01. Live While We're Young

Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

Esta não é uma história de amor.

*


chegou à festa antes do exigido pelo protocolo. Bem, não que festas da MTV, de fato, possuíssem um protocolo. Digamos, apenas, que era esperado que os principais nomes do momento se atrasassem. E a estrela de , ou, ao menos, a da sua boyband era grande.
Então, ele poderia ter perfeitamente aparecido de madrugada, mas foi direto da premiação para a festa, a fim de analisar o balcão de bebidas com mais tranquilidade. Era seu objetivo chegar logo ao nível de embriaguez permitido, conforme explicitamente informado pelos seus agentes.
Ser parte do One Direction significava muitas regras a serem seguidas. Mais do que as pessoas imaginavam. Ou esperavam.

*


Esta não é uma história de amor. Porém, se não tivesse decidido chegar mais cedo, nada disto teria acontecido. Algo que alguns poderiam interpretar como destino.

*


foi a primeira garota que amou, sabe? Ou ele achou que fosse amor por um ou dois meses, até se tornar claro que ela só estava interessada em cumprir o contrato. nunca imaginou que seria o tipo de famoso que tem uma namorada falsa, mas seus agentes disseram que uma namorada famosa seria publicidade positiva. E...
Bem, não sabia o motivo de estar pensando em naquele momento, de qualquer maneira. Ele não estava lá para pensar em mulheres, droga. Estava apenas tentando desanuviar a mente. Afinal, sempre dizia que ele precisava se divertir mais e, cara, dava bons conselhos. O amigo até mesmo emprestara a jaqueta jeans que estava usando no momento, garantindo que ela traria sorte.
não tinha sorte, mas azarados também merecem sorrir.
E para isso ele precisava de um drinque.

*


Esta não é uma história de amor, porque amor é para perdedores.

*


- Hey, Gin e Tonic, por favor? Apenas para começar.
Ele pediu para a garota enfiada em um curto vestido vermelho sangue com aplicações de tachas prateadas, em uma exaltação ao exagero.
- Sinto muito, não posso te ajudar.
Ela virou-se e piscou. A garota tinha olhos penetrantes, destacados no rosto coberto por pó branco, os quais capturavam a atenção e quase te faziam ignorar o sangue falso espalhado em pontos estratégicos.
piscou, novamente.
- Não pode? Por estar morta?
- Você entendeu a fantasia! Sou uma viúva fantasma, percebe? Ou algo assim. Fazia sentido na minha mente. Mas, não, apenas não trabalho aqui. Só estou procurando algo que obviamente não encontrei.
- Uh.
Ele emitiu um som muito eloquente, mas a garota não se importou. No lugar disso, ela literalmente pulou da parte de trás do balcão de bebidas e perguntou.
- Ainda estou tentando encontrar, na verdade. Quer vir comigo?
piscou uma terceira vez e tomou a decisão responsável.
- Não, obrigado. Apenas quero ficar bêbado.
A respeito disto, ela deu de ombros.
- Não é o que todos queremos?

*


Estatisticamente, você não encontra seu amor verdadeiro em festas, de qualquer maneira.

*


e eram sobre encontros planejados por terceiros, visitas cronometradas ao parque e idas à loja da Starbucks mais próxima dos points de paparazzi. Sério, ele deveria ter percebido que seus sentimentos não eram prioridade e, ainda menos, recíprocos.
Ele era ridículo, não?
Um pouco depressivo, pediu mais duas doses e as bebeu em goles rápidos. Pelos seus cálculos, podia ter pelo menos outras três até alcançar a embriaguez recomendada – demandada – pelos empresários. Não era como se ele estivesse bebendo para se esquecer dela, ou algo assim, como erroneamente sugeriria. Ele apenas gostava de beber, ok? Era apenas isso, droga. Apenas isso.
- Mais uma, por favor.

*


Isso se o verdadeiro amor existe mesmo.

*


A festa estava começando a lotar quando a garota fantasma reapareceu. estava encostado ao balcão, segurando um drinque e mantendo um sorriso forçado para o caso de alguém fotografá-lo.
- Ainda morta, eu vejo.
- Ainda vivo, eu espero.
Ela retrucou, fazendo-o rir.
- Você encontrou o que estava procurando?
- Minha amiga não está aqui, no fim das contas.
- Sua amiga?
- Ela está com... Sabe como é, eu queria pegar antes de ir para uma festa de verdade.
deixou seu olhar correr pelas celebridades espalhadas pelo salão.
- Parece real o suficiente para mim.
- Então, você não sabe a primeira regra das festas.
- Que é?
Ela fez uma leve pausa e, então, piscou.
- Sempre pode melhorar.
Justo. não sabia muito sobre festas, garotas ou relacionamentos. Na realidade, tudo que ele sabia nos últimos tempos era aquilo que as pessoas diziam que ele deveria saber.
A garota fantasma retirou o copo da sua mão, em um movimento rápido, cheirou ele e fez uma careta, oferecendo o drinque para o primeiro cara que passou. não se importou, já havia atingido a cota aceitável de álcool, mesmo.
Estava considerando procurar pelo resto dos garotos, quando a semidesconhecida sorriu.
- Precisamos de algo mais forte. Vamos, então?
- Como?
- Bem, eu estava claramente te convidando agora há pouco.
O quê? Quando?
- Você está falando sério?
Ele estava bêbado ou aquilo era um flerte? Parecia óbvio que eles não tinham nada a ver um com o outro.
- Não é como se você estivesse ocupado aqui.
Sorrindo, a garota soltou a quase crítica, antes de, discretamente, encostar a perna na dele.
- Eu, eu preciso esperar meus amigos.
Quase gaguejou.
- Não, você não precisa. Vamos, venha comigo. Eu posso relatar as peculiaridades da minha morte e você pode fofocar sobre a vida dos outros garotos do One Direction. Ou algo assim, não sou muito exigente.
piscou, sem reação.
E, então, ela acrescentou, como se estivesse falando do tempo ameno de Los Angeles.
- Ou nós podemos apenas transar.

*


Espera! Antes de continuarmos... Uma coisa que você precisa lembrar sobre é que ele não está pronto para um relacionamento.

*


acabou mandando uma mensagem para , com uma desculpa fajuta de que ele estava passando mal e ia voltar para o hotel. nunca iria cair nesta, mas, diferente dos outros garotos, não iria fazer tempestade em um copo d’água e avisar algum superior.
Assim, ele acabou no banco de passageiro de uma Ferrari vermelha. Ele sabia onde estava, mas não sabia o que estava fazendo. A razão de ter aceitado o convite era um mistério. Se estivesse ali naquele momento, ela riria, não é mesmo?
Eles estavam no trânsito a alguns minutos, quando a garota fantasma ligou a rádio em uma estação de hip hop.
- Adoro a batida. Sou a , aliás.
- Eu-
- , eu sei. Aquele que namorou a , não?
não conseguiu evitar que sua expressão murchasse e, em seguida, tentou dar de ombros, de um modo despreocupado.
- Yeah, bem este mesmo. Nós acabamos de terminar.
- Ouvi falar. Arranjado?
Empalideceu. Era assim tão óbvio? Ele foi mesmo o único que pensou que fosse algo mais?
interpretou seu silêncio corretamente.
- Oh, não se sinta mal. Eu apenas sei como estas coisas, negócios, funcionam, sabe?
Ele duvidava.
- Sim, claro.
- Ela era legal?

*


A segunda coisa que você precisa lembrar é que é um mentiroso.

*


- Nem tive tempo de reparar. Não passamos muito tempo juntos. Não havia sentimentos, ou algo do tipo.
- Uma pena, vocês poderiam ter se divertido, pelo menos.
- Ultimamente, percebi que a companhia de alguém é algo meio superestimado.
- Oh, e eu não sei disso? - Ela riu e, logo, complementou - Mas nós nunca paramos de procurar, certo?
- Eu parei.
afirmou, convicto, e a motorista franziu a testa, de leve.
- Claro que parou.
Ele estava fazendo de novo, não? Sendo irritante e deprimente, como sempre acusava, nas últimas semanas. 'Você precisa se soltar, meu caro' - o melhor amigo dizia, quando começava a reclamar, olhando para o nada. Bem, ele estava tentando, ok? Não era como se fosse tão fácil assim e-
- Hey! - Sua linha de pensamentos foi interrompida por - Ter parado de procurar não implica desistir, certo?
Foi a vez de franzir a testa.
- Meio que sim, eu acho.
Ela balançou a cabeça.
- Desistir de se divertir, garoto Direction.
- Directioner. - disse, em modo automático, e imediatamente corou - Apenas soa melhor, sabe?
riu, tamborilando no volante.
- Claro que soa. Vamos para a praia, então?

*


Sem cinismo, esta não é uma história de amor.

*


Se você está na Califórnia, é regra implícita que, em algum momento, você precisa acabar sentado na areia, molhando os pés na beira do mar.
- Não deveríamos ir para a tal festa verdadeira?
passou a mão pelos longos cabelos e deu de ombros.
- Meio que perdeu o sentido.
- Em qual semáforo?
Ela riu.
- Queria esquecer e posso fazer isso muito melhor aqui com você. - Ofereceu uma piscadela brincalhona - Percebe o romantismo?
Passou pela mente de perguntar o que ela queria esquecer, mas esta decidiu que não importava de verdade. As pessoas querem apagar coisas diversas, com dores distintas, e intimidades que machucam nunca são do governo alheio.
- É, acho que percebo. Também gostaria de esquecer algumas coisas. Às vezes. Você sabe como é.
Observou, distraído, assentir e abrir a garrafa de vodca que trouxera do carro.
- Um brinde ao esquecimento, então?
- Não posso - balançou a cabeça - Já atingi a minha cota.
- A sua o quê?
Ficou vermelho, antes de admitir.
- Beber demais é ruim para a imagem. Bem, não exatamente o ato de beber, mas as consequências, ou algo assim.
- Disse o robô. Você deixa gente que só pensa em termos monetários ditar cada um dos seus atos?
- Eu gosto de dinheiro.
Foi a única e fraca justificativa que conseguiu formular.
- É? E sabe do que eu gosto?
- De desvirtuar inocentes membros de boybands?
Ele questionou, com intensidade.
- Sim - ela se inclinou e encostou os lábios aos dele - E disto também.

*


Se esta fosse uma história de amor, o coração de teria disparado loucamente ou sinos figurativos teriam tocado, não?

*


Ele apenas sentiu-se feliz. Com um sorriso meio bobo, observou levantar-se após o selinho, sacudir parcialmente a areia do vestido vermelho e exclamar.
- Vamos dar um mergulho!
O sorriso bobo deu, rápido, lugar para um franzir de testa.
- Er, não?
- A madame não quer quebrar a unha?
- A madame está muito bem na areia.
Mantendo seca a jaqueta jeans de , acrescentou, mentalmente. O amigo provavelmente consideraria qualquer estrago à sua jaqueta da sorte traição de alto calibre.
Porém, não parecia estar muito preocupada com isso. Ela jogou os cabelos para o lado, sorriu um sorriso malicioso e piscou, com seus cílios grossos de rímel.
- E se eu te recompensar depois?
- O que você tem em mente?
- Você não vai saber se não mergulhar.
Em segundos, a mente quase desolada, sempre perdida, de raciocinou de maneira muito coerente, sendo o dito raciocínio parcialmente descrito abaixo.
quase brilhava sob a luz fraca da lua. não ficava com uma garota desde . E dizia sempre que ele precisava se divertir mais. Para uma garota fantasma, era muito viva. Sim! Seria esta a justificativa que ele usaria para explicar as decisões tomadas naquela noite.
Ela estendeu a mão.
Ele aceitou.

*


Nada indicava o início de uma grande história. Nenhum sentimento implicava amor.

*


As ondas pareciam fazer cócegas em , que descobriu seu equilíbrio prejudicado após dois goles da garrafa que trouxera junto para o mar. Seu cabelo estava grudado na testa, sua roupa estava encharcada. Ele estava absolutamente mais embriagado do que deveria. Não era tão irresponsável há muito tempo. E, provavelmente não relacionado, mas também não sorria tanto assim.
A responsável pelo seu estado rodopiava logo ao lado, cantarolando repetidamente o mesmo verso de uma música desconhecida. Sabe? Daquele jeito que as pessoas cantam quando sabem apenas um verso de uma canção aleatória.
Espera. Não aleatória. E muito menos desconhecida.
Live while we're young.
- Let's go crazy, crazy, crazy till we see the sun... Let's go crazy, crazy, crazy, till we see the sun...
- I know we only met, but let's pretend it's love.
Completou, automaticamente.
Ela parou de cantarolar, pareceu considerar algo por alguns segundos e, logo, piscou.
- Foi uma proposta?
- Não! Eu só quis dizer que, bem, este é o próximo verso, sabe? I know we only met, but let's pretend it's love. Da música.
soltou uma repentina gargalhada. Vermelho e sentindo-se um pouco idiota, bebeu mais um longo gole da garrafa. Ela parou de rir e jogou água nele.
- Ainda assim, vou considerar feita a oferta.
- E vai aceitá-la?
Questionou, sentindo-se subitamente corajoso. Como recompensa, recebeu um sorriso vago.
- Gosto do seu estilo, garoto Direction.

*


Um membro do One Direction deve seguir regras.

*


A garrafa estava pela metade e eles estavam estendidos na areia, lado a lado, com os corpos molhados grudados, quando percebeu.
- Você não bebeu nada.
- Você precisava mais. E eu não posso, de qualquer maneira.
- Mas, por-
- Você não se sente mais livre, agora? - Ela girou para o lado, apoiando a cabeça na mão direita - Ninguém vive sem se soltar, às vezes.
- Bem, um pouco, não sei, minha mente está quase confusa - imitou o movimento dela, apoiando a cabeça na mão esquerda - Se você se soltar de mais, você acaba louco.
- E se valer a pena?
- O hospício?
questionou, perdido.
não respondeu, mas começou a brincar com as mechas do cabelo dele, enrolando-as e soltando-as continuamente, com sua mão livre. fechou os olhos e a deixou. Estava se sentindo estranhamente sereno.

*


Um membro do One Direction não tem tempo para o amor.

*


Claro, a serenidade virou excitação, assim que ele sentiu a mão dela deslizar lentamente pelo corpo dele e parar no seu pênis.
Sexo em público? Totalmente fora das regras, mas o álcool lembrou a parte racional de seu cérebro que toda regra tem sua exceção. E a parte racional, influenciada por reações puramente químicas, não questionou.
nunca fora o tipo de bêbado que tropeçava nas palavras e criava baderna. Não. Ele fazia o tipo bêbado filosófico, que se esquecia do mundo e tinha súbitas epifanias sobre o sentido da vida.
E, naquele momento, a razão de tudo parecia se resumir a despir uma viúva fantasma, que não conhecia a palavra moderação - em todos os sentidos.

*


Sexo.

*


Dizer que era boa seria simplificar as coisas. era incrivelmente... Algum adjetivo não presente no dicionário. Indescritível. Em suma, satisfação proporcional à expectativa criada, algo bem raro.
não era nenhum virgem, diferente do que insistia em afirmar, mas nunca sentira tudo em seu corpo assim tão duro. E, após o ato, o sentimento de relaxamento nunca fora tão extenso.
- Wow! - Ela exclamou, em tom apreciativo - Você é melhor do que eu esperava, garoto Direction.
- Obrigado pela sinceridade - ele riu, ofegante - Você também não é de se jogar fora.
- Eu sei. Todos sempre querem reutilizar.
Foi a vez de ele rir.
- Bem, eu não me importaria com-
Foi interrompido por ela se aconchegando nele, levantando o celular e apontando a câmera para os dois.
- Quero uma recordação.
Franziu a testa, lembrando-se das diversas orientações dos agentes sobre situações como essa e das graves consequências. Arruinadoras de carreira, ou algo assim.
Porém, disse.
- Não se preocupe, eu também tenho muito que perder.
- Tem?
- Meu namorado, bem, ex, ou quase, depende do ponto de vista, é meio que famoso.
tentou absorver a informação.
- Eu conheço?
- Meios diferentes.
- Quem é-
Foi cegado pelo flash súbito, seguido por uma risada deliciada. apoiou o queixo nos ombros dele e estendeu o celular para que ele pudesse ver a foto tirada.
Na imagem, estava com a testa franzida, a boca semiaberta em uma pergunta, e as pupilas avermelhadas nos olhos arregalados. , com a maquiagem branca borrada, piscava para a câmera, sorridente, com os olhos mais penetrantes que ele já vira.
Eles pareciam mais jovens do que efetivamente eram. E infinitamente mais felizes.

*


Amor.

*


- Eu pareço um idiota.
- Você faz parte de uma boyband.
Ela deu de ombros e riu.
- Bem, você não precisa esfregar na cara.
- Nunca preciso, mas sempre faço questão.
resumiu, com simplicidade.
- Garotas são assim. - afirmou - Apenas não se preocupam com os sentimentos alheios.
A última parte, claro, ele acrescentou sem querer, antes que sua mente pudesse acompanhar o movimento dos seus lábios. Isso não era algo muito comum, ele fora bem treinado por Simon para pensar mil vezes antes de falar, evitando declarar mais do que o estritamente necessário.
culpava o álcool. E a distração formada pela garota com o corpo grudado ao dele.
- Olha, eu não quis implicar que você também, digo, quando eu digo garotas não quero te incluir, afinal, quer dizer, não que você não seja uma garota, o que eu quero dizer é que-
- , não?
interrompeu a tentativa desesperada dele de piorar as coisas. Nos olhos dela, a compreensão era tão grande, que sentiu ainda mais vergonha.
- Não, bem, quem sabe.
Ele desviou o olhar, mas , com delicadeza, tocou seu rosto e, após uma leve carícia, afirmou.
- Eventuais decepções com o sexo oposto são apenas naturais, .
- Não sei se acredito nisso.
- De fato, algumas pessoas preferem o mesmo gênero. Quem somos nós para julgar, certo?
riu, reconhecendo a tentativa de desanuviar o súbito clima pesado, mas acrescentou.
- Algumas pessoas estão destinadas a se decepcionar, sabe?
- E a opção delas é desistir?
- É se conformar.
Ele afirmou, percebendo que não era a primeira vez que a conversa desandava para conflitantes percepções da lógica na busca dos solteiros. E, como na vez anterior, balançou a cabeça.
- Não, , a opção é se divertir, enquanto o mundo ao seu redor não se conserta.
- E se-
- Então, você mesmo conserta o mundo. É o que resta.
Velha conhecida dele, não pôde deixar de reconhecer a discreta, mas presente, amargura na declaração dela.
- Você sabe do que está falando – ele se viu afirmando – Por experiência.
- Hm... Digamos que eu também vivenciei uma recente decepção amorosa. Ou ainda não sai dela. É relativo. Eu achei que era uma coisa, ele achou que era outra e, então, as circunstâncias nos obrigaram a colocar as cartas na mesa.
Mesmo diante da confissão dela, não conseguiu evitar negar.
- Eu não amava .
- Claro que não.
- Não, não a amei. Foi apenas fingimento.
, com preguiça calculada, piscou seus cílios carregados de rímel, encostando, quase distraída, a mão esquerda no tórax dele.
- Quer uma sugestão para esquecer algo que nunca existiu?

*


Sexo não é amor.

*


Se fosse mesmo virgem, como afirmava , ele teria resolvido a questão naquela noite. Diversas vezes. Até perder a noção do tempo, com o céu sempre igualmente estrelado testemunhando a sintonia de uma garota fantasma com um membro de uma boyband.
Se perguntado, não saberia explicar o que estava fazendo. Nada, claro, que impedisse seu corpo de responder conforme o esperado. E inesperado. Não havia hesitação, como se as coisas fossem apenas simples. Quase era possível acreditar que assim era o mundo. Livre de complicações e interpretações equivocadas.
Uma pessoa menos cínica até mesmo quase acreditaria que era possível ficar famoso e, no processo, não perder a alma.

*


Aliás, é difícil entender o motivo das pessoas serem tão obcecadas com o amor, de modo a querer colocar conotações deste em todas as histórias.

*


- Vou embora quando amanhecer.
declarou, ofegante.
, que media a respiração com as batidas do peito dela, abriu os olhos, confuso.
- Oi? Como? Pra onde?
- Não sei. Pro lugar com o primeiro voo disponível.
Ele iniciou massagens circulares no espaço entre os seios levemente inchados dela, antes de comentar, em tom propositalmente displicente.
- Isso não faz sentido.
- O que não faz sentido é ficar em um lugar no qual você não pertence.
- E como você vai saber que pertence ao lugar em que parar?
- , eu já te disse que acredito em tentar. E, bem, às vezes, novos ares são necessários. Em seis meses, pouco mais, pouco menos, quero abrir os olhos e pertencer a algum lugar.
- Mas... – Hesitou – Por quê?
- É tarde demais para pensar apenas em mim.
Ela respondeu e não adentrou mais no assunto, optando por morder a nuca dele e deslizar as mãos pelo seu corpo.

*


As pessoas querem acreditar que a vida é feita de finais felizes.

*


- Você nunca disse o que precisava pegar com a sua amiga.
recordou, de repente.
- Sério? - riu - Você está quase dentro de mim e só consegue pensar nisto?
- Minha mente é adepta de multitarefas.
Ela mexeu-se na areia, encaixando-se melhor entre as pernas dele, e fez uma fila de pequenas mordidas nos ombros dele. retribuiu com o início de movimentos firmes e ritmados, que provocaram manifestações abafadas dos lábios molhados dela.
Sem parar a ação, ele insistiu.
- Não, sério, o que você queria pegar?
- Você é tão altamente anticlimático!
Ela reclamou.
- É apenas curiosidade.
Ele se defendeu.
jogou os braços para cima e afirmou.
- Não interessa! Eram só papéis, ok? E eu já sabia a resposta, de qualquer maneira. Acho que sempre soube. Agora, você pode, por favor, me f-
- Não precisa completar a frase!

*


, todavia, nunca foi o tipo que alimenta ilusões. E, pelo pouco que a conhecia, ele diria que também não a era. Aquela noite, então, fora feita para ser a única. Em todos os sentidos.

*


- Eu nunca mais vou te ver, não?
questionou, pouco antes de pegar no sono, os olhos já pesados pelo cansaço. aconchegou o corpo no dele, formando uma estranhamente confortável unidade de suor e areia, e, quase encostando os lábios aos dele, sussurrou.
- Isso não interessa agora.
assentiu, fechou os olhos e adormeceu. Ele não esqueceu, magicamente, de ou sentiu que sua vida estava completa. Ele apenas adormeceu em paz.

*


Hey, lembra-se do que eu te pedi para não esquecer? não está pronto para um relacionamento.

*


acordou com raios de sol maltratando seus olhos, fazendo seu rosto arder. Ele piscou repetidamente, desnorteado, enquanto suas memórias se ajustavam - sempre fora meio devagar pelas manhãs. Até que seus neurônios se conectaram e ele sentou-se, em um pulo.
Olhou ao redor. A praia estava vazia e ele estava sozinho. Absolutamente sozinho. Olhou para baixo e percebeu que estava apenas com a calça, os sapatos perdidos em algum lugar no mar, e a jaqueta jeans de jogada ao seu lado na areia, com seu celular em cima. Não fazia a menor ideia do paradeiro de sua camisa e, ainda menos, de .
Sentiu-se, apenas, levemente desapontado.
E, então, duas coisas aconteceram; ele sentiu uma pontada na cabeça, indicando o início de uma ressaca e seus olhos captaram o pequeno papel ao lado do seu celular.
- Oh.
Em letra meio jogada, estava escrito apenas, 'me liga (em seis meses, ou não) :D', seguido por um número de telefone com código de área local.
encarou, fixamente, a mensagem por alguns instantes, repassando os diálogos da noite anterior mentalmente, até que a explicação caiu como um raio na sua cabeça, majorando a dor de cabeça inicial. Ele sabia agora o que estivera escondendo. Melhor, omitindo.
E, cara, definitivamente não estava pronto para lidar com isto. Não precisava. E também não queria. Não mesmo. Ainda assim, gostaria de ter uma cópia daquela foto deles, sabe? Apenas para efeitos de recordação.
Claro, ele meio que se divertira. sempre dizia que diversão era importante e o amigo meio que sabia das coisas. Quem sabe, estivesse certo. Ou não.
olhou para o mar, coçou a cabeça e pegou o celular.

*


E da segunda coisa, você se lembra? é um mentiroso.

*


- Alô? Quem é?
- Até parece que você não sabe.
- ? É você? - A voz sonolenta de questionou - Pelo amor, ô inútil, não são nem sete da manhã.
- Ou já são quase sete da manhã. Você pode vir me buscar?
- Buscar? Onde você está? Na zona?
- Na praia. E, não, mas eu estava com uma garota.
Como esperado, isso, automaticamente, despertou .
- Não me diga, safadão! E como foi? Detalhes!
- Não há nada para contar, . Não foi nada demais.
E, no grande esquema das coisas, provavelmente não fora mesmo. não sentia nada por e, com certeza, os agentes considerariam ela um obstáculo para sua carreira.
Não acreditava que nada fosse mais importante do que a sua carreira.
- Nada? Não foi desta vez que você perdeu a virgindade?
- Nada mesmo. Foi só uma noite.
- Como assim? Claro que há algo para contar! Sempre tem! Tipo, aquela vez em que eu sai com a norueguesa e acabamos na fronteira com a Suécia, após algumas doses de conhaque. E aquela ruiva, te contei da ruiva? Então, eu conheci ela em Montreal e nós-
desatou em um de seus monólogos, com peripécias aumentadas, e sorriu, porque isso era apenas típico. era um tipo meio livre e nem os superiores conseguiam segurá-lo, de fato. O amigo vivia tentando arrastar para suas "aventuras", dizendo que ele precisava se soltar mais. Aliás, as pessoas, aparentemente, gostavam de dizer isso, como se fosse algum retraído, preso no seu próprio mundo. Ele estava bem, sabe? Ele tinha amigos, dinheiro e uma ou duas pessoas a mais, provavelmente, desvirtuariam o equilíbrio das coisas.

*


Esta não é uma história de amor.

*


Com os olhos fixos no mar, ouvia o melhor amigo falar sem parar. Nisto, o sol ficava cada vez mais forte, anunciando uma belíssima manhã. Não era primavera, mas algumas pessoas diriam que aquele era um dia para recomeços. Felizmente, não fazia esse tipo. Novamente, ele estava satisfeito com a sua vida nos exatos termos dela, sabe?
Assim sendo, foi quase inconscientemente que dobrou o pequeno pedaço de papel e o guardou no bolso.

*


Esta não é uma história de amor, mas pode vir a ser.


Fim



Nota da autora: Muito obrigada pra você que leu até o final! Escrevi esta fic com muito carinho, sempre tentando preservar a ligação com a letra de Live While We're Young. Pensei em escrever algo mais agitado, como a música pede, mas não é sábio discutir com a inspiração! Sobre pontos em aberto, a música literalmente afirma que eles acabaram de se conhecer, então o enredo desta fic é limitado por este fato. Você não conta todos seus segredos para um quase desconhecido, certo? Porém, qualquer dúvida, apenas me pergunte! E, viu, novamente, obrigada por ler! ;)

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