Última atualização: Fanfic finalizada.

Capítulo Único

Respirar fundo sempre permitiu a aproveitar o melhor de seu momento, sem exaltação ou afundar-se no calor da emoção. Era um homem bem adulto e com uma vivência cheia de experiências, que o permitiram entender algumas coisas da vida, tais como o primeiro passo se tornar sempre a impressão mais lembrada, marcada — não se reduzindo a apenas o primeiro “encontro”. Então, respirar fundo, segurar seu copo de uísque e encarar naquela pista de dança, o permitiu que não cometesse a loucura de se entregar rapidamente ao desejo que sentia. Poderia causar uma impressão errada na situação.
Sua assistente pessoal era linda, não só por aparência física, isso para ele não tinha tanta relevância, mas por toda sua composição. era incrível e ele se via apaixonado por todos os traços da personalidade dela, como também a forma que a mulher sempre se colocava ao seu lado, naquele início de carreira. Sabia que era antiético, mas não teve como evitar, em algum momento não determinado, de se apaixonar por ela. havia conquistado o coração dele, o fazendo querer ser alguém no futuro para que pudesse dar a ela o que merecia.
Mesmo que tivesse que trabalhar o dobro do que já fazia, continuaria focado em seu projeto para ser um alguém no futuro que, em seu ponto de vista, merecesse ter alguém como ela ao seu lado.
— Quando você vai parar de ser lento e dizer o que sente?
Se virou ao ouvir a voz de Kylian ao seu lado e entornou o restante do líquido de seu copo para a garganta, sentindo o quente pelo uísque aquecê-la. Apesar do sócio ser um tanto inconveniente por vezes, ele ainda era seu amigo e como todo bom companheiro, tinha seus lapsos de bons conselhos. De algum modo, queria ouvir naquela noite o que o outro tinha a lhe dizer com aqueles decigramas de álcool por litro de seu sangue.
— E o que eu sinto, pelo ponto de vista do bom e envelhecido Daniel? — sibilou, olhando o copo vazio em sua mão, na altura de seu nariz.
Kylian se apoiou com o cotovelo postado no balcão e acenou para que o barman lhe trouxesse mais duas doses daquela.
— Pela senhorita ? Muito. — Seu tom era neutro e ele não tinha pressa. — Não venha com o papinho de não saber sobre o que estou falando. — Revirou os olhos com um bico formado nos lábios.
O atendente do bar deixou dois copos com a mesma dose do uísque que eles já estavam consumindo e se afastou, tendo a atenção dos dois por breves segundos. Então Ky decidiu dar continuidade.
— Está de quatro por ela, totalmente arriado. — Por mais que sua fala fosse embolada pelo estado embriagado, entendia suas palavras ditas e não se importava com o gesticular dele do copo em sua direção conforme as proferia.
— Você está bêbado. Não sabe o que diz.
não queria beber mais, estava satisfeito com sua dose única, que durou mais do que o comum em sua mão pelos goles mínimos que estava dando até o fim, e continuaria o restante da noite com sua tônica e um copo com gelo e limão. Apesar da sua empresa de assessoria ser uma sociedade com o amigo, ainda era ele quem mais colocava a face a bater, não gostaria de estampar alguma fofoca envolvendo seu nome por sair daquela boate depois de ingerir uma quantidade mais do que considerável de bebida alcóolica.
E ele estava tranquilo naquela noite; era um momento de comemoração pela primeira meta alcançada de sua aposta profissional, queria viver a situação no seu tato sóbrio. Para ele, as lembranças sempre se fizeram valiosas.
O olhar de Kylian, porém, o fez sair da camada tênue em que estava. Seus ombros relaxaram e mesmo sabendo que o tão descolado francês estava em outra consciência já naquela altura da noite, decidiu ser honesto não só com ele, mas com si próprio. E a verdade era uma só: como um ser humano comum que era, tinha em sua imaginação situações as quais gostaria de poder viver com , fossem elas sexuais ou não. Para ele, o conjunto todo formado em sua mente era bem atrativo. A atração que tinha por sua assistente beirava o incomum da paixão à primeira vista.
— Protesto! — Kylian exclamou, batendo o copo no balcão de madeira do bar. — Bêbado não possui papas na língua e é livremente o ser mais sincero e honesto do planeta.
— Então diga, grande poço de sabedoria. — cruzou os braços, virando-se para ficar de frente para a figura esguia de Ky. O sorriso em seus lábios era um esboço de humor.
— Você tem desejos, respeitosos, claro…, mas ainda são desejos. E aquela mulher desperta em você o lado mais, como posso dizer? Libertino e apaixonado?
— Bêbado não diz nada com nada.
, as pessoas chegam umas nas outras. — O tom de Ky parecia de um adolescente, alcançando um pouco do considerado bizarro para a idade deles. — Já ouviu falar em flerte? Já tentou alguma vez na sua vida? Sabia que é a partir disso que na maioria das vezes temos nossa paixão correspondida?
— Eu não sou apaixonado por .
— Com certeza. E fevereiro tem trinta e dois dias. — Entornou seu copo, ingerindo todo o conteúdo dele de uma só vez. — Vai lá, para de ser um molenga. O senador está em vantagem.
retornou sua atenção do bêbado em sua frente para a pista de dança, vendo-a totalmente alheia de seus olhos, que insistiam em vidrar-se nela toda vez que a encontrava, não só ali, mas em todo e qualquer lugar. era a flecha que acertou o alvo diretamente no centro — , no caso, era o círculo central. E em sua borda tinha o senador com quem haviam fechado o primeiro negócio que iriam assessorar a partir da próxima segunda. Bem sabia que o homem tinha um sentimento parecido por , e não era pra menos, ela era mesmo incrível em todos os aspectos.
— Isso não é uma competição, Kylian. — Desviou o olhar novamente, olhando para outro ponto, sob a gargalhada do amigo.
— Claro que não é, não estamos falando de um troféu. É uma linda, elegante, simpática e incrível mulher. Estou bêbado, não retrógrado, — Ky disse, em tom ofendido.
Ele ponderou um pouco, talvez devesse dar mais ouvidos ao que o amigo lhe aconselhava e não enrolar. Se tivesse feito isso em algumas situações passadas, talvez teria tido mais chances na vida. Entretanto, ele era um homem preocupado com o trabalho e desenvolvimento de seu sucesso, de suas ideias, se negligenciando sempre na vida pessoal. Estar enferrujado e não ter certeza de como externar o que estava sentindo e desejando era uma consequência que ele mesmo gerou para si, embora nunca tenha de fato prestado atenção nisso.
Sua infância foi marcada por uma criação menos liberal, depois da separação dos pais e a mudança de sua mãe de unidade da qual ela trabalhava em uma empresa de artigos esportivos, passando de uma operadora de caixa em New Jersey para gerente em Washington. Longe, completamente distante da família, mas que mesmo assim não impediu o reflexo da infância retrógrada em New Jersey em sua adolescência. Na escola que passou a estudar, não teve amigos, até pelo menos conhecer Kylian no ensino médio, o francês recém chegado do colégio que foi transferido por intercâmbio. Naquela época, Ky também não se enquadrava no padrão estadunidense de filmes contendo a boa e velha narrativa de líderes de torcida e jogadores populares do time de futebol.
Eram águas passadas, pelo menos para Kylian. Ele ainda tinha os reflexos do garoto que era trancado no armário pelo valentão e tinha seu lanche roubado; sempre receava se deveria ou não ter atitudes como a que estava considerando ter com . sequer sabia como o fazer, que tom usar, que palavras dizer. Inclusive, para ele, parecia errado, ela já havia consumido bastante naquela noite e a forma solta com que se movia na pista de dança conotava para ele que ali tinha um alto teor de embriaguez.
— Mas ela está bêbada, eu não vou me aproveitar disso — justificou, olhando para , que agora ria de algo que o senador dizia.
queria estar no lugar de Logan; como queria.
— Em que mundo? — Ky respondeu, com um riso preso.
— Neste. Ela já consumiu bastante.
… — Colocou a mão no ombro do amigo, de uma forma um pouco pesada. — não bebe nada alcoólico.
Bem, ele não deveria se sentir culpado por julgar alguém, deveria? Isso não é incomum.
— O que você está vendo ali é uma mulher independente e livre, se divertindo depois de ter conseguido alcançar uma meta. — Ky apontou de para Logan, exemplificando que o homem era a meta. — Tá vendo? — Manteve o dedo apontado para . — Você está perdendo tempo, meu amigo. Nenhum dos dois bêbados, porque não existe um mundo em que você não esteja sóbrio só com uma dose de Daniel em mais de três horas… Então, os dois podem muito bem aproveitar e se lembrar no outro dia, com tudo consentido e fim, felizes para sempre!
Kylian deu um leve empurrão no amigo e não se viu dentro de nenhum outro cenário a não ser por cruzar aquela distância e se aproximar de . Durante esse meio tempo, os poucos segundos de sua caminhada, passou a mão no cabelo, querendo ter certeza de que os fios estavam ajustados; fechou as duas mãos em um copinho na frente da boca, garantindo seu hálito.
Encheu os pulmões de ar e quando se aproximou, relaxou os ombros assim como sua feição. Seria como a prática de ouvir uma música de um futuro amor.
— Olha só quem resolveu se juntar aos bons! — disse alto, gritado, por conta da música alta.
— Olá, senhor . Não sabia que gostava de dançar — o senador disse tranquilo, se movimentando conforme o ritmo da música.
— Pois é, nem eu… — murmurou, olhando para . — Está se divertindo? — perguntou mais alto para ser ouvido.
— Sim! Mamba-Negra é um lugar incrível. Já fui na unidade deles em Vegas.
Como se tivesse acabado de contar um segredo, colocou a mão na boca, com os olhos arregalados e parando de se mover. se aproximou com os lábios até o ouvido dela e, em um tom o qual ela poderia entender, disse:
— A unidade de Vegas é boa, mas essa aqui ainda consegue ser melhor.
Ao se afastar, viu ela menos rígida e com o esboço de um sorriso nos lábios. Mas era um sorriso diferente do angelical que ele estava acostumado a ver, parecia acompanhar nos olhos dela uma chama com muitas faíscas.
gostou desta leitura e se ainda fosse bom em interpretações, estaria correto ao afirmar que ali em algo se acendia da mesma forma que dentro dele.


Os lábios de passaram da mandíbula de até o colo dela, deliciando-se com aquele momento e ansiando por descer mais. Suas mãos estavam colocadas precisamente na cintura de , podendo quase sentir a pele dela por baixo do tecido fino do vestido de seda — como em um sentido utópico, já que por mais fina que fosse aquela camada entre seus dedos e a pele, ainda existia aquele bloqueio; no mais, era apenas o desejo monumental que ele estava deflorando conforme o beijo se intensificava.
Se afastando um pouco dela, mesmo à contragosto, e invertendo as posições, com passando a deixar os beijos pelo pescoço de , ele abriu a porta do quarto que pegaram dentro da própria boate. O Mamba-Negra era conhecido não pelo Mamba ser uma rede de cassinos famosos em Las Vegas, mas também porque a linha das unidades que carregavam o composto de “Negra” forneciam o serviço de boate além da área dos jogos de apostas, e como toda boate contendo seus espaços mais reservados para strip e afins, tinha a zona VIP que dispunha de quartos.
Era a primeira vez que os dois usavam daquela disposição, apesar de já terem tido suas experiências individuais com o lugar.
Depois de fechar a porta, passando para dentro com ela, colocou contra a madeira, tomando seus lábios outra vez, porém de forma mais voraz. Quando ela fez menção de levar as mãos até a nuca dele, ele ergueu os braços dela acima da cabeça, prendendo-os ali com uma mão só, não muito forte. A outra livre passeava pela cintura dela, descendo até a barra do vestido para chegar na parte de trás da coxa de e apertar, puxando para cima a fim de que ela erguesse e rodeasse em sua cintura. E ela o fez, rodeando o tronco dele com suas duas pernas firmemente entrelaçadas depois do impulso que tomou, tendo suas mãos liberadas para que se apoiasse nos ombros de .
Caminhou com ela para a cama redonda e coberta por um lençol de cetim vermelho, o cheiro de amaciante doce misturado à fragrância afrodisíaca, que devia ter sido espirrada no ambiente antes dele entrarem, invadiu as narinas dos dois, inebriando tanto quanto . E com cuidado ele a colocou na cama, ficando por cima de seu corpo. Não haviam palavras, eles não queriam o papo furado; odiava enrolações e havia demonstrado claramente para ele que não estava ali para conversar e trocar ideias sobre qualquer coisa, era uma situação de corpo, de carne, já conhecia muito bem o chefe para saber sobre seus ideais e gastar tempo em "firulas" não era muito de seu feitio.
O que naquele momento era um desejo compartilhado: queria sexo, assim como . O futuro seria só no outro dia.
— Não sei se existe um lugar mais adequado que este para isso. — As palavras dele saíram conforme ia beijando da mandíbula até o pescoço de , com suas mãos deslizando para a barra do vestido dela e puxando o tecido para cima.
segurou no rosto dele, o parando e olhando-o fixamente.
— Shh… Agora não é hora disso — disse, com um sorriso simples nos lábios e, sem hesitar, virou o corpo para cima de .
A visão do corpo dela em cima do seu foi de tirar o fôlego. estava com os joelhos dobrados na cama, posicionada em cima das pernas esticadas de , que se manteve com o tronco ereto e sentado. Ela tirou o vestido todo em uma única puxada para cima, exibindo seus seios e boa parte de seu corpo, que agora só estava coberto pela calcinha de renda fina. não demorou a fechar as mãos, uma em cada seio, mantendo o olhar fixado no dela e a vendo morder o lábio; depois do toque, foi sua boca a alcançá-la e se aproveitar, puxando, mordiscando, lambendo e chupando.
O gemido que ela soltava era como uma bela canção para seus ouvidos e ele se sentia hipnotizado, como se em seu mais interior viesse a confirmação de que mesmo sendo possível que aquilo fosse um sexo de uma noite — apesar do grau de ligação empregatício entre eles —, uma canção de amor poderia detalhar no futuro o que foi a entrega de um para o outro.


FIM



Nota da autora: Olá! Obrigada por ler e, se possível, não esqueça de comentar. É muito bom saber o que você achou da história. Espero mesmo que tenham gostado! Por último, aqui embaixo tem os links onde você consegue acompanhar a autora pelo Instagram e entrar no grupo dos Leitores da May. 🎈

Antes que eu me esqueça… Nos reencontramos ali em 06. What goes around… comes around. Quer saber a continuação? Bora pra lá!



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