Finalizada em: 29/07/2023

Capítulo Único


We were good, we were gold…

— Não acredito que estamos mesmo aqui! disse em empolgação, olhando o cômodo que haviam acabado de adentrar e virou o corpo para observar o namorado.
Foi impossível não fazer uma careta quando Joshua não correspondeu à sua animação. Para ser sincera, achou que já havia se acostumado com o fato de que o rapaz era inteiramente envolvido com os negócios da empresa em que trabalhava e que, atenção para ela, era algo que não deveria contar muito nos últimos meses.
Claro que no início pensou que seria algo momentâneo. Que ele passaria somente algumas noites no escritório, que precisaria comparecer às reuniões no trabalho assiduamente e que também voltaria a viajar com frequência, como naquele momento. Ele havia sido convocado para uma convenção em Amalfi, a qual de acordo com suas palavras, não poderia se ausentar de jeito nenhum. De primeira, se animou, achando que seria convidada, mas quando captou nas entrelinhas que ele ao menos tinha intenção em chamá-la, murchou imediatamente.
Depois de muito conversarem e a garota quase prometer que não o atrapalharia, haviam chegado a um acordo mútuo. Joshua compareceria aos seus encontros da companhia e aproveitaria para conhecer a cidade que tanto havia sonhado um dia.
Ela não poderia estar mais feliz.
O amava imensamente e tentaria fazer daquela oportunidade a melhor para tentarem conciliar e reacender um pouco do amor que sentiam um pelo outro.
Observou o rapaz dos cabelos escuros deixar toda sua atenção focada no aparelho que segurava em mãos enquanto a camareira entrou no quarto com algumas bagagens, pedindo licença e se afastando logo em seguida.
Seu coração apertou.
Queria tanto que parte daquele foco fosse para ela…
— Sabe, Joshua, seria maravilhoso se pudéssemos ir à alguma galeria aqui na cidade. Você sabe, toda a arte me fascina. Podíamos tirar algumas fotos e almoçar no—
— Certo, mas conversamos que eu não teria tempo para essas coisas. — a cortou, dizendo breve. engoliu em seco.
Se sentiu surpresa, mesmo sabendo que no fundo de seu coração, esperava por uma resposta daquela.
Não poderia esperar por outra atitude, afinal.
— Eu sei, é só que… — respirou fundo, sentando brevemente na beirada da cama. — Achei que poderíamos passar um tempo juntos, mesmo se fosse só por alguns instantes.

Joshua iniciou, provavelmente vasculhando por qualquer outra desculpa em sua mente ao ouvir a voz amargurada da namorada.
— Não, tudo bem. Disse que não te atrapalharia.
— Você disse, não é? — reafirmou. engoliu em seco. Observou o namorado ajustar o blazer que trajava e a olhou de relance. — Preciso ir agora. Tenho um almoço com alguns supervisores. Aproveite a cidade enquanto isso.
Claro, sem você… A mulher quis responder, mas se conteve em dar um meio sorriso, tentando transparecer a todo custo que aquilo não a incomodava, mesmo dilacerando seu coração.
Quando viu Joshua sair pela porta, a batendo levemente, a mulher deixou o corpo desabar na cama enorme e macia do hotel em que haviam se hospedado. Deixou os dedos acariciarem o tecido fresco e suave, a fazendo suspirar.
Tudo o que mais queria, era poder aproveitar o tempo que tinham ali para tentar reacender o amor que, no início, sentiam um pelo outro. Não queria admitir que, naquele relacionamento, quem mais se doava era ela e que talvez, bem talvez, Joshua já não tinha mais o mesmo interesse em manter o namoro como ela se esforçava para tal.
Seu coração palpitava.
Por que se sentia tão tola daquele jeito? Não conseguia entender o motivo de ainda se submeter àquilo.
mordiscou os lábios e balançou a cabeça.
Não seria de todo ruim aproveitar a cidade, como Joshua havia lhe dito.
E não deixaria passar a oportunidade de estar na Itália e se deixar levar por sentimentos tão tristonhos como aquele.

I didn't wanna leave you,
I didn't wanna lie…

Quando se deu conta, sentiu o vento ameno do lugar balançar seu vestido de forma ligeira, seguido da maresia do mar próximo de onde ela estava.
E aquilo a fez sorrir genuinamente.
Seus olhos bateram na arquitetura que Amalfi continha e não pode definir o sentimento que sentia a não ser por ser arrebatador; insano, surreal.
O dia estava ensolarado e a multidão que lhe cercava era algo que não esperava. Não naquela intensidade.
Deixou o olhar cair sobre as lojas ao seu redor, as mesinhas dos restaurantes espalhadas ao lado de fora junto de um guarda-sol grande, os nativos do lugar passeando ao seu lado falando coisas que conseguia entender aos poucos, e aquilo só deixava a mulher ainda mais extasiada com a beleza única que a cidade tinha.
Passeou sem muita pressa por ali, apenas admirando tudo o que podia para que ficasse guardado em sua mente. Notou as flores e plantas espalhadas pelas paredes também e com isso, suspirou, quase sentindo o clima inteiramente romântico que o lugar também lhe trazia.
Se não fosse por sua atual situação com Joshua, poderia dizer que estava vivendo quase em um sonho.
No lugar que sempre sonhou e com a pessoa que mais amava.
Balançou a cabeça de leve, fazendo o possível para não trazer os pensamentos anteriores à tona outra vez e continuou andando, depois de pedir um suco bem gelado para lhe acompanhar.
achava graça das pequenas coisas por ali. Como a banquinha de souvenir, onde um senhor oferecia suas especiarias, uma sorveteria em que algumas crianças gargalhavam junto de suas famílias e um pequeno grupo mais à frente, seguindo assiduamente alguém que falava com gosto sobre o lugar.
Com sua curiosidade, resolveu se aproximar aos poucos e, em meio a conversas e entusiasmos, conseguiu desvendar o que acontecia ali.
Havia um guia turístico sorridente e simpático mostrando cada minucioso detalhe de Amalfi para os demais que o seguiam. Apontou para a escadaria acima e olhou para o local, abrindo a boca em surpresa.
Não tinha como ser mais lindo.
Era a catedral de Amalfi.
Uau…
soltou sem ao menos se dar conta, de tão impressionada que estava.
— Vocês já devem ter ouvido falar da nossa famosa Duomo di Amalfi*. Ou, Catedral de Santo Andrea. Um dos pontos turísticos mais famosos, construída no início do século XI, da nossa città* encantadora devido ao ponto de vista histórico e religioso por abrigar várias relíquias especiais para a fé católica, entre elas, a cripta com a cabeça e os ossos do Apóstolo em si…
Ela prestava toda sua atenção atentamente ao que o rapaz um pouco mais à frente falava e, mesmo não o vendo com nitidez, sua voz aveludada e calma havia captado toda a concentração de .
Continuou o ouvindo falar, sem pressa para qualquer outra coisa e com a câmera do celular, ia captando as imagens mais interessantes do lugar. Queria deixar gravado cada local que achou agradável na viagem e mal se deu conta que o namorado não havia lhe vindo à mente desde que havia chegado ali.
Grazi, pessoal! Vamos fazer uma pausa para o almoço e nos encontramos mais tarde, ao entardecer, no porto para irmos à Villa Rufolo* em Ravello*.
O rapaz bateu as mãos, sendo agradecido pelas pessoas que provavelmente haviam adquirido seu serviço e os cumprimentou, até que o lugar começasse a ficar mais vazio e sobrasse, literalmente, e o rapaz.
sentiu o corpo estremecer brevemente e, antes que pudesse dar as costas, não querendo ser pega por ser uma penetra naquela pequena excursão, notou o rapaz caminhar levemente em sua direção.
E sorriu assim que estava perto o suficiente.
— Espero que tenha gostado da história da catedral, signorina bella*.
sentiu as bochechas corarem e desviou o olhar, envergonhada.
— Desculpe. Não quis parecer invasiva, mas você explicou de forma tão cativante. Foi impossível não prestar atenção. — soltou, sem pensar muito.
Ele continuava a observando.
aproveitou o pequeno instante para olhar sua beleza e quase sentiu o coração descompassar ao notar os olhos castanhos esverdeados seguidos dos cabelos loiros medianos.
O rapaz parecia um deus de Amalfi.
— Fico grato com suas palavras. O que tem achado da cidade? Amalfi tem seus encantos, sendo bem sincero.
— É de tirar o fôlego. Resolvi aproveitar os dias que tenho aqui para explorar cada canto desse lugar. — sorriu, remexendo o canudo no copo que ainda segurava. Achou engraçada sua própria reação. Sentia o coração tamborilar no peito por uma conversa tão recente.
— E tem se surpreendido?
— Bom, comecei a andar por aí há pouco tempo… Mas, sim. Bastante.
trocou um olhar significativo com o rapaz, que parecia não cansar de manter seus olhos nos dela e aquilo só fez com que a mulher se sentisse como uma adolescente, depois de tanto tempo.
Não lembrou de Joshua, nem mesmo da forma que ele o tratava. Só conseguiu focar na sensação de liberdade junto da maresia acariciando seu corpo levemente.
Inexplicável.
Naqueles breves segundos, uma faísca inegável de atração acendeu dentro do peito da mulher. O momento durou pouco, mas foi impossível não se pegar pensando em como aquilo não acontecia quando olhava para o namorado com as últimas vezes.
Em como parecia novo, chamativo e tentador.
— Como se chama? O mais importante não dissemos. — o rapaz riu fraco, captando ainda mais a atenção da mulher. — , piacere*.
, il piacere è tutto mio*.
Deixou uma risadinha fraca escapar, empolgada.
Não conseguiu segurar o sorriso ao ver lhe olhando de forma encantada. O que se passava em sua mente era que fazia tempos que não encontrava alguém com uma personalidade cativante como a da mulher à sua frente, ainda mais ao notar os cabelos castanhos esvoaçantes deixando evidente que aquela seria uma paisagem e tanto a ser memorizada. Os olhos escuros, brilhantes e curiosos em sua direção o fazia querer descobrir de onde ela havia surgido.
— Certo, , você tem algum compromisso agora? Posso te mostrar um pouco mais de Amalfi até a parte da tarde, se quiser.
Ao ouvir seu convite, a mulher o olhou mais uma vez, pensando.
Foi quase instantâneo não lembrar de Joshua com aquela proposta. A constante ausência do rapaz e sua falta de atenção era uma das coisas que mais magoava , com frequência. Ela o amava, não podia negar o fato, mas ficar na maioria das vezes em segundo plano só conseguia lhe deixar ainda mais decepcionada com a relação que os dois estavam tendo.
Será que ele ainda a amava? Será que valeria a pena insistir um pouco mais no futuro dos dois juntos?
Sua mente parecia um turbilhão naquele instante.
No entanto, a curiosidade e a atração pelo novo lhe despertou interesse. Não só por estar com alguém diferente, em um lugar desconhecido, mas que pela primeira vez, depois de tanto tempo, iria fazer algo por ela.
E não por Joshua.
Mordiscou os lábios. Não seria de todo ruim conhecer a cidade com um guia turístico ao seu lado, certo?
— Vai ser um prazer, .
🇮🇹

Quando a mulher colocou os pés nas pedras rochosas da Torre Dello Ziro*, sentiu parte do seu fôlego escapar com tamanha vista que o lugar conseguia proporcionar. E ao alcançar o alto, seus olhos se arregalaram diante do espetáculo que tinha bem diante de si.
O vento soprava suave, trazendo a mistura do sal do mar e o aroma adocicado das flores em meio à plantação que o lugar também continha. O panorama era sensacional, incluindo as águas cintilantes do Mar Tirreno* que se estendiam até o horizonte, enquanto os penhascos enormes e cobertos de vegetação pareciam abraçar aquela cidade.
O mar parecia ter sido desenhado e pintado a dedo. Seus tons variados de azul e verde se fundiam harmoniosamente enquanto o reflexo do sol sobre a água criava um brilho deslumbrante; admirável.
Parecia um outro mundo.
não conseguia parar de percorrer os olhos por toda a extensão da cidade, observando cada minucioso detalhe. Amalfi revela-se aos seus pés, com suas ruas estreitas, casas coloridas e igrejas históricas que se destacavam por ali.
E o que mais lhe chamava a atenção eram os terraços exuberantes que se estendiam ao longo da costa, onde havia pomares e jardins que deixavam o lugar ainda mais bonito. Não se deu conta que, ainda admirando todo o horizonte, um sorriso genuíno iluminava seu rosto e quase achou graça no fato de estar ali sem Joshua, já que havia planejado toda a viagem com ele.
No alto daquela torre, se sentiu leve, livre e em perfeita sintonia com o mundo.
E quase não percebeu que, minimamente, o até então namorado, não a incomodava e nem estava em seus pensamentos.
A risada baixa, mas ainda audível de , a fez despertar.
Ele achava graça da reação da mulher. Era graciosa e algo em sua reação o fez ficar curioso em saber o que se passava em sua mente.
Pareciam ser muitas coisas.
olhou em direção ao rapaz e sentiu as bochechas queimarem.
— Desculpa, eu… Na verdade, não tenho nem o que falar. — sorriu, sem graça. — É muito mais bonito do que imaginei. Obrigada por me trazer aqui, .
Ele se aproximou, devagar.
— Não precisa me agradecer. Amalfi tem muitos segredos guardados e essa vista é um deles. A cidade costuma causar esse efeito nas pessoas e é incrível de ver. — comentou, tirando os olhos da paisagem para que ainda observava o oceano.
Poucos segundos se passaram até que um suspiro longo fosse escutado pelo rapaz. conseguia notar que muitos pensamentos pareciam tomar conta da mente da mulher e não pareciam ser coisas pequenas. Observava que, mesmo com um sorriso resplandescente nos lábios, ela tinha o olhar pesado. Longe e melancólico.
Por mais que não soubesse seu motivo, pensou que talvez não fosse tão ruim tentar ajudá-la de alguma forma.
— Você parece incrivelmente encantada, mas também é perceptível que alguma coisa te incomoda. Sei que acabamos de nos conhecer, mas… Está tudo bem? — perguntou, atraindo o olhar de para si. A mulher quase se perdeu nos olhos castanhos esverdeados, que naquele momento estavam mais verdes do que antes e mordiscou os lábios. — Só se quiser falar sobre, claro. Caso contrário, posso disfarçar e te contar a história do nosso porto, Marina Coppola*, logo ali.
Apontou, ouvindo a risada fraca de .
Ele sorriu.
— São coisas banais e, não acho que seja uma história que valha a pena ouvir. — mencionou, desviando o olhar.
ainda mantinha seu olhar na mulher.
Ele tinha aquela aura bem perceptível. E seu olhar cativava qualquer que fosse a pessoa.
— Não diga isso, você pode tentar ver de outra perspectiva. Quer tentar?
hesitou por um momento, pensando se deveria desabar o motivo de que tanto lhe tirava a paz nos últimos meses.
Não era algo que gostava de comentar, ao menos costumava se lamentar com pessoas conhecidas sobre seus problemas, mas parando para pensar, estava em outro país, em um lugar completamente diferente e com pessoas que muito provavelmente não iria ver mais.
Que mal teria?
— Bom, estou passando por alguns momentos complicados na minha vida pessoal. Namoro um rapaz e, às vezes, me sinto presa e em segundo plano. O intuito da viagem foi ter alguma oportunidade para passar mais algum tempo com ele e, quem sabe, fazer ele me ver de verdade. — suspirou, balançando o corpo levemente. conseguia notar a mágoa estampada nos olhos escuros da mulher. Se sentiu mal por sua situação. Ninguém merecia passar por aquilo. — Mas acho que não deu muito certo.
Deixou uma risadinha sem graça escapar.
continuava a observar.
— Imagino que esteja sendo complicado. Relacionamentos exigem dedicação e comunicação constante de ambas partes para dar certo e, muitas vezes quando estamos em situações como essa, é importante refletir sobre o que realmente nos faz felizes. Você tem sido feliz, ?
A mulher o olhou, pensando em suas palavras.
Ela estava sendo feliz?
Seu peito começava a doer minimamente e mesmo querendo ignorar o fato de que aquilo era verdade e que, se fosse parar para pensar que Joshua não merecia mesmo ela, lhe dava vontade de chorar.
Como podia continuar aguentando aquilo?
— A felicidade é um direito seu, não acha? — indagou, começando a caminhar ao lado da mulher. Ela continuava apenas o ouvindo. — Por que continuar presa a alguém que não quer estar a seu lado?
— Uau, . Parece que além de guia, você também é um ótimo conselheiro. — brincou. Olhou para o lado, mirando o perfil do rapaz que sorriu com seu comentário. — Obrigada por suas palavras. Pode ter certeza que vou pensar bastante sobre o que falou. Acho que… Acho que precisava ouvir isso, de alguma forma.
— Viu só? Nosso passeio tem sido bem interessante.
— Pode ter certeza que sim. — afirmou, sentindo o vento um pouco mais forte pela altura que estavam. Naquele momento, e o rapaz haviam dado a volta em parte da torre e agora conseguiam ver uma parte mais esverdeada onde haviam árvores de vários tipos espalhadas.
Sensacional.
— Me conta um pouco sobre você. Como se tornou um guia turístico em Amalfi? — pediu, calma. a olhou brevemente e encostou o corpo nas pedras.
Se tivesse coragem para dizer em voz alta, a vista do rapaz escorado ali, tão natural e espontâneo, quase a fez arfar pela beleza.
— Ah, não é uma história tão interessante. Nasci e cresci aqui, e desde pequeno, sempre fui muito curioso e fascinado em descobrir coisas novas. Me formei em História da Arte e resolvi juntar o útil ao agradável, além de compartilhar minha paixão com as pessoas que visitam a cidade. — disse, sorrindo de canto. — Ser guia turístico me permite combinar minha paixão pela história e pela arte com a oportunidade de conhecer pessoas incríveis de todo o mundo. Como você.
quase engasgou ao ouvir o rapaz dizer, tão simples e delicado.
Para ele, aquilo não parecia ser nada demais. Apenas um elogio.
Mas um elogio que havia feito o coração da mulher chacoalhar dentro do peito.
Ela desviou o olhar brevemente e voltou a olhá-lo.
ainda tinha aquele sorriso, mas parecia curioso.
Interessado.
— Claro que é uma história interessante! Deve ser incrível poder dividir sua paixão com os outros e mostrar a eles os segredos e encantos de Amalfi. — deu uma risadinha, andando até ele e apoiando o corpo ao lado do rapaz. — Você tem alguma história engraçada com turistas?
O guia gargalhou, balançando a cabeça em afirmação.
logo se empolgou curiosa em ouvir.
— Fico feliz que você tenha um tempo aqui pela cidade ainda, porque isso signorina*, é o que mais tenho para contar.
Com uma piscadela, o rapaz se pôs de pé, começando a caminhar ao lado de , entusiasmado como ela já havia percebido e dessa vez, os dois retornavam para cidade, preparados e ansiosos para compartilharem um pouco mais sobre o outro.

🇮🇹

Started to cry, but then remembered I…

quase não conseguia enxergar mais os raios de sol que há momentos atrás irradiavam parte do céu. Agora, no lugar dele, o escuro celeste começava a se mostrar tão belo como costumava ser e, na medida em que se aproximava do Hotel Floridiana*, começava a sentir seu coração palpitar veemente por se lembrar que provavelmente encontraria Joshua no apartamento em que estavam compartilhando.
Não queria focar seus pensamentos nas palavras que haviam trocado antes da mulher sair para descobrir a cidade, nem mesmo queria se lembrar de tudo o que havia conversado com sobre sua felicidade.
Não queria porque, mediante aquilo, sabia qual atitude deveria tomar, mesmo amando muito seu namorado.
Observou a fachada da hospedagem e respirou fundo antes de adentrar a recepção e seguir em direção ao quarto. Quando abriu a porta, não se surpreendeu ao ver Joshua jogado ao sofá, sem as roupas sociais e com o celular nas mãos, sua feição despreocupada. Como se nada tivesse acontecido.
sentiu a garganta fechar.
Deixou a bolsa pequena apoiada em uma cadeira próxima e parou encostada ao batente da porta que dava vão para a sala em que ele estava.
Demorou um pouco até que tomasse coragem para iniciar.
O rapaz sequer havia percebido a presença dela ali.
— Precisamos conversar. — disse, um tanto baixo.
Joshua ergueu o olhar do aparelho e arqueou uma das sobrancelhas.
— Se for sobre fazermos algo pela cidade, já sabe minha resposta. Achei que já tínhamos conversado sobre isso.
A resposta do homem a fez sentir o coração apertar. Como ele conseguia ser tão imparcial e injusto daquele jeito? Como podia tratá-la daquela forma? era sua namorada, afinal, e não um colega de trabalho qualquer.
Notando o silêncio da mulher, Joshua respirou fundo e se sentou de uma vez.
— O que foi agora, ?
— Acho que não podemos continuar mais com isso. Não consigo continuar assim. Nós estamos nos afastando cada vez mais e não é como você se importasse com isso. — apontou de si para ele, enquanto o rapaz ainda continuava a olhando.
Joshua cruzou os braços.
— O que quer dizer? Estamos no meio de uma viagem e você quer discutir nosso relacionamento agora?
Ela sorriu, sem qualquer emoção. Como ele não conseguia perceber?
— Não é só agora. Essa falta de atenção, a priorização constante de tudo em sua vida, menos de mim, tem sido um padrão há muito tempo. — suspirou. Mordiscou os lábios e voltou a olhá-lo. — Estar com você é como estar sozinha.
Suas últimas palavras pareceram ter acordado o rapaz, que arqueou as duas sobrancelhas como se não tivesse acreditando que ela havia falado aquilo.
Ela notou que ele quase rolou os olhos. Aquilo a chateou ainda mais.
Observou o rapaz se levantar, quase começando a se irritar.
— Isso é sério? Você sempre dramatiza tudo, . Estou ocupado, sim, mas isso não significa que não me importo com você ou com nós dois. Só tenho responsabilidades que preciso cumprir.
— Responsabilidades que sempre vêm antes de mim, antes do nosso relacionamento! — ela tentava manter a calma, apesar de sua voz e olhos já estarem embargados. — Não posso mais ser tratada como uma opção, Joshua. Mereço alguém que me valorize, que me inclua em sua vida e não é algo que você faz.
Ele virou o corpo para encará-la, como se tudo o que estivesse dizendo não fosse nada demais.
— Não acha que está sendo um pouco injusta com tudo isso? Preciso me dedicar ao trabalho, estamos em um momento importante na empresa e não posso me distrair com isso agora. — passou as mãos pelos cabelos lisos e antes arrumados. acharia lindo em qualquer outro momento, mas naquele ela ao menos percebeu.
— Você está sempre ocupado demais para se importar. Não temos mais momentos juntos, não conversamos, não fazemos nada como um casal. Não vejo motivos para continuarmos juntos, então.
— Não exagere. As coisas vão se acertar quando essa fase de trabalho intenso passar. — balançou a cabeça. — É só questão de tempo.
— Não, Joshua. Não é questão de tempo! — começava a se exaltar, brevemente. Pôde notar o até então namorado franzir o cenho com sua atitude. — Eu cansei de tudo isso. Cansei de verdade. Acho que podemos acabar por aqui.
Joshua manteve seu olhar sobre ela por alguns segundos significativos. Não era como se qualquer reação brilhasse em seus olhos. A verdade era que, assim como , ele também estava cansado de ser tão cobrado por algo que sabia que não conseguiria suprir.
— Se você quer terminar, então termine. Não posso ficar perdendo meu tempo com discussões sem sentido.
Ao ouvir suas palavras, se permitiu deixar que as lágrimas que segurava desde o começo da conversa começassem a cair. Por mais que Joshua estivesse sendo tão insensível, não imaginava que ele seria ainda mais cruel em ao menos se importar em tentar consertar o relacionamento.
— É isso então.
— Tanto faz. — murmurou. O rapaz deu as costas para ela e se jogou de volta no sofá de corino.
— Tanto faz? É só isso que você tem a dizer?
— Não tenho tempo para discussões sem sentido, . Você vai ficar ou vai embora?
Sem tom de voz deixava claro em como a mulher não tinha a menor importância para ele. E se sentia ainda mais estúpida por só perceber aquilo naquele momento.
Pressionou os lábios, limpando o rosto com rapidez e não se importou em responder o rapaz de tão decepcionada e magoada que se encontrava. se encontrava em um misto de sentimentos que pareciam estar sufocando seu coração. Por um lado, sentia uma tristeza imensa por ter tomado a decisão que tomou, afinal, ainda havia amor por Joshua dentro dela, mesmo que ele não parecesse retribuir da mesma forma.
Conseguia se lembrar dos momentos felizes, mesmo que poucos, que compartilharam, dos planos que fizeram juntos e das promessas que um dia foram feitas. Mas, ao mesmo tempo, a dor da negligência, do descaso e da falta de atenção que vinha carregando ao longo do relacionamento pesava como uma âncora dentro de si.
Não tinha como ela continuar permanecendo naquela situação, mesmo sendo difícil encarar a realidade de que o homem com quem ela um dia sonhou em construir uma vida estava agora tão distante emocionalmente. Sem ao menos se esforçar para compreender toda a situação e tentar melhorar de alguma forma.
Mesmo o amando tanto, sabia que aquela decisão uma hora chegaria.
Só não imaginava que em outro país, agora, se encontrando sozinha.

🇮🇹

Ela sentia uma brisa leve acariciar seu corpo e braços desnudos pelo vestido longo de alça que vestia.
Enquanto caminhava puxando sua mala de rodinha e sua bolsa no ombro, deixou os olhos admirarem o céu mais uma vez, de uma forma diferente que a anterior. O azulado escuro o pintava, junto das demais estrelas cintilantes e mesclava com a beleza das ruas movimentadas pela vida noturna e suas luzes amareladas criando um ambiente único do qual ela sabia que não esqueceria.
Não esqueceria mesmo.
Seu coração chacoalhava, ainda dolorido, pelo momento que havia tido com Joshua e em como ele não havia demonstrado o menor remorso em querer continuar com ela.
Como se sentia tola…
Seus passos pareciam estar hesitantes, como se cada movimento fosse uma luta interna entre a tristeza e a necessidade de seguir em frente, e aquilo só deixava ainda mais evidente em como seu coração estava partido.
No entanto, havia aquela sensação de alívio bem no fundo de seu peito. O sentimento de que havia feito o certo e que havia feito algo por ela, depois de tanto tempo se dedicando tanto à ele.
sentia seus olhos marejarem um pouco mais na medida que caminhava em meio à noite, sozinha. Não sabia descrever se parte daquilo era mesmo pela tristeza ou por notar que aquele seria o começo de sua libertação.
Por que havia demorado tanto para tomar uma atitude como aquela?
Respirou fundo, resolvendo pelo menos por um momento esquecer o que havia acontecido. Ela estava em Amalfi, afinal!
Sua determinação seria a de conhecer todos os cantos da cidade que pudesse até que fosse a hora de se despedir.
Continuou caminhando por ali até que chegasse próximo à costa, o que a deixou de queixo caído quando observou a paisagem iluminada pelas luzes da cidade.
Em um calçadão extenso, onde havia tendas brancas e mesinhas espalhadas por todo ele, sentiu seu coração aquecer.
Não havia conhecido um lugar tão lindo desde então.
Haviam muitas pessoas ali, algumas se deliciavam com os pratos pedidos e outras passeavam em suas companhias, aproveitando para fotografar tudo o que pudessem.
Ajeitou a bolsa mais uma vez em seu ombros e continuou puxando sua mala, sem se importar de que estaria caminhando por ali cheia de coisas enquanto algumas pessoas a olhavam.
Contudo, algo mais à frente lhe chamou atenção.
A visão de caminhando despreocupado fez seu coração aquecer trazendo uma sensação inesperada de familiaridade e conforto. Não imaginava encontrá-lo logo ali, sem ser a trabalho.
O que ela só notou pouco tempo depois. trajava uma blusa branca social de manga curta, com os primeiros botões abertos, uma bermuda de sarja escura e tênis nos pés.
Atraente demais. Charmoso demais. Tudo demais a ponto de fazer o coração da garota quase esquecer de que havia existido um Joshua em sua vida.
Por um breve momento, seus olhos se encontraram. E o sorriso que surgiu nos lábios do rapaz foi o suficiente para que ela se aproximasse com rapidez, mesmo que puxando sua mala um tanto desajeitada.
Ao chegar à sua frente, ouviu a risada leve do rapaz e seu coração tamborilou mais uma vez.
— Ei, !
— Oi! — disse, se deixando rir junto dele. — Que coincidência te encontrar aqui.
— Um acaso e tanto, não acha? — deu uma piscadela. sentiu suas bochechas enrubescerem. — O que você está fazendo por aqui? E… Com malas?
— Acho que precisava respirar um pouco. Depois de tudo, você sabe. E as malas? Bom, acho que fazem parte da minha vontade de espairecer também.
Deixou uma risadinha fraca escapar e os olhos do rapaz pousaram nela por alguns segundos graciosos. notou como ela parecia ainda mais bonita sob a luz das estrelas e como ela parecia fazer parte da paisagem de Amalfi de tão exuberante que estava, mesmo simples.
— Entendo. Às vezes, um passeio noturno é uma ótima maneira de clarear a mente. — balançou a cabeça. Se colocou ao lado da mulher e se dispôs a ajudar. — Deixa que eu te ajudo com isso.
Antes que pudesse contestar, levantou um pouco mais o puxador da mala e começou a carregar para ela.
não soube o que dizer.
Os dois começaram a caminhar lado a lado, conversando sobre assuntos casuais enquanto admiravam ao redor, sendo preenchidos pela música leve que ressoava dos locais próximos.
— Não sabia que Amalfi costumava ser ainda mais bonita de noite.
— O luar realça a beleza da cidade. Você não faz ideia… — mencionou, com os olhos sobre a mulher. nem imaginava que ele estava falando exatamente sobre ela.
— Às vezes, essa beleza toda parece fazer com que tudo pareça tão insignificante. Os problemas são tão mínimos e banais. — suspirou, mordiscando os lábios. — Como se fôssemos bobos demais para nos preocuparmos com coisas tão usuais.
assentiu.
— Entendo o que quer dizer. Muitas vezes precisamos de um momento como esse para colocar as coisas em perspectiva.
Os dois tinham o olhar sobre as casas iluminadas no alto da costa amalfitana. Parecia até uma pintura de tão surreal e bonito que era.
sentia uma sensação de alívio que há muito tempo não experimentava.
A brisa do mar acariciava seu rosto, trazendo um frescor que parecia purificar sua alma quase inteiramente. Cada passo ao lado de a aproximava da serenidade que tanto ansiava.
A paisagem ao redor ganhava um novo significado à medida que caminhavam juntos, ainda conversando. O mar, com suas ondas suaves quebrando de noite e o horizonte distante, representava tamanha vastidão e a infinitude das possibilidades que se abriam diante de .
Notou que a presença do rapaz ao seu lado trazia uma sensação de acolhimento que era como um bálsamo para seu coração ferido. Ele estava ali, genuinamente interessado em ouvir o que ela tinha a dizer, suas preocupações, seus medos e seus sonhos. Sentir-se verdadeiramente ouvida era uma experiência poderosa para , pois, durante muito tempo, ela havia se sentido em segundo plano, como se suas palavras não importassem.
A voz de era suave e reconfortante, transmitindo uma sensação de confiança e segurança. se permitia abrir seu coração, compartilhando suas emoções e pensamentos sem reservas. Apesar de não querer admitir tal coisa, até porque havia literalmente acabado de terminar seu relacionamento, algo em relação à lhe atraía como um ímã.
Talvez fosse a conexão desde a primeira vez que se encontraram. Talvez…
, queria te agradecer por estar fazendo isso. Sei que mal nos conhecemos, mas você tem ajudado bastante. Mesmo fora do seu trabalho como guia. — brincou.
Ele sorriu, balançando a cabeça.
— Não precisa agradecer. Fico feliz em ajudar. Além disso, foi um prazer passar o dia com você. — piscou.
encolheu os ombros brevemente, sentindo o famoso frio na boca do estômago.
— Também foi um prazer para mim. Sua companhia fez o dia um pouco mais leve.
Ele deixou os olhos caírem sobre ela, assim como também o fez. Aquele misto de sentimentos novos e arriscados demais, a sensação de estar vivendo algo nunca vivido antes.
Seu coração parecia querer sair do peito.
— Você é uma mulher incrível. Não deixe que esse momento difícil a faça esquecer disso, ok?
Ela sorriu genuinamente.
— Obrigada, .
Os olhos claros do rapaz observavam admirados os detalhes do rosto da mulher à sua frente, centímetros mais baixa. Já havia conhecido muitas pessoas em suas aventuras como guia turístico, incluindo várias mulheres interessantes, mas algo na presença de era diferente do que ele estava acostumado a encontrar.
Era como se a mulher carregasse consigo uma resiliência que a tornava ainda mais fascinante. admirava sua coragem em enfrentar a dor de frente, buscando se redescobrir e seguir adiante depois de tudo.
Só então, depois de caminharem um pouco mais, o rapaz se deu conta de que provavelmente não teria um lugar para ficar.
— E onde você vai passar a noite? Já conseguiu um novo hotel? — perguntou, suave. o olhou.
— Para ser sincera, não. Saí tão apressada que nem me dei conta de procurar um.
Ele riu fraco, assentindo.
— Posso te ajudar mais uma vez? Tenho alguns conhecidos proprietários de hotéis pela cidade. — mencionou, já pegando seu celular. — Você não vai se arrepender. Posso te levar até lá, também.
Ela sabia que não. Sabia que, independente de qual fosse a decisão tomada, não se arrependeria mesmo.
— Isso seria ótimo. Agradeço muito!
se sentiu ainda mais do que lisonjeado por estar ajudando tanto . Conhecia a cidade na palma de sua mão, então não havia sido tão complicado conseguir um hotel bom para que ela pudesse ficar.
O caminho até o lugar foi repleto de conversas animadas e risadas cúmplices. O rapaz havia feito questão de conseguir uma scooter para que fossem confortável até o hotel Villa Alba d'Oro*. achou aquilo mágico e adorável. Nunca imaginaria que, em uma viagem como aquela, estaria aproveitando tanto com alguém que mal havia conhecido. Se sentia grata por ter ao seu lado naquele momento, como um guia não apenas pelas ruas de Amalfi, mas também por sua jornada emocional. Ela apreciava sua companhia genuína e o modo como ele a escutava atentamente, sem julgamentos. Parecia que ele entendia seus sentimentos e anseios de uma forma que poucas pessoas conseguiam.
Sentia o vento de encontro a sua pele, acariciando seu rosto e deixando seus cabelos esvoaçantes apesar do capacete enquanto seguiam pela costa amalfitana.
Era uma sensação de outro mundo.
Quando fizeram a última curva da estrada e já conseguia avistar parte do hotel iluminada, tendo vista para o mar, comentou sobre a história e a beleza do lugar, enfatizando que seria uma excelente escolha para ela.
— Esse é o Villa Alba d'Oro. É um hotel charmoso, com uma vista espetacular para o mar. Tenho certeza de que você vai adorar.
— Já estou adorando! — disse, em meio a risadinhas. — É sensacional. Perfeito demais.
Ele estacionou a moto próximo da entrada, onde havia uma minuciosa vila e se aproximou assim que começaram a caminhar até o hall do mesmo. O hotel parecia ter sido tirado diretamente de um cartão postal italiano. Sua entrada era majestosa e convidativa, com uma fachada encantadora que combinava o charme do estilo mediterrâneo com toques clássicos da arquitetura local.
e caminharam lado a lado pela calçada, e ela não conseguia tirar os olhos dos detalhes pitorescos do hotel. Uma varanda ampla e elegante se estendia em frente à entrada, decorada com vasos de flores coloridas que exalavam um aroma doce no ar.
abriu a porta de madeira maciça com cortesia revelando o interior do hotel. A entrada era espaçosa, decorada com móveis elegantes e uma iluminação suave, dava as boas-vindas aos hóspedes.
Ela tinha certeza que não poderia pedir por algo melhor.
— Não sei nem como te agradecer. Esse lugar é… Uau.
— É o mínimo que eu poderia fazer para te ajudar em meio a tudo. Fico feliz que tenha gostado. — se posicionou em frente a ela. — Vem. Vou te levar até a recepção, signorina bella.
sentiu o coração tamborilar ao ouvir a voz de com o sotaque.
Não podia omitir o fato de que ficava extremamente sexy daquele jeito.
Não demorou muito para que conseguisse fazer o check-in, sem qualquer problema e os dois agora se encontravam parados perto das portas enormes que davam para a piscina e a área de lazer do hotel.
A luz da lua iluminava parte dela.
— Sério, , agradeço muito por tudo o que você fez por mim hoje.
— Só estou retribuindo a gentileza e a companhia agradável que você me proporcionou hoje, . — disse, intenso. Foi impossível não observá-lo.
Os dois compartilharam um olhar significativo, reconhecendo o laço que se formava entre eles. Era uma conexão rara e genuína, algo que ambos sentiam que não podiam ignorar.
sabia que aquela noite havia sido um ponto de virada em sua vida, e também sentia que algo especial estava acontecendo.
Os segundos pareciam se estender em eternidade enquanto os dois ficavam ali, imersos em um mundo particular encontrado dentro de Amalfi que só pertencia a eles.
No meio daquele cenário deslumbrante do hall do hotel, tudo parecia se desvanecer, deixando apenas e .
não pensou duas vezes em quebrar o silêncio com a voz suave, mas um tanto determinada.
— Eu adoraria continuar nossa conversa... Em um lugar mais tranquilo. Você, não sei… Quer subir?
sentiu seu coração bater mais forte ao ouvir o convite. Ele não conseguiria resistir à oportunidade de passar mais tempo com , mas da mesma forma, não queria parecer tão invasivo. Não queria deixá-la desconfortável.
— Tudo bem se você não quiser! Não quero que se sinta pressionado. — disse, rapidamente.
a olhou mais uma vez e riu fraco, achando graça em sua reação.
— Acredite, não é que eu não queira subir. Só não quero parecer invasivo ou que estou me aproveitando da situação.
Ela respirou fundo, sorrindo para o rapaz. demonstrava cada vez mais que valeria a pena cada decisão tomada ali.
deu um passo à frente, o olhando com cuidado.
— Aprecio sua consideração. Você não está sendo invasivo. — mordiscou os lábios. soube que o deixaria louco apesar de tocá-lo. — Convidei você porque realmente quero continuar passando mais um tempo juntos. A decisão é sua, e eu respeito o que você sentir mais confortável em fazer.
O rapaz demorou um tempo até dar sua resposta.
E com um sorriso, respondeu.
— Vamos. Eu te levo até o quarto.

No remorse, no regret…

Quando e entraram no quarto dela no Villa Alba d'Oro, a visão que se apresentou diante deles era verdadeiramente deslumbrante.
A janela ampla revelava um panorama impressionante do oceano cintilante, onde a lua refletia-se delicadamente nas águas. Da sacada do quarto, a vista de quase a cidade inteira era sensacional.
A mulher ficou maravilhada com aquela vista. Caminhou até a janela e ficou ali por um momento, absorvendo a beleza da paisagem e apreciando a sensação da brisa salgada acariciando seu rosto.
— Você sabia que tinha essa vista?! — perguntou surpresa para o rapaz que se aproximava junto dela.
riu.
— Digamos que conhecer proprietários tenha lá suas vantagens. — disse, fazendo graça. Ela abriu a boca em surpresa. — Gostou?
— Isso é de tirar o fôlego. Claro que gostei!
Permaneceram ali, lado a lado, apreciando a vista por alguns momentos, compartilhando um silêncio confortável, como se as palavras não fossem necessárias para entender o que sentiam.
— Preciso repetir que não sei como te agradecer por tudo o que fez por mim, mas… — se afastou, dando uma piscadela para o rapaz. — Tem vinho e alguns aperitivos por aqui. O que me diz?
Ele riu mais uma vez. Não conseguia não achar graciosa cada atitude que tinha.
Ela sorriu, sentindo-se genuinamente feliz e grata pela presença de em sua vida naquele momento. A mulher pegou a garrafa de vinho, sabendo que ele aceitaria sem pensar duas vezes, juntou duas taças e convidou a se sentar com ela na sacada iluminada do quarto.
— Um brinde a essa noite mágica em Amalfi e à bela companhia. — iniciou, depositando um pouco da bebida em suas taças.
tocou o copo dela levemente.
— Um brinde para a mulher excepcional que tive o prazer de conhecer em uma cidade encantadora. — piscou. mordiscou os lábios.
O brinde ocorreu. E logo compartilhavam histórias engraçadas e divertidas, trocando risadas junto de revelações, como se fossem velhos amigos relembrando momentos preciosos do passado.
O vinho fluía e os corações se abriam cada vez mais, criando uma conexão ainda mais profunda entre eles. Compartilhavam suas paixões, seus sonhos e medos, mergulhando em conversas que abraçavam a sinceridade e a vulnerabilidade.
À medida que a noite avançava e a bebida fluía mais do que imaginavam, começou a sentir-se levemente alterada, afinal, estava se permitindo relaxar e se deixar levar pela atmosfera mágica daquela noite em Amalfi.
A mulher não conseguia tirar seus olhos de . Não conseguia deixar de notar o quão bonito ela era, em como sua mandíbula era marcada e em como ela queria o beijar por inteiro.
Não queria parecer tão atirada. Ou desesperada.
A verdade era que, naquele momento, esquecendo todos os problemas e motivos que a deixavam para baixo, parecia ser a única coisa que a deixava sã.
E ela não queria perder qualquer oportunidade.
Com uma confiança suavemente embalada pelo álcool, se aproximou levemente de , notando seu rosto ficando um pouco mais perto.
sorriu gentilmente, entendendo o que ela estava sentindo, mas também sabendo que era importante agir com cuidado.
Não queria estragar qualquer momento com ela.
— Você não faz ideia de como eu quero isso tanto quanto você. Mas não sei se agora é o melhor momento para ter essa atitude, bellissima*. — sussurrou contra os lábios de .
A mulher tinha certeza que perderia sua sanidade naquele momento, com tão perto e ainda, com aquele bendito sotaque que a deixava louca.
Como poderia ser tão belo?

Arriscou chamá-lo pelo apelido. Aquilo só fez o rapaz sorrir abertamente.
— Não quero que se arrependa ou que se lembre de mim apenas em um momento passageiro.
O rapaz colocou a mão suavemente no queixo dela, acariciando sua bochecha carinhosamente. Seus olhos demonstravam preocupação, mas também carinho e respeito pela mulher à sua frente.
olhou em seus olhos, compreendendo suas palavras e apreciando sua consideração. Ela sabia que estava mais do que certo.
— Tudo bem, você venceu. — brincou. — Obrigada.
— Quero que você se lembre de nós por tudo o que realmente importa. E acredite em mim, amanhã ainda estaremos aqui, e poderemos continuar a nos conhecer da maneira certa.
Disse, olhando diretamente em seus olhos. Se não estivesse sentada, tinha certeza que suas pernas ficariam bambas e ela se estatelaria no chão.
Se sentiu reconfortada de alguma forma pelo cuidado de . Sabia que ele tinha razão e que a conexão entre eles não precisava ser apressada ou forçada. Havia algo especial ali, e eles tinham todo o tempo do mundo para explorar o que sentiam.
inclinou-se e deu um beijo suave na testa de , o que a pegou de surpresa.
Não estava esperando aquilo.
— Descanse bem essa noite, .
A olhou uma última vez antes de se despedir e sair pela porta do quarto, deixando para trás a mulher ainda na sacada, voltando a sentir as borboletas em seu estômago.
Sem saber se era por algo novo. Ou pelo vinho que havia bebido.

🇮🇹

Os últimos dias de em Amalfi foram preenchidos com momentos de cumplicidade e o surgimento de uma grande amizade ao lado de .
Se tornaram parceiros a qualquer momento, inseparáveis, conhecendo um ao outro de uma forma tão profunda que parecia que se conheciam há anos.
A mulher aproveitava para acompanhá-lo em suas expedições de guia e, ao final do dia, faziam qualquer que fosse a coisa juntos. A cada conversa, risada e experiência compartilhada, a conexão entre eles crescia ainda mais forte do que imaginavam que seria.
E o que destacava ainda mais o sentimento de cuidado e amor um pelo outro, era o fato de que, o mais esperado ainda não havia acontecido; e ainda não haviam se beijado ou tido qualquer relação íntima. Os dois estavam encontrando uma felicidade genuína em apenas estarem juntos, desfrutando da companhia um do outro.
Sabiam que tinham encontrado algo especial naquela amizade, algo que transcendia o efêmero.
Mas o coração de parecia enlaçado demais para que o deixasse em Amalfi, tão longe de sua terra natal, em Sydney. Sentia o aperto lhe percorrendo o corpo, a saudade tomando conta de si sem ao menos ter se despedido de ainda, mesmo os dois já estando no aeroporto Salerno*.
O dia da despedida havia chegado, mesmo ela torcendo tanto para que não ocorresse.
segurava sua mala, enquanto a bolsa menor repousava em seu ombro e estava ao seu lado, como se procurasse algo em sua mente para falar.
A tristeza estava estampada no rosto dos dois.
— Você com essa expressão de cachorro sem dono vai me fazer chorar. — brincou, levando uma das mãos no braço do rapaz.
sorriu.
— Despedidas são difíceis. Ainda mais sendo a sua. — comentou, se aproximando da mulher. o olhou com os olhos brilhantes. tinha os seus glóbulos esverdeados como o dela. — Espero nos encontrarmos o quanto antes.
— Pode ter certeza que vamos.
— Você precisa ir. Já estão chamando seu voo.
assentiu, olhando para trás, onde se encontrava o portão de embarque. Respirou fundo e puxou a mala de rodinhas para si.
— Obrigada por tudo, . Os dias que passei com você foram mais que significativos. Aprendi muito. E você me trouxe alegria no momento em que eu precisava.
O rapaz não respondeu de imediato. Deixou que seus braços fossem de encontro ao corpo da mulher, a puxando para um abraço apertado.
— Você é uma mulher incrível, , não esqueça disso. Vou estar aqui sempre que precisar.
Os olhos de brilharam ainda mais e as lágrimas que ali estavam depositadas, tornaram a escorrer por suas bochechas. sorriu de canto, levando o dedão até o local molhado para enxugá-lo.
era a mulher mais bela que havia conhecido.
— Preciso ir.
— Você precisa. — assentiu, tentando de alguma forma levantar o humor de .
Ela balançou a cabeça, concordando com o rapaz e começou a caminhar levemente na direção que as pessoas que iriam pegar o mesmo avião que ela, também iriam.
ficava para trás aos poucos e o coração de batida descompassado dentro do peito, mas algo dentro de si não parecia certo. O coração estava inquieto e a mulher sentia que precisava voltar.
Precisava fazer uma última coisa.
Sem hesitar, ela deu meia volta e correu de volta em direção à área onde havia deixado .
O rapaz ainda estava parado no mesmo lugar, como se estivesse esperando por também, mas não esperava que ela realmente fosse voltar. Sua expressão era um misto de surpresa e esperança.
Antes que pudesse dizer qualquer coisa, chegou próximo a ele e, sem pensar duas vezes, pulou em seus braços, envolvendo-o em um abraço apertado.
— Não consigo ir embora sem fazer isso.
a olhou brevemente.
— O que?
Com um sorriso no canto dos lábios, se inclinou, o beijando com paixão, entregando-se completamente ao momento. Os lábios dos dois se encontraram em um beijo longo e intenso, como se fosse uma despedida e, ao mesmo tempo, um sinal de que o futuro lhes reservaria muito mais.
não pensou, assim como ela, em corresponder ao beijo segurando-a com firmeza com seus braços torneados, enquanto o abraço deles se tornava mais forte.
Ao mesmo tempo, era uma despedida e uma promessa.
Sabiam disso.
— Vejo você em breve, principessa*.
— Conto com isso, .
Se despediram uma última vez e a mulher voltou para a área de embarque o mais rápido que pôde, dando um último aceno para , mesmo ao longe.
Ali, subindo no avião de volta para Sydney, soube que algo novo estava acontecendo.
Não só sobre ela e . E sim sobre sua nova jornada, recomeçando sozinha. Havia aprendido tanto em Amalfi que agora sentia que tinha espaço para crescer, para florescer e explorar todas as possibilidades que a vida iria lhe oferecer. Pensou em e sorriu. Ele havia sido essencial para lhe mostrar sobre coragem e resiliência. Talvez o destino a trouxesse de volta à cidade em algum momento. Não importava.
O que quer que o futuro reservasse para ela, daquela vez, estava pronta para enfrentá-lo de braços abertos.



* Duomo di Amalfi - Catedral de Amalfi, localizada no centro de Amalfi, na Itália. Costuma ser ponto de encontro de muitos turistas.
* Città - Cidade.
* Grazi - Obrigado.
* Villa Rufolo - Atração e patrimônio histórico e arquitetônico de Ravello, cidade próxima a Amalfi.
* Ravello - Cidade antiga na Costa Amalfitana.
* Signorina Bella - Bela senhorita.
* Piacere - Prazer.
* Il Piacere è Tutto Mio - O prazer é meu.
* Torre Dello Ziro - Atração e ponto turístico na Costa Amalfitana.
* Mar Tirreno - Parte do mar Mediterrâneo que se estende ao longo da costa oeste italiana, entre a Itália, a Córsega, a Sardenha e a Sicília.
* Marina Coppola - Porto de Amalfi.
* Signorina - Senhorita.
* Hotel Floridiana - Hotel próximo à Catedral de Amalfi.
* Villa Alba d'Oro - Hotel próximo à Spiaggia Duoglio, praia em Amalfi, com vista para o mar.
* Bellissima - Linda ou extramemente linda.
* Salerno - Cidade na Itália.
* Principessa - Princesa.






Fim



Nota da autora: Oi, pessoal! Aqui estou com mais uma fic para vocês! Espero que tenham gostado e não esqueçam de deixar um pequeno feedback com o que acharam! E para quem se interessar em outras histórias minhas, o link da minha página de autora vai estar logo aqui embaixo. Um beijão a todas, e volte sempre <3



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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