Finalizada

Capítulo Único

Mais um dia que se encerrava. se preparava para ir embora após um longo dia de trabalho. Sentir o que a brisa fresca que as águas salgadas e a areia lhe causava era de uma sensação sem igual. Apesar de muito cansado, saber que em poucos metros seus pés poderiam tocar o grande mar era maravilhoso.
Estava bem exausto do que havia feito durante o dia, mas o cansaço mental era extremo. Sua mente estava a mil havia dias. E tudo isso por conta de um sorriso. De um perfume. De um beijo. Os lábios macios da mulher mais linda que já havia visto não saiam de sua cabeça.
Desde que seus olhos bateram naquele ser de cabelos , sentia como se tivesse acabado de ver um anjo. Se fosse um filme, os olhos dos dois brilhariam na mesma hora e uma aura branca apareceria em volta de seus corpos. A mulher estava de passagem pela orla e acabou parando no quiosque em que o rapaz trabalhava. Pediu uma bebida e ficou observando o mar, mexendo esporadicamente no celular. De primeira, não sabia dizer se os olhares que percebia vindo da mesma eram simplesmente curiosidade em ver como ele trabalhava com as coisas do quiosque ou então algum leve flerte.
A partir do momento em que se despediram, não conseguia controlar seus pensamentos. Memórias do que viveram, mesmo que em pouquíssimo tempo, simplesmente vagavam pela sua mente o tempo todo.

x


Terminando de ajeitar a última leva de bagunças que havia feito nas bancadas do quiosque, percebeu que a mulher olhava em sua direção em alguns momentos. O homem era sim muito bonito, não era de se jogar fora, entretanto, não queria tirar conclusões precipitadas. Aproveitando dos momentos de distração da mulher, ele foi se aproximando sorrateiramente para perto da onde ela estava sentada.
— É a primeira vez que te vejo por aqui. Conhecendo a praia? — disse ele, chamando a atenção dela para si.
— Sim, vim visitar uma amiga que mora pelas redondezas e hoje aproveitei para vir conhecer aqui. — A mulher sorriu tímida, jogando uma parte do cabelo para trás dos ombros com uma das mãos. — Ela elogiou bastante essa praia e o seu quiosque, não podia perder.
— Sério? O que você ouviu de bom sobre o lugar? — aproveitou que não havia mais nenhum cliente ali lhe chamando e se ajeitou para conversar melhor com a mulher.
— Ela disse que além das comidas e bebidas serem muito boas, que a vista do lugar é ótima. — A mulher passou os olhos de cima a baixo por antes de virar o rosto e encarar a imensidão azul. — Ambas as vistas. — Ela sorriu, voltando a olhar para ele.
— Ambas, é? — arqueou as sobrancelhas com a fala da moça e sorriu de volta para ela. O sorriso cafajeste que conquistava algumas das mulheres que passavam por ali, tomava o lugar do sorriso tímido. — Qual seu nome?
.
— E você concorda com a sua amiga, ?
— Concordo e muito. — Ela sorriu novamente, sentindo as bochechas adquirirem um tom mais rosado.
— Bom saber disso. Muito prazer, sou o . — O rapaz esticou uma das mãos para ela e a cumprimentou. — E está só de passagem, ?
— Mais ou menos. Já fiquei por algum tempo e hoje é meu último dia por aqui. Amanhã volto para a minha casa. — Contou ela, bebericando sua bebida que estava pela metade. percebeu isso e começou a preparar um outro para ela.
— Tem que aproveitar até o último momento então. — disse ele, colocando a bebida pronta na frente dela. — Por conta da casa. — Deu uma piscadela com um dos olhos, deixando—a com as bochechas rosadas novamente.
— Pelo visto vou aproveitar muito bem. Obrigada! — sorriu e deu um longo gole.
e começaram a conversar ali mesmo. Mesmo trabalhando, ele conseguia manter um diálogo com ela. Vez ou outra trocava olhares com a moça sentada em sua frente. Mesmo não sendo introvertido, ele se sentiu levemente intimidado com ela; justamente por seu olhar ser tão intenso e estar completamente compenetrado em si o tempo todo, porém não queria deixar de conversar com uma mulher interessante como ela.
Em pouco tempo, ele já conhecia seus hobbies e suas vontades de conhecer o mundo. Estava ali realmente para visitar uma amiga, mas estava hospedada em um quarto de hotel, visto que não queria ficar incomodando-a, de acordo com o que contou. Ela estava sempre viajando e tentava conhecer os lugares nem que fosse apenas por alguma curiosidade ou então alguma comida típica do local, então também não gostava de ficar saindo e entrando da casa dos amigos a hora que quisesse. também gostava muito de conversar e com as viagens, isso a tornou cada vez mais sociável. A cada coisa que descobria sobre ela, se sentia cada vez mais encantado.
Após terminar as coisas mais importantes que tinham que ser feitas, se aproximou sorrateiramente para perto da mulher, usando dos momentos que ela se distraía com o celular ou com a paisagem linda do grande líquido azul a sua volta.
— Estou no fim do turno. Meu colega acabou de chegar para o horário dele. Quer tomar algum drink comigo ou já está cansada? — perguntou ele, secando um copo e sorrindo tímido para ela.
— Claro! Eu adoraria — sorriu, se ajeitando na cadeira.
— Ótimo, eu vou trocar de roupa rapidinho e já volto aqui para conversarmos mais, tudo bem? — avisou ele, se afastando assim que ela assentiu. cumprimentou o colega que agora iria ficar no seu lugar e se dirigiu para o banheiro. Aproveitou e tomou uma ducha. Ninguém merece ficar com o corpo melecado com a maresia da praia, por mais que o quiosque não ficasse tão próximo assim da água.
Voltando, refrescado, limpo e cheiroso, ele vestia uma roupa confortável para o calor do local.
— Demorei? — perguntou, se sentando ao lado dela e chamando sua atenção.
— Não, que isso. Fiquei aqui admirando essa vista. — sorriu para ele. sentia seu coração dar umas palpitadas com o sorriso e o olhar dessa mulher. — Deve ser ótimo trabalhar aqui podendo apreciar a beleza desse lugar incrível. Não acredito que não conhecia.
— Agora conhece, pô. Aqui é incrível mesmo. Gosto de falar que tudo isso aqui é meu, porque é um pedacinho de mundo que eu sinto tanto apreço em admirar — contou, chamando o colega com uma das mãos. pediu os drinks para os dois.
— E praticamente é, não é? Praticamente dono da praia e do quiosque também né. — riu e o empurrou levemente com o ombro. — Faz tempo que você trabalha aqui?
— Então… Tecnicamente, sim — respondeu pausadamente. — Eu sou o dono daqui realmente, então pode-se dizer que muito tempo é pouco. — Ambos riram.
— Meu Deus, apenas brinquei e acertei. Por que quis montar seu quiosque aqui?
— Eu sempre gostei muito de praia. Desde criança. Meus pais não conseguiam me tirar da praia quando estávamos de férias e passeando, eu passava horas e horas dentro da água e embaixo do sol quente. Meu bronze era de se invejar, menina. — gargalhou e continuou prestando atenção na história. — Um dia conversando com meu pai, eu disse que tinha a ideia de montar um negócio próprio e ele me veio com essa ideia. Foi praticamente como se alguém tivesse aberto uma cortina em frente aos meus olhos, sabe? E aqui foi o lugar perfeito para eu construir o meu bem bolado.
— Que incrível. Tudo caminhou e conspirou para que você viesse e criasse o seu negócio aqui. — disse ela.
— Exatamente. E não poderia haver lugar melhor. Tenho um ponto turístico praticamente, a vista é incrivelmente linda. Fora que as pessoas também são espetaculares, não é? Algumas mais que as outras… Combinando com essa vista então, vou te contar… — falou um pouco mais baixo as últimas frases, apontou levemente para ela com a cabeça e se aproximou de forma imperceptível.
— Assim eu fico sem graça. — A mesma colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e desviou o olhar. — Você é todo galanteador, né?
— Você que começou falando da vista. — respondeu , rindo da fala dela.
— É, realmente... Você me deixou sem graça e eu tinha que falar alguma coisa. — Ela riu, bebericando seu drink.
e engataram em mais uma conversa. Agora foi a vez de de contar seus gostos pelo surf e por montar diversos drinks variados, a maioria autorais, que vendia em seu quiosque. Apesar de diferentes em alguns quesitos, ambos conseguiram se identificar muito bem um com o outro, ainda mais na forma de enxergar as pessoas. Talvez porque ambos saibam lidar muito bem com o público, mas ainda assim, o gosto pelas praias, por filmes de ficção e romance, por comidas extraordinárias, por gostos extremamente ecléticos para músicas e etc. A cada momento, eles descobriam alguma coisa em comum ou algo que os deixassem mais bobos um pelo outro.
estava adorando conversar com e o cheiro do perfume, tanto do pós banho, quanto da fragrância do possível perfume que ele havia passado, a estavam deixando levemente inebriada. Perfume masculino por si só já era algo de que ela gostava demais e sendo de uma pessoa que ela está se sentindo — levemente — atraída, é ainda melhor.
— Está cansado, ? — perguntou ela.
— Bem pouco. Não nego que minhas costas gostariam de deixar em um colchão macio, mas não quero ir embora agora e nem perder essa conversa maravilhosa. — piscava como se fosse uma criança falando de doce. Estava realmente encantado pela mulher a sua frente.
— Ia te convidar para assistir algum filme lá no meu quarto, o que acha? Está começando a esfriar e eu não trouxe casaco nenhum. — disse ela, esfregando levemente as mãos em volta de seus braços.
— Claro, eu iria adorar. — respondeu ele, sorrindo e começando a pegar suas coisas para pagar as bebidas. — Espera…
— O que foi?
— Você não vai me matar e jogar os pedaços de meu corpinho por aí, não é? — rindo.
! — deu-lhe um empurrão fraco com uma das mãos.
— Preciso perguntar, pô. Sabe a quantidade de documentários criminais que eu já assisti?
— Pelo visto, muitos. — disse ela, dando risada da pergunta dele.
— Sim… — o mesmo respondeu sério e depois também riu. — Brincadeira. Vamos indo, o vento está começando a ficar forte mesmo e eu também esqueci meu casaco em casa hoje de manhã.
chamou seu colega e fez o pagamento dos drinks, tanto dele, quanto de . Os dois foram caminhando para o hotel em que ela estava hospedada. Não era um caminho tão longo e assim eles puderam ir conversando e apreciando a vista durante a caminhada.
— Chegamos. Por favor, ignore as possíveis coisas jogadas e bagunçadas do meu quarto. — disse , abrindo a porta do quarto e deixando entrar.
— Não conhecia este hotel por aqui. — disse ele, caminhando até a sacada e olhando pela cortina. — E a vista também é linda. Ainda mais nesse horário.
— Bonita, não é? Eu também fiquei encantada quando vi.
— Confesso pra você que eu também estou encantado — virou-se para ela. — Com ambas as vistas.
— Usando as minhas artimanhas? Esperto. — respondeu, sentindo as bochechas adquirirem mais sangue e ficando quente.
— Não podia perder essa deixa. — deu uma piscadela para ela. — Eu sei que você gostou.
— Gostei. — Ela sorriu tímida para ele. — Vamos decidir um filme? Tem um catálogo inteiro aqui. — perguntou, ligando a televisão.
continuou olhando para , enquanto a mesma estava distraída mexendo nos controles, indo de um lado para o outro na tela mediana pendurada na parede. Ela não tinha percebido, mas ele não conseguia deixar de observá-la. Ficaram assim por alguns minutos, distraída e observando quase todos os seus detalhes.
— Pode ser ess… — perguntou ela, perdendo a fala ao notar que a olhava. — O que foi?
— Nada. Você é linda. E eu tô curtindo a vista. — respondeu, se aproximando lentamente dela.
— Assim que fico sem jeito — a mesma desviou o olhar rapidamente e virou-se de frente para ele.
— Não fique. Você é realmente muito linda. — esticou uma das mãos e colocou uma parte do cabelo dela atrás da orelha quando já estava próximo o suficiente. — Eu posso fazer uma coisa?
— O que?
— Te dar um beijo? — perguntou baixinho, se aproximando mais um pouco. — Estou me segurando a tarde toda, me perguntando qual seu gosto…
— Pode… Confesso que pensei nisso a tarde toda também. — respondeu, encostando uma das mãos no braço dele e grudando seus corpos.
se inclinou levemente e alcançou os lábios rosados que ficou mirando praticamente a tarde toda. tinha um gosto doce que lembrava melancia, talvez fosse do protetor labial que ele a viu passando mais cedo, mas isso só deixava tudo melhor. Pedindo a passagem com a língua, mesmo tomou a iniciativa e levou uma de suas mãos para a nuca de , logo aprofundando o beijo. Involuntariamente, as mãos de começaram a percorrer o corpo de , uma ficando posicionada na cintura dela e a outra em seu rosto, deixando o rosto dela no ângulo perfeito para o encaixe das bocas.
— Céus. Eu poderia passar a noite inteira te beijando. — disse ele, respirando fundo após se afastar.
— E você pode. — respondeu, deixando um selinho rápido nos lábios agora rosados de .
— Bom saber. — se aproximou novamente e iniciou um beijo rápido com , andando devagarzinho e levando junto, em direção a cama. — O que vamos assistir?
— Pensei da gente ver esse aqui. É engraçado e muito bom e sinto que talvez a gente fique mais conversando do que prestando atenção no filme, então… — se sentou na beirada da cama e a acompanhou, fazendo um leve carinho em sua coxa.
— Eu também acho. Coloca esse.
se levantou para pegar o controle que havia deixado em cima da mesinha e começou a ajeitar o filme na TV, enquanto se dirigia para o outro lado da cama, puxando as cobertas. A mesma se sentou e cobriu as pernas, enquanto continuava sentado no mesmo lugar.
— Vai assistir o filme daí? Não quer nem se cobrir? Tá gelado. — perguntou ela, observando parado.
— Estava pensando se seria desrespeitoso da minha parte ir até aí com você, mas já que você está me chamando. — disse ele, se levantando e indo do outro lado da cama, se ajeitando no espaço vazio que estava sobrando.
— Lógico que não. Fora que aqui está melhor, eu estava pensando nas minhas cobertinhas. Meu último dia com elas. — Fez um bico e puxou as cobertas mais para cima.
— Pensa pelo lado positivo, você vai ter motivo para voltar e visitar sua amiga e deitar nessas cobertas novamente.
— Acho que eu arranjei mais um motivo… — ela respondeu baixinho, olhando rapidamente para ele.
se arrumou novamente por entre as cobertas, aproximando um pouco mais seu corpo do de e iniciou o filme. Antes mesmo dos nomes dos atores começarem a aparecer, os dois já estavam conversando animadamente sobre outras coisas da vida. Tinham pouquíssimo tempo para se conhecer e nenhum dos dois queria perder um segundo daquela conversa em que haviam se identificado tanto. Parecia que tudo entre eles havia uma intensidade a mais no ar. Por mais que se conhecessem a algumas horas apenas, os dois haviam criado uma conexão grande que era até possível de se sentir no ar.
Aproveitando da pequena distração com a conversa, foi se aproximando mais ainda para perto de . Já queria beijá-la novamente. Enquanto conversava com ela, foi revezando olhares entre a boca rosada com sabor de cereja e os olhos da mesma. Percebendo que ela também estava fazendo isso, lhe dando permissão, terminou a distância e selou seus lábios.
Os dois passaram o resto da noite exatamente desse jeitinho. Conversando e trocando alguns beijos. Desfrutando das últimas horas juntos para se conhecerem e ainda sim matarem a vontade um do outro. já estava desejando prolongar a viagem para poder ficar mais um pouco à mercê dos beijos de , mas infelizmente seus compromissos a chamavam. Sendo assim, a noite foi extremamente doce e carinhosa, com gostinhos de cereja, perfumes masculinos e muito papo rolando.

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Fazia exatamente dois meses desde que havia conhecido aquela mulher com os cabelos , que virou toda a sua mente. Por mais que tudo tenha acontecido de forma extremamente rápida, ele sentia que havia o marcado. Não conseguia esquecer daquela mulher de jeito nenhum. A textura da sua pele, o gosto de sua boca, seu cheiro inebriante. Vez ou outra ele se pegava distraído, olhando para um ponto qualquer distante, relembrando todos os acontecimentos daquele dia em que a havia conhecido.
Nunca mais havia a visto por ali. Mas desejava e sentia que em algum momento os dois iriam rever-se. mesmo tinha certeza de que no dia em que se conheceram, havia uma intensidade muito grande rondando os dois. Desde o primeiro momento em que se olharam, foi tudo extremamente intenso.
Neste dia, o movimento do quiosque estava muito bom. já estava cansado, desejando o fim do expediente logo, mas faltava quase duas horas ainda para sair. Por mais que fosse o dono, não gostava de deixar na mão os seus funcionários. Não seria justo apenas eles terem que trabalhar horrores enquanto ele curtia. Aproveitando que agora a muvuca havia passado, ele começou a limpar. Estava retirando os copos e passando um pano pela bancada quando sentiu um leve arrepio na nuca. Um cheiro conhecido chegou até suas narinas. Um cheiro doce, que até lembrava o docinho sabor de cereja que tanto rondava a sua mente.
Estava concentrado limpando a bancada a sua frente, quando se deparou com um par de pernas e uma sandália parados próximo de onde ele estava mirando. Subindo o rosto, o mesmo sentiu o arrepio novamente e o sorriso tomar conta de lábios.
— Oi! Lembra de mim? — perguntou , sorridente para ele.
— Como poderia esquecer?




FIM



Nota da autora: Sem nota.

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