei usando e usando até eu mal conseguir sentir. Eu estava vazia, com o coração quebrado e eu não queria me importar com ninguém. O pior é que eu machuquei meus melhores amigos. Eu disse coisas horríveis e eu gostaria de retirar tudo o que foi dito, mas você sabe que eu não posso. A dor em que eu coloquei vocês foi injusta. Eu... Desculpa, .
Todos eles olharam para , observando os olhos dele, esperando por algum sinal de que ela tinha voltado, mas não acharam nada. Ele encarou o chão e suspirou silenciosamente.
- Isso fez uma grande diferença vindo de você. – Ele respondeu sarcasticamente.
sentiu seu coração quebrando.
- , você não tem idéia do quanto eu sinto pelo que eu fiz.
- Você pode dizer que sente muito o quanto você quiser, mas nada vai mudar o que você fez. Eu perdi completamente o respeito por você.
- Eu entendo. – Ela respondeu silenciosamente, aceitando o fato.
- E eu NUNCA vou te perdoar pelo que você fez.
Ela concordou. As palavras dele eram simples e frias. Ele não era o tipo pessoa que usava muitas palavras para expressar os sentimentos, mas nunca tinha reparado em como as palavras dele poderiam machucar. Ela apenas resistiu a vontade de chorar.
- Esse é o fim da discussão.
assentiu, deixando a voz de raiva dele entrar em sua cabeça. , e , todos olharam enquanto ele andava na direção oposta em que eles estavam sem olhar para trás. e se aproximaram de e logo viram sua expressão de dor.
- Meu Deus, o que foi aquilo? – suspirou.
- Eu nunca o vi não bravo. – concordou.
cruzou seus braços e olhou pelo corredor em choque.
- Você acha que ele vai, algum dia, voltar a falar comigo?
- Bom, considerando situação e o tipo de inferno em que você o colocou, nenhuma maldita chance. – explicou.
- Mas conhecendo o , ele vai aceitar isso apenas como um erro.
- Vai demorar algum tempo para você conseguir de volta a confiança e o respeito. Você tem que levar isso devagar, não pressione. está bravo agora, mas ele vai voltar logo, você vai ver. – explicou calmamente.
Ela se acovardou um pouco com o pensamento.
- Talvez não tão cedo. Ele me odeia.
- Não, ele não te odeia. Ele apenas não tem respeito e confiança em você. – respondeu.
- Não... Ele me odeia.
deu de ombros e levantou uma sobrancelha. Juntos, eles foram caminhando até o refeitório e ainda bem estava vazio.
- Eu só quero pegar um machado e dar um golpe nele. Fazer ele em pedacinhos para atirar suas lembranças pela escola. – murmurou. , que apareceu na metado do caminho para o refeirtório, e escutou toda a história, arqueou a sobrancelha e sorriu em surpresa. olhou para o rapaz e também sorriu. - Foi muito?
- O suficiente. – Ele respondeu.
Eles pararam de conversar assim que a porta do refeitório bateu. virou seu rosto enquanto entrava na sala. Ele foi direto para a máquina de refrigerantes, para pegar alguma latinha. observou-o enquanto ele pressionava o botão da máquina e esperava, até que perdeu a paciência e deu um soco na máquina.
- Inferno! – Ele suspirou. – Por que você SEMPRE pega o MEU refrigerante? – Ele exigiu furiosamente.
revirou os olhos enquanto levantava-se de sua mesa e ia em direção da máquina.
- ...!
- Não.
- Você nem sabe o que eu vou perguntar. – Ele disse.
- Eu não vou te dar mais nenhum dinheiro por essa máquina.
- Então o quê? Você está contra mim agora? Deus, por que as pessoas sempre ficam do lado das mulheres? – Ele perguntou, frustrado. virou-se e olhou.
- , para com isso. - disse e encarou , que estava sentada na mesa, comendo um sanduíche.
- Eu estava falando com você?
levantou-se e deu um suspiro forte, parando de comer seu sanduíche. Andou até a máquina e, quando ela estava próxima o suficiente, sentiu o olhar dela em cima dele. bateu com força na frente da máquina, o máximo que ela podia, escutando um grande eco atravessar o refeitório. franziu a testa quando ela nem mesmo piscou.
- Isso deve doer. – Ele disse.
O barulho da moeda caindo dentro da máquina tilintou, seguindo por um grande barulho vindo de dentro do aparelho. olhou para baixo, na latinha que acabava de sair da máquina.
- Toma essa merda dessa tua Coca e cala a boca. – Ela ordenou friamente.
Ele olhou de volta para cima e a encarou.
- Não me diga o que fazer.
- Eu pensei que caras como você deveriam ser legais. – Ela disse casualmente, voltando para sua mesa.
- E eu pensei que mulheres deveriam ser bonitas. – Ele a “desprezou” e saiu do refeitório.
- Uau, vocês dois estão indo realmente bem. - ironizou.

Capítulo 15: Back in black.

No dia seguinte, entrou vagarosamente no refeitório. Seu coração parou quando viu fazendo a tarefa dele. Infelicidade preencheu o coração dela. Ela sentiu como se estivesse perdendo seu melhor amigo e era tudo culpa dela. A garota pigarreou e ficou em pé perto da mesa.
- Se importa se eu sentar? – A voz dela era silenciosa e cautelosa. não respondeu. Ao invés disso, ele se mexeu um pouco para o lado, deixando um espaço para ela, e continuou a resolver sua tarefa. Ela sentou e viu ele resolvendo as equações, mas, no fundo, ele parecia mesmo estar prestando atenção nela. suspirou e olhou para ele, perguntando-se o que passava pela mente dele no momento, o que ele estava sentindo.
- Você me odeia? – Ela perguntou, esperando ele virar os olhos para ela.
- Que parte do ‘nós não vamos mais discutir isso’, você não entendeu? – Ele respondeu com outra pergunta, com uma voz meio baixa, ainda com os olhos em sua tarefa.
Ela olhou com desdém depois das palavras dele.
- Então você me odeia, tudo o que você tinha que fazer era dizer isso ao invés de me deixar adivinhando. E, além disso, eu pensei que você tivesse dito que nunca conseguiria me odiar. Que diabos aconteceu com aquela marca? – Ela perguntou com confusão.
bufou e fechou seu livro de matemática com força.
- As pessoas mudam, . - Ele respondeu e ela o encarou.
- O quê?
Ele virou seu rosto para ela e encarou-a nos olhos.
- Eu disse aquilo porque eu nunca pensei que eu conseguiria ficar bravo com você, mas o que aconteceu dois meses atrás mudou o que eu pensava de você, mudou o que eu sentia por você. - Ele respondeu e encarou a mesa. sentiu-se mal olhando para ela, porque tudo o que ela disse para ele dois meses atrás simplesmente rasgou o coração dele em pedaços. - Eu não te odeio, - ele completou -, eu odeio o que você fez.
Ela refletiu sobre as palavras dele. Mesmo sabendo que ele estava bravo com ela, ela se sentia em paz com aquela marca.
- , o que eu tenho que fazer para você voltar a ser quem era? Eu vou ter que ficar de joelhos e te implorar desculpas?
- Implorar por desculpas não é bom o suficiente e não vai funcionar.
- Então o que você quer que eu faça?
- E quero que você perceba o impacto que as drogas causaram na sua vida. Eu quero que você perceba que a nossa amizade nunca mais vai ser a mesma. Eu quero que você saiba que você me machucou, , você me machucou mais do que qualquer um já me machucou.
- Você acha que é fácil para mim, ? Eu sei que o que eu fiz foi horrível. Eu sei que eu arruinei a minha vida, mas não me diga no que eu deveria estar refletindo, porque eu já passei pelo cenário milhões de vezes. Eu sei exatamente qual o foi impacto das drogas na minha vida. Eu sei que nossa amizade nunca mais será a mesma, se é que ainda existe uma amizade. Não fale comigo como se eu fosse uma idiota retardada.
encarou sua melhor amiga.
- O que você fez foi estúpido.
- Em qual série você está? Na sexta?
- Com o é que é? - Ele perguntou, icrédulo, e deu uma risada bufada.
- Suas respostas são horríveis, você deveria treinar elas.
- Não tente transformar isso em uma coisa humorosa.
Ela chacoalhou a cabeça e olhou pelo refeitório. sabia que ele estava confuso. Ele não sabia como proceder com essa situação porque ele nunca falou sobre os problemas deles. Tudo que ele podia usar era raiva e ameaça.
- , o que tem de errado com você? Você esqueceu como falar comigo?
- Você esqueceu como NÃO fazer coisas estúpidas?
arqueou uma sobrancelha. Ele estava agindo estranho.
- Você está bem? – Ele olhou para longe dela e corou.
- Por que você não vai se divertir com seu namorado? – Ele sugeriu, bravo.
Ele estava agindo de forma infantil. Alguma coisa com ele não estava certa e sentia isso dentro dela. Ela o conhecia. Ela o conhecia muito bem e como ele estava agindo com ela agora fez ela se perguntar se alguma coisa estava errada.
- Tem alguma coisa errada? – Ela perguntou.
passou sua mão pelo cabelo e negou com a cabeça.
- Como é que você me pergunta isso? Você estava drogada...
- Tem alguma errada com você! Você não está falando coisa com coisa.
- Não. – Ele respondeu rapidamente.
- Por todo o tempo que nós nos conhecemos, você NUNCA responderia tão rápido. Agora eu sei que tem alguma coisa errada. Por favor, sinta-se livre para falar comigo.
- Nada está errado. – Ele respondeu.
Ela o encarou por um longo tempo, observando os olhos dele procurarem por algum refúgio naquele refeitório.
- Me diga. – Ela disse.
- Eu estou indo. – A voz dele era brusca e rápida. franziu a testa em confusão.
- Você está indo? - Ele assentiu - Eu não entendo. – Ela disse. suspirou. Isso seria difícil para falar para ela, mas explicar seria mais difícil ainda.
- Minha tia voltou da Irlanda porque ela acredita que Steve precisa de um adulto na casa. Uma pessoa autoritária. Ela acha que eu não sou responsável o suficiente. Enfim... ela está me tirando da casa. - o encarou em silêncio, então ele continuou. - Eu estou sabendo disso deve fazer um mês agora.
- Espera aí, você sabe disso já faz um mês e nunca me contou? – Ela perguntou.
- , como é que eu contaria para uma viciada em drogas que eu estou saindo da cidade? Você teria se importado?
Ela o olhava, mal acreditando.
- Bom... Agora eu me importo.
- E é por isso que eu estou te dizendo isso agora.
- Então, onde é que você vai morar?
Ele suspirou. Essa era a parte mais difícil.
- Minha tia já fez os arranjos para eu morar ir em uma casa pequena perto da faculdade, mas a problema é que é em Cambridge.
Os olhos de se encheram de lágrimas.
- C-Cambridge? – A voz dela se quebrou em choque. Ela estava perdendo seu melhor amigo... Fisicamente agora.
- Cara, é uma merda estar te falando isso. – Ele bufou.
- O , o e o já sabem? – Ela perguntou tristonha.
- Sim, eu contei para eles faz algumas semanas.
assentiu e se esforçou para segurar as lágrimas.
- Então, você simplesmente... Vai sair da cidade?
- Eu não tenho escolha.
- Quando você vai ir? – Ela perguntou.
- Amanhã à tarde.
A notícia a apunhalou. Desespero preencheu o coração dela. Ela nunca pensou, em um milhão de anos, que isso aconteceria.
- Ah, Deus... – Ela suspirou, não acreditando.
- Eu nunca mais vou voltar, .
tirou seus olhos do chão e encarou olhos dele. O coração dela parou. Nunca... essa era uma palavra que assustava os pensamentos dela.
- Nunca?
Uma lágrima correu do olho dela. Os olhos dele suavizaram-se quando viram a lágrima. Isso era, obviamente, doloroso para ela. Ele abaixou os olhos e pegou na mão dela. sentiu o calor da mão dele na dela.
- Sinto muito. – Ele disse em uma voz silenciosa.
Ela não podia acreditar que nunca mais veria seu melhor amigo.
- Eu gostaria de nunca ter te conhecido... – A voz dela era profunda e cheia de tristeza. Ele se arrepiou com as apalavras dela. - Porque aí isso nunca teria acontecido. – Ela terminou.
e entraram no refeitório. Eles não sabiam se estavam interrompendo alguma coisa. percebeu os dois ali e levantou a outra mão. Eles pararam no vão da porta e olhou de volta para a lágrima caída na bochecha de .
- Eu não estou bravo com você e eu não te odeio. Pelo menos saiba disso antes de eu ir embora. Eu nunca vou te perdoar pelo que você fez, mas o que não vai mudar é o fato de que eu te considero minha melhor amiga. Eu sempre vou te considerar minha melhor amiga, não importa o que aconteça. – A voz dele era suave e segura, e isso fez ela ficar melhor. – E eu não vou dizer tchau para você hoje, porque não teria lógica eu fazer isso, se nós vamos nos encontrar amanhã lá na antiga casa dos meus pais.
- É? E quem disse que eu vou? – Ela perguntou.
Ele franziu a testa.
- Eu estou te obrigando.
- Você não pode me obrigar a dizer tchau para você.
- , você vai... E se você não for, eu vou mandar o ir te buscar na sua casa para te trazer até a minha. – sorriu e lançou um olhar para .
- Você é um chato.
- Sim, e você nunca mais vai ver essa chato de novo, então diga tchau enquanto você pode. – Ele disse. Ela não sabia porque, mas ela estava sorrindo.
- Eu te odeio. – Ela comentou.
- Não, você me ama. – Ele sorriu. fingiu estar confusa.
- Como?
- A-M-A. Ama. – Ele respondeu e colocou o rosto perto do dela.
- Você é um bom soletrador.
- Não importa como eu soletro... A emoção é o que conta. – Ele respondeu.
- E não te amo.
- Você não ficaria chateada, a menos que você me amasse. - disse e suspirou em frustração.
- Que tipo de amor nós estamos falando aqui? – Ela perguntou. olhou para cima, entre pensamentos.
- Do tipo que faz você chorar toda a vez que você descobre que seu melhor amigo está indo embora para sempre.
- Então amor de amizade?
- Sim.
- Ah. - concordou e olhou para baixo. - Eu te amo, .
sorriu e a colocou em um abraço. Ela confortou sua cabeça no peito dele e suspirou confortavelmente.
- Vejo você amanhã? – Ele perguntou. Ela levantou a cabeça, para encará-lo.
- Se eu não me desmontar de tanto chorar no meio da rua, com certeza. – Ela respondeu. Ele deu uma risada bufada e sorriu.

Capítulo 16: It's easier to run.

acovardou-se, assim como , em frente a casa de . Os dois já tinham tocado a campainha e batido na porta, pelo menos, umas cinco vezes, mas sem resposta. não estava em nenhum lugar a vista, nem .
Finalmente, depois da sétima batida uma mulher branquela de olhos claros e baixinha abriu a porta com um péssimo olhar. Os garotos deram um pequeno passo para trás e ela os encarou.
- O que vocês querem? – Ela perguntou. a olhou com desdém.
- Nós viemos ver o , ele nos pediu para vir.
Essa deve ser a tia diabólica que ele falou. Ela estreitou os olhos atrás dos óculos que usava.
- Ele está ocupado.
- Mas ele ainda disse que, especificamente hoje, não estaria ocupado. – respondeu.
- Ele mentiu, agora saiam da minha porta. – Ela ordenou.
desceu as escadas correndo e parou na porta, ofegante. Sua tia encarou-o e cruzou os braços. Ele franziu a testa não acreditando no que tinha escutado lá de cima. e ficaram observando e a tia discutrem alguma coisa em irlandês, uma língua que eles nunca escutaram falar. Eles estavam surpresos em saber que ele falava fluentemente. A tia dele o olhou e respondeu alguma coisa na mesma língua. chacoalhou a cabeça de raiva. Ele a respondeu, dessa vez as palavras dele eram calmas, mas frustradas. Ela olhou para ele com aqueles olhos claros e grandes e voltou para dentro de casa. revirou os olhos e fechou a porta, enquanto arqueava uma sobrancelha.
- Eu não sabia que você falava irlandês.
- É, na verdade, minha primeira língua.
- Eu não sabia disso. - arregalou os olhos, surpreso.
- Bom, agora vocês sabem.
- O que você disse para ela? – perguntou.
- Ele disse para ela ir encher o saco de outra pessoa. – Steve disse enquanto subia os pequenos degraus da frente da casa.
Os olhos de suavizaram-se ao ver seu irmão voltando da escola.
- Bom, não exatamente nessas palavras. – o corrigiu.
Essa seria a última vez que ele veria seu irmão subir as escadas da frente em um longo tempo. Steve se apoiou na cerca e franziu as sobrancelhas. Um nó já tinha começado se formar na garganta dele.
- Vamos ver, onde está a minha linda dos olhos ? – perguntou. suspirou sem esperanças.
- Talvez ela não vá conseguir dizer tchau, . – Ele sugeriu.
Ele respirou fundo. Logo alguma coisa atraiu os olhos dele. Ele viu ela, atrás de , e seus olhos suavizaram-se em alívio. Lá estava subindo as escadas com calma e com a cabeça baixa.
- Aí ela esta. – Ele sorriu.
Ela virou os olhos.
- Qual é, , vamos acabar logo com isso. – Ela falou.
Ele concordou. - Então, quem quer ser primeiro?
- Merda, eu faço isso. – disse. suspirou e olhou para ele.
- Você vai começar a chorar, não vai?
abaixou os olhos.
- Não! - contemplou e abraçou-o e sorriu.
- Vai ficar tudo bem, , não chore. – Ele disse.
- DANNY! Eu não estou chorando. – disse chorando.
- Eu vou sentir saudades, cara. – falou.
- Eu também, cara. – saiu do abraço e limpou as lágrimas.
- Quem é o próximo? – As palavras eram dolorosas, até para ele. deu alguns passos e soltou um suspiro de tristeza.
- Você sabe, , quando a gente se conheceu na quarta série --
- Jesus, , não comece com isso. – Ele disse enquanto segurava as lágrimas. Ele sorriu um pouco.
- Quando eu te conheci na quarta série eu pensei que você fosse o cara mais quieto, e o mais loser que eu já tinha visto. Mas mesmo assim nada parecia te importunar, mesmo aqueles caras melequentos. Aí nós crescemos e você se tornou esse cara cheio de força de vontade, alguém que eu sempre podia pedir cola nas provas de inglês, alguém quem eu posso roubar dinheiro, alguém que eu posso bater no ombro sem levar uma porrada de volta. – Ele descrevia os passado dos dois.
sorriu um pouco e encarou o chão.
- E você vai ser sempre meu melhor amigo. – não conseguia evitar as lágrimas de se formarem em seus olhos. Ele colocou os braços em volta de e o abraçou.
- Eu vou sentir muitas saudades suas. – disse.
- Eu também. E se você precisar roubar R$ 120,00, eu sou o seu cara. Apenas me mande uma carta e o FedEx vai estar lá no dia seguinte. – disse entre lágrimas. deu uma risada.
- E você, hein, . - falou abraçando o amigo.
- Nem brinca com isso, . - Ele respondeu, abraçando de volta.
- Você sabe que você é o cara! - falou segurando o rosto do amigo e logo o abraçando de volta. - Cuide dela por mim. - sussurrou no ouvido do amigo, que assentiu.
Estava quebrando o coração dele ter que dar tchau para seus amigos. Seus olhos viraram-se e pararam em . Ela deu um passo para trás em direção a cerca e cruzou os braços.
- Família primeiro.
Ele sabia que ela não queria dizer tchau, especialmente agora, com todo mundo chorando. Ele concordou e virou-se para seu irmão. Ele abaixou a cabeça, triste.
- Antes que você diga qualquer coisa, eu quero tirar algumas coisas do meu peito. – Steve começou.
olhou para ele em silêncio enquanto Steve aproximava-se.
- Pela maior parte da minha vida eu te conheci como depressivo, bravo e uma pessoa agressiva. Você nunca me deu um tempo, você nunca me abraçou ou disse que me amava, NUNCA. Às vezes eu até me esquecia de que você era meu irmão, você me fez sentir isolado e sozinho.
abaixou os olhos. Ele estava absolutamente certo. Steve levantou a cabeça de para que seus olhos se encontrassem.
- Mas você sempre estava lá para mim quando eu precisava de proteção. Você sempre me defendeu e me mantia a salvo dos nossos pais. Você salvou minha vida muitas vezes. - Lágrimas sufocaram sua garganta, mas ele encontrou forçara para continuar. - Eu sou feliz por ter você como irmão.
percebeu lágrimas nos olhos do pequeno. Ele não queria perder seu único irmão, o único que praticamente levantava seu astral.
- Steve, eu nunca fui o melhor irmão, eu nem acho que fui um bom irmão.
olhou dentro dos olhos do irmão e lágrimas caíram dos seus olhos.
- Você sempre será meu irmão mais novo.
Lágrimas caíram dos olhos de Steve enquanto eles se olhavam dolorosamente. Eles passaram por tantas coisas juntos, por brigas, gritos e dores. não queria perder seu irmão.
- Você é a coisa mais preciosa na minha vida, mesmo que você seja um pequeno podre idiota.
Steve deu um sorriso e limpou as lágrimas. Eles se deram um abraço e a blusa de ficou molhada com as lágrimas de Steve. Partia o coração ver seu irmão mais novo chorar.
- Eu te amo tanto. – Steve disse em uma voz fraca.
- Eu também te amo.
e olharam para o chão, com as lágrimas deles encharcando seus rostos. Steve saiu do abraço e limpou as lágrimas suavemente.
- Eu vou ficar bem. – Steve disse entre um sorriso amarelo.
assentiu e respirou fundo. A próxima pessoa para quem ele teria que dar tchau já estava chorando e ele não saberia se conseguiria fazer aquilo sem chorar. Ele andou na direção de e ela levantou a cabeça para se encontrar com os olhos dele.
- Você me machucou. – Ele começou.
‘Deus, isso não.' – ela disse para se mesma. Esse tchau vai ser amargo, ela já estava sentindo aquilo.
- Você me machucou de um jeito que ninguém nunca me machucou.
A leve brisa despenteava o cabelo dela. mal podia acreditar, mas estava sendo mais difícil do que ele pensava em conter suas lágrimas.
- Mas só de saber que eu nunca mais vou te ver, ver teu sorriso, teus olhos, a tua pessoa, me faz machucar cada vez mais.
Os olhos de se encharcavam ao escutar dor na voz dele. Um nó cresceu na garganta dela. Toda aquela situação estava matando-a.
- Há alguns meses, nós concordamos em não nos ver por cinco dias, lembra disso? – Ele perguntou. (n/a: isso não foi escrito, como vocês podem perceber)
Ela concordou, sabendo onde ele queria chegar com aquilo, e temendo cada palavra.
- Quando isso aconteceu, eu comecei a perceber o quanto eu sentiria a sua falta se algum dia, de alguma maneira, nós fossemos forçados a nos separar. A saudade que eu senti de você durante aqueles cinco dias, é um milhão de vezes pior hoje, porque eu sei que dessa vez eu não vou poder te procurar e te achar pra falar como eu não consigo agüentar ficar longe de você. – Uma lágrima caiu na bochecha dele. - Nós sempre tivemos uma ligação muito forte um com o outro... - Ele parou quando mais algumas lágrimas caíram. - Merda, eu não consigo mais fazer isso. – Ele disse. limpou as lágrimas dele, enquanto as dela começavam a cair.
- Quando eu te conheci, eu pensei que você fosse um arrogante, egoísta e bastardo. – Ela falou e ele riu um pouco. - Mas como nós fomos passando mais tempo juntos, eu notei que você era realmente inteligente, um cara divertido com um doce sorriso e um bom coração. Você me protegeu e me defendeu quando eu mais precisava. Você era um amigo quando eu estava em pedaços.
Ela parou quando as lágrimas a consumiram. O rosto de ficou vermelho enquanto ela olhava baixo e chorava.
- Eu não consigo imaginar vivendo minha vida sem você. – Ela disse. Ele colocou os braços ao redor dela e deixou as lágrimas caírem livremente. Ela apertou a camiseta dele forte e continuou a chorar.
- Eu te amo, . – Ela chorou.
- Eu também te amo.
- Eu não quero te perder.
chorou mais forte e não se importou. Ele amava tanto ela.
- Isso machuca. – Ela disse.
- Eu sei. – Ele a abraçou mais forte, com vontade de nunca sair daquele abraço.
- Isso machuca muito. – Ela lastimou.
beijou sua testa e suspirou no meio das lágrimas.
- , eu te perdôo.
Ela mal podia acreditar nas palavras dele.
- O quê...? Você me perdoa?
- Eu te perdôo.
Ela nem se importou em perguntar outra coisa, só de saber que ela estava perdoada, ela já ficava em paz. colocou seu rosto no pescoço dele e deixou as lágrimas caírem, sentindo elas rolarem por suas bochechas. , e olhavam a dolorosa despedida deles e não podia evitar, mas chorar ainda mais. Ver chorar fazia eles chorarem mais. Steve sentou no banco e colocou um braço ao redor dele para tentar confortá-lo.
- , por favor, não vá. – pediu. O coração dele se quebrou.
- Eu não tenho escolha. – Ele respondeu, dor e sofrimento rasgando a garganta dele.
- Eu preciso de você. – Ela chorou. Lágrimas se formando nos olhos dele. Ele queria muito ficar.
- ... Não -- Não faça isso. – Ele pediu.
Ele a abraçou mais forte.
- Eu preciso de você, . – Ela sussurrou.
- Eu não posso ficar.
- Não me deixe... Não me deixe. – A voz partida dela ecoava no ouvido dele.
Estava ficando difícil de controlar a dor, para ambos. piscou entre lágrimas.
- Eu tenho que ir.
As lágrimas dela aumentaram.
- Eu não posso... Eu não posso deixar você ir.
Agora as lágrimas dele aumentaram também. Ele nunca chorou tanto em toda sua vida, mas essa dor estava matando ele mais do que qualquer outra coisa.
- , você tem que me deixar ir.
- Eu não posso.
Ele gentilmente levantou o rosto dela. Ela olhou as lágrimas caindo nas bochechas avermelhadas dele.
- Vai ficar tudo bem. – Ele suspirou suavemente e limpou as lágrimas enquanto ele abaixava os olhos. - Está bem?
- Aham... - Ela murmurou.
Ele beijou suavemente nos lábios e ela fechou os olhos. Seu coração chorava por ele, mas ela tinha que deixá-lo ir. saiu de vagar do beijo e do abraço, sentindo colocar um papel na mão dela, mas mesmo assim não falou nada. Ele olhou dela para o carro e do carro para ela. A hora tinha chego.
- Eu tenho que ir. – Ele disse.
Ela assentiu relutantemente e ele sorriu para ela, que se forçou a descer os degraus. Os outros quatro observaram ele entrando no carro e escutaram a porta fechar. O barulho da porta fechando vibrou pelas janelas. No segundo seguinte, abaixou a janela enquanto a música pulsava por seus ouvidos.
- Que merda, Steve, quantas vezes eu tenho que te dizer para abaixar o volume dessa -– deixa quieto, você nunca me escuta, mesmo. – Ele disse, sorrindo de leve, e revirou os olhos, deixando a música do jeito que estava.
- Tchau, . – Steve acenou.
Ele chacoalhou a cabeça e deu um sorriso.
- Bastardo.
e sorriram e, então, fechou a janela e deu partida no carro, que logo sumia pela rua.
- Eu tenho que dizer, eu nunca imaginei que eu estaria sorrindo no final disso. – Steve falou.
- É, ele estava, de alguma maneira, colocando humor na tristeza. – respondeu.
- Ele também tem um jeito de conseguir nos fazer chorar ao mesmo tempo. - Steve suspirou.
olhou para baixo, na rua. Ele tinha ido. A ligação entre eles estava quebrada.
- Bom, eu já chorei o suficiente por hoje... O que vocês acham de irmos ao cinema, nós cinco? – sugeriu enquanto levantava.
- Cinema de graça, eu estou lá! – Steve sorriu.
- Roubando os amigos do seu irmão, shame on you. – balançou a cabeça, em sinal de negação, mas ainda com um sorriso nos lábios.
- Ei, está no meu sangue! - Steve contemplou.
- , você vem? – perguntou.
Ela levantou os olhos da rua e piscou.
- Não, vocês podem ficar a vontade.
- Tem certeza?
- Sim, só preciso de um tempo sozinha agora.
- Tudo bem, mas se você quiser vir com a gente, é só ligar. - falou.
- Obrigada. - agradeceu e tomou seu rumo para qualquer lugar, enquanto os quatro ficavam observando ela sumir pela calçada.
- Shoot! – Steve berrou de repente.
- Merda. – reclamou com protesto, pelo susto que levou.
- Se acostume, ele é irmão do . – respondeu.

A praia estava amargamente fria aquela tarde. As frias águas batiam na areia umedecida. Uma suave brisa despenteava os cabelos de enquanto ela cruzava os braços para se aquecer. Ela sentou em uma grande rocha e colocou os joelhos perto de seu peito. A brisa esfriava a lágrima caída em sua bochecha.
Ela sentia falta dele, sentia uma falta terrível. Toda a situação fez com que ela se sentisse ruim do estômago. Ela olhou para o horizonte, que escurecia, as palavras de , escritas em um papel, ecoavam em sua cabeça. 'O amor não é alegre ou animado, mas triste e ofensor. A verdadeira realidade é que tal pessoa não pode achar o amor até ela encarar a dificuldade de perder alguém com quem ela se importe. Mas a verdadeira e humana forma de amor só pode ser descrita como amizade, uma ligação que não pode ser quebrada nem mesmo debaixo das mais difíceis circunstâncias.'
Ela limpou as lágrimas de seus olhos e suspirou profundamente. Talvez ele estivesse certo. Só porque tinha ido embora não significava que a ligação deles estivesse quebrada. Eles estavam separados, mas eles sempre seriam amigos. ‘Como eu posso ser amiga de uma pessoa que está a milhas de distância?’ - ela se perguntou. Ela sabia que estaria fazendo novas amizades e possivelmente até encontrando uma namorada. suspirou e colocou seus joelhos mais próximos ainda de seu peito. Ela nunca falou o quanto ele era importante para ela. A culpa e o arrependimento preencheram o coração dela. olhou para cima, nas estrelas, vendo a confusa desordem das pequenas luzes.
- Eu vou ficar bem. – Ela suspirou.


Fim



N/T:
que triste, acabou! :/

eu tava pesando aqui, não faz sentido eu fazer um comentário gigante agora, porque simplesmente acabou, entendem? eu não vou ter mais a felicidade de responder vocês na próxima atualização porque a fic acabou aqui e é isso. vai ter gente me provando que não chorou assim como vai ter gente dizendo que chorou cachoeiras, mas eu não tenho culpa. sério, eu nunca pensei que fosse me sentir tão bem com uma fic aqui no FFADD ;-; é tão legal abrir o haloscan e ver que tem comentários sobre a fic. eu me sinto feliz, sei lá... uma sensação boa me preenche *-* but now it's over! :/

leitoras de Unplayed Melodies: muito obrigada por tudo! sério, só tenho que agradecer a vocês, por estarem sempre comentando, dando a opinião sobre a fic, conversando comigo... i have no words.
so i think that's all, folks! :*

a propósito, eu to escrevendo uma fic, mas ela não tá no FFADD, se eu resolver postar ela aqui, eu tento avisar vocês de qualquer maneira.
e se vocês quiserem me adicionar no msn, orkut, mysapce: fiquem a vontade! see y'all around :D


outras fics (short fics): Sunset, Sunset II, Sunset III

xoxo Rafaela.

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