Finalizada em: 10/12/2020

Capítulo Único

O barulho constante do tic-tac de um antigo relógio de cuco de madeira lustrosa fez despertar lentamente, pois a claridade do quarto incomodava a sua visão levemente embaçada. A quantidade de claridade que entrava na suíte luxuosa do hotel, permitia-o presumir que era um dia lindo de sol lá fora, apesar do frio congelante que marcavam os termômetros.
Ouviu a respiração baixa e serena da mulher de longos cabelos castanhos com alguns fios dourados que ainda dormia nua ao seu lado, talvez ela tivesse mudado de ideia. Espreguiçou-se de modo lânguido soltando um suspiro fraco ao final do processo, permitindo-se afundar-se mais um pouco no colchão macio em meio a diversos cobertores fofos e de alguma marca caríssima que ele não se importava de lembrar o nome.
Deitou-se lateralmente na cama com o corpo virado na direção da mulher que na noite anterior foi sua por inteiro, as imagens de todo o calor e cumplicidade que emanaram enquanto o relógio badalava meia noite, não saíam nenhum segundo da sua mente e ressoavam em ritmo frenético como espécie de looping, e ele, de fato, não queria que essas lembranças fossem embora, pelo contrário, queria multiplicá-las e ter mais vezes em seus braços.
Meio hesitante, esticou um de seus braços na direção do rosto da morena que aparentemente sorria em seu sono, tocou-lhe as bochechas lentamente com as pontas dos dedos, afastando algumas mechas onduladas que caiam sobre a face. Não pôde evitar de observar os lábios rosados e carnudos que contrastavam perfeitamente com a pele macia de , ao passo que os longos cílios densos e cerrados davam um aspecto profundo e penetrante ao olhar da mulher.
Ficou observando-a por um longo período enquanto vagava em seus pensamentos que continham um misto de tristeza e ansiedade, seu coração apertava-se a cada nova batida com a possibilidade de não poder mais sentir o cheiro do perfume adocicado de , de não ter mais o seu corpo em contato com o dela e de não poder ouvir a voz serena da mulher enquanto dizia que o amava.
mexeu-se vagarosamente como se soubesse que estava sendo observada, sorriu levemente e abriu os olhos, sorrindo abertamente ao constatar a presença de ali.
- Dormi muito? – perguntou em tom sonolento, esticando os braços para espreguiçar-se, encarando diretamente os olhos azuis cristalinos do homem à sua frente. – Por que não me acordou? – perguntou novamente ao não obter nenhuma resposta.
- Você estava dormindo tão tranquila que eu não quis incomodar. – sorriu de modo fechado, afastando-se um pouco.
reprimiu um resmungo ao não receber o beijo de bom dia que esperava.
- Você está sério... – falou em tom baixo, enquanto puxava o lençol branco contra o seu corpo, e sentando-se na cama.
- Eu só estou pensando... – respondeu em tom triste, coçando a nuca de modo ansioso. – Eu sinto muito. – concluiu, deixando uma lágrima solitária escorrer pelo seu rosto, secando-a rapidamente com o intuito de evitar que visse-a.
- Você está triste. – soltou o ar pesadamente ao notar a visível decepção no olhar de , para ela o assunto estava resolvido, mas pelo visto, não estava nem um pouco.
Nem para ele e nem para ela.
- E- eu... Não, é que... – embaralhou-se nas palavras como se qualquer vocabulário tivesse lhe fugido da memória – Acho melhor você se arrumar, ou pode acabar se atrasando pro voo. – desconversou, pondo-se de pé rapidamente, passando a vestir-se sem coragem de encarar a mulher confusa que permanecia na cama.
- ... – tentou obter-lhe a atenção, segurando-se para não chorar na frente dele.
- , está tudo bem, ok? Já conversamos por horas ontem à noite e você está decidida, não está? – concluiu, já vestido, ainda sem trocar um olhar se quer com a mulher que chorava baixo enquanto juntava e arrumava os pertences. – Eu só quero a sua felicidade e o seu bem. – sentou-se em uma grande poltrona de veludo na cor marrom, apoiando os cotovelos nos joelhos.
- S-sim. – respondeu de modo incerto parando para observá-lo, não conseguindo ouvir nenhuma resposta audível ou algum olhar. Suspirou, e então sumiu ao entrar no banheiro para terminar de arrumar-se.

...

- Estou pronta. – saiu do banheiro sustentando um olhar apreensivo em , alisando a roupa impecavelmente passada e que a dava um ar de business.
a encarou, forçando um sorriso de modo cerrado, porém seus olhos azuis expressavam um brilho de tristeza, diferentemente da noite anterior que a íris estava límpida como um mar do caribe e mostravam o maior gozo de estar na presença dela.
- Você está linda. – ele sorriu novamente, porém dessa vez de modo mais aberto e sincero.
Não queria que ela pensasse de modo algum que ele não a incentivaria nessa grande oportunidade e além disso, ele sempre torcera muito pelo sucesso de , pois sabia da grande estima, determinação e dedicação que ela teve com sua carreira como editora de livros.
Começara como a maioria dos jornalistas, editando jornais de escola. Conseguiu entrar facilmente em Yale e formou-se com honrarias depois de estágios em jornais de renomes e redações de revistas mais cobiçadas, óbvio que logo conseguiu um trabalho no New York Times, mas aquele trabalho mecânico não a satisfazia mais, sempre amou os livros e como leitora ávida, sempre sonhou em trabalhar com eles. Largou tudo mesmo com os protestos de seu pai e enviou um currículo para uma editora de Nova York, mesmo sem experiência, a renomada Laura Carter lhe deu uma oportunidade por ver na fala da mulher muita verdade e empenho. Quando estava no auge do seu trabalho e já tinha sido editora de livros renomados e Best-sellers, recebeu uma proposta irrecusável de uma grande e clássica editora de Paris, era seu sonho sendo realizado. Todavia, havia uma raiz, uma raiz profunda em Nova York, .
pegou seus pertences de modo meio hesitante, algo dentro dela implorava para que ele pedisse para ela ficar, mas tudo o que obteve foi um sorriso de incentivo.
sentiu o ar lhe faltar ao ver a mulher tão perfeita e o amor da sua vida arrumar-se para partir.
Rumou conjuntamente com ela até a porta, impedindo com seus dedos gélidos que ela movesse a maçaneta do quarto.
- Espere... – pediu, sentindo a voz vacilar.
Aproximou-se lentamente da mulher deslumbrante quebrando qualquer distância que havia entre os dois. sentiu de pronto seu corpo estremecer ao sentir os dedos firmes do homem à sua frente acariciar languidamente a pele das suas bochechas rosadas, deslizando os dedos até afastar uma mecha de seus cabelos.
- ... Eu... Eu... – ela não sabia o que dizer naquele momento, mas sentia que deveria dizer algo, justificar-se, lamentar-se ou até mesmo desculpar-se. Queria que ele segurasse a sua mão e em seguida a prendesse em um abraço, que dissesse que a amava e que ela não era culpada por seguir seus sonhos.
- Shiiii. – ele fez um som com a boca como se pedisse para ela ficar em silêncio, enquanto deslizava seu polegar pelo lábio inferior de , dando a entender que ela não precisava fazer aquilo. – Posso te beijar? – questionou, encarando-a profundamente, não conseguindo evitar de demonstrar em seu olhar a dor que sentia em vê-la partir.
engoliu seco, sentindo seu corpo inteiro gelar conforme um arrepio frio percorria a sua espinha e fazia o ar escapar-lhe os pulmões, fazendo a respiração oscilar. Ela sorriu transmitindo um olhar que deu a entender que tinha permissão para beijá-la e ele assim o fez.
A beijou terna e profundamente, selando os lábios quentes e macios dos dois, desejando que pudessem ficar nesse momento para sempre.
Naquele momento, mais do que nunca, ela queria que ele pedisse para ela ficar, que ele dissesse que não era certo ela ir embora, que os dois tinham de ficar juntos. O que ela não sabia era que apesar de toda dor que ele sentia vendo-a partir, por amá-la, a perdoava e sempre respeitaria a decisão dela e por isso, guardaria seus sentimentos.

...

Porém, o que sentiu em seguida foi seu peito embargar e seus olhos arderem ao ver a mulher da sua vida abrir a porta daquele quarto de hotel, que anteriormente fora o refúgio dos dois em uma completa noite de amor, e sair de lá, o encarando por uma última vez.

...

Assim que a porta fora completamente fechada, soltou um suspirado alto e caminhou até uma grande poltrona que havia no quarto, jogando seu corpo pesadamente sobre ela.
Soltou um longo suspiro enquanto encarava um ponto vago e a sua mente trabalhava em delinear momentos que tinha vivido com desde o momento em que a conhecera em uma cafeteria local.
Assim que mudou-se para aquele bairro clássico e residencial de Nova York, a primeira atitude que tomou como um novo residente, foi procurar uma cafeteria para que pudesse pegar todas as manhãs seu tradicional café preto bem doce com croissant salgado antes de partir para seu escritório de Direito Criminal.
Lembrava-se como se fosse hoje, o momento em que entrou na cafeteria e a avistou sentada ao fundo em um sofá de veludo em tom de vermelho escuro com um macbook no colo, digitando algo concentrada. Os longos cabelos castanhos estavam presos em um rabo de cavalo jovial e óculos de graus em armação moderna que ornavam perfeitamente o rosto da mulher, estavam levemente caídos sobre o nariz dando um aspecto intelectual.
Não sabia ao certo quanto tempo ficou observando a beleza singular e que exalava inteligência de , só sabia que apenas saiu do transe quando ela o fitou de volta, sorrindo brevemente e inclinando a sobrancelha como se indagasse “o que foi?”, mas de um modo descontraído.
A partir de então, descobriu, que assim como ele, era uma cliente assídua do local. Não tardou por optar em se atrasar para uma manhã de trabalho para que pudesse conversar e conhecer a misteriosa mulher que todos os dias o cumprimentava com o mais lindo dos sorrisos.
A conexão foi imediata e dentro de algumas semanas estavam saindo para encontros e posteriormente nutrindo um relacionamento.
O que ele não sabia era que se apaixonaria completamente pela mulher da sua vida e que depois ela iria embora, o deixando sem chão em um quarto de hotel.
Ao mesmo tempo em que ele entendia os motivos dela ir embora, ele sentia medo. Ao mesmo tempo em que ele apoiava a decisão de , ele não compreendia. Será que ela não o amava na mesma intensidade, mesmo dizendo que o amava tantas vezes como já havia feito? Será que ele tinha feito algo de errado?
A ansiedade o consumia naquele momento, enquanto lembrava de como havia ficado congelado ao ser abraçado por ela, de como havia ficado sem ar ao sentir pela última vez os lábios quentes e macios de contra os seus.
Respirou fundo e pôs-se de pé juntando todos os seus pertences rapidamente, precisava sair daquele quarto que no momento era um oceano de lembranças e o afogava, sufocando-o.
Encarou o ambiente por uma última vez e saiu do quarto, fechando a porta com lamúria.
Foi embora do hotel sabendo que agora estariam separados por um oceano de lembranças e de distância.

...

sentou-se na poltrona da primeira classe do avião tentando segurar o choro que embargava em sua garganta. Por mais que tentasse segurá-lo, não conseguia impedir algumas lágrimas solitárias que rolavam pelo seu rosto.
Encarou a foto de polaroid a qual mostrava o não-mais casal sorrindo abertamente, e que usava como marcador de página dos livros que estava lendo. Atrás estava escrito com a caligrafia rude de :
“Nenhuma foto do mundo é capaz de expressar a felicidade que eu sinto em estar com você. Com amor, D.”
Lembrou-se do dia em que tiraram duas fotos em uma cabine fotográfica que ficava na Times Square, uma ficara com ela e a outra com .
Soltou o ar pesadamente e colocou a foto dentro de um bolso qualquer da bolsa que carregava, ela não queria mais ter consigo nada que pudesse lhe tornar visível o sorriso de .
Ouviu o aviso de que o avião iria decolar e os cumprimentos do piloto. Afivelou o cinto corretamente e em poucos minutos o avião estava no ar rumo à sua nova vida em Paris.

...

entrou em casa carregando o envelope branco o qual ela sabia que havia um papel cuidadosamente dobrado em três partes dentro. Equilibrava a grande bolsa de couro Louis Vitton no ombro, pasta com macbook em uma das mãos e na outra o envelope e o seu celular que não parava de receber notificações.
Largou tudo pesadamente sobre a mesa de madeira escura ao lado da porta e seguiu até o sofá de suede white-off levando consigo apenas o envelope e o celular.
Sentou no estofado com uma postura tensa, mesmo em casa e segura, não conseguiria relaxar até abrir o tal envelope que havia encontrado sobre a sua mesa quando chegou para trabalhar na editora pela manhã. Teve que lutar contra a sua ansiedade durante toda a jornada de trabalho para apenas abri-lo quando estivesse debaixo de seu teto.
Colocou o celular ao seu lado, ignorando todas as mensagens, não tinha cabeça para isso.
Segurou o envelope entre seus dedos por um longo tempo, como se assim pudesse absorver o que estava escrito sem ter que abrir e encarar o conteúdo do papel.
Naquele momento a sua mente viajou para longe, mais precisamente para o outro lado do oceano. Fazia tempo que os seus pensamentos não se voltavam para Nova York. Com todo o trabalho que teve ao chegar em Paris e mais toda a atividade exaustiva que uma mudança implicava, passava o dia atarefada e quando a noite caia, o sono vinha tão depressa que não tinha tempo hábil para pensar e nem recordar nada.
As lembranças estavam ali com ela, é claro, dois meses haviam se passado desde que decidira mudar sua vida subitamente, deixando tudo para trás. Deixando o amor da sua vida.
Suspirou pesadamente, soltando em seguida o ar em um longo fio de gás carbônico e então, passou a abrir o selo de modo lânguido e com cuidado.
O queixo de pendeu para baixo ao ler o que continha no papel e naquele momento a realidade havia lhe atingido como um raio.
Não tinha outro jeito.

...

chegou ao trabalho meio mal humorado como sempre.
Na verdade, esse era o seu humor nos últimos dias e somente afundar-se no trabalho em meio à processos, habeas corpus e muita papelada que o mantinha distraído e impedia-o de lembrar de .
Ele sabia a causa do seu mau humor: a ausência dela em sua vida.
Cumprimentou os colegas de trabalho com um breve aceno de cabeça e foi em direção até a sua sala encarando os próprios pés. Largou de qualquer jeito sua pasta sobre a mesa de mogno e atirou o corpo na cadeira confortável de couro preto, mal havia se acomodado e ouviu uma leve batidinha na porta, seguida da voz de sua secretária. - Senhor , chegou alguns boletos e essa correspondência para você hoje. – a moça sorriu brevemente, colocando os envelopes sobre a mesa do chefe e saiu dali rapidamente, pois não queria incomodá-lo.
passou a mão desinteressado pelos envelopes os espalhando pela mesa. Contas de cartão de crédito, aluguel, seguros, ofertas de cartões e a correspondência que sua secretária havia mencionado.
A segurou entre os dedos analisando o papel e o remetente.

Rua Birghton, 557 – Nova York
A. B. .

franziu o cenho lendo o nome, sentindo seu coração palpitar.
- Endereço de Nova York, impossível, só pode ser uma brincadeira de mal gosto de alguém. – resmungou enquanto externava seus pensamentos.
Empurrou a cadeira de rodinhas com os pés para que pudesse sair da sala em que estava e ir ao encontro de Melanie – a secretária, em passos duros sobre o piso de madeira lustrosa.
- Mel. – chamou a atenção da moça que digitava algo concentradamente no computador, devia estar enviando algum e-mail, ou algo do gênero.
- Sim, senhor . – desviou a atenção para o chefe.
- Essa correspondência... – mostrou o envelope a ela, colocando-o sobre a mesa de Melanie. – Quem deixou aqui? Deixaram pessoalmente? É alguma pegadinha com a minha cara? – a encheu de perguntas com um tom um pouco rude e alto para que os outros que estavam no escritório ouvissem e soubessem que ele estava completamente puto com isso.
- Desculpe, senhor, e-eu não sei nada a respeito disso. – gaguejou, piscando os olhos, pois nunca tinha presenciado aquela postura mais rude de que fora sempre gentil. – O carteiro apenas deixou a correspondência, eu nem cheguei a ver o remetente. – concluiu com postura rígida sem desviar o olhar que tinha sobre ela, mostrando que estava sendo sincera.
Claro, quem é que esteja pregando essa brincadeira de mal gosto não entregaria pessoalmente, pensou ainda encarando a funcionária, sabendo que ela estava falando a verdade.
- Ok... – respirou profundamente como se o ato fosse clarear seu cérebro e fazê-lo pensar melhor. – Hum, abre e lê para mim o que diz aí. – diminuiu o tom da voz, cruzando os braços contra o peito enquanto uma das mãos alisava a barba no maxilar, dando-lhe uma postura analítica.
A verdade é que ele não tinha capacidade de ler nada que remetesse àquele nome, mesmo que fosse qualquer brincadeira. Afinal, era impossível ter sido enviada por , já que ela estava há dois meses em Paris.

...

desceu do carro e entregou a chave ao manobrista.
Ainda não acreditava que estava se prestando àquele papel de ir até o bendito lugar que a tal correspondência indicava e pedia um encontro.
- Mesmo lugar de sempre... – riu, incrédulo, balançando a cabeça em negação enquanto entrava no hotel. Justo aquele hotel o qual ele e trocaram tantos momentos juntos e tantas juras de amor.
- Não acredito que eu ‘tô me prestando a esse papel. – resmungou, atraindo a atenção de algumas pessoas que o estranharam estar falando sozinho, enquanto aproximava-se da recepção.
- Boa noite, seja bem-vindo, o que posso ajudar? – o recepcionista excessivamente simpático na opinião de perguntou sorrindo abertamente.
forçou um sorriso, tirando do bolso um papel dobrado.
- Procuro pelo hóspede A. B. . – entregou ao homem o que havia anotado.
O recepcionista leu o papel e checou no computador enquanto batucava impaciente no balcão de mármore branco.
Após alguns segundos que mais pareceram horas para , o atendente devolveu o papel e sorriu cordial.
- Já sabíamos que você viria, quarto 713.
- Óbvio. – retrucou, novamente forçando um sorriso e agradecendo com um gesto com a cabeça. Guardou o papel no bolso e dirigiu-se até os elevadores, apertando o número sete.
Obviamente seria esse o quarto. O quarto que ele e sempre escolhiam. Achavam engraçado o fato de unirem duas superstições de números em um quarto.
Costumavam brincar que esse era o quarto da sorte deles.
O elevador subiu mais rápido que gostaria, pois não teve tempo o suficiente para planejar quantos palavrões diferentes xingaria quem tinha preparado isso para ele.
Sabia que chegaria no tal quarto e alguém gritaria surpresa e jogaria confete na sua cara. Saiu do elevador e caminhou vagarosamente pelo carpete bege até chegar no local que ficava o quarto, cuja porta estava entreaberta e podia ver através da fresta que uma luz amarelada e fraca estava acesa.
Empurrou a porta de modo devagar, pois não queria levar um susto de algo voando nele.
Contudo, para sua surpresa, vazio, o quarto estava vazio.
Abriu totalmente a porta e entrou no quarto, olhando ao redor como se procurasse alguma informação. Nada.
- Que diabos... – soltou o ar pesadamente. Não podia negar que, de fato, tinha em seu coração uma pontinha de esperança de que pudesse ser , e que ela teria voltado e agora o aguardava no hotel como um gesto de boas-vindas. Tudo o que ele mais queria era abraçá-la de novo.
Mas não tinha ninguém lá.
Nenhuma .
Provavelmente era mesmo só uma brincadeira de David que, desde que tinha ido embora, ficava tentando encontrar alguém para ele e nesse momento, deveria estar rindo da sua cara por ter caído.
estava feliz em Paris e agora deveria estar num café parisiense com um francês fedido. Avistou um bloco de anotações sobre uma mesa e uma caneta, mas não tinha nada escrito.
Sem problemas, ele deixaria uma mensagem:
“Muito engraçado
D.”
Escreveu ironicamente soltando a caneta sobre o papel.
Encarou a janela à frente, Nova York era linda de noite. Era especialmente linda à noite.
E naquele momento estava decidido, a partir de hoje, tentaria voltar a viver, tentaria encontrar alguém que o fizesse feliz e que ele pudesse fazer feliz.
A mensagem de David havia sido entregue.
Girou o corpo em direção a porta de entrada para sair do ambiente, não sem antes fitar por alguns segundos a cama que havia testemunhado muitas promessas que nunca imaginariam que não seriam cumpridas e que o final feliz nunca existiria.

...

Virou o rosto em direção a porta e não pode acreditar no que estava bem na sua frente. . Parada. Linda. Com um sorriso perfeito e impecável.
Ela não tinha mudado um fio de cabelo desde o dia que tinha ido embora.
- Mas... o – as palavras simplesmente não saiam de sua boca, ele tinha esquecido como se falava.
apenas sorriu e aproximou-se, o abraçando ternamente.
Que saudade foi o que a mente dos dois exclamou enquanto abraçavam-se em silêncio, apenas sentindo a presença do outro, o quanto os corações aqueciam-se estando juntos e o quanto encontravam paz e preenchiam todo e qualquer vazio.
Naquele momento esquecera qualquer ressentimento com a partida de , e ela lembrara porque nunca deveria ter ido embora.
afastou-se, segurando o rosto do homem com ambas as mãos, sustentando o olhar sobre ele. Um olhar que transmitia todo o amor preso em seu peito e tudo o que queria viver com dali em diante.
Umedeceu os lábios para que a ação lhe desse coragem o suficiente de dizer o que viajou um oceano inteiro para dizer:
- Eu estou grávida.





FIM.



Nota da autora: Eu amei escrever esse romance inspirado em solo quédate en silencio, uma música, que na minha opinião, é linda.
Se gostaram da ficstape, leiam as outras que tenho no site:
Nervous - ficstape Shawn Mendes e Your Song - ficstape Rita Ora Obrigada e espero que tenham gostado!
Por favor, deixem um comentário dizendo o que acharam!





Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


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