02. Burnin' Up

Última atualização: 06/02/2012

Capítulo Único

You turn the temperature hotter



Entrei no Elemental Camp sorrindo. Meus óculos escuros de marca eram novos, eu havia comprado no caminho para cá. Meus jeans também eram de marca, mas estavam surrados de tanto que eu usava a peça de lavagem clara. Minha polo preta estava levemente colada ao corpo, exatamente como eu gostava. Assim que desci da limusine, pude ver os outros campistas pararem o que estavam fazendo para olharem para mim.
– Oi, !
, cara, como passou esses meses?
Todos queriam saber como eu estava ou o que eu havia feito. Sorri e acenei para algumas pessoas, levando minha bolsa. Havia um cartão com o meu nome preso na alça, então joguei-a no meio das outras mochilas, na porta de entrada da secretaria do acampamento, onde haviam novas pessoas se matriculando.
, bro! – Liam, meu amigo de infância aqui do acampamento me cumprimentou. Ele já devia ter chegado há um tempo, pois já havia tirado os tênis e eu não via sua mochila em lugar nenhum. Nós trocamos um aperto de mãos e ele me puxou para um abraço e me deu um tapinha nas costas – Pensei que não viria nesse verão.
– E aí, Liam! Também pensei que não viria, mas não podemos perder o último ano, não é?
Liam sorriu cúmplice para mim. Logo nossos outros amigos do acampamento começaram a se juntar.
O Elemental Camp ficava em Montana, perto de Lake Forest. Era um desvio na estrada, mas você tinha que ter permissão para entrar. Era um acampamento especial, para pessoas especiais. O sol de verão era forte, mas não o suficiente para deixar o clima pesado, porém ainda era possível ver as folhas amareladas caindo, o que acontecia o tempo todo por aqui, como se fosse sempre outono. O lago atrás do acampamento era imenso e nós costumávamos a tocar violão no píer, quando ficava de noite, ou então fazíamos uma fogueira e bebíamos umas cervejas, porque ninguém realmente estava se importando com a nossa idade. Nossa condição fazia de nossa resistência ao álcool um pouco maior do que dos normais.
– Então, os boatos que rolam é que tem uma novata que é como o . – comentou Andrew. Ele era o mais fofoqueiro entre nós e se você queria saber alguma coisa, Andrew era quem você procurava.
Nós estávamos reunidos perto da secretaria, esperando Madison para entrarmos realmente. Ela era a única garota do nosso grupo que ainda não havia chegado.
– Como eu? – perguntei, em um tom debochado – Isso é impossível. Não existe ninguém como eu.
– Disseram também que ela vai chutar a sua bunda na luta da fogueira. – provocou Eleanor. Ela sempre fazia esses tipos de comentários. Talvez o fogo que corria em suas veias fosse o bastante para estimular as palavras fortes e cortantes a saírem de sua boca.
– Essa eu quero ver. Ninguém nunca ganhou de mim na fogueira, Eleanor. Aceita que não vai ser esse ano que você vai me ver perder.
Eleanor me mostrou o dedo do meio e, como se isso não bastasse, me xingou. Ela era bem temperamental.
A luta na fogueira acontecia sempre no final do trimestre. Era um teste, como uma prova final, onde provávamos que havíamos mesmo aprendido tudo que tínhamos para aprender. Eu nunca havia perdido uma luta, não porque eu era o aluno mais dedicado e sim porque era o mais poderoso.
– Você é a segunda melhor, Els. – lembrou Liam. Ele tinha um tipo de queda por ela, mas não tinha coragem de contar, porque Eleanor não era o tipo de garota que nós imaginamos namorando ou então andando de mãos dadas com o namorado, em direção ao pôr do sol em uma praia deserta.
– Está prestes a se tornar a terceira.
Nós olhamos para trás, encontrando Madison, saindo da secretaria.
– Mas que porra...? – Eleanor começou, correndo para abraçar Madison – Onde você estava, sua vagabunda? Estamos esperando você aqui há décadas.
– Eu cheguei mais cedo. Meus pais tinham que pegar um avião para Paris, vocês sabem. – ela deu de ombros. Madison vivia com os tios nos Estados Unidos. Depois que os pais descobriram o que ela era, mandaram a menina para morar aqui com os tios. Ela era adotada e os pais não sabiam que a filha adotada viria premiada. Normalmente eles faziam visitas curtas, em datas onde ela não poderia ficar por perto por muito tempo – Mas isso me deu uma vantagem na frente de todo mundo. Eu fui atrás daquela tia legal da secretaria para pegar um quarto com Eleanor, mas aí descobri que os quartos já haviam sido separados.
– O quê?! – Eleanor protestou – Já escolheram nossos quartos?
– Sim, mas eu consegui o duplex pra gente. Relaxa, piranha, estamos no mesmo quarto!
As duas comemoraram porque estavam no duplex. Era super difícil de pegar esse quarto, porque era o maior, obviamente, com dois andares. Mas, normalmente, isso significava que...
– E quem é a terceira pessoa? – perguntei.
– Terceira pessoa?
– É, Els. Esse foi o preço pelo duplex. Estamos com uma outra garota no quarto.
– Que merda, Mady. Sério isso?
– É, mas você não vai acreditar quem é nossa colega de quarto!
Madison começou a falar e eu prestei atenção por alguns segundos. Depois, foi simplesmente impossível.
Uma garota descia as escadas da secretaria. Ela era nova, porque nunca vira por aqui antes. Mesmo não sendo amigo de todo mundo, eu com certeza me lembraria de alguém tão linda assim. Seu rosto era em formato de coração e seus olhos chamavam atenção em um raio de um quilômetro, por causa do tom azul – ou seria verde? – que tinham. Talvez as duas cores se misturassem, eu não conseguia entender tão de longe, o que me fazia querer chegar ainda mais perto dela. Seu cabelo era acobreado, novamente me deixando indeciso se ela era loira ou ruiva. Ela podia ter tingido o cabelo, porque ruivas – normalmente – tinham sardas, e ela não tinha nenhuma. Na verdade, sua pele era perfeita, sem nenhuma cicatriz ou marca, diferente da maioria das pessoas, que possui alguma marca de uma espinha ou acne que machucou o rosto. Ela não era magra, definitivamente. Suas coxas eram grossas demais para que ela fosse considerada magra como Madison, mas eu gostava daquilo. O short curto que usava exibia aquelas pernas que faziam minhas mãos formigarem de vontade de tocá-la. E então a blusa de alcinha que usava havia um decote profundo, que me dava uma ótima visão de seus seios que também não eram pequenos. Acabei voltando os olhos para seus lábios, onde eu terminei de perder o pouco de sanidade que me restava. Eram tão vermelhos e cheios, como se ela tivesse passado horas mordendo a boca, só para deixá-la mais volumosa daquele jeito. Fiquei me perguntando se ela era como Madison, que fazia uns negócios com a maquiagem e conseguia me enganar, mudando o tamanho dos lábios para que parecessem maiores.
Eu precisava falar com ela.
Perdi o ar quando ela começou a se aproximar e me tornei consciente do sol que iluminava o acampamento. As árvores altas não estavam fazendo um bom trabalho em diminuir o calor, porque eu sentia que meu corpo podia entrar em combustão a qualquer momento, graças àquele calor infernal que eu estava sentindo.
Tirei meus óculos escuros, porque ela se aproximava e eu precisava dar uma olhada nela.
– Aí está ela! – disse Madison. Percebi que devia ter prestado mais atenção nela, mas eu não consegui. Era como se a novata andasse em câmera lenta – Gente, essa é a . , esses são meus amigos, Eleanor, Liam, Andrew, Oliver, Travis, Dakota e .
. O nome dela era . E ela era a garota que dividiria o quarto com Eleanor e Madison. Lancei o meu melhor sorriso para ela, me recuperando do surto que tive alguns segundos atrás. Saber que ela já estava no meu círculo de amigos deixava tudo bem mais fácil; já era minha.
– Oi, . – cumprimentei, usando uma voz mais aveludada que eu só usava com as garotas que queria conquistar – Espero que goste daqui.
. – ela devolveu, mas havia algo em seu sorriso. Notei que seus dentes também eram perfeitos – Então você é o cara que consegue manipular todos os elementos?
Meu sorriso aumentou um pouco. Seria tão fácil!
– É, digamos que sou eu.
E então eu fiquei surpreso. Ela não parecia encantada. Apenas parecia... Parecia que ela estava achando graça?
– Que bom. Pensei que eu seria a única, mas fiquei aliviada quando soube que teria alguém como eu por aqui.
Pude ver meu castelo da Disney ser demolido.
– Você... O quê?
– Você não ouviu o que a Mady disse, babaca? – perguntou Els, me dando um tapa na cabeça – é a garota que o Andrew disse que tinha chegado.
Oh, era isso que eu havia perdido.
De repente, eu me senti idiota. Eu havia realmente cogitado dar uma chance pra , que ia me tirar do trono. Eu era o mais poderoso por aqui. Todos me olhavam diferente, com respeito e admiração, porque eu era capaz de chutar a bunda de todo mundo.
Eu já podia ver as pessoas me observando. Já deviam saber quem era , porque estavam esperando que eu fizesse alguma coisa. Sem que eu percebesse, havia uma plateia ao nosso redor, e eu não tinha certeza se era só porque meu grupo de amigos era o mais popular do acampamento.
Ri zombeteiro.
– Isso é impossível. – retruquei – Não existe ninguém como eu.
arqueou as sobrancelhas, não acreditando que eu podia ser tão arrogante. Fazer o que, eu era sincero.
– Não preciso provar nada pra você. – ela retrucou, mas isso só me fez rir ainda mais.
– O fato é que você não pode provar nada, porque não é como eu.
Uma coloração avermelhada subiu pelo pescoço de , se instalando em suas bochechas. Achei que era vergonha, mas, quando ela falou, percebi que estava errado; estava furiosa.
– Você é muito metido, garoto. Mas quer um show, não é? Então vamos dar um show.
Nenhum dos meus amigos disse nada, apenas observaram a confusão que estava prestes a acontecer, confusão que eu havia criado. Mas e daí? Estava mesmo pagando para ver aquela garota conseguir fazer tudo que eu fazia.
Ela fechou os olhos por alguns segundos, se concentrando. Arqueei uma sobrancelha e cruzei os braços, mostrando desinteresse. Ela podia parar com esse teatrinho, porque não iria me convencer.
– Pode parar a hora que quiser, garota. Vai ficar feio pra você. – avisei, usando um tom que usava com alguma criança birrenta. Para mim, era isso que era; uma criança birrenta.
Quando ela abriu os olhos, eu não a reconheci. Mas eu sabia o que vinha em seguida. Aquilo acontecia comigo também.
Os olhos azuis esverdeados de assumiram um tom alaranjado, que lembrava o fogo queimando em uma fogueira. As mãos que estavam fechadas em punho se abriram, soltando chamas das palmas. Ela olhou diretamente para mim quando juntou as mãos em um movimento circular, fazendo uma bola de fogo. Mexendo as mãos de maneira teatral – porque não era necessário fazer tudo aquilo para criar uma simples bola de fogo – ela atirou a bola em mim. Como isso já era previsível, eu segurei o fogo com as mãos, mostrando para ela que também sabia usar o elemento. Logo em seguida, deixei que água saísse das pontas dos meus dedos, apagando as chamas que brilhavam na minha mão. não se impressionou.
Ela abaixou as mãos para o solo de terra, rodando a ponta do dedo, fazendo uma flor nascer ali, desabrochando logo em seguida. Do miolo amarelo, ela juntou as duas mãos e as rodopiou, assoprando fraco. Logo, um pequeno furacão estava sendo formado, seu centro no miolo da flor, que não se movia um único centímetro.
Olhei ao redor. As pessoas estavam maravilhadas. Era algo que só eu podia fazer, porque as pessoas que manipulavam a terra precisavam da ajuda de alguém de ar para conseguir aquele efeito. Já eu, não precisava de ninguém, porque manipulava os quatro elementos, sozinho.
Ela parou tudo que fazia de repente. A flor continuou ali, mas o furacão sumiu. Jogou algumas gotinhas de água na flor, usando as pontas dos dedos. E então olhou para frente, onde mais de 100 alunos a olhavam, babando como idiotas. Será que era assim que eles ficavam toda vez que eu fazia alguma coisa desse tipo?
sorriu e eles bateram palmas.
E de repente, eu não era mais o centro das atenções de Elemental Camp. Todos os olhos estavam em .
Inclusive os meus.
***
– Pelo que eu descobri, ela é britânica. Não tem sotaque porque só passou alguns poucos anos na Inglaterra. Seus pais se mudam bastante e ela já morou na Irlanda, em Portugal, na França, Espanha, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, e agora acabou de chegar nos Estados Unidos.
– Isso é bem suspeito. – resmunguei para Andrew – Ela sai pulando de país em país? O que mais você descobriu?
– Foi só isso, cara. Você precisa se lembrar que eu tenho que estudar, também.
Revirei os olhos. O que Andrew tinha de fofoqueiro, tinha de burro.
– Tudo bem, então. Vê se consegue mais coisas para...
– Senhor , espero que esteja tudo bem aí atrás.
Eu e Andrew nos afastamos um pouco, já que estávamos inclinados na direção um do outro, para podermos conversar melhor. A professora Thurman estava dando uma aula sobre propriedades do fogo, e eu não estava dando a mínima, mas Andrew precisava dela.
– Está, sim. – respondi, sorrindo – Não se preocupe conosco!
– Oh, . Já vai dar trabalho logo no primeiro dia de aula? Fiquei sabendo que deu um showzinho ontem na fogueira...
Ah, é claro. Todos iriam comentar isso para sempre.
havia me irritado bastante. Eu estava com algumas garotas novatas, escolhendo qual delas eu passaria o verão – ou talvez o mês – e interrompeu, porque queria chamar atenção de um jeito patético, usando seus poderes. As garotas também estavam ignorando-a, até que fez o favor de colocar fogo na bebida alcoólica de uma das meninas, fazendo com que a chama ficasse escondida e só começasse a queimar quando ela já havia bebido tudo. Quando a garota começou a passar mal, eu sabia que havia sido , porque ela era a única com poder o suficiente para fazer um truque daqueles, mas é claro que ninguém acreditou em mim. Todos acharam que eu fora o responsável por isso, porque eu era o único com capacidade. Obviamente, eles não conheciam . Ela podia fazer tudo que eu podia.
Só que podia sair impune, enquanto eu tinha que pagar com horas na detenção e não podia mais usar meus poderes fora do campo magnético de treinamento.
– Eu já disse que não fui o responsável e, se continuarem insistindo, vou querer processar o acampamento por calúnia. – retruquei, começando a perder a paciência. Podia sentir o fogo queimando a ponta dos meus dedos.
– Boa sorte em processar um acampamento mágico.
havia falado. Todos riram, porque, oh, olhem para ela, é tão engraçada!
Deus, eu queria matar essa garota. Hoje ela usava um short minúsculo e um top apertado, o que realçava seus seios. mordeu o lábio quando olhou para mim, enquanto meus colegas de classe ainda riam, na óbvia intenção de me provocar.
Levantei da cadeira de uma vez, deixando que caísse e ignorando os protestos da senhora Thurman. Minha paciência já havia se esgotado.
Bati a porta da sala de aula quando saí de lá. Fechei os olhos e deixei que o ar ao meu redor ficasse mais denso, até que não era mais possível me ver. O inspetor dos corredores passou perto de mim, entrando direto na sala onde eu estava antes de fugir, obviamente a pedido de Thurman. Bom, eles podiam me caçar o quanto quisessem, mas eu não iria aparecer.
Passei o resto do dia no meu quarto, irritado demais para almoçar ou curtir um tempo com meus amigos. me tirava do sério com seus lábios vermelhos e o olhar brincalhão. Era isso mesmo que ela estava fazendo comigo: brincando.
E dois podem brincar melhor do que um.
Durante a semana, cumpri minha detenção sem reclamar e ignorei os professores que me chamavam a atenção. Eleanor e Madison pareciam ter feito uma super amizade com , porque elas não se desgrudavam, o que significava que eu tinha que encará-la em todos os lugares. Apesar de odiar, fingi que estava tudo bem. tentou me provocar, mas não conseguiu. Eu era poderoso o suficiente para fingir que não notava sua presença.
Mas, oh, eu notava. Tinha em mente gravada todas as imagens das roupas pequenas dela durante a semana. Esse é o lado bom do verão, certo? As temperaturas estão mais altas, as roupas mais curtas.
Eu sabia que o problema não era o calor de Montana.
Havia algum tipo de magnetismo que me envolvia e me puxava para perto de , porque meu corpo esquentava imediatamente quando ela estava por perto. E ela sabia disso, porque me lançava sorrisos provocantes, andava por aí como se exibisse na minha cara tudo o que eu mais queria, porém me recusava a ter.
E estava ainda mais linda naquela festa no sábado à noite, com um vestido branco colado no corpo que deixava suas costas à mostra. Meu queixo caiu quando a vi perto da fogueira, brincando com o fogo, as chamas refletindo seu rosto e os lábios brilhando ainda mais vermelhos do que nunca. Madison, Dakota e Eleanor estavam com ela, mas eu nem reparei nas outras.
– Cara, eu não sei por que você implica tanto com a . – murmurou Travis, olhando diretamente para – Ela é muito gostosa.
Fiquei momentaneamente feliz enquanto Travis ia conversar com as garotas. Eu não era o único que estava sendo afetado pela presença dela, então ponto para mim. Mas aí um sentimento estranho e incomum se apossou do meu peito quando vi Travis puxar para dançar. Uma música tocava alto e as pessoas dançavam em volta da fogueira que iluminava a clareira de noite.
Eu me apoiei na mesa de bar que havia ali, pegando uma cerveja. Era só continuar fingindo que ela não existia. Era só continuar fingindo que eu não me importava com ela e que sua presença não fazia a menor diferença.
Quando um Travis levemente bêbado tentou beijá-la, eu não consegui mais fingir. Ele não podia beijar a . Ela era terreno proibido. Como um dos meus melhores amigos, ele tinha que saber disso.
Eu manipulava os quatro elementos, mas o fogo era o que me regia. Eu sentia o elemento mais forte pulsando nas minhas veias, podia vê-lo nas minhas íris quando me olhava no espelho. Isso me tornava uma pessoa mais explosiva e, quando eu estava com raiva, simplesmente não conseguia controlar.
Travis estava muito perto da fogueira. Joguei uma faísca em sua camiseta, que poderia ser facilmente identificada como vinda das chamas da fogueira. Logo o fogo se alastrou pela sua camiseta e se espalhou pelo seu corpo. É lógico que ele não sentia dor e não ficaria queimado, os gritos que ele dava era só porque estava bêbado e havia se assustado com as chamas.
O olhar de se virou para mim na hora que Travis a soltou. Deu passos firmes em minha direção e eu apenas olhei para outro lugar, como se não estivesse sentindo minha pele arder em fogo puro.
– O que você está fazendo, ? – ela perguntou, usando um tom bem diferente do doce de sempre.
– Eu não fiz nada, . – devolvi em uma voz cansada, como se ela me desse sono. A verdade era que eu estava bem consciente de sua presença a poucos centímetros de mim.
– Você colocou fogo no Travis. – explicou, como se eu fosse uma criancinha – Pode negar, mas eu estava vendo você.
– Estava me observando, ? Achei que tinha coisa melhor para fazer, tipo tentar queimar alguém de dentro pra fora.
– É claro, porque queimar alguém de fora pra dentro, principalmente se for um amigo, é bem melhor.
Respirei fundo para não mandá-la para o inferno. Foi uma péssima ideia, porque agora eu podia sentir seu perfume mais diretamente.
Peguei sua mão e a arrastei para longe. Ela era fria, o que significava que devia ser regida por água, mesmo podendo manipular os quatro elementos. Eu era um extremo, ela era outro. Eu era fogo, ela era água.
Balancei a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos idiotas.
Adentramos a floresta, indo para a parte mais densa. Usei a terra para encobrir nossas pegadas e nosso caminho, assim ninguém nos encontraria ali.
– O que pensa que está fazendo?! – gritou, mas eu já esperava por isso e usei o vento para abafar suas palavras.
– Nós vamos conversar. – afirmei, empurrando-a contra um tronco para que se apoiasse ali.
Mas eu não esperava por isso. Não esperava pela dor que senti quando soltei sua mão, minha pele implorando pelo contato com a dela. Não esperava que ela fosse ficar ainda mais bonita na penumbra da floresta, com a luz da lua refletindo seu rosto e as estrelas acima de nós queimando tão intensamente, como estava meu corpo naquele momento.
Quando nossos olhos se encontraram, eu sabia que estava perdido. Não era como se eu fosse conseguir me conter, na verdade.
Entrelacei os dedos nos cabelos da nuca de e então a puxei para mim, beijando sua boca. Nunca imaginei que fosse isso que eu queria, mas era. Quando senti o gosto dela, meu corpo entrou em choque. Eu não sabia se estava aliviado por finalmente senti-la ou com raiva de mim mesmo por ter me entregado tão fácil. Eu pensei que lutaria melhor.
correspondeu alguns segundos depois, levando as mãos aos meus ombros, me envolvendo em seus braços. Era toda a resposta que eu precisava.
O ar ao nosso redor ficava cada vez mais denso, mais quente, conforme nossas mãos exploravam novos lugares no corpo do outro e eu queria tirar minha camiseta. O frio do corpo dela contrastava com o calor do meu e, mesmo assim, queimava minha pele intensamente, de um jeito que eu nunca soube que era possível.
Quando finalmente nos separamos, me encarou, decidindo algo. Percebi que a decisão foi tomada quando um brilho brincou em seus olhos expressivos.
– Se você não fosse tão metido, podíamos ter feito isso logo no meu primeiro dia. – ela murmurou, parecendo irritada.
Apertei seu quadril, puxando-o de encontro ao meu.
– Se você não fosse tão exibida... – devolvi, deixando o fim da frase no ar, enquanto ela voltava a me beijar.
Nós não dissemos mais nada, apenas começamos a tirar a roupa que estava nos incomodando. Quando me dei por mim, o dia já havia amanhecido.

***


estava deitada sobre o meu peito e nós estávamos em silêncio, apenas aproveitando o sol da manhã. A noite passada acontecera tão de repente que nós dois precisávamos de um minuto para digerir o que havia acontecido. Talvez um pouco mais que um minuto.
– E agora? – ela perguntou, quando teve certeza de que já havíamos ficado em silêncio por tempo suficiente.
– Eu não sei. Nós vamos namorar ou alguma coisa assim? – perguntei, tentando falar alguma coisa certa.
– Lógico que não, . – ela bufou – Nós só vamos ficar para o verão. Quando o Elemental Camp acabar, isso também acaba. E esse verão a gente se forma, então não vamos ter outra chance no ano que vem.
– Então você acha melhor não se envolver?
– Sim.
Por algum motivo, aquilo quebrou meu coração. Eu esperava que ela estivesse presa a mim, como se sentisse que eu era algo importante para ela.
– Mas acho que já estou envolvida, sabe?
havia murmurado baixinho e eu não sabia se ela podia ouvir meus batimentos cardíacos, já que estava deitada sobre o meu peito, mas eu esperava que não.
– Meu pai viaja muito, então eu me mudo com frequência. Nunca paro em um lugar só. – ela explicou – Essa é a nossa primeira vez nos EUA e ele acha que vai conseguir se fixar, pelo menos por um ano. Ele me mandou primeiro, para que eu viesse para cá. E então, no final do verão, quando ele vier me buscar, nós vamos para Malibu.
– Então talvez eu te dê uma carona...
– O quê?
se levantou e olhou para mim, se apoiando em um cotovelo.
– Eu moro em Malibu, .
sorriu e começou a me beijar, rindo enquanto sua boca não estava na minha pele.
Esse foi nosso começo.
Quando os três meses chegaram ao fim, e eu fomos para Malibu, onde começamos a namorar. Nós não fomos nenhum romance de verão ou nada do tipo; nós fomos bem mais. Afinal, era o mínimo de se esperar de duas pessoas capazes de manipular os quatro elementos.
E, depois de todos esses anos, depois de todo esse tempo que eu ainda passava totalmente apaixonado por ela, ainda conseguia fazer um cômodo pegar fogo só de entrar nele.
E eu a amava mais do que tudo.


Fim.



Nota da autora: Ooi, pra você que leu mais essa fic minha!
Quando eu era menor, era totalmente apaixonada pelos JB e, Justin Bieber que me desculpe, mas JB sempre vai significar Jonas Brothers pra mim, hahah <3
Enfim, essa short ficou bem short mesmo, comparada com as minhas outras fics, mas eu queria que ficasse uma coisa mais fofa, mas infantil, mesmo que a música pedisse outra coisa. É que eu penso que uma “eu” de 11 anos iria querer ler uma short dos JB e eu não consegui criar nada mais “adulto”. Espero de coração que tenham gostado e comentem para eu saber a opinião de vocês!

Beijos,
Tak




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