Finalizada!

Único

Olympia
Washington
1992


Eu não fazia ideia de qual era o sobrenome dele.
Segundo o senso comum, aquilo era um pouco preocupante. Podemos trocar reclamações na fila de um banco com alguém sem perguntar o sobrenome. Podemos tomar um café em um banco do Central Park com outra pessoa espontaneamente sem nem tocar no assunto nomes.
Mas acredito que exista um pouco de estranheza em fazer sexo com alguém sem essa informação crucial.
Ele não perguntou o meu, se isso serve de alguma coisa. Quando nos conhecemos no quintal da mansão dos naquela tarde de quinta-feira, enquanto Elliott , o advogado mais chato e problemático da história dos advogados chatos e problemáticos de toda a Washington discursava no salão principal sobre fome, desmatamento e direitos civis em sua campanha eleitoral, eu sabia que ele era uma pessoa tão evasiva quanto eu. Ou melancólica.
Eu era . . Totalmente relacionada com o futuro governador do Estado.
Filha dele, pra ser mais exata. Não que eu me orgulhasse disso.
Toby certamente sabia que eu não me orgulhava. Ele não fazia ideia de que eu era ou -filha-do-futuro-governador, mas eu sentia que ele sabia que algumas partes da minha vida eram mais bonitas escondidas na última gaveta.
Quando ele se aproximou, estava fumando um cigarro. Ou prestes a fazer isso, já que estendeu uma das mãos e perguntou:
— Tem um isqueiro?
Balancei a cabeça que não.
— Jura? Você tem cara de quem fuma.
Estreitei os olhos.
— Como é a cara de quem fuma?
— A cara de alguém que agarra a primeira oportunidade para escapar da chatice lá dentro.
Eu normalmente teria uma resposta na ponta da língua para algo que eu certamente tinha certeza absoluta, como: em que momento fui transparente o suficiente para que você fizesse suposições sobre meus vícios baseados no lugar onde eu estou e no momento em que estou?
Mas a resposta tinha escapado da minha boca e dos meus pensamentos inteiramente. Porque é, eu fumava. Mais do que socialmente. Mas Elliott tinha me pedido apenas uma coisa quando decidi marcar presença: não quero ver uma guimba de cigarro na sua boca por pelo menos 24 horas, por favor.
Eu estava cumprindo seu pedido muito bem, mas não prometi que seria agradável; nem com ele, e nem com seus convidados.
Aqueles olhos verdes fitaram meus lábios entreabertos e sem resposta.
— Não tenho um isqueiro aqui — reiterei, enrijecendo as costas enquanto automaticamente ajeitava o vestido púrpura de seda. O tecido era colado demais, vibrante demais, destoando completamente da minha expressão apagada. Me preparei para balbuciar uma despedida e voltar para dentro, ou para o meu antigo quarto, intocado no segundo andar, mas antes disso, notei que ele continuava me olhando. E me toquei de coisas aleatórias em um milésimo de segundo que me fizeram subitamente mudar de ideia sobre todo o restante do evento.
Primeiro: ele era bonito. Bem bonito. De um jeito peculiar, com o cabelo revoltado de nascença e o corpo esguio sem exibir quase nenhum músculo.
Segundo: tinha olhos verdes tão vibrantes que roubavam algo de mim. Manipulavam minhas próximas respostas. Perguntava e era respondido na mesma hora. Olhos que, instantaneamente, me fizeram esquecer o caminho de casa.
Terceiro: estava parado com um cigarro na mão nos fundos da grande casa barulhenta em uma convenção tão cheia e tão vazia ao mesmo tempo, encontrando o lugar mais quieto e melancólico que pudesse encontrar. Ele não usava um terno caro e nem um adesivo colado no peito de VOTE ELLIOTT no peito. Não passava de um cara fugindo como eu, ansioso como eu e, talvez, interessado como eu.
Toby certamente foi o cara mais fácil a quem eu quisesse dar o meu número de telefone.
— E você tem um isqueiro em algum outro lugar? — perguntou ele, despretensiosamente. Esse era o quarto ponto: não havia malícia na sua fala, ou flertes baratos, ou olhares escaneadores para outras partes de mim para averiguar se valia a pena. Era só os meus olhos. Meus olhos e minha boca.
— Eu não sei — admiti, balançando um pouco os ombros. — Posso verificar na minha bolsa. No meu carro.
Ele franziu os lábios, puxando o cigarro apagado para o bolso da frente do blazer, apontando logo em seguida para o meu peito como se estivesse atirando com uma arma ou salientando um ponto.
— Carro. Uma boa — suspirou, aproximando-se a um passo — Você parece ter um mundo de isqueiros no seu carro.
Sufoquei uma risada, girando os ombros na direção contrária à entrada, afundando os saltos no gramado enquanto tentava me lembrar de onde tinha estacionado o Ford. Em um minuto, ouvi os passos apressados me alcançarem, até sua boca quase colar nos meus ouvidos quando disse:
— Sou o Toby, inclusive. Com Y.

💨❤️

Seattle
Washington
1992


Tobey — chamei, errando a pronúncia de propósito. Toby costumava ficar ironicamente irritado com esse tipo de coisa, mas agora não tinha como saber. Suas costas estavam curvadas sobre a mesinha de cabeceira enquanto ele abria uma gaveta e puxava um metal barulhento de dentro.
— Você tem um mundo de isqueiros na sua gaveta, — jogando a cabeça para trás, ele sorriu enquanto acendia o Marlboro do dia. Parecia que tinha diminuído drasticamente a frequência do consumo nos últimos três meses. Agora ele guardava a nicotina desejada para um momento especial, um que o elevaria para o paraíso da serotonina, um que ele chamava de Nirvana.
Nosso sexo, no caso.
Ri quando ele voltou a se deitar, olhando o teto assim como eu ficava depois do momento ardente e maluco que era quando nos víamos. Toby sempre dizia que eu tinha um mundo de tudo que gostava: boinas, coturnos, tatuagens, cigarros e aquarelas. A fumaça do Marlboro ia e voltava ao redor do quarto na Capitol Hill, o último lugar que eu pretendia pagar aluguel, disse a ele no mês passado. Mesmo que eu já tenha dito a mesma coisa no mês anterior.
O silêncio fazia minha mente gritar muitas coisas, muitas reflexões adiadas pela presença marcante e aguardada de Toby, e sabia o quanto meu rosto externava tudo que fervia dentro de mim, mas Toby nunca era de falar muito. Não perguntava a menos que visse abertura. Às vezes, tinha certeza que ele nem estava procurando uma. Era muito feliz em não me interpretar.
Mas às vezes eu queria interpretá-lo. Queria saber tudo sobre ele.
E isso era tão fodidamente estranho.
— O que você estava fazendo ali? — perguntei, apoiando o cotovelo no colchão — Na semana passada. Na porta do banheiro.
Ele franziu o cenho. Apontei com a cabeça para a porta de madeira branca que vivia abrindo e fechando pela força do vento. Toby meditou sobre o lugar, lembrando-se da resposta.
— Ah. Escovando os dentes? — ele disse preguiçosamente. Estreitei os olhos — É sério. Era de manhã, não era? Escovei os dentes e fui pro escritório. Tem um cara lá que está tentando ser promovido antes de mim e quer usar qualquer coisinha para o supervisor me tirar alguns centavos no mês.
— Como não escovar os dentes?
— Como chegar com a aparência de quem trepa mais do que eles — Toby respondeu com indiferença. Não aguentei a minha própria risada — É sério, eles são casados há sei lá quanto tempo e o restante está focado demais no futuro sem aproveitar o processo, então não suportam o cheiro forte de um perfume Chanel no ambiente. Eu os observo assim como eles me observam.
— Você é especialista em pirar os seus colegas de trabalho, então.
— Não me importo com eles. De verdade — ele sorriu desta vez, uma linda exibição de dentes que abriam as portas do céu. Do meu céu — Tenho meus amigos, meus objetivos, e tenho você. Por isso pode abusar do perfume, do óleo e principalmente na sentada porque meus pontos naquele edifício continuam aumentando.
Pareceu uma ordem. Mesmo que essas coisas não combinassem muito com Toby, gostava de pensar que ele estava requerendo meu eu por inteiro para que fosse igualmente dele por inteiro. Ainda que esse tipo de coisa não tivesse nada a ver com nenhum de nós dois. Ou não fazia. Pelo menos nos primeiros 3 meses.
Só uma coisa importava de verdade entre as quatro paredes do meu quarto na Capitol Hill, às 8 da noite de uma terça-feira, enquanto a primavera começava lá fora, mas já estava viva e permanente dentro dos olhos de Toby: a fumaça. O Marlboro. Os lábios dele. Seu nome.
A névoa de amor que nos abraçava sem perguntar sobre passado, presente e futuro.

💨❤️


É claro que ele descobriria algum dia.
Tudo começou com um “me mostre o que tem ali”, enquanto passávamos pela calçada vazia da Fremont, procurando um bom lugar que servisse um café decente às 10 da noite depois de uma das minhas exposições de arte. Eu e Toby gostávamos de beber café a essa hora aos fins de semana. Talvez no meio da semana também, quando eu era vítima do bloqueio criativo e ele rabiscava mais ideias no papel de seu novo cargo na empresa.
Demorou apenas 1 mês para ser promovido. Ele disse que foi uma cortesia, já que sua ida à campanha do governador não tinha sido nada produtiva.
E por falar em meu pai, a confusão teve tudo a ver com seu nome.
Um pouco antes do início das eleições, estava explícito o quanto estava ainda mais desesperado para recriar laços de família e fazer com que eu sorrisse um pouco mais nas fotos, sem ser de mentira, é claro.
Almocei com ele umas duas vezes naquele mês. Não era tão ruim assim, tirando o fato de que o silêncio era como uma terceira pessoa na mesa e de que ele mesmo fazia os pedidos dos dois, ignorando totalmente o fato de que eu já era uma mulher de 26 anos e não suportava mais waffles com sorvete.
Foi na terceira vez que ele fez a pergunta nada sutil:
— Quem é ele?
Ergui os olhos do filé de salmão. Não foi difícil, já que eu não tinha pedido aquilo.
— Ele quem?
— O cara que estava com você na exposição.
Estava prestes a perguntar “que exposição” quando imediatamente entendi o rumo da conversa. Entendi o rumo de tudo.
Mas era muito boa em fingir que não entendia suas verdadeiras intenções.
— Você foi à minha exposição? — perguntei com um sorriso ácido — Que legal. Podia ter dado um oi.
— Não fui à sua exposição, . Não sei dizer se aquilo era uma exposição — ele nem tentou esconder o desgosto. De repente, comecei a pensar que seu rosto ficaria muito mais bonito com o purê de cenoura do acompanhamento enquanto ele caminhava de olhos fechados até o vão da porta do restaurante — Mas não é o ponto. Finn me informou da exposição, e de que os jornalistas também estavam atrás disso.
— Jornalistas, é? — estreitei os olhos, apoiando os dois cotovelos na mesa — O que os jornalistas gostariam de ver sobre quadros em aquarela?
— Queriam ver a minha filha — ele trincou os dentes, e abriu ainda mais os olhos — A minha filha vendendo sujeiras em telas brancas enquanto devia estar na faculdade de Direito.
Não reagi. Era como se ele estivesse fazendo uma análise do tempo. Nublado, mas ainda quente. Só isso. Um assunto chato e recorrente, assim como quando sabemos o que significava nublado. A tempestade estava vindo.
— E o que tem ele? — voltei à primeira pergunta, passando um único dedo na alça da bolsa, pronta para levantar a qualquer momento.
— Ele sabe quem você é? Sabe que pode ser exposto a qualquer momento?
Franzi o cenho. Meu pai largou os talheres elegantemente em cima do prato impecável.
— A oposição olha para os mínimos detalhes, . Sempre fui um homem do público, e apenas eu, mas tenho uma família e não é uma opção fugir de uma aparição ou outra durante um período, até mesmo ter segredos e fatos revelados para toda a população.
— Isso não é problema meu — respondi imediatamente. O aperto na bolsa ficou maior — Não quero saber dessa baboseira política. Pago minhas próprias contas desde os 19 anos, e tenho direito de querer cair fora dessa história.
— Você tem direito, mas não tem escolha — murmurou ele, e pude jurar que encarei o purê por tempo demais — Amanhã vai estar em todos os lugares que , filha mais velha do candidato mais bem promissor de Olympia ganha a vida mexendo com tinta. Só isso já é… pesaroso o suficiente.
Ele quis dizer humilhante, mas já estava acostumada. Na maioria dos casos, eu conseguia escapar dessas conversas com palavras afiadas e um sorriso educado, mas agora queria me levantar dramaticamente e voltar para a minha cama sempre desarrumada na Capitol Hill.
— E junto com a notícia, vão espalhar o nome do seu namorado e descobrir com o que trabalha também.
— E como sempre, será algo que não te agrada — suspirei, porque parecia ser a única coisa a se fazer para não gritar — Não que minha vida amorosa te interesse, mas ele não é meu namorado. Não há com o que se preocupar, vereador.
— Mas disseram que ele foi para o seu apartamento.
— E continua não sendo meu namorado.
Pude ver suas narinas inflando. Elliott agarrou a taça de vinho, tentando manter a compostura profissional que aparentemente só eu conseguia quebrar.
— Está levando um rapaz que não é seu namorado para o seu apartamento?
— Sim. Há um tempo. Ou você acha que meu quarto é o de uma freira?
— Assuma o relacionamento.
— O quê?
— Namore com ele. Se case, de preferência. Já passou da hora de qualquer forma.
Ele disse em um tom extremamente indiferente à minha expressão estupefata. Não era a primeira vez que o assunto casamento brotava em seus diálogos, mas era a primeira vez que vinham acompanhados de uma imposição.
— Casamento? De que merda você tá falando?
— Você não conhece o público alvo dessa cidade? — ele remoeu um palavrão, porque era bom demais pra isso — O que dirão quando souberem que a minha filha mora com um cara que nem é seu namorado?
— Eu não moro com ele.
— Que seja. Você entendeu.
— Entendi que você quer se maquiar para um hospício. Vou repetir: não tenho nada a ver com isso. Estaria ferrada se ligasse para o que as pessoas dizem ou dirão de mim. Não sofro com isso nem por você — procurei a alça da bolsa mais uma vez, e desta vez não tentei esconder a clara intenção de me levantar — Eu vou nessa.
, volte…
— Gostava mais de quando você sentava aí e tagarelava sobre eu não ser igual a Sam ou das saudades que sente da mamãe. Seu novo repertório é ridículo.
A saída foi menos dramática do que eu planejei, mas ele ficou se contorcendo na mesa para não aumentar o tom e algumas pessoas ao redor pararam tudo para olhar. O que significava que eu venci.
Acendi o Pall Mall depois de 2 quarteirões, me certificando que ele não tinha entrado em seu Lexus em tempo recorde e dirigido para terminar a conversa. Mas não traguei por muito tempo porque infelizmente, as palavras de meu pai continuavam ressoando e ressoando através de mim por pelo menos 30 minutos depois que eu o vi. E agora estava me sentindo um pouco paranoica, pensando que veria um flash qualquer na esquina e a matéria do dia seguinte adicionando a sentença de que usava drogas.
Nunca usei drogas, mas agora não teria nem a chance de experimentar.
Grunhi, acenando para o primeiro táxi que cruzou a avenida. Queria dizer que tudo isso estava acontecendo porque eu tive o azar de nascer como filha de Elliott , mas talvez seja porque também sou uma garota. E garotas precisam seguir mais regras na vida do que garotos. Precisam cumprir papéis implicitamente obrigatórios que garotos têm como escolhas.
Casar? Ter filhos? Uma poupança? Estabilidade? Saltos altos?
Toda essa porcaria dos anos 50 não era pra mim. Me recusava a me deixar intimidar pelas armas da sociedade tradicional e viver uma vida que não desejava.
Minha vida era a névoa. Era a fumaça do Marlboro. Era a aquarela transpondo o que meus olhos viam, no momento que viam. Era o calor e satisfação na forma de dois braços quentes que me diziam que as quatro paredes do apartamento de Capitol Hill eram o melhor momento do seu dia.
Eu era feita de momentos. Momentos do presente. Sem passado e sem futuro.

💨❤️


Pensei que ele me perguntaria alguma coisa.
Ou reclamasse, por mais que isso não fosse da personalidade de Toby. Pensei então que ele tinha decidido ignorar tudo e comentar sobre as aulas do treinamento que tinha começado na semana passada. Tudo pelo novo cargo, por uma nova promoção. Ignorado o fato de que seu rosto estava estampado na primeira página do jornal, bem ao lado do meu.
Ao lado de meu rosto, nome e sobrenome.
Mas ele estava fazendo aquilo de novo. Aquilo de me olhar, vasculhar, analisar, arrancar o que eu não fazia ideia do que estava guardando.
Bufei, desviando os olhos para o piso, me vendo pela primeira vez constrangida por dizer a verdade.
— Sei o que parece — murmurei, e queria parecer mais séria com meus pés descalços, cabelo revolto e pijamas amassados, mas ele tinha batido na minha porta antes das 7 da manhã — E não tenho nenhuma explicação plausível pra te dar agora.
Encarei-o por breves segundos. Ele estava na mesma posição, mas pelo menos tinha dobrado o jornal.
— Eu estava certo, então — murmurou ele, como se estivesse me dando bom dia — Você estava mesmo querendo fugir naquele dia.
Franzi o cenho para ele, claramente perdida na resposta.
— Acho que no fundo eu imaginei que ele era algo seu. Elliott .
— Eu duvido — ri ligeiramente pelo nariz, tentando esconder o desconforto, o medo de suas respostas — Sou totalmente idêntica à minha mãe.
— Só a família pode nos fazer ficar em um lugar que obviamente não queremos ficar — com um meio sorrisinho de canto, Toby depositou o jornal em cima da mesa do abajur, sem tirar os olhos de mim — Por que não me contou?
— Você nunca perguntou.
— Porque não fazia diferença — ele deu de ombros, que estavam mais relaxados do que os meus — Você é você. Linda, inteligente, magnética e confiante. Impossível passar batido por isso. Não me arrependo de nada.
Engoli em seco. Não sabia como estava minha expressão naquele momento, mas eu claramente não estava gostando do rumo da conversa. Não gostava de seu tom abafado e distante, não gostava da súbita atitude de dizer coisas que nunca disse.
— Eu também não — disse com a voz fraca, sentindo a bolha em volta de nós tremular. A névoa do amor que me engolfou lentamente se dissipando com o vento — Me desculpa por isso. Eu sinto muito.
Toby deu um sorriso de canto, mais um, acompanhado de um passo à frente.
— Você não tem cara de quem quer ser uma esposa, .
— Eu sei — respondi, olhando pra ele.
— Mas está longe de ser um caso de uma noite. Não dou a mínima se pensarem que é uma coisa ou outra pra mim.
Balancei a cabeça ligeiramente, piscando os olhos para discernir a honestidade de sua resposta.
Besteira. Não existia uma única parcela em Toby que não fosse sincera.
— Então, você está… bem? — minha voz saiu cautelosa. Tratei logo de me corrigir — Digo, com isso tudo, com a manchete, com seus amigos do trabalho te reconhecendo, com as fofocas, com tudo.
Ele assentiu levemente, denotando ainda mais a indiferença latente com o fato.
— Nem em mil anos eu pensaria que sairia tão bem em uma foto espontânea.
Eu quis rir, mas sentia que talvez o momento fosse mais delicado para me conter. Toby continuou parado, fazendo aquela expressão lívida enquanto verificava minha testa, nariz e boca, parando na última com seu habitual brilho nos olhos e desejo pulsando na língua.
Como isso era possível? Ele tinha acabado de ver seu rosto no jornal ao lado da garota que dormia, mas que não a conhecia, vendo sua história vir à tona e nem parecia estar prestando atenção nesse fato.
Ali me dei conta de que se ele não reagisse ou dissesse alguma coisa, eu seria ainda mais atingida pela sua névoa, me escondendo ainda mais do mundo lá fora e não o deixaria ir embora nunca mais, independentemente das falas viralizadas que a mídia provavelmente me pediria.
Mas antes que eu abrisse a boca, ele já estava falando:
— Vou ter que ir. Parece que tenho muitas coisas a explicar no escritório. Vai ser divertido.
Ele mal esperou uma resposta. Quando vi, já estava dando as costas, retornando um segundo depois para perto de mim.
— Quase me esqueci. Prazer em conhecê-la, — ele estendeu a mão direita, quase formal — Eu sou Toby Colt. O cara do jornal. Gosta de café com leite às 10 da noite? — e abaixando-se para me beijar, ele sussurrou: — Você parece ter um mundo de segredos para me contar.


FIM


Nota da autora: Sem nota.


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