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Capítulo Único

Acordei assustado com o barulho do telefone tocando e dei um pulo da cama, indo em direção ao objeto.
— Alô?
, venha depressa, preciso de ajuda aqui na oficina! – meu pai ordenou.
— Tudo bem. – finalizei a chamada e corri para o banheiro. Fiz minha higiene pessoal e desci rápido, indo até a oficina, ao lado da minha casa.
— Pensei que não levantaria da cama – meu pai disse, entregando uma das ferramentas para mim. — Apenas desamasse a traseira daquele carro. – ele apontou. — O cliente chegará daqui a 10 minutos.
— Me desculpe pela demora. Passei a noite estudando para a prova de amanhã e acabei dormindo demais.
— Acha que se sairá bem? – ele perguntou, enquanto testava o motor de um dos veículos.
— Acredito que sim, tenho me empenhado cada vez mais.
— Certamente, você será um dos melhores administradores dessa cidade! – parei o que estava fazendo e observei meu pai. Sorri fraco, sentindo um aperto no coração. — Terminou, filho?
— Ah, acho que sim. Está bem melhor. – afastei-me do carro para analisá-lo.
— Verdade. Bom trabalho! – meu pai elogiou. — Agora atenda ao dono que acabou de chegar e volte para fazer a manutenção de mais alguns veículos.
Atendi o dono do carro, recebi o pagamento pelo serviço prestado e fui até uma moto com o aro do pneu enferrujado.
— Pai...
— Você já sabe o que fazer, ! – ele ergueu as sobrancelhas e eu assenti. — Pronto, o motor desse aqui está funcionando. Daqui a pouco o dono vem buscar.
— Não quer descansar um pouco? Eu fico aqui durante o resto do dia.
— Descansar? Filho, olhe ao redor – dei uma olhada rápida. — Tem muito trabalho para hoje. – meu pai riu, enquanto andava em direção a mais um veículo.

O restante do dia foi de bastante trabalho. No finalzinho da noite, lanchamos e depois nos recolhemos. Tomei um banho quente para relaxar um pouco, estava sentindo uma tensão pós-trabalho e pré-prova. Sentei-me na cama e revisei, mais uma vez, a matéria da prova.
Depois de alguns minutos de estudo, fechei o caderno e o coloquei em cima do criado-mudo, me deitei e fiquei pensando no rumo que minha vida estava tomando, no quanto eu não gosto do meu trabalho, apesar de ser minha obrigação ajudar meu pai... Eu não sou do tipo ingrato, mas há tempos não estou muito feliz com a vida que estou tendo. Vivo trabalhando como mecânico na oficina do meu pai e minto sobre minha faculdade, ele acha que estou no terceiro período de Administração, mas, na verdade, estudo Música. Sinto-me mal por isso, não sei como será quando ele souber a verdade. Meu pai sempre desejou que eu fosse administrador para ajudá-lo no crescimento da oficina e tudo mais, porém esse nunca foi o meu desejo. Claro que eu poderia dizer a ele como me sinto sobre isso, mas meu pai já passou por tantas situações desagradáveis... Não quero ser o contribuidor de mais uma decepção.
Passei as mãos pelo meu rosto, na tentativa de afastar esses pensamentos da minha mente e me levantei para desligar a luz. Deitei-me novamente e me rendi ao sono.

No dia seguinte, acordei três minutos antes da barulheira do despertador começar, o desliguei, rapidamente. Nem perdi tempo me espreguiçando, fui direto para o banheiro e tomei um banho frio para perder o sono de vez, me arrumei como de costume, peguei minha mochila e desci. Preparei meu café da manhã e alimentei-me rápido. Peguei o carro do meu pai e fui para a faculdade. Estacionei o carro e entrei, passando pela lanchonete e por alguns alunos até chegar ao corredor principal.
! – ouvi alguém me chamar e Alexander surgiu na minha frente. — Que pressa é essa, irmãozinho?
— Ah, eu só estava distraído.
— Certo. Vamos à lanchonete? Ainda não comi nada. – ele pediu e eu assenti.
Fomos conversando e rindo alto de algumas histórias que Alexander contava, até ele fazer o seu pedido.
— Bom dia. – o funcionário e também aluno nos cumprimentou.
— Tanto faz. Dê-me um desses salgados. – Alexander ordenou e o garoto assentiu, já atendendo ao pedido. — Valeu, irmãozinho! Depois te pago.
— Desculpe, mas nós só aceitamos o pagamento feito na hora. – o garoto disse, quase num sussurro.
— O que foi que disse? – Alexander o encarou.
— Nada. – o garoto deu um passo para trás.
— Ele disse que não pode comprar fiado! – uma menina invadiu a conversa.
— Você também trabalha aqui? – perguntei e ela engoliu o seco.
— Não, mas...
— Então fique na sua! – eu disse e ela me encarou.
— Pegue essa droga de pagamento. – Alexander estendeu a mão, entregando o dinheiro ao garoto, que estava envergonhado pelas pessoas que paravam para ver a pequena discussão. — Satisfeito agora, Japa?
— Eu sou coreano.
— Tanto faz! Nenhum de vocês abre os olhos mesmo. – ele deu de ombros e algumas pessoas riam.
— Sugiro que não fale assim com o Han! – a menina tornou a invadir a conversa. — Você tem pernas de sábia, como aqueles garotos que só exercitam o corpo da cintura para cima! – Alexander fechou a cara, percebendo que todos riam. — E ainda assim, as pessoas te respeitam, mesmo que pareça um funil. – a menina o finalizou e todos ao nosso redor gargalhavam alto, inclusive eu, deixando Alexander irritado.
— O que você disse?
— Exatamente o que você ouviu! – ela respondeu com as sobrancelhas arqueadas, fazendo Alexander aproximar-se dela, visivelmente nervoso.
— Nem pense nisso! – eu disse, o afastando da menina. — Vamos sair daqui.
— Que garota atrevida!
— Ah, para! Foi engraçado. – eu ri.
— Não sei do que você está rindo se também é assim.
— Desculpe, irmãozinho – coloquei a mão no ombro dele. — Mas eu não sou assim! – ele se afastou de mim furioso e o sinal bateu. Fui para minha sala ainda rindo de Alexander.

Fiz a minha prova antes do intervalo e, não estava tão fácil quanto eu imaginava, mas acho que tive uma boa nota. Quando estava saindo com meu carro, avistei a menina que defendeu o Japa. Fiquei a observando, disfarçadamente, até Alexander aparecer, pedindo carona, o deixei em sua rua e fui para casa. Mais trabalho.
Estacionei o carro na garagem e subi para tomar um banho, preparei o almoço para mim e meu pai, e o chamei.
— Como foi sua prova hoje, filho? – meu pai perguntou, assim que adentrou a cozinha.
— Não foi tão fácil, mas acho que tirei uma boa nota. – dei de ombros, me sentando a mesa e dando a primeira garfada na comida.
— Bom, você sempre soube que não seria fácil, mas nada é tão difícil que a gente não consiga. – olhei para o meu pai e ele já estava terminando de comer.
— Não deveria comer assim tão rápido! – eu disse, preocupado.
— Sempre comi assim e nunca me fez mal. – ele deu de ombros, colocando seu prato dentro da pia. — Lava para mim?
— Sempre. – ele assentiu e subiu, provavelmente, foi ao banheiro.
Terminei de me alimentar e lavei a pequena louça que havíamos sujado, fui para o meu quarto escovar meus dentes e desci para a oficina.
, tem algumas peças em falta aqui, pode verificar quanto temos no caixa para comprarmos? – meu pai pediu e eu fui ao escritório que tínhamos escondido, atrás da nossa casa.
Verifiquei na planilha de orçamento todas as entradas e fiz o cálculo de quanto poderíamos retirar, sem afetar o lucro. Imprimi a folha de cálculo e levei para o meu pai.
— Acho que podemos comprar, o que você acha?
— Podemos comprar, sim. Para economizar, posso fazer uma pesquisa sobre preços e qualidade das ferramentas em cada loja, depois é só escolher onde comprar. Mas, prefiro pedir pela loja virtual.
— Está percebendo como é bom ter um administrador por perto? – meu pai perguntou, sorrindo e se virando para consertar um volante. Senti-me mal, novamente, por estar mentindo.
Mais um dia de trabalho se passou e no fim da noite, jantamos e nos recolhemos. Fiquei pesquisando os preços das ferramentas e as comprei numa loja de confiança, fechei meu notebook e o coloquei em cima da poltrona. Estava com pouco sono, então fiquei ouvindo algumas músicas pelo celular e pensando na menina que defendeu o Japa. Como o jeito reservado, porém ousado, dela me chamou atenção. Fez-me querer saber mais sobre ela...
Fiquei pensando na menina por mais 10 minutos, até adormecer.

Acordei com o barulho do despertador e me apressei em desligá-lo, fui para o banheiro e tomei um banho frio. Estava me ensaboando, quando lembrei que tive um sonho com a menina que defendeu o Japa. Estranho! Saí do banheiro com a toalha enrolada na cintura e prestes a tirá-la, vi que a vizinha me olhava pela janela, que eu havia deixado aberta para sentir a brisa.
— Já é a sua quarta tentativa – eu disse, de sobrancelhas erguidas e ela mordeu o lábio inferior. — Mas não será dessa vez! – fechei a janela, mas pude ouvir a mulher resmungar.
Vesti-me, rapidamente, e desci para preparar meu café e para minha surpresa, meu pai estava acordado e o café já estava pronto.
— Por que acordou tão cedo? – perguntei, curioso.
— Bom dia para você também, meu filho!
— Ah, bom dia, pai.
— Respondendo sua pergunta, ontem meu irmão mais velho me ligou e disse que está na cidade e chamou-me para ir cavalgar com ele hoje – meu pai serviu-me o café e bebeu um gole na sua xícara. — O café está bom?
— Do jeito que eu gosto! Obrigado. – ele sorriu. — E você topou ir, pelo que percebi.
— Sim, há anos não o vejo e, eu preciso me distrair um pouco. – ele me olhou.
— Faz muito bem! Sua vida é só trabalho, você merece esse dia de folga. – sorri para ele, que retribuiu. Levantei-me e peguei minha mochila, que estava em cima da cadeira. — Tenho que ir agora, até à noite.
— Na verdade, passarei o restante da semana com seu tio. No fim do mês ele voltará para sua cidade, e depois não sei quando nos veremos novamente.
— Tranquilo! Vai ser bom para vocês passar esse tempo juntos, ainda mais no sítio dos seus pais. – meu pai assentiu.
— Nos trará muitas recordações. – meu pai olhou para um ponto fixo, com os olhos marejados.
— Tenho certeza disso! Agora, preciso ir.
— Consertei seu carro ontem. O use hoje, precisarei do meu.
— Obrigado, pai. – o abracei. — Divirta-se e mande o meu abraço para aquele velho gorducho.
— Pode deixar! Boa aula!
Peguei minhas chaves do carro e de casa e as coloquei juntas no chaveiro. Adentrei o carro e já fui acelerando, até que cheguei rápido a faculdade. Saí do carro a procura de Alexander, que já tinha uma garota agarrada em seu pescoço.
— Isso não são horas! – eu disse e ele bufou, indignado.
— O que você quer, ? Não vê que está atrapalhando?
— Preciso falar contigo.
— Não pode ser em outra hora?
— Pode, mas eu prefiro agora. – ele me lançou um olhar mortal e soltou a garota.
— Nos vemos mais tarde, Xander! – a garota disse e se afastou.
— Xander? – perguntei, franzindo o cenho e rindo, ele fechou ainda mais a cara. — Já entendi! Cara, eu tive um sonho com a menina de ontem.
— Viu ela pela primeira vez ontem e já se apaixonou?
— Não tem nada a ver com paixão, só fiquei impressionado com o jeito dela. – eu disse, um tanto irritado.
— Está apaixonado! – Alexander provocou.
— Será que eu posso contar como foi o sonho ou vai continuar atrapalhando? – ele rolou os olhos e gesticulou, para que eu prosseguisse. — Nós estávamos numa festa noturna em sua casa, e ela usava um vestido justo e bem brilhante, a única que chamava tanta atenção. Não me lembro de muita coisa, só que eu estava enlouquecendo vendo-a dançar, até que me levantei e fui em direção a ela, sussurrei em seu ouvido que a queria, mas ela me dispensou e eu acordei.
— Sabe o que isso significa? – Alexander perguntou e eu dei de ombros. — Que eu preciso dar uma festa em casa. – revirei os olhos. — É sério, irmãozinho! E vou chamar toda a galera aqui da faculdade. Espere só...
— Por falar em festa, não vai ter um sarau aqui sexta-feira? – ele assentiu. — Então, vamos tocar!
— Acho que as inscrições já fecharam.
— Então, você não tem certeza. Vamos tentar, cara.
— Podemos ver isso no intervalo, precisamos ir para a aula agora. – Alexander disse, sendo responsável pela primeira vez, e seguimos para a sala.
Assistimos a primeira parte da aula e recebemos o resultado da prova, que para mim foi bem satisfatório, logo após, tivemos uma pausa para o intervalo. Fomos até a organizadora do evento, que estava pendurando um papel no mural.
— Senhora, por favor, onde estão sendo realizadas as inscrições para nos apresentarmos no sarau? – eu perguntei, educadamente e a mulher nos olhou de baixo à cima.
— Desculpe, mas as inscrições já fecharam. – ela se virou e continuou o que estava fazendo antes.
— Eu não disse!? – Alexander ergueu as sobrancelhas e eu dei um soco em seu braço.
— Senhora, nos deixe participar. Nós cursamos Música e...
— Vocês cursam Música? – ela nos encarou, animada e nós assentimos. — Bom, então acho que posso abrir essa exceção para vocês, mas não comentem com ninguém, hein!
— Claro, pode deixar! Obrigado, senhora. – Alexander agradeceu e nos afastamos, indo para a lanchonete. — Cara, não vou nessa lanchonete.
— Mas só tem essa aqui.
— Eu fico com fome. – o encarei.
— Eu vou. O que você vai querer?
— O mesmo que você. – dei de ombros e me aproximei do atendente. — Hey, Japa! – o chamei e a menina que o defendeu estava me encarando.
— Sou coreano, já disse. – ele rebateu e ela arqueou as sobrancelhas.
— Permita-me reformular o cumprimento, então... Hey, Coreano! – o garoto revirou os olhos, mas menina riu pela primeira vez.
! – o garoto a repreendeu, envergonhado.
— Desculpe, Han. Mas ele falou tão engraçadinho. – ela se defendeu, fazendo bico para o garoto, que assentiu.
A observei tanto que não percebi quando o coreano me perguntou o que eu desejava.
— Hã?
— Qual é o seu pedido?
— Ah sim, dois sanduíches desse aqui – apontei e ele logo pegou. — E dois sucos naturais, um de laranja e o outro de maracujá. - ele me serviu.
— São...
— Tome – entreguei o dinheiro. — Fique com o troco. – ele assentiu e antes que eu saísse, dei uma piscadela para a menina. Ela sorriu, envergonhada e eu sorri, satisfeito.
Aproximei-me de Alexander, o entregando o lanche. Sentamo-nos em um dos bancos mais afastados da aglomeração de alunos e devoramos nosso sanduíche. Depois de jogarmos alguma conversa fora, retornamos para a sala.

A aula terminou mais tarde, então me apressei em ir para casa. Meu pai não estava para me ajudar, então todo trabalho seria eu quem teria que fazer. Estava entrando no carro, quando vi a menina, novamente, ela sorria enquanto conversava com o Japa. E que sorriso! Ela se despediu do garoto e foi caminhando sozinha, aproveitei o momento e a segui.
— Menina! – a chamei e ela deu um pulinho com o susto. — Desculpe se te assustei, mas você não quer uma carona?
— Não, obrigada. – rejeitou e continuou andando.
— Tem certeza? Não vou deixar de te seguir até que aceite. – ela me encarou.
— Qual é o seu problema?
— E qual é o seu? – ergui as sobrancelhas. — Apenas estou tentando ser gentil.
— E eu já agradeci e neguei.
— Você é muito...
— O quê? Vá em frente, diga! – ela gesticulou, me incentivando a falar, mas eu apenas arranquei com o carro, a deixando para trás.
Que menina difícil de lidar! Eu geralmente só sou assim com meu pai, vez ou outra com Alexander, e quando tento ser gentil com um estranho, a menina faz isso. Ela está me forçando a tratá-la como realmente merece.
Cheguei a casa e já subi correndo para o meu quarto, joguei a mochila na cama e entrei no chuveiro frio, precisava tirar a menina de meus pensamentos e trabalhar, tranquilamente. Saí do banheiro já vestido e desci para beber água, o telefone tocou e corri para atendê-lo.
Hey, irmãozinho!
— O que você quer, Alexander? – perguntei impaciente.
Ih, já está de mau humor? O que houve? A menina do seu sonho te dispensou mesmo?
— Fala logo, cara!
Okay, só queria lembrar que não temos muito tempo para ensaiarmos, o sarau é daqui a três dias.
— Meu pai foi para o sítio da família com meu tio, podemos ensaiar aqui enquanto ele não estiver. Mas você tem que vir para cá, agora! Tenho que trabalhar depois. Ah, traga os seus instrumentos, meu contrabaixo está sem duas cordas.
Beleza, irmãozinho! Já estou indo. – finalizei a chamada e tratei de arrumar um cantinho na garagem para usarmos as tomadas e tudo mais.
Com 25 minutos Alexander chegou, com seus instrumentos e montamos tudo.
Começamos nosso ensaio e ficamos assim, sem intervalo, por três horas.
— Cara, acho que já está bom por hoje. – Alexander disse, exausto.
— Concordo. – guardei o instrumento em sua capa. — Vamos entrar e comer algo. – adentramos a casa e coloquei alguns alimentos em cima da mesa. — Se sirva!
— Acha que está bom o suficiente para tocarmos?
— Não sei, acho que podemos mudar algumas notas no refrão. Que tal? – sugeri.
— Show! Podemos destacar o som da guitarra junto com a sua voz.
— Acha que essa junção ficará boa?
— Tenho certeza, é só testarmos isso amanhã. – assenti. — Valeu aí pelo lanche, mas tenho que ir. Ainda não terminei as partituras que o professor Faraize pediu.
— Verdade, tinha me esquecido. – cocei a cabeça. — Vou fazer a manutenção de alguns veículos e depois termino esse trabalho.
— Deve ser osso trabalhar assim. – Alexander disse, entortando a boca.
— Ainda mais quando não se tem a paixão do meu pai por esse trabalho. Para ele é prazeroso.
— Mas para você é uma tortura. – assenti, suspirando. — Daqui alguns anos isso vai mudar. Agora, preciso ir mesmo.
— Valeu. – Alexander se despediu e foi embora.
Guardei os alimentos nos devidos lugares e limpei a mesa, fui para a oficina e até que não tinha trabalhos pesados. O difícil foi controlar os horários de conserto e entrega do veículo para o cliente, mas consegui.
No fim da noite, preparei uma sopa qualquer e subi para tomar banho, desci para jantar e depois lavei a pequena louça. Retornei para o meu quarto e fiquei ouvindo algumas músicas de autoria, enquanto terminava de preparar criar as partituras.
Por fim, terminei o trabalho pela madrugada e me joguei na cama, entregue ao sono.

Quando acordei e me dei conta do horário, percebi que eu estava muito atrasado. Dei um pulo da cama, tomei um banho frio e saí de casa. Dirigi numa velocidade que eu não poderia, mas precisava entregar o trabalho e se eu não chegasse a tempo, perderia pontos valiosos. Felizmente, não ganhei uma multa e entreguei o trabalho, assim que cheguei à sala. Avistei Alexander e sentei-me ao seu lado, já abrindo o caderno e fazendo algumas anotações sobre a explicação do professor.

Depois do intervalo, voltamos para a sala e professor Faraize nos passou outro trabalho. Eu estava distraído fazendo minha tarefa, quando Alexander me deu uma cotovelada, o encarei, irritado e ele fez sinal para eu olhar em direção à porta. Era a defensora do Japa.
— Com licença, posso falar com a turma? – ela pediu
— Só peço que seja breve, eles estão fazendo trabalho. – professor Faraize disse.
— Tudo bem, não quero atrapalhar. – ele assentiu. — Bom dia! – ela sorriu e retribuímos o cumprimento, enquanto ela organizava alguns papéis em suas mãos. — Eu sou a , curso teatro na sala ao lado e estou auxiliando a Senhora Darbus com os preparativos do sarau de sexta-feira, ela me pediu para confirmar a presença dos alunos inscritos para as apresentações, então levantem as mãos quem eu chamar aqui da turma, por favor... Alexander Dorough. – ele levantou a mão e a menina forçou um sorriso. — Vai participar mesmo?
— Sim. – ele respondeu, seco.
— Okay – ela anotou algo em um dos papéis. — . – ergui minha mão e ela mordeu o lábio, estrategicamente, para não sorrir. Arqueei as sobrancelhas, esperando que ela me perguntasse algo, porém a mesma só ficou me olhando.
— O que houve? Gostou dele, né?! – Alexander a provocou. Pude ouvir algumas risadas no fundo da sala, parecia envergonhada.
— Não fale assim com ela, funil! – eu disse, arrancando risadas da turma e ela pareceu surpresa.
— Qual é o problema, cara? Vai defender essa daí, agora? – Alexander cruzou os braços, irritado.
— Está com ciúmes do , Xander? – a garota que estava tendo um romance com meu amigo perguntou, fazendo até o professor Faraize gargalhar alto.
Alexander se enfureceu e tentou ir para cima da garota, porém um dos alunos o impediu que se aproximasse.
— Alexander?! - professor Faraize levantou-se. — Se retire desta sala agora mesmo!
— Não farei isso!
— Se não sair, terei que chamar a polícia – professor Faraize o ameaçou e ele engoliu o seco. — Então eu sugiro que você se retire agora, com suas próprias pernas de sábia e não apareça até que esfrie a cabeça. – mesmo a contragosto, ele obedeceu o professor. — Não ousem em tomar a mesma atitude que esse moleque!
— Professor, vou retornar para a minha sala. – disse, sem olhar para a turma. — Com sua licença. – professor Faraize assentiu e ela se retirou.
Depois do episódio, a turma ficou abalada; meninas assustadas e rapazes indignados. Tentamos continuar nossa tarefa, mas professor Faraize preferiu que entregássemos na semana seguinte. Ele passou o resto da aula conversando com a turma sobre alguns grandes músicos e perguntando nossas metas e tudo mais.

A aula terminou e eu fui para o estacionamento, entrei no carro e arranquei. Com pouco tempo na estrada, avistei indo embora a pé. Buzinei, chamando sua atenção.
— Eu não deveria, mas vou te oferecer carona, novamente. – ela sorriu, fraco.
— Eu não deveria, mas, dessa vez, aceito. – fiquei surpreso pela resposta dela e imediatamente, abri a porta para ela. — Obrigada, cavalheiro. – sentou-se e me olhou.
— O quê? – a olhei, rápido e ela riu.
— Por que me defendeu hoje?
— Percebi que você estava envergonhada e tentei amenizar a situação. Só ficou puxado para o Alexander.
— Foi uma loucura! Ainda bem que passou.
— Sim.
— Sinto muito pelo seu amigo.
— Eu também, ele se excedeu. – percebi seu olhar em mim.
— Por que está me olhando assim?
— Eu... Ah, lembrei de confirmar sua inscrição. Vai participar mesmo?
— Sim, acho que agora vou me apresentar sozinho. Alexander deve estar com raiva de mim.
— Isso passa com o tempo e é disso que ele precisa – assenti. – Bem, preciso do seu número. – anotei para ela, rapidamente. – Obrigada. – agradeceu e a olhei de relance.
— O que foi?
— Seu jeito é diferente.
— Diferente como? - perguntou, curiosa.
— Eu estava preocupado com Alexander, mas você... – ela me observava e eu tirei os olhos da estrada, aproveitando o sinal fechado, para fazer o mesmo. – Você chegou e me fez esquecer ele.
— Ah sim. – sorri e ela colocou as mãos no rosto. — Você está me deixando envergonhada.
— Desculpe, não foi minha intenção. – ela assentiu. — Podemos nos conhecer melhor? – arregalou os olhos.
— Cla-claro que podemos! – gaguejou, me fazendo rir. — Não quer dizer nada mesmo.
— Quem sabe... – eu disse e ela respirou fundo.
— Pode me deixar aqui na esquina, por favor? – desacelerei o carro e parei. — Obrigada pela carona e pela companhia.
— Eu que agradeço. – ela sorriu tímida. — Podemos sair hoje?
— Hoje? Por que tão rápido? – perguntou, desconfiada.
— Por nada. – ela ergueu uma sobrancelha. — É que... Deixa para lá!
— Vai ter uma festa hoje na casa de praia do meu primo, se quiser ir, te espero aqui na esquina às 18:30h. – ela deu de ombros. — É meio cedo, mas a casa fica um pouco distante, chegaremos lá às 20:00h, provavelmente.
— Tudo bem!
— Até mais tarde. – ela acenou e eu segui meu rumo.
Parando para pensar, acho que fui muito rápido. Mas ela topou numa boa, então, acho que os dois querem a mesma coisa.

Cheguei a casa e vi a porta aberta, peguei uma das ferramentas novas e adentrei a casa devagar, ouvi um barulho no quarto do meu pai e, quando eu ia abrir a porta, ele saiu.
— Que susto, pai! O que está fazendo em casa hoje e agora?
— Acalme-se! – coloquei a ferramenta em cima da mesa e peguei uma jarra de água na geladeira. — Que desconfiança é essa, rapaz?
— Desculpe! – despejei a água no copo e bebi, rapidamente. — É que você tinha dito que passaria o fim de semana no sítio.
— Sim, eu achei que ficaria lá até meu irmão voltar para sua cidade, mas a neta dele sofreu um pequeno acidente e precisou operar, ele foi ficar com a família.
— É uma pena, você parecia animado.
— Eu estava. – ele pegou a jarra de água da minha mão e bebeu, nem se preocupando de usar o copo. — Mas foi melhor assim, você teria que trabalhar sozinho e seria muito cansativo.
— Não deveria se preocupar tanto comigo! – ele me encarou. — Só estou querendo dizer que precisa pensar mais em você. – ele assentiu, ainda me olhando torto. — Tudo bem se eu sair hoje à noite?
— Quem é a menina?
— Como assim? Eu nem...
— Te conheço, meu filho. – ele disse, erguendo as sobrancelhas.
— O nome dela é , ela cursa teatro lá na faculdade. É educada e gentil, mas tem horas que parece uma gatinha brava. – meu pai riu. — O quê?
— Vá e se divirta! – eu sorri, o agradecendo mentalmente. — Mas, por enquanto, têm muitos veículos precisando de manutenção lá na oficina e precisamos ganhar dinheiro. – assenti e fomos para mais um dia de trabalho.
Fizemos uma pausa para almoçar e depois trabalhei por mais algumas horas.
— Pai, são 17:00h, posso ir tomar banho? Tenho que buscar a às 18:30h.
— Tudo bem, pode ir.
— Valeu. – guardei as ferramentas que eu estava usando e fui para casa.
Adentrei meu quarto e peguei uma toalha limpa, levando-a para o banheiro. Tomei um banho frio e me enrolei na toalha, enquanto olhava para o espelho, aparentemente, estava tudo bom. Saí do banheiro e já ia tirando a toalha, quando percebi que a vizinha me observava.
— Você não desiste? – perguntei, meio irritado e me aproximei da janela para fechá-la.
— Desistir? – ela riu. — Eu sei que uma hora você vai cometer esse deslize! Mas tudo bem, eu posso esperar... – me mandou um beijo no ar e saiu do meu campo de visão. Fechei a janela.
Olhei para o relógio em cima do criado-mudo, 17:23h. Parece mentira, mas a hora estava, realmente, cooperando comigo, aproveitei para vesti-me sem pressa. Coloquei um dos álbuns da minha banda favorita para tocar e deitei-me na cama, esperando dar a hora de sair. Fiquei me lembrando do sonho que tive com e da rejeição dela... Quem sabe, na realidade, eu invisto e recebo o retorno dela. Só espero não parecer atrevido ou desrespeitoso, porque apesar dela saber se defender, também é meio tímida e isso poderia fazer com quem eu a perdesse sem nem tê-la.
Olhei novamente para o relógio, 17:39h. Levantei-me e estiquei a roupa no meu corpo, me perfumei e desliguei o som, apaguei a luz e saí do quarto. Desci, despedi-me do meu pai e peguei meu carro na garagem, dirigi até a esquina da casa de . 18:22h eu já a esperava e apreciava as músicas que tocavam num CD que meu pai havia me presenteado, olhei na direção da casa dela e a mesma vinha em minha direção, a observei até ela perceber e sorrir para mim.
— Oi, desculpe se demorei.
— Não, eu que me adiantei – abri a porta e ela entrou. — Você está linda!
— Obrigada – ela disse, um tanto envergonhada. — Você também está muito bonito.
— Ah, obrigado – ela sorriu. — Por qual estrada iremos?
— Pela Estrada dos Pipoqueiros.
Seguimos viagem e, acredito que nos conhecemos um pouco mais com as nossas conversas. Eram 20:14h quando chegamos na festa, um homem se aproximou de nós.
— Hey, ! – ela olhou para o homem e imediatamente, o abraçou. Bem forte, por sinal. — Há quanto tempo você não aparece, prima?
— Puxa, eu nem me lembro! – eles sorriram um para o outro e eu fiquei me sentindo desconfortável. — Timmy, este é , um amigo da faculdade. – sorri fraco e ele apertou minha mão.
— Bom, espero que se divirtam! – Timmy disse já se retirando.
— Por que ficou tão desconfortável? Ele é só o meu primo, .
— Não fiquei – menti. — Eu só...
— Está bem, vamos procurar algo para beber? – ela perguntou, sorridente.
— Se não tiver álcool, beleza.
— Você não ingere bebida alcoólica? – ela ergueu as sobrancelhas e eu neguei. — Uau! Tudo bem, vamos procurar um quiosque, deve ter algum aberto.
Caminhamos um pouco até nos afastarmos o suficiente da casa onde a festa acontecia. parou na beira da praia e sentou-se de frente para o mar, estranhei já que iríamos procurar por um quiosque.
— Por que parou?
— Eu só queria ficar a sós com você – ela me olhou, sorrindo e eu franzi o cenho. — Sente-se.
— Você é surpreendente! – eu disse, enquanto me sentava.
— Vai fazer uma apresentação solo no sarau? – ela perguntou, curiosa.
— Acho que sim. Alexander não deve aparecer tão cedo na faculdade e, ele não se apresentaria mais, de qualquer forma – ela assentiu. — Fora que, não poderíamos continuar ensaiando na minha casa. Nem sei como farei para ensaiar.
— Como assim?
— Longa história, outra hora eu te conto. Vamos apenas aproveitar a presença um do outro.
— Eu amo o barulho das ondas!
Fiquei a observando, até ela reparar e sorrir, envergonhada.
— Por que está me olhando assim?
— Não é nada, só que você me acalma – ela se virou para mim. — Me faz esquecer os problemas.
— E isso é bom para você?
— É ótimo! – confessei e ela sorriu. — Você é linda!
, você está me deixando envergonhada – eu ergui as sobrancelhas. — Mas, confesso que gosto disso.
— É mesmo? – perguntei, curioso e ela assentiu. Aproximei-me dela. — E se eu disser que seu sorriso é encantador?
— Eu vou sorrir sempre que estiver em sua presença – ela disse, sorrindo para mim e eu mordi meu lábio, enquanto reparava em sua boca. — Não me olhe assim.
— Me desculpe, mas isso é pedir demais – ela riu. — Eu falo sério!
— Então eu paro de te olhar – ela virou o rosto para o mar, mas eu a puxei, aproximando nossos rostos. — !
— Um beijo, apenas um beijo.
— Sem chance! – ela disse, e empurrou meus lábios com seus dedos.
— Ah, você está me provocando. – ela riu e mordeu o lábio inferior e eu a puxei.
... – ela disse, fitando minha boca.
— Eu sei que você também quer. – beijei o canto de sua boca, mas ela se esquivou.
— Estou tentando me controlar, mas assim fica difícil.
— Não tente, deixe acontecer. – ela me encarou e prestes a beijá-la, levantou-se.
— Acho melhor voltarmos para casa.
— E quanto a nós? A festa?
— Tivemos tempo suficiente para nos conhecer melhor, e a festa foi só um pretexto para sairmos juntos. – ela deu uma piscadela e foi caminhando na frente. Levantei-me e a acompanhei.
Achei que voltaríamos para nos despedir de Timmy, mas ela preferiu mesmo ir embora. Mais 2h de viagem até eu deixá-la na porta de sua casa.
— Podia ter me deixado na esquina.
— Por que? Já sei que sua casa é essa e, foram uns segundos a mais com você. – ela riu, abrindo a porta.
— Obrigada pela sua companhia, foi muito divertido. – saiu sem nem esperar eu dizer “tchau”.
Fiquei a observando entrar em casa e pisei fundo no acelerador, indo direto para casa. Pensei em visitar Alexander, mas ele deveria estar uma fera, principalmente comigo, então deixei de lado a ideia. Quando dei por mim, já estava estacionando o carro na minha garagem e adentrei a casa sem fazer muito barulho, não queria acordar meu pai.
— Voltou rápido, filho. – meu pai disse, assistindo TV na sala de estar.
— Pai! Achei que já estivesse dormindo.
— Eu nunca durmo essa hora.
— Verdade! – ele me olhou. — Eu vou subir, qualquer coisa me chama lá no quarto. Boa noite!
— Tudo bem, boa noite.
Subi rápido e fechei a janela, curto muito a brisa que invade o quarto, mas não quero que minha vizinha pense que estou deixando a janela aberta para ela me admirar. Mas não a culpa, realmente, eu sou um pedaço de mau caminho!
Peguei minha toalha e adentrei o banheiro, como de costume, tomei um banho frio e me joguei na cama, pensando em tudo que aconteceu. Ainda não acredito que, pela segunda vez, em minha presença, Alexander tentou agredir fisicamente uma garota. Meu amigo era um covarde e eu não tinha percebido. Lamentável! Mas, para alegrar meu dia eu tinha saído com , a garota que quanto mais eu conheço, mais fico surpreendido e interessado. O que eu acho mais incrível nela, é como ela consegue me controlar de uma forma positiva, me faz esquecer tudo, principalmente os problemas e me acalma, me diverte, me alegra... Ah, que garota!
Passei tanto tempo pensando em , que acabei pegando no sono.

No dia seguinte, acordei um tanto atrasado. Tomei o banho frio que eu não trocava por nada e desci, encontrando meu pai tomando seu café forte.
— Bom dia, pai!
— Bom dia. – ele disse, de modo estranho.
— O que houve? – sentei-me ao seu lado.
— Atendi uma ligação que era para você, era uma menina e te deixou recado – franzi o cenho. — Ela disse para não se preocupar quanto aos ensaios, porque você poderá usar a sala de teatro da faculdade.
— Que história é essa? – perguntei, de olhos arregalados.
— Eu que pergunto, . Que história é essa? – ele perguntou sério. — Filho, não pago sua faculdade para você brincar de teatrinho. Se você quer ser um administrador bem sucedido deve manter o foco nos estudos.
— Pai, deve ter sido enga...
— Não foi engano algum, ela disse o seu nome.
— Então, deve ter me confundido com Alexander, como sempre andamos juntos e ele ia participar de algum de um evento assim...
— E por que não irá mais?
— Ele tentou agredir duas meninas da faculdade, mas da última vez foi na frente da turma e o professor não admitiu esse comportamento e o expulsou de sala.
— Fez muito bem! Já basta de homem covarde neste mundo! – eu assenti.
— Pai, já estou indo. – levantei-me da mesa.
— Não vai terminar o seu café da manhã? – perguntou, desconfiado.
— Não quero me atrasar. – forcei um sorriso de lado e saí rápido de sua frente.
Peguei meu carro, rapidamente e segui para a faculdade. Fiquei fulo da vida por ter ligado para minha casa e ter quase me metido numa encrenca! Assim que estacionei o carro, a avistei conversando com Han, ela acenou para mim, mas fingi não ter visto e passei direto para minha sala.

No horário do intervalo, fui à lanchonete e comprei qualquer sanduíche para comer junto com o suco de maracujá. Sentei-me afastado de todos, mas ouvi a voz de por perto, ela sentou-se a minha frente e eu continuei devorando meu sanduíche, ignorando-a.
— Por que está agindo assim?
— Por que ligou para minha casa e ainda deixou aquele recado para o meu pai?
— Ele disse que você estava dormindo e como sou muito ansiosa, resolvi pedir para ele te dar a notícia – ela sorriu, animada. — Não é legal? Agora você tem onde ensaiar.
— Não, . Isso não é legal! – disse, irritado.
— Nossa, ! Por que está sendo tão ingrato?
— Ingrato? Não te pedi nada para arrumar um local para eu ensaiar, nem sei se vou tocar nesse sarau.
— Toca, sim, quero muito te ouvir. – ela pediu.
— Já não está me ouvindo? – perguntei, num tom óbvio e ela me olhou. — Não devia ter feito isso, quase não consegui explicar-me para o meu pai.
— Me desculpe, eu só...
, se não for pedir muito, deixe-me sozinho. – ela assentiu, cabisbaixa e retirou-se.
Terminei de comer meu sanduíche e retornei para a sala.

A aula terminou rápido, então me apressei para pegar meu carro e chegar logo a casa. Aproximando-me da garagem de casa, deixei minha mochila no carro e fui para a oficina.
— Ué, não vai almoçar? – meu pai perguntou assim que me viu.
— Estou sem fome. – ele me encarou. — O quê?
— Você está estranho!
— Só estou estressado, nada demais. – ele assentiu, desconfiado.
Terminei de reparar um corte no estafado do banco de um dos carros e fui beber água dentro da cabine, quando mais um carro adentrou a oficina.
— Boa tarde, meu pai me emprestou o carro dele, mas acho que está com o acelerador está ruim.
Desesperei-me quando reconheci a voz da pessoa que falava.
— Posso dar uma olhada? – ouvi meu pai perguntar.
— Claro! – a pessoa respondeu.
— Ah, o cabo do acelerador está quase arrebentando.
— E o que isso significa?
— Precisamos trocá-lo antes que arrebente de vez. Mas não se preocupe, meu filho dará um jeito nisso – pedi para meu pai não me chamar, mentalmente, mas não adiantou. — !
— Fala, pai. – olhei para a pessoa e confirmei quem era, .
— Substitua o cabo do acelerador desse carro. – assenti para o meu pai e ele se afastou, olhei para , que sorriu para mim.
— O que está fazendo aqui? – sussurrei, entre os dentes.
— Consertando o carro do meu pai, oras – eu rolei os olhos. — Não vai mesmo se apresentar no sarau sexta-feira?
— Não comente sobre isso aqui na oficina.
— Por que não? Aproveite e convida o seu pai para te assistir.
— O quê? – me desesperei.
— Senhor... – ela chamou meu pai e ele se virou para ela. — Seu filho...
— O que você está querendo, hein? – perguntei, nervoso.
— Deixe a menina falar, .
— Eu nem a conheço. – ela me olhou com as sobrancelhas erguidas e olhos arregalados.
— Me desculpe, e-eu... Deixa para lá.
— E quanto ao carro?
— Não se preocupe com ele, obrigada. – ela saiu de ré e me senti aliviado.
, o que foi que aconteceu?
— Pai, eu não sei. Já disse que não a conheço, que droga! – joguei uma das ferramentas na parede e saí da oficina.

Fui para o meu quarto e passei a tarde nele, não sai para comer e muito menos para abrir a janela e sentir a brisa que me acalmava, assim como . Eu fui tão rude com ela, mas não sabia o que fazer! Meu pai quase descobriu sobre o sarau e minha apresentação. Ele já está desconfiado com a ligação e ainda aparece e toma a liberdade de querer convidá-lo para me assistir. Com que direito ela faz isso?
Levantei-me da cama, bufando de raiva e fui tomar banho, dessa vez, bem quente, precisava relaxar. Saí do banheiro e ouvi algumas batidas na porta, abri-a.
, diga o que está acontecendo? – meu pai adentrou o quarto. Joguei-me na cama e ele sentou-se ao meu lado.
— Não é nada. – respirei fundo, coçando a cabeça.
— Eu te conheço, . Você não fica tão nervoso assim por nada, muito menos lança uma das ferramentas de trabalho na parede sem mais nem menos – o olhei e ele ergueu as sobrancelhas. — Filho, pode se abrir comigo.
— Você não entenderia, pai – eu disse, sentindo meus olhos marejarem. — Mas não se preocupe, é só uma tensão boba. Já vai passar, só preciso dormir um pouco.
— Tudo bem, descanse então. Amanhã se você se sentir mais disposto, nós conversamos. – assenti. — Boa noite, filho. Fique bem!
— Boa noite, obrigado. – ele se retirou e eu me virei, dormindo em seguida.

Senti que acordei com a cabeça mais fria, mas com a mente pesada, além de ter sido um grosso com , fui também com meu pai. Precisava me desculpar!
Tomei um banho e me arrumei rápido, peguei minha mochila e desci. Meu pai já tomava café.
— Bom dia, filho. Está melhor?
— Bom dia, pai. Estou, sim, obrigado – ele sorriu, aliviado. — Queria me desculpar por ontem. Ter um dia ruim não em dá o direito de fazer o que fiz e te tratar daquela forma.
— Você tem razão! – meu pai largou o jornal e me olhou. — Mas, desculpas aceitas!
Tomei meu café, rapidamente e corri para a garagem, queria muito encontrar e me desculpar com ela. Dirigi numa velocidade não permitida e dessa vez, ganhei uma multa, mas não importava, eu só queria falar com . E, assim que cheguei a faculdade, a vi com Han.
! – a chamei e ela me olhou. — Precisamos conversar.
— Você conhece esse garoto, Han?
— Não, acho que é só mais idiota ignorante da turma de Música.
— Parem com isso!
— Parar o quê? Não sabemos quem você é, mas com certeza, é mais um idiota ignorante como quase todos aqui nessa faculdade. – ela disse, irritada e já ia se levantando.
. – eu segurei seu braço e Han levantou-se.
— Solte ela agora mesmo!
— E se eu não quiser?
— Só te aviso que sou muito bom no Hapkidô. – Han disse, confiante.
— Que droga é isso?
— Uma arte marcial coreana, ignorante!
— Tanto faz – dei de ombros. – , eu preciso mesmo conversar com você! – ela virou o rosto para o outro lado. — Sei que está chateada e você tem todo o direito de estar, mas deixa eu me explicar – ela me encarou. — Por favor!
— No intervalo você me procura na sala de teatro. – ela puxou seu braço. — Vamos, Han! – ele me encarou e seguiu .
Me senti aliviado por ela ter dado a chance de me explicar, mas fiquei ansioso para conversar com ela.

As horas se passaram como uma eternidade, finalmente, intervalo. Fui para a sala ao lado da minha e lá estava ela, sentada no palco, balançando as pernas como uma criancinha. Assim que me viu, corrigiu sua postura e ficou séria.
— Onde pensa que vai, garoto?
— Preciso falar com sua aluna. – ela olhou em direção a e a mesma assentiu.
— Sendo assim, pode ir. – ela me deu passagem e saiu da sala.
— Seja breve, . Não quero perder todo o meu intervalo aqui com você.
— Quero me desculpar por ter sido tão rude com você.
— É só isso? – franzi o cenho. — Tudo bem, desculpado. – ela se levantou, mas eu a puxei, aproximando nossos rostos.
— Não queria ter te magoado! – ela riu, sarcástica. — É sério! Você não entenderia o porquê de ter agido daquela forma.
— Mas eu quero saber o motivo, porque em um dia, você foi um cara incrível e no outro, você foi um grosso! E pior, na frente do seu pai, disse que não me conhecia. – seus olhos marejaram.
— Quando ligou para minha casa e depois apareceu na oficina falando sobre o sarau e minha apresentação eu me desesperei! – ela ergueu as sobrancelhas. — Meu pai não sabe que eu curso Música, para ele faço Administração para ajudá-lo a crescer com os negócios da oficina.
— Você mente para o seu pai?
— Não é bem uma mentira, eu faço curso online de Administração, estou conseguindo pôr em prática o que estou aprendendo e está dando certo, então, de certa forma, estou ajudando meu pai.
— Isso é mentira! – ela disse indignada e eu respirei fundo. — Como pode fazer uma coisa dessas com seu próprio pai?
— Eu só não quero decepcioná-lo.
— E acha que ele terá qual sentimento depois de descobrir que se formou em Música e não Administração?
— Decepção. – eu disse, quase num sussurro.
— Você tem até este fim de semana para contar a verdade ao seu pai. – a encarei. — Se não o fizer, eu farei!
— O quê? – ela se afastou tanto, que deu uma leve batida com as costas na parede, mas eu me aproximei dela, rapidamente. — VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO!
— É melhor seu pai saber agora, acredite! – ela disse, de um jeito meigo.
— VOCÊ NÃO SABE DE NADA! – gritei a assustando e ela começou a chorar, baixo. — M-me desculpe, eu não quis te assustar. É só que... Meu pai me criou sozinho, minha mãe o abandonou assim que me deu a luz e sumiu no mundo. Ela nunca mais apareceu, nem mesmo para saber como eu estava – a olhei, com os olhos marejados. — Essa foi a maior decepção da vida do meu pai! Eu fui crescendo e o ajudei a montar essa oficina, ele me ensinou como eu deveria fazer todas as manutenções e o ajudo até hoje, mas não suporto trabalhar assim. Sempre amei a música e queria isso para minha vida, mas não posso deixar meu pai sozinho na oficina. Eu o vi passar por tantas lutas e decepções, não queria contribuir para esse sentimento dentro dele crescer.
— Eu sinto muito por sua mãe, ! – ela disse, colocando, suavemente, suas mãos em meu rosto. — Quanto ao seu pai, tente conversar com ele e conte a verdade – a encarei. — Pode ser difícil no começo, mas ele vai te compreender.
— Acha mesmo?
— Tenho certeza! – ela disse, confiante.
, você é uma menina incrível! – ela acariciou meu rosto. — Não merece passar por isso! Eu entendo que você não queira mais ficar perto de mim, eu te faço mal.
— Você não me faz mal! Pelo contrário, faz eu me sentir tão bem como há tempos eu não sentia – arqueei as sobrancelhas, arregalando os olhos e ela riu. — Agora eu te entendo! Eu também passei dos limites, não tenho o direito de me envolver nessa história.
— Quero te pedir uma coisa – ela me fitou. — Não se afaste de mim, por favor! Você além de me acalmar, me compreende. Você tem o poder de me controlar.
— Gostaria de ter esse poder para controlar os meus sentimentos!
— Por que?
— Nada, pensei alto demais. – disse, envergonhada.
– ela me olhou. — Eu gosto de você!
— Tem certeza disso?
— Acho que sim. – respondi, pensativo.
— Então, me mostre! – ela disse, séria. — Preciso de um tempo para pensar. – assenti.
se afastou de mim e eu me retirei da sala, fui na lanchonete e comprei um doce qualquer. Estava sentado em um banquinho perto da aglomeração de alunos, quando a Senhora Darbus anunciou que não haveria mais o sarau na sexta-feira, já que muitos alunos desistiram de participar. Senti-me aliviado, não havia me preparado o suficiente, mas não era hora para isso. Assim que a Senhora Darbus se retirou, voltei para a minha sala.

A aula terminou, mas não vi mais na faculdade, então fui para o estacionamento e peguei meu carro. Gostaria de oferecer carona a ela, novamente, mas fui direto para casa. Guardei o carro na garagem e adentrei a casa, me surpreendendo com meu pai, a essa hora, na sala de estar.
— Não trabalhou hoje? – perguntei, colocando minha mochila ao meu lado, no sofá.
— Não, eu só estava te esperando. – ele me olhou. — Acho que precisamos conversar.
— Sim – respirei fundo, tomando coragem para começar. — Pai, há uma coisa que eu preciso te contar...
— Que você cursa Música ao invés de Administração? – arregalei tantos os olhos, que senti que eles saltariam a qualquer momento.
— C-como sabe?
— Filho, já disse que te conheço! – senti meus olhos umedecerem. — Você sempre me falou que queria ser músico, desde pequenino, aprendeu a tocar esses instrumentos doidos sozinho, sempre fazia um dos carros de palco, sempre cantou no chuveiro, escrevia músicas... Você sempre levou jeito para isso, filho!
— Pai, e-eu não... Por que não me contou que sabia?
— Eu tinha certeza que uma hora você teria coragem de me dizer a verdade! – não contive as lágrimas que teimavam em cair.
— Eu não queria te decepcionar, pai.
— Você só me dá orgulho, filho! – ele limpou uma lágrima que escorreu no canto do seu olho esquerdo.
— E quanto à Administração? – perguntei, curioso.
— Esse era o meu sonho, não o seu. Nunca que eu poderia te obrigar a ser o que eu não fui! – ele disse, cabisbaixo. — Mas você está mandando muito bem na administração da oficina, seu curso online está de parabéns!
— Como sabe do meu curso online? – arqueei uma sobrancelha.
— Filho, vou te dar um conselho: Nunca tente me esconder algo, porque nada passa despercebido por esse velho aqui. – ele apontou para si, me fazendo rir.
— Pai, eu te amo demais e só quero te ver bem!
— Eu também, ! Por isso estou te liberando do trabalho na oficina, pode correr atrás do que você quer. – o encarei.
— Eu esperei tanto para ouvir isso! – meu pai riu. — Mas quero continuar te ajudando, e antes que pergunte, sim, eu tenho certeza disso.
— Então, vamos para a oficina agora mesmo! – ele se levantou do sofá, quase num pulo.
— Estava bom demais para ser verdade... – eu disse e ele me deu um tapa nas costas, tão forte que senti minha escápula virar clavícula por alguns segundos.

Passamos o resto do dia fazendo a manutenção de alguns carros e conversando sobre minhas aulas de Música, meu pai começou a se interessar pelo assunto. Tomei um banho frio e desci para jantar, meu pai havia preparado um prato especial para comemorarmos esse esclarecimento – da minha parte – em nossas vidas. Depois, subi e tranquei a porta, me deitei na cama e quando olhei para a janela, estava lá, me observando, vestida como no meu sonho.
— Como conseguiu chegar aqui sem que eu percebesse?
— Você deixou a janela aberta, entrei por ela. – ela sorriu.
— Pode me dizer o motivo da sua vinda, repentina, a minha casa? Aliás, como soube que esta é a minha casa?
— Te segui hoje quando você saiu da faculdade. – me aproximei dela.
— Uau! Esperta! – ela deu uma piscadela. — Mas ainda não me disse o motivo de ter vindo aqui.
— Então, eu preciso te falar algo. – franzi o cenho. — Eu gosto de você!
— Tem certeza disso!
— Acho que sim. – ela respondeu, envergonhada.
— Então, me mostre! – eu pedi e ela me beijou. Como se não houvesse amanhã, ela me beijou. Quando recuperamos o nosso fôlego, fitei seus olhos. — Sabe que isso não me prova nada, não é mesmo!?
— Sim, eu sei, mas... – não a deixei terminar porque a beijei na mesma intensidade.
Ela me puxou, acabando com o mínimo de espaço entre nós, toquei a sua pele e senti que ela tremia. Continuei a prensando na janela, até que ouvimos um barulho. Interrompemos o beijo e olhamos na mesma direção, era a vizinha jogando pedra na janela.
— O que você quer agora? – perguntei, irritado.
— Pelo menos feche a janela e abra a cortina, não sou obrigada a assistir esse tipo de cena. – ela respondeu, indignada e saiu do nosso campo de vista.
— É sempre assim? – perguntou, rindo.
— Sempre que deixo a janela aberta, – dei de ombros.
— Mantenha a janela fechada.
— Ah, isso é um pedido?
— Na verdade, isto é uma ordem! – ela disse, firme e eu assenti. — Preciso ir, amanhã tenho uma apresentação que vale a nota do semestre.
— Adoraria que você ficasse, mas deve ser muito importante essa apresentação. – ela assentiu. — Então, só por isso, vou te deixar ir. Mas só por isso!
— Muito obrigada pela generosidade. – ela disse, me fazendo rir. — Boa noite!
– nos beijamos mais uma vez e ela foi embora pela janela.
Não acredito que a foi tão ousada a ponto de invadir meu quarto e tomar a iniciativa do beijo! Essa menina me enlouquece!
Deitei-me, novamente, na cama e apaguei.
Acordei com o despertador gritando no meu ouvido, o desliguei, rapidamente. Levantei-me e fui para o banheiro, tomei um banho frio e pendurei a toalha, arrumei minha cama e abri a janela. O sol já invadia meu quarto. Desci, mas não encontrei meu pai, então fui preparando o café, bem forte, do jeitinho que ele gosta.
Já terminando meu café da manhã, meu pai apareceu na cozinha com a cara amassada.
— Se atrasou hoje ou tirou o dia de folga?
— Me atrasei – ele disse, sentando-se a minha frente. — Me passe o requeijão – o entreguei. – Gostaria de conhecer, .
— Sério mesmo?
— Mas é claro que sim! Quero conhecer a menina que te encorajou a contar a verdade. – arregalei meus olhos, surpreso.
— Como sabe?
, já disse que te conheço, você é meio cabeça dura. Não contaria a verdade, por mais que quisesse, sem um incentivo. – sorri, assentindo.
— Você irá conhecê-la, em breve!

Minha rotina foi a mesma até eu me formar, porque logo consegui um emprego numa escola de música e a oficina do meu pai estava crescendo cada vez mais, até ele ser internado com suspeita de câncer nos ossos. Eu havia recebido uma promoção, quando chamei para jantar comigo, na minha casa.
, como o seu pai está?
— Melhor que ontem, fui ao hospital hoje e ele disse para você visitá-lo. – aprontei a mesa, rapidamente.
— Farei uma visita a ele assim que puder, mês que vem me formo na faculdade e está tudo uma loucura, mas vou tirar um tempo para ir vê-lo.
— Tudo bem. – ela sorriu e eu a observei, como sempre fazia. — Hoje somos apenas nós dois.
— Na verdade, hoje somos três. – disse, alisando a mão na barriga e me olhou sorridente.
— O QUÊ? ESPERE! VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO COMIGO! – perguntei, nervoso.
— Sim. – ela começou a gargalhar.
— Não tem graça, ! – eu disse, irritado.
— Desculpe, . – ela fez bico. — Mas a sua expressão foi a melhor! – ela continuou rindo e eu a acompanhei.

Terminamos o jantar e fomos para o meu quarto, dormimos juntos mais uma noite e pela madrugada, ouvi um barulho esquisito. Olhei para o lado e não estava na cama, fui até o banheiro e a encontrei botando toda a janta para fora.
— O que aconteceu?
— Eu não sei, estou enjoada. – ela disse, lavando o rosto. — Eu estou me sentindo assim há algumas semanas.
— Ai meu Deus! – levei as mãos à cabeça. — Acha que está...
— Grávida? Deus me livre! Sempre nos cuidamos.
— Tem algum teste de farmácia aí? – perguntei, já suando frio.
— Sim.
— Então faz logo o teste.
— Tá, mas sai daqui.
— Não, eu quero ver, você já me enganou uma vez – ela bufou e eu olhei para o teto, para ela se sentir menos constrangida. — Já terminou?
— Sim – olhei para o objeto em sua mão.
— O que significam essas duas tirinhas vermelhas? – ela hesitou em responder e eu logo soube a resposta.

Alguns anos depois, já trabalhava em sua área, meu pai havia melhorado do câncer, Han estava namorando uma cantora famosa de seu país e Alexander foi preso por agredir uma mulher na fila do banco.
Mais cinco anos, eu e nos casamos e Han foi nosso padrinho, junto com sua noiva. Vivemos momentos maravilhosos juntos! sempre conseguiu me controlar e sempre se aproveitou disso também. Quando nosso primeiro filho nasceu, meu pai descobriu um novo câncer, no pâncreas, e adoeceu muito rápido. Ele lutou contra a doença, por mais alguns anos, mas, na chegada de nosso segundo filho, ele faleceu. Senti como se tivesse perdido parte do meu coração, mas antes de ele morrer, disse que sempre se orgulhou de mim, não só por tudo que conquistei, mas pela pessoa que me tornei. Disse também que, se um dia minha mãe me procurasse, eu deveria perdoá-la.
Atualmente, vivo no Nevelvet, com minha família e dou aula na maior escola de música da cidade e é uma atriz e diretora de grande referência na TV e no teatro. Meus filhos ainda não decidiram o que serão no futuro, mas deixo bem claro que todos serão o que quiserem ser!


FIM



Nota da autora: Então, preciso agradecer as minhas sisters maravilhosas, Letícia e Thaina, por terem me ajudado tanto com essa fanfic!!
Espero que vocês curtam! Beijos <3

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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