Capítulo 1
E aqui estou eu, sem dinheiro e com mensalidades da universidade para arcar. A novidade do momento é: meu pai simplesmente cansou de depositar todos os meses o dinheiro necessário para pagar minha universidade e arcar com as minhas despesas. Sempre esperei muito dele, mas, na verdade, esperei o tudo do nada. Depois de tanto sofrimento que me causou, o mínimo que poderia fazer era dar a filha uma educação e permiti-la se formar. Respirei fundo e pedi de todo meu coração que conseguisse aquele emprego, porque eu precisava, ou melhor, necessitava daquele emprego, daquele salário porque já estava sendo cobrada na universidade, o aluguel do apartamento vencia em alguns dias. Quando adentrei o Abbey Road Studios, me deparei com algumas pessoas aguardando e jurei a mim mesma que não me assustaria e que se fosse pra ser conseguiria esse emprego.
— Senhorita, o senhor Lively irá recebê-la. — A mulher, que deduzi ser a secretária, chamou-me depois de quase duas horas de espera. Sorri e caminhei até a porta, porém, antes de entrar bati à porta e ouvi: — Pode entrar, senhorita. — Com cuidado, girei a maçaneta da porta, adentrei a enorme sala e me encantei com a maravilhosa decoração.
— Boa tarde, senhor Lively. — Ele apontou para uma das cadeiras posicionadas em frente à mesa e entendi que era pra me sentar.
— Seu nome completo, idade, disponibilidade. — Pegou uma prancheta e em suas mãos tinha uma caneta.
— , vinte anos, e tenho a tarde e noite livre, porque faço universidade em período matutino. — Ele sorriu e anotou algo em sua prancheta.
— Universidade? Conte-me qual o seu curso? — Sorriu e eu prossegui.
— Curso letras. — Sorri e ele me olhou confuso.
— Não deveria procurar trabalho em uma escola? — Brincou e sorri, sem graça. Se ele soubesse que já tinha ido em todas as escolas, porém nenhuma delas podia contratar uma professora que ainda não se formou.
— Senhor, eu preciso desse emprego — meus olhos começaram a arder e eu sabia choraria — Meu pai não arca mais com as despesas da universidade e eu não quero desistir do meu sonho. — O homem me olhava sem parar e olhava para a prancheta, com certeza estava com dúvida em me contratar, porque nem uma experiência eu tinha em minha carteira de trabalho.
— Recebi dezoito jovens e todos tinham ligação com a música, porém quero que me dê um motivo para contratá-la.
— Um motivo? — Ele assentiu que sim e eu prossegui — Porque tudo que eu faço, eu dou o melhor de mim, quando entro em um projeto, seja na minha área ou não, eu mergulho de corpo e alma. Posso não ter ligação com a música ou entender sobre gravações, instrumentos e etc, porém, eu tenho algo que é a dedicação e se você me der essa oportunidade eu farei… — não deixou que terminasse e meu coração gelou com a possibilidade de um “não”.
— Senhorita , não sou um homem de segunda chance, ou seja, valorize a primeira ou, então, serei obrigado a demiti-la. — Não acreditava que sim, eu havia sido contratada e a alegria era maior que tudo.
— E-eu e-estou contratada? — Praticamente gritei.
— Sim, senhorita . — Sorriu, e eu gritava internamente de tamanha alegria. Passei duas semanas indo em várias entrevistas e tudo que eu ouvia era: — Sinto muito, mas, no momento, a empresa não procura por alguém como você. Agora, enfim, consegui meu emprego e poderei arcar com as minhas despesas.
— Senhor Lively, muito, muito obrigada. — Peguei minha bolsa e, sem querer, quase derrubei um jarro de rosas perto da porta. — Desculpe, senhor. — Acabei tropeçando em meus próprios pés e o homem sacudiu a cabeça negativamente. Com certeza, pensava que havia acabado de contratar uma desajeitada e que poderia dar trabalho, ou melhor, muito trabalho.
— Cuidado, senhorita . — Sorriu, e assenti que sim. — Deixe seus documentos no RH e eles irão informá-la da sua função, horário do seu turno e dia que começara a trabalhar. — Sorri e me retirei da sala.
Vergonha, muita, muita vergonha. Como se não bastasse ser desajeitada desde de que nasci, ainda precisava pagar o mico do ano em minha entrevista de emprego. Caminhei até a recepção e pedi que me informasse o local onde era o RH, e com toda a simpatia e educação a mesma mulher que me atendeu quando cheguei me deixou no local onde meu futuro e primeiro chefe havia mandado que fosse. Adentrei o local, e pediram alguns documentos e cópias. Pediram minha carteira de trabalho e entreguei a mulher, que deduzi ser a responsável por novas contratações. Fui informada que meu turno seria das 16h00 ás 23h00, ou seja, seria a responsável por checar todas as portas, janelas e fechar o estúdio. Minha função seria organizar as cabines de gravação e mantê-las sempre arrumadas. Sim, seria um dia cansativo e puxado, porém pouco me importava, afinal, precisava de dinheiro, precisava pagar minha universidade, meu aluguel, minhas contas, ou seja, eu precisava e daria o meu jeito de conseguir estudar e trabalhar.
— Senhorita , o seu crachá — a mulher me entregou e, Deus, consegui ficar pior do que eu sou. Fotos de documentos acabavam ainda mais com a beleza que eu não tinha. — Os funcionários do estúdio não precisam de uniformes, porém, pedimos que evite roupas curtas, ok? — Assenti que sim e me retirei do estúdio, que a partir de segunda-feira seria meu local de trabalho.
Procurei pelo meu “carro” e, quando o encontrei, adentrei, em seguida, dei partida em direção ao meu apartamento. Tudo que eu precisava era de um bom banho, comer algo e descansar, afinal, dali dois dias começava minha rotina de universidade pela manhã e trabalho à tarde e parte da noite. Muitas pessoas exerciam essas funções juntas, por que eu não conseguiria? A palavra desistir nunca esteve presente em minha vida e não seria agora que começaria a utilizá-la. Quando adentrei meu apartamento, corri diretamente para tomar um banho e relaxei na banheira até sentir a água começar a esfriar. Peguei um pijama bem confortável e o vesti. Optei por comer um sanduíche e tomar um copo de suco, afinal, o cansaço já respondia por mim.
FLASHBACK
De: @hotmail.com
Para: @hotmail.com
Assunto: Urgente, ou seja, não ignore.
Então, há algum tempo venho arcando com suas despesas tanto da universidade quanto as despesas como: aluguel, conta de água, gás e etc. Porém, depois de muitas e muitas brigas com a minha esposa, eu decidi não ajudá-la mais, afinal, você já está uma mulher e pode muito bem se virar sozinha. Está na hora de arranjar um emprego, filhinha.
FLASHBACK
Sacudi a cabeça negativamente, afinal, não deveria lembrar desse homem, ainda mais depois do que ele fez. A sua ausência, durante a minha vida inteira, deixou machucados e alguns deles ainda não tinham cicatrizado. O cara havia sumido, me abandonado e quando, enfim, pensei que virou um homem de verdade, deixou de apagar até a universidade que a filha tanto se dedica. Na verdade, sempre esperei muito dele, mas ele é um nada, ou seja, não deveria criar falsas expectativas porque ele sempre, sempre me decepcionava.
— Senhorita, o senhor Lively irá recebê-la. — A mulher, que deduzi ser a secretária, chamou-me depois de quase duas horas de espera. Sorri e caminhei até a porta, porém, antes de entrar bati à porta e ouvi: — Pode entrar, senhorita. — Com cuidado, girei a maçaneta da porta, adentrei a enorme sala e me encantei com a maravilhosa decoração.
— Boa tarde, senhor Lively. — Ele apontou para uma das cadeiras posicionadas em frente à mesa e entendi que era pra me sentar.
— Seu nome completo, idade, disponibilidade. — Pegou uma prancheta e em suas mãos tinha uma caneta.
— , vinte anos, e tenho a tarde e noite livre, porque faço universidade em período matutino. — Ele sorriu e anotou algo em sua prancheta.
— Universidade? Conte-me qual o seu curso? — Sorriu e eu prossegui.
— Curso letras. — Sorri e ele me olhou confuso.
— Não deveria procurar trabalho em uma escola? — Brincou e sorri, sem graça. Se ele soubesse que já tinha ido em todas as escolas, porém nenhuma delas podia contratar uma professora que ainda não se formou.
— Senhor, eu preciso desse emprego — meus olhos começaram a arder e eu sabia choraria — Meu pai não arca mais com as despesas da universidade e eu não quero desistir do meu sonho. — O homem me olhava sem parar e olhava para a prancheta, com certeza estava com dúvida em me contratar, porque nem uma experiência eu tinha em minha carteira de trabalho.
— Recebi dezoito jovens e todos tinham ligação com a música, porém quero que me dê um motivo para contratá-la.
— Um motivo? — Ele assentiu que sim e eu prossegui — Porque tudo que eu faço, eu dou o melhor de mim, quando entro em um projeto, seja na minha área ou não, eu mergulho de corpo e alma. Posso não ter ligação com a música ou entender sobre gravações, instrumentos e etc, porém, eu tenho algo que é a dedicação e se você me der essa oportunidade eu farei… — não deixou que terminasse e meu coração gelou com a possibilidade de um “não”.
— Senhorita , não sou um homem de segunda chance, ou seja, valorize a primeira ou, então, serei obrigado a demiti-la. — Não acreditava que sim, eu havia sido contratada e a alegria era maior que tudo.
— E-eu e-estou contratada? — Praticamente gritei.
— Sim, senhorita . — Sorriu, e eu gritava internamente de tamanha alegria. Passei duas semanas indo em várias entrevistas e tudo que eu ouvia era: — Sinto muito, mas, no momento, a empresa não procura por alguém como você. Agora, enfim, consegui meu emprego e poderei arcar com as minhas despesas.
— Senhor Lively, muito, muito obrigada. — Peguei minha bolsa e, sem querer, quase derrubei um jarro de rosas perto da porta. — Desculpe, senhor. — Acabei tropeçando em meus próprios pés e o homem sacudiu a cabeça negativamente. Com certeza, pensava que havia acabado de contratar uma desajeitada e que poderia dar trabalho, ou melhor, muito trabalho.
— Cuidado, senhorita . — Sorriu, e assenti que sim. — Deixe seus documentos no RH e eles irão informá-la da sua função, horário do seu turno e dia que começara a trabalhar. — Sorri e me retirei da sala.
Vergonha, muita, muita vergonha. Como se não bastasse ser desajeitada desde de que nasci, ainda precisava pagar o mico do ano em minha entrevista de emprego. Caminhei até a recepção e pedi que me informasse o local onde era o RH, e com toda a simpatia e educação a mesma mulher que me atendeu quando cheguei me deixou no local onde meu futuro e primeiro chefe havia mandado que fosse. Adentrei o local, e pediram alguns documentos e cópias. Pediram minha carteira de trabalho e entreguei a mulher, que deduzi ser a responsável por novas contratações. Fui informada que meu turno seria das 16h00 ás 23h00, ou seja, seria a responsável por checar todas as portas, janelas e fechar o estúdio. Minha função seria organizar as cabines de gravação e mantê-las sempre arrumadas. Sim, seria um dia cansativo e puxado, porém pouco me importava, afinal, precisava de dinheiro, precisava pagar minha universidade, meu aluguel, minhas contas, ou seja, eu precisava e daria o meu jeito de conseguir estudar e trabalhar.
— Senhorita , o seu crachá — a mulher me entregou e, Deus, consegui ficar pior do que eu sou. Fotos de documentos acabavam ainda mais com a beleza que eu não tinha. — Os funcionários do estúdio não precisam de uniformes, porém, pedimos que evite roupas curtas, ok? — Assenti que sim e me retirei do estúdio, que a partir de segunda-feira seria meu local de trabalho.
Procurei pelo meu “carro” e, quando o encontrei, adentrei, em seguida, dei partida em direção ao meu apartamento. Tudo que eu precisava era de um bom banho, comer algo e descansar, afinal, dali dois dias começava minha rotina de universidade pela manhã e trabalho à tarde e parte da noite. Muitas pessoas exerciam essas funções juntas, por que eu não conseguiria? A palavra desistir nunca esteve presente em minha vida e não seria agora que começaria a utilizá-la. Quando adentrei meu apartamento, corri diretamente para tomar um banho e relaxei na banheira até sentir a água começar a esfriar. Peguei um pijama bem confortável e o vesti. Optei por comer um sanduíche e tomar um copo de suco, afinal, o cansaço já respondia por mim.
De: @hotmail.com
Para: @hotmail.com
Assunto: Urgente, ou seja, não ignore.
Então, há algum tempo venho arcando com suas despesas tanto da universidade quanto as despesas como: aluguel, conta de água, gás e etc. Porém, depois de muitas e muitas brigas com a minha esposa, eu decidi não ajudá-la mais, afinal, você já está uma mulher e pode muito bem se virar sozinha. Está na hora de arranjar um emprego, filhinha.
Sacudi a cabeça negativamente, afinal, não deveria lembrar desse homem, ainda mais depois do que ele fez. A sua ausência, durante a minha vida inteira, deixou machucados e alguns deles ainda não tinham cicatrizado. O cara havia sumido, me abandonado e quando, enfim, pensei que virou um homem de verdade, deixou de apagar até a universidade que a filha tanto se dedica. Na verdade, sempre esperei muito dele, mas ele é um nada, ou seja, não deveria criar falsas expectativas porque ele sempre, sempre me decepcionava.
Capítulo 2
Encarei o espelho e minha feição descreveu exatamente como estava me sentindo: com medo e nervosa. A incerteza com a roupa para usar me deixou completamente louca, troquei de roupa incontáveis vezes e nenhuma parecia perfeita para o primeiro de muitos dias de trabalho. Repeti várias vezes seguidas: , você consegue. , você consegue. A insegurança foi mais forte, porém, adentraria aquele estúdio e faria o melhor. Soltei os cabelos e marquei os lábios com um batom cor de boca. Peguei a minha bolsa, as chaves do meu “carro”. Quando adentrei o elevador, encontrei os novos vizinhos com seus filhos, que eram adoráveis, e olhar para aquela família tão unida, me fez relembrar o quanto teria sido feliz se tivesse tido uma família.
— Bom dia, . — Will, o porteiro, sorriu e sorri de volta.
— Bom dia, Will. — Acenei e adentrei a porta que dava direto para o estacionamento do prédio. Encontrei meu carro e logo, em seguida, dei partida, afinal, não poderia e nem deveria chegar atrasada no meu primeiro dia de trabalho. Por sorte, o trânsito estava calmo e sem engarrafamentos. Quando cheguei ao estúdio, deixei meu carro no estacionamento para funcionários. Meu turno começaria as 16h00, mas cheguei vinte minutos adiantada. Certifiquei-me que meu carro estava trancado, afinal, por mais velho que fosse, não poderia me dar o luxo de ficar sem ele. A entrada dos funcionários ficava perto do estacionamento, mostrei o crachá para um homem alto, que vestia um terno preto e tinha cara de mal, que deduzi ser o segurança, e ele liberou minha entrada.
— Senhorita , pontualidade é uma das suas qualidades. — Reconheci aquela voz, e era o senhor Lively. — Venha, irei apresenta-la o estúdio que será a responsável por manter em ordem. — Sorri e assenti que sim. Caminhamos até um corredor, que nos levou a um estúdio enorme, e fiquei encantada com tamanha tecnologia, aquele lugar era o sonho de qualquer músico, banda ou pessoa que estivesse na área musical. Meu trabalho seria checar todos os microfones, checar se nas geladeiras haviam a lista exigida pelos músicos, arrumar, deixar sempre limpo, porque, algumas vezes, mal saía um cantor e já chegava outro, ou seja, tudo precisava ser feito bem rápido.
— Obrigada pela ajuda, senhor Lively. — Sorri, e ele acenou antes de se retirar do local.
O local estava arrumado, porém precisava checar as bebidas, comidas e os equipamentos. Senhor Lively me informou que em poucos minutos chegaria uma banda, que usaria o estúdio por dois meses para a gravação de um novo álbum. Liguei meu ipod, coloquei na playlist mais animada e comecei meus trabalhos. Era automático, meu corpo se movimentava enquanto tocava uma das minhas músicas preferidas, porém risadinhas ao fundo me deixaram assustada. Quando me virei para descobrir os donos das risadas, porque percebi pela diferença que seriam no mínimo três risadas diferentes. Meu olhar foi direto para um rapaz alto, cabelos emaranhados e olhos .
— Desculpe… — sorri sem graça — O estúdio já está liberado para gravação. — Sorri fraco e algo me dizia que eu conhecia aquele garoto, na certa deveria ser uma dessas bandas bem conhecida e que eu deveria conhecer, mas não me lembrava. Porém, depois que todos os outros quatro rapazes adentraram a cabine de gravação, o rapaz de olhos me puxou pelo braço e eu tremi com tamanha proximidade.
— — sorriu e me cumprimentou com um aperto de mão. — As palavras pareciam ter fugido, porque não conseguia dizer nada, ou melhor, não conseguia pensar em nada com aquele par de olhos olhando fixamente para mim.
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A duração da gravação seria de aproximadamente duas horas e, como já havia passado um pouco mais que isso, decidi checar todas as portas e janelas. Quando me certifiquei que todas estavam fechadas, fui até o estúdio onde percebia que todos já conversavam do lado de fora da cabine. Sorri fraco e todos acenaram. Adentrei a cabine de gravação para desligar os equipamentos e guardá-los. Entretanto, me assustei quando senti um hálito quente próximo ao meu ouvido.
— Boa noite, . — Sua voz rouca sussurrou e eu tremi. — Até amanhã. — Beijou lentamente a minha bochecha e se retirou, me deixando literalmente de pernas bambas. Não era todo dia que um cara extremamente gostoso e dono de olhos maravilhosos, ficava tão próximo de alguém como eu. Era uma garota extremamente desajeitada, tímida, ou seja, era uma confusão.
Terminei de desligar os equipamentos, deixei tudo arrumado e desliguei as luzes. Peguei minha bolsa no meu armário e, enfim, iria para minha casa. Já passavam de 00h00, ou seja, estudar quando chegasse em casa seria algo impossível. Passei pela cabine da vigilância e não aguentei segurar as risadas quando o encontrei dormindo todo torto na cadeira. Sacudi a cabeça e caminhei até encontrar meu carro. Dei partida e, em alguns minutos, chegaria ao meu prédio. O estúdio ficava a cerca de uma hora do meu apartamento, porém, como o trânsito estava tranquilo devido ao horário, cheguei até mais rápido.
— Lar doce lar. — Sorri ao girar a chave e adentrar meu apartamento. Joguei a bolsa no sofá e corri para tomar um banho. Despi-me e afundei meu corpo na banheira, que estava com a água bem quente, ou seja, ideal para relaxar. Quando senti a água começar a esfriar, me enrolei na toalha e vesti meu pijama. Como não sentia fome, apenas escovei os dentes e deitei em minha cama. Não precisou muito tempo para o cansaço vencer e sentir meus olhos pesarem até se fecharem completamente.
— Bom dia, . — Will, o porteiro, sorriu e sorri de volta.
— Bom dia, Will. — Acenei e adentrei a porta que dava direto para o estacionamento do prédio. Encontrei meu carro e logo, em seguida, dei partida, afinal, não poderia e nem deveria chegar atrasada no meu primeiro dia de trabalho. Por sorte, o trânsito estava calmo e sem engarrafamentos. Quando cheguei ao estúdio, deixei meu carro no estacionamento para funcionários. Meu turno começaria as 16h00, mas cheguei vinte minutos adiantada. Certifiquei-me que meu carro estava trancado, afinal, por mais velho que fosse, não poderia me dar o luxo de ficar sem ele. A entrada dos funcionários ficava perto do estacionamento, mostrei o crachá para um homem alto, que vestia um terno preto e tinha cara de mal, que deduzi ser o segurança, e ele liberou minha entrada.
— Senhorita , pontualidade é uma das suas qualidades. — Reconheci aquela voz, e era o senhor Lively. — Venha, irei apresenta-la o estúdio que será a responsável por manter em ordem. — Sorri e assenti que sim. Caminhamos até um corredor, que nos levou a um estúdio enorme, e fiquei encantada com tamanha tecnologia, aquele lugar era o sonho de qualquer músico, banda ou pessoa que estivesse na área musical. Meu trabalho seria checar todos os microfones, checar se nas geladeiras haviam a lista exigida pelos músicos, arrumar, deixar sempre limpo, porque, algumas vezes, mal saía um cantor e já chegava outro, ou seja, tudo precisava ser feito bem rápido.
— Obrigada pela ajuda, senhor Lively. — Sorri, e ele acenou antes de se retirar do local.
O local estava arrumado, porém precisava checar as bebidas, comidas e os equipamentos. Senhor Lively me informou que em poucos minutos chegaria uma banda, que usaria o estúdio por dois meses para a gravação de um novo álbum. Liguei meu ipod, coloquei na playlist mais animada e comecei meus trabalhos. Era automático, meu corpo se movimentava enquanto tocava uma das minhas músicas preferidas, porém risadinhas ao fundo me deixaram assustada. Quando me virei para descobrir os donos das risadas, porque percebi pela diferença que seriam no mínimo três risadas diferentes. Meu olhar foi direto para um rapaz alto, cabelos emaranhados e olhos .
— Desculpe… — sorri sem graça — O estúdio já está liberado para gravação. — Sorri fraco e algo me dizia que eu conhecia aquele garoto, na certa deveria ser uma dessas bandas bem conhecida e que eu deveria conhecer, mas não me lembrava. Porém, depois que todos os outros quatro rapazes adentraram a cabine de gravação, o rapaz de olhos me puxou pelo braço e eu tremi com tamanha proximidade.
— — sorriu e me cumprimentou com um aperto de mão. — As palavras pareciam ter fugido, porque não conseguia dizer nada, ou melhor, não conseguia pensar em nada com aquele par de olhos olhando fixamente para mim.
A duração da gravação seria de aproximadamente duas horas e, como já havia passado um pouco mais que isso, decidi checar todas as portas e janelas. Quando me certifiquei que todas estavam fechadas, fui até o estúdio onde percebia que todos já conversavam do lado de fora da cabine. Sorri fraco e todos acenaram. Adentrei a cabine de gravação para desligar os equipamentos e guardá-los. Entretanto, me assustei quando senti um hálito quente próximo ao meu ouvido.
— Boa noite, . — Sua voz rouca sussurrou e eu tremi. — Até amanhã. — Beijou lentamente a minha bochecha e se retirou, me deixando literalmente de pernas bambas. Não era todo dia que um cara extremamente gostoso e dono de olhos maravilhosos, ficava tão próximo de alguém como eu. Era uma garota extremamente desajeitada, tímida, ou seja, era uma confusão.
Terminei de desligar os equipamentos, deixei tudo arrumado e desliguei as luzes. Peguei minha bolsa no meu armário e, enfim, iria para minha casa. Já passavam de 00h00, ou seja, estudar quando chegasse em casa seria algo impossível. Passei pela cabine da vigilância e não aguentei segurar as risadas quando o encontrei dormindo todo torto na cadeira. Sacudi a cabeça e caminhei até encontrar meu carro. Dei partida e, em alguns minutos, chegaria ao meu prédio. O estúdio ficava a cerca de uma hora do meu apartamento, porém, como o trânsito estava tranquilo devido ao horário, cheguei até mais rápido.
— Lar doce lar. — Sorri ao girar a chave e adentrar meu apartamento. Joguei a bolsa no sofá e corri para tomar um banho. Despi-me e afundei meu corpo na banheira, que estava com a água bem quente, ou seja, ideal para relaxar. Quando senti a água começar a esfriar, me enrolei na toalha e vesti meu pijama. Como não sentia fome, apenas escovei os dentes e deitei em minha cama. Não precisou muito tempo para o cansaço vencer e sentir meus olhos pesarem até se fecharem completamente.
Capítulo 3
Pela primeira vez na aula, não conseguia prestar atenção nas palavras ditas pelo professor, sendo que achava importante deixar algo claro que esse era o meu professor preferido. Mas, de alguma forma, aquele garoto de cabelos emaranhados, olhos e dono de um sorriso maravilhoso, andava mexendo comigo até mais do que deveria. Andei pesquisando sobre o e descobri que ele e os amigos eram integrantes de uma “boyband” de sucesso mundial, ou seja, não era o tipo de garota pra ele. Não era modelo, não tinha o corpo perfeito, não tinha autoconfiança ou qualquer coisa que fizesse se apaixonar por mim.
— Senhorita ? — Reconheci aquela voz, e era do meu professor. — A aula já acabou.
Olhei pros lados, todos já haviam se retirado e a única que ainda estava sentada era eu, ou seja, pensar nos olhinhos andava me deixando sem noção de tempo. Fazia isso o tempo inteiro e pior era que não percebia.
— Obrigada por me avisar. — Sorri fraco e professor acenou, antes de se retirar da sala. Então , a aluna exemplar, ou melhor, no modo popular, “nerd”, suspirando pelos cantos e pensando dia e noite naquele garoto. Ignorei meus pensamentos e recolhi minhas coisas, afinal, em algumas horas começaria mais um turno no estúdio.
Cercada por livros, exercícios atrasados, pesquisas, provas chegando e o tempo diminuindo, mas eu conseguiria. Quantas pessoas estudavam e trabalhavam ao mesmo tempo? Aproveitei que ainda faltava quase três horas para meu turno no estúdio. Resolvi os exercícios, fiz boa parte da pesquisa para o grupo de qual fazia parte, consegui estudar um pouco para as provas que seriam no final da semana, mas o livro, optei para ler quando chegasse do meu turno. Deixei as coisas em cima da mesa de centro e caminhei até o quarto para tomar um banho bem relaxante. Separei uma roupa bem confortável e quente, afinal, inverno chegava com tudo em Londres, mas amava aquele inverno. Procurei pelas chaves e, depois de encontrá-las, enfim, tranquei a porta e adentrei o elevador, que me deixou no andar do estacionamento. Assim que encontrei meu carro, dei partida. O caminho até chegar na gravadora, por sorte, não foi com engarrafamentos, na certa em razão do frio, mas cheguei quase no meu horário e, Deus, não gosto nem de pensar se tivesse me atrasado.
— Boa tarde, . — Rosa, a menina que fazia o turno da manhã e parte da tarde, me cumprimentou.
— Boa tarde, Rosa, e bom descanso. — Sorri e ela se retirou do local, porém, quando adentrei o estúdio de gravação, me assustei ao notar que estava sentado em uma das cadeiras, mas ele estava sozinho. O que ele queria, ou melhor, por que ele estava ali e sozinho?
— Você? Aqui? — Deixei transparecer quão nervosa havia ficado com sua presença inesperada. E ele continuava me encarando fixa e intensamente, com aqueles olhos que descobri ser a minha cor favorita.
— Sim, sou, e estou aqui. — Brincou. — Estava passando perto e pensei se você não queria tomar um café comigo. — Seu sorriso era uma perdição que precisava me manter longe. Já vi algumas garotas entrarem nessa cilada. Caras assim tinham a vida resumida: festas, bebidas, mulheres e sexo. Ou seja, nenhuma era fixa ou insubstituível. Você poderia estar vivendo um conto de fadas em um dia, e no outro receber uma mensagem dizendo: “Sinto muito, mas não podemos continuar.”
— Não posso. — Sorri fraco, enquanto checava as bebidas na geladeira, afinal, em duas horas chegaria uma banda e logo mais seria a One Direction, a banda que era um dos cinco integrantes.
— Pensando na sua resposta, decidi trazer o café até você – apontou pra bandeja com cafés e cookies — Então a senhorita não terá como recusar. — Sorriu, e não contive um sorriso bobo.
Nos sentamos no chão e colocou a bandeja, com os cafés e cookies, no centro. Ele não deixava de me olhar por um único segundo, e eu? Imitava seu gesto. Um misto de várias sensações tomava conta de mim quando estava assim perto, ouvindo sua voz, podendo encarar seus olhos tão de perto e ver um sorriso se formar em seus lábios.
— Você não está aqui há muito tempo né? — Sorriu, reparou certamente pelo fato do meu jeito, ou melhor, da minha falta de jeito com os equipamentos, e até mesmo em guardar os microfones.
— Quase um mês — sorri fraco, e ele continuou me encarando, com certeza esperando por uma explicação — Meu pai achou que pagar minha universidade e arcar com as minhas despesas poderia acabar com o seu casamento, com uma garota que tem idade para ser minha irmã. Então cheguei aqui e o senhor Lively me deu a oportunidade que tanto precisa.
— Você não estuda nada relacionado a música, né? — Bebeu um pouco do seu café, e eu assenti que sim.
— Na verdade, não digo que não tenha nada, afinal, precisa saber escrever para compor uma música. — Sorrimos juntos.
— Letras, né? — Perguntou, e assenti que sim. — Mas por que sinto tanta frieza quando fala do seu pai? — , sem saber, havia tocado em uma ferida que, poderia passar mil anos, nunca se fecharia, porque doía todos os dias ter um “pai” como o meu.
— Fui abandona pelo meu pai quando ainda era uma criança, e quando digo abandonada, sim, sem cartões no meu aniversário, sem abraços no natal ou sua presença nas festas de fim de ano da escola. — Franzi o cenho. — Quando meu pai foi embora... — respirei fundo — Minha mãe vivia pelos cantos, triste e se isolando de tudo. No fundo, eu sabia, já tinha ouvido umas conversas, ou melhor, brigas dela com meu pai. Ela cobrava mais carinho e atenção pra mim, enquanto ele alegava que nunca quis ter filhos e que tudo começou depois que descobriram da gravidez da minha mãe. — me olhava atentamente, e pela primeira vez havia dividido com alguém algo tão pessoal que há muitos anos me torturava.
— … — não o deixei terminar. Sabia que ele, com certeza, viria tentar me consolar ou sentir pena, mas eu não poderia deixar alguém me ajudar assim, entrar na minha vida. Esquivei-me quando seus braços tentaram buscar pelos meus. Olhei em seus olhos pela última vez e me retirei do estúdio. Já havíamos ido longe demais, já havia contado e deixado ele entrar em minha vida até demais.
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Depois de quase meia hora de atraso, o estúdio havia sido liberado, enfim, voltaria pra casa. Mas pude perceber que não deixava de me encarar enquanto guardava os equipamentos, mas, logo um dos seus amigos o chamou e ele saiu. Fechei todas as janelas, tranquei tudo, porém me assustei quando adentrei o estacionamento e encontrei encostado em seu Ranger Rover Preto.
— Quer carona? — sorriu e me encarou dos pés à cabeça.
— Não. — Sorri. — Tenho carro — apontei para meu carro — Obrigada pelo convite. — Adentrei meu carro e tentei uma, duas, três, quatro vezes, e nada. Meu carro havia me deixado na mão, pior de tudo é que, do outro lado, um infeliz dos olhos ria do meu desespero.
— Não quer mesmo uma carona? — sua voz extremamente rouca se fez presente, e abri a janela para encará-lo debruçado em meu carro. Peguei minha bolsa, tranquei meu carro e segui , o mesmo abriu a porta para que eu entrasse e, em seguida, deu partida.
— Barbican Estate — sorri e respondia uma mensagem de uma colega do grupo de pesquisa. - Meu prédio. – Sorri, e ele prosseguiu. Durante o percurso não trocávamos nenhuma palavra porque permanecia em silêncio, assim como se comportou durante a noite inteira. Hoje deixaram que assistisse à gravação e até que eu gostei do que ouvi. Guardei meu celular quando percebi que faltava pouco para chegar no prédio que eu morava.
— Obrigada pela carona. — Sorri e não deixei de notar o quanto seus olhos estavam brilhando. Porém, fui surpreendida com um beijo no canto da boca e aquilo me deixou sem reação, afinal, não esperava, por isso.
— Agora sim, boa noite, . — Sorriu, e juntei minhas forças para sair daquele carro. Quando adentrei a portaria do prédio, deu partida e, pouco a pouco, o perdi de vista. Passei meu polegar sobre o local onde, há poucos minutos, senti o contato de seus lábios quentes e sorri feito uma adolescente que acabou de descobrir que está apaixonada. Porém me recompus ao notar o porteiro me encarar, sem entender, afinal, nunca havia agido de tal forma. Limitei-me a apenas sorrir e adentrar o elevador. Pagar mico tinha virado rotina em minha vida? Só podia.
— “You'll never love yourself Half as much as I love you.” — Sorri quando percebi que estava cantando uma música que eles gravaram aquele dia no estúdio. Peguei o livro que havia separado para começar a ler e, depois de ler dois capítulos, marquei a página antes de fechá-lo, afinal, o sono havia chegado. Porém, quando fechei os olhos, só conseguia lembrar do sorriso dele, dos seus lábios quentes em minha pele, mas ele não era pra mim, ou melhor, nunca seria garota pra ele.
— Senhorita ? — Reconheci aquela voz, e era do meu professor. — A aula já acabou.
Olhei pros lados, todos já haviam se retirado e a única que ainda estava sentada era eu, ou seja, pensar nos olhinhos andava me deixando sem noção de tempo. Fazia isso o tempo inteiro e pior era que não percebia.
— Obrigada por me avisar. — Sorri fraco e professor acenou, antes de se retirar da sala. Então , a aluna exemplar, ou melhor, no modo popular, “nerd”, suspirando pelos cantos e pensando dia e noite naquele garoto. Ignorei meus pensamentos e recolhi minhas coisas, afinal, em algumas horas começaria mais um turno no estúdio.
Cercada por livros, exercícios atrasados, pesquisas, provas chegando e o tempo diminuindo, mas eu conseguiria. Quantas pessoas estudavam e trabalhavam ao mesmo tempo? Aproveitei que ainda faltava quase três horas para meu turno no estúdio. Resolvi os exercícios, fiz boa parte da pesquisa para o grupo de qual fazia parte, consegui estudar um pouco para as provas que seriam no final da semana, mas o livro, optei para ler quando chegasse do meu turno. Deixei as coisas em cima da mesa de centro e caminhei até o quarto para tomar um banho bem relaxante. Separei uma roupa bem confortável e quente, afinal, inverno chegava com tudo em Londres, mas amava aquele inverno. Procurei pelas chaves e, depois de encontrá-las, enfim, tranquei a porta e adentrei o elevador, que me deixou no andar do estacionamento. Assim que encontrei meu carro, dei partida. O caminho até chegar na gravadora, por sorte, não foi com engarrafamentos, na certa em razão do frio, mas cheguei quase no meu horário e, Deus, não gosto nem de pensar se tivesse me atrasado.
— Boa tarde, . — Rosa, a menina que fazia o turno da manhã e parte da tarde, me cumprimentou.
— Boa tarde, Rosa, e bom descanso. — Sorri e ela se retirou do local, porém, quando adentrei o estúdio de gravação, me assustei ao notar que estava sentado em uma das cadeiras, mas ele estava sozinho. O que ele queria, ou melhor, por que ele estava ali e sozinho?
— Você? Aqui? — Deixei transparecer quão nervosa havia ficado com sua presença inesperada. E ele continuava me encarando fixa e intensamente, com aqueles olhos que descobri ser a minha cor favorita.
— Sim, sou, e estou aqui. — Brincou. — Estava passando perto e pensei se você não queria tomar um café comigo. — Seu sorriso era uma perdição que precisava me manter longe. Já vi algumas garotas entrarem nessa cilada. Caras assim tinham a vida resumida: festas, bebidas, mulheres e sexo. Ou seja, nenhuma era fixa ou insubstituível. Você poderia estar vivendo um conto de fadas em um dia, e no outro receber uma mensagem dizendo: “Sinto muito, mas não podemos continuar.”
— Não posso. — Sorri fraco, enquanto checava as bebidas na geladeira, afinal, em duas horas chegaria uma banda e logo mais seria a One Direction, a banda que era um dos cinco integrantes.
— Pensando na sua resposta, decidi trazer o café até você – apontou pra bandeja com cafés e cookies — Então a senhorita não terá como recusar. — Sorriu, e não contive um sorriso bobo.
Nos sentamos no chão e colocou a bandeja, com os cafés e cookies, no centro. Ele não deixava de me olhar por um único segundo, e eu? Imitava seu gesto. Um misto de várias sensações tomava conta de mim quando estava assim perto, ouvindo sua voz, podendo encarar seus olhos tão de perto e ver um sorriso se formar em seus lábios.
— Você não está aqui há muito tempo né? — Sorriu, reparou certamente pelo fato do meu jeito, ou melhor, da minha falta de jeito com os equipamentos, e até mesmo em guardar os microfones.
— Quase um mês — sorri fraco, e ele continuou me encarando, com certeza esperando por uma explicação — Meu pai achou que pagar minha universidade e arcar com as minhas despesas poderia acabar com o seu casamento, com uma garota que tem idade para ser minha irmã. Então cheguei aqui e o senhor Lively me deu a oportunidade que tanto precisa.
— Você não estuda nada relacionado a música, né? — Bebeu um pouco do seu café, e eu assenti que sim.
— Na verdade, não digo que não tenha nada, afinal, precisa saber escrever para compor uma música. — Sorrimos juntos.
— Letras, né? — Perguntou, e assenti que sim. — Mas por que sinto tanta frieza quando fala do seu pai? — , sem saber, havia tocado em uma ferida que, poderia passar mil anos, nunca se fecharia, porque doía todos os dias ter um “pai” como o meu.
— Fui abandona pelo meu pai quando ainda era uma criança, e quando digo abandonada, sim, sem cartões no meu aniversário, sem abraços no natal ou sua presença nas festas de fim de ano da escola. — Franzi o cenho. — Quando meu pai foi embora... — respirei fundo — Minha mãe vivia pelos cantos, triste e se isolando de tudo. No fundo, eu sabia, já tinha ouvido umas conversas, ou melhor, brigas dela com meu pai. Ela cobrava mais carinho e atenção pra mim, enquanto ele alegava que nunca quis ter filhos e que tudo começou depois que descobriram da gravidez da minha mãe. — me olhava atentamente, e pela primeira vez havia dividido com alguém algo tão pessoal que há muitos anos me torturava.
— … — não o deixei terminar. Sabia que ele, com certeza, viria tentar me consolar ou sentir pena, mas eu não poderia deixar alguém me ajudar assim, entrar na minha vida. Esquivei-me quando seus braços tentaram buscar pelos meus. Olhei em seus olhos pela última vez e me retirei do estúdio. Já havíamos ido longe demais, já havia contado e deixado ele entrar em minha vida até demais.
Depois de quase meia hora de atraso, o estúdio havia sido liberado, enfim, voltaria pra casa. Mas pude perceber que não deixava de me encarar enquanto guardava os equipamentos, mas, logo um dos seus amigos o chamou e ele saiu. Fechei todas as janelas, tranquei tudo, porém me assustei quando adentrei o estacionamento e encontrei encostado em seu Ranger Rover Preto.
— Quer carona? — sorriu e me encarou dos pés à cabeça.
— Não. — Sorri. — Tenho carro — apontei para meu carro — Obrigada pelo convite. — Adentrei meu carro e tentei uma, duas, três, quatro vezes, e nada. Meu carro havia me deixado na mão, pior de tudo é que, do outro lado, um infeliz dos olhos ria do meu desespero.
— Não quer mesmo uma carona? — sua voz extremamente rouca se fez presente, e abri a janela para encará-lo debruçado em meu carro. Peguei minha bolsa, tranquei meu carro e segui , o mesmo abriu a porta para que eu entrasse e, em seguida, deu partida.
— Barbican Estate — sorri e respondia uma mensagem de uma colega do grupo de pesquisa. - Meu prédio. – Sorri, e ele prosseguiu. Durante o percurso não trocávamos nenhuma palavra porque permanecia em silêncio, assim como se comportou durante a noite inteira. Hoje deixaram que assistisse à gravação e até que eu gostei do que ouvi. Guardei meu celular quando percebi que faltava pouco para chegar no prédio que eu morava.
— Obrigada pela carona. — Sorri e não deixei de notar o quanto seus olhos estavam brilhando. Porém, fui surpreendida com um beijo no canto da boca e aquilo me deixou sem reação, afinal, não esperava, por isso.
— Agora sim, boa noite, . — Sorriu, e juntei minhas forças para sair daquele carro. Quando adentrei a portaria do prédio, deu partida e, pouco a pouco, o perdi de vista. Passei meu polegar sobre o local onde, há poucos minutos, senti o contato de seus lábios quentes e sorri feito uma adolescente que acabou de descobrir que está apaixonada. Porém me recompus ao notar o porteiro me encarar, sem entender, afinal, nunca havia agido de tal forma. Limitei-me a apenas sorrir e adentrar o elevador. Pagar mico tinha virado rotina em minha vida? Só podia.
— “You'll never love yourself Half as much as I love you.” — Sorri quando percebi que estava cantando uma música que eles gravaram aquele dia no estúdio. Peguei o livro que havia separado para começar a ler e, depois de ler dois capítulos, marquei a página antes de fechá-lo, afinal, o sono havia chegado. Porém, quando fechei os olhos, só conseguia lembrar do sorriso dele, dos seus lábios quentes em minha pele, mas ele não era pra mim, ou melhor, nunca seria garota pra ele.
Capítulo 4
Aproveitei que havia recebido meu primeiro salário e, depois de pagar as despesas mais urgentes, me arrumei e decidi ir ao supermercado comprar algumas coisas. Meu carro ainda estava na oficina porque o conserto ficou um absurdo de tão caro, mas faltava pouco para juntar o valor necessário para pagar o conserto. Por sorte, quando cheguei em frente ao meu prédio, um casal havia descido de um táxi e adentrei o veículo. O mercado ficava a alguns minutos e, quando cheguei ao supermercado, paguei a corrida e logo já estava dentro do supermercado comprando tudo que precisava.
— , Braba. — Assustei-me e logo reconheci o dono da voz, . Mas o que estaria ele fazendo em um supermercado? Não teria pessoas que fariam isso por ele?
— ?
— Compras do mês? — apontou para meu carrinho, e assenti que sim.
— Compras do mês? — Apontei para o carrinho com várias embalagens de cervejas. sorriu e imitei seu gesto.
— Um amigo está organizando um churrasco. — Sorriu. — Você deveria ir, .
— Ah, não sei… — franzi o cenho, afinal, não sei se iria me sentir bem com pessoas que eu nem conhecia.
— Vai ficar em casa de novo? Estudando, fazendo lições extras e lendo os mesmos livros? — Ele brincava, mas aquilo estava me magoando de verdade.
— Tem um conselho pra você: quando não souber o que falar, é melhor fechar a boca e não dizer tantas besteiras. — Empurrei o carrinho e parei nas prateleiras de pães.
— Desculpe, , e… — não deixei que terminasse. Estava chateada demais para ouvi-lo.
— Eu tenho motivos para fazer isso, . — Disse, séria. — Não é todo mundo que tem a vida perfeita como você. Tinha problemas antes mesmo de nascer, não tive pai, minha mãe vivia triste pelo abandono do marido, não tinha amigos, irmãos. As pessoas não gostavam de mim, ou seja, o único jeito que encontrei de não pirar foi me envolver em atividades que iriam me ajudar a crescer e aprender.
— Desculpa. — Sua voz rouca havia passado para um tom sério. — Não deveria ter brincado com algo tão importante, mas o convite ainda está de pé. – Sorriu.
— Não sei se eu devo. — Sorri fraco.
— Ah, , lógico que deve, afinal, precisa e merece se divertir. — Sorria e brincava com meus cabelos.
— Tudo bem, coisinha irritante. — Sorri.
— Essa é nova — brincou — Mas gostei do “coisinha irritante”.
O almoço, ou melhor, o dia na casa do amigo de , havia sido maravilhoso. Não tinham pessoas famosas, deve ter sido isso que me permitiu sentir tão à vontade e confortável. era adorável, extrovertido e dono das piadas mais sem graças, porém todos caíam na gargalhada de tão ruins que eram. Fazia tempos em que não sorria e me divertia tanto. Como podia pessoas que eu nunca havia conversado ou alguém que conhecia há um mês, me fazerem tão bem, me deixarem tão feliz, arrancarem sorrisos sinceros e sentirem uma vontade grande de ter isso novamente.
— Obrigada pelo dia. — Sorri e ele acariciou minha mão. — Fazia muito tempo que não me divertia assim, na verdade, acho que nunca ri tanto. — Sorrimos juntos e ele voltou a acariciar minha mão.
— Guardei o melhor pro final. — Não consegui perguntar porque, no segundo seguinte, senti os lábios doces de contra os meus. A sensação era maravilhosa, seus lábios procurando pelos meus com tanta vontade, tanta intensidade e a vontade era recíproca. Cessamos o beijo por falta de ar. Quando me olhou, sentia minhas bochechas arderem e ele passeava com seu polegar pelo meu rosto. — Boa noite, . — Sorri antes de deixar o carro e adentrar meu prédio.
— Boa noite, Will. — Sorri e ele olhou, sem entender tamanha felicidade, mas sorriu. Quando adentrei o elevador, me encarei no enorme espelho e procurei por algo que fizesse sentir vontade de estar comigo, mas lembrei que algumas pessoas enxergam mais do que um corpo ou as roupas que você veste. Ainda existiam pessoas que te olhavam e aceitavam como você era.
Capítulo 5
Não sabia de desde a última vez que o vi, ouvi dizer que, devido aos shows, a gravação das últimas músicas acabaram ficando para aquela semana. Não sei por que, mas senti falta das provocações e daqueles olhares do rapaz dos olhos . Ignorei meus pensamentos e terminei de arrumar, afinal, meu turno no estúdio começava dali a duas horas e, até chegar ao estúdio, levaria quase duas horas. Como meu carro novamente deu problemas, tive que ir de táxi e demorou até que aparecesse um, mas, por sorte, o trânsito estava tranquilo e consegui chegar ao estúdio sem me atrasar. Paguei o taxista e, em seguida, adentrei o estúdio para deixar tudo preparado para a One Direction.
— Boa tarde, . — sorriu quando adentrou o estúdio, porém não me deu direito de responder porque, no segundo seguinte, lá estava ele, dentro da cabine de gravação com seus amigos. Pelo que eu ouvia o produtor musical falar, estava na penúltima música porque a última seria uma espécie de bônus. Sentei em um dos puffes e fiquei observando como se comportavam dentro da cabine de gravação. Cantavam de coração e a sinceridade podia ser sentida. Eram unidos, tinham harmonia e, o principal, tinham amor pela música, o que tornava tudo ainda mais perfeito. Confesso, andava pesquisando, assistindo vídeos e, cada dia que passava, ficava ainda mais encantada pela forma carinhosa que tratavam suas fãs. Porém, dentre todos, era sempre que despertava em mim algo novo, que eu queria descobrir.
— Por hoje é só. — O homem, que deduzi ser o produtor musical, disse antes de começar a guardar seus pertences. Quando todos sairam da cabine, comecei a fazer meu trabalho, afinal, como não teria outra banda, poderia desligar tudo, fechar as portas e enfim, ir pra casa. Percebi a movimentação diminuir dentro do estúdio, também notei um garoto cochichar algo perto de , fazendo-o sorrir. Continuei arrumando o estúdio e retirando os pacotes de salgadinhos e latinhas de refrigerantes que deixaram dentro da cabine.
— Não vai com seus amigos? — O encarei, sem entender o motivo da sua permanecia na sala.
— Estou com saudade.
— De mim? — O encarei, sem entender absolutamente nada, ou melhor, não entendia o porquê de estar com saudade de mim.
— Por que se assusta? — Me olhava fixamente — Não acha que você é uma garota, incrível e que posso estar perdidamente louco por você? — As palavras de haviam me deixado sem reação, afinal, quando em minha vida imaginei que um cara se interessaria por mim? Nunca. Que eu sentia algo forte por ele não era novidade nenhuma, mas ele sentindo o mesmo por mim?
— , é melhor eu ir embora. — Caminhei até a porta, porém, depois de tentar umas duas vezes, percebi que a mesma estava trancada.
— Essa noite, não — ouvia passos vindo em minha direção e, fora questão de segundos para sentir duas mãos envoltas em minha cintura — Essa noite você é minha. — Sua voz rouca, extremamente sexy, me desestabilizou e todas as vezes que me contive para não agarrá-lo foram por água a baixo quando senti seus lábios procurarem pelos meus com vontade, com desejo, e era tudo tão intenso que fazia meu corpo inteiro se arrepiar. Virei-me para encará-lo e seus olhos brilhavam. Pulei em seu colo e abracei sua cintura com minhas pernas. me beijava de uma forma que, aos poucos, ficava ainda mais louca por ele. Jogou-me no pequeno sofá que tinha perto da cabine de gravação e, pouco a pouco, me despiu. Em seguida, foi a vez de ajudá-lo com suas roupas e, ao tirar sua camisa, notei o quão definido era o seu abdômen. Enquanto ele me beijava, pensamentos totalmente impuros passavam pela minha cabeça. Quando senti seu membro invadir minha região mais íntima, não contive um gemido alto e desesperado. Seus movimentos de vai e vem intenso me deixavam, a cada minuto, ainda mais louca de prazer. Fora questão de minutos para alcançar meu ápice, porém permaneceu por mais alguns segundos antes de atingir o seu ponto de prazer máximo. Puxou-me pra si e apoiei minha cabeça em seu peitoral.
— Você é louco? — Sorri enquanto passeava com minhas mãos pelo seu abdômen
. — Só se for por você, Baby. — Sorriu, e continuava a fazer o melhor cafuné de toda minha vida. O cansaço começou a responder por mim e, pouco a pouco, senti meus olhos se fechando. Ali, em seus braços, eu adormeci.
Acordei com uma claridade que estava me incomodando, porém, quando percebi que havíamos dormido no estúdio, o desespero tomou conta de mim. dormia tranquilamente e ele estava tão lindo com seus cabelos totalmente emaranhados e ainda usando sua boxer preta. Procurei pelas minhas roupas e, quando as encontrei, me vesti rapidamente. Calcei meu all-star e, em seguida, ouvi dizer algo que não entendi, mas, logo peguei suas roupas e taquei em cima dele.
— Bom dia, amor? — brincou, enquanto vestia a calça.
— Bom dia, lindo. — Sorri fraco. — Agora, por favor, se veste logo porque precisamos sair o mais rápido possível do estúdio.
— Pra quê a pressa, linda? — me abraçou por trás e começou a distribuir beijos por toda extensão do meu pescoço. Por favor, alguém fala pra esse garoto que brincar desse jeito pode levar a sérias consequências, inclusive perder meu emprego?
— , se nos pegam aqui, adivinha? — Ele me olhou e não disse nada — Eu vou ser demitida, ou seja, sem emprego, sem dinheiro pras despesas e pra universidade.
— Posso te dar tudo que você precisa. — Sorriu e se sentou no sofá para calçar seu sapato.
— Ah, por favor, não sou mulher que é sustentada por alguém — ele me olhou, me lembrando de quando meu pai me sustentava — Não sou mais, ok? — Ele sorriu e me puxou pra si. Roubou-me o melhor beijo matinal que já recebi, e ele tinha isso de me proporcionar as melhores sensações do mundo.
— Tá bom, agora precisamos ir. — Sorri e peguei minha bolsa. Em seguida, pegou as chaves do carro e sua carteira.
— Vem, estressadinha. — Beijou minha bochecha e entrelaçou nossas mãos. Como ainda eram 06h00 e o estúdio só abria por volta das 08h00, estávamos com sorte porque assim, ninguém iria nos ver saindo juntos do estúdio, se não que desculpa iríamos dar: “Ah, o esqueceu algo no estúdio e o ajudei a procurar.” ou então, “Ele teve uma inspiração e acabamos adormecendo no estúdio”. Saímos pela saída dos funcionários e apenas um segurança nos olhou estranho, porém disse algumas coisas e logo já estávamos em seu carro, que a propósito não era o seu Ranger Rover, mas, logo lembrei que ele era e podia ter o carro que ele quisesse e quantos ele achasse necessário. Durante o percurso, não trocamos nenhuma palavra e era melhor assim, afinal, ainda tentava entender o que aconteceu na noite anterior. Tudo bem, eu queria, e como eu queria, mas ele não foi o primeiro (não gosto nem de lembrar o primeiro, que até então, era único), porém fazia muito tempo que não praticava e nunca tinha me sentindo tão bem como me sentia. Como já havia me deixado em casa no dia em que meu carro me deixou a pé, não foi preciso dizer aonde eu morava porque o rapaz se lembrou exatamente do prédio.
— Entregue, Baby. — Sorriu e bagunçou meus cabelos, porém o sorriso se desfez quando notou minha feição séria e preocupada.
— E agora que você vai embora e a gente nunca mais vai se ver, ou, então, se acontecer de nos encontrarmos, você vai fingir que nada aconteceu? — O encarei e ele respirou fundo. Minhas mãos estavam geladas com a possibilidade de ouvir tudo que eu acabei de perguntar.
— Não, anjo — segurou minha mão — Eu não vou embora ou fingir que nada aconteceu, porque eu sei que o que aconteceu ontem foi algo que eu nunca tinha tido.
— Ah, , por que eu? — O encarava, sem entender — vai diz, por que eu não consigo ver uma razão pra você, logo você, gostar de alguém como eu e.... — não me deixou terminar.
— Caramba, — praticamente gritou e soltou nossas mãos, que até então estavam entrelaçadas. — Por que você é assim?
— Assim como, ? — Ele me encarou, sem entender por que minha reação tão agressiva.
— Assim como você está agindo — apontou pra mim — Por que não confia nas suas qualidades? E por que não acredita que posso gostar de você? — Gritava e ele estava realmente chateado.
— ... — me interrompeu e começou a despejar tudo, e apenas o deixava falar.
— “Uma razão pra, logo eu, gostar de você” — sorriu fraco — Eu sou igual a todo mundo, . Não é porque sou conhecido, tenho dinheiro, sou integrante de uma banda famosa, que eu não posso me apaixonar como as outras pessoas. Eu esperava mais de você, muito mais. Eu pensei que você fosse a calma que entraria na minha vida maluca, mas… — dessa vez foi a minha vez de interromper, estávamos indo longe demais. - Como sempre, eu estrago tudo, ou melhor, sempre estrago a vida das pessoas. — Sorri fraco, e ele me encarava, incrédulo. — Talvez meu pai tenha razão, eu vim ao mundo para atrapalhar a vida das pessoas. — continuava sem entender, mas era melhor assim. Nossas vidas eram opostas e eu estava longe de ser o que ele precisava. Peguei minha bolsa e, alguns segundos depois que sai do carro, o ouvi dar partida no carro, que estava em alta velocidade. Por que ainda achava que eu tinha o direito de ser feliz? Eu só bagunçava a vida das pessoas.
E ali estava eu, deitada em minha cama e pensando na melhor noite que já me aconteceu. poderia ser, enfim, a felicidade que eu nunca tive, ou melhor, a felicidade que roubaram de mim antes mesmo de nascer. Na verdade, minha mãe sempre tentou me fazer feliz, mas, coitada, vivia triste pelos cantos pela partida do meu pai, quando eu ainda era uma criança. Quantas vezes precisamos da proteção dele e não tivemos. Quantos natais e anos novos passamos sozinhas, na companhia uma da outra. Pior de tudo, eu cresci sabendo que minha mãe não era feliz e, infelizmente, a felicidade dela era meu “pai”, ou melhor, o homem que a engravidou, já que, pra mim, ele nunca fora ou seria um pai. E então, tomei a coragem necessária pra fazer algo que eu deveria ter feito há muito tempo.
De: @hotmail.com
Para: @hotmail.com
Assunto: Pelo menos uma vez na vida não ignore algo relacionado a mim.
Olá, pai, ou melhor, homem que engravidou minha mãe.
A vida inteira eu sofri com a sua ausência, com o pouco caso que fez de mim antes mesmo de eu nascer. Tantos dias eu implorei, supliquei, para que você voltasse para as nossas vidas e cumprisse o seu papel de marido e pai, mas eu me iludi por muitos aniversários, natais, anos novos, ações de graças, mas hoje eu sou mulher que cresceu muito, e eu fico muito feliz que você nunca tenha se interessado por seu meu pai, afinal, ninguém merece como pai um homem como você. Há alguns meses, você me mandou um simples e-mail dizendo que não iria mais me dar o que é meu por direito, nossa, aquilo só me fez lembrar ainda mais como você é sujo e nunca será um pai. Mas, pela primeira vez na vida, eu tenho que te agradecer por me dar o empurrão para ser uma pessoa independente, afinal, só posso contar comigo mesma, porque não tenho um pai e minha mãe vive triste pelos cantos. Já cheguei a te odiar por fazer tanto mal a minha mãe, porém hoje eu sinto pena de você porque perdeu a chance de ter uma família, porque isso você nunca vai descobrir ou sentir, afinal, essas ninfetinhas, que você pega e troca como se fossem materiais descartáveis, nunca serão como a sua esposa ou a sua filha teriam sido, se você não tivesse abandonado as mesmas. Por sua culpa, eu cresci uma criança que via a mãe triste pelos cantos, que não sabia o que era abraços, carinhos ou um lar doce, feliz e alegre. Você me tirou tudo que eu tinha direito e é muito injusto ver você sempre feliz, porque você, seu infeliz, fez a minha vida triste, amarga, dura e fria. Por sua culpa, eu nunca acreditei quando alguém se interessou por mim ou, então, quis me dar carinho e atenção. Você, mesmo longe, fez de mim uma pessoa solitária e sem amor. Porém tudo que eu chorei por muitos anos, por ter nos abandonado, hoje eu agradeço porque, pelo menos, nos privou de sua companhia, que não acrescentaria nada em nossas vidas, afinal, o que poderíamos esperar de um homem que abandona a esposa e a filha? O pior, sempre. Muito obrigada por nunca ter sido meu pai, porque isso fez com que nunca me sentisse sua filha, afinal, pai é quem cria, da amor, carinho, e não apenas o homem que engravida uma mulher.
Acabou, nunca mais eu iria deixar esse homem destruir a minha vida ou permitir que lágrimas rolassem pelo meu rosto por ele ou por tudo que ele nunca foi. Eu tinha que agradecer porque Deus me livrou de uma pessoa que poderia ter me influenciado a ser tão ou mais suja que ele. A sensação era de liberdade de ter tirado um peso, ou pra ser mais sincera: tirei um fardo que eu nunca deveria ter carregado. Esse homem não abandonou minha mãe porque eu nasci e, sim, porque nunca a amou de verdade. Nunca tive culpa, ou teria, por ele ter feito da vida dela a mais triste. Ele, sozinho, fez todo esse mal à minha mãe e, consequentemente, a mim.
— Você ligou pra , não posso atender agora, mas, assim que possível, retorno. — Já tinha perdido a conta de quantas vezes havia escutado essa mensagem, ou seja, vezes o suficiente pra me sentir uma idiota, burra, por ter afastado quem eu queria perto.
— , hoje cedo eu praticamente coloquei você pra fora da minha vida, mas, acredite, essa intenção era apenas minha forma de afastar de mim a felicidade que nunca me achei merecedora. Afinal, a vida inteira eu convivi com a culpa de ser o motivo da infelicidade da minha mãe, porém hoje eu tirei de vez esse fardo que eu carreguei a minha vida inteira. Não sou a culpada e não devo me sentir assim porque eu era apenas uma criança e qual foi meu erro? Nascer? Querer um pai? Querer uma família? No meio de mais uma tentativa de afastar de mim alguém que, enfim, poderia me fazer feliz, eu acabei percebendo que, mais uma vez, eu fiz tudo que eu sempre fiz — já chorava e, pela primeira vez, não tinha vergonha em me demonstrar sensível — Sempre quis mostrar pra todos que eu nunca me importei, quando só eu sabia o quanto eu chorei por tantos dias. Eu queria mostrar pra todos, principalmente pra minha mãe, que eu era forte por ela e por mim, mas eu esqueci que, como todos, eu tenho o direito de me sentir triste, de chorar, de sofrer, porém pena que eu descobri ser merecedora de felicidade quando afastei de mim a pessoa que poderia, enfim, trazer a cor pros meus dias tão pretos e brancos. — Desliguei o celular e voltei a deitar na cama, pensando em tudo que eu já passei e, com a certeza, que eu era uma pessoa que nunca se deixava abater. Que mesmo sofrendo com um lar triste, com uma mãe depressiva e com um pai que nunca dava as caras, sempre me esforcei em dobro, nunca deixei as notas caírem, nunca deixei que as pessoas me fizessem de boba. Eu cresci precocemente, mas eu agradecia porque isso tudo me fez um ser humano melhor, que sabia como doía errar dessa forma com alguém. No dia que eu tivesse um filho, eu seria, pra ele, tudo que ninguém nunca foi pra mim e, por mais que o cara quisesse fugir, eu nunca iria esquecer o quanto eu seria sortuda por ter uma parte de mim no mundo, na minha vida, que um dia viveu em meu ventre e que teria em minha vida.
Capítulo 6
Mal consegui dormir e, quando acordei na manhã de sábado, lembrei que o senhor Lively pediu que fizesse o turno de uma funcionária, que teve um compromisso. Peguei meu celular, confesso, na esperança dele ter mandando ao menos uma mensagem, porém nada, absolutamente nada. E ele fez exatamente o que eu o forcei a fazer, se afastou de mim. Respirei fundo e decidi encarar mais um dia triste da minha vida. Força, , você já passou por isso antes. Muitas vezes, na verdade, nunca, estamos prontos para sofrer, por mais que estejamos acostumados a essa sensação.
Separei minha roupa e deixei em cima da cama, adentrei o banheiro e me despi. Permaneci dentro da banheira até sentir a água esfriar, me enrolei em minha toalha e vesti as roupas que havia separado. Soltei meus cabelos e aproveitei para me maquiar, afinal, as olheiras, devido a noite de sono mal dormida, estavam horríveis. Antes de sair, peguei minha bolsa e adentrei o elevador, afinal, meu táxi já estava me esperando. Passei pela portaria e cumprimentei o Will, em seguida, adentrei o táxi e disse ao motorista o destino.
— Bom dia, . — Carola sorriu e sorri de volta.
— Bom dia, Carola. — Sorri fraco, e ela rapidamente saiu de trás do balcão da recepção e fez sinal para que sentasse no sofá da sala de espera.
— Pode contar o que aconteceu, porque você não está bem. — Ela me olhava e, enfim, respirei fundo e tomei a coragem de, pela primeira vez na vida, compartilhar algo com alguém, que futuramente poderia ser uma amiga.
— Digamos que um cara muito especial, porém com uma vida totalmente oposta da sua — ela assentiu que sim e eu prossegui — Se mostra interessado, e você sabe que também está. Vocês acabam fazendo amor, porém, no dia seguinte, quando ele quer se aproximar, você o afasta.
— Pelo que eu percebi, a mocinha o afastou, mas, na verdade, o queria perto — assenti que sim e ela continuou — Conversamos algumas vezes em todo esse tempo que você está aqui. Desabafei com você coisas que estavam me afligindo demais, porém sempre percebi que você se fechava quando alguém se aproximava.
— Exatamente, Carola. — Continuei. — A vida inteira eu fui fechada, mas hoje eu senti a vontade, ou melhor, a necessidade de me abrir mais, sabe? E eu o afastei, mas eu me arrependi e o pior de tudo é que ele seguiu o meu conselho.
— , se ele realmente gostar de você, pode ter a certeza que ele não desistir fácil. — Sorriu e se retirou, voltando a recepção, porque havia chegado pessoas pedindo informação. E ela estava certa, se realmente quisesse algo, ele viria me procurar e quando ele me procurasse, diria a ele que sim, estava disposta a tentar.
Quando adentrei o estúdio, me deparei com e os amigos sentados, discutindo algo sobre, que pelo que eu entendi, a última música do CD. Porém, quando ele notou minha presença, não deixou de sorrir, e acabei deixando escapar um sorriso. Ele era tão lindo com seus cabelos emaranhados, seus olhos e dono da voz rouca mais sexy que já vi ouvi. Adentraram a cabine de gravação, porém, antes, disse algo que me deixou de pernas bambas, fez meu coração bater mais rápido que o normal e literalmente me deixou emocionada pelo carinho.
— Essa é a última música do CD, porém a mais especial, porque ela foi escrita durante a madrugada onde a minha garota não queria saber de mim, e com vocês “ Kiss You”.
Kiss You
“Oh I just wanna take you anywhere that you like
(Oh, eu só quero te levar em qualquer lugar que você goste)
We could go out any day, any night
(Poderíamos ir qualquer dia, qualquer noite)
Baby I'll take you there, take you there
(Amor, eu te levarei lá, te levarei lá)
Baby I'll take you there, yeah”
(Amor, eu te levarei lá, sim)
“Oh tell me, tell me, tell me how to turn your love on
(Oh, me diga, me diga, me diga como ligar seu amor)
You can get, get anything that you want
(Você pode conseguir, conseguir qualquer coisa que você quer)
Baby just shout it out, shout it out
(Amor, apenas grite, grite)
Baby just shout it out, yeah”
(Baby apenas gritar, yeah)
Olhava para ele e não conseguia deixar de transparecer o quanto estava emocionada com seu carinho em escrever algo pra mim e sobre mim. Pela primeira vez, me senti especial para alguém, fui a inspiração para uma das músicas do CD da banda dele. Nunca pensei em ser a inspiração para alguém, mas gostei da sensação.
“And if you-u-u
(E se você-ê-ê)
You want me too-o-o
(Você me quiser també-é-ém)
Let's make a mo-o-ove
(Vamos fazer um movime-e-ento)
Yeah
(Sim)
So tell me girl if everytime we”
(Então me diga menina se toda vez que nós)
“To-o-ouch
(Toc-a-a-amos)
You get this kind of ru-u-ush
(Você sente esse tipo de emoçã-ã-ão)
Baby say yeah, yeah, yeah
(Amor diga sim, sim, sim)
Yeah, yeah, yeah”
(Sim, sim, sim)
Não conseguia conter as lágrimas, afinal, nunca alguém tinha sido tão carinho comigo. “Kiss You” não era como essas canções de amor que estavamos acostumados. Não era voz e violão, ou lenta, mas era perfeita. Ele dedicou a última música a ser gravada pra mim, ou melhor, pra falar de nós dois. era diferente de todas as pessoas da minha vida. Ele sempre fora o mais carinhoso, atencioso e, até mesmo, mais implicante. Ele, sim, me mostrou que eu podia amar e ser amada de verdade. E eu só queria sentir e viver tudo, mesmo que um dia acabasse, mas eu seria feliz com ele.
“If you don't wanna take it slow
(Se você não quiser ir com calma)
And you just wanna take me home
(E quiser apenas me levar para casa)
Baby say yeah, yeah, yeah
(Amor diga sim, sim, sim)
Yeah, yeah
(Sim, sim)
And let me kiss you”
(E me deixe beijá-la)
“Oh baby, baby don't you know you got what I need
(Oh baby, baby, você não sabe que você tem o que eu preciso)
Looking so good from your head to your feet
(Tão bonita da cabeça aos pés)
Come a, come over here, over here
(Venha, venha aqui, por aqui)
Come a, come over here
(Venha, venha aqui)
Yeah”
(Sim)
Ele se tornou, dia após dia, tudo que eu precisava. Não dizia isso pela fama ou pelo seu dinheiro e, sim, pelo que ele era. Jamais um cara me tratou da forma que ele me tratava, com tanto carinho, e era como se ele quisesse, a todo tempo, me mostrar que eu podia ser amada de verdade. Talvez por ter contado minha história, e de como fora difícil crescer sem amor ou carinho, mas pouco me importava o motivo, e, sim, que ele queria cuidar de mim, assim como eu queria ser cuidada por ele. Seus olhos brilhavam e, hora ou outra, sorria daquela forma doce que me conquistou. , você tem tudo que eu preciso, ou melhor, você é tudo que eu preciso.
“Oh I just wanna show you off to all of my friends
(Oh, eu só quero te exibir para todos meus amigos)
Making them drool down their chinny-chin-chins
(Fazê-los babarem em seus queixos)
Baby be mine tonight, mine tonight
(Amor seja minha esta noite, minha esta noite)
Baby be mine tonight
(Amor seja minha esta noite)
Yeah”
(Sim)
sorria e eu fazia o mesmo. Nossas trocas de olhares, meus braços prontos para receber seus abraços e meus lábios pedindo pelo toque dos seus contra os meus. Ele tirou o fone e saiu da cabine de gravação. Caminhava em minha direção e sentia todos os olhares direcionados para nós dois, porém, naquele momento, era apenas eu e o cara pelo qual era apaixonada. Quando se aproximou, uniu nossas mãos e continuou a cantar, porém, daquela vez, próximo ao meu ouvido e fazendo meu corpo inteiro se arrepiar.
“Let me kiss you
(Me deixe beijá-la)
Let me kiss you
(Me deixe beijá-la)
Let me kiss you
(Me deixe beijá-la)
Let me kiss you
(Me deixe beijá-la)
Come on”
(Vamos lá)
— Sim — sussurrei e ele sorriu. Suas mãos passeavam por toda extensão do meu rosto, e apenas fechei os olhos e me permiti sentir seus carinhos. Suas mãos deslizaram até encontrar minha cintura, que foi agarrada com força. Quando seus lábios se chocaram contra os meus, novamente senti aquele frio na barriga, um sabor doce, pernas bambas e o coração batendo mais rápido que o normal. Esse era o efeito na vida de .
— O que isso significa? — sorriu enquanto acariciava meus cabelos.
— Significa que eu estou apaixonada por você. — Sorri e sabia que minhas bochechas estavam coradas. Demonstrar sentimentos nunca fora fácil pra mim.
— Já descobri a primeira coisa que temos em comum. — Brincou e selou nossos lábios.
— Qual? — Sorri.
— Também estou apaixonado por você. — Não consegui conter as lágrimas e logo estava com meu rosto coberto por lágrimas de felicidade, por ser tão sortuda, por ser amada por alguém dessa forma e com intensidade. Eu amava ser amada e amar .
Podia ouvir os produtores e os amigos do bateram palmas, afinal, essa era a última música a ser gravada do CD Take Me Home. Porém continuava me olhando, com seus olhos . Todas nossas aproximações foram um “sim” que dei a ele, um sim que dei a mim mesma, e eu não sabia quanto tempo poderia durar, mas eu queria me arriscar, eu queria me sentir dele, mesmo que fosse por dias. Mas eu precisava me permitir, me sentir cuidada e amada por alguém. E ainda mais alguém que fez de mim a eterna garota “Kiss You”.
Separei minha roupa e deixei em cima da cama, adentrei o banheiro e me despi. Permaneci dentro da banheira até sentir a água esfriar, me enrolei em minha toalha e vesti as roupas que havia separado. Soltei meus cabelos e aproveitei para me maquiar, afinal, as olheiras, devido a noite de sono mal dormida, estavam horríveis. Antes de sair, peguei minha bolsa e adentrei o elevador, afinal, meu táxi já estava me esperando. Passei pela portaria e cumprimentei o Will, em seguida, adentrei o táxi e disse ao motorista o destino.
— Bom dia, . — Carola sorriu e sorri de volta.
— Bom dia, Carola. — Sorri fraco, e ela rapidamente saiu de trás do balcão da recepção e fez sinal para que sentasse no sofá da sala de espera.
— Pode contar o que aconteceu, porque você não está bem. — Ela me olhava e, enfim, respirei fundo e tomei a coragem de, pela primeira vez na vida, compartilhar algo com alguém, que futuramente poderia ser uma amiga.
— Digamos que um cara muito especial, porém com uma vida totalmente oposta da sua — ela assentiu que sim e eu prossegui — Se mostra interessado, e você sabe que também está. Vocês acabam fazendo amor, porém, no dia seguinte, quando ele quer se aproximar, você o afasta.
— Pelo que eu percebi, a mocinha o afastou, mas, na verdade, o queria perto — assenti que sim e ela continuou — Conversamos algumas vezes em todo esse tempo que você está aqui. Desabafei com você coisas que estavam me afligindo demais, porém sempre percebi que você se fechava quando alguém se aproximava.
— Exatamente, Carola. — Continuei. — A vida inteira eu fui fechada, mas hoje eu senti a vontade, ou melhor, a necessidade de me abrir mais, sabe? E eu o afastei, mas eu me arrependi e o pior de tudo é que ele seguiu o meu conselho.
— , se ele realmente gostar de você, pode ter a certeza que ele não desistir fácil. — Sorriu e se retirou, voltando a recepção, porque havia chegado pessoas pedindo informação. E ela estava certa, se realmente quisesse algo, ele viria me procurar e quando ele me procurasse, diria a ele que sim, estava disposta a tentar.
Quando adentrei o estúdio, me deparei com e os amigos sentados, discutindo algo sobre, que pelo que eu entendi, a última música do CD. Porém, quando ele notou minha presença, não deixou de sorrir, e acabei deixando escapar um sorriso. Ele era tão lindo com seus cabelos emaranhados, seus olhos e dono da voz rouca mais sexy que já vi ouvi. Adentraram a cabine de gravação, porém, antes, disse algo que me deixou de pernas bambas, fez meu coração bater mais rápido que o normal e literalmente me deixou emocionada pelo carinho.
— Essa é a última música do CD, porém a mais especial, porque ela foi escrita durante a madrugada onde a minha garota não queria saber de mim, e com vocês “ Kiss You”.
Kiss You
“Oh I just wanna take you anywhere that you like
(Oh, eu só quero te levar em qualquer lugar que você goste)
We could go out any day, any night
(Poderíamos ir qualquer dia, qualquer noite)
Baby I'll take you there, take you there
(Amor, eu te levarei lá, te levarei lá)
Baby I'll take you there, yeah”
(Amor, eu te levarei lá, sim)
“Oh tell me, tell me, tell me how to turn your love on
(Oh, me diga, me diga, me diga como ligar seu amor)
You can get, get anything that you want
(Você pode conseguir, conseguir qualquer coisa que você quer)
Baby just shout it out, shout it out
(Amor, apenas grite, grite)
Baby just shout it out, yeah”
(Baby apenas gritar, yeah)
Olhava para ele e não conseguia deixar de transparecer o quanto estava emocionada com seu carinho em escrever algo pra mim e sobre mim. Pela primeira vez, me senti especial para alguém, fui a inspiração para uma das músicas do CD da banda dele. Nunca pensei em ser a inspiração para alguém, mas gostei da sensação.
“And if you-u-u
(E se você-ê-ê)
You want me too-o-o
(Você me quiser també-é-ém)
Let's make a mo-o-ove
(Vamos fazer um movime-e-ento)
Yeah
(Sim)
So tell me girl if everytime we”
(Então me diga menina se toda vez que nós)
“To-o-ouch
(Toc-a-a-amos)
You get this kind of ru-u-ush
(Você sente esse tipo de emoçã-ã-ão)
Baby say yeah, yeah, yeah
(Amor diga sim, sim, sim)
Yeah, yeah, yeah”
(Sim, sim, sim)
Não conseguia conter as lágrimas, afinal, nunca alguém tinha sido tão carinho comigo. “Kiss You” não era como essas canções de amor que estavamos acostumados. Não era voz e violão, ou lenta, mas era perfeita. Ele dedicou a última música a ser gravada pra mim, ou melhor, pra falar de nós dois. era diferente de todas as pessoas da minha vida. Ele sempre fora o mais carinhoso, atencioso e, até mesmo, mais implicante. Ele, sim, me mostrou que eu podia amar e ser amada de verdade. E eu só queria sentir e viver tudo, mesmo que um dia acabasse, mas eu seria feliz com ele.
“If you don't wanna take it slow
(Se você não quiser ir com calma)
And you just wanna take me home
(E quiser apenas me levar para casa)
Baby say yeah, yeah, yeah
(Amor diga sim, sim, sim)
Yeah, yeah
(Sim, sim)
And let me kiss you”
(E me deixe beijá-la)
“Oh baby, baby don't you know you got what I need
(Oh baby, baby, você não sabe que você tem o que eu preciso)
Looking so good from your head to your feet
(Tão bonita da cabeça aos pés)
Come a, come over here, over here
(Venha, venha aqui, por aqui)
Come a, come over here
(Venha, venha aqui)
Yeah”
(Sim)
Ele se tornou, dia após dia, tudo que eu precisava. Não dizia isso pela fama ou pelo seu dinheiro e, sim, pelo que ele era. Jamais um cara me tratou da forma que ele me tratava, com tanto carinho, e era como se ele quisesse, a todo tempo, me mostrar que eu podia ser amada de verdade. Talvez por ter contado minha história, e de como fora difícil crescer sem amor ou carinho, mas pouco me importava o motivo, e, sim, que ele queria cuidar de mim, assim como eu queria ser cuidada por ele. Seus olhos brilhavam e, hora ou outra, sorria daquela forma doce que me conquistou. , você tem tudo que eu preciso, ou melhor, você é tudo que eu preciso.
“Oh I just wanna show you off to all of my friends
(Oh, eu só quero te exibir para todos meus amigos)
Making them drool down their chinny-chin-chins
(Fazê-los babarem em seus queixos)
Baby be mine tonight, mine tonight
(Amor seja minha esta noite, minha esta noite)
Baby be mine tonight
(Amor seja minha esta noite)
Yeah”
(Sim)
sorria e eu fazia o mesmo. Nossas trocas de olhares, meus braços prontos para receber seus abraços e meus lábios pedindo pelo toque dos seus contra os meus. Ele tirou o fone e saiu da cabine de gravação. Caminhava em minha direção e sentia todos os olhares direcionados para nós dois, porém, naquele momento, era apenas eu e o cara pelo qual era apaixonada. Quando se aproximou, uniu nossas mãos e continuou a cantar, porém, daquela vez, próximo ao meu ouvido e fazendo meu corpo inteiro se arrepiar.
“Let me kiss you
(Me deixe beijá-la)
Let me kiss you
(Me deixe beijá-la)
Let me kiss you
(Me deixe beijá-la)
Let me kiss you
(Me deixe beijá-la)
Come on”
(Vamos lá)
— Sim — sussurrei e ele sorriu. Suas mãos passeavam por toda extensão do meu rosto, e apenas fechei os olhos e me permiti sentir seus carinhos. Suas mãos deslizaram até encontrar minha cintura, que foi agarrada com força. Quando seus lábios se chocaram contra os meus, novamente senti aquele frio na barriga, um sabor doce, pernas bambas e o coração batendo mais rápido que o normal. Esse era o efeito na vida de .
— O que isso significa? — sorriu enquanto acariciava meus cabelos.
— Significa que eu estou apaixonada por você. — Sorri e sabia que minhas bochechas estavam coradas. Demonstrar sentimentos nunca fora fácil pra mim.
— Já descobri a primeira coisa que temos em comum. — Brincou e selou nossos lábios.
— Qual? — Sorri.
— Também estou apaixonado por você. — Não consegui conter as lágrimas e logo estava com meu rosto coberto por lágrimas de felicidade, por ser tão sortuda, por ser amada por alguém dessa forma e com intensidade. Eu amava ser amada e amar .
Podia ouvir os produtores e os amigos do bateram palmas, afinal, essa era a última música a ser gravada do CD Take Me Home. Porém continuava me olhando, com seus olhos . Todas nossas aproximações foram um “sim” que dei a ele, um sim que dei a mim mesma, e eu não sabia quanto tempo poderia durar, mas eu queria me arriscar, eu queria me sentir dele, mesmo que fosse por dias. Mas eu precisava me permitir, me sentir cuidada e amada por alguém. E ainda mais alguém que fez de mim a eterna garota “Kiss You”.
Fim
Nota da autora: Bom… Primeiramente gostaria de deixar claro o quanto sou apaixonada por esses cinco garotos. A “One Direction” chegou na minha vida há alguns meses, mas, desde então, sou apaixonada e torço pela felicidade dos meus meninos. Essa história surgiu depois de encarar um engarrafamento horrível e anotei em meu bloco de anotações; frases, pensamentos e meio que montei um roteiro. O resultado me surpreendeu e espero, de verdade, que agrade a todas as possíveis futuras leitoras. Do álbum essa não é minha música preferida, mas encarei como um desafio, afinal, uma autora tem que se superar a cada história. Agradeço a responsável pelo "Ficstape" por me dar uma das músicas. Essa história me deixou superemocionada em vários momentos e me coloquei no lugar da personagem, sabe? E o resultado me deixou superfeliz e estou na torcida para descobrir a opinião de cada pessoa que dedicar um pouco do seu tempo pra ler a história.
Nota da Beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.