Finalizada em: 03/06/2020

Capítulo Único

Estava sentada encarando o meu reflexo, sentia as borboletas em meu estômago. Ansiosa. Era definitivamente como me sentia. Havia planejado como contaria a como me sentia. Por conta disto havia passado horas para escolher a combinação da minha roupa. Passei o gloss optando por uma aparência mais discreta. Arrumei o laço em meu rabo de cavalo e dei um giro diante do espelho admirando a minha maquiagem pinop up. É, definitivamente estava bela com meu vestido rodado vermelho, a jaqueta jeans dava o ar descontraído e o laço e o salto combinavam com vestido.
Desci as escadas animadas, encontrei e me esperando na sala. Juntas seguimos as três para o clube no qual estava sendo feito um baile em comemoração ao fim da guerra. Os soldados estavam voltando dos campos de batalha e toda a cidade estava festiva. Meu irmão voltaria ainda nessa semana, era o homem da casa desde a morte de papai e, quando foi convocado para servir, isso gerou um clima tenso. Mamãe quase não sorria, era triste ver que a mulher animada que não deixava se abater, permanecia firme diante de qualquer adversidade estava abatida me fazia sentir inútil. Queria de alguma forma trazer o sorriso de volta aos lábios dela. Nem a morte de papai fora o suficiente para derrubá-la.
Balancei a cabeça para afastar a tristeza e tentei trazer o bom ânimo. Havia conhecido um mês atrás após ele ter sido mandado para casa depois de ter sido ferido. Como trabalhava junto à minha mãe no quartel, acabei o conhecendo na ala hospitalar e, aos poucos, numa conversa aqui, outra ali, acabamos nos envolvendo e hoje estava pronta para lhe dizer o que sentia. Conseguia nos imaginar envelhecendo juntos!
Despertei de meus devaneios quando ouvi me chamar.
? Você está bem?
— Sim, só perdida em pensamentos. – Sorri para tranquilizá-las.
estacionou seu conversível próxima a entrada do clube e assim expliquei à elas o que planejava, mas no momento em que ouvi a voz de Elvis Presley em It’s Now our Never, soube que havia algo de errado e bastou olhar para a pista de dança que identifiquei dançando de modo impróprio com Cassie. A enfermeira do quartel que se insinuava de modo vulgar e, pelo o que estava vendo, havia conseguido o que desejava. Contive o impulso de seguir até lá e deixar gravado na face de ambos a marca dos meus dedos. Respirei fundo, ignorando o meu coração se despedaçar, a dor parecia física, mas sabia que não passava de algo psicológico. Segui com as meninas até uma mesa pedindo um milkshake. Ao menos provaria algo doce já que bastava de amarga a minha realidade.
— Você não vai permanecer assim só por causa daquele babaca ! – falou num tom irritado.
— Mas...
— Sem mas, nem menos, ! – falou de forma firme.
— Vocês são as melhores amigas que eu poderia ter! – Acabei sorrindo enquanto elas me puxavam para a pista para dançarmos sem preocupações.
Passamos boa parte da noite rodando pela pista as três, enquanto declinávamos com graciosidade os pedidos feitos pelos cavalheiros para dançar. Era uma noite só nossa e, já que meu coração estava partido, tinha de me reerguer. Ninguém pisava em e saía impune. e Cassie se correriam após minha superação. Teriam de lidar com a tempestade do quartel e para a infelicidade deles, era a superior de ambos.
No meio da última dança, avistei uma figura conhecida se sentar perto do canto esquerdo do clube, a farda e o cabelo mais rente á cabeça indicava que fazia parte do exército, mas nem que se passasse um milhão de anos esqueceria a face de meu irmão. Dei um grito animado e saí correndo em direção à .
— Maninho! – O abracei, sentido ele retribuir o mesmo imediatamente.
— Onde estão seus modos, ? – Ele brincou.
— Seu bobo! Você não sabe o quanto mamãe e eu estávamos preocupadas! – O respondi após bater em seus braços, ouvindo-o rir antes de me abraçar novamente.
— Senti saudades também, pequena! – Ele sorriu.
— Você fala dos modos dela, mas nem se dá o trabalho de nos inserir na conversa. – Ouvi alguém pronunciar e, em seguida, um terceiro elemento gargalhar.
Voltei meus olhos para os indivíduos que não havia notado que estavam sentados na mesma mesa que meu irmão, senti minha face corar. Dei uma cotovelada nas costelas de meu irmão enquanto virava meu rosto para o outro lado, afim de esconder minha face corada. Ouvi risos e um muxoxo de reclamando da cotovelada enquanto ele “discutia” com os presentes. Ouvi e me chamarem e as encontrei se aproximando com caras nada amigáveis, sorri desconcertada. Havia simplesmente saído correndo quando vi meu irmão sem avisá-las.
você poderia ao menos ter nos avisado... – começou a me dar um sermão quando foi interrompida pelo meu irmão.
— Senhorita , Senhorita , é bom vê-las novamente.
Segurei o riso ao ver ambas corarem com o tom galanteador de . Ele não mudara mesmo.
— Bem já que esse daqui não nos apresenta. – Apontei para . — Me chamo , mas pode me chamar de , essas são e .
— Prazer em conhecê-las, me chamo , mas pode me chamar de e esse aqui é . – abaixou o quepe em cumprimento.
— Não ouse fazer isso novamente em direção à minha irmãzinha. Ela não é para o bico de vocês! – falou num tom ameaçador o que serviu para que todos ali presentes rissem.
— Bem, garotos, foi muito bom conhecê-los, mas já deu a nossa hora. Temos que ir. – se pronunciou me dando um olhar significativo. Rolei os olhos antes de dar um beijo na bochecha de meu irmão e me despedir deles sendo seguida por .
Quando nos afastamos o suficiente dos rapazes, as duas me olharam de forma séria. Acabei rindo delas.
— Estou bem, ok? Não é porque vi com outra que meu mundo acabou. – Respondi.
— Será que seu irmão notou? – comentou enquanto destravava seu carro.
parecia aéreo. – respondeu. e eu olhamos uma para outra e em seguida para .
— Sua queda pelo meu irmão ainda permanece. – Arqueei minha sobrancelha a provocando.
— É difícil explicar. – Ela suspirou.
— Ele acabou de voltar de um cenário que não podemos imaginar, e nem sabemos o que ele passou, mas digo uma coisa, , se ele te corresponder darei o meu apoio. – A abracei e me sentei no banco de trás do conversível.
Sem mais palavras, ligou o rádio e em seguida o motor do seu Dodge. E a plenos pulmões cantamos uma música a trás da outra nos divertindo. Ao fim não fora uma noite tão ruim; havia visto meu irmão e agora ele poderia assumir o cargo do papai. Mamãe não estava conseguindo lidar, havia sido um milagre a aceitarem no quartel e ainda mais admitirem o meu cargo, lutei contra a hierarquia para conseguir o cargo de Tenente Coronel. Me vestia como uma dama fora das instalações, mas dentro não admitia qualquer A errado só pelo fato de ser mulher.

Quando entrei em casa após me despedir delas, encontrei mamãe dormindo no sofá com a farda, sorri de modo carinhoso e a cobri com a manta que costumava ficar ali, já que por mais de uma vez ela acabava dormindo por ali. Imaginei que ainda estivesse no clube, mas quando estava tirando os saltos e o laço, ouvi alguém pigarrear, peguei a pistola debaixo da penteadeira e encontrei esticado em minha cama, mas suas sobrancelhas estavam arqueadas para a pistola em minhas mãos.
— Desde quando você tem isso? – indagou.
— Uma mulher tem que se precaver. – Guardei a arma no mesmo local e, em seguida, me joguei na cama abraçando o meu irmão. — Sentimos sua falta.
— Vocês não foram as únicas. – sussurrou enquanto nos cobria. — Há quanto tempo mamãe dorme no sofá?
— Desde que assumiu o cargo que era do papai.
— Mas ela deveria... – O interrompi.
— Eu sei que deve ter passado por eventos que jamais poderei ver, mas você não foi o único que sofreu com a guerra. – Digo num tom de aviso.
— O que aconteceu? – perguntou aflito.
— Tudo aconteceu. – Digo sem muitos detalhes.
— Mas... – O interrompi novamente.
— Eu estou cansada . Essa noite não foi das melhores.
— Ok. – Ele resmungou.
— Eu te amo, bobão. – Falo antes de fechar os olhos e me aconchegar em seu peito.
— Eu também te amo, pequena. – Ele sussurra beijando o topo dos meus cabelos.
Sentindo-me segura permaneço quieta esperando um sono que não veio, os eventos que passei ainda se repetiam, somado a respiração desregulada e o aperto que meu irmão fazia, me deixou inquieta. Ele tinha sofrido muito nas trincheiras, horrores que jamais conseguiria imaginar, mas estava feliz que ele havia voltado inteiro, ou pelo menos o mais inteiro que pode. Assim que consegui me libertar do aperto dos braços do meu irmão, peguei meu uniforme e fui me arrumar. O dia seria longo e havia algo a se resolver, afinal não permitiria que minha honra fosse manchada por conta de patifes!
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— Senhora?
Virei minha cadeira em direção a quem havia me chamado, encontrando Sargento , ou melhor dizendo: patife! O filho da mãe estava com um meio sorriso convencido a delinear seus lábios, seu olhar avaliava-me em busca de informações. Com um gesto indiquei a cadeira a minha frente, a qual ele ocupou sem cerimônia.
— Primeiro: não é senhora, mas sim Tenente Coronel . – O corrigi num tom frio e autoritário.
— Vamos, , para com isso! – iniciou seu tom meloso. Contive o impulso de rolar os olhos.
— Não lhe dei autoridade para fala, Sargento! – O repreendi. — O chamei para que assine a sua dispensa. – Soltei a informação deixando que ele digerisse o que havia dito. — Não precisamos mais de seus serviços, soldado.
— Se está fazendo isso por causa da Cassie, eu posso explicar. – falou exasperado enquanto se levantava.
— A enfermeira Cassie? – Soltei uma gargalhada sem humor. — Não estou fazendo isso por motivos pessoais. – Salientei o pessoal. — A corporação não precisa de soldados quebrados!
, você sabe que aquilo não passou de uma aventura boba... – Ele se levantou apressado. — Você não precisa fazer isso! – Ele apoiou suas mãos na mesa se inclinando em minha direção. — Sabe o quanto a corporação significa para mim, o quanto você significa. – Ele sussurrou a última sentença com a respiração pesada.
— De todas as mentiras que você me contou, essa foi a que mais doeu. – Falo de forma simples, sem humor. — Fora um erro imaginar que poderia passar a vida ao seu lado, mas como todo bom patife, me manteve ao seu lado como um troféu, mas deixa eu lhe contar algo, soldado. – Me levantei e fiquei em sua frente erguendo seu queixo para que olhasse em meus olhos. — Eu desisti de você, lutar por um cafajeste não é do meu feito.
— Mas eu amo você, ! – Ele segurou minhas mãos em busca de fazer com que eu repensasse. — Você disse que me amava! – Acusou-me em seguida quando não demonstrei nenhuma emoção.
— Como eu disse, me chame de Tenente Coronel . – Frisei. — Soldado, eu desisti de você e, bem, o amor acaba. – Falei de modo frio e sorri de modo vitorioso. — O meu acabou.
Vi ele se afastar como se tivesse tomado um choque diante a minha feição impassível e, antes que ele pudesse falar qualquer coisa, meu irmão entrou arrastando Cassie pelos braços. Ela estava trajada somente com suas peças íntimas.
— Encontrei ela esperando por você sargento no meu escritório. – pronunciou a sentença com um tom frio e ameaçador.
— Eu posso explicar, General... – Cassie tentou se explicar, mas o olhar do meu irmão foi tão cortante que ela calou-se no mesmo instante.
— General, eu... — tentou, mas meu irmão o interrompeu antes mesmo que ele pudesse dar uma de suas desculpas.
— Ou você assina esses papéis e nunca mais volte para as forças armadas, ou... – Ele deixou que seu tom indicasse o que ele planejava e, pelo tom ameaçador que nunca se vira ele utilizar, entendi perfeitamente o que faria.
— Sim, senhor! — prestou continência e mais que rapidamente assinou os papéis e saiu da sala. O que ele não havia lido era que ele estava ciente que caso ele se candidatasse a qualquer força armada ele poderia ser punido por infringir à ordem do seu superior.
soltou Cassie e a olhou com desdém e nojo antes de dar um aceno indicando para que eu cuidasse dela. Contive um sorriso mediante isso.
— Cassie Ferraz Santis, você sofrerá a perda da licença para operar como enfermeira, está proibida de citar que trabalhou neste batalhão e, se infringir a ordem, sofrerá com medidas desagradáveis. – Falei calmamente, quase com tédio. Iria tirar dela o que mais amava: a medicina!
— Você está agindo assim porquê... – A interrompi.
— Primeiro, me chame por Tenente Coronel. Não pertencemos ao mesmo nível hierárquico para falar de forma tão despretensiosa. – Disse de modo superior com um leve sorriso em meus lábios. — Segundo, não lhe devo qualquer satisfação sobre meus atos, mas... – Me abaixei olhando diretamente nos olhos dela. — Você me deu a desculpa perfeita para lhe tirar tudo. – Segurei o queixo dela. — Olhe seus trajes, nem ao menos possui qualquer senso de obrigação com o seu trabalho.
A soltei sentindo nojo, me sentei em minha cadeira e guardei alguns papéis em minha gaveta.
— Está dispensada. – Pronunciei antes de lhe sorrir cordialmente.
Ela até que tentou se jogar em minha direção pronta para me ferir, mas em um instante a derrubei chutando a cadeira para o lado e torcendo seu braço atrás de suas costas.
— Não se grita antes de atacar alguém e não seja tão óbvia! – Rolei meus olhos enquanto a forçava ficar de pé novamente.
— Sua víbora! – Ela cuspiu as palavras furiosa.
— Pensou que agir de modo tão despretensioso não seria notada e punida?! – Sussurrei de modo acusatório.
, você...
Então um dos amigos de meu irmão apareceu, Coronel .
— Desculpe-me, senhoritas. – Ele então se preparou para sair, contive uma gargalhada perante a expressão que ele fizera.
— Fique, eu já acabei com isto. – Indiquei Cassie.
Retirei minhas mãos dela e indiquei para que pegasse o agasalho que estava pendurado na cadeira que usei para detê-la minutos antes, sem mais uma palavra, ela saiu da sala me deixando a sós com .
— Meu dia anda sendo um pouco fora do comum, mas o que houve, Coronel , para que viesse até o meu escritório? – Indaguei seguindo para a minha cadeira.
— Eu... – Ele travou por um instante.
— Você... – Incentivo a ele prosseguir.
— Bem, eu ia lhe indagar sobre algo a respeito do seu irmão, mas acabei a pegando num momento inoportuno.
Acabei rindo do seu jeito envergonhado, seus olhos expressavam o quão desconfortável ele estava. Estiquei minha mão e toquei na dele.
— Poderíamos dar uma volta? – Sugeri sem qualquer intenção de envergonhar o coitado.
— Contanto que não me devore vivo. – Ele brincou com um riso a escapar após ele pronunciar a sentença. Concordei sorrindo e juntos saímos do recinto.

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acabou me contando que fora à minha sala por causa de , meu irmão “ordenara” que ele fosse para averiguar se não havia cometido um assassinato. Pelo o que eu soubera, contará ao meu irmão sobre o meu envolvimento com , um erro, mas como não podia interferir no campo de batalha, ele se manteve indiferente, só que os eventos da noite passada despertaram o lado super protetor. O que levou a interferir. Por conta disto, agora se via obrigado a me contar tudo.
— Eu sinto muito que tenha visto aquela cena. – Suspirei apoiando-me na parede traseira do prédio em que ficava o centro de arquivos.
— Eu particularmente entendo o que fez, passei por uma situação semelhante. – Ele soltou sem muitos detalhes.
— Entende? – Acabei parecendo mais surpresa do que gostaria.
— Ouvi muito sobre você, . – Ele salientou a informação.
— Vejo que estou em desvantagem, então.
— Creio que está em vantagem visto que... – Ele deteve-se ao avistar se aproximar e logo atrás estava meu irmão.
— Achei vocês dois! – comemorou.
— Mamãe vai renunciar ao cargo. – se apoiou ao meu lado.
— Eu já imaginava. Ela só não fez isso antes para que não ocupassem o seu lugar, General . – Deitei minha cabeça em seu ombro.
— Mas por que ela faria isso? – comentou de forma séria. — Sua mãe sempre me pareceu uma mulher de fibra.
— E ela é, mas o peso de estar no comando não faz bem à ela. – o respondeu. — Sinto muito.
— Pelo o quê? – Comentei confusa.
— Por tudo. – Ele fora vago.
— Vamos deixá-los. – sussurrou só que e eu acabamos ouvindo.
, obrigada pela conversa, espero vê-los no jantar. – Pisquei um olho.
Ambos concordaram antes de nos deixarem à sós e, assim que eles partiram, acabei sentindo o peso da responsabilidade voltar a recair em meus ombros e isso fora demais, abracei meu irmão e deixei que as lágrimas saíssem sem qualquer impedimento. Havia guardado o choro para uma outra ocasião, mas estava ao lado do meu irmão, o meu melhor amigo. Não havia motivos para esconder o meu real estado!
— Há quanto tempo está guardando isso? – sussurrou secando as lágrimas da minha face.
— Na verdade, desde que o papai se foi. – Minha voz soou frágil até para meus próprios ouvidos. — Essa dor se intensificou assim que teve de ir à guerra. Mamãe se isolou e eu fiquei sozinha. – Respirei fundo antes de prosseguir. — É difícil lidar com os soldados, os fazerem me respeitar só porque sou tão eficiente quanto um homem é quase sempre esgotante, mas a cereja do bolo não é isso... Eu realmente me apaixonei pelo . , eu pensei que havia encontrado o cara certo, mas como fui cega!
— Hey, não é culpa sua! – Ele afagou meus cabelos enquanto me abraçava novamente. — Desde que o mundo é mundo, existe homens como ele que sempre buscarão usar as mulheres para o interesse próprio por isso não se culpe!
— Pareceu tão fácil para ele me trocar! – Sussurrei com a voz entrecortada.
— Você é rara! Não se sinta menos do que isso! – Ele elevou minha face e me encarou seriamente. — Se aquele patife não teve a decência de enxergar isso, é porque ele não era o homem o suficiente para você. , você merece alguém que enxergue o seu verdadeiro valor e não suas atribuições.
— Você é o melhor irmão que eu poderia ter! – Sorrio, me sentindo mais leve.
— E pensar em você e na mamãe fora o que me manteve são naquela tormenta.
— Eu amo você, maninho! – O abracei. — Mal consigo acreditar que retornou para casa.
— Nem eu mesmo consigo acreditar.
Acabei gargalhando com o tom que ele usara. Meu irmão e minha mãe eram tudo o que eu tinha e graças à eles eu poderia seguir em frente, se conseguia sorrir e me consolar mesmo após passar pela guerra o que era um coração quebrado?!

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Passaram-se semanas para que eu lidasse com minhas feridas, mas ver minha mãe voltar a sorrir e a “vida” fora o que me ajudara. Ela estava apenas existindo enquanto meu irmão estava longe e ela estava no comando, mas agora ela até dançava ao cozinhar, e era essa cena que admirava enquanto deixava de lado os papéis do batalhão; eram alguns documentos que me foram incumbidos de analisar. No entanto, era incapaz de fixar minha atenção por mais um minuto naqueles papéis. Mamãe dançava ao ritmo de uma canção melodiosa que ecoava de seu rádio, me mantive em silêncio, com um sorriso cravado em minha face. Estava verdadeiramente feliz. Estaria completa se papai estivesse vivo, porém aprendi a lidar com sua ausência.
Enquanto a canção soava, senti um par de braços me envolver e logo lábios macios tocar os meus, era . Ele e iam a minha casa com uma frequência fora do comum, mas como eles eram amigos de mamãe não se importava de tê-los sempre por perto e com o passar das semanas acabei me “acostumando” também.
— Eu detesto vê-lo beijando minha irmã. – Ouvi resmungar.
— Digo o mesmo sobre você e ! – Falei no mesmo tom antes de dar um selinho em . — Como fora a reunião? – Indaguei.
— Você sabe, , vários velhotes e assuntos que chegam a me dar sono! – resmungou entediado.
não vem para o jantar? – Mamãe surgiu da cozinha para ver sobre o que falávamos.
— Desde que soube que a senhorita estava livrem ele não desgruda dela. – comentou com bom humor.
e acabaram revelando o compromisso deles, oficializando num jantar semana passada, o que não era nenhuma novidade para e eu, já o envolvimento de e não era nada oficial já que ela insistia em querer verificar se ele realmente estava sério sobre os dois e, bem, eu já nem discutia mais com ela, enquanto isso e eu aproveitávamos um a companhia do outro. Estava conhecendo-o melhor, não sabia até onde iríamos, mas estava feliz com ele. Não iria entregar o meu coração a ele, ainda era muito cedo. parecia satisfeito e, bem, íamos a alguns bailes, tínhamos uns encontros nos dinners, parques, estávamos vivendo à nossa maneira e bem já quase não pensava mais em , afinal eu era rara!




Fim.



Nota da autora: Quero agradecer a todos vocês leitores, espero que tenham gostado tanto de Rare quanto eu tive o prazer de escrevê-la.


Nota da beta: Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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