01. Stack it Up

Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

estava pegando as taças de champanhe e colocando na bandeja de prata. O líquido borbulhava e suspirou, limpando o suor de sua testa com a barra do avental branco que usava por cima do vestido tubinho preto.
No salão principal, Liam era quase que paparicado por qualquer pessoa do sexo feminino, algo que ele adorava. Todas queriam saber sobre sua viagem de dois meses em uma aventura na Austrália, e, automaticamente, vendo as fotos da viagem.
O fato dele ser filho do anfitrião daquela festa o deixava em maior prestígio, atraindo olhares que alimentava seu ego, já inflado.
- Champanhe? – indaga e Payne olha para ela com um sorriso, que ela interpretou com malícia, e segurou a vontade de socar o rosto que valia milhões de dólares. Se deu o direito de bufar e rolar os olhos quando virou de costas, caminhando para outro grupo de pessoas não tão distante dali.
- Gata? – Zachary, melhor amigo de Liam, pergunta, e o homem desvia o olhar da garçonete, que entrou na cozinha novamente.
- Sim, é. – Payne responde, pegando um morango e colocando na boca.
A música que tocava nas caixas de som foi interrompida e logo um holofote iluminou o palco, onde Steve Payne entrava com uma salva de palmas de todos os presentes dali.
- Boa noite à todos aqui, presentes, nesse evento! – Steve exclama. – Eu fico lisonjeado de estar aqui, mais um ano, a frente da minha empresa. Obrigado por virem à recepção do mais novo presidente da empresa, meu único filho, Liam!
Liam sorriu, acenando para algumas pessoas que o olharam.
A movimentação esquisita no canto do palco lhe chamou a atenção. A mesma garçonete que lhe atraiu a atenção estava ali, olhando para Steve de braços cruzados.
- O que você fez com o meu pai? – indaga com um grito, interrompendo o discurso do homem sobre o uso de energia limpa.
O silêncio no salão era tenso. subiu no palanque e pegou o microfone da mão do anfitrião.
- O que você fez com meu pai, Lewis ? – pergunta. – Você o matou! Ele morreu por SUA causa, Steve Payne. E o que você faz? Manda um cartão de luto e um cheque que não cobre nem metade dos anos que ele trabalhou na empresa! Você é um monstro!
- Eu não sei do que você está falando. – Steve responde, endireitando a gravata azul marinho. – Seguranças?
Dois homens pegaram pelos braços, arrastando-a para fora do palco. Liam não pensou duas vezes antes de segui-los, encontrando o trio na parte de trás do salão, num beco sem saída.
- Podem deixá-la. – Liam fala, atraindo o olhar dos três quase que ao mesmo tempo. – Eu quero conversar com ela.
Os dois homens saíram e ela bufou, endireitando a roupa que usava.
- Você vai fazer o quê? – pergunta, olhando em deboche para o homem de terno e gravata. – Me dar mais dinheiro? Ou vai mandar me matar, como seu pai fez com o meu?
- Eu apenas quero conversar, está bem? – Liam pergunta. – A senhorita fez uma grave acusação lá dentro. Se não for provado, poderá ser processada por calúnia!
- E você acha que eu estou mentindo? – a indaga, pegando um maço de cigarros no bolso do vestido. – Você não precisa ficar aqui defendendo seu pai, você não é o advogado dele.
- Mas eu sou o filho e, querendo ou não, isso cai em cima de mim. – Payne responde. – O que você diria se seu pai fosse acusado de um crime que ele claramente não cometeu?
- Claramente? – pergunta, rindo em escárnio. – Seu pai é o cara bom? Ou nada além dos milhões da empresa lhe interessa?
- Bilhões. – Liam corrige. – Mas que seja, isso não importa. Só acho que...
- Olha, Liam, né? – pergunta, tragando o cigarro e soltando a fumaça para o alto. – Eu não estou querendo ouvir sua tese de defesa para seu pai, pegue provas do crime e investigue por si só. Vai abrir sua mente.
Payne suspira, apoiando o corpo no muro pichado. O céu estava com poucas nuvens e ele esticou a mão, quase num pedido silencioso de um cigarro. cedeu um, acendendo o mesmo com seu isqueiro.
Eles ficaram em silêncio por longos minutos, apenas aproveitando a brisa fresca e descontando toda a angústia que sentiam no cigarro.
- Eu vou voltar para a festa. – Liam resmunga. – Pense no que eu falei.
- Não, eu não vou pensar. – responde. – Eu vou provar que seu pai é o verdadeiro culpado de tudo isso.
Liam apenas balançou os ombros e, tirando alguns flocos de neve dos seus ombros, seguiu para dentro do salão, aproveitando o restante da festa com a pulga da dúvida em seu ouvido. Zac até mesmo evitou falar com ele, já que ele estava aéreo, pensando no que a mulher falou.
E se seu pai fosse o verdadeiro culpado? Não, não poderia. Steve jamais mancharia a própria imagem com um crime tão hediondo. Apesar de tudo, ele era vaidoso, e sua reputação era o que mais lhe importava.
- Você vai se aproximar dela. – essa foi a primeira coisa que Steve falou quando a festa acabou. Liam arregala os olhos, em dúvida. – Quero que você trabalhe para descobrir que eu não sou o culpado de nada disso.
Liam suspirou profundamente, balançando a cabeça em afirmativa. Steve sorriu abertamente, dando tapinhas no ombro do único filho.
- Amanhã mesmo você começa!
(...)

Liam abriu a porta da sorveteria numa das ruas mais movimentadas de Londres. Era o horário de pico, onde adolescentes estavam amontoados em mesas e dividindo casquinhas de diversos sabores. Crianças estavam se lambuzando com as caldas e com os confeitos coloridos que era oferecido.
estava no caixa. O chapéu de marinheiro combinava com a blusa listrada em branco e azul marinho e a saia rodada vermelho sangue. Ela bufou ao ver Liam ali, na sua frente, com um sorriso cínico.
- Boa tarde, o que deseja? – indaga com um sorriso forçado no rosto, que estava aparecendo mais do que na noite anterior, quando os fios soltos de uma franja estavam tampando seus olhos.
- Duas casquinhas de menta com chocolate. – ele responde, pegando o dinheiro na carteira em seu bolso. – E sua companhia.
- Ah, o quê? – ela indaga, anotando os pedidos no computador.
- Sua companhia. – ele repete em tom de obviedade. – Eu quero conhecer você, .
- Seu papai mandou você aqui? – ela indaga na defensiva, anotando o nome dele na nota fiscal. – Ou você está fugindo da babá?
- Eu não tenho babá desde os quinze. – Payne resmunga, formando um vinco entre suas sobrancelhas. – E eu vim por pura e espontânea vontade. Ou você vai me barrar de ser atendido nessa sorveteria? Ela é sua?
rolou os olhos em resposta e Liam sorriu em vitória. Ela montou o sorvete dele, cada um com duas bolas, e entregou para o homem, que esticou o segundo de volta para ela.
- Eu falei sério quando quis sua companhia. – Liam retruca.
- Mas, não sei se você percebeu, mas eu estou trabalhando. – ela responde.
- Quanto você ganha por hora? – Payne pergunta, abrindo a carteira em seguida, tentando segurar a casquinha de sorvete para que a mesma não caísse.
- Não, você não vai pagar pela hora que eu trabalho. – responde. – Desiste, homem. Eu não vou poder fazer serviço de babá, vai ter de encontrar outra.
Liam bufou, pegando de volta a casquinha e indo parar numa mesa, afastado o suficiente de para poder examinar a mulher.
Ela era linda. Os cabelos como a noite eram apenas a ponta do iceberg de toda a beleza que ela tinha, apesar de Liam querer negar para si mesmo que ele poderia encontrar pessoas mais bonitas.
Os olhos, , eram misteriosos. Carregavam muito além do que a sua mente poderia examinar. Tinha um segredo ali. Um que ele jamais saberia.
Ela tinha um sorriso bonito, mesmo quando dava sorrisos irônicos para ele durante sua sessão de análise alheia. Quando ela sorria para uma criança que pedia mais calma, ela sorria de verdade, e Liam podia notar que era bonito.
Em resumo, era mais bonita. Ou até mesmo ajeitada.
Payne só percebeu que estava ali há horas quando viu limpar a mesa três, dois passos de distância dele.
- Vai ficar aqui até que horas? – ela pergunta em voz alta. – Quer falar com o gerente?
- Eu quero conhecer você. – Liam responde sem papas na língua. rolou os olhos de modo quase teatral. – Eu falei sério.
- Liam, você não vai fazer sua pesquisa de campo comigo. – ela responde. – Eu não sou uma garota idiota que vai acreditar que você está aqui sem intenções, sozinho, sem um gravador para mandar pro seu pai.
Payne levantou da cadeira de ferro e esvaziou os bolsos, desligando o celular rapidamente.
- Eu não vou fazer nada. – ele fala. – Eu só quero saber de você. Sobre sua vida.
- O que o Riquinho Rico quer com uma pobretona? Fazer caridade? – a indaga, parando na mesa dele.
- Eu te achei bonita. – ele resmunga, tentando encontrar os olhos dela. – Eu te acho bonita.
- E você tomou ciência de descobrir onde trabalho? – pergunta. – Você é do FBI?
- Não, mas eu liguei para o buffet e pedi sua ficha. – ele responde com um balançar de ombros. – Eles me deram com tanta rapidez.
- Claro, o filho do segundo homem mais rico do Reino Unido. – ironiza. – Eles seriam capazes de negar até para o príncipe William!
- Nem tanto! – Liam fala acanhado. – O príncipe ainda tem mais um pouquinho de moral.
- Ah, você acredita? – ela indaga, dando um sorriso de lado. – Então você paga meu jantar.
- Em qualquer lugar que você quiser eu vou. – Payne fala. – Eu e você apenas.
- Me dá seu celular. – ela dá meia volta, esticando a mão direita para o homem. – Precaução. Não suportaria ser gravada sem querer.
- Por que tanto medo de ser gravada? – Payne pergunta enquanto a vê caminhar para de trás do balcão.
- Não é medo, isso é invasão de privacidade! – ela exclama. – O que você faria se estivesse saindo comigo e eu gravasse tudo e mandasse para terceiros? Só para provar que saiu comigo?
Liam suspirou, sabendo que ela estava certa. Detestava ter sua privacidade ser invadida por repórteres inconvenientes e por pessoas aproveitadoras de seu status. Apesar de todo o dinheiro e de todo o poder que ele tinha, ele ainda era um ser humano como qualquer outro.
voltou minutos depois com uma calça jeans, uma blusa preta, uma jaqueta jeans e tênis nos pés, além de uma mochila nos ombros.
- Você quer que eu diga pra onde ir ou você quer fazer um charme? – ela pergunta em escárnio, sorrindo para o homem. – Um restaurante caro?
Liam apenas saiu do estabelecimento seguindo a mulher. Os dois entraram no carro dele e Payne dirigiu até um pequeno pub, distante da sorveteria, mas não longe o suficiente para se perder.
- Você vai beber? – pergunta assim que entra, sentindo o cheiro de cerveja, fritas e tabaco, cada um em diferentes proporções. – E quem vai dirigir?
- Eu não bebo por hoje. – ele responde, apontando para uma mesa perto do pequeno palco. – Mas pede o que quiser. Eu vou pedir fish and fries.
- Não tem graça eu sair com você e você não beber. – responde, pegando o cardápio em cima da mesa. – Então eu fico sem beber.
- E quem sabe, na próxima, nós dois bebemos? – ele pergunta, escancarando seu flerte, fazendo a gargalhar.
- Nem sabe se vai ter próxima, amigão. – ela responde.
Os dois beberam suco de laranja junto com as duas pequenas porções, uma para cada, de peixe frito e batatas fritas. Liam descobriu aleatoriamente que ela era irlandesa, e que tinha uma família de mestres cervejeiros que atravessava gerações. descobriu, também, que Liam era de descendência italiana, e que ele falava o idioma quase que muito bem, já que aprendeu durante a infância e parte da adolescência.
- Você sabe que o seu pai é responsável pelo derramamento de óleo na Amazônia? – pergunta, brincando com o molho que havia em seu prato. – Não sabe?
Liam rola os olhos. Se fosse para suportar tudo aquilo, merecia uma gota de álcool, mas estava fora de cogitação, já que ele estava dirigindo, e, não queria causar uma impressão ruim.
- Pesquise assim que chegar em casa. – responde. – Seu pai deve milhões ao governo e, até hoje, nada foi feito.
- Me conte sobre o seu pai. – ele muda o rumo da conversa, trocando olhar com a mulher quase que por cinco segundos. – Quem ele era?
- Engenheiro ambiental, trabalhou com seu pai por anos. Ele era o melhor homem do mundo! E me apoiou até o fim. – ela responde, suspirando em seguida. – Mas eu não vou falar muito dele, se não fico até amanhã.
- Eu não ligo de ficarmos até amanhã. – Payne responde.
- Mas eu sim, Riquinho. – ela ironiza. – Eu trabalho. Não tenho como acordar onze da manhã de ressaca moral.
Passaram mais um tempo ali, até Liam deixar no metrô. Segundo a garçonete, ele não poderia ir levá-la até em casa, já que era invadir seu espaço pessoal e eles nem mesmo se conheciam direito para isso. Se despediram com apenas um aceno sem graça e rápido, e Liam bufou antes de arrancar com o carro dali e ir direto para casa.
- Não arrancou nada? – Steve pergunta, batendo na mesa de vidro escuro. – Que inferno!
- Ela é mais inteligente do que aparenta. – Payne responde em voz baixa. – Eu preciso de mais alguns dias.
- Quantos forem necessário. – ele responde. – Eu só quero tirar isso de foco.
Steve saiu do quarto de Liam em passos apressados e fortes, fazendo o barulho ecoar pela casa. Payne pegou seu computador e entrou no Google, digitando sobre seu pai e a floresta amazônica. Ignorou aquilo e antes mesmo da pesquisa mostrar os resultados, Liam fechou tudo e desligou o computador, indo até o andar de baixo e pegando uma cerveja na geladeira.
Ele precisava pensar em outra maneira de se aproximar.
(...)

saiu da faculdade com dez minutos de antecedência. Era aquele dia da semana em que as aulas acabavam mais rápido do que o normal.
Se surpreendeu ao ver a BMW parada ali, com Liam do lado de fora e uma rosa vermelha em sua mão esquerda. Já havia passado cinco dias desde que saíram e ela quase se esqueceu de como era ver aquele homem.
A barba dele havia crescido um pouco desde que se viram e ele usava uma camisa de gola polo, mostrando as tatuagens nos braços e nas mãos, além do relógio que parecia custar mais do que os empréstimos estudantis de .
- O que é isso? – ela pergunta, tentando não soar indelicada. – O que você faz aqui, Riquinho?
- Eu descobri com o pessoal do seu trabalho que você estuda aqui. – Liam responde. – E isso é para você. Exagerei no clichê?
- Muito! – ela exclama em resposta. – Mas obrigada. Eu achei que tivesse sido bem clara que não teria uma próxima vez.
- Não teria uma próxima vez pra gente beber suco. – ele responde com um sorriso convencido. – Pede um Uber.
arqueia a sobrancelha, mas aceitou o pedido. Quando o carro chegou, eles foram no banco de trás para o mesmo pub de quase uma semana atrás. Liam nem mesmo escondia o sorriso crescente em seu rosto, sentindo uma ansiedade desconhecida dele por estar saindo com .
- Você está preparado para beber? – pergunta. – Tem que ter fígado.
Liam pediu os dois primeiros copos. Eles emendaram num assunto junto do outro, quase não terminando as conversas, e fazendo as cervejas esquentarem. Ele pediu mais outra dose.
- ? – a reconheceu aquela voz quase que automaticamente, virando seu corpo para ver de quem se tratava.
- Rebecca? – a indaga, abraçando a ruiva rapidamente. – O que faz aqui?
- Encontro. E você? Encontro também? – Becca pergunta, olhando para a mesa e acenando para Liam, que retribuiu. – Um gato!
- Mas não é um encontro. – ela responde. – Ele só está se aproximando.
- Então não tira ele da reta. – Rebecca responde. – Podemos nos sentar com vocês? O bar está lotado!
e Liam trocam olhares rapidamente e a assente, liberando as duas cadeiras para o casal.
pôde conhecer Julian, namorado de sua amiga. Ele era professor de matemática e dava aulas para o ensino fundamental. Ele e Liam logo entraram num assunto sobre números que nem nem Becca quiseram participar, entrando em seus próprios assuntos.
A noite passou e Liam só percebeu que não queria ir embora quando seu Uber estacionou em frente ao pub. Se despediu do trio com um aceno e, da janela traseira, sorriu para , que não retribuiu, rolando os olhos e acenando. Mas, assim que ele sumiu na esquina, ela se permitiu sorrir, sentindo o enjoo que a mistura de cerveja e a gordura das batatas havia ocasionado.
Payne chegou em casa mais uma vez, sentindo seu estômago se retorcer. O pai estava na sala de estar e nem se abalou ao ver o filho chegar. Liam subiu as escadas e tomou banho, pegando em seu celular pela primeira vez desde que a noite começara.
A notificação de que havia seguido seu Instagram o fez sorrir ladino. Viu as fotos no perfil da moça, que, em sua maioria, era foto de paisagem, animais ou comida. Seguiu seu perfil de volta, curtindo a última foto que ela postara, uma selfie dela e de Rebecca no banheiro feminino. Comentou um coração de emoji e desligou o celular, se entregando ao sono tranquilo que ele não tinha há muito tempo.
(...)

Liam estacionou o carro em frente ao zoológico. , no banco ao seu lado, estava sorridente, animada como uma criança de seis anos.
Já havia passado um mês desde que eles estavam próximos, e, o máximo que Liam conseguiu até então, foi duas curtidas em suas fotos. A vida de e de seu pai era um completo enigma para ele, mas que ele estava adorando desvendar.
Eles já trocaram algumas mensagens na rede social. Como o encontro que teriam hoje, onde iria ajudar a alimentar os pinguins e assistir uma palestra sobre a vida selvagem na Antártida, o que parecia ser chato para Liam, mas era quase que ir para a Disney pra .
- Você vai alimentar os pinguins também? – o funcionário pergunta para Liam, que, iria negar com a cabeça, se não fosse por interrompendo-o para dizer:
- Sim, ele vai!
Payne suspirou e arqueou a sobrancelha em dúvida, fazendo sorrir.
Depois de estarem equipados, os dois foram para a área dos pinguins. Liam foi o primeiro a quase levar um tombo, apoiando-se na , que não conseguiu conter o riso alto, algo comum de . Pelo menos, foi algo que ele notou.
- Nunca patinou no gelo, Riquinho? – ela indaga enquanto vê a dificuldade do homem de se locomover. – Não tem uma pista só para você?
- Eu vou ignorar suas piadinhas de péssimo gosto. – Liam responde enquanto bufa. – Por que você não tira esse estereótipo da sua cabeça?
sentiu as bochechas queimarem de vergonha, olhando nos olhos castanho mel do moreno. Ela não sabia se o arrepio causado foi por conta do frio, ou da intensidade dos olhos de Liam.
- Eu vou parar com as piadinhas. – ela resmunga, virando de costas para ele. – Mas posso continuar te chamando de Riquinho?
- Tudo bem, eu aceito seu apelido carinhoso. – ele ironiza, rindo em seguida.
Depois de meia hora alimentando os pinguins e de Liam não conseguindo desviar sua atenção e, em partes, admiração por , e de uma palestra de mais de três horas, os dois resolveram almoçar.
O sol brilhava enquanto Liam dirigia pelas ruas da cidade com o informando sobre cada passo.
Pararam de frente para um prédio de quatro andares. Uma construção antiga e bem conservada, com um pequeno jardim do lado de fora, que, naquele momento, era regado pelo porteiro.
- O quê? – Liam indaga.
- Bem-vindo ao meu apartamento. – ela o responde, pegando a mochila nos pés. – Vamos?
- Você vai cozinhar? – Payne pergunta enquanto sai do carro, dando a volta para que pudesse, pelo menos uma vez, mostrar o pouco de cavalheirismo que sua mãe lhe ensinou, mas foi mais depressa.
- Tem medo? – ela pergunta, caminhando para o elevador.
- Não, eu acho. – Liam resmunga. – Preciso ficar com medo?
Ela nega, apertando o número três. As portas de metal se fecharam e eles seguiram em silêncio por longos minutos, apenas olhando para as portas fechadas.
Quando entraram no apartamento, Liam achou o apartamento aconchegante. Fotos e plantas estavam espalhadas pela sala de estar, que também era o quarto dela. Pequeno e aconchegante, dando sensação de casa.
- Eu posso fazer uma massa para a gente. – joga a jaqueta no braço do sofá. – E você me ajuda.
- Por que eu? – Liam pergunta assustado.
- Porque você é o único que está aqui, agora. – sorri.
Eles foram para a cozinha, que mais parecia um corredor estreito. Enquanto Liam cortava os tomates para fazer o molho e cozinhava o espaguete, eles esbarravam de vez em quando. Ela passava o corpo tão perto do dele que ele conseguia sentir o cheiro de shampoo de babosa nos cabelos dela, um cheiro tão delicioso quanto o cheiro da comida.
- Você não se atrapalhou tanto quanto eu pensei. – a gargalha da careta do homem. – Pelo menos saiu com os dedos ilesos. Você já sabia cozinhar?
- Só me aventuro um pouco na cozinha. – ele responde sorridente. – Eu posso fazer uma comida espanhola pra nós dois, qualquer dia. Você só precisa ir para casa comigo.
A última frase causou um arrepio no corpo de . Ir para a casa de Liam estava fora de cogitação, já que Steve Payne estaria lá, no andar de baixo, sendo prepotente como sempre foi, e aquilo não lhe dava uma boa sensação.
- Eu vou adorar. – ela resmunga. – Agora, quer um vinho? Ou um suco de uva?
- O suco parece tentador. – Payne responde com um sorriso quase galanteador, fazendo a mulher sorrir em resposta. – Podemos colocar em taças?
- Eu vou ficar devendo as taças. – ela responde. – Mas pode ser em duas canecas de Star Wars.
- Perfeito! – O homem levanta o polegar. – Velas? Piegas?
- Só um pouco piegas, mas estão na segunda gaveta do armário do banheiro. – ela responde. – São aromáticas.
Liam voltou dois minutos depois com duas velas com cheiros distintos nas mãos. Colocou no centro da mesa e foi a responsável por acender as duas.
- Eu achei um charme aquilo no seu banheiro. – Payne apoia o corpo no batente da porta. – A calcinha com estampa de ursinhos. Um charme. Você usou quando nos conhecemos?
- Ainda não chegamos nesse grau de intimidade para você saber qual calcinha eu estava usando. – ela responde com as bochechas vermelhas.
- Se te serve de consolo, eu estou usando agora mesmo uma cueca de Bob Esponja. – Liam responde. – Quer ver?
negou com a cabeça, servindo os dois pratos com uma quantidade igual para cada. O queijo ralado foi por cima e eles se sentaram, um de frente para o outro, com uma garrafa de suco de uva entre eles, duas velas aromáticas e canecas de Star Wars.
E Liam, apesar de tudo, achou que aquele era o jantar mais romântico que ele já pôde ter em sua vida.
Eles jantaram em meio a conversas aleatórias sobre o dia deles. Ao ouvir falar sobre a faculdade, Payne não conseguia conter o sorriso, apoiando seu queixo na mão e prestando atenção em cada palavra.
Payne foi o responsável por lavar a louça usada, seguindo para a sala de estar em seguida com a garrafa de suco na mão esquerda, enquanto a mulher levava as canecas.
- Não foi tão ruim assim, foi? – a indaga com um sorriso ladino. – Não teve luxo, não teve taça chique.
- Mas foi perfeito do mesmo jeito. – ele resmunga, segurando o rosto da mulher com as duas mãos, olhando para seus olhos tão profundamente que ele quase ficou sem fôlego. – Você é demais, .
E, como se fosse uma surpresa, ele não sentiu que estava mentindo. Na verdade, ele parou de mentir há muito tempo, quando percebeu que ela era diferente de tudo aquilo. De todas as mulheres com as quais ele se relacionou ao longo dos anos.
- Eu quero sua permissão. – ele resmunga, passando o polegar pelos lábios da garota, que estava com os olhos fechados, aproveitando o afago. – Eu quero saber se eu posso beijar você.
Quando balançou a cabeça positivamente, Liam não perdeu tempo, acabando com toda e qualquer distância de seus corpos. Suas mãos desceram para a cintura dela, apertando-a de modo que não pudesse deixá-la fugir. As mãos de dançavam pelo tronco do homem, parando na nuca.
Quando eles se separaram, Liam sorriu, beijando a testa da mulher. E, sentindo seu coração acelerar, ele percebeu que estava sim, caindo num sentimento que não teria volta.
Talvez, mas apenas talvez, ele não quisesse voltar.
- O suco de uva te deixou irresistível. – Payne brinca com a voz baixa, fazendo sorrir e rolar os olhos. – Quero dizer, mais irresistível.
- Eu estava usando aquela calcinha. Quando nos conhecemos. – ela confessa, mexendo no cabelo, não perguntando o porquê de ainda estar nos braços de Liam.
- Então estamos nesse grau de intimidade? – Liam pergunta, mexendo com uma mecha do cabelo dela. – Quer mais algum grau?
- Não, Riquinho. – ela corta, rindo em seguida. – Podemos apenas conversar?
Payne concorda, sentando no sofá. Suas mãos estavam entrelaçadas entre si, e desenhava com a unha do dedo indicador o formato da tatuagem de Liam.
- Qual seu maior segredo? – pergunta após algum tempo, olhando nos olhos de Liam. – Aquele que você esconde de todos.
- Eu não quero cuidar da empresa de meu pai. – Liam admite, num sussurro, olhando para o tapete embaixo de seus pés. – Eu não quero aquilo. Mas, já foi destinado desde que eu nasci e, com muita sorte do destino, virei filho único. Qual o seu maior segredo?
pondera, sentindo os olhos de Liam queimarem a sua pele, como se fosse possível.
- Eu nunca fui tão afim de alguém. – murmura. – Até conhecer você.
Algo fez o peito de Liam saltar. Ele não conseguiu esconder o sorriso, puxando-a para si e beijando seu rosto todo, até parar em seus lábios e, pela segunda vez na noite, sentir que seu coração estava prestes a explodir.
- Eu também, . – Liam admite entre um selinho e outro.
E, mais uma vez, ele não mentiu, o que lhe causaria problemas com seu pai.
(...)

ouviu os toques na porta e sorriu, terminando de passar seu gloss para ir encontrar com Liam.
Aquele seria o primeiro encontro dos dois desde aquela noite, em que eles terminaram com cada um em sua casa e sem clima esquisito. Liam pediu para levar a garota até um restaurante que ele gostava e ela, com relutância, aceitou. Apesar de confiar no gosto do homem, eles eram de mundos diferentes.
Enquanto ele comia do bom e do melhor, não tinha isso. Comia o que dava em sua pequena dispensa.
Abrir a porta e dar de cara com Steve Payne não fazia parte dos planos da garota, que, até tentou fechar a porta, mas foi barrada pelo próprio homem.
- Eu só quero conversar com a minha nora. – ele debocha. – Não posso?
- Não, eu não quero conversar. – ela responde.
- Então só me ouve. – Steve responde. – Você vai sair com o Liam, certo?
- Não interessa. – responde.
- Eu sei que não, pra mim, nada de interessante, mas pra você, seria. – ele fala. – Você sabia que ele só se aproximou pelo meu interesse em suas calúnias sobre mim?
- Não são calúnias! – ela protesta. – Eu nunca falei alguma mentira.
- Que seja, Liam só se aproximou por isso. Eu o mandei vir até aqui. – Steve fala. – Ele mesmo pode falar. Quer ouvir?
O estômago de se retorceu ao ouvir a voz de Liam, no gravador do celular, falando que iria se aproximar por aquilo. A mulher sentiu seu coração partir em pedacinhos, enquanto uma lágrima descia.
Seus olhos seguiram para o fim do corredor, onde Liam carregava numa das mãos um buquê de margaridas. Ver o pai sorrindo junto de chorando despertou nele alguma coisa que ele não saberia explicar, mas era ruim. Era bem ruim.
- O quê? – Payne pergunta em voz baixa.
- Eu estava contando sobre seu plano. – Steve responde. – ficou interessada em saber sobre sua aproximação dela.
- ... – Liam resmunga, tentando se aproximar dela, que o empurrou. – Por favor...
- Não me chame assim! – ela vocifera. – Você já conseguiu se aproximar de mim, não foi? Então pronto. Pode ir embora e rir para seus seguranças sobre a porra da garota idiota que você estava tentando passar para trás.
- Eu admito, eu quis me aproximar dessa forma. – ele responde. – Mas isso foi antes. Antes de eu conhecer você e me apaixonar. Eu me apaixonei por você, , me apaixonei por tudo que você é e representa. E eu não menti quando falei para você que sou afim de você.
- Que linda cena de romance. – Steve fala.
- Você me perdoa, ? – Liam pergunta, ajoelhado, segurando na barra do vestido da garota, que ainda não conseguia olhar para ele.
Ela nunca se sentiu tão usada. Admitir pra Liam que sentia algo por ele foi quase como confessar um pecado para o padre. Parecia estar contando um segredo de estado.
- Eu sinto muito, mas não consigo. – ela resmunga. – Não agora.
E ela fechou a porta, deixando Steve para trás com um sorriso vitorioso no rosto e Liam ajoelhado com lágrimas nos olhos.
- Vamos para casa, meu filho. – Steve sussurra. – Lá, você tem muita coisa melhor.
E, mesmo a contragosto, Liam se levantou, seguindo para fora do prédio com o pai, que abraçava seus ombros e dizia palavras que, para ele, seriam de conforto.
Mas, apesar de tudo isso, Liam não queria aquilo. Ele queria estar junto de . E não descansaria até conseguir.
(...)

abriu a porta e viu Rebecca ali. A mesma segurava uma sacola de uma loja de grife na mão direita e, ao ver a amiga, a abraçou com toda a força que podia.
- Você já viu a televisão? – Becca pergunta enquanto entra no cubículo. – O jornal?
- Não, eu não liguei a televisão hoje. – ela responde, sentando no sofá em seguida. – Por quê?
Rebecca pegou o controle e, ao ligar a televisão, colocou no canal onde passava o jornal que ela havia visto no salão de beleza, antes de atravessar a cidade para ir até onde a amiga morava.
Ao ler que Steve Payne foi preso por homicídio doloso triplamente qualificado, arregala os olhos. Aumentou o volume da TV ao ver Liam ali, com a barba maior desde a última vez que se viram, um mês atrás.
- Uma pessoa que eu amo queria que esse crime fosse julgado de maneira correta e que a pessoa pagasse pelo crime que cometeu. Eu só fiz a minha parte e colaborei com as investigações. – Liam fala. – Eu descobri da pior maneira que meu pai não é um santo, mas não me arrependo.
O coração de disparou ao ouvir aquela pequena palavra com quatro letras. Ela preferia acreditar que ela era a pessoa que ele citou indiretamente.
- Eu preciso falar com ele. – ela resmunga, tirando os olhos da TV pela primeira vez. – Eu não posso ficar aqui.
- Me disseram que ele vai dar uma entrevista coletiva no salão onde foi a festa. – Rebecca responde. – Onde você trabalhou.
levanta e, em cinco minutos, estava com uma roupa apropriada e com os cabelos arrumados. Ela pediu por um Uber, que a deixou na porta do local rapidamente.
Ao entrar, viu o local vazio, sem cadeiras espalhadas e sem pessoas espremidas ali, querendo uma foto do mais novo presidente da empresa.
- Você veio mesmo. – Liam fala, assustando , que o viu parado na porta que dava para a cozinha. – Sua amiga sabe mesmo te convencer.
- Sinto muito pelo seu pai. – responde, aproximando de Liam vagarosamente. – Deve ter sido uma barra e tanto.
- Eu devia isso a uma pessoa. – ele responde. – A pessoa que eu amo.
- E quem é essa pessoa? – pergunta, olhando dentro dos olhos de Liam.
- É você. – ele resmunga, colocando suas mãos no rosto dela. – E foi por você que eu vendi a empresa. Ou você acha que eu queria presidir a empresa que foi acusada de um crime contra um homem que, inesperadamente, é o pai da minha namorada?
- Espera! São muitas informações ao mesmo tempo. – ela responde, ouvindo a risada do inglês. – Você vendeu? Sua namorada?
- Sim, eu vendi. E, sim, eu espero que você seja a minha namorada. – ele responde. – Você pode pensar no pedido, pode negar.
- Riquinho, eu aceito ser sua namorada. – ela admite em uma voz baixa, interrompendo o homem que iria beijá-la. – Mas, sem mentiras e segredos. Sem um motivo podre para você namorar comigo.
- Nunca mais, . – ele responde. – Agora, eu posso te beijar? Eu estava sentindo tanta falta!
E, quando acabou com a distância entre eles, ela percebeu que não deveria ter saído dali. Não dos braços dele. Não dos beijos de Liam.


Fim



Nota da autora: Eu amo essa música demais. Aí, quando eu consegui essa música, a ideia veio quase de imediato! Espero que vocês tenham gostado tanto quanto eu gostei de escrever. Espero que tenham gostado desse casal como eu gostei. Me contem nos comentários o que vocês acharam, por favor?



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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