Capítulo Único
“Fighting, living, dying
For what? For freedom?
That for which men have fought since time began, to be free”
A liberdade, tópico sensível de se falar pelo mundo em tempos como os que viviam.
A liberdade de alguém terminava assim que começava a infringir a liberdade dos outros, mas até onde iria a liberdade do controle que o governo impunha nas pessoas?
Essa era a pauta do fim do mundo que uma guerra simbolizada para os países envolvidos, afinal, era um fim do mundo. Pessoas morriam sem uma causa que faria sentido, pessoas sofriam pela mesma coisa e o governo continuava o mesmo.
Isso era tudo que conseguia pensar enquanto caminhava com sua farda em direção a linha de frente da guerra que estava acontecendo. Como todas as guerras, aquela representava a destruição de um povo que não tinha liberdade de escolha e por isso seus governantes destruíram como se não fosse valioso o suficiente.
pensava em que estava do outro lado da fronteira assim que a suposta guerra havia estourado, ela estava buscando informações para suas pesquisas para o tcc e ficou presa sem poder voltar para seu país.
Ele não tinha notícias dela há dias.
É basicamente isso que as guerras faziam com as pessoas, elas as separavam, elas as colocavam contra si, elas faziam com que a humanidade se perdesse.
então, se aproximou de uma árvore pegando uma pequena flor de cor branca que crescia no tronco e lembrou dela.
Flashback
— Você não precisa estudar mais hoje — ele disse fechando o livro da garota — você precisa descansar, aliviar essa cabeça um pouco.
— Eu preciso terminar isso, ! — ela sorriu mole para ele.
— Não, você não precisa terminar isso hoje — ele sorriu levantando ela da cadeira — você precisa de um chocolate quente e uma caminhada pelo jardim.
— Mas…
— Mas nada — ele sorriu — eu te pago um sorvete.
— Eu odeio o fato de você saber como me chantagear — ela respondeu se levantando.
— Eu te conheço muito bem, esqueceu? — ele respondeu rindo.
Flashback off
Mesmo em uma situação daquelas, onde ouvia de longe os sons de tiros que vinham à frente, ele conseguiu sorrir enquanto encarava a flor.
em sua vida era algo excepcional e que ele sequer sabia como explicar. Ele a amava de uma maneira insuportável, assim como ela.
E por isso ele refletia sobre, eles haviam sido separados e ela provavelmente sequer sabia que ele foi obrigado a se alistar para lutar por seu país, mas sabia que provavelmente seu coração estava apertado — assim como o dele — pela situação. Ele só esperava que ela estivesse bem.
— Você está bem? — um dos soldados mais novos o olhou com seu olhar amigável, sussurrando.
balançou a cabeça e o mais novo assustou com um dos tiros que pareceu estar mais perto.
— Nós vamos sair logo daqui — disse encorajando o mais novo — você vai voltar a estudar e vai poder se formar, trabalhar, criar uma família e ensinar a eles que isso — tom disse olhando ao redor — nunca é a resposta.
O mais novo assentiu e forçou um sorriso.
Naquela mesma noite acamparam na escura floresta e fizeram uma oração, pedindo por proteção. Mesmo aqueles que não acreditavam em um Deus ou divindade.
***
Na manhã seguinte acordaram bem mais cedo do que o esperado, em plena madrugada, escutavam passos e tiros mais próximos e precisavam chegar até a barreira, por isso o comando vindo do comandante foi às pressas para que pegassem suas armas e estivessem atentos.
Durante a madrugada o frio parecia comê-los vivos e não tinham com que se esquentar enquanto seguiam o perigoso caminho a linha de frente. Eles eram uma pequena unidade, nada muito grande ou experiente mas ainda sim de grande uso para o governo.
Jovens, saudáveis e que tinham vitalidade.
Ou não.
Porque nessas situações idosos também iam para a linha de frente, perdeu as contas de quantas vezes naquela mesma semana havia visto senhores de maior idade ficarem para trás ou morrerem no meio do caminho em menos de um mês. Pessoas que deveriam estar descansando e sem procurações além de envelhecer.
Isso ia de encontro a cena que ele viu antes de saírem naquela madrugada.
O senhor cujo nome não sabia, apenas o número que o identificava — número que supostamente deveria trazer coisas boas, 111 — não se levantou quando o chamaram, morreu dormindo deixando para trás uma história em meio a floresta que engoliria seu corpo em pouco tempo.
Ele pensou nela mais uma vez quando a última visão que teve do senhor foi do mesmo na noite anterior, olhando com amor para a antiga foto da declarada “amor de sua vida”.
“Ela era tudo que eu tinha de mais precioso, em breve vou encontrá-la mesmo ela me dizendo para viver uma vida boa e proveitosa antes de partir”
Como era possível, ele não queria partir sem ver pelo menos seu rosto mais uma vez, ele sabia que sua partida seria dolorosa demais se ele ao menos não pudesse olhar seus olhos castanhos mais uma vez. Mesmo que não fosse possível ele acompanhá-la em sua cerimônia de formatura, mesmo que ele não a esperasse de frente para o altar enquanto ela passava pela porta da igreja vestida de noite, mesmo que ele não pudesse ver como seriam seus filhos no futuro, tudo que ele implorava naquele momento era para que ele pudesse ver aquele par de olhos que na linguagem do amor, demonstravam profundidade em relação a ele.
Ele sabia o que era amar porque ela havia ensinado.
***
Ao raiar do sol os sons de tiros ficavam mais altos e eles se esgueiravam pela mata com cuidado para pudessem ir a ao compartimento com munições na base da
Ele segurou seu colar com firmeza e apertou a flor branca em suas mãos com mais força, todas as coisas que faziam com que ele lembrasse dela com vividez, ele sabia que estava chegando. E com os passos ficando mais firmes ao redor, uma emboscada aconteceu.
Ele não tinha para onde ir, mesmo atirando e tentando se proteger o coração manchou a flor branca de puro sangue na intenção de se proteger, aquilo tinha um simbolismo enorme. Nem mesmo a branca e pura flor, em meio a uma guerra, ficou diferente do sangue que foi derramado em momentos de ego. Nem mesmo ela e sua cor puderam permanecer puras, assim como crianças, pessoas de idade, homens, mulheres, marcados pelo sangue de suas famílias ou da família de seus próximos.
Com a cabeça encostada no grosso tronco de árvore que caiu e não se levantou mais o fez refletir.
Talvez ele devesse ter se despedido de uma forma melhor, afinal, ele não sabia que nunca mais iria poder ver aquele par de olhos castanhos que o olhava com amor, compaixão, carinho e empatia.
Ele não sabia que seu coração pararia sem poder dizer que a amava pela última vez.
Ele soltou um sorriso amargo tendo como sua última visão, a neve que ela tanto amava.
Dando a entender que o universo sabia sobre o final mal resolvido dos dois.
Fazendo ele saber que voltaria para encontrá-la.
For what? For freedom?
That for which men have fought since time began, to be free”
A liberdade, tópico sensível de se falar pelo mundo em tempos como os que viviam.
A liberdade de alguém terminava assim que começava a infringir a liberdade dos outros, mas até onde iria a liberdade do controle que o governo impunha nas pessoas?
Essa era a pauta do fim do mundo que uma guerra simbolizada para os países envolvidos, afinal, era um fim do mundo. Pessoas morriam sem uma causa que faria sentido, pessoas sofriam pela mesma coisa e o governo continuava o mesmo.
Isso era tudo que conseguia pensar enquanto caminhava com sua farda em direção a linha de frente da guerra que estava acontecendo. Como todas as guerras, aquela representava a destruição de um povo que não tinha liberdade de escolha e por isso seus governantes destruíram como se não fosse valioso o suficiente.
pensava em que estava do outro lado da fronteira assim que a suposta guerra havia estourado, ela estava buscando informações para suas pesquisas para o tcc e ficou presa sem poder voltar para seu país.
Ele não tinha notícias dela há dias.
É basicamente isso que as guerras faziam com as pessoas, elas as separavam, elas as colocavam contra si, elas faziam com que a humanidade se perdesse.
então, se aproximou de uma árvore pegando uma pequena flor de cor branca que crescia no tronco e lembrou dela.
— Você não precisa estudar mais hoje — ele disse fechando o livro da garota — você precisa descansar, aliviar essa cabeça um pouco.
— Eu preciso terminar isso, ! — ela sorriu mole para ele.
— Não, você não precisa terminar isso hoje — ele sorriu levantando ela da cadeira — você precisa de um chocolate quente e uma caminhada pelo jardim.
— Mas…
— Mas nada — ele sorriu — eu te pago um sorvete.
— Eu odeio o fato de você saber como me chantagear — ela respondeu se levantando.
— Eu te conheço muito bem, esqueceu? — ele respondeu rindo.
Mesmo em uma situação daquelas, onde ouvia de longe os sons de tiros que vinham à frente, ele conseguiu sorrir enquanto encarava a flor.
em sua vida era algo excepcional e que ele sequer sabia como explicar. Ele a amava de uma maneira insuportável, assim como ela.
E por isso ele refletia sobre, eles haviam sido separados e ela provavelmente sequer sabia que ele foi obrigado a se alistar para lutar por seu país, mas sabia que provavelmente seu coração estava apertado — assim como o dele — pela situação. Ele só esperava que ela estivesse bem.
— Você está bem? — um dos soldados mais novos o olhou com seu olhar amigável, sussurrando.
balançou a cabeça e o mais novo assustou com um dos tiros que pareceu estar mais perto.
— Nós vamos sair logo daqui — disse encorajando o mais novo — você vai voltar a estudar e vai poder se formar, trabalhar, criar uma família e ensinar a eles que isso — tom disse olhando ao redor — nunca é a resposta.
O mais novo assentiu e forçou um sorriso.
Naquela mesma noite acamparam na escura floresta e fizeram uma oração, pedindo por proteção. Mesmo aqueles que não acreditavam em um Deus ou divindade.
Na manhã seguinte acordaram bem mais cedo do que o esperado, em plena madrugada, escutavam passos e tiros mais próximos e precisavam chegar até a barreira, por isso o comando vindo do comandante foi às pressas para que pegassem suas armas e estivessem atentos.
Durante a madrugada o frio parecia comê-los vivos e não tinham com que se esquentar enquanto seguiam o perigoso caminho a linha de frente. Eles eram uma pequena unidade, nada muito grande ou experiente mas ainda sim de grande uso para o governo.
Jovens, saudáveis e que tinham vitalidade.
Ou não.
Porque nessas situações idosos também iam para a linha de frente, perdeu as contas de quantas vezes naquela mesma semana havia visto senhores de maior idade ficarem para trás ou morrerem no meio do caminho em menos de um mês. Pessoas que deveriam estar descansando e sem procurações além de envelhecer.
Isso ia de encontro a cena que ele viu antes de saírem naquela madrugada.
O senhor cujo nome não sabia, apenas o número que o identificava — número que supostamente deveria trazer coisas boas, 111 — não se levantou quando o chamaram, morreu dormindo deixando para trás uma história em meio a floresta que engoliria seu corpo em pouco tempo.
Ele pensou nela mais uma vez quando a última visão que teve do senhor foi do mesmo na noite anterior, olhando com amor para a antiga foto da declarada “amor de sua vida”.
Como era possível, ele não queria partir sem ver pelo menos seu rosto mais uma vez, ele sabia que sua partida seria dolorosa demais se ele ao menos não pudesse olhar seus olhos castanhos mais uma vez. Mesmo que não fosse possível ele acompanhá-la em sua cerimônia de formatura, mesmo que ele não a esperasse de frente para o altar enquanto ela passava pela porta da igreja vestida de noite, mesmo que ele não pudesse ver como seriam seus filhos no futuro, tudo que ele implorava naquele momento era para que ele pudesse ver aquele par de olhos que na linguagem do amor, demonstravam profundidade em relação a ele.
Ele sabia o que era amar porque ela havia ensinado.
Ao raiar do sol os sons de tiros ficavam mais altos e eles se esgueiravam pela mata com cuidado para pudessem ir a ao compartimento com munições na base da
Ele segurou seu colar com firmeza e apertou a flor branca em suas mãos com mais força, todas as coisas que faziam com que ele lembrasse dela com vividez, ele sabia que estava chegando. E com os passos ficando mais firmes ao redor, uma emboscada aconteceu.
Ele não tinha para onde ir, mesmo atirando e tentando se proteger o coração manchou a flor branca de puro sangue na intenção de se proteger, aquilo tinha um simbolismo enorme. Nem mesmo a branca e pura flor, em meio a uma guerra, ficou diferente do sangue que foi derramado em momentos de ego. Nem mesmo ela e sua cor puderam permanecer puras, assim como crianças, pessoas de idade, homens, mulheres, marcados pelo sangue de suas famílias ou da família de seus próximos.
Com a cabeça encostada no grosso tronco de árvore que caiu e não se levantou mais o fez refletir.
Talvez ele devesse ter se despedido de uma forma melhor, afinal, ele não sabia que nunca mais iria poder ver aquele par de olhos castanhos que o olhava com amor, compaixão, carinho e empatia.
Ele não sabia que seu coração pararia sem poder dizer que a amava pela última vez.
Ele soltou um sorriso amargo tendo como sua última visão, a neve que ela tanto amava.
Dando a entender que o universo sabia sobre o final mal resolvido dos dois.
Fazendo ele saber que voltaria para encontrá-la.
Fim
Nota da autora: Meu Deus, eu fiquei triste viu? Nosso queridíssimo pp passou mals bucados e eu realmente fiquei triste por ele, ele merecia mais…
Enfim, espero que tenham gostado!
Xoxo Caleonis <3
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Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Enfim, espero que tenham gostado!
Xoxo Caleonis <3
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