Última atualização: Fanfic finalizada

I

I hear the birds on the summer breeze,
I drive fast, I am alone in midnight
Been tryin' hard not to get into trouble,
But I, I've got a war in my mind, so
I just ride

“[...]- Eu juro por Deus, . - Ela sussurrou contra seu rosto. - Se algum dia você me magoar, eu te mato.”

havia passado a noite toda pensando naquele encontro. Onde estava se metendo? Por que estava deixando tomar conta dos seus pensamentos daquela forma?
A última coisa que precisava naquele momento era da dor de cabeça de um relacionamento amoroso fadado ao fracasso, como todos os outros relacionamentos amorosos que ela tivera em toda a sua nem tão breve experiência com o amor. Ela já tinha chegado à um ponto longe demais em sua vida para poder voltar tudo isso por um garoto.
Por mais doce que esse garoto fosse.
Após a meia noite, desistiu de dormir. Estava em uma plena noite de janeiro, onde camadas de gelo formavam em sua janela, mas mesmo assim sua cama parecia feita pelas brasas do inferno. Saiu das cobertas e levantou-se, sentindo o corpo resfriar instantaneamente.
Colocou a primeira roupa quente que viu pela frente, pegou a chave do Corvette e se dirigiu decidida para a garagem. Agradecendo por ter trocado o óleo e o disco de freio do carro recentemente, entrou no veículo e girou a chave na ignição.
Ele precisou de algumas tentativas para vir à vida devido ao frio, mas assim que ligou, se acalmou com a vibração nem tão leve do motor. Engatou a ré e saiu da garagem, seguindo logo depois para fora do estacionamento de trailers no qual vivia.
Não tinha nenhuma noção de para onde iria, só sabia que tinha a necessidade de se movimentar, sair de onde estava, sentir o vento entrar pela janela e ouvir os pássaros noturnos piarem em sua sinfonia. Ela precisava dirigir, ou enlouqueceria.
Inconscientemente, pegou o caminho de terra até Owens Valley.
O vale estava completamente escuro. Ela nunca havia ido para aqueles lados sem ser em dia de corrida. Não existia uma alma viva para poder encontrá-la por lá. E de repente, ela soube que era disso que precisava.
Engatou a terceira e acelerou pela pista onde os carros costumavam disputar a corrida. De alguma forma, sentia que era a maneira de se manter sã no meio daquela confusão na qual ela estava entrando. Ela tinha uma guerra dentro da cabeça, que nunca tinha um cessar fogo, então ela apenas dirigia.
Passou algumas horas dando voltas e mais voltas, sem ir a lugar algum - algo bem parecido com as voltas e mais voltas que a sua mente dava, sem nunca chegar à uma conclusão. Quando viu o sol nascendo no horizonte, decidiu que era a hora de voltar pra casa, portanto pegou a autopista, voltando relutantemente para o ponto onde deixara a sua vida.


II

Dying young, and I’m playing hard
That’s the way my father made his life an art
Drink all day, and we talk ‘till dark
That’s the way the Road Dogs do it, light ‘till dark

O trabalho de garçonete era uma das coisas que mais odiava fazer. Ficar em pé durante horas, lidar com clientes grosseiros e cantadas rudes a deixava exausta emocionalmente. Tudo o que mais queria era poder mandar Alfie tomar no cu e se mandar daquela pocilga. Mas não podia, não enquanto seu Corvette não estivesse perfeito.
Engoliu em seco uma apalpada descarada de um motoqueiro indelicado quando se virou para poder atender outras mesas. Ela só precisava de uma bebida, ou um baseado. Qualquer coisa que amortecesse por algumas horas sua realidade.
Naquele momento, ela o viu.
Ele estava completamente embrulhado - dos pés à cabeça - com as roupas mais pesadas que poderia encontrar no armário. O tempo havia esfriado demais com uma queda de temperatura brusca, mas ela lamentava não poder ver mais do corpo do rapaz.
Sentiu que sorria involuntariamente enquanto ele caminhava em sua direção, e se repreendeu por isso, mordendo o sorriso inutilmente na tentativa de escondê-lo. sabia que era uma batalha perdida no momento em que seus olhos se cruzaram e ele lhe dirigiu o sorriso mais cativante que poderia.
parou diante dela, depositando um beijo inesperado no canto de sua boca, a fazendo enrubrescer violentamente, queimando suas bochechas.
- Que horas você sai? - Ele sussurrou em seu ouvido, arrepiando-a imediatamente. Ela precisou de alguns segundos para poder se recompor, mordendo levemente o lábio inferior.
- Meu turno acaba em quinze minutos. - Ela respondeu, tentando fracassadamente retomar a compostura.
Ele só assentiu e sentou-se na bancada, pedindo um copo de café. Ele a esperaria acabar.

Assim que pendurou seu avental, ela disparou porta afora, entrando apressadamente no Mustang de e o beijando com força.
Não sabia o que havia lhe acometido, mas ela só queria sentir os lábios do garoto nos seus por alguns segundos. Ele retribuiu por um momento, se afastando logo em seguida, e ligou o carro, pronto para seguirem para a casa do garoto, que eles sabiam que estaria vazia.
Já havia virado parte de sua rotina. Sair do trabalho, ir para a casa de , beber algumas cervejas enquanto conversavam até de noite, e terminarem a madrugada transando.
mal podia esperar para aquela noite.


III

Don't leave me now
Don't say good-bye
Don't turn around
Leave me high and dry

- Qual é ! - resmungava contrariado, deitado no capô do Mustang, encarando-a incrédulo. - Você tem noção de como é difícil me manter são dentro desse relacionamento?
Eles tinham brigado. De novo.
Ele havia chamado o que tinham de relacionamento. Pela primeira vez.
Não que brigar fosse algo muito comum - mesmo sendo -, mas o problema na verdade era . e sua relutância em se deixar entregar. e sua bipolaridade. Ela imaginava que não deveria ser muito fácil para ele conviver com ela dessa forma. Sem nunca saber como agir, dando passos cuidadosos com medo de que a bomba na cabeça da garota estourasse e ele precisasse lidar com os estilhaços. sabia que deveria ser um completo inferno conviver com ela daquela forma.
Por mais que quisesse, ela apenas não conseguia assimilar a ideia de ser feliz.
Ela tinha um medo absurdo de abaixar a guarda.
Ela tinha um medo absurdo de se machucar.
E descontava tudo isso em .
Eles estavam juntos fazia já algumas semanas, de forma exclusiva e, apesar da relutância da garota, ela gostava de estar se envolvendo com ele, mesmo que aquilo a assustasse pra caralho.
Encarou o garoto por cima dos óculos escuros. Ele parecia cansado, e prestes a desistir. A encarava com uma expressão de exaustão nos olhos, e foi então que se deu conta de que, por mais que tivesse medo de se entregar e se machucar, o medo que ela tinha dele ir embora era mil vezes maior.
Por favor, não me deixe. Ela pensou, sem coragem de falar em voz alta. Aproximou-se do garoto e o beijou com força, tentando passar naquele ato tudo o que o seu coração confuso estava sentido. Não diga adeus. Ele a abraçou, correspondendo o beijo com tanta voracidade quanto ela, e o desejo que a garota tinha era de que ele nunca a virasse as costas. Ele não poderia ir embora, não quando ela se sentia extremamente segura entre seus braços.
- Desculpa. - Ela se rendeu, pela primeira vez. - Eu sei que é completamente cansativo conviver comigo.
- Não precisa se desculpar. - Ele suspirou, abraçando-a com força e beijando o topo de sua cabeça, mantendo o rosto entrelaçado em seus cabelos. - Só tenta facilitar um pouco a minha vida, poxa.
Ela assentiu, o abraçando de volta de forma apertada. Não por medo de que se ela o soltasse ele iria embora, mas pela primeira vez, por sentir uma necessidade quase sobrenatural de sentir seu calor e seu abraço. Ela estava completamente apaixonada, e sentia que aquela seria a sua ruína.


IV

I’m tired of feeling like I’m fucking crazy
I’m tired of driving ‘till I see stars in my eyes
It's all I've got to keep myself sane, baby
So I just ride, I just ride

Fora alguma força do destino que levou a jogar pedrinhas na janela do quarto de .
Seu pai estava completamente intolerável aquela noite. A bebida tinha acabado, e ele havia vasculhado suas coisas procurando dinheiro pra se arruinar no rum novamente. Não aguentaria estar no mesmo lugar que ele, a não ser que ele estivesse completamente embriagado.
Saiu de fininho de casa, encontrando em pé ao lado do Mustang, com a chave do veículo estendida para ela. Por um momento, ela ponderou o quão a conhecia bem.
Deslizou rapidamente para o banco do motorista, colocando o cinto e girando a chave na ignição, ansiosa para poder escapar - mesmo que por algumas horas - da insanidade que era a sua casa.
Assim que entrou no carro, ela deu partida, dirigindo em silêncio até que saíssem da cidade, e as luzes dos postes não ofuscassem mais as estrelas. Suspirou fundo, e sorriu com a escolha da música que o garoto tinha colocado no rádio. O olhou de soslaio, apenas para encontrá-lo absorto a analisando.
- Eu ando tão cansada de me sentir uma completa louca. - Ela suspirou cansada, admitindo o que já havia pensado antes. - Parece que dirigir está sendo a única coisa que vem me deixando sã.
Ele assentiu, e mesmo sem estar olhando para o rapaz, ela sabia que estava sorrindo. Qualquer abertura que ela dava, qualquer porta aberta que ela deixava para ele entrar era o suficiente para deixá-lo sorrindo por minutos.
- Você não é louca. - Ele descansou a mão em sua coxa, e ela sentiu um arrepio calmo lhe percorrer o corpo. - Talvez um pouquinho só.
Então os dois riram.

Graças à primavera, eles puderam ver o sol nascer envoltos em apenas uma coberta fina, enquanto deitavam sonolentamente no capô do carro.
Passaram horas daquela forma, apenas deitados, de olhos fechados aproveitando o calor que aumentava gradativamente conforme o sol ficava cada vez mais alto no céu. Por , ela poderia congelar aquele momento para sempre, apenas para se lembrar do quão feliz e completa ela se sentia.
Ele a abraçava protetoramente, acariciando-a bem na base da espinha, fazendo com que tudo o que ela pudesse pensar fosse o quanto ela queria continuar para sempre dentro daquele abraço, sentindo aquele cheiro. Ela estava completamente entregue à , e já não tinha mais nenhum medo de admitir isso.
- Eu possivelmente te amo. - E foi daquele jeito que ela soube de fato de algo que ela apenas nunca quis admitir para si mesma. Ela o amava, e seria dele para sempre.




FIM



Nota da autora: EU NÃO TENHO ESTRUTURA EMOCIONAL PRA LIDAR COM ESSE OTP SENDO FOFINHO GENTE EU NÃO SEI LIDAR.
Pessoas que leram Ride sem ler Born to Die antes: desculpa, eu sei que vocês provavelmente estavam esperando uma historiazona da porra envolvendo sexo, drogas e rock’n’roll (acredito até que quem tenha lido BTD estivesse esperando isso, na verdade até eu estava esperando), mas eu sentia que ainda não tinha terminado de contar a história desses dois, e precisava fazer isso de alguma forma que não fosse em Born to Die, porque BTD passou das 35 páginas no word e as organizadoras do ficstape me matariam se eu passasse das 40 permitidas, rsrsrs.
Eu tentei dar um pouco de profundidade no que acontecia com o casal entre o fim da primeira parte de BTD e o começo da segunda, mesmo sem manter de fato uma linearidade entre os capítulos. Achei uma estratégia mais fácil (cof cof preguiçosa cof cof) fazer com que cada capítulo tivesse um meio e um “fim”.
Espero que vocês não me odeiem por não ter escrito uma história cheia de motoqueiros e cocaína e sexo (eu juro que eu tava planejando fazer isso, de verdade), e espero que tenham gostado desse pouquinho que eu tentei mostrar desses dois.
Qualquer dúvida, ou sugestão, minha caixa de e-mail e minhas redes sociais estão aí pra isso. Xingamentos e ameaças de morte, eu não existo legalmente, meu nome não é esse, eu moro na Chechênia.
Beijos, amoras. Até a próxima.






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