Fanfic finalizada

Capítulo Único

I never knew how complete love could be


Eu fazia parte da tripulação da nave OceanDrive IV há muito tempo. Para ser mais exata: 421 dias. Tirando esses 421 dias, eu passei mais 94 anos em hipersono. Eu e mais 3.000 pessoas, socadas em uma nave luxuosa, indo diretamente para outro planeta.
Nosso Planeta Terra estava muito bem, obrigada. O primeiro projeto colonizar o Planeta Tozier foi junto da OceanDrive II, onde alguns astronautas seguiram até lá para fazer todos as análises completas para os próximos passos da famosa “Primeira colonização terráquea”.
Traduzindo: 3.000 pessoas foram selecionadas para viajar durante 100 anos (aproximadamente) em uma nave espacial sofisticada para colonizar um novo planeta, em uma nova galáxia, com uma nova constelação e um novo sistema solar.

Chegaríamos em Tozier em dois meses. Nos acordaram um ano e meio antes para interação humana, éramos 3.000 pessoas no meio do espaço, acordando de um hipersono de mais de 90 anos, precisávamos de no mínimo alguns meses de interação humana.
Fomos todos selecionados, entre mais de 30.000 pessoas que se inscreveram no programa OceanDrive IV, no meio de fotos, entrevistas e questionários profundos com os melhores psicólogos do mundo.
Foram escolhidas pessoas de todos os tipos, de todos os continentes, de todas as cores e nacionalidades.
Eu não tive nenhum problema para ser colocada aqui, inclusive era uma das celebridades que entraria nesta nave. Tudo de mais luxuoso e caro que existia nesta nave, estava ao meu alcance, graças ao meu pai e minha mãe. Não que eu me importasse com isto, mas eu era a queridinha da América.

- Bom dia, Parker. Pronta para mais um dia em OceanDrive IV? - Uma voz naturalmente falsa me acordou, fazendo-me virar os olhos por querer ficar mais um pouco na cama.
Mesmo assim levantei para mais um dia feliz naquela nave estúpida.
A realidade era que eu não aguentava mais ficar ali. Estava presa naquela selva de metal idiota, onde tudo era falso, a comida, a água, a comunicação... Eu ansiava pela hora do café da manhã onde quase todo mundo acordava ao mesmo tempo e iam para os seus refeitórios conversar sobre as vidas que deixaram para trás. Cada dia, eu tentava sentar em uma mesa diferente e ouvir as histórias maravilhosas de como e por que escolheram ter aquela vida ali, em outro planeta. Uma vida no desconhecido, uma vida em 90 e poucos anos em uma nave atravessando o universo onde absolutamente TUDO poderia dar errado.
Todas as pessoas escolhidas eram bilíngues, foi um pré-requisito para que não só uma língua predominasse no novo mundo. Eu falava inglês, espanhol e francês.
- Vocês se importam se eu me sentar com vocês hoje? - Perguntei, dando meu melhor sorriso enquanto as pessoas da mesa sorriam de volta e abriam um espaço para mim na mesa.
- Caso vocês não me conheçam, meu nome é Parker, eu sou de New York e vocês? - Apresentei-me e ouvi todos se apresentarem. Perguntei sobre suas vidas, o que faziam antes de entrar na nave e o que deixaram para trás, e porquê deixaram para trás.
Cada um tinha sua história, umas eram tristes, outras eram de superação e outras eram de cair o queixo. Algumas pessoas já estavam apaixonadas, tinham conhecido sua alma gêmea na nave, e eu ficava extremamente feliz de saber que nosso novo planeta poderia ser repovoado.
Afinal, eu não tinha ido com o propósito de conhecer alguém, me apaixonar e ser feliz para sempre. Eu estava indo para lá, primeiramente como uma ajuda.
Meu pai era Peter Parker, vulgarmente conhecido como Homem-Aranha. Minha mãe? Nada mais nada menos do que Mary Jane Watson. Então, sim, eu estava ido para o planeta Tozier com um propósito básico de proteger a população de qualquer ameaça iminente. Eu e... infelizmente, mais uma pessoa.
Depois do café, segui para mais um dia de treinamento regular para não deixar minhas habilidades atrofiarem.
Corri durante uma hora.
Pedalei durante meia hora.
Escalei paredes (do jeito convencional, não do jeito de meu pai).
Fiz meu treinamento corpo a corpo com hologramas realistas que me assustavam um pouco.
Segui para meu treinamento de arco e flechas, e percebi que tinha alguém lá.
Um alguém que eu não queria ver, que eu evitava durante toda a viagem.
Barton.
- Bom dia, baixinha! - Falou ele com seu sorriso presunçoso que aumentou quando me viu virando os olhos.
- Terça-feira é meu dia de treinar arco. - Falei, fechando a cara para ele.
- Eu sei, só vim te encher o saco. Estava entediado. – Respondeu, ainda se divertindo.
- Já conseguiu o que queria. Por favor, vai embora. – Falei, passando por ele, entrando na arena.
me seguiu. Fechou as portas de vidro atrás de nós.
- Vou ficar quietinho. Só quero ver como você está no arco.
Digitei os comandos no painel que havia na parede de vidro, e uma escotilha no chão se abriu, mostrando os arcos à disposição. Peguei o que tinha o meu nome, coloquei minhas luvas e a mochila com as flechas.
Quando eu era pequena, tive muito treinamento com o pai de , Clint Barton, e fiquei realmente muito boa com arco e flecha, mas não era a minha especialidade.
Como meu pai tinha poderes, e minha mãe não, acabei não adquirindo os mesmos poderes de meu pai. Eu tinha uma incrível habilidade de percepção, aquele “instinto aranha” que ele tinha, reflexos muito bons e uma leve força sobre-humana. Nada como meu pai, mas o bastante para me destacar no meio dos heróis que tinham na nova SHIELD. era um deles, filho de Clint Barton e Natasha Romanoff, era basicamente uma máquina de artes marciais e arco.

Os hologramas me atacavam, mas com os sentidos aguçados, eu sempre conseguia acabar com eles antes. ficou quieto o treino inteiro e eu consegui fingir que ele não estava ali. Eu não suportava a sua presença.
E eu tinha um motivo para isso, assim como ele: Nossos pais forçavam nossa amizade, forçavam para que fôssemos o casal da América, forçavam que ficássemos juntos a todo custo. E sempre fomos contra isso, então um campo de força invisível se formou em torno de nós. Engolimos essa mentira de que não nos suportávamos por causa dos nossos pais.
Quando terminei, com suor descendo pela testa e com o cabelo bagunçado, ouvi ele bater palmas e vir até mim.
- Muito bom, baixinha. Mas você pode melhorar um pouco a sua direita. - Ele disse, sem parecer querer ofender.
- Sou canhota. - Respondi automaticamente.
- Eu sei que é, e 90% de toda a humanidade também sabe. Por isso estou falando para você melhorar a sua direita. - Falou, dessa vez um pouco mais impaciente.
- Tudo bem. - Comentei, retirando a mochila das minhas costas e as luvas.
- Tudo bem? - Perguntou ele, surpreendido.
- Sim. Depois de amanhã eu treino minha direita.
- Se quiser, aparece aqui amanhã que eu te ajudo. - Disse ele, dessa vez sem presunção, sem querer se aparecer.
Concordei com a cabeça, e vi que ele ficou tão surpreso quanto eu.

Sempre fui muito reservada. Me sinto confortável em um ambiente que outras pessoas tomem a atenção, por isso interagia com pessoas que pouco me conheciam ou que tivessem uma história boa para contar. Isto aconteceu imediatamente com . era uma mulher de 42 anos que me divertia muito durante as minhas tardes infinitas dentro dessa nave.
Conheci ela em umas das minhas manhãs indo de mesa em mesa, onde ela se destacou entre todos, e me convidou para assistir a um filme com ela naquela mesma tarde. Foi uma amizade instantânea. Eu adorava ouvir sobre seus seis irmãos que ficaram na Terra e em como seu cachorro era ranzinza e em como ela sentia falta dele.
Contei a ela sobre o episódio de de manhã, e ela sugeriu que eu fosse gentil com ele, só para variar.
- Afinal, seus pais não estão mais aqui para fazer qualquer coisa com vocês. Vocês estão por conta própria, podem muito bem cuidar dos seus narizes sem se odiar. Mesmo que seja ódio gratuito. - Ela sorriu, comendo a rosquinha que eu tinha trazido para ela.
- Você tem razão. - Comentei. - Eu não odeio ele. Posso ser gentil.

I couldn't say what I wanted to say


- Bom dia, Parker. Pronta para mais um dia em OceanDrive IV? - A mesma gravação de todos os dias me acordou. Rolei na cama mais alguns minutos, mas pulei da cama sabendo que ia perder o refeitório no seu ápice de pessoas.
Eu já aparentemente conhecia todos. Pelo menos eu sentia que já, na sua grande maioria. Então segui para a mesa em que estava, junto de um cara que ela estava namorando e mais três pessoas. Cumprimentei a todos e me sentei.
- Olha quem está vindo para cá, todo sorridente. - Comentou ela, discretamente. E eu levantei os olhos vendo , que realmente estava sorrindo.
- Oi, Parker. Você vai lá mais tarde?
- Claro, Barton. Só vou fazer meus treinamentos antes. - Comentei, me esforçando ao máximo para não parecer grosseira, ou chamar muito a atenção do restante da mesa.
- Legal. - Disse ele, seguindo para a sua mesa costumeira, com os amigos que ele havia feito.
- Alguém está animado para este encontro. - brincou.
- Não é um encontro. Ele está agindo estranho, isso não é do feitio dele. - Comentei, comendo meu café da manhã.

Segui com a minha lista de tarefas. Fui até a piscina, troquei de roupa no vestiário e mergulhei na mesma. A piscina era olímpica, retangular e comprida. Fiz meus exercícios dentro dela, e dei várias voltas até decidir que já era o bastante.
Fui até a sala de esteiras e corri mais uma hora.
Depois de todos os meus exercícios feitos, tomei uma ducha e segui para o treinamento de arco.
estava praticando com um colete preto, luvas e uma calça de tactel também preta, aguardei do lado de fora da arena enquanto ele terminava a sua sessão de treinamentos. Fiquei analisando seu resultado e seu treino, para ver se ele realmente tinha a necessidade de me ajudar em algo. Ele tinha uma boa direita e uma boa esquerda, mas isso não conta muito vindo do filho do arqueiro mais perfeccionista do mundo. Diferente dele, eu tinha força e sentidos aguçados, ele tinha estratégia e lutava muito bem. Ou seja, eu sempre sabia quando ia ser atacada, principalmente quando o ataque vinha de trás. Ele tinha a paciência de analisar antes de atirar. De acompanhar o alvo com os olhos antes de lançar a flecha.
Fiquei uns dez minutos do lado de fora, até o treinamento dele acabar e ele perceber que eu estava ali esperando.
- Baixinha! Você veio! - Sorriu, pegando uma toalha que tinha ali perto e enxugando as têmporas ligeiramente suadas.
- Eu disse que viria, não disse? - Falei, dando de ombros.
- Disse sim. Vamos treinar um pouco de direita, então? - Ele brincou de dar soquinhos. Como se fôssemos treinar luta, e não arco e flecha.
- Acredite, você não vai querer sentir a minha direita assim.
- Duvido que seja mais forte que a esquerda. - Respondeu ele, continuando a dar soquinhos no ar.
- O que você tem? - Perguntei. Evitando ser grossa. - Sei que não temos motivos pra brigar... Mas não estou me sentindo muito confortável com você assim todo gentil e brincalhão.
Ele parou de dar soquinhos na hora. Seu semblante tranquilo ficou na defensiva.
- Só estou tentando ser simpático. Você é a única pessoa que eu conheço nessa nave. Estou há praticamente um ano te evitando, mas percebi que não sei o motivo. - Ele uniu as sobrancelhas e continuou: - Você sabe o motivo?
- Não. - Respondi simplesmente.
- Você também me evita, eu percebo isso. - Ele disse, cruzando os braços. - Por que fazemos isso?
- Você me irrita. Não me entenda mal, acho que foi a maneira da minha mente te evitar. Fazer com que tudo que tu fale ou faça soe irritante aos meus ouvidos. – Respondi, tentando inutilmente parecer sensata.
- Eu faço algumas coisas de propósito pra te irritar, admito. Mas vamos esquecer isso? Vamos esquecer nossos pais por um segundo e sermos quem nós realmente somos. - Ele suspirou, sorrindo. - Você quer ser minha amiga?
Eu ri da cara que ele fazia.
- Prometo que sou um cara legal. E não quero evitar a única pessoa que eu conheço em um planeta desconhecido.
- Sem contar que precisamos ficar juntos. Se algo de ruim, ou de errado acontecer nessa nave ou em Tozier, é em nós que eles vão depositar a fé. - Concluí seu pensamento.
Ele sorriu e esticou a mão até mim. Apertei-a.
- Amigos?
- Amigos. - Falei, já indo em na direção da escotilha para pegar meu arco e minha luva.

me ensinou alguns truques para conseguir mais força no lado direito do meu corpo e mais firmeza. Programou o exercício para que os hologramas só me atacassem pela direita, mesmo que eu girasse o corpo. E depois de uma hora, eu estava muito mais confiante, mesmo sabendo que já era boa o bastante.
Saímos de lá cansados e mesmo enxugando o suor do rosto, eu sugeri:
- Que tal fazermos algo hoje “à noite”? - Brinquei, já que ali na nave não existe dia e noite. Existem horas... Por enquanto estamos contando as horas como na Terra, quando pousarmos, os engenheiros da nave vão fazer as contagens para iniciamos um novo ciclo e um novo calendário.
- Claro. Um filme ou um jantar? - Perguntou ele.
- Acho que jantar. Faz tempo que não como nada diferente. Depois quem sabe um filme. - Respondi, ainda achando aquilo extremamente estranho.
- Tudo bem. Então te vejo às... oito? - Perguntou.
- Claro!
Seguimos direções opostas, e antes de eu rir feito uma boba pela estranha manhã que eu tive, corri até a direção dele.
- ! Espera! - Chamei-o e vi ele se virando confuso.
- É um jantar normal ou um jantar chique? - Perguntei. - Faz 100 anos que eu não janto com alguém. Estou meio enferrujada.
Ele riu, concordando.
- Eu não sei.
- Acho que dá para ser um jantar normal né. Entre amigos, e tal. - Falei, sem parecer nervosa.
Não que eu estivesse nervosa. Eu não estava. Mas não queria que ele achasse que eu estava.
- Perfeito. - Comentou.

Before her love I was cruel and mean


Escolhi uma de minhas roupas casuais preferidas: blusinha branca básica, calça jeans e um coturno preto que foi presente do meu pai. Arrumei meu cabelo em uma trança embutida, com alguns fiozinhos soltos e passei batom e rímel. Pois além de não saber usar maquiagem, eu ainda não tinha muitas pessoas que me ajudassem nisso. Geralmente minha mãe sabia, ou minhas amigas sabiam o que fazer. Eu não tinha tempo para perder com maquiagem. E não achava que era um tempo perdido com utilidade. Principalmente para ir jantar com .
Saí da minha cabine às sete e cinquenta.
Passei antes no bar, o barman era um androide que até podia conversar conosco, mas eu preferia não falar com ele. Ele me dava arrepios, assim como tudo que era feito de metal que parecia pensar demais. Pedi Martini com azeitonas, beberiquei calmamente, vendo o fluxo de pessoas naquele bar, a maioria eu conhecia de vista e quem passava por mim cumprimentava de cabeça.
Encontrei no meio das pessoas e acenei para ela, que retribuiu.
- Parece que tivemos a mesma ideia. - Ouvi uma voz dizer. E me virei de supetão. encontrava-se com uma camiseta básica azul-marinho, calça jeans e um tênis comum nos pés. Os cabelos estavam penteados e barba feita.
- Quer me acompanhar? – Perguntei, levantando-me para cumprimentá-lo. Beijo de rostos.
- Claro. - Falou, sentando-se ao meu lado, apoiando-se no balcão.
- Sobre o que vamos conversar? – Perguntei, rindo. - Não estou acostumada com isso. Por mais incrível que eu seja, não tinha muito tempo pra jantares.
- Muito modesta. Vamos falar sobre como a gente não se conhece. - Ele disse, me olhando. - Eu não te conheço tanto, que não conheço sua banda favorita.
- Metallica. - Respondi. Ele pediu um whisky. - E a sua?
- Uau, isso me pegou de surpresa. Hmm, provavelmente Foo Fighters. Sua vez.
Ele bebeu sua bebida que havia sido entregue.
- Eu não te conheço tanto que não conheço sua cor favorita.
- É vermelho. Mas não o vermelho comum. Vermelho cor de sangue.
- Tipo bordô? - Perguntei.
- É, algo assim... E a sua? - Bebeu mais um gole da sua bebida. Lembrei de beber a minha.
- Azul-marinho. - Respondi, e ele passou as duas mãos pelo seu peito, indicando que estava de azul-marinho. Desceu as duas mãos pelo corpo, como se quisesse me seduzir.
Comecei a rir, vendo que ele se divertia com aquilo.
- Coloquei essa blusa de propósito. - Brincou, enquanto eu ainda ria feito uma retardada.
- Claro, claro. Eu acredito. - Falei. - Sua vez.
- Eu não te conheço tanto que não sei o que você gosta de fazer nas horas vagas.
- Nem eu sei o que eu gosto de fazer. Eu quase não tinha horas vagas antes. E agora passo o tempo treinando. As vezes leio um livro, ou assisto a um filme, ou saio pra conversar com as pessoas... Eu realmente sou muito ruim com horas vagas. - Admiti, e ele riu.
- Acontece a mesma coisa comigo. A gente não parava lá na Terra. Aqui, eu me sinto engaiolado. Todo lugar tem um robô limpando algo. No começo eu saia entrando nas salas, tentando descobrir alguma coisa interessante. Agora já conheço tudo. Não sei como essas pessoas aguentam ficar conversando ou vendo coisas na televisão o tempo inteiro. - Ele disse, bebendo sua bebida.
- Foi por isso que você resolveu ir falar comigo?
- Sim! Na verdade, eu estava curioso para saber o que você fazia... Afinal, só você passou pelas mesmas coisas que eu. Eu adoro conversar com as pessoas aqui, mas só você sabe como é ser filho de um super-herói. Só você sabe como é ser treinado por eles e como a pressão era absurda.
- É o nosso emprego... Enquanto alguns são médicos, cozinheiros, costureiros, engenheiros... Nós somos super-heróis, estamos aqui para ajudar a proteger. Só que esqueceram de avisar que isso daqui é um saco! Deviam ter nos acordado agora. Faltando apenas dois meses para chegarmos. - Desabafei e ele concordou com a cabeça.
- Nós treinamos a vida inteira para sermos super... E se lá não tiver perigo? Até o primeiro assaltante resolver assaltar um banco que nós ainda vamos ter que construir... Vamos ter virado vovôs. - Disse ele, complementando meu raciocínio.
- E você já parou pra pensar que nossos pais provavelmente estão mortos agora? Que eu posso até ter tido um irmão que nunca vou conhecer, mesmo que decida voltar? - Terminei minha bebida, e encarei-o analisando sua expressão.
- Já pensei sim. E espero que tenha realmente um irmão ou irmã... Mas acho pouco provável, meus pais eram meio inconstantes. - Ele disse, terminando sua bebida também. Lembrei-me de Clint e Natasha, eram um casal de sair faíscas, mas os romances nunca duravam muito por causa da personalidade forte dos dois.
Meus pais eram o casal perfeito. Pai era divertido, brincalhão e extremamente chato quando o assunto era treino. Mãe era calma, paciente e forte. Cansei de vê-la chorando em casa sozinha, enquanto o pai saía de casa voando pela janela, determinado a salvar a cidade. Eu a abraçava e dizia que tudo ia ficar bem. E alguns anos depois, eu comecei a sair pela janela com meu pai, e foi aí que ela viu que tinha me perdido. Não no sentido literal, mas ela sabia que eu seria como ele.
Eu queria ser como ele.
E sempre fui.
- Pois é. Eles eram meio complicados. Mas eu adorava eles, principalmente a Natasha. Ela me ensinou muita coisa. - Comentei.
- Minha mãe é foda. - Ele disse e eu concordei.

Seguimos do bar para o restaurante. O lugar era absolutamente e estonteantemente grande, no centro ficavam as mesas, e nas laterais, seguiam fileiras e mais fileiras de pequenos restaurantes. Como uma praça de alimentação de shopping. Encontramos uma mesa facilmente e fomos atendidos por um androide muito parecido com o barman.
- Vai querer o que? - me olhou, sem pegar o cardápio nas mãos. Primeiro era selecionada a área, fast food, comida oriental, comida italiana, etc.
- Faz muito tempo que eu não como sushi. – Falei, sorrindo. Vendo como seus dentes eram brancos e alinhados.
- Tudo bem. Sushi para você e macarronada para mim. - Seus olhos seguiram meus lábios e desceu para o cardápio. O androide assustador ainda estava do meu lado.
Pedi meu prato rapidamente e esperei ele fazer o seu.
- Esses robôs não te dão arrepios? - Perguntei, fingindo um calafrio.
- Não. Deveriam? - Perguntou ele, em tom de deboche.
- Sim! Eles pensam, anotam coisas e te respondem. Isso é o bastante para ficar assustada. - Respondi, olhando em volta. O restaurante estava parcialmente vazio.
- São só robôs. - disse, rindo.
- Não, são máquinas que pensam. Máquinas que são programadas por humanos, mas que em qualquer momento podem dar um erro e algo de muito ruim acontecer. - Falei, parecendo uma louca. Tenho certeza de que ele pensou isso.
riu mais ainda.
- Não estamos em “O Exterminador do Futuro”. Estamos em “Alien”. – Falou, ainda rindo feito um idiota.
- Pode até ser, mas um Alien não seria culpa necessariamente nossa. Se a máquina der defeito, a culpa é inteiramente de nós, humanos que não temos limites. - Falei, sendo contagiada por sua risada.
Nunca tinha passado tanto tempo com ele. Ainda não sabia desvendar o que estava pensando. Mas no momento parecia que ele estava se divertindo às minhas custas.
- Quem fez esse robô não estava muito preocupado. Nós não vamos voltar pra devolver o produto com defeito. E um Alien com certeza seria culpa nossa. E quando eu digo nossa, é nossa mesmo: minha culpa e sua culpa. Nós temos que proteger esse lugar. E melhor, ninguém pode saber que fomos nós.
- Ser super tem suas desvantagens. - Brinquei.
- Sim. Mas eu não trocaria por nada. - Disse, dessa vez sério.
- Eu também. Vivo com hematomas, já quebrei braço, perna... Mas ver o seu trabalho feito não tem preço. – Falei, sorrindo pensativa.
- Não mesmo. Eu nasci pra fazer isso. Não consigo pensar na minha vida feliz de nenhuma outra maneira. Quando tenho que fingir ter uma vida fora disso, sou infeliz. O que você fazia na sua “identidade secreta”? - Perguntou-me, apoiando o cotovelo na mesa, e o rosto na mão.
- Eu sou confeiteira. Não posso dizer que eu “era”. Acho que é a única coisa que eu sei fazer além de ser super. - Comentei, vendo nossos pratos se aproximarem em uma mesa acompanhada de outro androide que trazia as bebidas.
- Bebida por conta da casa para o casal apaixonado. - Sua voz era metálica e anasalada.
- Não somos um... - Comecei a falar, mas me interrompeu.
- Muito obrigado, gentil garçom. - Ele fez sinal com as sobrancelhas como se falasse “Tá doida? É bebida de graça”.
me serviu enquanto o androide colocava nossos pratos na mesa. Meu prato sorria em pedaços generosos de salmão e atum. O prato de era macarrão à quatro queijos gratinado, que parecia uma delícia.
Fui comendo devagar, me servindo de molho e pequenos pedaços enquanto ele comia como se o mundo dependesse daquilo.
- E você? O que faz?
Ele sugou um fio grande de macarrão e ficou com a boca toda suja de molho. Limpou com um guardanapo. Mastigou tranquilamente antes de responder.
- Eu era um merda. Trabalhava em uma loja de brinquedos. Passava horas admirando os bonecos dos nossos pais... Pensando “quando eu vou ter o meu”? - Suspirou. - E eu tive. E você também. Foi provavelmente o dia mais feliz da minha vida.
- O dia em que você teve um boneco? - Comi mais um pedaço da minha comida.
Ele negou com a cabeça.
- O dia em que salvamos aquelas pessoas no avião. Você lembra? - Perguntou-me, olhando no fundo dos meus olhos. Senti meu rosto esquentar.
É claro que eu lembrava.
Naquele dia, retirei 289 pessoas debaixo dos escombros do avião. Ninguém morreu ou ficou gravemente ferido. O avião que ia bater em um prédio que era em cima de uma estação de metrô foi desviado para cair em um campo aberto. A queda brusca foi evitada.
- Acho que nunca me senti tão feliz na vida. - Falei, vendo-o sorrir em retribuição. - Principalmente por ter feito tudo aquilo anonimamente. Não sei se eu iria me dar bem com a fama como o Tio Stark.
- Você não gosta da fama? De saber que todos te conhecem por ter feito aquilo de bom? - Perguntou ele, bebendo o nosso vinho grátis.
- Na verdade não. Não consigo me sentir bem sendo o centro das atenções. - Respondi, bebendo o vinho também.
- Você é estranha. - Comentou, sorrindo.
- Obrigada. - Respondi sentindo que aquilo era um elogio. Não o melhor elogio do mundo, mas ainda assim... Um elogio.
- Eu sempre quis ser famoso, sempre quis tirar a máscara e dizer “sou eu, fui eu que te salvei aquele dia”... Cansei de ouvir pessoas falando sobre isso lá na loja, e sempre tive que me segurar.

Continuamos conversando durante horas, o assunto nunca acabava e nossa antiga residência sempre vinha à tona. Descobri muito sobre , muito mais do que jamais pensei que saberia.
Estávamos seguindo lado a lado pelo corredor do meu dormitório. Era o mesmo caminho para o dele, só ficava um pouco antes. Pensando por este lado, não sei como consegui evitá-lo por tanto tempo.
- Bom, é aqui que eu fico. – Falei, sorrindo, vendo que ele fazia o mesmo. Ele olhou para o número na porta, como se quisesse gravar.
- Eu gostei muito dessa noite. Muito obrigado. - Disse ele, enquanto eu pegava o cartão para abrir a porta.
- Também gostei, tô me sentindo meio estranha, parece que te conheço a muito tempo. - Falei.
- Mas você conhece. Sempre conheceu, só não de verdade. - Respondeu ele, se aproximando de mim. Dei um passo para trás por impulso, mas ele não percebeu. inclinou-se para o meu rosto e beijou minha bochecha. Senti meu coração acelerar por um instante, e vi ele se afastar lentamente. Minha bochecha pareceu formigar onde seus lábios tocaram e a única coisa decente que consegui fazer foi sorrir feito uma idiota.
- Boa noite, baixinha. A gente se vê. - Colocou as mãos nos bolsos da calça e seguiu para o seu quarto. Antes de eu entrar em meu dormitório, ele se virou. - Você vai no baile de máscaras?
- Não pretendo. - Respondi sincera. – Por quê?
- Nada não... Também estou pensando se vou ou não. - Falou ele, e seguiu caminho. - Tchau.
- Tchau.
O baile de máscaras aconteceria no “final de semana”, no salão principal, com todos os convidados para celebrar a passagem de nossa nave pelo campo gravitacional de uma estrela chamada “Hanscalow”. A nave usaria a gravidade da estrela para tomar mais impulso para o seu paradeiro, o nosso novo planeta.
Nesse caso, durante a metade da festa, todos parariam e veriam de camarote uma estrela há muitos quilômetros de distância, mas nunca vista por qualquer um de nós, já que a distância era em quilômetros.
Penso que será uma experiência memorável, mas não me apetece muito colocar uma máscara no rosto e ir para uma festa em que você não verá o rosto de ninguém. Prefiro ver a estrela de um lugar mais pacífico... De qualquer maneira, tenho certeza de que vai me convencer de ir, então nem preciso ficar fingindo que não vou aparecer lá.

I had a hole in the place where my heart should have been


Passei a semana inteira ouvindo absolutamente todas as pessoas da nave falando sobre o maldito baile. Não demorou muito para que eles me convencessem a ir, eu precisava me divertir, só não sabia se aquilo seria exatamente o que eu penso de diversão.
tinha ido a todos os meus treinos de arco, ajudando-me a lidar com a minha direita defasada. Era o único momento em que eu o via durante a semana, tirando os cumprimentos na hora do café da manhã. Eu gostava de sua companhia.
Durante toda a semana, os robôs traziam várias máscaras pelos corredores, passavam por nós com os bracinhos de cabide com máscaras de todas as cores, tamanhos e estilos diferentes. Durante toda a semana, eu procurava uma máscara que me definisse: Básica e simples.
Eu não queria plumas, cores ou pauzinhos que precisam ser segurados na frente do rosto a noite inteira. Eu queria algo limpo, sem muito fru fru, do meu jeito.
Depois de muitas tentativas, encontrei uma que parecia ser algo que eu queria, era preta e tampava apenas a parte nos olhos, e era presa por um elástico que passava por trás da cabeça.
Segurei-a firme, levei para o meu quarto e experimentei. Era perfeita. Com um batom vermelho e olhos bem produzidos, eu ficaria ótima.

- Já decidiu se vai no baile? - perguntou distraído enquanto guardávamos os equipamentos do treino de flecha.
- Acho que sim. Já separei minha máscara. Só preciso ter força de vontade para ir. - Respondi. - E você?
- Não sei. - Comentou, me observando de soslaio. - Mentira, vou sim. Minha máscara é o máximo e quero ter o prazer de mostrar pra todo mundo.
Eu ri.
- Nossa, estou curiosíssima! - Ironizei, enquanto ele mostrava a língua para mim.
- Sério? Que bom! Então amanhã às sete eu passo na sua cabine para irmos. - Ele disse tão naturalmente que não tive coragem de negar. Eu sorri.
- Não se atrase, ou vou ficar muito chateada. Muito mesmo. - Falei, saindo pela porta de vidro, enquanto ele me acompanhava.
- Pode deixar, sou muito pontual.

Dei uma última checada no espelho, antes de ouvir a campainha tocar. Sorri sozinha, sentindo meu coração palpitar de ansiedade. A última vez que meu coração palpitou assim, foi no dia em que subimos a bordo desta nave. E, inclusive, fazia muito tempo que eu não ia a uma festa.
Principalmente uma como esta, de gala.
Eu usava um vestido preto longo com corte na coxa, o tecido era brilhante, assim como o sapato alto dos meus pés. O cabelo estava solto, simples, e a maquiagem destacava bem meus olhos. Mas não daquele jeito profissional, afinal, sou uma super-heroína confeiteira e não uma maquiadora.
Abri a porta com tranquilidade e vi , com uma super produção de make e cabelo, mais poderosa que a Oprah e a Beyoncé juntas. Ela sorriu e me abraçou.
- Você está linda! Que corpão! - Ela segurou minha mão e fez eu dar uma voltinha. - Espero que aquele esteja pronto para ser derrubado por um caminhão quando te ver, porque é isso que vai acontecer... Uau!
Eu ri, sem graça.
- Sem exageros . Você não está nem um pouco pra trás. Você está linda! - Falei também, vendo-a se exibir.
- Estou né? - Ela sorriu abertamente. Sua máscara era magenta, com algumas plumas subindo pelo lado esquerdo. Seu vestido também era magenta, e combinava perfeitamente com o tom escuro da sua pele. estava maravilhosa. - Você acha que vai gostar? - Perguntou ela, referindo-se ao seu namorado.
- É claro que vai, mas se lembra de que quem tem que gostar é você. - Comentei, e ela sorriu.
- Eu sempre me esqueço disso. Estou linda e deslumbrante.
- Está mesmo. - Comentei, vendo-a se afastar.
- Não esquece da máscara! Estou indo lá. Até logo, gata. - Falou ela, afastando-se e mandando beijinhos pelo ar.
Eu sorri, e entrei na minha cabine, procurando minha máscara. Antes de achá-la, ouvi alguém bater na porta que ainda estava aberta.
- Baixinha?
- Só um segundo, ainda estou sem máscara. - Falei, correndo para dentro do closet.
Encontrei a traiçoeira sumida e coloquei no rosto antes de sair do meu esconderijo improvisado.
- Caralho, você está linda. - Falou ele, boquiaberto. E eu desatei a rir.
Tentei me segurar, mas já conseguia sentir meus olhos enchendo de lágrimas.
estava de smoking, muito bonito por sinal, e cheiroso como pude notar quando me aproximei. Sua máscara era nada mais nada menos do que a máscara do Capitão América.
Segurei a risada, analisando-o com mais detalhes. O cabelo penteado, a barba por fazer e o smoking bem-vestido. Ele estava de tirar o fôlego.
- Sua máscara é a melhor, sem sombra de dúvidas. - Eu sorri sincera, e ele retribuiu o sorriso.
Beijei seu rosto e o seu cheiro me aconchegou de uma maneira confortável.
- Você está pronta?
- Nasci pronta. – Falei, passando pela porta, e vendo-a fechar automaticamente.

O salão de festas estava lotado. Pessoas e máscaras para todos os lados, uma música suave tocava ao fundo, mas as vozes eram mais altas que a mesma. Fomos direto para o bar, sem precisar pedir ou falar. Era nosso habitat natural.
- Em duas horas veremos a Estrela Hanscalow de perto. - Uma voz magnética disse, e todos aplaudiram. E depois desse aviso, uma música mais animada começou a tocar.
pediu whisky e eu pedi cerveja.
Bebemos durante a primeira parte da festa inteira. Falamos besteiras e conversamos com várias pessoas que passavam por nós, inclusive que cochichou no meu ouvido como estava lindo e que eu devia investir nele. Ignorei esta parte. Não queria pensar naquele tipo de conversa em um momento como aquele, na verdade não queria pensar em algo daquele tipo em nenhum momento. Não parecia certo.
Faltavam alguns minutos para que chegássemos na órbita da Estrela, e foi nesse momento que um ligeiramente embriagado veio até o meu ouvido e disse:
- Vem comigo, tem um lugar que vamos ter uma vista melhor.
Eu também estava levemente embriagada e por este motivo, segurei sua mão e deixei-o me guiar por entre os corredores da OceanDrive.
Andamos por vários corredores, até chegarmos a uma sala que eu conhecia bem: Piscina.
abriu a porta do lugar que cheirava a cloro e já foi tirando sua gravata e seu terno. A janela da sala da piscina percorria toda a extensão da parede, então tínhamos um belo camarote, que vinha de encontro com a piscina. Se chegássemos na beira da piscina, podíamos encostar na janela e ter um visual privilegiado. Felizmente ninguém mais teve essa ideia.
Tirei meus sapatos e olhei para ele que desabotoava a camisa.
Puxei meu vestido para cima, sem querer pensar muito, e rapidamente pulei na piscina. Voltei para a superfície, vendo que ainda estava com a máscara. Máscara e roupas íntimas. Que por acaso eram da cor favorita de .
- Vem logo! Você vai perder a estrela! – Falei, dando as costas pra ele e nadando até a beira oposta de onde ele estava, mais perto da janela. O calor já emanava naturalmente da parede da nave.
ainda estava tirando o cinto quando olhei-o pela última vez, antes de conseguir visualizar a estrela já de longe.
Era provavelmente a coisa mais absurda que eu já havia visto. Era gigantesca, uma bola de fogo azulada.
- Corre, porra! Você está perdendo! - Falei, e ouvi o barulho dele entrando na água.
A nave voava ao lado da estrela, o clarão machucava um pouco os olhos, mas era impossível não olhar. Não era como o sol, que cegava ao olhar. Era uma estrela diferente, provavelmente com uma composição diferente. Mas... Ainda parecia uma bola de fogo azul, azul como o fogo de um fogão. Meus pelinhos se arrepiaram, com tamanha beleza.
chegou ao meu lado.
- Caralho... - Falou, e deixou sua voz morrer no ar. Também deixei, já que não tinha palavras para descrever o que eu estava vendo.
Senti o braço dele passar pelo meu ombro. E apenas me deixei levar, passando meus braços pela sua cintura, sem perder qualquer contato visual com a cena mais bonita que vi na minha vida. A nave deu um leve solavanco quando entramos em seu campo gravitacional, e começou a girar levemente para a esquerda, enquanto o calor nos aquecia naquela piscina.
Ficamos olhando aquela janela até a última pontinha da estrela ir embora sem dizer uma palavra sequer. Era um momento que não precisava de palavras.
Eu estava aconchegada em seu peito, quando nos demos conta do final daquele show, que devia ter durado uma meia hora. A mão livre de seguiu até meu rosto, e retirou a máscara que eu nem havia percebido que estava mais em meu rosto. E só agora percebi que ele também já estava sem.

Ponto de Vista de .
- Se eu tentar fazer algo, você vai me bater? - Perguntei meio sem graça, não queria de maneira alguma assustá-la. Eu não era exatamente o tipo delicado. Mas queria ser com ela, por mais osso duro que ela fosse de roer.
- Provavelmente. - Disse ela divertida. Seus olhos encontraram os meus e percebi que ela queria tanto quanto eu.
Minhas mãos estavam pousadas em sua cintura, eu gostei de ver como ela se sentia bem em minhas mãos e gostei mais ainda de ver que ela sentia o mesmo. Então sem muito preparo da minha parte, senti seus lábios úmidos e quentes colarem em meu pescoço. Minhas mãos logo encontraram suas costas, colando seu corpo no meu. Era exatamente aquele tipo de proximidade que eu tentei evitar ao máximo a semana inteira, mas que eu não sabia realmente o porquê agora. Sua ágil língua logo entrou em contato com a minha pele, fazendo-me girar os olhos nas órbitas. Alisei suas costas, e ela arqueou-a, fazendo nossos quadris roçarem. Estávamos em uma merda de uma piscina, seminus e fazia muito tempo que eu não tinha esse tipo de proximidade.
Ela em resposta lambeu desde a minha clavícula até minha orelha, fazendo-me puxar o ar pelos dentes. Levei uma das minhas mãos até a sua nuca e puxei seu cabelo, fazendo seus olhos de felino me olharem uma última vez antes de eu juntar nossas bocas. Não teve enrolação de quem pedia permissão pra quem. Sua língua enroscou-se na minha, fazendo com que eu fechasse os olhos e, merda... Como eu precisava daquilo!
Seus dedos finos começaram a puxar levemente meu cabelo, enquanto eu segurava sua nuca com uma das mãos e com a outra segurava seu quadril. Nossas bocas cravaram ali mesmo uma luta justa para saber quem estava no comando. Eu estava no comando, eu sempre sou quem está no comando. Pelo menos eu achava isto, até ela morder meu lábio inferior e puxá-lo com força. Soltei uma merda de um gemido, vendo apenas seu sorriso maravilhoso.
Aproveitei que havíamos separado nossos lábios para respirar com dificuldade, enquanto ela fazia o mesmo.
- Você acha que nossos pais estariam comemorando, em uma hora dessas? - Perguntou ela, rindo.
- Acho que ainda não, acho que temos que dar mais motivos para eles. - Falei e ela riu da minha cara fechando os olhos e segurando meu rosto com as duas mãos, colando nossos lábios novamente. Sua boca tinha um gosto que me lembrava chocolate, cerveja com chocolate e não era enjoativo ou estranho, era algo agradável, quente e saboroso. Mais do que antes, nossas línguas se encontraram brigando por comando. Foi a vez dela agarrar meus cabelos puxando-os com uma força descomunal, se eu não estivesse no meio de um beijo e extremamente excitado aquilo provavelmente doeria como o diabo, mas nas minhas condições eu até pedia por mais, arranhando suas costas parcialmente nuas com minhas unhas curtas.
Minha boca alcançou seu queixo e depositei belas mordidas e lambidas ali, segui meu caminho por sua mandíbula chegando ao lóbulo de sua orelha, minha barba provavelmente estava arranhando-a toda, mas ela fazia questão de não reclamar. Suguei basicamente toda a extensão de pele visível do seu queixo até sua clavícula, e pude jurar que até pude ouvir alguns gemidos escapando da sua garganta.
- Será que podíamos... - Ela perguntou entre arfadas de ar, enquanto eu voltava meus beijos até a sua boca.
- O que? - Cortei o beijo antes que ele se iniciasse e eu pudesse perder a oportunidade da minha vida. - Ir para a beirada, quem sabe? - Pude jurar que senti sua mão roçando em meu pênis e fechei os olhos arquejando. Mais uma vez meu corpo agiu por mim, empurrando-a para a borda da piscina sem fazer objeções.
Empurrei-a contra beirada, prensando seu corpo no meu. Colei nossos lábios mais uma vez, seus lábios eram deliciosos e moldavam-se muito bem aos meus, sua língua logo estava se misturando com a minha novamente, senti meu corpo estremecer quando suas unhas arranharam meu ombro e quando me dei conta minhas mãos estavam seguindo para um território perigoso: sua bunda.
Passei a mão de leve, sabendo que talvez não fosse a hora e que ela tinha total autoridade e força para me dar uma surra daquelas. Mas não fez objeção, pelo contrário, apertou minha cintura com vontade.
Ouvi um tipo de sirene que parecia extremamente longe. Ignorei enquanto devia me preocupar com coisas muito mais interessantes: os lábios de .
A sirene continuou tocando.
separou nossos lábios.
- Você ouviu isso? - Perguntou.
Nesse momento, entrou pela porta um pequeno robô que seguiu até nós, na beirada da piscina.
Sua voz metálica soou:
- É proibido atos libidinosos na piscina. Preciso pedir para que se retirem.
O robô ficou ali ao nosso lado repetindo a frase até que nos déssemos por vencidos e saíssemos da piscina.
Saímos da piscina rindo feito idiotas, enquanto o robô nos inspecionava de longe. vestiu seu vestido com dificuldade por estar molhada, e eu também.
- Fomos flagrados por um robô! Eu disse que eles iam dominar o mundo. - disse, rindo alto pelo corredor.
- Tô me sentindo um idiota por ter sido flagrado por um robô. Existe humilhação maior do que essa? Se existe, desconheço. - Brinquei, e ela riu mais ainda.

- Então... Eu adorei ver a estrela com você. - Pigarreei. - Eu, inclusive, te convidaria a voltar para o baile de máscaras, mas acho que perdemos um pouco a compostura.
- Eu adoraria, mas ser enxotada por um robô que não permite atos libidinosos na piscina me fez perder o tesão pela festa. - Brincou ela e eu sorri.
- Pois é... - Falei, meio sem graça. Não sabia o que viria depois disso.
- Ali tem um vestiário, sabe... Talvez a gente pudesse... - Não deixei ela terminar de perguntar, colei nossas bocas e pude jurar que senti um sorriso no seu rosto.
Deslizei minhas mãos até suas costas e a puxei mais pra perto. Seu cheiro, aquele cheiro de perfume com cloro parecia estar atiçando minha insanidade. Passei minha língua pela sua boca, e senti o seu gosto novamente. Um turbilhão de sensações passou pelo meu corpo quando suas mãos agarraram minha nuca, a garota afrouxou o nó da minha gravata e me puxou para a porta aberta ali ao lado. Era o vestiário feminino.
Prensei-a contra a porta e passei minhas mãos por baixo do seu vestido, apertando sua bunda e fazendo sua virilha encontrar a minha. Nossas bocas ainda estavam coladas, sentindo os gostos e movimentos como se cada segundo fosse o último.
- Que merda, , por que você faz isso comigo? - Ela perguntou, separando nossas bocas, respirando fundo e empurrando-nos para o box que tinha vidro fumê espelhado.
- Mas eu não fiz nada... – Falei, beijando seu pescoço. Arranhei seu pescoço com a minha barba, e percebi que sua pele havia ficado sensível ali. agarrava meus cabelos como se fosse a única coisa razoável que ela pudesse fazer no momento.
- Odeio o fato de ficar excitada só de olhar pra você. - Ela admitiu, respirando pesado.
Eu sorri, largando meus lábios do seu pescoço, e mirando meus olhos nos seus. Prensei-a com mais força contra a parede, roçando nossas intimidades. Ela mordeu os lábios, ainda com os olhos vidrados nos meus. Passei minhas mãos pela barra da sua calcinha e abaixei-a um pouco sentindo sua intimidade molhada. Aquilo foi como um orgasmo: sentir que eu fazia aquilo com ela era melhor do que senti-la fazer comigo. Eu sempre tive esse foco. Me importar primeiramente com minha parceira.
Por esse motivo, dei uma mordida em seu pescoço, ouvindo-a gemer e antes que ela pudesse fazer qualquer outra coisa, a penetrei com um dedo.
A garota passou a língua por meu pescoço, abrindo alguns botões da minha camisa. Olhei-a fechar os olhos, aqueles olhos que eu tanto gostava, e morder os lábios enquanto eu a penetrava devagar, com a mão livre soltei o laço atrás do seu pescoço, fazendo a parte de cima do seu vestido cair. E lá estava a lingerie vermelha de novo. sorriu, levou suas mãos para trás de suas costas e retirou o sutiã.
- Por favor, vamos até o fim. - Disse com uma voz tentadoramente rouca.
Passei primeiramente minha mão por seus seios, sentindo a pele sedosa e o bico rijo sob meus dedos. Vendo-a com os olhos fechados forçadamente, passei minha língua devagar no meio deles, distribui beijos e chupei-os com toda a vontade que eu sabia que tinha. soltava gemidos leves e suspiros. Minha calça já estava incomodando.
Dei uma leve mordidinha em um dos seus mamilos e ela sorriu abrindo os olhos tirando suas mãos do meu cabelo e colocando-as na fivela da minha calça. Tirou o cinto, abriu o zíper e encontrou a cueca, massageou meu pênis por cima da mesma e, merda, eu precisava senti-la. Virei de costas e ela sorriu, como se pensasse “finalmente”, apoiando as mãos na parede enquanto eu subia seu vestido, abaixei o resto da sua calcinha, tirei meu pênis da cueca. Passei meu membro por toda a extensão de sua vagina antes de penetrá-la, puxou ar pelos dentes e soltou devagar, sentindo minhas estocadas.
Eu sentia meu corpo pedir mais, estoquei com mais força e apertei sua cintura sentindo meu corpo esquentar. Abaixei meu tronco, dando um beijinho no seu ombro e continuei estocando-a com voracidade, soltava gemidos que pareciam música aos meus ouvidos, levei minhas mãos até seus seios e massageei os mesmos sentindo ela tremer de tesão.
Por esse motivo deslizei uma das minhas mãos que estava no seu seio para a barriga, e depois para sua virilha chegando ao seu clitóris, mas antes que eu pudesse investir no local, um barulho da porta se abrindo fez com que parássemos o que estávamos fazendo na hora. virou o rosto para o lado e mexeu os lábios em uma frase que me fez tremer: - Você fechou a porta?
- Não! - Não emiti som algum. Apenas mexi os lábios. riu, provavelmente por causa do desespero.
Ouvimos em silêncio a porta ser fechada e trancada. Por favor! Não demore. A pessoa foi até a privada, abriu a tampa e urinou. teve um acesso de risos, levei minha mão até a sua boca e tampei-a. Ela continuou rindo e sendo a melhor pessoa do mundo: começou a rebolar sobre meu pau.
Merda.
Aquilo estava bom demais. Soltei o ar em curtos suspiros, completamente fora do ritmo em que ela mexia seu quadril, fazendo meu pau entrar e sair do seu interior com vontade. Ouvimos a pessoa parar de fazer xixi, dar descarga e lavar as mãos. Ela parou de rebolar por alguns segundos, ouvindo a pessoa sair do banheiro. Soltei o ar que estava preso em meus pulmões e tirei a mão da sua boca.
- Quer que eu vá fechar a porta? – Falei, rindo mais do que qualquer coisa. - Cala a boca. - respondeu, tirando uma das suas mãos da parede e levando à minha que estava na sua intimidade, me lembrando de fazer o que eu tinha parado. Massageei o pequeno clitóris úmido, fazendo soltar palavrões que soavam como belas palavras pela sua voz angelical. Voltei a penetrá-la enquanto ela rebolava. O calor tomou conta do ambiente novamente, o suor tomava conta da minha testa e vi que suas costas nuas não estavam diferentes. gemeu tentando fazer o mínimo de barulho e aquilo só me deixou com vontade de fazê-la gozar logo. Aumentei minhas estocadas querendo fazê-la gozar, por esse motivo agarrei seus seios com as mãos, beliscando levemente seus mamilos.
- Merda. - Ela disse, num gemido rouco e não pude conter um sorriso enquanto metia cada vez mais fundo. - ... Eu vou...
Gemeu novamente, jogando a cabeça para trás. Ouvi-la gemer meu nome daquele jeito soava como o paraíso. Suas pernas ficaram bambas e tremeram enquanto eu podia sentir os espasmos no seu interior. Aqui foi demais para mim. Passei minhas mãos por suas costas, sentindo que dessa vez quem ia gozar era eu. Não sei se ela percebeu isso ou não, mas intensificou as reboladas e senti o meu clímax chegar quando novamente suas pernas bambas e o gemido contido chegaram. Aquilo era maravilhoso, tão maravilhoso quando a garota que apoiava sua cabeça em meu ombro neste momento.

But now I've changed and it feels so strange


Ponto de vista de .
Acordei ouvindo um alarme que não era meu “Bom dia” cotidiano.
Olhei para o lado e notei que havia mais alguém na minha cama, não levou mais de um segundo para a noite anterior rodar em minha cabeça em uma lembrança nítida. Eu não estava arrependida.
O alarme continuou soando e depois uma voz recitou:
- Srta. Parker, o capitão está solicitando sua presença na sala de reunião.
Franzi a testa, não me lembrando de ter ouvido aquilo antes. Pulei da cama, mas não de antes chamar , que recusou do fundo do seu coração levantar da cama.
- . - Chamei, uma última vez. Com minha voz autoritária. - Levanta logo que eu preciso sair. Talvez estejam te chamando no seu quarto também.
Ele resmungou e levantou, espreguiçando-se com a camisa aberta com a gravata frouxa no pescoço.
Eu não estava muito melhor: de roupas íntimas e maquiagem borrada.
Barton saiu do quarto sem saber exatamente o que fazer; não sabia se me beijava em despedida, ou se saía sem querer incomodar... Confesso que também não sabia direito o que fazer, então me limitei a dar um beijo em seu rosto, sentindo o cheiro de cloro de piscina com perfume.

A porta da sala de reunião se abriu sem eu precisar bater, quando entrei, dei de cara com o Capitão da nave, um outro homem que eu não conhecia e , ele não parecia tão surpreso quanto eu.
- Bom dia, Srta. Parker. - O homem que eu não conhecia disse. Engoli seco, apertando sua mão e a do Capitão. - Presumo que não me conheça, mas sou Adam Phillips o chefe de polícia da nave.
- É um prazer conhecê-lo, Sr. Phillips. - Falei apenas.
- Juntei vocês dois aqui hoje para falar que precisamos de ajuda. E sabemos quem vocês são. Apenas nós dois na nave inteira sabemos a identidade de vocês. Não se preocupem. - Ele disse, tentando parecer tranquilo.
Engoli seco novamente.
- E que tipo de ajuda vocês precisam? - tirou as palavras da minha boca.
- Uma pessoa foi sequestrada ontem durante o baile. Pelas imagens das câmeras, conseguimos identificar a vítima e o sequestrador. Não sabemos exatamente onde eles estão, pois ele começou a destruir as câmeras. Inclusive as escondidas... Não podemos deixar que esse tipo de coisa ocorra em nossa nave. E principalmente, não podemos deixar que os outros tripulantes saibam que isto aconteceu debaixo dos nossos narizes. - Ele disse, em tom extremamente sério.
- E quem é a vítima? E o sequestrador? - Perguntei cruzando os braços.
- A vítima é Sanchez. O sequestrador é Runner.
Meu mundo caiu.
Senti meu coração dar uma batida em seco, meu corpo inteiro caindo de um penhasco.
- Precisamos fazer alguma coisa. é minha melhor amiga.
- Você conhece esse ?
- Ele é namorado dela. - Respondi.
- Precisamos ver a fita de entrevista dele. Como deixaram um sequestrador em potencial entrar nesta nave? - disse, notavelmente irritado.
- Não fomos nós que decidimos quem entra e quem sai. Só queremos encontrá-la. - Disse o Capitão pela primeira vez na conversa.
- Tudo bem. Precisamos ver as fitas de entrevista deles, e as fitas de ontem à noite, até o momento em que eles aparecem... Precisamos tentar encontrá-los. Ou, pelo menos, descobrir em que parte da nave eles estão. - Falei.
- Ele não entrou em contato? Sequestradores querem algo em troca. - complementou.
- Não. Estou com cinco homens nesse momento vasculhando a nave, em silêncio. Nós supomos que se não conseguimos vê-los, eles também não podem. Mesmo assim, é perigoso arriscar. Por isso precisamos da sua ajuda. - O Sr. Phillips disse.
- A primeira coisa a fazer é estudar o sequestrador. Ver se ele bancava o possessivo nas entrevistas, ou se estava interessado em algo mais. - disse.
- Às vezes ele já veio pra cá com isso na cabeça. - Expliquei o que quis dizer. - E só estava procurando uma vítima. Ou ele simplesmente enlouqueceu por algo e fez isso. É mais fácil de procurar e ajudar a vítima se conhecermos o perfil do sequestrador.

Em menos de cinco minutos, estávamos assistindo aos vídeos de entrevista de e .
parecia ser o típico “good guy”, sorria nas horas certas, não gostava de fazer piadinhas e era calmo e paciente.
era exatamente ao contrário, falava alto, fazia baderna e ria por qualquer coisa, soltando piadinhas infames. Era a que eu conhecia fora dali. Infelizmente, eu não conhecia do jeito que conhecia ela. E também não a conhecia o suficiente, afinal, nos conhecemos há menos de um ano.
De qualquer maneira, assim que terminamos de assistir aos vídeos de entrevistas, o telefone tocou.
Sr. Phillips atendeu, achando que fosse um de seus homens. Ele ouviu o que a voz dizia por um minuto e passou o telefone para mim.
- ? - Era a voz de . - ? Você está aí?
- Estou aqui, onde você está?
- Ele quer falar com você. - Sua voz estava alterada e cansada. Coloquei o cabelo atrás da orelha, e fiz sinal para indicar que ele falaria comigo.
avisou que a ligação já estava sendo gravada.
- Olá. - A voz de soou calma e alegre. - É com a que eu estou falando?
- Sim. - Respondi. - O que você quer?
- Quero você. Me aproximei de por você. Sei que não daria bola pra mim se eu me aproximasse. Só para seu amiguinho.
Meu coração batia tão forte que fiquei com medo de que os outros na sala ouvissem.
- E por que não solta a ? Eu converso com você.
- Eu não quero conversar.
- Mas podemos começar com isso. Onde você está? Podemos fazer uma troca. Eu por ela, o que você acha?
- Acha que eu sou idiota? Acha que eu não sei que vocês vão me pegar assim? Quero você sozinha.
- Eu vou só com mais uma pessoa. Pra essa pessoa trazer a em segurança... - Tentei argumentar.
- Tudo bem, mas eu escolho. Em vinte minutos eu ligo de novo, te dizendo como vai ser. Se arruma, quero você bem cheirosa e bela. - Ele disse, dando um suspiro.
Desliguei o telefone sentindo uma onda de nojo e repulsa passou pelo meu corpo.

- Temos que tentar convencê-lo a levar um de seus homens, ou . - Falei, depois de ter ido à minha cabine trocar de roupa. Coloquei minha roupa de combate. Não queria que aquilo virasse piada. Minha roupa era clean como a de Natasha, porém com as cores de meu pai. Meu cabelo sempre ficava amarrado e eu usava uma máscara sem elásticos que colava no meu rosto com perfeição. Eu estava completamente armada, com todos os tipos de armas possíveis, sem contar minha força e instinto aguçado. Era o bastante para mim.
- Tenho medo que ele saiba quem você é. - disse sem graça. - E se for alguma vingança do seu pai? E se ele souber exatamente do que você é capaz?
- , nem você sabe do que eu sou capaz.
Ele sorriu, dando-se por vencido.
- Vai ser uma besteira. Ele provavelmente acha que eu sou uma policial. - Comentei. - No máximo uma espiã, ou algo assim. Eu sou muito pior. Tive aula com os melhores. - Dei uma olhada significativa para .
Continuei:
- Mas seria muito mais cômodo se ele pedisse para ou algum dos seus homens para que fossem juntos. - Eu sentiria que ficaria mais segura.
Esperamos que ele retornasse a ligar. Não demorou muito.
- Quero você. - Dessa vez o telefone estava conectado no meio da mesa, com o viva-voz ligado.
- E você terá, assim que entregar a . - Respondi. - Quem eu poderei levar?
- Ninguém.
Não tentei convencê-lo do contrário.
Olhei , que na verdade sorria. Nós iríamos juntos de qualquer maneira. Daria tudo certo.
- Tudo bem. E onde você está?
- Na ala Norte, final do corredor. Sala 488. Venha sozinha ou ela morre.

- Você não acha que isso tudo está muito fácil? - Perguntei à , pelo rádio em nosso ouvido. Ele estava indo pela tubulação da nave.
- Sim. Não faz sentido nenhum. Ele não tem um motivo para te querer, nem um motivo real para sequestrar a ... Se ele realmente não soubesse que você era, sabe, especial; ele poderia ter planejado TE sequestrar. - Ele disse.
- Sim. O capitão estava muito tranquilo. O entregou os pontos muito fácil.
- Fica atenta. Acho que tem algo de errado.
- Fica tranquilo. Eu te protejo. - Falei, enquanto passava pela placa que dizia “Ala Norte”.
Seguimos atentos até a Sala 488.
Não ouvimos barulhos lá dentro, ou qualquer sinal de que tivesse realmente alguém dentro daquela sala. Mesmo assim, analisei o perímetro e me prontifiquei na frente da porta. Aguardei o OK dele.
3, 2, 1.
Arrombei a porta, e saquei a arma da minha perna. Eu podia sentir o olhar de pelos dutos de ventilação, com seu arco pronto para qualquer necessidade. A passagem de ar da nave era grande e até certo ponto confortável de passar. Por estarmos no vácuo eterno do espaço, ar era uma coisa bem importante dentro daquela nave.
Começamos a analisar a sala quando ouvi um barulho.
- , ele está no fim da sala. Estou com ele na mira. está amarrada e amordaçada em uma cadeira. Precisamos pensar nisso. Ele está com uma arma na mão, apontando pra cabeça dela. - disse, enquanto eu me escondia atrás de uma prateleira de comida. Aquela sala parecia ser um depósito.
- Você demorou! Por que demorou tanto? - Ouvi a voz que reconheci ser de , ele jogou verde.
- Oi, . Podemos fazer a troca? - Perguntei, sem responder sua pergunta. Sem querer prolongar aquilo de qualquer maneira. Além de ser uma amiga que eu tinha ali, eu tinha também uma pessoa que eu não conhecia, e não queria saber do que ele era capaz.
- Claro, , meu amor. Mas antes, preciso te ver. - Ele disse forçado. Como se estivesse caçoando de mim.
Pude ver pela prateleira, que desamarrou as mãos de , e deixou ela se levantar, acompanhando seus passos com a arma em suas mãos.
- Apareça para que eu a veja, . - disse, com pressa.
Depois disso, segui até com a arma ainda em punhos. Estiquei minha mão até ela e alcancei-a.
Um segundo depois, vi uma flecha disparar do teto e acertar a mão de . Ele gritou, e deixou a arma cair no chão.
Segurei , que chorava, suas mãos estavam frias e suadas.
- Corre pra porta. Corre e não olha para trás. - Vi seus olhos desesperados me analisarem antes dela correr para a porta.
Tudo aconteceu muito rápido. pegou outra arma que não sei de onde saiu e disparou em minha direção, tentei me esquivar mas senti uma pontada forte em minhas costelas. Vi sair da entrada de ar e acertar uma flecha em seu estômago enquanto eu parecia cair em câmera lenta.
caiu, então um alarme começou a soar. chutou a arma de perto de e correu até mim.
- ! , você está bem? - chegou ao meu lado.
- Estou. Estou si... - Aquela dor infernal latejava a lateral do meu corpo.
- , fica comigo.
Meus olhos estavam turvos da dor, eu já havia sentido milhares de vezes, mas nunca era passada despercebida. Minha roupa era de um material completamente à prova de balas.

Simulação cancelada.
Simulação cancelada.
Simulação cancelada.

As luzes se acenderam, e eu ainda me sentia absurdamente tonta enquanto algumas pessoas surgiam por trás da porta.
Olhei , e ele disfarçava algumas lágrimas que pareciam preencher seus olhos. Ele estava ajoelhado ao meu lado, segurando minha cabeça.
- Você ficará bem, . Foi um tiro de mentira. - O capitão da nave disse, olhando-me nos olhos.
- A dor não parece de mentira. - Rosnei. Entendendo o que havia acontecido.
fez uma cara enfurecida.
- Que merda vocês fizeram? O que foi isso? - Berrou, sem saber direito para quem perguntar.
Era claro que aquilo era uma simulação de extremo mau gosto.
Foi uma tentativa falha de treinamento sem aviso.
- Foi uma simulação de sequestro. Queríamos ver como vocês se saíam em dupla.
- Isso foi ridículo. - disse, sem pensar direito. - poderia ter se machucado. Assim como e .
- Você e estavam completamente seguros. A não ser que você dois se atacassem... O que achamos que seria basicamente impossível.
Senti minhas costelas pararem de formigar, e comecei a me levantar. me ajudou.
Na sala, estavam , , o comandante da nave, o chefe de polícia e alguns policiais fardados.
- Vocês têm noção de que não usamos pessoas de verdade em nossas simulações? - Perguntei irritada. - E se decidisse atirar na cabeça de ? Ele atirou no estômago, mas e se na hora tivesse outra reação?
Ninguém falou nada. Todos se entreolharam, como se pensassem “não pensamos nessa possibilidade”.
- Somos profissionais que lidam com isso de verdade. - falou. - Sei o que vocês tentaram fazer aqui. Mas precisava de mais planejamento. Poderia ter sido um desastre.
- Vocês estavam despreparados. Tentaram salvar uma pessoa sem um plano. - Sr. Phillips disse, defendendo-se.
- Nós tentamos salvar uma pessoa. Se eu precisasse morrer para isso, eu morreria. Não me arrependo de vir sem um plano. Eu vim para salvá-la. E isto aconteceu. - Respondi.
- Podemos treinar e fazer simulações o quanto quiserem. Mas não nos coloquem em suas brincadeiras. - disse, antes de virar as costas.
Segui ele, sem olhar para ninguém ou falar algo.

I come alive when she does all those things to me


- Hey. - Chamei-o, enquanto ele seguia de cabeça baixa pelo corredor. Ele me olhou, de sobrancelhas unidas.
Eu sorri, e passei meu dedo na ruguinha no meio das sobrancelhas.
- Não fica assim, você sabe que eles estão tentando ajudar.
- Não consigo não ficar assim, ! - Ele suspirou. - Parece que fizeram de propósito para nos deixar mal.
- Eu não fiquei mal. Um pouco assustada, admito, mas sei que fizeram pensando no melhor...
- Eles te deram um tiro de propósito. Não vejo como isso é pensar no melhor. - Resmungou ele.
- Foi um tiro de mentirinha. Nem doeu muito. Foi mais um susto do que qualquer coisa. - Tentei amenizar a situação.
- Foi horrível. Foi horrível te ver daquele jeito.
- Você já me viu em situações piores. - Falei, virando os olhos. - Lembra daquela vez no treino do seu pai? Eu levei uma flechada no ombro. Uma flechada sua. Você não pareceu se importar tanto.
- É porque eu não sentia nada por ti. - Ele disse sem pensar, e vi nos seus olhos o arrependimento de ter dito aquelas palavras assim tão naturalmente.
- E agora sente? - Perguntei, sentindo meu coração desejar a resposta certa.
- Eu não sabia que sentia. Não até te ver levando um tiro de mentira nas costelas.
Não consegui segurar um sorriso. E ele também sorriu. Um sorriso tímido e sem graça.
- Acho que vamos ficar bem. - Falei, segurando seu rosto. - Deu tudo certo, não deu?
- Você levou um tiro. - Ele disse, virando os olhos.
- Minha roupa é à prova de balas. - Eu disse, e seus olhos se iluminaram, como se ele tivesse se esquecido desse detalhe importante. - Você tinha esquecido disso?
- Acho que sim. Nossa, estou me sentindo um retardado. - Falou, com as bochechas ficando vermelhas.
Eu sorri.
- Mas você é retardado. - Brinquei e o puxei para um beijo. Eu precisava daquilo.
E ele também.




Fim



Nota da autora: Minha primeira Ficstape! Yay! Fiquei muito feliz com o resultado dela, afinal não sei escrever cenas de ação. Mesmo assim, acho que dei o meu melhor. Espero que tenham gostado e não se esqueçam de comentar e ler as outras fics. Tá uma melhor que a outra. <3



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