Última atualização: 07/02/2021

Capítulo Único

Os passos apressados de Scamander ecoavam pelos corredores desertos de Hogwarts, o som era tão alto que parecia que o teto estava caindo ou que bombas estavam sendo jogadas contra as paredes de pedra da escola. Era assim mesmo que ela se sentia após descobrir que Draco Malfoy estava com outra garota. Sim, era verdade que eles não namoravam mais — afinal, foi algo tão breve quanto o Natal que ele passara com o fantasma de sua tia —, e que haviam decidido ser apenas amigos. Mas essa decisão foi por água abaixo quando o garoto passou a agir estranho demais, distante demais, misterioso demais, e agora era como se ela não existisse para ele. Rumores diziam que a garota que ocupava seu posto de nova amiga de Malfoy era bem mais que uma amiga, mas ela negava para si mesma que isso fosse ser verdade. Entretanto, naquela fatídica tarde de 05 de junho, confirmou suas suspeitas quando viu os dois entrarem na sala de Poções onde nem mesmo o professor estava. arriscou abrir um pouco a porta e lá estavam eles, se beijando com toda a paixão que há muito tempo atrás (mas que parecia ter sido ontem) ele sentia por ela. Saiu em silêncio e decidida a deixar isso para trás. Draco Malfoy era seu passado, nada além disso.
Porém, ela não podia imaginar o que aconteceria no final daquele dia que já estava ruim demais para seu gosto. Tudo o que queria era chegar em segurança para a Sala Comunal da Lufa-Lufa quando os Comensais da Morte invadiram a escola e o caos se instalou no castelo. Eles não queriam matar os alunos (bom, pelo menos não era objetivo da maioria), foram com o único propósito de ajudar um infiltrado a matar Alvo Dumbledore, e eles eventualmente conseguiram.
É claro que com isso muitos feridos ficaram para trás e estava prestes a se tornar uma delas. Várias batalhas separadas aconteciam ao mesmo tempo em partes diferentes do castelo e até então, com a ajuda de professores e outros responsáveis, ela havia conseguido escapar ilesa de uma delas. Mas algo a fez parar, um cabelo platinado que ela conhecia bem demais estava saindo de uma sala no sétimo andar que ela sabia ser a Sala Precisa, cercado por Comensais da Morte que não deviam estar ali. Ela sabia que era Draco, mas não pôde confirmar pois uma grande fumaça preta bloqueou seu caminho, fazendo-a se separar do pequeno grupo com quem estava tentando se salvar. Um grito agonizante preencheu seus ouvidos enquanto observava de longe os feixes de luz voarem no ar, saindo na ponta de diversas varinhas. Ela empunhou a dela e estava pronta para enfrentar o que estivesse por vir quando ouviu alguém gritar “cuidado!” e a empurrar com força contra o chão. Um raio vermelho passou por cima deles, atingindo a parede ao lado que desabou em cima dela e do estranho que a salvou e uma nuvem de fumaça atrapalhou mais ainda sua visão. Ambos estavam ofegantes mas não ousaram mover um fio de cabelo. sentiu algo quente em sua perna e uma dor crescente surgiu nessa parte do corpo.
— Ei, você está bem? Consegue me ouvir? — uma voz grave ressoou próximo ao seu ouvido. — Está viva?
— Sim — ela murmurou e soltou um gemido de dor.
— Sim para qual das perguntas?
— Todas — ela murmurou novamente. — Mas acho que machuquei minha perna.
— Está sentindo dor?
— Muita — ela gemeu.
— Ótimo, significa que você está viva.
A fumaça já estava se dissipando quando George Weasley se sentou e examinou o estrago no corredor; os Comensais haviam ido embora e por sorte seus irmãos e amigos pareciam estar bem. Então ele examinou a garota que tentava se sentar com dificuldade e uma grande mancha vermelha tomava conta da sua meia três quartos branca da perna esquerda onde uma pedra mediana pousava em cima. Ele retirou a pedra pesada e constatou que o machucado não era tão grave, talvez Madame Pomfrey conseguisse cuidar sem problemas. George levantou seu olhar para o rosto contorcido em dor da garota e se segurou para não soltar uma exclamação de surpresa. Não havia nada errado com ela além do fato de ser a garota mais bonita que ele já viu em toda a sua vida, mesmo com a feição carregada de dor. Ela o encarou com o olhar confuso e perdido, as lágrimas em seus grandes olhos ameaçavam cair a qualquer segundo.
— Não está tão ruim — ele falou, se referindo à perna. — Acha que consegue levantar?
negou com a cabeça e as lágrimas finalmente caíram. Ao longe, George conseguia ouvir seu irmão gêmeo Fred Weasley gritando por ele, parecendo um tanto desesperado. “Dramático”, pensou e um sorriso de alívio surgiu em seu rosto ao constatar que seu irmão estava bem. Voltando a atenção para a menina, ele se levantou e a ajudou a levantar, segurando-a firmemente na cintura e fazendo-a se apoiar na perna boa.
— Mais alguma coisa dói? — ele a questionou e ela apenas negou. — Muito bom, muito bom… Meu nome é George Weasley, vou te levar para a ala hospitalar, está bem?
E começou a andar com ela mancando ao seu lado depois de receber um “sim” tão inaudível que se ele não estivesse tão perto, não teria escutado. Em silêncio, eles passaram pelo grupo amontoado perto da porta da Sala Precisa, reunidos para saber o que fariam em seguida.

— George! Caramba, que bom que está bem! — Ron Weasley gritou e Fred correu até o irmão na mesma hora, pronto para abraçá-lo mas parando a poucos centímetros de fazê-lo.
— Vocês estão bem? — Fred perguntou, sendo observado pelo resto do grupo. Todos pareciam inteiros, a não ser por alguns arranhões.
— É, estamos… mas nossa amiga aqui machucou a perna.
— Você é a Scamander, não é? — Hermione Granger perguntou para a garota que agora secava as lágrimas com a manga do suéter; ela assentiu com timidez.
— Você é neta do Newt? — Neville Longbottom perguntou com empolgação e exclamou um “legal!” quando a garota confirmou.
— Eu realmente preciso levá-la para a ala hospitalar, galera — George falou antes que mais alguém fizesse mais perguntas. — Encontro vocês assim que possível.
— Tomem cuidado — Fred aconselhou antes de dar um breve abraço em seu irmão. O grupo desejou melhoras para a garota enquanto ela se afastava com a ajuda de George.
A ala hospitalar nunca pareceu tão longe e nunca esteve tão cheia. A maioria dos leitos já estava ocupada, mas o ruivo a levou para o fim da enorme sala onde ainda restava um último leito vago. Ele a ajudou a deitar na cama e com todo cuidado do mundo, retirou seus sapatos e foi procurar por ajuda. Hoje Madame Pomfrey estava mais agitada que o normal e alguns professores a auxiliavam nos casos menos graves. Por sorte, nenhum deles pareciam ser graves o bastante para uma transferência para um hospital de verdade, então não havia desespero entre eles. George nunca sentiu tanto alívio ao ver a Professora Sprout e correu até ela, explicando toda a situação da aluna e como era da Lufa-Lufa, Sprout correu até ela na mesma hora. Weasley segurou firme a mão de Scamander quando a professora de Herbologia pingou um remédio em cima do ferimento, o que causou uma ardência quase insuportável mas logo em seguida, um alívio tomou conta do machucado. Por não ter sido causado por nenhuma magia, o machucado começou a se fechar no mesmo instante e George percebeu que agora conseguia respirar aliviado.
— Vai ficar tudo bem, querida — Sprout falou com sua doçura de sempre, depositando um beijo na testa da aluna. — Mais alguns minutos e você poderá voltar para seu dormitório.
— Obrigada, professora — murmurou com um sorriso sincero antes de a mulher se afastar. — E obrigada… George, não é?
— Isso mesmo — o ruivo abriu um sorriso largo e infantil, arrancando uma risada tímida da garota. — E você é Scamander, neta do famoso Newt Scamander, é isso?
— É, é isso — ela desviou o rosto ruborizado, escondendo o sorriso. — Pode voltar para seus amigos, eu já estou bem.
— E deixar uma dama linda como você voltar para o dormitório sozinha? Nem pensar! Ficarei aqui se não se importar, .
ruborizou mais ainda, mas gostou de ouvir seu apelido na voz dele. O garoto continuou segurando sua mão e começou a tagarelar sobre o acontecimento. Parecia que só os dois estavam ali; o tom de humor sempre presente em sua fala, mesmo falando de algo tão sério, fazia soltar risadas genuínas e isso tornou o ar muito mais leve. George adorou sua risada e isso era um incentivo para continuar falando coisas que a fizessem rir. Ele parecia revoltado com os Comensais e o coração dela se apertou quando George xingou Malfoy de todos os nomes possíveis, mas mesmo assim, não conseguia conter a risada quando ele soltava uma piada. Entretanto, foi nesse momento de descontração que um burburinho de indignação, surpresa e tristeza se instalou por cima da conversa baixa do local e a notícia foi aos poucos chegando até eles: Alvo Dumbledore estava morto.
George ajudou a garota a voltar para o dormitório, o caminho todo os dois ficaram em silêncio, deixando apenas que as lágrimas caíssem livres pelo rosto. Quando finalmente chegaram, nenhum dos dois souberam muito bem o que dizer. O ruivo não queria se despedir de , mas sabia que seus amigos precisavam dele mais do que nunca. E não queria entrar, queria poder ajudar as pessoas o máximo possível, mas se sentia extremamente cansada e sabia que seria inútil ajudá-los.
— Caramba… — George quebrou o silêncio, passando a mão nos cabelos curtos. — Dumbledore… Dá para acreditar?
— Não mesmo — respondeu, secando mais lágrimas. — Eu achava que ele era indestrutível.
— Acho que nem o maior dos bruxos é indestrutível. — ele respondeu pensativo. Depois esticou a mão e tocou o rosto da garota, ajudando a secar suas lágrimas. — Não fique assim, . Vai dar tudo certo.
— Eu sei, só… estou assustada — ela fungou e tentou forçar um sorriso fraco. — Obrigada, George. Você salvou minha vida hoje.
— Ah, aquilo? Não foi nada! — ele deu de ombros com um sorriso adorável no rosto. — Mas agora infelizmente eu preciso ir.
Ele segurou o rosto da garota e depositou um beijo em sua bochecha que parecia não querer parar de corar.
— Foi um prazer te conhecer, — ele falou antes de sair andando apressado.
— Igualmente! — ela gritou quando ele já estava longe, mas o viu virar e acenar animado em sua direção.


Um mês depois


— Temos mesmo que ir, mamãe? — resmungou enquanto penteava o cabelo.
— Ora, , deixe disso — respondeu Úrsula Levithan Scamander enquanto andava de um lado para o outro do quarto, terminando de se arrumar — Seu avô adora aquela família e está muito chateado por não poder ir. Além de que será divertido, você vai adorar conhecer eles.
— E papai não pode ir com você?
— Galton está ocupado e diferente do pai, bom… Ele não se dá muito bem com Arthur.
A mulher se colocou ao lado da filha para usar o espelho para colocar seus brincos de pérola.
— Eu posso levar um livro? — ela encarou o reflexo sério da mãe no espelho e forçou um sorriso como se pedisse desculpas, entendendo aquilo como um não.
As duas saíram apressadas de casa e tiveram que pegar um táxi trouxa por questão de segurança. A situação estava um tanto perigosa no mundo bruxo, o medo da ascensão Daquele-Que-Não-Pode-Ser-Nomeado era palpável e incômodo. Toda a proteção possível parecia não ser o suficiente, e a mãe de Scamander cogitava a possibilidade de a filha não voltar para Hogwarts no ano seguinte depois de a mesma ter se machucado no ataque há um mês atrás.
observava o céu colorido de fim de tarde e as ruas cada vez mais desertas conforme se afastavam da cidade e adentravam o campo aberto; puxava distraidamente um fio solto em seu vestido azul-marinho em claro sinal de nervosismo. Quando finalmente chegaram à uma estrada de terra, avistaram um garoto de cabelos ruivos e uma garota com cabelo idêntico mas alguns centímetros mais baixa que o garoto. reconheceu Gina Weasley, outra estudante de Hogwarts que era um ano mais nova que ela, mas não reconheceu o irmão. Então tudo fez sentido: a festa era da família Weasley e seu coração deu um salto ao lembrar de um dos membros desta família.
— A festa é dos Weasleys? — sussurrou a garota para a mãe que a olhou com um sorriso confuso antes de se aproximarem deles.
— Eu não te falei? É o casamento do Gui Weasley com a Fleur Delacour.
sabia bem quem era Fleur, a garota havia competido no Torneio Tribruxo, o mesmo torneio que tirou a vida de Cedrico Diggory, seu ex-colega de Casa e um de seus melhores amigos em Hogwarts. Um nó se formou em sua garganta pela lembrança do amigo e pela ansiedade de encontrar com os colegas, mas principalmente para encontrar George Weasley.
Após cumprimentar os dois e descobrir que o outro irmão era Carlinhos Weasley, e Úrsula seguiram a dupla com mais um grupo de bruxos que ela desconhecia. Porém, depois de alguns minutos de caminhada, reconheceu Luna Lovegood que entrelaçou os braços com ela e Gina e tagarelou até que chegassem n’A Toca. O lugar estava lindo e decorado impecavelmente para a festa. Assim que chegaram, Molly e Arthur Weasley os recepcionaram com grande alegria e Úrsula pediu desculpas pela ausência do marido, mas Arthur não pareceu sentir tanto a falta do homem, apenas perguntou como estava Newt.
, tem alguém que vai adorar te ver — murmurou Gina, puxando a garota pela mão e levando até o grupo de amigos que já conhecia, mas conversara pouco com eles naquela fatídica noite do mês passado.
Mas uma das pessoas chamou a atenção dela. Ela era tão ruiva quanto os Weasley, mas seu rosto lembrava muito alguém. Demorou seu olhar nela, mas desistiu de adivinhar quando sua memória lhe deixou na mão.
— Pessoal, essa é a , lembram dela?
— A neta do Newt! — exclamou Rony, animado. — Sou Rony Weasley, muito prazer.
— Sou Barny Weasley — apressou-se a dizer um garoto com os cabelos tão laranja quanto dos outros. — Sou um primo distante.
— E eu sou Hermione, mas você já sabe, fizemos algumas aulas juntas — a garota sorriu simpática e devolveu a cordialidade para todos. Depois voltou seu olhar para a outra ruiva.
— E você é…? — ela começou a perguntar, mas foi interrompida pelos gêmeos Weasley que chegaram falando sobre algumas primas veelas que chegavam naquele momento.
Enquanto a ruiva se distraía com Fred Weasley, sentiu alguém cutucar seu ombro. Quando se virou, seu coração disparou ao ver o outro gêmeo parado com um sorriso enorme no rosto e tão elegante quanto os irmãos. Ele estendeu a mão para a garota que segurou de bom grado e depositou um beijo em seus dedos.
— Você não sabe o quão feliz eu estou em te ver aqui — George falou com a voz grave e baixa.
— E eu estou bem surpresa, não sabia que a festa era da sua família — ela respondeu com uma risada. Só então reparou no curativo enorme na cabeça do garoto, cobrindo sua orelha esquerda. — O que aconteceu com sua orelha?
— Ah, isso foi só um presentinho do nosso querido professor Snape — ele deu de ombros e não desfez o sorriso. — Acho que só me deixou mais charmoso, concorda?
A garota soltou uma risada sem graça. Com certeza não era aquilo que o deixava charmoso, mas não podia negar que o achava sim atraente e aquele machucado não mudou isso. Quis falar na mesma hora que não parou de pensar nele nem por um segundo durante esse um mês e se surpreendeu com o que ele disse a seguir, parecendo ter lido sua mente.

— Eu não parei de pensar em você desde aquele dia.
— E não parou de falar em você também — interveio o irmão gêmeo, acabando com o clima da conversa. — Sério, o cara está obcecado!
— Cala a boca, Fred — exclamou George, mas seu sorriso pareceu apenas alargar mais ainda.
A conversa foi interrompida novamente, dessa vez por Molly Weasley que apareceu anunciando que a cerimônia iria começar. se separou do grupo apenas para encontrar a mãe e as duas se sentaram há algumas fileiras de distância dos colegas da garota. George olhou para trás, procurando por ela, e acenou animado quando seus olhares se cruzaram. Ela retribuiu com o rosto ruborizado e morreu de vergonha quando sua mãe perguntou se aquele ruivo bonito era o tal George o qual a garota falou durante o mês inteiro. Salva pelo gongo (ou pela trombeta que tocou alto, anunciando oficialmente o começo da cerimônia), não teve que responder, apenas acompanhou quando cada um dos familiares andou pelo comprido tapete em direção ao altar. Por fim, Fleur Delacour desfilou sua beleza estonteante em direção a Gui Weasley que tinha visíveis lágrimas nos olhos e um sorriso tão grande que poderia rasgar seu rosto marcado por cicatrizes. Porém, essas mesmas cicatrizes pareceram sumir quando a noiva se posicionou ao seu lado, tornando tudo em volta muito mais bonito, inclusive o próprio noivo.
Quando a cerimônia acabou — rendendo boas lágrimas para Úrsula e a maioria dos convidados —, mesas foram conjuradas e as cadeiras organizadas magicamente em volta delas. Uma pista de dança se formou em meio ao círculo de mesas e a banda se posicionou, pronta para começar com as músicas.
perdeu sua mãe de vista e se encontrou sozinha no bar na lateral da tenda, tomando drinques sem graça pois não tinham álcool (Sra. Weasley colocou um encantamento para que o álcool sumisse das bebidas caso a pessoa fosse menor de idade). Porém, não se sentia entediada como imaginava que estaria. observava os convidados com curiosidade; Luna dançava de uma forma engraçada e bonita com o seu pai, Gina e Hermione dançavam juntamente de Rony e Vitor (o Weasley não aprecia feliz com isso), e Fred executava uma fuga estratégica com sua prima pela lateral da tenda.
— Deixa eu adivinhar — George apareceu de súbito ao seu lado, o sorriso torto e maroto o deixando encantador. — Está achando essa festa um saco, não é? Além dessa bebida sem graça alguma.
— Errou — ela falou, lhe devolvendo o sorriso e viu os olhos do garoto brilharem. — Estou só observando as pessoas. Pode parecer esquisito, mas gosto de fazer isso, gosto de estudar o comportamento delas.
— Bom, isso não me surpreende, vindo da neta de um dos maiores e melhores pesquisadores do mundo mágico.
— Meu avô pesquisa animais fantásticos, não pessoas.
— Mas somos igualmente fantásticos, não somos? — ele retrucou, seu sorriso parecendo se alargar enquanto tomava um gole do que quer que tivesse em sua taça. — Não merecemos ser pesquisados?
— Não sei se vale tanto a pena assim — respondeu pensativa, também tomando sua bebida que parecia mais gostosa agora. — Para onde foi o seu irmão?
George pareceu ser pego de surpresa com a repentina mudança de assunto.
— Qual deles? Sabe, eu tenho muitos! Tem o Rony, aquele esquisito dançando com os amigos; tem o Percy, aquele ingrato safado que nem ao menos veio a festa; tem o Carlinhos que…
— Estou falando do Fred — ela o interrompeu com uma risada.
— Ah, o meu gêmeo. Aquele cabeçudo está lá fora tentando seduzir a Ali… — ele se interrompeu e arregalou os olhos, percebendo que estava a um triz de cometer um grande erro. — Aliviana! Nossa prima, Aliviana Weasley!
— Ele está tentando seduzir a prima de vocês? — quase cuspiu sua bebida tamanha indignação.
— Não, não! — George ficou levemente desesperado, pensando em uma explicação rápida para consertar a merda que tinha falado. — Ela… ela é prima de consideração! Não é realmente da família, entende?
— Ok, acho que vocês Weasleys valem a pena serem estudados — ela riu descontraída e George suspirou aliviado. — Mas essa prima de vocês… Ela estuda em Hogwarts? Ela é incrivelmente familiar.
— Hum, não… ela é da… Irlanda. Ela é bem mais velha que a gente, só está bem conservada. — ele lançou uma piscadela para a garota quando ela deu risada. — Chega de conversa, vamos dançar.
arregalou os olhos e balançou a cabeça, negando o convite.
— Ah, você não quer me ver dançar! — ela continuou negando enquanto ele a puxava para a pista onde outros convidados dançavam animados uma melodia agitada. — Sou um desastre e eu morro de vergonha.
— Não pode ser tão ruim quanto Rony — ele apontou para o irmão que sacudia os ombros em um ritmo completamente diferente da música, claramente não sabia o que estava fazendo.
— É sério, George, eu tenho muita vergonha! — ela insistiu, tentando puxá-lo de volta para o bar.
— ele desistiu de tentar levá-la para a pista de dança, mas continuou segurando firme as suas mãos. — É só fingir que toda essa gente não está aqui. Essa música — ele apontou para a banda que ainda tocava a melodia animada — fala exatamente sobre isso.
entortou a boca e continuou olhando-o, tentando tomar toda a coragem do mundo, e finalmente aceitou. Com um sorriso enorme, ele a guiou para a pista e começou a dançar no ritmo da música. Patricia reconheceu a canção, era uma música de uma banda trouxa que ela adorava e que claramente não agradava muitas pessoas ali presentes. Like Nobody’s Around, da banda Big Time Rush, era perfeita para dançar com alguém e a letra falava sobre aproveitar o momento como se não tivesse mais ninguém em volta, e foi isso que ela decidiu fazer.
A lufana começou a dançar animada, pulando e girando com incentivo de George que a observava encantado. Ele a puxou pela cintura e encostou seu rosto no dela, guiando a dança e ainda balançando ambos os corpos no ritmo da música, e começou a cantarolar a letra no ouvido dela, causando arrepios bons pelo corpo suado da garota. Sua voz era grave e baixa, um pouco mais lenta que o ritmo original da canção.
So throw your hands in the air, come on and make this count, It’s only you and me, never mind this crowd... — George interrompeu a cantoria para dar um beijo delicado no pescoço de , fazendo-a fechar os olhos, se deliciando com o carinho. —...we can do it like nobody’s around.
Eles continuaram dançando abraçados, um sem tirar os olhos um do outro, até que a música acabou e outra mais animada ainda começou a tocar.
— O que acha de tomarmos um ar? — o gêmeo murmurou baixinho com um sorriso infantil no rosto e a garota aceitou na mesma hora, seguindo-o para fora da tenda.
A garota parou apenas para tirar seus saltos, sentindo a grama molhada acariciar a sola de seus pés e a sensação era maravilhosa. Os dois correram de mãos dadas até a beira de um pequeno lago que tinha dentro da propriedade, sem ultrapassar a barreira mágica que protegia a casa. O vestido de flutuava com o vento e ela amou a sensação de liberdade que aquele momento lhe proporcionou, juntamente da companhia de George Weasley que a deixava tão bem e animada.
Os dois se sentaram na grama; se jogou para trás e deitada, começou a observar as estrelas que brilhavam excepcionalmente forte naquela noite, como se soubessem sobre a festança que acontecia aqui na Terra. George observou seu rosto tranquilo iluminado pela luz da Lua e da festa, sentindo-se incapaz de parar de olhá-la. Nunca havia se sentido assim, tão encantado por uma garota, ele deixava essa baboseira de romance para seus irmãos. Mas desde o dia que botou os olhos em Scamander, algo se acendeu dentro dele. Era difícil denominar algo que ele mesmo desconhecia mas, segundo Fred, George Weasley estava apaixonado.
— Acredita que eu quase não vinha? — ela falou de repente, tirando-o dos devaneios. — Tentei até o último segundo convencer a minha mãe para me deixar ficar em casa.
— Que bom que mudou de ideia — ele falou ao se deitar de lado, apoiando a cabeça na mão para poder continuar observando-a.

o olhou com desconfiança, mas não conseguia evitar o sorriso que surgiu em seus lábios. Ela então apontou para o céu e voltou a observar as estrelas.
— Sabe aquela constelação que parece uma girafa? — ela usou o dedo para fazer o contorno da constelação no ar e George identificou na hora. — É a Ursa Maior. O nome da minha mãe, Úrsula, veio dela.
Novamente ela fez um movimento com a mão, um pouco mais abaixo de onde apontava, e seu sorriso se desmanchou um pouco.
— Aquela ali é a constelação de Dragão — sua voz saiu em um sussurro rídiculo, lembrando-se do dono do nome inspirado naquela constelação.
— Tem alguma chamada George? Ou ? — brincou o ruivo, trazendo de volta o sorriso da garota.
— Infelizmente não — ela respondeu, ainda observando o céu escuro. — Nem uma estrela.
— Então comprarei uma para você — George falou com convicção, fazendo-a soltar uma gargalhada. — É sério! Vamos escolher agora? Aliás, vamos ver qual é a que brilha mais, essa vai ser a .
— Fala sério, George — ela continuava rindo, mas o garoto a observava apenas com um sorriso leve no rosto. — Não preciso de uma estrela, eu não sou muito fã de brilhar e chamar a atenção, de qualquer forma.
— Sinto em lhe dizer, , que você falhou miseravelmente em tentar não se destacar — George murmurou, se aproximando da garota e deixando seu rosto a centímetros do dela, fazendo-a corar e abrir os lábios em surpresa. — Com essa sua beleza, é difícil não chamar a atenção. Pelo menos chamou a minha.
tocou o rosto salpicado de sardas do garoto e levou sua mão para a nuca dele à medida que ele se abaixava para finalmente selar seus lábios em um beijo carinhoso e tão gostoso que ela sentiu vontade de congelar aquele momento para sempre. George, por sua vez, se apoiou em um braço e o outro usou para segurar a cintura da garota, apertando-a com carinho e desejo conforme aprofundou o beijo, sorrindo ao senti-la abrir passagem para que sua língua explorasse sua boca como eles haviam explorado as constelações. O beijo era tão sincronizado quanto a dança deles, porém, muito mais satisfatório. Por eles, o beijo não acabaria tão cedo, eles poderiam ficar a noite inteira ali e não achariam ruim. Mas o grito de Úrsula à procura de sua filha se fez audível e se levantou na mesma hora, assustada. Os dois olharam para a tenda onde as pessoas pareciam desesperadas, correndo em pânico de um lado para o outro. Úrsula corria na direção dos dois, tão desesperada quanto os outros convidados. Eles correram até ela e a mulher abraçou forte a sua filha, seu alívio era palpável no ar.
— Mãe, o quê…?
— O Ministério foi tomado, mataram Scrimgeour! Eles estão vindo para cá!

Os três olharam desesperados para o céu onde diversas sombras pretas começavam a se formar. Na mesma hora eles sacaram suas varinhas, mas Úrsula impediu sua filha de seguir para a tenda.
— Você tem que ir embora, filha!
— Nem pensar, não vou te deixar aqui! — a garota protestou.
— Eu sou uma aurora, eu tenho que ficar, mas você vai embora agora! — ela então olhou para George, seu olhar era de súplica. — Leve ela daqui, querido, por favor!
Obedecendo a mulher, George segurou e girou, ambos sendo engolidos pela escuridão e silêncio até aterrissarem em um chão de madeira, ainda no escuro. parou de gritar e olhou em volta, ofegante. Não fazia ideia de onde estava, o lugar era empoeirado e repleto de caixas com os dizeres "Gemialidades Weasley”.
— Que merda, George, por que fez isso? — a garota desferiu socos inofensivos em seu peito, mas ele segurou seus finos braços com delicadeza.
— Eu preciso voltar para lá — ele gaguejou assustado. — Fique aqui, está bem? Tentarei trazer sua mãe então, por favor, não saia daqui.
E depois de dar um beijo em seus lábios, George girou e sumiu, a deixando completamente sozinha. Um arrepio incômodo percorreu o seu corpo. se sentou e agarrou seus joelhos, deixando que as lágrimas caíssem livres por seu rosto. O tempo se passou tão lentamente que depois de breves minutos, sentia que haviam se passado horas.
Lumos — ela murmurou, empunhando a varinha. Ela se levantou e caminhou entre as caixas, lendo alguns dos itens que nelas continham. — Mini-pufes, kit mata-aula… poção do amor.
se iludiu ao pensar que isso iria distraí-la, seu desespero apenas aumentava a cada segundo que passava longe de sua mãe. Ela foi até a pequena janela, que agora ela sabia ser do depósito da loja Gemialidades Weasley, e observou a rua deserta e escura onde normalmente ficava cheia, principalmente nas semanas que antecedem o início das aulas e que mesmo tarde da noite, como naquele momento, ainda teriam algumas pessoas. Reconheceu estar no Beco Diagonal, e se sentiu levemente aliviada por estar em Londres.
se sobressaltou quando ouviu passos atrás dela, mas logo o alívio tomou seu corpo quando viu sua mãe ao lado de George, ambos parecendo cansados mas aliviados por vê-la. Úrsula correu até sua filha e a tomou nos braços, apertando-a com força e soluçando a cada lágrima que caía de seus olhos. Quando se soltaram, correu até George e o abraçou com a mesma força, agradecendo-o por trazer sua mãe.
— Vou acompanhá-las até em casa — ele falou, seu sorriso vacilante e tenso transbordava preocupações.
— Pode voltar pr’A Toca, George — falou, ainda abraçando sua cintura.
— Está tudo bem por lá, os Comensais foram embora — ele passou a mão pelos cabelos curtos.
— Estão todos bem? — ela o questionou.
— Alguns feridos, outros desaparecidos… — Úrsula respondeu, apertando seus ombros. — Nenhum morto, até onde conseguimos ver.
— E sua família? — olhou George que deu um sorriso fraco.
— Estão todos bem, mas… Não conseguimos encontrar o Rony, Hermione e Harry.
A garota arfou em surpresa. Primeiro por não saber que Harry Potter estava na festa, segundo porque, mesmo que não fosse tão próxima deles, temia pela segurança dos colegas.
Úrsula foi a responsável pela aparatação até a casa dos Scamander no subúrbio de Londres. Galton aguardava a esposa e a filha do lado de fora da casa e as recebeu com um forte abraço, enchendo-as de perguntas e informações. Passada a euforia do encontro, ele olhou para o garoto parado atrás delas com o cenho franzido.
— Pai, esse é o George… Weasley. — a garota falou com certo receio. O garoto estendeu a mão, mas o homem não retribuiu o aperto.
— O que estão fazendo com um Weasley? — ele vociferou. — Se não fosse pela sua família, a minha não correria tamanho risco!
— Não seja injusto, Galton — Úrsula murmurou ao colocar a mão no braço do marido. — Não foi culpa deles.
— Eu só quis ajudar, Sr. Scamander — George parecia chateado demais, a voz saiu tão baixa que receou não ser ouvido.
— Ajudar!? Deixando os Comensais da Morte entrarem no casamento, que bela ajuda!
— Pai, ele salvou nossa vida! — elevou a voz, sentindo-se indignada. — Se estamos aqui foi por causa dele.
— Não fez mais que a obrigação! — gritou Galton.
Um silêncio constrangedor pairou no ar, as duas mulheres e George sentiram-se chocados demais para dizer qualquer coisa. entrelaçou a mão com a do ruivo sem desviar o olhar do pai, vendo que o mesmo a olhava com raiva. Ela não entendia o rancor que o homem tinha com a família Weasley, o pouco que conhecia deles já foi o suficiente para deixá-la apaixonada pela família. Bom, talvez um pouco mais por um dos membros, o mesmo que segurava sua mão e admirava o ato com um sorriso no rosto. Galton se virou, contrariado, e voltou para dentro da casa.
— Obrigada novamente, George — Úrsula se aproximou do rapaz e o abraçou. — Perdoe meu marido, ele só está chateado.
— Não foi nada — o ruivo respondeu, retribuindo o abraço. — Acredito que estarão em segurança aqui, ninguém viu vocês, mas contem com a Ordem caso precisem de ajuda.
A mulher sorriu com ternura para George antes de seguir o marido para dentro da casa, deixando os dois jovens sozinhos. Eram audíveis os gritos de Galton vindos de dentro da residência, mas se esforçou para ignorar. George olhava com preocupação para a sombra do casal que aparecia pela janela.
— Não entendo porque ele odeia a gente — George murmurou, claramente chateado. — Mas ele tem razão, colocamos vocês em risco.
— Ei, claro que não — segurou o rosto pálido do garoto e virou em sua direção. — Não tinha como vocês saberem, George. Você e sua família não tem culpa, muito pelo contrário, vocês são incríveis.
George sentiu como se derretesse quando tomou a garota nos braços e a beijou pela terceira vez na noite. Ele sabia que o momento da despedida estava próximo e seu coração reclamou, sem vontade alguma de se afastar dela. Como queria poder ficar ali, esquecer todo o caos que havia começado há algumas horas atrás e todas as preocupações com sua família e agora com essa garota que em tão pouco tempo havia dominado seu coração e sua mente. Ele separou seus lábios com relutância e a abraçou forte, respirando seu perfume e se esforçando para gravá-lo em sua memória.
— Quando vou te ver de novo? — ela sussurrou contra seu peito e o sentiu soltar o ar pesadamente.
— Não sei, gatinha, não posso ter certeza de nada agora — ele a afastou e segurou seu rosto, acariciando as bochechas molhadas pelas lágrimas. — Mas posso te prometer que a gente vai se ver, eu vou te encontrar de novo, está bem?
A garota assentiu, dando um sorriso triste que cortou o coração do garoto. Ele a beijou uma última vez e se afastou, observando ela seguir para a porta da casa. se virou e acenou antes de vê-lo aparatar. Seu coração estava pesado demais, partido demais, quando ela entrou em casa e se deparou com seu pai sentado na poltrona, parecendo furioso, e a mãe dela voltando da cozinha com uma xícara de chá para o marido. Galton olhou a filha com os olhos cansados e esticou a mão para segurar a dela, puxando-a para mais perto. Com receio e chateação, ela segurou a mão do homem e se aproximou, agachando-se ao lado dele.
— Sinto muito pelo jeito como reagi, filha — ele acariciou a mão de que sorriu com compreensão.
— Você entende que foi injusto, não entende? — ela perguntou. — Eles estavam tomando todo o cuidado do mundo, mas não sei o que aconteceu, eles parecem mais poderosos…
— E estão mesmo, agora eles estão em mais quantidade — Úrsula se intrometeu, sentando-se ao lado deles. — Mas não teremos mais que nos preocupar com isso, está bem? Pelo menos por agora.
Úrsula juntou sua família em um abraço coletivo, sentindo-se aliviada por estarem bem.


Um mês depois


As semanas seguintes ao ataque foram de total agonia e tensão. Para infelicidade de , fora decidido que a garota não iria voltar para Hogwarts. Ela tentou protestar e argumentar, tudo foi em vão; eles não queriam arriscar que a única filha se machucasse.
não teve notícias de George Weasley ou da família, se agarrava com força e esperança às notícias do Profeta Diário (que já não era mais tão confiável) e às rádios bruxas clandestinas para que pelo menos tivesse alguma noção do que estava acontecendo. Era como um ritual: ela pegava o jornal e o rádio velho que seu avô deu ao seu pai, se enfiava no quarto e passava horas lendo e sincronizando as rádios. Em 01 de setembro, um mês depois do ataque no casamento, a garota adormeceu com o rádio chiando e o jornal aberto ao seu lado, as pequenas figuras se moviam nas fotos animadas enquanto ela respirava tranquilamente, permitindo que sua mente finalmente descansasse.
Ao lado de fora da sua janela, um garoto ruivo flutuava com sua vassoura e tentava enxergar algo dentro do quarto iluminado apenas pela fraca luz do abajur ao lado da cama onde dormia. A cabeça de George trabalhava a todo vapor para pensar em algum jeito de acordá-la sem chamar a atenção de seus pais. Viu então uma pena marrom em cima da escrivaninha e a ideia surgiu. Murmurando “wingardium leviosa”, George fez a pena flutuar até o rosto da garota e com movimentos leves, fez com que a pena encostasse nela e sorriu ao vê-la mexer o nariz, incomodada. Ele insistiu, pois ela ainda não acordara, e conseguiu fazer com que a garota mexesse a mão e encostasse na pena. olhou confusa para o objeto em sua mão e se assustou quando o mesmo começou a flutuar pelo quarto, indo parar na janela onde o gêmeo sorridente acenava animado. arregalou os olhos e saltou da cama com um sorriso enorme no rosto. Ele ainda estava com a orelha enfaixada, mas o curativo era bem menor agora.
— Weasley, o que está fazendo aqui!? — ela sussurrou enquanto ele se aproximava mais da janela.
— Vim te ver, é claro — ele respondeu como se fosse óbvio. — Saudades?
— Muita — respondeu, se inclinando para depositar um beijo na bochecha do garoto que corou na mesma hora. Ela deu espaço para ele passar e tentando fazer o mínimo de barulho, ele entrou e deu um abraço tão forte que pensou que quebraria algum osso, mas não queria que ele a largasse nunca mais.
— Como estão as coisas? — George sussurrou, se sentando na cama com ela ainda segurando suas mãos.
— Não tão boas — confessou com chateação na voz. — Obviamente não pude ir para Hogwarts, minha mãe se afastou do Ministério e meu pai teve que fechar a loja de artigos de Quadribol no Beco Diagonal. Estamos meio que “presos” aqui, com medo de sair e algo ruim acontecer.
George a olhou com compreensão e tristeza. Sua própria família sentia esse medo toda vez que tinham que sair d’A Toca, sem contar o fato de Gina ter voltado a Hogwarts e Rony ter fugido com Harry e Hermione. O garoto acariciou as mãos dela e abaixou a cabeça, ignorando o nó que se formou em sua garganta. Toda a sua família, mas principalmente ele e Fred, sempre foram muito felizes e alegres, mas a situação atual trouxe à tona os sentimentos mais dolorosos que eles poderiam ter. Eram sentimentos constantes e incômodos de medo, tristeza e incerteza, que ele não precisava se preocupar antes. segurou seu rosto pálido com carinho e o olhou, preocupada.
— Encontraram Rony?
— Não. Nem Harry, nem Hermione… Até o Dino sumiu do mapa!
— Dino Thomas? — ela arfou. — Mas por que ele sumiria? Acha que estão juntos?
— Eu não faço ideia, — George deitou a cabeça nas pernas da garota, seu cansaço tomando conta do seu corpo.
As mãos delicadas e sempre carinhosas de começaram a acariciar os cabelos ruivos e curtos de George, fazendo-o relaxar depois de tantas semanas de tensão. Era bom poder respirar com alívio e sentir, mesmo que por um breve momento que tudo estava bem ou que ficaria bem. Ele então se levantou, sem aguentar mais segurar a vontade de beijá-la e assim fez. Seus lábios macios e sua língua carinhosa o fizeram lembrar do dia que observaram as estrelas, minutos antes de tudo começar a dar errado. Aquele breve momento de paz, onde ele a tinha nos braços sem preocupação alguma, exatamente como agora.
Quando se afastaram, o sorriso bobo e triste se instalou no rosto dos dois. Não queriam voltar à realidade dolorosa, queriam poder ficar ali para sempre. Os dois se aconchegaram na cama, George deitou a cabeça na barriga da garota enquanto ela mexia novamente em seus fios ruivos, a conversa fluía e desviava de qualquer assunto indesejado, apenas falavam sobre a escola, a vida antes do caos, suas coisas favoritas, doces prediletos, até que o sono falou mais alto e ambos se entregaram a ele. Quando acordou, tudo o que restava de George era seu perfume na roupa de cama e mais uma memória especial e particular deles.
Mas aquela não foi a última visita do garoto ao seu quarto. Pelo menos de 15 em 15 dias ele aparecia, aparentando cada vez mais cansado, mas muito feliz por vê-la. Eles passavam horas conversando, ele atualizava a garota das notícias das quais ela não tinha acesso e ela compartilhava histórias que conseguia ouvir das conversas de sua família. A notícia boa era que Rony voltara para casa, são e salvo e trazendo notícias sobre os amigos. Porém, depois de três meses do ataque no casamento algumas semanas antes do Natal, a visita secreta não foi como esperada.
— Sabe de uma coisa? — George falou, em seguida dando mais um beijo na garota que estava deitada embaixo dele com um sorriso largo no rosto.
— O quê?
— Quando acabar tudo isso… Vou te levar para morar comigo.
deu uma gargalhada alta, sendo interrompida pela mão do ruivo que pediu silêncio, tentando segurar a própria risada.
— Estou falando sério!
— Desculpa, amor, mas eu não… — a garota se interrompeu quando viu a maçaneta da porta se mexer, sendo aberta para mostrar seu pai do outro lado.
, está muito tarde para você ficar… — Galton travou em frente à porta, boquiaberto com a cena que estava vendo. — QUE MERDA ESSE GAROTO ESTÁ FAZENDO AQUI, ?
Os dois jovens se assustaram com o grito e se ajeitaram na cama, se afastando o máximo possível. O ruivo levantou e limpou a garganta, pensando em como explicar para o homem que o odiava que ele estava namorando com sua filha?
Galton empunhou sua varinha e apontou para o Weasley que conseguiu apenas levantar as mãos em rendição, a respiração acelerada e descompassada entregava seu medo. pulou da cama e se colocou na frente do namorado, enfrentando o pai.
— ANDA, ESTOU ESPERANDO A EXPLICAÇÃO! — Scamander gritou, ainda apontando a varinha para os dois. Úrsula subiu as escadas correndo e parou atrás do marido.
— Galton, abaixa essa varinha! — ela murmurou, segurando os ombros do marido. — Filha, o que está acontecendo? O que… George?
— Mãe, eu e ele… — a garota olhou para o ruivo que continuava apavorado e em silêncio. — Estamos namorando.
— Namorando? Até parece — Galton desdenhou, sem abaixar nenhum centímetro a varinha.
Um silêncio constrangedor pairou no ar quando nenhum dos dois confirmou ou negou a informação, fazendo o rosto branco de Scamander tomar um tom vermelho muito forte. Úrsula não pôde deixar de ficar feliz pela filha e perceber que a mudança nesses últimos meses faziam todo sentido; estava mais feliz, animada e esperançosa, agora sabia que o motivo disso tudo tinha nome e sobrenome e um cabelo característico da família Weasley..
— Você só pode estar brincando…
— Nunca falei tão sério, pai — segurou firme a mão do garoto que a apertou em resposta.
— Você só vai namorar um Weasley se for por cima do meu cadáver, ! — O homem avançou para os garoto com Úrsula tentando acalmá-lo sem sucesso, se colocando entre os três.

George e levantaram as próprias varinhas em defesa, assustados com a reação do homem. nunca viu o pai reagir daquela forma, aquilo a assustava tanto que sua mão tremia visivelmente.
— GALTON, É A NOSSA FILHA! — Úrsula gritou em uma última tentativa de conter o marido. — VOCÊ ESTÁ APONTANDO A VARINHA PARA A NOSSA FILHA!
O homem deu dois passos para trás e abaixou a varinha, ofegante. Olhava com ódio para o ruivo que por sua vez, se posicionou na frente de . Se algo acontecesse, que fosse com ele e não com a namorada.
— É melhor você ir, George — sussurrou e o garoto assentiu, pegando sua vassoura e saindo pela janela. Ela olhava com chateação para o pai, mas aceitou o abraço apertado da mãe.
— Está decidido — Galton resmungou, passando a mão pelos cabelos grisalhos. — Nós vamos para a casa do meu pai.
— Em New York? — esganiçou , dando uma risada descrente. — Não mesmo.
— Depois disso — o homem apontou para a cama e a janela — você ainda acha que tem algum direito de escolha?
— Sim, eu tenho! — ela retrucou, cerrando os pulsos com raiva. — Já me tiraram de Hogwarts, querem me tirar da Inglaterra?
— É óbvio! Claramente não estamos seguros se esse tempo todo o Weasley delinquente entrava aqui escondido! — Galton gritou com impaciência.
— Ele não é uma pessoa ruim, pai! George é um homem incrível…
— Ah, é claro, tão incrível que colocou vocês duas em perigo!
— Ele não fez isso!
— Já chega, vocês dois! — gritou Úrsula, se metendo no meio dos dois. Ela estava tão cansada e ofegante quanto eles. — Filha, nós já estávamos pensando em ir para lá… Está cada vez menos seguro ficar aqui.
— Mas mãe…
— Eu sinto muito, querida — A mulher afagou os cachos da garota com lágrimas nos olhos. — Arrume suas coisas, partiremos amanhã cedo.
Naquela noite, não conseguiu dormir. Arrumou todas as suas coisas a contragosto enquanto chorava incessavelmente. Por fim, se sentou perto da janela, observando o espaço onde George apareceu flutuando há algumas horas atrás. Queria poder avisá-lo que ela não estaria mais ali caso ele voltasse, mas seria arriscado demais ter sua carta interceptada. Na manhã seguinte, depois de passar a madrugada pensando, finalmente teve uma ideia e torceu para que funcionasse caso ele aparecesse; ela encostou a ponta da varinha no vidro da janela e sussurrou o que queria dizer para ele. Assim que ele tentasse abrir a janela, como sempre fazia, a mensagem iria aparecer. Após se despedirem da casa onde a família foi formada, sem saber quando voltariam, os Scamander percorreram a cidade até o Aeroporto Internacional da Cidade de Londres, embarcando em uma longa viagem até a América do Norte.
Estar nos Estados Unidos trazia uma única vantagem: podia aproveitar um bom tempo com seu avô Newt e sua avó Tina. Ela os adorava tanto e eles faziam muita falta desde que decidiram morar em New York. Mas os dias não deixaram de ser agonizantes; toda noite, antes de dormir, observava esperançosa o céu escuro à espera de George Weasley. Depois de longas semanas, ela apenas desistiu e aceitou que ele provavelmente não iria ver a mensagem. Ficou imaginando se ele havia esquecido dela quando meses se passaram e ela não tivera notícias dele ou da família, só sabia que estavam vivos pois os jornais do mundo bruxo, mesmo na América, relatava tudo o que estava acontecendo, principalmente as mortes de pessoas importantes. E se não o considerassem importantes, ela pensava. Chegou a questionar sua avó que respondeu apenas:
— Os Weasleys não serem considerados importantes é como dizer que isso — ela apontou para o limão siciliano em cima da bancada de mármore — não é uma fruta.
— Não se preocupe, querida — sua mãe interviu. — Te garanto que eles estão bem.
— Mas já fazem meses — se sentou ao lado da mãe na mesa da cozinha, apoiando o queixo na mão e o braço no tampo de madeira. — Será que ele esqueceu de mim?
— Impossível — Tina murmurou com elegância ao trazer o bule de chá e as xícaras que flutuavam em sua frente. — Não é porque é minha neta, mas você é inesquecível.
— Não seria a primeira vez, sabe? Que um garoto me deixa assim, sem mais nem menos…
— De quem está falando, ? — sua mãe perguntou, bebericando o chá.
ponderou se deveria dizer algo sobre seu primeiro amor e como ele partiu seu coração em mil pedaços, mas depois de soltar um longo suspiro, ela respondeu:
— Não conte ao papai, mas… No quinto ano, eu e Draco Malfoy… Bem, nós meio que... namoramos.
— O filho dos Malfoy? — Porpetina apoiou sua xícara na mesa, olhando chocada para a neta. — !
— Foi bem breve e idiota — ela mentiu, desviando os olhos e tomando um gole de sua bebida quente.
Sim, foi breve, mas não foi nada idiota. Desde o dia em que o garoto a parou no corredor, confundindo-a com sua tia, Draco Malfoy se tornou uma presença constante e importante. É claro que não tardou para que se apaixonassem e se envolvessem naquele tipo de paixão onde tudo é muito bom e novo para os dois. Mas então, as férias chegaram e no começo eles ainda trocavam cartas, até que parou de receber as dele. Quando voltaram para Hogwarts, a garota teve de lidar com um Draco Malfoy completamente diferente do que ela conhecia; muito mais frio e estupido, se afastou dela sem explicação alguma, apenas com a desculpa de que “eu era boa demais para ele”. Ela achava que essa não era uma decisão que ele devesse tomar sozinho, mas sabia que ele não estava aberto para discussões.
Então chegou a nova aluna, a Alicia, intercambista da Grifinória e que aparentemente era boa o suficiente para ele. A mente de a levou de volta até o dia do aniversário de Draco, quando flagrou os dois se beijando na sala de poções. É claro que estavam juntos. Mas naquele momento, enquanto resgatava suas memórias, lembrou que naquele mesmo dia ela conheceu George Weasley. O ex-grifinório é conhecido pela escola inteira por ter causado todo tipo de confusão com seu irmão gêmeo. George, o mesmo que salvou sua vida mais de uma vez e que preencheu o maldito buraco em seu coração que agora parecia mais aberto que nunca.
— Não importa mais, de qualquer forma, ele nem lembra que eu existo. — Com isso, encerrou o assunto e se retirou da cozinha, indo para o quarto onde passava boa parte do tempo.
Desde que a coruja fez a entrega naquela manhã, o Profeta Diário estava largado e intacto em cima da cama de . A data indicava ser 2 de maio de 1998. pegou o jornal e sentou-se na escrivaninha nova, de frente para a janela. Se dedicou então a folhear o papel pardo recheado de figuras e textos mentirosos que encobriam a verdade do que estava acontecendo na Inglaterra. Desejou que tivesse de volta sua outra fonte de informação, de cabelos ruivos e rosto pintado de sardas, tagarelando em sua cama o mais baixo possível. Fechou o jornal e os olhos com raiva, jogando a cabeça para trás. Não estava fisicamente cansada, mas mentalmente exausta. Era cansativo não poder fazer nada para ajudar, e implorar aos pais por respostas e não obtê-las. Se sentia inútil demais, só queria poder fazer algo.
Perdida em seus pensamentos, abriu os olhos quando sentiu algo fazer cócegas em seu nariz. Sua pena marrom flutuava em frente ao seu rosto, fazendo com que seu coração acelerasse drasticamente; ela sabia o que aquilo significava e sua suspeita se confirmou quando ela olhou para a janela e dois garotos ruivos flutuavam em suas vassouras, acenando animados.
Fred e George se aproximaram da janela quando a abriu e imediatamente se jogou nos braços do amado, quase caindo da janela, mas ela não se importou. Naquele momento, a única coisa que importava era que George estava de volta, em seus braços, e o sentimento de que tudo ia ficar bem se instalou nela novamente. Garantindo que não fossem pegos, lançou um feitiço para trancar a fechadura e murmurou abaffiato para que ninguém os ouvisse.
— É tão bom ver você bem! — ela murmurou depois de deixar os dois entrarem.
— Poxa, obrigada pela parte que me toca — Fred resmungou, fingindo chateação.
— Também fico feliz em te ver, Fred — o abraçou, mas logo voltou para os braços do outro garoto. — Você viu a mensagem?
— Vi e achei genial! Boa ideia, gatinha — ele beijou a garota aos protestos do irmão. — Me desculpe por sumir, as coisas estão…
— Complicadas — completou Fred, se jogando na cadeira enquanto o casal sentava na cama da garota. — Mas ele não parou de falar de você por um segundo e era irritante demais então decidi trazê-lo aqui.
A garota sorriu para o namorado que apenas deu de ombros, confirmando a história do irmão.
— Eu precisava te ver uma última vez — George sussurrou, claramente chateado.
— Como assim uma última vez? — ela respondeu, olhando preocupada para os dois. — O que quer dizer com isso, George?
O ruivo trocou um olhar com o irmão que apenas assentiu com a cabeça, ocupando-se em mexer no jornal em cima da escrivaninha.
— Hogwarts está sob ataque, — o garoto respondeu, segurando firme suas mãos. — Estamos indo para lá agora.
— Então eu vou junto! — a lufana se levantou e começou a andar de um lado para outro.
— Ah, mas não vai mesmo! — George também se levantou, sendo observado em silêncio pelo irmão. — É perigoso demais.
— Estou cansada dessa proteção toda, George! — ela exclamou com certa impaciência. — Você, meu pai, minha mãe! Parece que não acham que eu sou capaz de me defender sozinha!
— Não é isso, é óbvio que você é capaz…
— Então o que é? Sério, me diz, porque eu não aguento mais não poder fazer nada para ajudar!
— É porque nós te amamos, caramba! — George gritou, e logo percebeu o que fizera.
Desviou os olhos para a porta enquanto seu rosto ficava completamente vermelho. O silêncio constrangedor foi interrompido por um assovio de Fred que tentava não rir da situação.
— Você… disse que me ama? — questionou George, seus olhos antes com raiva, agora brilhavam de emoção.
— Eu acho que disse — George fez uma careta, parecendo culpado. — Isso é ruim?
— Ah, George — a garota se jogou em seus braços e o beijou. — Eu também amo você… e por isso eu vou junto.
Fred e George protestaram o máximo que conseguiram, mas não teve jeito. Eles sabiam que se não a levassem, ela iria de qualquer forma e poderia se meter em mais perigo ainda. Então George dividiu sua vassoura com que segurava firme em sua cintura e ela manteve os olhos fechados até chegarem ao destino. Quando desceu da vassoura, eles estavam parados em frente à uma loja aparentemente abandonada. se perguntou o que faziam ali quando Fred abriu a porta e os dois o acompanharam para dentro. O lugar era escuro e empoeirado, com várias caixas velhas e estantes sujas demais. Porém, lá no fundo da loja havia um armário grande e escuro, mas bem conservado. Ela conhecia aquele armário, já viu um exatamente igual na Sala Precisa em uma das vezes que entrou lá com Draco, quando ainda eram conhecidos. Sabia que tinha outro igual em Hogsmeade, mas não fazia ideia que havia um em Nova Iorque.
— Esse armário é como um portal — contou George. — Vai nos levar diretamente para Hogwarts.
— Eu vou primeiro. — ofereceu-se Fred e logo pegou sua vassoura e entrou no móvel, fechando a porta e sumindo atrás dela.
— Vai você — pediu o outro Weasley, vendo o pavor aparecer no rosto da garota.
— Tem certeza que isso funciona? — perguntou, apertando o braço do garoto com força.
— Nós viemos nisso, . Graças ao Malfoy, esse troço funciona direitinho.
se arrepiou ao ouvir o nome do sonserino, mas ignorou o incômodo e entrou no armário sumidouro, fechando os olhos com força antes de George fechar a porta. Sentiu como se estivesse sendo puxada para trás e teve que se segurar para não cair. Depois de longos segundos, a sensação passou e ela abriu a porta com cuidado, se surpreendendo ao se ver no depósito velho da Sala Precisa. Fred surgiu na sua frente e deu um sorriso aliviado, puxando-a para fora do armário e se certificando que a amiga estava bem. Os dois aguardaram ansiosos a chegada do outro ruivo e respiraram aliviados quando ele chegou, ajudando-o a sair do móvel. Quando saíram da Sala, se depararam com corredores completamente desertos. agarrou a mão de George e determinados, eles foram para o Salão Principal onde a maioria dos alunos, os professores e a Ordem da Fênix estavam reunidos. Os gêmeos se encontraram com McGonagall que olhou com curiosidade para .
— Srta. Scamander, vejo que está de volta — ela sorriu com simpatia para a garota que retribuiu. — Um pouco tarde, é claro, mas ainda sim, bem na hora.
— Não podia deixar Hogwarts na mão — respondeu. — O que posso fazer para ajudar, Professora?
— Bom, iremos fazer a evacuação, mas a maioria dos alunos quer ficar e lutar — a mulher olhou aflita para as mesas repletas de alunos confusos e assustados. — Não sei o que fazer, pela primeira vez em anos… Como queria que Alvo estivesse aqui.

quis abraçar McGonagall, mas a professora logo deu as costas e foi ajudar Filtch com a evacuação. Os gêmeos se afastaram e agora conversavam com seus pais, a feição preocupada tomava o rosto de todos os presentes. olhou em volta, o teto encantado iluminado por milhões de estrelas. Ali estava a Ursa Maior, fazendo seu coração apertar com o pensamento de que talvez nunca mais visse sua mãe, na pior das hipóteses. Outra constelação lhe chamou a atenção, como sempre. Olhou novamente em volta, confirmando que Draco Malfoy não estava ali com eles, no lado certo de toda aquela história. , com o coração pesado e acelerado, foi até a família Weasley, sendo recepcionada por Molly com seu abraço maternal que quase a fez chorar.
Então, uma voz aguda e arrastada ecoou pelo castelo, sobressaltando a todos. A voz dizia que todos aqueles esforços eram inúteis, que tudo poderia ser evitado caso entregassem o que ele queria. A voz de Voldemort pedia por Harry Potter, que estava bem ao seu lado.
“Terão até a meia-noite”, ele ameaçou.
Um silêncio absoluto se estendeu por longos segundos quando todos os olhares se voltaram para o garoto, sendo interrompido pela voz igualmente aguda de Pansy Parkinson que, tremendo, apontou para Harry e gritou em alto e bom som:
— Mas ele está ali! Potter está ali! Agarrem ele!
Antes mesmo de Harry Potter poder se defender, uma movimentação aconteceu em volta do aluno: os colegas da Grifinória se levantaram e se posicionaram em frente ao Harry, encarando os colegas da Sonserina. Incentivados, os alunos da Lufa-Lufa fizeram o mesmo, enchendo de orgulho pois a mesma estava ao lado d’O Eleito, segurando firme a mão de George e Molly Weasley, um de cada lado. Os alunos da Corvinal os acompanharam, e uma grande barreira cercou Potter de todos os lados.
— Obrigada, Srta. Parkinson — McGonagall falou secamente. — Será a primeira a se retirar do Salão com Filtch. Agora, se os colegas da sua casa puderem lhe acompanhar…
Como pedido pela professora, os alunos se retiraram do Salão Principal, deixando a mesa completamente vazia. Em seguida, os da Corvinal, depois da Lufa-Lufa e por fim, da Grifinória. Diferente da Sonserina, muitos alunos das outras casas permaneceram sentados, aguardando novas instruções. Kingsley se aproximou do grupo, passou orientações e discutiu estratégias de defesa, separando-os em grupos e distribuindo funções para cada um, indicando onde deveriam ficar.
— Precisaremos de alguém para organizar a defesa das entradas das passagens para a escola… — ele falou pensativo.
— ... parece trabalho para nós — falou Fred em voz alta, indicando a si mesmo e a Jorge, e Kingsley aprovou com um aceno de cabeça. — Quer ir junto, baixinha?
— É obvio! — falou com um pouco mais de ânimo, sentindo a esperança se instalar em seu corpo ao ver como todos estavam empenhados.

Então os três andaram entre os alunos, separando alguns para que os ajudasse na defesa. Depois, seguiram com o grande grupo para fora do Salão, prontos para se posicionarem nas entradas. Mas hesitou, apertando com um pouco mais de força a mão do namorado. George se virou para ela, a feição preocupada retorcia seu rosto.
— Acho que não consigo — ela falou com a voz embargada. — Não dá, eu não vou conseguir…
— Ei — George segurou o rosto da garota e o levantou, fazendo-a encará-lo. — Nós vamos conseguir, ok? Deixe seu medo um pouco de lado, exatamente como naquela noite.
Ele afastou sua mão apenas para apontar em volta, se aproximando do ouvido dela para cantarolar:
— It’s only you and me, never mind this crowd... Do it like nobody’s around, .
— O sorriso no rosto dele fez com que a garota relaxasse e realmente sentindo que não havia ninguém em volta, sentiu-se invencível.
Porém, foi nesse mesmo momento que o viu, correndo com seus dois fiéis amigos em seu encalço, subindo as escadas com pressa. Aproveitando a distração dos gêmeos e se separando do grupo, subiu por outra escada, tentando não perder Draco Malfoy de vista, e o seguiu até o sétimo andar. Ela sabia para onde ele estava indo, só não esperava que tivesse tantos Comensais da Morte no corredor ao lado do corredor da Sala Precisa, esperando por eles. observou Draco, Goyle e Crabbe conversarem com eles, passando instruções enquanto os Comensais se separavam, indo um em cada direção. E por um segundo, talvez o mais longo de sua vida, sentiu seu coração parar quando os olhos azuis de Malfoy cruzaram com os seus. O mais rápido possível, ela se enfiou em uma das salas e se escondeu dentro de um armário enorme, sendo engolida pelo escuro. O silêncio fez com que as batidas aceleradas e a respiração ofegante fossem insuportavelmente audíveis, deixando-a mais desesperada. Não devia ter se afastado do grupo, não devia estar tão longe de George! Fez essa burrice apenas para ver o que Draco estava fazendo, uma última tentativa de justificar a mudança do garoto nesse último ano, ou talvez uma última tentativa de tê-lo de volta, ou ajudá-lo no que quer que tenha se metido.
prendeu a respiração quando ouviu vozes do lado de fora da sala e passos altos que pareciam estar cada vez mais próximos. Ela fechou os olhos com força, sentindo uma lágrima escapar, e ouviu a porta de madeira do armário ranger alto.
— Scamander? — Malfoy sussurrou. — Que merda está fazendo aqui?
abriu os olhos assustada, ainda com a mão tapando a boca, mas sentiu alívio ao ver que era apenas Draco e que ele estava sozinho. Sentiu vontade de abraçá-lo e de correr dali ao mesmo tempo, mas não fez nenhum dos dois, apenas continuou em pé dentro do armário e abaixou as mãos, tirando-as da boca.
— O que você está fazendo, Draco? — ela o questionou em voz baixa com certa raiva na voz. — Compactuando com Comensais? É sério?
Draco soltou um longo suspiro e abaixou a cabeça, aparentando cansaço. Ele então levantou a manga de sua camisa, revelando o desenho no braço esquerdo. levou a mão novamente à boca para evitar um grito, chocada demais ao ver a Marca Negra no braço do garoto. Aquilo não condizia com ele, pelo menos não com o seu Draco, ele podia cometer os erros dele, mas sabia que ele era uma boa pessoa e nunca pensou que o mesmo chegaria tão longe. Ele era um Comensal da Morte, e agora tudo fazia todo sentido: o comportamento estranho, o afastamento, o mistério; tudo isso aconteceu porque ele virou um deles e as marcas desse um ano como Comensal eram visíveis pelo seu rosto cansado e tenso.
— Foi por isso que… — ela começou, mas deixou a frase morrer no ar.
— Sim — ele suspirou antes de lançar um olhar preocupado para a porta. — Eu me afastei porque você não merece isso, . Eu não aguentaria ser seu amigo sabendo o que eu estava me tornando.
As lágrimas de ambos caíam sem permissão, descontroladas. Draco se apressou em secá-las, engolindo o choro e tentando se recompor.
— Eu não sou bom, . Já você é incrível! Tão doce, tão pura… — Draco fechou os olhos e apertou a porta de madeira com força. — Eu jamais ia me perdoar se trouxesse um anjo como você para o Inferno comigo.
— Draco — a garota sussurrou, ameaçando tocar seu rosto. Ele se afastou um passo, impedindo-a de tocá-lo. — Eu sinto muito.
— Eu também — ele falou com raiva. — Sinto muito pelo que eu fiz, mas foi melhor assim. Espero que possa me perdoar um dia, se sairmos vivos daqui.
— É claro — ela respondeu, fungando. — É claro que perdôo e nós vamos sair daqui vivos, é óbvio! Eu… sinto a sua falta.
— Eu também — Draco confessou, respirando fundo. Depois lançou mais um olhar para a porta quando ouviu alguém chamá-lo. — Escute, não saia daqui por nada, está me entendendo?
— Mas eu preciso…
— Eu disse para não sair, , por favor! A coisa vai ficar feia lá fora.
apenas assentiu antes de vê-lo fechar a porta do armário e sair. Quando pensou ser seguro, ela se permitiu chorar novamente. Ela encostou as costas na lateral do armário e escorregou até finalmente se sentar, soluçando o mais baixo possível. Não sabia dizer o que estava sentindo, se chorava de saudades da época em que ela e Draco podiam estar juntos sem toda essa merda acontecendo, ou dos seus pais que a essa altura já deviam ter percebido que ela não estava em casa. Não sabia se chorava de ódio pelos responsáveis por essa guerra idiota, ou de desespero por não saber o que iria acontecer. Desejou novamente que não tivesse saído do lado dos gêmeos Weasley, era insuportável ficar longe de George e da sensação de proteção que ele passava.
Ela levantou a cabeça quando barulhos altos demais vinham do lado de fora. Uma guerra estava acontecendo e ela não veio para a escola atoa, então saiu do armário determinada, empunhou a varinha e com cautela, saiu para o corredor que agora estava em destroços. andou na direção da Sala Precisa e sentiu alívio ao ver rostos conhecidos. Harry, Rony e Hermione estavam sentados no chão, ofegantes e tossindo muito. Perto deles, dois garotos se levantavam com dificuldade e saíam correndo, mas foi impossível ver quem eram.
? — exclamou Rony, se levantando com os amigos. — Achei que estava com meu irmão.
— E estava, mas me perdi deles — ela respondeu. — Vocês os viram em algum lugar?
— Não, nós estávamos…
Hermione foi interrompida por berros, gritos e sons de batalha que se aproximavam mais do grupo. Eles se posicionaram com as varinhas em punho e viram Fred e Percy Weasley lançando feitiços e se defendendo de duas pessoas encapuzadas e com máscaras; eram Comensais. Fred conseguira estuporar um deles e o outro lutava com fervor com Percy e quando seu capuz caiu, o rosto do Ministro da Magia Britânico se revelou.
— Olá, Ministro! — Percy Weasley gritou, sustentando um sorriso irônico no rosto. — Cheguei a mencionar que estou me demitindo?
Fred deu alguns passos para trás, observando o irmão com um sorriso largo no rosto. Ele então se virou para o grupo e lançou uma piscadela para .
— Está brincando, Perce? — ele se virou para a garota e gritou: — E ai, baixinha! Que bom que te achei!
Fred se voltou para Percy quando o mesmo lançou um feitiço certeiro em Thickness que fez diversos espículos surgirem em seu corpo, fazendo-o cair no chão em agonia.
— Você está mesmo brincando, Perce... acho que nunca ouvi você brincar desde que era…
A frase foi interrompida por um alto barulho de explosão. Tudo pareceu acontecer em câmera lenta. viu o exato momento que os destroços caíram em cima de Fred enquanto a intensidade da explosão a jogava com força contra a parede. Um líquido quente e pegajoso escorreu por seu ombro e essa foi a última coisa que ela sentiu antes de apagar.

O mundo em volta pareceu girar quando abriu os olhos com dificuldade. Não soube distinguir onde estava, porém, sentiu um perfume adocicado e familiar que trouxe conforto para ela. sentiu a cabeça pesar quando tentou se levantar, mas duas mãos delicadas a seguraram e ajudaram ela a se deitar novamente.
— Não se esforce, filha — Úrsula murmurou, ainda com a mão em seu ombro.
— Mãe — a garota sussurrou, sentindo-se tonta e fraca, a boca seca a incomodou. — Você… está aqui… como?
— Eu estava aqui antes mesmo de você chegar — a mulher respondeu com um sorriso triste. — Eu podia jurar que havia te deixado no quarto dormindo.
— Eu estava, mas… — se interrompeu quando as lembranças a atingiram em cheio.
Ela no quarto, distraída. Os gêmeos aparecendo e a levando para a loja, George dizendo que a amava, ela escondida no armário, encontrando Draco… Fred sendo atingido e ela sendo arremessada para longe. Um nó se formou em sua garganta quando percebeu o que poderia ter acontecido. Ela tentou se levantar de novo, mas sua mãe a impediu novamente.
— Você se machucou feio, , tente se acalmar.
— Mas eu preciso ver George! — a garota exclamou. — O Fred, ele…
— Ele morreu, . — A voz de Úrsula saiu falhada. A mais velha tentava não chorar, mas falhou quando viu as lágrimas da filha caírem descontroladas pelo rosto, seu soluço ecoando pela Ala Hospitalar de Hogwarts onde todos os leitos estavam ocupados. — Eu sinto muito, .
— Ma-mas e Voldemort? — perguntou, se sentando com dificuldade e olhando em volta.
— A guerra acabou — Úrsula forçou um sorriso mas logo o desfez. — Harry Potter o matou.
não conseguiu sorrir com a boa notícia. Seu choro apenas aumentou, misturando a tristeza com o alívio e a dor. Pediu então que a mãe a levasse até George, onde quer que ele estivesse, e a mulher não discutiu. Ela ajudou a filha a se levantar e juntas se retiraram da Ala Hospitalar aos protestos de Madame Pomfrey. Assim que chegaram ao Salão Principal, sentiu seu coração se partir em mil pedaços. Diversos corpos estavam estendidos e espalhados pelo grande salão. Pessoas que não conhecia, mas muitos dos seus colegas estavam ali, da Lufa-Lufa e das outras casas. Rostos conhecidos e desconhecidos que causavam pontadas fortes em seu peito. Então ela viu o garoto que há algumas horas disse que a amava, ajoelhado no chão ao lado do irmão com a família em prantos em volta deles. Quando George levantou seu rosto e cruzou os olhos com os da garota, seu choro pareceu aumentar. correu até ele e o abraçou com força, ignorando a dor em seu corpo e em sua cabeça. Ela se ajoelhou ao lado de Fred, mas não teve coragem de olhar para o garoto.
— Eu sinto muito, George — ela falou entre soluços.

O ruivo não respondeu nada, apenas continuou chorando em seu ombro, seus soluços se misturando com os dela.

Um ano depois


A residência dos Scamander em Londres voltou a ser movimentada. O aroma da comida invadia todos os cômodos da casa, convidando quem estivesse ali dentro para um delicioso jantar em família. Newt e Tina decidiram visitar o filho. Depois dos acontecimentos do ano passado, a vontade de tê-los por perto cresceu a ponto de ponderarem voltar a morar na Europa. Úrsula e Galton compartilhavam do mesmo sentimento após o que aconteceu com sua filha.
sentia-se bem. Esse um ano serviu como um tempo precioso de aprendizado, cura e muito amor. Dividia seu tempo entre sua família e a família Weasley que, para seu alívio, não era mais um motivo de briga entre ela e o pai. Galton finalmente deixou os ressentimentos do passado com Arthur Weasley para trás e aquele jantar era prova disso, com todos os ruivos em volta da mesa, juntamente com sua família. A mesa nunca esteve tão cheia; além de Newt, Tina, Molly e Arthur, também estavam Gina e Harry, Rony e Hermione, Percy Weasley e George Weasley ao lado de , que sorria carinhosamente para seu pai na ponta da mesa. O homem sabia o quanto significava esses momentos para ela e sua felicidade era tudo o que mais importava.
Depois do jantar, quase todos continuaram na mesa, conversando e tomando chá. Alguns se retiraram para a sala, e George arrastou a namorada para o quintal dos fundos onde a grama molhada pela chuva de mais cedo soltava um aroma delicioso. Ele conjurou uma enorme toalha de mesa e a estendeu no chão, se deitando e convidando a garota para se deitar ao seu lado e assim ela fez, observando o céu escuro salpicado de estrelas.
— Tenho um presente pra você — ele murmurou e apontou para o céu. — Aquela é a Ursa Maior, certo?
— Certo — ela respondeu com uma risada.
— Sabe aquela estrela bem brilhante, logo acima? — ele moveu o dedo e ela acompanhou a direção para onde ele apontava. — Se chama estrela Fred Weasley.
arfou em surpresa e seus olhos se encheram de lágrimas.
— George, isso é lindo — ela admirou o ponto brilhante, deixando uma lágrima escorrer.
— Ainda não acabei — George sorriu fraco e pegou a mão da garota, fazendo-a apontar para o céu com a própria mão. — Sabe aquela mais brilhante ainda? Ao lado da estrela Fred?
— Sim, estou vendo.
— É a estrela Scamander. — ele murmurou, agora com um sorriso largo no rosto. se sentou na mesma hora, boquiaberta, mas não tirou os olhos da estrela.
— Você… George, por Merlim! — a garota se virou para ele que ainda sorria, agora sentado ao seu lado.
— Custou uns bons galeões e vou ter que trabalhar mais ainda na loja, mas valeu muito a pena — ele olhou para o céu e ela acompanhou seu olhar.
Quando virou o rosto em sua direção, George segurava uma pequena caixinha de veludo que a fez suspirar de surpresa novamente. O ruivo abriu a caixinha e um delicado anel com um pequeno diamante brilhou tanto quanto as estrelas.
— George… — a garota colocou a mão na boca, chocada com o que estava vendo.
, acho que estou prestes a cometer a maior loucura da minha vida — ele riu e balançou a cabeça. — Talvez a melhor de todas. E é estranho não poder mais fazer loucuras com Fred…
A voz de Weasley estava claramente embargada, mas ele segurou o choro e deixou as lágrimas para a garota em sua frente que chorava sem piedade.
— Mas eu encontrei alguém para viver novas loucuras comigo. Você é a melhor companheira que eu poderia ter e eu quero que seja assim pelo resto das nossas vidas. — George finalmente deixou as lágrimas caírem enquanto retirava o anel da caixa, a deixando de lado. — Scamander… Você aceita se casar comigo?
Apesar do choro, se jogou nos braços do garoto e o beijou, derrubando-o no chão. Encheu seu rosto de beijos, fazendo-o rir enquanto tentava recuperar o ar.
— Isso é um sim? — ele a questionou.
— Isso é um óbvio, George Wesley! É claro que aceito me casar com você — e voltou a enchê-lo de beijos.
E o sentimento de segurança, de calma e alívio estava ali, presente em cada segundo do momento, enquanto os dois marcavam o início do resto de suas vidas.





FIM.



Nota da autora: "Oi, meu amores! Espero que tenham gostado da continuação de Playing In The Snow ❤️ Quero muito agradecer a Bela, autora de Dancing With The Devil por deixar eu usar um pouquinho da história dela que eu sou MUITO fã! ❤️ O final não será o mesmo que o dela, ok? Quero agradecer as fanfiqueiras do grupo do whatsapp, em especial a Luisa que acompanhou todo o surto quado tive essa ideia! Hahahaha Obrigada por lerem! E não esqueçam de comentar o que acharam!"
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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