Fanfic Finalizada


1 - Put on your war paint

— Você devia ter feito atividades além das obrigatórias. Com essa lista de extracurriculares, é provável que você tenha que terminar ano que vem — o coordenador falou.
— Nem pensar! Eu não posso adiar a minha formatura em um ano por causa de horas complementares! Eu sempre passei em todas as matérias, tem que ter algum jeito! — rebati, tentando disfarçar a minha irritação.
— E você esperou até estarmos às vésperas do último semestre para fazer isso? Francamente, , por que você não participou de todos os eventos que a faculdade ofereceu durante o curso?
— Eu sou muito ocupado — respondi, sem graça. Na verdade, esses eventos eram um pé no saco, e eu tinha bem mais o que fazer, tipo, dormir e jogar Batman Arkham.
— Você pode procurar um estagio extracurricular para essas férias e entregar as resenhas da bibliografia complementar. Posso contar duas horas por cada resenha — o coordenador respondeu.
— Só duas horas por cada uma? Eu preciso de 95! Qual é! Será que você não pode arredondar de duas para dez? Ou talvez vinte?
— Sinto muito, , não posso te ajudar.
— Com licença? — uma garota alta e bonita interrompeu a minha conversa (ou deveria chamar de lamentação?) com o coordenador do curso de Jornalismo da faculdade em que eu estudava. No caso, o meu adorado curso, que, aparentemente, precisa de mais horas extras do que eu serei capaz de oferecer para me formar este ano. — O senhor é o professor Wagner?
— Sim — o coordenador respondeu. — Pode entrar e sentar-se. Sinto muito, , mas acho que podemos encerrar o nosso assunto por aqui.
Quase deitei e chorei na mesa do coordenador. Sério que iam me fazer esperar um ano só para completar o formulário de horas extracurriculares? Só porque eu, talvez, tenha faltado em algumas palestras monótonas e fugi de extensões aos finais de semana como o diabo foge da cruz? Que injustiça.
— Meu nome é Joana, sou estudante do terceiro ano de Serviço Social e nós estamos criando um projeto para apresentar no final do ano como avaliação. Temos que escolher uma causa social e defendê-la. Nós estávamos pensando em criar um pequeno documentário para o trabalho, só que nós não temos o material para isso, então eu falei com a Dona Cidinha, e ela disse...
— Disse pra você vir falar comigo e ver se eu posso emprestar algumas das câmeras do meu departamento? — meu coordenador interrompeu, com um sorriso discreto.
— Microfones também seriam úteis. — Joana deu de ombros.
— Bem, eles são propriedade da faculdade, então não posso negar, senhorita Joana. Só vamos precisar documentar o seu empréstimo. Aliás, vocês sabem usar aparelhos de mídia?
— Hm... — a garota hesitou. — Tenho certeza que vamos conseguir.
Foi aí que tive uma ideia genial:
— Eu posso ajudar! — sorri.
— Ótimo! Quem é você? — Joana perguntou como se tivesse percebido que eu estava ali.
— Meu nome é . Escute, senhor Wagner, eu posso ajudar o grupo de Serviço Social. Tenho certeza que isso deve valer várias horas extras.
Meu coordenador me encarou, por um segundo, entendendo em que eu queria chegar.
— Ok, se assim todos ficam felizes. Mas você vai precisar entregar relatórios escritos para que eu possa validar as horas cumpridas — ele respondeu, por fim, e eu tive vontade de dançar o mambo, e gritar que estava de volta ao bonde da graduação. — Vou separar alguns materiais, e a senhorita Joana pode passar aqui para pegá-los amanhã, certo?
— Obrigada, professor — a menina alta agradeceu e saiu do escritório do coordenador. Eu agradeci ao coordenador e saí apressado para seguir a menina. — Joana, não é? Eu estou no último ano de Jornalismo e preciso de horas complementares para poder me formar. Sou bom com câmeras e posso ajudar com a edição também — disse à garota. Ela era muito alta e magra, com longo cabelo loiro e olhos verdes; parecia uma modelo. Era uma menina muito bonita e vestia-se de um jeito bem engraçado; anéis de coco, uma saia rodada e colorida até os pés, brincos enormes e parecia uma hippie dos anos oitenta.
— Legal, , o resto do grupo está me esperando na cantina. Quer ir comigo até lá? — Joana ofereceu.
— Tudo bem. — Aceitei.

Acabou que o resto do grupo com o qual eu ia trabalhar eram apenas mais duas pessoas: um garoto grande, que me lembrou da figura do Majin Boo, e uma menina baixinha, negra, com longos cachos escuros e volumosos caindo nas costas.
— Jo, você conseguiu? — a menina perguntou aflita.
— Não só consegui, como ainda trouxe um cameraman de brinde!
— Adoro essa garota atraindo os gatinhos. Como é o nome desse sonho? — O garoto piscou, e eu fiquei um pouco envergonhado.
— Pedrinho, não assuste o menino — a garota que eu não sabia o nome deu risada. — Ele vai achar que você é tarado. — Pedrinho e a garota desataram a dar risada juntos. Estavam rindo de mim? Onde é que eu fui me meter?
— Relaxa, amigo, só estou brincando. Você não faz meu tipo. Eu só gosto de causar impacto. — Ele deu de ombros. — Meu nome é Pedro. Pode me chamar de Pedrinho, apesar de você ver que eu ocupo todo este espaço aqui — ele gesticulou para si mesmo. Bem, Pedrinho era um nome meio irônico, considerando que o garoto era realmente enorme, tanto em peso quanto em altura. — E esta é a . — A menina sorriu ao ouvir seu nome.
— Sou o — disse, puxando uma cadeira na mesa e me apresentando. Estava me sentindo um pouco mais à vontade agora. Joana sentou-se ao meu lado. — Sou de Jornalismo. Estava conversando com o coordenador porque preciso desesperadamente de horas complementares, aí a Joana entrou lá, e eu me ofereci para ajudar. Vai contar como uma extracurricular para mim.
— Bem-vindo ao barco dos fracassados, . Esperamos que divirta-se aqui. — sorriu abertamente. Ela era bem diferente da Joana, tanto no estilo quanto no jeito de falar. Joana parecia muito mais sedutora; era alta e elegante, enquanto era baixinha, tinha uma aparência frágil, mas parecia sempre estar rindo de alguma piada que só ela sabia. Era divertido olhar seu sorriso malandro, me dava vontade de rir também.
— Eu prefiro barco dos alternativos. — Joana corrigiu, sorrindo. — E vamos direto ao ponto, certo? deve ter mais coisas pra fazer.
Nem tantas, na verdade. Tenho certeza que meu vídeo game pode esperar um pouco por mim. Não que eu fosse dizer que esse era o meu único plano para a noite.
— Como se a gente soubesse que você não quer sair correndo pra encontrar o boy, querida. — Pedrinho riu.
— Talvez. — Joana admitiu. — Enfim, nós queremos fazer um pequeno documentário; contar algumas histórias, fazer entrevistas, algo que mostre como muitas mulheres ainda são afetadas.
— Afetadas pelo que? — perguntei.
— Violência de gênero. Estávamos pensando em mostrar abusos em diversas formas. Pensei que a Joana tivesse te falado — ela sorriu, esperando minha reação. Devo confessar, não conheço nada além do que as pessoas falam no Facebook sobre o feminismo e, geralmente, não comentam coisas boas sobre o movimento.
— E tudo bem pra vocês terem um homem trabalhando nisso? — perguntei receoso, e deu risada. Ela estava rindo de mim de novo. Ela parecia rir de todo mundo o tempo todo.
— Oi? Você não é o único homem aqui! — Pedrinho interviu.
— Ah... É que eu pensei que você fosse, bem... — comecei a ficar sem jeito novamente.
— Gay? Sou, sim, muito gay, mas gostar de pintos não fez o meu cair! — Pedrinho arqueou uma sobrancelha.
— Desculpe-me, eu não sou muito informado sobre a causa. Não queria ofender vocês. — Eu queria cavar um buraco e fugir dali. Senti-me como um menino tímido no primeiro dia de aula.
— Tudo bem, cara. — me olhou. — Vamos acabar caindo nos conceitos do feminismo, mas, infelizmente, a maioria acha que feminismo é um bando de mulher peluda que odeia os homens. Por isso, escolhemos defender essa causa, para mostrar às pessoas que feminismo é algo bom; mostrar como ele é importante para combater a violência doméstica, violência sexual e a desigualdade. Não tem problema nenhum em ter homens envolvidos nisso, pelo contrário! É só você querer fazer parte. Você quer nos ajudar com isso? — ela perguntou. ficou séria, pela primeira vez desde que eu havia me sentado ali com eles.
— Pode ter certeza que vou ser o melhor cameraman que vocês poderiam ter arrumado.

-*-


Eu deixei meu telefone com a Joana para que ela me ligasse quando fôssemos começar a trabalhar de verdade. Faltavam apenas duas semanas para o fim do semestre e, como o projeto era para o final do ano, deixamos a maior parte do trabalho para ser feito nas férias. Bem, a minha parte ficou toda para as férias, já que eu cuidaria só dos equipamentos e das filmagens. Fiquei aliviado. Eu já estava bastante ocupado com meu emprego de meio período, as provas finais e o meu TCC.
Eu só fui reencontrar com , por acaso, enquanto estava no caixa locadora. Bem, era uma locadora de filmes, mas também vendíamos livros, canecas, almofadas temáticas e um monte de outros cacarecos. Nenhum negócio ia sobreviver alugando filmes em um mundo onde existe Torrent de graça. Ninguém mais saía de casa para alugar filmes. Bom, ninguém, exceto .
— Olha só se não é o cameraman. — Ouvi uma voz me desconcentrando da leitura. Eu trabalhava apenas no período da tarde e, por não ter muito movimento, eu me dei ao luxo de revisar algumas matérias para a prova de hoje.
— Olha só se não é a menina mais sorridente da faculdade.
— Sorridente? Esse é um bom adjetivo — ela riu daquele jeito que só ela conseguia, como se fosse dona de todos os segredos do mundo. — Não sabia que você trabalhava aqui.
— Só durante a tarde — respondi. — Você costuma vir aqui sempre? Desculpa se não te reconheci na cantina naquele dia, sou péssimo de memória. — Mas alguma coisa me dizia que o dia da cantina foi a primeira vez em que vi na vida. Eu não teria me esquecido dela.
— Primeira vez, na verdade. Vim para abrir a ficha e pegar estes DVDs aqui. Mudei-me aqui pra perto faz pouco tempo.
— Legal! Vou precisar dos seus documentos e de um comprovante de residência — pedi, e ela me entregou prontamente. Comecei a preencher os seus dados no sistema da locadora.
— Então, sua identidade secreta é ? — perguntei, tentando puxar conversa. Isso aí, identidade secreta, aposto que a regra número um do manual de como conquistar uma garota é fazer piada com o nome dela. Não é à toa que estou solteiro.
— Na verdade, é Bruce Wayne, mas eu uso essa identidade falsa em todos os lugares e nunca desconfiaram. — Ela deu uma piscadela.
— Não use o santo nome de Bruce Wayne em vão! — Arregalei os olhos, fingindo estar ofendido, e caiu na gargalhada.
— Prometo não fazer mais essa blasfêmia, se você prometer me chamar só de . Nem a minha mãe usa !
— Combinado. Dê um sorriso, preciso de uma foto para o cadastro. — Apontei a câmera digital para ela e esperei que ela se preparasse, antes de tirar a foto.
— Ficou ótima — disse, enquanto enviava a foto e concluía o cadastro na loja. — Que DVD você escolheu? — Se eu tinha alguma dúvida de que estava totalmente atraído por , ela desapareceu quando vi os DVDs que ela havia escolhido. — Alien e Exterminador do futuro? Garota, você tem bom gosto.
— Você gosta disso? Caramba, todo mundo diz que eu tenho o pior gosto do mundo. Outro dia tive que assistir comédia romântica com a Joana e o Pedrinho, e quase morri de desgosto! — riu.
— Por favor, eu já tive que aguentar meu melhor amigo perguntando quando o Darth Vader ia aparecer, enquanto estávamos assistindo Star Trek.
arregalou os olhos e uma coisa incrível aconteceu: nós rimos juntos, rimos de verdade, e foi como se eu entrasse naquele mundo de segredos dela por um segundo. Então, outro cliente entrou na locadora, e eu voltei à realidade.
— Vinte reais. Devolução na segunda-feira até às seis da tarde, certo? Assine o comprovante, por favor. — Mandei todo o clima para o ralo, porcaria. assinou o comprovante, e eu entreguei a sacola com o DVDs para ela; nossos dedos tocaram-se rapidamente.
— Tchau, — ela se despediu.
— Hey, , espere... — Não queria que ela fosse embora. — Vamos começar as filmagens depois das provas finais, certo? Semana que vem?
— Provavelmente, sim. A Joana vai te ligar para combinarmos o dia e o horário.
— Então, eu te vejo em breve, , vida longa e próspera — despedi-me e levantei a mão, imitando a saudação vulcânica do Spock.
riu.
Hasta la vista, baby. — Ela piscou, antes de sair da locadora.

2 - Strike a match and I'll burn you to the ground

— Vai se foder, . — reclamou, jogando o controle de lado. Eu havia ganhado dele no Mortal Kombat de novo.
— Quem mandou você se meter com alguém de nível profissional, criança? — disse ao meu melhor amigo, um japonês magrelo que usava um óculos que era quase maior que seu rosto.
— Baaaaah. — fez careta. — Foi sorte. Agora, você deveria, no mínimo, arrumar alguma coisa pra eu comer nesta casa.
— Vou pedir uma pizza. — Aproveitei para me levantar e esticar os braços, me alongando. Fui até o telefone fixo na sala de casa, para pedir as pizzas, e, quando voltei ao quarto, meu celular apitava com mensagens novas.
— É a tal da , não que eu tenha olhado. — disse, inocente.
— Ah, você nunca faria isso — respondi ironicamente.
acabou virando minha amiga, principalmente, pela frequência com a qual ela ia à locadora. Estávamos bem mais perto do início das filmagens, agora. O trabalho ia ser ótimo, e ela já tinha me mostrado alguns textos. A garota é boa de redação. Joana e Pedrinho também eram legais, mas eu passava mais tempo com ; com ela, eu tinha mais assuntos além do trabalho.
“Talvez eu tenha comprado os boxes com as temporadas completas de Arquivo X. Talvez, eles tenham chegado.” Abri a mensagem da .
“Sinto o cheiro de uma maratona no ar.” Respondi.
“Excelente olfato, senhor.” Olhei a mensagem. Quando ela disse que havia comprado os DVDs, eu já havia me adiantado em pedir emprestado. Bom, foi bem convincente em dizer que o Torrent mata um pouco da magia.
Fiquei olhando da tela do celular para a cara do .
— Que foi? Tá me achando bonito? — ele perguntou.
— Que você acha de uma terceira pessoa participando do nosso final de semana antissocial?
? — ele perguntou. — Chama a garota, desde que vocês não resolvam se pegar enquanto eu estiver aqui.
— Somos só amigos — eu disse.
— Mentiroso. — riu.
Claro que somos amigos. Era muito fácil ser amigo da . Ela e eu estávamos empenhados em terminar, pelo menos, uma temporada completa, enquanto caiu no sono praticamente cinco minutos depois que comeu a maior parte das pizzas.
— Sabia que ofereceram a metade do salário do David Duchovny para Gillian Anderson?
— Nos anos 90 ou para a temporada nova? — A razão pela qual estávamos empenhados na série era porque Arquivo X, que foi uma série bem popular de ficção cientifica nos anos 90, teria uma nova temporada especial, agora, em 2016, com os mesmos atores e tudo.
Pra temporada nova! Eles ofereceram só metade, mas aí ela bateu o pé e os dois acabaram recebendo a mesma quantia.
— Claro! Os dois são protagonistas! — reclamei.
— Pois é. — concordou, ajeitando-se no sofá. Seu volumoso cabelo cacheado espalhou-se e exalava um perfume gostoso.
Talvez, tivesse um pouco de razão... Mas meus supostos pensamentos românticos foram substituídos por preocupação quando olhou para o celular e arregalou os olhos.
— O que foi? — perguntei aflito.
— Vou ter que parar a maratona. Joana descobriu que o namorado dela tinha várias namoradas.

3 - We are the jack-o'-lanterns in July setting fire to the sky! Here he comes this rising tide…So come on!

Quase um mês se passou desde a desilusão amorosa de Joana. Estávamos finalmente chegando ao fim da semana de provas e eu já podia sentir o cheiro das férias, ou era do óleo dos salgados da cantina? Bem, de qualquer forma, e eu estávamos esperando Pedrinho sair da sala, porque ela havia prometido carona para nós dois, e, enquanto esperávamos, tínhamos feito uma bolinha com o guardanapo na mesa e duas traves com palitos de dentes; a arte milenar do futebol de peteleco na mesa da cantina.
Joana aproximava-se de nós, e eu aproveitei que se distraiu, acenando para marcar um ponto.
— Na sua cara! — eu ri.
— Aproveite o momento de fraqueza. Essa é a única pontuação que você vai conseguir, querido.
— Não sei qual de vocês é pior. — Jo sorriu, mas ela parecia um pouco nervosa. Hoje, ela usava um vestido verde que caia até seus pés e um colar engraçado que parecia uma miniatura de apanhador de sonhos; o guarda-roupa que, antes, eu tinha achado estranho, agora eu acho divertido.
— Pedrinho ainda está com a prova? — perguntou.
— Você sabe, ele reescreve cada resposta pelo menos mil vezes, antes de entregar. O que ele tem de perfeccionista, tem de lerdo.
— Ainda bem que temos o futebol para nos distrair — disse.
— Claro. Escuta, , tem alguma coisa em mim? — ela perguntou.
— Hm... Não vejo nada, mas, como assim?
— Não sei, podia jurar que algumas pessoas no corredor estavam me encarando. Talvez, não estejam acostumados com minhas roupas.
— Pessoas são só pessoas. — disse.
— Suas roupas são legais — completei.
— Claro.

No fim, Pedrinho não demorou tanto assim a sair da sala, e nós pudemos ir embora. Meu plano era dormir cedo, afinal, ainda tinha mais uma prova amanhã, mas acabei me rendendo ao meu vídeo game por alguns minutos. Ok, talvez, vários, mas, entre uma partida e outra, quando parei para checar as mensagens que apitavam em um dos meus grupos no whatsapp, vi algo que me fez perder completamente a vontade de jogar.
Bom, não me condene logo de cara. Provavelmente, 90% das pessoas têm algum grupo no aplicativo com a finalidade de compartilhar pornô. Todo mundo assiste. Qual é, eu nunca tinha parado para pensar de onde vem aqueles vídeos, até baixar o último envio. Sabe, ninguém pensa muito quando vê pornografia, mas, no instante em que reconheci o rosto no vídeo, senti um enorme peso em meus ombros, afinal, era uma de minhas amigas. Aparentemente, o ex namorado da Joana resolveu compartilhar a intimidade dos dois.
“Não enviem isso para mais ninguém!! Sério, essa garota é minha amiga!!”
Enviei a mensagem e fiquei encarando o visor do celular. Não dormi direito durante a noite.

Eu estava a caminho da faculdade, esperando o ônibus, aflito. Cogitei ligar para mil vezes, pensei até em ligar para a própria Joana para alertá-las, mas eu não tinha coragem. O que eu diria a elas? No fundo, eu estava torcendo para que ninguém tivesse dado atenção aquilo, mas, quando eu pedi aos meninos que não enviassem o vídeo para mais ninguém, eles fizeram piadinhas pedindo o contato da Joana, e eu acabei saindo do grupo porque não soube lidar com isso. O que a Joana faria, se alguém resolvesse jogar a merda no ventilador?
“Jo, não vá à faculdade sozinha.” Enviei a mensagem para ela. Logo em seguida, digitei rapidamente um novo texto e encaminhei para os números da e do Pedrinho. “Precisamos conversar sobre a Jo, não deixem ela sozinha na faculdade hoje!”.
Guardei o celular na mochila. Meu ônibus finalmente virava a esquina do ponto.
Quando finalmente cheguei, respirei, aliviado, por um momento. Nada parecia fora do normal. Talvez, eu tivesse exagerado. Talvez, poucas pessoas tenham visto aquilo...
! — veio gritando em minha direção, seus olhos pequenos e puxados completamente arregalados. — Vem rápido! — Ah, claro que tudo ia dar certo, aposto que foi isso que os produtores do filme fracassado do Lanterna Verde pensaram também.
Realmente, não existe nada no mundo maior que a estupidez humana. , aparentemente, tinha me arrastado para os Jogos Vorazes, já que várias pessoas assistiam um grupo de meninas praticamente se matarem. Assim que reconheci os cachos volumosos de e a saia rodada de Joana, me enfiei no meio para separar a briga.
Entrei entre minhas amigas e duas garotas que eu não conhecia, e puxou Joana, enquanto eu segurava a cintura de . Pedrinho apareceu não sei exatamente de onde e entrou na frente das duas garotas também.
— Eu devia arrancar seu cabelo duro! — uma das meninas disse à .
— Cala a boca! — eu gritei. Finalmente, mais pessoas resolveram se posicionar, e eu consegui puxar para longe dali. , Joana e Pedrinho vinham atrás de mim.
— Cadê seu carro? — perguntei, e nos guiou até o lugar em que havia estacionando.
, é melhor você ir ou vai se atrasar. Vou com as garotas para algum lugar. Avisa ao professor que vou agendar uma prova substitutiva depois.
— Certo. Se precisar de mim, me ligue, cara. — disse.
— Pedrinho, se você quiser ir também...
— De jeito nenhum! — ele disse. — Eu estou nesse bonde muito antes de você. Não vou deixar minha Joaninha.
— Vocês não precisam perder a prova por causa de mim. — Joana disse, chorando.
— Tem coisas nesta vida mais importantes que uma prova. — disse.

Pedrinho e Joana foram abraçados no banco de trás; a garota chorava compulsivamente no ombro do amigo. dirigiu com as mãos apertadas no volante.
— Você viu também, né, ? Por isso, você mandou a mensagem. — Joana choramingou.
— Não — disse. — Quer dizer, eu recebi, mas, quando vi que era você, apaguei! Pedi para que as pessoas não enviassem mais... Eu sinto muito.
— Eu não sou o que elas disseram, droga! Vocês sabem que eu não sou...
— Claro que sabemos, Jo. — disse. — A culpa é daquele idiota que você namorou.
— Não acredito que perdi um ano da minha vida com ele. Primeiro, ele me trai, e agora isso...
— A gente estamos aqui com você, Joaninha. Tudo vai ficar bem. — Pedrinho disse, mas acho que nem ele acreditava.

Fomos à casa da . Joana ainda estava chorando. A briga na faculdade havia começado porque duas garotas haviam chamado Joana de puta, em alto e bom som, e então a história do vídeo vazado explodiu na cara dela. Joana havia namorado firme um rapaz por um ano e havia sexo, oras. Ela confiava no namorado. Até que, um belo dia, há um mês, Joana descobriu que ele não era nada fiel e mantinha outros relacionamentos. Ela decidiu terminar com ele, mas, aparentemente, o ex insistiu para ter outras chances. Em certo ponto, Joana bloqueou as ligações do sujeito e o excluiu de todas as redes sociais porque não queria mais nada com ele. Então, o babaca resolveu espalhar o vídeo intimo dos dois para todo mundo, como forma de vingança, e a vida de Joana, de um dia para o outro, tornou-se um caos de fofoca e julgamentos. Olhares tortos e ofensas de pessoas que não sabiam nada do que estava acontecendo, como as duas garotas na faculdade.
— Nós vamos à delegacia da mulher agora. — disse. — Alguma coisa tem que ser feita.
— Aham. — Joana fungou. — Existe aquela lei, certo? Eu pesquisei sobre ela para o nosso trabalho. A 12.77, que as pessoas chamam de Carolina Dieckmann por causa do que aconteceu com ela em 2012.
— Acho que vamos precisar do vídeo como prova. — disse.
— É... Isso não vai ser difícil de conseguir, pelo jeito. — Pedrinho disse, pegando o celular de Joana e mandando algumas mensagens.
— Eu nunca imaginei que meu ex fosse fazer isso comigo. — Joana começou a chorar de novo.
Eu nunca tinha entrado em uma delegacia antes. Esperar Joana e por mais de uma hora não foi fácil, principalmente por causa das mulheres que eu via passando acanhadas e de cabeça baixa. Elas eram como borrões, sem nome, apenas dor; roupas rasgadas, hematomas e lágrimas... É engraçado como nos distanciamos dos problemas quando nós só vemos os índices nos jornais. Ver a violência real ali, nua e crua na minha frente, me encheu de melancolia. Uma sensação de impotência e nojo apoderava-se de mim.
Esta é a sociedade civilizada em que vivemos?
Mas é claro que tudo foi bem mais difícil para Jo, que voltou mais arrasada do que entrou.
— A delegada disse que não temos provas o suficiente para acusar meu ex. — Joana contou, e Pedrinho a abraçou.
— Nós... Vamos dar um jeito, ok? Vamos fazer as coisas melhorarem — eu disse, incerto.
— Estou me sentindo exausta agora. — Joana disse. — Tanta coisa em tão pouco tempo. Não sei nem com que cara chegar em casa. Meu Deus! Se meus pais virem aquilo, o que eu vou fazer?
Era difícil responder àquela pergunta. O que ela deveria fazer? Como ela deveria lidar com isso, se quem havia errado foi o ex?
Joana acabou mandando uma mensagem para os pais dizendo que ia dormir na casa da , o que, de fato, iria. Fomos embora e logo arrumou a cama para a amiga descansar. Jo estava tão nervosa que acabou tomando um remédio para insônia, para poder, finalmente, adormecer e ter um pouco de paz.
— Liguem quando ela acordar. — Pedrinho disse, severo, antes de ir. Quando Pedrinho saiu, eu e nos sentamos no sofá, lado a lado, cansados.
— Foi tão surreal. Em um minuto, tudo estava bem e, no seguinte, aquelas garotas estavam chamando minha melhor amiga de puta e apontando o dedo. Cara, foi como se ela estivesse prestes a jogar uma bruxa na fogueira.
— Ela deve ser doida — resmunguei.
— Na verdade, não... — suspirou. — Uma delas é a atual namorada do ex da Joana. Na verdade, foi com ela que Jo descobriu que era traída. Mas a Jo não sabia, assim como a garota não deve saber que não é a única para aquele cafajeste. Mas, quando a Jo aproximou-se para tentar explicar, ela jogou a história do vídeo e tudo virou um pandemônio. — disse, prendendo seus cachos em um coque mal feito. Lembrei-me da garota insultando o cabelo da minha amiga e, mais uma vez, me senti triste. era tão linda com seu cabelo volumoso, sua boca carnuda e sua pele negra. Por que alguém iria querer insultar alguma de suas características?
Caramba, as coisas são bem mais simples nos games; viver é basicamente matar um chefão de fase por dia. Às vezes, até por hora.
... — disse, incerto. — Solta o seu cabelo — pedi.
Ela me olhou, curiosa, arqueando a sobrancelha.
— Por quê? — ela perguntou, mas soltou os seus longos cachos e os balançou. — Se você cantar aquela música do leãozinho...
— Você é linda — eu disse, antes que pudesse segurar. — Seu cabelo é lindo, seu rosto é lindo, e a forma como você ficou firme e corajosa durante tudo o que aconteceu... As coisas que você faz são lindas.
ficou me encarando, perplexa, e um silêncio constrangedor caiu sobre nós. Talvez, eu tivesse falado demais. Talvez, eu não tivesse escolhido as palavras certas. Bem, agora que a pior parte já havia sido feita, não adiantava mais voltar atrás.
, o seu sorriso é tão resplandecente que deixou o meu coração alegre. Me dê a mão...
— Você está dizendo a letra da abertura do Dragon Ball pra mim? — ela perguntou.
— Eu fiquei meio desesperado. — Dei de ombros e comecei a rir. também riu. Toneladas saíram dos nossos ombros.
— Você também é lindo, . Você nos conhece há tão pouco tempo e, mesmo assim, ficou do nosso lado — ela disse.
— É, você faz essa coisa de dar um sorriso e me convencer a te seguir pra qualquer lugar.
— Ah, , chega dessa melação e me beija logo!

4 - So dance alone to the beat of your heart

Fizemos as nossas provas substitutivas e as coisas começaram a melhorar um pouco. e eu estávamos indo muito bem, agora que éramos mais do que amigos. Joana, infelizmente, acabou excluindo todas as suas redes sociais porque alguns desocupados começaram a usá-las para xingar Jo. Ao menos, com as férias, ela conseguiu fugir dos olhares tortos da faculdade. O triste era que ela estava com certo medo de sair de casa. Ela ainda estava sem coragem de contar o ocorrido para o pai, mas a mãe deu total apoio e elas fariam isso juntas, em breve. Joana estava morrendo de medo que sua família agisse como todas as outras pessoas, apontando o dedo e decidindo que a menina era uma biscate, e, pronto, não havia mais nada para saber. Ter a mãe do lado dela fez total diferença.
Foi como Capitão América disse aos Vingadores em Era de Ultron: se perdemos, faremos isso juntos também. Viu? Existe uma referência para cada situação da sua vida.

Como válvula de escape, nos concentramos no projeto das garotas, o documentário. Agora, ele parecia mais pessoal ainda.
Eu estava ajeitando o foco da câmera para filmar a nossa entrevistada: uma mulher de meia idade chamada Madalena.
— Ação! — Confesso que sempre quis dizer isso.
— Conta a sua história para gente, Dona Madalena. A senhora já se sentiu atingida só por ser mulher? — perguntou.
— Ah, querida. — Madalena respondeu, suspirando. — Não estudei como vocês, sabe? Tive de começar a trabalhar cedo. Quando eu tinha dezesseis anos, conheci aquele homem, engravidei. Amo minha filha, amo mesmo, mas virar mãe foi a coisa mais difícil que fiz, principalmente por causa do pai da menina. Quando descobriu que eu estava grávida, meu pai fez com que a gente se casasse, e eu também não achava que minha vida podia ter outro jeito. Ele era mais velho, uns dez anos. Sabe, ele dizia que gostava de mim no começo...
— E depois? — Joana perguntou.
— Depois, eu fiquei achando ainda que ele gostava de mim, porque era o que ele falava. Ele falava que eu era pobre, feia e gorda, ninguém ia me aguentar. Ele dizia que eu tinha sorte de tê-lo pra me sustentar, sorte que ele gostava de mim. Eu tinha de aceitar. Ele pagava a casa e a comida. Eu achava que ele tava certo, na época, até que ele começou a me xingar e me bater. Olha. — Dona Madalena ergueu o pulso e mostrou uma marca redonda, e pequena. — É a marca do cigarro dele. Ele quem fez em mim.
— A senhora pensou em se divorciar quando ele te agrediu?
— Claro que pensei, mas, e a menina pequena? Com quem eu ia deixar ela pra ir trabalhar? Eu ficava nessa. Tinha de aguentar o sujeito porque não tinha teto pra morar. Quando a menina ficou maior, até consegui fazer umas faxinas pra juntar um dinheirinho, mas era miséria, não dava pra sustentar eu e a criança. Fiquei cinco anos vivendo aquele inferno.
— A senhora pediu ajuda?
Pra quem eu ia pedir ajuda? Sabe que pessoas dizem que em briga de marido e mulher não se mete a colher. A gente também costuma ter vergonha de pedir ajuda, criança. A gente fica doida, acreditando que aquela é a última vez e que o sujeito vai parar. Ele mesmo falava, pedia desculpas e chorava. Depois, me batia de novo.
— Como a senhora saiu dessa situação?
— Adelaide, minha prima, botou eu e a menina pra debaixo do teto dela e, no começo, foi complicado. Sabe, não tinha comida pra todo mundo, e o sujeito continuava aparecendo, mesmo que eu mandasse ele sumir. Dei queixa pra polícia, mas os policias ficavam me mandando pensar direito, se era aquilo que eu queria fazer, como se tivessem dó do maldito! Finalmente, me ouviram lá e eu consegui a ordem do juiz, que o manda ficar longe de mim e da menina. Foi difícil.
— E como a senhora está hoje?
— Trabalho de faxineira, graças a Deus, e a minha menina conseguiu a bolsa do governo pra estudar, feito vocês. Vai ser veterinária. Meu orgulho, só minha. Mesmo que aquele homem tenha a feito em mim, ele nunca foi pai. Engraçado isso, menina, minha família mesmo dizia que a mulher tem que ser muito rebelde pra criar filho sozinho. Nunca achei que eu que ia ser rebelde assim.
— A senhora é feito uma fênix. — sorriu.
— Uma o quê? — a senhora perguntou.
— É uma história sobre uma pássaro que se chama fênix. Ela pegava fogo e morria, mas, então, ela nascia de novo, jovem e bonita, das próprias cinzas. — explicou.
-— Oh, criança, muito obrigada.
— Eu quem agradeço, dona Madalena.

5 - Hey young blood doesn't it feel like our time is running out?
I'm gonna change you like a remix then I'll raise you like a phoenix


É incrível como nós podemos mudar. Se eu não tivesse me oferecido para ajudar Joana, naquele dia na sala do meu coordenador, provavelmente nunca teria me apaixonado por , e sem , provavelmente eu ainda teria uma visão de mundo muito fechada. Participar das filmagens daquele pequeno documentário me fez ver o quanto a humanidade ainda precisa evoluir. Caramba, somos capazes de enviar homens para o espaço, mas ainda não aprendemos a respeitar os outros! Apesar dos relatos tristes, conheci tantas pessoas fortes, que me senti inspirado a ser alguém melhor. Talvez, eu não possa mudar o mundo, mas eu posso mudar minhas atitudes e, talvez, isso inspire outras pessoas a mudar também. Se formos otimistas, quem sabe o amanhã vai ser melhor que o hoje.
— Eles não esqueceram. Acho que nunca vão. — Joana disse, encarando um grupo de meninos que cochichava. As férias haviam acabado, mas a fofoca não.
Joana havia pensado até em desistir da faculdade, porém, entre nossas filmagens, ela conheceu um grupo de apoio às mulheres que já haviam sofrido violência, seja ela física ou mental, como no caso da nossa amiga. Ela mudou de ideia e estávamos decididos a ir até a faculdade juntos e de cabeça erguida, mas nunca é fácil ver pessoas apontando para você.
— Vocês chegaram! Estava esperando. — disse, vindo em nossa direção.
— Acho que o barco dos fracassados está superlotado agora. — Joana disse, referindo-se a nós.
— Não, prefiro barco dos alternativos. — corrigiu.
— Pelo menos, agora, temos um gatinho. Bom, além de mim. — Pedrinho acrescentou, referindo-se ao , e todos rimos.
Éramos cinco pessoas contra uma faculdade inteira.
Segundo os outros, éramos uma puta, uma menina de cabelo duro, um gay, um nerd e um japonês magrelo. Coitados! Tão preocupados em nos rotular, que jamais conheceriam a Joana, a , o Pedrinho, o Dylan e o .
Estavam perdendo um belo show, se quer saber minha opinião.

6 - So we can take the world back from the heart attack

— Somos jornalistas! — gritei para , enquanto erguíamos nossos certificados no ar. A formatura finalmente havia chegado.
— Parabéns! — , minha namorada, e meus amigos Joana e Pedrinho vieram praticamente correndo dos seus lugares, para nos abraçar, quando a colação de grau chegou ao final.
Envolvi em meus braços e a beijei.
— Eu te amo — ela disse quando nos soltamos.
— Eu sei — respondi.
— Ah, não, cara, você não vai citar Han Solo. Eu que quero ser o Han Solo! — ela riu.
— Por quê? A princesa Leia é bem badass também. Esqueceu que ela liderou os rebeldes?
— É... — ponderou. — Mas Han Solo é quem tem a nave foda.
— Ai. — Pedrinho interviu. — Vocês prometeram que nós íamos pra festa depois daqui. Eu não coloquei a minha melhor roupa íntima pra ver esses dois se declarando. Olha, daqui a pouco, eles vão pra casa querer fazer filhinhos, e o pior de tudo é que vai ser no The Sims.
riu e deu um tapa leve no braço do amigo. Minha mãe logo apareceu com sua máquina fotográfica e olhos marejados, dizendo que não acreditava que o bebê dela estava se formando.
No meio daquela confusão de alunos, famílias e amigos, eu me senti plenamente feliz. Até acreditei que podia, sim, mudar o mundo para melhor, da mesma forma que aquelas pessoas me mudaram.



Fim.




Nota da autora: Pois é, não é que dessa vez eu realmente me envolvi com esses personagens? Espero de coração que você tenha aproveitado a leitura, muito obrigada por chegar até aqui! Se quiser me ajudar a melhorar como autora, deixe o seu comentário! Essa fic se tornou bem especial para mim, espero ter passado uma mensagem legal e não ter ofendido ninguém, afinal, essa nunca foi minha intenção! Muito obrigada por ler :D

Outras fics minhas aqui no FFOBS:
01. Roar – Ficstape Prism
11. Skyscraper – Ficstape Unbroken
02. American beauty/American Psycho - ficstape fall out boy
Úrsula - Challenge 16
Don’t you (forget about me) – Mixtape

Caso queira falar comigo, meu usar no twitter e na ask é @brunacagnin, e meu grupo no facebook se chama “Leitoras da Bruna”
Espero te ver lá :D .



Qualquer erro nessa fanfic e reclamações somente no e-mail.




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